Direção de atores

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DIREÇÃO DE ATORES

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Slide da disciplina Oficina de Produção de Vídeo 2

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DIREÇÃO DE ATORES

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“Eu sabia exatamente o que eu queria, mas não sabia dizer

claramente”

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“Eu pensei que tinha descrito exatamente como eu queria, e o

ator disse “sim, entendi”, e então ele não fez nada parecido com o

que havíamos conversado”

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“A problemas da produção exigiram tanto de mim que quando cheguei no set eu estava exausto”

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“Os atores gostaram de mim e me senti bem à vontade no set, mas quando cheguei na edição todo o material

estava uma porcaria”

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Não há fórmula para trabalhar com atores. Mas há princípios, há habilidades, há uma preparação árdua, e então você tem a chance de pular de um penhasco sem saber se irá dar certo ou não.

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“Atores são um outro irracional e desconcertante.”

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Muitos diretores vem de uma formação técnica e sabem muito pouco sobre como os atores trabalham. E diretores que tem origem na produção podem até ter preconceito contra atores.

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Diretores que escreveram o roteiro ficam pertubados e impacientes com os atores porque eles não falam as falas como o diretor imaginou na cabeça dele

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Muitos diretores que são muito talentosos visualmente e ficam à vontade com a câmera tendem a ficar incomodados com os diálogos e com os atores

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A pior coisa de um projeto audiovisual de baixo orçamento geralmente é a atuação

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Atuar e Dirigir um filme são dois trabalhos distintos. O diretor é o que

ver e o ator o que é visto.

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Se o ator assistir a si, a relação quem vê-quem é visto é terminada e a

magia acaba.

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O ator depende do diretor pra dizer se o esforço dele teve sucesso. Só o

diretor pode dizer se a atuação está boa ou não.

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Se o ator se assistir ele começa a se dirigir.

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A responsabilidade do diretor é contar uma história.

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A responsabilidade do ator é de criar um comportamento verdadeiro enquanto segue direções e cumpre os requisitos do roteiro.

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Os atores querem que o diretor saiba quando dizer “corta” e não desistir enquanto não conseguir uma performance verdadeira, e quando o que ele faz conta a história

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A maioria das pessoas quando lê um roteiro vêem uma versão em miniatura em suas mentes. Elas chamam de “visões” do roteiro, e consideram o tempo que passam nessas visões como sua “preparação criativa”. E qual o problema dessa preparação?

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O problema é que faz com que o diretor faça escolhas baseadas em outros filmes ao invés do que ele sabe sobre a vida. E essa preparação faz com que dirija os atores com uma “Direção de Resultado”

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Uma direção focada no resultado procurar moldar a atuação ao descrever o resultado que o diretor quer.

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10 exemplos de direção de resultado

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1- “Você pode fazer mais excêntrico?”

• Dizer para o ator qual efeito você quer que ele tenha para o público é um exemplo de direção de resultado – “Essa cena deve ser engraçada” – “Eu preciso que você seja mais macabro”

• A partir desse momento a relação

diretor/ator se torna um jogo de adivinhação, pois a direção é vaga demais

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1- “Você pode fazer mais excêntrico?”

• Dificilmente o ator consegue acertar o que foi pedido porque ele começa a prestar atenção em si e na sua performance. – Pode diminuir a qualidade do ator ao pedir

que ele se concentre no efeito que ele está tendo no público

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1- “Você pode fazer mais excêntrico?”

• Descrever o “clima” da cena também entra nesta categoria – Opressivo, distante, dinâmica

• Se quiser criar um certo clima pra cena é possível usar um “ajuste” – “como se”

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Se quisesse uma cena de jantar indiferente poderia pedir para atuarem “como se a

primeira pessoa a falar fosse sentenciada à prisão perpétua”

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2- “Você pode fazer com menos intensidade? Ou com mais energia?”

• Menos intensidade pode significar que o ator está exagerando

• Com mais energia pode significar que o ator está atuando sem vida. De qualquer maneira é muito vago pra saber ao certo o que o diretor quer.

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3- “Não diga “Você sempre faz isso”, diga “Você sempre faz isso”

• Isso é chamado de leitura de fala, ou seja, dizer para o ator qual inflexão deve usar na fala – O problema é que o ator pode obedecer e

repetir a fala com a nova inflexão mas sem nenhuma vida à fala

– Pode parecer que o diretor não sabe qual o significado da fala

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3- “Não diga “Você sempre faz isso”, diga “Você sempre faz isso”

• O significado da fala, não a inflexão ou o resultado é o que o diretor deveria comunicar ao ator.

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4- “Eu acho que o personagem está preocupado”

• Dizer para o ator qual sentimento o personagem deveria ter faz com que o ator tente ter o sentimento e consequentemente faz com que ele pareça um ator e não uma pessoa de verdade. – Com raiva, decepcionado, incomodado,

excitado, apaixonado, com medo, etc.

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4- “Eu acho que o personagem está preocupado”

• Uma direção interpretável deve permitir escolhas, mas não podemos escolher nossos sentimentos. – Não escolhemos como nos sentir, e mesmo

nos esforçando para mostrar outro sentimento que não aquele que estamos sentindo ninguém é enganado.

• Preferíamos não ficar nervosos em determinadas situações

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5- “Quando ela falar que não está com o dinheiro você fica com raiva”

• Essa é uma extensão de falar pro ator qual emoção ele deve ter: Dizer qual a reação. – No roteiro essas pequenas ou grandes

revelações são as transições emocionais do filme.

– É o momento mais propício para a atuação parecer atuação

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5- “Quando ela falar que não está com o dinheiro você fica com raiva”

• Fazer com que as transições emocionais verdadeiras é uma das tarefas mais difíceis de um ator. – Faz com que a performance tenha a

aparência da vida real quando as reações são espontâneas

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6- “Quando a cena começa ele está preocupado. Quando a esposa chega ele se acalma. E quando ela diz que não tem o dinheiro fica desconfiado” • Isso é um mapa emocional

– Destacando todas as emoções e reações que o personagem deve ter na cena.

– Também falamos assim quando falamos de outras pessoas, ou seja, fofoca.

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6- “Quando a cena começa ele está preocupado. Quando a esposa chega ele se acalma. E quando ela diz que não tem o dinheiro fica desconfiado” • Melhor do que desenhar um mapa

emocional, o diretor pode apresentar ao ator a intenção e o objetivo do personagem – Objetivo: o que o personagem quer do outro

personagem – Intenção: o que ele fará para conseguir

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6- “Quando a cena começa ele está preocupado. Quando a esposa chega ele se acalma. E quando ela diz que não tem o dinheiro fica desconfiado” • Essa é a diferença entre uma direção

empírica, baseada nas necessidades e vontades, versus uma direção de resultados e intelectualização

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7- “É assim que eu vejo o personagem”

• Falar sobre como é o personagem é improdutivo – Não decidimos como nos sentir e não

decidimos como ou o que ser – As pessoas não podem mudar quem são e

sim o que fazem

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7- “É assim que eu vejo o personagem”

• Para o ator, tentar ser “como o personagem é visto” produz stress e dúvidas – O ator e o diretor devem decompor o

personagem em uma série de tarefas interpretáveis

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8- “Você pode interpretá-lo agressivo, mas simpático?”

• O diretor pensa que ao dar tais direções estão chamando atenção para a complexidade do personagem, mas na verdade estão pedindo algo confuso e que não dá para interpretar – As pessoas são complexas mas não

conseguem estar em dois estados emocionais diferentes

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8- “Você pode interpretá-lo agressivo, mas simpático?”

• Um ator não consegue interpretar duas coisas ao mesmo tempo, e geralmente as duas coisas cancelam uma à outra. – Ou o ator termina fingindo uma ou as duas

emoções

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9- “Ele é mau” ”Ele é estúpido”

• Estes são julgamentos negativos. Uma das formas de decidir “como o personagem é visto” – Mas se o ator não estiver do lado do

personagem, quem estará? – É tarefa do público julgar os personagens, e

se são fracos, preguiçosos, gananciosos e etc.

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9- “Ele é mau” ”Ele é estúpido”

• Quando o bom e o mau são retratados sem ambiguidade o filme perde todas oportunidades para as revelações – Vilões retratados como um ser humano são

muito mais assustadores

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10- “Vamos dar ao personagem uma atitude hostil”

• O problema em pedir dos atores uma atitude é que na tentativa de fazer o que o diretor pede eles comecem a interpretar a atitude. – Falar pra alguém x Falar com alguém

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10- “Vamos dar ao personagem uma atitude hostil”

• Os personagens não ouvem uns aos outros.

• Ou estão genuinamente afetando um ao outro no momento, ou estão apenas dizendo falas um ao outro. – Nada faz com que a performance pareça

mais amadora do que uma falha ao ouvir e ao interagir com outros atores

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Quando o diretor pede um resultado generalista o pior que pode acontecer é que o ator faça o que ele pediu. E isso pode significar que as únicas idéias que o diretor tem são clichés.

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Independente se suas idéias são superficiais ou profundas, se enquadrá-los em termos de resultado, você precisa entender que você está pedindo aos atores: primeiro a descobrir o que você quis dizer, e segundo para traduzir seus desejos em algo interpretável.

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Uma forma rápida de saber se você está usando uma direção por resultado é perceber como fala com os atores: perceba quando usar adjetivos, advérbios ou explicações.

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Qual o problema com os adjetivos ou advérbios?

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Adjetivos descrevem a coisa (substantivo) Advérvios descrevem a ação (verbo)

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Adjetivos são estáticos, eles descrevem a percepção de outra pessoa sobre o personagem. Adjetivos são subjetivos, interpretativos e portanto não são uma boa ferramenta de comunicação.

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Boa direção, ou seja, direções interpretáveis, geram comportamento no ator, por isso é ativa e dinâmica ao invés de estática, sensorial ao invés de intelectual, objetiva e específica ao invés de generalista e intelectual.

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Ao invés de adjetivos, advérbios ou explicações comecem a usar 5 ferramentas pra dirigir uma atuação: Verbos, fatos, imagens, eventos e tarefas físicas.

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Verbos descrevem o que alguém está fazendo, o que os tornam ativos ao invés de estático. Os verbos descrevem a experiência e não uma conclusão sobre a experiência.

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Nem todos os verbos são utéis. Os que são utéis são chamado de verbos de ação. Um verbo de ação é chamado de verbo transitivo (algo que você faz pra alguém).

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Verbos Transitivos exigem complemento para que tenham sentido completo

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O verbo de ação tende a ter um componente emocional e um componente físico.

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“Acreditar” é um verbo mas não de ação porque acreditar é uma descrição de um estado de espírito. “Acusar” é um verbo de ação; alguém acusa outra pessoa de alguma coisa. Tem o componente emocional e físico.

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A vantagem do usar o verbo é que faz o ator por sua atenção no outro ator. Isso permite que os atores afetem um ao outro e assim criando os eventos emocionais da cena.

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Use verbos ao invés de emoções

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Os verbos de ação descrevem uma troca emocional quando as pessoas fazem algo uma para outra. O público não se importa com o que os atores sentem e sim o que fazem com o que estão sentindo. Ou seja, o que vai acontecer?

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Use verbos ao invés de atitudes

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Quando um ator está interpretando uma atitude ele se concentra nele. “Estou sendo sexy o suficiente?” “Isso é raiva ou ira?”. Quando a concentração do ator está em si sua interpretação se torna exagerada e falsa.

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Ao invés de pedir que um ator “interprete de maneira sexy” (adjetivo), pode pedir para paquerar, seduzir, flertar com a outra atriz. Isso muda o foco da concentração do ator e faz com que interaja com o elenco.

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Use verbos ao invés de “diminua a intensidade” ou “com mais energia”

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“Você deve ser malvado com ele, mas não tão malvado” O diretor poderia pedir para punir, avisar, coagir, reclamar.

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Use verbos ao invés de “assim que vejo o personagem”

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Atores e diretores gastam muito tempo discutindo se um personagem faria ou não tal coisa. “Ela é muito legal”, “Ele não iria flertar, ele é muito tímido”.

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O que torna o personagem complexo é o fato de fazer coisas diferentes em momentos diferentes. Numa sequência o personagem pode encantar, desafiar, reclamar, seduzir e isso o torna complexo e imprevisível.

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Use verbos ao invés de um julgamento

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Ao invés de acusar um personagem de manipulador, procure identificar quais os comportamentos específicos de quem manipula. Talvez ele pode persuadir, adular, incentivar, demandar, punir e outros.

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Use verbos ao invés de uma leitura de fala

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O importante é não tentar ser uma lista de verbos, e sim poder dar direções que são interpretáveis quando entender que o que procura não é uma inflexão mas sim a intenção da fala.