Dimensionamento Ótimo de Realces Abertos e Pilares via Programação Matemática Não-Linear

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Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas

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  • Mecnica das Rochas para Recursos Naturais e Infraestrutura

    SBMR 2014 Conferncia Especializada ISRM 09-13 Setembro 2014 CBMR/ABMS e ISRM, 2014

    Dimensionamento timo de Realces Abertos e Pilares via

    Programao Matemtica No-Linear

    Fernanda de Brito Souza Duarte

    TEC3 Geotecnia e Recursos Hdricos Ltda., Belo Horizonte, Brasil, [email protected]

    Rodrigo Peluci de Figueiredo

    Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil, [email protected]

    RESUMO: Ainda hoje o dimensionamento preliminar de vos e pilares em minas subterrneas

    consiste em se definir, por tentativa e erro, um arranjo no qual a estabilidade dos pilares seja

    garantida por um fator de segurana (FS) previamente arbitrado. Para um dado arranjo, por meio de

    uma formulao aproximada (rea tributria) so calculadas as tenses mdias atuantes nos pilares,

    bem como suas resistncias, por meio de expresses empricas. Verifica-se, ento, os FSs. A

    recuperao decorrente , ento, determinada sendo to somente um resultado de se ter garantido a

    estabilidade. Neste trabalho apresentada a aplicao de uma metodologia de dimensionamento

    alternativa, na qual um problema padro de Programao Matemtica no linear formulado tendo

    como objetivo a maximizao da recuperao respeitando-se as restries de segurana dos pilares

    e os requisitos de estabilidade e tecnolgicos/operacionais dos vos. Utilizando-se frmulas

    empricas de resistncia consagradas e uma generalizao da teoria da rea tributria para 3D,

    realizaram-se estudos paramtricos, comparando os resultados obtidos pelas duas metodologias de

    dimensionamento: a convencional e a otimizada, neste caso proposta para lavra por realces abertos.

    Como validao, as geometrias resultantes tiveram suas estabilidades verificadas por meio de

    modelos numricos tridimensionais de elementos de contorno, com o software Examine 3D, da

    Rocscience. Os resultados obtidos deixaram clara a vantagem da utilizao do dimensionamento

    timo, obtendo-se melhoria na recuperao, e diminuio significativa no tempo gasto nos clculos

    de projeto, uma vez que necessrio pouco ou nenhum ajuste nas dimenses obtidas. Os resultados

    possibilitaram tambm observar que o dimensionamento convencional, quando no ajustado por

    meio de anlises numricas e revisado por tentativas e erros, apresentou-se extremamente

    conservador, com FSs geralmente acima de 3, diferentemente do dimensionamento otimizado, cujas

    dimenses foram significativamente reduzidas e forneceram FSs em torno de 1,3.

    PALAVRAS-CHAVE: Realces Abertos, Programao Matemtica No-Linear, Otimizao.

    1 INTRODUO

    A escolha do mtodo de lavra um fator de

    extrema importncia para a anlise econmica

    de uma mina, onde uma opo inapropriada

    pode ter efeitos negativos e at abortivos para o

    projeto de explotao. Ela depende, em grande

    parte, da localizao e forma do depsito

    mineral, alm de outras condicionantes como

    profundidade e tenses in situ atuantes no

    macio. A estrutura da mina, independente do

    mtodo de lavra empregado, distribuda

    basicamente em realces, que so aberturas onde

    as operaes de produo so conduzidas, e

    pilares, os quais so remanescentes de minrio

    deixados in loco cuja finalidade servir de

    suporte para a estrutura global da mina. Este

    abandono de minrio tem implicaes bvias

    sobre a recuperao final do jazimento, ou seja,

    no aproveitamento da jazida.

    A lavra por Realces Abertos, tratada neste

    trabalho, caracteriza-se por um mtodo de alta-

    produo aplicado a grandes corpos de minrio

    com alto ngulo de mergulho, sendo que esses,

    e seus macios encaixantes, devam requerer

    pouco ou nenhum suporte. Neste mtodo, os

  • vos (realces) so frequentemente grandes,

    particularmente na direo vertical, e

    encontram-se separados por pilares de suporte,

    denominados rib pillars, quando verticais, e sill

    pillars, quando horizontais.

    Devido s restries em todo mundo,

    principalmente no que tange a questes legais,

    ambientais e de segurana, requerido um

    rgido controle das condies geomecnicas do

    macio e um efetivo planejamento de

    dimenses seguras, tanto dos pilares quanto dos

    realces. Isso impe, por outro lado, restries

    mxima recuperao possvel do jazimento, que

    comumente fica entre 50 e 60 % para o mtodo

    de lavra por realces abertos, quando no h

    recuperao posterior dos pilares.

    Este trabalho apresenta alguns resultados

    obtidos pela primeira autora (Souza, 2011) com

    base na metodologia inicialmente proposta para

    lavra por cmaras e pilares por Figueiredo e

    Curi (2003, 2004) e estendida por Brando

    (2005), a qual emprega tcnicas de

    programao matemtica no-linear, de forma a

    obter a mxima recuperao do jazimento,

    satisfazendo-se, simultaneamente, as restries

    impostas por condicionates geomecnicas,

    tecnolgicas e/ou de segurana.

    2 DIMENSIONAMENTO DE REALCES

    E PILARES

    2.1 Dimensionamento convencional

    O dimensionamento de um arranjo geomtrico

    de realces e pilares geralmente conduzido de

    forma que, primeiramente, so determinadas as

    dimenses dos vos. Caso os vos estabelecidos

    sejam auto-sustentveis passa-se ao

    dimensionamento dos pilares; do contrrio, ou

    as dimenses so revistas alterando-se as

    condies operacionais, ou prevista a

    utilizao de algum tipo de suporte, conforme o

    mais conveniente economicamente. As

    dimenses dos pilares so calculadas de

    maneira a satisfazer, com adequada margem de

    segurana, a sua funo de suporte estrutural da

    mina. Para tanto, deve-se estabelecer

    previamente uma maneira de se calcular a carga

    total ou tenso mdia atuante no pilar, sendo

    geralmente utilizada na prtica da minerao, a

    teoria da rea tributria; expresses empricas

    que forneam a resistncia do pilar em funo

    de suas dimenses, forma e caractersticas

    geomecnicas do material do qual constitudo

    (Brady e Brown, 2004) e um valor de FS

    adequado, o qual vem a ser um critrio de

    projeto.

    Ao final do processo de dimensionamento do

    arranjo de lavra, qualquer que sejam a

    metodologia e critrios utilizados, a

    recuperao resultante mera consequncia,

    no sendo, via de regra, o objetivo principal

    visado.

    2.2 Proposta de dimensionamento otimizado

    A metodologia proposta por Figueiredo e Curi,

    (2003, 2004), diferente do usualmente utilizado,

    emprega tcnicas de Programao Matemtica

    no-linear (Arora, 1988; Bazaraa et al., 1993)

    para maximizar a recuperao que passa a ser o

    objetivo principal do dimensionamento. As

    estabilidades de vos e pilares, satisfazendo os

    fatores de segurana pr-estabelecidos, passam

    a ser vistas como restries impostas por

    condicionantes geomecnicos maximizao

    da recuperao.

    Nos referidos trabalhos, por meio de um

    algoritmo iterativo de linearizaes locais

    sucessivas e, empregando seqencialmente, o

    algoritmo Simplex (Arora, 1988) em cada uma

    delas, o problema padro solucionado.

    A formulao geral do problema de

    programao padro (Bazaraa et al., 1993)

    apresentada a seguir:

    Otimize: ( ) Sujeito a: ( )

    ( )

    e

    Onde { } o vetor de n-

    dimenses das variveis de projeto; ( ) a funo objetivo a ser otimizada; ( ) so as m restries de desigualdade ; ( ) = 0 so as p restries de igualdade; so

  • as restries de domnios e so as restries das variveis (reais, inteiras etc.).

    Na aplicao aqui visada, a recuperao, em

    funo das dimenses dos vos e pilares, a

    funo-objetivo a ser maximizada. As restries

    so funes que tambm envolvem essas

    mesmas dimenses e so estabelecidas a partir

    das condies geomecnicas de segurana,

    relacionadas resistncia dos pilares e a vos

    adequados, alm de prescries operacionais

    e/ou tecnolgicas, tais como rea mnima para

    ventilao adequada, gabarito apropriado para

    trfego dos equipamentos de carga, dentre

    outros.

    2.3 Mtodos de dimensionamento

    Neste trabalho, foi utilizado, para determinao

    dos vos mximos (dos realces), o mtodo

    emprico de Mathews-Potvin; para a

    determinao da carga total atuante no pilar, a

    teoria da rea tributria (TAT) e, para a

    determinao da resistncia dos pilares, a

    expresso emprica de Mark e Chase (1997).

    O mtodo de Mathews-Potvin baseia-se na

    determinao de dois fatores (Nmero de

    Estabilidade, N, e Fator de Forma, S) os quais,

    em conjunto, permitem por meio grfico

    delimitar zonas de vos estveis e instaveis,

    conforme detalhado em Potvin et al. (1989).

    Para a determinao das tenses mdias nos

    pilares utilizou-se a teoria da rea tributria. Tal

    mtodo, originalmente, baseia-se apenas no

    equilbrio esttico segundo a direo vertical. A

    tenso mdia resultante nos pilares para

    arranjos uniformes de pilares dada por

    (

    ) (1)

    Onde a tenso in situ vertical, At a rea

    total do jazimento (rea lavrada + rea do pilar)

    e Ap a rea do pilar, ambas em planta.

    Para realces abertos, devido s geometrias

    3D envolvidas, a TAT foi adaptada de forma a

    considerar os carregamentos em cada uma das

    trs direes principais in situ. Para tanto, foi

    imposta a condio de equilbrio de foras

    nessas mesmas direes onde

    ( )( )

    ( ) (2)

    ( )( )

    ( ) (3)

    ( )( )

    ( ) (4)

    Onde a tenso principal in situ segundo

    a direo i (i = x, y ou z) e a tenso mdia no

    pilar segundo essa mesma direo i. X, Wx, Y,

    Wy, Z e Wz so as dimenses dos pilares e

    realces, conforme mostrado na Figura 1.

    Figura 1. Arranjo esquemtico de realces abertos e pilares

    em 3D.

    As tenses principais in situ das equaes

    (2), (3) e (4), supostamente, atuam nas direes

    x, y e z. Para a direo vertical y, o valor pela

    hiptese litoesttica usual (Brady e Brown,

    2004) conforme

    (5)

    Onde o peso especfico das rochas sobrejacentes e zp a profundidade.

    Para as direes principais relativas ao plano

    horizontal (x e z), o valor estimado como

    (6)

    (7)

    Onde e so coeficientes de empuxo

    lateral dados por expresses como as propostas,

    por exemplo, por Sheorey (1994).

  • Para determinao da resistncia do pilar,

    formulaes empricas geralmente em funo

    da resistncia do prprio minrio, da sua forma

    geomtrica (esbeltez) e volume, so utilizadas.

    No caso deste trabalho, optou-se pela utilizao

    da frmula de Mark e Chase (1997), a qual foi

    deduzida analiticamente para pilares

    retangulares (a partir de consideraes sobre o

    efeito do acrscimo de confinamento que ocorre

    no pilar devido ao aumento de uma de suas

    dimenses). Essa expresso, baseia-se naquela

    originalmente desenvolvida por Bieniawski

    para pilares com uma seo resistente quadrada,

    que pode ser encontrada em Souza (2011). A

    equao final obtida dada por

    [ (

    ) (

    )] (8)

    Onde a resistncia de um cubo de minrio de volume unitrio.

    3 PROPOSIO DO PROBLEMA DE

    OTIMIZAO APLICADO A REALCES

    ABERTOS

    3.1 Formulao

    Cada arranjo de lavra tem uma funo-objetivo

    de recuperao especfica, que depender da sua

    geometria. A Figura 1, apresentada

    anteriormente, mostra um arranjo esquemtico

    de realces e pilares em 3D com as

    nomenclaturas utilizadas nas formulaes

    apresentadas a seguir, desenvolvidas

    especificamente para o mtodo de lavra por

    Realces Abertos.

    As letras X, Y e Z representam,

    respectivamente, a largura, altura e

    comprimento dos realces. As letras Wx e Wy

    representam as larguras, segundo x e y,

    respectivamente, dos denominados rib pillars

    (pilares verticais) e Wz representa a espessura

    do pilar horizontal (sill pillar).

    O problema padro, mencionado em 2.2, fica

    ento dado por

    Funo objetivo:

    - Maximize: ( ) (9)

    Sujeito a:

    - Restries de resistncia dos pilares

    ( ) ( ) (10)

    ( ) ( ) (11)

    ( ) ( ) (12)

    ( ) ( (13)

    ( ) ( ) (14)

    ( ) ( ) (15)

    - Restrio dos vos mximos dos realces (em

    funo dos Raios Hidrulicos das faces)

    ( ) (16)

    ( ) (17)

    ( ) (18)

    ( ) (19)

    ( ) (20)

    ( ) (21)

    Onde representa a resistncia do pilar

    (segundo cada uma das direes i = x, y e z), FS

    o fator de segurana previamente

    determinado, a tenso mdia atuante no

    pilar na direo i; e HRij corresponde ao raio

    hidrulico das faces nos planos ij (xy, xz etc.),

    os quais podem ser determinados com base no

    baco N x HR do mtodo de Mathews-Potvin.

    3.2 Consideraes sobre a recuperao na

    lavra por Realces Abertos

    A recuperao de um jazimento dada pela

    razo entre volume lavrado (Vl), e volume total

    (Vt) do corpo mineral. Considerando uma mina

    lavrada por realces abertos e pilares, os volumes

  • lavrado e total so dados por:

    ( )( )( ) (22)

    [( ) ][( )

    ][( ) ] (23)

    Onde nx, ny e nz so os nmeros de pilares

    nos sentidos transversal, vertical e longitudinal

    (segundo a direo do corpo) respectivamente.

    Dessa forma, a recuperao dada por:

    ( )( )( )

    [( ) ][( ) ][( ) ]

    (24)

    Para o exemplo aqui apresentado, considerou-se

    que a espessura do minrio seja integralmente

    lavrada, no existindo, portanto, o rib pillar de

    largura Wx. Neste caso, a recuperao fica

    particularizada como

    ( )

    ( )

    ( )

    ( ) (25)

    Onde (Al)yz a rea lavrada no plano yz e (At)yz

    a rea total no mesmo plano. No caso, X a

    altura tanto do volume lavrado, quanto do

    volume total. Sendo assim, a recuperao fica

    particularizada como

    ( )

    ( )

    ( )( )

    [( ) ][( ) ] (26)

    A seguir, um exemplo de aplicao da

    metodologia anteriormente proposta ser

    apresentado.

    4 EXEMPLO DE APLICAO

    O problema de programao no linear descrito

    acima foi codificado para resoluo no software

    Mathcad 15.0 de forma a maximizar a funo-

    objetivo de recuperao. No exemplo

    (ilustrativo) a metodologia de dimensionamento

    convencional foi utulizada para, com os

    resultados iniciais, ser aplicada a metodologia

    de otimizao, ou seja, os dados iniciais obtidos

    pela metologia convencional serviram como

    dados de entrada para o processo de otimizao.

    Cabe ressaltar, que na metodologia

    convencional, os resultados obtidos seriam

    analisados por mtodo numrico e suas

    dimenses ajustadas, posteriormente, por

    tentativa e erros, o que acarretaria em grande

    aumento do tempo dispendido e,

    consequentemente, em um aumento dos custos

    efetivos do projeto/dimensionamento.

    Neste estudo, considerou-se um depsito

    tabular, subvertical, com espessura mdia entre

    30 e 50 metros, a 250 metros de profundidade.

    O fator de segurana (FS) mnimo exigido nos

    resultados foi de 1,3. Foram consideradas

    apenas condies auportantes para os realces. A

    Figura 2 exemplifica a estrutura da mina

    considerada.

    Como pode ser observado, devido pequena

    extenso do corpo segundo o eixo x, a espessura

    do minrio ser integralmente lavrada, no

    havendo, portanto, o rib pillar de largura Wx. A

    Tabela 1 apresenta a dimenso mxima de

    realces para espessura do minrio (X) de 30 e 50

    metros.

    Figura 2. Estrutura da mina considerada.

    Tabela 1. Dimenses Y ou Z de realces para 250 metros de profundidade.

    Espessura do vo 30 metros 50 metros

    Dimenso Y ou Z 108,5 44,3

    No dimensionamento dos pilares assumiu-se

    para o conjunto de macios ocorrentes nos

    mesmos o valor de Q (Barton, 1995 apud Brady e Brown, 2004) igual a 20. A resistncia

    desse macio, determinada por meio do critrio

    de resistncia emprico de Hoek e Brown (Hoek

    et al. 2002), foi fornecida pelo software

    RocLab, da RocScience. Para entrada de

    dados neste software, o Q foi convertido para o

  • sistema GSI de Hoek e Brown pela expresso

    (Hoek et al., 1995 apud Brady

    e Brown, 2004), fornecendo valor de 71. O fator

    de dano considerado foi de 0,8, correspondente

    detonao de m qualidade. A resistncia

    global do macico foi obtida pela equao

    (27)

    Onde c e so, respectivamente, a coeso e o

    ngulo de atrito do macio rochoso,

    equivalentes aos parmetros de Hoek e Brown

    (Hoek et al. 2002). Dessa forma, valor

    assumido como resistncia do macio nos

    clculos foi de 25,665 MPa.

    Considerou-se as tenses in situ dadas por

    um campo gravitacional onde a componente

    vertical (v) cresce lineramente com a profundidade z, segundo a equao

    v = z (28)

    sendo o peso especfico do macio (considerado para clculo como 0,027MN/m

    3).

    A razo das tenses in situ considerada foi de K

    igual a 1.

    A Tabela 2 apresenta as dimenses de

    largura Y obtidas, considerando os

    comprimentos dos realce pr-estabelecidos em

    50 e 100 m.

    Tabela 2. Largura dos rib pillars para a profundidade de

    250 metros.

    Espessura do

    minrio

    Altura do

    realce Z = 50m Z = 100m

    30

    30 20,7 29,5

    40 20,7 29,5

    50 20,7 29,5

    50

    30 27,0 37,7

    40 27,0 37,7

    50 27,0 37,7

    Para o calculo do sill pillar, utilizou-se a

    TAT para determinao da tenso mdia no

    pilar e a frmula de Mark e Chase (1997) para a

    determinao da resistncia do mesmo. Os

    resultados esto apresentados na Tabela 3.

    Tabela 3. Espessura mnima de sill pillar.

    Profundidade (m) Espessura mnima do sill pillar

    Altura X = 30m X = 50

    250

    H = 50 20,7* 27

    H = 70 24,5* 31,7

    H = 90 28,0* 35,8

    As dimenses obtidas no dimensionamento

    acima apresentado foram avaliadas por meio de

    anlises numricas por elementos de contorno

    com modelos criados no software Examine 3D

    (Rocscience) que mostram resultados em

    termos de isofaixas de Fatores de Segurana. As

    Figuras 3 e 4 apresentam os modelos para

    espessura de minrio, X, de 30 e 50 metros,

    respectivamente, onde foi analisada a

    estabilidade tanto dos realces, quanto dos

    pilares.

    X

    : 30,0

    Wx

    : 0,0

    Recuperao

    67%

    Y

    : 90,0

    Wy

    : 28,0

    Z: 100,0 Wz: 29,5

    Figura 3. Isofaixas de FS obtidas pelo dimensionamento convencional. Espessura de minrio de 30 metros.

  • X: 50,0 Wx: 0,0 Recuperao

    56,7% Y: 44,0 Wy: 25,0

    Z: 100,0 Wz: 37,7

    Figura 4. Isofaixas de FS obtidas pelo dimensionamento convencional. Espessura de minrio de 50 metros.

    4.1 Resultados do processo de otimizao

    Como pode ser observado, principalmente

    com relao s dimenses dos vos, os fatores

    de segurana apresentaram-se extremamente

    altos, atingindo valores superiores a 3,

    especialmente nos realces menos profundos.

    Utilizando-se como dados de entrada as

    dimenses obtidas no dimensionamento

    convencional, o problema de programao

    matemtica no-linear foi codificado para

    resoluo com o software Mathcad 15.0,

    levando otimizao das dimenses dos realces

    e pilares obtidas anteriormente. Os resultados

    para espessura de minrio de 30m e 50 m esto

    apresentados nas Tabelas 4 e 5,

    respectivamente.

    Tabela 4. Dimenses (em metros) e recuperao obtidas

    pela metodologia de dimensionamento otimizado para

    espessura de minrio de 30 metros.

    Dados de entrada

    (convencional) Otimizado

    X 30

    Y 90 30

    Z 100 120

    Wx 0 0

    Wy 28 11,7

    Wz 29 13,2

    Recuperao 67% 75,5%

    Tabela 5. Dimenses (em metros) e recuperao obtidas

    pela metodologia de dimensionamento otimizado para

    espessura de minrio de 30 metros.

    Dados de entrada

    (convencional) Otimizado

    X 50

    Y 44 46,2

    Z 100 46,2

    Wx 0 0

    Wy 25 18,8

    Wz 37,7 9

    Recuperao 56,7% 69,6%

    Como pode ser observado, houve um ganho

    significativo na recuperao em ambos os

    casos.

    Assim como para o modelo convencional, as

    dimenses obtidas pelo modelo otimizado

    foram analisadas por mtodo numrico. Os

    resultados encontram-se apresentados nas

    Figuras 5 e 6.

    X: 30,0 Wx: 0,0 Recuperao

    75,5% Y: 30,0 Wy: 11,7

    Z: 120,0 Wz: 13,2

    Figura 5. Isofaixas de FS obtidas pelo dimensionamento otimizado. Espessura de minrio de 30 metros.

  • X: 50,0 Wx: 0,0 Recuperao

    69,6% Y: 46,2 Wy: 18,8

    Z: 46,2 Wz: 9,0

    Figura 6. Isofaixas de FS obtidas pelo dimensionamento otimizado. Espessura de minrio de 50 metros.

    Como pode ser observado, ambos os modelos

    apresentaram, com as dimenses otimizadas,

    FSs iguais ou prximos ao limite estabelecido

    de 1,3.

    5 CONCLUSES

    O mtodo proposto uma ferramenta

    preliminar para o dimensionamento de vos e

    pilares que visa a obteno da mxima

    recuperao possvel em cada situao

    especfica de mina. Possibilita, ainda,

    incorporar a influncia de quaisquer tipos de

    restries, sejam geomecnicas, operacionais,

    tecnolgicas e, caso desejado, inclusive

    relativas a custos, de uma forma simples e

    matematicamente consistente. Alm disso,

    propicia a realizao de estudos paramtricos

    expeditos, nos quais a influncia de

    determinadas variveis, como profundidade,

    espessura de minrio e at mesmo formulaes

    distintas para determinao de carga no pilar,

    resistncia, dentre outros, podem ser avaliadas

    de maneira precisa e com grande facilidade.

    Com base nos resultados obtidos, ficou clara

    a vantagem da utilizao do dimensionamento

    timo aqui proposto, obtendo-se um ganho

    substancial na recuperao, com uma

    diminuio significativa do tempo gasto no

    dimensionamento, uma vez que necessrio

    pouco ou nenhum ajuste nas dimenses obtidas

    pela programao matemtica, o que pde ser

    comprovado por meio das anlises numricas

    por elementos de contorno aqui apresentadas, as

    quais permitiram aferir que, para um FS de 1,3,

    as dimenses obtidas pelo dimensionamento

    proposto foram bastante prximas das

    dimenses limtrofes de estabilidade, ou seja,

    das dimenses timas permitidas para o macio

    analisado.

    importante ressaltar, entretanto, que a

    resposta do dimensionamento timo depende

    diretamente dos dados de entrada, incluindo as

    dimenses iniciais a serem otimizadas, bem

    como dos mtodos de clculo escolhidos,

    sendo, dessa forma, necessria a escolha

    cuidadosa dos mesmos, uma vez que cada um

    possui suas especificidades e podem ser

    aplicados a determinadas caractersticas de

    macio e lavra.

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho parte da dissertao de mestrado

    da primeira autora e contou com o apoio da

    FAPEMIG, do Ncleo de Geotecnia da UFOP e

    da TEC3 Geotecnia & Recursos Hdricos.

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