DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de...

47
Faculdade de Farmácia - UFMG Dep. de Farmácia Social www.ccates.org.br DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico Belo Horizonte - MG Abril - 2015

Transcript of DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de...

Page 1: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

Faculdade de Farmácia - UFMG

Dep. de Farmácia Social

www.ccates.org.br

DIRETRIZ

Detalhamento Acadêmico

Belo Horizonte - MG

Abril - 2015

Page 2: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do termo de cooperação entre o

Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde, a Organização Pan-

americana da Saúde e o Centro Colaborador do SUS para Avaliação de Tecnologias e

Excelência em Saúde.

Elaboração:

Juliana de Oliveira Costa (CCATES/UFMG)

Celline Cardoso Almeida Brasil (CCATES/UFMG)

Augusto Guerra Afonso Júnior - coordenação (CCATES/UFMG)

Colaboradores:

Ana Alice Pandolfi de Abreu (SES-MG)

Gustavo Simões Santos Leal (PPMAF/UFMG)

Haliton Alves de Oliveira Junior (PPMAF/UFMG)

Isabella Piassi Godói (PPMAF/UFMG)

Lívia Lovato Pires de Lemos (CCATES/UFMG)

Lucas Fonseca Rodrigues (FM/UFMG)

Wallace Breno Barbora (PPMAF/UFMG)

Revisão de especialistas:

Aine Heaney (National Prescribing Service/Austrália)

Jonathan Dartnell (National Prescribing Service /Austrália)

Brian Godman (Instituto Karolinska, Estolcomo, Suécia e Instituto Strathclyde de

Farmácia e Ciências Biomédicas, Strathclyde University, Glasgow, Reino Unido)

Revisão técnica:

Juliana Álvares (CCATES/UFMG)

Francisco de Assis Acurcio (CCATES/UFMG)

Page 3: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Exemplos de finalidade do detalhamento acadêmico...................................15

Quadro 2. Estrutura geral das visitas..............................................................................26

Page 4: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Etapas do processo envolvido para realização de detalhamento acadêmico.................................................................................................13

Page 5: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CADTH - Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health

NARCAD – National Resource Center for Academic Detailing

NICE - National Institute for Clinical Excellence and Health

NIHR - Health Technology Assessment Programme

NPS – National Prescribing Service

PCDT - Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

REBRATS - Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

Page 6: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8

2. DETALHAMENTO ACADÊMICO ................................................................................. 11

3. ETAPAS DO DETALHAMENTO ACADÊMICO .............................................................. 13

4. RECOMENDAÇÕES POR ETAPA DO DETALHAMENTO ACADÊMICO ......................... 14

4.1. Etapa 1: Prospecção e identificação de problemas .................................................. 14

4.2. Etapa 2: Definição da finalidade do detalhamento acadêmico ............................... 15

4.3. Etapa 3: Estimativa de orçamento, elaboração de cronograma e designação de

equipe ....................................................................................................................... 16

4.4. Etapa 4: Elaboração e aquisição de materiais de apoio ........................................... 17

4.4.1. Conteúdo do boletim ................................................................................................ 18

4.4.2. Formatação e diagramação do boletim .................................................................... 20

4.5. Etapa 5: Identificação dos prescritores e organização das metas de visitação ....... 22

4.6. Etapa 6: Recrutamento de facilitadores e realização de treinamento ..................... 22

4.7. Etapa 7: Visitação médica para detalhamento acadêmico ...................................... 25

4.8. Etapa 8: Visponibilização do material ....................................................................... 30

4.9. Etapa 9: Avaliação dos resultados ............................................................................ 31

4.9.1. Análise do efeito ....................................................................................................... 31

4.9.2. Análise de viabilidade ............................................................................................... 33

4.9.3. Análise de satisfação ................................................................................................. 33

4.10. Etapa 10: Divulgação dos resultados ........................................................................ 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 35

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 36

ADENDO 1 ............................................................................................................................. 40

ADENDO 2 ............................................................................................................................. 44

ADENDO 3 ............................................................................................................................. 45

Page 7: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

APRESENTAÇÃO

O Detalhamento Acadêmico é uma estratégia utilizada por diversos países com o

intuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso

com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas face-a-face, de um

profissional da saúde a um prescritor, nas quais podem ser abordados temas como o

uso de medicamentos, técnicas de diagnóstico, novas terapias, divulgação de

protocolos, dentre outros.

O conceito deriva de "detalhamento", uma técnica de marketing utilizada por

empresas farmacêuticas, em que representantes da empresa visitam os prescritores

individualmente, a fim de convencê-los a prescrever seus produtos. Espera-se que o

desenvolvimento de uma relação pessoal ao longo do número de visitas reforce o

efeito da informação apresentada pelo representante. O Detalhamento Acadêmico

visa empregar algumas das técnicas desenvolvidas em marketing farmacêutico para

promover a prescrição racional, baseada em evidências e conforme diretrizes

estabelecidas. É geralmente realizado por profissionais de saúde (muitas vezes pelo

farmacêutico e também pelos médicos e enfermeiros) empregados por organizações

independentes e sem fins lucrativos.

Este método combina a interatividade da indústria farmacêutica, ilustrada por seus

representantes, com a informação idônea e baseada em evidências da academia. O

objetivo é minimizar a lacuna existente entre as evidências científicas produzidas e a

prática clínica. Como resultado, espera-se melhorar o uso de medicamentos e otimizar

a eficiência no âmbito de sistemas de saúde.

Este documento foi elaborado a partir de extensa busca na literatura científica sobre o

tema, na experiência em Detalhamento Acadêmico do National Prescribing Service,

organização australiana independente e sem fins lucrativos que desempenha esta

atividade por mais de quinze anos, do National Resource Center for Academic

Detailing, dos Estados Unidos, da Canadian Academic Detailing Collaboration, do

Canadá e na experiência do projeto piloto de Detalhamento Acadêmico para a Doença

Page 8: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

de Alzheimer realizado na cidade de Belo Horizonte pelo Centro Colaborador do SUS

(CCATES).

O objetivo deste documento é apresentar os conceitos e a descrição das etapas

necessárias para orientar o planejamento e a execução de Detalhamento Acadêmico

para prescritores.

Esta diretriz apresenta uma visão geral sobre o serviço de Detalhamento Acadêmico.

Visa garantir a qualidade dos serviços de Detalhamento Acadêmico prestados, por

meio da apresentação de seus principais fundamentos, processos envolvidos,

resultados esperados e de materiais e formulários necessários para a documentação e

avaliação de desempenho das visitas.

Page 9: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

8

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 50% de todos os medicamentos são

incorretamente prescritos, dispensados e vendidos; e mais de 50% dos pacientes os

utilizam incorretamente. Em países em desenvolvimento, menos de 40% dos pacientes

no setor público e menos de 30% no privado são tratados de acordo com diretrizes

clínicas1.

O oposto dessa situação é o uso racional de medicamentos (URM), incluindo o uso de

medicamentos com qualidade, que a Organização Mundial de Saúde define como "à

necessidade de o paciente receber o medicamento apropriado, na dose correta, por

adequado período de tempo, a baixo custo para ele e a comunidade"2,3. É sabido que o

uso excessivo e inadequado de medicamentos pode aumentar as taxas de reações e

eventos adversos a medicamentos3. Uma revisão sistemática encontrou uma

porcentagem média de 3,7% de internações preveníveis em um hospital, sendo todas

relacionadas com o uso de medicamento e com aproximadamente um terço

decorrente de prescrição inadequada3. Os custos médios de tratamento para uma

única reação adversa ao medicamento na Alemanha foram estimados em cerca de

€2250, o que equivale a €434 milhões por ano, e estima-se que mais de dois milhões

de pessoas são hospitalizadas anualmente os EUA devido a eventos adversos graves

com um custo de morbidade e mortalidade relacionadas ao medicamento de mais de

US$177.4 bilhões4.

Para a prescrição com qualidade, os prescritores necessitam de informações

atualizadas e de fontes confiáveis acerca da efetividade comparativa, segurança e

custos dos tratamentos disponíveis5. A obtenção destas informações a partir da

pesquisa de literatura pode ser um processo demorado e não aplicável ao contexto de

trabalho da grande maioria dos prescritores. Devido a limitações como restrição de

tempo, dificuldades com idiomas e demandas diversas que consomem tempo, os

prescritores muitas vezes tendem a utilizar fontes mais convenientes de informação,

tais como as apresentadas pelos representantes de indústrias farmacêuticas6.

Page 10: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

9

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Empresas farmacêuticas gastam até um terço de sua renda com a promoção de seus

produtos, o que se traduziu em um gasto de US$ 57,5 bilhões nos EUA em 20047,8,9.

Representantes de indústrias farmacêuticas são internacionalmente conhecidos como

“drug detailers”, pois fornecem informações detalhadas sobre seus produtos, visitam

os prescritores em seus consultórios e entregam materiais de marketing voltados para

os produtos que promovem6. Esta abordagem é efetiva para a promoção de produtos

patenteados, incluindo novos produtos, e impulsionam o gasto farmacêutico10. A

informação disseminada é tipicamente de interesse da indústria farmacêutica, e, como

resultado, muitos prescritores não têm conhecimento da existência de opções

terapêuticas mais eficazes, mais seguras ou mais baratas. Uma recente meta-análise

de estudos nos quais médicos foram expostos a informações de empresas

farmacêuticas encontrou, com raras exceções, que a exposição foi associada com

maior frequência de prescrição, custos mais elevados ou menor qualidade da

prescrição. Os autores não conseguiram encontrar provas de melhorias na prescrição.

Consequentemente, sugeriram que prescritores devem evitar a exposição à

informação de representantes farmacêuticos7.

Tais preocupações já resultaram no estabelecimento de medidas, tais como multas,

para limitar as atividades de empresas farmacêuticas em uma série de países para

determinar o abuso destas empresas11,12,13. Além disso, alguns países estabeleceram a

atividade de Detalhamento Acadêmico para contrabalancear a influência das

companhias farmacêuticas. Outras medidas, como por exemplo, na Suécia e Reino

Unido, incentivam a prescrição de múltiplas marcas de medicamentos,

consideravelmente mais baratas em relação a produtos patenteados, para aumentar

da eficiência na prescrição e o impacto é visível em comparação com países que não

possuem estas medidas. As despesas com inibidores da bomba de prótons e estatinas

na Suécia, em 2007, foram um décimo do que a observada na Irlanda quando ajustado

para o tamanho da população 14,15,16,17. Há também a preocupação com o viés de

diretrizes atuais, que podem ser minimizados pelo Detalhamento Acadêmico18,19,20.

Page 11: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

10

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

A partir da ciência comportamental e de vários ensaios de campo detectaram-se

métodos capazes de contribuir para a melhor tomada de decisão dos prescritores

quanto a qualidade e custo-efetividade do atendimento3-21. De forma geral, as

campanhas educacionais são intervenções que potencialmente alteram a prática dos

profissionais de saúde, especialmente a dos prescritores em relação à prescrição22.

Page 12: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

11

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

2. DETALHAMENTO ACADÊMICO

O Detalhamento Acadêmico é uma visita educativa cuja realização envolve a interação

face a face entre dois profissionais. Utiliza metodologias de mudança de

comportamento para fornecer educação e informação de forma objetiva, uma

abordagem baseada em serviços (ao invés de um foco em vendas), que pode ser

diretamente relacionada às situações clínicas vivenciadas por um profissional de

saúde.

O Detalhamento Acadêmico é realizado por universidades ou instituições sem fins

lucrativos, no qual os visitadores e sua equipe não possuem relação financeira com a

indústria farmacêutica, e visa minimizar a lacuna existente entre a melhor ciência

disponível e a prescrição na prática real6. Este método se refere a uma visita face a

face com o objetivo de melhorar o cuidado ao usuário do sistema de saúde,

selecionando as melhores evidências e diretrizes clínicas sobre o que deve ser feito

para determinada situação clínica e apresentadas por um profissional de saúde,

treinado para este fim, de uma forma utilizável para o prescritor6.

A prática do Detalhamento Acadêmico aos prescritores, como meio de melhorar a

qualidade de suas decisões sobre a terapia medicamentosa e redução de despesas

desnecessárias foi iniciada há cerca de trinta anos pelo Dr. Jerry Avorn e Dr. Stephen

Soumerai da Universidade de Harvard, nos EUA. De acordo com Soumerai e Avorn 21,

23, algumas das características mais importantes incluem:

• Realizar entrevistas para investigar o conhecimento e as motivações para os

padrões de prescrição vigentes;

• focar os programas em categorias específicas de médicos, bem como em seus

líderes de opinião;

• definir claramente os objetivos educacionais e comportamentais;

• estabelecer credibilidade através de uma identidade organizacional respeitada,

fazendo referência a fontes oficiais e imparciais de informações e apresentando

ambos os lados de questões controversas;

• estimular a participação ativa do prescritor durante as visitas;

Page 13: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

12

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

• utilizar materiais educativos gráficos concisos, destacando e repetindo as

mensagens essenciais; e

• fornecer reforço positivo das práticas melhoradas em visitas subsequentes.

Programas de Detalhamento Acadêmico são efetuados em diversos países, como

Austrália - National Prescribing Servicea, Estados Unidos - National Resource Center for

Academic Detailingb e Canadá- The Canadian Academic Detailing Collaboration24.

Estudos publicados evidenciaram a eficácia e custo-efetividade do detalhamento

acadêmico. Uma revisão sistemática com metanálise22 que incluiu 69 estudos

envolvendo mais de 15.000 profissionais de saúde concluiu que visitas educacionais

isoladas ou combinadas com outras intervenções têm consistentes efeitos sobre a

prescrição e podem beneficiar centenas de pacientes. Já com relação ao custo-

efetividade, estudo randomizado americano25 que avaliou os efeitos econômicos de

visita face a face para reduzir prescrição inadequada de medicamentos envolvendo

435 prescritores mostrou que as sessões educacionais reduziram as despesas com

medicamentos prescritos inadequadamente em 13% e que o efeito foi estável ao longo

de três trimestres.

a National Prescribing Service: http://www.nps.org.au/

b National Resource Center for Academic Detailing: http://www.narcad.org/

Page 14: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

13

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

3. ETAPAS DO DETALHAMENTO ACADÊMICO

O Detalhamento Acadêmico é uma atividade que deve ser realizada por profissional da

saúde devidamente qualificado e treinado (denominado aqui como “facilitador”),

munido de identificação da instituição promotora e de material de apoio para

execução das visitas.

Características da técnica de Detalhando Acadêmico incluem23,26: o facilitador está

bem apresentado e bem informado; o momento é conveniente para o prescritor; o

prescritor não precisa interromper sua rotina habitual de trabalho; o prescritor está

em seu próprio local de trabalho; e a mensagem é concisa e claramente relevante para

o cuidado ao paciente. Os autores deste trabalho comentam por experiência própria

que a apresentação de uma mensagem educativa em tal formato requer preparação

considerável, escrita de alta qualidade, material didático e apresentação padronizada.

As etapas envolvidas no processo, desde o planejamento até a divulgação dos

resultados estão ilustradas na figura abaixo e abordadas nas seções seguintes deste

documento.

Figura 1. Etapas do processo envolvido para realização de detalhamento acadêmico

Page 15: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

14

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4. RECOMENDAÇÕES POR ETAPA DO DETALHAMENTO ACADÊMICO

4.1. Etapa 1: Prospecção e identificação de problemas

Os problemas que geram demanda pelo Detalhamento Acadêmico em geral estão

relacionados a um distanciamento entre o que as evidências científicas ou protocolos

clínicos recomendam e o que é realizado na prática clínica devido à outras influências,

tais como a da indústria farmacêutica. O sistema e os profissionais de saúde devem

conhecer a situação de saúde da população (i.e, doenças mais prevalentes, transição

epidemiológica) e o tipo de cuidado que é atualmente disponibilizado para os usuários

a fim de verificar se existem alternativas com melhores resultados que poderiam ser

oferecidas, i.e. mais efetivos com custos similares ou igualmente efetivos com menor

custo. Neste contexto, os problemas podem estar relacionados à necessidade de um

protocolo, às alterações de linhas-guias existentes, à super ou subutilização de

tecnologias médicas, ou ao uso de tratamentos mais caros quando tratamentos menos

caros e igualmente eficazes estão disponíveis, dentre outros. Estes problemas podem

ser identificados por meio de consulta com especialistas; entrevistas telefônicas;

análise de bancos de dados; estudos de utilização de medicamentos; informes e

alertas da vigilância sanitária; revisão de literatura; ou pela detecção de problemas

similares observados em outros países.

Após identificar o problema é preciso avaliar se este poderá ser abordado por meio da

educação de prescritores, ou seja, se o Detalhamento Acadêmico pode ser

considerado uma estratégia eficaz para resolver este problema. Essa técnica poderá

ser considerada eficaz quando a solução para o problema identificado depender de

uma mudança de comportamento, e para o qual outras técnicas mais simples, como

lembretes em sistemas informatizados ou disseminação de informes não forem

suficientes. Para o sucesso das visitas é importante que o tema selecionado tenha

relevância local, a fim de contribuir para as necessidades de prescritores e pacientes

no contexto da assistência à saúde.

Page 16: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

15

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4.2. Etapa 2: Definição da finalidade do Detalhamento Acadêmico

As visitas devem ser realizadas com o objetivo de resolver um problema específico que

seja mensurável. As finalidades do detalhamento acadêmico encontradas na literatura

são variadas e podem ser direcionadas ao desenvolvimento e divulgação de Protocolos

Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), alterações em padrões de prescrição de

medicamentos, dentre outros. As visitas podem ser direcionadas aos profissionais de

saúde (individualmente ou em grupo), à comunidade ou aos pacientes. As principais

finalidades estão descritas no quadro 1.

Os princípios fundamentais do Detalhamento Acadêmico envolvem:

• Compreender o comportamento existente - quais são as principais motivações

e barreiras para o comportamento atual;

• compreender em que nível de conhecimento as pessoas se encontram, o que

elas sentem/pensam sobre o assunto – e não o que se espera que elas

saibam/sejam.

• fornecer informações para melhorar o conhecimento e a assistência ao

paciente em vez de se focar no que não fazer;

• focar em como incentivar e alcançar a "ação voluntária" e não a coerção ou a

execução.

Os objetivos do Detalhamento Acadêmico incluem:

Transferência de conhecimento

Afirmar a tomada de decisão atual

Alterar a tomada de decisão futura

Page 17: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

16

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Quadro 1: Exemplos de finalidade do detalhamento acadêmico Finalidade Exemplos Estudo/país Alterar o padrão de utilização de recursos

Redução do uso de imagens de diagnóstico para problemas do ombro

Aumentar o screening para câncer de mama

Broadhurst NA., 20078

Austrália

Gorin SS., 20079

Estados Unidos Alterar o padrão de prescrição de medicamentos

Redução do uso de antibióticos de amplo espectro em um centro acadêmico

Redução de prescrições inadequadas em um hospital com relação aos critérios legais do país

Solomon DH., 200110

Estados Unidos

Shaw J., 200311

Austrália

Desenvolvimento e implementação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

Desenvolvimento de Protocolo Clínico sobre anticoagulantes em hospitais

Desenvolvimento de Protocolo Clínico e sua disseminação para tratamento de infecções do trato respiratório, otite média e infecções do trato urinário com antibióticos

Cumprimento de Protocolo Clínico para triagem pré-natal de Streptococos B

Cumprimento de Protocolo Clínico para triagem de câncer colorretal

Roberts GW., 200612

Austrália

Ilett KF., 200013

Austrália

Silva JM., 201314

Brasil

Curry WJ., 201115

Estados Unidos

Alterar a incidência de eventos

Controle e redução de peso em mulheres afro-americanas de baixa renda, na atenção primária

Controle e redução do uso de tabaco em sistemas de saúde

Davis M., 200616

Estados Unidos

Schauer GL., 201217

Estados Unidos

4.3. Etapa 3: Estimativa de orçamento, elaboração de cronograma e designação de equipe

Estabelecidos o problema e a finalidade do Detalhamento Acadêmico, uma equipe

técnica deverá ser formada. Esta equipe deve ser composta por no mínimo um

especialista no assunto a ser abordado, além de pesquisadores e estagiários,

recomendando-se que pelo menos uma pessoa (coordenador) acompanhe todas as

etapas para gerenciar o processo de forma homogênea e orientar os demais membros

da equipe, assim como realizar o treinamento dos facilitadores.

Para aumentar as chances de sucesso com as visitas e facilitar a localização dos

prescritores a serem visitados, é importante estabelecer parcerias com instituições,

tais como as Sociedades Médicas e Conselhos profissionais.

A equipe técnica deverá definir o número de visitas necessárias para

resolver/minimizar o problema identificado. Os materiais a serem produzidos e/ou

adquiridos serão definidos a partir do número de visitas.

Page 18: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

17

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

A estimativa do orçamento dependerá do número de prescritores a serem visitados,

que pode abranger desde todos os especialistas registrados no Conselho, ou se

restringir aos prescritores da rede do Sistema Único de Saúde, ou ainda, somente

àqueles em que seja observado algum problema específico. Além disso, deverá ser

observada a abrangência do programa de detalhamento (local ou nacional).

O orçamento destinado à realização do Detalhamento Acadêmico deve considerar os

gastos com os itens de (i) Equipe técnica: especialistas, pesquisadores e estagiários (ii)

Serviços terceirizados: designer gráfico e consultores, entre outros (iii) Facilitadores:

profissionais de saúde que serão recrutados para realização das visitas, incluindo o

tempo de treinamento deles (iv) Serviços gráficos: impressão de boletins, folders,

crachás, pastas e cartões de visita (v) Materiais: tablet, pen drive, maleta com

rodinhas, agenda ou cadernos de notas.

4.4. Etapa 4: Elaboração e aquisição de materiais de apoio

A equipe técnica deve desenvolver estratégias de sensibilização de prescritores, da

equipe multiprofissional de saúde e de pacientes e seus familiares com relação à

doença/tratamento em questão, por meio da elaboração de mensagens-chave. É

importante que os materiais sejam atrativos, objetivos e simples. Eles serão utilizados

como suporte para a visita e como material informativo a ser fornecido ao prescritor,

muitas vezes atarefado e com pouca disponibilidade de tempo. O material deve ser

ajustado ao número de visitas necessárias para cada prescritor. Em cada visita sugere-

se entregar um material diferente e complementar para reforçar a mensagem. Isso vai

ajudar na construção de um relacionamento de confiança, além de posicionar o

facilitador como um prestador de serviços.

Além disso, recomenda-se a elaboração de material próprio, por meio de boletins

informativos com linguagem técnica para profissionais, e outros voltados para

pacientes e familiares (ver exemplo a seguir).

Page 19: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

18

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4.4.1. Conteúdo do boletim

A elaboração de um boletim de Detalhamento Acadêmico deve conter o maior número

dos itens descritos a seguir para garantir a sua qualidade38,39,40. Exemplos comentados

de boletins podem ser consultados no Adendo 1 e fontes de informação para sua

elaboração no Adendo 2.

Os boletins devem ser estruturados a partir da definição de mensagens-chave.

Recomenda-se incluir apenas de três a quatro mensagens-chave em um boletim de

acordo com o objetivo da intervenção. Se houver múltiplas informações para serem

incluídas, o ideal é preparar boletins em série. As mensagens-chave devem ser

destacadas e facilmente recuperadas e as metas comportamentais devem ser

evidenciadas no boletim. Podem ser utilizadas caixas de cor diferente com

posicionamento estratégico no documento, por exemplo, na primeira página ou no

final do boletim, como resumo.

Exemplos da prática

Detalhamento Acadêmico realizado pelo Centro Colaborador do SUS (CCATES) em Belo Horizonte sobre o PCDT da Doença de Alzheimer: materiais utilizados37

Materiais entregues em Detalhamento Acadêmico sobre o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a

Doença de Alzheimer.

Os diversos materiais utilizados para as visitas foram distribuídos da seguinte forma: Visita 1:

• Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde volumes 1 e 2.

• Boletim para prescritores volume 1 em pasta contendo cartão de visita;

• Folder para cuidadores e pacientes.

Visita 2: • Livro “Avaliação

Multidimensional do Idoso”

• Boletim para prescritores volumes 2 e 3;

• Pen drive contendo todo o material necessário para solicitar medicamentos no Componente Especializado.

Page 20: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

19

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

O boletim deve ser baseado em revisão sistemática da literatura.

Este critério visa garantir ao leitor que a literatura utilizada para elaborar o boletim

não foi selecionada com um viés para apoiar um determinado ponto de vista. Quando

for utilizado este método, é interessante ressaltar esta informação no boletim. É

importante abordar aspectos sobre a doença, como a fisiopatologia, etiologia e

epidemiologia. A equipe deverá buscar informações sobre diagnóstico, diagnóstico

diferencial, seleção de medicamentos para prescrição, cuidados não farmacológicos,

equipe multiprofissional de tratamento, dentre outros.

A evidência científica encontrada deve ser traduzida em informações clínicas

úteis para pacientes e prescritores, com linguagem adequada de acordo com o

público-alvo.

Informações de apoio à tomada de decisão terapêutica devem ser incluídas.

Quando o foco for o tratamento medicamentoso, o boletim poderá incluir

recomendações de dosagem, terapias alternativas, duração da terapia, e/ ou

informações sobre preços comparativos. Estas informações, com a respectiva fonte,

deverão ser fornecidas em quadros, gráficos, tabelas ou fluxogramas para facilitar sua

identificação no texto.

Deve haver mecanismo para facilitar o armazenamento e recuperação do

boletim.

Estratégias possíveis incluem a publicação de uma série volume/edição, a ser entregue

em visitas distintas e armazenadas em uma pasta ou embalagem específica;

fornecimento de um endereço na internet para recuperação dos itens; entrega do

material impresso e também em pen drives.

Deve conter estudos de caso.

É interessante que o boletim contenha estudos de caso comentados, para transmitir

cenários clínicos reais e/ou complexos ao prescritor que está recebendo a visita.

Histórias reais, pessoas e casos podem ser engajadores e ilustrativos para os leitores.

O boletim deve conter referências e ser revisado por pares.

Page 21: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

20

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

É recomendado que sejam apresentadas referências no boletim para inspirar a

confiança do leitor quanto ao conteúdo. Documentos elaborados e publicados pelo

Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde são relevantes, bem como aqueles

elaborados por sociedades médicas nacionais ou estrangeiras. É importante buscar

informações nas agências e sociedades em avaliação de tecnologias de saúde como a

Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias de Saúde (REBRATS), National Institute for

Clinical Excellence and Health (NICE/Reino Unido), Health Technology Assessment

Programme (NIHR/ Reino Unido) e Canadian Agency for Drugs and Technologies in

Health (CADTH/Canadá).

4.4.2. Formatação e diagramação do boletim

A elaboração de um boletim de detalhamento acadêmico deve tentar incorporar o

maior número possível dos itens de formatação descritos a seguir38.

Preferencialmente contratar designer gráfico para elaboração do layout do

boletim e de suas ilustrações, como infográficos.

Conter logotipo ou "distribuído por" para facilitar a identificação da instituição

promotora e organizações parceiras.

O número de seções deve ser adequado ao tema a ser discutido e, geralmente,

não deve exceder a cinco (e.g. introdução, diagnóstico, critérios de inclusão,

tratamento não-farmacológico, tratamento farmacológico).

Se mais de cinco seções forem necessárias, elas devem ser alocadas em categorias

mais amplas (e.g. tratamento da doença, que inclui tanto o tratamento farmacológico

quanto não farmacológico).

Deve haver coerência editorial no boletim e em seus vários volumes.

Neste item deve-se observar a hierarquia da informação, com a padronização de

ordenamento dos subtítulos, que devem ser no máximo três; a formatação do texto e

de tabelas, como fonte, tamanho, títulos da tabela, justificação do texto; inserir padrão

para destaques no texto e colorações.

Page 22: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

21

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Seções textuais no boletim devem ser formatadas em colunas com larguras

adequadas, evitando-se trechos excessivamente longos; o texto deve ser estruturado

em tópicos, sempre que possível; o tamanho do texto deve ser adequado e alinhado e

o uso de cores pode ser utilizado para se aumentar a legibilidade.

4.4.3. Uso dos materiais durante a visita

Foi demonstrado em diversas circunstâncias diferentes que os materiais impressos

sozinhos (especialmente se não solicitado) raramente produzem alterações

significativas na prática clínica. No entanto, o uso de materiais impressos que são bem

apresentados e estruturados para apoiar o foco das visitas são ferramentas úteis para

transmitir a mensagem adiante. O uso consistente de logomarcas e de parcerias com

associações de credibilidade, o uso de referências e explicitação dos revisores podem

ajudar a construir "o reconhecimento da marca", bem como a construção de confiança

na integridade e confiabilidade dos materiais do programa.

Um material impresso de qualidade é um material de valor a ser entregue ao

prescritor, e auxilia na interação entre o facilitador e o prescritor. Nos programas em

que várias visitas, ou facilitadores, estão envolvidos, materiais impressos podem

ajudar na padronização da forma de transmitir o conteúdo da mensagem.

No entanto, devido à sistematização de informações em locais específicos nos

materiais impressos é possível que estes desviem o facilitador de sua responsabilidade

em cada visita: o de compreender as necessidades do prescritor com relação às

mensagens chave que serão abordadas.

Assim, cuidado, prática e habilidade são necessários para utilizar eficazmente os

materiais impressos durante uma visita. É importante manter o controle físico dos

materiais durante a visita e não permitir que estes atrapalhem o diálogo, ou seja, o

facilitador deve manter o contato visual com prescritor e só ocasionalmente apontar

as áreas de interesse na página. Além disso, o facilitador deve tranquilizar o prescritor

de que irá deixar o material no final da visita para que eles não se distraiam durante a

mesma.

Page 23: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

22

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4.5. Etapa 5: Identificação dos prescritores e organização das metas de visitação

Após a definição da população-alvo para a visita, deve-se decidir como selecionar

aqueles prescritores que a receberão, já que os recursos (tempo e dinheiro) podem ser

escassos. Muitas vezes não é possível abranger todos os prescritores da população-

alvo, e por isso, é preciso selecionar aqueles que irão receber as visitas. Pode então ser

oportuno, como critério de seleção, a identificação daqueles prescritores que podem

servir como multiplicadores ou formadores de opinião para outros prescritores, como

forma de otimizar o processo e melhor disseminar a informação. Alternativamente,

pode-se selecionar aqueles que apresentam algum problema com a sua prescrição 41.

Se isso for difícil, métodos como a amostragem aleatória podem ser considerados.

É importante ressaltar a necessidade de selecionar aproximadamente 30% a mais de

prescritores para a visitação, uma vez que se esperam perdas devido a recusas, não

localização do prescritor selecionado ou perda de acompanhamento entre uma visita e

outra.

Os prescritores selecionados devem ser agrupados segundo a região de atendimento

clínico (de preferência em consultório, caso atendam em hospital também), para

maximizar o número de visitas diárias por facilitador. O número de prescritores por

facilitador deve ser calculado considerando o número de visitas e a especialidade

médica, uma vez que a capacidade de visitas diárias é influenciada pela duração da

consulta de cada especialista. Por exemplo, a consulta de um geriatra pode demorar

quatro vezes mais do que a de um clínico geral. Recomenda-se utilizar a meta de

quatro prescritores por facilitador por dia, quando a densidade de especialistas por

região permitir.

4.6. Etapa 6: Recrutamento de facilitadores e realização de treinamento

Para garantir uma visita bem sucedida, os organizadores do Detalhamento Acadêmico

devem seguir o maior número possível dos itens descritos abaixo39,42,43:

Selecionar os facilitadores

Page 24: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

23

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Um facilitador idealmente deve possuir as seguintes características: ser um bom

comunicador; ter disponibilidade; ser simpático; ter noções de conceitos relacionados

à Medicina Baseada em Evidência; conhecer o âmbito do sistema de saúde no qual irá

atuar; possuir experiência prática no assunto; compreender e internalizar a

importância do trabalho a ser desenvolvido, a fim de executar as visitas com convicção

e eficiência; e possuir veículo próprio para locomoção (se pertinente para transporte

entre visitas).

A experiência profissional do facilitador é menos importante do que suas habilidades

de comunicação e a solidez e amplitude de sua compreensão da terapêutica clínica e

barreiras à mudança de prescrição. Caso o facilitador não domine os conceitos teóricos

supracitados, estes deverão ser abordados em treinamento. Se o facilitador não

possuir veículo próprio, deve ser disponibilizado recurso para deslocamento em táxi.

Fornecer material de identificação aos facilitadores

Para garantir maior confiabilidade ao prescritor, os visitadores devem estar munidos

de crachá de identificação e cartão de visita. Os facilitadores devem apresentar-se e

informar a instituição a qual representam no início da visita. A identidade

organizacional de uma instituição respeitável estabelece credibilidade e proporciona

tranquilidade para o prescritor. Pode, ainda, auxiliar na construção de um diálogo

aberto e amigável, já que eles saberão que a conversa possui caráter informativo e

independente.

Garantir um treinamento adequado

Nesta fase a equipe promoverá um treinamento dos facilitadores, com carga horária

mínima de aproximadamente 12 horas. O treinamento deve incluir as seguintes

etapas:

Estudo do tema: Os facilitadores devem receber materiais para fazer uma leitura e

estudar sobre Detalhamento Acadêmico e sobre o problema em questão. Após

este estudo, os facilitadores devem ser encorajados a elaborar mensagens chave

com sua própria linguagem. O tempo de dedicação para esta etapa é variável, e

estima-se um mínimo de três horas.

Page 25: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

24

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Treinamento sobre técnicas de visitação: No treinamento serão expostos os

métodos de abordagem (técnicas de visitação) durante a visita médica do

detalhamento acadêmico, contando com a participação de convidados externos

com experiência no tema, como representantes de indústrias farmacêuticas (drug

detailers) ou profissionais que realizam detalhamento acadêmico. O tempo

estimado para esta etapa é de quatro horas, mas pode ser reduzido para

treinamentos futuros em outros temas, caso a equipe de visitação seja mantida.

Treinamento sobre os conteúdos das visitas: Neste momento serão expostos os

conteúdos a serem abordados em cada uma das visitas, contando com a

participação do especialista na área. O tempo de estudo estimado para esta etapa

é de duas horas.

Aplicação de teste individual sobre as técnicas de visitação e o conteúdo: Ao final

do período de treinamento e o período estabelecido para estudo individual, é

recomendável a aplicação de um teste de múltipla escolha que contemple a técnica

de visitação, as evidências científicas utilizadas para a elaboração do boletim e

demais aspectos que devam ou possam ser abordados na visitação ou perguntados

pelos prescritores.

Simulação da visita: Recomenda-se simular as visitas entre os facilitadores

selecionados, de forma que todos atuem ora como prescritor, ora como facilitador,

com o manuseio e a “entrega” do material. Estas simulações devem ser gravadas e

assistidas para possibilitar a harmonização da abordagem. Se possível, uma

simulação final poderá ser feita entre o facilitador e um especialista na área. O

tempo estimado para esta etapa é de três horas.

Entrega dos materiais da visita aos facilitadores

Após treinamento os facilitadores devem receber e organizar os materiais que serão

distribuídos durante as visitas. Recomenda-se que a coordenação do projeto

providencie, além dos materiais a serem entregues aos prescritores e cartão de visita

personalizado, outros materiais para auxiliar na visita, como maleta com rodinhas,

tablet e caderneta para anotações. Dessa forma, garante-se padronização na

Page 26: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

25

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

realização das visitas e na produção de dados, com o uso de formulários específicos

para cada visita.

4.7. Etapa 7: Visitação médica para Detalhamento Acadêmico

Cada facilitador deverá receber uma lista de prescritores a serem visitados, contendo a

especialidade deste, endereço e telefone de contato. Antes da visita, o facilitador deve

telefonar para o local de trabalho do prescritor para confirmar o endereço e verificar

os dias e horários que ele atende naquele local. O agendamento deve ser feito,

preferencialmente, num horário que o médico não tenha pacientes, para evitar tempo

prolongado na sala de espera. O facilitador deve estimar a duração da visita entre 15 e

20 minutos.

4.7.1. Objetivos do Detalhamento Acadêmico:

São objetivos do Detalhamento Acadêmico: Ir além da comunicação de apenas

informações; compreender o comportamento existente, seus motivadores e barreiras;

compreender em que nível de conhecimento as pessoas se encontram, o que elas

sentem/pensam sobre o assunto – e não o que se espera que elas saibam/sejam;

incentivar e conseguir uma mudança de atitude voluntária e não por meio de coerção

ou retalhamento.

4.7.2. Estrutura geral das visitas

Uma visita para Detalhamento Acadêmico deve passar por todas as etapas listadas no

quadro 2, que vão desde a introdução do facilitador e do motivo da visita até como

manter o relacionamento com o prescritor. Em seguida, outros tópicos que devem ser

observados são apresentados.

Page 27: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

26

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Quadro 2: Estrutura geral das visitas Etapa Ações Introdução • Criar um ambiente adequado para a visita

• Atender às necessidades imediatas do prescritor • Praticar a arte da “conversa fiada” para estabelecer rapport

c

• Demonstrar atenção por meio de sua linguagem corporal • Explicar o motivo da sua visita • Confirmar se o tempo/disponibilidade para a visita ainda é conveniente para o prescritor

Construir confiança e estabelecer a sua credibilidade

• Mencionar suas credenciais • Ressaltar imparcialidade e independência • Basear a visita na assistência clínica • Apresentar informações credíveis e relacionadas à assistência ao paciente • Demonstrar empatia, honestidade, empenho, competência

Identificar as necessidades dos prescritores

• Utilizar perguntas abertas para que o prescritor fale • Utilizar mínimos encorajadores para manter a conversa fluindo •Repetir o que ouviu para demonstrar que está prestando atenção e verificar se entendeu corretamente • Fornecer informações, mas também conhecer a opinião, os sentimentos e as ideias

Apresentar as características e benefícios das "mensagens-chave"

• Apresentar as principais mensagens da visita na medida em que perceba as crenças, necessidades, valores e interesses dos prescritores • Transformar fatos ou características das mensagens em benefício/valor para o prescritor e paciente • Orientar a superação de barreiras para a mudança

Superar objeções e lidar com quaisquer respostas desafiadoras

• E.g. raiva ou indiferença que sejam obstáculos para que o prescritor “compre a ideia” • Estar alerta (ouvindo, observando sinais não-verbais) para os obstáculos à sua mensagem

Fechar o ciclo de comunicação

• Utilizar de repetições para garantir que suas mensagens tenham sido recebidas • Oferecer mais apoio • Ganhar credibilidade para a próxima visita • Oferecer os materiais impressos e de apoio

Continuar e manter o relacionamento

• Filosofia servidora • Comprometer-se com os objetivos mútuos

Importante para a mudança de comportamento

c Ligação de sintonia e empatia com outra pessoa.

Page 28: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

27

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Apresentação pessoal

Para efetuar a visita é recomendável valorizar a aparência pessoal: o facilitador deve

vestir trajes sociais de cores discretas, evitar o excesso de maquiagem e mascar

chicletes, manter as unhas bem cuidadas e no caso de homens, manter a barba feita. O

facilitador deve se identificar com discrição (evitar conversas e falar baixo) e

cumprimentar a todos na sala de espera.

Roteiro básico para a visita

Tentar agendar a primeira visita, ou ir pessoalmente ao consultório; apresentar-se na

recepção com cordialidade e entregar cartão de visita (tratar o atendente pelo nome);

checar a disponibilidade do prescritor para visita; aguardar em local que não tumultue

o consultório e assentar-se apenas se houver espaço (os pacientes e seus

acompanhantes têm sempre prioridade); esperar o prescritor convidar para entrar;

sentar somente quando houver disponibilidade ou se convidado; usar tablet ou uma

agenda para anotações; ter claro seus principais pontos de abordagem que não podem

ser esquecidos durante a visita; estar preparado para ouvir opiniões divergentes e para

ter a visita recusada.

A espera para ser recebido pelo prescritor pode levar horas. Se o atendente avisar que

vai demorar, o facilitador pode articular a visita a outros prescritores em localidades

próximas.

Durante a visita o facilitador deve:

Ser pontual;

desligar o celular ou coloca-lo no silencioso;

agir com naturalidade e se mostrar atencioso;

cumprimentar o prescritor com cordialidade e simpatia e identificar-se com o

cartão de visita, evitando ações que demonstrem intimidade (a não ser se o gesto

partir do prescritor);

resumir a proposta da visita;

informar sobre a confidencialidade dos dados;

Page 29: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

28

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

perguntar sobre a experiência do prescritor e sua realidade na prática clínica,

buscando sua participação;

abordar o planejado para a visita;

conjugar seu discurso com o uso do material impresso;

ser firme, demonstrar conhecimento, prestar um bom serviço;

estar preparado para reduzir o tempo da visita, se precisar;

observar os sinais de interesse/desinteresse, pressa, impaciência, incompreensão e

outros emitidos pelo prescritor e reagir a estes mudando a fala, utilizando o

material ou até mesmo encerrando a visita;

entregar o material sempre no final da visita, para não distrair o prescritor;

no fim de cada visita, sempre perguntar se algo não ficou entendido, se o prescritor

tem alguma pergunta que você possa esclarecer, e agendar a próxima visita, caso

haja;

nas visitas subsequentes tentar retomar o tema em discussão e responder às

questões levantadas.

Durante a visita o facilitador deve evitar:

Abordar os assuntos das próximas visitas, caso haja.

assuntos que dispersem seu objetivo e assuntos pessoais;

entrar em embate direto com o prescritor, mesmo que seja um assunto

controverso;

expressões ou gestos bruscos;

uso de gírias ou tratar o prescritor por “você” (a não ser que esse assim o solicite).

Condutas em situações específicas:

Se o prescritor tiver pouca disponibilidade para atender representantes, o

facilitador deve explicar seu o trabalho resumidamente, esclarecendo que não é

representante da indústria farmacêutica e que a atividade decorre de uma

necessidade em saúde pública. Informar o tempo estimado requerido para a visita,

a frequência e então verificar se será possível contar com a sua colaboração;

Page 30: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

29

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

se o prescritor estiver com tempo e se mostrar interessado, o facilitador deve

aproveitar essa abertura e explorar bem o material e o conteúdo para aquela

visita;

se o facilitador não souber responder algum questionamento, ele deve assumir que

não sabe e dizer que irá buscar a resposta e enviá-la por e-mail ou mensagem de

celular, ou responde-la pessoalmente na próxima visita.

Após a visita;

O facilitador deverá agradecer o atendente pelo nome ao sair do consultório.

caso algum material ou conteúdo não tenha sido abordado, anotar para tentar

abordar na próxima visita, caso haja. A continuidade das visitas é muito

importante, e estas anotações são essenciais para garantir um bom

relacionamento com o prescritor, dando a ele a impressão de que o facilitador teve

atenção especial às suas dúvidas e que se lembrou do que foi conversado.

o facilitador deverá anotar todas as informações que achar pertinente sobre a

visita, logo após o contato com o prescritor. Recomenda-se atentar para o registro

de barreiras identificadas na visita para melhorar o programa de detalhamento.

Para isso, deve portar a agenda ou tablet com um formulário padronizado e um

espaço livre para suas percepções e dúvidas conforme exemplo abaixo.

Page 31: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

30

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4.8. Etapa 8: Disponibilização do material

Todos os materiais desenvolvidos para a visita, assim como aqueles utilizados para o

treinamento de facilitadores, devem ser disponibilizados em meio digital pela

instituição promotora do Detalhamento Acadêmico, para livre acesso de outros

pesquisadores, prescritores e do público em geral.

É interessante elaborar uma lista com as perguntas mais frequentes dos prescritores,

responde-las e disponibiliza-las juntamente com os demais materiais. Os

coordenadores deverão circular esta lista entre todos os facilitadores para garantir a

resposta ao maior número de perguntas e oferecer respostas padronizadas aos

facilitadores.

Exemplos da prática

prática

Detalhamento Acadêmico realizado pelo Centro Colaborador do SUS (CCATES) em Belo Horizonte sobre o PCDT da Doença de Alzheimer: formulário padronizado para

anotações sobre a visita

Page 32: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

31

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

4.9. Etapa 9: Avaliação dos resultados

Avaliação e planejamento devem ser feitos em todas as fases de desenvolvimento de

um programa de Detalhamento Acadêmico. É importante que isso seja considerado

desde o início e é desejável que um plano de ação seja desenvolvido no início do

programa. A metodologia de avaliação deve ter objetivos claros do que é realmente

importante avaliar, e conter índices mensuráveis e interpretáveis, o que é relevante

para trabalhos futuros. A disponibilidade de dados é uma consideração importante

nesta etapa.

É fundamental avaliar os resultados alcançados, sinalizar a necessidade de mudanças

de estratégia, demonstrar a relevância do Detalhamento Acadêmico, e, assim, garantir

a continuidade dos trabalhos. O detalhamento acadêmico realizado pode ser avaliado

em termos de análise do efeito, de viabilidade e de satisfação38.

4.9.1. Análise do efeito

O efeito obtido após o término das visitas de Detalhamento Acadêmico deverá ser

avaliado a fim de se validar sua utilidade como intervenção para alcançar o intuito

proposto. Para isso, deve-se definir qual(is) a(s) medida(s) do efeito, ou seja, os

desfechos a serem avaliados, e qual desenho de estudo seria mais adequado para

identificar e medir os desfechos. Além dos custos envolvidos.

Definição dos desfechos

O impacto da intervenção pode ser avaliado em relação aos desfechos relacionados ao

prescritor ou ao paciente.

Os desfechos relacionados aos prescritores incluem, na maioria das vezes, mudança de

comportamento e podem ser identificados por meio da auto-avaliação do prescritor

sobre sua competência/conhecimento na área antes e depois da intervenção. Pode-se

também avaliar alterações no padrão de prescrições de medicamentos ou a adesão

dos prescritores aos PCDTs após o Detalhamento Acadêmico, por meio de estudos de

utilização de medicamentos.

Page 33: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

32

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Caso não seja possível avaliar os desfechos relacionados ao prescritor, ou ainda, se

houver interesse de ampliar estes resultados, é possível avaliar os desfechos relativos

aos pacientes. Podem ser avaliados o auto-relato de sintomas, a adesão ao

tratamento, a satisfação com o cuidado recebido, a redução na incidência de algum

evento, ou a qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes tratados pelos

prescritores que receberam a intervenção. No entanto, isto pode ser muito mais difícil,

demorado e caro.

Os dois diferentes níveis de desfecho (prescritores e pacientes) não são excludentes,

uma vez que um mesmo estudo pode analisar os resultados em mais de um nível.

Desenho do estudo:

Dependendo do desfecho de interesse, o estudo de avaliação a ser conduzido pode ser

um ensaio clínico randomizado, ou estudos quasi-experimentais.

Ensaios clínicos randomizados são utilizados quando o grupo randomizado é o mesmo

que será avaliado (i.e., o nível de randomização e o nível de análise são os mesmos).

Por exemplo, estudos que pretendem avaliar a mudança no conhecimento dos

prescritores antes e depois da intervenção, comparados com o grupo controle,

também de prescritores. O grupo controle poderá receber nenhuma intervenção ou

apenas material educativo impresso. Uma limitação deste desenho de estudo seria a

“contaminação educacional” do grupo controle por prescritores que receberam a

intervenção e compartilham a informação com colegas de trabalho. Realizar a

randomização por aglomerados, ou seja, randomizar clínicas ou regiões ao invés de

prescritores seria uma opção para minimizar esse problema.

Em estudos quasi-experimentais não há um grupo controle, as medidas são feitas

antes e depois da intervenção. É interessante para estudos que abrangem toda a

população-alvo de prescritores ou estudos cujo desfecho não é possível medir

individualmente, mas apenas em grupo. Entretanto, estudos desse tipo têm difícil

interpretação dos resultados, devido às potenciais mudanças ao longo do tempo que

podem ter alterado o desfecho e que não estão relacionadas com a intervenção.

Page 34: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

33

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

A avaliação pode ser feita em termos estatísticos, considerando as diferenças na

porcentagem ou média dos desfechos, ou de forma descritiva. Estudos qualitativos das

percepções de prescritores, pacientes e/ou facilitadores sobre o detalhamento

acadêmico também podem ser utilizados. Para avaliação de programas já

estabelecidos de Detalhamento Acadêmico e programas em andamento, pode-se

utilizar estudos ecológicos para analisar mudanças em determinado desfecho ao longo

do tempo ou ainda uma série de estudos transversais. A organização australiana NPS,

por exemplo, publica anualmente um relatório apresentando os resultados das

avaliações de atividades realizadas e a melhoria em certos desfechos ao longo dos

anos, como qualidade da prescrição, qualidade do uso de medicamentos e melhora na

prática de profissionais de saúde44.

4.9.2. Análise de viabilidade

A análise de viabilidade geralmente é descritiva e deve considerar:

custos associados ao trabalho do facilitador (recomenda-se remuneração por

visita realizada);

custos associados aos materiais (elaboração e impressão);

tempo gasto no treinamento;

tempo gasto nas visitas;

perda de prescritores;

dificuldade de agendamento;

percepções do facilitador em relação à visita realizada.

Essa análise pode ser conduzida pela equipe organizadora. Se não for esse o caso, os

custos envolvidos com a contratação dessa equipe devem ser considerados, bem como

o tempo para o desenvolvimento do material.

4.9.3. Análise de satisfação

A percepção dos profissionais visitados é fundamental para avaliar a aceitabilidade,

relevância e qualidade do detalhamento acadêmico, especialmente nas primeiras

vezes que esse for efetuado para um público específico. Esta pesquisa pode ser

Page 35: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

34

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

realizada por questionário aplicado por meio telefônico, formulário a ser preenchido

online, preenchimento de escalas visuais analógicas ou numéricas ao final da última

visita. Um modelo de questionário para entrevista telefônica e de escala visual

analógica são fornecidos no Adendo 3.

No caso de pesquisa por telefone sugere-se que o pesquisador não seja um facilitador.

Este método garante que o entrevistado não se sinta pressionado a avaliar

positivamente a visita pela presença do facilitador. Outras vantagens são a de não

depender da disponibilidade de equipamento e internet para o envio das informações

e ser mais cômoda para o prescritor.

Para evitar o viés de memória, esta pesquisa deve ser realizada preferencialmente em

até sete dias corridos após a última visita efetuada para cada prescritor. A

apresentação dos resultados deve considerar o número de respondentes da pesquisa e

descrição das respostas contidas no questionário.

4.10. Etapa 10: Divulgação dos resultados

A divulgação dos resultados no meio científico é imprescindível, especialmente quando

das primeiras intervenções, uma vez que disponibiliza evidências de eficácia do

Detalhamento Acadêmico. Deve-se também divulgar os resultados para sociedades

médicas, a fim de estreitar as relações com vistas em novas intervenções e para que os

prescritores visitados possam ter conhecimento do resultado da estratégia da qual

participaram. Outro papel igualmente importante é a sensibilização dos demais

prescritores em relação ao Detalhamento Acadêmico e às informações transmitidas.

Recomenda-se a elaboração de um relatório contendo todos os passos do

detalhamento para a disseminação em formato eletrônico e físico, e de um artigo

científico que aborde processo como um todo, com ênfase na avaliação do impacto da

intervenção.

Page 36: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

35

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste documento, buscou-se abordar de forma simples e prática as principais etapas

necessárias para o planejamento e execução do Detalhamento Acadêmico. Esta

diretriz não esgota o assunto, de forma que quem pretender realizar as visitas deverá

aprofundar-se no conteúdo em leituras específicas.

O foco deste documento foi a visitação de prescritores, porém existem outras

modalidades de Detalhamento Acadêmico, dirigidas aos pacientes, à comunidade e a

grupos de profissionais. Evidências publicadas também apontam a eficácia de outras

estratégias de ensino continuado como os audits e feedbacks, que poderão ser

utilizados de maneira complementar ao Detalhamento Acadêmico. Apesar de uma

visita face a face ser preferível, contato telefônico ou por videoconferência são

alternativas, especialmente quando na continuação de um programa de Detalhamento

Acadêmico.

O sucesso do Detalhamento Acadêmico depende de vários fatores, dentre os principais

destacam-se a programação e o treinamento criteriosos que abordem um tema

considerado relevante para a prática clínica. A atratividade das visitas e do material de

suporte devem ser almejados e cuidadosamente planejados para garantir a confiança

do prescritor no conteúdo disseminado e abordar as barreiras identificadas para a

mudança de comportamento dos prescritores.

Embora as principais evidências encontradas enfoquem no uso desta técnica para a

disseminação de protocolos clínicos e verificação do cumprimento de suas

recomendações, o Detalhamento Acadêmico também pode ser utilizado para rastrear

os problemas, desafios e sugestões relatadas pelos prescritores. Neste caso, a

percepção dos prescritores contribuiria para a atualização ou a elaboração de novos

protocolos, possivelmente aumentando sua aceitabilidade e a taxa de cumprimento de

suas recomendações.

Page 37: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

36

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

REFERÊNCIAS

1. WORLD HEALTH ORGANIZATION . Medicines: rational use of medicines. Fact sheet n° 338. May 2010. Disponível em: <http:// www.who.int/mediacentre/factsheets/fs338/en/ print.html> Access in: March 06, 2013.

2. CONFERENCIA DE EXPERTOS, 1985, Nairobi. Uso Racional de Medicamentos. Informe de La Conferencia de Expertos, Nairobi, 25-29 de noviembre de 1985. Ginebra: Organización Mundial de La Salud, 1986. 304 p.

3. HOLLOWAY KA. Combating inappropriate use of medicines. Expert review of clinical pharmacology. 2011;4(3):335-48.

4. GODMAN B, FINLAYSON AE, CHEEMA PK, ZEBEDIN-BRANDL E, GUTIERREZ-IBARLUZEA I, JONES J, et al. Personalizing health care: feasibility and future implications. BMC medicine. 2013;11:179

5. TABA P, ROSENTHAL M, HABICHT J, TARIEN H, MATHIESEN M, HILL S, et al. Barriers and facilitators to the implementation of clinical practice guidelines: a cross-sectional survey among physicians in Estonia. BMC health services research. 2012;12:455

6. NATIONAL RESOURCE CENTER FOR ACADEMIC DETAILING (NaRCAD). About Academic Detailing. Disponível em http://www.narcad.org/about/aboutad/ Access in: March 06, 2015.

7. SPURLING GK, MANSFIELD PR, MONTGOMERY BD, LEXCHIN J, DOUST J, OTHMAN N, et al. Information from pharmaceutical companies and the quality, quantity, and cost of physicians' prescribing: a systematic review. PLoS medicine. 2010;7(10):e1000352.

8. CIVANER M. Sale strategies of pharmaceutical companies in a "pharmerging" country: the problems will not improve if the gaps remain. Health policy (Amsterdam, Netherlands). 2012;106(3):225-32.

9. GODMAN B, GUSTAFSSON LL. A new reimbursement system for innovative pharmaceuticals combining value-based and free market pricing. Applied health economics and health policy. 2013;11(1):79-82

10. MOUSNAD MA, SHAFIE AA, IBRAHIM MI. Systematic review of factors affecting pharmaceutical expenditures. Health policy (Amsterdam, Netherlands). 2014;116(2-3):137-46

11. YU SY, YANG BM, KIM JH. New anti-rebate legislation in South Korea. Applied health economics and health policy. 2013;11(4):311-8

12. BRKICIC LS, GODMAN B, VONCINA L, SOVIC S, RELJA M. Initiatives to improve prescribing efficiency for drugs to treat Parkinson's disease in Croatia: influence and future directions. Expert review of pharmacoeconomics & outcomes research. 2012;12(3):373-84

Page 38: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

37

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

13. ROEHR B. Drug companies will have to report all payments to US doctors from March 2014. BMJ (Clinical research ed). 2013;346:f826

14. GODMAN B, SHRANK W, ANDERSEN M, BERG C, BISHOP I, BURKHARDT T, et al. Comparing policies to enhance prescribing efficiency in Europe through increasing generic utilization: changes seen and global implications. Expert review of pharmacoeconomics & outcomes research. 2010;10(6):707-22

15. WENG TC, YANG YH, LIN SJ, TAI SH. A systematic review and meta-analysis on the therapeutic equivalence of statins. Journal of clinical pharmacy and therapeutics. 2010;35(2):139-51

16. USHER-SMITH J, RAMSBOTTOM T, PEARMAIN H, KIRBY M. Evaluation of the clinical outcomes of switching patients from atorvastatin to simvastatin and losartan to candesartan in a primary care setting: 2 years on. International journal of clinical practice. 2008;62(3):480-4.

17. NORMAN C, ZARRINKOUB R, HASSELSTROM J, GODMAN B, GRANATH F, WETTERMARK B. Potential savings without compromising the quality of care. International journal of clinical practice. 2009;63(9):1320-6.

18. BJORKHEM-BERGMAN L, ANDERSEN-KARLSSON E, LAING R, DIOGENE E, MELIEN O, JIRLOW M, et al. Interface management of pharmacotherapy. Joint hospital and primary care drug recommendations. European journal of clinical pharmacology. 2013;69 Suppl 1:73-8

19. NEUMAN J, KORENSTEIN D, ROSS JS, KEYHANI S. Prevalence of financial conflicts of interest among panel members producing clinical practice guidelines in Canada and United States: cross sectional study. BMJ (Clinical research ed). 2011;343:d5621.

20. DE SOUZA AL, ACURCIO FD, GUERRA JUNIOR AA, DO NASCIMENTO RC, GODMAN B, DINIZ LM. Authors' Reply to Dr. Malerbi: "Insulin Glargine in a Brazilian State: Should the Government Disinvest?". Applied health economics and health policy. 2014

21. SOUMERAI SB, AVORN J. Principles of educational outreach ('academic detailing') to improve clinical decision making. JAMA. 1990 Jan 26;263(4):549-56. PubMed PMID: 2104640.

22. O’BRIEN, MA et al. Educational outreach visits: effects on professional practice and health care outcomes. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2007; Issue 4. Art. No.: CD000409.

23. AVORN J, SOUMERAI S. Improving drug therapy decisions through educational outreach: A randomised controlled trial of academically based ‘detailing’. New Engl J Med 1983;308:1457-63

24. JIN M, NAUMANN T, REGIER L, et al. A brief overview of academic detailing in Canada: Another role for pharmacists. Canadian Pharmacists Journal: CPJ2012;145(3):142-146.e2. doi:10.3821/145.3.cpj142

Page 39: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

38

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

25. SOUMERAI SB, AVORN J. Economic and policy analysis of university-based drug "detailing". Med Care. 1986 Apr;24(4):313-31. PubMed PMID: 3083161.

26. POND CD, MANT A, KEHOE L, HEWITT H, BRODATY H. General practitioner diagnosis of depression and dementia in the elderly: Can academic detailing make a difference? Family Practice 1994;11 (2) 141-147.

27. BROADHURST, NORM A., et al. "A before and after study of the impact of academic detailing on the use of diagnostic imaging for shoulder complaints in general practice." BMC family practice 8.1 (2007): 12.

28. GORIN SS, ASHFORD AR, LANTIGUA R, DESAI M, TROXEL A, GEMSON D. Implementing academic detailing for breast cancer screening in underserved communities. Implementation science : IS 2007;2:43. doi:10.1186/1748-5908-2-43.

29. SOLOMON DH, VAN HOUTEN L, GLYNN RJ, BADEN L, CURTIS K, SCHRAGER H, AVORN J. Academic detailing to improve use of broad-spectrum antibiotics at an academic medical center. Arch Intern Med. 2001 Aug 13-27;161(15):1897-902.

30. SHAW J, HARRIS P, KEOGH G, GRAUDINS L, PERKS E, THOMAS PS. Error reduction: academic detailing as a method to reduce incorrect prescriptions. Eur J Clin Pharmacol. 2003 Nov;59(8-9):697-9. Epub 2003 Oct 18. PubMed PMID: 14566443.

31. ROBERTS GW, ADAMS R. Impact of Introducing Anticoagulation-Related Prescribing Guidelines in a Hospital Setting using Academic Detailing. Therapeutics and Clinical Risk Management 2006;2(3):309-316.

32. ILETT KF, JOHNSON S, GREENHILL G, et al. Modification of general practitioner prescribing of antibiotics by use of a therapeutics adviser (academic detailer).British Journal of Clinical Pharmacology 2000;49(2):168-173. doi:10.1046/j.1365-2125.2000.00123.x.

33. SILVA JM, STEIN AT, SCHÜNEMANN HJ, BORDIN R, KUCHENBECKER R, DE LOURDES DRACHLER M. Academic detailing and adherence to guidelines for Group B streptococci prenatal screening: a randomized controlled trial. BMC Pregnancy Childbirth. 2013 Mar 19;13:68. doi: 10.1186/1471-2393-13-68.

34. CURRY WJ, LENGERICH EJ, KLUHSMAN BC, et al. Academic detailing to increase colorectal cancer screening by primary care practices in Appalachian Pennsylvania. BMC Health Services Research 2011;11:112. doi:10.1186/1472-6963-11-112.

35. DAVIS MARTIN P, RHODE PC, DUTTON GR, REDMANN SM, RYAN DH, BRANTLEY PJ. A primary care weight management intervention for low-income African-American women. Obesity (Silver Spring). 2006 Aug;14(8):1412-20.

36. SCHAUER GL, THOMPSON JR, ZBIKOWSKI SM. Results from an outreach program for health systems change in tobacco cessation. Health Promot Pract. 2012 Sep;13(5):657-65. doi: 10.1177/1524839911432931. Epub 2012 Apr 11.

Page 40: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

39

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

37. GODMAN B, ACURCIO F, GUERRA JUNIOR AA, ALVAREZ-MADRAZO S, FARIDAH ARYANI MY et al Initiatives among authorities to improve the quality and efficiency of prescribing and the implications. J Pharma Care Health Sys 2014;1(3):1-15

38. CANADIAN AGENCY FOR DRUGS AND TECHNOLOGIES IN HEALTH (CADTH). Academic Detailing Templates. 2015. Available in: < http://www.cadth.ca/en/resources/academic-detail-toolkit>

39. MACLURE M, ALLEN M, BACOVSKY R, et al. Show me the evidence: best practices for using educational visits to promote evidence-based prescribing. Victoria (BC): Drug Policy Futures; 2006. 2015. Available in: http://web.law.columbia.edu/sites/default/files/microsites/attorneys-general/files/Show_me_the_evidence_report.pdf

40. WORLD HEALTH ORGANISATION. Promoting the Rational Use of Medicines. In: Drug and Therapeutics Committees - A Practical Guide. 2015. Available in http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s4882e/s4882e.pdf.

41. PICHETTI S, SERMET C, GODMAN B, CAMPBELL SM, GUSTAFSSON LL. Multilevel analysis of the influence of patients' and general practitioners' characteristics on patented versus multiple-sourced statin prescribing in France. Applied health economics and health policy. 2013;11(3):205-18

42. AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH AND QUALITY. The Practice Facilitation Handbook: Training Modules for New Facilitators and Their Trainers. Module 10. Academic Detailing as a Quality Improvement Tool. May 2013., Rockville, MD. Available in: http://www.ahrq.gov/professionals/prevention-chronic-care/improve/system/pfhandbook/mod10.html

43. NATIONAL RESOURCE CENTER FOR ACADEMIC DETAILING (NaRCAD). About Academic Detailing. Available in: http://www.narcad.org/services/training/academic-detailing-training/ Access in: March 06, 2015.

44. NATIONAL PRESCRIBING SERVICE (NPS). NPS MedicineWise Annual Evaluation Report 2012/13. Available in: http://www.nps.org.au/about-us/what-we-do/our-research/publications/reports/annual-evaluation-report. Access in: January 27, 2015.

Page 41: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

40

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

ADENDO 1

Exemplos de boletins informativos

Exemplo 1 – Boletim para prescritores desenvolvido pelo Prescription Information Services of Manitoba (PrISM – Canadá)

Publicação em volumes

Informações de apoio à tomada de decisão terapêutica

Mensagens-chave

Referências Identificação da instituição promotora

e parcerias

Fonte: CANADIAN AGENCY FOR DRUGS AND TECHNOLOGIES IN HEALTH (CADTH). Newsletter Evaluation: NL-02. Disponível em: http://www.cadth.ca/media/compus/cac_review/Jan_2007/Appendix%2026%20-%20Newsletters_Evaluation_Catalogue.pdf

Page 42: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

41

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Exemplo 2 – Boletim para prescritores, contendo estudo de casos, desenvolvido pelo Prescription Information Services of Manitoba (PrISM – Canadá)

Narrativa do caso

Pergunta ao prescritor

Resposta correta e comentário

Fonte: CANADIAN AGENCY FOR DRUGS AND TECHNOLOGIES IN HEALTH (CADTH). Prescribing Aid Evaluation: PA-07. Disponível em: http://www.cadth.ca/media/compus/cac_review/Jan_2007/Appendix%2029%20-%20Prescribing%20Aid%20Evaluation%20Catalogue.pdf

Page 43: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

42

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Exemplo 3 – Folder para pacientes e cuidadores desenvolvido pelo Centro Colaborador do SUS (CCATES – Brasil)

Mensagens-chave

Identificação da instituição

promotora e parcerias

Linguagem adequada a pacientes/ cuidadores

Page 44: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

43

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Exemplo 4 – Folder para pacientes e cuidadores desenvolvido pelo National Prescribing Service (NPS - Austrália) ]

Aspectos sobre a doença, etiologia, epidemiologia e tratamento

Cuidados não farmacológicos

Linguagem adequada

a pacientes/ cuidadores

Page 45: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

44

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

ADENDO 2

Quadro 1 – Fontes de informação para Programas de Detalhamento Acadêmico

Fonte de informação Endereço Agências de avaliação de tecnologias em saúde Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias de Saúde- REBRATS

http://200.214.130.94/rebrats/

Cadadian Agency for Drugs and Technologies in Health – CADTH (Canadá)

http://www.cadth.ca/

National Institute for Clinical Excellence and Health – NICE (Reino Unido)

http://www.nice.org.uk/

Agencias y Unidades de Evaluación de Tecnologías Sanitarias – AUbETS (Espanha)

http://aunets.isciii.es/web/guest/home

Helth Technology Assessment Programme – NIHR (Reino Unido)

http://www.hta.ac.uk/

NHS Evidence https://www.evidence.nhs.uk Effective Health Care –AHRQ (Estados Unidos) http://www.effectivehealthcare.ahrq.gov/ Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas Ministério da Saúde http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/co

mponent/content/article?id=9315 National Guideline Clearinghouse http://www.guideline.gov/ Best Practice (BMJ) http://portalsaude.saude.gov.br/

Acesso via Portal Saúde Baseada em Evidências Dynamed http://portalsaude.saude.gov.br/

Acesso via Portal Saúde Baseada em Evidências Materiais de suporte para a visita Alosa Foundation (Estados Unidos) http://www.alosafoundation.org/clinical-

materials/ Cadadian Agency for Drugs and Technologies in Health – CADTH (Canadá)

http://www.cadth.ca/en/resources/academic-detail-toolkit/supporting-information-appendices

RxFiles Academic Detailing Program (Canadá)

http://www.rxfiles.ca/rxfiles/modules/druginfoindex/druginfo.aspx Acesso livre apenas para Newsletter

New York State Prescriber Education Program(Estados Unidos)

http://nypep.nysdoh.suny.edu/

Fonte: CANADIAN AGENCY FOR DRUGS AND TECHNOLOGIES IN HEALTH (CADTH). Patient Information Evaluation: PI-10. Disponível em: http://www.cadth.ca/media/compus/cac_review/Jan_2007/Appendix%2032%20-%20Patient%20Info%20Material%20Evaluation%20Catalogue.pdf

Page 46: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

45

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

ADENDO 3

Modelos de avaliação de satisfação dos prescritores

Exemplo 1 - Questionário elaborado para pesquisa telefônica

Exemplo 2 – Escala visual analógica para pesquisa de satisfação aplicada ao final da

visita

Page 47: DIRETRIZ Detalhamento Acadêmico - CCATESintuito geral de promover a educação continuada de prescritores e fortalecer o uso com qualidade de medicamentos. É constituído de visitas

46

DIRETRIZES METODOLÓGICAS Detalhamento acadêmico

Fonte: JACKSON SL, PETERSON GM, VIAL JH. A community-based educational intervention to improve antithrombotic drug use in atrial fibrillation. Ann Pharmacother. 2004 Nov;38(11):1794-9. Epub 2004 Sep 28.