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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DA NORMATIZAÇÃO DO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS DO CAMPUS
CENTRAL DA UFRN
Natal-RN
2019
Miraslane Ferreira da Silva
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DA NORMATIZAÇÃO DO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS DO CAMPUS
CENTRAL DA UFRN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Engenharia Ambiental da Universidade
Federal do Rio do Norte (UFRN), como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental.
Orientador: Marciano Furukava
Coorientadora: Marjorie da Fonseca e Silva
Medeiros
Natal-RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Silva, Miraslane Ferreira da.
Diretrizes para elaboração da normatização do gerenciamento
dos resíduos químicos do Campus Central da UFRN / Miraslane
Ferreira da Silva. - 2019.
50 f.: il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Ambiental,
Natal, RN, 2019.
Orientador: Prof. Dr. Marciano Furukava.
Coorientadora: Marjorie da Fonseca e Silva Medeiros.
1. Gestão de Resíduos - Monografia. 2. Resíduos químicos -
Monografia. 3. Normatização - Monografia. 4. Sustentabilidade -
Monografia. I. Furukava, Marciano. II. Medeiros, Marjorie da
Fonseca e Silva. III. Título.
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262
AGRADECIMENTOS
A Deus por me dar persistência, coragem e a certeza inigualável de que eu
conseguiria. Em meio ao caos em que eu me encontrava, depressiva e sem perspectiva ele me
fez nova de novo.
A minha amada mãe Fabiana Lúcia pelo amor incondicional, apoio incansável e fé
inabalável de que eu conseguiria, mesmo quando eu mesmo já não acreditava. Ao meu pai
Kerginaldo, que sempre me incentivou na minha formação profissional e acadêmica. A
minha irmã Misraelly por me dar todo suporte para chegar até aqui. Eu amo vocês! Essa
vitória é de toda nossa família.
Aos meus amigos Universitários, por toda ajuda com os estudos e companheirismo nas
madrugadas em claro em prol do mesmo objetivo. Também, aos meus amigos fora da
Academia, por entenderem o meu distanciamento, e mesmo assim permanecerem comigo.
Sem vocês minha jornada teria sido muito mais difícil.
Ao meu orientador Marciano Furukava, por prontamente aceitar meu convite e me
deixar livre na elaboração deste trabalho.
A Bruna Emerenciano, Edilson Tavares e funcionários da UATR, por todo
aprendizado, companheirismo e disponibilidade em me ajudar em tudo que precisei.
Obrigada especial para minha coorientadora Marjorie Medeiros, que me ajudou em
todas as etapas desta monografia e fez de tudo que estava ao seu alcance para me passar todo
seu conhecimento. Sou muito grata por todo o aprendizado que me proporcionou, tanto no
âmbito acadêmico, profissional e pessoal. Sua generosidade e bondade são admiráveis. Você é
uma inspiração de profissional.
E enfim, a todos que contribuíram significativamente na minha formação e na
realização deste trabalho, fica registrado aqui, o meu muito obrigada!
RESUMO
O crescimento da consciência e da percepção de que os resíduos podem representar uma
ameaça real à saúde pública e ao meio ambiente fizeram com que a gestão de resíduos
passasse a ser uma necessidade imediata e um desafio emergente. A Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) possui um Programa de Gestão Integrada de Resíduos
(PROGIRES), porém o gerenciamento dos resíduos químicos ainda não ocorre de maneira
satisfatória. Esse estudo foi desenvolvido com o propósito de mudar essa realidade. O
presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, onde foram analisados
documentos anteriormente elaborados sobre a temática do gerenciamento de resíduos
químicos na UFRN. Além disso, foi feito um levantamento da Legislação, Normas,
Resoluções e Instruções Normativas pertinentes à temática do gerenciamento de resíduos
químicos aplicada às IES (Instituições de Ensino Superior). A partir dessa pesquisa
bibliográfica foram encontradas não-conformidades que comprometem a segurança, saúde
pública e o meio ambiente. Essas não-conformidades juntamente com a legislação vigente
serão a base para a proposição das diretrizes de normatização. As diretrizes propõem
mudanças específicas aplicáveis a cada etapa hierárquica do gerenciamento de resíduos
químicos dos laboratórios no Campus, que poderão servir de subsídio para a Normatização do
Gerenciamento dos Resíduos Químicos da UFRN, caso seja do interesse da Instituição. Como
também podem ser utilizadas como instrumento de gerenciamento pelos responsáveis técnicos
e Unidades de Gestão responsáveis pelos resíduos no Campus UFRN.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
DEQ Departamento de Engenharia Química
DMA Diretoria de Meio Ambiente
FISPQ Fichas de Segurança de Produtos Químicos
IES Instituições de Ensino Superior
INFRA Superintendência de Infraestrutura
NBR Norma Brasileira
NTI Núcleo de Tecnologia e Inovação
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PROEA Programa de Educação Ambiental
PROGIRES Programa de Gestão Integrada de Resíduos
SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas
SIPAC Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos
UATR Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduo
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................. IV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. V
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
1.1. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 11
1.1.1. Objetivos Gerais ............................................................................................. 11
1.1.2. Objetivos Específicos .................................................................................... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 12
2.1. Gestão e Gerenciamento dos Resíduos em Instituições de Ensino Superior ..................... 12
2.2. Resíduos Químicos ............................................................................................................ 13
2.3. Gerenciamento de Resíduos Químicos em Instituições de Ensino Superior ..................... 15
2.3.1. Com relação ao treinamento e capacitação da equipe técnica .......................... 17
2.3.2. Segurança no Manuseio de Produtos Químicos ............................................... 17
2.3.3. Armazenamento dos Produtos Químicos ........................................................ 18
2.3.4. Minimização de Materiais Residuais ............................................................... 19
2.3.5. Inventário de Produtos e Materiais Residuais .................................................. 20
2.3.6. Identificação do Material Residual .................................................................. 21
2.3.7. Acondicionamento............................................................................................ 21
2.3.8. Segregação dos Resíduos na Fonte .................................................................. 22
2.3.9. Coleta, Armazenamento dos Resíduos e Disposição final ............................... 22
2.4. Gestão e Gerenciamento dos resíduos na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte ................................................................................................................ 23
3. METODOLOGIA ................................................................................................................ 25
4. RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................................. 26
Não-Conformidades e Parâmetros a Serem Considerados na Elaboração das Diretrizes de
Normatização
4.1. Treinamento e Capacitação da Equipe Técnica................................................................ 26
4.2. Segurança no Manuseio de Produtos Químicos .............................................................. 27
4.3. Armazenamento dos Produtos Químicos ......................................................................... 28
4.4. Minimização de Materiais Residuais ............................................................................... 30
4.5. Inventário de Produtos Químicos e Materiais Residuais ................................................... 31
4.6. Identificação do Material Residual Químico ..................................................................... 32
4.7. Acondicionamento ............................................................................................................. 32
4.8. Segregação dos Resíduos na Fonte .................................................................................. 34
4.9. Armazenamento, Coleta e Destinação Final ..................................................................... 35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 38
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 39
APÊNDICE A – ROTULAGEM DOS RESÍDUOS QUÍMICOS DA UFRN ......................... 43
ANEXO 1– CLASSES DE SEGREGAÇÃO NA FONTE ADOTADAS POR DIVERSAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA NACIONAIS E INTERNACIONAIS ............ 44
ANEXO 2 – SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS INCOMPATÍVEIS ............................................. 45
8
1. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da civilização os recursos naturais foram explorados de forma
desenfreada. Foi apenas no começo da década de 1970 que os países industrializados
começaram a perceber o impacto negativo das suas tecnologias ao meio ambiente e à saúde
humana. A partir daí veio o crescimento da consciência ambiental e a percepção de que os
resíduos podem representar uma ameaça real à saúde pública e ao meio ambiente. Neste
sentido, a gestão de resíduos passou a ser uma necessidade imediata e um desafio emergente
(CALIJURI e CUNHA, 2013).
Todas as atividades humanas geram resíduos, compreendendo assim uma grande
diversidade de materiais com características distintas que mudam em quantidade e qualidade
ao longo do tempo, acompanhando as mudanças culturais, comportamentais e tecnológicas da
sociedade. Tradicionalmente, não havia nenhum compromisso com a geração e destinação
ambientalmente adequada dos resíduos, só existia a necessidade de destiná-los aos lixões,
achava-se que essa era uma solução que resolvia a problemática (BRAGA et al., 2010).
Segundo Alberguini et al. (2005), encontrar soluções para os problemas ambientais
gerados no processo de desenvolvimento da sociedade humana é uma tarefa diuturna e
persistente para todos, mas especialmente para administradores, pesquisadores, cientistas e
instituições precursoras de conhecimento. As Instituições de Ensino Superior (IES) são
instituições de formação pluridisciplinar dos profissionais de nível superior, de pesquisa, de
extensão; de domínio do saber humano, sendo responsáveis pela produção e socialização do
conhecimento e a formação de recursos humanos. Portanto, têm o papel importante de
produzir, socializar e formar com diretrizes e políticas de respeito ao meio ambiente (DE
CONTO, 2010).
A gestão de resíduos em Universidades pode ser definida como parte da gestão
acadêmica utilizada para desenvolver e implementar políticas relacionadas aos aspectos e
impactos resultantes das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Compreende ações
referentes à tomada de decisões, políticas e estratégias quanto aos fatores institucionais,
operacionais, financeiros, sociais, educacionais e ambientais da geração ao destino dos
resíduos gerados nas atividades acadêmicas (FIGUERÊDO, 2006).
Segundo o Art. 280 do Regimento Interno da Reitoria, aprovado pela Resolução nº
020/2015-CUNSUNI, a Diretoria de Meio Ambiente (DMA) da Superintendência de
Infraestrutura (INFRA) é o setor responsável pelo planejamento, coordenação, execução e
avaliação das atividades relativas ao meio ambiente na Universidade Federal do Rio Grande
9
do Norte (UFRN). Entre as competências estabelecidas para a Diretoria estão:
(...).........
II – executar a política de meio ambiente, em consonância com as diretrizes
da Superintendência;
III – gerenciar o sistema de coleta e destinação final de resíduos sólidos
inservíveis;
(...) ........
V – gerenciar o Programa de Gestão Ambiental;
(...).........
A DMA possui, 2006, um Programa de Gestão Integrada de Resíduos (PROGIRES)
“que consiste em um conjunto de ações, planos e normas destinados a promover e regular a
gestão integrada de resíduos gerados na UFRN. (MEDEIROS e GOMES, 2010)”.
A UFRN gera quase todos os tipos de resíduos, menos os resíduos de portos e
aeroportos. Nesse sentido, o PROGIRES tem o objetivo de
reduzir e controlar os impactos causados sobre o ambiente pelos resíduos
produzidos pela UFRN em suas atividades administrativas e de ensino,
pesquisa e extensão, assegurando a melhoria contínua das condições de
segurança, higiene e saúde ocupacional da comunidade universitária,
colaborando com a qualidade de vida da população do seu entorno, com a
preservação ambiental e a manutenção da vida no planeta (MEDEIROS e
GOMES, 2010).
Apesar da existência de um programa voltado para a gestão de resíduos na UFRN, o
gerenciamento dos resíduos químicos ainda não ocorre de maneira satisfatória, à exemplo da
coleta dos resíduos urbanos e da coleta seletiva, conforme comprovação feita pela autora
durante seu estágio obrigatório cumprido na DMA.
As Instituições de Ensino Superior precisam analisar as etapas do gerenciamento dos
resíduos químicos a serem hierarquicamente desenvolvidas, sem esquecer de priorizar a busca
de alternativas racionais, planejadas e focadas para soluções dos problemas. A falta de um
gerenciamento específico para os resíduos químicos é mais que uma demonstração de
ineficiência no consumo, e sim, deixa bem claro toda a defasagem da instituição de pesquisa
quanto às questões ambientais, sociais, econômicas e de biossegurança (DE CONTO, 2010).
Segundo a NBR 10.004/2004 os resíduos podem ser classificados em Classe I:
perigosos ou Classe II: Não perigosos, que podem ser não inertes (Classe II A) ou inertes
10
(Classe II B).
A Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduos (UATR) é o setor da DMA
onde são armazenados os resíduos recicláveis, provenientes da coleta seletiva, e que serão
destinados às cooperativas de catadores de materiais recicláveis; assim como os resíduos
químicos, lâmpadas, pilhas e baterias, onde ficam aguardando o transporte e destinação
adequada, que é feita por empresas especializadas, contratadas através de licitação.
Desde 1º de dezembro de 2018 a autora assumiu as atividades como bolsista na
UATR e, também, durante o primeiro semestre de 2019 realizou seu estágio obrigatório na
DMA. Dessa maneira pode trabalhar diretamente com os resíduos químicos do Campus
UFRN, e perceber as deficiências que ocorrem no seu gerenciamento. Esse contato direto foi
fundamental na leitura e análise crítica dos registros sobre o gerenciamento dos resíduos
químicos na UFRN e sobre sua operacionalização.
A coleta e o transporte interno desses resíduos são realizados por pessoal contratado
pela UFRN, em veículos da própria instituição. A coleta seletiva é realizada três vezes por
semana, seguindo um rotograma previamente estabelecido. A solicitação para o recolhimento
dos resíduos perigosos é feita pelos setores interessados, através de requerimento padrão,
diretamente no Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC).
Apesar dessa operação montada para coleta, armazenamento e destinação adequada
dos resíduos químicos, não existe uma segregação na origem, o que torna impossível que o
armazenamento seja feito da forma mais adequada. Não se sabe ao certo o volume que chega
por setor/departamento e nem a natureza exata do resíduo químico coletado, ficando sob a
responsabilidade das empresas terceirizadas identificarem esses resíduos, tratar e garantir a
disposição final ambientalmente adequada, gerando assim altos custos para Universidade.
Também é importante mencionar os perigos que usuários e trabalhadores estão
expostos com a manipulação não adequada desse tipo de material, e os impactos negativos que
a falta de um gerenciamento efetivo e contínuo podem trazer para o meio ambiente e para
todos que utilizam e manipulam os produtos químicos e/ou resíduos químicos.
A ausência de uma normatização interna, que oriente os usuários sobre o correto
manejo dos resíduos laboratoriais foi identificada como um dos grandes dificultadores para o
correto manejo e gerenciamento dos resíduos químicos na UFRN.
Portanto, com este trabalho pretende-se contribuir para a elaboração dessas normas,
afim de reduzir as não-conformidades, ou seja, corrigir os erros encontrados no manejo dos
resíduos químicos nos laboratórios da UFRN.
11
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivos Gerais
Contribuir para a melhoria do gerenciamento de resíduos químicos na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte através da elaboração de uma proposta de diretrizes gerais
para a Normatização do Gerenciamento desses resíduos.
1.1.2. Objetivos Específicos
• Sistematizar os estudos recentes realizados sobre resíduos químicos na UFRN;
• Identificar as não-conformidades em relação ao gerenciamento de resíduos químicos
em laboratórios do Campus Central da UFRN;
• Propor diretrizes gerais para a implantação do Gerenciamento dos Resíduos Químicos
dentro do Campus UFRN;
12
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Gestão e Gerenciamento de Resíduos em Instituições de Ensino Superior
Segundo Tavares et al (2014), o ensino associado às boas práticas de gestão ambiental
é um dever inerente às Instituições de Ensino Superior (IES), elas são responsáveis pela
formação de profissionais conscientes que estejam preparados para se engajarem em
atividades e projetos em função do uso racional, seguro e ambientalmente adequado dos
diversos recursos e tecnologias existentes.
As IES precisam ser coerentes com as boas práticas ambientais que pregam, para que
sejam modelos de referências para toda comunidade acadêmica e um exemplo para a
sociedade de comportamento socioambiental responsável. Existe uma obrigação moral e legal
das Instituições que geram materiais perigosos, o atendimento às mesmas representa não só o
compromisso social, como também sua postura ética (ALBERGUINI et al., 2005).
A gestão de resíduos em Universidade pode ser definida como sendo
parte da gestão acadêmica utilizada para desenvolver e implementar políticas
relacionadas aos aspectos e impactos resultantes das atividades de ensino,
pesquisa e extensão. Compreende ações referentes à tomada de decisões,
políticas e estratégias, quanto a fatores institucionais, operacionais,
financeiros, sociais, educacionais e ambientais da geração ao destino final
dos resíduos gerados nas atividades acadêmicas (DE CONTO, 2010, p.19).
Um programa de gestão de resíduos aplicado às IES precisa ter a visão do ciclo de
vida do material que contemple o uso racional e o manejo seguro do material residual, como
também precisa ser fundamentado em estratégias, no qual a principal delas são as
tecnológicas. As estratégias tecnológicas precisam responder prontamente duas questões:
Como institucionalizar um programa de gestão nas IES? Como desenvolver um programa de
gestão nas IES? (DE CONTO, 2010).
As seguintes ações são recomendadas para institucionalizar um programa de gestão
nas IES: Capacitar um grupo interessado em implementar o programa, obter apoio
institucional, estabelecer um grupo gestor para coordenar o programa, formalizar o programa
junto ao corpo de funcionários, desenvolver um plano para atingimento de metas, e criar um
time para ser responsável pela implementação do plano nesse ambiente (DE CONTO, 2010) .
Para desenvolver o programa de gestão é preciso antes saber quais e quanto de
material estão sendo gerados, como são caracterizados e classificados, quais instrumentos de
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controle serão utilizados para eliminar e reduzir a quantidade de material residual gerado,
quais os tipos de tecnologias são aplicáveis para o reaproveitamento dos resíduos para que se
possa evitar que se transformem em rejeitos, como manejar os resíduos internamente usando
critérios bem definidos, qual o tipo de tecnologia disponível de controle para efetuar o
tratamento e a disposição final ambientalmente correta no ambiente. Também é
imprescindível saber quais tipos de mecanismos serão utilizados para capacitar o pessoal (DE
CONTO, 2010).
A lei N° 12.305/2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
define o gerenciamento dos resíduos sólidos como um conjunto de ações exercidas
diretamente ou indiretamente nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
O gerenciamento dos resíduos depende de inúmeros fatores, dentre eles a forma de
geração, do acondicionamento na fonte geradora, coleta, transporte, processamento,
recuperação e disposição. Na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos a seguinte ordem
de prioridade deve ser adotada: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento, e
destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. (BRASIL, 2010)
As etapas do gerenciamento de resíduos a serem desenvolvidas dentro das
Universidades precisam ser bem planejadas e hierarquicamente desenvolvidas. Inclusive
precisam estar voltadas principalmente à prevenção da geração de resíduos, através da adoção
de novos conceitos e condutas. Para sua efetividade as Universidades passam a ter a
necessidade de conhecer o ciclo de vida de seus produtos e a heterogeneidade dos seus
resíduos, propor e elaborar projetos voltados para a educação ambiental de funcionários e
servidores, dispor de locais e estruturas físicas para o adequado armazenamento, transporte,
tratamento e disposição final (FIGUERÊDO, 2006).
2.2. Resíduos Químicos
Os resíduos sólidos compreendem uma grande diversidade de materiais, nos quais se
incluem computadores, garrafas, papelão, bagaço de cana, lâmpadas quebradas, lodos de
estações de água e esgoto, remédios vencidos, produtos químicos perigosos, e assim por
diante (BRAGA, et al., 2010).
Segundo a Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) são considerados resíduos sólidos:
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a) Materiais, substâncias, objetos ou bens descartados, nos estados sólido ou
semissólido;
b) Líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
c) Gases contidos em recipientes.
Para quem não está familiarizado com a área essa definição pode causar grande
surpresa, já que estabelece que gases e líquidos também podem ser considerados resíduos
sólidos. É preciso então explicar as razões para tal. Para que um gás contido em um recipiente
não fosse considerado resíduo sólido, seria necessário que esse gás fosse completamento
removido do recipiente, o que muitas vezes não é viável. Quanto aos líquidos, o fato de poder
considerá-los como resíduos sólidos permite que líquidos perigosos sejam acondicionados em
tambores e dispostos em aterros de resíduos industriais (BRAGA et al., 2010).
Considerando os aspectos práticos e de natureza técnica ligados principalmente às
possibilidades de tratamento e disposição dos resíduos, em condições satisfatórias do ponto de
vista ecológico, sanitário e econômico, a NBR 10.004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos em
três classes:
• Resíduo Classe I ou Perigosos: são aqueles que, isoladamente ou por mistura, em
função da sua toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade, podem
apresentar riscos à saúde pública ou efeitos adversos ao meio ambiente, se manuseado e
disposto sem os devidos cuidados;
• Resíduo Classe II ou Inertes: são aqueles que não se solubilizam ou que não têm
nenhum de seus componentes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água;
• Resíduo Classe II ou Não Inertes: são aqueles que não se enquadram em nenhuma
das classes anteriores.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o resíduo é
considerado perigoso quando é se enquadra na categoria de resíduo listado ou resíduo
característico. O resíduo listado considera que o resíduo será perigoso quando estiver listado
pelos órgãos oficiais do seu país, o resíduo característico considera que só será resíduo
perigoso aquele que tiver características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxidade e patogenicidade (FIGUERÊDO, 2006).
15
Quando sujeitos a nenhum tipo de tratamento, dispostos de maneira incorreta e
descartado arbitrariamente no ambiente arbitrariamente os resíduos químicos podem gerar
vários problemas, como: intoxicações ou situações mais graves de saúde ao ser humano,
contaminação dos solos, ar, lençol freático, entre outros. Por essa razão, a gestão e o
gerenciamento desses resíduos necessitam receber mais atenção e concordância quanto às
normas ambientais vigentes (ALBERGUINI et al.,2005).
2.3. Gerenciamento de Resíduos Químicos em Instituições de Ensino Superior
O setor que mais utiliza produtos químicos nos seus processos de produção é o
Industrial, seus resíduos químicos são constituídos de cerca de 1.000 produtos tóxicos, por
essa razão são os maiores responsáveis pela geração de resíduos perigosos e o grande alvo das
fiscalizações e cobranças dos órgãos competentes e sociedade. No entanto os resíduos
perigosos gerados pelas IES representam somente 1% de todo o total gerado. (ALBERGUINI
et al.,2005).
O setor industrial e todos os outros que utilizam uma vasta quantidade de produtos
químicos em suas atividades, como o agrícola, já apresentam atividades rotineiras que buscam
dar solução ao problema dos seus resíduos químicos. Porém, segundo Alberguini, Silva e
Rezende (2005), as IES possuem uma individualidade com relação a isso, pois mesmo
apresentando pequenos volumes possuem alta diversidade, fato esse que dificulta a
padronização de formas para o tratamento e a disposição final ambientalmente adequada.
As Universidades e Instituições de Ensino são muitas vezes chamadas a avaliar
impactos ambientais provocados por outras unidades geradoras fora de seus limites físicos.
Assim sendo, a falta de tratamento dos seus próprios resíduos abrandaria sua própria
credibilidade perante a sociedade como um todo. É indiscutível que as Universidades sigam
um programa de gestão e de gerenciamento dos seus resíduos químicos. Segundo Jardim
(1998), a implementação de um Programa de gerenciamento de resíduos químicos sempre
deverá adotar a regra da responsabilidade objetiva, ou seja, quem gera o resíduo é o
responsável pelo mesmo.
Nas IES os ambientes onde mais se utilizam os produtos químicos em suas rotinas de
trabalho são os laboratoriais de ensino e pesquisa, e consequentemente são os maiores
geradores de resíduos químicos. Também são nos laboratórios onde se encontram a maioria
dos problemas de gerenciamento de resíduos químicos, devido a mão de obra altamente
variante, mudanças dos processos e dos tipos de produtos químicos utilizados, ausência de um
16
órgão responsável por sua gestão e falta de consciência ambiental dos seus responsáveis
(LIMA PC e LIMA VA,2008).
Devidos a esses problemas e os demais que envolvem esse tipo de resíduos, a solução
deve ser complexa e sistemática quanto ao controle de todo o ciclo de vida da substância
química sempre priorizando a segurança química, utilização racional dos recursos e práticas
ambientalmente corretas. (FIGUERÊDO, 2006).
Para aumentar a segurança química nos laboratórios e minimizar a geração de resíduos
uma hierarquia de utilização racional dos produtos químicos deve ser adotada. O pilar do
gerenciamento de resíduos é a minimização do material ainda na fonte geradora, isto é, obter
o entendimento do quanto é vantajoso não gerar para que medidas de contenção dos resíduos
não sejam necessárias. Isso não é tão simples, depende da mudança de padrão de consumo e
da conscientização da racionalização do uso do recurso natural. (ALMEIDA, 2013)
A segunda prioridade, caso não seja possível minimizar a quantidade gerada de
resíduos químicos, será verificar se os materiais utilizados podem ser reutilizados, reciclados
ou recuperados, assim tornando-os úteis novamente. Apesar de não reduzir a geração de
material é de suma importância por representar a economia de mais recurso material. Todas
essas ações são fundamentos da política dos 3Rs que vem da abreviação de 3 medidas a serem
adotadas para melhoria do meio ambiente: Reduzir, Reutilizar e Reciclar (ALBERGUINI et
al.,2005).
Quando esgotada todas essas possibilidades parte-se para a próxima etapa, os rejeitos
químicos gerados devem preferencialmente passar por um tratamento interno, com o objetivo
de reduzir sua toxicidade e/ou volume. Esse tratamento deve ser realizado por uma equipe
previamente capacitada e deverá seguir uma série de etapas bem rígidas de segurança,
evitando assim possíveis acidentes. Por fim, a última etapa é a de disposição final que garante
que o resíduo seja disposto da forma mais ambientalmente adequada dentro das normas e
padrões legais (ALBERGUINI et al.,2005).
Conforme afirma Figuerêdo (2010), os procedimentos hierárquicos corretos para o
gerenciamento dos resíduos químicos de laboratórios são:
1. Rotulagem dos frascos;
2. Segregação por tipo e reatividade ainda na fonte;
3. Acondicionamento para transporte;
4. Memorando a Unidade Gerenciadora de Resíduos responsável pela retirada do
resíduo químico;
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5. Transporte dos resíduos pela Unidade Gerenciadora de Resíduos;
6. Armazenamento ambientalmente adequado na Unidade Gerenciadora de Resíduos
(separação por classes, e risco de perigo);
7. Tratamento;
8. Disposição final;
9. Certificação.
2.3.1. Treinamento e Capacitação da Equipe Técnica
Para implementação do gerenciamento dos resíduos químicos nos laboratórios do
Campus é necessário primeiramente que os professores, técnicos e alunos, que desenvolvem
suas práticas de laboratórios, sejam estimulados a repensar seus programas de ensinos
e/projetos no sentido de minimizar o impacto ambiental e a quantidade de resíduos
decorrentes dos mesmos. A maneira mais prática e eficaz de estimulá-los é através da
educação ambiental (BRAGA et al.,2010)
Segundo a Lei N° 9.795 (1999) entende-se por educação ambiental os processos por
meio do quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Informação é uma variável que determina o comportamento das pessoas e relação ao
meio ambiente, sendo assim é de suma importância a implementação de programa(as) de
educação ambiental voltado(s) para a necessidade de esclarecer e sensibilizar todos os
usuários dos laboratórios químicos quanto suas responsabilidades com os resíduos gerados, e
seu insubstituível papel na implantação efetiva do gerenciamento dos resíduos no Campus
UFRN. (DE CONTO, 2010).
2.3.2. Segurança no Manuseio de Produtos Químicos
O manuseio de produtos químicos deve ser sempre realizado de maneira responsável e
sem desperdícios, levando em conta a saúde pública e o meio ambiente (ALBERGUINI et
al.,2005).
A presença de produtos químicos no local de trabalho não quer dizer que
obrigatoriamente há perigo para a saúde. Perigos relacionados a produtos químicos dependem
da combinação de muitas condições, como a natureza do produto químico, sua concentração e
o tempo de exposição do trabalhador a tal produto. Quando tratamos de segurança e manuseio
18
de produtos químicos em laboratórios dois instrumentos são amplamente utilizados: FISPQ e
Mapa de Riscos (ALBERGUINI et al.,2005).
A Ficha de Informação de Segurança para produtos Químicos (FISPQ), é responsável
por informar o seguinte conteúdo a respeito do produto químico: identificação do produto e da
empresa, identificação de perigos, composição e informações sobre os ingredientes, medidas
de primeiros- socorros, medidas de combate a incêndio, medidas de controle para
derramamentos ou vazamentos, manuseio e armazenamento, controle de exposição e proteção
individual, propriedades químicas e físicas, estabilidade e reatividade, informações
toxicológicas, informações ecológicas, entre outras informações. Ao usuário cabe a
responsabilidade de agir conforme uma avaliação de riscos, tendo em vista as condições de
uso do produto (FIGUERÊDO,2006).
A Portaria N°25 (1994) do Ministério do Trabalho e Emprego, menciona que os
objetivos do Mapa de Riscos: “a) reunir as informações necessárias para estabelecer o
diagnóstico da situação de segurança e saúde do trabalhador na empresa; b) possibilitar,
durante sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como
estimular sua participação nas atividades de prevenção”. O Mapa de Riscos precisa
necessariamente estar afixado em um lugar visível a todos os trabalhadores.
É imprescindível os responsáveis técnicos e usuários laboratoriais utilizem técnicas
que eliminem ou reduzam ao mínimo o grau de risco, sejam elas na escolha produtos
químicos, adoção de medidas de controle técnico, criação de novos sistemas ou métodos de
trabalho, e adotando medidas adequadas de higiene do trabalho (ALMEIDA,2013).
No que se refere aos perigos químicos e físicos relacionados às substâncias químicas e
seu correto manuseio, é essencial que toda a equipe esteja familiarizada com medidas de
segurança a serem adotadas em situações de emergências, e informações especificas a respeito
das características do composto que irá manipular (ALMEIDA,2013).
2.3.3. Armazenamento dos Produtos Químicos
O armazenamento inapropriado de produtos químicos pode levar a incêndios
espontâneos e explosões com gases tóxicos. Para que esses riscos sejam minimizados é
necessário que os trabalhadores tenham conhecimento das propriedades químicas dos
compostos que manipulam, e que os produtos sejam corretamente segregados no seu
armazenamento (FIGUERÊDO,2006).
19
“Os compostos químicos precisam ser guardados conforme sua classe de reatividade
(inflamáveis com inflamáveis, oxidantes com oxidantes)” e tipo de riscos. É de suma
importância deixar sempre disponível nos laboratórios para consulta uma lista de compostos
compatíveis e incompatíveis. Quando incompatíveis, devem ser separados um do outro no
armazenamento. Se o produto o produto apresentar vários riscos é imprescindível “realizar
uma estimativa da severidade de cada um, tendo em conta quantidades totais armazenadas, o
material e o tamanho dos recipientes” (ASSUMPÇÃO, 1998).
As áreas onde os produtos químicos são armazenados precisam estar identificadas e os
produtos químicos sempre em condições de segurança. Os armários onde os produtos
químicos serão armazenados precisam sempre estar longe da área operacional.
Recomenda-se que ao armazenar substâncias químicas seja considerado previamente o
sistema de ventilação do local, a correta sinalização, disponibilidade de equipamentos de
proteção individual e coletiva e uma área técnica separada da armazenagem
(ALMEIDA,2013).
2.3.4. Minimização de Materiais Residuais
Minimizar parte do princípio de que “é preciso gastar com racionalidade para poupar o
suficiente para as gerações futuras, mostra que nenhum desenvolvimento pode ocorrer à custa
da degradação dos recursos ambientais” (FIGUERÊDO, 2006).
A minimização de materiais residuais está relacionada a ações que venham a acarretar
a utilização responsável, segura e ambientalmente adequada da matéria-prima e de processos.
Sendo assim, o primeiro passo da minimização de material residual é a não geração, caso não
seja possível, então se busca reduzir a geração ainda fonte. Os materiais cuja geração é
inevitável o ideal é procurar reutilizar, reciclar ou recuperar (ALMEIDA,2013).
2.3.5. Inventário de Produtos e Materiais Residuais
O inventário é o instrumento básico do processo de gestão, pois rastreia a substância
química desde sua aquisição até o fim de seu uso. Tem que ser implantado por toda a qualquer
instituição que priorize o uso racional da matéria-prima e a minimização na geração de
resíduos (FIGUERÊDO, 2006).
O conteúdo básico de um inventário vai responder 4 perguntas básicas necessárias
para a caracterização de todos esses produtos, são elas: Quais? Quanto? Onde? Como?
(FIGUERÊDO, 2006).
20
O inventário de produtos químicos nos dar a informação sobre a diversidade de
produtos adquiridos, localização, e situação em que se encontram (armazenados, demandados,
obtidos, utilizados). Esse tipo de inventário tem como objetivos específicos: controlar o uso
de produtos priorizando os produtos que estão armazenados a mais tempo, viabilizar a partilha
de produtos de custo elevado, conhecer a periculosidade do produto químico consumido,
facilitar o controle periódico e a inspeção dos almoxarifados, reaproveitar produtos químicos
com qualidade deteriorada para usos menos nobres ou até mesmo utilizá-lo depois de
recuperado ou reciclado, e também monitorar o fluxo de produtos (FIGUERÊDO, 2006).
O inventário de materiais residuais lida com o levantamento do passivo e ativo
ambiental. O inventário do passivo ambiental identifica o material gerado de maneira
qualitativa e quantitativa, esse tipo de levantamento só pode ser aplicado ao material que foi
acumulado e armazenado em um tempo pregresso no qual não houve qualquer tratamento e o
correto descarte (ALMEIDA,2013).
Jardim (2002) relata que a existência do passivo ambiental é extremamente
problemática, pois esses passivos são muitas vezes de natureza química desconhecidas devido
a deterioração dos rótulos ou até mesmo a falta delas, o que acaba por vezes deixando sua
destinação mais cara. Figuerêdo (2006) por seu lado, sustenta que a existência desse passivo
nas IES pode ser vista com certo otimismo, isso é, significa que os geradores preferiram
acumular seus resíduos a descartá-los de qualquer maneira no meio ambiente.
O inventário do ativo ambiental identifica os resíduos que são rotineiramente gerados
nos laboratórios de maneira qualitativa e quantitativa. Nesse tipo de inventário a acumulação
e armazenamento acorrem segundo uma gestão de resíduos, sendo assim ocorrem seguindo
procedimentos específicos e padronizados (ALMEIDA,2013).
2.3.6. Identificação do Material Residual
A identificação do material residual é um instrumento preponderante no
gerenciamento de resíduos, pois através dele é possível diminuir os gastos com o manuseio,
tratamento e disposição final, como também diminuir riscos relacionados a acidentes e
exposição (FIGUERÊDO, 2006).
“Os rótulos e etiquetas são aplicados em 3 situações: (1) após o inventario do passivo
ambiental, (2) antes da acumulação do material residual nos recipientes de coleta, (3) antes do
transporte dos resíduos para disposição final”. O conteúdo mínimo que precisa
necessariamente estar contido nos rótulos dos resíduos químicos será o nome - Resíduo
21
Perigoso-, suas características, sua composição química, o setor gerador, telefone, nome dos
responsáveis pela geração, data de início e fim da acumulação.” (FIGUERÊDO, 2006)
Nunca se deve escrever siglas ou fórmulas químicas para descrever o tipo do resíduo,
ao classificá-lo é necessário sempre priorizar o nome produto mais perigoso e todas as
informações precisam estar descritas de forma clara e sucinta (ALMEIDA,2013).
2.3.7. Acondicionamento
É uma prática comum em laboratórios o reaproveitamento de embalagens, fato esse
que poderia indicar uma prática positiva de reutilização, porém este tipo de técnica só pode
ser adotado se houver conhecimento técnico suficiente para avaliar a impossibilidade de
ocorrer reações indesejáveis (FIGUERÊDO, 2006).
A acumulação dos resíduos ou rejeitos em embalagens específicas deve ser feitas
dentro do próprio laboratório onde foi gerado e pelo próprio gerador. Ao misturar substâncias
químicas duas variáveis precisam ser analisadas: a compatibilidade química e as classes de
segregação. A incompatibilidade entre as substâncias químicas pode causar a desintegração da
embalagem e acarretará danos incalculáveis a quem o manuseia e ao meio ambiente
(FIGUERÊDO, 2006).
Sempre que possível é necessário evitar o acondicionamento do material residual em
recipientes bem grandes. Os recipientes precisam necessariamente atender os seguintes
critérios: “ser quimicamente compatível, ter resistência física e durabilidade e ter
compatibilidade com o equipamento de transporte” (FIGUERÊDO, 2006).
2.3.8. Segregação dos Resíduos na Fonte
Os diversos laboratórios presentes nas IES precisam ter procedimentos específicos e
logística para segregação do material residual gerado. O processo de segregação ocorre em
etapas, primeiramente o material residual precisa ser identificado em resíduo, rejeito perigoso
ou rejeito não perigoso (FIGUERÊDO, 2006).
Quando o material residual é classificado como resíduo cabe ao gerador decidir se
há o interesse no reaproveitamento por meio da reutilização, reciclagem ou recuperação. Caso
contrário, o produto poderá ser redistribuído a outros setores, quando for de interesse da
Instituição. Se não houver qualquer outra possibilidade o resíduo será encaminhado para o
setor responsável pelo armazenamento para aguardar até o momento da destinação
(ALBERGUINI et al.,2005).
22
Quando classificados como rejeitos não perigosos o procedimento de segurança a ser
adotado deve ser o descarte na rede de esgoto ou o lixo comum (ALBERGUINI et al.,2005).
Quando classificados como rejeitos perigosos há solução a ser adotada será a de
“sofrer tratamento antes do descarte interno ou serem encaminhados para o transporte e
disposição final” (FIGUERÊDO, 2006).
Para viabilização técnica, econômica, descarte interno ou disposição final o material
residual precisa ser submetido a outra etapa. Nessa segunda etapa ocorre a mistura e
acumulação dos materiais quimicamente compatíveis em recipientes (identificados e
segregados). Importante frisar que a mistura de um material residual perigoso com material
residual não-perigoso será tratada com rejeito perigoso (FIGUERÊDO, 2006).
2.3.9. Coleta, Armazenamento dos Resíduos e Disposição final
Com o material residual devidamente identificado, acondicionado e segregados parte-
se para a etapa final do gerenciamento dos resíduos, o armazenamento, coleta e destinação
final.
O armazenamento de resíduos na fonte não pode ser feito em grandes quantidades e
nem em áreas onde exista circulação intensa de pessoas, pois algumas substâncias mesmo
fechadas podem reagir com as substâncias presentes no local e provocar reações inesperadas.
Não se deve armazenar resíduos junto a produtos químicos, vidrarias dos laboratórios e nem
materiais de limpeza. Também não há nenhuma possibilidade de armazenamento em
ambientes que estiverem sem ventilação o suficiente, espaços onde há entrada de animais
pequenos, que sejam úmidos e não tenham portas de saída o suficiente (FIGUERÊDO,2006).
A coleta dos resíduos precisa ser feita periodicamente, e todo material coletado deverá
ser encaminhado para um local seguro e devidamente estruturado até sua destinação final,
esse local de armazenamento temporário externo deverá obedecer aos mesmos parâmetros de
segurança e compatibilidade anteriormente mencionadas. (FIGUERÊDO,2006).
A última etapa do gerenciamento de resíduos químicos é a destinação final
ambientalmente correta dos rejeitos, alguns métodos que podem ser utilizados são o de
incineração, degradação do material residual através de processos oxidativos, ou até mesmo
encaminhamento para aterros industriais (ALMEIDA,2013).
2.4. Gestão e Gerenciamento dos resíduos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
23
Segundo Tauchen e Brandli (2006), as Universidades são comparáveis a pequenos
grupos urbanos pelas diversas atividades que desenvolvem, e consequentemente pela geração
de resíduos e efluentes. A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte é formada por mais de 48.000 pessoas, sendo estudantes, servidores, técnicos
administrativos e docentes (UFRN, 2019).
De acordo com (MEDEIROS e GOMES, 2010) a UFRN possui um Programa de
Gestão Integrado de Resíduos
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte possui um Programa de
Gestão Integrada de Resíduos -PROGIRES-, que consiste em um conjunto de ações,
planos e normas destinados a promover e regular a gestão integrada de resíduos
gerados na UFRN (...) O PROGIRES tem como objetivo reduzir e controlar os
impactos causados sobre o ambiente pelos resíduos produzidos pela UFRN em suas
atividades administrativas e de ensino, pesquisa e extensão, assegurando a melhoria
continua das condições de segurança, higiene e saúde ocupacional da comunidade
universitária, colaborando com a qualidade de vida da população do seu entorno,
com a preservação ambiental e a manutenção da vida no planeta.
O PROGIRES é constituído de projetos para o gerenciamento dos resíduos comuns,
sólidos de demolição e construção civil, resíduos sólidos de serviço de saúde, resíduos sólidos
especiais (resultante de poda, varrição, lâmpadas, baterias), resíduos industriais, resíduos
radioativos e resíduos químicos. Esse último sendo proveniente dos laboratórios de ensino e
pesquisa.
O lixo comum da UFRN é encaminhado ao Aterro Sanitário da Cidade de Ceará-
Mirim, a quantidade de resíduos comuns coletados em 2018 foi de 946 toneladas, segundo
dados do Relatório de Pesagens dos Resíduos Sólidos coletados no Sistema Integrado de
Patrimônio, Administração e Contratos da UFRN (SIPAC). A UFRN adota a coleta seletiva
solidária conforme do Decreto N°5940 de 2006, que institui a separação dos resíduos sólidos
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta ou
indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de
material reciclável. No SIPAC não existe valores de pesagem do material reciclável do ano de
2018, já que nesse ano não houve coleta seletiva devido à falta de empresas terceirizadas. No
entanto, dados do SIPAC indicam que até o presente momento (junho 2019) foram coletadas
mais de 34 toneladas.
Medeiros e Gomes (2010) apontam que todo o lixo hospitalar é destinado a
incineração através de uma empresa terceirizada e os resíduos radioativos são armazenados
24
em depósitos específicos e supervisionados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN)
Apesar de possuir um Programa voltado para o gerenciamento dos resíduos químicos,
a UFRN não possui procedimentos específicos de gerenciamento. Os resíduos químicos do
Campus são provenientes dos laboratórios de ensino e pesquisa, ambientes onde mais se
utilizam os produtos químicos. A Unidade responsável por sua coleta e armazenamento é a
Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduo (UATR), pertencente a Diretoria de
Meio Ambiente (DMA). Os resíduos químicos dos laboratórios que chegam a UATR, em sua
grande maioria, estão sem identificação fazendo com que não seja possível segregar e
armazenar por classe de perigo, mesmo que temporariamente, conforme a legislação
determina.
A garantia da destinação final ambientalmente adequada desses resíduos se dá por uma
empresa terceirizada, previamente licitada, responsável pela segregação do material residual,
tratamento e disposição final ambientalmente adequada. Por ano, em média a UFRN gera 30
toneladas de resíduos químicos perigosos. Segundo dados da UATR, a empresa terceirizada
cobra em média 6 reais/kg para segregar e destinar corretamente o resíduo químico, e leva a
quantidade máxima de 10.000 kg de resíduos, sendo assim, o gasto mínimo da UFRN chega a
aproximadamente 60.000 reais toda vez que essa empresa vem ao Rio Grande do Norte. O
valor poderia ser bem menor, caso os resíduos químicos armazenados na UATR estivessem
devidamente identificados e segregados.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa, bibliográfica, onde
analisados documentos anteriormente elaborados sobre a temática do gerencia
resíduos químicos na UFRN (ARAÚJO, 2018; MENACHO, 2016)
Araújo (2018) elaborou um estudo quantitativo e qualitativo a respeito do
químicos perigosos gerados no Departamento de Engenharia Química
(2016) fez um levantamento da situação dos resíduos químicos do mesmo Departamento.
Ambos chegaram a diversos dados que nos oferece
gerenciamento dos resíduos químicos no Campus UFRN desde a utilização do produto
químico até a destinação final d
Além disso, foi feito um levantamento da Le
Instruções Normativas pertinentes à temática do gerenciamento de resíduos químicos aplicada
às IES.
Com base nos dados coletados e no levantamento da legislação
não-conformidades referentes ao gerenciamento dos resíduos químicos no Departamento de
Engenharia Química.
Partindo do princípio
atual do que vem acontecendo na
é que as diretrizes, a serem implantadas na UFRN para correções das não
foram elaboradas.
As diretrizes propostas est
hierárquica do gerenciamento de resíduos, pois o gerenciamento de resíduos não depende de
uma única etapa ou procedimento,
O conteúdo das diretrizes também foi baseado
com os resíduos gerados na
vivência como aluna universitária e usuária dos laboratórios químicos.
Levantamento da bibliografia
( análise de dados, documentos e
legislação)
trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa, bibliográfica, onde
analisados documentos anteriormente elaborados sobre a temática do gerencia
N (ARAÚJO, 2018; MENACHO, 2016)
elaborou um estudo quantitativo e qualitativo a respeito do
químicos perigosos gerados no Departamento de Engenharia Química
nto da situação dos resíduos químicos do mesmo Departamento.
Ambos chegaram a diversos dados que nos oferece o entendimento
gerenciamento dos resíduos químicos no Campus UFRN desde a utilização do produto
químico até a destinação final do rejeito químico.
feito um levantamento da Legislação, Normas, Resoluções e
Instruções Normativas pertinentes à temática do gerenciamento de resíduos químicos aplicada
Com base nos dados coletados e no levantamento da legislação
conformidades referentes ao gerenciamento dos resíduos químicos no Departamento de
princípio de que as não-conformidades encontradas representam a situação
ndo na UFRN com relação ao gerenciamento dos resíduos químicos
é que as diretrizes, a serem implantadas na UFRN para correções das não
As diretrizes propostas estão estrategicamente organizadas de acordo com a ordem
ento de resíduos, pois o gerenciamento de resíduos não depende de
etapa ou procedimento, mas sim de todas sendo feitas continuamente
O conteúdo das diretrizes também foi baseado em minhas experiência
gerados na UFRN, como Bolsista na UATR e Estagiária da DMA
universitária e usuária dos laboratórios químicos.
Figura 2- Operacionalização da pesquisa
Fonte: Elaboração própria
( análise de dados, Identificação das
não-conformidades
Proprosição de soluções
(diretrizes)
25
trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa, bibliográfica, onde foram
analisados documentos anteriormente elaborados sobre a temática do gerenciamento de
elaborou um estudo quantitativo e qualitativo a respeito dos resíduos
químicos perigosos gerados no Departamento de Engenharia Química da UFRN. Menacho
nto da situação dos resíduos químicos do mesmo Departamento.
o entendimento de como acontece o
gerenciamento dos resíduos químicos no Campus UFRN desde a utilização do produto
islação, Normas, Resoluções e
Instruções Normativas pertinentes à temática do gerenciamento de resíduos químicos aplicada
Com base nos dados coletados e no levantamento da legislação foi possível apontar
conformidades referentes ao gerenciamento dos resíduos químicos no Departamento de
representam a situação
elação ao gerenciamento dos resíduos químicos
é que as diretrizes, a serem implantadas na UFRN para correções das não-conformidades,
de acordo com a ordem
ento de resíduos, pois o gerenciamento de resíduos não depende de
sendo feitas continuamente.
experiências de trabalho
, como Bolsista na UATR e Estagiária da DMA, e na
Proprosição de soluções
(diretrizes)
26
4. RESULTADOS OBTIDOS
4.1. Treinamento e Capacitação da Equipe Técnica
O principal mecanismo de transformação é a educação ambiental, pois só a partir dela
que o ser humano passa a ter uma consciência crítica com relação ao meio ambiente, gerando
assim comprometimento e responsabilidade da população nas ações associadas a problemática
dos resíduos.
A falta de educação ambiental, de preparo e capacitação se reflete claramente no
diagnóstico dos laboratórios do Departamento de Engenharia Química elaborado por
ARAÚJO (2018), quando apenas 18,2% deles possuem um manual de orientação a usuários.
Entendendo como a educação ambiental é primordial para o efetivo e contínuo
processo de implantação do gerenciamento dos resíduos químicos na UFRN, como também o
pilar para mudanças das não-conformidades anteriormente mencionadas, propõe-se as
seguintes diretrizes:
4.1.1. Implementação de educação ambiental para todos os professores, técnicos e
usuários que desenvolvem práticas de laboratório com produtos químicos, com o propósito de
esclarecê-los e sensibilizá-los sobre suas responsabilidades socioambientais, e conduzi-los às
novas mudanças no gerenciamento dos resíduos químicos dentro do Campus UFRN.
4.1.2. Para dar suporte às capacitações, sugere-se a elaboração de um Manual de
Conduta e Procedimentos, a ser utilizado por todos os usuários dos laboratórios que
manipulam produtos químicos no Campus. O conteúdo mínimo a ser abordado nesse manual
deverá ser: responsabilidades dos responsáveis técnicos no gerenciamento dos resíduos
químicos de laboratórios; informações a respeito dos perigos oferecidos pela exposição aos
produtos químicos; procedimentos de minimização no uso dos produtos químicos; central de
informações e telefones de segurança; formas de obtenção e uso das informações que
aparecem nas etiquetas e fichas com dados de segurança dos produtos químicos;
equipamentos de proteção individual para manipulação dos produtos químicos; substituição
de procedimentos como medida de segurança; procedimentos padrões para práticas em
laboratórios químicos.
6.1.3. Criação de uma Comissão de Ética Ambiental, que irá zelar pela aplicação
efetiva do gerenciamento dos resíduos químicos dentro do Campus UFRN, apurar os
laboratórios que não estão agindo conforme o determinado pela legislação e pela
27
Normatização dos Resíduos Químicos na UFRN ( a ser elaborado), acompanhar e auxiliar a
implementação do gerenciamento dos resíduos químicos dentro do Campus UFRN, fornecer
orientação aos responsáveis técnicos e alunos, prestar monitoria aos laboratórios químicos da
UFRN.
4.2. Segurança no Manuseio de Produtos Químicos
Os ambientes laboratoriais do Departamento de Engenharia Química pertencem as
mais diversas áreas de conhecimento, assim sendo, utilizam uma vasta tipologia de produtos
químicos. Fato esse que torna muito mais difícil todo o gerenciamento dos resíduos químicos
gerados, como também aumenta as chances de exposição aos mais diferentes tipos de perigos.
Os produtos químicos mais utilizados são: bases, ácidos orgânicos, ácidos inorgânicos,
agentes oxidantes, agentes redutores, potencialmente explosivos, substâncias pirofóricos,
produtos peroxidáveis, produtos reativos com água, produtos inflamáveis, sais, e outros
produtos que envolvem perigo (ARAÚJO, 2018).
Araújo (2018) chegou à conclusão de que 59,1% dos laboratórios não possuíam a
FISPQ, e nenhum deles possuía Mapa de Riscos. Cerca de 45,5% não possuíam nenhuma
informação de segurança de fácil acesso.
Propõe-se as seguintes diretrizes com relação a essas não-conformidades:
4.2.1. Todo produto químico tem o FISPQ. Sendo assim, todo laboratório deverá ter em seu
ambiente de trabalho todas as FISPQ dos produtos químicos que manuseiam;
4.2.2. Em casos em que os laboratórios manipulam o mesmo material químico e estiverem
lado a lado, pode ser criada uma central de compartilhamento da FISPQ;
4.2.3. Caso não seja possível ter as FISPQ dos produtos químicos utilizados dentro dos
laboratórios, a UFRN será responsável por disponibilizá-los por meio de um banco de dados
no SIPAC. O usuário colocará o nome do produto químico que irá utilizar e as seguintes
informações deverão aparecer:
• Tipo de periculosidade: identificação se a substância apresenta características de
inflamabilidade, reatividade, corrosividade, toxidade ou patogenicidade. Lembrando sempre
que muitas substâncias podem se enquadrar em mais de uma classe de periculosidade;
• Rotas de exposição: identificação se a substância perigosa penetra no organismo
por inalação, absorção pela pele, olho ou ingestão;
28
• Limites de exposição, dose letal e sintomas: níveis de exposição considerado seguro
e dose letal de cada produto tóxico, como também identificação dos sintomas decorrentes da
exposição à substância química;
• Compatibilidade Química: informações sobre as substâncias que são incompatíveis
com a substância em questão (mistura de substâncias incompatíveis pode causar fogo,
explosão ou liberação de gases tóxicos);
• Procedimentos operacionais padrão: práticas operacionais e forma de manuseio dos
equipamentos e instrumentos de trabalho, como também, os equipamentos de segurança
pessoal e coletiva;
• Plano de emergência: procedimentos a serem adotados em casos de vazamentos e
incêndios, procedimentos a serem adotados em casos de exposição indevida às substâncias
químicas;
• Plano de contingência: respostas para um conjunto de situações de emergências,
previamente identificadas, atribuindo ações, procedimentos e equipamentos a serem
utilizados.
4.3. Armazenamento dos Produtos Químicos
Menacho (2016) em seu diagnóstico observou que muitos dos produtos químicos
estavam armazenados em cima das mesas ou soltos em outras dependências dos laboratórios.
Esse tipo de atitude não leva em consideração os critérios de segregação, os parâmetros
básicos de armazenamento (tipo de risco e reatividade dos produtos) e nem as boas práticas
laboratoriais.
A NBR 7500/2018 recomenda que o armazenamento de produtos químicos seja feito
somente em quantidades mínimas. Se tratando de reagentes químicos, é preciso manter até no
máximo 2 litros armazenados, quanto a sais perigosos a quantidade permitida é de 1 kg e para
sais reativos ou tóxicos somente algumas gramas. Quando em quantidades maiores os
produtos químicos deverão ser estocados em almoxarifados.
Propõe-se as seguintes diretrizes para o correto armazenamento dos produtos
químicos:
4.3.1. O laboratório deverá ter um sistema ágil de controle de estoque, integrado aos
laboratórios do Departamento o qual pertence e aos demais laboratórios da Instituição. Nesse
novo sistema cada responsável laboratorial preencherá um documento de entrada de material,
29
através desses dados será possível realizar trocas de reagentes (quando necessário) evitando
desperdícios.
4.3.2. Nenhum laboratório poderá armazenar grandes quantidades de produtos
químicos, o armazenamento deve se limitar a cobrir as necessidades do uso diário de um
laboratório ou ao estoque reserva do mesmo;
4.3.3. Em casos onde o laboratório esteja em volta a vários outros laboratórios que
façam uso também de produtos químicos, recomenda-se:
• Reservar os produtos químicos em almoxarifados individuais ou centralizados para
uso de diversos laboratórios;
• Criar de uma central de materiais, equipamentos e produtos químicos, a ser
controlado por uma ou mais pessoa(s) devidamente habilitada(s). Minimizando os custos e
melhorando o aproveitamento dos recursos;
4.3.4. Os compostos devem ser guardados segundo as classes de reatividade,
exemplo: inflamáveis com inflamáveis, oxidantes com oxidantes;
4.3.5. Deverá sempre estar disponível nos laboratórios uma lista de compostos
compatíveis e incompatíveis para consulta, e os incompatíveis deverão estar sempre separados
uns dos outros durante a armazenagem (ANEXO 2);
4.3.6. Quando o produto apresenta vários riscos, deve-se realizar uma estimativa da
severidade de cada um, tendo em conta quantidades totais armazenadas, o material e o
tamanho dos recipientes;
4.3.7. Após utilizar o produto químico, devolva-o ao seu local de armazenamento;
4.3.8. Os recipientes de armazenamento devem sempre estar sempre em boas
condições antes de serem estocados, logo devem ser revisados periodicamente;
4.3.9. As áreas de armazenamento precisam estar devidamente identificadas e em
condições de segurança;
4.3.10. Os produtos químicos precisam estar organizados da seguinte maneira:
• Precisam ser guardados em estantes com prateleiras ou gavetas de metal (com fio-
terra) ou alvenaria, com no máximo 2 metros de altura e fixadas no solo, teto ou parede com
um anteparo, evitando assim transbordamento para outra prateleira em casos de
derramamento;
• Nas prateleiras superiores do armário, guardam-se as substâncias sólidas, liquidas e
sólidos inflamáveis (não corrosivos);
30
• Nas prateleiras inferiores do armário guardam-se as substâncias os ácidos, essa
disposição impede que os vapores ácidos entrem em contato com os sólidos e causem reações
indesejáveis;
• Armários para o armazenamento de inflamáveis e corrosivos devem ser usados
sempre que possível.
4.4. Minimização de Materiais Residuais
Um dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) é a
minimização de materiais perigosos, pois contribui diretamente para uma mudança de atitude
em relação ao uso racional dos recursos, desenvolve uma consciência ética sustentável em
quem os manipula, diminui a exposição a riscos.
Segundo Araújo (2018), nenhum dos laboratórios do Departamento de Engenharia
Química faz uso de técnicas e procedimentos de minimização do material residual. Menacho
(2016), constatou que esses laboratórios apresentavam dificuldades no manejo dos resíduos
químicos devido à falta de local específico para armazenamento dos resíduos, problemas
quanto à rotulagem e acondicionamento e falta de medidas de redução do material residual
gerado.
Propõe-se as seguintes diretrizes com relação a minimização do material residual em
laboratórios:
4.4.1. Adotar práticas para redução do material residual químico ainda na fonte
através da implementação de estratégias, que podem ser: implantação de um programa
centralizado de compras dos produtos; redução da diversidade de produtos consumidos;
aquisição de produtos em menores frascos; implementação e controle do inventário; manejo
criterioso e cuidadoso dos produtos químicos; planejamento de experiencias e ensaios.
4.4.2. Adotar ações de reaproveitamento, onde o resíduo será resgatado para uso, com
ou sem tratamento, reduzindo ou até mesmo eliminando a quantidade de material a ser
enviado para disposição final ambientalmente adequada.
• Ações de reutilização (sem necessidade de tratamento): através da redistribuição de
produtos químicos excedentes, utilização de soluções residuais como insumos de novos
experimentos ou utilização do material residual para o tratamento de rejeitos;
• Ações de reciclagem (resgate do material mediante tratamento): através da destilação
de solventes orgânicos ou reciclagem de reagentes;
31
• Ações de recuperação (resgate do material de forma diferente da original): através
da recuperação de reagentes.
4.5. Inventário de Produtos Químicos e Materiais Residuais
Menacho (2016) relata em seu diagnóstico do Departamento de Engenharia Química
que a maior quantidade de passivo ambiental encontrada estava nos corredores, esse material
não possuía nenhuma identificação, e em sua maioria era composta por solventes orgânicos
halogenados e não halogenados. Outro aspecto relatado pelo mesmo autor, foi o fato de 15%
dos resíduos líquidos por ele estudados não pôde ser reconhecida.
Mediante o diagnóstico de Menacho propõe-se as seguintes diretrizes para criação de
um inventário específico para os produtos químicos e outro para o material residual químico.
4.5.1. Inventário de Produtos Químicos
O conteúdo mínimo necessário para um inventário de produtos químicos deverá ter:
• Nome do produto químico (olhar no rótulo do produto) e composição química;
• Periculosidade (informar se é inflamável, reativo, corrosivo, tóxico ou sem
periculosidade);
• Número do lote e data de validade;
• Quantidade do produto químico em três categorias: o que foi adquirido, produto
consumido, produto estocado;
• Identificação do setor e laboratório;
• Nome e telefone do responsável;
• Local de armazenamento.
Proponho que Inventário de Produtos Químicos seja implementado de maneira online,
evitando o desperdício de recursos e também interligando todos os laboratórios. A partir desse
inventário online será possível o registro de aquisição dos produtos; o uso (do início da
utilização até o término); status em que o produto se encontra; compartilhamento na compra e
uso de produtos que seus usos são mais casuais; e armazenamento desses produtos.
4.5.2. Inventário de Resíduos Químicos
Sugere-se o seguinte conteúdo mínimo para o inventário de resíduos químicos:
• Caracterização se o material residual é passivo ou ativo;
• Classificação (resíduo ou rejeito);
32
• Periculosidade;
• Tipo de material;
• Composição química;
• Quantidade (o que foi gerado, e o que será armazenado);
• Setor, laboratório, nome do responsável;
• Local do armazenamento do material residual.
Assim como no inventário de produtos químicos, sugiro a implantação do sistema
online para a registrar e controlar toda a etapa de inventário.
4.6. Identificação do Material Residual Químico
Menacho (2016) em seu diagnóstico percebeu que não havia nenhuma padronização
dos rótulos e fracos usados para guardar os resíduos. Quando os resíduos estavam etiquetados
não havia informações o suficiente, muitos não tinha sequer o rotulo, em outros o rotulo
estava altamente danificado a ponto de não serem identificados.
Araújo (2018) chegou à conclusão que cerca de 68,2% do material residual rotulado
tinha descrito somente o tipo do resíduo, e 31,8 % dos resíduos gerados no departamento não
tinham nenhuma espécie de rotulação.
Levando em consideração as não-conformidades encontradas, propõe-se as seguintes
diretrizes em relação a identificação dos resíduos gerados nos laboratórios:
4.6.1. Todos os resíduos precisam estar adequadamente identificados, caso contrário
não serão levados pelos funcionários da UATR/DMA;
4.6.2. Rótulo padronizado (APÊNDICE 1);
4.6.3. Todas as informações do rótulo precisam estar preenchidas;
4.6.4. Não poderão ser aceitos os resíduos que não estejam devidamente descritos no
Inventário de Resíduos Químicos.
4.7. Acondicionamento
Em seu diagnóstico Menacho (2016) inferiu que os resíduos químicos dos laboratórios
estavam acondicionados em diferentes tipos de recipientes, pelo menos 30 recipientes
diferentes. A maioria das embalagens era de vidro ou plástico que antes continham o produto
químico ou material de limpeza. Os resíduos que estavam em garrafas pet estavam totalmente
33
cheios (não é permitido). Constatou-se também a presença de recipientes frágeis, como:
garrafas de água mineral, garrafas de álcool.
Araújo (2018) conclui em seu trabalho que o acondicionamento deficiente leva a
diversos outros problemas, como aumentar o risco de contato com os resíduos químicos ao
manusear embalagens e fazer com que o transporte dessas substâncias não seja tão eficiente
devido a fragilidade desses recipientes.
Com base nas não-conformidades propõe-se as seguintes diretrizes:
4.7.1. Todo recipiente deverá ser quimicamente compatível com o tipo de resíduos, ser
estanque, ter em suas propriedades físicas resistência a choques (pequenos) e ser
durável.
4.7.2. Todos os resíduos precisam estar bem acondicionados, para que não acorram
acidentes no seu armazenamento e no transporte até a UATR;
4.7.3. Nenhum frasco pode ter em seu conteúdo uma quantidade maior que 80% do
seu volume total;
4.7.4. Todos os resíduos químicos precisam estar acondicionados em recipientes
compatíveis, se isso não acorrer o material do recipiente pode se romper ou até mesmo se
desintegrar por completo;
• Exemplo de acondicionamentos: peroxido de hidrogênio, compostos orgânicos, ácidos
orgânicos e inorgânicos: quando em concentração maior que 10% necessariamente precisam
ser armazenados em recipientes de vidro; papéis de filtro, borra de metais pesados, papel
indicador, precisam ser armazenados em recipientes compatíveis de plásticos; solventes
inflamáveis nunca devem ser armazenados em vidros, mas sim em recipientes metálicos;
4.7.5. Quando possível, o resíduo deve ser guardado no mesmo recipiente do produto
químico que o originou, porém seu rotulo original deve ser trocado pela rotulagem de
resíduos;
4.7.6. Deve-se evitar acondicionar os resíduos em recipientes muito grandes dentro
dos laboratórios;
4.7.7. É uma prática comum na UFRN e em outros laboratórios das IES a reutilização
de embalagens de material de limpeza, remédios. Essa ação precisa ser feita de forma
cautelosa, já que há riscos de reações pela possibilidade de existência do material original
ainda na embalagem.
34
4.7.8. O uso de embalagens provenientes de alimentos para acondicionamento de
resíduos estará proibido devido ao risco (mesmo que mínimo) do conteúdo ser utilizado por
pessoas sem preparo algum ou que estejam impropriamente nos laboratórios.
4.7.9. As tampas precisam ser adequadas e assegurar que os recipientes estejam
sempre bem fechados.
4.7.10. Para evitar derramamentos ou transbordamentos é necessário o uso de um funil
ou sifão na transferência do material residual.
4.8. Segregação dos Resíduos na Fonte
Segundo a ABNT NBR 12.809/1993 e a ABNT NBR 10.004/2004 o descarte de
rejeitos não perigosos no lixo comum ou rede de esgoto deve ser feito mediante
procedimentos de passivação em conformidades com a legislação ambiental. Todos os
procedimentos devem ser feitos por um profissional dotado de conhecimento técnico. É
permanentemente proibido essa prática sem adoção de métodos pré-estabelecidos.
Araújo (2018) chega à conclusão em seu diagnóstico que 72,2% dos laboratórios não
adotam nenhuma prática de segregação por classes de perigo.
O responsável pela correta segregação dos resíduos dos laboratórios é o próprio
gerador. Com base nos dados de Araújo (2018) e legislação ambiental vigente propõe-se as
seguintes diretrizes ser implantadas nos laboratórios da UFRN:
4.8.1. A segregação deve ser realizada após a utilização do produto químico;
4.8.2. Se não for possível evitar combinações químicas, a tabela de incompatibilidade
química (ANEXO 2) deverá ser imediatamente consultada;
4.8.3. As classes de segregação a ser adotada será baseada em outras instituições de
ensino, para isso será necessária a consulta do material que se encontra no (ANEXO 1);
4.8.4. Materiais que foram contaminados com produto químico perigoso devem ser
segregados e encaminhados a UATR. De nenhuma forma podem ser jogados no lixo comum
para que não o contamine.
4.8.5. O procedimento de descarte do rejeito não perigoso em lixo comum ou rede de
esgoto só será realizado pelo responsável laboratorial. Nenhum outro usuário laboratorial
poderá fazer uso desse procedimento.
35
4.9. Armazenamento, Coleta e Destinação final
4.9.1. Armazenamento na Fonte
A Norma que fixa as condições exigíveis do armazenamento de resíduos sólidos
perigosos é a NBR 12.235/1992, ela define o armazenamento dos resíduos como sendo uma
“contenção temporária de resíduos, em área autorizada pelo órgão de controle ambiental, à
espera de reciclagem, recuperação, tratamento ou destinação final adequada”. Segundo esta
mesma Norma o armazenamento deverá ser feito de modo a não alterar a quantidade e
qualidade do resíduo (ABNT, 1992).
Segundo a Resolução ANVISA N° 306/2004 o local de armazenamento dos resíduos
deve ser exclusivo, e seu dimensionamento deve estar perfeitamente adequado a quantidade a
ser armazenada e sua qualidade.
Os laboratórios do Departamento de Engenharia Química armazenam seus resíduos
dentro e fora dos ambientes laboratoriais. Araújo (2018) chegou à conclusão que quando os
materiais residuais estavam armazenados dentro dos laboratórios cerca de 45,5% os
armazenam no chão, 27,3% em prateleiras e 22.7% em armários. Com relação ao
armazenamento fora dos laboratórios, foi constatado que somente um possui um anexo
protegido das intempéries para o correto armazenamento dos seus resíduos (ARAÚJO, 2018).
Com base na legislação e dados obtidos por Araújo (2018) propõe-se as seguintes
diretrizes:
4.9.1.1. O local de armazenamento deve estar isolado ou fechado, de modo a evitar que
pessoas estranhas entrem em contato com o material residual;
4.9.1.2. O local deve estar devidamente sinalizado, indicando os possíveis perigos do acesso
a esse tipo de local;
4.9.1.3. Todo laboratório precisa ter um local específico para o armazenamento correto dos
seus resíduos, em casos onde existem laboratórios um ao lado do outro o local de
armazenamento de resíduos pode ser compartilhado, desde que sejam obedecidas todas as
regras de compatibilidade, acesso restrito e separação adequada;
4.9.1.4. Em casos onde exista um abrigo de resíduos, a dinâmica de entrada e saída do
material residual deve ser toda gerenciada por um técnico habilitado. Esses abrigos precisam
ter as seguintes características:
• Os abrigos de resíduos precisam necessariamente serem cobertos, protegidos da luz, calor e
água;
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• O material residual deve estar sempre separado por compatibilidade química;
• Tem que ser bem ventilado, por causa do acúmulo de vapor que não são recomendadas
para substâncias inflamáveis e corrosivas;
• Precisam estar devidamente sinalizados quanto seus perigos;
• Ter equipamentos de combate a incêndios afixados do lado de fora da instalação.
4.9.1.5. Não é permitida misturas ou transferência de material residual nos locais de
armazenamento, pois existe a possibilidade de liberação de vapores perigosos.
4.9.2. Coleta dos Resíduos Químicos e Armazenamento na UATR
Atualmente a UATR recebe um chamado para a coleta do material residual químico, a
partir disso um funcionário leva um documento intitulado “Registro de Destinação de
Resíduos para a UATR” para o cadastramento dos resíduos químicos demandados. Nesse
documento consta informações a respeito do nome do laboratório gerador, responsável pela
requisição, quantidade de produto químico a ser encaminhado, quantidades, tipo de
acondicionamento e data para retirada do resíduo.
Quando devidamente preenchido esse documento é levado juntamente com os resíduos
químicos para a UATR. O que se busca com esse registro é ter uma descrição do tipo do
resíduo que chega a UATR, saber a qualidade e quantidade do resíduo gerado pelos
laboratórios por Departamento.
Propõe-se as seguintes diretrizes para otimização desse tipo de registro de resíduos
para a UATR:
4.9.2.1. O inventário de material residual proposto anteriormente (4.5.2) será um
mecanismo suficiente para caracterização do material residual que chega a UATR. Já que
seria implementado no sistema (SIPAC) e respondido pelo próprio gerador (responsável
laboratorial);
4.9.2.2. Quando houver a solicitação de recolhimento dos resíduos químicos a UATR
já saberá a tipologia do resíduo, a quantidade, e todas as outras informações mediante o
inventário dos resíduos.
4.9.2.3. Quando os laboratórios abrirem chamado solicitando a coleta dos resíduos, o
funcionário da UATR irá no local coletar somente o descrito no inventário de resíduos;
37
4.9.2.4. Os resíduos que não estiverem devidamente rotulados, acondicionados e
registrados no inventário de resíduos não serão levados a UATR.
Quando os resíduos químicos chegam a UATR ficam dispostos no chão do corredor (Figura
01), até o momento que são pesados e encaminhados para o armazenamento. É impossível
definir qual o tipo de substância que se encontra em cada recipiente, já que nenhum deles se
encontra rotulado. Consequentemente, se torna inviável segregar esse resíduo químico para
que posteriormente seja armazenado levando em consideração a incompatibilidade dos
produtos.
Figura 01- Resíduos químicos da UATR
Fonte: Miraslane Ferreira, bolsista UATR.
Os locais de armazenamento da UATR precisam funcionar levando em conta todos os
critérios de armazenamento de resíduos em laboratórios anteriormente mencionadas, porém o
que ocorre hoje com os resíduos químicos que chegam na Unidade é que depois de pesados
são colocados todos juntos em prateleiras, sem levar em consideração a compatibilidade das
substâncias, a organização dos compostos evitando riscos (Figura 02). Os compartimentos
onde os resíduos químicos são armazenados são muito quentes, com pouca circulação de ar.
Também se observa que próximo a esses compartimentos não há nenhuma sinalização de
emergência (Figura 03).
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Figura 02- Armazenamento dos resíduos na UATR
Fonte: Miraslane Ferreira, bolsista UATR.
Figura 03- Falta de sinalização de emergência nos locais de armazenamento de resíduos (UATR)
Fonte: Miraslane Ferreira, bolsista UATR.
Levando em conta as não-conformidades encontradas na UATR propõe-se as seguintes
diretrizes para o correto gerenciamento dos resíduos químicos na Unidade:
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4.9.2.5. Os funcionários precisarão passar por uma capacitação e treinamento, para
que aprendam armazenar e segregar corretamente os resíduos que chegam à Unidade;
4.9.2.6. A UATR precisará passar por algumas modificações para que fique
completamente adequada as regras de gerenciamento de resíduos químicos, são elas:
• Melhorar a ventilação dentro dos espaços reservados ao armazenamento dos
resíduos químicos;
• Identificar as divisórias por tipo de resíduos, levando em conta as
incompatibilidades;
• Colocar sinalizações de segurança em todo o prédio;
• Os equipamentos de combate ao incêndio precisam ser colocados mais próximos
aos locais de armazenamento dos resíduos químicos.
• Os resíduos químicos chegam a UATR não podem ficar nos corredores, assim que
chegarem a unidade precisam ser pesados e devidamente armazenados;
• Todos os funcionários que manusearem os produtos químicos precisam usar EPIs
(luvas de segurança, calçados de segurança e respirador).
4.9.3. Destinação Final Ambientalmente Adequada
A destinação ambientalmente adequada continua sendo responsabilidade de uma
empresa terceirizada, porém com a aplicação das diretrizes propostas esse serviço poderá ser
barateado já todos os resíduos já estarão rotulados, acondicionados, segregados e devidamente
armazenados.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da junção de dados coletados por outros autores no Departamento de
Engenharia Química da UFRN a respeito do gerenciamento dos resíduos químicos de
laboratórios foi possível mostrar o cenário atual do gerenciamento dos resíduos químicos da
UFRN.
A partir desses dados e do levantamento da legislação vigente é que as diretrizes foram
propostas. Cada uma das diretrizes têm a função específica de se adequar as Normas de
Gerenciamento de Resíduos Químicos existente e as etapas hierárquicas do mesmo.
As diretrizes de Normatização poderão ser utilizadas pelos responsáveis técnicos
(técnicos laboratoriais, alunos de graduação, pesquisadores) e Unidades de Gestão
responsáveis pelos resíduos no Campus UFRN (DMA, UATR, INFRA). Espera-se que o
conteúdo dessas diretrizes possa ser usado como referência para a proposição de uma
Normatização no Gerenciamento dos Resíduos Químicos da UFRN.
Esse documento também servirá de subsídio para novas pesquisas, trabalhos e
mudanças contínuas numa temática ainda tão pouco explorada dentro do ambiente acadêmico.
41
6. REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004:2004. Resíduos Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. Disponível em: <
http://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De-
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44
TAUCHEN, Joel; BRANDLI, Luciana Londero. A gestão ambiental em instituições de ensino superior: modelo para implantação em campus universitário. Gestão & Produção, São Carlos, SP, v.13, n.3, p.503-515, 2006. UFRN. Sobre a UFRN. Disponível em: < https://www.ufrn.br/institucional/sobre-a-ufrn> Acesso em: 5 de maio 2019. UNICAMP. Produtos Químicos: manuseio, armazenamento e descartes. [s.d.]. Disponível em: < https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/paganex/riscos_quimicos_0.pdf>. Acesso em: 9 de junho 2019. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Manual de Gerenciamento de Resíduos Químicos da Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, 2016. Disponível em: <http://www.uff.br/sites/default/files/paginas-internas-orgaos/manual_residuos_quimicos-uff_0.pdf>. Acesso em: 15 de junho 2019. VALLE,Cyro Eyer do. Qualidade Ambiental: ISO 14000.7. ed.São Paulo: Editora Senac,2008.
45
APÊNDICE A – ROTULAGEM DOS RESÍDUOS QUÍMICOS DA UFRN
Exemplo preenchido:
46
ANEXO 1– CLASSES DE SEGREGAÇÃO NA FONTE ADOTADAS POR DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Fonte: FIGUERÊDO, 2006.
47
ANEXO 2 – SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS INCOMPATÍVEIS
Fonte: FIGUERÊDO, 2006.
48
Fonte: FIGUERÊDO, 2006.
49
Fonte: FIGUERÊDO, 2006.
50
Fonte: FIGUERÊDO, 2006.