DINÂMICA DO MICROCLIMA E FLUXO DE CALOR SENSÍVEL ... · de Andrade e a minha irmã Tereza...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CLIMÁTICAS DINÂMICA DO MICROCLIMA E FLUXO DE CALOR SENSÍVEL ARMAZENADO NO DOSSEL VEGETATIVO DA CAATINGA NO SEMIÁRIDO DO BRASIL RÊNIO LEITE DE ANDRADE Natal 2015 RÊNIO LEITE DE ANDRADE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

CLIMÁTICAS

DINÂMICA DO MICROCLIMA E FLUXO DE CALOR

SENSÍVEL ARMAZENADO NO DOSSEL VEGETATIVO DA

CAATINGA NO SEMIÁRIDO DO BRASIL

RÊNIO LEITE DE ANDRADE

Natal

2015

RÊNIO LEITE DE ANDRADE

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Dinâmica do microclima e fluxo de calor sensível armazenado no dossel

vegetativo da caatinga no semiárido do Brasil

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Climáticas, do

Centro de Ciências Exatas e da Terra da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção do título

de Doutor em Ciências Climáticas.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva.

Comissão Examinadora:

__________________________________

Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

Orientador – UFRN - Presidente da Banca

__________________________________

Prof. Dra. Marcia Regina Farias da Silva

UERN – Examinador Externo

__________________________________

Pesq. Dr. Marcos Aurelio Ferreira dos Santos

INPE - Examinador Externo

__________________________________

Prof. Dr. Arthur Mattos

UFRN - Examinador Interno

_________________________________

Prof. Dr. George Santos Marinho

UFRN - Examinador Interno

NATAL

2015

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DEUS,

Dedico

A minha mãe Maria de Lourdes Leite de Andrade e ao meu pai Raimundo Ferreira de Andrade

(in memorian), minha irmã Tereza Vitória e a toda minha família. Essa conquista também é de

vocês!

Ofereço...

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AGRADECIMENTOS

A Deus, principalmente, por minha vida e por me conceder a oportunidade de está

concluindo mais uma etapa na minha vida acadêmica.

Aos meus pais Raimundo Ferreira de Andrade (In Memoria) e Maria de Lourdes Leite

de Andrade e a minha irmã Tereza Vitória que me conduziram para que eu alcançasse meus

objetivos, incentivando-me nos momentos difíceis para que não desistisse dos meus sonhos,

por todo amor, carinho e compreensão muito obrigado.

A minha família como todo, que me apoiou e fortaleceu para que eu atingisse mais

essa vitória.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva pela amizade, compreensão,

paciência e acolhimento, durante o curso e execução deste trabalho, sem tal apoio, não seria

possível a realização do mesmo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas – PPGCC, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, pela disponibilidade de infraestruturas de material e de

recursos humanos.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de estudo.

Aos professores do Programa de Pós Graduação em Ciências Climáticas pelos

ensinamentos, sugestões, contribuições e conselhos concedidos.

Aos amigos de faculdade, Bruce, João Gualberto, Marcos Aurélio, em fim a todos que

conviveram comigo e, em especial, a Darlan e Francisco Raimundo (Lampadinha) pela

confiança, respeito e sinceridade passada na nossa amizade.

A todos o meu muito obrigado.

“Você me pede na carta

que eu desapareça

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que eu nunca mais te procure

Pra sempre te esqueça

Posso fazer sua vontade

atender seu pedido

mas esquecer, é bobagem

é tempo perdido

Ainda ontem chorei de saudade

Relendo a carta, sentindo o perfume

Mas que fazer com essa dor que me invade

Mato esse amor ou me mata o ciúme

O dia inteiro te odeio, te busco, te caço

Mas em meu sonho de noite, eu te beijo e te abraço

Porque os sonhos são meus, ninguém rouba e nem tira

Melhor sonhar na verdade

Que amar na mentira”

Ainda Ontem Chorei de Saudade

Moacyr Franco

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RESUMO

ANDRADE, RÊNIO LEITE. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Maio, 2015.

Dinâmica do microclima e fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo

da caatinga no semiárido do Brasil. Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva.

No presente trabalho, utilizaram-se dados do Experimento Cariri coletados em região de

caatinga nativa no município de São João do Cariri estado da Paraíba nas coordenadas de

7º22'45,1"S e 36º31'47,2"W com altitude de 458 m. As medidas microclimáticas foram

realizadas em duas épocas, nos período de 01 a 13 de janeiro de 2002 (Período Chuvoso) e 07

a 19 de setembro de 2002 (Período Seco). O objetivo deste trabalho foi realizar a

caracterização microclimática e comportamento do fluxo de calor sensível armazenado no

dossel vegetativo. O estudo microclimático envolveu a medição das seguintes variáveis

meteorológicas: precipitação; saldo de radiação; radiação solar global; temperatura do ar no

dossel vegetativo e fora do dossel vegetativo; fluxo de calor no solo vegetado e não vegetado

e umidade relativa do ar. Foram comparadas as médias durante o período experimental por

meio da análise de variância e estatística descritiva. Os resultados referentes às variáveis

estudadas durante o período experimental e submetidos à análise estatística revelaram efeitos

significativos a 1% pelo teste F. O saldo de radiação médio foi superior durante o período

seco quando comparado ao período chuvoso, com médias 163,20 Wm-2

e 44,26 Wm-2

,

respectivamente. No período noturno o saldo de radiação foi negativo enquanto que durante o

dia foi positivo. A radiação solar global durante o período chuvoso foi menor do que no

período seco, com médias de 208,27 Wm-2

e 265,49 Wm-2

, respectivamente. As temperaturas

do ar dentro do dossel vegetativo foram maiores que a temperatura do ar fora do dossel

vegetativo em ambos os períodos estudados. O fluxo médio de calor no solo foi superior no

solo não vegetado quando comparado ao solo vegetado, com médias no período chuvoso de

26,79 Wm-2

e 6,52 Wm-2

, respectivamente em ambos os períodos estudados. Para o período

seco o fluxo de calor médio foi de 30,50 Wm-2

solo não vegetado e 3,88 Wm-2

no solo

vegetado. A umidade relativa do ar no período chuvoso foi maior do que no período seco com

médias de 79,60% e 62,73%, respectivamente. O fluxo de calor sensível armazenado no

dossel vegetativo não revelou efeito significativo a 5% entre o período seco e chuvoso, com

média de -0,011 Wm-2

no período chuvoso e -0,017 Wm-2

no período seco.

PALAVRAS – CHAVE: Fluxo de energia; Micrometeorologia; Temperatura do dossel.

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ABSTRACT

ANDRADE, RÊNIO LEITE. Federal University of the Rio Grande of the Norte. May, 2015.

Dynamics of microclimate and sensible heat flux stored in the canopy of caatinga in

the semiarid region of Brazil. Adviser: Dr. Fernando Moreira da Silva.

In this study, we used the data of Cariri Experiment collected in native caatinga region in the

municipality of São João do Cariri, Paraíba state, in the coordinates of 7º22'45.1 "S and

36º31'47.2" W with altitude of 458 m . Microclimate measurements were taken at two stages

in the period from 01 to 13 January 2002 (rainy period) and 07 to 19 September 2002 (dry

Period). The objective of this work was the microclimate characterization and behavior of the

sensible heat flux stored in the canopy. The microclimate study involved the measurement of

the following meteorological variables: precipitation; radiation; solar radiation; air

temperature in the canopy and out of the canopy; heat flow in non-vegetated and vegetated

soil and air relative humidity. We compared the average during the experimental period by

analysis of variance and descriptive statistics. The results for the variables studied during the

experimental period and submitted to statistical analyzes revealed significant effect from 1%

by F test. The average net radiation was higher during the dry season when compared to the

rainy season with average of 163.20 Wm-2

and 44.26 Wm-2

, respectively. At night the net

radiation was negative while during the day was positive. The global solar radiation during

the rainy season was lower than in the dry season with an average of 208.27 Wm-2 and 265.49

Wm-2

, respectively. At nighttime the net radiation was negative while during the day was

positive. The air temperature inside of the canopy are higher than the temperature of the air

outside the canopy in both periods. The heat flow in the medium soil was higher in non-

vegetated soil when compared to vegetated soil in the rainy season with an average of 26.79

Wm-2

and 6.52 Wm-2

, respectively in both periods studied. For the dry period showed average

of 30.50 Wm-2

to non-vegetated soil 3.88 Wm-2

to vegetated soil. The relative humidity in the

rainy season was higher than in the dry season with averages of 79.60% and 62.73%,

respectively. The sensible heat flux stored in the canopy revealed no significant effect of 5%

between the dry and rainy season by F test, with an average of -0.011 Wm-2

in the rainy

season and -0.017 Wm-2

in the dry season.

KEY - WORDS: Energies fluxes; Micrometeorology; Canopy temperature.

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 01 Nova Delimitação do Semiárido do Nordeste Brasileiro. 07

Figura 02 Cactáceas (a), arbustos (b), flores da caatinga (c), árvores (d) e plantas

da caatinga no início do período chuvoso (e) e plantas em pleno

período chuvoso (f).

10

Figura 03 Esquema do balanço de energia em cobertura vegetal no ciclo diurno,

em dia sem chuva.

23

Figura 04 Localização geográfica do município de São João do Cariri-PB. 26

Figura 05 Tipos de clima do estado da Paraíba, segundo a classificação de

Koppen.

27

Figura 06 Vista da torre experimental instalada em São João do Cariri-PB, área

de caatinga nativa.

28

Figura 07 Regra de decisão para o teste de F ao nível de α% de probabilidade. 34

Figura 08 Comportamento dos valores diários médio da precipitação pluvial

durante o período chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-

PB, em 2002.

36

Figura 09 Comportamento horário do saldo de radiação durante o período

chuvoso e seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

39

Figura 10 Comportamento horário da radiação solar global (Rg) durante o período

chuvoso e seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

42

Figura 11 Comportamento horário da temperatura do ar no dossel vegetativo e

fora do dossel vegetativo durante o período chuvoso no bioma caatinga

em São João do Cariri-PB, em 2002.

45

Figura 12 Comportamento horário da temperatura do ar no dossel vegetativo e

fora do dossel vegetativo durante o período seco no bioma caatinga em

São João do Cariri-PB, em 2002.

46

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Figura 13 Comportamento horário do fluxo de calor no solo durante o período

chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

49

Figura 14 Comportamento horário do fluxo de calor no solo durante o período

seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

50

Figura 15 Comportamento horário do fluxo de calor sensível armazenado pelo

dossel vegetativo durante o período chuvoso no bioma caatinga em São

João do Cariri-PB, em 2002.

52

Figura 16 Comportamento horário do fluxo de calor sensível armazenado pelo

dossel vegetativo durante o período seco no bioma caatinga em São

João do Cariri-PB, em 2002.

53

Figura 17 Comportamento horário da umidade relativa do ar durante o período

chuvoso e seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

56

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 01 Análise de variância. 33

Tabela 02 Valores médios do saldo de radiação (Wm-2

) em vegetação de caatinga

no período chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

37

Tabela 03 Análise de variância para o saldo de radiação. 40

Tabela 04 Valores médios da radiação solar global (Wm-2

) em vegetação de

caatinga no período chuvoso e seco no município de São João do Cariri

– PB.

41

Tabela 05 Análise de variância para radiação solar global. 43

Tabela 06 Valores médios da temperatura do ar (0C) dentro e fora do dossel

vegetativo em vegetação de caatinga no período chuvoso e seco no

município de São João do Cariri – PB.

44

Tabela 07 Análise de variância para temperatura do ar. 47

Tabela 08 Valores médios do fluxo de calor no solo (Wm-2

) em solo vegetado e

não vegetado na caatinga no período chuvoso e seco no município de

São João do Cariri – PB.

48

Tabela 09 Análise de variância para o fluxo de calor no solo. 50

Tabela 10 Valores médios do fluxo de calor sensível armazenado no dossel

vegetativo (Wm-2

) em vegetação de caatinga no período chuvoso e

seco no município de São João do Cariri – PB.

51

Tabela 11 Análise de variância para o fluxo de calor sensível armazenado no

dossel vegetativo.

54

Tabela 12 Valores médios da umidade relativa do ar (%) em vegetação de

caatinga no período chuvoso e seco no município de São João do Cariri

– PB.

54

Tabela 13 Análise de variância para umidade relativa do ar. 57

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SUMÁRIO

Página

RESUMO I

ABSTRACT II

LISTA DE FIGURAS III

LISTA DE TABELAS VII

SUMÁRIO IX

1. INTRODUÇÃO 01

2. OBJETIVOS

2.1 Geral 05

2.2 Específicos 05

3. HIPÓTESE 06

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 O Semiárido do Nordeste Brasileiro 07

4.2 O Bioma Caatinga 09

4.3 Fatores que determinam o microclima 12

4.4 Caracterização das variáveis meteorológicos estudadas 16

4.5 Influências das variáveis meteorológicas no dossel vegetativo 21

4.6 Radiação solar no dossel vegetativo 21

4.7 Balanço de Energia em Superfícies Vegetadas 22

4.8 Campanhas observacionais em áreas de caatinga 24

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5. MATERIAL E PROCEDIMENTOS 26

5.1 Área experimental e clima 26

5.2 O Experimento Cariri 28

5.3 Disponibilidade de dados 29

5.4 Avaliações microclimáticas 29

5.5 Fluxo de calor armazenado no dossel vegetativo 30

5.6 Análise estatística 31

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 36

6.1 Variáveis Meteorológicas 36

6.1.1 Precipitação 36

6.1.2 Saldo de radiação 36

6.1.3 Radiação solar global 40

6.1.4 Temperatura do ar 43

6.1.5 Fluxo de calor no solo 47

6.1.6 Fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo 51

6.1.7 Umidade relativa do ar 54

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 58

8 REFERÊNCIAS 60

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1

1. INTRODUÇÃO

Os ecossistemas áridos e semiáridos ocupam cerca de 20% das terras emersas do

globo terrestre e ocorrem em grande parte do continente Africano, Sulamericano, Australiano,

na Índia, no Sudeste Asiático e nas regiões temperadas da América do Norte (JELTSCH et.,

2006). Essa ampla distribuição é acompanhada de diferentes condições climáticas, com

precipitação média anual que varia de menos de 100 mm, nas áreas mais secas, a pouco mais

de 1000 mm, e de mudanças edáficas e topográficas, as quais tornam único o conjunto de

processos que envolvem a dinâmica de espécies nesses ambientes (JELTSCH et al., 2000),

bem como as características fisionômicas e estruturais da vegetação desses ecossistemas. Liu

et al., (2012) consideram a quantidade de precipitação como o fator de maior influência em

áreas semiáridas, afetando a dinâmica da fauna e flora anuais e perenes.

A cobertura do dossel vegetativo, em áreas semiáridas, é apontada na literatura como,

além da chuva, outro importante fator natural, por desempenhar, geralmente, impacto

favorável nas condições microclimática, na diversidade, na fenologia e na produtividade das

ervas (GROUZIS e AKPO, 1997).

O domínio geoecológico das caatingas ocupa uma área de 1.037.517 km², sob as

latitudes subequatoriais, compreendidas entre 2º 45’ e 17º 21’ S. Sua área corresponde a 70%

da Região Nordeste e a 13% do território brasileiro, dentro do denominado Polígono das

Secas e engloba os estados Nordestinos do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, além da região Norte do estado de Minas Gerais

(ALVES, 2007).

A caatinga é o principal bioma existente na região Nordeste. O clima da região

semiárida apresenta como característica marcante a irregularidade do regime pluviométrico,

com duas estações definidas: a estação chuvosa (verão) que dura de três a cinco meses e a

estação seca (primavera-verão) que dura de sete a nove meses. As chuvas são intensas e

irregulares no tempo e no espaço, provocando periodicamente a ocorrência de secas

prolongadas (ANDRADE, 2008).

A vegetação de caatinga constitui-se na expressão sintética dos elementos físicos e

climáticos, uma vegetação singular cujos elementos florísticos expressam uma morfologia,

anatomia e mecanismo fisiológico convenientes para resistir ao ambiente xérico, caracterizado

por regiões que expressa uma condição de sobrevivência ligada a um ambiente semiárido,

ecologicamente com deficiência hídrica, cuja água disponível às plantas procede unicamente

do curto período da estação chuvosa, já que seus solos são incapazes de acumular água

(SOUTO, 2006).

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2

As avaliações microclimáticas realizadas numa floresta são de relevância para se

compreender a dinâmica dos fluxos de energia. Dentre as variáveis meteorológicas, destaca-se

a radiação solar, que, inclusive, serve para subsidiar as classificações ecofisiológicas de

espécies florestais (BUDOWSKI, 1965; WHITMORE, 1983). Entretanto, de acordo com

KIMMINS (1987), as temperaturas do ar e do solo e a umidade atmosférica, dentre outras,

também, influenciam o estabelecimento, crescimento e desenvolvimento das espécies no

interior da floresta.

O conhecimento dos mecanismos de troca de energia entre a superfície e a atmosfera é

de fundamental importância para a compreensão do microclima de uma região. A energia

radiativa proveniente do Sol é a fonte primária do sistema atmosfera-superfície e o principal

componente do balanço radiativo na superfície. O balanço de energia na superfície é

determinado pela energia disponível no sistema, que por sua vez é particionada entre os fluxos

turbulentos de calor e o armazenamento pelo meio (OKE, 1987).

Estudos de trocas de energia entre a superfície e a atmosfera são importantes, não só

para caracterizar o microclima local, como identificar interações existentes entre elas. Além

disso, possibilita conhecer variações do tempo e do clima da região, assim como, pode

auxiliar na identificação de efeitos de atividades antropogênicas, como o desmatamento e

queimadas, ou fatores naturais, sobre diferentes questões ambientais da região. Esse tipo de

estudo é fundamental por fornecer informações sobre a quantidade de umidade transferida

para a atmosfera por uma área vegetada, seja por uma vegetação rasteira ou de médio porte

(OLIVEIRA et al., 2006).

O balanço de radiação à superfície consiste na contabilização da energia radiante

incidente menos àquela emitida pela superfície. Seu estudo é importante e fundamental,

porque correspondem à energia disponível para os processos físico-químicos que ocorrem no

sistema solo-planta-atmosfera, principalmente os processos de aquecimento/esfriamento do ar

e do solo, evapotranspiração e fotossíntese das plantas (PONTES, 1997).

Os processos radiativos em superfície são de grande importância no processo de

redistribuição de umidade e calor no solo e na atmosfera, e que se manifesta não apenas

localmente, mas também em escala global (ROERINK et al., 2000).

Bowen (1926) desenvolveu o método do balanço de energia baseado no quociente

entre os fluxos de calor sensível e latente, os quais combinam as variáveis atmosféricas e a

energia disponível. O conhecimento dos componentes do balanço de energia sobre superfícies

cultivadas é de grande importância para a estimativa das perdas de água por

evapotranspiração e caracterização do microclima local.

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3

A maioria dos trabalhos sobre balanço de energia, com base na razão Bowen (1926),

não contabiliza o fluxo de calor armazenado no dossel da planta (DAAMEN e DUGAS, 1999;

SILVA, 2000; TEIXEIRA, 2001). O argumento geralmente utilizado é que esse componente

do balanço de energia é muito pequeno em comparação aos demais fluxos de energia.

Entretanto, espera-se que se a planta tiver um dossel bastante desenvolvido, o calor

armazenado por ela pode apresentar uma contribuição considerável no cálculo do balanço de

energia.

Segundo Heilman e Brittin (1989) o balanço de energia, ao contrário de outros

métodos, não necessita de informações sobre a velocidade do vento nem de propriedades

aerodinâmicas da superfície do solo, visto que os fluxos são independentes da estabilidade do

ar atmosférico, quando é considerada a igualdade entre os coeficientes de transferência

turbulenta de calor latente e sensível. A maior exigência desse método é que os gradientes de

temperatura e umidade devem ser medidos dentro da camada limite interna, de preferência na

parte da camada limite em equilíbrio com a superfície.

As florestas são os ecossistemas mais biodiversos do planeta. No entanto, quando se

faz um passeio pela floresta, essa biodiversidade é pouco evidente pelo simples fato de que a

maioria das atividades nas florestas ocorre no dossel vegetativo sobre uma camada de

sobreposição de ramos e folhas. Além de o dossel ser o “habitat” da biodiversidade florestal,

ele é a fonte de energia da floresta, com milhares de folhas agindo como painéis solares em

miniatura, para converter luz solar em energia fotossinteticamente ativa. Por causa da

altíssima taxa de fotossíntese, as plantas geram rendimentos mais elevados de frutos,

sementes, flores e folhas, que atraem e oferecem suporte à ampla diversidade de vida animal.

Além disso, como o principal lugar de intercâmbio de calor, vapor d'água e gases

atmosféricos, o dossel também desempenha um papel importante no controle climático

regional e global (LOWMAN, 2008).

A variação de energia armazenada no dossel (fluxos do calor sensível e latente) pode

ser um componente significativo do saldo de energia em floresta alta, devido aos grandes

volumes de ar e biomassa no dossel. Apesar desses estudos, ainda não se sabe se os fluxos de

calor sensível e latente são componentes significativas no balanço de energia em florestas

tropicais. As preocupações recentes da vulnerabilidade das florestas ao aquecimento global

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC-WG-1, 2007). Uma descrição das

características da turbulência atmosférica na camada superficial sobre dosséis de florestas é

essencial para o entendimento do ambiente micro meteorológico da superfície.

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4

Grande parte do conhecimento adquirido até o presente sobre a dinâmica da atmosfera

no Nordeste resulta de estudos realizados utilizando informações que permitem diagnosticar

apenas a circulação atmosférica de grande escala. Por outro lado, atividades regionais como

aquelas ligadas ao setor agropecuário necessitam de informações meteorológicas e

climatológicas ao nível sub-regional, inclusive.

Uma das grandes dificuldades encontradas pelos pesquisadores é a ausência de uma

rede de coleta de dados adequada, o que impede a realização de pesquisas hidrológicas e/ou

meteorológicas com a confiabilidade necessária para avaliar o grau de vulnerabilidade de

ecossistemas frágeis como a caatinga decorrente das ações antrópicas. Somente através da

utilização de modelos regionais é possível avaliar o impacto das mudanças na cobertura e uso

do solo em áreas de tensão ecológica.

Simulações numéricas de impactos ambientais na área do Nordeste e, em particular,

em sua porção semiárida, exigem a utilização de diferentes dados, tanto no processo de

realização dos experimentos numéricos quanto na validação de seus resultados. Sem o ajuste

adequado os modelos numéricos podem gerar resultados pouco realistas.

Apenas com informações precisas sobre os mecanismos de troca de energia e água

entre o bioma caatinga e a atmosfera é possível avaliar o efeito das alterações na cobertura e

uso da terra sobre o balanço de energia em superfície. Entretanto, o ponto crítico da realização

desses estudos foi sempre a carência de informações precisas sobre a vegetação nativa da

região.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o comportamento micrometeorológico em superfície vegetada e não vegetada

em região de caatinga nativa de São João do Cariri, no Estado da Paraíba.

2.2 Específicos

● Avaliar o saldo de radiação, radiação global e umidade relativa do ar em dois

eventos, seco e chuvoso em área de caatinga nativa;

● Analisar os comportamentos horários de temperatura do ar no dossel vegetativo e

fora do dossel vegetativo em período seco e chuvoso;

● Avaliar o fluxo de calor no solo vegetado e não vegetado na caatinga em período

seco e chuvoso;

● Avaliar o fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo em dois eventos,

seco e chuvoso.

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6

3. HIPÓTESE

Como a região da caatinga é fortemente influenciada sazonalmente pelo regime de

chuvas, espera-se que o microclima, o fluxo de calor no solo e o fluxo de calor sensível

armazenado no dossel vegetativo apresentem padrões diferentes entre os períodos secos e

chuvosos.

Estudos dessa natureza têm sido amplamente realizados para diversos ecossistemas,

porém para a caatinga é deficiente foi verificado para a caatinga, a qual está inserida em uma

região cujas características climáticas e de vegetação são escassas podendo desta forma

apresentar ampla variabilidade do microclima e dos fluxos de calor sensível armazenado.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 O Semiárido do Nordeste Brasileiro

O semiárido brasileiro ocupa aproximadamente 980.000 km2, uma vasta área

equivalente a 48 % da área total da região Nordeste e 13 % do território nacional, segundo

Ab’Saber (1996), Barbosa (2000) e MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO REGIONAL - MIN

(2005). O semiárido brasileiro é um dos maiores, mais populosos e mais úmidos do mundo.

Vivem nessa região 22 milhões de pessoas, sendo 8 milhões na zona rural (IBGE, 2010).

Nove estados compõem a região do semiárido: Norte de Minas Gerais, sertões da Bahia,

Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (Figura 01),

ocupando uma área equivalente aos territórios de França e Alemanha, somados (NOGUEIRA,

1994). Sendo o semiárido do Nordeste brasileiro considerado uma das regiões com limitação

hídrica mais populosa do mundo, o que resulta em sérias limitações às atividades humanas em

termos sociais, econômicos e ambientais.

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE (2011).

Figura 01. Nova Delimitação do Semiárido do Nordeste Brasileiro.

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Conforme dados do MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO REGIONAL (2005), estudos

recentes não consideram mais a falta de chuva como único fator que delimita o semiárido

brasileiro, sendo ampliado para três os critérios utilizados para delimitar esta região:

precipitação anual inferior a 800 mm; índice de aridez de até 0,5, calculado pelo balanço

hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial no período entre 1961 a

1990; e risco de seca maior que 60 %, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

Desta forma, a região é caracterizada pela irregularidade das chuvas, longos períodos de seca

e com forte deficiência hídrica, intermitência dos rios, solos rasos e ecossistema xerófilos. As

condições ecológicas típicas desta região estão representadas nas ecorregiões, onde a

vegetação predominante é a Caatinga.

Segundo Ab’sáber (1999), os atributos que dão similaridades às regiões semiáridas são

sempre de origem climática, hídrica e fitogeográfica: baixos níveis de umidade, escassez de

chuvas anuais, irregularidade no ritmo das precipitações ao longo dos anos; prolongados

períodos de carência hídrica; solos problemáticos tanto do ponto de vista físico quanto do

geoquímico e ausência de rios perenes, sobretudo no que se refere às drenagens autóctones.

A vegetação predominante do semiárido nordestino é a caatinga, que, botanicamente,

constitui-se em um complexo vegetal rico em espécies lenhosas e herbáceas, sendo as

primeiras caducifólias e as últimas anuais, em sua maioria. As espécies lenhosas, arbustos e

árvores de pequeno porte, dominam a paisagem da caatinga em seus diferentes sítios

ecológicos.

A diversidade dos tipos de caatinga pode ser determinada pelo jogo mais sensível dos

fatores físicos, acrescido dos biológicos. Enquanto o clima semiárido determina a ocorrência

do tipo de vegetação, a altitude e as formas do relevo, aliadas às formações superficiais, são

os fatores determinantes da variação nos tipos de caatinga (GOMES, 1980).

Os solos são rasos, com boa fertilidade química e pH neutro, podendo tornar-se

alcalino nas áreas calcárias Chaves e Kinjo (1987), estando, segundo Jacomine (1996) e

EMBRAPA (1999), sujeitos à erosão em função da intensidade das chuvas torrenciais, baixa

permeabilidade e profundidade efetiva.

Na área representada pelo semiárido, no estado da Paraíba, predominam os solos de

relevos suavemente ondulado e ondulado do tipo LITOSSOLOS, PLANOSSOLOS,

ARGISSOLOS e CAMBISSOLOS associados à LUVISSOLOS (SUPERINTENDÊNCIA DE

ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE - SUDEMA, 2004).

Segundo Mendes (1992), a região semiárida apresenta como característica marcante,

apenas duas estações que se comportam da seguinte maneira: a estação chuvosa, com duração

de três a cinco meses e a estação seca, com intervalo de sete a nove meses. A umidade relativa

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do ar apresenta-se em torno de 60 % no período chuvoso, enquanto que no período de

estiagem decresce para 40 %, entretanto, os mesmos autores afirmam que dependendo da

localização, a evapotranspiração atinge até 2000 mm anuais, com balanço hídrico deficitário,

em virtude, principalmente, da alta evaporação.

4.2 O Bioma Caatinga

O termo caatinga é uma denominação típica do Nordeste semiárido brasileiro e tem

origem indígena (caa - mata; tinga - branca, clara, aberta), significando mata branca

(NASCIMENTO, 1998).

A área que o bioma caatinga ocupa representa aproximadamente 11% do território

brasileiro e abrange, principalmente, a região semiárida do Nordeste concentrando-se,

sobretudo, nos estados do Bahia, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco

(ANDRADE et al., 2005). Essa abrangência implica em que as plantas se desenvolvem em

diferentes substratos sendo, portanto, bastante heterogênea quanto à fisionomia e estrutura. A

predominância de uma determinada espécie depende da natureza do substrato e da rigidez do

clima (RIZZINI, 1997). Embora exista um grande número de espécies, em sua maioria as

plantas são constituídas por cactáceas, arbustos e árvores. Diferentes aspectos da vegetação

podem ser vistos na Figura 02 (a-d). Uma característica marcante das plantas da caatinga é a

forte alteração na estrutura do dossel onde as plantas perdem as folhas e entram na fase de

dormência vegetativa, no período de estiagem (Figura 2-e e 2-f).

(a)

(b)

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(c)

(d)

(e)

(f)

FONTE: http://fatosefotosdacaatinga.blogspot.com

Figura 02. Cactáceas (a), arbustos (b), flores da caatinga (c), árvores (d) e plantas da

caatinga no início do período chuvoso (e) e plantas em pleno período chuvoso (f).

Segundo a Conservation Internacional do Brasil (2003), a caatinga apresenta-se como

uma exceção às demais paisagens do continente Sul-americano, cercada de ecossistemas

florestais. O clima extremo e imprevisível exige que plantas estejam adaptadas a longos

períodos de estiagem e também a enchentes. A caatinga, de acordo com Branco (1994),

também tem denominação de mata seca ou mata branca, tipo de vegetação característica de

regiões de baixa altitude e precipitação pluvial mal distribuída, em média de 500 mm ao ano,

e temperatura oscilante entre 18° e 40° C.

A caatinga constitui o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa dizer que

parte de sua flora e fauna é endêmica, ou seja, não é encontrada em nenhum outro lugar do

mundo (RODAL e SAMPAIO, 2002), é caracterizada pela floresta seca composta de

vegetação xerófila de porte arbóreo, arbustivo e herbáceo, com ampla variação de fisionomia

e flora e elevada diversidade de espécies, pertencentes às famílias Caesalpiniaceae,

Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae.

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A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto à densidade

e ao porte das plantas. Mudanças em escala local, a poucas dezenas de metros, são facilmente

reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental claramente identificável. É o

caso do maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e solos rasos, em

consequência da maior e menor disponibilidade hídrica (AMORIM, 2005).

A caatinga apresenta-se subdividida ecologicamente em VI unidades, cada uma com

vários tipos. A unidade I é representada por uma floresta alta de caatinga que tem como área

de distribuição o norte de Minas Gerais e centro sul da Bahia, geralmente em rochas calcárias

ou cristalinas. A unidade II representa a típica caatinga florestal, com um estrato arbóreo não

muito denso com alturas entre 7 e 15m. A unidade III representa uma floresta baixa de

caatinga que ocorre em solos arenosos e profundos, com índice pluviométrico variando de

900mm a 600mm. Na unidade IV predomina o porte baixo e a baixa densidade de indivíduos,

com poucas espécies arbustivo-arbóreas. A unidade V é representada pela caatinga arbustiva

espalhada em pequenas manchas de solo em toda região semiárida, especialmente em rochas

metamórficas, com áreas comuns no oeste de Pernambuco, onde os solos são pedregosos ou

rasos e arenosos, em superfície levemente ondulada. A unidade VI é representante das

florestas ciliares da Caatinga que ocorrem nos principais rios dos semiáridos nordestino

(ANDRADE-LIMA, 1981).

Comenta Duque (1980) que na caatinga, a associação florística com o solo e a

atmosfera forma uma simbiose, em função do regime de economia de água para manter as

funções em equilíbrio; o adensamento das espécies protege o solo no inverno com sua

folhagem verdes e no verão com folhas secas, sendo que, parte alimenta os animais e o

restante, após reciclagem natural, adubando o solo.

Segundo Souto (2006), a caatinga constitui - se na expressão sintética dos elementos

físicos e climáticos, numa vegetação singular cujos elementos florísticos expressam uma

morfologia, anatomia e mecanismos fisiológicos para resistir ao ambiente xérico, ou seja, o

xerofilismo que expressa uma condição de sobrevivência ligada a um ambiente seco, cuja

água disponível às plantas resulta da estação chuvosa, uma vez que os solos são incapazes de

armazená-la.

As altas temperaturas, os solos queimados e as plantas retorcidas, de acordo com

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA (2002) são elementos inseparáveis da

paisagem da caatinga, que é constituída por elementos lenhosos que perdem as folhas na

estação seca (caducifólias) e se acham mais ou menos dispersos. É grande a correlação da

caatinga com o clima, ao qual se deve atribuir a maior parte de suas características.

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Segundo Araújo Filho e Carvalho (1995), a caatinga se constitui em um rico complexo

vegetativo em espécies lenhosas, caducifólias e herbáceas, anuais, em sua grande maioria, no

qual são observados três mecanismos de adaptação à seca: 1- a resistência das espécies que

permanecem enfolhadas durante o período de estiagem; 2- a tolerância das espécies

caducifólias que perdem as folhas no início da estação seca; 3- o escape das plantas anuais

que completam o ciclo fenológico durante a época chuvosa.

Em virtude das condições climáticas, a vegetação endêmica é ramificada, com um

aspecto arbustivo, tendo folhas pequenas ou modificadas em espinhos, de modo a evitar a

evapotranspiração (perda de água pela epiderme), ocorrendo a perda de folhas na época seca

(caducifolia). É uma mistura de estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo de pequeno porte,

tortuosa, espinhenta e resistente às secas. A vegetação é distribuída de forma irregular,

contrastando áreas que se assemelham a florestas, com áreas com solo quase descoberto.

Apresenta uma grande biodiversidade com espécies de portes e arranjos fitosociológicos

variados que o torna bastante complexo, no qual pouco se conhece sobre a sua dinâmica.

4.3 Fatores que determinam o microclima

Microclima pode ser definido como o clima próximo à superfície. No caso de uma

floresta, os estudos microclimáticos envolvem a caracterização do ambiente que se estende

desde alguns metros acima do dossel vegetativo até o interior destas, no sub-bosque ou nas

primeiras camadas do solo. A caracterização do microclima de uma superfície qualquer

envolve a análise do comportamento de variáveis como radiação solar, temperatura e umidade

do ar e solo, velocidade do vento dentre outras. Em cultivos agrícolas, pastagem ou floresta, o

microclima afeta diretamente o crescimento e desenvolvimento das plantas (JONES, 1992).

As condições microclimáticas em uma comunidade vegetal são controladas pelo

balanço de energia em sua superfície. O balanço de energia pode ser definido como partição

do saldo de radiação (Rn), em fluxo de calor sensível (H), fluxo de calor latente (LE), fluxo de

calor para o solo (G) além da energia utilizada no processo fotossintético (P) e do calor

armazenado nas plantas (S).

No balanço de energia, a superfície passa a ser fonte ou dreno de energia em função do

comportamento do saldo de radiação. Se Rn é positivo, a superfície comporta-se como fonte

de calor, ou seja, fornece calor sensível para as camadas próximas (aquecendo o ar) e calor

latente, por meio da evaporação, além de fornecer calor para o solo. Isto é o que ocorre

durante o dia, pois como foi visto anteriormente Rn é positivo durante o dia. À noite, como Rn

é negativo, a superfície comporta-se como sumidouro de energia, resfriando o ar adjacente a

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esta superfície e o solo. De maneira resumida, este é o balanço de energia que condiciona o

microclima próximo a uma superfície qualquer (ROSENBERG et al., 1983). Porém, este

balanço apresenta somente componentes verticais, podendo ser alterado pelos fluxos

horizontais de energia, ou seja, pela advecção.

Por outro lado, duas superfícies podem apresentar saldos de radiação parecidos, mas

com partição de energia completamente diferente, uma vez que características como a

densidade de cobertura vegetal, área transpiracional, fisiologia das plantas, teor de água no

solo, entre outras, podem modificar os fluxos de calor sensível, latente e de transferência de

calor para o solo (GEIGER, 1960).

Microclima no interior e exterior de florestas

As diferentes características entre as superfícies promovem alterações no saldo de

radiação e, consequentemente, no balanço de energia, modificando, assim, as características

microclimáticas. Comparando o microclima acima da copa das árvores e sobre pastagem,

Ribeiro (1994) e Reschke (1997) observaram amplitudes diárias da temperatura do ar e défice

de pressão de vapor maiores nas áreas de pastagens. Estes trabalhos relatam valores bem

diferenciados, mas todos mostram maior amplitude térmica durante a estação seca.

Comparando a temperatura do ar observada sobre floresta e pastagem, Ribeiro (1994)

verificou que o comportamento ao longo do dia é semelhante, mas a amplitude é

significativamente diferente. Acima do dossel da floresta, a temperatura mínima é maior e a

temperatura máxima é menor, o mesmo acontecendo com o défice de pressão de vapor.

Wright et al., (1996) estudaram o comportamento da amplitude térmica diária em três

locais diferentes, ao longo do ano, acima de floresta e de pastagem. Em todos os locais, a

amplitude térmica foi maior sobre a pastagem, tendo sido explicado, parcialmente, pela baixa

rugosidade da pastagem e mudanças nos fluxos do balanço de energia. À noite, a temperatura

sobre a pastagem é mais baixa devido a menor eficiência para quebrar a inversão térmica.

Durante o dia, principalmente na estação seca, a maior temperatura diurna é observada sobre a

pastagem devido à redução da evaporação (menor fluxo de calor latente), com consequente

aumento do calor sensível (aquecimento do ar). As pequenas diferenças encontradas entre os

locais estudados, acima do dossel da floresta, podem ser, também, devido à altura de

instalação dos sensores, que não foi a mesma em todos os locais, e também devido a variação

da rugosidade das superfícies.

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Os trabalhos de Bastable et al., (1993), Ribeiro (1994), Wright et al., (1996) e Reschke

(1997) compararam medidas realizadas em área de pastagem com medidas acima das copas

das árvores dentro da camada limite. Medições no interior da floresta deverão apresentar,

provavelmente, diferenças ainda maior pelo fato do dossel comportar-se como proteção.

Comparando a temperatura do solo sob uma floresta em relação a solo desnudo ou

coberto por uma camada menos densa, como, por exemplo, pastagem ou cultivo agrícola de

pequeno porte, espera-se menor valor de temperatura no interior da floresta, além de uma

menor amplitude térmica diária. Comparando floresta com pastagem, Souza, Pinheiro Araújo,

(1996) observaram que a temperatura do solo (a 20 cm de profundidade) sob pastagem foi 3,7

0C maior em relação a floresta, às 10:00 h, na estação seca, quando as diferenças são mais

pronunciadas.

Estudando o fluxo de calor no solo sob floresta e em pastagem, Reschke (1997)

verificou que as diferenças são maiores na estação seca, quando a pastagem apresenta

flutuação significativa do fluxo de calor ao longo do dia. Isto é causado, provavelmente, pela

presença de nuvens no verão, que reduz a radiação solar incidente, além de maior umidade no

solo no período chuvoso que altera os componentes do balanço de energia.

Avaliações microclimáticas comparando o interior da floresta com áreas abertas,

geralmente uma pastagem, são interessantes, para dar uma ideia das modificações ambientais

provocadas pela retirada da floresta. Essa informação é importante para o entendimento do

manejo da regeneração natural. Comparando o microclima, a um metro de altura do solo,

dentro de uma floresta e sobre pastagem na Costa Rica, Holl (1999) verificou que a área de

pastagem apresentou maior temperatura do ar e maior défice de pressão de vapor. Cestaro

(1988), comparando medidas micrometeorológicas no interior de Mata de Araucária e

pastagem, observou uma acentuada diminuição da amplitude térmica do solo na mata, além de

pequenas alterações na temperatura e umidade relativa do ar.

As diferenças microclimáticas entre o interior da floresta e áreas abertas na região de

clima temperado apresentam a mesma tendência observada nos trópicos, mas com diferente

magnitude devido à modificação da disponibilidade energética. Em floresta na América do

Norte (latitude 48o), Chen et al., (1993) observaram um aumento significativo da temperatura

do solo e do défice de pressão de vapor após o seu corte em relação aos valores medidos no

interior da floresta. Também verificaram que na zona de transição, entre a área explorada e a

remanescente, existe um gradiente de radiação solar, no entanto, os valores de temperatura e

défice de pressão de vapor foram semelhantes aos da área explorada.

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A abertura de clareira promove modificação microambiental importante para o

processo de sucessão ecológica em floresta. A maior disponibilidade energética numa clareira

favorece a ocorrência de maior temperatura do ar e do solo comparado à superfície abaixo de

floresta fechada. Trabalhando em floresta tropical chuvosa, Ashton (1992) verificou que as

clareiras apresentaram maior amplitude térmica do ar, mas as maiores diferenças foram

verificadas no solo, principalmente em dias claros, tendo sido observado aumento de até 9 oC

na temperatura do solo na clareira, em comparação com o sub-bosque da floresta. Em floresta

temperada, também, ocorrem modificações ambientais provocadas pelo surgimento de

clareiras. Freitas e Enright (1995) verificaram aumento de 3,5 oC na temperatura máxima do

ar e de 7,6 hPa no défice de pressão de vapor no interior de clareiras de maior tamanho (250

m2 ). Por outro lado, uma clareira de menor porte apresentou comportamento intermediário

entre a clareira maior e o sub-bosque no interior da floresta.

A retirada total da floresta e a abertura de clareira provocam modificações ambientais

significativas, que podem ser expressas por variações na radiação solar, temperatura e

umidade do ar e solo. O conhecimento da magnitude dessas modificações é de extrema

importância para o conhecimento do microclima da floresta como um todo.

4.4 Caracterização das variáveis meteorológicas estudadas

Balanço de radiação

A energia proveniente do Sol é o fator mais importante para o desenvolvimento dos

processos físicos que influenciam as condições de tempo e clima. De maneira geral, todos os

fenômenos físicos, químicos e biológicos ocorridos no solo estão direta ou indiretamente

relacionados com a quantidade de radiação solar incidente sobre a sua superfície (LEITÃO et

al., 2000). O saldo de radiação sobre um dossel vegetal representa a quantidade de energia na

forma de ondas eletromagnéticas que este dispõe para repartir entre os fluxos de energia

necessários aos processos de evapotranspiração, aquecimento do ar, aquecimento do solo e

fotossíntese (TUBELIS et al., 1980). A circulação atmosférica, que é responsável pelas

condições meteorológicas num certo instante, também é regida pela disponibilidade de

energia proveniente do Sol (QUERINO et al., 2006).

O balanço de radiação à superfície é a contabilização entre ganhos e perdas de energia

radiante, ou seja, entre os fluxos descendentes e ascendentes de radiação. A quantidade de

energia que fica retida na superfície e que será utilizada nos fenômenos físicos e biológicos,

denomina-se saldo de radiação (LEIVAS, 2007). Essa energia é a diferença entre os fluxos

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totais da radiação incidente e a perdida (emitida e/ou refletida) por uma superfície, medida,

normalmente, em plano horizontal. Ao longo do dia, nas horas de brilho solar, o saldo de

radiação em uma superfície qualquer tende a ser positivo, pois os fluxos incidentes (global e

atmosférico) são superiores às frações refletidas e emitidas. Por outro lado, durante a noite, é

comum que esses valores sejam negativos, pois o fluxo incidente passa a ser apenas

atmosférico e a energia emitida pela superfície, superior a este, resultando em um saldo de

radiação negativo (MONTEITH e UNSWORTH, 1990; PEZZOPANE et al., 1995).

Para Oyama (2002) a vegetação exerce uma forte influência na radiação solar,

designadamente ao reduzirem a radiação devido ao consumo de energia nos seus processos

fisiológicos, nos quais a energia radiante é utilizada na síntese dos constituintes da planta.

Parte da radiação absorvida pela copa das árvores é utilizada no processo de

evapotranspiração pelas folhas. De fato, a vegetação desempenha o papel de termoregulador

da temperatura do ar, contribuindo também para o aumento do teor de umidade.

Segundo Andrade et al., (2007) o saldo de radiação é uma informação de suma

importância, visto que, é a variável básica na estimativa da evapotranspiração (ET) e no

cálculo do balanço hídrico, que são essenciais para a utilização racional dos recursos hídricos.

Borges (2002) diz que o balanço de radiação em superfícies vegetadas é um parâmetro para

determinações de perdas de água e de acumulação de matéria seca pelos vegetais, além de

caracterizar o seu microclima. Essas medidas possibilitam, também, a caracterização dos

estados de conforto térmico e hídrico bem como muitas reações bioquímicas e biofísicas.

Segundo Silva et al., (2010) é natural que em áreas com solo exposto ocorra maior

reflexão da radiação incidente do que em solos cobertos com vegetação e sobre superfícies

com água. Em condições de baixa umidade, a superfície tem baixo poder de retenção da

radiação, sendo grande parte devolvida para a atmosfera na forma de radiação refletida.

Precipitação, temperatura e umidade do ar

A precipitação, na forma de chuva, neve e granizo, é o principal mecanismo natural de

restabelecimento dos recursos hídricos da superfície terrestre. A distribuição temporal das

precipitações condiciona o clima regional. As precipitações podem ser orográficas (em

regiões com grandes variações de altitude), convectivas (em épocas de grande intensidade de

radiação) e frontais (devido à penetração de massas de ar polares) (PILLAR, 2007).

O aquecimento e resfriamento do ar são determinados pelo balanço de radiação da

superfície do solo e vegetação. As trocas de calor do ar com as superfícies se dão por

condução e convecção, gerando movimentos turbulentos do ar (vento). Junto com o calor, o

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vento transfere vapor d'água, energia cinética, gás carbônico e poluentes. O movimento de

massas de ar em escala continental determina em grande parte o clima regional. Latitude,

altitude e distância de grandes corpos d'água (continentalidade) são os fatores mais

importantes que afetam a variação geográfica da temperatura (PILLAR, 2007).

A variação da temperatura do ar segue a variação do balanço de radiação. A

temperatura máxima do ar próximo do solo ocorre simultaneamente com a temperatura

máxima da superfície do solo; mas à medida que se afasta do solo há um retardamento do

momento de máxima temperatura do ar (a 2 m de altura ocorre 2 horas após). Normalmente

há um gradiente de temperatura decrescente com a altura e altitude (6,5º C/1000 m), porque o

ar se resfria ao expandir-se durante a sua ascensão. Em noites com céu descoberto, devido ao

resfriamento das superfícies e, consequente, resfriamento do ar das camadas inferiores, ocorre

uma inversão desse gradiente térmico. Quando o ar das camadas inferiores atinge a

temperatura de 0º C ocorre geada, podendo ou não dar origem à formação de gelo sobre as

superfícies expostas (dependendo da umidade do ar). Vegetação densa influencia o perfil da

inversão térmica porque a superfície ativa de irradiação passa a ser o topo do dossel

(PILLAR, 2007).

A umidade do ar diz respeito à quantidade de vapor de água presente na atmosfera - o

que caracteriza se o ar é seco ou úmido, podendo variar de um dia para o outro (LAMBERTS,

et al., 2005). A alta quantidade de vapor de água na atmosfera favorece a ocorrência de

chuvas. Já com a umidade do ar baixa, é difícil chover.

Temperatura e Fluxo de calor no solo

A temperatura do solo influência processos como: germinação de sementes (reações

bioquímicas); crescimento do sistema radicular (divisão celular); absorção de água e

nutrientes (viscosidade da solução); decomposição da matéria orgânica entre outros. O

comportamento diário e anual da temperatura em um perfil de solo é similar nas diversas

regiões do globo, o que difere são os valores das temperaturas e a profundidade de extinção da

onda diária e anual da temperatura, que são função do regime de radiação solar e das

propriedades térmicas do solo. O teor de umidade afeta drasticamente as propriedades

térmicas do solo, no sentido de acréscimos na condutividade térmica e no calor específico à

medida que aumenta o teor de umidade do solo. (SCHÖFFEL, 2011).

O fluxo de calor no solo representa a fração do saldo de radiação transferida por

processos de condução ou difusão térmica, principalmente, da superfície para os níveis

inferiores do solo e pode representar um acréscimo de energia para o meio, geralmente à

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noite; ou saída de energia do meio, no período diurno. O fluxo de calor no solo é função da

temperatura do solo em diferentes níveis e da condutividade térmica do solo (REICHARDT,

1993).

Para estudos de balanço de energia a quantificação do fluxo de calor no solo torna-se

importante, pois representará a entrada/saída de energia de determinado meio, contribuindo,

dessa forma, para o aumento/redução nos fluxos de calor latente e sensível, e

consequentemente, aumentando/reduzindo as taxas de evaporação e transpiração. Diversos

trabalhos mostram que o fluxo de calor no solo representa valores médios entre 4% e 6% da

energia líquida disponível (CUNHA et al., 1996; BERGAMASCHI, 1994; TEIXEIRA et al.,

1997; AZEVEDO et al., 1997). Contrário a essa afirmativa, alguns autores, considerando que

a ordem de grandeza da variação da densidade de fluxo de calor no solo, para períodos iguais

ou superiores a 10 dias, é suficientemente pequena, costuma-se desconsiderar esses valores

em cálculos de estimativa de evapotranspiração (JENSEN, 1973; PEREIRA, 1990; SMITH,

1991).

Segundo Galvani et al., (2001) o fluxo de calor para o interior do solo representa a

fração do saldo de radiação que foi transferida para os níveis inferiores do solo e, geralmente,

resulta em acréscimo de energia para o meio à noite, ou em diminuição, no período diurno. O

fluxo de calor no solo (FCS) é função da temperatura em diferentes níveis e da condutividade

térmica do solo, sendo influenciado, diretamente, pela variação da primeira. Em estudos de

balanço de energia a quantificação do FCS torna-se importante, pois representará a

entrada/saída de energia de determinado meio, contribuindo, assim, para o aumento e/ou

redução nos fluxos de calor latente e sensível e, consequentemente, aumentar e/ou reduzir as

taxas de evaporação e transpiração.

Segundo Pillar (2007) as superfícies do solo e vegetação se esfriam, retirando calor da

camada de ar em contato, invertendo o perfil vertical da temperatura do ar. No solo, o fluxo

de calor passa a ser das camadas mais profundas para as mais superficiais. O balanço de

radiação é o que determina flutuações na temperatura do solo, da vegetação e do ar,

originando os fenômenos meteorológicos (movimentação do ar, evapotranspiração,

precipitação, geadas, etc.).

4.5 Influências das variáveis meteorológicas no dossel vegetativo

A camada Limite Atmosférica (CLA) é a parte mais baixa da atmosfera e é

caracterizada pela interação da superfície, durante a partição de energia, através de processos

mecânicos e térmicos, e a atmosfera livre pelo processo de arrastamento (FICH, 2004).

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Segundo Stull (1988), a camada-limite atmosférica inclui a porção da troposfera que é,

diretamente, influenciada pela superfície terrestre, respondendo à ação dos forçantes

mecânicos e térmicos. Nela ocorrem trocas diretas de energia com superfície, nas formas de

momentum, calor e umidade.

Esta camada recebe grande parte desse fluxo de calor e igualmente vapor d’água da

superfície por meio dessas correntes turbulentos (OKE, 1987).

A resposta da vegetação (resistência à seca, produtividade, etc) esta fortemente

interligada a intermitência e imprevisibilidade da disponibilidade das chuvas (LAIO, 2001). A

ocorrência e a quantidade de água em cada um dos eventos de precipitação são variáveis

estocásticas.

A capacidade da superfície em transmitir água para a atmosfera é a condutância. Ao

nível individual das folhas dos vegetais, o controle das trocas gasosas é quantificada pela

condutância estomática (Ce) que determina o limite da taxa de entrada de um fluxo de gás no

por estomático (LARCHER, 2006). Para o dossel, a capacidade de transmitir água para a

atmosfera pode ser expressa pela condutância de superfície (Cs), parâmetro determinado na

prática por medidas de transpiração e de outros parâmetros meteorológicos atuantes sobre a

vegetação.

As taxas de momentum, fluxo de calor latente e água trocadas entre o dossel

vegetativo e a camada superficial atmosférica, assim como folha/superfície do solo e ar em

torno, são descrita utilizando a condutância aerodinâmica (Ca) e a condutância superficial

(Cs) que representam o fluxo de vapor d’água de uma superfície evaporante (estômato vegetal

e solo) (LECINA et al., 2003)

A transferência de vapor no interior do dossel vegetativo é dependente da velocidade

do vento, ou indiretamente da Ca, que segundo Grelle, Lindroth, Molder (1999) é função de

parâmetros de turbulência enquanto a Ce é, principalmente, controlada pelas variáveis da

evaporação como a radiação global e o déficit de pressão de vapor. Para Jones (1992), a Ca

representa as condições de transpiração do dossel vegetativo como um todo.

O índice de área foliar (IAF) é considerado um dos componentes inter-relacionados

aos ciclos biogeoquímicos dos ecossistemas, pois caracteriza a interface dossel-atmosfera e

está relacionado a interceptação da precipitação, ao microclima do dossel, a extinção da

radiação, as trocas de água, carbono e energia com a atmosfera, e a interceptação da

deposição atmosférica de nutrientes (SONNENTAG et al., 2007).

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Os estudos da interação da radiação solar entre atmosfera e uma superfície reveste-se

de grande importância para a compreensão dos processos de fisiologia vegetal, produtividade

de biomassa e trocas turbulentas de energia e massa entre a área vegetada (culturas, floresta,

pastagens) e a atmosfera (MARQUE FILHO, 1997)

A radiação que penetra o dossel vegetativo denso é absorvida e espalhada, fortemente

na parte superior do dossel, já em dossel pouco denso a radiação se espalha pela dossel

vegetativo de maneira mais homogênea (LARCHER, 2006).

A radiação incidente sobre uma comunidade vegetal pode influenciar

cumulativamente a utilização de água, armazenagem de glicose (fotossíntese), crescimento

das plantas e atuar diretamente sobre a temperatura dos elementos do dossel vegetativo que,

por sua vez, governa as taxas do processo bioquímicas (LEITÃO, 1994).

Ao longo do dia, nas horas de brilho solar, o saldo de radiação em uma superfície

qualquer tende a ser positivo, pois os fluxo incidentes (global e atmosférico) são superiores às

frações refletida e emitidas. Por outro lado, durante a noite, é comum que esse valores sejam

negativos, pois o fluxo incidente passa a ser apenas atmosféricos e a energia emitida pela

superfície, superior a este, resultando e, saldo de radiação negativo (PEZZOPANE et al.,

1995).

O fluxo de saldo de radiação de onda longa é um mecanismo controlador da formação

de geadas, enquanto a força dirigente da evapotranspiração é o fluxo liquido de radiação total

(saldo de radiação), que fornece o calor latente de vaporização, embora a condução de calor e

convecção contribua para a evapotranspiração (HEITOR, BIGA, ROSA et al., 1991).

4.6 Radiação solar no dossel vegetativo

A energia de radiação solar absorvida no dossel vegetativo torna-se uma variável de

grande importância, pois diversos processos fisiológicos das plantas relacionam-se

diretamente com a quantidade de Radiação Fotossinteticamente Ativa (PAR), radiação global

incidente e temperatura do ar, influenciando na eficiência do desenvolvimento das plantas

(CARON, 2003). A energia de radiação solar absorvida pelas plantas é fator determinante da

taxa fotossintética e pode limitar a produção e o acúmulo de biomassa (PILAU, 2005).

A PAR tende a decrescer exponencialmente no perfil do dossel, aumentando o índice

de área foliar a partir do topo do mesmo. Com isso, a eficiência de interceptação da radiação

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aumenta com o crescimento da área foliar, estabilizando no momento em que se atinge o

máximo de cobertura arbórea (PILAU, 2005). Espécies que apresentam folhas eretas têm um

baixo coeficiente de extinção, ao passo de que folhas horizontais tendem a apresentar maiores

valores deste coeficiente. Baixos valores do mesmo são mais eficazes na transmissão da

radiação para o interior do dossel, podendo influenciar, diretamente, no aproveitamento da

energia incidente (MÜLLER e BERGAMASCHI, 2005).

Em média, cerca de 90% da matéria seca acumulada pelas plantas ao longo do seu

ciclo é resultado da atividade fotossintética, a qual é diretamente influenciada pela

disponibilidade de radiação solar do período de cultivo (BENINCASA, 2003).

A utilização eficiente da radiação para cada espécie é influenciada pelo índice de área

foliar, além de parâmetros físicos e biológicos que determinam a absorção da radiação

incidente. O ângulo de inserção da folha, interceptação de luz por outras partes da planta,

arranjo de folhas na planta e de plantas no campo, características de absorção de luz pela folha

e quantidade de radiação incidente modificam a quantidade de radiação solar interceptada

(ARGENTA et al., 2001).

A maneira como a radiação é interceptada pelo dossel das plantas reflete na eficiência

fotossintética e no desenvolvimento da cultura, portanto fatores como forma, densidade

populacional e espaçamento afetam a distribuição da área foliar no dossel das plantas e,

consequentemente, a quantidade de energia da radiação solar incidente (STEWART et al.,

2003).

4.7 Balanço de Energia em Superfícies Vegetadas

O balanço de energia das superfícies vegetadas permite dimensionar as trocas de

massa e energia no sistema solo-planta-atmosfera, por meio do estudo da partição do saldo de

radiação nos diversos processos que ocorrem na cultura. O método permite avaliar as

alterações no microclima da vegetação em função dos estágios de desenvolvimento da cultura

e em função das condições de solo e de atmosfera (FONTANA et al., 1991).

O entendimento do balanço de energia numa superfície coberta por vegetação é

importante para a compreensão dos processos climáticos envolvidos com esta vegetação e

seus efeitos nas diversas escalas espaciais e temporais. Assim, considerando que a vegetação é

relativamente homogênea, extensa e opaca à radiação e que a superfície é relativamente

horizontal, o balanço de energia numa cobertura vegetal pode ser escrito em termos dos fluxos

verticais de energia que passam pelo corpo vegetal.

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Nas superfícies em que há presença de cobertura vegetal, o balanço de energia torna-se

mais complexo devido às diversas complicações introduzidas pela distribuição espacial

variável dos fluxos radiativos e de calor dentro do corpo da vegetação. Portanto, o balanço de

energia deve ser tratado para o dossel inteiro, e não somente para a superfície, considerando

os fluxos de Rn, H e LE no topo da vegetação e incluindo os termos de armazenamento.

Assim, de acordo com as considerações feitas, a equação do balanço de energia para uma

superfície vegetada, desprezando os fluxos horizontais, podem ser expressa por:

PSGLEHRn (1)

Sendo: Rn o saldo de radiação (energia disponível ao sistema analisado), LE e H são

os fluxos verticais de calor latente e sensível, respectivamente; G é o fluxo de calor no solo, S

é a energia armazenada no dossel vegetativo e P é a energia utilizada no processo

fotossintético, representando menos de 2% do saldo de radiação. O balanço usualmente não

fecha tanto por erros instrumentais nas medidas de cada termo, quanta pela não consideração

da possível advecção.

Como pode ser visto esquematicamente na Figura 03, dentre os termos não radiativos, o

dominante é o fluxo de calor latente, que está aproximadamente em balanço com o saldo de

radiação, enquanto o fluxo de calor sensível e o fluxo de calor no solo são de menor

magnitude.

FONTE: (MICHILES, 2004).

Figura 03. Esquema do balanço de energia em cobertura vegetal no ciclo diurno, em

dia sem chuva.

4.8 Campanhas observacionais em áreas de caatinga

A grande quantidade de dados gerados em campanhas observacionais na região

amazônica já permite calibrar com grande precisão esquemas importantes de parametrização

de superfície usados em modelos numéricos, a exemplo do SIB (Simple Biosphere Model) e

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do BATS (Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme) e melhorar consideravelmente as

simulações dos processos de troca de energia nas proximidades do solo em áreas de florestas.

No entanto, outros ecossistemas igualmente importantes necessitam de estudos mais

aprofundados já que o controle da vegetação sobre os fluxos de energia em superfície varia

consideravelmente com a espécie.

De forma menos abrangente, porém, com objetivos semelhantes vem-se

gradativamente despertando para a importância a nível nacional do ecossistema caatinga. Em

algumas localidades desta região estão sendo realizados experimentos de campo e

informações importantes sobre o comportamento dos parâmetros micrometeorológicos em

áreas de caatinga já podem ser obtidas com o uso de medições feitas com instrumentos de alta

precisão.

As primeiras medições micrometeorológicas em áreas de caatinga foram realizadas em

1996 através da execução do Projeto MUCLISA (Mudanças Climáticas no Semiárido)

desenvolvidas numa área de preservação ambiental do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais) situada na estação ecológica do Seridó (Rio Grande do

Norte). Um dos principais objetivos do projeto foi avaliar as mudanças microclimáticas

causadas por reflorestamento com algaroba no SANEB (SIQUEIRA, 1997).

Em São João do Cariri-PB foi instalado o Experimento Cariri, que se trata de um

projeto cadastrado no CNPq com o objetivo de quantificar os balanços de radiação, energia e

hídrico em região de caatinga nativa (Cariris Velhos da Paraíba). As medições tiveram início

em 2001. Esta é uma região de caatinga composta predominantemente de pastagem, plantas

arbóreas, e cactáceas.

Em meados de 2003, por meio de um convênio entre o INPE (Instituto de Pesquisas

Espaciais) e a CPATSA-EMBRAPA (Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido

– Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Petrolina (PE), foi instalada uma torre

micrometeorológica com nove metros de altura em área de preservação da caatinga. A região

caracteriza-se por uma vegetação do tipo de jurema, com árvores atingindo cerca de 5 a 7

metros de altura (OLIVEIRA et al., 2006). Instrumentos meteorológicos foram instalados

nesta torre capazes de fornecer informações com alta resolução temporal sobre a vegetação

nativa da região semiárida e motivaram o desenvolvimento desta pesquisa.

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5. MATERIAL E PROCEDIMENTOS

5.1 Área experimental e clima

O experimento de campo foi realizado na Estação Experimental de São João do Cariri

- PB, no período de 2002. Esta estação encontra-se na região semiárida do Brasil, é vinculada

ao Centro de Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba/UFPB. Está localizada no

município de São João do Cariri na área central do estado da Paraíba e inserida na

Mesorregião da Borborema e Microrregião do Cariri Oriental, na Superfície Aplainada do

Planalto da Borborema (Figura 04), localizado entre as coordenadas geográficas de 6º02’12’’

e 8º19’18’’ Latitude Sul e 34º45’54’’ e 38º45’45’’ Longitude Oeste, sobre a litologia

cristalina, com altitude variando entre 400 e 600 m. Apresenta um relevo suave ondulado e

faz parte da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba, Sub-bacia do rio Taperoá e Riacho Namorados

(PAES-SILVA et al., 2003). Os principais tipos de solos encontrados na Estação experimental

de acordo com Chaves (2000) são: Luvissolo Crômico Vértico, Vertissolo e Neossolo Lítico.

FONTE: Adaptado de SILVA (2003).

Figura 04. Localização geográfica do município de São João do Cariri-PB.

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O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é possível se individualizar, de

maneira geral, três macrorregiões no Estado da Paraíba (Figura 05):

a) Planície Atlântica, englobando a encosta oriental do Planalto da Borborema – o terço

leste do Estado, com o clima, segundo a classificação de Koppen, do tipo As′ - Tropical

Quente e Úmido com chuvas de outono-inverno. A precipitação decresce do litoral

(1800 mm.ano-1

) para o interior da região (600 mm.ano-1

) devido, principalmente, a

depressão do relevo, e volta a subir nos contrafortes do Planalto para 1450 mm.ano-1

.

b) Planalto da Borborema – a porção central do Estado, com clima do tipo BSh -

Semiárido quente, precipitação predominantemente, abaixo de 600 mm.ano-1

, e

temperatura mais baixa, devido ao efeito da altitude (400m a 700m).

c) Sertão – região que ocupa o terço oeste do Estado, formada pela depressão do rio

Piranhas e seus contribuintes, com clima do tipo BSh Semiárido quente, nas áreas mais

baixas (<300 m) e Aw′ – Tropical Quente e Úmido com chuvas de verão-outono.

FONTE: Adaptado do Atlas geográfico do Estado da Paraíba (2010).

Figura 05: Tipos de clima do Estado da Paraíba, segundo a classificação de Koppen.

O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo BSh, semiárido,

quente, com chuvas de verão-outono. Segundo Silva (1991) trata-se de uma região

classificada como semiárida, com chuvas pouco abundantes e concentradas nos meses de

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fevereiro a abril, na qual a Zona de Convergência Intertropical é o sistema sinótico

predominante, embora as chuvas convectivas sempre atuam em mesoescala, uma vez que a

região tropical é uma fonte de energia. Sua vegetação é esparsa, alternando-se ora com

superfície desnudada e ora com superfície coberta por vegetação. No período chuvoso, cresce

à superfície uma cobertura herbácea, não muito densa, porém que pode atingir 60 cm de altura

no final da estação chuvosa.

5.2 O Experimento Cariri

Foi montada, no interior da área experimental, uma torre micrometeorológica de 8

metros (Figura 06) projetada de forma que ficasse ajustada verticalmente ao meridiano local,

e horizontalmente, paralelo ao plano do observador local, de forma que os sensores pudessem

se inserir em um mesmo meridiano. Esses dados foram coletados em um sistema de aquisição

de dados, Datalogger, modelo CR23X da Campbell Scientific Inc., com entrada para 24 sinais

simples, 12 diferenciais e 4 para sinais tipo pulso, além de 4 canais para excitação e 8 canais

de controle. A fim de agregar mais entrada de instrumentos, se fez necessário o acoplamento

de um multiplexador analógico, marca Campbell Scientific Inc., modelo AM416, com 64

entradas analógicas, o que trouxe mais capacidade de coleta de dados ao experimento. O

datalogger é alimentado em regime contínuo por uma bateria de 12 volts e 55 AH acoplada a

um painel solar de 20 W (SILVA, 2003).

FONTE: (SILVA, 2003).

Figura 06. Vista da torre experimental instalada em São João do Cariri-PB, área de

caatinga nativa.

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5.3 Disponibilidades de Dados

Considerando o comportamento das chuvas, escolheram-se dias com diferentes

características relacionadas às variáveis microclimáticas, ou seja, ao saldo de radiação,

radiação global, à precipitação pluviométrica, à temperatura do solo, à temperatura acima do

dossel vegetativo, temperatura do dossel vegetativo e umidade relativa do ar.

Para examinar as diferentes características microclimáticas e do fluxo de calor sensível

armazenado no dossel vegetativo, durante a estação chuvosa para a caatinga selecionaram-se

um período representativo para esta estação, tornando-se por base a climatologia da região e a

precipitação pluviométrica acumulada. Destarte, escolheram-se 13 dias do mês de janeiro de

2002 para descrever a estação chuvosa. Durante os 13 dias deste mês a precipitação

acumulada foi de 104,0 mm, com os 13 dias apresentando quantidade de chuva.

Para examinar as diferentes características microclimáticas e do fluxo de calor sensível

armazenado no dossel vegetativo, durante a estação seca para a caatinga selecionaram-se dias

representativos para esta estação, tornando-se por base a climatologia da região e a

precipitação pluviométrica acumulada. Para representar a estação seca, escolheu - se o mês de

setembro de 2002, perfazendo 13 dias com um total de 0,0 mm de precipitação.

5.4 Avaliações microclimáticas

As medidas microclimáticas foram realizadas em duas épocas, nos período de 01 a 13

de janeiro de 2002 (Período Chuvoso) e 07 a 19 de setembro de 2002 (Período Seco). As

escolhas dessas épocas para realizações das avaliações visou caracterizar o ambiente em

condições distintas de densidade de fluxo energético, temperatura do ar e precipitação,

correspondendo à estação chuvosa e a estação seca na região.

O estudo microclimático envolveu a medição das seguintes variáveis:

- precipitação;

- saldo de radiação;

- radiação solar global;

- temperatura do ar no dossel vegetativo e fora do dossel vegetativo;

- fluxo de calor no solo vegetado e não vegetado;

- fluxo calor sensível armazenado no dossel vegetativo.

- umidade relativa do ar.

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Pelas características e heterogeneidade da caatinga, logo se percebe o alto grau de

dificuldades em quantificar a inter-relação dos fluxos turbulentos acoplados ao sistema solo-

caatinga-atmosfera, tanto na direção horizontal quanto na vertical e em diversas escalas de

tempo, desta forma o experimento foi concebido a realizar medições sobre o período de 20

minutos.

Os sensores de saldo de radiação e da radiação solar global foram instalados a 2,50

metros de altura do solo, com o objetivo de caracterizar as condições ambientais em que se

encontra a maioria das plantas na caatinga. O saldo de radiação foi determinado com um

radiômetro modelo Q -7.1 de marca REBS. A radiação solar global foi medida por um

piranômetro modelo LI200X, de marca LI-COR.

A temperatura e umidade do ar são medidas em plano horizontal à copa da vegetação,

a uma altura de 2 m, medidas pelo termohigrômetro de marca Vaisala, modelo HMP45C,

trabalhando na faixa de -40ºC a 60ºC para temperatura e de 0 a 100% para a umidade relativa

do ar, por termopares crommel-constantan. A temperatura da superfície do solo foi medida

por geotermômetros marca Campbell Scientific Inc., modelo 108, trabalhando na faixa de –

5ºC a 95ºC.

5.5 Fluxo de calor armazenado no dossel vegetativo

O fluxo de calor armazendado no dossel vegetativo (S) pode ser escrito como segue

(BERNHOFER et al., 2003):

𝑆 = 𝑆𝐸 + 𝑆𝐻 + 𝑆𝑣𝑒𝑔 + 𝑆𝑝 (2)

Sendo: SE e SH denotam os fluxos de calor armazendado no dossel vegetativo latente e

sensível. O 𝑆𝑣𝑒𝑔 o fluxo de calor armazenado no dossel da vegetação e Sp

o fluxo de calor armazenado na atividade fotossintética que por ser muito baixo é

desprezado. Como termos de armazenamento se tornam pequenos para somas diárias, eles são

por vezes negligenciados por períodos mais longos de integração. Apesar das magnitudes

pequenas a maioria dos fluxos de armazenamentos de vários estudos relata um desequilíbrio

nos balanços de energia se o fluxo de armazenamento for excluído (ASTON, 1985; GU et al.,

2007; McCAUGHEY, 1985; MEYERS e HOLLINGER 2004; WILSON et al., 2002).

Portanto, termos de armazenanmento deve ser cuidadosamente avaliado.

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● Fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo

Fluxo de calor sensível armazenado no dossel ocorre por alterações da temperatura no

ar do dossel vegetativo e pode ser avaliada de acordo com a Equação 4 (MCCAUGHEY,

1985; OLIPHANT et al., 2004).

𝑆𝐻 = ∫ 𝜌𝑎 ( 𝑇𝑎)𝐶𝑝𝑍𝑟

0

𝛿𝑇𝑎

𝛿𝑡 𝑑𝑧 (3)

Sendo: ρa é a densidade do ar, Ta temperatura do ar e Cp calor específico do ar.

Discretizando a equação (4) teremos,

𝑆𝐻 ≅ 𝜌𝑎 𝐶𝑝 ∑ (

∆ 𝑇𝑎,𝑖

∆𝑡 ∆𝑍𝑖)𝑖=𝑛

𝑖=1 (4)

Sendo: ∆𝑍 espessura da camada. Este procedimento pode dar valores máximos e

mínimos em relação ao cálculo utilizando apenas um nível. A densidade do ar (ρɑ) e o calor

específico do ar (Cρ) ficam constantes no dossel vegetativo (MCCAUGHEY 1985;

OLIPHANT et al., 2004).

5.6 Análise estatística

Em um experimento, cada observação Yij pode ser decomposta conforme o modelo a

seguir:

Yij= μ + τ i+ ϵij ί = 1,..., І e ϳ = 1,..., ϳ (5)

em que:

Yij é a observação do i-ésimo tratamento na j-ésima unidade experimental ou parcela;

μ é o efeito constante (média geral);

τ i é o efeito do i-ésimo tratamento;

ϵij é o erro associado ao i-ésimo tratamento na j-ésima unidade experimental ou parcela.

Em um experimento, existe o interesse em testar se há diferenças entre as médias dos

tratamentos, o que equivale testar as hipóteses:

H0: μ1 = μ2 = ... = μІ (6)

H1: μί ≠ μί’ para pelo menos um par (ί,ί’), com ί ≠ ί’

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em que:

μί = μ + τί ί = 1,2,....,І. (7)

De forma equivalente, podemos escrever tais hipóteses da seguinte forma:

H0: τ1 = τ2 = ... = τ1=0 (8)

H1: τ1 ≠ 0 para pelo menos um ί. (9)

Nota que, se a hipótese nula for verdadeira, todos os tratamentos terão uma média

comum μ.

A análise de variância baseia-se na decomposição da variação total da variável

resposta em partes que podem ser atribuídas aos tratamentos (variância entre) e ao erro

experimental (variância dentro). Essa variação pode ser medida por meio das somas de

quadrados definidas para cada um dos seguintes componentes:

Soma de Quadrados Total (SQTotal) - é a soma dos quadrados das diferenças entre

cada observação e a média geral do experimento:

SQTotal = ∑ 𝑦ίϳ2 ί

𝑖ϳ - ∑ (𝑦 ίϳ)

2І𝑖ϳ

𝑁 (10)

Soma de Quadrados Tratamentos (SQTratamento) - corresponde a soma dos

quadrados das diferenças entre a média de cada tratamento e a média geral lembrando que

cada média de tratamento foi obtida de ri repetições:

SQ Tratamento = ∑ 2𝑇ί

𝑟ί -

∑ 2𝑌ίϳ

𝑁, onde Tί, é o total do tratamennto.

E a soma de quadrados dos resíduos pode ser obtida por diferença:

SQRes = SQTotal – SQTratamento.

A SQTratamento também é chamada de variação Entre, que é a variação existente

entre diferentes tratamentos e a SQRes é chamada de variação Dentro que é função das

diferenças existentes entre as repetições de um mesmo tratamento.

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Essas somas de quadrados podem ser organizadas em uma tabela, denominada tabela

da análise de variância, como apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Análise de variância.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F Calculado F

Crítico

Tratamentos I-1 SQTrat QMTrat QMTrat/QMRes Tabelado

Resíduos I(J-1) SQRes QMRes

Total IJ-1 SQTotal

em que QMTrat = SQTrat/(I-1) e QMRes = SQRes/(I(j-1)).

Pode-se mostrar que o quociente Qmtrat/QMRes tem distribuição F com (I – 1) e (J –

1) graus de liberdade, supondo que yίϳ são variáveis aleatórias independentes, todos os

tratamentos tem variâncias iguais a σ2 e yίϳ ∼ N (μί, σ

2). Por esses motivos, os pressupostos da

ANOVA devem ser testados ou avaliados em qualquer análise.

Se o F calculado > F tabelado, rejeitamos a hipótese de nulidade H0 , ou seja, existem

evidências de diferença significativa entre pelo menos um par de médias de tratamentos, ao

nível α de significância escolhido. Caso contrário, não se rejeitamos a hipótese de nulidade

H0, ou seja, não há evidências de diferença significativa entre tratamentos, ao nível α de

significância escolhido.

O F calculado é comparado com F tabelado (t – 1) e t(r - 1) graus de liberdade,

respectivamente, de tratamentos e do erro experimental. Se for maior que o dado para o nível

5%, a diferença é dita significativa (P<0,05); será muito significativa quando F calculado for

maior do que o dado para o nível 1% (P<0,01). No caso de F calculado ser menor do que o

tabelado, não haverá diferença significativa entre os tratamentos.

Feitas estas considerações, o teste de F pode ser realizado. O primeiro passo é escolher

o nível de significância (α). Geralmente toma-se α= 5% ou menor. Esta é a probabilidade do

erro Tipo I, isto é, a probabilidade de rejeitar-se H0 quando a mesma for verdadeira.

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A maioria dos programas computacionais utilizados para a análise de variância calcula

o nível de significância, F calculado, comumente chamado valor p. Quando este recurso não

estiver disponível utilizam-se tabelas F.

Escolhido o nível de significância, a regra de decisão para o teste de F é:

- Se o valor de F calculado for maior que o valor de F crítico, ao nível de α% de

probabilidade, rejeita-se H0. O teste é considerado significativo ao nível de α% de

probabilidade e admite-se que, ao nível deα% de probabilidade, existe pelo menos uma

diferença entre os efeitos dos tratamentos.

- Caso o valor de F calculado seja menor ou igual ao valor de F crítico ao nível de α%,

não existem evidencias para rejeitar-se H0. O teste é dito não-significativo ao nível de α%

implicando em 95% de confiança de que não existem diferenças entre os efeitos dos

tratamentos.

Quando escolhido o nível de significância, a área sob a curva da distribuição F fica

dividida em duas partes correspondentes (100-α)% e α% denominadas, respectivamente,

região de aceitação de H0 (RAH0)e região de rejeição de H0 (RRH0), como na Figura 08.

Desta forma, a ANOVA é uma regra de decisão para aceitar ou rejeitar uma hipótese

Figura 07. Regra de decisão para o teste de F ao nível de α % de probabilidade.

a) H0: Não exitem diferenças significativas no saldo de radiação, radaição global,

temperatura do ar no dossel e fora do dossel vegetativo, fluxo de calor no solo

vegetado e não vegetado, fluxo de calor sensivel armazenado no dossel vegetativo

e umidade relativa do ar para as diferntes épocas do ano.

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33

b) H1: Exitem diferenças significativas no saldo de radiação, radiação global,

temperatura do ar no dossel e fora do dossel vegetativo, fluxo de calor no solo

vegetado e não vegetado, fluxo calor sensivel armazenado no dossel vegetativo e

umidade relativa do ar para as diferntes épocas do ano.

A análise dos dados foi realizada por meio do programa computacional Assistat 7.7

Beta (SILVA e AZEVEDO, 2009), desenvolvido pela Universidade Federal de Campina

Grande (PB). As médias dos tratamentos foram submetidas ao teste F ao nível de 5% de

probabilidade.

A estatística descritiva foi utilizada durante o período foram inseridos nesta

metodologia, utilizaram-se os valores mínimo e máximo; amplitude; mediana; desvio padrão

e coeficiente de variação. Além disso, fez-se uso da estatística gráfica.

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34

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Variáveis Meteorológicas

Com os dados da pesquisa de campo e análise dos resultados foram obtidas diversas

informações que permitiram identificar o perfil e caracterizar o microclima da região do

semiárido do Brasil.

6.1.1 Precipitação

Os acumulados diários de precipitação representando a estação chuvosa entre os dias

10 a 13

0 de janeiro de 2002 mostram-se na Figura 08. A precipitação pluviométrica total

acumulada ao longo dos dias, sem interrupções de dados foi de 104,0 mm. Entre os dias mais

chuvosos, aquele em que se mediu a maior precipitação pluviométrica, com 32,8 mm, foi o

dia 04 de janeiro. Ao longo dos 13 dias da estação chuvosa de 2002 na caatinga, teve um total

de acumulado de 104,0 mm, com uma média de 8,0 mm por dia.

Figura 08. Comportamento dos valores diários médio da precipitação pluvial durante o

período chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Na região semiárida do Nordeste brasileiro a precipitação tem um papel de destaque.

O regime de chuvas praticamente determina a disponibilidade de água no solo, afetando

indiretamente também as taxas de radiação, uma vez que chuvas intensas limitam a radiação

solar que chega à superfície.

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Pre

cip

ata

ção A

cum

ula

da (

mm

)

Dia Juliano

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35

6.1.2 Saldo de radiação

A obtenção e análise do saldo de radiação em superfícies vegetadas é um

procedimento importante já que o saldo de radiação representa a principal fonte de energia

para os processos físico-químicos que ocorrem na interface superfície-atmosfera. Essa energia

é utilizada no aquecimento do ar e solo, na evapotranspiração pela transferência de vapor da

superfície para atmosfera e no metabolismo das plantas, principalmente, na fotossíntese

(AZEVEDO et al., 1990).

São apresentados na tabela 2 resultados obtidos para os valores médios do saldo de

radiação durante período experimental. A análise de variância revelou efeito significativo de

1% entre os períodos seco e chuvoso pelo teste F. Os valores extremos de mínimo e máximo

do saldo de radiação para os períodos chuvosos e seco encontrados foram, 22,31Wm-2

e 83,40

Wm-2

; 136,79 Wm-2

e 188,76 Wm-2

respectivamente, com uma amplitude média de 61,09

Wm-2

no período chuvoso e de 51,97 Wm-2

para o período seco. Tomando como base os

períodos estudados, o saldo de radiação médio durante o período chuvoso foi menor do que

no período seco, isto é causado, provavelmente, pela maior presença de nuvens no período

chuvoso, o que reduz as horas do brilho solar e consequente diminui o saldo de radiação no

período chuvoso em relação ao período seco.

Tabela 2. Valores médios do saldo de radiação (Wm-2

) em vegetação de caatinga no período

chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

Saldo de radiação (Wm-2

)

Período Chuvoso Seco

Média 44,26 163,20**

Mínimo 22,31 136,79

Máximo 83,40 188,76

Amplitude 61,09 51,97

Mediana 40,41 162,89

Desvio padrão 18,06 17,24

Coeficiente de variação 40,82 10,14

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

As médias do saldo de radiação durante as épocas chuvosa e seca durante o período

experimental foram de 44,26 Wm-2

e 163,21 Wm-2

, respectivamente. A diferença entre as

médias do saldo de radiação durante os períodos chuvoso e seco é de 72,87%. Portanto,

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36

ocorreu mudança significativa do saldo de radiação durante os dois períodos, em função da

alta variabilidade de incidência solar durante o período experimental.

Em trabalho realizado no Cerrado e Pantanal por Curado (2012) entre os anos de 2007

e 2010 encontrou – se valores maiores do saldo de radiação no período chuvoso e menores

valores no período seco, resultados semelhantes ao encontrado no presente estudo, pois o

período chuvoso da região coincide com as estações primavera e verão, havendo maior

disponibilidade da energia proveniente do sol e consequentemente da radiação que chega a

superfície local que ocasiona uma maior disponibilidade do fluxo de calor sensível que faz

aumentar o saldo de radiação nesse período.

Dantas (2010) em trabalho realizado no sítio experimental do projeto ESECAFLOR

localizado no município de Melgaço, PA, na Floresta Nacional de Caxiuanã, na Estação

Científica Ferreira Penna – ECFPn encontrou valor médio de saldo de radiação 370,74 Ww-2

resultados superiores ao encontrado no presente estudo o que se deve as condições climáticas

e a vegetação que apresentam estruturas diferentes.

Rocha, Goulden, Miller et al., (2004) encontraram variação do saldo de radiação entre

as estações, em uma área de floresta no leste da Amazônia município de Santarém - PA, com

média de 140 Wm-2

na estação seca e 113 Wm-2

na chuvosa. Percebe-se que o comportamento

do saldo de radiação é semelhante ao encontrado no presente trabalho com maiores valores na

estação seca e menores valores na estação chuvosa.

Segundo Souza Filho (2002) o saldo de radiação foi menor no período chuvoso

devido a maior presença de nuvens nesse período, pois as nuvens são eficientes na absorção

de ondas longas e, visto que o período chuvoso é caracterizado por céu nublado na maiorias

dos dias, faz com que haja maior absorção de energia por parte das nuvens, inclusive da

própria energia emitida pelo solo, o que dificulta o resfriamento da superfície provocando

diminuição do saldo de radiação.

A Figura 09 apresenta as variações médias horárias do saldo de radiação no período

seco e chuvoso no bioma caatinga São João do Cariri – PB em 2002. No período chuvoso os

valores extremos de máximo e mínimo do saldo de radiação foram encontrados, com 361,08

Wm-2

(14:40 horas) e – 26,95 Wm-2

(19:00 horas) respectivamente, com uma média diária de

79,90 Wm-2

. Observa-se que durante a noite o saldo de radiação é negativo até as primeiras

horas do dia e com poucas oscilações, permanecendo assim até as 07:00 horas. Já, nas

primeiras horas do dia, o processo de saldo de radiação é inverso com o aumento do seu

valores atingindo valores positivos até as 18:00 horas. À noite como era de se esperar, o saldo

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37

foi negativo, resultado do balanço negativo entre radiação emitida pela superfície (radiação

terrestre).

As variações médias horárias do saldo de radiação no período seco no bioma caatinga

de São João do Cariri – PB, em 2002 apresentam valores extremos de máximo e mínimo do

saldo de radiação foram encontrados, com 689,46 Wm-2

(11:20 horas) e – 52,90 Wm-2

(17:40

horas) respectivamente, com uma média de 163,21 Wm-2

.

Ao observar o padrão horário pode-se perceber que o saldo de radiação seguiu o

padrão esperado de apresentar maiores valores na estação seca, e consecutivamente, os

menores valores na estação chuvosa, onde ocorre a interferência do acréscimo na

nebulosidade.

Figura 09. Comportamento horário do saldo de radiação (Wm-2

) durante o período seco e

chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

No período noturno, o saldo de radiação foi sempre negativo, indicando intensas trocas

radioativas. Assim, como o saldo de radiação é negativo, menor a quantidade de energia será

retirada do ar na forma de calor sensível para equilibrar o balanço noturno de energia.

Ao longo do dia, nas horas de brilho solar, o saldo de radiação em uma superfície

tende a ser positivo, pois os fluxos incidentes (global e atmosférico) são superiores às frações

refletidas e emitidas. Por outro lado, durante a noite, é comum que esses valores sejam

negativos, pois o fluxo incidente passa a ser apenas atmosféricos e a energia emitida pela

superfície, superior a este, resultando e, saldo de radiação negativo.

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

00

:00

01

:20

02

:40

04

:00

05

:20

06

:40

08

:00

09

:20

10

:40

12

:00

13

:20

14

:40

16

:00

17

:20

18

:40

20

:00

21

:20

22

:40

Sal

do d

e ra

dia

ção W

m-2

Hora local

Período seco Período chuvoso

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38

Em trabalho realizado em uma área de floresta tropical úmida (floresta amazônica)

Aguiar (2006) encontrou valores de saldo de radiação onde teve uma variação máxima antes

do meio dia local e foi tipicamente negativo à noite. Esta variação apresentou mínimo de ‑33

Wm-2

durante a noite e pico de 547,00 Wm-2

na estação seca por volta das 12:00 horas

resultado este similar ao encontrado no presente estudo.

Santos (2011) em trabalho no campo experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA), município de Petrolina - PE no período de julho de 2004 a julho

de 2005 para variação sazonal média horária do saldo de radiação obteve valores entre -60 e

600 Wm-2

, valores esses semelhantes ao encontrado no presente estudo. Os valores são

negativos à noite e positivos durante o dia já que o fluxo incidente passa a ser apenas da

atmosfera.

Para a análise de variância apresentada na Tabela 3, o valor de F crítico a 1% com 1

grau de liberdade para Tratamentos e 24 graus de liberdade para o Resíduo é 7,82. Como F

calculado é maior que o F crítico, o teste F foi significativo levando a aceitação de H1.

Portanto, existe pelo menos um contraste significativo entre as médias entre os períodos

chuvoso e seco com relação ao saldo de radiação, ao nível de 1% de probabilidade. Com base

nos períodos estudados, o saldo de radiação médio durante o período chuvoso foi menor do

que no período seco. Isto é causado pela maior presença de nuvens no período, o que reduz as

horas de brilho solar consequentemente diminuindo o saldo de radiação.

Tabela 3. Análise de variância para o saldo de radiação.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F crítico

Tratamentos 1 91972,72 91972,73 283,09** 7,82

Resíduos 24 7797,32 324,88

Total 25 99769,74

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

O aproveitamento da radiação solar pela planta depende da sua capacidade de

interceptar e utilizar a luz, ou seja, a capacidade fotossintética. Por sua vez, a taxa

fotossintética de uma cultura depende da distribuição da radiação solar nas diferentes camadas

de folhas e do total absorvido em cada camada. O total de radiação solar interceptado e,

eventualmente, absorvido por uma camada de folhas está diretamente relacionado ao ângulo

foliar, à declinação solar, à distribuição espectral da radiação e à estruturação das folhas no

dossel. Desta forma, estudos agrometeorológicos sobre radiação solar em uma comunidade

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39

vegetal devem considerar não apenas o processo fotossintético como também a estrutura do

dossel.

O saldo de radiação é importante para as plantas, pois realiza os processos físicos,

fotossintéticos e outras atividades que a planta necessita para terem um bom crescimento e

desenvolvimento ao longo do seu ciclo. Por isso é necessário conhecer as condições

climáticas da região para que se possa fazer uma recuperação de uma área degradada na

caatinga onde cada espécie de planta necessita de altos valores de saldo de radiação e outras

de baixos valores para um bom desenvolvimento e posteriormente sucesso na recuperação da

área degrada.

6.1.3 Radiação solar global

A radiação solar global é um importante componente do balanço de radiação e,

consequentemente, do balanço de energia, de forma que, ela interfere diretamente na energia

disponível para o ambiente bem como em diversos processos dos ecossistemas.

No ambiente de floresta a Radiação solar global é de fundamental importância nos

processos de fotossíntese, aquecimento do ar e da superfície e evapotranspiração (SANTOS et

al., 2010).

Os resultados obtidos para os valores médios da radiação solar global durante período

experimental são apresentados na tabela 4. A análise de variância revelou efeito significativo

de 1% entre os períodos seco e chuvoso pelo teste F. Os valores extremos de mínimo e

máximo do saldo de radiação para o período chuvoso e seco encontrados foram, 144,52 e

278,40 Wm-2

; 228,95 e 298,32 Wm-2

respectivamente, com uma amplitude média de 133,88

Wm-2

no período chuvoso e de 69,37 Wm-2

para o período seco. Ao tomar como base os

períodos estudados, a radiação solar global média durante o período chuvoso foi menor do

que no período seco, isto é causado, provavelmente, pela maior presença de nuvens no

período chuvoso, o que reduz a radiação solar incidente e diminuindo a radiação solar global

no período chuvoso em relação ao período seco.

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40

Tabela 4. Valores médios da radiação solar global (Wm-2

) em vegetação de caatinga no

período chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

Radiação solar global (Wm-2

)

Período Chuvoso Seco

Média 208,27 265,49 *

Mínimo 144,52 228,95

Máximo 278,40 298,32

Amplitude 133,88 69,37

Mediana 203,16 272,41

Desvio padrão 38,84 23,70

Coeficiente de variação 17,52 8,57

* Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

As médias da radiação solar global, durante as épocas chuvosa e seca durante o

período experimental, foram de 208,27 Wm-2

e 265,49 Wm-2

, respectivamente. A diferença

entre as médias da radiação global durante os períodos chuvoso e seco foi de 21,55%.

Portanto, ocorreu mudança significativa de radiação solar durante os dois períodos, em função

da alta variabilidade de nebulosidade durante o período experimental.

Aguiar et al., (2006) em trabalho realizado na Floresta Amazônica encontraram

valores inferiores para a radiação solar global onde variou entre um valor médio diário de 188

W m‑2 na estação chuvosa e 207 W m‑2 na estação seca, apresentando um aumento de 10%

em relação à estação chuvosa. Segundo Rocha et al., (2004), mudanças sazonais na cobertura

das nuvens são os principais fatores que determinam a variação da radiação solar incidente na

Amazônia.

Curado (2012), em estudo realizado no Cerrado e Pantanal encontrou maiores valores

de radiação global no período chuvoso que foi influenciado pelo o maior valor de saldo de

radiação no período chuvoso, o maior valor de emissão da atmosfera nesse período causa um

incremento no balanço de radiação.

A Figura 10 apresenta as variações médias horárias da radiação solar global no

período seco e chuvoso no bioma caatinga. Os valores extremos de máximo da radiação solar

global ocorreu durante o período das 11:00 horas até 16:00 horas com valor máximo

encontrado, com 739,29 Wm-2

(13:20 horas), com uma média de 422,05 Wm-2

no período

chuvoso. Durante o período noturno o valor encontrado foi zero e os menores valores para o

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41

saldo solar de radiação global encontra-se ao amanhecer até as 09:00 horas e a entardecer

após as 16:00 horas.

As variações médias horárias da radiação solar global no período seco no bioma

caatinga apresentam valores extremos de máximo da radiação solar global durante as 11:00

horas até 16:00 horas com valor máximos encontrados, com 739,29 Wm-2

(13:20 horas), com

média de 561,14 Wm-2

. Durante o período noturno o valor encontrado foi zero e os menores

valores para o saldo solar de radiação global encontra-se ao amanhecer até as 09:00 horas e a

entardecer após as 16:00 horas.

Figura 10. Comportamento horário da radiação solar global (Rg) durante o período seco e

chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Pavão et al., (2014) em trabalho realizado no município de Humaitá -AM em Floresta

Amazônica os maiores valores médios horários de radiação solar global de 561 W m-2

e 581

Wm-2

ocorrem entre as 11:00 e 13:00 horas respectivamente. Filho et al., (1988), Filho, et al.,

(2006) e Moura et al., (2001) também observaram os maiores picos de radiação solar global

nesses horários, no entanto, com valores superiores á 700 W.m-2

. Corroborando com o

presente estudo que observou valores superiores do saldo de radiação global para os horários

entre 11:00 e 13:00 horas.

Dados obtidos no presente trabalho foram semelhantes aos obtidos por Santos (2011)

em trabalho realizado no campo experimental da EMBRAPA, município de Petrolina - PE no

período de julho de 2004 a julho de 2005 onde o autor obteve um valor máximo para radiação

solar global na ordem de 900 Wm-2

as 12:00 horas.

-200

0

200

400

600

800

1000

00

:00

01

:20

02

:40

04

:00

05

:20

06

:40

08

:00

09

:20

10

:40

12

:00

13

:20

14

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16

:00

17

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18

:40

20

:00

21

:20

22

:40Rad

iaçã

o s

ola

r glo

bal

Wm

-2

Hora local

Período seco Período chuvoso

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42

A alta variabilidade nos valores deste parâmetro é esperada já que a quantidade de

radiação solar que atinge a superfície depende de fatores como transmissividade da atmosfera,

cobertura de nuvens e topografia. Ao atravessar a atmosfera, a radiação é refletida pelas

nuvens, e sofre difusão (espalhamento) na interação com moléculas de ar, aerossóis, vapor

d’água e dióxido de carbono.

Observa-se na tabela 5 da análise de variância que o valor de F crítico a 1% com 1

grau de liberdade para Tratamento e 24 graus de liberdade para Resíduo é 7,82 sendo F

calculado > F crítico rejeitamos, portanto, a hipótese de nulidade H0. Desta forma existe pelo

menos um contraste significativo entre as médias de tratamento, com relação a radiação solar

global. Como base nos períodos estudados, a radiação solar média durante o período seco foi

maior do que no período chuvoso. Ocasionado pela maior incidência solar no período seco.

Tabela 5. Análise de variância para radiação solar global.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F crítico

Tratamentos 1 21284,12 21284,12 20,55** 7,82

Resíduos 24 24851,34 1035,47

Total 25 46135,45

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

6.1.4 Temperatura do ar

Com relação à temperatura média do ar no dossel vegetativo e fora do dossel, a análise

de variância revelou efeito significativo ao nível de 1% de probabilidade como visto na tabela

6. Tomando como base os períodos estudados, as temperaturas médias do ar observadas no

dossel vegetativo e fora do dossel vegetativo foram, respectivamente, 31,11 0C e 26,85

0C no

período chuvoso. Para o período seco as temperaturas médias do ar observadas no dossel

vegetativo e fora do dossel vegetativo foram, respectivamente, 31,810C e 25,62

0C.

Entretanto, a temperatura máxima e temperatura mínima observada no período experimental

para o período chuvoso dentro do dossel vegetativo e fora do dossel vegetativo foram 32,560C

e 28,730C; 28,87

0C e 24,63

0C, respectivamente e resultaram em amplitude térmica de 3,69

0C

dentro do dossel vegetativo e 4,100C fora do dossel vegetativo.

Ao comparar a temperatura do ar dentro do dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo, verificou-se ao longo do experimento que os valores de temperatura do ar dentro

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43

do dossel vegetativo são maiores que fora do dossel vegetativo, mas a amplitude é bastante

semelhante. A temperatura do ar dentro do dossel apresenta a temperatura mínima maior e a

temperatura máxima menor do que a temperatura fora do dossel vegetativo. Essas diferenças

provavelmente se devem ao fato do dossel vegetativo comporta-se como proteção e,

consequentemente, apresenta maior disponibilidade energética no dossel vegetativo

favorecendo a ocorrência de maior temperatura do ar comparado a fora do dossel vegetativo.

Isto pode estar associado ao fato de o dossel preservar a temperatura, criando um microclima

abaixo da vegetação (Tabela 06).

Tabela 6. Valores médios da temperatura do ar (0C) dentro e fora do dossel vegetativo em

vegetação de caatinga no período chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

Temperatura do ar (0C)

Período Chuvoso Seco

Dentro do

dossel

Fora do dossel Dentro do

dossel

Fora do

dossel

Média 31,11 26,85 31,81 25,62**

Mínimo 28,87 24,63 28,84 24,42

Máximo 32,56 28,73 34,09 27,71

Amplitude 3,69 4,10 5,25 3,29

Mediana 31,65 27,01 31,69 25,54

Desvio padrão 1,29 1,36 1,34 1,01

Coeficiente de

variação

4,01 4,88 4,20 3,97

** Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

A Figura 11 apresenta as variações médias horárias da temperatura do ar do dossel

vegetativo e fora do dossel vegetativo no período chuvoso no bioma caatinga São João do

Cariri – PB em 2002. Os maiores valores encontrados dentro do dossel vegetativo e fora do

dossel vegetativo ocorreram as 14:20 horas (41,060C) e 15:20 horas (39,50°C),

respectivamente. A amplitude térmica correspondente à diferença entre a hora mais quente e

mais frio no período chuvoso dentro do dossel e fora do dossel foi de 21,57 e 21,03 °C,

respectivamente.

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44

Ao comparar a temperatura do ar e amplitude no dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo no período chuvoso, verificou-se que o comportamento ao longo do dia é bastante

semelhante, mas a partir das 16:00 horas houve um decréscimo da temperatura.

Figura 11. Comportamento horário da temperatura do ar no dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo durante o período chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

A Figura 12 apresenta as variações médias horárias da temperatura do ar do dossel

vegetativo e fora do dossel vegetativo no período seco no bioma caatinga São João do Cariri –

PB em 2002. Os maiores valores encontrados dentro do dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo ocorreram as 13:20 horas (41,280C) e 16:20 horas (41,52°C), respectivamente. A

amplitude térmica correspondente à diferença entre a hora mais quente e mais frio no período

seco dentro do dossel e fora do dossel foi de 23,46 e 22,63 °C, respectivamente. Comparando

a temperatura do ar e amplitude no dossel vegetativo e fora do dossel vegetativo no período

seco, verificou-se que o comportamento ao longo do dia é semelhante, apresentando menores

temperaturas durante a noite por outro lado, durante o dia, a temperaturas são maiores devido

à ausência de nuvens o que aumenta as radiações solar e, consequentemente, maiores

temperaturas, com pouca amplitude térmica ao longo do dia.

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Tem

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atura

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Temperatura do ar fora do dossel vegetativo

Temperatura no dossel vegetativo

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45

Figura 12. Comportamento horário da temperatura do ar no dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo durante o período seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Tomando como base as duas épocas estudadas, época chuvosa e seca a temperatura

média do ar acima do dossel vegetativo foram, respectivamente, 28,84 e 31,67 0C

demonstrando, a princípio, a diferença térmica. Entretanto, a maior temperatura máxima e

menor temperatura mínima observada na época chuvosa 21,040C em amplitude térmica média

contra 10,16 0C na época seca.

Para a análise de variância apresentada na Tabela 7, o valor de F crítico a 1% com 3

graus de liberdade para Tratamentos e 47 graus de liberdade para o Resíduo é 0,01. Como F

calculado foi menor do que F tabelado, não existem evidências para rejeitar H0, portanto

conclui-se que não existem diferenças significativas entre os períodos chuvoso e seco para a

temperatura do ar. Já para temperatura do ar dentro do dossel vegetativo e fora do dossel

vegetativo verifica-se que a análise de variância de acordo com o teste F, foram encontrados

evidências de diferenças significativas, ao nível de 1% de probabilidade, entre os tratamentos..

Portanto existe pelo menos um contraste significativo entre as médias de tratamento, com a

temperatura do ar dentro e fora do dossel vegetativo. Onde a temperatura do ar é maior dentro

do dossel vegetativo em relação a temperatura do ar fora do dossel vegetativo.

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:00

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:00

Tem

per

atura

oC

Horas

Temperatura do ar fora do dossel vegetativo

Temperatura no dossel vegetativo

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46

Tabela 7. Análise de variância temperatura do ar.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F crítico

Período (P) 1 0,87 0,87 0,5479 ns 0,001

Dossel (D) 1 355,22 355,22 223,4571** 7,19

Tratamentos 3 367,96 122,65 77,1585** 4,21

Resíduos 47 76,30 1,58

Total 50 444,27

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

ns não significativo.

A temperatura possui uma relação complexa com o desempenho da planta, uma vez

que a condição ótima varia com os diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da

planta. A temperatura da planta é basicamente a mesma do ambiente que a envolve. Devido a

esse sincronismo, flutuações periódicas influenciam nos processos metabólicos que ocorrem

no interior da planta. Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, o processo

metabólico é mais acelerado e, nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir.

6.1.5 Fluxo de calor no solo

Observa-se na tabela 8 fluxo de calor no solo vegetado e não vegetado onde a análise

de variância revelou efeito significativo a 1% de probabilidade. Tomando como base os

períodos estudados, o fluxo de calor no solo vegetado e não vegetados foram,

respectivamente, 6,52 Wm-2

e 26,79 Wm-2

no período chuvoso. Para o período seco os fluxos

de calor no solo médios observados no solo vegetado e não vegetados foram, respectivamente,

3,88 Wm-2

e 30,50 Wm-2

. Entretanto, o fluxo de calor no solo máxima e mínima observada no

período chuvoso no solo vegetado e não vegetados foram -0,21 Wm-2

e -13,85 Wm-2

; 29,44

Wm-2

e 24,22 Wm-2

, respectivamente e resultaram em amplitude térmica de 13,64 Wm-2

no

solo vegetado e 5,22Wm-2

no solo não vegetado.

Para o período seco os valores máximo e mínimo no solo vegetado e não vegetado

foram, 8,2 Wm-2

e 0,66 Wm-2

; 32,95 Wm-2

e 28,05 Wm-2

, respectivamente. E apresentaram

amplitude de 7,62Wm-2

no solo vegetado e 4,90 Wm-2

no solo não vegetado.

O fluxo de calor no solo na caatinga em solo vegetado e não vegetado verificou que as

diferenças são maiores no período chuvoso, quando no solo não vegetado apresenta flutuações

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47

do fluxo de calor, que pode ser causado, provavelmente, pela presença de nuvens no período

chuvoso, que reduz a radiação solar incidente, além da maior precipitação e umidade no solo.

Fatores distintos são responsáveis pela variabilidade dos fluxos de calor no solo

vegetado e não vegetado , como a incidência solar ao qual o alvo é submetido, tendo em vista

que seu aquecimento superficial é condicionado pela quantidade de energia solar absorvida;

tipo e distribuição da cobertura vegetal que interferirá no suprimento de energia oriunda do

sol; e tipo de solo. Podemos ressaltar isto quando o fluxo de calor em solo vegetado apresenta

valores menores do que no solo não vegetado.

Tabela 8. Valores médios do fluxo de calor no solo (Wm-2

) em solo vegetado e não vegetado

na caatinga no período chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

Fluxo de calor no solo (Wm-2

)

Período Chuvoso Seco

Vegetado Não vegetado Vegetado Não vegetado

Média 6,52 26,79 3,88 30,50**

Mínimo -13,85 24,22 0,66 28,05

Máximo -0,21 29,44 8,28 32,95

Amplitude 13,64 5,22 7,62 4,90

Mediana -7,01 26,74 4,21 30,11

Desvio padrão 4,35 1,35 2,42 1,38

Coeficiente de

variação

69,26 5,04 62,26 4,44

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

A Figura 13 apresenta as variações médias horárias do fluxo de calor no solo em solo

vegetado e não vegetado no período chuvoso no bioma caatinga São João do Cariri – PB em

2002. Os valores extremos de máximo e mínimo do fluxo de calor no solo vegetado e não

vegetado encontrados foram, 36,43 Wm-2

(13:40 horas) e -23,00 Wm-2

(22:00 horas);

31,07Wm-2

e 26,79Wm-2

, respectivamente, com uma média diária de -6,90 Wm-2

no solo

vegetado e 26,79Wm-2

no solo não vegetado. Observa-se que durante a noite o fluxo de calor

no solo vegetado é negativo até as primeiras horas do dia e com poucas oscilações,

permanecendo assim até as 09:00 horas. Já, nas primeiras horas do dia, o processo de fluxo de

calor no solo vegetado é inverso com o aumento do seu valore atingindo valores positivos até

as 17:00 horas.

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48

Para a vegetação o estudo do fluxo de calor em solo vegetado apresenta grande

importância, uma vez que a temperatura do solo, em nível superficial, influencia no

metabolismo celular, no crescimento radicular, assim como na germinação da planta, sendo

bastante importante para o desenvolvimento agrícola. Neste estudo o fluxo de calor no solo

vegetado foi menor do que o solo não vegetado apresentando ao longo do dia comportamento

semelhante, ou seja, durante o dia com maior fluxo de calor o fluxo tende a ser positivo, pois

os fluxos incidentes são superiores às frações refletidas e emitidas. Por outro lado, durante a

noite, é comum que esses valores sejam menores e negativos, pois o fluxo incidente passa a

ser apenas atmosféricos e a energia emitida pela superfície, superior a este.

Figura 13. Comportamento horário do fluxo de calor no solo durante o período chuvoso no

bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

A Figura 14 apresenta as variações médias horárias do fluxo de calor no solo em solo

vegetado e não vegetado no período seco no bioma caatinga São João do Cariri – PB em

2002. Os valores extremos de máximo e mínimo do fluxo de calor no solo vegetado e não

vegetado encontrados foram, 60,38 Wm-2

(11:40 horas) e -17,26 Wm-2

(00:40 horas);

44,80Wm-2

e 22,94Wm-2

, respectivamente, com uma média diária de 3,88 Wm-2

no solo

vegetado e 30,23Wm-2

no solo não vegetado. Observa-se que durante a noite o fluxo de calor

no solo vegetado é negativo até as primeiras horas do dia e com poucas oscilações,

permanecendo assim até as 07:00 horas. Já, nas primeiras horas do dia, o processo de fluxo de

calor no solo vegetado é inverso com o aumento do seu valore atingindo valores positivos até

as 17:40 horas.

-30

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49

Figura 14. Comportamento horário do fluxo de calor no solo durante o período seco no

bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Observa-se na tabela 9 da análise de variância que o valor de F crítico a 1% com 3

graus de liberdade para Tratamento e 47 graus de liberdade para Resíduo é 7,19 sendo F

calculado maior do que o F crítico rejeitamos, portanto, a hipótese de nulidade H0. Portanto,

existe pelo menos um contraste significativo entre as médias de tratamento, com relação os

períodos estudados e ao solo vegetado e não vegetado. Com base nos períodos estudados, o

fluxo de calor no solo médio durante o período seco e em solo não vegetado foi maior do que

no período chuvoso e solo vegetado. Onde distintos fatores como a incidência solar ao qual o

alvo é submetido, tendo em vista que no período seco é maior do que chuvoso e também a

cobertura vegetal que no período seco não existe devido a característica própria da caatinga

cuja vegetação são xerófila onde as plantas perdem sua folhas o que expressa uma condição

de sobrevivência ligada a um ambiente seco uma vez que os solos são incapazes de armazená-

la, resultando num maior fluxo de calor no período seco.

Tabela 9. Análise de variância do fluxo de calor no solo.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F

crítico

Período (P) 1 663,59 663,59 100,72** 7,19

Solo (S) 1 11743,84 11743,84 1782,51** 7,19

Tratamentos 3 12586,14 4195,38 636,78** 4,21

Resíduos 47 316,24 6,58

Total 50 12902,38

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

-40

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20

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:00

Flu

xo d

e ca

lor

no s

olo

(W

.m-2

)

Hora local

Solo vegetado Solo não vegetado

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50

6.1.6 Fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo

Na tabela 10 encontram-se os valores médios do fluxo de calor sensível armazenado

no dossel vegetativo durante período experimental onde a análise de variância não revelou

efeito significativo 5% entre os períodos seco e chuvoso pelo teste F. Os valores extremos de

mínimo e máximo do fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo para os

períodos chuvoso e seco encontrados foram, -0,08 Wm-2

e 0,007 Wm-2

para ambos os

períodos, com uma amplitude média de 0,15 W.m-2

. Tomando como base os períodos

estudados, o fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo médio durante o período

chuvoso foi igual ao do período seco. Constando valores pequenos, inferiores a 0,5 Wm-2

,

durante o período experimental.

Tabela 10. Valores médios do fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo

(Wm-2

) em vegetação de caatinga no período chuvoso e seco no município de São João do

Cariri – PB.

Fluxo de calor sensível armazenado no dossel (Wm-2

)

Período Chuvoso Seco

Média -0,011 -0,017ns

Mínimo -0,08 -0,09

Máximo 0,07 0,06

Amplitude 0,15 0,017

Mediana -0,01 -0,02

Desvio padrão 0,05 0,04

* Não significativo ao nível de 5%.

Nos períodos chuvoso e seco, os valores médios do fluxo de calor sensível

armazenado no dossel vegetativo foram -0,011 e -0,017 Wm-2

, respectivamente. Portanto,

entre os dois períodos estudados, o fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo

sofreu um aumento em relação ao período seco durante o período experimental, devido as

maiores temperaturas do ar e do dossel vegetativo durante a época seca, sendo estas

diferenças não significativas ao nível 5% de probabilidade.

Observa-se na figura 15 o comportamento horário do fluxo de calor sensível

armazenado pelo dossel vegetativo na caatinga no período chuvoso. Os valores do fluxo de

calor sensível armazenado são relativamente baixos durante o dia. Tais valores representam

uma percentagem do saldo de radiação. A média e o desvio padrão do calor armazenado pela

caatinga durante o dia foi -0,26 Wm-2

e de 0,94 Wm-2

. Este alto valor do desvio padrão pode

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51

ser justificada pelas flutuações naturais dessa variável ao longo do dia, decorrentes da

variabilidade da energia disponível para os processos físicos e químicos que ocorrem na

caatinga.

Figura 15. Comportamento horário do fluxo de calor sensível armazenado pelo dossel

vegetativo durante o período chuvoso no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

A variação do fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo durante o

período chuvoso é geralmente negativo durante a noite apresentando uma valor máximo de

2,51 Wm-2

e mínimo de -2,44 Wm-2

as 11:20 e 17:00 horas, respectivamente. O fluxo de calor

sensível armazenado segue um padrão com valores mínimos durante o período noturno e

máximos após as 07:00 horas.

No período noturno, a caatinga apresenta um conteúdo de umidade maior onde há uma

redução significante do fluxo de calor sensível armazenado pelo dossel vegetativo. Já, nas

primeiras horas do período matinal esse processo é inverso, com um aumento no fluxo de

calor sensível armazenado no dossel vegetativo atingindo valores positivos das 07:00 até as

16:00 horas com valor máximo de 2,51 Wm-2

.

O curso horário do fluxo de calor sensível armazenado pelo dossel vegetativo na

caatinga no período seco é apresentado na Figura 16. Os valores estremos de máximo e

mínimo do fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo foram encontrados, com

3,18 Wm-2

(08:20 horas) e -2,24 Wm-2

(17:40 horas) respectivamente, com uma média de

0,11 W.m-2

. Observa-se que durante a noite o fluxo de calor sensível armazenado é negativo

com poucas oscilações, permanecendo assim até as 06:00 horas. Já, nas primeiras horas do

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52

dia, o processo do fluxo de calor sensível armazenado é inverso com o aumento do seu valore

atingindo valores positivos até as 15:00 horas.

Figura 16. Comportamento horário do fluxo de calor sensível armazenado pelo dossel

vegetativo durante o período seco no bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Nesse estudo foram encontrados valores máximo e mínimo do fluxo de calor sensível

armazenado pelo dossel vegetativo na caatinga durante o período chuvoso e seco foram de

2,51 ± 3,18 Wm-2

e -2,44 ± -2,24 Wm-2

, respectivamente. Esses valores evidenciam a

interferência do acréscimo na nebulosidade e menores temperaturas no período chuvoso e

efeito de menor umidade relativa do ar e maiores temperaturas durante o período seco.

Para a análise de variância apresentada na Tabela 11, o valor de F crítico a 1% com 1

grau de liberdade para Tratamentos e 24 graus de liberdade para o Resíduo é 0,01. Como F

calculado é menor que o F crítico, não existem evidências para rejeitar H0, portanto conclui-se

que não existem diferenças significativas entre as os fluxo de calor sensível armazenado no

dossel vegetativo entre os período chuvoso e seco. Portanto não existe pelo menos um

contraste significativo entre as médias entre os períodos chuvoso e seco com relação ao fluxo

de calor sensível armazenado no dossel vegetativo, ao nível de 1% de probabilidade. Como

base os períodos estudados, o fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo médio

durante foi igual para o período chuvoso e o período seco.

-3

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:00

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Cal

or

sen

sível

arm

azen

ado

W

.m-2

Hora Local

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53

Tabela 11. Análise de variância para o fluxo de calor sensível armazenado no dossel

vegetativo.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F crítico

Tratamentos 1 0,00025 0,00025 0,1407 ns 0,001

Resíduos 24 0,04200 0,00175

Total 25

ns Não significativo ao nível de 5% de probabilidade.

6.1.7 Umidade relativa do ar

Os resultados obtidos para os valores médios da umidade relativa do ar durante

período experimental são apresentados na tabela 12. A análise de variância revelou efeito

significativo de 1% entre os períodos seco e chuvoso pelo teste F. No período chuvoso a

umidade relativa do ar foi maior do que no período seco com medias de 79,60% e 62,73%,

respectivamente. Os valores extremos de mínimo e máximo do saldo de radiação para os

período chuvoso e seco encontrados foram, 67,18% e 91,54%; 59,26% e 67,71

respectivamente, com uma amplitude média de 24,36% no período chuvoso e de 8,45% para

o período seco. Tomando como base os períodos estudados, a umidade relativa do ar durante

o período chuvoso foi maior do que no período seco, isto é causado, provavelmente, pela a

maior presença de nuvens e maior precipitação e menores temperaturas no período chuvoso, o

que aumenta a umidade relativa do ar ao contrario do período seco onde apresenta maiores

temperaturas, ausências de precipitação diminuindo a umidade relativa do ar.

Tabela 12. Valores médios da umidade relativa do ar (%) em vegetação de caatinga no

período chuvoso e seco no município de São João do Cariri – PB.

Umidade relativa do ar (%)

Período Chuvoso Seco

Média 79,60 62,73**

Mínimo 67,18 59,26

Máximo 91,54 67,71

Amplitude 24,36 8,45

Mediana 78,63 60,94

Desvio padrão 6,96 3,02

Coeficiente de variação 8,75 4,82

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

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54

Os dados encontrados no presente trabalho apresentam resultados semelhantes aos

obtidos por Curado (2013) em trabalho realizado no cerrado onde encontrou maiores valores

de úmida do ar no período chuvoso devido à precipitação desse período.

Aguiar et al., (2006) em trabalho realizado no sítio experimental da Reserva Biológica

do Rio Jaru, uma reserva protegida do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos

Renováveis - IBAMA, situada a Leste no Estado de Rondônia encontraram valores maiores

para a umidade onde a estação chuvosa apresentou média diária de 89% e a estação seca de

74. Observa-se que no período que coincide com a estação seca a umidade relativa do ar foi

menor. As médias encontradas no trabalho supracitado foram compatíveis com os valores

encontrados por Priante Filho et al., (2004) para a região de floresta de transição Amazônia‑

Cerrado no sul da Amazônia. Os maiores valores de umidade do ar encontrado na região

amazônica se devem as características climáticas e a composição florestal existente na área o

que proporcionam maiores valores de umidade do ar para a região.

Um fator importante a se destacar é que mesmo no período seco, com a redução da

precipitação, a umidade relativa do ar permanece alta no pantanal o que indica que a

vegetação desse bioma (árvores de grande porte) continua mantendo uma alta taxa

transpiratória mesmo em período com escassez de chuva (CURADO, 2013).

A Figura 17 apresenta as variações médias horárias da umidade relativa do ar no

período chuvoso e seco no bioma caatinga de São João do Cariri – PB, em 2002. Os valores

estremos de máximo e mínimo encontrados foram 95,48% (23:40 horas) e 37,32% (14:20

horas) respectivamente, com uma média de 78,44% para o período chuvoso. No período seco

a umidade relativa do ar apresenta as variações médias horárias com valores extremos de

máximo e mínimo encontrados de 95,16% (04:00 horas) e 32,13% (14:40 horas)

respectivamente, com uma média de 66,36%.

Pode - se perceber na Figura 18 que a umidade relativa do ar seguiu o padrão esperado

de apresentar maiores valores na estação chuvosa, e consecutivamente, os menores valores na

estação seca, onde ocorre a interferência da precipitação.

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Figura 17. Comportamento horário da umidade relativa do ar no período seco e chuvoso no

bioma caatinga em São João do Cariri-PB, em 2002.

Como, no presente estudo, no período noturno, a temperatura mínima foi menor, a

umidade relativa foi maior, sendo comum a saturação de vapor d’água na atmosfera. Porém,

as diferenças entre as épocas chuvosa e seca foram maiores no período diurno onde a maior

elevação da temperatura do ar fez com que a umidade relativa atingisse valores bem mais

baixos na época seca.

As medições nas duas épocas também mostraram uma sazonalidade da umidade

relativa, como foi o caso do saldo de radiação, radiação global solar e da temperatura do ar

acima do dossel vegetativo e temperatura do dossel vegetativo. O menor teor de vapor d’água

na atmosfera, na época seca, em razão da ausência de chuva, proporcionou menor umidade

relativa.

A análise de variância apresentada na Tabela 13 revela o valor de F crítico a 1% com 1

grau de liberdade para Tratamentos e 24 graus de liberdade para o Resíduo é 7,82. Como F

calculado é maior que o F crítico, o teste F foi significativo levando a aceitação de H1.

Portanto existe pelo menos um contraste significativo entre as médias entre os períodos

chuvoso e seco com relação a umidade relativa do ar, ao nível de 1% de probabilidade. Com

base nos períodos estudados, a umidade relativa do ar média durante o período chuvoso foi

maior do que no período seco.

0102030405060708090

100

00

:00

01

:00

02

:00

03

:00

04

:00

05

:00

06

:00

07

:00

08

:00

09

:00

10

:00

11

:00

12

:00

13

:00

14

:00

15

:00

16

:00

17

:00

18

:00

19

:00

20

:00

21

:00

22

:00

23

:00

Um

idad

e re

lati

va

do a

r %

Hora local

Período seco Período chuvoso

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Tabela 13. Análise de variância para umidade relativa do ar.

Fonte de

Variação

Grau de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Quadrados

Médios

F calculado F crítico

Tratamentos 1 1847,68 1847,68 63,64** 7,82

Resíduos 24 696,70 29,02

Total 25 2544,38

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

● A investigação experimental constatou diferenças significativas do saldo de radiação

durante os períodos chuvoso e seco. Onde se observou que o saldo de radiação foi

inferior no período chuvoso com média de 44,26 Wm-2

quando comparado ao período

seco que onde a média foi de 163,20 Wm-2

;

● Os valores de radiação solar global tiveram diferenças significativas entres os

períodos estudados, sendo o período seco obteve uma média de 265,49 Wm-2

valores

maiores quando comparado ao período chuvoso que foi de 208,27 Wm-2;

● Houve diferenças significativas nos valores de temperatura do ar no dossel

vegetativo e fora do dossel vegetativo durante o período avaliado, onde a temperatura

do ar dentro do dossel vegetativo é maior que a temperatura do ar fora do dossel

vegetativo.

● O padrão de fluxo de calor no solo é caracterizado por maiores valores no período

chuvoso com média de 6,52 Wm-2

em solo vegetado e 26,79 Wm-2

no solo não

vegetado;

● Os valores da umidade relativa do ar tiveram diferenças significativas entre os

períodos avaliada sendo a umidade relativa do ar maior durante o período chuvoso

com uma média 79,60% quando comparado ao período seco que foi de 62,73%;

● O fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo não apresentaram

diferenças entre o período chuvoso e seco, Observa-se valores muito pequenos,

inferiores a 3 W m-2

, durante todo o período analisado com valores quase idênticos.

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Diante desses resultados, são sugeridas algumas recomendações na sequência deste

estudo:

O monitoramento de longo prazo e manutenção permanente dos equipamentos

e atualização constante dos bancos de dados, o que envolve pessoal qualificado e

aporte de recursos. Devido à extensão da Caatinga e suas diversas composições,

associadas ao clima semiárido, estudos nesse sentido precisam ser realizados em

outras áreas de caatinga, o que deve envolver uma equipe multidisciplinar, ao mesmo

tempo em que as mudanças de uso da terra também precisam ser estudas, seja para

usos agrícolas ou decorrentes de processos de desertificação, dentre outros.

A recuperação de áreas nativas de caatinga e matas ciliares destruídas, afim de

melhorar os atributos físicos e químicos do solo para que possa a partir da melhor

época ser feito um trabalho de recuperação consistente e que a biodiversidade da

Caatinga seja mantida pela sua importância de ser um bioma endêmico ou seja

unicamente brasileiro.

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