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DIREITO FINANCEIRO DEF 211 PROFESSOR TITULAR RÉGIS FERNANDES DE OLIVEIRA TURMA 183 Ȃ SALA XI JUNHO DE 20XI

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 DIREITO  FINANCEIRO  DEF  211  

 

 

 

 

         PROFESSOR  TITULAR  RÉGIS  FERNANDES  DE  OLIVEIRA      

         

 

 

 

 

 

 

 

TURMA  183    SALA  XI  

JUNHO  DE  20XI  

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Informações        Anotações:  

Alina  Miyake,  Ana  Luiza  Tesser  Argüello  e  Carolina  Morandi  

Resumos:  

Alina  Miyake,  Antonio  Cury,  Amanda  Cristina   Siqueira  da  Costa,  Amanda  Gouvêa  Toledo,  Daniel   Friaça,  Ana   Luiza  

Tesser  Argüello,  Anna  Figueiredo,  Beatriz  Kira,  André  Coletto,  Ariel  Pesso,  André  Moricochi,  Lorena  Furtado,  Danillo  

Baute  e  Camila  Manso  

Digitação  e  organização:    

Alina  Miyake,  Ana  Paula  Jordão  

Revisão:  

Antonio  Alberto  Rondina  Cury  e  Daniel  Friaça  

       Régis  Fernandes  de  Oliveira  -­‐ Formação:  

Graduação  em  Direito,  Mackenzie,  1972.  

Mestrado  em  Direito,  PUC,  1980.  Licitação,  orient.:  Celso  Antonio  Bandeira  de  Mello.  

Doutorado  em  Direito,  PUC,  1984.  Infrações  e  sanções  administrativas,  orient.:  Celso  Antonio  B.  de  Mello.  

Livre-­‐docência,  USP,  1986.  Delegação  administrativa.  -­‐ Atuação  profissional:  

1974-­‐76:  professor  titular,  FMU.  Direito  processual  civil.  

1982-­‐83:  professor,  PUCCAMP,  pós-­‐graduação.  Teoria  do  Estado.  

1970-­‐89:  juiz,  TJSP.  

1990-­‐93:  desembargador,  TJSP.  

1997-­‐2000:  vice-­‐prefeito,  cidade  de  São  Paulo,  Celso  Pitta.  Prefeito  por  19  dias  ao  todo.  

2006-­‐10:  deputado  federal,  PSC.  -­‐ USP:  

1985-­‐2011:  professor,  Direito  Financeiro.  

1986-­‐1994:  professor  livre-­‐docente.  

1994-­‐2011:  professor  titular.  

1999-­‐2002:  chefe  do  DEF.  

   

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Sumário  Aula  I:  Íon  e  o  Orçamento  Participativo  (28/02/2011)  .........................................................................................  14  

Breve  Relato  sobre  os  Clássicos  Gregos  ......................................................................................................................  15  

Íon  ...........................................................................................................................................................................  15  

Apologia  de  Sócrates  ...............................................................................................................................................  15  

O  que  é  o  orçamento  participativo?  ...........................................................................................................................  15  

Inverdade  no  espaço  público:  Vícios  no  Orçamento  Participativo  .............................................................................  16  

Aula  II:  Necessidades  Públicas  (14/03/2011)  .......................................................................................................  17  

Alcebíades  ...................................................................................................................................................................  17  

Notas  Introdutórias  .................................................................................................................................................  17  

Aula  III:  Pacto  Social  e  Tributação;  Ciência  das  Finanças  e  Direito  Financeiro  (21/03/2011)  ..................................  18  

Questões  iniciais  .........................................................................................................................................................  18  

Civilização  e  Pacto  Social  .............................................................................................................................................  18  

Tributação  ...................................................................................................................................................................  18  

Ciência  das  Finanças  VS.  Direito  Financeiro  ................................................................................................................  19  

Movimento  de  Caixa  ...................................................................................................................................................  19  

Aula  IV:  Receitas  Originárias  do  Estado  (04/04/2011)  ..........................................................................................  20  

Notas  Introdutórias  .....................................................................................................................................................  20  

Recursos  Originários  ...................................................................................................................................................  20  

Classificação  de  bens  públicos  ................................................................................................................................  20  

Petróleo  ...................................................................................................................................................................  21  

Preço  VS.  Taxa  .........................................................................................................................................................  21  

Tributo  .....................................................................................................................................................................  21  

Cinco  espécies  de  tributo  .........................................................................................................................................  21  

Aula  V:  Teoria  Geral  do  Gasto  Público  (11/04/2011)  ...........................................................................................  23  

Alguns  Pensadores  ......................................................................................................................................................  23  

Monopólio  VS.  Serviço  Público  ...................................................................................................................................  23  

Atividade  de  Polícia  .....................................................................................................................................................  23  

Políticas  Públicas  .........................................................................................................................................................  23  

Despesas  Públicas  .......................................................................................................................................................  23  

Contingenciamento  de  Gastos  Públicos  .....................................................................................................................  24  

Direitos  Constitucionais  Positivos  VS.  Direitos  Constitucionais  Negativos  .................................................................  24  

Tribunal  de  Contas  e  Fiscalização  ...............................................................................................................................  24  

Aula  VI:  O  Orçamento  e  a  Felicidade  (25/04/2011)  ..............................................................................................  25  

Aula  VII:  Orçamento  Público  (CF/88,  Arts.  165  e  seguintes)  (02/05/2011)  ............................................................  27  

Autorização  legal  para  o  gasto  público  .......................................................................................................................  27  

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Créditos  Orçamentários  ..........................................................................................................................................  27  

Créditos  Adicionais  ..................................................................................................................................................  27  

Observações  a  respeito  da  imposição  do  orçamento  .................................................................................................  27  

Orçamento:  Conceito  e  Funções  .................................................................................................................................  28  

Elaboração  e  Aprovação  de  Leis  Orçamentárias  .........................................................................................................  28  

Tipos  de  Orçamento  ....................................................................................................................................................  28  

Plano  Plurianual  (PPA)  ............................................................................................................................................  28  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO)  ....................................................................................................................  28  

Lei  Orçamentária  Anual  ..........................................................................................................................................  29  

Execução  Orçamentária  e  Contingenciamento:  Interação  Legislativo-­‐Executivo  ......................................................  29  

Aula  VIII:  Corrupção  (09/05/2011)  ......................................................................................................................  30  

4  Formas  de  Ingresso  na  Política.................................................................................................................................  30  

O  Príncipe,  Maquiavel  .................................................................................................................................................  30  

Foucault:  A  Verdade  e  as  Formas  Jurídicas  .................................................................................................................  30  

Licitações  e  Corrupção  ................................................................................................................................................  31  

Subvenção  (Lei  nº  4320/64)  ........................................................................................................................................  31  

Aula  IX:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária  (16/05/2011)  .............................................................................  32  

Conceito  (CF/88,  Art.  170)  ..........................................................................................................................................  32  

Por  que  fiscalizar?  .......................................................................................................................................................  32  

Objeto  .........................................................................................................................................................................  32  

Aspectos  objetivos  ......................................................................................................................................................  32  

Modalidades  ...............................................................................................................................................................  32  

Formas  de  controle  .....................................................................................................................................................  33  

Tipos  de  Controle  ........................................................................................................................................................  33  

LRF  (LC  101/2000)  .......................................................................................................................................................  33  

Notas  extras  ................................................................................................................................................................  34  

Aula  X:  Precatórios  (23/05/2011)  .......................................................................................................................  35  

Conceito  ......................................................................................................................................................................  35  

Disciplina  Constitucional  .............................................................................................................................................  35  

Ordem  de  Pagamento  .................................................................................................................................................  35  

Obrigações  de  pequeno  valor  .....................................................................................................................................  35  

Cessão  a  terceiros  &  compensação  ............................................................................................................................  35  

Aula  XI:  Crédito  Público/  Dívida  Pública  (30/05/2011)  .........................................................................................  37  

Conceito  ......................................................................................................................................................................  37  

Natureza  ......................................................................................................................................................................  37  

Papel  do  Senado..........................................................................................................................................................  37  

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Divida  Externa  .............................................................................................................................................................  37  

Critério  da  Moeda  ...................................................................................................................................................  37  

Critério  do  Local  de  Assinatura  da  Contratação  .....................................................................................................  37  

Domicílio  do  Credor  .................................................................................................................................................  37  

FMI  ..........................................................................................................................................................................  37  

Brasil  ........................................................................................................................................................................  38  

Cenário  Internacional  ..............................................................................................................................................  38  

Extinção  .......................................................................................................................................................................  38  

Limites  .........................................................................................................................................................................  39  

Aula  XII:  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    Lei  Complementar  101/2000  (06/06/2011)  ..........................................  40  

Notas  introdutórias  .....................................................................................................................................................  40  

Três  pilares  da  LRF  ......................................................................................................................................................  40  

Responsabilidade  =  agir  responsável  ......................................................................................................................  40  

Responsividade  ........................................................................................................................................................  40  

Responsabilização  e  sanção  ....................................................................................................................................  41  

Seminário  I:  Ciência  das  Finanças,  Direito  Financeiro  e  Direito  Tributário  (03/03/2011)  .......................................  44  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  44  

Ciência  das  Finanças  ...............................................................................................................................................  44  

Direito  Financeiro  ....................................................................................................................................................  44  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  44  

 .................................................................................................................  44  

Direito  Financeiro  VS.  Direito  Tributário  .................................................................................................................  44  

Valor  VS.  Validade  ...................................................................................................................................................  44  

Texto  3  ........................................................................................................................................................................  45  

Seminário  II:  Normas  Gerais  de  Direito  Financeiro  e  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    Os  limites  da  despesa  com  pessoal  (11/03/2011)  .........................................................................................................................................  46  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  46  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  47  

CF/88:  ......................................................................................................................................................................  47  

LC  nº  101  de  4  de  maio  de  2000  (LRF)  .....................................................................................................................  47  

Lei  do  Plano  Plurianual  ............................................................................................................................................  47  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO)  ....................................................................................................................  47  

Lei  Orçamentária  Anual  (LOA):  ...............................................................................................................................  47  

Renúncia  de  Receitas:  .............................................................................................................................................  47  

Texto  3  ........................................................................................................................................................................  48  

Seminário  III:  Receitas  Não-­‐Tributárias  (18/03/2011)  ..........................................................................................  49  

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Texto  1  ........................................................................................................................................................................  49  

Compensação  Financeira  Pela  Exploração  de  Recursos  Minerais  (CFEM)  ..............................................................  49  

Aspectos  Constitucionais  e  Legais  da  CFEM  ............................................................................................................  49  

Natureza  Jurídica  da  CFEM  .....................................................................................................................................  49  

Aspectos  Federativos  da  partição  da  CFEM  ............................................................................................................  50  

Competência  Concorrente  e  o  Direito  de  Fiscalizar.................................................................................................  51  

Exercício  da  Competência  Concorrente  e  a  Proporcionalidade  ..............................................................................  51  

Prazo  Prescricional  para  a  Cobrança  da  CFEM  .......................................................................................................  51  

Conclusão  ................................................................................................................................................................  52  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  52  

Seminário  IV:  Federalismo  Fiscal  e  Partilha  de  Receitas  Não-­‐Tributárias  (25/03/2011)  .........................................  54  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  54  

Dos  fatos  .................................................................................................................................................................  54  

Acórdão  recorrido    Juiz  Omar  Tognolo  ..................................................................................................................  54  

MP    Subprocurador-­‐geral  João  Batista  de  Almeida  ..............................................................................................  55  

Voto  .........................................................................................................................................................................  55  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  55  

Lei  12.276/10    a  cessão  onerosa  ...........................................................................................................................  55  

Lei  12.276/10    o  impacto  no  RJ  .............................................................................................................................  55  

Violação  de  CF/88,  art.  20,  §1º    Compensação  financeira  ....................................................................................  56  

Violação  de  CF/88,  art.  177,  §2º    Regime  de  exploração  ......................................................................................  56  

Violação  ao  princípio  federativo  .............................................................................................................................  56  

Texto  3  ........................................................................................................................................................................  57  

Competência  ...........................................................................................................................................................  57  

Patrimônio  Público:  Bens  Públicos  ..........................................................................................................................  57  

Bens  do  Patrimônio  da  União:  CF,  art.  20  ...............................................................................................................  57  

Águas  Públicas,  Energia  Elétrica  e  Partilha  em  sua  exploração..............................................................................  57  

Partilha  da  produção  mineral  .................................................................................................................................  58  

Seminário  V:  Renúncia  de  Receita  e  Guerra  Fiscal  (01/04/2011)  ..........................................................................  59  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  59  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  61  

STF  -­‐  RE572.762/SC  .................................................................................................................................................  62  

Competência  Tributária:  .........................................................................................................................................  62  

Decisão  do  STF:  RE  572.762/SC  ...............................................................................................................................  62  

Seminário  VI:  Despesas  Sigilosas  e  o  Direito  a  Verdade  (08/04/2011)  ..................................................................  64  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  64  

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Seminário  VII:  Orçamento  Público  e  Precatórios  Judiciários  (15/04/2011)  ...........................................................  66  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  66  

Precatórios:  noções  introdutórias  ...........................................................................................................................  66  

Emenda  Constitucional  nº  62/2009  ........................................................................................................................  66  

Críticas  à  EC  .............................................................................................................................................................  66  

Competências  do  Chefe  do  Tribunal........................................................................................................................  67  

Créditos  Constituídos  por  Sentença  Judicial  ............................................................................................................  67  

Atualização  Monetária  ............................................................................................................................................  67  

Seqüestro  de  Verbas  Públicas  .................................................................................................................................  67  

Formas  Indiretas  de  Extinção  de  Precatórios  ..........................................................................................................  68  

Outras  Considerações  a  respeito  dos  Precatórios  após  a  EC  62/2009  ....................................................................  68  

Precatórios:  emendas  impregnadas  de  inconstitucionalidades  ..............................................................................  69  

Contas  Especiais  ......................................................................................................................................................  70  

O  Pagamento  dos  Precatórios  .................................................................................................................................  71  

Leilão  .......................................................................................................................................................................  71  

Responsabilidade  do  Chefe  do  Poder  Executivo  ......................................................................................................  71  

Retenção  de  Repasses  Constitucionais  ...................................................................................................................  71  

Duração  do  Regime  Especial  ...................................................................................................................................  72  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  72  

Voto    Marco  Aurélio  ..............................................................................................................................................  72  

Voto    Gilmar  Mendes  ............................................................................................................................................  72  

Voto    Celso  de  Mello  ..............................................................................................................................................  73  

Ata  ...........................................................................................................................................................................  73  

Texto  3  ........................................................................................................................................................................  73  

Texto  4  ........................................................................................................................................................................  74  

Seminário  VIII:  Orçamento  Participativo  (29/04/2011)  ........................................................................................  75  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  75  

Redemocratização  na  América  Latina  e  Leste  Europeu  (1980):  agenda  comum  e  resultados  diferentes  ..............  75  

Experiências  participativas  no  Regime  Militar  ........................................................................................................  75  

Importância  também  de  proceder  com  o  ajuste  fiscal:  reforma  tributária  da  CF88  em  1993  ...............................  75  

O  que  é  o  OP?  ..........................................................................................................................................................  75  

Representação  Política  ............................................................................................................................................  76  

OP  em  PoA  e  BH  ......................................................................................................................................................  76  

Como  a  literatura  interpreta  o  OP?  .........................................................................................................................  76  

 ...............................................................................................................  77  

OP  como  forma  de  inverter  prioridades:  .................................................................................................................  77  

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Debates:  ..................................................................................................................................................................  78  

 ................................................................................................................................  78  

 ..............................................................................................................  78  

Vontade  política  ......................................................................................................................................................  78  

Aumento  das  receitas  locais  ...................................................................................................................................  78  

Aumento  da  representação  política  ........................................................................................................................  78  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  78  

Texto  3  ........................................................................................................................................................................  79  

Exemplo  de  Florianópolis  ........................................................................................................................................  79  

Princípios  Orçamentários  ........................................................................................................................................  79  

Texto  4  ........................................................................................................................................................................  80  

Fundamentação  constitucional:  ..............................................................................................................................  80  

Problemas  ...............................................................................................................................................................  80  

Texto  5  ........................................................................................................................................................................  80  

Texto  6  ........................................................................................................................................................................  80  

Seminário  IX:  Decisões  Judiciais  e  Orçamento  Público  (06/05/2011)  ....................................................................  82  

Seminário  X:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária.  Tribunal  de  Contas.  (13/05/2011)  ......................................  83  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  83  

Relatório  ..................................................................................................................................................................  83  

Voto    Min.  Carlos  Velloso  (relator)  ........................................................................................................................  83  

Extrato  da  ata  .........................................................................................................................................................  84  

Voto  vista    Min.  Ilmar  Galvão................................................................................................................................  84  

Confirmação  de  voto  ...............................................................................................................................................  84  

Voto    Min.  Nelson  Jobim  .......................................................................................................................................  85  

Retificação  de  voto    Min.  Maurício  Corrêa  ...........................................................................................................  85  

Explicação    Min.  Carlos  Velloso  .............................................................................................................................  85  

Voto    Min.  Sepúlveda  Pertence  .............................................................................................................................  85  

Retificação  de  voto    Min.  Sydney  Sanches  ............................................................................................................  85  

Voto    Min.  Néri  da  Silveira  ....................................................................................................................................  85  

Voto    Min.  Moreira  Alves  ......................................................................................................................................  85  

Voto    Min.  Marco  Aurélio  (presidente)..................................................................................................................  86  

Extrato  de  ata..........................................................................................................................................................  86  

Textos  2,  3  e  4  .............................................................................................................................................................  86  

Seminário  XI:  Responsabilidade  Financeira    Aspectos  Sancionadores  do  Direito  Financeiro  (20/05/2011)  ...........  87  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  87  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  87  

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Texto  3  ........................................................................................................................................................................  87  

Conceito  de  Responsabilidade  Financeira  ...............................................................................................................  87  

Tipos:  .......................................................................................................................................................................  88  

Pressupostos  da  Responsabilidade  Financeira:  .......................................................................................................  88  

Texto  4  ........................................................................................................................................................................  89  

Texto  5  ........................................................................................................................................................................  89  

Seminário  XII:  Endividamento  Público  e  Equilíbrio  Federativo  (27/05/2011)  ........................................................  90  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  90  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  92  

Seminário  XIII:  Direito  Financeiro    Justiça  e  Democracia  ....................................................................................  93  

Texto  1  ........................................................................................................................................................................  93  

Democratização  do  gasto  público  ...........................................................................................................................  93  

Texto  2  ........................................................................................................................................................................  98  

Textos  3,  4  e  5  .............................................................................................................................................................  98  

Noções  Introdutórias  .......................................................................................................................................  100  

As  necessidades  públicas  e  a  atividade  financeira  do  Estado  ...................................................................................  100  

Necessidade  pública  ..............................................................................................................................................  100  

Atividade  financeira  ..............................................................................................................................................  100  

Ciência  das  Finanças  e  Direito  Financeiro  .................................................................................................................  100  

Ciência  das  Finanças  .............................................................................................................................................  100  

Direito  Financeiro  ..................................................................................................................................................  101  

Normas  Gerais  de  Direito  Financeiro  ........................................................................................................................  101  

Capítulo  9:  Receita  Pública  ...............................................................................................................................  102  

Capítulo  10:  Receitas  Públicas  Tributárias:  ........................................................................................................  104  

Capítulo  11:  Teoria  dos  Preços  ..........................................................................................................................  108  

Capítulo  12:  Receitas  Públicas  não  Tributárias  ..................................................................................................  109  

Capítulo  13:  Receitas  Provenientes  de  Minerais  e  Energia  Elétrica  .....................................................................  112  

Capítulo  15:  Despesa  Pública  ............................................................................................................................  116  

Mecanismos  de  Controle  da  Despesa  Pública  ..........................................................................................................  116  

Políticas  Públicas  .......................................................................................................................................................  117  

O  direito  de  exigir  o  cumprimento  do  dever  constitucional  .....................................................................................  117  

Princípios  do  Direito  Financeiro  ................................................................................................................................  117  

Contingenciamento  de  Despesas  ..............................................................................................................................  118  

Subvenções  ...............................................................................................................................................................  118  

Desvio  de  Recursos,  Corrupção  e  Improbidade.  .......................................................................................................  119  

Precatórios  ................................................................................................................................................................  119  

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A  Despesa  Pública  e  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  ..............................................................................................  121  

Capítulo  18:  Orçamento  ...................................................................................................................................  122  

Conceito  clássico:  ..................................................................................................................................................  122  

Conceito  atual:  ......................................................................................................................................................  122  

Evolução  do  conceito  de  orçamento  .....................................................................................................................  122  

Controvérsias  sobre  a  natureza  jurídica  do  orçamento  ............................................................................................  122  

Concepção  moderna  de  orçamento  .........................................................................................................................  123  

Noção  moderna  de  gasto  público  dentro  do  orçamento  .........................................................................................  123  

Os  princípios  administrativos  e  o  art.  37  da  CF  .........................................................................................................  124  

Sistema  de  controle  externo  do  orçamento  .............................................................................................................  124  

Princípios  orçamentários  ..........................................................................................................................................  124  

As  leis  orçamentárias  (art.  165,  CF)  ..........................................................................................................................  125  

O  plano  plurianual  (art.  165  CF,  §  1º)  ...................................................................................................................  125  

A  lei  de  diretrizes  orçamentárias    LDO  (art.  165,  §  2º;    alterada  pela  LC  101/2000)  ..........................................  126  

O  orçamento  anual    LOA  (fiscal,  de  investimento  e  da  seguridade  social).  (art.  165,  §  5º,  I)  .............................  126  

A  lei  complementar  financeira  (art.  165,  §  9º,  I  da  CF)  .........................................................................................  127  

A  tramitação  legislativa  .............................................................................................................................................  127  

Iniciativa  ................................................................................................................................................................  127  

Mensagem  aditiva  .....................................................................................................................................................  127  

Comissão  mista  .....................................................................................................................................................  127  

Emendas  ................................................................................................................................................................  128  

A  não  devolução  do  projeto  no  prazo  ou  sua  rejeição  total  ou  parcial  ....................................................................  128  

Vedações  orçamentárias  ...........................................................................................................................................  128  

Recursos  dos  três  Poderes  ........................................................................................................................................  128  

Despesa  com  pessoal  ................................................................................................................................................  129  

O  orçamento  e  o  tributo  nele  não  previsto  ...........................................................................................................  129  

O  direito  ao  auxílio  ou  subvenção  (matéria  analisada  no  capítulo  20)/  Relatório  ...................................................  129  

Norma  constitucional  transitória  ..............................................................................................................................  129  

Desvinculação  da  receita  da  União.  A  liberdade  outorgada,  por  lei,  ao  Chefe  do  Executivo  ...................................  129  

O  orçamento  participativo  ........................................................................................................................................  129  

Problemas  e  divergências  doutrinárias  a  respeito  do  orçamento  ............................................................................  129  

Orçamento  de  competência  e  de  caixa  e  os  resíduos  passivos  .............................................................................  129  

Cobrança  de  tributos  não  previstos  na  lei  orçamentária  anual  ............................................................................  130  

Alteração  da  lei  orçamentária  no  curso  do  exercício  (já  abordado)  .....................................................................  130  

Iniciativa  popular  ..................................................................................................................................................  130  

Orçamento  base  zero  ............................................................................................................................................  130  

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Orçamento  funcional.  PPBS...................................................................................................................................  130  

Capítulo  21:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária..........................................................................................  131  

Tipos  de  Fiscalização  .................................................................................................................................................  131  

Entidades  da  Administração  .....................................................................................................................................  131  

Princípios  ...................................................................................................................................................................  131  

Participação  dos  Poderes  Legislativo  e  Judiciário  .....................................................................................................  131  

Tipos  de  controle  ......................................................................................................................................................  131  

Controle  interno  ....................................................................................................................................................  131  

Controle  externo  ....................................................................................................................................................  132  

Capítulo  22:  Responsabilidade  fiscal  (Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    LC  101/2000)  ..........................................  133  

Generalidades  ...........................................................................................................................................................  133  

A  responsabilidade  na  gestão  fiscal  pressupõe  ........................................................................................................  133  

A  LRF  se  apoia  em  4  eixos  .........................................................................................................................................  133  

Conceitos  operacionais:  ............................................................................................................................................  134  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (Art.  4º)  ..............................................................................................................  134  

Lei  Orçamentária  Anual  (Art.  5º)  ..........................................................................................................................  135  

Execução  Orçamentária  e  Cumprimento  das  Metas  (Art.  8º  a  10)  .......................................................................  136  

Previsão  da  Arrecadação  (Art.  11  a  13)  ................................................................................................................  137  

Renúncia  de  Receita  (Art.  14)  ................................................................................................................................  137  

Geração  da  Despesa  (Art.  15  e  16)  ........................................................................................................................  138  

Despesa  Obrigatória  de  Caráter  Continuado  (Art.  17)  ..........................................................................................  138  

Despesas  com  Pessoal  (Art.  18  a  20)  .....................................................................................................................  139  

Controle  da  Despesa  Total  com  Pessoal  (Art.  21  a  23)  .........................................................................................  141  

Despesas  com  a  Seguridade  Social  (Art.  24)  .........................................................................................................  142  

Transferências  Voluntárias  (Art.  25)  .....................................................................................................................  142  

Destinação  dos  Recursos  Públicos  para  o  Setor  Privado  (Art.  26  a  28)  .................................................................  143  

Dívida  e  Endividamento  (Art.  29)  ..........................................................................................................................  143  

Limites  da  Dívida  Pública  e  das  Operações  de  Crédito  (Art.  30)  ...........................................................................  143  

Recondução  da  Dívida  aos  Limites  (Art.  31)  ..........................................................................................................  144  

Contratação  das  Operações  de  Crédito  (Art.  32  e  33)  ..........................................................................................  144  

Vedações  de  Operações  de  Crédito  (Art.  34  a  37)  .................................................................................................  145  

Operações  de  Crédito  por  Antecipação  de  Receita  Orçamentária  (Art.  38)  .........................................................  145  

Garantia  (Art.  40)  ..................................................................................................................................................  145  

Restos  a  Pagar  (Art.  42)  ........................................................................................................................................  146  

Disponibilidades  de  Caixa  (Art.  43)  .......................................................................................................................  146  

Preservação  do  Patrimônio  Público  (Art.  44  a  46)  ................................................................................................  146  

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Transparência  da  Gestão  Fiscal  (Art.  48  e  49)  ......................................................................................................  146  

Da  Escrituração  e  Consolidação  das  Contas  (Art.  50  e  51)  ...................................................................................  147  

Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária  (Art.  52  e  53)  .............................................................................  147  

Relatório  de  Gestão  Fiscal  (Art.  54  e  55)  ...............................................................................................................  148  

Prestações  de  Contas  (Art.  56  a  58)  ......................................................................................................................  149  

Fiscalização  da  Gestão  Fiscal  (Art.  59)  ..................................................................................................................  149  

Disposições  Finais  e  Transitórias  (Art.  60  a  75)  .....................................................................................................  150  

Capítulo  27:  Empréstimos  públicos  ...................................................................................................................  152  

Introdução  .................................................................................................................................................................  152  

Natureza  jurídica  .......................................................................................................................................................  152  

Empréstimos  compulsórios  .......................................................................................................................................  152  

Figura  contratual  .......................................................................................................................................................  153  

Disciplina  constitucional  do  crédito  ..........................................................................................................................  153  

Nulidade  do  contrato  ................................................................................................................................................  154  

Repúdio  .................................................................................................................................................................  154  

Contribuições  patrióticas  ......................................................................................................................................  154  

Classificação  do  crédito  .........................................................................................................................................  154  

O  crédito  estadual,  o  municipal  e  o  do  Distrito  Federal  e  a  intervenção  federal  e  estadual  ...................................  155  

Garantias  ...................................................................................................................................................................  156  

Controle,  fiscalização  e  prestação  de  contas  ............................................................................................................  156  

Extinção  .....................................................................................................................................................................  156  

Execução  ...................................................................................................................................................................  157  

Capítulo  28:  Dívida  pública  e  operações  de  crédito  ...........................................................................................  158  

Dívida  externa  e  interna.  O  FMI.  ...............................................................................................................................  158  

Breve  histórico  da  dívida  brasileira  ...........................................................................................................................  159  

Interlúdio  (=  intermédio)  conceitual:  dívida  pública  consolidada  e  dívida  pública  mobiliária  e  flutuante  ..............  159  

Princípios  gerais  de  direito  incidentes  sobre  os  débitos  externos  ...........................................................................  160  

Requisitos  e  limites  da  operação  externa  de  natureza  financeira  ............................................................................  160  

Operações  de  crédito  interno  ...................................................................................................................................  162  

Dos  limites  globais  para  o  montante  da  dívida  pública  ............................................................................................  163  

Autorizações  para  operações  externas  .....................................................................................................................  163  

Diretrizes  gerais  para  consolidação  e  reescalonamento  das  dívidas  dos  entes  federativos  e  dos  entes  estatais  ...  164  

Limites  para  prestação  de  garantias  da  União  para  operações  de  crédito  externo  e  interno.  O  problema  nos  Estados  e  Municípios  ................................................................................................................................................  164  

Limites  globais  e  condições  para  o  montante  da  dívida  mobiliaria  de  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios  .......  165  

Operações  de  crédito  por  antecipação  de  receita  orçamentária  ..........................................................................  165  

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Lei  complementar  .....................................................................................................................................................  165  

Eficácia  dos  títulos  públicos  como  garantia  de  débitos.  Títulos  emitidos  há  longo  tempo  e  sua  validade.  Possibilidade  de  penhora  de  seu  valor  .....................................................................................................................  165  

 

 

   

   

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14    

 

 

 

Parte  1  

   

Aulas    

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Aula  I:  Íon  e  o  Orçamento  Participativo  (28/02/2011)  

Breve  Relato  sobre  os  Clássicos  Gregos  

Íon  -­‐ Obra  de  EURÍPEDES.  -­‐ Mistura  de  deuses  com  os  atores.  -­‐ Apresentada  por  Hermes.  Narração  das  dificuldades  que  Íon  ia  enfrentar  -­‐ Apolo  estupra  Creúza  (humana)  e  tem  um  filho  (Íon).  -­‐ O  filho  foi  levado  para  o  Oráculo  de  Delfos  e  lá  foi  criado,  sem  conhecer  os  pais.  -­‐ Creúza  dada  em  casamento  ao  rei  de  Atenas,  mas  não  conseguem  ter  filhos.  -­‐ Eles  vão  ao  oráculo  por  não  terem  um  filho.  Lá,  Creúza  encontra  ao  seu  filho  (sem  saber  que  o  é)  e  conta-­‐lhe  a  

história,  omitindo  a  verdade.  -­‐ O  rei  de  Atenas  é  informado  que  Íon  é  seu  filho  e  decide  que  ele  irá  sucedê-­‐lo.  Creúza  (ainda  na  ignorância  sobre  

seu  filho)  rejeita  a  decisão  do  marido  e  envenena  o  seu  vinho.  -­‐ Ele  conta  a  todos  a  verdade  e,  suspeitando  que  ela  pudesse  tentar  qualquer  coisa,  dá  o  vinho  aos  pombos,  que  

morrem.  Íon  se  revolta  e  ao  buscar  Creúza,  ambos  encontram  Atenas,  a  qual  revela  a  verdade  aos  dois.  O  governante  deve  mentir,  pode  mentir  ou  dizer  a  verdade?  Nem  sempre  a  verdade  pode  ser  dita.  

Apologia  de  Sócrates  -­‐ Escrita  por  PLATÃO.  -­‐ SÓCRATES    defesa  de  alguém  que  vai  ser  morto  por  corromper  a  juventude  e  desrespeitar  os  deuses  (possivel-­‐

mente  homossexual).  -­‐ Ele  mesmo  se  defende  (1º  discurso).  Foi  condenado,  mas  não  foi  fixada  a  pena.  Ao  ser  questionado,  fez  seu  2º  

discurso.  Ainda  condenado,  fez  o  seu  3º  discurso.  -­‐  

Problema  da  verdade.  

O  que  é  o  orçamento  participativo?  -­‐ Receita:  quantia  que  se  tem  e  da  qual  pode  dispor.  

Importa  um  aumento  nos  cofres  públicos.  

Contrapõem-­‐se  à  movimentação  de  caixa,  em  que  não  há  tal  aumento,  como  no  caso  de  entradas  que  devem  ser  devolvidas  (fiança,  caução,  depósito)  ou  da  alienação  de  algo  que  já  fazia  parte  do  Erário.  

-­‐ Despesas:  gastos.  -­‐ Orçamento:  previsão  de  receitas  e  despesas  próprias  

Ex:  A  USP  por  se  tratar  de  uma  autarquia1  (autônoma)  toma  decisões  próprias  em  relação  àquilo  que  é  gasto  e  para  isso  é  necessário  que  haja  um  orçamento.  

-­‐ Orçamento   Participativo:   sociedade   auxilia   na   definição   de   prioridades   na   previsão   de   receitas   e   despesas  próprias.  

Perspectivas  do  que  é  gasto  e  do  que  é  ganho.  

Em  um  modelo  autoritário,  as  perspectivas  de  gastos  e  ganhos  eram  feitas  pelo  chefe  do  executivo  (pre-­‐feito,  por  exemplo).  

-­‐ HABERMAS2:  a  essência  humana  é   importante  para  a  construção  do  espaço  público,  concomitantemente  com  a  justiça  pública.  

                                                                                                                     1  [Autos,   u ,  si  mesmo]  +  [arkhé,   ,  comandar].  Entidade  autônoma,  auxiliar  e  descentralizada  da  administração  pública,  sujeita  à  fiscalização  e  à  tutela  do  Estado,  com  patrimônio  constituído  de  recursos  próprios,  e  cujo  fim  é  executar  serviços   de  caráter  estatal  ou  interessantes  à  coletividade,  como,  entre  outros,  caixas  econômicas  e  institutos  de  previdência.  2  Em  Direito  e  Democracia.  

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Esfera  pública  interpreta  o  sentido  da  comunidade  comunicado  pelos  líderes.  

Razão  leva  ao  surgimento  de  uma  solução  adequada  em  conteúdo.   Ex:  Ágora    Mercado  no  qual  os  cidadãos  tomavam  as  decisões  públicas;  Ostracismo    Bani-­‐

mento  de  um  cidadão  era  uma  decisão  pública.  -­‐ Íon  e  SÓCRATES  revelam  que  só  se  pode  querer  algo  em  face  da  verdade.  -­‐ O  mundo  nasce  de  um  incesto:  um  homem  e  uma  mulher  (irmãos)  têm  filhos,  ele  tem  filhos  com  as  filhas,  etc.  

Família    Tribo    Cidade    Estado  

Hoje:  processo  inverso    tribalização  da  sociedade,  vive-­‐se  em  grupos.  

Inverdade  no  espaço  público:  Vícios  no  Orçamento  Participativo  -­‐ M.  FOUCAULT  trata  sobre  o  tema  e  embasa  a  aula:  homem  é  movido  por  impulsos,  emoções.  -­‐ FREUD  afirma  que  o  homem  a  e  mulher  são  levados  por  pulsões  (não  se  consegue  resistir,  controle  pelo  medo,  

repressão  pela  civilização).  Independente  da  paixão,  o  ser  humano  guarda  para  si  os  seus  sentimentos.  

Técnica  do  diálogo    Desconsideração  do  adversário.  

Poder    Possibilidade  que  se  tem  de  dominar  o  outro    Ignorar  os  anseios  da  sociedade.  -­‐ Vício  de  um  subprefeito  orientado  pelo  prefeito  leva  à  inserção  de  uma  inverdade  no  espaço  público,  uma  Ilusão  

de  uma  participação  pública.  

Estratégias  políticas:  mentiras  e  trapaças.  -­‐ Métodos  de  manipulação:  convidar  cabos  eleitorais/simpatizantes  da  gestão/beneficiários  da  gestão  para  parti-­‐

cipar  do  Orçamento  Participativo,  favores  oferecidos  pela  máquina  pública,  corrupção  dos  opositores,  etc.  -­‐ O  Estado,  em  princípio,  deve  ser  um  aliado  da  sociedade  civil,  mas  na  realidade  é  um  manipulador  dela.  Ilude-­‐a.  -­‐ Não  há  vício  jurídico  no  orçamento  participativo,  que  é  forma  de  democratizar  o  gasto  público.  Pretende-­‐se  com  

essa  medida  que  o  representado  se  aproxime  do  representante,  evitando  a  noção  de  que  basta  o  voto  para  ca-­‐racterizar  a  democracia  plena:  a  participação  popular  durante  o  mandato  deve  ocorrer  de  diversas  formas,  como  escolhendo  onde  os  recursos,  que  são  do  povo,  devem  ser  gastos.  O  que  existe  são  problemas  fáticos:  falta  de  publicidade  das  audiências,  tentativas  de  manipulação  da  opinião  pública,  distorção  de  deliberações,  etc.  

-­‐ PIERRE  POITIER  diz  que  há  uma  crença  prévia  de  que  o  ritual  válido  é  o  que  garante  sua  eficácia.  Trata-­‐se  de  uma  credencial  para  manipular  a  sociedade  civil.  Para  burlar  essa  manipulação,  deve-­‐se  agir  da  mesma  forma,  levar  o  maior  número  de  pessoas  a  votarem  de  acordo  com  as  demandas  reais  da  sociedade.  

-­‐ Em  César,  de  SHAKESPEARE,  ocorreu  a  manipulação  para  aqueles  que  perseguiram  César.  Além  disso,  em  alguns  Tribunais  de  Júri  de  casos  de  grande  repercussão,  os  réus  entram  condenados.  

-­‐ JACQUES  DERRIDA  prega  a  desconstrução  dos  textos.  Não  basta  apenas  lê-­‐los,  deve-­‐se  buscar  o  que  vem  por  trás.  

O  mesmo  deve  ser  aplicado  ao  orçamento  participativo  e  às  leis.      

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Aula  II:  Necessidades  Públicas  (14/03/2011)  

Alcebíades  -­‐ Discussão  de  PLATÃO  sobre  a  natureza  humana.  -­‐ Alcebíades  era  um  general  jovem  e  bonito  por  quem  Sócrates  se  apaixonou.  

Era  comum  o  relacionamento  de  velhos  com  jovens  (até  se  tornarem  púberes).    -­‐ Alcebíades   tornou-­‐se   general   em  Atenas     Nesse   diálogo,   Sócrates   faz   uma   indagação   dura   questionando   o  

preparo  de  Alcebíades  para  administrar  Atenas.  -­‐ Alcebíades  reconhece  a  falta  de  preparo.  Sócrates  vai  prepará-­‐lo.  -­‐ Não  adianta  querer  administrar  a  cidade  sem  saber.  Administradores  têm  de  conhecer  a  si  próprios  para  geren-­‐

ciar  o  Estado.    

Notas  Introdutórias  -­‐ .    

Os  mais  fortes  irão  liberar  recursos  para  os  mais  fracos?  -­‐ Tributos:  

Função  fiscal:  captar  dinheiro  do  povo  para  atender  às  necessidades  públicas.  

Função  extrafiscal:  instrumento  de  redistribuição  de  receita.  -­‐ O  que  são  necessidades  públicas?  Atribuição  que,  por  disposição  legal  ou  constitucional,  é  delegada  a  determi-­‐

nado  órgão  público.  

Ex:  CF/88,  Art.  21,  X  manter  o  serviço  pos  

Escolha  do  Constituinte    devido  ao  órgão  formador  de  que  emanam,  tais  escolhas  têm  para  o  Estado  o  caráter  de  dever,  não  podendo  ele  se  esquivar  de  seu  cumprimento.  

-­‐ Entes  federativos:  Estados,  DF  e  municípios?  

Município  integra  a  federação?  Depende.   Sim:  União,  estados  e  municípios.   Não:  não  têm  representação  frente  à  União;  Estados  são  representados  no  Senado.  

Estados    CF/88,  Art.  25:  Competências  subsidiárias  à  União.      

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Aula  III:  Pacto  Social  e  Tributação;  Ciência  das  Finanças  e  Direito  Financeiro  (21/03/2011)  

Questões  iniciais  -­‐ Direito  de  exigir  direitos  ou  não?  -­‐ Direito  é  uma  benesse  do  Estado?  -­‐ Atual    Combate  ao  Estado  (ex:  Egito,  Líbia,  etc.).  -­‐ Quais  são  os  deveres  do  cidadão?  -­‐ Hoje  se  fala  muito  em  direitos    CF/88,  Art.  5º.  

Civilização  e  Pacto  Social  -­‐ ENRIQUEZ3    Chefe  de  família  monopoliza  as  mulheres  de  sua  família;  filhos  são  deixados  em  segundo  plano.  

Revolta  dos  filhos    Nascimento  de  um  líder  que  se  choca  com  outros  líderes  de  grupos  distintos.  

Guerra  Física:  tribo  X  tribo    Poder  que  nasce  da  força  (imposição  de  regras);  -­‐ Civilização  nasce  da  sanção    Pacto  social  (idéia  presente  em  Rousseau,  Locke  e  Hobbes)    Acordo  de  não  a-­‐

gressão  para  agrupamento    Poder  central  para  garantir  a  segurança;  -­‐ Hobbes:  todos  aqueles  que  fazem  parte  do  pacto  social  abrem  mão  de  seus  direitos  em  nome  das  garantias  e  da  

segurança.  

Pacto  originário    visão  Totalitarista;  -­‐ RAWLS4  (EUA,  1970):  Pacto  social  coberto  com  um  véu  de  ignorância5    Acomodações  que  levaram  ao  pacto;  

Cada  pessoa  deve  ter  um  grau  de  liberdade  compatível  com  a  liberdade  dos  outros;  

Apesar  de  liberal,  ele  defendia  a  proteção  aos  menos  desfavorecidos;  

Ao  lado  da   liberdade,  existe  o  princípio  da  diferença.  O  Estado  tem  que  entender  que  existem  as  dife-­‐renças  e  cuidar  delas    Campo  de  Golfe  X  Casas  Populares?  

Ex  do  Régis:  O  Estado  pode  destinar  recursos  para  a  construção  de  uma  campo  de  futebol  para  um  particular,  por  mais  relevante  que  seja  o  particular?  (Corinthians,  haha);  

Tributação  -­‐ Houve  pacto  social?  Na  ótica  de  conflito  (tribo  VS.  tribo),  houve  a  prevalência  do  mais  forte,  a  imposição  de  re-­‐

gras    Tributação.  -­‐ Tributo  =  obrigação  de  entregar  dinheiro  ao  Estado.  

Dinheiro:  fixação  de  alíquota.  

Alíquota:  percentual  que  incide  sobre  a  base  de  cálculo.  

Base  de  Cálculo    Ex:  para  o  IR,  a  base  de  cálculo  é  a  renda.  -­‐ ALEXANDRE  MAGNO:  propunha  acordos  com  os  povos  antes  de  guerrear    tributos  (gado,  combatentes,  mulheres,  

metais,  etc.)  em  troca  de  não  agressão.  

                                                                                                                     3  ENRIQUEZ,  Eugene.  Da  Horda  ao  Estado  -­‐  Psicanálise  e  vínculo  social.  2ª  ed.  São  Paulo:  Zahar,  1990.  O  autor  é  Professor  Titular  da  Universidade  de  Paris  IV  (Sorbonne).  4  Versão  disponível  na  DFD:  JOHN  RAWLS,  Uma  teoria  da  justiça,  trad.:  Jussara  Simões  (orig.:  A  theory  of  justice),  3ª  ed.,  São  Pau-­‐lo,  Martins  Fontes,  2008.    5  Ainda  que  o  conteúdo  esteja  correto,  vale  complementar.  JOHN  RAWLS  foi  um  filósofo  do  Direito  americano;  ainda  que  bastante  liberal,  a  ponto  de  sua   filosofia   receber  de  RICHARD  ROCK  a  alcunha  de  "a  própria  expressão  do  American  Way  of  Life",   foi  um  ativo  militante  na  luta  por  medidas  afirmativas  para  negros  nos  anos  60.  O  véu  da  ignorância  é  um  mitologema  jurídico  criado  por  ele  para  se  assemelhar  ao  estado  de  natureza  contratualista;  é  uma  espécie  de  momento  em  que  a  sociedade  está  razoa-­‐velmente   formada,  mas  ainda  não  desenvolveu  o  Direito.  Nesse  momento,  os  primeiros   legisladores    que  na  nossa   tradição  chamamos   "constituintes"     podem  escolher   entre   dois   princípios,   o   da   igual   liberdade,   segundo  o   qual   todos   os   indivíduos  devem  ter  acesso,  da  maneira  mais  ampla  e  igual  possível,  às  liberdades  fundamentais;  e  o  da  diferença,  segundo  o  qual  certas  desigualdades  na  sociedade  são  moralmente  aceitáveis  se  contribuírem,  ao  mesmo  tempo,  com  o  grupo  desfavorecido  e  com  o  bem-­‐estar  geral.  Se  seguidos  corretamente,  a  justiça  fica  num  patamar  mediano  entre  a  igualdade  perfeita  e  a  liberdade  total.  

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No  caso  de  conquista  (ex:  Pérsia,  atual  Irã),  Alexandre  Magno  tomou  para  si  todas  as  riquezas    Despo-­‐jos  de  guerra  (vistos  como  impostos).  

-­‐ Egito:  faraó  arrecadava  1/5  da  produção  anual  para  suprir  períodos  de  escassez.  -­‐ Régis  compartilha  da  teoria  da  dominação    Guerra  e  imposição  de  uma  ordem  jurídica    Direito  do  mais  forte  

(Platão).  

Imposição      -­‐ Marx    Infraestrutura  econômica  condiciona  a  superestrutura  (ex:  Direito)    Remissão  à  Marx  para  afirmar  que  

a  dominação  tem  fundamentação  no  interesse  econômico.  -­‐ Contratador    Particular  que  recebia  o  direito  do  Estado  de  recolher  tributos  (muito  comum  no  Brasil  Colônia);  

Santo  do  Pau-­‐Oco    Instrumento  de  sonegação.  

Hoje,  há  a  autodeclaração  do  tributo  (ex:  IR).  -­‐ CÍCERO6    Distribuição  de  recursos  deve  dar  mais  importância  para  a  construção  de  muralhas,  aquedotos,  docas  

 Segurança    Necessidade  pública.  

Ciência  das  Finanças  VS.  Direito  Financeiro  -­‐ Ciência  das  Finanças    Plexo  de  conhecimentos  extrajurídicos  (ex:  geografia,  engenharia,  matemática,  economi-­‐

a,  etc.)  que  auxiliam  no  direcionamento  das  decisões  públicas.  -­‐ Direito  Financeiro    Surge  a  partir  da  norma  jurídica    Depende  da  decisão.  -­‐ Necessidades   públicas   apontadas   (educação,   saúde,   cultura,   etc.)    Necessidade   de   receitas   para   que   haja   a  

concretização.  -­‐ Estado  intervencionista    Gastos  (ex:  subsídios  agrícolas,  financiamento  com  juros  baixos,  etc.);  -­‐ CF/88  revela  os  anseios  da  população?  Ou  é  apenas  uma  forma  de  dominação?  

Movimento  de  Caixa  -­‐ Entradas    Receitas    Tributárias/  Não-­‐Tributárias/  Transferidas  -­‐ Estado  brasileiro    Estruturado  como  federação  (União/Estados/Municípios).  

Federação    Entes  autônomos  que  se  juntam  a  um  órgão  maior  para  facilitar  a  administração;  

EUA    Estados  fortes    União  feita  em  nome  da  guerra  contra  a  Inglaterra.  

Brasil    Federação  fraca    Fabricada    União  arrecada  63%  dos  tributos    Repasse  para  os  estados  e  municípios    Receitas   transferidas    Repartição  (CF/88,  Art.  157)    Fundo  de  participação  dos  esta-­‐dos/municípios  (fiscalizado  pelo  Tribunal  de  Contas)    Conta-­‐corrente.  

IR,  IPI    União  partilha  com  os  estados.   ICMS    Estados  partilham  com  os  municípios.   IPVA    Convênio  arrecadatório  da  União  com  os  estados.   Recursos  divididos  na  medida  que  dispuser  a  CF  ou  a  lei    Estados  e  municípios  são  fracos.   O  objetivo  da  divisão  de  recursos  é  promover  a  distribuição  de  renda    São  Paulo  =  força  eco-­‐

nômica.      

                                                                                                                     6  Em  Dos  deveres  (orig.:  De  officiis);    

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Aula  IV:  Receitas  Originárias  do  Estado  (04/04/2011)  

Notas  Introdutórias  -­‐ As  receitas  dividem-­‐se  em:    

Originárias:  do  patrimônio  público    relações  de  Direito  Privado,  como  uma  empresa  estatal.  

Derivadas:  do  bolso  dos  contribuintes    ex:  tributos  e  sanções.  

Transferidas:  arrecadadas  por  um  ente  e  repassadas  a  outro.  

Recursos  Originários  -­‐ Não  advém  do  constrangimento  dos  contribuintes,  mas  do  patrimônio  público.  Decorre  da  propriedade  dos  bens  

do  Estado.  

Pode  ocorrer  privatização   (transferência  para  particulares)     Pode-­‐se  privatizar  quase   tudo,  menos  o  núcleo,  as  funções  (atividades  públicas).  

Pode  ser  feito  pelo  próprio  Estado.  

Classificação  de  bens  públicos  -­‐ Classificação  de  bens  públicos:  

Uso  comum  do  povo:   Apesar  de  estarem  sob  titularidade  de  pessoas  de  Direito  Público,  sua  utilização  é  franqueada  a  

todas  as  demais.   Praças,  praias,  mar,  estradas,  etc.   Retribuição  pelo  uso  não  descaracteriza  a  categoria.  

De  uso  especial:   Pessoa  jurídica  de  Direito  Público  interno  não  só  é  titular  do  bem,  como  o  utiliza  para  seus  pró-­‐

prios  fins.  Há  restrições  no  uso  por  particulares.   Ex:  prédio  onde  funciona  uma  autarquia  ou  repartição,  carros  oficiais,  etc.    

Dominicais  ou  dominiciais:   Bens  que,  apesar  da  titularidade  da  pessoa  jurídica  de  Direito  Público  interno,  não  estão  afeta-­‐

dos  nem  para  uso  comum  nem  para  uso  especial.     Ex:  produtos  feitos  por  uma  empresa  pública.     A  principal  conseqüência  é  que  podem  ser  alienados.  

Necessidade  de  atender  aos  requisitos  de  licitação    Lei  8.666/92,  art.  17.  -­‐ Box  no  Mercadão.  

Ato  de  permissão  do  poder  público:  permite  o  uso  aos  particulares  que  paguem  o  utilizem  o  box  median-­‐te  pagamento  de  aluguel.  

O  prédio  do  Mercado  Municipal  é  um  bem  de  uso  especial.  Quem  quiser  utilizá-­‐lo  deve  pagar  para  o  Es-­‐tado  para  possuir  a  permissão  de  uso  (licença).  O  mesmo  se  aplica  às  feiras  livres  (em  rua).  Há  um  con-­‐trato,  em  que  o  permissionário  paga  para  usufruir  desse  bem  do  Estado  por  meio  de  licença.  

-­‐ O  Teatro  Municipal  é  um  bem  de  uso  especial  afetado  para  uma  finalidade  cultural.  Para  assistir  uma  peça,  pa-­‐ga-­‐se  o  ingresso,  que  é  preço,  não  taxa.  

-­‐ A  Zona  Azul  também  pode  ser  considerada  um  preço  (não  taxa)  para  a  exploração  de  um  bem  público  por  um  determinado  período  de   tempo.  Essa  é   a  opinião  do  Professor  Régis.  Muitos   juristas   interpretam  a   Zona  Azul  como  taxa  de  polícia  (ou  taxa  de  serviço)  para  garantir  a  segurança  daqueles  que  estacionam  na  rua  pelo  tempo  previsto.  

-­‐ Quanto  ao  serviço  de  telefonia,  o  Estado  concede  ao  particular  o  exercício  de  uma  função  que  seria  sua  (CF/88,  Art.  21).  Há  uma  concessão  ou  permissão.  

 

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Petróleo  -­‐ Quem  descobre  o  petróleo  pode  explorá-­‐lo.  -­‐ Mudanças:  

Antes:  sistema  de  concessão:  quem  descobria,  explorava,   investia  e  pertencia  a  ele.  Depois,  pagava  ao  Estado  conforme  o  estabelecido.  

Hoje:  nova  lei  nº  12351/10.  Sistema  de  partilha:  o  Estado  dá  o  direito  de  concessão  (explorar,  extrair  e  investir),  pois  pela  CF88  todo  o  produto  mineral  do  subsolo  é  propriedade  do  Estado;  o  máximo  que  se  faz  é  pagar  uma  porcentagem  ao  explorador  e  ao  dono  do  terreno,  a  título  de  compensação.  Com  rela-­‐ção  aos  estados  e  municípios,  tal  compensação  é  dada  através  da  CFEM  (SEMINÁRIO  4).  

Observação:  os  contratos  feitos  aos  moldes  antigos  permanecem  assim.  Trata-­‐se  de  um  ato  jurídico  per-­‐feito.  Até  poderia  haver  alterações,  mas  o  Estado  estaria  sob  pena  de  indenizar  o  explorador.  

-­‐ Entidades  relacionadas  com  a  extração  petrolífera:  

Ministério  de  Minas  e  Energia    Política  do  petróleo.  

ANP    Fiscalização.  

Petrobrás    Participa  de  todas  as  explorações  de  petróleo.  

Petrosal    Controla  contratos  do  pré-­‐sal.  -­‐ Fundo  social  soberano:  fundo  de  natureza  contábil  e  financeira,  ligado  à  presidência  da  República,  direcionado  

às  hipóteses  previstas  em  lei  (educação,  saúde,  adaptação  às  mudanças  climáticas,  entre  outros).  Tal  fundo  ad-­‐vém  da  exploração  do  Pré-­‐Sal;  trata-­‐se  de  um  bônus  de  assinatura  (espécie  de  entrada  que  os  exploradores  dão,  parte  dos  royalties).    

Há  outro  fundo  soberano  para  suportar  abalos  na  economia.  

Preço  VS.  Taxa  -­‐ Preço:  

Estabelecido  por  contrato.  

Exploração  de  bens  estatais.  

Decorre  de  uma  relação  eminentemente  de  Direito  Privado.  Dessa  forma,  serviços  públicos  que  são  e-­‐xercidos  por  concessionárias  cobram  preços,  não  taxas.  

Relaciona-­‐se  com  as  leis  de  mercado,  podendo  ser  aumentado  a  qualquer  momento.  

Cobrança  pelo  uso  de  patrimônio  público.  -­‐ Taxa:  

É  tributo  estabelecido  por  lei.  

Decorre  de  serviços  prestados  diretamente  pelo  Estado.  

Sua  cobrança  só  pode  ser  feita  no  ano/exercício  seguinte  à  criação  ou  aumento  (princípio  da  anteriori-­‐dade).  

Complementado  com  90  dias  após  a  aprovação    evitar  abusos  comuns  antigamente,  como  tri-­‐butos  que  se  criavam  nos  últimos  dias  do  ano,  próximos  à  virada  de  exercício.  

Tributo  -­‐ Princípio  da  legalidade    Deve  constar  lei  que  determine  quanto,  como  e  quando  foi  criado,  sua  utilização,  etc.  -­‐ Só  pode  ser  cobrado  no  exercício  seguinte  a  sua  alteração  ou  aumento.  

Cinco  espécies  de  tributo  -­‐ Imposto:  independe  de  uma  atividade  do  Estado,  ou  seja,  não  existe  uma  contraprestação  (ex:  compro  um  carro  

 Estado  não  auxiliou  de  nenhuma  forma  a  transação).  

Numeração  de  impostos  é  exaustiva,  não  sendo  possível  instituir  outros  sem  Emenda  Constitucional.  

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É  a  modalidade  de  tributo  que  mais  fornece  recursos  ao  Estado.  

Ex.:  ICMS,  IPI,  IPTU,  IPVA.  -­‐ Taxa:  depende  de  atividade  do  Estado.  

Há  duas  possibilidades:  ou  através  do  exercício  de  poder  de  polícia  (imposição  de  limitações  ao  direito  de  propriedade  e  de  liberdade    art.  78  CTN),  ou  através  da  prestação  de  um  serviço  público  específico  e  divisível.  Neste  segundo  caso,  difere-­‐se  do  imposto  na  medida  em  que  é  possível  mensurá-­‐lo,  já  que  ele  é  individualizável.  

Se  há  concessão,  entretanto,  não  se  fala  em  taxa,  mas  em  preço,  que  não  é  espécie  tributária  nem  está  vinculada  às  limitações  das  leis  tributárias.  

RÉGIS,  já  que  não  é  uma  prestação  individualizá-­‐vel,  não  é  um  serviço  divisível  e  específico.  

-­‐ Contribuição  de  melhoria:  tem  como  fato  gerador  a  obra  pública.  Se  esta  acarretar  em  um  efetivo  aumento  da  valorização  imobiliária  (ex:  estação  de  metrô  construída  nas  redondezas),  há  a  possibilidade  de  cobrar  o  tributo.  

-­‐ Empréstimo  compulsório:  para  despesas  extraordinárias,  decorrentes  de  calamidade  pública,  guerra  ou  iminên-­‐cia  de  guerra  (art.  148).  

Devolução  deve  ocorrer  em  dinheiro,  e  não  em  títulos  de  dívida  pública.  -­‐ Contribuições  sociais,  de  intervenção  no  domínio  econômico  e  de  interesse  de  categorias  profissionais  ou  eco-­‐

nômicas.  Ex:  INSS,  FGTS,  PIS/PASEP.    

 

 

   

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Aula  V:  Teoria  Geral  do  Gasto  Público  (11/04/2011)  

Alguns  Pensadores  -­‐ ARISTÓTELES    Política:  cuida  do  Estado,  do  governo.  -­‐ Mercantilismo    Estado  controlador.  -­‐ Fisiocratas    Liberalismo.  -­‐ FOUCAULT    Neoliberalismo  (hoje)  

O  Estado  tem  o  rigor  de  um  controle    Abandono  do  laissez  faire.  

Monopólio  VS.  Serviço  Público  -­‐ Monopólio:  exclusividade  na  exploração  de  uma  atividade  econômica.  

Pode  ser  concedido  a  terceiros.  

Trata-­‐se  de  atividade  livre.  -­‐ Serviço  público:  obrigação  do  Estado  por  natureza,  definida  na  Constituição.    

CF/88:  Art.  145  (serviço  público  enquanto  taxa)  e  arts.  170-­‐173  (serviço  público  enquanto  preço).  

Atividade  de  Polícia  -­‐ Atividade  que  significa  um  cerceamento/limitação  na  atividade  e  liberdade  das  pessoas.  

Também  restringem  a  propriedade,  além  da  liberdade.  

Arbitragem  da  população.  

Arbitragem  do  Estado    Contra  o  Mercado    Ações  conformes:  controladoras  ou  reguladoras.  

Políticas  Públicas  -­‐ Estado  prestando  atividades.  -­‐ Receitas  obtidas  pelo  Estado  estão  destinadas  ao  atendimento  das  finalidades  traçadas  na  CF.  Essas  finalidades  

demandam  recursos,  que  devem  ser  racionalmente  gastos  pelo  poder  público.  Régis  cita  e  defende  a  focalização  das  políticas  públicas  em  contraposição  à  universalização.  

-­‐ surgem  as  políticas  públicas,  voltadas  à  efetivação  de  direitos  pela  população,  visando  ao  gasto  responsável.  

-­‐ Problemas  das  despesas  públicas.  

Despesas  Públicas  -­‐ A  decisão  do  gasto  é  uma  decisão  política.  -­‐ Princípio  da  legalidade:  

Apenas   a   lei   pode   prever   um   gasto   (lei   orçamentária   ou   créditos   especiais/complementares)   ou   uma  possibilidade  de  gasto  (orçamento).  

-­‐ Capacidade  contributiva    Princípio  do  Direito  Tributário  que  pressupõe  a  capacidade  de  contribuir  do  contri-­‐buinte  pela  quantidade  de  bens  que  ele  possui.  

Ex:  quem  mora  nos  Jardins  pode  pagar  mais  do  que  aquele  que  mora  na  periferia.  

Quem  tem  maior  capacidade  contributiva  precisa  menos  da  atividade  do  Estado  (pode  pagar  escola,  tem  carro  blindado,  pode  pagar  por  serviço  de  segurança  privado,  tem  plano  de  saúde,  etc.).  

Quem  tem  menor  capacidade  contributiva  precisa  de  mais  da  atividade  do  Estado.  É  a  essa  parcela  da  população  que  destina-­‐se  a  maior  parte  das  políticas  públicas.  

-­‐ CF/88,  Art.  212    Despesa  vinculada:  massa  de  recursos  destinada  à  educação,  ou  seja,  o  Estado  é  obrigado  a  gastar  a  verba  determinada  para  a  educação,  a  qual  foi  considerada  principal  pelo  constituinte  originário7.  

                                                                                                                     7  Observar  que  a  vinculação  de  despesa  é  vedada  na  maioria  dos  casos.  A  vinculação  de  recursos  para  educação  e  para  a  presta-­‐ção  de  garantias  de  financiamento  por  antecipação  da  receita  (art.167,  IV)  com  relação  à  saúde  (EC  29/2000)  e  pagamento  de  

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-­‐ CF/88,  Art.  167,  IV;  196;  198    A  saúde  também  se  tornou  receita  vinculada  do  Estado.  -­‐ Classificação:  

Despesas  correntes    Permanentes.  

Despesas  extraordinárias.  -­‐ Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  (LRF)    Impõe  rigor  ao  gasto  público.  

Requisitos  para  que  haja  o  gasto.  

Nenhum  ente  da  federação  pode  gastar  mais  de  60%  com  pessoal  (funcionários  públicos),  sobram  40%  para  investir.  

-­‐ Princípio  da  Eficiência  do  Gasto  Público  (CF/88,  Art.  37):  o  Estado  tem  que  ser  eficiente  nos  gastos  públicos.  

Contingenciamento  de  Gastos  Públicos  -­‐ Contingenciamento  é  o  congelamento  de  gastos  públicos  para  permitir  gastos  posteriores,  ou  seja,  a  imobilização  

de  recursos  públicos,  mesmo  que  previstos  em  lei.  Trata-­‐se  de  situação  emergencial.  

Atualidade:  Dilma  congelou  R$  30  mi  em  gastos  públicos.  

Lei  de  Orçamento  e  LRF.  -­‐ Opinião  do  Régis:  só  se  pode  contingenciar  quando  o  recurso  não  entra    Se  entra  o  recurso,  ele  deve  repas-­‐

sar/efetivar.  Está  na  lei.  Se  os  recursos  não  entrarem,  há  uma  situação  emergencial,  o  que  é  uma  justificativa.  -­‐ LRF,  Art.  9º:  STF  declarou   inconstitucional    Poderes   são  autônomos  e  não  devem   interferir  nas   receitas  dos  

outros.  

Direitos  Constitucionais  Positivos  VS.  Direitos  Constitucionais  Negativos  -­‐ Direito  constitucional  negativo:  implica  em  omissão  do  Estado,  em  não-­‐intererência.    

Direitos  de  1º  geração.  

Ex:  passeata,  liberdade  de  expressão,  etc.  -­‐ Direito  constitucional  positivo:  há  a  necessidade  de  ação  do  Estado.  

Direitos  de  2ª  geração.  

Esses  direitos  de  segunda  geração  referem-­‐se  às  despesas  públicas,  porque  o  Estado  deve  agir  para  ga-­‐rantir  esses  direitos.  

Ex:  remédios    STF  (relator  GILMAR  MENDES):  Direito  à  saúde  é  constitucional  e  deve  ser  garanti-­‐do,  mas  tem  um  limite  (finitude).  As  necessidades  são  infinitas,  mas  os  recursos  são  finitos.  O  Es-­‐tado  deve  comprovar  que  não  há  recurso  para  tal  ação,  para  só  assim  alegar  a  finitude  dos  re-­‐cursos.  

Ex:  Art.  212  (educação  para  todos)  se  não  há  creche,  pode-­‐se  ir  ao  judiciário  para  exigir  uma  vaga.  

Tribunal  de  Contas  e  Fiscalização  -­‐ Se  há  irregularidade  em  ato,  ele  suspende  na  hora.  -­‐ Se  há  irregularidade  em  contrato,  ele  examina  e  comunica  à  autoridade  que  há  uma  situação  irregular.  Se  após  

determinado  prazo,  não  for  resolvida  a  situação,  o  TCU  pode  intervir.    

 

   

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 débito  para  a  com  a  União  (EC  42/2003)  são  exceções.  A  vinculação  excessiva  prejudicaria  a  liberdade  de  gastos  serem  realiza-­‐dos  de  acordo  com  a  necessidades  do  Estado,  que  variam  com  o  decorrer  do  tempo.  

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Aula  VI:  O  Orçamento  e  a  Felicidade  (25/04/2011)  

-­‐ O  orçamento  seria  uma  forma  de  encontrar  a  felicidade;  -­‐ ZYGMUND  BAUMANN    Diz  que  a  crise  econômica  dos  EUA  não  leva  à  felicidade  subjetiva  dos   indivíduos    No  

mundo  de  hoje,  o  consumo  é  o  prazer.  

Coisificação  das  esferas  da  vida  social.  

Volatilidade  daquilo  que  se  deseja    As  coisas  se  tornam  ultrapassadas  e  obsoletas  muito  rapidamente.  -­‐ Sempre  há  o  confronto  entre  interesses  pessoais  e  comuns.  

Consumo  é  irracional.  

Não  se  tem  mais  a  felicidade  por  si  só.  Tem-­‐se  a  busca  pela  felicidade  e  tal  busca  é  permanente    Isso  é  um  problema,  principalmente  na  sociedade  de  consumo  (sempre  se  quer  mais).  

-­‐ Busca  permanente  de  felicidade  deve  ser  dada  pelo  Estado    orçamento.  

EUA    Constituição  diz  respeito  à  busca  da  felicidade    Norma  posta.  

Brasil  (últimos  governos)    Assistencialismo     a-­‐   a-­‐  

Alemanha      

Cuba    Prevalência  do  aspecto  social  em  detrimento  da  liberdade.  

Tunísia,  Egito,  Líbia,  Síria    Confronto  de  alegrias  (buscar  a  liberdade)  e  tristezas  (não  ter  liberdade).  -­‐ Orçamento  só  surge  com  um  regime  de  representação,  não  havendo  sentido  em  citá-­‐lo  em  contexto  de  regime  

autoritário,  no  qual  governante  não  dá  satisfação  aos  seus  subordinados.  

Surgiu  com  a  Magna  Carta,  de  1215:   João-­‐sem-­‐Terra  obrigado  a  não  instituir   impostos  sem  a  autorização  do  Conselho  Comum  (em-­‐

brião  do  Parlamento,  a  Casa  dos  Lordes)    Surgimento  do  Princípio  da  Legalidade  Tributária    Art.  17.  

-­‐ Budget  Speech:  prestação  de  contas  no  parlamento    Surgimento  da  figura  do  orçamento  na  Inglaterra.  -­‐ Orçamento  é  de  cunho  político:  

Investimento    Ex:  estradas    Pode  gerar  acidentes  e  demandar  mais  atendimento  médico,  etc.  

Social    Ex:  hospitais,  entre  outros.  

BAUMANN    Crescimento  do  PNB  não  leva  necessariamente  a  felicidade  da  população.  -­‐ O  orçamento  também  tem  os  cunhos  jurídico,  econômico  e  técnico.  

Atende  aos  meios  formais.  

Compatível  com  o  dinheiro  disponível.  -­‐ Diferenças  etárias    Gerações  diferentes  compartilhando  a  mesma  época  geram  confrontos    Um  governante  

mais  novo  pode  gerar  insatisfações  dos  velhos.  

O  orçamento  traz  para  o  mundo  jurídico  aquilo  que  prevalecer  nos  confrontos  internos.  -­‐ O  orçamento  é  uma  peça  que  abrange  3  leis:  

Plano  Plurianual  (duração  de  4  anos)    Lei  de  20/30  artigos  que  abrange  ideias,  plano  de  governo.  ,  para  vários  exercícios  financeiros.  Estabelece  as  diretrizes  e  metas  para  as  despesas  de  capital8  e  para  aos  programas  de  duração  continuada.  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias    Em  aproximadamente  100  artigos,  tal  lei  disciplina  o  exercício  finan-­‐ceiro  seguinte,  com  alterações  na  legislação  tributária.  

Lei  Orçamentária  Anual    Especificação  daquilo  que  consta  na  lei  de  diretrizes  orçamentárias.   Ex:  se  na  lei  de  diretrizes  orçamentárias  determinou-­‐se  a  criação  de  100  creches,  na  LOA  deter-­‐

mina-­‐se  onde  e  como  elas  serão  construídas.  

                                                                                                                     8  Despesas  de  capital:  a)  Investimento  (dotações  para  planejamento  e  execução  de  obras,    aumento  do  capital  de  empresas  sem  caráter  comercial  ou  financeiro)  ;  b)    Inversões  financeiras:  aquisição  de  imóveis  ou  bens  de  capital  já  em  utilização,  operações  bancárias,  seguros,  etc.;  c)  Transferências  de  capital:  investimentos  ou  inversões  para  outras  pessoas  de  direito  público.  

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-­‐ Fábula   das   Abelhas    Desenvolvimento   pode   ser   estimulado   pela   vaidade,   pela   guerra,   entre   outros   valores  menos  nobres    isso  não  significa  que  eles  devem  ser  incentivados  pelo  Poder  Público.    

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Aula  VII:  Orçamento  Público  (CF/88,  Arts.  165  e  seguintes)  (02/05/2011)  

Autorização  legal  para  o  gasto  público  -­‐ Toda  despesa  precisa  ter  autorização  em  lei  (lei  em  sentido  estrito).  

Créditos  Orçamentários  -­‐ Lei  Orçamentária  =  previsão  de  arrecadação  +  planejamento  dos  gastos.  

É  anual:  o  exercício  financeiro  começa  com  o  ano  no  calendário.  

Forma  mais  comum  de  se  obter  autorização  para  o  gasto  público.  

Todo  ente  federativo  precisa  ter  a  sua  lei  orçamentária.  

Créditos  Adicionais  -­‐ O  que  ocorre  quando  há  a  necessidade  de  um  gasto  antes  do  final  do  exercício  e  a  elaboração  de  um  novo  orça-­‐

mento?  

Ex:  epidemia,  catástrofe  natural,  etc.  

Para  isso,  há  o  mecanismo  de  Créditos  Adicionais  a  partir  do  qual  o  governo  tem  a  anuência  de  gastar  al-­‐go  que  não  está  previsto  no  orçamento.  

-­‐ Três  tipos:  

1)  Suplementares:  já  há  a  autorização  para  esse  gasto,  mas  a  verba  disponibilizada  é  insuficiente.  

2)  Especiais:  para  um  gasto  novo,  não  previsto  em  lei  orçamentária  anterior  ou  sem  dotação  orçamentá-­‐ria  específica.  

Deve-­‐se  fazer  o  pedido  a  Câmara  (liberação  do  Legislativo).  Se  não  autorizado,  o  governo  pode  esperar  o  próximo  exercício  financeiro,  ou  então  não  gastar.  Não  há  alternativa.  

Ex:  Fórmula  Indy   de  recuperação  do  asfalto  após  a  prova.  

3)  Extraordinárias:  créditos  autorizados  por  Medida  Provisória    A  CF/88  autoriza  esse  tipo  de  crédito  adicional  nos  casos  de  despesas  imprevisíveis,  necessárias  e  urgentes.  

A  idéia  de  crédito  adicional  extraordinário  é  apenas  para  algo  urgente.  Se  puder  esperar,  basta  pedir  ao  legislativo  a  aprovação  de  crédito  adicional  especial.  

Ex:  epidemia  de  doença  nova,  Ministério  da  Saúde  tem  que  produzir  uma  vacina  nova.   Existem  muitos  casos  abusivos;  ex:  em  2010  a  aprovação  de  crédito  adicional  extraordinário  des-­‐

tinado  ao  PAC,  enquanto  tais  gastos  deveriam  estar  presentes  no  orçamento  (previsão).  Além  do  mais,  essa  verba  poderia  ser  pedida  por  crédito  adicional  especial.  Outro  caso  de  abuso  é  a  a-­‐provação  de  crédito  via  MP  para  enviar  o  astronauta  brasileiro  para  o  espaço.  

Existem  gastos  extraordinários  que  são  constitucionais,  como  as  enchentes  em  RS  e  SC.   Nos   casos   de   gastos   sem  autorização,   o   TCU   pune.   Ele   pode   punir   tanto   instituições   e   entes,  

quanto  pessoas.  Na  prática,  infelizmente,  nota-­‐se  que  tais  punições  são  muito  raras.  

Observações  a  respeito  da  imposição  do  orçamento  -­‐ Existe  na  doutrina  um  argumento  de  que  se  o  governo   frustrar  uma  expectativa  pública  por  não   realizar  algo  

previsto  por  pura  vontade  (ou  falta  de),  pode-­‐se  exigir  o  cumprimento  de  tal  expectativa  alegando  boa  fé  públi-­‐ca.  É  difícil  sustentar  esse  argumento,  mas  ele  existe.  

-­‐ Essa  não  vinculatividade  entre  aprovação  do  orçamento  e  sua  execução  também  é  utilizada  (apesar  de  não  se  poder  fazê-­‐lo)  como  instrumento  de  negociação  com  parlamentares.  O  Executivo  pode  fazer  uso  do  contingenci-­‐amento  quando  os  gastos  previstos  são  muito  superiores  a  arrecadação.  Esse  contingenciamento,  contudo,  não  significa  que  o  governo  não  gastará  o  dinheiro.  Na  verdade,  essa  verba  está  separada  e  será  liberada  aos  poucos  se  houver  necessidade.  O  governo  escolhe  para  quais  setores  o  dinheiro  será  liberado  e  a  verba  será  gasta.  Essa  

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escolha  é  utilizada  como  instrumento  de  barganha  com  os  parlamentares  (representantes  dos  mais  distintos  in-­‐teresses).  

Orçamento:  Conceito  e  Funções  -­‐ Todo  orçamento  é  lei  (em  sentido  estrito)    Emana  do  legislativo.  -­‐ Trata-­‐se  de  uma  previsão  de  receitas  e  autorização  de  gastos.  -­‐ Há   também  uma   função  política     Todo  gasto  público  é   essencialmente  uma  decisão  política  e  o  orçamento  

revela  essas  designações  políticas.  -­‐ O  orçamento  tem  também  um  papel  econômico    As  demandas  do  governo  geralmente  são  em  grande  escala  e  

o  aumento  de  seus  gastos  gera  uma  pressão  inflacionária  em  muito  maior  escala  que  o  mercado  tradicional  de  consumidores.  

-­‐ Nos  últimos  anos,  o  governo  vem  gastando  muito,  o  que  reacende  o  perigo  de  uma  crise  inflacionária.  

Elaboração  e  Aprovação  de  Leis  Orçamentárias  -­‐ A  elaboração  de  projeto  de  lei  orçamentária  é  privativa  ao  chefe  do  poder  executivo.  -­‐ Tal  projeto  de  lei  é  enviado  ao  Legislativo,  o  qual  pode  propor  emendas  no  projeto  inicial.  -­‐ Finalmente,  ele  é  levado  a  votação.  Se  aprovado,  ele  volta  pra  o  chefe  do  Executivo,  que  pode  vetar  o  projeto  

(em  todo,  o  que  nunca  aconteceu,  ou  em  partes,  em  pontos  específicos).  Isso  gera  um  movimento  pendular  exe-­‐cutivo-­‐legislativo  até  que  o  projeto  seja  aprovado.  

Tipos  de  Orçamento  -­‐ Eles  são  três  tipos  de  leis.  

Plano  Plurianual  (PPA)  -­‐ Lei  com  vigência  de  4  anos    Do  2º  ano  de  mandato  do  chefe  do  Executivo    (Presidente,  governador  ou  prefeito)  

ao  1º  ano  do  próximo  mandato.  

Essa  duração  faz  sentido  porque  se  a  lei  começasse  a  valer  só  quando  assumisse  haveria  um  vácuo  muito  grande  entre  a  entrada  do  novo  governo  e  a  elaboração  e  aprovação  do  novo  plano.  Um  segundo  argu-­‐mento  é  que  haverá  anualmente  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  a  Lei  Orçamentária  Anual.  Como  o  orçamento  é  lei,  a  legislatura  anterior  também  representa  a  vontade  da  população  assim  como  a  legisla-­‐tura  atual  (em  tese).  

-­‐ Traz  o  planejamento  financeiro  para  o  quadriênio    Programas  de  longa  duração,  investimentos,  etc.    Mostra    como  as  suas  prioridades.  

-­‐ Devem-­‐se  prever  os  gastos  de  duração  continuada  (aqueles  que  levarão  mais  de  um  exercício  financeiro).  -­‐ ADCT,  Art.  35,  §2º:  Prazo  para  o  envio  da  PPA  é  de  4  meses  antes  do  final  do  exercício  (31  de  agosto,  portanto).  

O  projeto  é  aprovado  pelo  legislativo  e  deve  ser  aprovado  ou  sancionado  até  o  final  da  sessão  legislativa  (22  de  dezembro).  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO)  -­‐ A  sua  função  é  concatenar  o  Plano  Plurianual  e  a  Lei  Orçamentária  Anual.  -­‐ Dá  diretrizes  para  o  orçamento  anual,  ou  seja,  ela  estabelece  como  a  LOA  deve  ser  preparada  e  executada.  -­‐ ADCT,  Art.  35,  §2º:  Prazo  para  envio  da  LDO  é  de  até  8  meses  e  meio  antes  do  final  da  sessão  legislativa  (15  de  

abril).  Tal  projeto  deve  ser  aprovado  até  30  de  junho  (último  dia  do  primeiro  período  da  sessão  legislativa).  -­‐ A  LDO  no  Brasil  não  é  respeitada.  Ela  tem  um  papel  inócuo.  Trata-­‐se  de  uma  cópia  mal  feita  do  Parlamentarismo.  -­‐ Embora  a  CF/88  diga  que  deve  haver  harmonia  entre  o  PPA,  a  LDO  e  a  LOA,  na  prática,  isso  não  ocorre.  

Esse  sistema  faz  sentido  no  Sistema  Parlamentarista  por  conta  da  responsabilidade  política.  Se  o  PPA,  o  LDO  e  a  LOA  não  forem  respeitados,  cai  o  governo.  No  Brasil,  se  o  Executivo  e  o  Legislativo  não  se  apói-­‐

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am,  no  máximo,  ocorre  uma  crise  de  governabilidade.  No  Sistema  Parlamentarista,  o  primeiro  ministro  precisa  do  apoio  do  Legislativo  (parlamento).  Caso  contrário,  o  Chefe  do  executivo  cai.  

Lei  Orçamentária  Anual  -­‐ Princípio  da  legalidade:  previsão  legal.  -­‐ Princípio  da  universalidade:  todas  as  receitas  e  despesas  devem  estar  em  lei  orçamentária.  -­‐ Princípio  da  unidade:  um  orçamento  para  cada  ente  da  federação.  

Transparência,  previsibilidade  e  uma  noção  mais  precisa  de  quanto  o  governo  gasta  e  ganha.  -­‐ Princípio  da  exclusividade:  somente  matérias  de  Direito  Financeiro.  

e-­‐nal,  Civil,  etc.).  

-­‐ Princípio  da  anuidade:  uma  LOA  por  ano.  

Problema  recorrente:  aprovação  da  LOA  somente  em  fevereiro/março/abril.  

Com  base  na  Lei  nº  4320,  tem-­‐se  entendido  que  quando  ocorrer  tal  demora,  o  governo  pode  gastar  até  1/12  do  orçamento  do  ano  anterior  por  mês.  Isso  não  resolve  o  problema,  porque  o  governo  está  gas-­‐tando  sem  autorização  em  lei,  ou  seja,  ferindo  o  princípio  da  legalidade.  

-­‐ Princípio  da  não-­‐afetação  ou  da  não-­‐vinculação  (CF/88,  Art.  167,  IV):  dinheiro  de  impostos  não  pode  ser  vincula-­‐do  a  gastos.  Não  pode  haver  lei  que  vincule  a  um  gasto  específico  (projeto,  plano,  área,  etc.).  A  CF/88  abre  exce-­‐ções  para  duas  matérias:  saúde  e  educação.  

Se  houver  vinculação,  há  a  desvirtualização  do  imposto.  Ele  passa  a  ser  uma  contribuição.  

Execução  Orçamentária  e  Contingenciamento:  Interação  Legislativo-­‐Executivo  -­‐ Hoje,  cada  parlamentar  pode  propor  até  R$  13  mi  em  emendas  individuais,  com  máximo  de  25  emendas.  -­‐ As  emendas,  se  aprovadas  pelo  Legislativo  (Comissão  Mista  de  deputados  e  senadores),  constam  no  orçamento.  -­‐ Se  o  orçamento  é  irreal  (maior  que  a  arrecadação),  o  governo,  por  meio  de  um  decreto,  promove  um  contingen-­‐

ciamento  (isto  é,  um  congelamento  de  gastos,  não  o  cancelamento).  Tal  montante  é  liberado  ao  longo  do  ano  por  meio  de  negociação  com  os  parlamentares.  

A  verba  congelada  no  contingenciamento  pode  ser  liberada,  mas  não  necessariamente.  Pode-­‐se  termi-­‐nar  o  exercício  sem  que  todo  contingenciamento  seja  liberado.  

-­‐  Entidades  fantasmas  criadas  para  receberem  repasses  de  recursos  individuais.  -­‐ Operações:  Navalha,  Sanguessugas,  etc.  -­‐ Desrespeito  aos  prazos  estabelecidos  no  ADCT:  em  tese,  não  podem  ser  desrespeitados;  entretanto,  não  há  pre-­‐

visão  de  sanção  em  caso  de  desrespeito,  o  que  invariavelmente  provoca  atrasos.  -­‐ Fases  do  processo  orçamentário:  empenho  (reserva  do  montante  previsto  em  orçamento  para  certa  despesa),  

liquidação  e  despesa.    

   

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Aula  VIII:  Corrupção  (09/05/2011)  

4  Formas  de  Ingresso  na  Política  -­‐ Integrar  uma  Igreja.  

Ter  apoio  de  um  Sindicato.  Ter  visibilidade  na  mídia  (ou  ser  dono  dela).  Ter  dinheiro.  

-­‐ Após  se  eleger,  o  político  tem  um  débito  com  as  suas  bases,  as  quais  o  elegeram.  Com  isso,  tal  sistema  propicia  uma  série  de  desvios  e  corrupção.  

O  Príncipe,  Maquiavel  -­‐ A  obra  O  Príncipe,  de  MAQUIAVEL9,  representa  a  ruptura  do  pensamento  político  daqueles  que  pensavam  idealis-­‐

ticamente  (como  PLATÃO10,  em  A  República;  THOMAS  MORUS11,  em  Utopia;  SANTO  AGOSTINHO12;  entre  outros).  -­‐  

tempo,  ser  hábil.  

Ele  pode  controlar  por  amor  (generosidade)  quando  puder;  quando  não  der,  ele  deve  ser  forte.  Neste  caso,  ele  pode  corromper  sem  ter  pudores,  porque  ele  não  pode  perder  o  trono  para  não  sacrificar  seu  povo      

 e  provocar  a  revolta  de  seu  povo,  nem  ser  amado  demais  a  ponto  de  ser  negligenciado.  

Ex:  Kéron  (centauro)  que  deu  todos  os  ensinamentos  a  Ulisses.  

Foucault:  A  Verdade  e  as  Formas  Jurídicas  -­‐ Comentário  às  origens  do  inquérito  na  religião.  -­‐  em  contraposição  à  anterior  guerra  privada.  

Assim,  o  direito  instaurou  a  vingança  regulamentada,  institucionalizada.  

                                                                                                                     9  NICOLAU  MAQUIAVEL  (1469-­‐1527):  a  renovação  do  homem  não  apenas  em  sua  individualidade,  mas  também  na  sua  vida  em  co-­‐munidade;  por  meio  da   investigação  histórica,  Maquiavel   chega  à   forma  original  a  que  a   comunidade  deve   retornar,  que  á  a  república   livre,  como  nos  primeiros  tempos  da  nação  romana.  Realismo  político:  as  considerações  sobre   justiça  ou  moral  não  importam  -­‐  é  necessário  se  ater  à   i-­‐os":  quando  for  preciso,  o  príncipe  deve  lançar  mão  da  dissimulação  e  da  violência  para  resistir  e  mudar  o  curso  dos  aconteci-­‐mentos.  O  príncipe  ideal  deve  ser  ao  mesmo  tempo  amado  e  temido,  o  que  é  muito  difícil  de  conseguir,  devendo  então  fazer  a  

r  do  pensamento  especulativo,  ético  e  religioso,  assumindo  como  cânon  metodológico  o  princípio  da  especificidade  do  seu  próprio  objeto;  estudo  condicionado  não  por  princípios  válidos  em  outros  âmbitos,  mas  que  podem  ser  impostos  à  investigação  política.  10  PLATÃO  (c.  428-­‐347  a.  C.):  usava  um  método  dialético,  que  possibilitava  que  o  conhecimento  teórico  se  autofundamentasse  e  

volta  ao  mundo  da   injustiça).  Para  ele,  o  mundo  real,  que  é  supra-­‐sensível  ou  inteligível,  existe  de  forma  anterior  e  mais  efetiva  do  que  o  mundo  sensível.  Disso  decorre  uma  porção  bastante  bela  de  sua  filosofia:  conhecer  seria  reconhecer,  lembrar-­‐se  das  idéias  que  foram  contempladas  pela  alma,  mas  esquecidas  por  causa  do  apego  do  corpo  às  coisas  sensíveis;  a  alma  reconheceria  as  idéias  porque  participaria  do  mundo  inteligível:  como  as  idéias,  ela  seria  imaterial,  incorpórea  e  impalpável.  11  THOMAS  MORUS  (1478-­‐1535):  Utopia:  lugar  onde  não  há  propriedade  privada  nem  injustiças  ou  perseguições,  especialmente  a  religiosa;  crítica  à  situação  vivida  pela  Inglaterra:  o  contraste  entre  a  riqueza  e  a  corrupção,  de  um  lado,  e  a  escassez  e  a  pobreza,  de  outro.  Para  Morus,  bastaria  seguir  a  sã  razão  e  as  mais  elementares  leis  da  natureza,  que  estão  em  perfeita  harmonia  com  a  razão,  para  acabar  com  os  males  que  afligem  a  sociedade.  12  SANTO  AGOSTINHO  (354-­‐430):  Fez  parte  da  patrística,  a  filosofia  dos  padres,  que  representa  o  esforço  de  munir  a  fé  de  argumen-­‐tos  racionais.  Dentre  outras  sistematizações:  o   tempo  não  está  no  movimento,  mas  sim,  na  alma   -­‐  na  memória   (passado),  na  intuição  (presente)  e  na  espera  (futuro);  o  mal  é  a  deficiência  ou  privação  do  Bem,  que  provém  de  Deus.  Uma  de  suas  principais  

a-­‐a  que  os  pró-­‐

prios  homens  teriam  destruído  a  Cidade  Celeste,  mas  não  argumentou  de  forma  mais  profunda.  

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Estatização  do  dano:  o  dano  não  é  só  entre  os  indivíduos,  mas  entre  o  indivíduo  e  o  Estado.  Daí  nasce  a  infração  e  a  atividade  do  Estado  de  resolver  conflitos.  

Licitações  e  Corrupção  -­‐ O  Direito  Financeiro  lida  com  editais  prévios.  -­‐ Em  um  contexto  de  corrupção,  muitas  licitações  são  combinadas  previamente.  -­‐ Em  contratos  de  subempreitada  também  há  muita  corrupção.  

Subvenção  (Lei  nº  4320/64)  -­‐ Contexto  do  Regime  Militar  (1964).  -­‐ Subvenção:   trata-­‐se  do  auxílio  a  uma  empresa/atividade/entidade  privada  ou  pública  com  investimentos  e  re-­‐

cursos  públicos,  com  finalidades  assistenciais,  culturais  ou  empresariais.  

Ex:  A  faculdade  de  medicina  é  excessivamente  cara.  Por  isso,  o  Estado  faz  uma  parceria  com  uma  facul-­‐dade  particular,  que   já  tem  a   infra-­‐

.  -­‐ A  subvenção  é  estabelecida  primeiramente  e  em  linhas  gerais  na  LDO    Art.  32  a  38  (copiados  todos  os  anos).  

Depois,  ela  é  especificada  na  LOA.  -­‐ Os  campos  possíveis  para  a  subvenção  são  a  educação,  saúde  e  assistência  social.  -­‐ OSCIP  (Organização  da  Sociedade  Civil  de  Interesse  Público)    Assume  o  aparato  público  e  o  gerencia  pelos  seus  

próprios  métodos.  O  gerenciamento  é  privado,  mas  recebe  verba  pública  para  fazê-­‐lo.  

OSCIP    Empresas  que  se  cadastram  e  recebem  uma  licença  para  exercer  tal  atividade.  

Ex:  Hospitais  em  parceria  público-­‐privada.  -­‐ Questão:  coloca-­‐se  no  orçamento  R$  1  mi  para  subvenção  de  determinada  empresa,  mas  de  repente  essa  verba  

não  entra  por  haver  contingenciamento.  O  que  acontece?  Há  direito?  Houve  dano?  Pode-­‐se  reivindicar  tal  direi-­‐to  se  ele  existe?  Trata-­‐se  de  terceiro  de  boa  fé?  O  desvio  de  finalidade  pode  causar  sanção?  

exercício  depende  de  circunstâncias  empíricas  e  da  fiscalização  de  agente  público  encarregado.  Não  há,  logo,  direito  subjetivo  a  ser  assegurado  por  via  judicial.  

-­‐ Ex:  há  um  incêndio  na  Praça  da  Sé.  O  governo  pode  destinar  recursos  para  ajudar  a  Igreja?  Ou  qualquer  outra  Igreja  que  necessite?  

CF/88,  Art.  19,  I    Estado  laico:  é  vedada  a  subvenção  de  Igrejas.  

A  simples  subvenção  de  uma  Igreja  é  diferente  de  uma  Igreja  histórica,  na  qual  não  se  subvencionaria  o  culto  religioso,  mas  um  patrimônio  histórico.  Nesse  caso,  pode  ocorrer  a  subvenção.  Do  mesmo  modo  que  se  pode  subvencionar  uma  entidade  social,  como  um  orfanato,  que  tenha  sido  criada  pela  Igreja.  

-­‐ Ética  na  concessão  de  subvenções:  

Ética  só  existe  no  relacionamento  social.  

Deve-­‐se  investir  corretamente,  prestar  contas  e  sancionar  em  caso  de  irregularidades.    

   

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Aula  IX:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária  (16/05/2011)  

Conceito  (CF/88,  Art.  170)  

Art.  70.  A  fiscalização  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial  da  União  e  das  entidades  da  administração  direta  e   indireta,  quanto  à   legalidade,   legitimidade,  economicidade,  aplicação  das  subvenções  e   re-­‐núncia  de  receitas,  será  exercida  pelo  Congresso  Nacional,  mediante  controle  externo,  e  pelo  sistema  de  controle  interno  de  cada  Poder.  

Parágrafo   único.   Prestará   contas   qualquer   pessoa   física   ou   jurídica,   pública   ou   privada,   que   utilize,   arrecade,  guarde,  gerencie  ou  administre  dinheiros,  bens  e  valores  públicos  ou  pelos  quais  a  União  responda,  ou  que,  em  no-­‐me  desta,  assuma  obrigações  de  natureza  pecuniária.  

-­‐ Fiscalização    Todos  os  gestores  de  dinheiro  público  estão  sujeitos  à  fiscalização.   Controle  Externo    Congresso  Nacional.  

Função  do  deputado    Representante  da  sociedade.   Controle  Interno    Pelos  próprios  poderes.  

Por  que  fiscalizar?  

-­‐ Contexto  de  um  Estado  Democrático  de  Direito.  

Há  indisponibilidade  do  recursos  públicos,  e  logo  deve-­‐se  assegurar  que  estes  não  sejam  direcionados  para  fins  diversos  daqueles  constitucionalmente  garantidos,  ou  que  seu  gasto  seja  feito  de  forma  res-­‐ponsável.    

-­‐ Equilíbrio  entre  as  forças  que  administram  o  Estado.  -­‐ Fiscalização  da  sociedade  para  manter  a  harmonia  e  o  equilíbrio  entre  os  Poderes.  

Objeto  

-­‐ Finanças  públicas:  dinheiro  público  (gasto).  -­‐ Orçamento:  leis  orçamentárias.  -­‐ Subvenções:  despesa  pública.  -­‐ Renúncia  de  receitas:  receitas.  -­‐ Empréstimos  públicos.  -­‐ Bens  públicos.  

Aspectos  objetivos  

-­‐ Legalidade:  verificação  dos  requisitos  necessários  para  que  a  despesa  pudesse  ocorrer.  -­‐ Economicidade:  de  acordo  com  a  realidade  dos  padrões  econômicos  vigentes  (contra  superfaturamento  e  negli-­‐

gência).  -­‐ Legitimidade:  real  atendimento  das  necessidades  públicas    admite  exame  de  mérito.  

Ex:  asfaltamento  de  uma  avenida  que  dá  acesso  a  um   loteamento  de  alto  padrão  ao   invés  do  asfalta-­‐mento  de  um  bairro  periférico  (o  que  de  fato  está  previsto  no  orçamento)  porque  a  obra  realizada  vai  de  acordo  com  os  interesses    de  lideranças  locais  não  é  legítimo.  

Modalidades  

-­‐ Contábil:  Documentação  de  gastos  financeiros  administrativos    Mera  contabilização  de  despesas.  -­‐ Financeira:  Finanças  propriamente  ditas.  É  a  entrada  e  a  saída  de  dinheiro  de  uma  conta  pública.  -­‐ Orçamentária:  Toda  arrecadação  está  prevista  no  orçamento  e  a  despesa  está   fixada  no  orçamento   (autoriza-­‐

ção)    Adequação  da  despesa  pública  com  a  previsão  orçamentária.  

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-­‐ Operacional:  Sistemática   interna  de   fazer  uma  compra,  obediência  aos  meios   legais  de   liberação  de  verbas   (a  constatação  de  necessidade  ,  a  licitação,  o  recebimento,  o  pagamento,  etc.)  

-­‐ Patrimonial:  Patrimônio  do  Estado,  cuidar  para  que  ele  não  pereça.    

Formas  de  controle  

-­‐ Interno    Por  meio  de  órgão  interno.  Obrigatoriedade  constitucional  de  cada  poder  ter  um  órgão  interno  em  sua  estrutura  para  controlar  os  atos  internos  àquele  poder.  Tais  órgãos  também  devem  ter  certa  coordenação  com  os  órgãos  dos  outros  poderes,  para  uniformização  de  providências.  

-­‐ Externo    Exercido  pelo  Congresso  Nacional,  auxiliado  pelo  Tribunal  de  Contas  (independência  funcional)    Tal  controle  também  pode  ser  feito  diretamente  por  meio  de  comissão  de  deputados  (Comissão  de  Fiscalização  Fi-­‐nanceira  e  Controle).  

-­‐ Tribunal  de  Contas    CF/88,  Arts.  70  a  74.  

Órgão  vinculado  ao  Poder  Legislativo.  

Caráter  administrativo    Sem  natureza  jurisdicional,  isto  é,  passível  de  apreciação  pelo  poder  judiciário.  

Prerrogativas  constitucionais  semelhantes  às  do  judiciário    Divergência  doutrinária:  alguns  veem  o  TCU  como  um  órgão  jurisdicional,  outros  não.  

-­‐ Social    CF/88,  Art  74    Qualquer  cidadão  pode  denunciar  irregularidades  no  gasto  público  para  o  TCU.  

Tipos  de  Controle  

-­‐ Classificação  em  relação  ao  momento  do  gasto.  -­‐ Prévio    Antes  do  momento  do  gasto  público  (ex:  licitação  submetida  à  análise  do  TC).  -­‐ Concomitante    No  momento  no  qual  o  gasto  público  está  sendo  efetuado  (ex:  TC  susta  o  ato  que  gasta  erário  

público).  -­‐ Posterior    Após  o  gasto  público.    

É  o  mais  usual  (em  maior  volume).  

Um  dos  princípios  do  orçamento  é  a  sua  periodicidade.  Ao  final  de  um  exercício,  todos  são  obrigados  a  prestar  contas.  

Não  há  como  corrigir,  só  há  como  responsabilizar  o  administrador  público.  

LRF  (LC  101/2000)  

-­‐ Fiscalização  e  controle  ganhou  bastante  espaço  com  a  LRF.  -­‐ A  LRF  é  de  2000,  ou  seja,  tem  11  anos  e  abrange  apenas  3  mandatos  para  prefeitos.  -­‐ Transparência  (preceito  moderno)  aliada  à  fiscalização  e  controle.  -­‐ Lei  moralizadora  em  termos  de  gestão  pública.  -­‐ Obrigação  à  conduta  proativa  na  qual  a  fiscalização  vai  ser  mais  fácil.  -­‐ Influência  do  Direito  dos  EUA    Accountability    Dever  de  prestar  contas  -­‐ Função  do  congressista    Fiscalização  e  legislação  (diferente  da  lógica  de  atrair  obras  e  receitas  para  a  sua  regi-­‐

ão).  -­‐ Até  1988,  subvenções  e  renúncia  de  receitas  eram  caminho  para  a  corrupção  

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-­‐  -­‐ Controladoria  Geral  da  União    Portal  da  Transparência.  -­‐ O  TCU  fiscaliza  financeiramente  os  poderes  executivo,  legislativo  e  judiciário,  e  também  o  Ministério  Público.  

Notas  extras  

-­‐ Lei  de  Improbidade  Administrativa13.  -­‐ Crime  contra  as  finanças  públicas  (CP).  -­‐ Somente  São  Paulo  e  Rio  de  Janeiro  (cidades)  têm  tribunais  de  contas  próprios,  a  CF  viola  a  criação  de  outros.  -­‐ Responsabilização  do  agente  público  (prevista  nos  artigos  70  a  74  da  CF)  estipula  regras  de  conduta  que  visam  

coibir  e  sancionar.  

TC  de  forma  administrativa.  

Poder  judiciário  aplicando  as  leis  vigentes.  

MP  defendendo  a  cidadania.    

   

                                                                                                                     13  Lei  8.428/92.  Pune  três  principais  tipos  de  conduta:  enriquecimento  ilícito,  dano  ao  Erário  e  atos  que  atentem  contra  os  prin-­‐cípios  da  Administração  Pública.  Dentre  as   sanções  cominadas  estão  a  perda  dos  direitos  políticos,  a  perda  da   função  pública  desempenhada  pelo  agente,  o  ressarcimento  do  dano  e  a  proibição  de  contratar  com  o  poder  público;  mais  do  que  as  modalida-­‐des  variadas,  a  severidade  das  penas  chama  bastante  a  atenção.  Um  de  seus  aspectos  curiosos  é  que  a  ação  de   improbidade  tramita,  simultaneamente,  nas  três  esferas  básicas  do  Direito:  Civil,  Penal  e  Administrativa;  isso  é  como  que  consenso  na  doutri-­‐na,  mas  há  discordância  de  alguns  penalistas,  que  consideram  o  fato  um  bis  in  idem.  Apesar  de,  em  tese,  ser  considerada  uma  verdadeira  arma  contra  a  corrupção,  a  própria  doutrina    auxiliada  pela  jurisprudência    criou  uma  figura  excepcional:  a  impro-­‐bidade  administrativa  de  bagatela,  que  envolve  pequenos  valores  e  conseqüente  diminuição  da  punição.  De  fato,  dada  a  severi-­‐dade  das  penas,  é  justo  que  se  busque  maior  proporcionalidade;  infelizmente,  tal  figura  já  foi  utilizada,  em  função  da  indetermi-­‐nação  de  seu  conceito,  como  tática  de  defesa  em  vários  casos  de  vultosas  somas  retiradas  do  Erário.  

Poder  Executivo

Controladoria  Geral  da  União

Ministério  Público

Poder  Judiciário Controle  Interno

Poder  Legislativo

Tribunal  de  Contas  da  União

Controle  Interno

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Aula  X:  Precatórios  (23/05/2011)  

Conceito  

-­‐ Tecnicamente,  é  um  ofício/documento  emitido  na  situação  de  existência  de  uma  dívida  do  poder  público  quando  condenado  em  definitivo  pelo  juiz,  dando  o  direito  ao  indivíduo  de  receber  uma  indenização  ou  outra  situação.  

-­‐ O  juiz  manda  o  ofício  para  o  presidente  do  Tribunal  e  esse  determina  o  ao  poder  público  a  inserção  do  precatório  na  folha  de  pagamento,  mas  não  pode  executar  a  dívida  de  imediato.  

Disciplina  Constitucional  

-­‐ Art.  100,  CF.  -­‐ Arts.  33,  78  e  97,  ADCT.  -­‐ EC  62    Mudanças  no  Art.  100,  CF  e  97,  ADCT.  -­‐ 5  ADIns  pendentes.  

Ordem  de  Pagamento  

-­‐ 2%  destinado  ao  pagamento  de  precatórios  

2  bilhões  em  precatórios  no  estado  de  SP    Menos  de  10%  do  total  de  precatórios  -­‐ Ordem  de  pagamento:  sistema  com  uma  fila  contínua  que  não  pode  ser  quebrada  

Preferência    Precatórios  alimentares  (subsistência  do  credor:  salários,  gratificação,  pensão  por  morte,  pensão  por  invalidez,  aposentadoria,  etc.).  

Na  fila  de  precatórios  alimentares,  aqueles  que  tinham  mais  de  60  anos  na  data  de  expedição  do  ofício  precatório  tem  uma  preferência  maior.  

Doenças  graves  também  têm  preferência    Resolução  do  CNJ  nº  110.  

Para  dois  precatórios  lavrados  no  mesmo  dia,  aquele  que  tem  preferência  é  o  de  menor  valor.  -­‐ Precatórios  não-­‐alimentares/comum    Não  têm  a  preferência  da  primeira  fila.  -­‐ Ordem  de  pagamento  deve   ser  cronológica  em  qualquer  uma  das   filas    Em  relação  à  data  de  expedição  do  

ofício  precatório  em  qualquer  uma  das  filas.  -­‐ Filas  tem  10/15  anos.  -­‐ Até  julho,  o  presidente  do  tribunal  manda  para  o  executivo  o  relatório  de  precatórios  para  ser  incluída  no  proje-­‐

to  de  orçamento  -­‐  

Solução:  Seqüestro  de  verbas:  solicitação  ao  Presidente  do  Tribunal;  restabelecimento  da  ordem  da  fila;  dinheiro  dado  a  quem  é  de  direito    Idéia  é  segurar  o  dinheiro  para  que  ele  vá  a  quem  é  de  direito.  

Presidente  do  tribunal  é  fiscalizado  pelo  CNJ    sujeito  a  crime  de  responsabilidade.  

Obrigações  de  pequeno  valor  

-­‐ Para  as  dívidas  de  pequeno  valor,  o  pagamento  não  é  feito  pela  via  de  precatório.  -­‐ ADCT,  Art.  97    Parâmetro  de  60  salários  mínimos  para  o  governo  federal,  40  para  estados  e  30  para  os  municí-­‐

pios    Até  que  se  crie  lei  própria  de  parâmetros.  

Cessão  a  terceiros  &  compensação  

-­‐ Feita  na  forma  de  leilão:  hasta  pública.  -­‐ Critério:  menor  valor  que  a  pessoa  está  disposta  a  receber  em  detrimento  do  real  valor  do  precatório    Liquida-­‐

ção  do  precatório  com  menor  valor.  

Lógica  perversa.  Constitucionalmente  furando  a  fila.  -­‐ Compensação  da  dívida  que  se  tem  com  o  governo  com  aquilo  que  o  governo  tem  a  pagar    Compensação  dada  

no  momento  do  pagamento.  

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-­‐ A  compensação  por  iniciativa  do  credor  depende  de  previsão  legal,  já  o  governo  pode  fazer  tal  compensação  a  seus  critérios.  

Ex:  SP    Não  há  compensação  de  dívida  de  impostos  com  precatórios  (parecer  da  Procuradoria  da  Fa-­‐zenda).  

-­‐ A  divida  de  alguém  com  um  governo  cresce  com  alíquota  de  juros  muito  superior  a  dos  precatórios.  -­‐ Cessão  a  terceiros    Tendência  dos  tribunais  é  no  sentido  de  que  pode-­‐se  ceder  precatórios;  EC  pacificou  tal  

 -­‐ Necessidade  de  comunicação  aos  tribunais.  

Média  de  compra    30%  do  valor  de  face.   Depende  da  qualidade  dos  precatórios.  

-­‐  Inércia  do  poder  público  gera  mercado.    

   

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Aula  XI:  Crédito  Público/  Dívida  Pública  (30/05/2011)  

Conceito  -­‐ Montante  de  dinheiro  tomado  emprestado  que  gera  uma  obrigação  de  devolver/restituir    Gera  obrigação  no  

passivo  concomitante  a  entrada  de  dinheiro  (direito  de  recebimento).  -­‐ Não  se  trata  de  uma  receita  pública:  é  mera  entrada14,  mas  deve  constar  no  orçamento  (princ.  da  previsão  legal).  

A  devolução  deve  ser  feita,  não  importa  o  prazo  de  devolução.  

Se  o  dinheiro  não  precisar  ser  devolvido,  trata-­‐se  de  uma  doação.  -­‐ Na  economia,  o  termo  dívida  pública  é  mais  comum,  no  Direito  usa-­‐se  tanto  crédito  público  (mais  técnico)  quan-­‐

to  dívida  pública  (ex:  LRF).  -­‐ Análise  do  custo  de  oportunidade    Remuneração  pelo  empréstimo.  -­‐ Dependendo  da  confiança  que  o  credor  deposita  no  governo  postam-­‐se  as  condições  do  empréstimo    Remu-­‐

neração  pelo  risco  (elemento  de  confiança).  

 Influencia  o  elemento  de  confiança.   Ex:  Brasil,  Argentina  (década  de  2000).  

Natureza  -­‐ Empréstimo  é  uma  contratação    Acordo  de  vontades  

Papel  do  Senado  -­‐ Previsão  legal  necessária,  porque  em  última  medida,  há  o  gasto  no  pagamento  de  juros  do  empréstimo    Prin-­‐

cípio  da  legalidade  em  termos  de  finanças  públicas.  -­‐ Se  for  dívida  externa,  há  a  necessidade  de  autorização  do  Senado    Representantes    dos  entes  da  federação.  -­‐ A  contratação  de  um  empréstimo  externo  afeta  diretamente   a   federação,  por   isso   também  a  necessidade  de  

autorização  do  Senado,  mesmo  que  a  pessoa  jurídica  de  direito  público  que  toma  o  empréstimo  seja,  por  exem-­‐plo,  o  estado  de  São  Paulo.  

Divida  Externa  

Critério  da  Moeda  -­‐ Se  for  Real  é  dívida  interna,  e  se  for  moeda  estrangeira,  trata-­‐se  de  dívida  externa.  -­‐ Problema:  o  Brasil  emite  títulos  da  dívida  pública  em  mercados  estrangeiros  em  reais.  

Critério  do  Local  de  Assinatura  da  Contratação  -­‐ Se  a  contratação  for  firmada  no  Brasil,  trata-­‐se  de  dívida  interna;  caso  seja  contratada  no  estrangeiro,  trata-­‐se  de  

dívida  externa.  -­‐ Problema:  assinatura  de  contraltos  digitais.  

Domicílio  do  Credor  -­‐ Se  aquele  que  está  emprestando   tiver  domicílio  no  Brasil,   trata-­‐se  de  um  empréstimo   interno;   se  não  houver  

domicílio  no  Brasil,  e  for  não  regida  pelo  direito  brasileiro,  trata-­‐se  de  dívida  externa.  

Externa:  FMI,  outros  países,  bancos  estrangeiros,  Banco  Mundial,  etc.  

Interna:  Bancos  brasileiros,  bancos  estrangeiros  fixados  no  Brasil  (ex:  Citybank  Brasil,  HSBC  Brasil,  etc.).    

FMI  -­‐ FMI  é  uma  espécie  de  clube;  para   fazer  parte,  deve-­‐se   investir  nele;  em  momentos  de  crise,  o   fundo  oferece  

ajuda  de  curto  prazo  aos  membros.  

                                                                                                                     14  Régis  fala  em  "movimento  de  caixa",  valores  que  entram  já  com  o  propósito  de  serem  restituídos.  

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-­‐ A  concessão  de  empréstimos  pelo  FMI  é  dada  mediante  garantias/  contrapartidas:  

Redução  do  gasto  público    Gera  impopularidade.  

Aumento  da  tributação    Aumento  de  receitas.  -­‐ Hoje,  o  Brasil  é  credor  no  FMI  (suas  dívidas  são  inferiores  aos  empréstimos).  -­‐ Os  EUA  têm  a  maior  quota  de  participação  no  fundo.  

Brasil  -­‐ Brasil  (década  de  1990)    Controle  de  gastos  públicos    Redução  de  desperdícios    LRF  (LC  101/2000).  

A  imposição  do  FMI  fortaleceu  o  Brasil  na  própria  instituição    Contenção  do  endividamento  brasileiro  (legado  importante)    40%  do  PIB  do  Brasil  (R$  1,5  tri)    Dívida  essencialmente  interna  (típico  de  paí-­‐ses  mais  desenvolvidos)    R$  85  bi  é  a  dívida  externa.  

Tecnicamente  a  dívida  externa  do  Brasil  se  extinguiu    Saldo  positivo,  mas  em  muitas  situações  não  é  favorável  quita-­‐la.  

LRF    Cópia  de  uma  lei  da  Nova  Zelândia  (Fiscal  Responsability  Act).   Peculiaridades  na  NZ  =  vícios  na  LRF.  

Parlamentarismo  (negociação  orçamentária  entre  Executivo  e  Legislativo).   Estado  Unitário  (concentração  de  poderes  na  União).  

Cenário  Internacional  -­‐ Zona  do  Euro    Média  de  endividamento  80%  do  PIB    Sinais  de  turbulência.  

Caso  dos  PIGs      Portugal,  Irlanda  e  Grécia    Situação  de  desespero,  à  beira  da  moratória.   Brasil  emprestou  dinheiro  a  Portugal.   FMI  e  países  europeus  estão  socorrendo  a  Grécia.  

Não  se  sabe  o  tamanho  da  dívida    Não  há  controle  central  (ex:  Secretaria  do  Tesouro  Nacional)    Como  o  Brasil  há  30  anos  atrás.  

Irlanda   (Tigre  Celta)    Crescimento  vertiginoso   (para  padrões  europeus  nas  últimas  décadas),  mas  dado  por  empréstimos  de  países  ricos    Inglaterra  e  Alemanha  principalmente.  

Não  foi  desenvolvimento  de  longo  prazo    Infra-­‐estrutura.  

Espanha   e   Itália   também  estão   em   crise,   atenuadas   diante   dos   PIGs   porque   tratam-­‐se   de   economias  mais  fortes.  

-­‐ Japão    Endividamento  de  188%  do  PIB  (previsão  de  230%).  

Poupança  interna  muito  grande.  

Bancos  nacionais  confiam  no  governo.  

Extinção  -­‐ Pagamento  -­‐ Compensação  -­‐ Repúdio    Não  reconhecimento  da  dívida  

Ocorre  geralmente  após  revoluções  políticas.  

Ex:  Governo  revolucionário  da  URSS  negou  a  dívida  do  Czar.  -­‐ Bancarrota    Não  há  como  pagar.  

EUA    Determinados  municípios  podem  quebrar  (esgotamento  das  finanças).   Extinção  administrativa  do  dinheiro    Tudo  que  resta  do  município  extinto  passa  ao  município  

vizinho.  

Brasil    Continua  devendo,  não  há  quebra.   Intervenção  e  renegociação.   União  chega  a  dar  dinheiro.  

Difere-­‐se  da  Moratória    Negociação,  postergação  do  pagamento.  

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-­‐ Pode  haver  invasão  militar  quando  há  a  recusa  de  pagamento  de  divida  pública?  

Doutrina  Drago  (Argentina,  início  do  século  XX)    No  Direito  Público  Internacional,  não  há  a  admissão  de  15.  

Limites  -­‐ Segundo  papel  do  Senado  Federal    Fixação  de  limites  para  a  dívida  pública  Resoluções:  40,  43  e  48.  -­‐ LRF    Traz  os  critérios  de  limitação  do  endividamento  público.  -­‐ Controle  inclusive  na  concessão  de  garantias.  -­‐ Problema:  entes  desrespeitam  os  limites    Interesses  políticos    Sanções:  responsabilização  dos  governantes,  

vedação  a  transferências  voluntárias,  etc.  

 

   

                                                                                                                     15  Possibilidades  de  uso  de  força  entre  Estados  estão  basicamente  restritas  à  legítima  defesa  (art.  51,  Carta  da  ONU)  e  à  autori-­‐zação  do  Conselho  de  Segurança  da  ONU  em  casos  de  ameaça  à  segurança  e  paz  mundial  (art.  42,  ibidem)  segundo  o  DIP.  

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Aula  XII:  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    Lei  Complementar  101/2000  (06/06/2011)  

Notas  introdutórias  -­‐ Previsão  constitucional  de  elaboração  dessa  lei  complementar.  -­‐ Lei  moralizadora  da  gestão  pública.  

Momento  jurídico  importante    Nova  concepção  de  Estado.   Estado  bilateral     Estado  para   servir   a   sociedade     Cooperação  para  a   garantia   dos   direitos  

fundamentais  das  pessoas.   Essa  relação  bilateral  é  processualizada.   Nova  concepção  do  Direito  Administrativo    Boa  governança  pública.  

A  sociedade  passa  a  ter  um  papel  proativo.   Diferente  do  Estado  que  se  impõe  diante  da  sociedade    Imperativo.  

Planejamento,  eficiência,  transparência,  limitação  de  gastos  e  endividamento.  -­‐ A  LRF  foi  uma  imposição  do  FMI    Código  de  boas  condutas  fiscais  e  manual  de  boa  saúde  fiscal  para  os  países  

que  necessitavam  de  socorro  do  FMI.  

Brasil  tinha  uma  dívida  externa  em  processo  de  contenção:  necessidade  de  recursos  do  FMI,  que  exigiu  a  lei  como  condição.  

Inspirada  na  lei  da  Nova  Zelândia  (common  law,  Parlamentarismo  e  unitarismo)  com  algumas  modifica-­‐ções    Algumas  incoerências.  

Três  pilares  da  LRF  

Responsabilidade  =  agir  responsável  -­‐ Gestão  fiscal  responsável.  -­‐ Prudência  fiscal.  -­‐ Equilíbrio  fiscal.  -­‐ Ações  legítimas.  -­‐ Planejamento.  -­‐ Eficiência  (princípio  legal  e  constitucional,  CF/88,  Art.  3716).  

Não  basta  apenas  cumprir  a  lei,  mas  cumpri-­‐la  com  competência.  

Ex  de  princípios  e  regras  que  forçam  o  agente  público  agir  responsável:  LRF,  Art.  1º,  Art.  4º,  Art.  11,  etc.  

Responsividade    -­‐ Indica  a  responsabilidade  (no  sentido  de  obrigação)  de  agir  seguindo  os  seguintes  quesitos:  -­‐ Transparência.  -­‐ Dever  de  prestar  contas.  

CF/88,  Art.  70    Sujeição  à  fiscalização  do  agente  público  ao  órgão  competente  quanto  à  fiscalização.  

LRF,  Art.  48    Dever  de  prestar  contas  (concepção  diferente  à  sujeição,  inclui  também  o  dever  de  pres-­‐tar  contas  diretamente  à  sociedade)    Ex:  Portal  da  transparência  na  Internet,  SIAF,  SISCONV,  etc.  

                                                                                                                     16  "O  princípio  da  eficiência  veio  a  lume  como  cânone  constitucional  da  administração  pública  mediante  a  Emenda  Constitucio-­‐nal  19/98,  em  resposta  às  mudanças  encampadas  no  texto  constitucional  a  partir  da  Emenda  Constitucional  5/95,  especialmen-­‐te,  com  referência  à  ordem  econômica  e  político-­‐administrativa,  [...].  As  transformações  sucediam  para  uma  chamada  reforma  gerencial  do  estado,  pretendendo  extinguir  a  chamada  administração  burocrática  e  incentivar  a  descentralização,  por  intermé-­‐dio  de  parcerias  com  a  iniciativa  privada,  valorizando  a  competência  e  a  eficiência  na  prestação  do  serviço  público.  O  cerne  da  aplicação  do  princípio  da  eficiência  reside  no  fato  de  o  Estado  deixar  de  ser  o  prestador  de  serviços  e  passar  a  figurar  na  reta-­‐guarda,  com  o  fomento  das  privatizações,  concessões,  franquias  e  contratos  de  gestão  e  de  parceria,  e  ao  mesmo  tempo  não  permitir  que  os  particulares,  que  assumirem  funções  públicas,  o  façam  cometendo  os  mesmos  vícios  e  prejuízos  já  conhecidos".  (BAHENA,  Kele  Cristiani  Diogo.  O  princípio  da  moralidade  administrativa  e  seu  controle  pela  lei  de  improbidade.  Curitiba:  Juruá,  2004.  p.  94).  Os  outros  princípios  da  Administração  Pública  são,  a  saber:  legalidade,  impessoalidade,  moralidade  e  publicidade.  

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Princípio   da   publicidade   anteriormente  era   a   publicação  no  Diário  Oficial,   hoje   é   dar   conheci-­‐mento  efetivo  ao  público.  

-­‐ Mecanismos  de  fiscalização  e  controle.    -­‐ Paralelo  com  o  conceito  de  accountability.  

Responsabilização  e  sanção  -­‐ LRF    Conjunto  volumoso  de  princípios  e  regras,  principalmente  regras  de  conduta,  que  obrigam  o  agente  pú-­‐

blico  agir  de  determinada  maneira.  

Isso  é  apenas  uma  sugestão  de  conduta?  Não,  o  administrador  público  está  obrigado  a  agir  da  maneira  que  a  LRF  prescreve.  Para  que  a  LRF  tivesse  eficácia,  era  importante  que  ela  impusesse  sanções  (Teoria  das  Normas  de  KELSEN).  

-­‐ Tipos  de  sanção:  

Política:   Lei  da  Improbidade  Administrativa    Perda  do  cargo  público  e  vedação  à  eleição  a  novo  cargo  

público  por  determinado  período  de  tempo  (impeachment).  

Administrativas:   Ex:  Vedação  de  recebimento  de  transferências  voluntárias  quando  o  gasto  com  pessoal  superar  

60%  do  orçamento.     Ex  2:  TCU    Multa    Vai  para  o  Estado  (dinheiro  volta  para  a  administração,  trata-­‐se  de  título  

executivo  extrajudicial,  executado  pela  Procuradoria  do  Estado).   Ex  3:  exoneração  do  cargo  público,  perda  do  cargo  público.  

Cível:   Ex:  Ação  Civil  Pública    Obrigação  de  restituição  de  dano  ao  erário  público.   Ex  2:  Ação  Civil  Pública    Multa  (vai  para  um  fundo  de  reparação  de  direitos  difusos).  

Penal    JAIL!17     Consta  no  CP.  

-­‐ LRF,  Art.  73    Instrumentos  legais  de  sanção  do  administrador  público  irresponsável.  -­‐ Na  prática,  a  LRF  está  em  processo  de  consolidação    Apenas  3  mandatos  de  prefeito  sob  a  égide  da  LRF.  

Dificuldades  de  responsabilizar  o  agente  público    Série  de  recursos18.  

                                                                                                                     17  "Nada  impede  a  instauração  de  processos  nas  três  instâncias,  administrativa,  civil  e  criminal.  As  penalidades  cabíveis  na  esfera  administrativa  são  apenas  as  previstas  nos  Estatutos  dos  Servidores.  [...]  Não  se  pode  enquadrar  a  improbidade  administrativa  como  ilícito  puramente  administrativo.  [...]  Reforça  a  idéia  de  natureza  civil  e  política  das  medidas  sancionatórias  o  fato  de  po-­‐derem  ser  aplicadas  a  particulares,  sobre  os  quais  a  Administração  Pública  não  poderia  exercer  poder  disciplinar.  [...]  o  ato  de  improbidade,  em  si,  não  constitui  crime,  mas  pode  corresponder  também  a  um  crime  definido  em  lei;  as  sanções  indicadas  no  artigo  37,  §4º,  da  Constituição  não  têm  a  natureza  de  sanções  penais,  porque,  se  tivessem  não  se  justificaria  a  ressalva  contida  na  parte  final  do  dispositivo,  quando  admite  a  aplicação  das  medidas  sancionatórias  nele  indicadas  'sem  prejuízo  da  ação  penal  cabível';  se  o  ato  de  improbidade  corresponder  também  a  um  crime,  a  apuração  da  improbidade  pela  ação  será  concomitante  com  o  processo  criminal"  (DI  PIETRO,  Maria  Sylvia  Zanella.  Direito  administrativo.  São  Paulo:  Atlas,  2006.  pp.  773-­‐775).  18  "Algumas  medidas  de  natureza  cautelar  estão  previstas  na  lei  de  improbidade:  a  indisponibilidade  dos  bens,  cabível  quando  o  ato  de   improbidade  causar   lesão  ao  patrimônio  público  ou  ensejar  enriquecimento   ilícito   (art.  7º),  devendo  recair  sobre  bens  que  assegurem  o  integral  ressarcimento  do  dano,  ou  sobre  o  acréscimo  patrimonial  resultante  do  enriquecimento  ilícito  (pará-­‐grafo   único);   o   seqüestro,   quando   houver   fundados   indícios   de   responsabilidade,   devendo-­‐se   processar-­‐se   de   acordo   com   o  disposto  nos  artigos  822  e  825  do  CPC;  investigação,  exame  e  bloqueio  dos  bens,  contas  bancárias  e  aplicações  financeiras  man-­‐tidas  pelo  indiciado  no  exterior,  nos  termos  da  lei  e  dos  tratados  internacionais  (art.  16,  §2º);  afastamento  do  agente  público  do  exercício  do  cargo,  emprego  ou  função,  sem  prejuízo  da  remuneração,  quando  a  medida  se  fizer  necessária  à  instrução  proces-­‐sual  (art.  20,  parágrafo  único)"  (DI  PIETRO,  Maria  Sylvia  Zanella.  Direito  administrativo.  São  Paulo:  Atlas,  2006.  p.  790).  "A  Lei  nº  8.429/92  prevê,  em  seu  art.  72,  ação  cautelar  constritiva  de  indisponibilidade  de  bens  necessários  ao  ressarcimento  do  dano,  ou  sobre  o  acréscimo  patrimonial  resultante  do  enriquecimento  ilícito  e,  em  seu  art.  16,  ação  cautelar  de  seqüestro  de  bens  do  agente  ou  de  terceiro  que  tenha  enriquecido  ilicitamente  ou  causado  dano  ao  patrimônio  público,  havendo  possibilida-­‐de  de  investigação,  exame  e  bloqueio  de  bens,  contas  bancárias  e  aplicações  financeiras  mantidas  no  exterior,  nos  termos  dos  tratados  internacionais  e  da  legislação  interna  (§  12).  Evidentemente,  encontram-­‐se  autorizadas  a  realização  de  investigação  e  o  

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Ex:  TCU  declara  as  contas  públicas  de  determinado  prefeito  irregulares    Ele  não  pode  se  reele-­‐ger    Entrada  com  um  pedido  de  ação  declaratória  de  regularidade  das  contas  desse  prefeito  (inafastabilidade  de  jurisdição)    Político  entra  com  pedido  de  candidatura    Pedido  negado    Mandato  de  segurança  (direito  líquido  e  certo)    Sem  decisão  transitada  em  julgado    Candi-­‐datura  aceita.  

Ex  2:  Político  tira  os  seus  bens  do  seu  nome  (simulação  de  separação,  por  exemplo)    Em  caso  de  condenação  de  restituir  dano  ao  erário,  não  existe  dinheiro  no  nome  do  político  para  pagar  essa  quantia.  

 

   

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 bloqueio   de   bens,   contas   e   aplicações   existentes   em  nosso   território.   Também   é   possível   demanda   cautelar   preparatória   de  antecipação  de  provas  necessárias  à  instrução  do  processo  principal  ou  à  admissibilidade  da  própria  demanda  cognitiva  referen-­‐te  à  improbidade"  (NEIVA,  José  Antonio  Lisbôa.  Improbidade  administrativa:  estudo  sobre  a  demanda  na  ação  de  conhecimento  e  cautelar.  Niterói:  Impetus,  2005).  

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Parte  2    

 

 

 

 

 

 

Seminários    

 

   

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Seminário  I:  Ciência  das  Finanças,  Direito  Financeiro  e  Direito  Tributário  (03/03/2011)  

Texto  1  

OLIVEIRA,  Régis  Fernandes  de.  Curso  de  Direito  Financeiro.  3ª  Ed.  São  Paulo:  RT,  2010,  cap.  6.  

Ciência  das  Finanças  

-­‐ Latim:  Finis  =  Fim    Fim  de  uma  operação  que  desenvolve  pelo  pagamento.  -­‐ ALIOMAR  BALEEIRO:  Ciência  das  Finanças    Disciplina  que  explica  fenômenos  ligados  fenômenos  ligados  à  obten-­‐

ção  e  dispêndio  de  dinheiro  para  o  funcionamento  de  serviços  a  cargo  do  Estado  ou  outras  pessoas  de  Direito  Público.  

-­‐ Atividade  pré-­‐normativa  (mundo  da  economia):  

Ciência  informativa    dados  para  o  político  tomar  decisões.  

Propósito    obtenção  de  recursos  para  custear  a  atividade  estatal  (atividade  tributária).  -­‐ GERALDO  ATALIBA:  Ciência  das  Finanças    Instrumentação  política  para  o  legislador.  

Direito  Financeiro  

-­‐ Direito  Financeiro    Disciplina  jurídica  da  atividade  financeira  do  Estado;  -­‐ Atividade  Financeira    Ação  do  Estado  na  obtenção  de  receitas  em  sua  gestão  e  nos  gastos.  -­‐ Direito  Financeiro  trabalha  sobre  a  norma    Mundo  do  Direito.  -­‐ GERALDO  ATALIBA:  Direito  Financeiro  é   ciência  exegética  que  habilita  mediante  critérios  puramente  jurídicos    os  

juristas  a  compreenderem  e  bem  aplicarem  as  normas  jurídicas,  substancialmente  f  -­‐ JOSÉ  SOUTO  MAIOR  BORGES:  Ciência  das  Finanças    Estudo  dos  princípios  e  das   leis  reguladoras  do  exercício  da  

atividade  financeira  do  Estado,  sistematizando  os  fatos  financeiros.  -­‐ Direito  estuda  uma  faceta  do  fenômeno  financeiro    Estudo  das  necessidades  públicas  (como  definidas  em  lei),  

a  forma  de  despesa  (também  prevista  em  lei)  e  o  alcance  das  finalidades  presentes  no  ordenamento.  -­‐ Definição:  estudo  dos  princípios  e  normas  que  regem  a  atividade  financeira  do  Estado.  

Texto  2  

SCAFF,  Fernando  Facury.  O  Jardim  e  a  Praça  ou  a  Dignidade  da  Pessoa  Humana  e  o  Direito  Tributário  e  Financeiro.  In  Heleno  Taveira  Torres  (Org.).  Direito  e  Poder    Nas  Instituições  do  Público  e  do  Privado  Contemporâneos    Estudos  

em  homenagem  a  Nelson  Saldanha.  Vol.  I.  São  Paulo:  Manole,  2005,  pp.  543-­‐557.  

Público  VS.  Privado    Praça  VS.  Jardim  

-­‐ Antítese    Crescimento  de  um  lado  implica  em  mudança  de  outro.  -­‐ Brasil    Predomínio  do  personalismo.  -­‐ Política:  imagens  pessoais  predominam  sobre  os  princípios  e  programas.  -­‐ Não  há  senso  de  comunidade  /  espaço  público  (no  sentido  burguês).  

Direito  Financeiro  VS.  Direito  Tributário  

-­‐ Direito  Financeiro    Área  do  direito  que  discute  o  uso  de  recursos  públicos  em  prol  do  bem  comum;  Vinculado  a  uma  ideia  de  bem  público,  satisfação  das  necessidades  públicas    Visão  social.  

-­‐ Direito   Tributário     Bolso   do   cidadão/limita   a   arrecadação;   ideia   individual   de   retirada  de   dinheiro   do  bolso  privado    Visão  Individual.  

-­‐ Analogia:  Direito  Tributário  =  Jardim;  Direito  Financeiro  =  Praça.  -­‐ CASALTA  NABAIS:  Complementaridade  entre  os  dois  direitos      -­‐ CF/88    Divisão  do  espaço  público  e  do  espaço  privado  por  normatização.  -­‐ Igualdade  perante  a  lei;  por  trás  dela  as  pessoas  são  desiguais    tratar  desigualmente  os  desiguais:  paridade.  

Valor  VS.  Validade  

-­‐ Valor    Ético-­‐moral.  

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Ex:  Dignidade  da  pessoa  humana  (CF/88,  Art.  1º,  III).  -­‐ Validade    Norma  que  obedece  a  certos  rituais.  -­‐ Funções  da  praça:  transmissão  da  cultura  e  do  pluralismo  necessário  para  se  viver  em  sociedade    Coíbe  isola-­‐

mento  do  jardim.  

Texto  3  

HORVATH,  Estevão.  O  Direito  Tributário  no  Contexto  da  Atividade  Financeira  do  Estado.  Tese  para  concurso  de  Titularidade    USP.  São  Paulo,  2010,  cap.  6,  pp.  135-­‐167.  

(...)  

 

   

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Seminário  II:  Normas  Gerais  de  Direito  Financeiro  e  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    Os  limi-­tes  da  despesa  com  pessoal  (11/03/2011)  

Texto  1  

STF/ADI  2256-­‐3    Petição  Inicial  

-­‐ Associação  dos  Membros  dos  Tribunais  de  Contas  do  Brasil  (ATRICON).  -­‐ CF/88,  Art.  103,  IX:  Confederação  sindical,  entidade  de  classe  pode  pedir  ADIn  e  ADCon.  -­‐ Preceitos  da  Lei  Complementar  nº  101  de  04/05/2000    Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  (LRF).  -­‐ STF    Legitimidade  para  a  instalação  do  controle  concentrado  de  constitucionalidade.  -­‐ LRF    Normas  de  finanças  públicas  voltadas  para  responsabilidade  da  gestão  fiscal   (disciplina  o  Título  VI    Da  

Tributação  e  do  Orçamento,  Capítulo  II    Das  Finanças  Públicas).  -­‐ Despesa  total  com  pessoal  não  pode  exceder  os  percentuais  da  respectiva  receita  correta  líquida    União:  50%;  

Estados  e  DF:  60%;  Municípios:  60%.  -­‐ GERALDO  ATALIBA:  interesses  gerais  e  regionais  distintos    Repartição  de  competências.  -­‐ JOSÉ  AFONSO  DA  SILVA:  Autonomia      -­‐ LUIS  ROBERTO  BARROSO:  

Auto-­‐organização    CF;  Órgãos  supremos  de  governo  local.  

Auto-­‐governo    Agentes  públicos    Administrar;  julgar;  legislar.  

Auto-­‐administração    Aplicação  da  lei  por  órgão  próprios;  prestação  de  serviços  públicos.  -­‐ União,  estados  e  DF  legislam  concorrentemente  sobre  dir.  financeiro  (CF/88,  Art.  24,  I)  e  orçamento  (Art.  24,  II).  

União  estabelece  normas  gerais  por  meio  de  legislação  complementar.  

Comandos  do  Art.  20  da  LRF:  Normas  gerais  ou  atentam  a  autonomia  assegurada  aos  entes  políticos  da  federação  (estados,  DF  e  municípios)?  

-­‐ STF/  ADIn  927    RS,  Carlos  Velloso:  

Norma  geral  (CF)    Diretriz/princípio  geral.  

Norma  geral  (federal)    Moldura  para  o  quadro  a  ser  pintado  pelo  estado/município.  -­‐ CARMEM  LÚCIA  ANTUNES  ROCHA:  complementaridade  entre  competências  concorrentes  entre  estados  e  União;  -­‐ ALICE  GONZALEZ  BORGES:  normas  gerais  são  mais  abstratas  e  genéricas  do  que  as  normas  locais;  -­‐ GERALDO  ATALIBA:  norma  geral   i-­‐

não  é  vinculante;  -­‐ CELSO  BASTOS:  compartilha  da  opinião  de  Ataliba;  -­‐ 60%  da  receita  líquida  no  Estado:  

3%    Legislativo  (incluindo  o  Tribunal  de  Contas  do  Estado;  

6%    Judiciário;  

49%    Executivo;  

2%    MP.  -­‐ 60%  da  receita  líquido  no  Município:  

6%    Legislativo  (incluindo  Tribunal  de  Contas  do  Município,  quando  houver);  

54%    Executivo.  -­‐ Crítica:  LRF  não  é  moldura,  é  quadro;  Imposição  de  tratamento  uniforme;  Não  possibilita  concorrência  das  com-­‐

petências;  Dispõe  sobre  aspectos  quantitativos.  

Defende-­‐se  que  após  a  fixação  do  limite  global  de  60%,  a  repartição  desse  limite  ficaria  a  cargo  dos  esta-­‐dos  e  municípios    Limite  às  opções  de  reestruturação  administrativa.  

Também  defende  a  suspensão  de  eficácia  (inconstitucionalidade)  do  Art.  20,  II,  a,  b,  c,  d;  III,  a,b;  §4º.  

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Defende-­‐se  também  a  interpretação  conforme  a  CF,  explicitando  que  a  eficácia  se  restringe  a  União  do  Art.  20,  §  1º,  §5º.  

Texto  2  

HORVATH,  Estevão.  A  Constituição  e  a  Lei  Complementar  nº  101/2000  (Lei  de  Responsabilidade  Fiscal).  Algumas  questões.  In  ROCHA,  Valdir  de  Oliveira  (Coord.).  Aspectos  relevantes  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  São  Paulo:  

Dialética,  2001,  pp.  147-­‐162.  

CF/88:    

-­‐ Art.  163,  I:  Lei  complementar  disporá  sobre  finanças  públicas;  -­‐ Art.  165,  §  9º,  II:  Lei  complementar  disporá  sobre  normatização  da  gestão  financeira  e  patrimonial  da  adminis-­‐

tração  direta  e  indireta,  bem  como  as  condições  para  a  instituição  e  funcionamento  de  fundos;  

LC  nº  101  de  4  de  maio  de  2000  (LRF)  

-­‐ Imposição  aos  administradores  do  dinheiro  público  comportamentos  eficientes;  ação  planejada  e  transparente;  manter  o  equilíbrio  das  contas  públicas;  

CF  X  Princípio  federativo  (autonomia);  

Normas  gerais:  definição  complexa;  

CF    Diretrizes,  planejamento;  

Lei  do  Plano  Plurianual    Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias    Leis  Orçamentárias  Anuais  

Lei  do  Plano  Plurianual  

-­‐ Diretrizes/objetivos/metas   regionais   da   administração  pública   federal   (semelhante   para   estados   e  municípios)  para  despesas  de  capital  e  outras  despesas  dela  decorrentes  e  também  para  aquelas  relativas  aos  programas  de  duração  continuada;  

A  LRF  tinha  um  artigo  que  tratava  disso,  mas  sofreu  veto  presidencial;  -­‐ Despesas  de  Capital  (Lei  nº  4320/64)    Relativa  aos  investimentos,  às  inversões  financeiras,  e  às  transferências  

de  capital  tem  que  constar  da  Lei  do  Plano  Plurianual    Mudança  de  governo  não  pode  atrapalhar  uma  obra,  por  exemplo;  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO)  

-­‐ Metas  e  prioridades  da  administração  pública  federal  (inclui  despesas  de  capital  para  o  exercício  financeiro  sub-­‐seqüente,  orienta  a  elaboração  da  Lei  Orçamentária  Anual,  dispõe  sobre  alterações  na  Lei  Tributária,  estabelece  a  política  de  aplicação  das  agências  financeiras  oficiais  de  fomento).  

-­‐ LRF    Alteração  da  Lei  Orçamentária    Critérios  e  forma  de  limitação  de  empenho  (condução  da  dívida  ao  limi-­‐te  pré-­‐estabelecido  quando  ao  final  de  um  bimestre  a  receita  não  fazer  cumprir  a  meta).  

-­‐ LRF     LDO   acompanhada  de   um  anexo  de  metas   fiscais   (relativas   a   receitas,   despesas,   resultados   nominal   e  primário,  montante  da  dívida  pública  para  o  ano  de  exercício  e  os  dois  anos  seguintes).  Também  contém  a  avali-­‐ação  das  metas  anuais  ,  demonstrativo  dessas  metas,  evolução  do  patrimônio  líquido,  avaliação  da  situação  fi-­‐nanceira  e  atuarial,  o  demonstrativo  da  estimativa  e  compensação  da  renúncia  de  receita  e  o  demonstrativo  da  margem  de  expansão  das  despesas  obrigatórias  de  caráter  continuado.  

Lei  Orçamentária  Anual  (LOA):  

-­‐ Observância  do  Anexo  de  Metas  Fiscais  que  acompanha  a  LDO  imposta  pela  LRF.  -­‐ Consta  todas  as  despesas  relativas  à  dívida  pública,  mobiliária  ou  contratual  e  as  receitas  que  as  atenderão;  -­‐ Acompanhada  de  demonstrativo  regionalizado  de  efeito,  sobre  as  receitas  e  despesas,  decorrentes  de  isenções,  

anistias,  remissões,  subsídios  e  benefícios  de  natureza  financeira,  tributária  e  creditícia;  -­‐ LRF  exige  medidas  de  compensação  à   renúncia  de   receitas  e  ao  aumento  de  despesas  obrigatórias  de  caráter  

continuado;  

Renúncia  de  Receitas:    

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-­‐ Anistia,  remissão,  subsídio,  crédito  presumido,  concessão  de  isenção  em  caráter  não  geral,  alteração  de  alíquota  ou  modificação  de  base  de  cálculo  que  implique  em  redução  discriminada  de  tributos  ou  contribuições  e  outros  benefícios  que  levem  a  tratamento  diferenciado;  

-­‐ Lei  deve  estar  acompanhada  de  estimativa  do  impacto  orçamentário-­‐financeiro;  -­‐ Não  afetará  as  metas  de  resultados  fiscais  ou  terá  o  acompanhamento  de  medidas  de  compensação  (aumento  

de  receita  por  elevação  de  alíquota,  ampliação  da  base  de  cálculo,  majoração,  criação  de  tributo  ou  contribui-­‐ção);  

-­‐ Concessão  de  benefícios  fiscais    Minoração  das  desigualdades  regionais  e  sociais.  

Texto  3  

ADI  2238-­‐5  MC/DF  

-­‐ Defende  a  exigência  de  uma  só  lei.  -­‐ Lei  complementar  que,  sem  o  apoio  da  CF,  restringe  drasticamente  a  autonomia  dos  estados  e  municípios,  ofen-­‐

dendo  o  princípio  federativo.  -­‐ Voto  Ministro  Nelson  Jobim  

CF/88,  Art.  169    Lei  federal  deve  fixar  um  limite  global  para  despesas.    Participação  do  executivo,  legislativo  e  judiciário.    LDO  não  regulamenta  proposta  orçamentária  apenas.  

 

   

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Seminário  III:  Receitas  Não-­Tributárias  (18/03/2011)  

Texto  1  

SCAFF,  Fernando  Facury.  Compensação  Financeira  pela  Exploração  de  Recursos  Minerais:  Natureza  Jurídica,  Compe-­‐tência  Normativa  e  Prescrição.  In  Revista  de  Direito  do  Estado,  nº  3.  Rio  de  Janeiro:  Forense,  2006,  pp.  183-­‐206.  

Compensação  Financeira  Pela  Exploração  de  Recursos  Minerais  (CFEM)  

-­‐ Tema  fronteiriço  do  Direito  Administrativo  e  do  Direito  Econômico;  constitucionalizado  em  1988.  -­‐ Entes  federados  recebem  uma  parcela  do  valor  que  as  empresas  pagam  para  explorar  recursos  minerais.  -­‐ Não  se  aplica  o  Direito  Tributário  (poder  de  império  do  Estado  de  cobrar  determinado  valor  de  pessoas  físicas  ou  

jurídicas  em  conformidade  com  a  CF  e  as  Normas  do  Sistema  Tributário  Nacional),  que  origina  receitas  derivadas.  -­‐ CFEM  é  arrecadação  decorrente  da  exploração  do  próprio  patrimônio  do  Estado,  originando  receitas  originárias.  -­‐ Texto  destaca:  

Lei  nº  6710/05  (PA)    Expedição  de  normas  pelo  próprio  estado  (competência  de  expedição  de  normas  gerais  subsidiárias  às  federais)  que  levou  ao  pagamento  direto  ao  Estado  da  sua  parte  na  CFEM;  

Lei  nº  5207/03  (SE)    Normas  severas  pelo  descumprimento  de  obrigações  acessórias  na  escrituração  da  CFEM;  prazo  de  10  anos  para  prescrição  da  cobrança  da  CFEM  (caráter  civil).  

Aspectos  Constitucionais  e  Legais  da  CFEM  

-­‐ CF/88:  

Art.  20,  VIII,  IX:  São  bens  da  União  os  potenciais  de  energia  hidráulica  e  os  recursos  minerais,  inclusive  os  do  subsolo;  

Art.  20,  §  1º:  Estados,  municípios,  DF  e  órgãos  da  administração  direta  da  União  recebem  uma  compen-­‐sação  financeira  pela  exploração  desses  recursos  minerais  e  hidráulicos  paga  pelos  exploradores  (CFEM).  

-­‐ Lei  nº  7990  de  28/12/1989    Percentual  de  3%  do  faturamento  líquido  do  produto  pronto  (Art.  6º)  sofreu  veto;  pagamento  deverá  ser  feito  mensalmente  aos  beneficiários  e  esse  dinheiro  não  pode  ser  usado  para  pagamento  de  dívida  nem  de  pessoal  permanente;  

-­‐ Lei  8001  de  13/03/1990:  

Art.  2º:  Base  de  cálculo  para  a  CFEM    Faturamento  líquido  corresponde  ao  total  de  receitas  das  vendas  menos  tributos  incidentes  sobre  a  comercialização  do  produto  mineral  (na  ultima  fase  de  transformação  industrial)  e  as  despesas  de  transporte  e  seguro;  

Art.  2º,  §  1º:  Alíquotas  de  aplicação  da  CFEM,  de  acordo  com  o  mineral  extraído.  

Rateio  dos  valores  arrecadados    23%  para  estados  e  DF;  65%  para  municípios;  12%  para  a  União;   Lei  9993  de  24/07/2000:  Parcela  da  União  rateada    2%  para  o  Fundo  Nacional  de  Desenvolvi-­‐

mento  Científico  e  Tecnológico  (FNDCT);  10%  para  o  Ministério  de  Minas  e  Energia    repassado  para  o  Departamento  Nacional  de  Produção  Mineral  (DNPM);  

-­‐ Decreto  nº  001    Regulamentou  as  leis  nº  7990/89  e  nº  8001/90    Pagamento  dos  valores  arrecadados  dire-­‐tamente  aos  beneficiários  até  o  último  dia  útil  do  2º  mês  depois  do  fato  gerador  com  depósito  no  BB.  

-­‐ Departamento  Nacional  de  Produção  Mineral  (DNPM)    Lei  nº  8876  de  02/05/1994  estabeleceu  a  organização  como  autarquia,  que  deve:    

Fomentar  o  planejamento,  exploração  e  aproveitamento  de  recursos  minerais;  

Superintender  pesquisas  geológicas,  minerais,  e  de  tecnologia  mineral;  

Assegurar,   controlar,   fiscalizar   as   atividades  de  mineração    De  acordo   com  o  Código  de  Mineração,  Código  de  Águas,  regulamentos  e  legislação  que  os  complementa;  

Normatizar  e  fiscalizar  a  arrecadação  da  CFEM.  

Natureza  Jurídica  da  CFEM  

-­‐ Tributo  X  Receita  Patrimonial  do  Estado  

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Tributo    ALBERTO  XAVIER  e  ADRIANO  DALEFFE;  

Receita  Patrimonial  do  Estado    AURÉLIO  SEIXAS  FILHO,  HELENO  TAVEIRA  TORRES,  REYNALDO  ANDRADE  DA  SIL-­‐VEIRA,  RICARDO  LOBO  TORRES  E  LUIZ  EMYGDIO  DA  ROSA  JR.  

-­‐ Teoria  dos  Ingressos  (ALIOMAR  BALEEIRO,  Introdução  à  Ciência  das  Finanças):  

Ingressos  públicos:   Movimentos  de  fundos;   Receitas;  

Movimento  de  fundos:   ingressos  que  geram  uma  contrapartida  de  devolução  dos  valores  arrecadados    Não  há  acréscimo  de  valor  aos  cofres  públicos,  é  restituível;  

Ex:  empréstimos  do  tesouro  e  sua  devolução,  cauções,  fianças,  depósitos,  etc.;  

Receitas:  acréscimo  de  valor  aos  cofres  públicos;  Dividem-­‐se  em:   Receitas  Originárias    Gênese  na  exploração  do  próprio  patrimônio  do  Estado  (terras,  recursos  

hídricos,  recursos  minerais,  instalações  industriais  e  comerciais  do  Estado)    Relação  análoga  à  de  mercado  (transações  contratuais  do  Estado);  

Receitas  derivadas    Derivam  do  poder  de  império  do  Estado    Exercício  do  poder,  não  é  rela-­‐ção  contratual  (ex:  tributos  e  multas);  

-­‐ Opinião  do  Autor    CFEM  é  uma  receita  originária  do  Estado    Exploração  do  patrimônio  permitida;  -­‐ Semelhança  entre  a  CFEM  e  a  taxa  de  ocupação  (ou  laudêmio  ou  aforamento)  cobrada  pela  União  para  conces-­‐

são  de  uso  de  terrenos  de  Marinha;  -­‐ STF    Jurisprudência  hoje  aceita  a  CFEM  como  receita  originária.  

 

Aspectos  Federativos  da  partição  da  CFEM  

-­‐ Lei  nº  6710/05  (PA):  Estado  do  Pará  estabeleceu  que  a  parte  que  lhe  cabe  da  CFEM  deveria  ser-­‐lhe  paga  direta-­‐mente  pelos  contribuintes,  e  não  ao  DNPM;  

CFEM  é  uma  receita  originária  da  União  repartida  entre  os  entes  federativos,  mas  esses  entes  possuem  competência  para  arrecadar  e  fiscalizar  as  partes  que  lhe  cabem  da  receita;  

-­‐ Opinião  do  Autor    Entendimento  que  não  existe  uma  titularidade  direta  dos  entes  federativos  no  recebimento  da  CFEM  a  partir  da  CF/88,  art.  20,  §1º;  art.  157;  art.  158.  O  art.  20,  §  1º  determina  que  os  estados,  DF,  municí-­‐pios  e  órgãos  da  administração  direta  da  União  têm  direito  a  participação  na  exploração  (...).  Já  o  art.  157  e  158  ao  prescrevem  uma  estrutura  semelhante  à  CFEM  e  não  concedem  a  titularidade  da  arrecadação  aos  estados  e  ao  DF.  São  hipóteses  nas  quais  há  uma  estrutura  de  fundos  de  repartição.  

Fundos  de   repartição    Algumas   receitas  são  arrecadadas,  mas  não  são   totalmente  apropriadas  pela  unidade  da  federação  que  as  arrecada,  pois  é  repartida  com  os  demais  entes  federativos    Federalismo  participativo  ou  cooperativo    Sistema  tributário  promove  o  financiamento  do  regime  federativo  brasi-­‐leiro;  

-­‐ Sistemas  de  Redistribuição  de  Recursos:    

Repartição  Direta    Redistribuição  direta  daquilo  que  é  arrecadado  de  uma  unidade  federada  a  outra;   ITR  (patrimonial  rural)    União  transfere  50%  para  o  município;   IOF  (operações  financeiras)  sobre  ouro  como  ativo  financeiro  ou  instrumento  cambial    União  

transfere  70%  para  o  município  e  30%  para  o  Estado;   IPVA  (propriedade  de  veículos)    Os  estados-­‐membros  transferem  50%  para  os  municípios;  

Repartição  Indireta    Redistribuição  da  arrecadação  por  meio  de  um  sistema  chamado  Fundos  de  Parti-­‐cipação;  

IPI  (produtos  industrializados)    21%  para  os  Estados,  22,5%  para  os  Municípios,  10%  para  o  Es-­‐tado  exportador;  

IR  (renda)    21%  para  os  Estados,  22%  para  os  municípios;  

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ICMS   (circulação  de  mercadorias)     25%  para  os  municípios,   75%  desse  montante  de  acordo  com  o  montante  adicionado  e  os  demais  25%  em  conformidade  com  a  lei  estadual;  

CIDE  (Contribuição  de  Intervenção  sobre  Domínio  Econômico,  estabelecido  pela  EC  42/2002);   Sistema  definido  por  leis  complementares  que  visam  promover  o  equilíbrio  sócio-­‐econômico  en-­‐

tre   estados  e  municípios     TCU   faz   cálculo  de  divisão  entre  os  entes   federativos   levando  em  conta  a  proporção  de  população  e  riqueza;  

-­‐ Lei  nº  6710/05  (PA)    Não  tem  amparo  constitucional  ao  permitir  a  arrecadação  direta  da  CFEM.  -­‐ Opinião  do  Autor    As   leis  nº  7990/89  e  8001/90  não  determinam  a  capacidade  arrecadadora  por  parte  dos  

estados,  determina-­‐se  apenas  o  pagamento  direto  (não  por  fundos  de  participação).  O  estado  do  Pará  não  deve  receber  o  montante  que  lhe  cabe  por  diretamente,  mas  por  transferência;  

A  CFEM  é  uma  receita  originária  do  Estado,  mas  não  é  uma  receita  originária  do  estado-­‐membro.  Para  os  entes  da  federação,  a  CFEM  é  uma  receita  transferida  decorrente  da  arrecadação  do  DNPM    Justifica-­‐tiva:  recursos  minerais,  inclusive  os  do  subsolo  são  bens  da  união  (CF/88,  art.  20,  IX);  

-­‐ RÉGIS  FERNANDES  DE  OLIVEIRA  e  ESTEVÃO  HORVATH    Classificação  das  Receitas  Transferidas:  receitas  provindas  do  patrimônio  particular,  mas  que  não  são  arrecadadas  pela  unidade  política  que  as  utilizará    Recebimento  em  decorrência  do  exercício  de  competência  de  outra  entidade  política    Modalidade  prevista  pela  Lei  nº  4320/64  (Normas  Gerais  de  Direito  Financeiro);  

-­‐ HELENO  TAVEIRA  TORRES    CFEM  é  receita  originária  e  abre  espaço  para  a  contabilidade  pública;  -­‐ Receita  Originária  (DNPM)    Despesa  Transferida    Receita  Transferida  (Estados  e  Municípios)  

 

Competência  Concorrente  e  o  Direito  de  Fiscalizar  

-­‐ CF/88,  Art.  23,  XI:  Competência  concorrente  entre  os  entes  federativos  (registro,  acompanhamento  e  fiscaliza-­‐ção  das  concessões  de  direitos  de  pesquisa  e  exploração  de  recursos  hídricos  e  minerais  nos  respectivos  territó-­‐rios);  

Norma  nada  diz  sobre  arrecadação    Rege  sobre  relações  ambientais,  não  financeiras;  -­‐ Cabe  aos  entes  federativos  fiscalizar  a  arrecadação  por  meio  de  convênio  com  o  DNPM;  

Convênio    Não  há  direito  autônomo,  trata-­‐se  de  colaboração  federativa    Não  há  base  legal;  

Competência  fiscalizatória  do  DNPM  está  prevista  na  Lei  nº  8876/94    

Exercício  da  Competência  Concorrente  e  a  Proporcionalidade  

-­‐ Lei  nº  5207  de  12/12/2003  (SE):  obrigação  acessória  de  depósito  na  Secretaria  de  Fazenda  do  Estado  de:  

Cópias  autenticadas  de  contratos  de  concessão  de  exploração  de  recursos  minerais  em  vigor  e  os  dos  úl-­‐timos  10  anos;  

Cópias   autenticadas   dos   dados   produtivos   necessários   a   verificação   da   correção   dos   pagamentos   das  participações  governamentais,  da  CFEM  e  do  pagamento  da  participação  aos  proprietários  de  terra  dos  últimos  10  anos;  

Comprovante  de  pagamento  das  obrigações  dos  últimos  10  anos;  

Estabelece  outras  exigências  documentais  e  penalidade  severas  no  descumprimento  da   lei    Despro-­‐porcionalidade    Penas  confiscatórias  e  abusivas;  

Prazo  Prescricional  para  a  Cobrança  da  CFEM  -­‐ Lei  nº  5207/03  (SE)    Prazo  para  a  fiscalização  de  documentos  é  de  10  anos;  

O  estado  não  tem  competência  para  legislar  sobre  essa  matéria,  porque  se  trata  de  Direito  Processual    Competência  privativa  da  União  (CF/88,  Art.  22,  I)  

-­‐ Não  há  norma  que  reja  diretamente  a  cobrança  de  dívida  ativa  não-­‐tributária,  mas  por  analogia,  segue-­‐se  a  co-­‐brança  de  dívida  passiva  não-­‐tributária,  cujo  prazo  prescricional  é  de  5  anos.    

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Conclusão  

-­‐ CFEM    Instituto  de  Direito  Administrativo  Econômico  que  regula  o  uso  de  bens  minerais  e  hidráulicos;  -­‐ Estados-­‐membros  exercem  competência  normativa  em  consonância  com  o  que  é  privativo  à  União  e  também  de  

acordo  com  os  princípios  constitucionais  (ex:  Pacto  Federativo  e  proporcionalidade).  

Texto  2  

OLIVEIRA,  Régis  Fernandes  de.  Curso  de  Direito  Financeiro.  3ª  ed.  Revista  dos  Tribunais,  2010,  cap.  12.  

-­‐ Patrimônio  da  União:  

CF/88,  Art.  20:  Disposição  sobre  os  bens  da  União.  

Lei  nº  9636  de  15/05/1998:  Disciplina  os   imóveis  públicos  (aforamento,  cessão,  permissão  de  uso,  alie-­‐nação);  Caracterização  do  bem  público  (inalienabilidade,  imprescritibilidade  e  impenhorabilidade).  

Imóveis:  Para  serem  vendidos,  precisam  ser  desafetados.   Semoventes:  não  têm  as  mesmas  regras  de  alienação.  

CC/2002,  Art.  99:  Bens  Públicos  se  dividem  em:  uso  comum  do  povo,  uso  especial,  dominicais.  -­‐ Direito  de  Propriedade:  

Roma    Usar,  gozar  e  abusar  da  coisa    Sentido  individualista;  

CF/88,  Art.  5º,  XXII,  XXIII    Assegura  a  propriedade,  limitada  pela  função  social;  

CC/2002,  Art.  1228:  usar,  gozar,  dispor  e  reivindicar.  -­‐ Direito  Público    Domínio  Público:  1)  Sem  propriedade;  2)  Direito  de  polícia;  3)  Exploração  do  bem  para  a  utili-­‐

zação  econômica  (propriedade  administrativa);  -­‐ Ações  de  empresas  também  podem  ser  bens  do  Estado    Rendem  frutos  civis.  -­‐ Privatização:  

Estado  Produtor    Intervenção  econômica  para  além  dos  limites  da  CF.  

CF/88,  Art.  173    Estado  só  pode  gerir  atividade  econômica  necessária  aos   imperativos  da  segurança  nacional  ou  relevante  interesse  coletivo.  

Privatização  dá  ao  estado  receitas  originárias.  

Régis  critica  a  forma  como  foram  feitas  as  privatizações,  como  por  exemplo  a  da  Vale  da  Rio  Doce.  Quan-­‐to  à  privatização  em  si,  diz  que  é  uma  maneira  de  evitar  excessivo  inchaço  do  Estado,  que  fica  impossibi-­‐litado  de  gastar  recursos  com  camadas  inferiores  da  população.  

-­‐ Uso  de  bem  Público  (Zona  Azul)  

GERALDO  ATALIBA    Município  tem  o  direito  de  exigir  taxa  de  polícia  para  disciplinar  o  estacionamento  em  vias  públicas    Não  é  taxa  por  uso  de  bem  público.  No  mesmo  sentido,  ROQUE  CARRAZZA.  

Taxa  por  uso  de  bem  público    Não  é  admitida  constitucionalmente.  

RÉGIS  FERNANDES  FERNANDES  DE  OLIVEIRA    Discorda  da  opinião  de  ATALIBA;  utilização  de  bem  público  para  gerar  riquezas  é  possível;  não  se  pode  falar  em  poder  de  polícia  (sem  restrição  do  Dir.  de  Propriedade).  

MARIA  SYLVIA  ZANELLA  DI  PIETRO    Remuneração  do  uso  privativo;  Não  é  taxa  nem  tributo;  Trata-­‐se  de  uso  comum;  Outorga  do  uso  de  bens  cobrando  preço.  

-­‐ Receitas  Decorrentes  de  Obras  Públicas  

HELY  LOPES  MEIRELLES    Obras  públicas:  realização  material  a  cargo  da  administração  ou  de  seus  delega-­‐dos    Alteração  material  (construção,  reforma,  etc.).  

Estado  pode  realizar  obra  por  conta  própria  ou  mediante  concessão.  

CELSO  ANTÔNIO    Obra  não  é  fonte  de  obrigação  tributária.  -­‐ Pedágio:  

HELY  LOPES  MEIRELLES    Análise  histórica;  

CF/88,  Art.  150,  V    Permite  cobrança  de  pedágio  pelo  uso  de  vias  conservadas  pelo  poder  público.  

TJSP    Pedágio  é  preço.  

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Receita  originária?    Exploração  de  uso  de  bem  público.  -­‐ Contrato  de  Transporte  Público:  

CF/88:   Art.  21,  XII:  Trata-­‐se  de  serviço  público    Não  se  trata  de  contrato,  mas  de  admissão  ao  serviço  

público  (taxa  política);   Art.  30,  V:  Transporte  coletivo    Serviço  essencial  do  município  quando  por  ele  prestado;  

GARCIA  DE  ENTERRÍA    Liberdade  de  não  usar  os  serviços  públicos  é  ilusória,  porque  significa  a  liberdade  de  renúncia  a  uma  parte  essencial  da  vida  social;  FALCÓN  Y  TELLA  compartilha  da  opinião;  

GUSTAVO  INGROSSO    Basta  a  administração  pública  ter  o  monopólio  de  determinada  atividade    Confi-­‐guração  de  tributo;  

SANTI  ROMANO    Obligatio  in  re:  atividade  do  Estado  sem  pedido  do  particular  (serviço  público);  -­‐ Fornecimento  de  Água  e  Esgotos:  

Antes  da  prestação  de  serviços    Construção  de  rede  de  galerias,  de  fornecimento,  de  limpeza;  

Construção  da  rede    Exigência  de  tributo  por  parte  do  Estado  denominado  contribuição  de  melhoria;  

Prestação  de  serviço    Divergências  doutrinárias  da  cobrança:  taxa  ou  preço?  

RÉGIS  FERNANDES  DE  OLIVEIRA    Taxa;  

HELY  LOPES  MEIRELLES    Interesse  sanitário  na  prestação  de  serviço    Compulsória;   Características  da  tarifa/preço  público    Facultatividade  da  obrigação;  

 

   

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Seminário  IV:  Federalismo  Fiscal  e  Partilha  de  Receitas  Não-­Tributárias  (25/03/2011)  

Texto  1  

RExt  228.800-­‐5  /  DF    Min.  Sepúlveda  Pertence,  2001  

-­‐ Participação  nos   rendimentos  ou  compensação   financeira  não  são  tributos   só  por   serem  prestação  pecuniária  compulsória.  

-­‐ A  obrigação  instituída  pela  lei  7990/89  não  é  igual  à  estabelecida  na  CF88,  ainda  que  ambas  tenham  o  nome  de  CFEM.  

A  da  CF  não  aceita  incidência  sobre  o  faturamento.  A  da  lei  aceita,  mas,  apesar  disso,  é  constitucional.  

Dos  fatos  -­‐ Ação  de  empresa  de  mineração  contra  a  União,  o  Estado  (AM)  e  o  município  (Presidente  Figueiredo)  para  não  

pagar  a  CFEM.  -­‐ Dispositivos  legais:  

Lei  7990/89,  art.  6º:  A  CFEM  será  de  até  3%  sobre  o  valor  do  faturamento  líquido  resultante  da  venda  do  produto  mineral,  obtido  após  a  última  etapa  do  processo  de  beneficiamento  adotado  e  antes  de  sua  transformação  industrial.  

Lei  8001/90,  art.  2º,  §1º:  percentual  da  compensação,  de  acordo  com  as  classes  de  substâncias  mine-­‐rais,  será  de  (...)  

-­‐ Argumento  1:  tal  obrigação  não  se  enquadra  no  conceito  de  "compensação",  mas  sim  no  conceito  de  "imposto".  

Sub-­‐argumento  1.1:  Tratando-­‐se  de  compensação,  ela  deveria  ser  proporcional  ao  prejuízo  causado  ao  ente  federativo,  não  ao  faturamento,  elemento  contábil  muito  mais  complexo  do  que  a  simples  extra-­‐ção.  

Sub-­‐argumento  1.2:   local  do   beneficiamento   não   coincide   com  o   local   de   extração     desvincula   a   co-­‐brança  do  desfalque  patrimonial  sofrido  pela  entidade.  

-­‐ Argumento  2:  alíquotas  diferentes  ferem  o  princípio  da  igualdade.  

Empresas  com  maior  faturamento  e  menor  extração  pagam  mais;  empresas  com  menor  faturamento  e  maior  extração  pagam  menos.  

-­‐ Argumento  3:  se  não  for  compensação,  mas  imposto,  não  pode  ser  cobrado.  

Afrontando  os  arts.  154,  I  e  155,  §3º  da  CF.   154,  I:  proíbe  impostos  cumulativos.   155,  §3º:  proíbe   impostos  para  o  setor  de  mineração  além  dos  estipulados   (no  caso,  só  os  de  

importação  [II],  exportação  [IE]  e  circulação  de  mercadorias  e  serviços  [ICMS]).  

Dependência  do  argumento  1    se  aquele  for  falso,  este  também  será.  

Acórdão  recorrido    Juiz  Omar  Tognolo  -­‐ A  compensação  é  constitucional.  -­‐ Todos  os  minerais,  do  solo  e  do  subsolo,  são  da  União.  Na  CF88,  ela  criou  duas  formas  de  ser  indenizada:  ou  par-­‐

ticipação  nos  resultados  ou  compensação  financeira  (art.  20,  §1º).  

Deixou  à   lei  ordinária,  e  não  complementar,  a   regulamentação  da  matéria     legislador  ordinário  esco-­‐lheu  a  segunda  forma  (Lei  7990/89    fala  de  compensação).  

No  caso,  compensação  financeira  =  indenização  pelo  uso  de  coisa  alheia.  -­‐ CFEM  não  tem  natureza  tributária,  mas  de  receita  patrimonial  do  Estado    exploração  do  patrimônio  público.  

Argumento  1  não  vale;  logo,  o  argumento  3  também  não.   Como  não  é   imposto,  mas  compensação,  todos  os  princípios  apresentados  perdem  sua  função  

argumentativa:  alíquotas,  incidência  sobre  faturamento,  não  vinculação  à  perda  do  município  e  alíquotas  diferentes.  

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Tais  princípios  são  apenas  para  tributos,  não  para  toda  e  qualquer  receita  obtida  pelo  Estado.  

MP    Subprocurador-­‐geral  João  Batista  de  Almeida  -­‐ Compensação  financeira  é  anterior  à  própria  CF.  -­‐ No  caso,  não  estamos  diante  de  um  tributo    proteção  ao  direito  de  propriedade  inclui  uma  compensação  finan-­‐

ceira  ao  dominus.  

Como   a   atividade   é   bastante   danosa   ao   patrimônio   da   União   (minerais   são   produtos,   ou   seja,   não-­‐renováveis),  é  justa.  

-­‐ Ives  Gandra  Martins:  ela  fortalece  a  federação    o  bem  é  da  União,  mas  a  perda  é  também  do  Estado  e  do  muni-­‐cípio    centralizar  a  propriedade  do  bem  e  descentralizar  o  resultado  de  sua  exploração.  

-­‐ Não  é  tributo  porque  não  decorre  da  soberania  do  Estado  para  arrecadar  receitas    receita  originária,  não  deri-­‐vada.  

Argumento  1  não  vale.  -­‐ Dizer  que  é  tributo  porque  se  encaixa  na  definição  do  art.  3º  do  CTN  também  não  vale    não  abarca  toda  e  qual-­‐

quer  obrigação  que  se  lhe  ajuste.  -­‐ Sem  inconstitucionalidade  nas  leis.  

Voto  -­‐ A  CFEM  ou  a  participação  não  são  enquadradas  como  tributo  só  porque  são  prestações  obrigatórias.  -­‐ A  obrigação  da  lei  7990/89,  ainda  que  de  mesmo  nome,  não  corresponde  ao  modelo  da  CF.  -­‐ Compensação  financeira  no  sentido  vulgar  de  mecanismo  destinado  a  recompor  uma  perda.  

Não  a  da  exploração  em  si,  mas  a  dos  problemas  que  gera    ambientais,  sociais  e  econômicos    aumento  da  população  e  demanda  maior  por  serviços  públicos.  

-­‐ Não  há  problema  que  a   lei  use  o  mesmo  nome,  "compensação  financeira",  para  a  CFEM  e  para  a  participação  nos  resultados.  

-­‐ Não  reconhece  o  recurso.  

Texto  2  ADI  4992/RJ    petição  inicial    2010  

Lei  12.276/10    a  cessão  onerosa  -­‐ Lei  autorizou  a  União  a  ceder  onerosamente  à  Petrobrás,  sem  licitação,  pesquisa  e  extração  em  áreas  do  pré-­‐sal.  

Motivo:  parte  do  plano  de  capitalização  da  Petrobrás,  endividada  em  34%  do  capital,  quando  o  máximo  permitido  pela  própria  empresa  é  de  35%.  

Para  não  ter  de  tirar  do  próprio  bolso,  a  União  fez  a  cessão  até  o  volume  de  5  bilhões  de  barris.  -­‐ Problema:  a  lei  não  fala  quais  são  as  áreas  (7  grandes  blocos,  no  estado  do  RJ).  

População   ainda   não   sabe   quais   são   as   áreas     não   por   desinteresse,  mas   por   falta   de   publicidade   e  transferência.  

A  definição  das  áreas  começou  antes  da  edição  da  lei  e  foi  cheia  de  atropelos.  A  Petrobrás  já  saberia  das  áreas  e,  ainda  assim,  a  lei  não  quis  identificá-­‐las.  

-­‐ A  assinatura  do  contrato  ocorreu  sem  qualquer  publicidade.  -­‐ Não  ouvir  o  Estado  até  seria  compreensível  se  nenhum  prejuízo  estivesse  envolvido,  mas  esse  não  é  o  caso.  

Lei  12.276/10    o  impacto  no  RJ  -­‐ Art.  5º   traz  expressamente  o  pagamento  de   royalties,   sem  afastar  outras  compensações,  como  a  participação  

especial  (lei  9478/97    art.  45).  -­‐ Petrobrás  interpretou  de  outra  forma,  excluindo  a  participação  especial  dos  Estados  e  Municípios  produtores.  

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-­‐ Pela   interpretação,   foi   criado  um  novo   regime  de  exploração,  diferente  do  atual  e  do  de  partilha   (que  estava  sendo  estudado):  o  de  cessão  onerosa.  

No  novo  regime,  a  participação  especial  teria  sido  afastada,  pois  o  art.  5º  fala  apenas  de  royalties,  sem  mencioná-­‐la.  

Prejuízo  da  ordem  de  dezenas  de  bilhões  de  reais.  -­‐ Como  o  art.  5º  realmente  não  fala  expressamente  da  participação,  a  questão  colocada  é  puramente  interpretati-­‐

va    no  caso  de  duas  interpretações  possíveis  de  uma  lei,  deve-­‐se  buscar  a  mais  compatível  com  a  Constituição.  

Violação  de  CF/88,  art.  20,  §1º    Compensação  financeira  -­‐ Amenizar  os  impactos  ambientais  e  o  aumento  da  demanda  por  serviços  públicos.  -­‐ A  tributação  do  petróleo  não  ocorre  no  Estado  produtor,  mas  no  Estado  de  destino  do  produto.  

Diferente  dos  outros  produtos.  

Como  não  há  tal  imposto,  a  compensação  financeira  é  fonte  importante  de  receita    contrapartida  asse-­‐gurada  pelo  constituinte.  

-­‐ Government  take:  fatia  que  os  países  buscam  conservar  dos  lucros  provenientes  da  extração  de  petróleo.  

Lei  Geral  do  Petróleo  (9.478/97),  art.  45:  royalties  (II)  e  participação  especial  (III).  

LGP,  art.  50:  em  casos  de  grande  rentabilidade,  haverá  o  pagamento  de  uma  participação  especial.  

Decreto  2.705/98  (regula  tal  participação):  ela  tem  natureza  de  compensação  financeira  extraordinária.  -­‐ Tal  participação  não  se  confunde  com  os  royalties:  tratamento  próprio    critérios  de  apuração  e  pagamento  dife-­‐

rentes.  

Elemento  concretizador  do  art.  20,  §1º  da  CF    não  pode  ser  afastado  por  mera  lei  ordinária.  

Violação  de  CF/88,  art.  177,  §2º    Regime  de  exploração  -­‐ Petrobrás  trata  a  cessão  onerosa  como  um  novo  regime  de  exploração;  não  está  sujeito,  portanto,  às  normas  

antigas,  isentando-­‐a  do  pagamento  da  patricipação.  -­‐ Na  CF,  fala-­‐se  de  uma  lei  geral  que  estatuiria  o  regime  de  exploração.  

Pede-­‐se  uma  lei  geral;  diploma  regulatório  único.  

Ela  já  existe    Lei  9.478/97,  chamada  de  "Lei  Geral  do  Petróleo".  

Dessa  forma,  a  lei  12.276  não  cria  novo  regime    apenas  dispensou  a  licitação.  -­‐ Ela  é  uma  lex  specialis,  que  derroga  a  geral  apenas  no  que  ela  tem  de  especial,  ou  seja,  a  lei  especial  só  derroga  a  

geral  no  que  ela  trata  de  forma  diversa    aquilo  que  está  na  lei  geral  e  não  na  especial  continua  a  ser  regulado  como  antes.  

À  cessão  onerosa  continua  aplicável  a  lei  9.478  em  tudo  aquilo  que  não  haja  disposição  em  contrário  na  lei  12.276    por  exemplo,  a  participação  especial  (silêncio  não  é  eloqüente).  

Violação  ao  princípio  federativo  -­‐ Princípio  federativo  não  é  apenas  uma  organização  formal  do  Estado,  mas  um  imperativo  de  equilíbrio  e  aliança  

entre  as  entidades.  -­‐ União  não  pode  dispor,  em  contrato  com  empresa  federal,  uma  das  maiores  receitas  de  um  Estado-­‐membro.  

Participação  especial  consiste  em  receita  própria  dos  Estados  e  municípios  produtores.  

O  máximo  que  a  União  poderia  fazer  é  abdicar  da  própria  porcentagem,  não  da  dos  outros.  -­‐ Petrobrás  veiculou  que  a  União  teria  recebido  um  valor  maior  pela  cessão  onerosa,  justamente  por  ela  não  ter  

de  pagar  a  participação  especial.  

Enriquecimento  da  União  às  custas  dos  Estados  e  Municípios.  -­‐ Sem  o  pagamento  da  participação,  o  que  ocorreu  não  foi  uma  cessão  onerosa,  mas  uma  cessão  com  bônus.  

Enriquecimento  da  Petrobrás  (e  de  seus  acionistas,  inclusive  estrangeiros)  e  da  União  às  custas  do  Esta-­‐do  do  RJ.  

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Texto  3  OLIVEIRA,  Régis  Fernandes  de.  Curso  de  direito  financeiro.  3ª  ed.  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,  2010,  cap.  13.  

Competência  -­‐ Competência  da  União:    

Energia  elétrica  CF,  art.  21,  XII,  b  

Petróleo,  gás  natural  e  hidrocarbonetos  -­‐  CF,  art.  177,  I  

Energia  hidráulica  -­‐  CF,  art.  176,  com  a  redação  dada  pela  EC  n,  6/95  -­‐ Patrimônio  da  União:  

Plataforma  de  petróleo  e  zona  econômica  exclusiva  -­‐  CF,  art.  20,  V  

Energia  hidráulica    CF,  art.  20,  VIII  

Os  recursos  minerais,  inclusive  os  do  subsolo    CF,  art.  20,  IX  -­‐ Competência   dos   estados-­‐membros:  Registrar,   acompanhar   e   fiscalizar   recursos   hídricos   e  minerais   em   seus  

territórios  (CF,  art.  23,  XI)  

Patrimônio  Público:  Bens  Públicos  -­‐ Hely  Lopes  Meirellles:  patrimônio  público  é  o  poder  de  dominação  ou  regulamentação  que  o  Estado  exerce  so-­‐

bre  os  bens  do  seu  patrimônio  (públicos)  ou  sobre  os  bens  do  patrimônio  privado  (particulares  de  interesse  pú-­‐blico),  ou  sobre  as  coisas  inapropriáveis  individualmente,  mas  de  fruição  geral  da  coletividade  (res  nullius).  

-­‐ Relação  poder  público    bens:  propriedade  administrativa  (deles  pode  dispor  e  deve  explorá-­‐los).  -­‐ Domínio  eminente:  sujeição  do  Poder  Público  sobre  todos  os  bens  dentro  do  território  nacional.  O  Estado  deve  

ZELAR  pela  sua  PRESERVAÇÃO  -­‐ Domínio   patrimonial:   Direito   de   propriedade     de   dispor   e   usufruir   de   todas  as   potencialidades   que  os   bens  

podem  possuir.    -­‐ Destinações  que  podem  ser  dadas  aos  bens;    

1. uso  comum  do  povo  (CC,  art.  99,  I):  inalienáveis:  (CC,  art.  100);    2. uso  especial  (CC,  art.  99,  II):  inalienáveis:  (CC,  art.  100);    3. bens  dominiciais  (CC,  art.  99,  III):  bens  pertencentes  às  pessoas  jurídicas  de  direito  público  a  que  se  

tenha  dado  estrutura  de  direito  privado;  disponíveis  desde  logo  (CC,  art.  99,  parágrafo  único)  -­‐ er  idônea,  mas  tem  que  fazer  os  bens  produzirem,  dar  renda,  aproveitan-­‐

do-­‐os  de  forma  a  que  possam  gerar  receitas,  revertendo-­‐  

Bens  do  Patrimônio  da  União:  CF,  art.  20  -­‐ Patrimônio  histórico  e  artístico  nacional:  Dec.-­‐lei  25,  de  30/11/1937  -­‐ Bens  imóveis  da  União:  Dec.-­‐lei  9760,  de  5/09/1946  -­‐ Mar  territorial,  zona  contígua,  zona  econômica  exclusiva,  plataforma  continental:  Lei  8617,  de  4/01/1993  -­‐ Formas  de  outorga  de  uso  de  bem  público:  concessão,  permissão  ou  autorização  do  uso  

 Águas  Públicas,  Energia  Elétrica  e  Partilha  em  sua  exploração.  -­‐ Águas  

Internas:  banham  apenas  o  interior  do  território  ou  são  limítrofes  a  outros  Estados.  Externas:  contornam  o  país.  

CF,  Art.  176    RÉGIS  trata  as  águas  como  potenciais  de  energia  hidráulica.    CF,  Art.  22,  IV    União  legislar  sobre  águas  e  energia.  CF,  Art.  20,  parágrafo  1    partilha  dos  resultados    repartição  dos  recursos  da  venda  de  energia  elétrica  à  população.  

Lei  9427,  26/12/1996,  Art.  3o    ANEEL    Agência  Nacional  de  Energia  Elétrica  Lei  9984,  17/07/2000    ANA    Agência  Nacional  de  Águas  

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-­‐ Energia:  produzida  por  particular  e  para  seu  uso,  nos  limites  de  sua  propriedade,  quando  aproveitada  para  uso  externo  de  serviço  público  recaem  6%  sobre  o  valor  da  energia.  (Art.  5o  da  lei  7990/89)  

-­‐ Isenção  de  Partilha:  Há  alguns  casos  em  que  não  há  obrigação  de  repartição  do  produto,  disciplinados  no  art.  4o  

lei  7790/89,  I,  II  e  III  

Partilha  da  produção  mineral  -­‐ Art.  177,  I,  II,  III,  IV    monopólio  da  União  -­‐ Petróleo:   substâncias  minerais   líquidas   no   subsolo     hidrocarboneto.   Formado   por   substâncias   orgânicas   em  

decomposição,  especialmente  de  organismos  marinhos.  -­‐ MONOPÓLIO:  Exclusividade  na  exploração  de  determinada  atividade  econômica.  Obviamente,  o  monopólio  não  

pode  recair  sobre  serviço  público,  porque  este  já  é  do  poder  público.  Ocorre  o  monopólio  quando  se  cuida  de  a-­‐tividade  particular  e  o  Poder  Público,  em  face  da  importância  da  atividade,  concentra-­‐a  em  suas  mãos.  

-­‐ O  vínculo  entre  o  Poder  Público  e  a  ANP  é  de  controle  (tutela).    -­‐ Contrato  entre  a  Agência  e  as  concessionárias.  -­‐ O  Estado  edita  LEI-­‐QUADRO  (aberta  mensagem  normative,  que  deixa  o  preenchimento  dos  demais  dados  à  regu-­‐

lação  que  deverá  ser  emitida  pela  agência.  -­‐ A  edição  de  tais  normas  é  imprescindível,  não  só  para  estabelecer  direitos  e  deveres,  mas  para  assegurar  a  forma  

de  execução  da  atividade.  -­‐ Prevalece  a  norma  geral  negativa    o  que  não  está  proibido  ou  obrigatório  é  facultativo.  -­‐ O  contrato  de  concessão  é  essencialmente  de  direito  privado,  com  normas  de  direito  público.      

   

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Seminário  V:  Renúncia  de  Receita  e  Guerra  Fiscal  (01/04/2011)    

Texto  1  

NÓBREGA,  Marcos.  Renúncia  de  Receita;  Guerra  Fiscal  e  Tax  Expenditure:  Uma  abordagem  do  Artigo  14  da  LRF.  

-­‐ Concessão  de  incentivos  fiscais    Guerra  fiscal  -­‐ LRF  (LC  nº101/2000)    Requisitos  para  a  concessão  de  incentivos  ficais    Racionalidade,  planejamento,  transpa-­‐

rência  -­‐ CF,  Art.  165,  §  6º    Lei  orçamentária  deverá  estar  acompanhada  de  demonstrativo  regionalizado  do  efeito,  sobre  

as  receitas  e  despesas  de  isenções,  anistias,  remissões,  subsídios  e  benefícios  de  natureza  financeira,  tributária  e  creditícia    Registro  e  divulgação  das  renúncias  fiscais  (não  se  deu  muita  importância)  

-­‐ Renúncia  fiscal    deve  ser  considerada  à  luz  do  conceito  de  federação  

Federação    Arranjo  institucional  que  busca  a  harmonização  sem  negar  as  diferenças  dos  entes  federa-­‐dos    Cooperação  

-­‐ Ímpeto  cooperativo  pode  frear  diante  de  fragilidade  institucional  +  crise  financeira    Caso  do  Brasil    Ambiente  de  competição  (não  cooperação)  ocorre  de  duas  formas:  1)  Competição  vertical    Transferências  intergoverna-­‐mentais  com  o  objetivo  de  minorar  as  distorções  do  sistema  tributário  dos  entes  subnacionais     Incentivo  ao  rent  seeking    Governos  não  tem  incentivo  para  aumentar  as  próprias  receitas;  2)  Competi-­‐ção  horizontal    entes  federados  disputam  recursos    Estratégias  de  concessão  de  benefícios  

-­‐ Impactos  em  um  ambiente  de  competição  fiscal  é  complexa    envolve  comportamento  dos  agente  econômicos,  mobilidade  dos  fatores  de  produção,  características  específicas,  possibilidade  de  externalidades  advindas  as  es-­‐tratégias  dos  entes  federados  

Ex:  Alemanha    Estados  não  estabelecem  livremente  as  alíquotas  de  impostos    Impedimento  de  uma  competição  por  incentivos  baseados  em  renúncias  fiscais  

-­‐ LRF,  Art.  14,  §  1º A  renúncia  compreende  anistia,  remissão,  subsídio,  crédito  presumido,  concessão  de  isenção  em  caráter  não  geral,  alteração  de  alíquota  ou  modificação  de  base  de  cálculo  que  implique  redução  discrimina-­‐da  de  tributos  ou  contribuições,  e  outros  benefícios  que  correspondam    

Interpretação  da  norma    Gestão  fiscal  responsável  e  o  equilíbrio  de  receitas  e  despesas  

Qualquer  beneficio/  tratamento  diferenciado  =  renúncia  de  receita  

Esse  Art.  14  representa  uma  enumeração  exemplificativa    Outras  práticas  dos  poderes  executivos  para  atrair  investimentos  são  renúncias  de  receitas  

-­‐ Conceito  de  renúncia  de  receitas  não  deve  se  esgotar  com  a  lei    LEMGRUBER:  o  conceito  de  renúncia  fiscal  não  é  pacífico    Dúvidas  doutrinárias  e  operacionais  

-­‐ Secretaria  da  Receita  Federal    Considera  como  renúncia  de  receita  a  que  cumprir  os  requisitos:  1)  Reduzam  a  arrecadação  potencial;  2)  Aumentem  a  disponibilidade  econômica  do  contribuinte;  3)  Constituam,  sob  aspecto  jurídico,  uma  exceção  à  norma  que   referencia   o   tributo  ou  alcancem,  exclusivamente,   determinado  grupo  de  contribuintes;  

Ex:  Redução  da  alíquota  de  IPI    Não  é  renúncia  de  receita    IPI  tem  dimensão  extrafiscal    Poder  e-­‐xecutivo  pode  reduzir  a  sua  alíquota  para  regular  a  atividade  econômica  

Ex:  ICMS    Isenções  ou  diminuições  de  alíquotas  são  um  desvio  da  estrutura  do  tributo    Renúncia  fis-­‐cal  

-­‐ MARIA  ABADIA  ALVES  (Unicamp)    Guerra  fiscal  não  é  um  fenômeno  recente  (constante  desde  os  anos  70  entre  os  estados)    Uso  do  ICM  (ICMS,  hoje)    Políticas  tem  teor  diferente  do  que  as  da  década  de  70    Resultado  de  mudanças  estruturais  ocorridas  na  economia  brasileira  e  mundial  

Crescimento  da  guerra  fiscal  na  última  década    Motivos:  1)  Ausência  de  política   industrial   (principal-­‐mente  regional);  2)  Falência  das  agências  regionais  de  fomento;  3)  CF/88  aumentou  a  disponibilidade  de  recursos  para  os  estados  e  municípios  

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Política  dos  governos  de  concessão  de  ICMS    Fizeram  as  vezes  de  uma  política  industrial    Competi-­‐ção  desordenada    Aumento  da  concentração  industrial  

Estados  pequenos  tiveram  que  conceder  proporcionalmente  mais  incentivos    Não  receberam  o  retor-­‐no  dos  incentivos  

-­‐ Anos   80       Alegação  de   que   as   comunidades   locais  teriam  maiores  condições  de  gerir  os  seus  recursos    Proximidade  com  a  população  

-­‐ MARCOS  ANDRÉ  MELO  (SEADE)    Socialismo  municipal,  descentralização  e  autogestão  comunal  (Europa,  início  do  século  XX)  

-­‐ Transição  democrática  do  Brasil   (1985-­‐1990)     JOSÉ  SARNEY   (presidente)  não  defendeu  os   interesses   fiscais  da  União  +  Pressões  regionais  por  recursos  (chefes  políticos  regionais)    Contraposto  à  lógica  centralizadora  do  fe-­‐deralismo  brasileiro  

%  de  receitas:  Estados  24%  em  1980  e  31%  em  1992;  Municípios  9,5%  em  1980  e  16,9%  em  1992  

Fenômeno  da  descentralização  fiscal  não  melhorou  a  aplicação  dos  recursos  públicos  -­‐ ARUCIO    Baixa  capacidade  gerencial  dos  municípios;  insustentabilidade  fiscal,  baixa  efetividade  no  uso  de  ins-­‐

trumentos  de  cooperação  horizontal  -­‐ Governo  FHC    Esforço  de  resgate  dos  recursos  repassados  aos  estados  e  municípios  na  CF/88    Ajuste  fiscal  

1994    Criação  do  Fundo  Social  de  Emergência  

Lei  Kandir  (LC  nº  87/1997)  

FUNDEF  (EC  nº  14)  

Programa  de  Estabilidade  Fiscal  (PEF)  -­‐ LRF  e  Leis  Orçamentárias  são  perversas    Retirada  de  recursos  dos  entes  subnacionais    Encargos  de  demana-­‐

das  da  sociedade  continuam  sob  responsabilidade  local  -­‐ Federação    Característica  pendular  (centralização/autonomia)    Momento  atual  de  maior  quantidade  de  re-­‐

cursos  para  os  entes  da  federação  é  atípico  

Medidas  do  governo  federal  (poder  constituinte  derivado/medidas   infraconstitucionais)    Diminuíram  os  recursos  para  os  entes    Aumento  das  receitas  do  governo  federal  (por  contribuições  sociais,  em  de-­‐trimento  do  aumento  de  impostos)  

-­‐ Fragilidade  financeira  dos  estados  (antes  mascarada  pela  inflação)    Potencialização  da  concessão  de  incentivos  (minorar  a  crise  fiscal)    Também  é  reflexo  da  abertura  da  economia  brasileira  (aumento  de  investimentos  es-­‐trangeiros)  

-­‐ Renúncia  de   receitas    Primeira  vista:  benefícios    Região  sem  atividade  econômica  e  arrecadação  de   ICMS  diminuta    Empresa  se  instala  no  local  com  15  ou  20  anos  de  isenção  de  ICMS    Enquanto  a  empresa  não  paga  o  imposto,  incentiva  o  surgimento  de  empresas-­‐satélites  que  pagarão  ICMS    Aumento  do  nível  de  emprego  na  região  (geração  de  renda)    Aumento  da  arrecadação  pela  venda  de  bens  e  serviços  

Efeito   perverso   dos   incentivos   fiscais    Guerra   fiscal   (todos  os   estados   concedem  mais  ou  menos  os  mesmos  benefícios)    Ex:  arrecadação  de  ICMS  de  1997  foi  igual  em  %  do  PIB  que  a  de  1991  (6,87%)    Arrecadação  seria  maior  sem  os  incentivos  

 Guerra  fiscal  gera  o  aumento  das  de-­‐sigualdades  regionais    Concessão  de  benefícios  semelhantes    Escolha  de  locais  com  condições  me-­‐lhores   (boas   estradas,   mercado   consumidor,   fornecimento   de   matéria   prima,   custo   da   mão-­‐de-­‐obra,  vantagens  locacionais  específicas,  sindicalismo  atuante  na  região,  saturação  espacial,  etc)    Condições  presentes  nos  estados  mais  ricos  (tem  mais  condições  financeiras  de  conceder  benefícios)  

BNDES    Guerra  fiscal  não  é  um  instrumento  de  desenvolvimento  das  regiões  pobres    Necessidade  do  fim  da  guerra  fiscal  

Instalação  da  Ford  no  RS    Benefícios  não  compensavam  -­‐ LRF   (Art.   14)     Restrições   a   concessão  de   benefícios   fiscais   (transparência   e  accountability)     Estimativa   do  

impacto  (não  afetar  os  resultados  fiscais   Registro  no  Orçamento  anual  e  na  Lei  de  diretrizes  orçamentárias    

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Medidas  de  compensação  (elevação  de  alíquotas,  ampliação  da  base  de  cálculo,  majoração  ou  criação  de  um  no-­‐vo  tributo  ou  contribuição  

-­‐ TORRES    LRF  trata  a  renúncia  fiscal  como  se  fosse  uma  nova  receita  (despesa  tributária)    Necessidade  de  me-­‐canismos  de  compensação  

-­‐ SURREY    Gasto  tributário  (Tax  expenditure)    Produzem  os  mesmos  resultados  econômicos  da  despesa  pública  (subvenções,  subsídios,  restituições  de  impostos,  etc.)  

-­‐ Dinheiro  nem  chega  a  entrar  no  caixa,  leis  reduzem  a  quantidade  de  recursos  tributários  aos  cofres  públicos    Gasto   tributário     Abdicação   (total   ou   parcial)   do   fisco   de   recolher   o   produto   de   tributos     Incenti-­‐vo/favorecimento  de  determinados  setores,  atividades,  regiões  ou  agentes  da  economia  

-­‐ Incentivos   fiscais  ou  transferências  diretas   (subsídios)?  SURREY     Incentivos  diretos    obrigatoriamente  regis-­‐trados  no  orçamento  (diferente  de  incentivos  fiscais,  menor  transparência);  Incentivo  fiscal    Viés  de  planeja-­‐mento  privado,  política  não-­‐intervencionista,  mais  difícil  de  ser  planejado  e  controlado  

-­‐ Critérios  de  identificação  de  um  gasto  tributário    Tax  expenditure    Conceito  formulados  nos  EUA  e  Alemanha  (anos  60)    Aperfeiçoado  por  países  da  OCDE  na  década  de  80    Código  de  boas  práticas  fiscais  para  transpa-­‐rência    Divulgação  do  FMI  de  práticas  exitosas  em  diversos  países    Práticas  orçamentárias  uniformes    Faci-­‐litação  da  troca  de  informação  e  a  comparação  entre  indicadores  de  vários  países  

-­‐ Dificuldade  de  critério    Incentivo  fiscal  =  gasto  tributário  ou  redução  de  receita?    Como  gasto  tributário,  há  a  necessidade  de  registro  orçamentário  e  consideração  para  estabelecimento  de   impactos   fiscais  da  medida;  Se  for  redução  fiscal,  tais  reduções  seriam  dispostas  na  estrutura  básica  do  tributo  

FMI    10/183  países  membros  realizam  estimativas  de  gastos  tributários  

Dificuldade  de  comparação  de  gastos  tributários    Metodologias  diferentes,  abrangência  diferente  (ní-­‐vel  federal,  em  geral).  

-­‐ Definição  de  gasto  tributário:  a)  confere  tratamento  preferencial;  b)  resulta  em  uma  redução  de  receita;  c)  não  está  incluído  no  orçamento  como  despesa;  d)  não  é  objeto  de  uma  tributação  compensatória;  e)  representa  uma  

 -­‐ HAING  SIMON    Conceito  de  renda  tributável:  Esse  é  um  modelo  baseado  na  definição  de  renda  que  correspon-­‐

deria  ao  aumento  da  riqueza  líquida  da  economia  medida  entre  dois  pontos  do  tempo  (um  ano,  por  exemplo)  mais  o  consumo  durante  esse  período    A  renda  anual  de  um  indivíduo  seria  o  valor  que  poderia  consumir  nes-­‐te  ano  para  manter  constante  sua  riqueza    Despesas  seriam  todos  os  recursos  despendidos  que  não  fossem  u-­‐tilizados  para  aumentar  a  riqueza    Mais  amplo  (lista  de  gastos  tributários  mais  abrangentes)    CRAIG  e  ALLAN    Metade  dos  países  da  OCDE  adotaram  esse  critério  

Modelo  baseado  em  definições  legais  Bechmark  (estrutura  básica  do  tributo)  seria  aquele  estabelecido  pela  legislação  (lista  mais  restrita)  

Comparação  com  despesas  diretas    Bechmark  seria  estabelecido  mediante  analogia  com  programas  de  despesas  diretas  (lista  mais  restrita)  

-­‐ IR  (CF/88,  Art.  145,  parágrafo  1º)    Consideração  à  capacidade  contributiva  do  indivíduo    Despesas  médicas  e  com  educação    Deduções  (fazem  parte  da  estrutura  do  IR)    Não  são  gastos  tributários  

-­‐ IPI,   Impostos  regulatórios  (importação)     Isenções  não  são  gastos  tributários     Instrumentos  de  política  eco-­‐nômica  do  governo  

-­‐ ICMS    Isenção  é  gasto  tributário    Não  faz  parte  da  estrutura  do  tributo  -­‐ Formas  metodológicas  para  calcular  receitas  perdidas:  1)  ex  ante  (qual  gasto  direto  teria  o  mesmo  efeito  fiscal  

que  a  renúncia);  2)  ex  post  (avaliação  dos  gastos  tributários  em  um  período  passado);  3)  gasto  direto  substitutivo  -­‐ Lei  nº  4320/64  (Art.  166,  parágrafo  8º)    Fontes  para  a  abertura  de  créditos  adicionais  são:  a)  excesso  de  arre-­‐

cadação;  b)  superavit   financeiro;  c)  anulação  de  dotações;  d)  operações  de  crédito   (menos  ARO)  e  orçamento  superavitário;  

Texto  2  

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SCAFF,  Fernando  Facury.  SILVEIRA,  Alexandre  Coutinho.  Competência  Tributária,  transferências  obrigatórias  e  incen-­‐tivos  fiscais.  In  CONTI,  José  Maurício.  SCAFF,  Fernando  Facury.  BRAGA,  Carlos  A.  F.  (Orgs.)  Federalismo  Fiscal    ques-­‐

tões  contemporâneas.  Florianópolis:  Conceito  Editorial,  2010,  pp.  285-­‐302.  -­‐ Questão  central:  saber  se  um  ente  federado,  com  competência  tributária  sobre  certo  tributo  cuja  receita  é  par-­‐

cialmente  transferida,  pode  reduzir  sua  incidência  fiscal;  e,  se  puder,  em  que  medida  pode  fazê-­‐lo      

STF  -­‐  RE572.762/SC  

-­‐ O  STF  entendeu  que  o  ente  federado  não  pode  isentar  a  parcela  de  receita  a  ser  transferida    regra  geral  ou  a-­‐penas  em  alguns  casos?  

Competência  Tributária:    

-­‐ Faculdade  de  editar  leis  para  criação,  in  abstrato,  de  tributos;  tipicamente  oriunda  do  texto  constitucional  -­‐ A  Constituição  não  cria  tributos,  apenas  dá  ao  ente  federado  o  poder  de  fazê-­‐lo  (outorga  da  competência  tribu-­‐

tária    para  que  os  entes  produzam  finanças  próprias);  ele  o  faz  por  meio  do  exercício  de  competência  -­‐ Privativa  (o  ente  a  quem  se  dirige  é  titular  daquele  poder  de  tributar,  exclusivamente)  e  indelegável  -­‐ Art.  157,  CF:  Receitas  transferidas:  transferências  obrigatórias  ou  voluntárias  -­‐ O  entes  beneficiários  das  transferências  obrigatórias  não  podem  instituir  ou  efetivamente  cobrar  os  tributos  que  

não  são  de  sua  competência;  cabe-­‐lhes  apenas  o  direito  de  receber  parcela  do  produto  da  arrecadação  tributá-­‐ria.  REPARTIÇÃO  DE  RECEITAS  E  NÃO  DE  COMPETÊNCIAS  

-­‐ Brasil:    

Federalismo  cooperativo    

CF88  tentou  estabelecer  um  federalismo  de  equilíbrio  entre  os  entes    nem  centrífugo,  nem  centrípeto.  

Nos  últimos  tempos,  verifica-­‐se  maior  centralização  devido  à  má  gestão  fiscal,  retirando  parte  da  auto-­‐nomia  de  gestão/administrativa  e  financeira  dos  entes  subnacionais.  

A  União  mostra  certo  desinteresse  nas  receitas  que  têm  de  ser  repartidas,  dando  mais  valor  às  que  não  têm,  mesmo  que  elas  tenham  fins  determinados    ex:  seguridade  social    isso  comprova  a  tendência  de  centralização,  porque  diminui  a  autonomia  financeira  dos  entes  subnacionais    aumento  da  necessidade  de  receitas  voluntárias.  

Decisão  do  STF:  RE  572.762/SC  

-­‐ Ação  movida  pelo  município  de  Timbó  (SC).  O  ente  municipal  impugnou  dispositivo  do  PRODEC    Programa  de  Desenvolvimento  da  Empresa  Catarinense,  que  outorgava  incentivo  fiscal  através  de  postergação  do  recolhimen-­‐to  do  ICMS  por  05  anos    reconhecido  ainda  o  repasse  do  produto  da  arrecadação  a  agentes  financeiros,  por  fi-­‐nanciamento  de  75%  do  valor  imposto,  com  devolução  em  até  cinco  anos,  e  escrituração  como  receita  tributária  de  apenas  25%  do  imposto  devido.  O  incentivo  provocou  adiamento  do  repasse  constitucional  (CF,  art.  158,  IV),  que  beneficia  diretamente  os  entes  municipais.    

-­‐ O  STF  decidiu  a  favor  da  autonomia  dos  entes  federados,  declarando  que  o  Estado  não  poderia  conceder  bene-­‐fícios  fiscais  referentes  à  parcela  da  receita  que  deveria  ser  transferida  aos  municípios.  Afirmaram  explicitamen-­‐te  que  mesmo  isenções  e  benefícios  fiscais  podem  ser  concedidos  apenas  com  a  parcela  da  arrecadação  que  não  se  destina  à  repartição.      

-­‐ Os  autores  destacam  o   conflito  entre  essa  decisão  e  o   conceito  de   competência     não  compreende  a   receita  transferida  

-­‐ Segundo  os  autores,  adotando  tal  entendimento,  seria  possível  aos  entes  titulares  de  receitas  transferidas  expe-­‐direm  um  documento  de  cobrança  próprio  para  receberem  diretamente  sua  parte  na  arrecadação    não  seria  necessário  o  trânsito  financeiro  do  dinheiro.  

-­‐ FIM  DAS   RECEITAS   TRANSFERIDAS    os   estados   e  municípios   receberiam   direto,   passariam   a   ser   originárias.  Deixaria  de  ter  função  o  parágrafo  único  do  art.  160,  CF.    

-­‐ CF,  art.  155,  parágrafo  2o,  XII,  g    ICMS  pode  ser  diminuído  e  ser  objeto  de  benefícios  fiscais.    

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-­‐ Segundo  os   autores,   não  é  qualquer   redução  do  montante  arrecado  que   implicará  em  quebra  de  autonomia.  Não  faz  sentido  a  CF  outorgar  competências  a  determinado  ente  e  lhe  retirar  o  poder  de  decisão  sobre  a  melhor  forma  de  exercê-­‐la.    

-­‐ Questionam-­‐se  os  casos  em  que  se  percebesse  necessidade  de  diminuição  da  alíquota  do  imposto    seria  inváli-­‐da  a  arrecadação  ou  a  União  teria  que  suportar  a  diminuição  sozinha?  Ou  ainda,  só  poderão  ser  alteradas  as  alí-­‐quotas  para  mais?  Não  seria  o  contribuinte  prejudicado  com  o  ciclo  vicioso  de  aumento  da  carga  tributária?    

-­‐ Conclusão:  No  Brasil,  os  entes  menores  dependem  dos  recursos  transferidos  pelos  entes  maiores,  que  mantêm  os  primeiros  sob  uma  espécie  de  dominação  política.  O  Judiciário  manifesta-­‐se  sempre  a  favor  do  lado  mais  fraco  da  relação,  em  especial  sob  o  argumento  de  que  as  pessoas  vivem  nas  cidades  e  não  na  União.  Os  autores,  con-­‐tudo,  defendem  que  o  entendimento  do  RE  572.762/SC,  em  vez  de   reforçar  o  pacto   federativo,  desarruma-­‐o.  Portanto,  de  acordo  com  os  autores,  aplicar  as  regras  mesmo  em  situações-­‐limite  reforça  a  democracia  e  permi-­‐te  que  a  segurança  jurídica  se  imponha.    

 

   

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Seminário  VI:  Despesas  Sigilosas  e  o  Direito  a  Verdade  (08/04/2011)  

Texto  1  

MATOS,  Antonio  Newton  S.  As  Despesas  Sigilosas  do  Governo  e  o  Orçamento.  In  Brasília:  Revista  do  TCU,  112,  maio/ago    2008,  pp.  19-­‐30.  

-­‐ Introdução:  

Discussão:  seriam  as  despesas  sigilosas  excessivas?  Para  que  seriam  usadas?  

Problema:  aumento  das  despesas  sigilosas.  -­‐ Por  que  governos  realizam  despesas  sigilosas?  

É  comum  a  existência  de  despesas  sigilosas    interesse  público  ou  segurança  assim  o  exigem.  

Ex:  operações  militares  no  geral    Alemanha  usava  tal  sigilo  para  armar  suas  forças  além  do  permitido  pelo  Tratado  de  Versalhes.  

Brasil:  programa  nuclear     implantado  com  recursos  secretos  geridos  pelo  Conselho  de  Segurança  Na-­‐cional    pressões  dos  EUA  para  que  cessasse  a  transferência  de  tecnologia  para  o  país.  

Regime  militar:  justificados  pela  segurança  nacional    despesas  de  segurança  e  de  inteligência.  

EUA:  necessidade  de  proteção  do  povo    despesas  de  segurança  e  inteligência    CIA:  US$  43bi.  -­‐ As  despesas  sigilosas  no  Brasil  a  partir  do  regime  militar  implantado  em  1964.  

Despesas  eram  separadas  no  orçamento  das  unidades  e  nos  órgãos  administradores.  

Unidades:  em  especial  os  órgãos  de  segurança.  

Congresso  não  votava  dotações  orçamentárias  para  esse  tipo  de  despesa    apenas  nas  não-­‐sigilosas.  -­‐ 1992:  denúncias  de  gastos  abusivos.  

TCU  tomou  a  iniciativa    União  deveria  criar  item  específico  para  as  sigilosas.  

Princípio  da  publicidade  +  necessidade  de  autorização  legislativa.  -­‐ Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  de  1993:  despesas  sigilosas  apenas  se  realizadas  por  órgãos  com  atividades  sigi-­‐

losas,  relativas  à  segurança  da  sociedade  e  do  Estado.  

Continuavam  sigilosas,  mas  deveriam  aparecer  nas  dotações.  -­‐ 1994:  TCU  determinou  a  realização  de  diligências  em  unidades  que  tinham  previsão  de  despesas  sigilosas  sem  a  

devida  autorização  legal.  

A  guarda  do  sigilo  

-­‐ Informações  que  envolvam  a  segurança  da  sociedade  são  protegidas  pelo  sigilo    cidadão  comum  não  pode  ter  acesso  a  elas    exposição  de  pessoas  e  instituições.  

-­‐ Ainda  que  as  pessoas  não  tenham  acesso,  alguns  órgãos  de  fiscalização,  como  o  TCU,  têm.  

Mesmo  assim,  devem  preservar  o  sigilo.  -­‐ Depois,  repassa  o  resultado  ao  Congresso,  que  descobre  a  totalidade  das  despesas,  mas  é  responsável  por  man-­‐

ter  o  sigilo  perante  outros  órgãos  públicos.  

Problema:  garantir  que  os  parlamentares  mantenham  mesmo  o  sigilo.  

Problema  não  só  do  Brasil,  mas  de  vários  outros  países.  

Pior  quando  há  questões  partidárias  envolvidas.  

A  necessidade  de  autorização  legislativa  para  a  realização  de  despesas  sigilosas  

-­‐ Algumas  unidades  perderam  essa  autorização   legislativa.  Ainda  assim,   faziam  despesas   sigilosas,   colocando-­‐as    (tanto  pessoa  física  quanto  jurídica).  

Parlamentares  aprovavam  sem  identificar  com  clareza  as  autorizações,  dando  margem  a  questionamen-­‐tos  posteriores.  

-­‐ Autorização  para  classificação  de  despesas  sigilosas  é  dada  pelo  Congresso  ao  aprovar  o  orçamento.  

Condições  para  a  destinação  de  recursos  para  despesas  sigilosas  e  sua  fiscalização  

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-­‐ Despesas  sigilosas  são  proibidas  em  princípio,  mas  podem  ser  autorizadas  pelo  Legislativo  quando  se  tratarem  de  atividades  relativas  à  segurança  da  sociedade  e  do  Estado.  

-­‐ A  autorização  entra  em  um  item  próprio  na  lei  orçamentária.  -­‐ Para  que  as  despesas  sejam  sigilosas,  o  órgão  que  as  faz  também  deve  ter  tal  caráter.  

Autorização  do  Congresso  nacional  para  despesas  sigilosas  

-­‐ Entre  2006  e  2008,  apenas  o  Ministério  da  Defesa,  as  Forças  Armadas,  a  Receita  Federal  e  a  Polícia  Federal  foram  contempladas  com  despesas  sigilosas.  

ABIn  e  gabinete  da  Presidência  não  têm  mais.  -­‐ Valor  total  cresceu  4  vezes  entre  1994  e  2000,  mais  4  vezes  entre  2000  e  2002.  

Os  cartões  corporativos  e  as  despesas  sigilosas  

-­‐ Gestores  públicos  vêm  realizando  despesas  sigilosas  através  deles,  baseando-­‐se  em  um  Decreto.  

Problema  1:  Decreto  trata  de  outro  assunto  (unificação  dos  recursos  de  caixa  do  Tesouro  Nacional).  

Problema  2:  apenas  o  Legislativo  tem  competência  para  tornar  uma  despesa  sigilosa.  -­‐ Resultado  (=  RÉGIS):  cartões  corporativos  não  se  incluem  no  item  de  despesas  sigilosas.  

A  prestação  de  contas  

-­‐ Elaborada  da  mesma  forma  como  os  demais  recursos.  -­‐ Distinção  é  na  tramitação  do  TCU,  no  respeito  ao  sigilo  e  nos  resultados.  

A  fiscalização  é  a  mesma,  completa,  apenas  o  resultado  sendo  sigiloso.  

Poucos  servidores,  geralmente  em  nível  de  assessoria    envelopes  lacrados.  -­‐ Demonstrativos  sintéticos  e  pouco  revelam  sobre  a  destinação  final  dos  recursos.  

A  amplitude  da  auditoria  

-­‐ Conflitos  entre  os  órgãos  e  o  TCU  são  inevitáveis.  -­‐ Nenhuma  despesa  à  conta  de  recursos  públicos  pode  ficar  fora  do  crivo  da  auditoria.  -­‐ Até  onde  pode  ir  a  auditoria?  

Não  pode  emitir  qualquer  opinião  sobre  o  mérito  da  despesa    isso  não  só  com  a  sigilosa,  mas  também  com  as  normais.  

Trabalho  do  auditor  deve  ser  isento    deve  apenas  relatar  as  ocorrências,  comparar  com  a  legislação  e  propor  providências  cabíveis  se  conflitarem  com  a  norma.  

A  decisão  cabe  ao  relator  e  aos  demais  membros  do  colegiado.  

Conclusão  

-­‐ Gastos  sigilosos  fazem  parte  da  realidade  dos  governos.  -­‐ Há  sentido  em  tal  sigilo:  segurança  nacional.  -­‐ Apesar  de  sigilosas,  devem  ter  relação  com  os  objetivos  do  Estado.  -­‐ Só  em  caráter  excepcional.  -­‐ Apenas  se  aprovadas  pelo  Congresso.  

 

   

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Seminário  VII:  Orçamento  Público  e  Precatórios  Judiciários  (15/04/2011)  

Texto  1  

OLIVEIRA,  Régis  F.  de.  Curso  de  Direito  Financeiro.  3ª  Ed.  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,  2010,  pp.  574-­‐631.  

Precatórios:  noções  introdutórias  

-­‐ Precatório  ou  Ofício  Precatório    Solicitação  que  o  juiz  da  execução  faz  ao  presidente  do  tribunal  respectivo    Requisição  de  verba  necessária  ao  pagamento  de  credor  de  uma  pessoa  jurídica  de  direito  público    Em  face  de  decisão  judicial  transitada  em  julgado;  

-­‐ Entendimento  de  um  direito  perante  o  poder  público    Exaurimento  das  vias  administrativas  de  reconhecimen-­‐to  e  satisfação    Ação  ingressada  no  judiciário    Resolução  da  ação  e  condenação  da  fazenda  Pública    Meca-­‐nismo  de  satisfação  do  crédito    Precatório    Liquidação  da  condenação    Apuração  do  seu  quantum    Juiz  expede  ofício  ao  presidente  do  tribunal    Comunicação  do  montante  e  requisição  do  pagamento;  

-­‐ 1995-­‐1997    Escândalo  dos  precatórios    Pôs  em  xeque  governadores  e  prefeitos;  

Crescimento  do  país  +  aprofundamento  do  Estado  democrático  de  Direito    Maior  interesse  nas  formas  pelas  quais  o  Estado  orienta  o  pagamento  de  suas  dívidas  judiciais;  

Tema  ignorado  até  então;  

Emenda  Constitucional  nº  62/2009  

(...)  

Críticas  à  EC  

-­‐ RÉGIS  (parecer,  RT  794/111-­‐135)    EC  inconstitucional  porque  trata  de  núcleo  intangível  da  CF;  -­‐  -­‐ Ministro  Celso  de  Mello    Vícios  materiais  pelo  poder  constituinte  derivado  ao  fazer  emendas  no  núcleo  intan-­‐

gível  da  CF    Art.  60,  §  4º;  -­‐ Oposição  do  RÉGIS  à  EC    Resta  pronunciamento  do  STF;  

Agressão  à  tripartição  de  poderes;  

EC  retira  competências  constitucionais;  

Judiciário  esvaziado  de  garantir  a  segurança  jurídica;  

Coisa   julgada  flexibilizada    Título  deixa  de  ter  o  valor  nele  consignado    Vale  menos  ou  negociação  por  valor  menor  obrigatória;  

Ofensa  ao  pacto  federativo    Onera  de  forma  diferente  o  orçamento  das  entidades  federativas;  

Agressão  ao  ato  jurídico  perfeito;  

Negação  do  Princípio  de  igualdade  de  todos  os  credores  frente  à  União    ADIn  584/PR  (Relator  Ministro  Celso  de  Mello);  

-­‐ KIYOSHI  HARADA    Ofensa  ao  princípio  da  moralidade  administrativa     -­‐devedor  coage  seu  credor  a  ven-­‐der-­‐lhe  o  seu  crédito  representado  por  precatório  por  meio    

-­‐ ACDT  da  CF/88,  Art.  33    Mecanismo  por  meio  do  qual  o  Estado  emite  títulos  da  dívida  pública    Até  o  mon-­‐tante  exato  de  seu  débito    Pagamento  de  precatórios    Precatórios  não  levados  em  consideração  para  a  ca-­‐racterização  da  dívida  do  ente  estatal;  

Malefício    Aumento  da  dívida  dos  estados  e  municípios;  

Benefício    Negociação  individual  com  os  credores    Desconto  importante  e  não  agressão  aos  credores  (diferentemente  da  EC  62/2009);  

-­‐ Cláusula  pétrea  da  CF    Imunidade  contra  alterações  posteriores;  -­‐ Ato  jurídico  formado  de  maneira  irregular    Possibilidade  de  revisão;  

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Competências  do  Chefe  do  Tribunal  

-­‐ Antes  da  EC  62/2009    Chefe  do  tribunal  recebia  o  ofício    Autuação    Numeração    Comunicação  à  fazenda  pública    Fazenda  efetuava  o  pagamento;  

-­‐ Após  EC  62/2009    Atribuição  ao  presidente  do  tribunal  de  conferir  a  alocação  de  recursos    Correspondência  com  o  montante  a  ser  pago    Comprometimento  corresponde  a  um  percentual  sobre  a  receita  corrente  líquida;  

Credores  só  receberão  até  o  limite  do  comprometimento  orçamentário  e  os  credores  não  receberão  no  exercício  seguinte;  

 Incidente  processual    Solução  pelo  juiz  de  primeiro  grau;  Presidente  tem  função  administrativa  e  fisca-­‐lizatória  (efeito  de  seqüestro,  não  alcança  as  partes);  

Créditos  Constituídos  por  Sentença  Judicial  

-­‐ Fundamento  dos  precatórios    Dívida  do  poder  público,  gerada  por:  1)  Descumprimento/  revisão  de  contratos  firmados  entre  poder  público  e  terceiros;  2)  Pensões,  aposentadorias  e  salários  de  servidores  públicos;  3)  Res-­‐sarcimento  de  dano  (moral  ou  material);  4)  Ressarcimento  por  desapropriação,  etc.  

-­‐ Duas  espécies  de  pagamento  de  débito:  1)  Alimentares;  2)  Não  alimentares;  -­‐ Créditos  Alimentares/Alimentícios    Imprescindíveis  ao  sustento  do  credor  e  sua  família;  

Descritos  no  §1º;  

Direito  de  preferência  no  pagamento,  exceto  no  que  se  refere  o  §2º;  

Honorários  advocatícios  são  créditos  alimentares?  Régis,  entendimento  do  STF    Sim,  trata-­‐se  de  verba  autônoma  e  titularizada  pelo  advogado    Lei  8906/94  (Estatuto  da  OAB);  STF,  RE  470.407-­‐2  DF,  Relator  Ministro  Marco  Aurélio,  j.  09/05/2006;  

-­‐ Créditos  Não-­‐Alimentares/Não-­‐Alimentícios/  de  Outra  Natureza    Não  incluídos  na  categoria  de  créditos  ali-­‐mentícios;  

Mantém  a  ordem  cronológica  da  apresentação  dos  precatórios  para  pagamento;  -­‐ Crédito  de  Pequeno  Valor    EC  30/2000    Procedimento  de  precatórios  não  se  aplica  para  obrigações  defini-­‐

das  em  lei  (§4º)  como  de  pequeno  valor  para  a  Fazenda  (Federal,  Estadual,  Distrital  e  Municipal)    Lógica  de  um  precatório  (valor  elevado)  a -­‐lo  causa  injustiça  perante  a  valores  pequenos    há  recursos  para  pagar  o  precatório  (maior);  

Pagamento  mais  imediato    Prazo  de  30  a  60  dias  para  a  análise  de  documentos;  

STF  (ADIn  2868/PI,  Ministro  Relator  Carlos  Britto)     a-­‐  

 Tal  valor  será  40  salários-­‐mínimos  para  os  Estados  e  DF  e  30  para  os  municípios    ADCT,  Art.  87,  §12,  I,  II    EC  37/2002;  

-­‐ Ordem  Dual  de  Pagamentos    Súmula  655  do  STF  e  144  do  STJ    Créditos  alimentícios  não  dispensam  precató-­‐rios,  mas  tem  prioridade  sobre  os  não-­‐alimentícios;  

Atualização  Monetária  

-­‐ CF/88    Redação  original  do  Art.  100    Atualização  precisa  no  dia  1º  de  julho  compromete  eficiência  do  pro-­‐cesso    

 -­‐ EC  30/2000  e  EC  62/2009    Atualização  no  momento  do  pagamento    Precatórios  apresentados  até  1º  de  ju-­‐

lho    Pagamento  até  o  fim  do  exercício  seguinte;  

CF/88,  Art.  100,  §12    Previsão  do  reajuste;  

Seqüestro  de  Verbas  Públicas  

-­‐ Hipótese  de  não-­‐liberação  de  recursos  para  as  contas  especiais;  

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-­‐ Ordem  parte  do  presidente  do  TJ  local;  -­‐ TRFs  locais  podem  realizar  o  seqüestro?  Régis    Sim,  caso  contrário,  é  lacuna;  -­‐ CF/88,  Art.  100:  

§5º    Obrigação  de  inclusão  de  verba  pública  destinada  ao  pagamento  de  precatórios    Inclusão  de  a-­‐tualização  do  montante;  

§6º    Pagamento   integral    Em  caso  de  preterimento  do  direito  de  precedência  ou  não  alocação  or-­‐çamentária  do  montante  da  dívida,  cabe  ao  Presidente  do  Tribunal  proceder  com  o  seqüestro  de  quantia  em  poder  público;  Cabe  ao  mesmo  presidente  conferir  se  os  recursos  alocados  no  orçamento  respon-­‐dem  ao  percentual  estabelecido  na  CF;  

-­‐ ADCT,  Art.  78    Seqüestro  admitido  nos  casos  de:  1)  Vencimento  no  prazo  de  pagamento;  2)  Omissão  no  orça-­‐mento;  3)  Preterição  do  direito  de  preferência;  

-­‐ ADCT,  Art.97,  §13    Pagamento  de  precatórios  pelo  regime  especial    Descabe  seqüestro;  -­‐ Qual  é  a  quantia  necessária  a  ser  seqüestrada?    

Aquela  que  foi  paga  com  a  infração  do  dispositivo  da  CF;  

Qualquer  quantia  disponível  de  propriedade  do  poder  público    Orientação  jurisprudencial;  

CF/88,  Art.  100,  §10,  I    Seqüestro  até  o  limite  não  liberado;  -­‐ Pode  haver  acordo  com  os  credores?  

Quebra  na  ordem  de  seqüestros?  

STF    Ordem  de  seqüestro   fundada  na   rejeição  do  direito  de  precedência     Justifica  o   seqüestro    Quebra  da  cronologia  de  pagamentos  comprovada  pela  quitação  da  dívida  mais  recente  por  meio  de  a-­‐cordo  judicial;  

Formas  Indiretas  de  Extinção  de  Precatórios  

-­‐ Via  de  regra    Extinção  dos  precatórios  se  dá  pelo  pagamento  do  crédito;  -­‐ EC  62/2009    Possibilidade  de  extinção  dos  precatórios  por  via  indireta:  1)  Compensação;  2)  Compra  de  Imóvel;  

3)  Cessão  de  Crédito;  -­‐ Compensação    Art.  100,  §9º   Abatimento  do  precatório  do  montante  correspondente  a  dívida  (débitos  líqui-­‐

dos  e  certos  inscritos  ou  não  como  dívida  ativa)  do  credor  na  Fazenda  Pública  devedora  do  precatório;  

Exclui-­‐se  de  tal  compensação  os  débitos  que  estão  suspensos  por  contestação  administrativa  ou  judicial;  

CC  2002,  Art.  368    Sobre  a  compensação;  

EC  62/2009    Convalidação  de  todas  as  compensações  de  precatórios  vencidos  até  31/10/2009  e  reali-­‐zadas  antes  da  promulgação  a  EC;  

Depende  da  concordância  do  credor  precatório;  -­‐ Compra  de  Imóveis    Art.  100,  §11     a-­‐

zenda  devedora;  

Norma  não  auto-­‐aplicável    Demanda  legislação  ordinária;  -­‐ Cessão  de  Crédito    Art.  100,  §13    Cessão  total/parcial  dos  créditos  de  precatórios;  

Credores  do  Estado    Formas  de  recebimento  dos  créditos:  1)  Negociação  dos  títulos  no  mercado  sob  pena  de  redução  de  seu  valor;  2)  Aguardando  o  leilão  de  seu  título;  

Régis    Negação  de  direitos  reconhecidos  pelo  judiciário    Fere  Direitos  Fundamentais;  

§14    Exigência  de  comunicação  ao  tribunal  e  à  entidade  devedora  da  transação  efetuada;  

§2º    Não  há  rebaixamento  de  crédito  para  o  pequeno  valor;    

§3º  Não  há  transmissão  de  condições  personalíssimas  do  credor  originário;  

EC  62/2009,  §5º    Convalidação  de  todas  as  cessões  de  precatórios  de  antes  da  promulgação  de  tal  EC;  

Outras  Considerações  a  respeito  dos  Precatórios  após  a  EC  62/2009  

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-­‐ Limite  de  veiculação  orçamentária    Art.  100,  §15    Consagração  da  maior  agressão  ao  direito  dos  credores    LC  estabelecerá  tal  limite;  

-­‐ Assunção  de  débitos  pela  União      

Necessidade  de  lei  inferior  regulamentatória;  

Visa  à  redução  de  juros  e  a  possibilidade  de  solução  das  dívidas  dos  entes  federativos;  

Precatórios:  emendas  impregnadas  de  inconstitucionalidades  

-­‐ Império  dos  homens    Império  da  lei;  

Proteção  da  norma  constitucional    Contra  arbítrio  dos  governantes;  

Fetiche  da  lei  +  Falta  de  interesse  público    Tolerância  de  inconstitucionalidades    Justiça  lenta    Prin-­‐cípios  constitucionais  viram  postulados  morais;  

-­‐ EROS  GRAU    Legitimidade  é  conceito  material  enquanto  a  legalidade  é  conceito  formal;  -­‐ EC  30/2000,  ADCT,  Art.  33  e  78    Inconstitucionalidade?  

ADCT,  Art.  33    Exceção  à  isonomia  (CF/88,  Art.  5º,  caput),  direito  adquirido  (Art.  5º,  XXXVI),  justa  inde-­‐nização  (Art.  5º,  XXIV),  pagamento  dos  precatórios  judiciários  (Art.  100)    Não  é  antinomia,  ADCT  tem  mesmo  patamar  hierárquico  por  ser  produzido  pelo  poder  constituinte  originário,  trata-­‐se  de  uma  dispo-­‐sição  especial;  

-­‐ MOREIRA  ALVES    STF  não  tem  jurisdição  para  fiscalizar  o  poder  constituinte  originário;  -­‐ CELSO  DE  MELLO    ECs  estão  sujeitas  a  controle  de  constitucionalidade;  -­‐ Art.  78    Formalmente  e  materialmente  inconstitucional    Obra  do  poder  constituinte  derivado  (EC  30/2000);  -­‐ Abuso  do  poder  legislativo    Norma  de  direito  não  necessita  de  justificação;  

EROS  GRAU    Direito  pressuposto  condiciona  direito  posto  (inclui  CF);  Direito  posto  (positivo)  altera  o  di-­‐reito  pressuposto;  

Direito  pressuposto    Fica  à  margem  da  vontade  individual  dos  homens;  

O  poder  último  está  nas  mãos  do  povo;  -­‐ A  inconstitucional  moratória  de  2000    ADCT,  Art.  78    Intuito  de  atrasar  o  pagamento  das  dívidas  acumula-­‐

das  pelos  entes  federativos    Muitos  precatórios  não  foram  quitados  10  anos  depois;  -­‐ Violação  do  direito  adquirido  e  da  coisa  julgada    Consolidação    Incerteza;  

Norma  jurídica  se  projeta  para  o  futuro,  alcança  situações  passadas  desde  que  respeite  o  direito  adquiri-­‐do  (CF/88,  Art.  5º,  XXXVI);  

EC  30/200  e  EC  62/2009    Violam  direito  adquirido;  

Fragilidade  da  segurança  jurídica;  -­‐ Princípio  da  Isonomia    Ferido  com  o  tratamento  diferenciado  entre  credores  de  precatórios;  

Credores  com  precatórios  vencíveis  até  o  fim  de  2001    Recebimento  em  10  anos;  

Credores  com  ações  ajuizadas  a  partir  de  2000    Podem  receber  os  pagamentos  a  vista;   Emenda  estabeleceu  uma  exceção  ao  Art.  100  da  CF;  

Calote  aplicado  indistintamente  a  ações  ajuizadas  até  31/12/1999    Abre  caminho  para  a  discricionari-­‐edade;  

-­‐ EC  30/2000    Complexidade  de  redação  e  dificuldade  de  compreensão    Credores  e  Estado  perplexos;  

Divisão  dos  precatórios  em:   Créditos  de  pequeno  valor    Independem  do  controle  do  tribunal;   Alimentícios;   Os  alcançados  pelo  ADCT,  Art.  33    No  advento  da  CF/88  tiveram  o  seu  pagamento  parcelado  

em  8  anos  ou  vezes;   As  complementações  dos  já  mencionados;   Os  precatórios  alcançados  pelo  Art.  33  ou  complementares  que  já  tiveram  seus  recursos  libera-­‐

dos  ou  depositados;  

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Os  precatórios  pendentes  na  promulgação  da  EC  30/2002;   Os  que  decorram  de  ação  ajuizada  até  31/12/1999;  

Precatório  alimentício  não  entrou  na  moratória  pública;  -­‐ Existe  a  possibilidade  de   fracionamento  do  pagamento  de  precatórios  (diversos  ofícios)?  Sim    Ministra  Ellen  

Gracie    Ação  Cautelar  194-­‐3/RO,  20/02/2004    Expedição  de  apenas  um  precatório  não  é  obrigatória    Ex-­‐pedição  de  diversos  precatórios  em  pequenos  valores    Execução  imediata;  

-­‐ LRF  e   suas   conseqüências  administrativas,   civis,   criminais    Descumprimento  dos  precatórios  por  parte  dos  chefes  do  poder  executivo  enseja  responsabilidade  civil  e  penal;  

LC  101/2000  (LRF)    Maiores  problemas  aos  políticos;   Necessidades:  

Adaptação  da  LDO;   Inclusão  de  verbas  suficientes  para  o  pagamento  dos  precatórios  emitidos;   Previsão  no  Anexo  de  Metas  (Art.  4º,  §1º);   Previsão  no  Anexo  de  Riscos  (Art.  4º,  §3º);   Repercussão  na  LOA;  

Chefe  do  executivo    Crime  de  responsabilidade  para  atos  que  atentarem  a  lei  orçamentária    CF/88,  Art.  85,  VI    Admitido  pela  Câmara  dos  Deputados  e  processado  e  julgado  no  Senado;  

Tribunal  de  Contas    Averiguar  irregularidade  ou  abusos    CF/88,  Art.  71,  XI;  -­‐ Intervenção  Federal  nos  Estados  e  Intervenção  Estadual  nos  Municípios   CF/  88,  Art.  34,  V,  a;  35,  I    Judiciá-­‐

rio  reconhece  crédito    Inadimplência    Intervenção;  -­‐ LRF     a-­‐

ção,  assumidas  em  virtude  das   leis,  contratos,  convênios  ou  tratados  e  da  realização  de  operações  de  crédito,  para  amortização  em  prazo  superior  a  12  mes  

Dívida  decorrente  de  condenação   judicial  provém  de   lei    Motiva  pedido  de   intervenção  quando   ina-­‐dimplida;  

-­‐ STF    Dolo  ou  culpa  do  governante    Configuração  de  intervenção;  -­‐ MARCO  AURÉLIO  e  RÉGIS    Basta  o  não  pagamento  para  a  configuração;  -­‐ EC  37/2002    Modificou  a  redação  da  CF/88,  Art.  100,  §4º;  Acrescentou  ao  ACDT  os  Art.  86  e  87;  -­‐ ADCT,  Art.  87    Precatório  de  pequeno  valor  pode  ser  retirado  da  ordem  dando-­‐lhes  preferência  no  pagamento;  

Definição  transitória  do  que  é  pequeno  valor;  Permissão  ao  credor  abrir  mão  de  seus  direitos  para  receber  mais  rápido  o  seu  crédito;  

-­‐ EC  30/2000:  10  parcelas    EC  37/2002  (ADCT,  Art.  86):  2  parcelas;  -­‐ ACDT,  Art.  97    Entes  em  mora  para  o  pagamento  de  seus  débitos    Tratamento  diferenciado  para  as  distintas  

regiões  do  país;  

Depósito  mensal  de  1/12  do  montante  calculado  a  partir  da  renda  líquida  do  ente  em  conta  especial;  

Obrigação  no  pagamento  de  precatórios  no  percentual  de  comprometimento  de  2%  para  Sul  e  Sudeste  e  1,5%  para  os  demais  estados    Débito  deve  corresponder  a  até  35%  da  renda  líquida  do  ente    Recei-­‐tas   tributárias,  patrimoniais,   industriais,  agropecuárias,  de  contribuições  e  serviços,   transferências  cor-­‐rentes  e  outras  receitas  correntes    Mês  de  exercício  +  11  meses  anteriores;  

Para  os  municípios,  a  base  é  de  1,5%  para  os  estados  do  sul  e  sudestes  e  1%  para  os  demais;  

Contas  Especiais  

-­‐ Administração  do  TJ  local;  -­‐ Montante  depositado  não  retorna  aos  entes  federativos;  -­‐ Presidente  do  Tribunal:  

Zelo  pela  rigidez  financeira  da  conta;  

Evitar  aplicações  financeiras;  

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Emitir  cheques  para  pagamento  de  precatórios;  

Determinar  seqüestro  de  recursos;  

Determinar  o  pagamento  de  1/12  por  parte  dos  entes  federativos;  

Exigir  o  pagamento  de  juros  por  força  de  depósito;  

O  Pagamento  dos  Precatórios  

-­‐ Pelo  menos  50%  dos  recursos  depositados    Pagamento  em  ordem  cronológica  de  apresentação  dos  precató-­‐rios    respeito  às  preferências  de  créditos  alimentícios  de  idosos  e  o  pagamento  de  créditos  de  pequeno  valor;  

-­‐ Preferência  de  precatórios  chegados  no  mesmo  dia    Menor  valor  (CF/88  Art.  100,§7º);  -­‐ Percentual  pago    Caberá  a  lei;  

Régis    Mais  razoável  que  o  executivo  estipule;  -­‐ Restante  dos  recursos  (retirado  os  pagamentos  alimentícios,  não-­‐alimentícios,  para  os  idosos  e  de  pequeno  va-­‐

lor)    Leilão  Público;  

Forma    CF/88,  Art.  100,  §6º  e  I;  

Ordem  única  e  crescente  por  valor  de  precatório;  -­‐ Pagamento  direto  por  acordo  com  os  credores    De  acordo  com  lei  própria  de  cada  ente;  

Pode  haver  câmara  de  conciliação;  

Credor  sujeito  ao  devedor    Câmara  discute  descontos,  forma  de  pagamento,  etc.  

Leilão  

-­‐ Sistema  eletrônico  pela  CVM  ou  BACEN  CF/88,  Art.  100,  §9º,  I;  

Depende  de  normatização  (lei)  e  regulamentação  dos  órgãos;  -­‐ Concorrerão  a  leilão  os  credores  titulares  de  precatórios  por  seu  valor  integral  ou  parcial    Inexistência  de  pen-­‐

dências  (administrativas  ou  judiciais)    O  executivo  pode  determinar  a  compensação  com  débitos  líquidos  e  cer-­‐tos,  inscritos  ou  não  na  dívida  ativa;  

Títulos  transacionados    Pode  ocorrer  abatimento  em  relação  ao  título  contra  o  devedor  originário;  

Impedimentos  para  a  habilitação    II;  

Habilitação  pelo  ente  federativo    III;  

Habilitação  automática  se  não  houver  impedimentos    IV;  

Repetição  o  quanto  necessário  em  face  do  valor  disponível    V;  

Competição  por  valor  integral  fica  a  critério  do  credor    VI;  

Detalhamentos    VII;  

Mecanismo  de  formação  de  preço    Editais    VIII;  

Quitação  parcial  é  homologada  pelo  tribunal    IX;  

Responsabilidade  do  Chefe  do  Poder  Executivo  

-­‐ Deixar  de  fazer    Liberação  de  recursos;  Alocação  orçamentária  de  recursos;  

Penas  da  LRF  e  Lei  de  Improbidade  Administrativa;  

Decorrências    Não  contrair  empréstimo  interno  ou  externo;   impedimento  de  transferências  voluntá-­‐rias;  

Retenção  de  Repasses  Constitucionais  

-­‐ Retenção  dos  repasses  do  Fundo  de  Participação  dos  Estados  e  DF  ou  Fundo  de  Participação  dos  Municípios    Depósito  na  conta  especial    Vincula  o  pagamento  dos  precatórios    CF/88,  Art.  100,  §10,  V;  

Afronta  ao  federalismo;  

União  acima  dos  demais;  

Ofende  monopólio  jurisdicional;  

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-­‐ RÉGIS    Inconstitucional;  

Duração  do  Regime  Especial  

-­‐ ACDT    Pagamento  através  de  contas  especiais    Enquanto  o  montante  de  precatórios  devidos  for  maior  que  o  de  recursos  (percentual  estabelecido  em  relação  aos  entes)  ou  15  anos;  

-­‐ Juros  compensatórios:  12%  ao  ano;  -­‐ Juros  legais:  6%  ao  ano  -­‐ Juros  cumulados:  18%  ao  ano    Eleva  montante  de  créditos;  

Texto  2  

Acórdão    IF  164.1-­‐SP  

-­‐ Ementa:  sem  dolo;  múltiplas  obrigações  de  hierarquia  igual;  intervenção  é  extrema  (proporcionalid.);  indeferido.  -­‐ Relatório:  

Não  pagamento  integral  de  precatório  de  natureza  alimentícia.  

Procuradoria  Geral  da  República  aceitou  o  processo    enviou  ao  STF.  

Partes  intimadas  para  comprovação  do  pagamento  ou  não  do  débito    prova  de  que  não  foi  pago.  

Voto    Marco  Aurélio  

-­‐ Defere  o  pedido.  -­‐ Outra  decisão  (IF  2953-­‐8):  

Impossibilidade  de  depositar  o  valor,  por  falta  de  recursos.  

 

Problema:  quem  retarda  o  pagamento  são  os  governantes,  não  os  juízes    EC  promulgada  fora  da  reali-­‐dade  de  tribunais  abarrotados    destinatários  da  norma  deveriam  ser  outros.  

Inflação  criou  um  círculo  vicioso    com  a  correção  em  todo  primeiro  de  julho,  não  conseguiriam  pagar.  

Pagavam  apenas  de  3  a  5%  do  total  devido    virava  pensão  vitalícia.  

A  cada  vez  que  o  valor  mudava,  haveria  nova  ação,  piorando  a  situação  do  Judiciário.  

(...)  

Julga  precedente  a  intervenção.  -­‐ Depósito  não  contaria  como  pagamento    pelo  contrário,  provaria  que  este  não  foi  feito  integralmente.  -­‐ Intervenção  de  forma  mais  objetiva:  independente  de  dolo  ou  culpa.  

Não  é  possível  que,  mesmo  havendo  recurso,  o  Estado  deixe  de  pagar  o  precatório.  

Voto    Gilmar  Mendes  

-­‐ Indefere  o  pedido.  Argumentos  de  outra  decisão  (IF  2915-­‐SP/2002).  -­‐ Dentro  do  federalismo,  a  intervenção  é  excepcional.  

Conflito  entre  a  posição  da  União  e  dos  Estados.  -­‐ Princípio  da  proporcionalidade  (ALEXY):  adequação  (apto  a  produzir  o  efeito  desejado),  necessidade  (se  há  meio  

tão  ou  mais  eficiente,  mas  menos  gravoso)  e  proporcionalidade  em  sentido  estrito  (ponderação  entre  a  restrição  do  D1  e  a  realização  do  D2).  

Aplica-­‐se  a  todas  as  espécies  de  atos  públicos.  

Adequação  não  se  verifica    interventor  estará  sujeito  às  mesmas  restrições  financeiras  que  o  governan-­‐te  original.  

Necessidade  também  não    menos  gravoso  é  deixar  o  governante  (eleito  pelo  povo,  democraticamente,  com  legitimidade  para  medidas  restritivas  no  orçamento,  etc.)  

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Proporcionalidade  também  não    inúmeros  bens  jurídicos  de  natureza  constitucional  seriam  sacrificados  por  um  único  interesse  pontual  envolvendo  o  orçamento.  

-­‐ Não  podem  ser  desconsideradas  as  limitações  econômicas  dos  Estados  com  relação  ao  pagamento  de  precató-­‐rios.  

Com  os  gastos  de  pagamento  e  custeio,  sobram  apenas  2%  para  o  pagamento  de  precatórios  (  750mi).  

A  proteção  aos  direitos   fundamentais  e  a  busca  da  redução  de  desigualdades  sociais  necessariamente  não  se  realizam  sem  a  reflexão  de  seu  impacto.  

Não  se  pode  exigir  o  pagamento  sem  antes  analisar  se  é  possível  fazê-­‐lo,  dentro  dos  limites  financeiros.  -­‐ Não  se  configura  atuação  dolosa  e  deliberada  do  Estado.  Conduta  demonstra  tentativa  de  solver  a  dívida.  -­‐ Estado  está  sujeito  a  um  conjunto  de  obrigações  variadas,  mas  todas  de  igual  hierarquia    não  pode,  para  pagar  

os  precatórios,  deixar  de  investir  em  áreas  como  saúde  e  educação.  Necessidade  de  sopesar  os  princípios:  (...).  -­‐ Situação  semelhante  em  1954   (relator  Min.  Nelson  Hungria)    decisão  unânime:  para   justificar  a   intervenção,  

não  basta  a  demora  de  pagamento  por  falta  de  numerário;  é  necessário  o  intencional  ou  arbitrário  embaraço  ou  impedimento  a  esta  execução.  

-­‐ Não  é  imunizar  os  Estados  do  pagamento,  apenas  fazer  uma  leitura  mais  profunda  do  texto,  levando  em  conta  o  contexto  fático  e  a  autonomia  do  Ente  federativo.  

Voto    Celso  de  Mello  

-­‐ Indefere  o  pedido.  -­‐ Intervenção  como  forma  de  garantir  o  federalismo,  apesar  de  sua  excepcionalidade.  

Limitada  às  hipóteses  da  CF    taxativas.  

Intangibilidade,  integridade,  unidade,  incolumidade.  

José  Afonso:  intervenção  é  a  antítese  da  autonomia    princípio  da  não  intervenção.  -­‐ Dentre  as  hipóteses,  e  

Mais  do  que  ordem  processual,  é  uma  obrigação  institucional    não  se  pode  subtrair  sem  justa  razão.  -­‐ Deve-­‐se  verificar  se  houve,  no  caso,  desobediência  propriamente  dita    resistência  ilícita  ou  arbitrária,  ou  injusto  

retardamento.  

Estado  de  São  Paulo  mostrou  intenção  de  satisfazer  os  débitos,  mas  incapacidade  material  para  tanto      

Cita  mais  uma  vez  a  decisão  de  Nelson  Hungria  (supra).  

Ata  

-­‐ Improcedente  a  intervenção.  

Texto  3  

Acórdão    IF  1207-­‐4/SP  

-­‐ Ementa:  como  na  anterior.  -­‐ Relatório:  

Não  pagamento  de  precatórios  de  natureza  alimentícia.  

Governador:  determinação  de  liquidação  veio  de  normas  que  ele  julgava  inconstitucionais    não  jurisdi-­‐cionais,  mas  administrativas,  às  quais  cabe  recurso.  

Estado  não  se   furtou  ao  pagamento,  tampouco  a  uma  futura  complementação,  desde  que  a  apuração  seja  feita  em  sede  apropriada.  

Procuradoria  Geral  da  União  aceitou  o  processo    enviou  ao  STF.  

Partes  intimadas  para  comprovação  do  pagamento  ou  não  do  débito    prova  de  que  não  foi  pago.  -­‐ Votos:  

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Marco  Aurélio:  defere.  Mesma  fundamentação  do  outro  acórdão  (IF  2953-­‐8  +  mesmo  texto  adicional).  

Gilmar  Mendes:  indefere.  Mesma  fundamentação  do  outro  acórdão  (IF  2915-­‐SP/2002).  -­‐ Ata:  Improcedente  a  intervenção.  

Texto  4  

SCAFF,  Fernando  Facury;  ANDRADE,  César  A.  S.  A  dívida  pública  com  precatórios  após  10  anos  da  LRF  ou  como  a  Re-­‐solução  40/2001  do  Senado  caloteou  a  República.  In:  SCAFF,  F.  F.;  CONTI,  J.  M.  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  10  

anos  de  vigência    questões  atuais.  Florianópolis:  Conceito  Editorial,  2010.  pp.  57-­‐76.  

-­‐ Delimitação  do  tema:  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  conseguiu  reduzir  bastante  a  dívida  pública  com  precatórios  nos  10  anos  de  vigência,  mas  as  normas  infralegais  que  a  regulam  deturparam  seu  principal  objetivo:  redução  e  controle  da  dívida  pública.  

-­‐ A  LRF  e  os  precatórios  como  dívida  pública  fundada  

LRF  surgiu  como  resposta  ao  desequilíbrio  fiscal  e  financeiro  dos  entes  subnacionais.  

Objetivo  de  regular  a  dívida  pública.  

Uma  das  causas  desse  descontrole  era  o  não  pagamento  de  precatórios  judiciais.    

   

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Seminário  VIII:  Orçamento  Participativo  (29/04/2011)  

Texto  1  SOUZA,  Celina.  Construção  e  consolidação  de  instituições  democráticas:  papel  do  orçamento  participativo.    

In  São  Paulo  Perspectiva,    São  Paulo,    v.  15,    n.  4,  dez.    2001.  

Redemocratização  na  América  Latina  e  Leste  Europeu  (1980):  agenda  comum  e  resultados  diferentes  -­‐ Agenda  comum:  a)  construção  de  instituições  democráticas;  b)  ampliação  da  participação  da  sociedade  nas  deci-­‐

sões;  c)  transparência  dos  governos/gestores  públicos;  -­‐ Ocorreu  em  alguns  casos  a  descentralização  política  e  financeira  (ex:  Brasil);  -­‐ Ampliação  da  participação  da  sociedade  nas  decisões  (Brasil):  Criação  de  conselhos    Orçamento  participativo;  -­‐ Orçamento  Participativo  (OP)      -­‐ Sociedade  atual  segundo  Hirschman    Exit  é  mais  valorizada  que  voice    Desencantamento  com  a  política;  -­‐ Tal  descontentamento  é  contemporâneo  ao  desenvolvimento  do  OP    Paradoxo?  -­‐ OP    Investimentos  Públicos  transformam-­‐se:  Favor    Direito;  -­‐ Menor  desequilíbrio  do  poder  decisório    Resultado  de  OP  em  Porto  Alegre  e  Belo  Horizonte;  

Experiências  participativas  no  Regime  Militar  -­‐ MDB  no  governo  municipal    Ex:  Piracicaba-­‐SP,  Lages-­‐SC;  

CASTRO    Piracicaba  (1977)    Caráter  consultivo  em  detrimento  do  deliberativo;  

FERREIRA    Lages  (mesmo  período)    Iniciativas  de  intervenção  urbana  (ex:  multirão)  que  não  modifica-­‐ram  a  estrutura  de  pode  da  cidade;  

COSTA    Experiências  em  MG    Líderes  populares  se   transformaram  em   intermediários  de   interesses  políticos    Afastamento  das  necessidades  do  povo;  

-­‐ PT    Fortaleza  (1986);  

Instituto  Pólis    Fracasso  em  termos  de  participação  popular  (isolamento  do  governo)  

PINTO    Importância  em  marcar  a  distinção  entre  prefeitura  e  governo  estadual;  -­‐ Aumento  das  receitas  municipais  (trazidas  pela  redemocratização)    Expansão  do  OP;  

Importância  também  de  proceder  com  o  ajuste  fiscal:  reforma  tributária  da  CF88  em  1993  -­‐ Municípios  de  governos  de  esquerda    Ajuste  fiscal    Aumento  de  recursos  próprios    Ex:  Porto  Alegre  (PoA),  

Belo  Horizonte(BH),  etc.;  -­‐ Prefeitos  eleitos  (diferentemente  dos  nomeados)    Aumentos  de  receitas  próprias  (ao  invés  de  depender  ape-­‐

nas  de  receitas  transferidas    federalismo  fiscal)    Cumprir  compromissos  com  os  eleitores;  -­‐ PoA  e  BH    Cidades  com  bons  indicadores  econômicos  e  sociais  (em  comparação  com  os  demais)    Garantia  de  

mais  recursos  livres  para  a  implementação  de  programas  redistributivos  (ex:  OP);  -­‐ Crescimento  dos  governos  locais  governados  pela  esquerda    Difusão  de  programas  participativos;  -­‐ OP  faz  parte  da  agenda  eleitoral  do  PT;  

O  que  é  o  OP?  -­‐ 4  blocos:  a)  gestão,  educação,  política  e  mudança  social;  -­‐ Gestão    OP  é:  a)  gestão  urbana  como  os  mais  pobres;  b)  mecanismo  de  gestão  conjunta  dos  recursos  públicos  

através  de  decisões  compartilhadas  sobre  a  alocação  dos  recursos  orçamentários;  c)  modelo  de  gestão  urbana  (menos  política  pública);  d)  processo  de  gestão  fiscal  social;  

-­‐ Educação     OP   é   processo   educativo   que   envolve   todos   os   atores   sociais   importantes   (prefeito,   burocratas,  vereadores,  movimentos  sociais  e  o  PT);  

-­‐ Política    OP  é:  a)  política  pública  na  qual  aqueles  que  tem  pode  cedem  para  quem  está  em  desvantagem;  b)  forma  de  radicalizar  a  democracia  e  resultado    de  uma  vontade  política  capaz  de  construir  uma  cultura  política  

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(consciência  da  cidadania  e  melhoria  das  condições  de  vida  da  população);  c)  globalização  contra  hegemonia;  d)  combinação  de  democracia  representativa  e  participação;  e)  instrumento  de  superação  dos  limites  da  democra-­‐cia  representativa  (via  ampliação  da  mobilização  da  sociedade  civil);  f)  forma  do  executivo  sobrepor-­‐se  ao  legis-­‐lativo;   g)   aumento   da   transparência,  accountablity   (prestação  de   contas)   e   credibilidade   dos   governos  e   seus  participantes;  h)  combate  ao  clientelismo,  o  autoritarismo  e  o  patrimonialismo;    

Convergência  na  doutrina    OP  mudou  a  vida  política  de  PoA  e  BH;  -­‐ Social    OP  permite:  a)  distribuição  mais   justa  de  recursos  escassos;  b)   reconstrução  da  vida  pública;  c)  nova  

relação  entre  o  poder  público   local,  as  organizações  populares  e  o  resto  da  sociedade  afim  de  atender  os  seg-­‐mentos  mais  pobres;  d)  o  fortalecimento  do  associativismo  urbano  e  da  relação  entre  as  associações  comunitá-­‐rias  e  os  moradores  dos  distritos;    

Representação  Política  -­‐ Ameaça  de  substituição  pelo  OP  do  papel  dos  burocratas    Aprovação  final  do  orçamento  é  uma  competência  

dada  pela  CF/88  ao  legislativo;  -­‐ Burocracia    Resistências  ao  OP    Necessidade  de  aprendizagem  (comunicação  e  diálogo  com  os  cidadãos);  -­‐ Tecnoburocracia      

Conhecimento  técnico  é  necessário  para  o  OP;  

Cidadão  comum  não  tem  tal  conhecimento;  

Governo  local  desempenha  papel  decisivo  no  OP;  -­‐ Tensão  entre  OP  e  legislativo    

face  ao  executivo    Predomínio  da  renúncia;  

Vereadores  de  PoA    Críticas  ao  executivo  (não  ao  OP);  

Duvidas  quanto  ao  futuro  do  OP;  

OP  em  PoA  e  BH  -­‐ Início  com  a  vitória  do  PT  nas  eleições  municipais:  a)  PoA  em  1989;  b)  BH  em  1993;  -­‐ Extensa  produção  à  respeito  dessas  experiências;  -­‐ Sobreviveram  a  diferentes  mandatos  de  governo;  -­‐ Concentração  dos  esforços  no  processo  orçamentário    Decisão  de  como  alocar  recursos  escassos;  -­‐ Debate  de  questões  como:  desigualdade,  pobreza,  desequilíbrio  de  poder  nas  cidades  brasileiras  e  rearranjos  na  

intermediação  de  interesses  locais;  -­‐ Conceito  de  participação  não  é  claro  nem  consensual  (mesmo  dentro  do  PT)    Problemas  pelo  fato  do  OP  ser  

 -­‐ NYLEN    

pela  taxação  feita  àqueles  que  podem  pagar);  b)  promover  a  participação  do  povo  (empowerment   e-­‐a-­‐

paz  de  ver  na  ação  coletiva  a  forma  de  alcançar  reformas  progressivas);  

Como  a  literatura  interpreta  o  OP?  -­‐ Introdução  nos  anos  80;  -­‐ Consenso  de  que  as  políticas  participativas  são  um  objetivo  virtuoso  para  os  países  do  Terceiro  Mundo  (especi-­‐

almente  os  recém-­‐redemocratizados)    Consenso  reúne  todas  as  vertentes  políticas;  -­‐ ABERS  (2000)     tação  (poderosos  VS.  excluídos);  b)  desigualdade  (de-­‐

sigualdades  socioeconômicas  criam  obstáculos  À  participação  de  todos);  c)  cooptação  (desequilíbrio  entre  mem-­‐bros  do  governo  e  os  participantes,  manipulação  dos  membros  do  governo);  

-­‐ Interpretação  dos  OPs  de  PoA  e  BH  como  bem  sucedidos    Diferentes  rótulos  da  participação:  a)  aumentar  a  eficiência  dos  governos;  b)  aumento  da  justiça  social;  c)  retórica  de  políticos  e  governantes;  d)  aumento  da  efeti-­‐

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vidade  da  política  pública,  consenso  sobre  as  ações  governamentais  e  informações  sobre  as  necessidades  reais  do  povo  (fatores  instrumentais  segundo  Abers);  

-­‐ Aqueles  que  elegeram  o  OP   como  política  prioritária    Objetivo  da  participação  é   a  delegação  de  poder   aos  grupos  sociais  que  foram  ignorados  em  políticas  anteriores  de  desenvolvimento  local;  

 -­‐ Via  de  regra  em  organismos  multilaterais    Participação  =  Voz  no  poder  decisório;  

Voz  pode  ser  aumentada  por  reformas  na  esfera  nacional  que  permitam  a  determinados  segmentos  da  sociedade   (principalmente   os   pobres)   fazer   parte   de   organizações   não-­‐governamentais,   sindicatos   ou  outras  instituições    Entendimento  e  interferência  nas  decisões  que  afetam  tal  parcela  da  população;  

Voz    Vem  da  organização;  

Ênfase  em  resultados  de  curto  prazo  e  problemas  específicos;  

Cautela  em  relação  aos  limites  da  participação  popular  no  contexto  da  democracia  representativa;  -­‐ Visão   do  PT     Participação   é:   a)   conscientização  das   camadas  mais   carentes  de   suas   iniqüidades   e   injustiças  

(conscientização  política);  b)  reforma  dos  sistemas  político  e  social  pela  ação  coletiva;  -­‐ Visões  antagônicas    É  possível  adotar  o  OP  em  todas  as  cidades  brasileiras?  Existem  dificuldades  (empíricas  e  

teóricas):  a)  partilha  de  poder  (mesmo  que  de  caráter  consultivo)  entre  representantes  eleitos  e  participantes;  b)  free-­‐riding);  d)  insuficiência  de  recursos  para  as  deci-­‐

sões  populares;  e)  manipulação,  corrupção,  clientelismo;  f)  baixa  escolaridade  da  população;  g)  falta  de  costume  da  população  na  fiscalização  dos  governos;  h)  população  pobre  (canalização  de  esforços  na  sobrevivência);  i)  in-­‐teresses  coletivos  VS.  interesses  particulares  imediatos;  j)  não  permanência  dos  programas  nas  mudanças  de  go-­‐verno;  k)  concicliação  de  políticas  participativas  e  instituições  democráticas;  

-­‐ Existência  de  um  grande  número  de  conselhos  comunitários    Programas  nacionais/   financiamentos   interna-­‐cionais    Ignoram  premissas  básicas  da  participação19    Reprodução  do  que  as  regras  exigem;  

Suspeitas  de  corrupção;  -­‐  Dar  pode  de  decisão    Mais  obstáculos  

para  a  efetividade;  -­‐ OP  de  PoA    Possível  por  3  fatores:  a)  OP  como  estratégia  política  para  que  o  PT  tivesse  governabilidade  (marca  

do  governo  local);  b)  OP  como  instrumento  de  destruição  do  populismo  em  PoA  (PDT);  c)  governo  aumentou  as  expectativas  de  benefícios  ao  atender  aos  mais  pobres    Não  explica  o  OP  de  BH;  

-­‐ NYLEN    Delegados  do  OP  de  BH  participavam  anteriormente  de:  a)  associações  de  bairro;  b)  grupos  religiosos;  -­‐ Enquanto  em  PoA,  predominam  setores  com  renda  baixa  (R$  400  de  renda  mensal),  em  BH  há  diversidade  de  

setores  da  sociedade  (sem  dados);  -­‐ MATTHAEUS    Aplicação  do  OP  em  outras  cidades  só  é  viável  se  a  situação  for  de  esquerda;  -­‐ SANTOS  /  ABERS    OP  funciona  em  PoA  porque  trata-­‐se  de  uma  cidade  com  ampla  tradição  democrática  (socie-­‐

dade  civil  organizada)    Condições  para  o  OP;  -­‐ SETZLER    PoA  registra  altos  níveis  de:  a)  associativismo;  b)  consciência  política;  c)  confiança  comunitária;  -­‐ NAVARRO    Precondições  para  o  OP:  a)  vontade  política  de  ceder  poder  às  associações;  b)  repulsão  ao  cliente-­‐

lismo;  c)  controle  financeiro;  d)  recursos  à  investir    Generalização  do  OP  nas  administrações  locais;  -­‐ BOSCHI    Sucesso  do  OP  em  BH  se  deve  a  experiências  prévias  de  descentralização;  

OP  como  forma  de  inverter  prioridades:  -­‐ Predomínio  da  concepção  de  que  OP  tem  refletido  as  prioridades  dos  pobres    Concordância  dos  delegados  de  

BH  e  PoA;  -­‐ Não  é  claro  o  atendimento  àqueles  que  não  participam  do  OP    Muito  pobres    Prioridade  à  sobrevivência  e  

não  à  infra-­‐estrutura  de  onde  vivem;  

                                                                                                                     19  Credibilidade,  confiança,  transparência,  accountability  

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-­‐ DESPOSATO    Renda  maior  que  um  salário  mínimo    Prioridade  à  provisão  de  bens  e  serviços  públicos;  

Debates:  -­‐ Ausência  de  moldura  teórica    Critérios  e  conclusões  diferentes;  

Avaliação  de  acordo  com  a  ideologia,  interesses  e  agendas  específicas  dos  avaliadores  ou  suas  institui-­‐ções;  

-­‐ Brasil    OP  só  é  possível  no  Sul  e  Sudeste  mais  desenvolvidos?  -­‐ Partidos  de  esquerda  exercendo  o  clientelismo?  -­‐ OP  faz  os  pobres  decidirem  para  eles  culparem  a  si  mesmos  e  não  ao  governo  quando  não  conseguirem  recursos  

suficientes  para  suas  demandas;  

 -­‐ Camadas  de  baixa  renda    OP  deu  influência  sobre  o  processo  decisório  de  alocação  de  uma  parcela  de  recursos  

locais;  

Infra-­‐estrutura  em  comunidades  carentes;  -­‐ Limitação  dos  recursos  financeiros    Realização  de  uma  fração  das  necessidades;  

OP  tem  maior  importância  na  participação  e  não  nos  ganhos  materiais  da  população  de  baixa  renda;  

Importância  também  no  redirecionamento  de  recursos  para  setores  que  sempre  foram  excluídos;  -­‐ Solução  da  rejeição  dos  vereadores  ao  OP    BH:  separação  de  uma  parcela  dos  recursos  para  que  os  vereadores  

façam  a  sua  alocação;  

 -­‐ NYLEN    Número  significativo  dos  participantes  do  OP  eram  anteriormente  engajados  em  ações  comunitárias    

OP  não  motivou  os  desorganizados;  -­‐ Interpretação  do  OP  como  um  ativismo  político  não  elitista;  

Vontade  política  -­‐ OP  como  resultado  de  vontade  política  de  partidos  de  esquerda    Não  necessariamente    Outras  políticas  para  

integrar  os  excluídos  (ex:  bolsa-­‐escola  de  Brasília)  e  insucesso  de  outros  OPs  (Brasília,  São  Paulo,  Santos,  etc.);  -­‐ OP  permite  ampliar  a  coalizão  de  governo    Sucessivas  vitórias  eleitorais;  

Aumento  das  receitas  locais  -­‐ OP  bem  sucedido  pelas  reformas  fiscais    Aumento  de  recursos  próprios  e  ajuste  das  finanças  locais  realizados  

por  muitos  governos  (independente  de  partido);  -­‐ Educação  fundamental    Se  for  por  conta  do  município,  geralmente,  faltam  recursos  para  outros  investimentos  

sociais,  como  o  OP;  

PoA  e  BH    Despesas  com  educação  inferiores  à  média;  

Fundef   (1998)     Pune   financeiramente   os  municípios   que   não   aumentarem   as  matrículas   no   ensino  fundamental    Mais  recursos  para  a  educação,  menos  para  o  OP;  

Aumento  da  representação  política  -­‐ OP  VS.  Legislativo  local;  -­‐ Vereadores    Partilha  da  prerrogativa  de  decidir  sobre  a  alocação  dos  recursos;  -­‐ Vereadores  e  a  elite  local  perdem  o  monopólio  da  representação  de  interesses;  

Texto  2  GENRO,  Tarso;  SOUZA,  Ubiratan.  Orçamento  participativo.  A  experiência  de  Porto  Alegre.  São  Paulo:  Fundação  Per-­‐

seu  Abramo,  1997.  

(X)  

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Texto  3  CONTI,  José  Mauricio.  Direito  financeiro  na  Constituição  de  1988.  São  Paulo:  Juarez  de  Oliveira,  1998,  pp.  76-­‐89.  

-­‐ Objetivo  do  texto:  mostrar  as  diversas  leis  ao  longo  da  história  legislativa  brasileira  que  tratam  do  orçamento  e  discorrer  sobre  as  determinações  da  Constituição  de  1988.  

-­‐ Dispositivos  legais:  Art.  165,  CF88;  EC1/69;  Constituição  de  1967;  Constituição  de  1946.  -­‐ Plano  Plurianual  (PPA):  lei  de  iniciativa  do  chefe  do  Poder  Executivo,  cuja  finalidade  é  estabelecer  de  forma  regi-­‐

onalizada  as  diretrizes,  objetivos  e  metas  da  administração  pública  para  as  despesas  de  capital  e  outras  dela  de-­‐correntes.  No  plano  federal,  deve  ser  encaminhado  com  até  4  meses  antes  do  encerramento  do  exercício  finan-­‐ceiro  e  devolvido  para  sanção  até  o  encerramento  da  sessão  legislativa.  Prazo  de  vigência  é  indefinido,  mas  ad-­‐mite-­‐se  o  tempo  de  3  anos.  

-­‐ Exercício  financeiro:  corresponde  ao  ano  civil  (de  1°  de  janeiro  a  31  de  dezembro).  Sessão  legislativa,  por  sua  vez,  encerra-­‐se  em  15  de  dezembro.  

-­‐ Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO):  lei  de  iniciativa  do  chefe  do  Poder  Executivo,  cuja  finalidade  é  prever  me-­‐tas  e  prioridades  da  administração  pública,  orientar  a  elaboração  de  lei  orçamentária  anual  e  dispor  sobre  alte-­‐rações  na  legislação  tributária.  No  plano  federal,  deve  ser  encaminhado  até  8  meses  e  meio  antes  do  encerra-­‐mento  do  exercício  financeiro  e  devolvido  para  sanção  até  o  encerramento  da  sessão  legislativa.  Vigência  anual.  

-­‐ Lei  Orçamentária  Anual  (LOA):  lei  de  iniciativa  do  chefe  do  poder  executivo,  cuja  finalidade  é  discriminar  a  recei-­‐ta  e  a  despesa,  de  forma  a  evidenciar  a  política  administrativa-­‐financeira  e  o  programa  de  governo.  Na  esfera  fe-­‐deral,  compreende  3  orçamentos:  fiscal,  de  investimento  de  empresas  (nas  quais  a  União  detenha  a  maioria  do  capital  social  com  direito  a  voto)  e  de  seguridade  social.  A  lei  deve  conter:  sumário  geral  da  receita,  quadro  de-­‐monstrativo  da  receita  e  despesa  e  quadro  discriminativo  da  receita  por  fontes  e  respectiva  legislação.  Na  esfera  federal,  deverá  ser  encaminhado  até  4  meses  antes  do  encerramento  do  exercício  financeiro  e  devolvido  para  sanção  até  o  encerramento  da  sessão  legislativa.  Vigência  anual.  

-­‐ Orçamento  participativo  (Régis):  

Lei  orçamentária  anual  elaborada  de  forma  a  permitir  participação  mais  direta  e  efetiva  da  população.    

Art.  29,  XII,  CF  (fundamento  constitucional   o-­‐  

Exemplo  de  Florianópolis  -­‐ Assembléias  regionais  para  prestar  contas  e  apresentar  o  plano  para  o  ano  em  debate  e  os  temas  a  serem  deba-­‐

tidos.  Seminários  temáticos  com  setores  representativos  da  sociedade  -­‐ Assembléias  regionais  que  elegerão  delegados  que  apresentarão  as  propostas  conforme  as  prioridades  escolhi-­‐

das.  Cada  região  apresenta  suas  prioridades  e  formula-­‐se  um  relatório  global  de  investimentos.  -­‐ Acompanhamento  e  fiscalização  das  obras  e  projetos.  -­‐ Cita  também  o  exemplo  de  Porto  Alegre.  

Princípios  Orçamentários  -­‐ Princípio  da  exclusividade  orçamentária:  lei  não  conterá  dispositivo  estranho  à  previsão  da  receita  e  à  fixação  

das  despesas.  Finalidade:  impedir  que  na  lei  orçamentária  sejam  incluídas  matérias  que  a  ela  não  se  referem.    -­‐ Princípio  da  unidade:  todas  as  receitas  e  despesas  deverão  constar  em  um  único  documento.    Atualmente,  a  

unidade  realiza-­‐se  pela  unidade  de  política  orçamentária.  -­‐ Princípio  da  universalidade:  nenhum  valor  deverá  ficar  de  fora  do  orçamento.  -­‐ Princípio  da  anualidade:  o  orçamento  deve  ser  renovado  todo  ano.  

Operações  de  crédito  por  antecipação  de  receita  orçamentária  são  realizadas  pelo  Poder  Público  com  a  finalidade  de  suprir  insuficiências  momentâneas  de  caixa,  da  oscilação  na  entrada  de  receitas  públicas.    

-­‐ Lei  complementar  (art.  165,  §9°):  dispõe  sobre  o  exercício  financeiro,  vigência,  prazos,  elaboração  e  organização  do  plano  plurianual,  da  LDO  e  da  LOA.  Estabelece  também  normas  de  gestão  financeira  e  patrimonial.    

 

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Texto  4  OLIVEIRA,  Régis  Fernandes  de.  Curso  de  direito  financeiro.  3ª  ed.  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,  2010,  pp.  391-­‐393.  

Fundamentação  constitucional:  -­‐ Para  o  Régis,  a  iniciativa  é  um  grande  avanço,  já  que  facilita  a  participação  de  uma  população  comodista,  consci-­‐

entizando-­‐a  que  a  democracia  não  se  extingue  após  a  escolha  de  seus  representantes.  Além  disso,  segundo  o  au-­‐tor,  não  há  nenhum  vício  jurídico  no  orçamento  participativo.  

-­‐ Com  uma  discussão  aberta,  as  divisões  orçamentárias  se  tornariam  mais  legítimas,  já  que  haveria  um  documento  com  as  prioridades  que  forem  estabelecidas  através  de  reuniões  entre  órgãos  oficiais  e  cidadãos,  e  essas  priori-­‐dades  seriam  mandatoriamente  seguidas  pelo  governo.  

Problemas  -­‐ A  possibilidade  de  manipulação  da  opinião  da  sociedade:  seria  um  problema  maior  de  pequenas  cidades,  porém  

também  presente   em   grandes   centros.   Casos   de   corrupção  ou   cabos   eleitorais   tendenciosos   atrapalhariam  a  transparência  na  análise  da  vontade  da  sociedade.  

-­‐ Fiscalização  efetiva  dos  gastos:  depois  de  decididas  as  prioridades,  deve-­‐se  continuar  a  fiscalização  quanto  aos  gastos  detalhadamente,  como  em  relação  ao  preço  de  mercadorias.  

-­‐ Obrigatoriedade   de   cumprimento:   as   deliberações   desse   processo   não   podem   ser  meras   recomendações   aos  governantes,  senão  elas  facilmente  deixariam  de  serem  cumpridas  e  todo  o  propósito  do  instituto  estaria  em  ris-­‐co.  Logo,  é  necessário  estabelecer  mecanismo  legal  de  obrigatoriedade  das  prioridades  decididas  pelo  povo.  

Texto  5  ADI  n.  104.857.0/9-­‐00,  rel.  Des.  Olavo  Silveira,  j.  10.3.2004.  

-­‐ ADIn,  Ubatuba,  prefeito  requerente,  Câmara  requerida.  TJ  favorável  ao  pedido.  -­‐ Relatório:  

Lei  de  2003  que  dispõe  sobre  o  OP  na  elaboração  e  fiscalização  orçamentária  do  município.  

Vetado  pelo  prefeito,  mas  o  veto  foi  rejeitado    invadia  competência  privativa  do  Executivo.  

Liminar  concedida    Câmara  sustenta  a  constitucionalidade.  -­‐ Lei:  

Plano  de  investimentos  e  orçamento  contariam  com  participação  da  população.  

Participação  direta  por  meio  de  plenárias,  discussões.  -­‐ TJ:  

Apesar  de  a  intenção  ser  boa,  a  lei  fere  dispositivos  da  Constituição  do  Estado.  

Tentativas  de  reestabelecer  disposições  das  Constituições  de  1824  e  1891.  Em  1946  a  Câmara  passou  de  órgão  administrador  a  elaboradora  de  normas  administrativas.  

Não  pode  agir  diretamente.  -­‐ HELY  LOPES  MEIRELLES:  execução  das  obras  e  serviços  públicos  está  sujeita  ao  prefeito,  sem  interferência  da  Câma-­‐

ra.  Quando  ela  pretende  intervir  no  gerenciamento  (ou  na  forma  como  o  prefeito  o  faz),  está  a  usurpar  funções  do  prefeito.  

-­‐ Ação  julgada  procedente:  lei  inconstitucional    sem  orçamento  participativo.    

Texto  6  ADI  n.  103.638.0/2-­‐00,  rel.  Des.  Viseu  Júnior,  j.  10.3.2004.  

-­‐ ADIn,  Tietê,  prefeito  requerente,  Câmara  requerida.  TJ  favorável  ao  pedido.  -­‐ Relatório:  

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Lei  de  2003  que  propõe  o  orçamento  participativo  nas  mesmas  condições  da  anterior.  Vetada  pelo  pre-­‐feito,  mas  o  veto  foi  rejeitado.  

Argumento  de  que  a  matéria  é  privativa  do  Executivo,  além  de  implicar  aumento  da  despesa  pública.  

Liminar  concedida    Câmara  sustenta  a  constitucionalidade.  -­‐ Lei:  

Participação  da  população  na  elaboração  das  peças  orçamentárias  através  de  planárias  para  definir  a  fi-­‐xação  de  despesas  e  discussão  das  prioridades  de  obras  e  serviços.  

resentantes  do  Executivo  e  da  população  (estes  e-­‐leitos  nas  plenárias).  

-­‐ TJ:  

HELY  LOPES  MEIRELLES:  prefeito  pode  praticar  os  atos  de  administração  ordinária,  dentre  elas  o  planeja-­‐mento  e  organização  de  serviços  públicos.  

É  do  prefeito  a  iniciativa  de  projetos  sobre  orçamento  participativo    não  pode  ser  vereador.  

Apesar  dos  bons  propósitos  do  legislador,  a  lei  fere  a  Constituição  Estadual:  divisão  dos  poderes  e  cria-­‐ção  de  despesas  sem  previsão  no  orçamento.  

-­‐ Ação  julgada  procedente:  lei  inconstitucional    sem  orçamento  participativo.      

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Seminário  IX:  Decisões  Judiciais  e  Orçamento  Público  (06/05/2011)  

BARROSO,  Luís  Roberto.  Da  falta  de  efetividade  à  judicialização  excessiva:  direito  à  saúde,  fornecimento  gratuito  de  medicamentos  e  parâmetros  para  a  atuação  judicial.    

AgRG  no  RE  436.996-­‐6/SP,  Rel.  Min.  Celso  de  Mello,  Segunda  Turma,  j.  22.11.2005.  AC  261.220.  Rel.  Juiz.  Convocado  David  Diniz,  Primeira  Turma,  j.  19/06/2001,  DJU  23/10/2001.  

GRINOVER,  Ada  Pellegrini.  Judiciário  pode  intervir  no  controle  do  Executivo.    NUNES,  António  José  Avelãs;  SCAFF,  Fernando  Facury.  Os  Tribunais  e  o  Direito  à  Saúde.  Porto  Alegre,  Ed.  Livraria  do  

Advogado,  2011.  RAMOS,  Elival  da  Silva.  Controle  Jurisdicional  de  Políticas  Públicas:  a  efetivação  dos  direitos  sociais  à  luz  da  Constitui-­‐

ção  brasileira  de  1988.  In  Revista  da  Faculdade  de  Direito  da  Universidade  de  São  Paulo,  V.  102,  pp.  327-­‐356,  jan./dez.  2007.  

(X)        

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Seminário  X:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária.  Tribunal  de  Contas.  (13/05/2011)  

Texto  1  

MS  23.875-­‐5/DF.  Rel.  Min.  Carlos  Velloso,  Redator  p/  acórdão  Min.  Nelson  Jobim,  Tribunal  Pleno,  DJ  30/04/2004.  

Relatório    

-­‐ Mandado  de  segurança  com  pedido  de  liminar.  -­‐ BB  Distribuidora  de  títulos  e  valores  mobiliários  SA  x  ato  do  TCU.  

Determinava  instauração  de  tomada  de  contas  de  um  funcionário.  

Entrou  com  pedido  de  reexame    conhecido,  mas  indeferido.  -­‐ Argumentos  

1)  incompatibilidade  do  instituto  de  Tomada  de  Contas  Especial  com  o  regime  da  CLT.   É  S.A.,  regida  pelo  Direito  Privado    empregados  não  têm  dever  de  prestar  contas.  

2)  necessidade  de  dano  ao  erário  para  instaurá-­‐la.   Não  ocorre  com  sociedade  de  economia  mista    Estado  é  acionista.   Não  há  como  saber  se  o  dano  foi  ao  erário  privado  ou  ao  público.  

3)  impossibilidade  de  aplicação  da  TCE  na  empresa.   Apenas  controle  finalístico,  que  não  se  insere  nas  irregularidades  dos  empregados.   Sociedade  de  economia  mista  precisa  de  autonomia,  não  se  submetendo  a  tal  fiscalização.  

4)  posicionamento  favorável  da  10ª  secretaria  de  controle  externo  do  TCU.  

5)  ausência  de  previsão  legal  da  TCE.   Lei  fala  de  realização  de  auditorias,  não  da  instauração.  

-­‐ Pedido:  que  a  empresa  fique  desobrigada  de  instaurar  tal  tomada  de  contas  contra  seus  empregados.  -­‐ Informações  dadas  pelo  TCU:  

Descabimento  de  mandado  de  segurança  contra  a  lei  em  tese.  

Inexistência  de  direito  líquido  e  certo    empresa  não  conseguiu  apontar  preceito  normativo  para  o  pre-­‐tendido.  

-­‐ Informações  dadas  pelo  TCU    mérito:  

1)  clara  a  amplitude  da  atuação  do  TCU  em  situações  que  onerem,  ainda  que  indiretamente,  o  erário.  

2)  aplicação  da  Tomada  de  Contas  Especial  à  BB-­‐DTVM.   União  é  acionista  controlador    assume  responsabilidades  pelos  atos  de  empregados.  

3)  sujeição  das  sociedades  de  economia  mista  à  fiscalização  estatal.   Não  é  puramente  Direito  Privado,  mas  um  regime  híbrido.  

4)  existência  de  previsão  legal  expressa  para  a  TCE    arts.  8º,  47  e  50  da  Lei  8433/92.  -­‐ Redistribuição  do  processo  ao  Ministro  marco  Aurélio  (MS  23.627-­‐DF)    fundamentos  e  objeto  idênticos.  

Liminar  deferida.  

Voto    Min.  Carlos  Velloso  (relator)  

-­‐ Voto  proferido  em  outro  MS  (MS  23.627-­‐DF).  -­‐ Parecer  do  Subprocurador-­‐Geral  Flávio  Giron:  

Argumento  de  que  a  ação  não  tem  previsão  legal  não  vale:  lei  em  tese,  como  norma  abstrata,  não  lesa  qualquer  direito.  Problema  não  é  a  lei  em  si,  mas  a  decisão  que  dela  decorre.  

Argumento  de  que  não  há  direito  líquido  e  certo  também  não  vale    apontou,  como  dispositivos,  a  CLT  e  a  Lei  das  SAs  (6404/76).  

-­‐ Ministro  do  TCU  Walton  Alencar  Rodrigues:TCE  é  instrumento  legal  para  apurar  os  fatos  lesivos  ao  Erário  e  iden-­‐tificar  os  responsáveis;  sua  instauração  pode  ser  ato  de  ofício  da  Adm.  Pub.  ou  do  TCU.  

-­‐ Particulares  não  estariam  sujeitos  a  ela,  desde  que  não  sejam  funcionários  públicos.  

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-­‐ Estariam  sujeitas  as  sociedades  de  economia  mista  à  TCE?  

Sim    BB-­‐DTVM  não  tem  razão:  CF  expressamente  submete  à  fiscalização  os  responsáveis  por  bens  e  va-­‐lores  públicos,  incluindo  a  Adm.  Indir.  

Não  há  porque  interpretar  a  disposição  com  purismo  só  por  se  da  CF.  -­‐ Jorge  Ulisses  Jacoby  Fernandes:  interpretação  integrada  com  o  art.  173,  da  ordem  econômica    garantia  da  livre  

iniciativa;  evita  o  abuso  dos  recursos  públicos,  como  se  dirigissem  uma  empresa  privada    devem,  sim,  ser  fisca-­‐lizadas.  

-­‐ Argumento  de  que  não  há  como  diferenciar  o  erário  público  do  privado  nas  sociedades  de  economia  mista  tam-­‐bém  não  vale:  capital  do  Estado  é  maioria    lesão  ao  patrimônio  da  sociedade  lesa  também  erário  do  Estado.  

-­‐ Argumento  de  que  seria  banco,  logo,  regido  pela  lei  das  SAs  também  não  vale.  

Maria  Sylvia  Zanella  di  Pietro:  empresas  públicas  e  sociedades  de  economia  mista  nunca  se  submetem  inteiramente  ao  Direito  Privado    regime  híbrido.  

Celso  Antonio  Bandeira  de  Mello:  empresas  públicas  e  sociedades  de  economia  mista  estão,  sim,  sob  fis-­‐calização  do  TCU    art.  71,  II,  III,  IV.  

-­‐ Indefere  o  MS  e  cassa  a  medida  liminar,  faz-­‐se  a  TCE.  

Extrato  da  ata  

-­‐ (X)  

Voto  vista    Min.  Ilmar  Galvão  

-­‐ Retoma  o  relatório.  -­‐ Ministros  Ellen  Gracie,  Maurício  Corrêa  e  Sydney  Sanches  votaram  com  o  relator  (Carlos  Velloso).  -­‐ Empresas  públicas  são  submetidas  ao  regime  do  Direito  Privado.  

CF,  art.  173,  §1º:  lei  especial,  ainda  não  elaborada,  para  formas  de  fiscalização  de  tais  empresas.  

Se  há  previsão  de  um  diploma,  é  porque  não  estão  submetidas  ao  TCU;  se  estivesse,  seria  inútil  a  cria-­‐ção.  

-­‐ Como  são  entidades  privadas,  não  há  que  se  falar  em  "bens  e  valores  públicos"  (art.  171,  II).  

Os  bens  desses  entes,  enquanto   integrantes  de   seu  patrimônio,  não  se  confundem  com  os  do  Estado  (princípio  da  separação  do  patrimônio  da  pessoa  jurídica).  

Respondem  pelos  deveres  como  civis  +  não  têm  diretos  inerentes  aos  públicos  =  são  privados.  -­‐ Se  considerar-­‐se  tarefa  do  TCU,  ele  ficaria  paralisado    teria  que  examinar  todas  as  operações  com  problemas  

em  todas  as  empresas  da  União  (BB  do  Acre  ao  RS,  Caixa  Federal,  Petrobrás,  operações  no  exterior,  etc.)  -­‐ Artigos  citados  estariam  fora  de  contexto:  

CF,  art.  70    fala  de  renúncia  de  receitas,  algo  que  não  pode  ser  feito  por  empresas  de  economia  mista.  

CF,  art.  71,  II    fala  de  bens  públicos    seriam  bens  privados,  como  defendido  acima.  

CF,  art.  173,  §1º    a  lei  citada  ainda  não  foi  elaborada.  

Lei  8443/93    fala  de  bens  e  valores  públicos    idem.  -­‐ Ministro  Celso  de  Mello  (despacho  no  MSMC  22801):  TCU  diz  respeito  apenas  aos  órgãos  públicos.  -­‐ Conclusão:  ausência  de  legitimidade  do  TCU  para  a  TCE  neste  caso.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Confirmação  de  voto  

-­‐ Discussão  entre  os  Ministros  Carlos  Velloso  e  Moreira  Alves.  -­‐ Moreira  Alves  argumenta  que  não  são  bens  públicos;  logo,  não  estariam  sujeitos  à  fiscalização.  -­‐ Carlos  Velloso  argumenta  que,  ainda  que  não  fossem  bens  públicos,  partem  de  dinheiro  do  Estado,  estando  su-­‐

jeitos  a  tal  fiscalização    prende-­‐se  à  ilegalidade  do  ato  praticado  pelo  funcionário,  pelo  dano  ainda  não  ressarci-­‐do  que  ela  teria  causado  e  ao  desvio  de  dinheiro  que  freqüentemente  ocorre  em  tais  empresas  mistas.  

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Voto    Min.  Nelson  Jobim  

-­‐ Os  bens  de  tal  empresa  seriam,  principalmente,  dos  depósitos  feitos  pelos  terceiros,  clientes  do  banco.  -­‐ O  que  o  Estado  tem  no  BB  são  ações;  o  que  integra  o  Erário  é,  na  verdade,  os  dividendos;  estes  não  foram  afeta-­‐

dos.  -­‐ Problema:  o  caso  se  dá  em  Viena,  envolvendo  depósitos  em  banco  alemão    justificativa  para  trânsito  interna-­‐

cional.  -­‐ O  que  se  tem  é  uma  tentativa  de  fiscalizar  atividade  tipicamente  privada,  ainda  que  desenvolvida  por  entidade  

com  controle  acionário  da  União.  

Se  seguisse,   logo  o  TCU  entraria  no  mérito  de  negócios  da  Petrobrás  feitos  na  Arábia  Saudita,  o  que  é  impensável.  

-­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Retificação  de  voto    Min.  Maurício  Corrêa  

-­‐ Fiscalização  do  TCU  inibiria  seu  desempenho  no  mercado  em  que  atua.  -­‐ Atividade  negocial    danos  irreparáveis  à  concorrência  com  outros  bancos.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Explicação    Min.  Carlos  Velloso  

-­‐ BB  tem  boa  saúde  econômica  e  reputação  em  relação  à  moralidade.  

Não  é  o  caso  ideal,  ele  reconhece,  mas  alerta  para  o  precedente:  muitas  empresas  mistas  que  não  têm  nem  tal  saúde  nem  tal  reputação  poderiam  aproveitar  o  caso  para  não  serem  fiscalizadas.  

Lembra  que  a  TCE  só  foi  determinada  porque  houve,  sim,  denúncias  de   irregularidades  e  de  desvio  de  dinheiro  público.  

-­‐ Em  sociedade  de  economia  mista,  o  Estado  é  acionista  majoritário;  em  empresas  públicas,  é  o  único  acionista.  

Voto    Min.  Sepúlveda  Pertence  

-­‐ Operações  do  BB  são  comerciais    não  são  recursos  públicos.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Retificação  de  voto    Min.  Sydney  Sanches  

-­‐ Votou  com  o  relator  porque  tinha  que  se  ausentar  das  discussões  (o.o').  -­‐ Convencido  com  a  sustentação  oral  do  Min.  Ilmar  Galvão,  mudou  o  voto.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Voto    Min.  Néri  da  Silveira  

-­‐ Meras  operações  bancárias  do  BB  estão  fora  da  competência  do  TCU.  

Nesse  caso,  as  irregularidades  seriam  verificadas  pelo  MP,  de  competência  bem  mais  ampla.  -­‐ Se  houvesse,  por  exemplo,  dinheiro  do  Estado  na  aplicação  em  fundos  (ex:  linhas  de  investimento)  ou  na  trans-­‐

ferência  de  crédito  (ex:  financiamento  rural),  entraria.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Voto    Min.  Moreira  Alves  

-­‐ Segue  a  linha  do  anterior    seria  o  caso  se  o  BB  estivesse  administrando  diretamente  dinheiro  público  (ex:  fun-­‐dos  de  investimento).  

-­‐ Se  assim  fosse,  para  vender  um  prédio  seu,  o  BB  precisaria  de  lei  federal.  

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86    

-­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.    

Voto    Min.  Marco  Aurélio  (presidente)  

-­‐ O  que  está  em  pauta  é  um  simples  ato  de  administração  de  bens  do  próprio  BB,  não  públicos.  -­‐ Defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Extrato  de  ata  

-­‐ Resultado:  defere  o  MS,  permanece  a  medida  liminar,  sem  TCE.  

Textos  2,  3  e  4  

MS  25.181-­‐6/DF,  Rel.  Min.  Marco  Aurélio,  Tribunal  Pleno,  DJ  16/06/2006,  Ementário  nº  2237-­‐1.  BRITTO,  Carlos  Ayres.  O  Regime  Constitucional  dos  Tribunais  de  Contas.  In  Revista  Diálogo  Jurídico,  Salvador,  CAJ  -­‐  

Centro  de  Atualização  Jurídica,  v.  I,  nº.  9,  dezembro,  2001.  MILESKI,  Helio  Saul.  O  controle  da  gestão  pública.  São  Paulo  :  Editora  Revista  dos  Tribunais,  2003,  cap.  8.  

(X)  

   

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Seminário   XI:   Responsabilidade   Financeira     Aspectos   Sancionadores   do   Direito   Financeiro  (20/05/2011)  

Texto  1  

MS  26.210/DF,  Rel.  Min.  Ricardo  Lewandowski,  j.  4.9.2008.  

-­‐ Uma  bolsista  do  CNPQ  entrou  com  uma  Medida  de  Segurança  com  liminar  contra  decisão  do  Tribunal  de  Contas,  que  a  havia  condenado  a  pagar  mais  de  160  mil  reais.  Tal  condenação  ocorreu  devido  à  bolsista  não  ter  retorna-­‐do  ao  Brasil  após  ter  defendido  sua  tese,  tendo  passado  desde  então  sete  anos.  

-­‐ A  necessidade  de  retorno  ao  Brasil  estava  no  contrato  assinado  pela  bolsista  com  o  CNPQ.  Ela  alegou,  no  pedido,  que  a  cláusula  de  retorno  seria  uma  cláusula  abusiva  de  contrato  de  adesão.  Alegou  também  que  o  prazo  pres-­‐cricional  de  cinco  anos  havia  passado,  e  com  isso  a  pretensão  do  órgão  público  teria  se  extinguido.  

-­‐ e  deve  ser  entendida  de  acordo  com  

própria  finalidade  do  fomento  ao  estudo  no  exterior:  a  disseminação,  no  Brasil,  do  conhecimento  obtido  no  ex-­‐terior.  

-­‐ Em  relação  ao  prazo  prescricional  é  que  há  maior  controvérsia.  O  relator,  min.  Lewandowski,  defende  que  o  art.  37,  parágrafo  5º  da  CF/88,  contém  uma  exceção  à  prescrição  que  incide  no  caso:  

Considerando  a  ação  do  Tribunal  como  buscando  ressarcimento  ao  Erário  público,  o  relator  considerou  que  não  há  caso  de  prescrição,  e  logo  deve  à  bolsista  ressarcir  os  cofres  públicos.  

O   voto   vencido,   ministro   Marco   Aurélio   (surpresa),   defendeu   que   o   Constituinte   geralmente   é   taxativo  quando  há  imprescritibilidade,  e  na  falta  de  clareza  do  dispositivo  não  se  deve  fazer  uma  interpretação  de-­‐masiado  restritiva.    

Texto  2  

MS  9.642/DF,  Rel.  Min.  Luiz  Fux,  j.  23.2.2005  

-­‐ O  município  de  Itagimirim/BA  entrou  com  uma  ação  com  pedido  de  liminar  contra  um  Ministério  que  realizaria,  em  pouco  tempo,  fiscalização  quanto  aos  recursos  federais  destinados  aos  municípios.  Cita  como  argumentos,  da  CF:  

-­‐ O  relator,  min.  Luiz  Fux,  foi  contrário  a  estes  argumentos.  Segundo  ele,  o  art.  70  da  CF  dá  competência  à  CGU  com  relação  à  gastos  da  União,  e  sendo  a  fiscalização  apenas  de  recursos  federais,  não  é  caso  de  extirpação  de  competência.  Confirma  essa  tese  também  o  art.  74.  Além  disso,  ele  cita  o  artigo  26  da  Lei  10108/2001,  que  diz  que  nenhum  processo,  documento  ou  informação  poderá  ser  sonegado  ao  controle  do  poder  Executivo.  

-­‐ Em  caso  de  truculência  e  tentativa  de  injustificada  de  intervir  em  competência  do  município  caberia  a  ele  a  pro-­‐va.  Entretanto,  a  existência  de  sorteio  e  o  comunicado  com  antecedência  ao  prefeito,  dentre  outros  fatores,  con-­‐tribuem  para  diminuir  o  risco  de  uma  ingerência  da  União  em  assuntos  municipais,  e  como  o  município  não  con-­‐

 

Texto  3  

GOMES,  Émerson  César  da  Silva.  Responsabilidade  financeira:  uma  teoria  sobre  a  responsabilidade  no  âmbito  dos  Tribunais  de  Contas.  Dissertação  (Mestrado  em  Direito).  Faculdade  de  Direito  da  USP.  São  Paulo.  

Conceito  de  Responsabilidade  Financeira    

-­‐ O  autor  define  a  responsabilidade  financeira   a  obrigação  de  repor  recursos  públicos  (imputação  de  débi-­‐to)  ou  de  suportar  as  sanções  previstas  em  lei,  no  âmbito  do  controle  financeiro  exercido  pelos  Tribunais  de  Con-­‐

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tas,  em  razão  da  violação  de  normas  pertinentes  à  gestão  de  bens,  dinheiros  e  valores  públicos  ou  dos  recursos    

-­‐ Responsabilidade   Financeira   (Sanções   financeiras)   não   se   confundem  nem  com  medidas   cautelares,   nem  com  reposições  executadas  pela  administração,  e  também  não  com  o  julgamento  das  contas.  

-­‐ Medidas  cautelares,  reconhecidas  possíveis  no  STF,  são  medidas  do  TCU  que  visam  a  garantir  a  eficácia  das  deci-­‐sões  finais.  Têm  caráter  temporário  e  visam  apenas  a  evitar  novos  prejuízos  ou  inviabilidade  de  ressarcimento.  

-­‐ Reposições   e   indenizações   executadas   pela   própria   Administração   são   baseadas   no   Poder   Hierárquico   desta,  atinge  em  geral  servidores  que  não  se  submetem  ao  TCU  por  não  serem  gestores  de  recursos  públicos  (ex.  art.  46,    lei  8112/90).  

-­‐ O  julgamento  de  contas  (art.  71,  II,  CF)  há  apreciação  da  gestão  do  responsável.  Pode  surgir  a  responsabilidade  financeira,  mas  há  outras  conseqüências  (inelegibilidade,  por  exemplo).  

Tipos:    

-­‐ Utilizando-­‐se  da  terminologia  portuguesa,  o  autor  defende  a  divisão  entre  responsabilidade  reintegratória,  res-­‐ponsabilidade  sancionatória  por   infrações  essencialmente   financeiras,  e   responsabilidade  sancionatória  por   in-­‐frações  não  essencialmente  financeiras.  

-­‐ A  responsabilidade  reintegratória  parte  tão  somente  da  necessidade  de  se  retornar  aos  cofres  públicos  a  quantia  que  foi  ilicitamente  retirada  por  agente.  Visa  reconstituir  a  situação  prévia  ao  dano  patrimonial.  

-­‐ A  responsabilidade  sancionatória,  por  sua  vez,  tem  caráter  punitivo,  pois  se  houvesse  apenas  a  reintegratória  o  máximo  que  poderia  sofrer  o  agente  que  cometesse  ato  ilícito  seria  restituir  o  que  desviou.  Em  decorrência  dis-­‐so,  tem  caráter  também  preventivo,  evitando  novos  ilícitos.  (ver  art.  19  da  lei  8443/92)  

-­‐ A   responsabilidade   sancionatória   pode   ser   por   atos   essencialmente   financeiros,   e   nesse   caso   viola-­‐se   norma  típica  de  direito  financeiro  (ex:  contas  julgadas  irregulares,  atos  antieconômicos,  descumprimento  de  ordem  do  TCU).  Pode  ser  também  por  atos  não  essencialmente  financeiros,  e  nesse  caso  seria  uma  violação  dos  deveres  de  colaboração  (ex:  obstrução  ao  livre  exercício  de  inspeções  e  auditorias,  sonegar  informação  ou  documento,  não  atendimento  à  diligência).  

-­‐ O  autor  então  distingue  a  Responsabilidade  Financeira  (espécie  da  Responsabilidade  Jurídica)  das  demais:  

Incide  apenas  sobre  agentes  contábeis    pessoas  físicas  ou  jurídicas  responsáveis  pela  gestão  de  bens  e  valores  públicos   (particular   também  pode  ser   responsabilizado  se   for   responsável,  ex:   recebendo  sub-­‐venções  do  poder  público)  

Tem  caráter  patrimonial  e  o  agente  responde  com  o  próprio  patrimônio  pelo  dano  causado  ao  Erário.  

Por  ser  decorrente  da  gestão  de  recursos  públicos,  ilícitos  fora  da  administração  desses  recursos  não  es-­‐tão  sujeitos  à  responsabilidade  financeira.  

A  modalidade  reintegratória  está  limitada  pelo  efetivo  dano  causado  ao  Erário.  Não  é  obrigação  de  inde-­‐nizar  (que  abarcaria  lucros  cessantes  e  danos  morais),  mas  de  repor.  

Deve  ser  processada  e  responsabilizada  pelos  Tribunais  de  Contas.  Geram  título  executivo  apto  à  execu-­‐ção  judicial.  

Responsabilidade  de  natureza  subjetiva,  exigindo  culpa  ou  dolo  do  responsável.  

Pressupostos  da  Responsabilidade  Financeira:  

-­‐ Base  do  texto  é  a  divisão  da  responsabilidade  em  três,  como  proposto  no  texto  anterior  (reintegratória,  sancio-­‐natória  por  atos  essencialmente  financeiros,  sancionatória  por  atos  não  essencialmente  financeiras).  

-­‐ Obs:  ele  coloca  como  pressupostos,  mas  não  faz  um  desenvolvimento  claro  desse  conceito,  e  o  texto  é  uma  ba-­‐gunça.  Ele  sai  jogando  um  monte  de  informação  sem  estabelecer  uma  seqüência  lógica.  

-­‐ Pressupostos  na  responsabilidade  reintegratória:  

Conduta  humana  voluntária:  ação  ou  omissão  que  acarrete  conseqüências  jurídicas  feita  por  gestor  pú-­‐blico,  ou  particular  que  exerça  essa  função.  

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Violação  de  norma  ou  princípio  relativo  à  gestão  de  bens,  valores  e  patrimônios  públicos:  essas  normas  podem  estar  no  direito  financeiro  ou  no  direito  administrativo,  e  não  é  necessário  que  a  conduta  seja  tí-­‐pica,  basta  haver  a  violação,  inclusive  em  certas  situações  tratadas  de  forma  implícita  na  lei.  

Dano  ao  erário:  deve  haver  um  efetivo  dano  patrimonial  (a  compensação  de  outra  natureza,  como  mo-­‐ral,  não  está  no  escopo  da  responsabilidade  financeira).  Nesse  sentido,  esse  conceito  não  envolve,  por  exemplo,  a  má  aplicação  de  recursos  em  atividades  que  o  Estado  que  não  importem  uma  contrapresta-­‐ção  à  este,  como  no  caso  de  recursos  destinados  à  educação  não  estarem  melhorando  a  qualidade  do  ensino.  Geralmente  se  refere  a  uma  saída  irregular  de  recursos  públicos,  que  pode  inclusive  ser  presu-­‐mida  em  dois  casos:  omissão  do  dever  de  prestar  contas  (art.  8º  da  lei  8443/92),  ou  concessão  de  crédito  de  entidades  financeiras  oficiais  em  descumprimento  às  normas  internas  (autor  não  cita  dispositivo  le-­‐gal).  Além  disso,  o  dano  está  limitado  a  quantias  envolvidas  na  infração,  sendo  incluídas  nesse  conceito  as  renúncias  irregulares  de  receita,  mas  não  os  lucros  cessantes.  

Nexo  de  causalidade:  há  três   teorias  com  relação  à  atribuição  de  causa/efeito  de  um  resultado  a  uma  conduta     conditio  sine  qua  non  a  mesma  do  direito  penal,  referente  à  exclusão  mental  de  um  fato  e  a  verificação  de  ocorrência  do  resultado.  O  problema  é  a  possibilidade  de  regressão  ao  infi-­‐nito.   2)   Teoria  da   causalidade  adequada:  o   fato  deve   ter   aptidão  pra   causar  o   resultado  em  abstrato,  com  base  na  experiência  e  probabilidade    o   juiz  se  colocaria  na  situação  do  agente  e  nas  percepções  deste  frente  às  suas  possíveis  ações  .  3)  Teoria  da  causalidade  imediata:  considera-­‐se  o  último  antece-­‐dente,  pelo  simples  aspecto  cronológico,  causa  do  dano.  Autor  defende  que,  no  Brasil,  seria  adequado  adotar  a  teoria  da  causalidade  adequada,  mas  admite  que  o  TCU  não  definiu,  em  suas  decisões,  a  teoria  da  causalidade  utilizada,  embora  é  possível  inferir  que  trata-­‐se  desta  mesma  teoria,  da  causalidade  ade-­‐quada.  

Culpabilidade  e    ausência  de  excludentes  de  responsabilidades:  não  são  tratadas  no  texto  disponibilizado  (capítulos  seguintes)  

-­‐ Na  responsabilidade  sancionatória  de  atos  essencialmente  financeiros    Infrações  sujeitas  à  multa  simples,  nos  termos  do  art.  58,  incisos  I,  II,  III,  VII  e  §1º  da  lei  8443/92  em  casos  de  impossibilidade  de  quantificação  ou  au-­‐sência  de  dano  ao  Erário  pelo  ato  ilícito,  ou  nos  termos  do  art.  57  desta  mesma  lei,  quando  há  dano  ao  Erário.  Em  casos  de  contas  irregulares,  devem  ser  aplicados  levando  em  consideração  os  termos  do  art.  16  (alínea  b    art.  58;  demais    art.  57)  

O  art.  5º  da  lei  10.028/00  também  tem  preceitos  semelhantes  ao  art.  58,  II,  e  deve  prevalecer  se  ambos  incidirem  em  mesma  matéria  (Lex  specialis)    

-­‐ Na  responsabilidade  sancionatória  por  atos  não  essencialmente  financeiros  (deveres  de  colaboração)    Os  de-­‐veres  de  colaboração  tem  base  nos  princípios  da  publicidade,  transparência  e  impessoalidade  da  Administração  Pública,  (art.  70/  CF),  e  o  gestor  não  pode  deixar  de  cumpri-­‐los  com  base  no  direito  de  silêncio  do  réu.  Estão  no  art.  58,  IV,  V  e  VI,  da  lei  8443/92.  

Texto  4  

OLIVEIRA,  Regis  Fernandes  de.  Curso  de  direito  financeiro.  3ª  ed.  São  Paulo:  RT,  2010,  pp.  531-­‐535.  -­‐ Sanções  civis,  administrativas,políticas  e  penais:  LRF,  arts.  73  e  73-­‐A.  

Texto  5  

KHAIR,  Amir  A.  As  transgressões  à  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  e  correspondentes  punições  fiscais  e  penais.  Brasília:  Ministério  do  Planejamento,  Orçamento  e  Gestão  /  BNDES,  2000.  

(X)  

 

   

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Seminário  XII:  Endividamento  Público  e  Equilíbrio  Federativo  (27/05/2011)  

Texto  1  

ASSONI  FILHO,  Sérgio.  Crédito  público  e  responsabilidade  fiscal.  Porto  Alegre:  Núria  Fabris  Ed.,  2007,  cap.  7.  

 LRF  e  o  Endividamento  Público  -­‐ Brasil    Método  de  limitação  do  endividamento  público  -­‐ CF/88,  Art.  163,  I:  Delegou  à  edição  de  uma  Lei  Complementar  (LRF)  a  disposição  sobre  as  finanças  públicas.  

Controle  da  dívida  pública  e  crédito.  -­‐ Brasil    Acordo  com  o  FMI  em  que  o  país  se  comprometeu  a  conter  o  crescimento  do  endividamento  público  

nos  âmbitos  interno  e  externo  até  um  limite  máximo    51%  do  PIB,  só  alcançado  com  um  aumento  da  carga  tri-­‐butária.  

-­‐ LRF    Racionalizar  as  contas  públicas  e  conterem  a  escalada  da  dívida  pública  de  todas  as  unidades  federativas.  

Análise  crítica  precipitada      no  aspecto  econômico,  ou  ain-­‐da,  violar  o  aspecto  federativo  (impedindo  o  exercício  da  autonomia  financeira  dos  entes).  

São  limites  em  níveis  razoáveis,  pois  não  aniquilam  a  capacidade  de  utilização  do  crédito  público  como  instrumento  de  política  financeira.  

LRF  não  fere  a  autonomia  como  um  todo  e  a  própria  competência  tributária  não  é  ilimitada  (CF).  

A   regulamentação  dessas   relações  pela   LRF  poderia  evitar  não   só  o  aumento  da  dívida,  mas   também  uma  suposta  negociação  por  autonomia  financeira  dos  entes  federativos  menores  com  relação  à  União,  combatendo  assim  o  clientelismo  existente  na  esfera  do  endividamento.  

-­‐ LRF,  Art.  29    Conceituação  exemplificada:  preocupação  do  legislador  complementar  em  evitar  preventivamen-­‐te  interpretações  equivocadas,  que  eventualmente  poderiam  decorrer  da  terminologia  empregada  no  texto  le-­‐gal.  

-­‐ IVES  GANDRA    Riscos.  -­‐ Conceitos  empregados  pela  LRF:  

a)  Dívida  pública  consolidada  ou  fundada    Montante  total  das  obrigações  dos  entes  federativos.  

b)  Dívida  pública  mobiliária.  

c)  Operações  de  crédito.  

d)  Concessão  de  garantia.  

e)  Refinanciamentos  da  dívida  mobiliária.  

f)  Outras  operações  assemelhadas    A  fim  de  não  ser  a  lei  descumprida  devido  à  dinamicidade  dos  mer-­‐cados,  que  a  todo  momento  criam  novas  formas  de  financiamento.  

Há  ainda  equiparações.  -­‐ Exigência:  estimativa  do  impacto  orçamentário-­‐financeiro  e  verificação  de  sua  compatibilidade  com  as  leis  orça-­‐

mentárias.  -­‐ RÉGIS    A  dívida  consolidada  é  aquela  feita  para  ultrapassar  mais  de  12  meses.  -­‐ LRF,  Art.  29,  §4º    Imposição  de  limites  da  dívida  consolidada.  -­‐ LRF,  Art.  30,  §4º      fim  de  mo-­‐

nitorar  o  atendimento  dos  limites  por  parte  dos  entes  federativos.  -­‐ Outra  invocação    Dispositivo  que  permite  a  revisão  dos  limites  em  caso  de  instabilidade  econômica  ou  altera-­‐

ções  nas  políticas  monetária  ou  cambial,  uma  vez  que,  segundo  a  dicção  da  lei,  nestes  casos  haveria  alterações  os  fundamentos  das  propostas  dos  limites  fixados,  permitindo  ao  presidente  encaminhar  uma  revisão  desses  li-­‐mites.  

-­‐ responsabilidade  fiscal  por  meio  de  penalidades  institucional.  

Obs:  menos  em  educação,  saúde  e  assistência  social.  

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-­‐ As  transferências  constitucionais  não  podem  ser  atingidas  por  lei  complementar.  

IVES  GANDRA  MARTINS    Não  são  voluntárias.  -­‐ LRF,  Art.  31,  §3º    Há  dispositivo  determinando  a  aplicação  imediata  das  penalidades  institucionais,  sem  perío-­‐

do  de  enquadramento  para  os  entes.  

A  rigidez  da  lei  é  atenuada  em  situações  extremas,  suspensos  na  hipótese  de  calamidade  pública.    Controle  das  Operações  de  Crédito  -­‐ Ministério  da  Fazenda:  a  ele  são  encaminhados  os  pedidos  os  pedidos  para  a  contratação  das  operações  de  cré-­‐

dito  (estados,  DF,  municípios).  

Apuração  da  relação  custo-­‐benefício,  da  existência  de  um  interesse  público,  de  autorização  legal  prévia  e  expressa  para  a  efetivação  da  contratação  (LRF,  Art.  32)  com   limites  e  condições   fixadas  pelo  Senado,  

a-­‐rem  despesas  correntes,  uma  vez  que  não  poderão  ultrapassar  o  montante  das  despesas  de  capital,  com  exceção  (LRF,  Arts.  35,  36,  54,  55)  e  observações  de  outras  restrições  da  LRF.  

Quando  se  trata  de  operações  de  crédito  da  União,  encaminha-­‐se  ao  Senado.  -­‐ Obs:  O  Brasil  é  um  Estado  federal  heterogêneo  (cada  ente  financeiro  tem  uma  realidade  distinta);  é  comum  o  

recebimento  de  tarefas  desproporcionais  aos  recursos  para  a  sua  execução.  

:  desequilíbrio  de  e  os  meios  financeiros    Desequilíbrio  sistêmico  das  contas  pú-­‐blicas,  sem  planejamento  adequado.  

-­‐ A  disposição  que  proíbe  o  ente  federativo  ser  ao  mesmo  tempo  o  contratador  da  instituição  financeira  e  o  bene-­‐ficiário  da  operação  evita  o  financiamento  da  dívida  pública  por  tal   instituição  financeira  contratada,  pois  essa  prática  se  mostrou  importante  fonte  de  riscos  e  de  indisciplina  fiscal,  com  a  deterioração  da  qualidade  de  suas  carteiras  de  crédito,  que  ficam  comprometidas  demasiadamente  em  sua  continuidade  operacional.  

-­‐ RÉGIS     LRF,  Art.  35:  violação  do  princípio   federativo  ao  cercear  a   liberdade  de  contratação  de  operações  de  crédito.  

 Operações  de  Crédito  ARO  -­‐ Operações  de  Crédito  ARO    Operações  de  crédito  que  tnham  por  finalidade  suprir  uma  insuficiência  momen-­‐

tânea  de  caixa  ou  uma  necessidade  de  liquidez  a  curto  prazo  para  honrar  compromissos  financeiros  imediatos    LRF,  Art.  32,  38  busca  coibir  tais  operações.  

-­‐ Condições  para  o  estabelecimento  de  uma  ARO  (art.  32):  

Termo  ad  quo  e  ad  quem  dentro  do  mesmo  exercício  financeiro  (10  de  janeiro  a  10  de  dezembro).  

Indexação  de  uma  taxa  de  juros  básica  financeira  (TBF).  

Quitação  de  ARO  anteriores.  

Operação  não  realizada  no  último  ano  do  mandato  do  chefe  do  executivo.  -­‐ Os  entes  federativos  que  satisfaçam  todas  as  exigências  e  estejam  interessados  na  contratação  das  operações  de  

crédito  ARO  deverão  abrir  crédito  junto  a  instituição  financeira  que  vencer  um  processo  competitivo  eletrônico  provido  pelo  BC.  

O  BC  monitorará  o  saldo  do  crédito.  

Tal  crédito  é  aberto  de  acordo  com  a  LRF  e  seus  princípios.  

Cabe  ao  BC  as  penalizações.    Concessões  de  Garantias  e  Contra-­‐garantias  -­‐ LRF,  Art.  40    Coibir  o  endividamento  indireto  ao  restringir  a  concessão  de  garantias  e  contra-­‐garantias  por  par-­‐

te  entes  federativos  nas  operações  de  crédito  internas  e  externas  limitadas  a:  

a)  À  concessão  de  contra-­‐garantias  de  valor  igual  ou  maior.  

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92    

b)  O  ente  que  estiver  pleiteando  a  garantia  deverá  estar  em  dia  com  as  suas  obrigações  anteriormente  assumidas  para  com  o  ente  garantidor  e  para  com  as  entidades  controladas  por  esse  último.  

-­‐ LRF,  Art.  40,  II    Discussões  sobre  a  sua  constitucionalidade.  

Texto  2  

FARIA,  Rodrigo  Oliveira  de.  Reflexos  do  endividamentonas  relações  federativas  brasileiras.  In  CONTI,  José  Mauricio;  SCAFF,  Fernando  F;  BRAGA,  Carlos  A.  F.  (Orgs.)  Federalismo  fiscal    questões  contemporâneas.  Florianópolis:  Concei-­‐

to  Editorial,  2010,  pp.  437-­‐460.  

-­‐ A  autonomia  das  entidades  federativas  encontra-­‐se  limitada  pelas  atribuições  e  encargos  conferidos  aos  demais  entes  da  federação.  

-­‐ Princípio  da  autonomia  federativa    Unidade  e  autonomia:  

Existência  de  órgãos  governamentais  próprios.  

Detenção  de  competências  exclusivas    Auto-­‐governo.  

Competências    Administrativas,  legislativas,  tributárias.   Competência  Tributária    Visa  assegurar  a  cada  ente  rendas  próprias  que  lhes  permitam  o  ple-­‐

no  exercício  das  funções  que  lhes  foram  atribuídas  pela  CF.  

Divisão  dos  tributos  em  espécie  pelos  entes.  

Repartição  das  receitas  tributárias  pelos  entes.  -­‐ Socialização  da  gestão  fiscal  irresponsável  (por  meio  de  ajuda  federal)    Fere  isonomia.  

Princípio  do  comportamento  federal  amigável.  

Princípio  da  lealdade  federal.  -­‐ Autonomia  dos  entes  federativos  sofre  restrição    O  ordenamento  brasileiro  contempla  três  ordens  de  restri-­‐

ções  jurídicas  ao  endividamento  das  unidades  federativas:  

a)  Normas  materiais  ditadas  diretamente  pela  CF.   Exceção  da  saúde  e  educação.  

b)  Normas  gerais  de  Direito  Financeiro  (LRF  e  Resoluções  do  Senado).  

c)  Controle  indireto  exercido  pelo  governo  central  (ex:  BACEN).  

Obs:  o  próprio  conceito  de  autonomia  pressupõe  limites.  -­‐ Permanecem  íntegras  a  capacidade  de  auto-­‐governo  e  a  atribuição  de  competências  aos  entes  federativos.  

CF/88,  Art.  167,  III;  Art.  34,  V,  a;  Art.  35,  I.  -­‐ Sendo  a  intervenção  medida  de  excepcional  restrição  da  autonomia  dos  entes  federativos,  não  se  pode  deixar  de  

verificar  que  o  constituinte  elevou  o  não  pagamento  da  dívida  em  motivo  drástico.  Infere-­‐se,  daí,  a  importância  que  o  ordenamento  confere  ao  pagamento  da  dívida  fundada  contraída  pelos  entes  federativos.  

-­‐ LRF    Norteia  a  legislação.  -­‐ Endividamento    Autonomia  dos  entes  VS.  Competência  jurídico-­‐institucional  atribuída  à  União  para  a  condu-­‐

ção  da  política  econômica.    

   

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Seminário  XIII:  Direito  Financeiro    Justiça  e  Democracia  

Texto  1  

OLIVEIRA,  Regis  Fernandes  de.  Curso  de  direito  financeiro.  3ª  ed.  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,  2010,  pp.  281-­‐305.  

Democratização  do  gasto  público  

Constitucionalismo    Direitos  positivos  e  negativos  -­‐ Constitucionalismo/  Neoconstitucionalismo    Apogeu  da  constituição  escrita.  

Reconhecimento  da  força  normativa  da  CF.  

Jurisdição  constitucional.  

Superioridade  dos  comandos  da  CF  (incluindo  valores  sociais  e  éticos).  

Vai  contra  a  concepção  atual  da  necessidade  de  tomada  de  decisões  rápidas,  vinculações  internacionais,  rapidez  na  adoção  de  políticas  públicas.  

Opinião  do  Régis:  o   ideal  seria  o  esvaziamento  dos  comandos  constitucionais  e  a  transferência  para  a  legislação  e  para  os  regulamentos  o  atendimento  às  necessidades  públicas.  

-­‐ CF    Reflete  todos  os  ramos  do  direito  e  estampa  valores.  

Arcabouço  essencial  do  Estado.  

Restrições  de  discricionariedades  dos  poderes.  

Emissão  de  comandos  para  o  legislativo,  limitações  ao  executivo  e  parâmetros  de  interpretação  ao  judi-­‐ciário.  

Limitações  do  executivo    No  tocante  das  políticas  públicas    Atuações  e  omissões.  -­‐ Formas  de  se  entender  a  Constituição:  

Substancialismo    Visão  da  constituição  como  o  conjunto  de  valorações  essenciais.  

Procedimentalismo    Visa  o  funcionamento  da  participação  democrática  como,  permitindo  alterações  conforme  o  momento  histórico.  

-­‐ Proteção  dos  Direitos  Fundamentais  pressupõe:  

Omissão    Direitos  negativos  (ex:  liberdades  de  expressão,  pensamento,  crença,  reunião  pacífica)   Omissões  no  sentido  de  permitir  o  exercício  de  um  direito.   Luiz  Roberto  Barroso    

 

Ação    Direitos  Positivos  (ex:  desenvolvimento  de  políticas  públicas,  como  educação,  saúde,  habitação,  etc.  

Políticas  públicas    Atos  e  ações  imprescindíveis  para  a  prestação  de  serviços  públicos,  de  limi-­‐tação  de  excessos,  de  disciplinar  a  ordem  econômica,  de  garantia  do  meio  ambiente  e  da  solu-­‐ção  de  conflitos.  

Realização  de  políticas  depende  de  pessoas,  aparelhos,  instrumentos,  veículos  e  edifícios.   Equilíbrio  entre  receitas  e  despesas.   Se  deve  tirar  do  indivíduo  apenas  o  necessário  para  a  ação  do  Estado  (e  a  ironia,  fica  onde?).  

-­‐ BOBBIO    Após  o  estabelecimento  dos  direitos  é  preciso  garanti-­‐los    Ação/omissão.    Políticas  Públicas  -­‐ Receitas  obtidas  pelo  Estado    Atendimento  das  finalidades  traçadas  na  CF.  -­‐ Federalismo    Fracionamento  do  exercício  do  poder  e  dos  recursos.  

União  detém  mais   recursos    Obriga  estados  e  municípios  a  pedirem  recursos  a  União    Dominação  política.  

Há  uma  relação  análoga  entre  estados  e  municípios.  -­‐ Economia    Modelos  de  desenvolvimento.  

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Políticas  de  focalização    Destinadas  aos  mais  carentes  em  detrimento  das  oligarquias  dominantes  (a-­‐quelas  que  controlam  o  agronegócio  e  a  indústria).  

Lógica  da  decisão  destinada  aos  mais  carentes    Não  ao  Estado.  -­‐ CF    Ditames  que  vão  além  do  seu  texto  

Ex:  Meio  ambiente  equilibrado  (CF/88,  Art.  225)    Necessidade  de  meios  disponíveis  para  a  realização  do  direito.  

-­‐ Discussão  de  como  efetuar  o  gasto  público    Assimetria  entre  recursos  e  gastos    Finitude  de  recursos  pressu-­‐põe  escolhas    Estabelecimento  de  prioridades.  

LUIZ  ROBERTO  BARROSO     -­‐se    

Cabe  ao  executivo  implementar  os  direitos  formalmente  previstos  na  CF.  

Para  manter  a  estrutura  administrativa  traçada  na  CF  também  demandam-­‐se  recursos.  

Instituições  livres  e  democráticas  concomitantes  com  uma  sociedade  livre  e  democrática.  

AMARTYA  SEM    O  desafio  da  democracia  hoje  é  garantir  o  seu  funcionamento  efetivo  para  as  pessoas  comuns.  

Como  fazer  a  democracia  funcionar  e  incluir  em  um  contexto  de  recursos  escassos?  -­‐ França  (2005)    Políticas  públicas  que  geraram  o  sentimento  de  discriminação  para  as  camadas  mais  pobres    

Incêndios  patrimoniais    População  à  margem  da  sociedade  francesa  (imigrantes).  

Essa  marginalização  também  acontece  na  Inglaterra  e  grande  parte  da  Europa  Ocidental.  

Renascimento  da  noção  de  discriminação  positiva    Políticas  públicas  que  visam  fazer  mais  pelos  que  tem  menos.  

Igualar  homens  e  mulheres,  imigrantes  e  nacionais,  inserir  deficientes,  árabes,  negros,  homosse-­‐xuais,  etc.  

Estado  como  vetor  de  promoção  social.    Gasto  constitucional,  o  legal  e  o  político  -­‐ GRIZIOTTI    O  escopo  da  atividade  financeira  é  a  satisfação  das  necessidades  que  o  Estado  estima  dever  prover  

com  os  seus  gastos.  

Negação  da  concepção  de  que  o  Estado  deva  atender  aos   indivíduos   individualmente    Cidadãos  en-­‐quanto  coletividade.  

Divergência    MUSGRAVE    Estado  deve  assegurar  recursos  para  o  que  a  sociedade  considera   justo  e  equitativo.  

Bens  sociais  e  bens  privados    Bens  sociais  têm  prevalência  nas  precisões  orçamentárias  e  não  atendem  às  regras  de  mercado.  

-­‐ Realidade  fática  pode  alterar  aquilo  que  consta  nas  previsões  orçamentárias    Inversão  de  prioridades    Previ-­‐são  dos  créditos  adicionais.  

-­‐ LOA  admite  autorização  para  a  abertura  de  créditos  suplementares  (CF/88,  Art.  165,  §8º)    Destinado  ao  refor-­‐ço  de  dotação  orçamentária  (Lei  4320/64,  Art.  41,  I)    Previsão  insuficiente,  o  que  demanda  suplementação.  

Aberto  pelo  chefe  do  executivo,  mediante  decreto.  -­‐ Créditos  especiais  e  extraordinários    Implicam  em  edição  de  lei  (atividade  do  legislativo).  -­‐ Despesa  pública  implica  uma  decisão  prévia    Interesses  do  Estado  ou  interesses  do  povo?  Com  dotação  orça-­‐

mentária  instituí-­‐se  o  Estado  democrático  de  direito,  que  após  instituído,  pode  prover  as  necessidades  da  socie-­‐dade.  

-­‐ Ordem:  Pagamentos  constitucionais    ADCT    Força  de  lei    Serviço  da  dívida.  -­‐ Educação  e  saúde  tem  relevância  constitucional:  

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CF/88,  Art.  212     endida  a  proveni-­‐  União   (18%);   estados,  DF   e  

municípios  (25%).   Valor  maior  do  constituinte  foi  o  ensino    Permite  exceção  ao  princípio  de  não  vinculação  au-­‐

tomática  de  impostos  (previsto  na  CF/88,  Art.  167,  IV).   Verifica-­‐se  o  cumprimento  de  tal  norma  constitucional  via  TCU  e  legislativo.  

EC  29/2000,  Art.  198,  §2º    Recursos  específicos  às  ações  e  serviços  públicos  destinados  à  saúde    Se-­‐gunda  exceção  ao  princípio  de  não  vinculação.  

-­‐ ADCT  destinaram  recursos  ao  atendimento  de  alguns  fundos:  

ADCT,  Art.  60,  §1º    Fundo  de  Manutenção  e  Desenvolvimento  do  Ensino  Fundamental.  

EC  1/94;  10/96;  17/97    ADCT,  Art.  71    Fundo  Social  de  Emergência  (saneamento  financeiro  e  estabili-­‐zação  econômica  da  União)    Fundo  de  Estabilização  Fiscal    Fundo  Social  de  Emergência  (ADCT,  Art.  72).  

ADCT,  Art.  79    Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da  Pobreza  (viabilizar  a  todos  os  brasileiros  acesso  a  níveis  dignos  de  subsistência)    ADCT,  Art.  80  dita  a  forma.  

-­‐ Precatórios    Pagamento  decorrente  de  débitos  transitados  em  julgado  em  ações  movidas  contra  o  poder  pú-­‐blico.  

CF/88,  Art.  100    Tratamento  especial  dos  precatórios,  obrigando  ao  pagamento.  

ADCT,  Art.  33    Moratória.  

EC  30/2000    Nova  prorrogação.  

EC  62/2009    Nova  prorrogação    Criação  de  um  regime  especial  para  pagamento  dos  precatórios.  

Previsão  de  recursos  orçamentários  para  o  pagamento  de  precatórios.  -­‐ Pagamento  das  obrigações  legais  do  ente    LRF,  Art.  9º,  §2º    Cessadas  as  deliberações  de  cunho  constitucio-­‐

nal,  sobrelevam  as  de  força  legal.  

Pagamento  dos  gastos  legalmente  assumidos.  

Ex:  servidores  ativos  e  passivos.  -­‐ LRF,  Art.  9º,  §2º).  -­‐ Opção  de  ordem  de  pagamentos  é  constitucional?  Sim,  desde  que  respeite  a  CF.  -­‐ É  possível  sacrificar  um  interesse  da  sociedade  em  detrimento  de  credores  contratuais  ou  quirografários?  É  legí-­‐

timo  beneficiar  credores  da  dívida  fundada,  negando  valores  constitucionais?  Régis  diz  que  não.  

Constituição  valoriza:  seguridade  social  (saúde,  previdência  e  assistência  social),  educação,  cultura,  des-­‐porto,  meio  ambiente.  

São  deveres  do  Estado:  garantir  segurança  pública,  garantir  prestação  jurisdicional,  defensoria  pública,  etc.  

-­‐ Opinião  do  RÉGIS:  direitos  individuais  devem  prevalecer  em  detrimento  das  prioridades  do  Estado.    

E  na  hipótese  de  recursos  escassos?  Discussão  da  importância  do  valor  considerado  diante  da  situação  de  fato.  

 Mecanismos  e  instrumentos  de  controle  -­‐ O  Estado  não  pode  deixar  de   cumprir   as   suas  obrigações   constitucionais   sob  pena  de  poder   ser   acionado  em  

juízo.  

KELSEN    Toda  norma  é  dotada  de  alguma  eficácia.  -­‐ Como  fazer  o  Estado  cumprir  as  suas  obrigações?    

Legislativo  participa  da  elaboração  do  orçamento.  

Discussão  prévia  à  elaboração  do  orçamento  (LRF,  Art.  48,  parágrafo  único  e  Lei  nº  10257/2001,  Art.  2º,  II)    Realização  de  audiências,  debates  e  consultas  como  condição  obrigatória  para  a  aprovação  de  um  orçamento  pela  câmara    Espaço  a  decisão  democrática.  

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Controle  pelo  Tribunal  de  Contas    Controle  formal  e  posterior  aos  gastos  que  se  limita  ao  constrangi-­‐mento  do  agente  público.  

Acesso  à  informação    Divulgação  (incluindo  meios  eletrônicos)    Vigilância  da  sociedade  organizada.  

Ministério  Público    Encarregado  de  investigar  e  apurar  todos  os  desencontros  normativos  e  verificar  a  correção  de  comportamentos  dos  agentes  públicos    Instrumento  para  a  democracia.  

 O  Direito  de  exigir  o  cumprimento  do  dever  constitucional  -­‐ LUIZ  ROBERTO  BARROSO     restação  será  sempre  inconstitucional  e  sancionável;  mas  determinar  

 -­‐ Ao  poder   judiciário  cabe  assegurar  a  plena  execução  dos  Direitos  Fundamentais  presentes  na  CF     Limite  na  

explicação  ampla  e  convincente  do  poder  público  a  certa  da  impossibilidade  de  realização  material  de  tal  direito    Impossibilidade  financeira  é  a  única  desculpa  aceita.  

 Princípios  jurídicos  tributários  das  receitas  e  princípios  financeiros  dos  gastos  -­‐ Plexo  de  princípios  que  orientam  o  sistema  tributário    Limitam  a  atividade  do  Estado  no  que  tange  ao  abaste-­‐

cimento  dos  cofres  públicos.  -­‐ Princípios  do  Direito  Tributário    Legalidade,  tipicidade,  isonomia,  capacidade  econômica,  progressividade,  não-­‐

confisco,  etc.    Gasto  público  vem  acompanhado  dos  mesmos  princípios:  

Legalidade:   Todo  gasto  tem  previsão  constitucional,  porque  está  imbricado  com  a  receita,  ou  seja,  arrecada-­‐

se  para  gastar  e  fazer  valer  as  necessidades  públicas.   Garantia   ao   contribuinte   de   apenas   ser   tributado   em   decorrência   da   representação   política  

(CF/88,  Art.  150,  I).   Assegura  também  a  justa  distribuição  de  receitas.  

Tipicidade:   Requer  que  estejam  contidos  todos  os  pressupostos  legais  para  que  o  gasto  ocorra.  

Isonomia:   Alcance  igual  a  todos.   Desigualdade  na  realidade  empírica    Recebimento  desigual  de  recursos.   Justa  distribuição  dos  recursos:  

HORÁCIO  GUILHERMO  CORTI     n-­‐ção  de  ingressos  e  realização  de  gastos  com  o  objetivo  de  fazer  efetivos  os  procedimen-­‐

  Justa  distribuição  de  recursos    Fazer  valer  os  princípios  de  garantia  do  indivíduo.   Democratização  da  sociedade    Democratização  dos  gastos.  

Anualidade:   s-­‐

CF/88,  Art.  165,  §8º).   Necessidade  de  anterioridade  da  previsão  do  gasto.  

Capacidade  econômica:   CF/88,  Art.  145,  §1º.   Sempre  que  possível,  os  impostos  terão  caráter  pessoal,  sendo  graduados  segundo  a  capacidade  

econômica  do  contribuinte.   ROQUE  CARAZZA     -­‐se  nas  dobras  do  princípio  da  

igualdade  e  ajuda  a  realizar,  no  campo  tributário    Proporcionalidade  entre  renda  e  patrimônio  e  impostos  e  contribuição  ao  Estado.  

Eficiência:  

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Comportamento  que  repugna  a  negligência,  a  lentidão,  a  morosidade,  o  descaso  e  o  desleixo.   Presteza  na  solução  de  problemas  e  a  rapidez  na  busca  de  soluções.   Boa  gestão  da  coisa  pública    Tomada  de  decisões  que  melhor  atenda  à  comunidade.  

Proporcionalidade:   Na  repartição  de  recursos.   Escolhas    Sopesamento  (do  Executivo)  

Opinião  do  RÉGIS    Cabe   interferência  do   judiciário  quando  houver  manifesta  despro-­‐porção  entre  as  diversas  alocações.  Ele   também  entende  que  cabe  apelo  ao   judiciário  em  momento  de  tramitação  legislativa  de  projeto  de  lei  orçamentária.  

Divergência:  HORÁCIO  GUILHERMO  CORTI     As  atividades  tributária  e  a  despesa  são  de  di-­‐ferentes  naturezas.  Uma  jurídica,  a  outra  política.  Portanto  são  diferentes  ao  momento  

 

Entre  outros.    Distribuição  Racional  de  Recursos  -­‐ Decisão  do  gasto  é  política,  mas  também  racional.  

Política    Critérios  flutuantes.  

Sistema  normativo    Racional    LOURIVAL  VILLANOVA:  Sistema  lógico  de  proposições.  -­‐ Constituinte  elege  valores:  saúde  (Art.  196),  assistência  social  (Art.  203),  educação  (Art.  205),  cultura  (Art.  215),  

desporto  (Art.  217),  ciência  e  tecnologia  (Art.  218)  e  meio  ambiente  (Art.  225).  

Educação  e  saúde  tem  percentuais  constitucionais  para  o  seu  atendimento.  -­‐ Necessidade  de  elaboração  de  um  estudo  adequado  das  diversas  necessidades  que  o  Estado  deve  tutelar  e  efe-­‐

tuar  uma  racional  distribuição  de  atendimento.  -­‐ A  decisão  autoritária  (meramente  volitiva)  do  chefe  de  Estado  é  insensata    A  solução  democrática  de  delibera-­‐

ção  é  essencial  para  o  atual  estágio  de  civilização.  -­‐ Diretivas  dadas  pela  CF  e  pela  LRF  em  seu  Art.  9º.    Crises  -­‐ Crise    Situação  comum.  

Globalização  da  economia.  

Situações  anômalas  de  gasto  público    Soluções  anômalas.  

Guerras  e  catástrofes  naturais  também  podem  representar  situações  análogas.  -­‐ Soluções:  

Primeira:  remanejamento  de  itens  orçamentários.  

Segunda:  uso  de  benefícios  fiscais  para  facilitar  a  importação  ou  investimentos  que  propiciem  a  solução  da  crise.  

Necessidade  de  tomada  de  decisões  imediatas.    A  extrafiscalidade  como  solução  ou  problema?  -­‐ GERALDO  ATALIBA    Extrafiscalidade  consiste   no  uso  de  instrumentos  tributários  para  a  obtenção  de  finalidades  

não  arrecadatórias,  mas  estimulantes,  indutoras  ou  coibidoras  de  comportamentos,  tendo  em  vista  outros  fins,  a    

Concessão  de  isenções  políticas,  diminuição  de  alíquotas,  possibilidade  de  dedução  de  despesas,  etc.  -­‐ Funciona  como  estímulo  a  produção  e  consumo.    O  gasto  com  valores  constitucionais:  o  meio  ambiente.  -­‐ Ecologia  e  meio  ambiente    Valores  essenciais  para  as  futuras  gerações  (Art.  225).  

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-­‐ Uso  de  tributos,  subsídios,  depósitos  em  garantia  ao  início  da  atividade  poluidora,  disciplina  das  licenças  e  prê-­‐mios  ou  sanções  na  proteção  da  natureza.  

-­‐ RÉGIS    Importância  de  conscientização  dos  governos  na  preservação  da  natureza.    O  mau  uso  das  receitas  públicas  -­‐ Recursos  devem  ser  gastos  em  benefício  dos  objetivos  fundamentais  do  Brasil.  -­‐ Educação    Predomínio  de  gastos  no  ensino  superior.  -­‐ Previdência  social    Benefícios  concentrados  em  proveito  de  poucos  (exclusão  pela  economia  informal).  

Texto  2  

SARAMAGO,  José.  Da  justiça  à  democracia.  In  Informandes  n.  117,  abril/2003.  

-­‐ Camponês  anuncia  a  morte  da  justiça  tocando  o  sino  da  Igreja  (rito  fúnebre)  ao  ter  a  sua  terra  esbulhada  por  um  Senhor  de  Terras.  

-­‐ Crítica  a   inexistência  de  uma  justiça  exercida  pelos  tribunais,  sem  dúvida,  sempre  que  determinasse  a   lei,  mas  também,  e  sobretudo,  uma  justiça  em  que  se  manifestasse,  como  um  iniludível  imperativo  moral,  o  respeito  pe-­‐lo  direito  a  ser  que  a  cada  ser  humano  assiste    Direitos  Omissivos.  

-­‐ Justiça  como  condição  de  felicidade.  -­‐ Democracia:  voto  não  influencia  o  poder  econômico.  

Textos  3,  4  e  5  

ARISTÓTELES.  Ética  a  Nicômano.  4ª  ed.  São  Paulo:  Martin  Claret,  2008.  CHAUÍ,  Marilena.  O  que  é  ideologia?  São  Paulo:  Editora  Brasiliense.  

SÓFOCLES.  Antígona.  São  Paulo:  Martin  Claret,  2008.  

   

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Parte  3    

 

 

 

 

Resumo  do  Livro    

 

 

 

 

 

OLIVEIRA,  Regis  Fernandes  de.  Curso  de  direito  financeiro.  3ª  ed.  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,  2010.  

 

 

 

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Noções  Introdutórias  

As  necessidades  públicas  e  a  atividade  financeira  do  Estado  

Necessidade  pública    

  Trata-­‐se  de  tudo  aquilo  que   incumbe  ao  Estado  prover,  em  decorrência  de  uma  decisão  política,   inserida  em  norma  jurídica.  Cabe  ao  Estado  prestar  serviços  públicos  (Art.  21    União;  art  30,  V    Municípios;  e  art  25,  §  2º  -­‐  Es-­‐tados  membros),  regular  a  atividade  econômica  (Art.  174),  prestar  serviços  públicos,  mediante  permissão  ou  conces-­‐são  (Art.  175),  explorar  a  atividade  econômica  (Art.  173),  inclusive  em  regime  de  monopólio  (Art.  177),  exercer  poder  de  polícia  (Arts.  192,  182  e  outros)  e  documentar  a  vida  política,  econômica  e  pessoal  da  nação.  

  As  necessidades  públicas  surgem  com  o  agigantamento  do  Estado  que  é  quem  vai  dizer  no  texto  constitucional  quais  as  necessidades  que  vai  encampar  como  públicas.  Não  devem  ser  confundidas  com  as  necessidades  do  Estado  que   constituem   interesses   de   determinado   governante   em   certo  momento   histórico.   Já   as   necessidades   públicas  refletem  os  reais  interesses  da  sociedade.  Há  a  necessidade-­‐fim,  ou  seja,  o  bem  jurídico-­‐político,  no  caso,  tutelado,  e  a   imperiosidade  da  existência  das  necessidades-­‐meio,  para  que  a  primeira  possa  ser  prestada.  Quem  define  as  ne-­‐cessidades  públicas  é  a  Constituição  e  as  leis  que  a  complementam.  Não  existem  necessidades  indefinidas,  etéreas  e  que  ficam  ao  sabor  dos  literatos.  No  artigo  21  define-­‐se  a  competência  da  União  para  o  que  deve  curar.  No  artigo  30,  ficam  estabelecidas  as  atribuições  dos  Municípios  e  no  §  1º  do  art.  25,  o  que  cabe  aos  Estados  realizar.  

Os  interesses  públicos  e  privados,  embora  possam  às  vezes  ser  coincidentes,  não  se  confundem.  De  seu  tur-­‐no,  também  não  se  confundem  com  os  coletivos,  pois  estes  pertencem  a  determinados  setores  bem  definidos  (ex.  interesses  de  um  condomínio).  As  necessidades  públicas  são  anônimas,  embora  possam  alcançar  apenas  uma  parce-­‐la  da  comunidade.  Não  pode  haver,  diga-­‐se  de  passagem,  qualquer  atuação  do  Estado  sem  que  ínsito  seja  o  interes-­‐se  público.  Nesse  ponto,  ambos  são  absolutamente  coincidentes.  O  Estado  nunca  deve  agir  segundo  interesses  pri-­‐vados  como  dispõe  o  artigo  37  da  CF.  

Atividade  financeira  

  Trata-­‐se  da  arrecadação  de  receitas,  sua  gestão  e  realização  do  gasto,  a  fim  de  atender  às  necessidades  públi-­‐cas.  A  atividade  financeira  é,  portanto,  precedida  pela  definição  das  necessidades  públicas.  Conhecendo-­‐as,  passam  a  existir  três  momentos  distintos:  a)  obtenção  de  recursos;  b)  sua  gestão  (intermediado  pelo  orçamento:  aplicação,  exploração  dos  bens  do  Estado,  etc)  e  c)  o  gasto,  com  o  qual  se  cumpre  a  previsão  orçamentária  e  se  satisfazem  as  necessidades  previstas.  

Ciência  das  Finanças  e  Direito  Financeiro  

Ciência  das  Finanças  

  É  a  disciplina  que,  pela  investigação  dos  fatos,  procura  explicar  os  fenômenos  ligados  à  obtenção  e  dispêndio  do  dinheiro  necessário  ao   funcionamento  dos   serviços  a  cargo  do  Estado,  ou  de  outras  pessoas  de  direito  público.  É  uma  ciência  informativa,  pois  fornece  dados  ao  político  para  que  ele  decida.  Procura  os  fenômenos  econômicos  que  possam  servir  de   incidência  para  alguma  norma   tributária,   fornecendo  meios  arrecadatórios  ao  Estado;  estuda  as  reais  necessidades  da  sociedade,  os  meios  disponíveis  para  atendimento  dos  interesses  públicos  e  municia  os  agen-­‐tes  públicos  para  que  possam  decidir  sobre  os  mais  variados  temas,  inclusive  de  política  fiscal.  O  seu  ponto  central  incide  sobre  a  atividade   fiscal,  ou  seja,  a  desempenhada  com  o  propósito  de  obter   recursos   para  o  custeio  das  atividades  estatais.  

 

 

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Direito  Financeiro  

É  o  estudo  de  princípios  e  normas  que  regem  a  atividade  financeira  do  Estado.  Há  uma  decisão  sobre  em  que  gastar  e  onde  aplicar  o  dinheiro  arrecadado.  Enquanto  a  ciência  das  finanças  fornece  meios  e  dados  para  que  o  legis-­‐lador  escolha  sua  decisão  política,  o  direito  financeiro  trabalhará  sobre  o  dado  posto,  isto  é,  sobre  a  norma  editada,  seja  ela  de  que  nível  for,  buscando  compreende-­‐la  e  dar-­‐lhe  as  conseqüências  jurídicas  pretendidas.  

Normas  Gerais  de  Direito  Financeiro  

  É   fundamental   saber  o  que  significa  norma  geral  para  saber  quando  haverá   incompatibilidade  vertical   com  a  norma  federal  e  qual  o  limite  da  competência  da  União.  Art  24,  §  1º  da  CF:   -­‐se-­‐á  a  estabelecfinanceiro  entre  União,  Estados  e  Distrito  Federal;  b)  à  União  somente  compete  a  expedição  de  normas  gerais;  c)  a  edição  destas  não  exclui  a  competência  dos  Estados;  d)  caso  não  haja  legislação  federal,  a  estadual,  se  existente,  terá  sua  eficácia  suspensa,  por  conflito  com  a  norma  geral.  (art  24,  CF).  

  Esse  problema  da  definição  do  que  são  normas  gerais,  advém  do  fato  de  constituirmos  num  Estado  Federal  no  qual  se  pressupõe  a  representatividade  dos  Estados  perante  a  União  e  a  divisão  política  das  competências  reserva-­‐das  em  nível  constitucional,  o  que  não  ocorreria  num  Estado  Unitário.  

  Existe  uma  diferença  entre  leis  federais  e  nacionais.  As   leis  nacionais,  expedidas  pelo  Congresso  Nacional,  va-­‐lem  para  todo  o  território  nacional,  alcançando  todas  as  pessoas  que  nele  estejam  e  que  são  de  cumprimento  obri-­‐gatório  pelos  Estados,  Municípios,  Distrito  Federal  e  Territórios.  As   leis  federais,  editadas  também  pelo  Congresso,  apenas  alcançam  as  pessoas  vinculadas  à  União,  sem  vínculo  com  os  demais  entes  federados.  Não  se  pode  falar  em  hierarquia  entre  leis,  pois  cada  qual  tem  seu  campo  próprio  de  conteúdo  e  incidência.  A  lei  nacional  só  pode  dispor  sobre  normas  gerais.  Dessa   forma,  normas  gerais   seriam  aquelas  que  se  dirigiriam   igualmente  à  União,  Estados  e  Municípios,  pois  se  assim  não  for,  corre  o  risco  de  atingir  a  competência   legislativa  dos  entes.  O  conteúdo  dessas  normas  poderá  atingir  as  entradas  e   receitas  originárias,  o  crédito  público,  a  despesa,  o  orçamento,  a   fiscalização  orçamentária  e  financeira,  a  recepção  de  fundos  e  as  formas  de  participação  dos  produtos  arrecadados.  

  Os  princípios  (normas  gerais)  são  aqueles  que  devem  atingir  a  todas  as  unidades  políticas  e  administrativas  do  Estado  Federal,  evitando-­‐se  especificidades  locais  ou  regionais.  Assim,  fica  evidente  que  um  governo  não  pode  limi-­‐tar  a  ação  do  outro.  Logo,  apenas  preceitos  amplos  e  genéricos  poderão  obrigar  às  unidades  federadas.  O  princípio  elimina  a  possibilidade  de  edição  de  outras  normas  gerais  pelos  Estados  e,  ao  mesmo  tempo,  cerceia  o  conteúdo  de  tais  normas.  As  normas  gerais  são  expedidas  pelo  Congresso  Nacional  e  aplicáveis  a  Estados,  Distrito  Federal  e  Muni-­‐cípios,  cuidando  de  direito  financeiro.  Dentre  esses  princípios  há  os  princípios  de  subsistência  dos  Estados-­‐membros,  que  garantem  a  federação  (Art.  1º,  combinado  com  o  inciso  I  do  parágrafo  4º,  do  Art.  60  da  CF.)  

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Capítulo  9:  Receita  Pública  

9.1  Entrada  e  Receita    O  Estado  tem  a  necessidade  de  dinheiro  para:  

a)  manter  seu  aparato;  b)  Atender  às  necessidades  públicas.    Historicamente  os  governos  utilizaram-­‐se  dos  seguintes  meios  para  auferir  dinheiro:  a) realizando  extorsões  sobre  outros  povos  ou  deles  recebendo  doações;  b) recolhendo  renda  produzida  pelos  bens  e  empresas  do  Estado;  c) exigindo  coativamente  tributos  ou  penalidades;  d) contraindo  empréstimos;  e) fabricando  dinheiro.  

 Todo  e  qualquer  dinheiro  que  ingressa  nos  cofres  públicos  denomina-­‐se  Entrada  ou  Ingresso.    As  entradas  ou  os  ingressos  podem  ser  classificados  de  acordo  com  seu  caráter  definitivo  ou  provisório.  

-­‐  Movimento  de  Caixa:  entradas  com  caráter  provisório,   isto  é,   logo  que  ingressam  nos  cofres  públicos  geram  con-­‐trapartida  no  passivo  do  Estado.  -­‐  Receitas:  entradas  com  caráter  definitivo.  São  destinadas  a  permanecer  em  definitivo  nos  cofres  públicos.    9.2  A  receita  Pública:  I.  Conceito    

ren      

 9.3  Classificação  das  Receitas  I.  Quanto  à  periodicidade:  a)   Receitas   Extraordinárias:   ocorre   o   ingresso   excepcional   de   dinheiro   para   atendimento   de   situação   de   absoluta  anormalidade  no  plano  institucional.  Ex.  algum  imposto  decorrente  do  envolvimento  do  Estado  em  uma  guerra.    b)  Receitas  Ordinárias:  são  as  receitas  havidas  com  regularidade,  isto  é,  aquelas  recebidas  no  desenvolvimento  nor-­‐mal  da  atividade  estatal.  II.  Quanto  à  origem  da  receita:  

a) Receitas  Originárias:  decorrem  da  exploração,  pelo  Estado,  de  seus  próprios  bens  ou  quando  pode  exercer  atividade  sob  o  que  se  denomina  de  direito  público  disponível.  

b) Receitas  Derivadas:  provêm  do  constrangimento  sobre  o  patrimônio  do  particular.  c) Receitas  Transferidas:  não  são  arrecadadas  pela  entidade  política  que  vai  utilizá-­‐las.  Isto  é,  são  aquelas  recei-­‐

tas  recebidas  por  um  ente  federativo  em  virtude  do  exercício  da  competência  de  outra  entidade  política  que,  por  disposição  constitucional,  as  transfere.  

Entradas  ou  Ingressos:  I.  Movimento  de  Caixa:  entrada  com  destino  de  saída;  II.  Receitas:  entradas  definitivas  a)  Originárias:  não  tributárias;  patrimônio  público  mais  relações  de  direito  privado  e  de  direito  público  disponível.  Ex:  Alienações,  compras,  empréstimos,  restituições,  cauções,  fianças,  depósitos,  indenizações,  empréstimo  compul-­‐sório,  doações  (9.6),  legados  (9.7),  bem  vacante  (9.8),  uso  de  bens  públicos,  preço  (9.5),  descoberta,  prescrição  aqui-­‐sitiva,  advindas  de  empresas  estatais,  sucessão  legitima  e  testamentária  (9.6).  b)  Derivadas:  tributárias  e  outras;  patrimônio  privado  mais  relação  de  direito  público.  Ex:  Tributos  (   impostos,  trocas,  contribuições  de  melhoria  e  empréstimo  compulsório);  penalidades;  reparações  de  guerra;  rendimento,  etc.  

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 c)  Transferidas:    i)  Tributárias  ii)  Não  Tributárias  (petróleo  e  outros  recursos  minerais,  energia  elétrica,  etc)  iii)  Voluntarias    9.4  Movimentos  de  Caixa  ou  de  Fundo    

terceiro  por  qualquer  razão  de  direito  e  as  indenizações  devidas  por  danos  causados  às  coisas  públicas  e  liquidados    

 provisórias,  isto  é,  ingressam  nos  cofres  públicos  por  alguma  razão  jurídica,  mas  neles  não  permanecem,  devendo  o  

 Ex.  Empréstimo,  Depósitos,  Indenização,  Cauções,  Fianças.    9.9  Receitas  Transferidas    São  arrecadadas  pela  pessoa  jurídica  competente  para  isso,  mas  a  ela  não  pertencem,  devendo  ser  transferidas  a  

outras  pessoas  jurídicas  menores.    Repartição  das  Receitas  Tributárias  (arts  157-­‐162/CF)    Repartição  das  Receitas  não  Tributárias:  

-­‐  Fundamento:  art.  20  §1º/  CF  (para  recursos  naturais)                                                      art.  176  (para  recursos  minerais)          art.  177  (hidrocarbonetos)    Receitas  Transferidas  Obrigatórias:  

O  titular  da  arrecadação  é  diferente  do  titular  do  tributo.    Receitas  Transferidas  Voluntárias:  

Receitas  que  as  entidades  menores  vão  buscar  junto  às  maiores,  a  título  de  ajuda.  Em  geral,  nos  casos  de  receitas   transferidas  obrigatórias,  não  se  pode  reter  o  produto  arrecadado,  nem  deixar  de  repassá-­‐lo  às  unidades  federadas,  salvo  para  solver  débitos  com  a  União,  nos  termos  do  §  4º  do  art.  167/  CF.    9.10  A  LC  101/00  (LRF)  e  a  Receita  Pública    O  Poder  Público  não  pode  se  omitir  na  arrecadação  sob  pena,  por  exemplo,  de  não  poder  receber  transferências  

voluntárias.  (art.  11/  LRF)    9.11  Renúncia  de  receita:  Fenômeno  em  que,  por  razões  políticas,  o  governante  abre  mão  de  parte  da  sua  arrecadação  para  estimular  outras  políticas  que,  em  geral,  estimulam  o  desenvolvimento  de  determinada  localidade.  Ex.  (Município  que  renuncia  o  seu  IPTU  para  instalação  da  União;  ou  Estados  que  abrem  mão  de  parte  do  seu  ICMS).  Problemas:  -­‐  gera  crescente  rivalidade  entre  Municípios  e  Estados,  resultando  em  conflitos  inconvenientes  (guerra  fiscal)  -­‐  grave  prejuízo  ao  erário.    

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Capítulo  10:  Receitas  Públicas  Tributárias:  

 i)  receita  tributária  é  um  tipo  de  receita  derivada,  logo,  aquela  observa  as  características  dessa.  ii)  não  confunda  tributo  com  imposto,  este  é  espécie;  aquele  é  gênero.  iii)   Priorize   as   noções   introdutórias   (10.1),   o   conceito   de   tributo   (10.3)   e   características   das   espécies   tributárias  (10.13  e  seguintes)    10.1  Introdução:  Receitas  Públicas  não  tributárias  (receitas  originárias):  são  entradas  decorrentes  de  atividade  do  Estado  submetida  ao  direito  privado  (ex.  receitas  decorrentes  de  contratos)  ou  receitas  é,  advindo  da  exploração  do  patrimônio  do  Estado.    Receitas  Públicas  Tributárias,  subtipo  de  receita  derivada,  oriunda  dos  Tributos.    10.2  Competência  Tributária.  Capacidade  Competência  Tributária:  aptidão  para  instituir  tributos.  A  Constituição  determina  a  competência  tributária  de  cada  ente,  para  que  estes  possam  atender  às  suas  demandas.    Capacidade  Tributária:  aptidão  para  figurar  no  pólo  ativo  da  relação  tributária.    10.3  Tributo  I.  Conceito  i)  ver  art.  3º  do  CNT  

cujo  sujeito  ativo  é  uma  pessoa  pública  (ou  delegado  por  lei  desta),  e  cujo  sujeito  passivo  é  alguém  nessa  situação  posto  pela  vontade  da  lei,  obedecendo  os  desígnios  constitucionais.    iii)  Régis:    

É  obrigação  de  entregar  dinheiro  aos  cofres  públicos;  

Decorre  apenas  de  lei  expressa;  

Não  pode  constituir  em  sanção  de  ato  ilícito;  

Só  pode  exigir  o  tributo  a  pessoa  jurídica  de  D.  Público  competente;  

O  sujeito  passivo  é  o  obrigado  ao  pagamento  do  tributo.    

10.6  Princípios  Tributários  Em  geral,  se  encontram  nos  incisos  do  art.  150/CF.    10.7  Princípios  decorrentes  do  princípio  federativo  Em  geral,  se  encontram  nos  incisos  do  art.  151/CF.    10.8  Imunidade  É  a  qualidade  da  situação  que  não  pode  ser  atingida  pelo  tributo,  em  razão  de  norma  constitucional  que,  à  vista  de  alguma  especificidade  pessoal  ou  material  dessa  situação,  deixou-­‐a  fora  do  campo  sobre  que  é  autorizada  a  institui-­‐ção  do  tributo.    Os  casos  de  imunidade,  em  geral,  estão:    

i)  nas  alíneas  do  inciso  VI  do  art.  150/CF  ii)  §2º  e  §  3º  do  art.  150    10.9  Aspectos  da  hipótese  de  incidência:  

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 Hipótese  de  Incidência:  descrição  legal  de  um  fato  que  pode  dar  origem  a  obrigação  tributária.    Fato  gerador:  é  a  verificação  da  ocorrência  de  um  fato  captado  pela  norma,  do  qual  se  origina  a  obrigação  de  efe-­‐

tuar  o  pagamento  do  tributo.      Base  imponível  ou  base  de  cálculo:  é  o  fator  mensurável  sobre  o  qual  incidirá  a  regência  do  tributo.  

   Alíquota:  é  o  percentual  incidente  sobre  a  base  de  cálculo,  ou,  um  valor  prefixado  para  os  chamados  tributos  fi-­‐

xos.    10.10  Isenção.  Incidência  ou  não  incidência.  Anistia.  Remissão    Isenção:  é  uma  limitação  legal  do  âmbito  de  validade  da  norma  jurídica  tributária  que  impede  que  o  tributo  nasça  

ou  faz  com  que  surja  de  modo  mitigado.  Enquanto  a  imunidade  vem  prevista  na  Constituição,  a  isenção  decorre  de  lei.      Não  incidência:  é  a  ausência  de  norma  instituidora  de  tributo  sobre  fato  possível  de  ser  tributado.  Aqui  o  legisla-­‐

dor  não  exerce  sua  competência.      Anistia:  é  a  reclusão  legal  de  infrações  (  deixar  de  recolher  o  tributo,  ou  fazê-­‐lo  de  forma  errada)  cometidos  pelo  

contribuinte.      Remissão:  é  o  perdão  legal,  decorre  de  lei,  do  débito  tributário.  

Enquanto  a  anistia  alcança  as  penalidades  impostas,  a  remissão  faz  desaparecer  o  tributo  já  nascido.    10.11  Fiscalidade.  Extrafiscalidade  e  Parafiscalidade.    Fiscalidade:  é  o  comportamento  do  Poder  Público  cuja  única  finalidade  é  arrecadatória.  

   Extrafiscalidade:  tem  por  objetivo  não  só  a  arrecadação,  mas  também  conformar  comportamentos.  

   Parafiscalidade:  consiste  em  a  lei  atribuir  a  titularidade  de  tributos  a  pessoas  diversas  do  estado,  que  as  arreca-­‐

dam  em  beneficio  das  próprias  finalidades.    10.12  Lançamento.  Decadência  e  Prescrição    Lançamento:  procedimento  (série  concatenada  de  atos)  administrativo  tendente  a  verificar  a  ocorrência  do  fato  

gerador  da  obrigação  correspondente,  determinar  a  matéria  tributável,  calcular  o  montante  do  tributo  devido,  iden-­‐tificar  o  sujeito  passivo  e,  sendo  o  caso,  propor  a  aplicação  da  penalidade  cabível.      por  declaração:  deixando  a  cargo  do  contribuinte;    de  ofício:  deixando  a  cargo  do  Fisco;     por  homologação:  o  montante   a  pagar  e  demais  dados   são  prestados   pelo   contribuinte  e  o   Fisco  homologa  o  

quanto  lhe  foi  encaminhado.                                                                                                    Decadência:  prazo  de  5  anos  para  a  Fazenda  Publica  constituir  o  crédito  tributário  (art.  173  do  CTN)  

   Prescrição:  constituído  o  credito  tributário,  a  Fazenda  Pública  tem  5  anos  para  cobrá-­‐lo  (art.  174  do  CTN).  

 10.13  Espécies  Tributárias  Tributo  :  

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a)  imposto    art.  145/CF  b)  taxa    art.  145/CF  c)  contribuição  de  melhoria    art.  145/CF  d)  contribuições  especiais    art.  149/CF     -­‐  destinadas  às  entidades  de  serviço  social-­‐  art.  240/CF     -­‐  decorrente  de  intervenção  no  domínio  econômico-­‐  art.  177/CF     -­‐  de  previdência  social    art.  202/CF  e)  empréstimo  compulsório    art.  148/CF    10.14  Imposto  -­‐  Independe  de  uma  atividade  do  Estado  -­‐  competência  da  União:  art.  153/CF  -­‐  competência  dos  Estados:  art.  155/CF  -­‐  competência  dos  Municípios:  art.  156/CF  -­‐Base  Fática:  comportamento  do  contribuinte  ou  relação  jurídica  em  que  ele  se  encontra.      Classificação:  (não  acho  relevante)  

A)  diretos:  alcançam  situações  permanentes  (ex.  Imposto  de  Renda)            Indiretos:  incidem  sobre  situação  instantânea  e  suportado  por  terceiro    B)  reais:  leva  em  conta  a  matéria  tributária            Pessoais:  consideram  as  condições  reais  do  contribuinte    C)  fixos:  o  montante  é  certo            Proporcionais:  alíquota  observa  a  base  de  cálculo            Progressivos:  a  alíquota  é  estabelecida  em  percentuais  variáveis    A  enumeração  dos  impostos  é  exaustiva.    10.15  Taxas  -­‐  depende  de  atividade  Estatal       Exercício  de  poder  de  policia  (administrativa)-­‐  art.  78/CTN     Prestação  efetiva  ou  potencial  do  serviço  público  ESPECÍFICO  E  DIVISIVEL  -­‐  é  possível  ser  medido  -­‐  não  estão  exaustivamente  previstas  na  constituição  -­‐  a  taxa  não  pode  ter  a  mesma  base  de  cálculo  ou  fator  gerador  idênticos  aos  que  correspondam  aos  impostos  (art.  77/CTN)    10.15.1  Taxa  de  Iluminação  Régis:  Não  pode  ser  cobrada,  pois  se  trata  de  despesa  geral  e  não  de  serviço  divisível  e  especifico.  É,  portanto,  in-­‐constitucional.      10.16  Taxa  e  Preço.  Tarifa     Taxa  de  Serviço         Preço      Receita  derivada           receita  originaria  Compulsória             não  compulsória  

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Deve  ter  prévia  autorização  orçamentária   não  se  faz  necessária  a  prévia                   autorização  Decorre  de  serviço  direto  e  prestado  pelo                    serviço  que  o  Estado  concede  a    Estado                                                                                                                                            outra  pessoa  jurídica    Tarifa=  preço  ou  taxa  tabelada    10.17  Contribuição  de  Melhoria  -­‐  conceito:  art.  81/CTN     Fato  gerador:  obra  pública  +  beneficiamento  ou  melhoria  nos  imóveis  alcançados.     Limites  de  Cobrança:  o  valor  do  acréscimo  e  o  custo  da  obra.    10.18  Empréstimo  Compulsório  -­‐  art.  148/CF  -­‐  somente  pode  ser  redigido  mediante  lei  complementar.  Obs:  Segundo  Régis:  a   lei  complementar  se  distingue  da  ordinária  pela  ESPECIFICIDADE  DA  MATÉRIA;  pelo  fato  da  

refere-­‐se  à  lei  ordinária,  há  necessidade  de  um  quorum  maior  para  sua  aprovação  (maioria  absoluta).    -­‐  serve  para:  atender  a  despesas  extraordinárias,  decorrentes  de  calamidade  pública,  de  guerra  externa  ou  sua  imi-­‐nência;  no  caso  de  investimento  público  de  caráter  urgente  e  de  relevante  interesse  nacional.    10.19  Contribuições  sociais,  de  intervenção  no  domínio  econômico  e  de  interesse  de  categorias  profissionais  ou  eco-­‐nômicos.    Contribuições  sociais:  

Podem  ser  instituídas  para  a:  i)  seguridade  social  (art.  195/CF)  ii)  garantia  do  serviço  (FGTS)  iii)  salário-­‐  educação  destinado  ao  ensino  fundamental  (§5º,  art.  121/CF)    Contribuições  de  intervenção  no  domínio  econômico  (CIDE)  

Fato  gerador:  intervenção  do  Estado  no  domínio  reservado  pelos  cidadãos  para  o  exercício  das  atividades  econômi-­‐cas.    Contribuições  de  interesse  de  categorias  profissionais  ou  econômicos  

Contribuições  que,  em  se  tratando  de  categoria  profissional,  será  descontada  em  folha,  para  custeio  confederativo  da  representação  sindical  respectiva.      

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Capítulo  11:  Teoria  dos  Preços  

11.1  Linhas  iniciais  sobre  o  preço  Preço:  a  entrada  que  advém  de  um  relacionamento  privado,  embora  possa  estar  do  outro  lado  do  vínculo  jurídico  o  Estado  ou  direito  disponível  pertencente  ao  Poder  Público.  O  que  vai  ensejar  a  cobrança  advém  de  um  relacionamento  fundado  em  permissão  ou  concessão  de  serviço,  calcado  no  direito  privado  ou  quando  o  Poder  Público  utiliza  seus  próprios  bens  para  auferir  renda  Não  estão  adstritos  à  rigidez  dos  princípios  da  legalidade  e  da  anterioridade.  Contraprestação  relacionada  com  prestação  de  caráter  econômico,  realizado  pelo  estado;  prestação  que  proporcio-­‐na  ao  contratante  uma  utilidade  que  leva  o  usuário  a  demandar  voluntariamente  o  bem  ou  o  serviço  e  a  prestar  seu  consentimento  para  pagar  um  preço.  Obs:      Taxa             Preço     Subordina-­‐se  aos  limites                                            subordina-­‐se,  em  geral,  às  regras    Do  D  Tributário.                                                                                                  de  mercado.  (pg  sujeita-­‐se  ao  principio  da  anterioridade)  Por  exemplo,  na  cobrança  pelo                                                                                                                                                              Estacionamento  na  via  pública,                                                                                                                                                              Se  aumentar  o  valor                                exageradamente,  o  cidadão  opta                            pelo   esta-­‐cionamento  particular.    11.3  Relação  entre  taxa  e  preço  -­‐  Consenso  sobre  a  dificuldade  em  encontrar  critérios  distintos.    

Preço   Taxa(  é  um  tributo)  

decorre  do  livre  encontro  das  vontades     Espécie  tributária,  proveria  (contrato):  Autonômico   da  vontade  da  lei:  Heterônoma  

Predomina  a  Facultatividade   Predomina  a  Compulsoriedade  

De  origem  contratual,  há  possibilidade   Predomina  a  vontade  da  lei;  a    de  "desfazimento  do  pactuado"  e,  antes   obrigação  de  pagar  só  seria  elidível  disso,  só  é  possível  cobrar  após  a     pela  revogação  da  norma  legal.    acordância  do  usuário   Irrelevante  o  querer  do  obrigado  

Ex  Contractu   Ex  lege  

Rege-­‐se,  em  geral,  pelo  D.  Privado   Rege-­‐se  pelo  D.  Público.  Isso  implica       estar  sujeita  aos  princípios  como  o  da       legalidade,  anterioridade  e  anualidade.  

Jus  gestionis   Jus  imperii  

Adequado  para  remunerar  atividades   Própria  para  remunerar  serviços  estatais    

estatais  delegáveis   próprios  ou  indelegáveis  

Livres  do  controle  congressual   Sujeitos  ao  controle  do  Legislativo  

 

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Capítulo  12:  Receitas  Públicas  não  Tributárias  

 12.1  O  Patrimônio  da  União  (art.  20/CF)  O  Estado  pode  usar  seu  patrimônio  para  obter  renda,  inclusive,  pode  outorgar  o  uso  de  seus  bens  a  particular,  medi-­‐ante  o  pagamento  de  determinado  valor.  Há  diversas  formas  administrativas  para  se  permitir  o  uso  do  bem  público:    Cessões  de  uso:  

i)  autorização:  ato  unilateral  e  precário  pelo  qual  se  investe  alguém  na  prática  de  determinada  atividade  individual  em  um  bem  público.  ii)  permissão  de  uso:  ato  discricionário  e  precário  pelo  qual  se  autoriza  alguém  a  utilizar  um  bem  público.  É  ato  nego-­‐cial  e  revogável.  iii)  concessão  de  uso:  é  contrato  pelo  qual  alguém  se  investe  na  posse  exclusiva  do  bem  dominial.    É  admissível  a  alienação,  permuta  e  doação  do  bem  público.  -­‐  Alienação:     Mediante  ingresso  de  dinheiro:  INGRESSO  DE  RECEITA  ORIGINÁRIA     Somente  bens  dominiais,  desafetados  do  uso  comum  ou  especial     imóvel:  autorização  legal  +  avaliação  prévia  +  licitação     móvel:  avaliação  prévia  +  licitação    Obs:  Nos  dois  pontos  acima,  as  entradas   são   receitas  originárias  por   terem  origem  no  patrimônio  público  e,  mais  especificamente,  são  classificados  como  preços.    12.1.1  Direito  de  Propriedade  A  propriedade  pública,  ao  contrário  da  privada,  tem  destinação  específica,  isto  é,  está  vinculada  a  um  objetivo  espe-­‐

    inalienabilidade:  não  pode  ser  vendido  ou  submetido  a  direitos  reais  em  proveito  de  terceiros.       imprescritibilidade:  pressupõe  que  o  domínio  não  possa  ser  perdido  pela  prescrição  aquisitiva  ou  pelo  desu-­‐so.    

 Tema  polêmico:  2  correntes  doutrinárias  principais:  

vias  públicas.  2ª  corrente:  Régis  se  filia  a  essa  corrente  Trata-­‐se  de   receita  originária  por  advir  da  exploração  do  bem  público   (vias  públicas),  não  sendo  possível   ser   taxa  (receita  derivada)  Não  é  o  caso  de  exercício  do  poder  de  polícia  porque  não  está  restringindo  o  direito  de  propriedade,  nem  a  liberda-­‐de  dos  indivíduos.  

possibilitar  que  os  particulares,  durante  certo  tempo,  usem-­‐no,  mediante  o  pagamento  de  um  preço.  Não  se  cobra  pela  fiscalização,  mas  sim  pelo  uso  do  bem  público  O  STF,  em  análogo,  entendeu  assim.    12.3  Receitas  decorrentes  de  obra  pública  Obra  pública:  é  toda  realização  material  a  cargo  da  administração  ou  de  seus  delegados.    

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12.3.1  Pedágio  Natureza  controvertida:  1ª  corrente  (STF):  pedágio  é  TAXA,  pois  tem  como  fato  gerador  o  serviço  de  conservação  das  estradas.  2ª  corrente  (Régis):  pedágio  é  preço,  pois  o  que  se  cobra,  em  verdade,  é  o  uso  da  obra  pública.  Isto  é,  se  trata  de  disponibilidade  patrimonial  do  Poder  Público  em  relação  aos  particulares,  sendo  o  fato  gerador  o  uso  do  bem  públi-­‐co.    12.4  O  suposto  contrato  de  transporte  público  Régis:  se  trata  de  TAXA  (  e,  portanto,  receita  tributária)  -­‐  Fato  gerador:  utilização  do  serviço  público  de  transporte  coletivo,  não  mera  prestação  de  atividade  comercial  do  Poder  Público  (o  que  caracterizaria  preço).  -­‐  A  vontade  do  obrigado  é  irrelevante  para  ensejar  o  nascimento  da  obrigação  do  Estado  de  prestar  esse  serviço  pú-­‐blico.  Há  o  dever  do  serviço,  que  é  retribuído  por  taxa,  e  a  sujeição  a  ele,  denominando-­‐  

 12.5  Serviço  de  fornecimento  de  água  e  esgoto  Disputa  doutrinária:  é  taxa  ou  preço?  Régis:  é  TAXA  Serviço  de  água  e  esgoto  é  de  interesse  sanitário  e,  por  isso,  deve  ser  compulsória.  Não  há  facultatividade  na  utiliza-­‐ção  do  serviço.  E  mais,  trata-­‐se  de  atividade  própria  do  poder  público  (municipal),  não  pode  ser  concessionada.    12.6  Anuidades  escolares    Art.205/CF:  Educação  é  dever  do  estado,  logo,  segundo  Régis,  é  um  serviço  público.  É  taxa  ou  preço  público?  Régis:  Taxa,  argumentação  análoga  a  dos  transportes  públicos.    12.7  Custos  e  envolvimentos  judiciais  e  extrajudiciais  Não  há  divergência  sobre  a  natureza  jurídica.  É   taxa,  pois   se   trata  e   serviços  públicos,  que  ensejam  apropriação   individualizada,  apropositando    aquela  atuação  estatal,  tida  por  fato  gerador  genérico  das  taxas.    12.8  Prescrição  aquisitiva.  Extensão.  Invenção  Prescrição  aquisitiva:  pode  ocorrer  receita  originária  se  o  Estado  ocupar  um  bem  patrimonial  por  tempo  suficiente  para  adquiri-­‐lo.  Vale  lembrar  que  os  bens  do  Poder  Público  são  imprescritíveis.  Perdimento:  ingresso  de  receita  nos  cofres  públicos,  por  exemplo,  no  caso  de  produtos  de  crime.  Há  perda  de  produ-­‐tos  e  bens  em  prol  da  Fazenda  Pública.    12.9  Receitas  Comerciais  e  industriais.  Fazenda.  Loteria    Receitas  industriais  e  comerciais:  

O  Estado  pode  intervir  na  produção  econômica  desde  que  observados  os  requisitos  do  art.  173/CF,  quais  sejam:  -­‐segurança  nacional,  ou  -­‐relevante  interesse  coletivo  (ex.  O  Estado  pode  produzir  armamentos)  Há  também  as  empresas  públicas  e  as  sociedades  de  economia  mista  que,  no  processo  produtivo,  agem  como  qual-­‐quer  outra  pessoa  jurídica  de  direito  privado,  por  exemplo,  bancos  estatais,  empresas  siderúrgicas  e  etc.  Se  trata  de  receita  originária,  mais  especificamente,  de  PREÇO.  Não  tem  como  considerar  que  é  taxa,  pois  tais  enti-­‐dades  não  desenvolvem  serviços  públicos.  Além  do  mais,  tais  atividades  são  regidas  pelas  leis  do  livre  mercado.  

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O  Estado  explora  seus  bens  e  empresas  comerciais  ou   industriais  à   semelhança  de  particulares,   sem  exercer   seus  poderes  de  autoridade,  nem  imprime  coercitivamente  a  exigência  de  pagamentos.    Fazendas  

O  Estado  também  possui  suas  fazendas  que  produzem  como  outra  qualquer  (plantas,  bovinos)  a  troco  de  um  preço  a  ser  pago  pelo  comprador.    Loterias  

Fonte  de  renda  retribuível  por  preços.  Sua  renda  deve  ser  entendida  como  qualquer  outra  renda  comercial  do  go-­‐verno.  Não  obstante  o  caráter  aleatório  do  jogo,  o  risco  não  está  presente  para  quem  explora  o  jogo,  afinal  o  lucro  é  certo.    12.10  Transporte  aéreo,  aeroespacial  e  a  infraestrutura  aeroportuária  As  contribuições  devidas  pelos  que  se  utilizam  das  instalações  de  serviços  do  aeroporto  são  preços  públicos.  É  típico  como  exploração  de  bem  público.  Há  utilização  da  infraestrutura  aeroportuária,  a  qual  é  do  Estado.  (Régis,  STF,  TRF)  No  caso  de  serviço  de  transporte  aéreo,  marítimo,  etc,  por  qualificarem,  serviços  públicos,  o  que  se  recolhe  são  ta-­‐xas.    12.10.1  Serviços  e  instalações  nucleares  No  tocante  aos  serviços,  a  contraprestação  é  taxa.  No  tocante  às  instalações,  se  dadas  em  permissão  ou  concessão  de  uso,  cuida-­‐se  de  preço.    12.11  O  serviço  postal  e  a  taxa  (selo)  O   serviço   postal   é   um   serviço   público,   independentemente   de   ser   prestado  por   empresa   pública.  Dessa   forma,   a  contraprestação  somente  pode  ser  taxa.    12.12  e  12.13    Serviços  de  radiofusão  sonora,  sons  e   imagens,  de  telecomunicações  e  serviços  de  telefonia  e  telegrafia,  além  dos  serviços  de  energia  elétrica,  são  serviços  públicos.  Sendo  assim,  a  contraprestação  ao  serviço  é  taxa.    12.15  Conclusões:  Inexiste  conceito  universal  sobre  serviços  públicos.  Trata-­‐se  de  decisão  política.  A  possibilidade  constitucional  para  que  o  Estado  dê,  em  concessão,  algum  serviço  público  sofre  limitações  da  própria  Constituição  e  não  altera  as  garantias  dos  indivíduos.  Os  serviços  públicos  são  um  dever  do  estado,  por  isso,  obrigatórios  a  eles,  mas  facultativos  aos  particulares.    Cobrança  de  TAXA:  nos  casos  de  prestação  de  serviços  públicos.  Exceto  no  caso  de  concessão  ou  permissão  quan-­‐

do  se  cobra  o  preço.    Cobrança  de  PREÇOS:    

  Pela  exploração  do  patrimônio  público;     Pelo  uso  de  obras  públicas;     Pela  prestação  de  serviços  industriais  e  comerciais  do  Estado.        

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Capítulo  13:  Receitas  Provenientes  de  Minerais  e  Energia  Elétrica  

13.1  Competência    A)  Competência  da  União  

das  jazidas  de  petróleo  e  gás  natural  e  outros  hidrocarbonetos  fluidos  (art.177,  I)    Integram  o  patrimônio  da  União:  -­‐  Os  recursos  naturais  da  plataforma  continental  é  da  ZEE  -­‐  Os  potenciais  de  energia  hidráulica  (art.  20,  VIII)  -­‐  Os  recursos  minerais,  inclusive  os  do  subsolo  (art.  20,  IX  e  art.  176)     constituem  propriedade  distinta  da  do  solo.    Competência  dos  Estados-­‐membros:  art.23,  XI/CF    13.2  Patrimônio  Público.  Bens  Públicos    Patrimônio  Público:  é  o  poder  de  dominação  ou  de  regulamentação  que  o  Estado  exerce  sobre  os  bens  de  seu  

patrimônio  (bens  públicos),  ou  sobre  os  bens  do  patrimônio  privado  (bens  particulares  de  interesse  público),  ou  so-­‐bre  as  coisas  inapropriáveis  individualmente,  mas  de  fruição  geral  da  coletividade  (res  nullies).      Bens  da  União:  art20/CF  

Mar  territorial:  faixa  de  12  milhas  marítimas  de  largura,  a  contar  do  litoral.  Zona  Contígua:  faixa  de  12  a  24  milhas  marítimas  Zona  Econômica  Exclusiva  (ZEE)  faixa  de  12  a  200  milhas  marítimas  Plataforma  Continental:  é  o  leito  e  o  subsolo  das  águas  submarinas  que  se  estendem  além  do  seu  mar  territorial,  em  toda  a  extensão  do  prolongamento  natural  de  seu  território  continental,  até  200  milhas  marítimas.    13.3  Águas  Públicas.  Energia  Elétrica.  Partilha  em  sua  exploração      Águas  Públicas  

-­‐  internas:  banham  apenas  o  interior  do  território  -­‐  externas:  contornam  o  país        

Pertencem  à  União,  independentemente  do  proprietário  do  solo  (art.  176/CF)  O  proprietário  do  solo  participa  dos  resultados  da  exploração  Exploração  somente  poderá  ocorrer  mediante  autorização  ou  concessão  da  União  (art.  176,  §1).  Partilha  dos  Resultados  (da  venda  de  energia  elétrica  para  a  população):  art.  20,  §1º  da  CF    13.5  Partilha  de  produção  mineral.  Petróleo,  gás  natural  e  hidrocarbonetos  fluidos.  Contratos  de  concessão.      Bens  Minerais  

São  bens  da  União  (art.  20,  IX  CF)  Matéria  de  legislação  privativa  da  União  (art.  22,  XII)  As  jazidas,  em  lavra  ou  não,  e  demais  recursos  minerais  são  propriedade  distinta  da  do  solo,  para  efeito  de  explora-­‐ção  ou  aproveitamento  (art.  176/CF)  Para  sua  exploração  é  necessária  autorização  ou  concessão  da  União  Ao  proprietário  é  assegurada  participação  (art.176,  §2º  CF)      Monopólio  

Ocorre  monopólio  quando  se  cuida  de  atividade  particular  que  o  Poder  Público,  em  face  da  importância  desta,  con-­‐centra-­‐a  em  suas  mãos.  Monopólio  é  a  exclusividade  na  exploração  de  determinada  atividade  econômica.      Petróleo  

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Hidrocarboneto,  substâncias  minerais  líquidas  que  estão  no  subsolo  Poder  Público  tem  a  titularidade  da  exploração,  atendendo  aos  interesses  nacionais  (art.  177/CF)  ANP  (Agência  Nacional  do  Petróleo)    É  controlada  pelo  poder  público  É  órgão  regulador  do  setor  petrolífero,  isto  é,  edita  as  normas  específicas  adaptadas  a  uma  realidade  cambiante  com  base  nas  diretivas  legislativas  do  Estado  Responsável  pela  concessão  da  exploração  do  petróleo    Atenção:  As  compensações  Financeiras  (Fonte:  Texto  de  Flávio  Rubemtern,  indicado  na  Bibliografia  específica)    As  compensações  financeiras  são  um  tipo  de  receita  originária  e  podem  ter  a  natureza  de  indenização  pela  perda  de  recursos   naturais   situados   no   território   do   ente,   bem   como   de   contraprestação   pelas   despesas   que   as   empresas  exploradoras  de  recursos  naturais  causam  ao  Poder  Público.      A  compensação  financeira  pela  utilização  de  recursos  hídricos  (CFURH)  

(Régis,  pág.  236)    Valor:  6,75%  sobre  o  valor  da  energia  elétrica  produzida,  a   ser  paga  por   titular  de  concessão  ou  autorização,  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios  em  cujos  territórios  se  localizarem  as  instalações  destinadas  à  produ-­‐ção  de  energia  elétrica,  ou  que  tenham  áreas  invadidas  por  água  dos  respectivos  reservatórios,  e  aos  órgãos  da  ad-­‐ministração  da  União  (art.  28  da  Lei  9984/00).    Partilha:  -­‐  6,75%  a)  0,75%:  Ministério  do  meio  Ambiente  b)  6%:  Estados,  Municípios  e  órgãos  da  administração  direta    da  União     i)  45%:  aos  Estados     ii)  45%:  aos  Municípios     iii)  4,4%  ao  Ministério  do  Meio  Ambiente     iv)  3,6%  ao  Ministério  de  Minas  e  Energia     v)  2%  ao  Ministério  de  Ciência  e  Tecnologia  OBS:  O  DF  receberá  a  parte  de  Estados  e  Municípios.      Compensação  financeira  pela  exploração  de  recursos  minerais  (CFEm)  

Valor:  3%  sobre  o  valor  do  faturamento  líquido  resultante  da  venda  do  produto  mineral,  detido  após  a  última  etapa  do  processo  de  beneficiamento  adotado  e  antes  de  sua  transformação  industrial  (art.  6º  da  Lei  7990/89).    Partilha:  -­‐  3%  i)  23%  para  Estados  ii)  65%  para  Municípios  iii)  2%  para  o  Fundo  nacional  de  Desenvolvimento  Cientifico  iv)  10%  para  o  Ministério  de  Minas  e  Energia       2%  para  o  IBAMA      Royalties  do  Petróleo  

Compensação  financeira  pelo  resultado  da  exploração  de  petróleo,  xisto  betuminoso  e  gás  natural.    Valor:  a  alíquota  divide-­‐se  em  2  partes:  

1. Fixa,  até  5%  da  produção  2. Variável,  pode  somar  ate  5%  sobre  a  parcela  fixa,  dependendo  da  avaliação  da  ANP  que  considera  vários  fa-­‐

tores  como,  por  exemplo,  a  expectativa  de  produção.    

Partilha:  

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1.  Da  alíquota  fixa:  a)  lavra  em  terra  i)  70%  para  os  Estados  ii)  20%  para  os  municípios  produtores  iii)  10%  para  os  municípios  com  instalações  de  embarque  e  desembarque  de  petróleo  e  gás      b)  lavra  em  plataforma  continental  i)  30%  para  Estados  confrontados  com  poços  ii)  30%  para  os  Municípios  confrontados  com  poços  iii)  20%  para  o  Comando  da  Marinha  iv)  10%  para  o  Fundo  Especial  (composto  por  Estados  e  Municípios)  v)  10%  para  os  Municípios  com  instalações  de  embarque  e  desembarque)    2.  Da  alíquota  variável  a)  lavra  em  terra  i)  52,55  para  Estados  Produtores  ii)  15%  para  os  Municípios  produtores  iii)  25%  para  o  Ministério  de  Minas  e  Energia  iv)  7,5%  para  os  municípios  afetados  por  operações  nas  instalações  de  embarque  e  desembarque    b)  lavra  em  plataforma  continental  i)  25%  para  o  Ministério  de  Ciência  e  Tecnologia  ii)  22,5%  para  os  Estados  confrontantes  com  campo  iii)  22,5%  para  os  Municípios  confrontantes  com  campo  iv)  15%  para  o  Comando  da  Marinha  v)  7,5%  para  o  Fundo  Especial  vi)  7,5%  para  municípios  afetados  por  operações  nas  instalações  de  embarque  e  desembarque    

    -­‐  É  uma  forma  de  arrecadação  adicional  que  visa  a  campos  com  grandes  volumes  de  produção  ou  elevada  rentabilidade.     -­‐  Tal  receita  seria  destinada  a:     i)  40%  ao  Ministério  de  Minas  e  Energia     ii)  10%  ao  Ministério  do  Meio  Ambiente     iii)  40%  aos  Estados     iv)  10%  aos  Municípios    13.7  Forma  de  Pagamento.  Receita  bruta  ou  líquida  O  pagamento  será  efetuado  mensalmente  em  conta  direta  a  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios    Os  recursos  transferidos  não  podem  ser  destinados  ao  pagamento  de  pessoal  ou  pagamento  de  dívida  A  União,  ao  fazer  os  repasses  para  esses  entes  não  poderá  efetuar  qualquer  desconto.    13.8  e  13.9  Natureza  jurídica  da  partilha  de  receitas.  Compensação  Controvérsia  sobre  a  natureza  jurídica  dessa  partilha    1ª  Corrente:  Trata-­‐se  de  Tributo,  pois  há  obrigação  legal  de  pagamento  2ª  Corrente:  (Régis)  Trata-­‐se  de  receita  pública,  pois  a  causa  de  seu  pagamento  é  a  exploração  de  um  bem  público    Controvérsia  sobre  se  tal  partilha  é  indenização  ou  participação  dos  Estados  e  Municípios?  Régis:   Embora   tecnicamente   os   termos   sejam   distintos,   houve   imprecisão   do   contribuinte   que   utilizou   ambos   os  termos  para  se  referir  a  decisão  dos  resultados  da  produção    Tecnicamente:  -­‐  A  compensação  ou  indenização:  advém  de  dano  possível  ou  real  que  o  ente  federativo  sofre  em  virtude  da  explora-­‐ção  de  recursos  naturais  em  seu  território.  

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-­‐  Participação:  decorre  de  uma  associação  de  benefícios.  Isto  é,  embora  os  recursos  naturais  sejam  bens  da  União,  tal  riqueza  se  encontra  em  território  de  algum  Estado  e  de  algum  Município.  Dessa  forma,  tais  entes  federativos  devem  ser  beneficiados  da  exploração  dessas  riquezas.    13.10  Participação  de  órgãos  da  Administração  direta  da  União  O  legislador  constituinte  foi  técnico  pois  é  descabida  a  possibilidade  de  se  destinar  recursos  diretamente  a  um  órgão  da  Administração  Direta  da  União  Todos  os   recursos   são  dirigidos  diretamente  ao  orçamento  e  não  há  possibilidade  de  destinar  verbas  a  um  órgão  com  predestinação.    Régis  conclui,  então,  que  o  comando  normativo,  na  verdade   impõe  ao  Poder  Executivo  e  ao  Poder  Legislativo  que  destine  obrigatoriamente  recursos  a  tais  órgãos  na  elaboração  de  orçamento.    13.12  O  Pré-­‐  sal  13.12.1  Introdução:  Pré-­‐sal:  região  sob  grande  camada  de  sal,  nos  limites  do  mar  territorial,  que  abriga  gigantes  reservas  de  petróleo.  Considerada  estratégica  para  o  Brasil  

   13.12.2  O  marco  regulatório  O  marco  regulatório  atual  retrata  uma  época  em  que  o  país  era  muito  dependente  da   importação  de  petróleo  do  exterior.  Dessa   forma,  com  a  auto-­‐suficiência  e  com  a  descoberta  do  pré-­‐sal   impõe-­‐se  a  necessidade  de  um  novo  marco  regulatório.    13.12.3  O  regime  de  concessão  É  o  regime  atual  Concessionário  se  torna  proprietário  da  jazida  que  descobrir.  Em  compensação,  paga  royalties  e  outras  participações  governamentais.    13.12.4  O  sistema  de  partilha  É  o  novo  regime  Agora  não  é  mais  necessário  que  os  concessionários  invistam  seus  próprios  recursos    A  União  reparte  com  o  contratado  o  produto  extraído  da  área.  Mas  somente  este  assume  o  risco  da  prospecção  e  extração.  A  ANP  fará  licitação  para  que  as  empresas  se  habilitem  a  explorar  A  Petrobrás  terá  participação  mínima  de  30%  em  todos  os  blocos  contratados    13.12.7  A  Petro-­‐  Sal  Sociedade  de  economia  mista  que  terá  por  objeto  a  gestão  de  contratos  de  partilha  de  produção.  

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Capítulo  15:  Despesa  Pública  

-­‐ Conceito:  conjunto  dos  dispêndios  do  Estado,  ou  de  outra  pessoa  de  direito  público,  para  o  funcionamento  dos  serviços  públicos  e  para  atender  às  necessidades  públicas.  

-­‐ Características  

Decisão  Política:  a  decisão  é  gastar  é  fundamentalmente  uma  decisão  política.  

Decisão  Racional:  por  ser  racional,  é  menos  atributiva  de  equívocos.  

Autorização  do  Congresso  Nacional:  nenhuma  despesa  pode  ser  efetuada  sem  a  prévia  autorização  do  Poder  Legislativo,  quando  da  aprovação  da  lei  orçamentária  (Artigos  165,  167  e  169/CF).  

Licitação  Pública:  o  Estado  deve  realizar  suas  obras,  serviços  e  compras  mediante  Licitação  (Art.  37,  XXI/CF).  

Documentação:  todas  as  despesas  devem  estar  devidamente  documentadas.  

Empenho:  toda  despesa  deve  ser  empenhada.   Lei  4.320/64  (Art.  58):  empenho  de  despesa  é  o  ato  emanado  de  autoridade  competente  que  cria  para  o  

Estado  obrigação  de  pagamento  pendente  ou  não  de  implemento  de  condição.  

Modo  de  Operar:  segundo  a  Lei  4.320/64  (Art.  63),  pode  operar-­‐se  a  despesa  através  de...   Contratos  (v.g.,  nos  casos  de  licitação);   Nota  de  Empenho;   Comprovantes  (de  entrega  do  material  ou  da  prestação  de  serviço).  

Vinculação:  a  regra  é  o  princípio  da  não  vinculação  de  impostos  (Art.  167,  IV/CF);  todavia,  existem  algumas  exceções...   Vinculações  Constitucionais  

Ensino:  o  governo  deve  despender  os  percentuais  previstos  no  Art.  212  para  a  manutenção  e  de-­‐senvolvimento  da  educação  (Art.  167,  IV/CF).  

Saúde:  recursos  para  as  ações  e  serviços  públicos  de  saúde  (Art.  198,  §  2º/CF).   Seguridade  Social:  iniciativas  destinadas  a  assegurar  os  direitos  relativos  à  saúde,  à  previdência  e  à  assistência  social  (Art.  194/CF).  

Precatórios:  a  CF  estabelece  necessidade  do  pagamento  em  decorrência  de  débitos  transitados  em  julgado  em  ações  movidas  contra  o  Poder  Público  (Art.  100/CF).  

Vinculações  Legais:  decorrentes  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  do  Orçamento  Participativo,  dos  Fun-­‐dos  de  Destinação  etc.  Como  exemplos,  temos...  

Pagamento  das  obrigações  legais:  conforme  Art.  9º,  §2,  da  LC  101/2000  (LRF).   :  conforme  o  mesmo  artigo  acima.  

A  opção  feita  pelo  legislador  do  pagamento  da  dívida  pública,  em  detrimento  da  conse-­‐cução  dos  fins  constitucionalmente  estabelecidos,  é  inconstitucional.  

-­‐ Classificações  a) Quanto  à  Periodicidade  

Ordinários:  são  sustentados  com  recursos  que  devem  se  renovar  a  cada  orçamento.   Extraordinários:  caráter  esporádico    atendem  a  questões  momentâneas.  

b) De  acordo  com  a  Lei  4.320/64   Correntes:  gastos  de  custeio  (pessoal  civil,  militar,  material  de  consumo  etc.)  e  transferências  concorren-­‐

tes  (subvenções,  juros  da  dívida  pública,  contribuições  de  previdência  etc.).   De  Capital:  são  os  investimentos  (obras,  material  permanente  etc.),  as  inversões  financeiras  (v.g.,  aquisi-­‐

ção  de  imóveis)  e  as  transferências  de  capital  (amortização  da  dívida  pública,  auxílios  para  equipamentos  e  instalações  etc.).  

c) Quanto  à  Competência:  podem  ser  federais,  estaduais  e  municipais.    

Mecanismos  de  Controle  da  Despesa  Pública  1. Estado:  cabe-­‐lhe  divulgar  informações  a  respeito  do  andamento  da  execução  dos  gastos  públicos.  

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2. Poder  Legislativo  a) Participa  da  elaboração  do  orçamento  e,  pois,  pode  ser  forte  parceiro  na  implementação  de  políticas  públi-­‐

cas,  ao  menos  em  termos  de  previsão  orçamentária.  b) É  obrigatório  que  sejam  realizadas  audiências,  debates  e  consultas,  como  condição  obrigatória  para  aprova-­‐

ção  do  orçamento  pela  Câmara  (LRF,  Art.  48;  Estatuto  da  Cidade,  Art.  2º).  3. Tribunal  de  Contas:  exerce  controle  posterior  ao  gasto;  é  relevante  instrumento  fomo  forma  de  constranger  o  

administrador  público  que  não  pode  agir  impunemente.  a) O  Tribunal  pode  aplicar  sanções,  como  meio  coercitivo  de  obrigar  ao  cumprimento  da  norma.  

4. Acesso  à  Informação:  a  transparência  é  assegurada  através  de  ampla  divulgação  (Artigos  48  e  48-­‐A/LRF).  5. Ministério  Público:  encarregado  de  verificar  a  correção  do  comportamento  dos  agentes  públicos.  

 

Políticas  Públicas  1. Definição:  

transformem  em  utilidades  aos  governados.  2. A  decisão  do  gasto  é  uma  deliberação  política:  isto  é,  fundada  na  conveniência  e  na  oportunidade  do  interesse  

público.  Deve-­‐se  aferir  as  necessidades  públicas  que  levam  à  decisão  da  despesa.  a) Finitude  de  Receita:  a  finitude  de  receita  pressupõe  escolha,  isto  é,  opção  política  sobre  como  e  onde  gastar.  

Como  os  recursos  são   a  arte  de  administrar  pressupõe  a  boa  decisão  na  escolha  3. Discriminação  Positiva:  realização  de  políticas  públicas  que  visam  fazer  mais  pelos  que  têm  menos.  

a) Os  investimentos  devem  ocorrer  para  igualar  homens  e  mulheres,  para  inserir  deficientes,  para  realizar  polí-­‐ticas  de  inclusão  de  negros,  árabes,  homossexuais  etc.  

b) O  Estado  deve  ser  o  vetor  da  promoção  social  em  todos  os  setores.    

O  direito  de  exigir  o  cumprimento  do  dever  constitucional  1. Direitos  Previstos  x  Limitação  Financeira:  os  direitos  previstos  na  Constituição  não  admitem  qualquer  contesta-­‐

ção.  Devem  ser  inequivocamente  assegurados  pelo  Poder  Público,  na  forma  nela  estabelecida.  Ao  Poder  Judiciá-­‐rio,  pois,  sabe  assegurar  a  plena  execução  dos  direitos  fundamentais  insculpidos  na  Constituição.  a) Única  escusa:  impossibilidade  financeira,  diante  do  caso  concreto.  

 

Princípios  do  Direito  Financeiro  1. Princípio  da  Proporcionalidade:  o  administrador,  ouvida  a  sociedade,  não  pode  descurar  de  atentar  à  propor-­‐

cionalidade  que  deve  imperar  na  repartição  de  recursos.  Deve  haver  o  equilíbrio  entre  os  inúmeros  pontos  a  dis-­‐tribuir  as  receitas.  

2. Princípio  da  Legalidade  a) Garantia  ao  contribuinte  de  apenas  ser  tributado  em  decorrência  da  representação  política  (Art.  150,  I/CF);  b) Gasto  público  decorre  exclusivamente  da  lei  (Art.  165/CF).  

3. Princípio  da  Anualidade:   i-­‐  

4. Princípio  da  Isonomia:  impede  que  contribuintes  em  situações  iguais  possam  ter  tratamento  desigual  (Art.  150,  II/CF).  

5. Princípio  da  Capacidade  Receptiva:  sempre  que  possível,  os  impostos  terão  caráter  pessoal  e  serão  graduados  segundo  a  capacidade  econômica  do  contribuinte  (Art.  145,  §  1º/CF).  a) Está  relacionado  ao  Princípio  da  Igualdade  (igualdade  material):  

Quem   tem  maior   riqueza  deve,   em   termos   proporcionais,   pagar  mais   imposto   do   que   quem   tem  menor  riqueza;  

Os   recursos  devem  ser  distribuídos  de  acordo  com  a  menor  capacidade  contributiva  do   indivíduo;  aqueles  que  têm  menos  devem  ser  aquinhoados  pelo  Estado  com  maior  aplicação  de  recursos.  

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6. Princípio  da  Eficiência:  relativo  à  boa  gestão  da  coisa  pública.  A  tomada  de  soluções  deve  ser  sempre  a  melhor,  aquela  que  atende  aos  interesses  da  comunidade      

Contingenciamento  de  Despesas  1. Contingenciar:   controlar  ou   limitar  despesas  previstas  no  orçamento,  devido  à  não  realização  de  receita,  para  

evitar  desequilíbrio  durante  o  exercício  financeiro.  a) Não  pode  ocorrer  sobre  toda  e  qualquer  despesa:  não  é  possível  que  se  faça  contingenciamento  das  deno-­‐

minadas  receitas  obrigatórias  (exceções  ao  princípio  da  não  vinculação  orçamentária).  São  elas...   Por  previsão  constitucional  

Educação  (Art.  212/CF);   Saúde  (Art.  198,  §  2º/CF).  

Por  previsão  legal   Pagamento  dos  servidores  públicos;   Pagamento  do  serviço  da  dívida  (Art.  9º/LRF).  

b) Somente  pode  recair  sobre  despesas  discricionárias:  ou  seja,  sobre  aquelas  que  envolvem  atos  de  opção  do  ad-­‐ministrador.    

2. Requisito  para  ocorrer  Contingenciamento  (Art.  9º/LRF):  apenas  poderá  ocorrer  o  contingenciamento  se  verificado,  ao  final  de  um  bimestre,  que  a  realização  da  receita  poderá  não  comportar  o  cumprimento  das  metas  de  resultado  primário  ou  nominal.  a) Resumindo:  a  única  situação  fática  que  legitima  o  contingenciamento  é  a  arrecadação  abaixo  da  previsão  orça-­‐

mentária.   Tal  norma  não  vem  sendo  respeitada  pelo  governo  federal,  que  busca  efetuar  a  limitação  diante  do  au-­‐

mento  de  gastos  obrigatórios  por  ele  mesmo  efetuados.  3. Empenho:  ordem  de  pagamento  a  um  serviço,  obra  ou  fornecimento  ao  Poder  Público.  

a) Por  gerar,  o  empenho,  justa  expectativa  de  recebimento  do  montante  devido,  não  há  que  se  falar  em  cance-­‐lamento  de  empenhos  já  efetuados.  

Pelo  mesmo  motivo,  não  há  como  sustar  o  cumprimento  de  contratos.  b) Sua  limitação,  todavia,  é  aceitável.  

 

Subvenções  1. Subvenção:  auxílio  financeiro,  previsto  no  orçamento  público,  para  ajudar  entidades  públicas  ou  particulares  a  

desenvolver  atividades  assistenciais,  culturais  ou  empresariais.  2. Espécies  de  Subvenção  

a) Sociais:  destinadas  a  instituições  de  caráter  assistencial  ou  cultural,  sem  finalidade  lucrativa.  b) Econômicas:  destinadas  a  empresas  públicas  ou  privadas  de  caráter  industrial,  comercial,  agrícola  ou  pasto-­‐

ril.  3. Requisitos  

a) Previsão  legal    não  há  possibilidade  de  subvenção  sei  lei.  b) Serviços  de  assistência  social,  médica  e  educacional.  c) A  suplementação  deve  ser  a  opção  mais  econômica  (Lei  4.320/64,  Art.  16).  d) Proporcionalidade    o  valor  da  receita  deve  guardar  sintonia  com  o  serviço  que  for  prestado  ou  oferecido  à  

comunidade.  e) Análise  prévia  das  condições  de  funcionamento  da  instituição  (Lei  4.320/64,  Art.  17).  f) Não  deve  possuir  fins  lucrativos,  salvo  exceções  na  própria  lei  (Lei  4.320/64,  Art.  19).  

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4. Vedação   Constitucional:   a   única   vedação   diz   respeito   à   impossibilidade   de   subvencionar   cultos   religiosos   ou  igrejas  (Art.  19,  I/CF).  

5. :   estabelecida   na   lei   orçamentária   a   destinação   de   recursos   a   determinada  entidade,  pública  ou  privada,  não  nasce  direito  a  seu  recebimento  (STF).  

6. Não  liberada  a  subvenção  dotada,  cabe  responsabilidade  do  Estado:  pode-­‐se  pensar  em  indenização  na  hipótese  de  previsão  real  (geradora  de  expectativa)  e  de  ausência  de  serieda-­‐de  na  intenção  e  comportamento  do  governante.  

7. Não  há  prazo  para  aplicação  das  subvenções  recebidas:  o  que  vale  é  a  destinação  efetiva.  8. É  admissível  a  alteração  do  fim  dos  recursos:  desde  que  a  finalidade  preservada  seja  atingida.  

 

Desvio  de  Recursos,  Corrupção  e  Improbidade.  1. Corrupção:  comportamento  de  autoridades  públicas  que  se  desviam  das  normas  aceitas,  a  fim  de  servir  

a  interesses  particulares.  a) Ao  buscar  formas  de  não  arcar  com  a  carga  tributária,  uma  pessoa  está  agindo  de  maneira  corrupta.  b) Lei  8.429/92:  especifica  quais  os  comportamentos  que  caracterizam  atos  de  improbidade.  c) Art.  317/CP:  pune  a  corrupção.  

2. Formas  de  Prejuízo  a) Menor  ingresso  de  receitas  

Evasão  fiscal;   Concessão  de  isenções  indevidas.  

b) Aumento  das  despesas:  v.g.,  corrupção  em  licitações.  c) Desvio  de  recursos:  atos,  por  parte  do  agente  público,  que  prejudicam  o  patrimônio  do  Estado.  

3. Propina:  ato  vedado  ao  agente  público,  que  consiste  no  fato  dele  receber,  direta  ou  indiretamente,  em  razão  de   suas   funções,  alguma  vantagem  econômica   indevida,  para  praticar,  omitir  ou   retardar  algum  ato  de  suas  atribuições.  

4. O  desvio  de  recursos  no  Brasil  a) Segundo  estudo  feito  pela  ONG  Transparência  Internacional  (TI),  o  Brasil  aparece  em  80º  lugar  dos  

países  menos  corruptos  do  mundo.  b) Segundo  pesquisas,  a  corrupção  é  responsável  por  prejuízos  de  cerca  de  5%  do  PIB.  

5. Corrupção  como  agressão  aos  Direitos  Humanos:   trata-­‐se  de  consequência  evidente  da  corrupção;  na  medida  em  que  os  recursos  públicos  são  desviados,  o  lesado  não  é  o  governo    é  o  ser  humano.  O  desvio  de  recursos  impede  a  plena  execução  material  dos  direitos  consagrados  nos  diplomas  legais.  

6. A  Corrupção  como  fator  de  desenvolvimento  social:  muitos  chefes  do  Executivo  sentem-­‐se  estimulados  a  construir  obras  públicas  como  forma  de  arrecadar  propinas.  No  entanto,  a  realização  da  obra  pode  be-­‐neficiar  o  transporte,  os  prédios  públicos  e  as  residências  próximas  a  elas.  Trata-­‐se  de  caso  paradoxal  em  que  vícios  privados  podem  redundar  em  benefícios  públicos.  

7. Medidas  de  combate  à  Corrupção  a) Educação  da  População;  b) Democratização  das  Instituições;  c) Livre  Imprensa.  

 

Precatórios  1. Precatório:   solicitação   que  o   juiz  da  execução   faz   ao  presidente  do   tribunal   respectivo  para  que  ele   requisite  

verba  necessária  ao  pagamento  de  credor  de  pessoa  jurídica  de  direito  público,  em  face  de  decisão  judicial  tran-­‐sitada  em  julgado.  a) Trata-­‐se  de  mecanismo  de  satisfação  do  crédito.  b) As  empresas  públicas  exploradoras  de  atividade  econômica  estão  excluídas  do  regime  dos  precatórios.  

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2. Espécies  de  Pagamento  de  Débito  a) Créditos  Alimentares:  são  os  valores   imprescindíveis  à  subsistência  do   credor  e  de  sua   família   (Art.  100,  §  

1º/CF).   Exemplos:   salários,   vencimentos,  proventos,  pensões,  benefícios  previdenciários,   indenizações  por  

morte  ou  invalidez,  honorários  de  advogado  etc.   Possuem  preferência  sobre  todos  os  demais  débitos,  exceto  sobre  aqueles   referidos  no  Art.  100,  §  

2º/CF    os  créditos  alimentícios  ao  idoso.   Deve  ser  pago  integralmente  e  devidamente  atualizado.  

b) Créditos  Não-­‐Alimentares:  por  exclusão,  são  todos  aqueles  que  não  estão  incluídos  na  categoria  dos  créditos  alimentícios.  

c) Créditos  de  Pequeno  Valor:  os  créditos  de  pequeno  valor,  tal  como  forem  definidos  em  lei  de  cada  unidade  federativa  (Art.  100,  §  4º/CF),  não  serão  pagos  em  forma  de  precatório  (Art.  100,  §  3º/CF).  

Basta  a  comunicação,  pelo  juízo  da  execução,  do  transito  em  julgado  da  sentença,  à  Secretaria  com-­‐petente.  

3. Ordem  Dual  de  Pagamento:  a  partir  da  Emenda  n.  30,  instaurou-­‐se  a  ordem  dual  de  pagamentos;  abrem-­‐se  duas  sequências    a  dos  precatórios  não  alimentares  e  a  dos  alimentares.  

4. Formas   Indiretas  de  Extinção  do  Precatório:  o  pagamento  do  crédito  é  a   forma  principal  e  direta  de  extinção  dos  precatórios;  entretanto,  a  EC  62/2009  abriu  a  possibilidade  de  extinção  por  meios  indiretos  de  pagamento.  a) Compensação:  acerto  de  contas  de  caráter  constitucional  entre  o  devedor  público  e  o  seu  credor  (ao  mesmo  

tempo,  credor  e  devedor  uma  da  outra).  Tal  compensação  é  obrigatória  (Art.  100,  §  9º/CF).  b) Da  compra  de  imóveis óveis  públicos  

 c) Cessão  do  crédito:  pode  ocorrer  cessão  total  ou  parcial  dos  créditos  constantes  de  precatórios  (Art.  100,  §  

13/CF).  5. Limite  de  vinculação  orçamentária:  Art.  100,  §15   (CF)     lei  complementar  estabelecerá  o   limite  da  vinculação  

orçamentária  de  montante  destinado  ao  pagamento  dos  precatórios.  a) Prof.  Régis:  trata-­‐se  de  fraude  

6. Assunção  de  débitos  pela  União:  existe  a  possibilidade  de  assunção  de  débitos  de  precatórios  de  Estados,  Muni-­‐-­‐  

a) Objetivos   Diminuir  os  juros;   Tornar  possível  acordos  de  solução  das  dívidas  entre  Entes  Federativos.  

b) Perigo:  pode  se  tornar  motivo  para  barganhas  políticas  indesejáveis.  7. Intervenção  Federal  nos  Estados  e  Intervenção  dos  Estados  nos  Municípios  

a) Dispositivos   Art.  34,  V/CF:  cabe  intervenção  federal  na  unidade  federativa  que  suspender  o  pagamento  da  dívida  

fundada  por  mais  de  dois  anos  consecutivos,  salvo  motivo  de  força  maior.   Art.  35,  I/CF:  estabelece  a  intervenção  dos  Estados-­‐membros  nos  Municípios  pelo  mesmo  motivo.  

b) STF:  é  necessária  a  presença  de  dolo  ou  culpa  do  governante  para  que  se  defina  a  intervenção.   consubstanciada  na  insuficiência  de  recur-­‐

sos  (...)  não  legitima  a  medida  drástica  (...),  mormente  quando  o  ente  público,  apesar  da  exaustão  do  erário,  vem  sendo  zeloso  (...)  com  suas  ob  

Prof.  Régis  e  Min.  Marco  Aurélio:  basta  o  elemento  objetivo  (não  pagamento).  8. Responsabilidade  do  Chefe  do  Poder  Executivo:  caso  deixe  de  efetuar  a   liberação  dos  recursos,  de  efetuar  os  

depósitos  tempestivamente  ou  de  efetuar  a  alocação  orçamentária  de  recursos,  na  forma  prevista  no  texto,  o  Chefe  do  Poder  Executivo  estará  sujeito  às  penas  previstas  na  LC  101/2000  (LRF)  e  também  na  Lei  de  Improbida-­‐de  Administrativa.  

9. Emenda  Constitucional  n.  30:  alterou  a  redação  do  Art.  100/CF  e  acrescentou  o  Art.  78  ao  ADTC.  

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a) Art.  78/ADCT:  acrescentado  pela  EC  n.  30,  foi  editado  com  a  finalidade  de  adiar  o  pagamento  de  dívidas   i-­‐moderadamente  acumuladas  por  todos  os  entes  federativos.  

Prof.  Régis:  o  Art.  33/ADCT,  análogo  ao  Art.  78,  é  constitucional,  ao  passo  que  o  Art.  78,  quase  uma  reprise  daquele,  é  formal  e  materialmente  inconstitucional.  Este  é  obra  do  poder  constituinte  deri-­‐vado;  aquele,  criação  do  poder  constituinte  originário.  

STF:  considerou  o  Art.  33  constitucional,  mas  não  declarou  inconstitucionalidade  do  Art.  78.  10. Opinião  do  Prof.  Régis  sobre  as  Emendas  n.  30/2000  e  n.62/2009:  são  emendas  constitucionais   inconstitucio-­‐

nais.  a) Além  de  serem  inconstitucionais  por  não  estarem  dentro  da  competência  do  poder  constituinte  derivado  (al-­‐

tera  o  cláusulas  pétreas,  como  o,  na  opinião  do  professor,  Art.  100),  elas  agridem:   O  Princípio  da  Segurança  Jurídica;   O  Pacto  Federativo  (onera  de  forma  diferente  o  orçamento  das  entidades  federativas);   A  Tripartição  de  Poderes;   O  Ato  Jurídico  Perfeito;   A  Coisa  Julgada;   O  Direito  Adquirido;   O  Princípio  da  Igualdade  de  todos  os  credores  perante  a  Administração  Pública;   O   Princípio   da  Moralidade   Administrativa   (Kiyoshi   Harada     Estado-­‐devedor   coage   seu   credor   a  

vender-­‐deságio    

A  Despesa  Pública  e  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  1. Despesa  obrigatória  de  caráter   continuado:   LC  101/2000   (Art.  17)     será  obrigatória  de  caráter   continuado   a  

 2. Despesa  com  pessoal:   todas  as  despesas  com  pessoal  passaram  a  ser  disciplinadas  pela  LC  101/2000;  em  seu  

Art.  18,  ela  enumera  todos  os  gastos  que  considera  despesa  total  com  pessoal.  a) LC  101/2000  (Art.  21):  estabelece  casos  de  nulidade  de  ato  que  provoque  aumento  de  despesa  com  pessoal.  

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Capítulo  18:  Orçamento  

Conceito  clássico:    

-­‐ Orçamento  como  documento  financeiro  ou  contábil,  peça  de  previsão  das  receitas  e  a  autorização  das  despesas,  sem  preocupação  as  necessidades  reais  da  administração  e  da  população,  nem  dos  objetivos  econômicos  e  soci-­‐ais  a  atingir  com  sua  execução  (neutralidade  do  ponto  de  vista  político).  Peça-­‐ficção:  o  dirigente  respeitaria  a  lei  caso  lhe  aprouvesse.    

Conceito  atual:    

-­‐ Orçamento-­‐programa.  Orçamento  passa  a  definir,  também,  a  orientação  política  do  governo.  Surgem  as  concep-­‐ções  políticas  de  justiça  social  e  solidariedade  nacional.  

-­‐ Orçamento  é  um  programa  de  governo,  uma  lei  periódica  contendo  previsão  de  receitas  e  fixação  de  despesas,  programando  a  vida  econômica  e  financeira  do  Estado;  em  suma,  um  instrumento  de  ação  do  Estado,  de  cum-­‐primento  obrigatório  e  vinculativo  do  comportamento  do  agente  público.  

-­‐ Possui  vários  aspectos:  o Político:  revela  os  desígnios  sociais  e  regionais  na  destinação  das  verbas.  Dão  esse  caráter:    o A  Elaboração:  Trata-­‐se  de  como  fazer  funcionar  o  respeito  ao  funcionamento  dos  três  Poderes,  visto  que  

todos  são  chamados  a  se  manifestar  e  participam,  ativamente,  da  elaboração  orçamentária;  o O  conteúdo:  Tem-­‐se,  com  o  orçamento,  ideia  das  finalidades  que  serão  atingidas  pela  destinação  de  re-­‐

cursos  e  sabe-­‐se  qual  o  caráter  ideológico  do  governo;  -­‐ A  democratização  dos  mecanismos  de  controle;    -­‐ Os  encargos  que  deverão  ser  suportados  pelo  contribuinte:  determina  o  plano  de  ação  do  governo.    

o 1)  Econômico:  manifesta  a  atualidade  econômica.  Impõe  a  regra  econômica  de  equilíbrio  entre  receitas  e  despesas  e  a  planificação  econômica  (o  Estado  deve  planejar  seu  crescimento).  

o 2)  Técnico:  cálculo  da  receita  e  das  despesas.  o 3)  Jurídico:  pelo  atendimento  às  normas  constitucionais  e  legais.  

Evolução  do  conceito  de  orçamento  -­‐ Direito  Romano  e  Idade  Média:  Não  se  podia  falar  em  controle  orçamentário.  Havia,  porém,  a  cobrança  de  des-­‐

pojos  de  guerra  e  pagamentos  que  se  faziam  ao  erário.  A  necessidade  de  controle  dos  gastos  e  receitas  surge  com  a  passagem  do  Estado  absoluto  para  o  Estado  liberal.  

-­‐ Estado  liberal/Democracia  Representativa:  surge  o  conceito  clássico  de  orçamento    -­‐ A  idéia  de  orçamento-­‐programa  (conceito  atual)  surge  apenas  com  a  planificação  econômico-­‐social,  inicialmente  

na  Rússia  e  depois  em  diversos  países  no  período  após  a  Segunda  Guerra,  como  forma  de  recuperação  econômi-­‐ca.    

Controvérsias  sobre  a  natureza  jurídica  do  orçamento  -­‐ Há  diversas  teorias:  

Simples  ato  administrativo:  mero  instrumento  de  arrecadação,  não  dizendo  respeito  aos  objetivos  maio-­‐res  do  Estado.  Lei  de  meios.  

Lei  formal:  sua  aprovação  (procedimento  formal)  é  igual  aos  demais  projetos  (Arts.  59  a  69  da  CF),  ainda  que  seu  conteúdo  seja  diferente  das  demais  leis.    

o Há,  porém,  peculiaridades:  existência  de  prazos  para  que  seja  encaminhado  pelo  Executivo  ao  Legislativo  (art.  35,  §2º,  ADCT),  não  pode  ser  objeto  de  lei  delegada  (art.  68,  §1º,  III,  CF),  o  des-­‐cumprimento  de  lei  orçamentária  resulta  em  responsabilidade  do  Presidente  da  República  (art.  85,  VI),  existência  de  restrições  previstas  na  destinação  de  recursos  (art.  167),  emendas  são  limi-­‐tadas  (art.  166,  §  3),  tem  tramitação  própria  perante  o  Congresso  Nacional,  seu  conteúdo  é  limi-­‐tado  à  despesa  e  receita  (art.  165,  §  8º),  etc.  

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Lei  material  (em  relação  às  receitas):  na  previsão  dos  recursos  tributários  e  receitas  originárias  há  cons-­‐tante  possibilidade  de  cobrança  (previsão  legal  não  se  exaure  numa  só  previsão).  Possui  caráter  de  gene-­‐ralidade  (alcança  uma  série  ou  classe  de  pessoas),  abstração  (a  ser  aplicada  por  subsunção  da  ação-­‐tipo  repetitiva  nos  casos  concretos)  e  inovação  do  mundo  jurídico  (a  lei  produz  efeitos  na  realidade,  mudan-­‐do  direitos,  criando  obrigações,  etc.).  Nesse  aspecto  o  orçamento  caracteriza-­‐se  por  ser  um  plano  de  go-­‐verno,  os  fins  devem  ser  buscados  tal  como  previstos  pelo  legislador.  

Lei  material  e  formal:  formal  quanto  às  despesas  (sempre  previstas  em  um  ato  administrativo,  efeitos  ju-­‐rídicos  individuais  e  imediatos)  e  material  quanto  às  receitas.  

Ato-­‐condição:  situações  que,  para  que  produzam  efeitos,  necessitam  de  situação  intermediária.  As  recei-­‐tas  estão  previstas  em  lei  tornando-­‐se  efetivas  através  dos  atos  dos  funcionários  (sendo  que  o  orçamen-­‐to  autoriza  tais  atos  dando  eficácia  à  lei)  e  as  despesas  dependem  de  expressa  previsão  legal.  

-­‐ Em  suma:  para  Régis  de  Oliveira,  basta  a  afirmação  de  que  é  lei  em  sentido  formal  (aspecto  formal),  que  esta-­‐belece  a  previsão  de  receitas  e  despesas,  consolidando  posição  ideológica  governamental,  que  lhe  imprime  cará-­‐ter  programático.  É  também  um  plano  de  governo.    

-­‐ Obs:  Não  se  pode  estabelecer  uma  separação  entre  a  parte  que  contém  o  plano  financeiro  ou  as  previsões  (ato  administrativo)  e  o  texto  legal  que  os  aprova  (lei  formal),  porque  ambos  são  fragmentos  de  um  todo  orgânico.    

Concepção  moderna  de  orçamento  -­‐ Nova  concepção  de  lei  orçamentária:  vinculativa  da  ação  do  Estado,  além  de  previsão  financeira  e  plano  su-­‐

bordinado  à  concepção  política  dominante.  A  estrutura  do  Estado  moderno  cede  a  imperativos  de  boa  admi-­‐nistração.  O  orçamento  deve  ser  real,  uma  forma  de  planejamento,  vinculando  ação  política  e  administrativa,  um  compromisso  político.  

-­‐ Novos  procedimentos.  Ex:  orçamento  participativo  (art.  44,  f,  III  no  Estatuto  da  Cidade),  que  visa  à  participação  democrática  além  do  voto  eleitoral.  

Noção  moderna  de  gasto  público  dentro  do  orçamento  -­‐ A  decisão  da  despesa  é  uma  decisão  política,  devendo  o  governante  atender  aos  reais  interesses  da  sociedade.  

Há,  porém,  restrições:    

Obs:  O  que,  para  o  administrador,  era  uma  atividade  discricionária,  que  ensejava  opções  ao  político  na  escolha  e  destinação  de  verbas,  passa  a  ser  vinculada.  Não  deixa  de  ser  política,  uma  vez  que  o  constitu-­‐inte  ou  o  legislador  infraconstitucional  optaram  por  uma  solução  dentre  as  várias  que  possuíam.    

A)  Constitucional.  Ex:  art.  212  CF  -­‐  fixa  percentuais  mínimos  da  receita  resultantes  de  impostos  a  serem  investidos  no  ensino;  investimento  obrigatório  em  saúde  segundo  a  EC  29/2000.  (Educação  e  saúde  fo-­‐ram  considerados,  pelo  legislador,  valores  essenciais  e  primordiais).  

B)  Legal:  Ex:  Outras  LRF  (LC  101/2000)  -­‐  no  tocante  ao  pagamento  dos  servidores  (art.  9,  §  2º  LRF);  envio,  juntamente  ao  orçamento,  do  Anexo  de  Metas  e  de  Riscos  (art.  4º,  §§  1º  e  3º  LRF)  como  forma  de  balizar  o  comportamento  do  agente  público  (neste  caso,  se  deixar  de  atender  às  finalidades  traçadas  na  LDO,  deve  demonstrar  que  não  atingiu  as  finalidades  porque  ocorreu  algum  Risco  Fiscal,  ou  seja,  alguma  con-­‐trariedade   fática  ou   jurídica);  vinculação  a  para  pagamento  das  obrigações  constitucionais  e   legais  e  o  

fixar  nas  despesas,  no  sentido  de  reconhecimento  das  dívidas  públicas;  necessidade  de  pagamento  de  todas  as  despesas  (exe-­‐cutar  é  cumprir  o  determinado,  sejam  as  despesas  de  caráter  continuado  ou  não),  necessidade  de  fixar  todas  as  despesas  (reconhecimento  da  dívida),  etc.  

-­‐ A  execução  do  orçamento  deve  ser  eficaz,  uma  vez  que  a  inexecução  ocorrente  por  excesso  de  poder,  fora  dos  limites  discricionários  razoáveis  pode  ser  questionada  judicialmente  por  quem  tiver  interesse  jurídico  na  deman-­‐da.  Nesse  sentido,  o  Executivo  deve  sempre  balizar  sua  conduta  de  forma  condicionada  ao  sistema  legal  vigente,  incluídos  os  princípios  expressos  no  art.  37  CF.  Apenas  as  particularidades  de  cada  caso  concreto  podem  obrigar  ou  não  o  Executivo  a  executar  o  orçamento,  tal  como  aprovado  e  autorizado  pelo  Legislativo,  não  sendo  razoável  

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a  exigência  de  cumprimento  cego  da  lei  orçamentária  nem  seu  oposto,  ou  seja,  total  arbítrio.  Assim,  em  regra,  as  despesas  autorizadas  obrigam  o  administrador,  exceto  nos  casos  em  que  se  demonstrar  a  impossibilidade  ou  sé-­‐ria  inconveniência  de  sua  efetivação  (no  entanto  há  algumas  ressalvas  a  essa  justificação    luz,  água,  gás  e  outras  despesas  semelhantes  (despesas  de  caráter  continuado)  não  admitem  justificativa  capaz  de  impedir  seu  consu-­‐mo).   Importante   ressaltar  que  as  entradas   são  previsíveis,   não  exatas,   sendo  que  a   liquidação  operar-­‐se-­‐á  no  curso  do  exercício  financeiro,  tendo  o  credor  razoável  certeza  em  receber  o  montante  previsto  se  não  existirem  riscos.  

Os  princípios  administrativos  e  o  art.  37  da  CF  -­‐ A  Administração  Pública  deve  obedecer   a  alguns  princípios   (art.   37,  CF).   São  eles:   legalidade,   impessoalidade,  

moralidade,  publicidade,  eficiência,  entre  outros.    -­‐ Os  princípios  são  mais  uma   limitação  ao  poder  discricionário.  Um  dos  pilares  da  boa  administração  é  o  atingi-­‐

mento  de  suas  finalidades:  fim  legal  =  finalidade  de  todas  as  leis  (interesse  público)  e  finalidade  específica  de  ca-­‐da  lei.  

-­‐ Quanto  às  despesas:    

A)  Variáveis  (sem  arrimo  legal)  são  sujeitas  ao  discricionarismo  administrativo  (podendo  ou  não  ser  pa-­‐gas);  

B)  Fixas  (decorrentes  de  norma  constitucional  ou  legal)  criam  direito  subjetivo  em  favor  do  credor,  com  pagamento  obrigatório  e  pena  de  responsabilização  do  Presidente  da  República  pelo  seu  não  pagamen-­‐to,  estando  o  próprio  Congresso  nacional  vinculado.  Ex:  despesas  obrigatórias  (de  caráter  continuado  no  orçamento)  são  os  valores  do  fornecimento  de  serviços  públicos  no  orçamento  dos  municípios,  excluin-­‐do-­‐se  qualquer  juízo  de  conveniência  e  oportunidade  para  sua  realização  (existindo  raras  exceções  para  sua  não  execução,  como  motivos  graves  ou  excepcionais,  não  havendo,  no  entanto,  espaço  para  discri-­‐cionariedade).  Também  a  despesa  de  custeio  possui  caráter  obrigatório.  

Sistema  de  controle  externo  do  orçamento  -­‐ Judiciário:  Há  vinculação  do  administrador  ao  princípio  da   legalidade.  Logo,  o   Judiciário  não  pode  examinar  o  

mérito  político  da  decisão  do  administrador,  mas  apenas  a  legalidade  do  ato  (não  ocorrendo  invasão  de  compe-­‐tência),  uma  vez  que  não  há  discricionariedade  para  o  Estado  agir  sem  previsão  legal  ou  excesso  de  poder.  Há  possibilidade  de  utilização  dos  meios  judiciais  por  qualquer  cidadão,  seja  por  ação  popular  (proteção  a  interesses  coletivos)  ou  ações  individuais.  

-­‐ População:  O  orçamento  pode  ser  um  alerta  ou  recomendação  aos  investidores  e  cidadãos.  Dessa  forma,  busca-­‐se  evitar  a  não  inclusão  de  despesas,  omissão  de  provisões  de  pagamento,  com  o  risco  de  mascarar  uma  situa-­‐ção  de  inadimplência  e  pujança  econômica  que  o  governo  não  possui,  com  o  orçamento  tornando-­‐se  mera  peça  de  ficção.  

-­‐ Legislativo:  efetua  o  controle  externo,   juntamente  com  seu  órgão  auxiliar,  o  Tribunal  de  Contas,  os  quais   irão  fiscalizar  o  orçamento  não  apenas  no  aspecto  estritamente  legal,  mas  segundo  critérios  de  legitimidade  e  eco-­‐nomicidade.  

-­‐ Quanto  aos  atos  administrativos  e  sua  discricionariedade,  a  liberdade  outorgada  pela  lei  ao  administrador  está  vinculada  à  finalidade  pública  em  face  da  qual  foi  admitida  a  discricionariedade.  Desse  modo,  o  poder  discricio-­‐nário  nunca  deixa  de  estar  vinculado  à  ordem  jurídica  (tanto  às  leis  que  o  limita,  quanto  aos  princípios  de  todo  o  sistema).    

Princípios  orçamentários  -­‐ Os  princípios  defluem  do   todo   sistematizado  do  ordenamento   jurídico,   sendo  que  os  denominados  princípios  

orçamentários  são  características  específicas  que  tais  leis  têm  e  que  as  tornam  distintas  das  demais  e  de  outros  atos  praticados  pelo  governo.  

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-­‐ Princípio  do  equilíbrio  (art.  4º,  a,  I  LRF):  para  alguns  não  é  princípio,  antes  um  pressuposto  do  orçamento,  uma  vez  que  o  não  equilíbrio  entre  gastos  e  receitas  gerará  aniquilamento  do  próprio  Estado  ou  seu  endividamento.  

-­‐ Princípio  da  universalidade:  todas  as  receitas  e  despesas  devem  estar  previstas  na  lei  orçamentária  (art.  165,  §  5º  CF).  Exceção:  tributos  que  podem  ser  cobrados  de  um  ano  a  outro  sem  que  estejam  previstos  na  lei  orçamen-­‐tária,  podendo  ser  previstos  posteriormente  à  aprovação  e  sanção  da  lei  própria  (súmula  66  do  STF,  uma  vez  que  o  tributo  se  sujeita  ao  princípio  da  anterioridade,  bastando  que  tenha  sido  instituído  ou  aumentado  no  exercício  anterior  para  que  possa  ser  cobrado  no  seguinte).  

-­‐ Princípio  da  anualidade:  o  orçamento  deve  ser  atualizado  todos  os  anos  (art.  165,  III,  CF),  existindo  uma  necessi-­‐dade  de  periodicidade  do  orçamento  para  controle  da  população.  Atualmente  encontra-­‐se  ultrapassado,  existin-­‐do  ao  lado  do  orçamento  anual  o  plano  plurianual  (art.  167,  I  CF),  além  do  que  dentro  do  orçamento  anual  exis-­‐tem  diversos  orçamentos  (fiscal,  investimento,  seguridade  social).  

-­‐ Princípio  da  exclusividade  (art.  165,  §  8º  CF):  não  pode  o  texto  da  lei  orçamentária  instituir  tributo  nem  qualquer  outra  determinação  que  fuja  às  finalidade  específicas  de  previsão  de  receita  e  fixação  de  despesas.  Exceções  (as  únicas  permitidas  são  as  legais,  isto  é,  do  próprio  dispositivo):  operação  para  antecipação  de  receita  (no  início  do  ano,  normalmente,  o  governo  não  tem  caixa  suficiente  para  as  despesas  iniciais,  logo  tem  de  obter  financiamen-­‐to  perante  bancos)   e   crédito   suplementar.  Ambas  exceções   independem  de  previsão  orçamentária,  diante  de  suas  excepcionalidades.  

-­‐ Princípio  da  unidade  (art.  165,  §  5º):  a  peça  orçamentária  deve  ser  única  e  uma  só,  contendo  todos  os  gastos  e  receitas.  É  princípio  formal.  

-­‐ Princípio  da  não  afetação  (art.  167,  IV,  CF):  veda  a  vinculação  de  receita  de  impostos  a  órgão,  fundo  ou  despesa.  Exceções:  quanto  à  questão  do  ensino,  saúde,  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da  Pobreza,  realização  de  ativi-­‐dades  da  administração  tributária,  prestação  de  garantias  às  operações  de  crédito  em  antecipação  de  receitas,  para  atender  ao  pagamento  de  débitos  para  com  a  União.  Tal  dispositivo  constitucional  fala  em  vinculação  de  re-­‐ceita  de  impostos,  o  que  significa  que  será  possível  vincular  taxas  e  contribuições  de  melhoria.  Esse  princípio  sig-­‐nifica  que  não  pode  haver  mutilação  das  verbas  públicas,  o  Estado  não  pode  ser  colocado  dentro  de  uma  camisa  de  força,  deve  possuir  a  disponibilidade  para  agir.  

-­‐ Outros  princípios:  especificação,  programação,  legalidade,  sinceridade,  clareza,  etc.  

As  leis  orçamentárias  (art.  165,  CF)  

O  plano  plurianual  (art.  165  CF,  §  1º)  -­‐ Desdobramento   do  orçamento-­‐programa.   A   lei   estabelece:   "de   forma   regionalizada,   as   diretrizes,   objetivos   e  

metas  da  administração  pública  federal  para  as  despesas  de  capital  e  outras  dela  decorrentes  e  para  as  relativas    

-­‐ O  orçamento  é   instável,  visto  as  modificações  da  realidade.  Hoje  possui  novas  funções,  sendo   instrumento  de  programação  econômica,   influenciando  na  economia  global  do  país.  O  plano  plurianual  define  o  planejamento  das  atividades  governamentais.  Limita-­‐se  a:  

Despesas  de  capital  (e  as  despesas  delas  decorrentes):  investimentos,  inversões  financeiras  e  transferên-­‐cias  de  capital.  Investimentos  são  dotações  para  o  planejamento  e  execução  de  obras,  programas  espe-­‐ciais  de  trabalho,  aquisição  de  instalações,  equipamentos  e  material  permanente  e  constituição  ou  au-­‐mento  do  capital  de  empresas  que  não  sejam  de  caráter  comercial  ou  financeiro.   Inversões  financeiras  destinam-­‐se  à  aquisição  de  imóveis  ou  de  bens  de  capital,  aquisição  de  títulos  representativos  do  capital  de  empresas  ou  entidades,  e  outros.  Transferências  de  capital  são  dotações  realizadas  por  outras  pesso-­‐as   de   direito   público   ou   privado   (auxílios   ou   contribuições).   As   definições   completas   estão   na   Lei  4320/64,  art.12.  

Programas  de  duração  continuada:  investimentos  que  ultrapassem  o  exercício  financeiro.    -­‐ u-­‐

laci  

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-­‐ O  que  acontece:    

Se  o  Presidente  não  envia  o  projeto  do  plano  plurianual:  1º)  Instauração  de  processo  por  crime  de  res-­‐ponsabilidade   (art.  85,   IV),  o  que  não   resolve  o  problema;  2º)  Restrição  de  que  não  se  poderia   iniciar  qualquer  atividade  que  envolvesse  despesa  de  capital  e  outras  dela  e  para  as  relativas  aos  programas  de  duração  continuada,  salvo  autorização  legislativa.  

Se  o  projeto  não  é  devolvido,  rejeitado  pelo  Congresso:  1º)  O  presidente  poderia  promulgar  seu  próprio  projeto,  assumindo  o  risco  de  administrar  o  país;  2º)  ou  solicitar  autorização  legislativa.  

-­‐ O  plano  pode  ser  mudado,  quando  alterações  forem  imprescindíveis  (se  alteradas  forem  as  circunstâncias  eco-­‐nômicas  e  sociais  do  Estado).  

A  lei  de  diretrizes  orçamentárias    LDO  (art.  165,  §  2º;    alterada  pela  LC  101/2000)  -­‐ Lei  anual  que  deve  definir  regras  gerais  que  constarão  do  plano  plurianual,  orientar  a  elaboração  da  lei  orçamen-­‐

tária  anual  e  dispor  sobre  as  alterações  na  legislação  tributária.  Trata-­‐se  de  lei  anual.    -­‐ Compreenderá:    

   

u-­‐çar  a  proposta,  estudá-­‐la,  alicerçando-­‐se  em  dados  concretos  e  factíveis;    

Disposição  sobre  limitação  de  empenho  (operação  financeira  e  contábil,  visando  reserva  de  verbas  para  o  pagamento  de  alguma  despesa  comprometida  pela   lei  orçamentária,   dentro  da  dotação  específica),  nesse  caso,  o  que  se  veda  não  é  o  pagamento  que  decorre  do  empenho,  mas  a  assunção  de  novas  obri-­‐gações,  uma  vez  que  assumida  a  obrigação,  não  como  deixar  de  cumpri-­‐la.  não  se  pode,  portanto,  reali-­‐zar  operações  de  crédito  que  ultrapassem  o   limite  do  possível.    contingenciamento  ("congelamento")  de  dotações;  

 Estabelecimento  de  parâmetros  para  o  administrador,  delimitando  critérios  para  os  custos  assumidos  e  ainda  para  aferição  de  resultados  de  programas  financiados  com  recursos  orçamentários  (art.  4º,  I,  e,  da  LRF);  

Disposição   sobre   "condições  e   exigências  para   transferência  de   recursos   a  entidades  públicas  e  priva-­‐das."  (art.  4º,  I,  e,  da  LC  101/2000).  Podem  ser  critérios  tanto  finalísticos  como  meramente  formais.  

Exigência  do  Anexo  de  Metas  Fiscais,  que  deve  acompanhar  o  projeto  da  LDO.  Refere-­‐se  a  três  exercí-­‐cios:  fixa  receitas  e  despesas;  resultados  nominal  e  primário;  e  montante  da  dívida  pública,  para  o  exer-­‐cício  a  que  se  referirem  e  para  os  dois  seguintes.  Resultado  primário:  diferença  entre  receita  e  despesa,  excluídos  juros  e  o  principal  da  dívida,  pagos  e  recebidos.  Nominal:  é  a  diferença  de  todas  as  receitas  e  despesas.    

Exigência  de  um  Anexo  de  Riscos  Fiscais,  que  os  preveja  e  determine  os  rumos  a  serem  tomados  caso  se  concretizem.  

"os  objetivos  das  políticas  monetária,  creditícia  e  cambial,  bem  como  os  parâmetros  e  as  projeções  para  seus  principais  agregados  e  variáveis,  e  ainda  as  metas  de  inflação,  para  o  exercício  subseqüente"  (art.  4º,  §  4º).  Isso  se  aplica  à  União.  

-­‐ O  que  acontece:    

Se  o  Presidente  não  envia  projeto  de  LDO:  pode-­‐se  atualizar  o  previsto  para  o  ano  anterior,  promulgan-­‐do-­‐o  o  Congresso.  Não  ocorrendo  isso,  cada  despesa  deverá  ter  autorização  legislativa.    

Se  o  projeto  for  rejeitado  ou  não  for  devolvido:  o  Presidente  pode  promulgar  o  texto  ou  pode-­‐se  impedir  o  recesso  parlamentar,  para  que  o  Congresso  se  manifeste.  A  rejeição  pode  provocar  a  necessidade  de  solicitação  especifica  de  verbas  adicionais  a  todo  instante.  

-­‐ A  modificação  da  lei  é  muito  difícil,  ou  mesmo  impossível.  

O  orçamento  anual    LOA  (fiscal,  de  investimento  e  da  seguridade  social).  (art.  165,  §  5º,  I)  

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-­‐ Compreende  o  orçamento  fiscal  (receita  e  despesa).  Conterá  o  orçamento  de  todas  as  entidades  que  detenham  ou  recebam  dinheiro  público,  também  o  orçamento  de   investimento  das  empresas  de  maioria  de  capital  social  da  União.  Isso  garante  controle  das  empresas,  ajuda  na  orientação  dos  recursos.  Conterá  ainda  o  orçamento  da  seguridade  social,  isto  é,  sobre  os  campos  de  atuação  do  Estado  na  saúde,  previdência  e  assistência  social.  

-­‐ Os  prazos  para  o  encaminhamento  de  projetos  não  estão  ainda  definidos,  na  ausência  de  lei  complementar.  Por  isso,  segue-­‐se  o  prazo  de  até  30  de  agosto,  segundo  o  ADCT.  

-­‐ O  projeto  encaminhado  ao  Congresso  deverá  ter  um  anexo  que  demonstre  a   compatibilidade  da  programação  dos  orçamentos  com  os  objetivos  e  metas  constantes  do  documento  (Anexo  de  Metas  Fiscais).  A  lei  orçamentá-­‐ria  anual  deve  ser  compatível  com  a  LDO.  No  anexo  deve-­‐se  prever  a  compensação  entre  arrecadação  e  renúncia  de  receita.  

-­‐ Reserva  de  contingência:  ajuda  a  garantir  pagamentos  imprevistos.  -­‐ O  §  2º  do  art.  5º  da  LC  101/2000  define  que  deve  constar  da  lei  orçamentária  anual  e  das  leis  de  crédito  adicio-­‐

nal  o  refinanciamento  da  dívida.  Créditos  adicionais:  a)  crédito  suplementar,  para  reforço;  b)  o  especial,  para  as  despesas  sem  dotação  específica  e  c)  o  extraordinário,  para  atendimento  de  despesas  urgentes  e  imprevisíveis.  

-­‐ A  lei  veda  qualquer  previsão  de  "crédito  com  finalidade   imprecisa  ou  com  dotação  ilimitada"  (§  4º);  não  pode  haver  previsão  de  investimento  com  duração  superior  a  um  exercício  financeiro;  as  despesas  do  Banco  Central  devem  integrar  o  projeto,  assim  como  suas  operações  devem  ser  demonstradas  trimestralmente,  de  acordo  com  a  LDO;  o  Banco  Central  deve  ser  fiscalizado,  no  exercício  de  sua  atividade  financeira.  

-­‐ Quanto  à  alteração  da   lei  orçamentária  anual,  pode  ela  ser  modificada  pontualmente.  Não  pode,  contudo,  ser  substituída,  já  que,  com  sua  fluência  inicial,  já  produziu  efeitos.  

A  lei  complementar  financeira  (art.  165,  §  9º,  I  da  CF)  -­‐ Para  plena  eficácia  dos  dispositivos  orçamentários,  impõe-­‐se  a  existência  de  uma  lei  complementar  que  disporá  

sobre  a  matéria  prevista  nos  três  orçamentos  e  nas  respectivas  leis.  A  lei  deve  ainda  estabelecer  normas  quanto  à  gestão  direta  e  indireta,  bem  como  as  condições  para  a  instituição  e  financiamento  de  fundos.  (inciso  segundo  do  mesmo  artigo)  

A  tramitação  legislativa  

Iniciativa  -­‐ O  poder  de  iniciativa  é  do  Presidente  da  República,  que  envia  os  projetos.  O  Judiciário  encaminha  também  uma  

proposta  orçamentária  relativa  a  seus  interesses.  A  competência  para  iniciar  tais  projetos  não  chega  à  iniciativa  popular,  nem  a  plebiscitos  ou  referendos,  visto  que  a  iniciativa  é  restrita  ao  Presidente  e  a  matéria  é  extrema-­‐mente  técnica.  Não  se  pode,  contudo,  afastar  a  possibilidade  de  manifestação  da  população  para  aprovação.  

-­‐ Veda-­‐se  o  uso  de  medidas  provisórias  no  que  tange  ao  processo  orçamentário.  A  exceção  são  despesas  urgentes  e  imprevisíveis  (crédito  extraordinário).  

-­‐ O  projeto,  unificado,  chega  ao  Legislativo  para  discussão.  Se  o  Congresso  não  recebe  proposta,  seja  qual  for  o  motivo,  considera  a  Lei  de  Orçamento  vigente  no  ano  anterior  (art.  32  da  Lei  4320/64).  

-­‐ Importante  ocorrer  a  atualização  por  índices  oficiais.    

Mensagem  aditiva  -­‐ Se  o  Presidente  quiser  alterar  algo  na  proposta,  pode  enviar  solicitação  ao  Congresso,  desde  que  a  parte  refe-­‐

rente  à  solicitação  não  tenha  ainda  sido  votada.  

Comissão  mista  -­‐ A  apreciação  do  projeto  é  feita  por  comissão  mista  de  senadores  e  deputados.  Essa  comissão  examina  e  emite  

parecer  sobre  os  projetos  e  contas  apresentadas.  Também  deve  avaliar  planos  e  programas  nacionais,  regio-­‐nais  e  setoriais  previstos  pela  CF,  fazendo  o  acompanhamento  e  fiscalização  orçamentária.  

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-­‐ Ao  Plenário  cabe  apenas  votar  o  que  estiver  no  relatório  ou  substitutivo  apresentado.  

Emendas  -­‐ A  Comissão  mista  emite  parecer  sobre  propostas  de  emenda.  Contudo,  a  palavra  final  é  do  Plenário.  Podem  ser  

propostas  emendas  mesmo  por  aqueles  sem  poder  de   iniciativa,  para  apreciação  do  Legislativo.  O  §  3ºdo   art.  166  determina  as  exigências  para  aprovação  de  emendas:  por  exemplo,  compatibilidade  com  o  PPA  e  a  LDO,  in-­‐dicação  de  onde  provirão  os  recursos  para  efetivação  da  proposta,  não  pode  haver  emenda  que  objetive  aumen-­‐tar  a  despesa,  são  necessárias  as  previsões  para  as  transferências  que  se  efetuarão.  

-­‐ As  emendas  podem  ser  meramente  formais:  por  exemplo,  para  correções  e  alterações  nos  dispositivos.  Se  após  a  aprovação  de  alterações  no  projeto  houver  recursos  sem  destinação  especifica,  devem  ter  eles  utilização,  co-­‐mo  créditos  especiais  ou  suplementares,  dependendo  da  autorização  legislativa.  

A  não  devolução  do  projeto  no  prazo  ou  sua  rejeição  total  ou  parcial  A  lei  orçamentária  é  temporária.  Por  isso,  findo  o  seu  prazo  de  duração,  cessa  sua  eficácia.  Para  a  prorrogação,  im-­‐

põe-­‐se  nova  lei.  Contudo,  o  STF  equiparou  a  situação  de  falta  de  devolução  à  rejeição  total.  Para  a  nova  CF,  se  ocorre  a  rejeição,  a  Administração  fica  sem  orçamento,  pois  não  pode  ser  aprovado  outro.  A  solução,  para  o  prof.  Regis,  é  subsistir  a  lei  anterior,  efetuando-­‐se  depois  adaptações  necessárias,  com  as  autorizações  do  Legislativo.  Se  a  rejeição  for  parcial,  resolve-­‐se  como  nas  demais  leis,  mediante  veto  ou  rejeição  do  veto,  com  posterior  promulgação.  

Vedações  orçamentárias  -­‐ Não  podem  ser  iniciados  programas  ou  projetos  não  incluídos  na  lei  orçamentária  anual  (art.  167,  I  da  CF).  Ou  

seja,  deve-­‐se  seguir  o  orçamento  aprovado.    -­‐ O  agente  público   tem   limite  de   gastos,   não  podendo  ultrapassar  os   recursos  disponíveis   (inciso   II),   tampouco  

pode  haver  empréstimos  excedentes  sem  autorização  do  Legislativo  (III).    -­‐ Proibições  à  vinculação  da  receita  do  imposto  (inciso  IV):  nenhum  imposto  pode  esvaziar  seu  conteúdo  com  des-­‐

tinação  específica.  A  vinculação  só  pode  ocorrer  se  tratando  de  taxas  e  contribuições  de  melhoria,  empréstimos  fiscais  e  contribuições  parafiscais  com  destinação  específica.    

-­‐ Não  se  permite  a  abertura  de  crédito  suplementar  ou  especial  sem  autorização  legislativa  e  indicação  dos  recur-­‐sos  (inciso  V).    

-­‐ Não  pode  haver  transposição,  remanejamento  ou  transferência  de  recursos  entre  órgãos  ou  categorias  de  pro-­‐gramação,  sem  a  autorização  legislativa  (inciso  VI):  o  orçamento  deve  ser  cumprido.    

-­‐ É  proibida  a  concessão  ou  utilização  de  créditos  ilimitados,  para  manter  o  equilíbrio  do  orçamento  (inciso  VII).    -­‐ É  proibida  a  utilização  de  recursos,  por  exemplo,  para  cobrir  déficit  de  empresas,  fundações  e  fundos,  sem  auto-­‐

rização  legislativa  específica  (inciso  VIII).  -­‐ É  vedada:  a  instituição  de  fundos  sem  a  autorização  legislativa  (inciso  IX),    transferência  voluntária  de  recursos  e  

a  concessão  de  empréstimos  para  pagamento  das  despesas  com  pessoal  ativo  (inciso  X),  o  uso  de  contribuições  sociais  do  empregador  (salários,  receita  ou  faturamento  e  lucro  do  trabalhador)  para  outra  finalidade  que  não  o  pagamento  dos  benefícios  ao  próprio  trabalhador  sujeito  ao  regime  geral  da  providência,  previsto  no  art.  201  da  CF  (inciso  XI).  

-­‐ No  §  1º,  dispõe-­‐se  que  obra  planejada  que  dure  mais  de  um  ano  para  sua  execução,  deve  ser  prevista  no  PPA  ou  autorizada  pelo  Legislativo,  sob  pena  de  crime  de  responsabilidade.  O  §  2º  determina  que  créditos  especiais  e  extraordinários   somente   poderão   se   estender   para   o   exercício   seguinte   com   prévia   autorização,   pelo  menos  quatro  meses  antes  do  término  do  exercício  corrente.  Já  o  §  3º  estabelece  que  podem  ser  feitas  medidas  provi-­‐sórias  quando  a  abertura  de  crédito  extraordinário  servir  para  atender  necessidades  urgentes  ou  imprevisíveis.  Logicamente,  devem  passar  em  seguida  pelo  Legislativo  para  apreciação.  

Recursos  dos  três  Poderes  

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-­‐ Segundo  o  art.  168  da  CF,  os  recursos  para  os  órgãos  dos  três  Poderes  deverão  ser  entregues  até  o  dia  20  de  cada  mês,  em  duodécimos  (LC  101/2000).  Se  o  Executivo  não  repassar  as  verbas,  estará  realizando  exercício  ir-­‐regular  de  poder,  o  que  possibilita  o  ingresso  do  órgão  em  juízo  para  obter  os  recursos.  

Despesa  com  pessoal  -­‐ A  despesa  com  pessoal  não  pode  ultrapassar  os  limites  definidos  pela  LC  101/2000  (art.  169,  CF).  Segundo  o  §  1º,  

aumento  de  remuneração,  criação  de  cargos,  entre  outros,  somente  podem  ser  feitos  se  houver  prévia  dotação  orçamentária  suficiente  e  autorização  específica  na  LDO,  ressalvadas  as  empresas  públicas  e  sociedades  de  eco-­‐nomia  mista.  

O  orçamento  e  o  tributo  nele  não  previsto  -­‐ Mesmo  que  os  tributos  já  estejam  instituídos,  podem  ser  feitas  alterações  para  incluir  outros.  Deve  apenas  exis-­‐

tir  lei  prévia  e  o  novo  tributo  deve  ser  cobrado  no  exercício  seguinte.  

O  direito  ao  auxílio  ou  subvenção  (matéria  analisada  no  capítulo  20)/  Relatório  Como  forma  de  controle,  bimestralmente  o  Executivo  publicará  relatório  resumido  de  execução  orçamentária  (se-­‐

gundo  o  art.  165,  §  3º  da  CF).  

Norma  constitucional  transitória  -­‐ Aplica-­‐se  o  §  2º  do  art.  35  do  ADCT  à  falta  de  norma  legal  disciplinando  o  processamento,  vigência  e  encerra-­‐

mento  do  exercício  financeiro.  A  norma  transitória  estabeleceu  prazos  para  vigência  das  disposições  legais  rela-­‐tivas  ao  orçamento,  enquanto  não  sobrevier  lei  complementar.  

Desvinculação  da  receita  da  União.  A  liberdade  outorgada,  por  lei,  ao  Chefe  do  Executivo  Vinte  por  cento  da  arrecadação  da  União  de  impostos,  contribuições  sociais  e  de  intervenção  no  domínio  econô-­‐

mico  é  desvinculado  de  órgão,  fundo  ou  despesa,  até  o  fim  do  ano  de  2011.  Nesse  caso,  o  Poder  Legislativo  abriu  mão  de  decidir  sobre  gastos  públicos,  restringindo  sua  competência  a  80%  das  receitas.  Não  há  qualquer  finalidade  especificada  para  esses  recursos  desvinculados.  Isso  não  é  bem  visto  pelo  prof.  Regis,  tendo  em  vista  o  todo  consti-­‐tucional.  Devia  haver  uma  menor  margem  de  discricionariedade  para  o  Chefe  do  Executivo.  

O  orçamento  participativo  É  uma  iniciativa  que  a)  busca  a  decisão  descentralizada;  b)  cria  conselhos  populares,  o  que  enseja  opinião  pública  

independente;  c)  desloca  a  atenção  do  cidadão  para  os  problemas  locais;  d)  gera  consciência  de  participação;  e)  evi-­‐dencia  dois  focos  de  democracia:  voto  e  participação;  f)  cria  condições  para  aprovação  do  orçamento  e  desperta  a  participação;  g)  enseja  processo  aberto  de  discussão;  h)  precisa  de  auto-­‐regulação  interna.  

A  participação  popular  baseia-­‐se  no  inciso  XII  do  art.  29  da  CF.  Além  disso,  os  dispositivos  sobre  a  competência  dos  Municípios  para  atender  aos  interesses  locais.  Deve  haver  critérios  seguros  para  que  a  opinião  pública  não  seja  ma-­‐nipulada  por  conflitos  políticos,  propinas.  Ainda,  deve-­‐se  conseguir  controlar  os  gastos  públicos.  A  sociedade  deve  fiscalizá-­‐los.    

Aquilo  que  for  captado  como  real  necessidade  no  orçamento  participativo  não  pode  ser  desprezado  pelo  gover-­‐nante    deve  ser   incluído  no  orçamento  e  cumprido   (na  opinião  do  Prof.  Régis).  Ao  menos  uma  das  necessidades  elencadas  devem  vincular.  

Problemas  e  divergências  doutrinárias  a  respeito  do  orçamento  

Orçamento  de  competência  e  de  caixa  e  os  resíduos  passivos  

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-­‐ Balanço  de  competência:  compreende  todos  os  ingressos  e  saídas  comprometidas  durante  o  ano,  independe  do  período  de  tempo.  Balanço  de  caixa:   refere-­‐se  ao  período  em  que  se  realizam  entradas  e  saídas,  há   limitação  temporal.    

-­‐ O  ano  tem  aspecto  temporal,  prazo  de  doze  meses;  o  exercício  é  a  satisfação  de  todos  os  interesses  positivos  e  negativos  do  ano.  No  Brasil,  confundem-­‐se.  

-­‐ Resíduos  passivos  compreendem  o  que  não  foi  pago  durante  o  exercício.  Por  exemplo,  o  não  pagamento  de  dí-­‐vidas  de  precatórios  não  pagas.  

Cobrança  de  tributos  não  previstos  na  lei  orçamentária  anual  -­‐ Se  o  redator  do  projeto  de  lei  se  esquece  de  alocar  um  recurso  tributário  previsto  por  lei  anterior,  considera-­‐se  

que  pode  o  tributo  ser  exigido.  

Alteração  da  lei  orçamentária  no  curso  do  exercício  (já  abordado)  -­‐ O  PPA  pode  ser  alterado  a  qualquer  momento,  mesmo  porque  dura  quatro  anos,  e  as  circunstâncias  mudam.  

Também  a  LDO.  Contudo,  não  a  lei  orçamentária  anual,  que  somente  pode  ser  modificada  mediante  créditos  adicionais.  Logo,  seu  texto  não  pode  ser  alterado.  

Iniciativa  popular  -­‐ Não  parece  possível  a  permissão  de  alterar  a  lei  orçamentária  por  iniciativa  popular,  plebiscito  ou  referendo:  

não  está  previsto  na  constituição.  Pode  haver  consulta  ao  povo  sobre  alguma  iniciativa,  mas  não  a  toda  a  pro-­‐posta.  

Orçamento  base  zero  Cada  unidade  deve  zerar  a  receita  em  relação  à  despesa  programada.  

Orçamento  funcional.  PPBS  -­‐ Solução  que  vem  sendo  apontada  é  o  orçamento  funcional.  Far-­‐se-­‐ia  previsão  global  em  favor  dos  servidores  

encarregados  de  serviços  estatais.  A  matéria  é  de  opção  política  ou  contábil.  -­‐ Os  EUA  instituíram  o  planning-­‐programming  budgeting  system  (PPBS).  O  orçamento  passa  a  ser  considerado  

como  instrumento  de  controle  de  execução.  A  atividade  administrativa  é  considerada  por  programas;  efetua  seleções  estratégicas;  estuda  a  continuidade  do  processo  de  decisão  e  analisa  as  medidas  das  realizações.  Bus-­‐ca-­‐se  a  otimização  das  despesas  públicas.  É  apenas  uma  técnica  de  aplicação  do  orçamento.    

 

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Capítulo  21:  Fiscalização  Financeira  e  Orçamentária  

-­‐ Diz  respeito  ao  controle  dos  gastos  públicos  e  está  previsto  na  Constituição  Federal  de  1988,  nos  Arts.  70  a  75.  

Tipos  de  Fiscalização  

-­‐ Fiscalização  contábil:  contabilidade  como  técnica  de  controle  sistemático  das  verbas  arrecadadas  e  despendidas.  -­‐ Fiscalização  operacional:  obediência  aos  meios  legais  de  liberação  de  verbas  ou  de  sua  arrecadação.  Deve  haver  

controle  rigoroso  sobre  as  formas  de  procedimento  da  despesa,  atendendo-­‐se  ao  atingimento  dos  objetivos  tra-­‐çados.  

-­‐ Fiscalização  financeira:  ingresso  e  saída  de  dinheiro.  -­‐ Fiscalização   orçamentária:   correta   aplicação   da   lei   orçamentária,   verbas   devem   ter   a   destinação   prevista   no  

texto  da  lei  especial  aprovada.  

Entidades  da  Administração  

-­‐ Entidades  da  administração  direta:  a  administração  centralizada,  desenvolvida  pela  presidência  da  República  e  pelos  ministérios,  bem  como,  por  órgãos  (não  pessoas  jurídicas)  a  eles  vinculados  e  autarquias.  

-­‐ Entidades   da   administração   indireta:   autarquias,   sociedades   de   economia  mista,   empresas   públicas   e   funda-­‐ções.  

Princípios  

-­‐ Legalidade:  verificação  da  obediência  aos  requisitos  necessários  para  que  pudesse  ter  ocorrido  a  despesa,  previ-­‐são  legal  para  que  ela  pudesse  realizar-­‐se.  

-­‐ Legitimidade:  real  atendimento  das  necessidades  públicas;  contraste  da  norma  com  as  finalidades  encampadas  no  sistema  financeiro,  para  saber  se  bem  jurídico  almejado  foi  atingido.  

-­‐ Economicidade:  obtenção  da  melhor  proposta  para  efetuação  da  despesa  pública,  verificação  da  relação  custo-­‐benefício  despesa.  

-­‐ Aplicação  das  subvenções:  subvenções  são  auxílios  que  o  Poder  Público  concede  a  entidades  públicas  ou  priva-­‐das  sem  finalidade  lucrativa,  para  ajudá-­‐las  na  consecução  de  finalidades  tidas  como  relevantes  ou  de  interesse  público  pelo  Estado.  Deve  haver  fiscalização  da  destinação  destas  verbas.  

-­‐ Renúncia  de  receitas:  receitas  públicas,  quando  previstas  em  lei,  são  sempre  obrigatórias.  Em  caso  de  renúncia,  por  política  fiscal,  deve  haver  a  fiscalização  do  Poder  Público  

Participação  dos  Poderes  Legislativo  e  Judiciário  

-­‐ Sistema  de  controle  instituído  foi  o  legislativo,  exercido  pelo  Congresso  Nacional,  que  deve  controlar  as  receitas  e  despesas  públicas.  Todas  as  decisões  podem  ser  aferidas  e  reapreciadas  pelo  Poder  Judiciário  naquilo  que  diz  respeito  à  legalidade  dos  atos  praticados.  

Tipos  de  controle  

Controle  interno  

-­‐ O   controle   interno   cabe   aos   três   órgãos   do   Poder   tanto   individualmente,   de   acordo   com   suas   características  próprias,  e,  ao  mesmo  tempo,  de  maneira  integrada,  a  fim  de  que  haja  coordenação  e  uniformização  dos  com-­‐portamentos  e  providências.  

-­‐ Art.  75-­‐78  da  Lei  4320/64:  O  controle  será  prévio,  concomitante  (durante  a  realização  da  despesa)  e  subseqüen-­‐n-­‐

tamento,    

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-­‐ Súmula  473  STF:  controle  poderá  ser  de   legalidade,  hipótese  em  que,  se  constatado  o  vício,  ato  será  anulado  pelo  agente  hierarquicamente  superior  ou  próprio  agente  do  ato,  ou  de  mérito,  em  que  se  apura  e  afere  a  lega-­‐lidade,  conveniência  ou  oportunidade  da  despesa.  

-­‐ Constituição  estabelece  responsabilidade  solidária  daquele  que  praticou  a  irregularidade  ou  ilegalidade  e  daque-­‐le  a  quem  incumbe  a  fiscalização.  Evita-­‐se  assim  prevaricação  no  serviço  público.  

-­‐   legitimidade  ativa  para  denúncia  de  ilegalidade,  um  apelo  ao  e-­‐

xercício  da  cidadania.  -­‐ Está  obrigado  à  prestação  de  contas  toda  e  qualquer  pessoa  que   lide  com  recursos  públicos,  nova  redação  do  

Art.  70  da  CF  impede  exceções.  

Controle  externo  

-­‐ O  controle  externo  é  desenvolvido  pelo  Poder  Legislativo,  com  o  auxílio  do  Tribunal  de  Contas  da  União,  e  é  ob-­‐jeto  de  análise  em  um  capítulo  próprio.  

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Capítulo  22:  Responsabilidade  fiscal  (Lei  de  Responsabilidade  Fiscal    LC  101/2000)  

Generalidades  

-­‐ Instrumento  regulador  das  contas  públicas  do  país.  -­‐ Surge  num  contexto  de  descontrole  dos  gastos  públicos,  com  gestões  assumindo  já  impossibilitadas  de  cumprir  

programas  de  governo  por  conta  do  compromisso  com  desequilíbrios  financeiros    legados  pelas  gestões  anterio-­‐res.  

-­‐ Exigência  do  FMI    experiência  do  Fundo  em  gestão  de  finanças  públicas  quando  do  resgate  financeiro  de  países  em  crise    promoção  de  transparência  em  gestão  fiscal      modelo:  Fiscal  Responsibility  Act  da  Nova  Zelândia.  

-­‐ Visa   coibir   práticas   como:   desequilíbrio   orçamentário,   gasto   excessivo   com  pessoal,   opções   irresponsáveis   de  crédito,  descuido  com  o  patrimônio  público.  

-­‐ LRF  disciplina  os  arts.  163  (Normas  Gerais  de  Finanças  Públicas)  e  169  (Limites  com  gasto  de  pessoal)da  CF.  -­‐ Vigência:  imediata  (entra  em  vigor  na  data  da  publicação).  STF  decidiu  que  normas  que  cuidam  de  finanças  pu-­‐

blicas  tem  vigência  imediata.  -­‐ Limites  de  gasto  para  os   três  poderes   (Legislativo,  Executivo  e   Judiciário,  bem  como  o  Ministério  Público  e  os  

Tribunais  de  Contas)  e  as  três  esferas  de  governo  (União,  Estados    e  Municípios).  É  lei  NACIONAL  e  não  FEDERAL  (válida  para  os  três  entes  da  federação  e  não  apenas  para  a  União).  

A  responsabilidade  na  gestão  fiscal  pressupõe  

-­‐ Ação  planejada  e  transparente;  -­‐ Prevenção  de  riscos  e  correção  de  desvios  capazes  de  afetar  o  equilíbrio  das  contas  públicas;  -­‐ Cumprimento  de  metas  de  resultados  entre  receitas  e  despesas;  -­‐ Obediência   a   limites   e   condições   no   que   tange   a   renúncia   de   receita,   geração   de   despesas   com   pessoal,   da  

seguridade  social  e  outras,  dívidas  consolidada  e  mobiliária,  operações  de  crédito,  inclusive  por  antecipação  de  receita,  concessão  de  garantia  e  inscrição  em  Restos  a  Pagar.  

As  disposições  da  LRF  obrigam  a  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios.  

A  LRF  se  apoia  em  4  eixos  

PLANEJAMENTO    TRANSPARÊNCIA    CONTROLE  -­‐  RESPONSABILIZAÇÃO    

-­‐ Planejamento      aprimorado  pela  criação  de  novas  informações,  metas,  limites  e  condições  para  a  renúncia  de  receitas  e  geração  de  despesas  (inclusive  com  pessoal  e  seguridade),  assunção  de  dívidas,  operações  de  crédito  e  concessão  de  garantias.  

-­‐ Transparência    divulgação  ampla,  inclusive  pela  internet,  de  quatro  relatórios  de  acompanhamento  da  gestão  fiscal,  permitindo  identificar  receitas  e  despesas:  Anexo  de  Metas  Fiscais,  Anexo  de  Riscos  Fiscais,  Relatório  Re-­‐sumido  de  Execução  Orçamentária  (RREO)  e  Relatório  de  Gestão  Fiscal  (RGF).  

-­‐ Controle     aprimorado  pela  maior   transparência  e  pela  qualidade  das   informações,   exigindo  uma   fiscalização  mais  efetiva  e  contínua  dos  Tribunais  de  Contas  (âmbito  da  União  e  dos  Estados;  apenas    alguns  municípios  tem  TCU).  

-­‐ Responsabilização    sanções  sempre  que  houver  o  descumprimento  de  regras,  com  suspensão  das  transferên-­‐cias  voluntárias,  garantias,  e  permissão  para  contratação  de  operações  de  crédito.  Responsáveis  sofrem  sanções  previstas  na  legislação  sobre  crimes  de  responsabilidade  fiscal.  

-­‐ Objetivosfixação  do  agente  responsável.  É  redefinir  a  cultura  da  atividade  pública  do  país,  não  apenas  dar  contorno  jurídi-­‐co  ao  comportamento  político.  É  verdadeira  evolução  conceitual,  de  forma  a  que  o  agente  público  saiba  que  e-­‐

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xerce,  não  apenas  um  mandato  ou  um  a  função,  mas  que  é  integrante  de  uma  ordem  completa  de  preservação    

Conceitos  operacionais:  

-­‐ Ente  da  Federação  -­‐  a  União,  cada  Estado,  o  Distrito  Federal  e  cada  Município;  -­‐ Empresa   controlada   -­‐   sociedade   cuja   maioria   do   capital   social   com   direito   a   voto   pertença,   direta   ou  

indiretamente,  a  ente  da  Federação;  -­‐ Empresa  estatal  dependente   -­‐  empresa  controlada  que   receba  do  ente  controlador   recursos   financeiros  para  

pagamento  de  despesas  com  pessoal  ou  de  custeio  em  geral  ou  de  capital,  excluídos,  no  último  caso,  aqueles  provenientes  de  aumento  de  participação  acionária;  

-­‐ Receita   corrente   líquida   -­‐   somatório   das   receitas   tributárias,   de   contribuições,   patrimoniais,   industriais,  agropecuárias,  de  serviços,  transferências  correntes  e  outras  receitas  também  correntes,  deduzidos:  

Na  União,  os  valores  transferidos  aos  Estados  e  Municípios  por  determinação  constitucional  ou  legal,  e  as   contribuições   para   a   previdência   social   do   empregador   incidente   sobre   prestação   de   serviço   de  terceiros   e   a   contribuição  à   previdência   feita   pelo   trabalhador   e   também  as   contribuições   para  o   PIS  (Programa  de  Integração  Social);  

 Nos  Estados,  as  parcelas  entregues  aos  Municípios  por  determinação  constitucional;  

Na  União,  nos  Estados  e  nos  Municípios,  a  contribuição  dos  servidores  para  o  custeio  do  seu  sistema  de  previdência  e  assistência  social  e  as   receitas  provenientes  da  compensação  financeira  entre  diferentes  sistemas  de  previdência.  

A  respeito  da  receita  corrente  líquida,  ela  será  apurada  somando-­‐se  as  receitas  arrecadadas  no  mês  em  referência  e  nos  onze  anteriores,  excluídas  as  duplicidades.  

Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (Art.  4º)  

-­‐ Pelo  artigo  165  da  Constituição  Federal,  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  é  o  instrumento  de  planejamento  que  estabelece  as  metas  e  prioridades  da  administração  pública,  incluindo  as  despesas  de  capital  para  o  exercício  fi-­‐nanceiro  subseqüente,  que  orienta  a  elaboração  da  Lei  Orçamentária  Anual  e  dispõe  sobre  as  alterações  na  legis-­‐lação  tributária.  

-­‐ A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  define  maior  especificidade  da  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  a  saber:  

1)  Disporá  sobre  o  equilíbrio  entre  receitas  e  despesas,  critérios  e  forma  de  limitação  de  empenho,  nor-­‐mas  para  o  controle  de  custos  e  avaliação  dos  resultados  dos  programas  e  condições  para  transferências  de  recursos  a  entidades  públicas  e  privadas.  

2)    Conterá  o  Anexo  de  Metas  Fiscais  (Plano  Trienal),  que:                                                                                                                                     A)  Fixará  metas  anuais  para  receitas,  despesas,  resultados  nominal  e  primário    e  montante  da  dí-­‐

vida  para  o  exercício  a  que  se  referirem  e  para  os  dois  exercícios  seguintes;                                                                                                   B)  Fará  a  avaliação  do  cumprimento  das  metas  relativas  ao  ano  anterior;                                                                                                 C)  Conterá  demonstrativo  das  metas  anuais,   instruído  com  memória  e  metodologia  de  cálculo  

que  justifiquem  os  resultados  pretendidos,  comparando-­‐as  com  as  fixadas  nos  três  exercícios  an-­‐teriores  e  evidenciando  a  consistência  delas  com  as  premissas  e  os  objetivos  da  política  econô-­‐mica  nacional;                                                                                                                                                                                                                                                    

D)  Apresentará  a  evolução  do  patrimônio   líquido  nos  últimos  três  exercícios,  destacando  a  ori-­‐gem  e  a  aplicação  dos  recursos  obtidos  com  a  alienação  de  ativos;                                                                                                                  

E)  Fará  a  avaliação  financeira  e  atuarial  de  todos  os  fundos  e  programas  estatais  de  natureza  a-­‐tuarial;  e                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

F)  Fará  o  demonstrativo  da  estimativa  e  compensação  da  renúncia  de  receita  e  da  margem  de  expansão  das  despesas  obrigatórias  de  caráter  continuado.  

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3)  Conterá  o  Anexo  de  Riscos  Fiscais,  onde  serão  avaliados  os  passivos  contingentes  e  outros  riscos  capa-­‐zes  de  afetar  as  contas,  informando  as  providências,  caso  se  concretizem.  Exemplo  disso  é  a  possibilida-­‐de  de  aumento  das  despesas  de  pessoal  por  força  de  possível  decisão  desfavorável  à  prefeitura  em  pro-­‐cesso  movido  por  parcela  do   funcionalismo  reivindicando   reajuste   salarial  não  concedido,  em  suposto  desrespeito  à  lei  salarial  em  vigor.  

4)  Determinará  a  forma  de  utilização  e  o  montante,  definido  com  base  na  receita  corrente  líquida,  dos  pagamentos  de  passivos  contingentes  e  outros  riscos  e  eventos  fiscais  imprevistos.  

5)  Determinará  as  despesas  que  não  serão  objeto  de  limitação,  respeitados  os  limites  para  essas  despe-­‐sas  definidos  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Os  Municípios  que  não  tinham  a  Lei  de  Diretrizes  Orça-­‐mentárias  aprovada  até  5  de  maio  de  2000  deverão  elaborá-­‐la  segundo  as  novas  regras  da  Lei  de  Res-­‐ponsabilidade  Fiscal.  

Até  a  promulgação  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  para  a  maioria  dos  Muni-­‐cípios,  era  apenas  um  mero  indicador  de  intenções  genéricas  do  governo  municipal.  Agora,  a  LDO  deverá  ser  um  verdadeiro  instrumento  de  planejamento  e  norteador  de  elaboração  da  Lei  Orçamentária  Anual.  

Lei  Orçamentária  Anual  (Art.  5º)  

-­‐ A  Lei  Orçamentária  Anual  deverá  ser  elaborada  de  forma  compatível  com  o  Plano  Plurianual,  com  a  Lei  de  Dire-­‐trizes  Orçamentárias  e  com  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  sendo  que:  

-­‐ Conterá  demonstrativo  da  compatibilidade  da  programação  dos  orçamentos  com  os  objetivos  e  metas  constan-­‐tes  da  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias;  

-­‐ Será  acompanhada  do  demonstrativo  do  efeito,  sobre  as  receitas  e  despesas,  decorrente  de  renúncia  de  receita  e  do  aumento  de  despesas  obrigatórias  de  caráter  continuado;  

-­‐ Conterá   reserva   de   contingência,   definida   com   base   na   receita   corrente   líquida,   destinada   ao   pagamento   de  passivos  contingentes;  e  

-­‐ Não  consignará  dotação  para  investimento,  com  duração  superior  a  um  exercício  financeiro,  que  não  esteja  pre-­‐visto  no  Plano  Plurianual  ou  em  lei  que  autorize  sua  inclusão.  A  realização  desse  tipo  de  investimento,  sem  pré-­‐via  inclusão  no  Plano  Plurianual,  ou  sem  lei  que  autorize  sua  inclusão,  caracterizará  crime  de  responsabilidade,  nos  termos  do  parágrafo  1º  do  artigo  167  da  Constituição  Federal.  

-­‐ A  Lei  Orçamentária  Anual  conterá,  também,  três  novas  regras:  

1)  As  despesas  relativas  à  dívida  pública,  bem  como  as  receitas  que  as  atenderão,  deverão  constar  da  Lei  Orçamentária  Anual;  já  o  refinanciamento  da  dívida  deverá  constar  separadamente.  

2)  A  atualização  monetária  do  principal  da  dívida  mobiliária  refinanciada  não  poderá  superar  a  variação  do  índice  de  preços  previsto  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  ou  em  legislação  específica.  

3)  É  vedado  consignar  na  Lei  Orçamentária  Anual  crédito  com  finalidade  imprecisa  ou  com  dotação  ilimi-­‐tada.  Deve  ser  destacada  a  transparência  proposta  pela  Lei  Orçamentária  Anual,  o  que  facilitará  seu  a-­‐companhamento  pelas  Câmaras  Municipais  e  pela   sociedade   civil,   através  dos  novos  anexos,   e  princi-­‐palmente  um  maior  controle  das  operações  de  crédito  e  serviço  da  dívida.  

-­‐ A  Constituição,  em  seu  artigo  165,  estabelece  algumas  regras  que  convém  ressaltar:  

1)  O  projeto  de  lei  orçamentária  será  acompanhado  de  demonstrativo  sobre  as  receitas  e  despesas  con-­‐tendo  as  isenções,  as  anistias,  as  remissões,  os  subsídios  e  os  benefícios  financeiros,  tributários  e  credití-­‐cios;  e  

2)  A  Lei  Orçamentária  Anual  não  conterá  dispositivo  estranho  à  previsão  da  receita  e  à  fixação  da  despe-­‐sa,  não  se  incluindo  na  proibição  a  autorização  para  a  abertura  de  créditos  suplementares  e  para  a  con-­‐tratação  de  operações  de  crédito,  ainda  que  por  antecipação  de  receita.  

-­‐ Pelo  artigo  167  da  Constituição,  são  vedados:  

1)  O  início  de  programas  ou  projetos  não  incluídos  na  Lei  Orçamentária  Anual;  

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2)  A  realização  de  despesas  ou  a  assunção  de  obrigações  diretas  que  excedam  os  créditos  orçamentários  ou  adicionais;  

-­‐ O  mesmo  artigo  167  da  Constituição  estabelece  também  que:  

1)  Nenhum  investimento  cuja  execução  ultrapasse  um  exercício  financeiro  poderá  ser  iniciado  sem  pré-­‐via  inclusão  no  Plano  Plurianual  ou  sem  lei  que  autorize  a  inclusão,  sob  pena  de  crime  de  responsabilida-­‐de;  

2)  Os  créditos  especiais  e  extraordinários  terão  vigência  no  exercício  financeiro  em  que  forem  autoriza-­‐dos,  salvo  se  o  ato  de  autorização  for  promulgado  nos  últimos  quatro  meses  desse  exercício,  caso  em  que,  reabertos  nos  limites  de  seus  saldos,  serão  incorporados  ao  orçamento  do  exercício  financeiro  sub-­‐seqüente;  

3)  A  abertura  de  crédito  extraordinário  somente  será  admitida  para  atender  a  despesas  imprevisíveis  e  urgentes,  como  as  decorrentes  de  guerra,  comoção  interna  ou  calamidade  pública;  

4)  É  permitida  a  vinculação  de  receitas  próprias  geradas  pelos  impostos  próprios  dos  Estados  e  Municí-­‐pios  e  dos  recursos  relativos  a  transferências  constitucionais,  para  prestação  de  garantia  ou  contragaran-­‐tia  à  União  e  para  pagamentos  de  débitos  para  com  esta;  e  

5)  Os  recursos  correspondentes  às  dotações  orçamentárias,  compreendidos  os  créditos  suplementares  e  especiais,  destinados  aos  órgãos  dos  Poderes  Legislativo  e  Judiciário  e  do  Ministério  Público,  ser-­‐lhes-­‐ão  entregues  até  o  dia  20  de  cada  mês,  na  forma  da  Lei  Complementar.  A  Constituição,  em  seu  artigo  29-­‐A,  cujos  efeitos  dar-­‐se-­‐ão  a  partir  de  1º  de  janeiro  de  2001,  estabelece  que  o  total  da  despesa  do  Poder  Le-­‐gislativo  municipal,  incluídos  os  subsídios  dos  vereadores  e  excluídos  os  gastos  com  inativos,  não  poderá  ultrapassar   os   seguintes   percentuais,   relativos   ao   somatório   da   receita   tributária   e   das   transferências  constitucionais  efetivamente  realizado  no  exercício  anterior:  

o A)  8%  para  Municípios  com  população  de  até  100  mil  habitantes;  o B)  7%  para  Municípios  com  população  entre  100.001  e  300  mil  habitantes;  o  C)  6%  para  Municípios  com  população  entre  300.001  e  500  mil  habitantes;  e  o  D)  5%  para  Municípios  com  população  acima  de  500  mil  habitantes.  

-­‐ A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  não  prevê  nenhum  limite  para  a  margem  de  suplementação  orçamentária,  que,  se  for  elevada,  pode  distorcer  a  execução  do  orçamento  aprovado,  frustrando  todo  o  processo  de  discussão  para  o   estabelecimento   dos   programas   de   governo.   Cumpre   observar   que   continuam   válidas   as   normas   da   Lei  4.320/64,  embora,  se  houver  conflito  com  algum  dispositivo  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  prevaleça  essa  por  ser  lei  complementar  e  mais  recente.  

Execução  Orçamentária  e  Cumprimento  das  Metas  (Art.  8º  a  10)  

-­‐ A  execução  orçamentária  de  2000  deve  seguir  as  normas  estabelecidas  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  ainda  que  o  orçamento  tenha  sido  feito  anteriormente  Até  30  dias  após  a  publicação  dos  orçamentos,  o  Executivo  es-­‐tabelecerá  o  cronograma  de  execução  mensal  de  desembolso.  Ao  final  de  um  bimestre,  se  verificado  que  a  reali-­‐zação  da  receita  poderá  não  comportar  o  cumprimento  das  metas  de  resultado  primário  ou  nominal  estabeleci-­‐das  no  Anexo  de  Metas  Fiscais,  os  Poderes  e  o  Ministério  Público  promoverão,  nos  30  dias  subseqüentes,  limita-­‐ção  de  empenho  segundo  critérios  fixados  pela  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias.    

-­‐ Não  serão  objetos  de   limitação  as  despesas  que  constituam  obrigações   legais,   inclusive  aquelas  destinadas  ao  pagamento  do  serviço  da  dívida  e  as  ressalvadas  por  essa  lei.  No  caso  de  restabelecimento  da  receita  prevista,  ainda  que  parcial,  a  recomposição  das  dotações,  cujos  empenhos  foram  limitados,  dar-­‐se-­‐á  de  forma  proporcio-­‐nal  às  reduções  efetivadas.  No  caso  de  o  Legislativo  ou  o  Judiciário  ou  o  Ministério  Público  não  promoverem  su-­‐as  próprias  limitações  no  prazo  estabelecido,  fica  o  Poder  Executivo  autorizado  a  fazê-­‐lo  segundo  os  critérios  fi-­‐xados  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias.  

-­‐ Até  o  final  dos  meses  de  maio,  setembro  e  fevereiro,  o  Executivo  avaliará  o  cumprimento  das  metas  fiscais  de  cada  quadrimestre,  em  audiência  pública  na  Câmara  Municipal.  

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-­‐ Os  sistemas  de  contabilidade  e  administração  financeira  deverão   identificar  os  beneficiários  de  pagamento  de  sentenças  judiciais,  para  a  observância  da  ordem  cronológica  determinada  pelo  artigo  100  da  Constituição  Fede-­‐ral.  No  entanto,  é  sempre  conveniente  lembrar  que  a  programação  dessa  despesa,  ao  ser  incluída  na  Lei  Orça-­‐mentária  Anual,  deverá  constar  apenas  pelo  título  da  despesa  e  pelo  seu  valor  total,  sem  qualquer  identificação  dos  beneficiários,  face  ao  princípio  de  que  o  orçamento  não  conterá  nomes  nem  matéria  estranha.  

-­‐ A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  cria  a  limitação  de  empenho,  que  passa  a  ser  obrigatória,  caso  a  realização  da  receita  não  possa  comportar  o  cumprimento  das  metas  de  resultado  primário  ou  nominal  estabelecidas  no  Ane-­‐xo  de  Metas  Fiscais.  Isso  pode  constituir  um  freio  à  execução  orçamentária.  Tal  fato  reforça  ainda  mais  a  neces-­‐sidade  de  que  a  elaboração  do  Anexo  de  Metas  Fiscais  se  proceda  de  forma  realista,  calcada  em  dados  bastante  seguros,  e  a  melhores  planejamento  e  gestão  das  receitas  municipais.  É  importante,  portanto,  o  estabelecimento  de  critérios  bastante  adequados  para  a  limitação  de  empenho  e  das  despesas  que  não  serão  objeto  de  limitação  na  estruturação  da  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  de  modo  a  permitir  uma  melhor  gestão  fiscal  que  possa  ga-­‐rantir  as  prioridades  de  governo.    

Previsão  da  Arrecadação  (Art.  11  a  13)  

-­‐ São  obrigatórias  a  instituição,  a  previsão  e  a  efetiva  arrecadação  de  todos  os  tributos  de  competência  da  prefei-­‐tura.  A   inobservância  dessa  determinação   impedirá  que  ela  receba  transferências  voluntárias.  As  previsões  de  arrecadação  serão  acompanhadas  de  demonstrativo  da  evolução  da  receita  nos  últimos  três  exercícios,  da  proje-­‐ção  para  os  dois  exercícios  seguintes  e  da  metodologia  de  cálculo  e  premissas  utilizadas.  

-­‐ A  Câmara  Municipal  só  poderá  fazer  alterações  na  receita  estimada  se  comprovado  erro  ou  omissão  de  ordem  técnica  ou  legal.  

-­‐ A  previsão  do  montante  de  operações  de  crédito  não  poderá  ser  superior  ao  montante  das  despesas  de  capital,  constantes  do  projeto  de  lei  orçamentária.  

-­‐ O  Executivo  colocará  à  disposição  da  Câmara  Municipal,  do  Tribunal  de  Contas  e  do  Ministério  Público,  no  míni-­‐mo  30  dias  antes  do  prazo  final  para  o  encaminhamento  de  suas  propostas  orçamentárias,  os  estudos  e  as  esti-­‐mativas  das  receitas,  inclusive  da  receita  corrente  líquida,  para  o  exercício  subseqüente  e  as  memórias  de  cálcu-­‐lo.  

-­‐ Até  30  dias  após  a  publicação  dos  orçamentos,  as  receitas  previstas  serão  desdobradas  em  metas  bimestrais  de  arrecadação,  com  especificação  das  medidas  de  combate  à  evasão  e  à  sonegação,  quantidade  e  valores  de  ações  para  a  cobrança  da  dívida  ativa  e  dos  créditos  passíveis  de  cobrança  administrativa.  

-­‐ Vinha  sendo  prática  corrente  na  maior  parte  das  prefeituras  estabelecer  primeiro  as  despesas  e  depois  prever  as  receitas,  de  forma  que  essas  totalizassem  o  valor  daquelas.  Isso  fazia  com  que  o  orçamento  ficasse  artificial,  ge-­‐rando  uma  série  de  problemas,  como  a  disputa  interna  no  governo  por  verbas,  atritos  com  a  Câmara  Municipal  e  desgaste  com  a  população,  que  concluía  que  não  bastava  ter  a  reivindicação  incluída  no  orçamento  se  não  havia  os  recursos  necessários.  

A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  obriga  o  Executivo  a  apresentar  a  previsão  detalhada  e  tecnicamente  justificada  da  receita  30  dias  antes  da  entrega  da  proposta  orçamentária,  bem  como  seu  desdobramento  em  metas  bimes-­‐trais  para  melhor  controle  da  gestão  das  receitas.  

-­‐ Passam  a  ser  obrigatórias  a  instituição  e  a  efetiva  arrecadação  de  todos  os  tributos  da  competência  da  prefeitu-­‐ra;  a   inobservância  disso   impedirá  que  ela   receba  transferências  voluntárias.  Os  poucos  Municípios  que  ainda  não  cobram  os  tributos  de  sua  competência  deverão  preparar  projetos  de  leis  tributárias  para  ser  apreciados  pe-­‐las  Câmaras  Municipais,  ainda  este  ano,  para  vigorar  a  partir  de  2001.  É  importante  destacar  que  a  maioria  dos  Municípios  já  vem  cobrando  seus  tributos.  Pelos  dados  de  1997  da  Secretaria  do  Tesouro  Nacional,  do  total  de  Municípios,  95%  cobravam  ISS,  94%  taxas,  90%  IPTU  e  apenas  18%  Contribuição  de  Melhoria.  

Renúncia  de  Receita  (Art.  14)  

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A  renúncia  de  receita  compreende  a  anistia,  a  remissão,  o  subsídio,  o  crédito  presumido,  a  concessão  de  isenção  em  caráter  não  geral,  a  alteração  de  alíquota  ou  a  modificação  de  base  de  cálculo  que  implique  redução  de  recei-­‐ta.  

-­‐ Toda  renúncia  de  receita  deverá:  -­‐ 1)  Estar  acompanhada  de  estimativa  do  impacto  orçamentário-­‐financeiro  no  exercício  em  que  deva  ini-­‐

ciar  sua  vigência  e  nos  dois  exercícios  seguintes;  e  -­‐ 2)  Atender  ao  disposto  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  a  pelo  menos  uma  das  seguintes  condições:  

A)  Demonstração,  pelo  proponente,  de  que  a  renúncia  foi  considerada  na  estimativa  de  receita  da  Lei  Orçamentária  Anual  e  que  não  afetará  as  metas  de  resultados  fiscais  previstas;  e  

B)  Estar  acompanhada  de  medidas  de  compensação  no  exercício  em  que  deva   iniciar  sua  vi-­‐gência  e  nos  dois  exercícios  seguintes.  o Essa  compensação  poderá  ser  concretizada  através  do  aumento  de  receita  proveniente  

da  elevação  de  alíquotas,  da  ampliação  da  base  de  cálculo  e  da  majoração  ou  criação  de  tributo  ou  contribuição.  Caso  seja  necessária  a  adoção  da  compensação,  a  renúncia  só  entrará  em  vigor  quando  implementadas  as  medidas  de  compensação.  

-­‐ Pode  ser  feita  a  renúncia  de  receita  para  o  cancelamento  de  débito  cujo  montante  seja  inferior  ao  dos  respecti-­‐vos  custos  de  cobrança.  

A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  ao  dificultar  a  renúncia  de  receita,  deverá  garantir  maior  nível  de  arrecadação,  eliminando  a  pressão  dos  contribuintes  que  visam  obter  benefícios  fiscais  sobre  o  Executivo,  e  imporá  restrições  à  guerra  fiscal  entre  Municípios.  

Geração  da  Despesa  (Art.  15  e  16)  

-­‐ É  irregular,  não  autorizada  e  lesiva  ao  patrimônio  a  criação,  a  expansão  ou  o  aperfeiçoamento  de  ação  de  gover-­‐no  que  acarrete  aumento  da  despesa  quando  não  for  acompanhada  de  estimativa  do  impacto  orçamentário  fi-­‐nanceiro  e  não  contenha  declaração  do  ordenador  da  despesa  de  que  o  aumento  é  compatível  com  a  Lei  Orça-­‐mentária  Anual,  com  o  Plano  Plurianual  e  com  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias.  A  estimativa  deve  apresentar  as  premissas  e  a  metodologia  de  cálculo  utilizada.  

-­‐ Para  ser  compatível  com  a  Lei  Orçamentária  Anual,  a  despesa  deve  ter  dotação  específica  e  suficiente  ou  estar  abrangida  por  crédito  genérico,  de  forma  que,  somadas  todas  as  despesas  da  mesma  espécie,  realizadas  e  a  rea-­‐lizar,  previstas  no  programa  de  trabalho,  não  sejam  ultrapassados  os  limites  estabelecidos  para  o  exercício.  

-­‐ Enquadram-­‐se  nessas  restrições  o  empenho  e  a  licitação  de  serviços,  o  fornecimento  de  bens  ou  a  execução  de  obras  e  a  desapropriação  de  imóveis  urbanos.  

-­‐ A  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  poderá  indicar  a  despesa  considerada  irrelevante,  para  as  quais  não  se  aplicam  essas  restrições.  Trata-­‐se  de  despesas  de  valor  inferior  a  um  certo  montante  de  pequeno  valor.  

-­‐ A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal   impõe,  assim,  sérias  restrições  às  despesas  não  previstas,   fazendo  com  que  o  Executivo  faça  uma  proposta  orçamentária  mais  cuidadosa  e  realista.  O  ordenador  da  despesa  passa  a  assumir  maior  responsabilidade,  pois  terá  de  declarar  que  o  aumento  de  despesa  foi  previsto  na  Lei  Orçamentária  Anual,  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  no  Plano  Plurianual,  bem  como  responder  por  tal  afirmação.  

Despesa  Obrigatória  de  Caráter  Continuado  (Art.  17)  

-­‐ É  a  despesa  corrente  derivada  de   lei,  medida  provisória  ou  ato  administrativo  normativo  que   fixe  a  obrigação  legal  de  sua  execução  por  um  período  superior  a  dois  exercícios.  

-­‐ Incluem-­‐se   como  despesa  de   caráter   continuado,  por  exemplo,  os   aumentos   salariais   ao   funcionalismo  dados  acima  do  reajuste  que  recompõe  a  perda  inflacionária,  contratar  funcionários,  adequar  planos  de  carreiras,  o  ato  que  cria  ou  aumenta  os  cargos  públicos,  prestar  novos  tipos  de  assistência  social,  a  instituição  do  programa  de  renda  mínima  e  programas  de  bolsa-­‐escola.  

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-­‐ Essas  despesas  têm  tratamento  especial  na  lei,  pois  geram  despesas  além  do  normal  da  administração,  criando  déficits  orçamentários,  a  menos  que  haja  compensações  que  anulem  seu  efeito  financeiro.  Com  a  Lei  de  Respon-­‐sabilidade  Fiscal,  essas  despesas  tornam-­‐se  mais  difíceis  de  ser  realizadas,  pois  os  atos  que  as  criarem  ou  as  am-­‐pliarem  (salvo  para  o  serviço  da  dívida  ou  o  reajustamento  de  remuneração  de  pessoal)  deverão  satisfazer  a  três  condições:  

1)  Apresentar  a  estimativa  do  impacto  orcamentário-­‐financeiro  no  exercício  em  que  deva  entrar  em  vi-­‐gor  e  nos  dois  exercícios  subseqüentes,  com  as  premissas  e  metodologia  de  cálculo  utilizadas;  

2)  Demonstrar  a  origem  dos  recursos  para  seu  custeio,  devendo  seus  efeitos  financeiros  ser  compensa-­‐dos  pelo  aumento  permanente  de  receita  ou  pela  redução  permanente  de  despesa;  e  

3)  Apresentar  a  comprovação  de  que  a  despesa  criada  ou  aumentada  não  afetará  as  metas  de  resultados  fiscais  previstas  no  Anexo  de  Metas  Fiscais.  

-­‐ Considera-­‐se  aumento  permanente  de  receita  aquele  proveniente  da  elevação  de  alíquotas,  ampliação  da  base  de  cálculo,  majoração  ou  criação  de  tributo.  Não  são  consideradas  para  esse  efeito  as  melhorias  na  administra-­‐ção  das  receitas,  como,  por  exemplo,  a  ampliação  do  número  de  contribuintes  e  o  resultado  do  combate  à  sone-­‐gação.  

-­‐ A   criação  ou   a   ampliação  dessas   despesas   não   será  executada   antes   da   implementação  dessas  medidas,   que  integrarão  o   instrumento  que  as  criarem  ou  aumentarem.  Sua  criação  deve   incorporar  a  anulação  de   impacto  negativo  no  resultado  primário  ou  nominal.  

Despesas  com  Pessoal  (Art.  18  a  20)  

A  despesa   total   com  pessoal   é  o   somatório  dos  gastos   com  ativos,   inativos,  pensionistas,   relativos  a  mandatos  eletivos,  cargos,  funções  ou  empregos,  civis,  militares  e  de  membros  de  Poder,  com  vencimentos  e  vantagens,  fixas  e  variáveis,  subsídios,  proventos  da  aposentadoria,  reformas  e  pensões,  adicionais,  gratificações,  horas  extras  e  vantagens  pessoais  de  qualquer  natureza,  bem  como  encargos  sociais  e  contribuições  recolhidas  pela  prefeitura  às  entidades  de  previdência.  

-­‐ Os  valores  dos  contratos  de  terceirização  de  mão-­‐de-­‐obra  que  se  referem  à  substituição  de  servidores  e  empre-­‐gados  públicos  serão  contabilizados  como  "outras  despesas  de  pessoal".  

-­‐ Embora  a  intenção  do  legislador  tenha  sido  a  de  evitar  o  crescimento  das  despesas  de  pessoal  por  meio  da  ter-­‐ceirização  de  mão-­‐de-­‐obra,  aqui  podem  caber  diferentes  interpretações,  a  saber:  

O  caput  do  artigo  18  define  a  "despesa  total  com  pessoal"  e  o  seu  parágrafo  1º,  o  que  são  "outras  des-­‐pesas  de  pessoal".  Em  nenhum  momento  manda  englobar  as  outras  despesas  à  despesa  de  pessoal.  As-­‐sim,  trata-­‐se  de  outras  despesas  de  pessoal  e  não  faz  parte  da  "despesa  total  com  pessoal".  

O  caput  só  faz  referência  a  gastos  com  servidores  e  só  se  orçam  e  contabilizam  como  despesas  com  pes-­‐soal  aquelas  realizadas  com  servidores.  Por  outro  lado,  pode-­‐se  argüir  que  o  parágrafo  1º,  do  art.  18,  es-­‐tá  integrado  ao  caput,  a  começar  por  constar  do  mesmo  artigo/dispositivo.  Além  disso,  o  título  da  conta  previsto  no  parágrafo  tem  a  palavra  "outras".  Ora,  pela  prática,  só  são  orçados  ou  contabilizados  como  outras,  demais  despesas,  aqueles  gastos  que  fazem  parte  de  uma  mesma  categoria  mas  não  se  enqua-­‐dram  dentre  as  contas  detalhadas/discriminadas  anteriormente.  Assim,  a  terceirização  deve  ser  contabi-­‐lizada  como  despesa  total  com  pessoal.  

Os  contratos  firmados  sempre  colocam  como  objeto  a  prestação  de  serviços.  Não  é  possível  caracterizar  formalmente  que  esses   contratos   irão  provocar   a   substituição  de  pessoal  na  administração  pública,   a  menos  que  se  explicite  no  contrato  tratar-­‐se  de  contratação  de  mão-­‐de-­‐obra.  

-­‐ Será  difícil   caracterizar  a   terceirização  como  despesa   total   com  pessoal,  a  não  ser  que   interesse  ao  Município  escapar  do  limite  que  a  lei   impõe  às  despesas  com  serviços  de  terceiros,  que  não  poderão,  em  termos  de  per-­‐centual  da  receita  corrente  líquida,  ultrapassar  a  verificada  em  1999  até  2003.  Se  o  Município  estiver  sem  pro-­‐blemas  com  o  limite  de  despesa  total  com  pessoal  previsto  na  lei  e  apresentar  problemas  com  o  limite  das  des-­‐

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pesas  com  serviço  de  terceiros,  o  dispositivo  da  terceirização,  previsto  no  parágrafo  1º,  do  artigo  18,  pode  servir  para  burlar  o  limite  de  expansão  previsto  na  lei  para  as  despesas  com  esses  serviços.  

-­‐ Admitindo-­‐se,  contudo,  que  seja  considerada  a  terceirização  como  despesa  total  com  pessoal,  a  questão  é  saber  como  medir  quanto  dos  serviços  contratados  a  partir  da  entrada  da  lei  em  vigor  refere-­‐se  à  terceirização.  Aqui,  há  um  enorme  grau  de  subjetividade  e  um  campo  quase  infinito  para  discussões  entre  o  Executivo  e  o  Legislativo  e  entre  governos  e  Tribunais  de  Conta.  Ainda  mais  que  não  está  prevista  a  regulamentação  dessa  matéria  por  lei  ordinária  ou  qualquer  outro  ato.  

-­‐ A  despesa  total  com  pessoal,  em  cada  período  de  apuração,  não  poderá  exceder  60%  da  receita  corrente  lí-­‐quida  para  os  Municípios,  dos  quais  54%  para  o  Executivo  e  6%  para  o  Legislativo.  

-­‐ A  despesa  total  com  pessoal  será  apurada  somando-­‐se  a  realizada  no  mês  em  referência  com  as  dos  11  meses  imediatamente  anteriores,  adotando-­‐se  o  regime  de  competência.  Nos  limites  acima  definidos  não  serão  com-­‐putadas  as  despesas:  

De  indenização  por  demissão  de  servidores  ou  empregados;  

 Relativas  a  incentivos  à  demissão  voluntária;  

Decorrentes  de  decisão  judicial  e  da  competência  de  período  anterior  ao  da  apuração;  e  

Com  inativos,  ainda  que  por  intermédio  de  fundo  específico,  custeadas  por  recursos  provenientes:  o Da  arrecadação  de  contribuições  dos  segurados;  o Da  compensação  financeira  que  considere  a  contagem  recíproca  do  tempo  de  contribuição  na  

administração  pública  e  na  atividade  privada;  e  o Das  demais  receitas  diretamente  arrecadadas  por  fundo  vinculado  a  tal  finalidade.  

A  despesa  total  com  inativos  deve  ser  diminuída  da  parcela  que  for  coberta:  o 1)  Pela  contribuição  dos  segurados;    o 2)  Pela  compensação  financeira  paga  pelo  INSS;  e/ou  (aqui  só  vale  para  quem  tem  fundo)    o 3)  Pelas  demais  receitas  próprias  de  um  fundo  específico.  Assim,  só  as  despesas  com  inativos  suportadas  

pelo  Tesouro  Municipal  devem  ser  incluídas  como  integrantes  da  despesa  total  com  pessoal.  Observe-­‐se  também  que,  na  conceituação  da   receita  corrente   líquida     indexador  do   limite  da  despesa   total   com  pessoal   ,  estão  excluídas  as  contribuições  dos  segurados  e  a  compensação  financeira  paga  pelo  INSS.  

o Assim,  há  uma  indução  à  criação  de  sistema  previdenciário  autofinanciável.   Com  relação  à  Câmara  Municipal,  existem  limitações  quanto  às  despesas  com  pessoal  nos  seguintes  casos:  

o Pelo  artigo  29,   inciso  VII,  da  Constituição,  o   total  da  despesa  com  a  remuneração  dos  vereadores  não  poderá  ultrapassar  o  montante  de  5%  da  receita  do  Município;    

o Pelo  artigo  29-­‐A,  parágrafo  1º,  a  Câmara  Municipal  não  gastará  mais  de  70%  de  sua  receita  com  folha  de  pagamento,  incluído  o  gasto  com  o  subsídio  de  seus  vereadores  

o Os  efeitos  do  artigo  29-­‐A  dar-­‐se-­‐ão  a  partir  de  1º  de  janeiro  de  2001.  o As  Câmaras  Municipais  já  estão  sujeitas,  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  ao  limite  de  6%  

da  receita  corrente   líquida  para  sua  despesa  total  com  pessoal.  Estarão,  a  partir  do  próximo  ano,  sujeitas  a  mais  três  limitações:  

1)  A  despesa  total  menos  os  gastos  com  inativos  não  poderá  superar  determinado  per-­‐centual  da  receita  tributária  mais  transferências  constitucionais;  

2)  A  remuneração  dos  vereadores  não  poderá  superar  5%  da  receita  municipal;  e   3)  A  folha  de  pagamento  não  poderá  superar  70%  da  receita.  

o Considerando  que,  na  maioria  dos  Municípios,  a  receita  corrente  líquida  e  a  receita  total  são  muito  pró-­‐ximas  da  receita  tributária  mais  transferências  constitucionais,  o  limite  de  6%  da  receita  corrente  líquida  para  a  despesa  total  com  pessoal,  estabelecido  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  poderá  ficar  acima  dos   limites  previstos  pelo  artigo  29-­‐A  da  Constituição,  especialmente  para  os  Municípios  maiores  e/ou  que  tenham  poucos  inativos.  Nesses  casos,  o  que  limita  a  despesa  total  com  pessoal  da  Câmara  Munici-­‐pal  é  o  artigo  29-­‐A  da  Constituição  e  não  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Em  qualquer  caso,  deve  ser  obedecido  o  limite  menor  entre  o  previsto  pela  Constituição  e  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  

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Controle  da  Despesa  Total  com  Pessoal  (Art.  21  a  23)  

O  Poder  ou  órgão  cuja  despesa  total  com  pessoal  em  1999  estiver  acima  dos  limites  estabelecidos  deverá  enqua-­‐drar-­‐se  no  respectivo  limite  em  até  dois  e  x  e  r  c  í  c  i  o  s  ,  eliminando  o  excesso,  gradualmente,  à  razão  de,  pelo  menos,50%  ao  ano.  A  inobservância,  no  prazo  fixado,  implicará  que  a  prefeitura  não  poderá  receber  transferên-­‐cias  voluntárias,  obter  garantia  e  contratar  operações  de  crédito,  ressalvadas  a  destinada  ao  refinanciamento  da  dívida  mobiliária  e  as  que  visem  à  redução  da  despesa  total  com  pessoal.  

Se  um  Município  tiver  uma  despesa  total  com  pessoal  de  70%  da  receita  corrente  líquida  em  1999,  apresentará  um  excesso  de  10%  dessa  receita  em  relação  ao  limite  de  60%.  Para  enquadrar-­‐se  no  limite,  ele  deverá,  até  o  fi-­‐nal  do  primeiro  exercício,  restringir  sua  despesa  total  com  pessoal  a,  no  máximo,  65%  da  receita,  tendo  que,  no  final  do  segundo  exercício,  atingir  o  limite.  

É  nulo  o  ato  que  provoque  aumento  da  despesa  total  com  pessoal  que:  o 1)  Não  tenha  a  estimativa  do  impacto  financeiro  no  exercício  e  nos  dois  exercícios  seguintes;  o 2)  Não  tenha  declaração  do  ordenador  da  despesa  de  que  será  respeitado  o  Plano  Plurianual,  a  Lei  de  Di-­‐

retrizes  Orçamentárias  e  a  Lei  Orçamentária  Anual;  o 3)  Estabeleça  a  vinculação  ou  equiparação  para  a  remuneração  de  pessoal;  o 4)  Ocorra  sem  prévia  dotação  orçamentária  e  autorização  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias;  o 5)  Não  observe  o  limite  legal  aplicado  às  despesas  com  pessoal  inativo;  e  o 6)  Ocorra  nos  180  dias  anteriores  ao  final  do  mandato.  

A  verificação  do  cumprimento  dos  limites  estabelecidos  será  realizada  ao  final  de  cada  quadrimestre.   Se  a  despesa  total  com  pessoal  exceder  95%  do  limite,  ou  seja,  51,3%  da  receita  corrente  líquida  para  o  Executi-­‐

vo  e  5,7%  da  respectiva  receita  para  o  Legislativo,  ficarão  vedados:  o 1)  Concessão  de  vantagem,  aumento,  reajuste  ou  adequação  de  remuneração  a  qualquer  título,  salvo  os  

derivados  de  sentença  judicial  ou  de  determinação  legal  ou  contratual,  assegurada  a  revisão  geral  anual,  sempre  na  mesma  data  e  sem  distinção  de  índices;  

o 2)  Criação  de  cargo,  emprego  ou  função;  o 3)  Alteração  de  estrutura  de  carreira  que  implique  aumento  de  despesa;  o 4)  Provimento  de  cargo,  admissão  ou  contratação,  ressalvada  a  reposição  decorrente  de  aposentadoria  

ou  falecimento  de  servidores  das  áreas  de  educação,  saúde  e  segurança;  e  o 5)  Contratação  de  hora  extra,  salvo  no  caso  das  situações  previstas  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias.  

Se  a  despesa  total  com  pessoal  ultrapassar  os  limites,  o  percentual  excedente  terá  de  ser  eliminado  nos  dois  qua-­‐drimestres  seguintes,  sendo  pelo  menos  1/3  no  primeiro  quadrimestre.  O  objetivo  poderá  ser  alcançado  tanto  pe-­‐la  extinção  de  cargos  e   funções  quanto  pela   redução  dos  valores  a  eles  atribuídos,   sendo   facultada  a   redução  temporária  da  jornada  de  trabalho,  com  a  adequação  dos  vencimentos  à  nova  carga  horária.  

Não  alcançada  a  redução  no  prazo  estabelecido,  e  enquanto  perdurar  o  excesso,  a  prefeitura  não  poderá  receber  transferências  voluntárias,  garantias  e  contratar  operações  de  crédito,  ressalvadas  as  destinadas  ao  refinancia-­‐mento  da  dívida  mobiliária  e  as  que  visem  à  redução  da  despesa  total  com  pessoal.  Essas  restrições  aplicam-­‐se  imediatamente  se  essa  despesa  exceder  o  limite  no  primeiro  quadrimestre  do  último  ano  do  mandato.  

Essas  sanções  aplicam-­‐se  aos  Municípios  qualquer  que  seja  o  poder  desajustado.  Se  o  Executivo  estiver  ajustado  mas  o  Legislativo  não,  ainda  assim  o  Município  será  punido.  Não  há  uma  sanção  específica  para  o  Executivo  ou  para  o  Legislativo.  

Vale  destacar  que  a  Constituição  estabelece,  em  seu  artigo  169,  as  seguintes  restrições  para  a  despesa  total  com  pessoal:  

o 1)  A  concessão  de  qualquer  vantagem  ou  aumento  de   remuneração,  a  criação  de  cargos,  empregos  e  funções   ou   alteração   de   estrutura   de   carreiras,   bem   como   a   admissão   ou   contratação   de   pessoal,   a  qualquer  título,  pela  administração  direta  ou  indireta  só  poderão  ser  feitas:  

A)  Se  houver  prévia  dotação  orçamentária  suficiente  para  atender  às  projeções  de  despesa  de  pessoal  e  aos  acréscimos  dela  decorrentes;  e  

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B)  Se  houver  autorização  específica  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  ressalvadas  as  empre-­‐sas  públicas  e  as  sociedades  de  economia  mista;  

o 2)  Decorrido  o  prazo  estabelecido  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  para  a  adaptação  aos  parâmetros  previstos,  serão  imediatamente  suspensos  todos  os  repasses  de  verbas  federais  ou  estaduais  aos  Esta-­‐dos,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios  que  não  observarem  os  referidos  limites;  

o 3)  Para  o  cumprimento  dos  limites  estabelecidos  durante  o  prazo  fixado,  a  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  adotarão  as  seguintes  providências:  

A)  A  redução,  em  pelo  menos  20%,  das  despesas  com  cargos  em  comissão  e  funções  de  confi-­‐ança;  e  

B)  A  exoneração  dos  servidores  não-­‐estáveis;  e   C)  Se  essas  medidas  não   forem  suficientes,  o   servidor  estável  poderá  perder  o  cargo,  desde  

que  ato  normativo  motivado  de  cada  um  dos  poderes  especifique  a  atividade  funcional,  o  ór-­‐gão  ou  a  unidade  administrativa  objeto  da  redução  de  pessoal.  O  servidor  que  perder  o  cargo  fará  jus  a  indenização  correspondente  a  um  mês  de  remuneração  por  ano  de  serviço  e  o  cargo  objeto   da   redução   será   considerado   extinto,   sendo  vedada   a   criação  de   cargo,   emprego  ou  função  com  atribuições  iguais  ou  assemelhadas  pelo  prazo  de  quatro  anos.  

Despesas  com  a  Seguridade  Social  (Art.  24)  

Nenhum  benefício  ou  serviço  relativo  à  seguridade  social  poderá  ser  criado,  majorado  ou  estendido  sem  a  indi-­‐cação  da  fonte  de  custeio  total  e  sem  o  atendimento  das  exigências  a  que  estão  submetidas  as  despesas  obriga-­‐tórias  de  caráter  continuado,  sendo  permitida:  

o A  concessão  de  benefício  a  quem  satisfaça  as  condições  de  habilitação  previstas  em  lei;  o A  expansão  quantitativa  do  atendimento  e  dos  serviços  prestados;  e  o O  reajustamento  de  valor  do  benefício  ou  serviço,  a  fim  de  preservar  o  seu  valor  real.  

Assim,  para  a  concessão  de  um  novo  benefício,  deverá  ser  feito  o  cálculo  atuarial,  incorporando  esse  benefício  e  a  compensação  que  será  feita  para  garantir  o  equilíbrio  financeiro  do  sistema  de  seguridade  social,   como,  por  exemplo,  o  aumento  da  contribuição  dos  servidores.  

Transferências  Voluntárias  (Art.  25)  

Transferência   voluntária  é   a   entrega  de   recursos   correntes  ou  de   capital  ao  Município,   a   título  de   cooperação,  auxílio  ou  assistência  financeira,  que  não  decorra  de  determinação  constitucional,   legal  ou  os  destinados  ao  Sis-­‐tema  Único  de  Saúde  (SUS).  

São  exigências,  além  das  estabelecidas  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias:  o 1)  A  existência  de  dotação  específica;  o 2)  A  vedação  de  transferências  voluntárias  para  pagamento  de  despesas  de  pessoal;  o 3)  A  comprovação,  por  parte  do  beneficiário:  

A)  De  que  se  acha  em  dia  com  o  ente  transferidor  no  tocante  ao  pagamento  de  tributos  ou  empréstimos,  bem  como  quanto  à  prestação  de  contas  de  recursos  anteriormente  dele  rece-­‐bidos;  

B)  Do  cumprimento  dos  limites  constitucionais  relativos  à  educação  e  à  saúde;   C)  Da  observância  dos  limites  das  dívidas,  operações  de  crédito,  de  inscrição  em  restos  a  pagar  

e  da  despesa  total  com  pessoal;   D)  Da  previsão  orçamentária  de  contrapartida;  e   E)  É  vedada  a  utilização  de  recursos  transferidos  em  finalidade  diversa  da  pactuada.  

Para  fins  da  aplicação  das  sanções  de  suspensão  de  transferências  voluntárias  constantes  da  Lei  de  Responsabili-­‐dade  Fiscal,   excetuam-­‐se  aquelas   relativas  a  ações  nas  áreas  de  educação,   saúde  e  assistência   social,   ficando  protegida  a  população  do  Município  caso  a  prefeitura  incorra  nas  sanções  previstas  na  Lei  de  Responsabilidade  

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Fiscal,  à  exceção  do  não  cumprimento  do  limite  da  despesa  total  com  pessoal  que  viole  o  artigo  169,  parágrafo  2º,  da  Constituição,  já  referido,  quando  os  repasses  relativos  a  ações  na  área  social  são  suspensos.  

Destinação  dos  Recursos  Públicos  para  o  Setor  Privado  (Art.  26  a  28)  

A  destinação  de  recursos  para  cobrir  necessidades  de  pessoas  físicas  ou  déficits  de  pessoas  jurídicas  deverá  ser  autorizada  por  lei  específica,  atender  às  condições  estabelecidas  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  na  Lei  Or-­‐çamentária  Anual  ou  em  seus  créditos  adicionais.    

Compreende  a   concessão  de  auxílios,   subsídios,   subvenções  e   a  participação  em  constituição  ou  aumento  de  capital.  

Dívida  e  Endividamento  (Art.  29)  

Os  conceitos  de  dívida  são  os  seguintes:  o 1)  Dívida  pública  consolidada  ou  fundada    Montante  das  obrigações  financeiras  assumidas  em  virtude  

de  leis,  contratos,  convênios  ou  tratados  e  de  operações  de  crédito,  para  amortização  em  prazo  superior  a  um  ano  e  aquelas  de  prazo  inferior  a  um  ano  cujas  receitas  tenham  constado  do  orçamento.  

o 2)  Dívida  pública  mobiliária    Dívida  em  títulos  emitidos  pelas  três  esferas  de  governo.  o 3)  Operação  de  crédito    Compromisso   financeiro  assumido  em  razão  de  mútuo,  abertura  de  crédito,  

emissão  e  aceite  de  título,  aquisição  financiada  de  bens,  recebimento  antecipado  da  venda  a  termo  de  bens  e  serviços,  arrendamento  mercantil  e  outros  derivativos  financeiros,  além  da  assunção,  reconheci-­‐mento  ou  confissão  de  dívidas  pelo  Município.  

o 4)  Concessão  de  garantia    Compromisso  de  adimplência  de  obrigação  financeira  ou  contratual  assumi-­‐da.  

o 5)  Refinanciamento  da  dívida  mobiliária    Emissão  de  títulos  para  pagamento  do  principal  acrescido  da  atualização  monetária.  O  refinanciamento  do  principal  da  dívida  mobiliária  não  excederá,  ao  término  de  cada  exercício,  o  montante  do   final  do  exercício  anterior  mais  as  operações  de  crédito  autorizadas  no  orçamento  para  esse  efeito  e  efetivamente  realizadas,  acrescido  de  atualização  monetária.  

Limites  da  Dívida  Pública  e  das  Operações  de  Crédito  (Art.  30)  

No  prazo  de  90  dias  após  a  publicação  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  o  Presidente  da  República  submeterá  ao  Senado  proposta  de   limites,  em  percentual  da  receita  corrente   líquida,  para  a  dívida  consolidada  da  União,  dos  Estados  e  dos  Municípios.  A  proposta  conterá  a  metodologia  de  apuração  dos  resultados  primário  e  nominal.  

Até  a  aprovação  pelo  Senado,  continuam  valendo  as  regras  da  Resolução  78/98,  do  próprio  Senado,  destacando-­‐se:  

o 1)  As  operações  de  crédito  realizadas  em  um  exercício  não  poderão  exceder  o  montante  das  despesas  de  capital  fixadas  na  Lei  Orçamentária  Anual,  ressalvadas  as  autorizadas  pelo  Legislativo,  por  maioria  abso-­‐luta;  

o 2)  As  operações  de  crédito  dos  Municípios  e  de  suas  respectivas  autarquias  e  fundações  observarão  si-­‐multaneamente  os  seguintes  limites:  

A)  O  montante  das  operações  realizadas  em  um  exercício  não  poderá  ser  superior   a  18%  da  receita  líquida  real  anual;  

B)  O  dispêndio  anual  com  o  serviço  da  dívida  não  poderá  exceder  a  13%  da  receita  líquida  real;  e  

C)  O  saldo  da  dívida  não  poderá  superar  em  duas  vezes  a  receita  líquida  real,  para  os  pleitos  analisados  em  1998,  decrescendo  essa  relação  à  base  de  1/10  por  ano,  até  atingir  valor  equi-­‐valente  a  uma  receita  líquida  real  para  os  pleitos  analisados  de  2008  em  diante;  

o 3)  São  excluídas  dos  limites  do  serviço  da  dívida  as  operações  de  crédito  contratadas  pelos  Municípios  com  organismos  multilaterais  de  crédito  ou  com  instituições  oficiais  federais  de  crédito  ou  de  fomento,  a  

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fim  de  financiar  projetos  de   investimento  para  a  melhoria  da  administração  das  receitas  e  das  gestões  fiscal,  financeira  e  patrimonial;  e  

o 4)  O  saldo  das  garantias  concedidas  não  poderá  exceder  a  25%  da  receita  líquida  real  e  o  saldo  devedor  das  AROs  não  poderá  exceder  a  8%  dessa  receita.  

Entende-­‐se  como  receita   líquida  real  aquela  realizada  nos  12  meses  anteriores  ao  mês  em  que  se  estiver  apu-­‐rando,  sendo  excluídas  as  receitas  provenientes  de  operações  de  crédito,  de  anulação  de  restos  a  pagar,  de  alie-­‐nação  de  bens,  de  transferências  vinculadas  e  transferências  voluntárias  ou  doações  recebidas  com  o  fim  especí-­‐fico  de  atender  a  despesas  de  capital.  O  superávit  financeiro  das  autarquias  e  fundações,  excluídas  as  de  caráter  previdenciário,  será  considerado  como  receita.  

Sempre   que   alterados   os   fundamentos   das   propostas   de   limites,   em   razão  de   instabilidade   econômica  ou   de  alterações  nas  políticas  monetária  ou  cambial,  o  Presidente  da  República  poderá  encaminhar  ao  Senado  solicita-­‐ção  de  revisão  dos  limites.  

Os  precatórios  judiciais  não  pagos  durante  a  execução  do  orçamento  em  que  houverem  sido  incluídos  integram  a  dívida  consolidada  para  fins  de  aplicação  dos  limites.  Essa  mudança  poderá  trazer  impacto  sobre  o  endivida-­‐mento  dos  Municípios  devedores  dos  precatórios.    

Observe-­‐se,  contudo,  que  essa  obrigação  só  se  aplica  a  partir  do  orçamento  de  2000,  não  atingindo  o  estoque  de  atrasados  anterior.  

 Para  fins  de  verificação  do  atendimento  do  limite,  a  apuração  do  montante  da  dívida  consolidada  será  efetuada  ao  final  de  cada  quadrimestre.  

Recondução  da  Dívida  aos  Limites  (Art.  31)  

Se  a  dívida  consolidada  ultrapassar  o  limite  ao  final  de  um  quadrimestre,  deverá  ser  a  ele  reconduzida  em  um  ano,  reduzindo  o  excedente  em  pelo  menos  25%  no  primeiro  quadrimestre.  Enquanto  perdurar  o  excesso,  a  pre-­‐feitura  estará  proibida  de  realizar  operação  de  crédito,  inclusive  ARO,  e  deverá  obter  resultado  primário  neces-­‐sário  à  recondução  da  dívida  ao  limite.  

Vencido  o  prazo  para  o  retorno  da  dívida  ao  limite,  e  enquanto  perdurar  o  excesso,  o  Município  ficará  também  impedido  de  receber  transferências  voluntárias.  As  restrições  se  aplicam  imediatamente  se  o  montante  da  dívida  exceder  o  limite  no  primeiro  quadrimestre  do  último  ano  do  mandato.  

O  Ministério  da  Fazenda  divulgará,  mensalmente,  a  relação  dos  entes  que  tenham  ultrapassado  os   limites  das  dívidas  consolidada  e  mobiliária.  

A   obrigação   de   cumprir   os   limites   da   dívida   consolidada,   conceito   agora   definido   na   Lei   de   Responsabilidade  Fiscal,  só  ocorrerá  depois  que  o  Senado  fixá-­‐los  após  proposta  do  Presidente  da  República,  tendo  os  Municípios  um  ano  para  se  ajustar  aos  novos  limites.  Enquanto  isso,  as  limitações  ficarão  por  conta  da  Resolução  78/98,  do  Senado,  que  é  bastante  restritiva  quanto  à  contratação  de  operações  de  créditos,  fazendo  com  que  a  ultrapassa-­‐gem  dos  limites  só  ocorra  se  houver  elevação  dos  encargos  financeiros  das  dívidas  do  Município  ou  queda  em  sua  receita  corrente  líquida.  

Contratação  das  Operações  de  Crédito  (Art.  32  e  33)  

A  prefeitura  interessada  formalizará  seu  pleito  demonstrando  a  relação  custo-­‐benefício,  o  interesse  econômico  e  social  da  operação  e  o  atendimento  às  seguintes  condições:  

o Estar  prevista  na  lei  orçamentária,  em  créditos  adicionais  ou  lei  específica;  o A  observância  dos  limites  e  condições  fixados  pelo  Senado;  o Que  as  operações  de  crédito  não  excedam  o  montante  das  despesas  de  capital;  e  o A  observância  das  demais  restrições  estabelecidas  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  

O  Ministério  da  Fazenda  efetuará  o  registro  eletrônico  das  dívidas,  garantindo  o  acesso  público  às  informações,  que  incluirão  encargos  e  condições  de  contratação,  saldos  atualizados  e  limites  relativos  às  dívidas  consolidada  e  mobiliária,  operações  de  crédito  e  concessão  de  garantias.  

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A   instituição   financeira  que  contratar  operação  de  crédito  com  o  Município  exceto  quando   relativa  às  dívidas  mobiliária  ou  externa,  deverá  exigir  comprovação  de  que  a  operação  atende  à  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  sendo  considerada  nula  com  a  devolução  do  principal,  vedados  o  pagamento  de  juros  e  demais  encargos    finan-­‐ceiros,  caso  isso  não  se  verifique.  

O  Ministério  da  Fazenda  verificará  o  cumprimento  dos  limites  e  condições  relativos  à  realização  de  operações  de  crédito  de  cada  ente  da  Federação.  

Os  Municípios  continuarão  a  obedecer  às  condições,  aos  limites  e  aos  procedimentos  estabelecidos  pela  Resolu-­‐ção  78/98,  do  Senado,  até  que  uma  outra  resolução  seja  aprovada.  

Pelo  artigo  18,  da  Resolução  78/98,  é  vedada  a  contratação  de  operações  de  crédito  no  segundo  semestre  do  último  ano  do  mandato.   Já  era  difícil  e  quase   inacessível  à  grande  maioria  dos  Municípios  conseguir  contratar  operações  de  crédito.  Agora  será  mais  difícil  ainda,  pois  eles  terão  que  respeitar  os  limites  e  condições  estabele-­‐cidos  adicionalmente  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Assim,  para  poder  contar  com  mais  recursos,  os  Municí-­‐pios  terão  de  desenvolver  suas  receitas  tributária  ,  uma  vez  que  as  transferências  voluntárias  também  poderão  ser  reduzidas  por  causa  das  restrições  da  lei.  

Vedações  de  Operações  de  Crédito  (Art.  34  a  37)  

É  vedada  a  operação  de  crédito  sob  a  forma  de  novação,  refinanciamento  ou  postergação  de  dívida  já  contraída.  Excetuam-­‐se  da  vedação  as  operações  com  instituição  financeira  estatal  que  não  se  destinem  a  financiar  despe-­‐sas  correntes  ou  refinanciar  dívidas  não  contraídas  com  a  própria  instituição  concedente.  Equiparam-­‐se  a  ope-­‐rações  de  crédito  e  estão  vedados:  

o A  antecipação  de  receita  de  tributo  cujo  fato  gerador  ainda  não  tenha  ocorrido  ;  o O  recebimento  antecipado  de  valores  de  empresa  em  que  a  prefeitura  detenha  o  controle;  o A  assunção  de  compromisso  ou  confissão  de  dívida  com  fornecedor;  e  o A  assunção  de  obrigação,  sem  autorização  orçamentária,  com  fornecedores  para  pagamento  a  posteriori  

de  bens  e  serviços.   Ficam  proibidas  as  renegociações  de  dívidas,  o  que  se  constitui  numa  das  maiores  restrições  da  Lei  de  Responsa-­‐

bilidade  Fiscal,  pois  sempre  ocorreram  refinanciamentos  de  dívidas  que  já  haviam  sido  refinanciadas.   As  prefeituras  estarão  forçadas  a  pagar  suas  dívidas  refinanciadas  para  não  cair  nas  punições  decorrentes  da  Lei  

de  Responsabilidade  Fiscal.  

Operações  de  Crédito  por  Antecipação  de  Receita  Orçamentária  (Art.  38)  

A  Antecipação  da  Receita  Orçamentária  (ARO)  cumprirá  as  exigências  das  contratações  de  operações  de  crédito,  mais  as  seguintes:  

o Somente  poderá  realizar  essas  operações  a  partir  do  dia  10  de  janeiro,  liquidando-­‐  as  até  o  dia  10  de  de-­‐zembro  do  mesmo  ano;  

o Não  serão  autorizadas  se  forem  cobrados  outros  encargos  que  não  a  taxa  de  juros  da  operação;  e  o Estarão  proibidas  enquanto  existir  operação  não  resgatada  e,  em  qualquer  condição,  no  último  ano  de  

mandato.   As  AROs  não  serão  computadas  para  efeito  da   regra  que  estabelece  que  as  operações  de  crédito  não  podem  

exceder  o  montante  das  despesas  de  capital.  As  AROs  serão  efetuadas  mediante  abertura  de  crédito  junto  à  ins-­‐tituição  financeira  vencedora  em  processo  competitivo  eletrônico  promovido  pelo  Banco  Central,  que  manterá  sistema  de  acompanhamento  e  controle  do  saldo  do  crédito  aberto  e,  no  caso  de  inobservância  dos  limites,  apli-­‐cará  as  sanções  cabíveis  à  instituição  credora.  

As  restrições  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  impedem  a  contratação  de  ARO  para  o  pagamento  do  13º  salário  no  seu  devido  tempo,  pois  entre  o  dia  10  de  dezembro  e  9  de  janeiro  do  ano  seguinte  estão  proibidas.  

Garantia  (Art.  40)  

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A  garantia  estará  condicionada  ao  oferecimento  de  contra-­‐garantia  em  valor  igual  ou  superior  ao  da  garantia  a  ser  concedida  e  à  adimplência  da  prefeitura  relativamente  às  suas  obrigações  com  o  garantidor  e  às  entidades  por  ele  controladas,  observado  o  seguinte:  

o Não  será  exigida  contragarantia  de  órgãos  e  entidades  do  próprio  ente;  o A  contra-­‐garantia  poderá  consistir  na  vinculação  de  receitas  tributárias  próprias  e  provenientes  de  trans-­‐

ferências  constitucionais,  com  outorga  de  poderes  ao  garantidor  para  retê-­‐las  e  empregá-­‐las  na  liquida-­‐ção  da  dívida  vencida;  

o No  caso  de  operação  de  crédito  com  organismo  financeiro  internacional  ou  instituição  federal  de  crédito  e  fomento  para  o  repasse  de  recursos  externos,  a  União  só  prestará  garantia  à  prefeitura  que  atenda  às  exigências  legais  para  o  recebimento  de  transferências  voluntárias;  

o É  nula  a  garantia  concedida  acima  dos  limites  fixados  pelo  Senado;  e  o É  vedado  às  entidades  da  administração   indireta  conceder  garantia,  a  não  ser  para  o  caso  de  empresa  

controlada  a  subsidiária  ou  controlada  sua,  ou  a  prestação  de  contragarantia  nas  mesmas  condições.  

Restos  a  Pagar  (Art.  42)  

Nos  últimos  oito  meses  do  mandato,  os  governantes  não  poderão  contrair  obrigação  de  despesa  que  não  possa  ser  cumprida  integralmente  nesse  período  ou  que  tenha  parcelas  a  serem  pagas  no  exercício  seguinte  sem  que  haja   suficiente   disponibilidade   de   caixa   para   esse   efeito.   Na   determinação   da   disponibilidade   de   caixa,   serão  considerados  os  encargos  e  despesas  compromissadas  a  pagar  até  o  final  do  exercício.  A  decorrência  é  que  não  poderão  ser  feitos  contratos  de  última  hora  que  onerem  o  próximo  mandato,  nem  deixar  restos  a  pagar  que  não  possam  ser  pagos  com  recursos  do  mandato.  

Essa  é  uma  das  mais   importantes  restrições  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  criando  limitações  de  empenho  aos  prefeitos  no  último  ano  de  mandato.  Ela  permitirá  à  nova  administração   iniciar  uma  gestão  executando  o  novo  plano  de  governo  e  não  esperando  um  a  dois  anos  para  tanto,  conforme  a  gravidade  da  herança  financeira  deixada.  

Disponibilidades  de  Caixa  (Art.  43)  

As  DCs   serão  depositadas  em   instituições   financeiras  oficiais.  As  dos   regimes  de  previdência   social   ficarão  em  conta  separada  e  aplicadas  nas  condições  de  mercado.  

É  vedada  a  aplicação  de  DC  em  títulos  da  dívida  pública  estadual  e  municipal,  bem  como  em  ações  das  empresas  controladas,  empréstimos  aos  segurados  e  ao  poder  público,  inclusive  a  suas  empresas  controladas.  

Preservação  do  Patrimônio  Público  (Art.  44  a  46)  

É  vedada  a  aplicação  da  receita  da  alienação  de  bens  e  direitos  para  despesa  corrente,  salvo  se  destinada  por  lei  aos  regimes  de  previdência  social.  A  venda  de  patrimônio  destinada  à  previdência  social  cresce  o  fundo  previ-­‐denciário,  ajudando  em  equilíbrio  atuarial.  Pode  servir  também  para  ajudar  a  quitar  ou  reduzir  débitos  do  Execu-­‐tivo  com  a  previdência  dos  servidores.  

A  Lei  Orçamentária  Anual  e  as  leis  de  créditos  adicionais  só  incluirão  novos  projetos  após  adequadamente  aten-­‐didos  aqueles  em  andamento  e  contempladas  as  despesas  de  conservação  do  patrimônio  público,  nos  termos  em  que  dispuser  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias.  O  Executivo  encaminhará  à  Câmara  Municipal,  até  a  data  do  envio  da  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  relatório  com  as  informações  necessárias  ao  cumprimento  desse  dis-­‐posto,  ao  qual  será  dada  ampla  divulgação.  É  nulo  de  pleno  direito  ato  de  desapropriação  de  imóvel  urbano  ex-­‐pedido  sem  prévia  e  justa  indenização  em  dinheiro  ou  prévio  depósito  judicial  do  valor  da  indenização.  

A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  reforça  o  planejamento  e  a  execução  do  plano  de  governo,  ao  só  permitir  novos  projetos  após  adequadamente  atendidos  aqueles  em  andamento  e  contempladas  as  despesas  de  conservação  do  patrimônio  público,  que  ficam,  assim,  garantidas.  

Transparência  da  Gestão  Fiscal  (Art.  48  e  49)  

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Uma  importante  contribuição  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  é  a  transparência  da  gestão  fiscal,  ao  estabelecer  que  todos  os  principais  relatórios  fiscais  devam  ser  amplamente  divulgados,  ao  mesmo  tempo  que  assegura  a  participação  da  sociedade  na  discussão  da  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  da  Lei  Orçamentária  Anual  do  Muni-­‐cípio.  

Será  dada  ampla  divulgação,  inclusive  na  Internet,  para  a  Lei  Orçamentária  Anual,  a  Lei  de  Diretrizes  Orçamentá-­‐rias,  as  prestações  de  contas  e  seu  parecer  prévio,  o  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária,  o  Relatório  de  Gestão  Fiscal  e  as  versões  simplificadas  desses  documentos.  A  transparência  será  assegurada  também  medi-­‐ante   incentivo  à  participação  popular  e   a   realização  de  audiências  públicas,   tanto  pelo  Executivo  quanto  pela  Câmara  Municipal,  durante  os  processos  de  elaboração  e  de  discussão  da  Lei  Orçamentária  Anual  e  da  Lei  de  Di-­‐retrizes  Orçamentárias.  

As  contas  apresentadas  pelo  Executivo  ficarão  disponíveis,  durante  todo  o  exercício,  na  Câmara  Municipal  e  no  órgão  responsável  pela  sua  elaboração,  para  consulta  pelos  cidadãos  e  instituições.  

Da  Escrituração  e  Consolidação  das  Contas  (Art.  50  e  51)  

Além  de  obedecer  às  demais  normas  de  contabilidade  pública,  a  escrituração  das  contas  observará:  o A  disponibilidade  de  caixa  constará  de   registro  próprio,  de  modo  que  os   recursos  vinculados  a  órgão,  

fundo  ou  despesa  obrigatória  fiquem  identificados  e  escriturados  de  forma  individualizada;  o A  despesa  e  a  assunção  de  compromisso  serão  registradas  segundo  o  regime  de  competência,  apurando-­‐

se,  em  caráter  complementar,  o  resultado  dos  fluxos  financeiros  pelo  regime  de  caixa;  o As  demonstrações   contábeis   compreenderão,   isolada  e   conjuntamente,   as   transações  e  operações  de  

cada  órgão,  fundo  ou  entidade  da  administração  direta,  autárquica  e  fundacional,  inclusive  empresa  es-­‐tatal  dependente;  

o As  receitas  e  despesas  previdenciárias  serão  apresentadas  em  demonstrativos  financeiros  e  orçamentá-­‐rios  específicos;  

o As  operações  de  crédito,  as  inscrições  em  restos  a  pagar  e  os  demais  compromissos  com  terceiros  deve-­‐rão  ser  escriturados  de  modo  a  evidenciar  o  montante  e  a  variação  da  dívida  pública  no  período,  deta-­‐lhando,  pelo  menos,  a  natureza  e  o  tipo  de  credor;  e  

o A  demonstração  das  variações  patrimoniais  dará  destaque  à  origem  e  ao  destino  dos  recursos  proveni-­‐entes  da  alienação  de  ativos.    

o No  caso  das  demonstrações  conjuntas,  excluir-­‐se-­‐ão  as  operações  intragovernamentais.  -­‐ A  edição  de  normas  gerais  para  a  consolidação  das  contas  caberá  ao  órgão  central  de  contabilidade  da  União,  

enquanto  não  implantado  o  Conselho  de  Gestão  Fiscal.  -­‐ A  administração  pública  manterá   sistema  de   custos  que  permita  a   avaliação  e  o   acompanhamento  da  gestão  

orçamentária,  financeira  e  patrimonial.  -­‐ As  novas  regras  para  a  contabilização  das  contas  visam  garantir  as  informações  necessárias  ao  controle  das  no-­‐

vas  regras  estabelecidas  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Exemplo  disso  é  a  necessidade  de  contabilizar  indi-­‐vidualmente  os  beneficiários  de  pagamento  de  sentenças  judiciais,  para  fins  de  observância  da  ordem  cronológi-­‐ca.  

-­‐ A   criação   de   um   sistema  de   custos   permitirá   à   prefeitura   avaliar   sua   execução   orçamentária,   obtendo  maior  agilidade  na  redução  de  custos  de  obras,  de  compras  e  de  serviços  de  terceiros.  Além  disso,  permitirá  a  elabora-­‐ção  de  orçamentos  realistas,  facilitando  sua  execução.  

-­‐  Outra  novidade  importante  é  a  necessidade  de  apurar  o  resultado  dos  fluxos  financeiros  pelo  regime  de  caixa.  

Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária  (Art.  52  e  53)  

O  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária,  previsto  no  artigo  165  da  Constituição  e  detalhado  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  incluirá  todos  os  poderes  e  o  Ministério  Público  e  será  publicado  até  30  dias  após  o  en-­‐cerramento  de  cada  bimestre.  O  descumprimento  do  prazo  previsto  sujeita  a  prefeitura  a  não  receber  transfe-­‐rências  voluntárias  nem  contratar  operações  de  crédito.  

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Será  composto  de:  o 1)  Balanço  orçamentário,  que  especificará,  por  categoria  econômica,  as:  

A)  Receitas  por  fonte  realizadas  e  a  realizar,  bem  como  a  sua  previsão  atualizada;  e   B)  Despesas  por  grupo  de  natureza  com  a  dotação  para  o  exercício,  a  despesa  liquidada  e  o  sal-­‐

do.  o 2)    Demonstrativos  da  execução  das:  

A)  Receitas  por  categoria  econômica  e  fonte,  com  a  previsão  inicial,  a  previsão  atualizada  para  o  exercício,  a  realizada  no  bimestre,  a  realizada  no  exercício  e  a  previsão  a  realizar;  

B)  Despesas  por  categoria  econômica  e  grupo  de  natureza  da  despesa  com  a  dotação  inicial,  do-­‐tação  para  o  exercício,  despesas  empenhada  e  liquidada,  no  bimestre  e  no  exercício;  e  

C)  Despesas  por  função  e  subfunção.  o 3)  Demonstrativos  relativos  à  receita  corrente  líquida  (evolução  e  previsão  até  o  final  do  exercício),  re-­‐

ceitas  e  despesas  previdenciárias,  resultados  nominal  e  primário,  despesas  com  juros  e  restos  a  pagar.  

Os  valores  referentes  ao  refinanciamento  da  dívida  mobiliária  constarão  destacadamente  nas  receitas  de  opera-­‐ções  de  crédito  e  nas  despesas  com  a  amortização  da  dívida.  

O  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária  referente  ao  último  bimestre  do  exercício  será  acompanhado  também  de  demonstrativos:  

o De  que  as  operações  de  crédito  não  excederam  o  montante  das  despesas  de  capital;  o Das  projeções  atuariais  dos  regimes  de  previdência;  e  o Da  variação  patrimonial,  evidenciando  a  alienação  de  ativos  e  a  aplicação  dos  recursos  dela  decorrentes.  

Quando  for  o  caso,  serão  apresentadas  justificativas  da  limitação  de  empenho  e  da  frustração  de  receitas,  espe-­‐cificando  as  medidas  de  combate  à  sonegação  e  à  evasão  fiscal,  adotadas  e  a  adotar,  e  as  ações  de  fiscalização  e  cobrança.  

O  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária  deverá  ser  elaborado  de  forma  padronizada,  segundo  modelo  que  poderá  ser  atualizado  pelo  Conselho  de  Gestão  Fiscal.  Sua  composição  e  a  forma  de  funcionamento  serão  dispostas  em  lei.  

Embora  seja  chamado  de  relatório  resumido,  o  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária  dá  um  amplo  con-­‐junto  de  informações  ao  Executivo,  ao  Legislativo  e  à  sociedade  sobre  a  execução  orçamentária  e  sua  previsão,  permitindo  a  maior  parte  dos  controles  previstos  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Sendo  um  relatório  trabalhoso  e  de  grande  importância,  deverá  merecer  toda  a  atenção  e  cuidado  em  sua  elaboração.  

Relatório  de  Gestão  Fiscal  (Art.  54  e  55)  

Ao  final  de  cada  quadrimestre,  será  emitido  pelos  titulares  dos  Poderes  e  órgãos  o  RGF  assinado,  dentro  de  suas  competências,  pelo  prefeito,  pelo  presidente  de  Mesa  Diretora  do  Legislativo,  pelas   autoridades   responsáveis  pela  administração  financeira  e  pelo  controle  interno  e  por  outras  autoridades  definidas  por  ato  próprio  de  cada  Poder  ou  órgão.  O  Relatório  será  publicado  até  30  dias  após  o  encerramento  do  período  a  que  corresponder,  com  amplo  acesso  ao  público,  inclusive  pela  Internet.  O  descumprimento  do  prazo  pelo  Executivo  ou  Legislativo  sujeita  a  prefeitura  a  não  receber  transferências  voluntárias  e  a  não  contratar  operações  de  créditos.  

O  RGF  conterá:  o 1)  Comparativo  com  os  limites  de  que  trata  a  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  (despesa  total  com  pessoal,  

distinguindo  aquelas  com  inativos  e  pensionistas,  as  dívidas  consolidada  e  mobiliária,  a  concessão  de  ga-­‐rantias  e  operações  de  crédito,  inclusive  ARO);  

o 2)  Indicação  das  medidas  corretivas  adotadas  ou  a  adotar,  se  ultrapassado  qualquer  dos  limites;  e  o 3)  Demonstrativos,  no  último  quadrimestre,  da  disponibilidade  de  caixa  em  31  de  dezembro  e  da  inscri-­‐

ção  em  restos  a  pagar  e  do  cumprimento  dos  prazos  das  AROs.  

A  inscrição  dos  restos  a  pagar  deverá  ser  apresentada  separadamente  com  relação  às  despesas:  o Liquidadas;  e  

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o Empenhadas  e  não  liquidadas.  

O  relatório  do  presidente  da  Câmara  e  demais  membros  da  Mesa  Diretora  conterá  apenas  as  informações  relati-­‐vas  à  despesa  total  com  pessoal  (distinguindo  aquelas  com  inativos  e  pensionistas),  a  indicação  das  medidas  cor-­‐retivas  adotadas  ou  a  adotar,  se  ultrapassado  qualquer  dos  limites,  e  os  demonstrativos,  no  último  quadrimes-­‐tre,  do  montante  das  disponibilidades  de  caixa  em  31  de  dezembro  e  da  inscrição,  em  restos  a  pagar,  das  despe-­‐sas  especificadas.  

O  relatório  deverá  ser  elaborado  de  forma  padronizada,  segundo  modelo  que  poderá  ser  atualizado  pelo  Conse-­‐lho  de  Gestão  Fiscal.  O  RGF  deverá  permitir  o  controle  de  observância  dos  limites  e  condições  estabelecidos  pela  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  sendo,  juntamente  com  o  Relatório  Resumido  da  Execução  Orçamentária,  impor-­‐tante  relatório  para  acompanhamento  e  controle  da  gestão  fiscal.  

Prestações  de  Contas  (Art.  56  a  58)  

Devem  prestar   contas   o   prefeito   e   o   presidente   da  Câmara  Municipal,   sendo  dada   ampla   divulgação   a   essas  prestações  de  contas.  

Os  Municípios  encaminharão  suas  contas  ao  Executivo  da  União  até  30  de  abril,  com  cópia  para  o  Executivo  do  respectivo  Estado.  O  descumprimento  do  prazo  impedirá,  até  que  a  situação  seja  regularizada,  que  a  prefeitura  receba  transferências  voluntárias  e  contrate  operações  de  crédito,  exceto  as  destinadas  ao  refinanciamento  da  dívida  mobiliária.  

Os  Tribunais  de  Contas  emitirão  parecer  prévio  conclusivo  sobre  as  contas    se  outro  não  estiver  estabelecido  nas  Constituições  estaduais  ou  nas  leis  orgânicas  municipais    no  prazo  de  60  dias  do  recebimento  ou,  no  caso  das  capitais  e  Municípios  que  tenham  menos  de  200  mil  habitantes,  o  prazo  será  de  180  dias.  

Os  Tribunais  de  Contas  não  entrarão  em  recesso  enquanto  existirem  contas  pendentes  de  parecer  prévio.  

No  prazo  de  60  dias  do  recebimento,  se  outro  não  estiver  estabelecido  nas  Constituições  estaduais  ou  nas  leis  orgânicas  municipais,  será  dado  o  parecer  pela  comissão  da  Câmara  Municipal  que  trata  de  orçamento  e  finan-­‐ças,  sobre  o  parecer  do  Tribunal  de  Contas  relativo  às  contas  do  município.  

A  prestação  de  contas  evidenciará  o  desempenho  da  arrecadação  em  relação  à  previsão,  destacando  as  provi-­‐dências  adotadas  no  âmbito  da  fiscalização  das  receitas  e  do  combate  à  sonegação,  as  ações  de  recuperação  de  créditos  nas   instâncias  administrativa  e   judicial,  bem  como  as  demais  medidas  para  o   incremento  das  receitas  tributárias  e  de  contribuições.  

A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  dá  destaque  especial  à  gestão  das  receitas  próprias  municipais,  reforçando  a  ava-­‐liação  de  que  parte  importante  do  ajuste  fiscal  dos  Municípios  poderá  ocorrer  por  meio  de  melhor  aproveitamento  de   seu  potencial   tributário.  Por   isso,   é   importante  o  Município  desenvolver  uma  política   tributária   responsável,  cobrando  efetivamente  todos  os  tributos  que  são  de  sua  competência.  

Fiscalização  da  Gestão  Fiscal  (Art.  59)  

A  Câmara  Municipal,  diretamente  ou  com  o  auxílio  do  Tribunal  de  Contas  e  o   sistema  de  controle   interno  de  cada  Poder  e  do  Ministério  Público,   fiscalizarão  o  cumprimento  das  normas  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  com  ênfase  no  que  se  refere:  

o Ao  atingimento  das  metas  estabelecidas  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  ;  o A  limites  e  condições  para  a  realização  de  operações  de  crédito  e  inscrição  em  restos  a  pagar;  o A  medidas  para  o  retorno  da  despesa  total  com  pessoal  e  das  dívidas  consolidada  e  mobiliária  aos  res-­‐

pectivos  limites;  o À  destinação  de  recursos  obtidos  com  a  alienação  de  ativos;  e  o Ao  cumprimento  do  limite  de  gastos  totais  da  Câmara  Municipal.  

O  Tribunal  de  Contas  alertará  os  poderes  ou  órgãos  quando  constatar:  o A   possibilidade   de   ocorrência   de   ultrapassagem   do   limite   das   despesas   com   juros   ou   de   não-­‐

cumprimento  das  metas  de  resultado  primário  ou  nominal,  estabelecidas  no  Anexo  de  Metas  Fiscais;  

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o Que  a  despesa  total  com  pessoal  ultrapassou  90%  do  limite,  ou  seja,  48,6%  da  receita  corrente  líquida  para  o  Executivo  e  5,4%  dessa  receita  para  o  Legislativo;  

o Que  as  dívidas  consolidada  e  mobiliária,  das  operações  de  crédito  e  da  concessão  de  garantia  se  encon-­‐tram  acima  de  90%  dos  respectivos  limites;  

o Que  os  gastos  com  inativos  e  pensionistas  se  encontram  acima  do  limite  definido  em  lei;  e  o Fatos  que  comprometam  os  custos  ou  os  resultados  dos  programas  ou  indícios  de  irregularidades.  

Compete  ainda  aos  Tribunais  de  Contas  verificar  os  cálculos  dos  limites  da  despesa  total  com  pessoal  do  Executi-­‐vo  e  da  Câmara  Municipal.  

A  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal   impõe  maior   responsabilidade  ao  Tribunal  de  Contas,  que  deverá  acompa-­‐nhar  mensalmente  as  metas,  limites  e  condições  estabelecidos,  tanto  para  o  controle  do  Executivo  quanto  para  o  controle  da  Câmara  Municipal,  devendo  se  manifestar   imediatamente  e  não  apenas  após  concluído  o  exercício,  quando  da  transgressão  das  regras  estabelecidas.  

Disposições  Finais  e  Transitórias  (Art.  60  a  75)  

Regras  gerais   Limites   inferiores  àqueles  previstos  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  para  as  dívidas  consolidada  e  mobiliária,  

operações  de  crédito  e  concessão  de  garantias  poderão  ser  fixados  por  lei  municipal.  

Os  Municípios  só  contribuirão  para  o  custeio  de  despesas  de  competência  de  outros  entes  da  Federação  se  hou-­‐ver  autorização  na  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  e  na  Lei  Orçamentária  Anual  e  em  convênio  ou  ajuste.  Assim,  deve  ser  revista  e  adequada  a  cessão  de  servidores,  equipamentos,  prédios  e  o  pagamento  de  aluguéis  para  ór-­‐gãos  estaduais  e  federais.  

Regras  para  os  Municípios  com  população  inferior  a  50  mil  habitantes  o Pelo  censo  demográfico  de  1996,  há  5.027  Municípios  com  menos  de  50  mil  habitantes,  que  correspon-­‐

dem  a  91,3%  dos  5.507  Municípios  brasileiros,  sendo  facultado  a  eles  optar  por:   Demonstrar  o  cumprimento  dos  limites  com  despesa  total  com  pessoal  e  apuração  da  dívida  ao  

final  do  semestre,  em  vez  de  a  cada  quatro  meses,  como  é  para  os  demais  Municípios;   Divulgar  o  Relatório  de  Gestão  Fiscal  e  os  demonstrativos  de  receita  corrente  líquida,  receitas  e  

despesas  previdenciárias,  resultados  nominal  e  primário,   juros  e  restos  a  pagar  em  até  30  dias  após  o  encerramento  do  semestre,  em  vez  de  a  cada  quatro  meses,  como  é  para  os  demais  Mu-­‐nicípios;  e  

Elaborar  os  anexos  de  metas  fiscais  e  riscos  fiscais  e  o  demonstrativo  da  compatibilidade  da  pro-­‐gramação  dos  orçamentos  com  os  objetivos  e  metas  a  partir  de  2005,  em  vez  de  iniciar  a  partir  da  publicação  da  lei,  como  é  para  os  demais  Municípios.  

o Se  ultrapassados  os  limites  relativos  à  despesa  total  com  pessoal  ou  à  dívida  consolidada,  enquanto  per-­‐durar  essa  situação,  o  Município  com  população  inferior  a  50  mil  habitantes  ficará  sujeito  aos  mesmos  prazos  de  verificação  e  de  retorno  aos  limites  definidos  para  os  demais  Municípios.  

Os  Municípios  pequenos  ganham,  assim,  maiores  prazos  para  se  adaptar  às  novas  regras  da  lei  no  que  diz  respeito  à  confecção  e  apresentação  dos  relatórios  e  demonstrativos.  Poderão  se  preparar  melhor  para  as  novas  tarefas,  podendo  contar  com  a  experiência  adquirida  dos  demais  Municípios.  Permanecem,  contudo,  com  as  mesmas  limi-­‐tações  fiscais  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  estabelecidas  para  os  demais  Municípios.  

o Apoio  técnico  e  financeiro:   A  União  prestará  assistência  técnica  e  cooperação  financeira  aos  Municípios  com  vistas  ao  

cumprimento  das  normas  desta  lei.  A  assistência  técnica  consistirá  no  treinamento  e  no  de-­‐senvolvimento  de  recursos  humanos  e  na  transferência  de  tecnologia,  bem  como  no  apoio  à  divulgação  dos  relatórios  pela  Internet.    

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A  cooperação  financeira  compreenderá  a  doação  de  bens  e  valores,  a  concessão  de  financi-­‐amentos  e  o  repasse  de  recursos  oriundos  de  operações  externas.  

Esses  financiamentos  vêm  sendo  concedidos  pelo  BNDES,  através  do  Programa  de  Moderni-­‐zação  da  Administração  Tributária  e  da  Gestão  de  Setores  Sociais  Básicos  (PMAT)  e  pelo  Mi-­‐nistério  da  Fazenda  em  parceria  com  o  Banco  Interamericano  de  Desenvolvimento  (BID),  a-­‐través  do  Programa  Nacional  de  Apoio  à  Administração  Fiscal  para  os  Municípios  Brasileiros  (PNAFM).  O  PMAT  destina-­‐se  à  modernização  da  administração  tributária,  visando  propor-­‐cionar  aos  Municípios  atuar  na  obtenção  de  mais  recursos  e  na  melhoria  da  qualidade  e  re-­‐dução  do  custo  na  prestação  de  serviços  nas  áreas  de  administração  geral,  assistência  à  cri-­‐ança  e  jovens,  saúde,  educação  e  geração  de  oportunidades  de  trabalho  e  renda.  

Alteração  de  prazos   Na  ocorrência  de  calamidade  pública,  estado  de  defesa  ou  de  sítio,  serão  suspensas  a  contagem  dos  prazos  e  

metas  previstos  na  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  Os  prazos  para  o  cumprimento  dos  limites  previstos  serão  du-­‐plicados  se  o  crescimento  real  do  PIB  nacional,  regional  ou  estadual  for  inferior  a  1%  nos  quatro  últimos  trimes-­‐tres.  

 Na  hipótese  de  se  verificarem  mudanças  drásticas  na  condução  das  políticas  monetária  e  cambial,  reconhecidas  pelo  Senado,  o  prazo  para  a  dívida  consolidada  retornar  aos  seus  limites  poderá  ser  ampliado  em  até  16  meses.    

Conselho  de  Gestão  Fiscal   O  acompanhamento  e  a  avaliação  da  gestão   fiscal  serão  realizados  por  Conselho  de  Gestão  Fiscal,  constituído  

por  representantes  de  todos  os  poderes  e  esferas  de  governo,  do  Ministério  Público  e  de  entidades  técnicas  re-­‐presentativas  da  sociedade.  Terá  por  objetivo:  

o A  harmonização  e  coordenação  entre  os  entes  da  Federação;  o A  disseminação  de  práticas  que  resultem  em  maior  eficiência  na  alocação  e  execução  do  gasto  público,  

na  arrecadação  de  receitas,  no  controle  do  endividamento  e  na  transparência  da  gestão  fiscal;  o A  adoção  de  normas  de  consolidação  das  contas  públicas,  de  padronização  das  prestações  de  contas  e  

dos  relatórios  e  demonstrativos  de  gestão  fiscal  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  de  normas  e  padrões  mais  simples  para  os  pequenos  Municípios,  bem  como  de  outros  necessários  ao  controle  social;  e  

o A  divulgação  de  análises,  estudos  e  diagnósticos.  O  Conselho  instituirá  formas  de  premiação  aos  prefei-­‐tos  que  alcançarem  resultados  meritórios  em  suas  políticas  de  desenvolvimento  social,  conjugados  com  a  prática  de  uma  gestão  fiscal  pautada  pelas  normas  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal.  

Prazos  e  condições  para  enquadramento  da  despesa  total  com  pessoal  e  serviço  de  terceiros   O  Poder  ou  órgão   cuja  despesa   total   com  pessoal  em  1999  estiver   acima  dos   limites  estabelecidos  deverá   se  

enquadrar  no  respectivo   limite  em  até  dois    exercícios   ,  eliminando  o  excesso,  gradualmente,  à  razão  de,  pelo  menos,  50%  ao  ano.  A  inobservância,  no  prazo  fixado,  impedirá  que  a  prefeitura  receba  transferências  voluntá-­‐rias,   obtenha  garantia  e   contrate  operações  de  crédito,   ressalvadas  a  destinada  ao   refinanciamento  da  dívida  mobiliária  e  as  que  visem  à  redução  da  despesa  total  com  pessoal.  

Punições  pessoais   As   infrações   dos   dispositivos   da   Lei   de   Responsabilidade   Fiscal   serão   punidas   segundo   o   Código   Penal;   a   Lei  

1.079,  de  10  de  abril  de  1950  (que  define  os  crimes  de  responsabilidade  e  regula  o  respectivo  processo  de  julga-­‐mento);  o  Decreto-­‐Lei  201,  de  27  de  fevereiro  de  1967  (que  dispõe  sobre  a  responsabilidade  dos  prefeitos  e  ve-­‐readores);  a  Lei  8.429,  de  2  de  junho  de  1992  (que  dispõe  sobre  as  sanções  aplicáveis  aos  agentes  públicos  nos  casos  de  enriquecimento  ilícito);  e  demais  normas  da  legislação  pertinente.  

 

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Capítulo  27:  Empréstimos  públicos  

Introdução  

-­‐ Em  relação  aos  empréstimos,  há  de  se  fazer  uma  distinção:  

A)  Os  adquiridos  perante  sujeito  determinado:  não  oferece  maior  dificuldade,  resolvendo-­‐se  pelos  me-­‐canismos  de  direito  comercial  ou  civil.  

B)  Os  adquiridos  no  mercado  anônimo  de  capitais:  surgem  os  problemas  quando  o  Estado  oferece  títulos  ao  público.  Aí,  o  nascimento,  a  modificação  e  a  extinção  são  mais  complexos,  dando  origem  a  diversos  questionamentos  jurídicos.  

-­‐ Genericamente,  empréstimo  público  é  o  contrato  administrativo  pelo  qual  o  Estado  recebe  determinado  valor  que  se  obriga  a  pagar,  na  forma  por  ele  estipulada.  

Natureza  jurídica  

-­‐ Há  duas  opiniões  sobre  o  empréstimo:  

1)  obrigação  unilateral  autônoma  de  direito  público  (Sayagués  Laso,  Luiz  Maria  Drago  e  outros):  ele  tem  características  especificas  que  não  permitem  analisá-­‐lo  como  contrato,   tipificando  uma  obrigação  autônoma  unilateral  com  valor  por  si  mesma,  que  pode  ser  utilizada  de  distintas  maneiras  e  com  fins  di-­‐versos:  para  obter  fundos,  mediante  sua  alienação,  para  obter  outros  resultados  de  caráter  econômico  etc.  

Problema:  o   ato   de   autorização   legislativa   para   contratação  de   empréstimo  é  um,   e  o   ato   de  concretização  do  empréstimo,  outro.  São  dois  atos  jurídicos  autônomos    o  primeiro  ingressa  no  mundo  jurídico  por  lei,  sendo  um  ato  unilateral,  e  o  segundo  ato  é  o  da  contratação,  sendo  bila-­‐teral.  O  ponto  central  de  tal  teoria  esbarra  na  afirmação  de  que,  como  ato  de  soberania,  não  podia  comportar  a  execução  forçada  ou  coativa,  tanto  no  campo  interno,  como  no  âmbito  in-­‐ternacional.  

2)  contrato,  seja  de    direito  privado  ou  de  direito  público:  discutem  sobre  se  seria  regido  pelo  direito  pri-­‐vado  (Gabriel  Franco,  Henri  Laufenburger  etc.)  ou  direito  público  (Régis)    ambos  devem  manter  íntegra  a  denominada  equação  econômico-­‐financeira  do  contrato.  Seria  de  direito  público  porque  ele  difere  do  comum  pela  finalidade    sempre  está  presente  o  interesse  público   ,  pela  exigência  de  forma  especial    no  caso  a  lei  -­‐,  pela  unilateralidade  da  rescisão  e  da  alteração  das  denominadas  clausulas  regulamenta-­‐res.  

-­‐ Em  outras  palavras,  trata-­‐se  de  contrato  de  direito  público  porque:  

1)  Deve  haver  previsão  orçamentária;  

2)  Exige  disposição  legal  especifica  do  órgão  legislativo  solicitante.  

3)  Há  obrigatoriedade  de  autorização  e  controle  do  Senado;  

4)  Necessária  a  finalidade  pública;  

5)  É  possível  alteração  unilateral  de  determinadas  cláusulas,  se  assim  foi  previsto  na  lei;  

6)  Há  sujeição  a  prestação  de  contas;  

7)  Há  inviabilidade  de  execução  específica;  e  

8)  Pode  ocorrer  possibilidade  de  rescisão  unilateral  (resgate  antecipado).  -­‐ Trata-­‐se,  pois,  de  uma  operação  de  crédito,  conforme  o  art.  29,  III  da  LRF.  

Empréstimos  compulsórios  

-­‐ Deve  ser  excluído  deste  tema,  porque  em  nada  se  assemelha  a  empréstimo  público:    

1)  Não  é  empréstimo  por  ser  compulsório;  

2)  Não  pode  ser  compulsório  se  é  empréstimo.  

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-­‐ Empréstimo  público  pressupõe  manifestação  livre  da  vontade,  o  que  não  ocorre  no  compulsório    este  é  tributo,  podendo  ter  como  fato  gerador  o  fato  previsto  para  o  imposto.  

-­‐ Quanto  à  natureza:  

1)  Empréstimo  público:  contratual;  e  

2)  Empréstimos  compulsórios:  tributária.  

Figura  contratual  

-­‐ A  validade  do  negócio   jurídico   requer:   I  -­‐   agente  capaz;   II  -­‐   objeto  lícito,  possível,  determinado  ou  determinável;  III  -­‐    

-­‐ No  caso  do  contrato  denominado  empréstimo,  pode  ele  ser  de  coisas  fungíveis  (mútuo,  art.  586)  ou  não  fungí-­‐veis  (comodato,  art.  579);  ambos  pressupõem  tradição.  

-­‐ Requisito   básico:   princípio   da   autonomia   da   vontade,   contemplando   a   liberdade   contratual   e   a   liberdade   de  contratar.  

-­‐ Outros  requisitos:  a  vontade  deve  ser  livremente  manifestada  (do  que  resulta  o  pacta  sunt  servanda),  princípio  da  boa-­‐fé.  

-­‐ Considerações  sobre  o  crédito:  

1)  Sentido   subjetivo:   despertar   relação  de   confiança,  merecer   crédito;   caráter  de   crença  ou   confiança  (Fábio  Konder  Comparato).  Dá-­‐se  credito  ao  governo  ou  a  determinada  pessoa  do  governo.  

2)  Sentido  objetivo:  determinada  quantia  em  dinheiro  que  se  toma  emprestada  de  outrem;  noção  de  di-­‐nheiro,  como  entrada  nos  cofres  públicos  (não  receita,  mas  mera  entrada,  pois  é  movimento  de  caixa).  

Disciplina  constitucional  do  crédito  

-­‐ Art.  163,  II/CF n-­‐dações  e  demais  entidades  controladas  pelo  Poder  Pú  

-­‐ Ao   lado  da  norma  complementar,   compete  à  União,  privativamente,   legislar  sobre  política  de  crédito   (art.  22,  VII/CF).  

-­‐ As  regras  básicas  sobre  emissão  de  titulo,  forma,  prazo  etc.  competem  a  União.  Além  de  emitir  comando  genéri-­‐cos,  cabe-­‐lhe  fiscaliz art.  21,  VIII/CF).  

-­‐ Cabe  à  União  ditar  política  a  respeito  dos  empréstimos  públicos,  bem  como  fiscalizar  as  operações  realizadas.  -­‐ Compete  à  União,  concorrentemente  com  os  Estados  e  o  Distrito  federal,   legislar  sobre  direito  financeiro  (art.  

24,  I/CF art.  24,  §1º/CF).  A  compe-­‐tência  suplementar  dos  Estados  é  plena,  enquanto  inexistir  legislação  nacional  (art.  24,  §3º/CF),  podendo  ser  e-­‐xercida  mesmo  quando  da  legislação  federal,  naquilo  que  for  específico.  A  eficácia  da  lei  estadual  fica  suspensa  no  que  for  contrária  à  legislação  nacional  (art.  24,  §4º/CF).  

-­‐ A  legislação  cabe  ao  Congresso  nacional,  dispondo  sobre  operações  de  crédito  e  dívida  pública  (art.  48,  II/CF).  -­‐ Ao  lado  da  norma  genérica  sobre  operações  de  crédito  há  necessidade  de  que  o  Senado  Federal  fixe  os  limites  

globais  para  o  montante  da  dívida  consolidada  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  do  Municípios  (art.  52,  VI/CF),  o  que  deve  fazer  por  proposta  do  Presidente  da  República.  Abaixo  da  legislação  genérica,  pois,  há  um  ato  de  resolução  que  fixa  o  limite  da  dívida  consolidada.  

-­‐ A  operação  só  pode  realizar-­‐se  após  ate  de  aprovação  emitido  pelo  Senado  Federal  (art.  52,  V/CF);  a  aprovação  é  mais  técnica  e  significa  o  ato  de  controle  que  faculta  a  execução  de  outro  ato.  

-­‐ x-­‐terno  e  interno  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  de  suas  autarquias  e  demais  entida-­‐

art.  52,  VI/CF).  -­‐ Ao  mesmo  tempo,  cabe  ao  Senado  Federal  dispor  sobre  os  limites  e  condições  para  a  concessão  de  garantia  da  

União  em  operações  de  crédito  externo  e  interno  (art.  52,  VIII/CF).  

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-­‐ Art.  151,  II/CF  

-­‐ Como  nenhuma  despesa  pode  ficar  fora  do  orçamento  (art.  165,  §5º/CF)    princípio  da  universalidade  orçamen-­‐tária  (José  Afonso  da  Silva),  se  vê  que  nenhuma  despesa  poderá  ocorrer  se  não  tiver  expressa  previsão,  devendo  sua  fixação  constar  expressamente  do  orçamento  (art.  165,  §8º/CF).  

Nulidade  do  contrato  

-­‐ Ocorre  na  celebração  de  contrato  sem  autorização  legislativa.  Pontes  de  Miranda  acredita  que  ele  não  existe.  -­‐ Prevalece  o  princípio  da  boa-­‐fé  e  o  princípio  da  aparência:  se  alguém  contratou  com  o  Estado,  através  de  seu  

servidor,  o    fez  acreditando  que  ele  era  seu  representante.  

Repúdio  

-­‐ Ocorre  quando  o  país  devedor  nega-­‐se  a  pagar  a  dívida  (=  repudia  a  dívida).  

Exemplo:  União  Soviética  (pelas  dívidas  do  czarismo).  

O  Estado  prejudicado  pode  recorrer  a  meios  jurídicos  internacionais,  como  Cortes  Internacionais  de  Jus-­‐tiça  ou  arbitragem  (nacional  ou  internacional).  Não  pode  fazê-­‐lo  pela  conquista  militar.  Em  qualquer  hi-­‐pótese,  superado  o  repúdio,  há  a  execução  através  dos  tribunais  regulares.  

-­‐ Pode  haver:  

A  moratória  unilateral:  o  governo  deixa  de  pagar  o  débito;  ou  

Bancarrota:  insuficiência  dos  meios  de  pagamentos.  

Em  qualquer  caso,  impõe-­‐se  a  renegociação.  

Obs:  no  Brasil,  não  haveria  como  fazer  uma  distinção  entre  débito  do  Estado  e  o  débito  do  regime.  

Contribuições  patrióticas  

-­‐ É  a  arrecadação  de   fundos  para  atendimento  de  necessidades  prementes  do  Estado,   jogando-­‐se  com  o  senti-­‐mento  nacional.  

   

Classificação  do  crédito  

-­‐ Existem  três  critérios  para  classificação:  quanto  à  pessoa  jurídica,  ao  local  de  pagamento  e  ao  prazo  de  duração.  

1)  pessoa   jurídica  que  obtém  o  crédito   (polo  subjetivo  do  contrato):  podemos  classificá-­‐lo  em  federal,  estadual  ou  municipal,  na  medida  em  que  pode  ser  obtido  pela  União,  pelos  Estados,  pelos  Municípios  ou  pelo  Distrito  Federal.  

2)  local  de  pagamento  do  crédito:   A)  interna:  emitida  e  resgatada  dentro  do  mercado  de  um  país,  independentemente  de  serem  os  

mutuários  brasileiros  ou  estrangeiros.   B)  externa:  não  tem  caracterização  pela  moeda  de  pagamento,  mas  pela  transferência  de  divisas  

ao  exterior  e,  pois,  o  que  importa  é  o  local  ou  praça  em  que  o  pagamento  deva  ser  feito.   Observa-­‐se  que  a  utilização  de  uma  ou  outra  forma  de  empréstimo  depende  de  fatores  políticos  

ou  econômicos,  e  não  jurídicos.  

3)  prazo  de  duração  -­‐ Aponta  a  dívida  como  flutuante  e  fundada  ou  consolidada.  

Crítica:  essa  classificação  é  antes  da  ciência  das  finanças  e  não  do  direito  financeiro  (Geraldo  Ataliba).  A-­‐lém  disso,  o  critério  não  oferece  segurança  (qual  seria  o  prazo?).  

1)  flutuante:  é  adquirida  para  suprir  deficiência  de  caixa  e  deve  ser  resgatada  a  curto  prazo.  É  situação  provisória.  

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Exemplo:  art.  165,  §8º/CF     a-­‐dor  de  explicitar  qual  o  destino  do  empréstimo  obtido  por  tal  operação  e  a  que  receita  se  refere,  pode-­‐se  presumir  que,  tão  logo  ingressem  nos  cofres  públicos  os  recursos  originalmente  propos-­‐tos  na  previsão  orçamentária,  deve  haver  pagamento.  O  pagamento  deve  ocorrer  o  mesmo  e-­‐xercício  financeiro  da  obtenção  do  empréstimo    a  LRF  estabeleceu  que  somente  poderá  haver  a  tomada  de  recursos  a  partir  do  dia  10  de  janeiro  (art.  38,  I)  e  deverá  ocorrer  o  pagamento  até  o  dia  10  de  dezembro  do  mesmo  exercício  financeiro.  

Limite:  deve  ser  o  necessário  para  o  suprimento  do  caixa,  para  satisfação  das  despesas  impres-­‐cindíveis  à  manutenção  e  prestigio  do  crédito  público.  

Pode  destinar-­‐se  ao  pagamento  de  servidores,  de  alugueres,  de  obrigações  assumidas  com  prazo  etc.  

O   termo  de  pagamento  é  curto  e  destina-­‐se   a   suprir   eventual   e  momentânea   insuficiência  de  caixa.  

2)  fundada  ou  consolidada:  tem  prazo  longo  e  destina-­‐se  a  investimento.   É  adquirida  através  de  operações  de  emissão  de  títulos  no  mercado,  com  resgate  a  longo  prazo.   Em  relação  à  operação  por  antecipação  de  receita,  pode-­‐se  afirmar  que  se  cuida  de  um  contrato  

de  direito  comum,  pois  o  Poder  Público  vai  às  instituições  financeiras  buscar  dinheiro  para  satis-­‐fazer  suas  necessidades;  já  os  demais  empréstimos  caracterizam  contratos  públicos.  

O  art.  98  da  Lei  4.320/64  fixa  que  a  dívida  fundada  compreende  os  compromissos  de  exigibilida-­‐de  superior  a  doze  meses.  A  dívida  flutuante,  tal  como  se  deduz  do  art.  29,  V,  §3º  da  LRF,  é  a  as-­‐sumida  para  pagamento  antes  de  doze  meses.  No  entanto,  entra  no  conceito  de  dívida  consoli-­‐dada  para  apuração  do  montante  de  responsabilidade  do  ente  público.  

Em  relação  à  dívida  fundada,  emitem-­‐se  títulos  de  renda,  que  podem  conter  seu  termo  de  extin-­‐ção,  quando  deve  se  resgatado;  podem  ser  a  prazo,  quando  é  amortizado  parcialmente;  ou,  por  fim,  perpétuo,  produzindo  renda  mensal  ao  titular.  

O  art.  29,   I  da  LRF  diz  que  é  divida  pública  consolidada  ou  sem  duplicidade,  das  obrigações  financeiras  do  ente  da  Federação,  assumidas  em  virtude  de  leis,  contratos,  convênios  ou  tratados  e  da  realização  de  operações  de  crédito,  para  amortização  em  

  a   operação   ARO   (antecipação   por   antecipação   de   receita)  somente  pode  ser  realizada  a  partir  do  dia  10  de  janeiro  e  paga  até  o  dia  10  de  dezembro,  pode-­‐se  dizer  que  se  fixaram  limites  para  a  denominada  dívida  flutuante.  

O  crédito  estadual,  o  municipal  e  o  do  Distrito  Federal  e  a  intervenção  federal  e  estadual  

-­‐ Estados,  Municípios  e  Distrito  Federal  podem,  da  mesma  maneira  que  a  União,  adquirir  empréstimos,  mediante  emissão  de  títulos.  Toda  disciplina  normativa  consta  de  lei  federal  e  os  limites  e  condições  são  estabelecidos  pe-­‐lo  Senado  Federal,  através  de  resolução  (art.  52,  VII/CF).  

-­‐ Caso  as  entidades  políticas  menores  deixem  de  pagar  a  dívida  fundada  por  mais  de  dois  anos,  podem  sofrer  in-­‐tervenção  da  União  em  relação  aos  Estados  e  Distrito  Federal  (art.  34,  V,  a/CF)  ou  o  Estado  nos  Municípios  (art.  35/CF).  As  diferenças  são:  

1)  intervenção  pela  União:  basta  a  suspensão  do  pagamento  e  é  necessário  o  não  pagamento  por  mais  de  dois  anos  consecutivos;  

2)  intervenção  pelo  Estado:  basta  deixar  de  pagar  e  é  necessário  o  não  pagamento  por  dois  anos  conse-­‐cutivos.  

As  diferenças  são  sutis,  mas  existem.  No  primeiro  caso,  está  ocorrendo  o  pagamento,  mas  ele  é  suspen-­‐so.  No  segundo,  basta  que  não  se  pague  nos  primeiros  dois  anos  (na  intervenção  federal  já  se  ingressou  no  terceiro  ano).  

Tratando-­‐se  de  decisão  que  depende  de  mera  verificação  material  do  atraso,  tem  o  Presidente  da  Repú-­‐blica  ou  o  Governador  do  Estado  o  dever  de  agir  e  decretar  a  intervenção.  

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A  única  hipótese  de  exclusão  é  a   força  maior  devidamente  demonstrada,  ou  seja,  causas  que  tenham  impossibilitado  o  Estado,  o  Município  ou  o  Distrito  Federal  de  cumprirem  as  obrigações  assumidas,  o  que  

s-­‐sário,  cujo  

O  Estado  federativo  não  admite  outras  possibilidades,  salvo  as  expressamente  previstas  na  Constituição.  

O  não  pagamento  da  dívida  flutuante  não  enseja  a  intervenção,  o  que  vem  reforçar  o  entendimento  de  que  se  cuida  de  contrato  de  direito  privado.  

Garantias  

-­‐ art.  52,  VIII/CF).  

-­‐ O  credor  pode  exigir  garantias.  Para  evitar  que  se  comprometa  o  patrimônio  do  país,  o  Senado  Federal  dispôs  sobre  o  montante  da  garantia  e  sua  forma  em  sua  Resolução  43/2001.  

-­‐ Normalmente,  basta  a  palavra  do  Governo  para  assegurar  o  cumprimento  da  dívida  ou  o  porte  de  documento  mercantil  (letra,  bônus  etc.)  para  satisfazer  o  credor.  Pode,  entretanto,  ser  exigida  garantia  pessoal  ou  real.  

1)  garantia  pessoal:  pode  ser  exigido  o  aval  de  um  banco  ou  do  próprio  Governo  Federal,  no  caso  de  em-­‐préstimo  a  Estado,  Distrito  Federal  ou  Município;  

2)  garantia  real:  pode  ser  uma  hipoteca.  

Pode  ser  oferecida  a  garantia  da  não  depreciação  (desvalorização  em  função  do  desgaste  ou  envelheci-­‐mento),  da  correção  monetária  (que  garante  o  equilíbrio  econômico-­‐financeiro  do  contrato),  de  câmbio  (contratação  em  moeda  forte  ou  no  que  nela  se  possa  expressar;  tem  sido  comum  em  contratos  interna-­‐cionais)  ou  da  chamada  cláusula  ouro  (apura-­‐se  o  valor  do  grama  de  ouro,  quando  da  liquidação  do  débi-­‐to,  e  ele  é  utilizado  para  cálculo).  

-­‐ Em  suma,  é  possível  fornecer  qualquer  tipo  de  garantia,  em  especial  quando  se  cuida  de  empréstimo  em  di-­‐nheiro.  Quando  se  cuida  da  captação  de  moeda  através  de  venda  de  títulos  da  dívida  pública,  o  normal  é  a  ade-­‐são  dos  particulares  ao  papel,  que  contém  a  descrição  dos  condições  para  seu  resgate.  

-­‐ A  LRF  dispôs  sobre  as  garantias  e  contra-­‐garantias  que  podem  ou  devem  ser  exigidas,  inclusive  sob  a  responsabi-­‐lidade  do  agente  público  (art.  40  da  LC  101/2000).  

Controle,  fiscalização  e  prestação  de  contas  

-­‐ No  direito  público,  vigora  o  princípio  da  indisponibilidade  dos  interesses  públicos.  -­‐ Em  relação  aos  contratos   firmados  pela  Administração  Pública,  vigor  a   regra  da   fiscalização   estabelecidas  nos  

arts.  70  e  seguintes/CF,  ao  lado  do  controle  externo  e  interno  de  cada  órgão  de  Poder.  -­‐  Além  do  controle  e  da  fiscalização,  tem  o  a  gente  político  o  dever  de  prestar  contas.  -­‐ Perante  a  União,  cabe  ao  Tribunal  de  Contas  apreciar  as  contas  do  Presidenta  da  República  (art.  71,  I/CF)  e  julgar  

as  dos  demais  administradores  (art.  71,  II/CF).  -­‐ As  normas  de  prestação  de  contas  aplicam-­‐se  a  Estados,  Municípios  e  Distrito  Federal   (art.  75/CF).  Em  relação  

aos  Municípios,  a  não  prestação  de  contas,  na  forma  da  lei,  é  motivo  para  intervenção  do  Estado  (art.  35,  II/CF).  

Extinção  

-­‐ Nasce  a  possibilidade  do  empréstimo  com  a  previsão  legal  autorizativa  da  emissão  de  títulos,  vindo  nela  estabe-­‐lecidos  todos  os  requisitos.  A  venda  pode  dar-­‐se  por  bancos,  bolsas  ou  mediante  subscrição  pública  interna  ou  externa.  

-­‐ Opera-­‐se  a  extinção  do  débito  por  resgate  (à  vista  ou  por  amortização),  conversão,  consolidação  ou  prescrição.  

1)  resgate:  cabe  à  vista  (normal  nos  empréstimos  a  curto  prazo)  ou  por    amortização  paulatina  (o  paga-­‐mento  vai  ocorrendo  de  acordo  com  o  estabelecido    por  exemplo,  6%  de  juros  e  2%  de  amortização).  

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O  Estado  pode  reservar-­‐se  o  direito  de  efetuar  o  pagamento  antes  do  prazo  ou  de  alterar  o  mon-­‐tante  dos  juros.  

Pode  ocorrer  o  resgate  mediante  sorteio,  ou  seja,  em  determinada  épocas  há  o  sorteio  dos  títu-­‐los  que  deverão  ser  pagos  e  cabe  às  bolsas  comprá-­‐los.  

2)  conversão:  dá-­‐se  ao  credor  uma  opção  de  resgatar  o  título  por  juro  menor  ou  mantê-­‐lo.   Quando  o   credor  não  dá  opção,   rompe   com  o  contrato,   rescindindo-­‐o  unilateralmente,  o  que  

enseja  responsabilidade  contratual  do  Estado.  Tem  de  assegurar  a  opção  ou  deve  seguir  o  que  havia  sido  combinado  no  pacto  financeiro.  

A  doutrina  italiana  fala  em  conversão  forçada,  em  que  há  a  redução  dos  juros  por  ato  unilateral,  livre,  em  que  o  credor  pode  ou  não  aceitar  a  redução  e  facultativa,  em  que  o  Estado  propõe  a-­‐ceitar  a  modificação  ou  o  reembolso  dos  títulos.  

3)  consolidação  do  débito:  transformação  da  dívida  flutuante  em  dívida  fundada.   O  Regis  apena  admite  a  consolidação  facultativa,  ou  seja,  aquela  que  propicia  escolha  ao  credor:  

 que  constituiria   rompimento  do  contrato,  dando    

Não  se  cuida,  propriamente,  de  forma  de  extinção  do  débito,  mas  de  novação  objetiva,  em  que  se  extingue  a  dívida  antiga,  dando  lugar  ao  surgimento  de  nova  dívida.  

4)  prescrição:  gera  a  extinção  do  débito  com  a  concomitante  perda  do  direito  de  crédito.  

Execução  

-­‐ Tornando-­‐se  o  Estado  inadimplente,  pode  o  credor  executar  seu  crédito  perante  os  tribunais  do  país,  observan-­‐do  o  lugar  de  pagamento  ou  foro  de  eleição.  

-­‐ Não   se   cuidando   de   crédito   de   pequeno   valor,   aplica-­‐se   o   art.   100/CF   (com   as   alterações   da   EC   n.   30/2000,  37/2002  e  62/2009),  que  determina  que  os  pagamentos,  após  executados,  sejam  realizados  na  ordem  cronológi-­‐ca  de  apresentação  dos  precatórios,   ressalvados  os  créditos  de  natureza  alimentícia  cujos   titulares   tenham  60  anos  ou  mais  ou  portadores  de  doença  definida  em  lei.  (caso  a  decisão  tenha  sido  proferida  por  tribunal  estran-­‐geiro,  é  imprescindível  sua  homologação  pelo  STJ    art.  105,  I/CF,  com  inclusão  dada  pela  EC  n.  45/2004).  

-­‐ Não  cabe  a  execução  comum,  uma  vez  que  os  bens  públicos  são  inalienáveis  e  impenhoráveis,  além  de  impres-­‐cindíveis.  Assim  sendo,  não  se  pode  falar  em  execução  forçada  (que  começa  com  a  penhora  dos  bens  do  deve-­‐dor).  

-­‐ Tramita  o  feito  pela  forma  ordinária  e,  ao  final,  condenado  o  Estado,  expede-­‐se  oficio  requisitório  para  inclusão  do  montante  devido  ao  credor  nas  ordens  dos  precatórios.    

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Capítulo  28:  Dívida  pública  e  operações  de  crédito  

Dívida  externa  e  interna.  O  FMI.  

-­‐ Dívida  pública:  abrange  apenas  os  empréstimos  captados  no  mercado  financeiro  interno  ou  externo,  através  de  contratos  assinados  com  os  bancos  e  instituições  financeiras  ou  do  oferecimento  de  títulos  ao  público  em  geral  (RICARDO  LOBO  TORRES).  

-­‐ Dívida  externa:  quando  a  assunção  de  compromissos  financeiros  ocorre  com  pessoa  jurídica  ou  física  do  exterior.  O  endividamento  externo  foi  e  tem  sido  o  responsável  por  impressionante  transferência  de  recursos  de  países  pobres  para  ricos.  Eventualmente,  traz  alguma  vantagem  imediata;  a  médio  e  longo  prazos,  é  desastrosa.  

-­‐  Dívida  interna:  quando  o  credor  é  pessoa  jurídica  ou  física  sediada  no  Brasil.  -­‐ Desde  o  Império  o  Brasil  recorre  a  credores  externos,  porém  foi  na  década  de  1970  que  o  país  começou  a  endi-­‐

vidar-­‐se  pesadamente.  Durante  o  Regime  Militar,  a  dívida  cresceu  de  US$24,8  bilhões  para  cerca  de  US$100  bi-­‐lhões.  

-­‐ Por  muito  tempo  o  Governo  brasileiro  obtinha  créditos  por  meio  de  operações  junto  ao  FMI,  entidade  criada  em  1944  em  Bretton  Woods  com  o  objetivo  de  efetuar  a  recuperação  de  países  em  crise,  mediante  empréstimos  públicos,  impondo  diretrizes  para  a  recuperação  da  economia  local.  

-­‐ O  FMI  foi  criado  para  preservar  o  funcionamento  do  sistema  monetário  internacional.  Os  países  que  ratificaram  os  estatutos  do  Fundo  obrigam-­‐se  a  garantir  a  estabilidade  de  sua  moeda.  A  todos  é  legitimo  socorrerem-­‐se  do  Fundo.  

-­‐ Outras   instituições  foram  criadas,  tais  como  o  Banco  Mundial   (através  do  BIRD    Banco  Internacional  para  Re-­‐construção  e  Desenvolvimento  e  a  AID    Assistência  Internacional  de  Desenvolvimento),  que  se  destina  à  recons-­‐trução  e  desenvolvimento  dos  países.  

-­‐ Enquanto  o  FMI  fornece  recursos  de  curto  prazo  para  reequilibrar  a  balança  de  pagamentos,  o  Banco  Mundial  fornece  ajuda  a  longo  prazo  nos  projetos  de  investimento.  O  FMI  busca  a  recuperação  de  países  em  crise;  o  Ban-­‐co  Mundial  financia  empreendimentos.  

-­‐ Posteriormente  foi  criada  a  OMC,  em  substituição  ao  GATT  (General  Agreement  on  Tariffs  and  Trade).  Tem  por  finalidade  a  derrubada  de  tarifas  protecionistas  e  a  redução  de  tarifas  aduaneiras.  

-­‐ Ao  longo  do  tempo,  o  FMI  vem  alterando  sua  razão  de  ser  e  adaptando-­‐se  aos  novos  tempos.  A  partir  de  1996  surge  o  plano  para  socorro  a  países  pobres  muito  endividados.  

-­‐ Nos  últimos  anos,  o  Brasil  tem  exercido  posição  de  liderança  nas  discussões  de  reforma  e  expansão  da  atuação  do  FMI,  intensificadas  em  face  da  crise  financeira  internacional  iniciada  em  2008.  O  País  passou  da  condição  his-­‐tórica  de  devedor  para  a  de  credor  deste  fundo  em  2009,  formalizando  a  intenção  de  disponibilizar  recursos  para  o  financiamento  das  operações  de  empréstimos  conduzidas  pelo  fundo.  

-­‐ Funcionamento  do  FMI:  é  dirigido  pelo  Conselho  Diretivo,  investido  de  todos  os  poderes.  Como  somente  há  reu-­‐niões  excepcionalmente,  há  delegação  de  atribuições  ao  Conselho  Administrativo  e  à  sua  frente  encontra-­‐se  um  Diretor  Geral.  Há  dois  Comitês,  o  Monetário  e  o  Financeiro   Internacional,  bem  como  o  Comitê  de  Desenvolvi-­‐mento,  cada  um  tendo  24  membros.  A  força  de  cada  país  no  órgão  é  dada  de  acordo  com  a  cota-­‐parte,  isto  é,  a  aquisição  de  cotas  do  Fundo.  Atualmente,  os  Estados  Unidos  possuem  17,67%,  enquanto  o  Brasil  tem  1,783%.  

-­‐ Críticas  ao  FMI:  

Manipulado  pelos  Estados  Unidos.  

Visão  estritamente  monetarista,  deixando  de  lado  os  aspectos  sociais  das  crises.  

Por  vezes,  é  visto  como  organismo  que  sufoca  os  países  pobres;  outras,  como  último  bastião  de  garantia  da  recuperação  econômica.  

-­‐ A  partir  daí  nasceram  duas  correntes  ideológicas:  

1)  Entende  ser  o  FMI  uma  entidade  isenta,  baseada  exclusivamente  em  princípios  econômicos  e,  como  todo  credor  que  empresta  dinheiro,  quer  vê-­‐lo  garantido  e  segue  diretrizes  que  lhe  são  fixadas  por  sua  diretoria.  

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a-­‐lizada  (...),  é  imprescindível  que  o  Estado  possa  propiciar  aos  investidores  garantias  de  um  bom  negócio.  Caso  contrário,  ninguém  aplica  no  país  que  necessita  de  recursos  públicos  e  privados  

problema  está  em  rediscutir  ou  repactuar  os  contratos  anteriores,  obtendo  melhoria  em  seu  pa-­‐  

2)   Entende   ser  o   Fundo  opressor,   intervindo  na   intimidade  de  Estados,  quebrando   sua   soberania,   im-­‐pondo  regras,  o  que  agride,  na  essência,  o  bem  estar  da  população  que  tem  que  pagar  a  divida,  a  qual-­‐quer  custo.  

 

Breve  histórico  da  dívida  brasileira  

-­‐ A  dívida  (crédito)   iniciou-­‐se   já  na  transferência  da  Coroa  portuguesa  ao  Brasil,  que  trouxe  consigo  uma  dívida  contraída  perante  a  Inglaterra.  

-­‐ Os  principais   períodos   em  que   a   dívida   externa   esteve   em  destaque   ou   foi   sensivelmente   aumentada   foram:  Independência  do  Brasil;  Guerra  do  Paraguai;  Lei  de  15.11.1827  (fundou  a  dívida  pública  interna  e  externa  e  cri-­‐ou  o  Grande  Livro  e  a  Caixa  de  Amortização);  Primeira  República  (renegociação  da  dívida  por  Campo  Salles);  em  1931  houve  a  primeira  moratória  fundada  em  decisão  unilateral  do  Brasil,  sucedendo-­‐se  outra  em  1943;  governo  Vargas   e   Kubitschek;   regime  militar   (no   final   do   governo   Figueiredo,   a   dívida   estava   em   torno   de  US$100  bi-­‐lhões);  elevação  do  preço  do  petróleo,  por  conta  do  embargo  da  OPEP  após  a  Guerra  do  Yom  Kippur  e  a  Revolu-­‐ção  Iraniana  de  1979  (aumenta  a  dívida  em  petrodólares  e  a  partir  daí  fica  ela  dolarizada).  

-­‐ Pode-­‐se  precisar  que  houve  alguns  fatores  para  elevação  da  dívida:  

a)  câmbio  flutuante  entra  as  moedas;  

b)  ampla  oferta  de  crédito  internacional;  

c)  política  monetarista;  

d)  fuga  de  capitais  nacionais;  

e)  emissão  de  títulos  da  dívida  pública  com  garantia  de  alteração  cambial.  -­‐ Os  empréstimos  eram  obtidos  junto  a  empresas  multinacionais  ou  perante  Governos,  com  a  alteração  do  credor,  

da  Inglaterra  para  os  Estados  Unidos.  A  partir  de  1944,  com  a  criação  do  FMI  e  do  Banco  Mundial,  os  créditos  passaram  a  ser  financiados  por  tais  instituições,  sem  prejuízo  de  obtenção  de  financiamento  a  outros  Bancos  e  também  perante  diversos  governos.  

-­‐ A  dívida  interna  evolui  a  partir  de  empréstimos  obtidos  por  governadores.  Durante  a  Segunda  Guerra  Mundial,  houve  emissão  de  títulos  de  subscrição  compulsória,  que  eram  descontados  dos  vencimentos  e  salários.  A  partir  de  1982,  o  Governo  priorizou  o  financiamento  interno  do  déficit.  Para  atrair  os  investimentos,  acena  com  paga-­‐mento  de  juros  elevados,  o  que  faz  aumentar  o  débito.  

-­‐ Hoje,  o  montante  das  dívidas  interna  e  externa  soma  cerca  de  um  trilhão  e  trezentos  bilhões  de  reais.  Aproxima-­‐se  de  43,1%  do  PIB,  o  que  é  bastante  grave.  

-­‐ O  débito  acha-­‐se  representado,  seja  em  contratos,  seja  no  lançamento  de  títulos  da  dívida  em  Bônus  do  Tesouro  Nacional,  Obrigações  do  Tesouro  Nacional,  Letra  Financeira  do  Tesouro  Nacional,  Nota  do  Banco  Central  e  Letra  do  Tesouro  Nacional.  

Interlúdio  (=  intermédio)  conceitual:  dívida  pública  consolidada  e  dívida  pública  mobiliária  e  flutuan-­‐te  

-­‐ 1)   dívida   consolidada:   montante   total   das   obrigações   financeiras   assumidas   em   virtude   da   Constituição,   leis,  contratos,  convênios  ou  tratados  e  da  realização  de  operações  de  crédito,  para  amortização  em  prazo  superior  a  12  meses.  

-­‐ 2)  dívida  mobiliária:  decorrente  de  títulos  emitidos  pelos  entes  federados.  

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-­‐ 3)  dívida  flutuante:  assumida  para  pagamento  no  mesmo  exercício.  -­‐ Como  o  texto  da  LRF  faz  integrar  no  conceito  de  dívida  consolidada  as  operações  de  crédito  de  prazo  inferior  a  

doze  meses,  desde  que  incluídas  no  orçamento  (art.  29,  §3º),  o  conceito  anterior  de  dívida  flutuante  se  altera,  ainda  que  seja  a  de  certo  prazo,  sendo  considerada  fundada  para  efeito  exclusivo  de  consolidação  da  dívida  to-­‐tal.  

Princípios  gerais  de  direito  incidentes  sobre  os  débitos  externos  

-­‐ 1)Obediência  ao  que  foi  contratado  (pacta  sunt  servanda):  os  contratos  devem  ser  cumpridos  tal  como  pactua-­‐do.  As  partes  signatárias  sujeitam-­‐se  a  suas  cláusulas.  Ocorrendo  bruscas  transformações  na  situação  fática  que  tornem  difícil  ou  impossível  o  cumprimento  do  pactuado,  deve  haver  a  reformulação  do  contratado  (cláusula  re-­‐bus  sic  stantibus).  A  situação  fática,  tornando-­‐se  insuportável  ou  excessivamente  onerosa  para  uma  das  partes,  obriga  a  revisão  do  que  fora  firmado.  

-­‐ 2)  Princípio  da  boa-­‐fé  e  da  boa-­‐fé  objetiva:  é  a  presença  da  ética  na  relação  contratual,  que  pressupõe  uma  rela-­‐ção  de  mútua  confiança.  Pressuposto  é  que  as  partes  tenham  plena  liberdade  de  contratar  e  vedada  é  a  proibi-­‐ção  de  usura.  

No  pacto  entre  Estados  soberanos,  fala-­‐se  em  beneficium  competentiae  (não  redução  do  devedor  ao  es-­‐tado  de  necessidade)  como  cláusula  prioritária,  ou  seja,  não  pode  o  credor,  valendo-­‐se  de  sua  posição  de   superioridade,   impor   exigências   exorbitantes   ou   de   difícil   cumprimento.   Deve   haver   o  mínimo   de  cooperação  internacional.  

-­‐ 3)  Não  pode  haver  alteração  unilateral  das  clausulas  firmadas:  a  ninguém  é  lícito  modificar  o  que  foi  livremente  aceito.  

O  limite  de  assunção  de  compromissos  é  a  possibilidade  de  pagamento  ou  de  endividamento  do  povo  s-­‐

ponsabilidade  do  Estado  credor,  que  tem  que  saber  dos  limites  de  seu  empréstimo,  uma  vez  que  é  cor-­‐  

-­‐ Tendo  em  vista  tais  princípios  que  devem  nortear  toda  e  qualquer  pactuação  entre  Estados,  é  importante  que  os  povos  sejam  respeitados  em  sua  individualidade  e  nada  pode  ser  imposto  que  cause  grave  perturbação  social  ou  que  seja  efetuado  o  pagamento  de  débito  à  custa  do  sacrifício  de  toda  a  população.  Princípios  de  garantia  da  prevalência  dos  direitos  humanos  devem  sobrepor-­‐se  ao  cumprimento  do  contrato  a  qualquer  custo.  

Requisitos  e  limites  da  operação  externa  de  natureza  financeira  

-­‐ Os  Estados,  para  sua  sobrevivência,  dependem  de  financiamento  de  toda  ordem,  para  cumprir  seus  objetivos  e  finalidades.  Não  só  buscam  recursos  junto  a  instituições  financeiras,  bem  como  perante  outras  pessoas  jurídicas  de  direito  público.  Da  mesma  forma,  procuram  receitas  financeiras  no  âmbito  interno  do  Estado,  como  também  o  fazem  internacionalmente,  seja  perante  entidades  financeiras,  seja  perante  outros  Estados.  Em  suma,  é  da  vi-­‐da  normal  dos  entes  públicos  que  estes  se  relacionem  e  busquem  recursos  perante  outros,  para  a  subsistência  dos  Estados  e  para  desenvolvimento  de  suas  atividades.  

-­‐ Ao  contrário  do  âmbito  privado,  no  qual  o  crédito  funciona  de  acordo  com  a  fidúcia  que  cada  entidade  tem,  for-­‐necendo  garantias  e  bastando,  para  a  formação  do  vínculo,  a  manifestação  da  vontade,  no  âmbito  público  há  to-­‐da  uma  sorte  de  exigências  preliminares:  imprescindível  se  faz  a  prévia  autorização  legislativa  (para  que  possa  o  Estado  vincular-­‐se  a  um  débito);  depois,  é  necessário  que  haja  a  representação  do  ente  público,  fixando-­‐se  ga-­‐rantias,  prazos  de  vencimento,  formas  de  resgate  etc.  

-­‐ A  operação  de  crédito  foi  definida  no  art.  29,  III,  §1º/LRFconfissão  de  dívidas  pelo  ente  da  Federação,  sem  prejuízo  do  cuResolução  43/2001   a-­‐dos  no  País  ou  no  exterior,  em  razão  de  mútuo,  abertura  de  crédito,  emissão  e  aceite  de  título,  aquisição  financi-­‐ada  de  bens,   recebimento  antecipado  de  valores  provenientes  da  venda  a  termo  de  bens  e  serviços,  arrenda-­‐

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inciso   I  do  §1º  do  art.  3º  equipara  que  o  Poder  Público  detenha,  direta  ou  indiretamente,  a  maioria  do  capital  social  com  direito  a  voto,  salvo  lucros  

direta  de  compromisso,  confissão  de  di-­‐vida  ou  operação  assemelhada,  com  fornecedor  de  bens,  mercadorias  ou  serviços,  mediante  emissão,  aceite  ou  aval  de  títulos  de  crédito.  Também  assim  se  considera  a  assunção  de  obrigação,  sem  autorização  orçamentária,  com  fornecedores  para  pagamento  a  posteriori  de  bens  e  serviços  (art.  3,  §1º,  I  e  III  da  Resolução  43/2001).  

-­‐ Os  conceitos  em  foco  diferem.  -­‐ Discute-­‐se   se   a   compra   externa,   com  pagamento   à   vista,   depende  de   autorização  do   Senado.  Possuindo-­‐se  o  

ente  federal  disponibilidade  de  recursos,  tendo  autorização  do  respectivo  órgão  legislativo  e  efetuando-­‐se  ope-­‐ração  á  vista,  dispensa-­‐se  autorização.  

-­‐ dada  pelo  Senado  não  empresta  a   responsabilidade  da  União  às  operações  dos  Estados-­‐Membros,  do  Distrito  Federal,  dos  Municípios.  Trata-­‐  

-­‐ Cumpre  notar  que  a  operação  interna  não  fica  alcançada  pelo  dispositivo.  Em  relação  a  estas,   incide  o  art.  52,  VII/CF.  

-­‐ A  matéria  também  vem  disciplinada  pela  Resolução  43/2001:  após  definir  o  que  se  entende  por  entes  federati-­‐vos  (art.  2º,  I),  empresa  estatal  dependente  (inciso  II),  dívida  pública  consolidada  (inciso  III),  dívida  pública  mobi-­‐liaria  (inciso  IV)  e  dívida  líquida  (inciso  V),  define  o  que  é  operação  de  crédito  (art.  3º).  A  Resolução  alcança  os  entes  federativos  (União,  Estado,  Distrito  Federal  e  Município).  

1)  empresa  dependente  é  a  controlada  por  en e-­‐cursos   financeiros  de  seu  controlador,  destinados  ao  pagamento  de  despesas  com  pessoal,  de  custeio  em  geral  ou  de  capital,  excluídos,  neste  último  caso,  aqueles  provenientes  de  aumento  de  participação  acionária,  e  tenha,  no  exercício  corrente,  autorização  orçamentária  para  recebimento  de  recursos  finan-­‐

 

2)  dívida  pública  consolidada  é  o  montante  total  dos  débitos  assumidos  em  decorrência  de  obrigações  financeiras,  inclusive  emissão  de  títulos,  por  qualquer  forma  assumidas  e  de  operações  de  credito,  para  amortização  acima  de  12  meses.  (art.  2º,  III)  Abaixo  daí  diz-­‐se  da  dívida  flutuante  (na  LRF,  o  conceito  de  dívida  flutuante  é  outro    aquele  assumido  a  partir  de  10  de  janeiro  e  que  deve  ser  pago  até  o  dia  10  de  dezembro,  durante  o  mesmo  exercício  financeiro):  é  o  que  se  conclui  da  análise  conjunta  dos  incisos  I  e  II  do  art.  38/LRF.  Também  aí  se  incluem  precatórios  não  pagos  e  operações,  ainda  que  inferiores  a  12  me-­‐ses,  que  tenham  constado  como  receitas.  

3)  dívida  pública  mobiliaria  é  a  representada  por  títulos  emitidos  pelos  entes  federativos  (art.  2º,  IV).  

4)  dívida  consolidada  líquida  é  a  que  tem  deduzidas  as  disponibilidades  de  caixa,  as  aplicações  financei-­‐ras  e  os  demais  haveres  financeiros  (art.  2º,  V).  

-­‐ Receita  corrente   líquida  é  o  somatório  das  receitas  tributarias,  de  contribuições  patrimoniais,   industriais,  agro-­‐pecuárias,  de  serviços,  transferências  correntes  e  outras  receitas,  deduzidas  as  receitas  transferidas  dos  Estados  para  os  Municípios  por  determinação  constitucional,  a  contribuição  dos  servidores  estaduais  e  municipais  a  seu  sistema  de  custeio  de  previdência  e  as  receitas  provenientes  da  compensação  financeira  prevista  no  §9º  do  art.  201/CF.  

-­‐ A  Resolução  veda  qualquer  operação  que  implique  endividamento,  sem  o  cumprimento  de  determinações,  sem  previsão  orçamentária  (art.  5º).  

-­‐ Os  entes   federados,  para  obtenção  do  empréstimo,  devem  encaminhar  os  pedidos  ao  Ministério  da   Fazenda,  acompanhados  de  uma  série  de  requisitos  elencados  nos  incisos  (I  ao  XV)  do  art.  21/Resolução  43/2001.  

-­‐ Em  relação  a  pedidos  de  empréstimo  para  operações  de  credito  por  antecipação  de  receita,  impõe-­‐se  o  atendi-­‐mento  ao  art.  22  da  Resolução  ora  comentada,  instruídos  com  os  itens  I,  II,  IV  a  VIII  e  XI  a  XIII  do  art.  21,  além  de  solicitação  da  instituição  financeira  que  realizará  a  operação  de  crédito  e  documento  assinado  pelo  Chefe  do  po-­‐der  Executivo  discriminando  as  condições  da  proposta.  

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-­‐ No  caso  de  aval  ou  garantia  da  União,  para  qualquer  operação  de  crédito  interno  ou  externo,  deverão  conter  no  art.  23  da  Resolução  em  análise  o  disposto  pela  Resolução  3/2002.  

-­‐ Detectada  qualquer  irregularidade,  devolve-­‐se  o  procedimento.  Apurada  alguma  ilegalidade,  haverá  punição  aos  culpados.  

-­‐ Os  pleitos  serão  encaminhados  ao  Ministério  da  Fazenda  ao  Senado,  em  até  trinta  dias  úteis.  No  caso  de  opera-­‐ção  externa,  mediante  mensagem  do  Presidente  da  República  (parágrafo  único  do  art.  23).  Apurada  eventual  fa-­‐lha  nos  documentos,  haverá  pedido  de  complementação.  Desatendidas  as  exigências,  o  pleito  será  indeferido.  

-­‐ Sujeitam-­‐se   a   autorização   específica   do   Senado   as   seguintes   operações   dispostas   nos   incisos   I   a   IV   do   art.  28/Resolução  43/2001):  

1)  crédito  externo;  

2)  as  decorrentes  de  convênios  para  aquisição  de  bens  e  serviços  no  exterior;  

3)  emissão  de  títulos  da  dívida  pública;  

4)  emissão  de  debêntures  ou  assunção  de  obrigações  por  entidades  controladas  pelos  Estados,  pelo  Dis-­‐trito  Federal  e  pelos  Municípios  que  não  exerçam  atividade  produtiva  ou  não  possuam  fonte  própria  de  receitas.  

-­‐ Se  o  pedido  contiver  todas  as  exigências  regulamentares,  é  encaminhado  à  apreciação  do  Senado;  caso  contrá-­‐rio,  após  diligências,  Serpa  devolvido  ao  interessado.  

-­‐ As  operações  de  antecipação  de  receita  orçamentária  serão  autorizadas  mediante  processo  competitivo  eletrô-­‐nico,  pelo  Banco  Central  do  Brasil,  perante  todo  o  sistema  financeiro.  Apresentadas  as  propostas,  poderá  haver  sua  melhoria  (art.  37  e  parágrafos/Resolução  43/2001),  cujo  resultado  será  divulgado.  Há  restrições  a  juros.  

-­‐ Os  pedidos  de  autorização  para  o  lançamento,  oferta  pública  ou  colocação  no  mercado  de  títulos  da  divida  públi-­‐ca,  destinados  a  refinanciar  títulos  vincendos,  devem  ser  encaminhados  com  antecedência  de  60  dias  (art.  38/  Resolução  43/2001).  A  venda  dos  títulos  será  realizada  em  leiloes  eletrônicos  pelo  Banco  Central  ou  por  entidade  autorizada  pela  Comissão  de  Valor  Mobiliários    CVM  (art.  39).  

-­‐ O  Ministério  da  Fazenda  é  obrigado  a  informa,  mensalmente,  ao  Senado  a  posição  do  endividamento  de  todos  os  entes  federados  e  respectivas  entidades  da  administração  indireta  (art.  41,  I)  e  as  respectivas  operações  reali-­‐zadas.  

-­‐ O  ato  final  do  deferimento  ou  não  por  parte  do  Senado  Federal  vem  ao  mundo  jurídico  através  de  resolução.  -­‐ O  controle  posterior  da  aplicação  de  recursos  é  competência  do  Tribunal  de  Contas  da  União  e  eventualmente,  

do  Estado  e  do  Município,  onde  houver.  -­‐ O  contido  no  art.  50  da  Resolução  43/2001  do  Senado  não  se  aplica  Pás  autarquias  financeiras.  

 Operações  de  crédito  interno    

-­‐ O  controle  efetivo  cabe  ao  Ministério  da  Fazendo  (art.  32/LRF).  A  operação  interna  não  necessita  de  autorização  do  Senado  Federal  (art.  52,  V/CF  combinado  com  o  art.  32,  IV,  §1º/LRF).  No  entanto,  imprescindível  que  atenda  a  diversos  requisitos  que  deverão  ser  atendidos  quando  da  formulação  do  pleito  perante  o  Ministério  da  Fazenda.  Pressupõe  autorização  legislativa  para  a  contratação,  previsão  orçamentária,  sujeição  às  normas  para  o  endivi-­‐damento  global,  tal  como  disposto  na  Resolução  43/2001  do  Senado.  

-­‐ A  operação  ocorrerá  perante  entidade  financeira  que  deverá  exigir  comprovação  do  atendimento  às  exigências  legais  e  da  Resolução  do  Senado.  A  desobediência  dos  requisitos  estabelecidos  em  lei  importará  em  sua  nulidade  (art.  33,  §1º/LRF).  

-­‐ A  LRF  (art.  35)  impede  operações  de  crédito  entre  entes  da  federação.  A  matéria  também  foi  objeto  de  análise  no  texto  específico  sobre  o  assunto.  

-­‐ Equiparam-­‐se  as  operações  de  crédito  e  também  estão  vedadas  a  captação  de  recursos,  a  título  de  antecipação  de  receita  de  tributo  ou  contribuição  cujo  fato  gerador  não  tenha  ocorrido,  o  recebimento  antecipado  de  valores  de  empresa  que  seja  o  Poder  Público  sócio  majoritário,  assunção  direta  de  compromissos  e  de  assunção  de  obri-­‐gação  sem  autorização  orçamentária  (art.  37/LRF).  

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-­‐ É  muito   importante  que  as   normas   legais  ou   constantes  da  Resolução  não  atinjam  a   intimidade     autonomia  prevista  na  forma  federativa    de  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  uma  vez  que  podem  impor  limites  in-­‐constitucionais.  A  propósito  do  assunto,  o  STF  já  julgou  que  a  norma  n

(ADIn  1.728MC/DF).  

Dos  limites  globais  para  o  montante  da  dívida  pública  

-­‐ O  art.  52,  VII/CF  estabelece  que  o  Senado  deve  dispor  sobre  os  limites  globais  de  credito  externo  e  interno  dos  entes  federativos.  As  dívidas  públicas  consolidadas  e  mobiliárias  sujeitam-­‐se  aos  ditames  da  Resolução  40/2001,  só  que  não  há  previsão  em  relação  à  União.  Apenas  dispôs  sobre  os  demais  entes  federativos.  

-­‐ A  dívida  consolidada  líquida    dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  a  partir  do  décimo  quinto  exercí-­‐cio  financeiro,  contado  de  2001,  não  poderá  exceder,  no  caso  de  Estados  e  Distrito  Federal,  a  duas  vezes  a  receita  corrente  líquida  (art.  3º  da  Resolução  40/2001).  No  caso  de  Municípios,  o  limite  do  excesso  é  de  um  inteiro  e  dois  décimos  da  receita  corrente  líquida.  

-­‐ Os  limites,  no  prazo  de  transição,  serão  de  1/15  a  cada  exercício  financeiro,  nos  termos  do  art.  4º,  I,  da  Resolu-­‐ção  40/2001  do  Senado.  

-­‐ Todos  os  entes  federados  deverão  atualizar  seus  dados  junto  ao  Ministério  da  Fazenda,  para  efeito  de  seu  con-­‐trole.  

-­‐  Durante  o  período  de  ajuste,  os  entes  federativos  ficam  impedidos  de  efetuar  operações.  -­‐ Ainda  que  o   texto  não   se   refira   às  entidades  da  administração  descentralizada,   resta  evidente  que  estão  elas  

alcançadas  pela  dicção  do  art.  52,  VII/CF.  

 Autorizações  para  operações  externas  

-­‐ Pretendendo   os   entes   federativos   realizar   qualquer   operação   externa   de   natureza   financeira,   deverão   obter  autorização  do  Senado.  Ressalte-­‐se  que  apenas  as  operações  externa  é  que  necessitam  de  autorização.  No  en-­‐tanto,  como  cabem  ao  Senado  verificar  se  as  condições  para  o  endividamento  estão  presentes,  significa  que  o  Senado  deva  manifestar-­‐se  sobre  o  nível  de  endividamento,  o  que,  por  consequencia,  impõe-­‐se  a  sua  participa-­‐ção.  

-­‐ autorizar   operações   externas   de   natureza   financeira,   de   interesse   da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal,  dos  Territórios  e  dos  Municípios

as  operações  de  crédito  interno  e  externo  da  União,  inclusive  a  concessão  de  garantias art.  1º)  às  exigências  que  prevê.  

-­‐ A  Resolução  48/2007  do  Senado  Federal  dispôs  sobre  os  limites  globais  para  as  operações  de  credito  externo  e  interno  da  União  (apenas  Estados  e  Municípios  eram  disciplinados  normativamente  em  suas  operações).  

-­‐  Alguns  artigos  desta  lei:  

Art.  2º:  redefine  conceitos,  tais  como  a  União,  empresa  estatal  dependente  e  dívida  consolidada.  Define  montante  total,  apurado  sem  duplicidade,  das  obrigações  financeiras  da  U-­‐

nião,  inclusive  as  decorrentes  da  emissão  de  títulos,  assumidas  em  virtude  de  leis,  contratos,  convênios  ou  tratados,  da  realização  de  operações  de  crédito  para  amortização  em  prazo  superior  a  12  (doze)  me-­‐ses,  dos  precatórios  judiciais  emitidos  a  partir  de  5  de  maio  de  2000  e  não  pagos  durante  a  execução  do  orçamento  em  que  hajam  sido  incluídos  e  das  operações  de  crédito  que,  embora  de  prazo  inferior  a  12  (doze)  meses,  tenham  constado  como  receitas  no  orçamentoBanco  Central  serão  incluídas  as  decorrentes  de  emissão  de  títulos  de  sua  responsabilidade  (§1º).  A  dívi-­‐da  consolidada  não  inclui  operações  entre  a  Administração  direta  e  respectivas  entidades  que  integram  a  União.  

Art.  3º:  cuida  e  disciplina  as  operações  de  crédito.  

Art.  4º:  trata  da  receita  corrente  líquida.  

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Art.  5º:  estabelece  as  vedações  em  relação  ao  recebimento  antecipado  de  valores,  assunção  direta  de  compromissos,  concessão  de  subsídios  ou  incentivos  (incisos  I  a  IV).  

Art.  7º:  dispõe  sobre  os  limites  e  condições  para  a  realização  de  operações  de  credito  e  nelas  a  União  fi-­‐cará  restringida  ao  montante  global  das  operações  que  não  poderá  ser  superior  a  60%  da  receita  corren-­‐te  líquida  (inciso  I).  O  montante  da  dívida  consolidada  não  poderá  exceder  o  teto  estabelecido  pelo  Se-­‐nado  em  resolução  específica  (inciso  II).  

Art.  8º  (incisos  I  a  IV):  os  contratos  não  poderão  conte  cláusula:  a)  de  natureza  política;  b)  atentatória  à  soberania  nacional;  c)  contrária  à  Constituição  e  às  leis  brasileiras  e  d)  que  implique  compensação  auto-­‐mática  de  débitos  e  créditos.  

Art.  9º:  não  poderá  a  União  prestar  garantia  acima  de  60%  da  receita  corrente  líquida.  

Art.  10:  requisitos  que  deverão  ser  atendidos  para  a  outorga  de  qualquer  garantia.  

Art.  11:  estabelece  a  forma  dos  requerimentos  e  dos  documentos  necessários  à  sua  instrução.  

Art.  12:  dispõe  sobre  operações  decorrentes  de  acordo  internacional  específico  aprovado  pelo  Congres-­‐so  Nacional.  

Art.  13de  caráter  não-­‐reembolsável,  assim  caracterizadas  as  doações   interna-­‐

cionais  e  outras  da  espécie a-­‐das  pelo  Senado,  salvo  as  de  caráter  humanitário.  

Art.  14 ediante  emissão  de  títulos  da  República  no  mercado  financeiro  internacional,  que  não  estejam  inseridos  em  programas  aprovados  em  resolução  específica  do  Senado  Federal  deverão  ser  encaminhados  ao  Senado b-­‐jetivos  e  destinação  dos  recursos.  

Diretrizes  gerais  para  consolidação  e  reescalonamento  das  dívidas  dos  entes  federativos  e  dos  entes  estatais  

-­‐ A  Lei  8.388/1991  estabeleceu  a  forma  de  reescalonamento  dos  débitos  dos  entes  estatais  e  paraestatais.  -­‐ Cuidou  o  texto  normativo  mencionado  de  permitir  à  União  a  assunção  de  dividas  internas  decorrentes  de  opera-­‐

ção  de  crédito.  A  União  assumiria  as  dívidas  (§1º  do  art.  1º  da  Lei  8.388/91)  contraídas  junto  a  entes  federais,  bem  como  as  representadas  por  títulos  da  dívida  pública.  Autorizou  a  lei  o  refinanciamento  em  até  80  vezes.  A  lei  disciplina  a  forma  da  apuração  do  montante  da  dívida,  bem  como  estrutura  o  mecanismo  de  refinanciamento  e  pagamento.  

-­‐ Houve  uma  consolidação  de   débito,   autorização  para   que   o  Governo   Federal   assumisse   os   débitos   dos  entes  federativos  e   respectivas  entidades  da  Administração   Indireta.  Apurou-­‐se  o  montante  do  débito  e  o  Executivo  Federal  assumiu  o  montante  da  dívida.  

Limites  para  prestação  de  garantias  da  União  para  operações  de  crédito  externo  e  interno.  O  problema  nos  Estados  e  Municípios    

-­‐  Estal-­‐

quer  forma,  das  dívidas  de  outros  entes  federativos.  

-­‐  A  assunção  de  responsabilidade  não  pode  ser  ato  exclusivamente  político  e  submetido  à  discrição  do  Chefe  do  Exe-­‐cutivo.  A  Constituição  impõe  controle  do  Legislativo  sobre  atos  de  mera  liberalidade  do  Presidente.  Assim  sendo,  o  Senado  expede  Resolução  impondo  restrições  e  limites  para  que  possa  haver  garantia  por  parte  do  Executivo.  

-­‐  Os  demais  entes  federados  estão  livres,  salvo  exigência  que  possa  existir  em  relação  à  obtenção  de  concordância  do  Legislativo,  para  fornecer  aval  ou  fiança.  Nada  obriga  a  sujeição  à  exigência  de  autorização  do  Senado.  

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-­‐  Nos  casos  de  locação  ou  celebração  de  qualquer  outro  contrato,  salvo  operação  de  crédito,  não  há  necessidade  de  autorização,  uma  vez  que  não  se  cuida  de  assunção  de  dívida.  Trata-­‐se  de  relação  bilateral  e  comutativa,  gerando  obrigações  recíprocas.  

Limites  globais  e  condições  para  o  montante  da  dívida  mobiliaria  de  Estados,  Distrito  Federal  e  Muni-­‐cípios  

Art.  52,  IX/CF:  estabelece  a  competência  do  Senado  para  impor  limitações  e  condições  para  a  dívida  mobiliária  dos  entes  federados,  excluída  a  União.  

A  Resolução  40/2001  dispõe  a  respeito.  Dívida  mobiliária  é  a  representada  por  títulos  emitidos.  A  dívida  total  de  Estados  e  Distrito  Federal  não  pode  ultrapassar  duas  vezes  a  receita  corrente  líquida  e  a  dos  Municípios  não  po-­‐de  exceder  a  um  inteiro  e  dois  décimos  a  receita  corrente  líquida  (art.  3º).  Entende-­‐se  por  receita  corrente  líqui-­‐da    transferências  correntes  e  outras  receitas  também  correntes  (art.  2º,  caput),  sendo  que  daí  devem  ser  deduzidas  as  parcelas  tributárias  e  previdenciárias  entregues  aos  Estados  e  Municípios.  Saliente-­‐se,  ainda,  que  o  inciso  II  do  art.  2º  da  Resolução  40/20custeio  do  seu  sistema  de  previdência  e  assistência  social  e  as  receitas  provenientes  da  compensação  financeira  

 

 Operações  de  crédito  por  antecipação  de  receita  orçamentária  

Estas  operações  vem  disciplinadas  no  art.  14  da  Resolução  43/2001.  A  competência  do  Senado  restringe-­‐se,  em  relação  às  operações  de  crédito  internas,  ao  mero  controle  e  análise  dos  limites  globais  de  endividamento.  Em  relação  às  operações  de  crédito  por  antecipação  de  receita  orçamentária,  independem  de  qualquer  autorização  do  Senado.  Somente  pode  ocorrer  a  partir  do  dia  10  de  dezembro,  limitando-­‐se  ao  montante  do  empréstimo  e  juros.  Não  poderá  haver  a  mesma  operação  enquanto  não  quitada  a  anterior  e,  na  pendência  desta,  não  cabe  uma  outra.  As  normas  aplicam-­‐se  às  três  esferas  de  poder  e  aos  três  níveis  federativos.  Se  o  Senado,  No  entanto,  aprovar  a  operação  de  crédito,  vem  limitada  a  120  dias  antes  do  final  do  mandato.  

   ex-­‐clusiva  finalidade  de  suprir  eventuais  quedas  de  arrecadação,  ou  para  enfrentar  determinados  períodos  em  que  

Geraldo  Ataliba).  

O  art.  38/LRF  disciplina  a  matéria  e  a  ARO   (antecipação  de   receita  orçamentária)  deverá  ser   comandada  pelo  Banco  Central  do  Brasil.  

Lei  complementar  

autarquias,  fundtexto  constitucional  é  a  LRF  (LC  101/2000).  

Prevê  o  art.  30/LRF  o  envio,  pelo  Presidente  da  República,  de  proposta  para  a  fixação  dos  limites  globais  do  endi-­‐vidamento,  tal  como  prevê  o  art.  52,  VI/CF,  surgindo,  em  decorrência,  a  Resolução  40/2001  do  Senado  Federal.  

Caso  o  montante  da  dívida  seja  ultrapassado,  a  lei  estrutura  mecanismos  para  sua  recondução  aos  limites,  indi-­‐cando  caminhos  para  que  isso  opere.  

Eficácia  dos  títulos  públicos  como  garantia  de  débitos.  Títulos  emitidos  há  longo  tempo  e  sua  validade.  Possibilidade  de  penhora  de  seu  valor  

Emitido  o  título,  representa  ele  parcela  da  dívida  pública.  Pelo  seu  valor  de  face  é  o  Estado  responsável.  No  en-­‐tanto,  como  a  garantia  é  o  próprio  Estado,  depende  de  sua  situação  perante  as  outras  nações,  para  estimativa  de  

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o-­‐missos  internacionais  para  que  se  tenha  o  valor  efetivo  do  título  representativo  da  dívida.  

O  título  serve  para  oferecimento  no  procedimento  de  privatização  (p.  ex.,  pode  destinar-­‐se  ao  pagamento  parci-­‐al  do  valor  ofertado).  O  Presidente  da  República  pode  impor  restrições  e  limites  para  a  aceitação  de  tais  títulos.  Os  títulos  podem  e  devem  ser  aceitos  pelo  Poder  Público,  especialmente  por  seu  emitente.  No  entanto,  em  pro-­‐cesso  de  privatização,  legítimo  é  impor  limitações  a  sua  aceitação.  

Os  entes  federados  e  suas  respectivas  entidades  estatais  ficam  desobrigados  de  constituírem  pecúlio  para  aten-­‐der  às  condenações  civis  a  que  forem  condenadas.  

Os   títulos   da   dívida   pública   representam   dinheiro.   Como  Obrigação   do   Tesouro  Nacional,   são   imprescritíveis,  servindo  para  toda  e  qualquer  garantia.  Eventual  ausência  de  resgate  não  significa  que  perdem  este  seu  valor.  Os  que  deixarem  passar  o  prazo,  perdem  seu  direito?  O  Regis  acredita  que  não,  pois  pode-­‐se  deixar  de  exercer  o  direito,  por  não  postular  o  resgate.  No  entanto,  nem  por  isso  perco  o  direito  que  se  acha  consubstanciado  em  ti-­‐tulo  emitido  pelo  governo  e  que  tem  obrigação  de  honrar.  Quando  de  sua  emissão  há  um  compromisso  de  pa-­‐gamento  do  próprio  Estado.  Se  no  título  não  há  prazo  de  vencimento,  pode  ser  apresentado  à  repartição  própria  para  pagamento  a  qualquer  tempo.  Se  há  prazo,  a  obrigação  ficou  limitada  no  tempo  e,  pois,  há,  rigorosamente,  prazo  decadencial  ou  prescricional,  dependendo  da  hipótese.  

Não  podem  ser  dados  em  penhora.  A  jurisprudência  já  se  assentou  no  sentido  de  que  títulos  de  que  títulos  emi-­‐tidos  há  longo  tempo  não  servem  para  garantia  da  execução.  

De  outro  lado,  os  títulos  podem  ser  expedidos  para  efeito  de  pagamento  de  desapropriação  para  fins  de  reforma  agrária.  Neste  caso,  é  possível  expedir-­‐se  títulos  da  dívida  agrária  (art.  184,  caput/CF),  resgatáveis  em  até  vinte  anos.  É  possível,  de  seu  turno,  ao  Município  efetuar  pagamento  de  desapropriação  sobre  a  propriedade  urbana  subutilizada,  não  utilizada  ou  não  edificada,  podendo  expedir  títulos  da  dívida  pública  para  pagamento  em  até  dez  anos  (art.  182,  §4º,  III/CF).  Os  TDAs,  por  não  terem  cotação  em  bolsa,  igualmente  não  garantem  débitos  ju-­‐diciais.  

O  STF  entendeu  que  os  títulos  da  dívida  pública  com  cotação  em  bolsa  não  servem  para  suspender  a  exigibilida-­‐de  do  crédito  tributário.  A  Súmula  112  deixa  claro  que  apenas  o  deposito  em  dinheiro  é  que  susta  a  exigibilidade  do  crédito.  

Os  títulos  emitidos  pelo  Governo  de  um  pais  consagram  uma  obrigação  de  seu  resgate.  Pode  acontecer  que  haja  o  repudio  do  débito,  com  a  alteração  do  Governo,  por  exemplo    os  Estados  Unidos  repudiaram  os  débitos  havi-­‐dos  com  a  Inglaterra  em  face  das  antigas  colônias.  O  que  importa  é  que  pode  ter  havido  chamamento  para  res-­‐gate  e  não   terem  os  portadores  atendido  à  convocação.  Teriam  caducado  do  direito  de  exigir  o  pagamento   e  prescrito  o  direito  de  havê-­‐lo.  

Em  princípio,  os  títulos  (obrigações,  letras  etc.)  consubstanciam  e  representam  dinheiro.  Como  tal,  perderam  seu  valor  de  face,  diante  do  chamamento  efetuado  e  da  não  apresentação  dos  títulos  para  resgate.  Não  tendo  o  cre-­‐dor  atendido  ao  chamamento  de  apresentação  dos  títulos  para  resgate  ou  deixando  escoar  o  prazo  de  exigência,  não  há  mais  que  se  falar  em  receber  a  quantia  representada,  uma  vez  que  não  há  direitos   imprescritíveis,  em  função  do  princípio  da  segurança  jurídica.  

O  problema  se  complica  no  caso  de  não  ter  havido  chamamento  ou  de  não  constar  prazo  para  resgate.  Neste  caso  e  apenas  nesta  hipótese,  é  que  a  obrigação  subsistiria  no  tempo,  podendo  ser  exigida  a  qualquer  momento.  Instado  ao  pagamento,  o  Tesouro  Nacional  deve  efetuar  imediato  resgate  do  título.  

Ocorre  a  mesma  circunstância  quando  se  muda  a  moeda  de  um  país.  Havendo  troca  nas  cédulas  ou  nas  moedas,  fixa-­‐se  um  prazo  para  que  sejam  trocadas  perante  o  Banco  oficial  do  país.  Superado  o  prazo,  a  moeda  ou  a  cédu-­‐la  passa  a  ter  apenas  valor  histórico  e  ao  mais  representativo  de  uma  quantia  em  dinheiro  e  exigível  a  qualquer  tempo.