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    Universidade de So PauloEscola Politcnica

    Departamento de Engenharia de Produo

    Dinmica dos arranjos produtivos locais:um estudo de caso em Santa Gertrudes, a nova

    capital da cermica brasileira

    Solange Aparecida Machado

    Tese apresentada para obteno do ttulo dedoutor em Engenharia de Produo

    Orientador: Professor Guilherme Ary Plonski

    So Paulo

    2003

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    Universidade de So PauloEscola Politcnica

    Departamento de Engenharia de Produo

    Dinmica dos arranjos produtivos locais:um estudo de caso em Santa Gertrudes, a nova

    capital da cermica brasileira

    Solange Aparecida Machado

    Tese apresentada para obteno do ttulo dedoutor em Engenharia de Produo

    Orientador: Professor Guilherme Ary Plonski

    So Paulo

    2003

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    I

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    II

    Data da defesa:_____/_____/_____

    BANCA EXAMINADORA

    Professor Doutor: _________________________________________________________

    Julgamento:_________________________Assinatura:____________________________

    Professor Doutor: _________________________________________________________

    Julgamento:_________________________Assinatura:____________________________

    Professor Doutor: _________________________________________________________

    Julgamento:_________________________Assinatura:____________________________

    Professor Doutor: _________________________________________________________

    Julgamento:_________________________Assinatura:____________________________

    Professor Doutor: _________________________________________________________

    Julgamento:_________________________Assinatura:____________________________

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    III

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer s vrias pessoas de diversas instituies, que tiveramparticipao na realizao deste trabalho, principalmente da Escola Politcnica, do IPT edo setor cermico.

    Ao professor Ary Plonski, que acompanhou minha carreira acadmica desde o mestrado,sempre com intervenes fundamentais e precisas.

    Ao professor Afonso Fleury, pelas sugestes na elaborao da metodologia.

    Ao professor Joo Amato pela bibliografia que me introduziu no mundo dos APL's.

    Ldia e Ida pelas informaes e agendamentos.

    No IPT este trabalho foi debatido e compartilhado com pesquisadores, em diferentesfases e intensidades.

    A meu querido amigo Joo Pizysieznig, pela discusso quase diria de conceitos, idiase hipteses.

    Ao gelogo Chico Motta, em fazer o papel de especialista mais prximo e traduzir alinguagem da cermica de revestimento.

    Aos pesquisadores Neusa Serra, Abraham Yu e Marsis Cabral, por participarem daelaborao dos questionrios, dos diagnsticos de alguns elos da cadeia, das sugestes

    de polticas e da realizao das entrevistas.

    s bibliotecrias Edna Gubitoso e Silvia Carneiro, pelo fornecimento de um dos principaisinsumos deste trabalho: a bibliografia.

    Ao Diretor da DEES, Milton Campanrio, pelo apoio institucional.

    Elvira e Snia, pela pacincia ao atendimento.

    A meus amigos do IPT, Cristina, Agnes, Celso, Clayton, Eugnia, Barral, Nereide,Luciana, Eunice, Roque e Ana Lcia, pela convivncia prazerosa.

    No setor de cermica devo agradecer, especialmente, ao professor Anselmo Boschi. Aopesquisador do IPEN e diretor do CCB, Jos Otaviano Paschoal, consultoracatarinense Silene Seibel, ao diretor executivo do Sindicato da Indstria da Construo eMobilirio de Santa Gertrudes, Marcelo Piva, e a todos os empresrios e tcnicos dasempresas entrevistadas.

    Aos meus pais, Lourdes e Joo. Minhas irms, Regina e Ana, pelo apoio afetivo efinanceiro.

    Ao meu filho Joo, pela motivao e tempo roubado.

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    IV

    Dedico este trabalho nova gerao da famlia Machado:

    Joo Gabriel,

    Mariana, Eduardo e Andr

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    V

    SUMRIO

    1 Introduo................................................................................................................................. 1

    1.1 Perguntas de partida .......................................................................................................... 4

    1.2 O segmento de cermica de revestimento .......................................................................... 4

    1.3 Concentrao geogrfica no segmento produtor de cermica de revestimento ................ 6

    1.4 O APL de Santa Gertrudes................................................................................................. 7

    1.5 Desenvolvimento do trabalho............................................................................................. 8

    2 Determinantes da concentrao geogrfica de empresas ..................................................... 9

    2.1 Economias externas.......................................................................................................... 10 2.1.1 Economias externas tecnolgicas................................................................................. 11

    2.1.1.1 Condies fsicas e custos de transportes............................................................. 112.1.1.2 Dinmica tecnolgica........................................................................................... 142.1.1.3 Spillovers tecnolgicos......................................................................................... 16

    2.1.2 Economias externas de mercado .................................................................................. 172.1.2.1 Variaes espaciais da demanda e centralidade do produto................................. 172.1.2.2 Condies de demanda......................................................................................... 18

    2.1.3 Economias externas de organizao............................................................................. 192.1.3.1 Capital social ........................................................................................................ 212.1.3.2 Capacitao da mo-de-obra e dos empresrios................................................... 302.1.3.3 Indstrias correlatas e de apoio ............................................................................ 30

    2.2 Economias internas .......................................................................................................... 32

    2.2.1 Retornos crescentes de escala ...................................................................................... 322.2.2 Competio .................................................................................................................. 332.2.3 Cooperao................................................................................................................... 35

    3 Modelo conceitual de evoluo dos APLs ........................................................................... 36

    3.1 Origem dos APLs ............................................................................................................ 363.1.1 Economias de escala e concentrao de empresas ....................................................... 383.1.2 Economias de escala e custos de transporte ................................................................. 41

    3.2 Dinmica dos APLs......................................................................................................... 413.2.1 rea de influncia ........................................................................................................ 413.2.2 Localizao e peso locacional (ndice material)........................................................... 42

    3.2.3 Os estgios de evoluo dos APLs ............................................................................. 43

    4 Metodologia proposta para validao do modelo................................................................ 48

    4.1 Hipteses e questes revisadas ........................................................................................ 48

    4.2 Operacionalizao dos conceitos..................................................................................... 50

    4.3 Estratgia de pesquisa ..................................................................................................... 52

    4.4 Pesquisa de campo ........................................................................................................... 52

    5 O segmento de cermica de revestimento ............................................................................ 54

    5.1 Dinmica tecnolgica ...................................................................................................... 545.1.1 Produto ......................................................................................................................... 545.1.2 Estrutura de custos ....................................................................................................... 55

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    VI

    5.1.3 Peso locacional............................................................................................................. 565.1.4 Processo produtivo ....................................................................................................... 565.1.5 Trajetrias tecnolgicas................................................................................................ 58

    5.2 Mercado ........................................................................................................................... 59

    5.2.1 Mercado internacional.................................................................................................. 605.2.1.1 Produo............................................................................................................... 605.2.1.2 Consumo............................................................................................................... 645.2.1.3 Fluxos internacionais............................................................................................ 68

    5.2.2 Mercado Brasileiro....................................................................................................... 73

    6 O APL de Santa Gertrudes ................................................................................................... 77

    6.1 Caracterizao e escala ................................................................................................... 77

    6.2 Origem do APL................................................................................................................. 78

    6.3 Empresas correlatas e de apoio elos a montante.......................................................... 80

    6.3.1 Minerao..................................................................................................................... 806.3.2 Fabricantes de equipamentos ....................................................................................... 826.3.3 Colorifcios................................................................................................................... 836.3.4 Instituies de Pesquisa, Ensino e Apoio..................................................................... 86

    6.4 Empresas correlatas e de apoio elos a jusante ............................................................. 886.4.1 Segmento de distribuio ............................................................................................. 88

    6.4.1.1 Extenso da rede de distribuio .......................................................................... 886.4.2 Assentamento ............................................................................................................... 88

    6.5 Empresas cermicas......................................................................................................... 90 6.5.1 Estratgia competitiva .................................................................................................. 90

    6.5.1.1 Mercado................................................................................................................ 90

    6.5.1.2 Produo............................................................................................................... 906.5.2 Cooperao................................................................................................................... 936.5.2.1 Cooperao horizontal.......................................................................................... 936.5.2.2 Cooperao vertical multilateral .......................................................................... 936.5.2.3 Cooperao vertical bilateral a jusante fornecedores de matrias-primas......... 936.5.2.4 Cooperao vertical bilateral a jusante fornecedores de equipamentos ............ 946.5.2.5 Cooperao vertical bilateral jusante colorifcios........................................... 956.5.2.6 Cooperao vertical bilateral jusante: instituies de pesquisa......................... 966.5.2.7 Cooperao horizontal bilateral montante: distribuidores e agentes decomercializao.................................................................................................................... 976.5.2.8 Cooperao horizontal bilateral montante: exportao ..................................... 986.5.2.9 Cooperao horizontal bilateral montante: servios ps-venda ........................ 98

    7 Validao do modelo conceitual............................................................................................ 99

    7.1 Hipteses para o nascimento do APL .............................................................................. 99

    7.2 Hipteses para a evoluo do APL ................................................................................ 1007.2.1 Estgio de crescimento dos APL's ............................................................................. 100

    7.3 Hiptese para a maturidade do APL.............................................................................. 102

    7.4 Hiptese para a ps-maturidade.................................................................................... 103

    8 Concluses e recomendaes ............................................................................................... 104

    9 BibliogrAFIA ........................................................................................................................ 114

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    VII

    NDICES DE FIGURAS, QUADROS, GRFICOS

    Figura 1 Cadeia produtiva de revestimentos cermicos............................................................ 6

    Figura 2 Determinantes da concentrao geogrfica de empresas......................................... 10

    Figura 3 Modelo conceitual de evoluo dos APLs................................................................. 37Figura 4 Premissas (P), Questes (Q), Hipteses (H) e Resultados(R. ................................... 49

    Figura 5 Fluxograma do processo de produo de cermica de revestimento. ..................... 57

    Quadro 1 Sanes e confiana (baseado em: HUMPHREY & SCHMITZ, 1998). ...................... 29

    Quadro 2 Formas de cooperao nos aglomerados.................................................................. 35

    Quadro 3 Classificao das variveis x questes de pesquisa. ................................................... 51

    Quadro 4 Entrevistas realizadas para a pesquisa de campo. .................................................. 53

    Grfico 1 Estrutura genrica dos custos de produo em Santa Gertrudes. ......................... 55

    Grfico 2 Evoluo da produo mundial de cermica de revestimento. .............................. 62

    Grfico 3 Taxas geomtricas de crescimento da produo mundial de cermica de

    revestimento. ........................................................................................................................... 62

    Grfico 4 Evoluo da produo mundial de cermica de revestimento por pas. ............... 63

    Grfico 5 Participao dos pases na produo mundial de cermica de revestimento. ...... 63

    Grfico 6 Taxas geomtricas anuais de crescimento da produo (96/2001)......................... 64

    Grfico 7 Taxa de evoluo da produo de cermica na dcada de 90. ............................... 64

    Grfico 8 Evoluo do consumo mundial de cermica de revestimento. ............................... 66

    Grfico 9 Evoluo do consumo mundial por pas................................................................... 66

    Grfico 10 Participao no consumo mundial (2001). ............................................................. 67Grfico 11 Taxas geomtricas de crescimento do consumo (98/2001).................................... 67

    Grfico 12 Consumoper capita de cermica de revestimento (1999). .................................... 68

    Grfico 13 Evoluo do consumo mdioper capita no mundo. ............................................... 68

    Grfico 14 Evoluo das exportaes mundiais (98/2001)....................................................... 70

    Grfico 15 Principais pases exportadores de cermica de revestimento............................... 70

    Grfico 16 Participao dos pases na exportao em 2001. ................................................... 71

    Grfico 17 Taxa geomtrica de crescimento das exportaes (98/2001). ............................... 71

    Grfico 18 Participao das exportaes na produo dos principais pases produtores. ... 72Grfico 19 Principais importadores de cermica de revestimento. ........................................ 72

    Grfico 20 Participao dos principais importadores no total de importaes mundiais. ... 73

    Grfico 21 Cotas de consumo e produo de cada regio sobre a produo mundial em

    2000.......................................................................................................................................... 73

    Grfico 22 Evoluo da produo brasileira de cermica de revestimento........................... 74

    Grfico 23 Taxa geomtrica de crescimento da produo....................................................... 75

    Grfico 24 Distribuio regional da Cermica de revestimento no Brasil............................. 75

    Grfico 25 Destino das exportaes brasileiras. ....................................................................... 76

    Grfico 26 Origem das exportaes brasileiras por regio. ................................................. ......... 76

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    IX

    ABSTRACT

    The objective of this thesis is to understand the interaction among geographicconcentration of enterprises, competitiveness and technology for Santa Gertrudes,

    ceramic tiles cluster in So Paulo State, Brazil.

    A cluster is defined as a geographic concentration of firms in an industrial sector, which

    includes inputs and services suppliers, showing different degrees of interaction among

    agents.

    A model to explain the birth and development of clusters is proposed and validated for

    Santa Gertrudes cluster. The main hypothesis is that a revolutionary innovation, combined

    with specific local conditions, can originate a new cluster. A cluster presents an

    evolutionary cycle that encompasses embryonic, growing, maturity and after maturity

    phases, each one with distinctive competitive patterns.

    The key contribution of this work is the realization that Santa Gertrudes cluster had an

    evolutionary trajectory as predicted from the model, according to the dynamics of

    production process paradigms adopted. Nowadays the cluster is passing through the

    turning point from the growing phase to the maturity phase.

    The cluster was born at the beginnings of 70's due to the adoption of an alternative

    production paradigm the dry mixture -, which combined with specific local conditions as

    raw material supply and competencies in a related sector roof tiles and bricks created

    extraordinary economies of scale which enabled the Santa Gertrudes firms to compete

    with low cost strategy. At the end of the 80's, a series of innovations enlarged the

    economies of scale, beginning the cluster growing phase. At present it is observed that

    the cluster had reached the limit of low cost competition and is going through the maturity

    phase. In this new phase the firms of Santa Gertrudes cluster need other competencies to

    face this new competitive pattern.

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    1

    1 INTRODUO

    O objetivo deste trabalho compreender o fenmeno da concentrao geogrfica de

    empresas e de que forma a dinmica tecnolgica interfere em sua competitividade. Para

    tal, parte-se de duas premissas bsicas. A primeira que existem determinados setores

    que apresentam tendncia concentrao geogrfica de empresas. A segunda premissa,

    derivada da primeira, que existem vantagens competitivas nas concentraes

    geogrficas de empresas.

    O sucesso socioeconmico de diversos agrupamentos de empresas no mundo, como os

    da Itlia, Frana, Espanha, Alemanha, EUA e pases do terceiro mundo motivou a

    retomada da discusso sobre o papel da concentrao geogrfica na competitividade das

    empresas. O exemplo mais destacado o da chamada Terceira Itlia, regio central do

    pas, onde se desenvolveu uma srie de exemplos bem sucedidos de pequenas

    empresas concentradas geograficamente, voltadas produo de bens de consumo,

    diferindo da produo fordista. Os distritos de Brenta e Marsha, produtores de calados, e

    Sassuollo, produtor de cermica de revestimento, so casos tpicos, com caractersticas

    comuns. Entre essas caractersticas se destaca: concentrao de pequenas empresas

    (entre 300 e 500), especializadas em vrias fases do processo produtivo, com nfase em

    inovao e design, indstrias de mquinas e equipamentos com competitividade

    internacional, intensa cooperao vertical (do tipo cliente/fornecedor), alguma cooperao

    horizontal (entre as empresas concorrentes), nfase na exportao e agente que

    coordena a cadeia de produo. Outros exemplos de sucesso apareceram na Europa,

    inicialmente na Alemanha e na Frana e, recentemente, na Espanha e Portugal.

    Algumas caractersticas nos demais casos europeus diferem do italiano, tais como o grau

    de envolvimento do governo e o tamanho das empresas. Nos EUA, o caso mais

    conhecido o Vale do Silcio, na Califrnia, regio especializada na produo de benscom base em micro-eletrnica.

    No Brasil, os exemplos do Vale dos Sinos, produtor de calados femininos no Rio Grande

    do Sul, e o de cermica de revestimentos, em Cricima, Santa Catarina, so dois casos

    tpicos que j foram objeto de estudo na literatura internacional.

    No Estado de So Paulo, vrios exemplos podem ser observados, como o plo txtil de

    Americana, couro-caladista, em Franca e Birigui, cermica de revestimento em Santa

    Gertrudes e mveis em Votuporanga.

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