DIÁLOGO ENTRE PESQUISA BÁSICA E APLICAÇÕES DO … · 2017. 2. 22. · trabalhos sobre controle...
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
DIÁLOGO ENTRE PESQUISA BÁSICA E APLICAÇÕES DO
CONHECIMENTO EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO:
UMA REVISÃO DOS ARTIGOS SOBRE CONTROLE DE
ESTÍMULOS NO JOURNAL OF APPLIED BEHAVIOR
ANALYSIS
Cristina Belotto da Silva
PUC/SP
SÃO PAULO
2004
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
DIÁLOGO ENTRE PESQUISA BÁSICA E APLICAÇÕES DO
CONHECIMENTO EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO:
UMA REVISÃO DOS ARTIGOS SOBRE
CONTROLE DE ESTÍMULOS NO
JOURNAL OF APPLIED BEHAVIOR ANALYSIS
Cristina Belotto da Silva
PUC/SP
SÃO PAULO
2004
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
DIÁLOGO ENTRE PESQUISA BÁSICA E APLICAÇÕES DO CONHECIMENTO EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO:
UMA REVISÃO DOS ARTIGOS SOBRE CONTROLE DE ESTÍMULOS NO
JOURNAL OF APPLIED BEHAVIOR ANALYSIS
Cristina Belotto da Silva
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento sob a orientação da Prof ª Dr ª Maria do Carmo Guedes
Projeto parcialmente financiado pela CAPES
PUC/SP SÃO PAULO
2004
Formaram parte da Banca:
__________________________________________
Prof ª Dr ª Deisy das Graças de Souza
- UFSCAR
__________________________________________
Prof ª Dr ª Maria Amália Pie Abib Andery
- PUC-SP
__________________________________________
Prof ª Dr ª Maria do Carmo Guedes (orientadora)
- PUC-SP
São Paulo, de março de 2004.
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução
total ou parcial desta dissertação por processos fotocopiadores ou
eletrônicos.
Local e data _______________________________________
Cristina Belotto da Silva
Agradecimentos
Mais do que agradecer, este é o momento de dividir créditos com todos
aqueles que fizeram parte da história da criação deste trabalho, já que, como
veremos nas páginas que aqui seguem, o conhecimento é produto das
contingências que controlaram o pesquisador. Às pessoas que fizeram parte
destas contingências vai um recadinho especial, misto de agradecimento,
admiração e carinho:
À Egle, minha primeira professora de História na 5º série do
fundamental, cujas aulas eu assistia de olhos arregalados para não perder
detalhes, que me envolvia com suas narrativas de histórias que aconteceram
“de verdade” com os homens;
À Téia e Ziza que, por meio de suas aulas de psicologia comportamental
no começo da faculdade, me ensinaram uma nova forma de observar o mundo
que implica menos julgamento pessoal e mais possibilidade de alterá-lo, o que
me encantou de imediato;
À Amália por ter: me proporcionado a oportunidade de fazer uma
pesquisa histórica, me empolgado sempre com sua agilidade, pegado no meu
pé quando necessário e, principalmente, por ser o modelo do que eu gostaria
de ser um dia;
À Nilza pelo seu jeito único de reforçar ou extinguir e, mais do que isto,
por ter um arvoredo de idéias que vivem florescendo e envolvendo todos os que
estão ao seu redor;
À Maria do Carmo, cuja “visão de raio-x” nos permite enxergar de forma
cada vez mais ampla. Tenho que confessar que a cada orientação-conversa,
saía um pouco tonta diante de tantas coisas desconhecidas para mim até
então, mas cada vez mais encantada com a possibilidade que me deu de o
mundo ser cada vez maior e mais interessante;
Ao Celso do LIAP, que construiu meu banco de dados, tendo paciência
ao ouvir todos os meus planos de pesquisa;
Ao Sérgio Luna, que pôs fim ao meu estado maníaco de querer
pesquisar tudo que havia no JABA ao me colocar questões práticas tais como
tempo, programa de computador, relações entre dados..., algo que eu já tinha
ouvido da minha orientadora, mas cuja gentileza não foi tão enfática quanto os
nãos sorridentes do Sérgio.
À minha mãe, Ely, uma batalhadora convicta, que além de ser modelo
para longas batalhas (como um mestrado), curtiu comigo cada processo de
arquivamento e organização dos dados;
A meu pai, embora sempre crítico demais em relação a tudo que eu
faço, por ser uma fonte inesgotável de novas descobertas sobre o mundo e
sobre a história deste;
Ao Sérgio que, por ter uma forma única de enxergar o mundo, resgatou
em mim a alegria para enfrentar os desafios da vida;
Ao Deco, meu pequeno grande homem, que a cada dia que passa se
torna mais interessante para qualquer forma de conversa, sempre levantando
questões sobre tudo, inclusive sobre este trabalho;
A todos do Protoc- Ipq, por todas as oportunidades de aprender novas
coisas;
Ao Luís, Akemi, Cris, Tati, Pati, Luciane e Mirana por compartilharem
comigo momentos de magia e criação que ajudaram a manter um mínimo de
saúde mental para sobreviver ao mestrado; e
À Aninha, Rita, Camila, Jú Costa, Gisele e Paty por serem amigas
especiais que agüentaram meus choros e risos durante este período.
“Na suma teológica nega-se que Deus possa fazer com que o passado não tenha sido, mas nada diz da intrincada concatenação de causas e efeitos, tão vasta e tão íntima que talvez não fosse possível anular um só fato remoto, por mais insignificante, sem invalidar o presente. Modificar o passado não é modificar um só fato; é anular suas conseqüências, que tendem a ser infinitas”
A outra morte
Jorge Luis Borges
Título: Diálogo entre pesquisa básica e aplicações do conhecimento em análise do comportamento: Uma revisão dos artigos sobre controle de estímulos no Journal of Applied Behavior Analysis. Autor: Cristina Belotto da Silva Orientador: Maria do Carmo Guedes Linha de Pesquisa: História e Fundamentos epistemológicos, metodológicos e conceituais da análise do comportamento. Núcleo: Análise Experimental do Comportamento: Questões da Pesquisa e da Prática.
RESUMO
Na análise do comportamento o conhecimento é produto da inter-relação entre análise básica, aplicada e
conceitual, de forma que o produto seja uma unidade e não somente a soma destas três formas de se
pesquisar. Muitos autores têm se preocupado com a integração principalmente entre pesquisas básica e
aplicada, que vinham mostrando cada vez menos comunicação entre si. O primeiro objetivo do presente
estudo foi avaliar historicamente um determinado tema – controle de estímulos – em pesquisa aplicada em
uma grande amostragem: os artigos do Journal of Applied Behavior Analysis (JABA, 1968-2002); em
seguida, a partir de dados dos artigos e das referências bibliográficas dos artigos publicados entre 1990 e
2002, identificar a comunicação com pesquisa básica. A escolha por rever artigos do JABA se deve ao fato
de que este periódico foi o primeiro da análise do comportamento voltado especialmente para publicação de
estudos de aplicação e que representa regularidade na publicação garantindo uma boa amostra de como os
trabalhos sobre controle de estímulos se desenvolveram ao longo dos anos na área. Foram selecionados 120
artigos do JABA publicados entre 1968 e 2002 que apresentavam os seguintes conceitos ou derivações
destes no título, resumo ou palavras-chave: antecedent conditions, concept, controlling relations, delayed cue,
discrimination, equivalence, errorless discrimination, exclusion, fading, generalization, generalized imitation,
instruction, matching, stimulus classes, stimulus control, stimulus selection, stimulus shaping, stimulus
specificity e warning stimulus. A partir deste artigos identificou-se que: a maior parte da produção na área
se deu no final da década de setenta e durante a década de noventa, principalmente durante os períodos
editoriais de Nancy Neef e David Wacker. Destacaram-se as produções da Universidade de Kansas na
década de setenta, tendo Baer como autor que mais publicou na época. Na década de noventa novas
instituições destacam-se nas publicações: Universidade da Flórida, com Iwata – autor com maior número de
publicações entre os 120 artigos, e duas parcerias de universidade e institutos para problemas de
desenvolvimento na Nova Inglaterra, destacando-se Mackay, Stromer e Piazza. A grande maioria dos
participantes em todas as épocas foi de indivíduos com problemas de desenvolvimento, com intensificação
da quantidade na década de noventa, embora os editores na época tenham promovido políticas para
diversificar áreas de estudo. O conceito em todos os tempos mais estudado foi generalização, seguido por
controle de estímulos e fading, sendo este último estudado principalmente na década de noventa.
Diferentemente da área básica, o conceito de discriminação na pesquisa aplicada não é muito estudado, e o
de equivalência – grandemente desenvolvido em pesquisas básicas nos anos noventa, menos ainda, o que
indica uma lacuna que, se mais estudada, poderia trazer boas contribuições para aplicação. As referências
mostraram que a maioria é referida uma única vez, e que entre os autores mais referidos estão: Sidman,
Mackay e Iwata. Acrescido à grande presença de Sidman entre os trabalhos experimentais básicos, este
dado permite considerar Sidman como o principal autor na área de controle de estímulos, enquanto os
outros dois representam grande produção sobre o tema em pesquisa aplicada. Recenticidade marca a
maioria das referências na pesquisa aplicada enquanto na pesquisa básica a literatura referida é menos
recente. O número de referências a periódicos de pesquisa básica é pequeno, mas ainda assim indica
pesquisadores de aplicação buscando mais suporte em pesquisa básica que a relação inversa. Embora a
comunicação entre básicos e aplicados seja pequena, nota-se, por parte de autores de pesquisa aplicada, a
tendência a promover artigos que apresentem mais subsídios da pesquisa básica, indicando melhores
produtos para a análise do comportamento.
Palavras-chaves: pesquisa histórica, relação entre pesquisas básica e aplicada, controle de estímulos,
análise aplicada do comportamento.
Sumário
Introdução
I. Avaliação histórica ...................................................................1
II. Análise de publicação de periódicos
a) o Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) ..................... 5
b) a comunicação entre pesquisas básica e aplicada ............... 7
c) as relações entre JABA e JEAB .......................................... 12
III. A escolha do tema controle de estímulos para esta pesquisa
a) importância do conceito ..................................................... 15
b) experiências anteriores ...................................................... 19
c) objetivo ............................................................................. 20
Método ....................................................................................................... 22
Resultados e Discussão .............................................................................. 40
Conclusão .................................................................................................. 89
Referências ................................................................................................. 97
Anexo I ..................................................................................................... 104
Anexo II .................................................................................................... 112
I. Avaliação histórica
Conhecimento, para a análise do comportamento, é ação, ou pelo
menos regras para ação (Skinner, 1974) e sua produção, em qualquer área de
estudo, é resultado de comportamentos de pesquisadores controlados por
diversas contingências (Andery, Micheletto & Sério, 2000). Assim, da mesma
forma como o comportamento dos organismos é função de sua história, a
atividade de uma área de estudo também é função de sua história (Morris,
Tood, Midgley, Schneider & Johnson, 1995).
Em 2000, Andery et al apontaram que o conhecimento das variáveis
que controlaram o comportamento que produziu conhecimento permite que o
sujeito que se comporta passe a estar sensível de outra forma às variáveis em
torno dele:
“O conhecimento da história à qual se submeteu o organismo/o indivíduo com o
qual o analista está trabalhando é importante porque, entre outras coisas, tal
história altera o valor das variáveis presentes ou, dito de outra maneira, altera a
sensibilidade do sujeito às variáveis às quais ele está exposto no momento e,
eventualmente, será exposto no futuro.” (pag. 138)
E, alterando a sensibilidade às variáveis presentes, ocorrem mudanças
no comportamento gerando novos produtos desta ação. Assim, a revisão
histórica de uma disciplina ou historiografia - que consiste no processo e
produto de métodos para coletar e organizar material histórico (visando sua
autenticidade, significância e repercussão), na análise e integração deste
material e na avaliação crítica baseada neste material - permite, em um
primeiro ponto, a avaliação da produção na mesma. Uma pesquisa histórica,
na qual se traça o desenvolvimento de uma área, evidencia o grau de
maturidade de uma disciplina ou área de estudo (Morris et al, 1995).
2
Os estudos que avaliam o desenvolvimento da produção científica de
uma área podem indicar aspectos a serem desenvolvidos ou que têm sido
desenvolvidos de forma a não contribuir para a disciplina, resolvendo dilemas,
apontando como pode ser esta caminhada a partir de então. Isto é possível por
meio da descrição de fatores culturais, políticos, econômicos, intelectuais,
sociais e pessoais que afetam o crescimento da disciplina influenciando sua
metodologia e valores – o que geralmente ocorre de forma desconhecida pelos
que a praticam. Além disso, sinaliza erros passados que podem ser evitados no
futuro (Morris et al, 1995).
Na análise do comportamento o conhecimento é produto da inter-
relação entre análise básica, aplicada e conceitual. Mas o produto deve ser
uma unidade resultado da sua interrelação e não somente a justaposição
destas três formas de se pesquisar (Morris et al, 1995).
Muitos estudos têm sido desenvolvidos para avaliar a história da análise
do comportamento por meio da análise de suas publicações (Dougherty; 1994;
Dymond & Cristchfield, 2001; Northup, Vollmer & Serret, 1993; Saville, Epting
& Buskist, 2002; e Williams & Buskist, 1983). Nestes são observados: temas
de pesquisa, sujeitos, principais autores sobre o tema, metodologia
empregada, setting e outras características das publicações que vêm
constituindo o conhecimento na análise do comportamento.
Além da análise direta das publicações, pode-se estudar as referências
das mesmas (Garfield, 1972; McPherson, Bonem, Green & Osborne, 1984 e
Smith, 1981). Neste caso, a referência de um trabalho é tomada como variável
dependente para determinar se referências, autores ou disciplinas são
significantes para o desenvolvimento de uma área de publicação.
Segundo Smith (1981), uma parte essencial das pesquisas publicadas,
particularmente nas ciências, é a lista de referências apontando para as
3
principais publicações. Nas disciplinas científicas, um dos indicadores
(geralmente aceito como o melhor) da influência do trabalho de um autor são
referências deste trabalho em outros (Thyer, 1991). Ao falar sobre a
importância da publicação de artigos científicos e das referências a
publicações, Moore (1992) discorre:
“In particular, it seems to me that from a functional perspective, the importance of
the articles is reflected in the extent to which they function as discriminative
stimuli for the subsequent behavior of those who read them... the articles we
publish presumably mediate reinforcers for those who read them” (p.1).1
A contagem de referências de um determinado trabalho, assim, tem
sido usada para avaliar a influência de periódicos em áreas particulares. A
vantagem de usá-la em pesquisas que procuram identificar bases para
produção de estudos é que esta é uma medida não intrusiva, que não requer a
cooperação de um entrevistado, e que, por não ser reativa, não “contamina” a
resposta (Smith, 1981).
Segundo Garfield (1972), a frequência de referências, apesar de ser um
índice garantido da relevância de um trabalho para a comunidade científica, é
função não só do significado científico do material publicado. É um produto de
várias variáveis: a reputação de um autor, a controvérsia gerada por um
assunto, a circulação do periódico, a acessibilidade ao periódico, a
disseminação e impressão, a possibilidade de locação de fundos para pesquisa
etc.
1 Em particular, me parece que a partir de uma perspectiva funcional, a importância de um artigo se reflete na
extensão em que este funciona como estímulos discriminativos para o comportamento subsequente das pessoas
que o leram... os artigos que publicamos supostamente intermediam reforçadores para os que o lêem (p. 1).
4
Smith (1981) também ressalva alguns limites da análise de referências:
nem sempre tudo que é lido faz parte da lista de referências, muitas das
referências presentes na lista apresentam importância desigual na
constituição do estudo que a referenciou e a acessibilidade a um estudo
publicado interfere muito em seu uso ou não como referência.
Uma forma de avaliar a relevância de uma artigo por meio de suas
referências é a análise da distribuição cronológica de artigos referidos
(Garfield, 1972). Segundo este autor, os artigos têm sua maior frequência de
citação durante os dois anos seguintes a sua publicação.
O estudo de Hutz & Adair (1996), que teve como objetivo conhecer o
desenvolvimento e características da psicologia no Brasil, procurou examinar
a frequência de publicações ao longo dos anos e as características de
referências para documentar a distribuição cronológica, maturidade e outros
fatores das pesquisas na área. Para isto, foram analisadas as referências em
dois periódicos brasileiros de psicologia (Arquivos Brasileiros de Psicologia e
Psicologia: Teoria e Pesquisa). Esta amostra foi examinada para determinar o
número total de referências, o número de referências a autores brasileiros e a
atualidade (distribuição cronológica) de referências em geral. Com relação à
atualidade, as referências foram classificadas como recentes (quando a
diferença entre os anos de publicação da referência e o de publicação do artigo
que a referencia é igual ou inferior a 5 anos) e como históricas (quando a
diferença era igual ou superior a 20 anos). Com isto, os autores procuraram
verificar se a produção científica em psicologia no Brasil focava-se em tópicos
desenvolvidos no passado ou não, e se a produção mais recente era
aproveitada. Em ambos os periódicos houve semelhança na alta proporção de
referências históricas, assim como um pequeno número de referências
recentes.
5
Ainda um exemplo de análise de referência é o estudo de McPherson et
al (1984) que procurou identificar os artigos nos quais houve influência do
livro Comportamento Verbal de Skinner. Em um primeiro momento, os autores
obtiveram as referências de trabalhos que citavam o livro pela procura em dois
índices de periódicos, o Social Sciences Citation Index (SSCI) e o Science
Citation Index (SCI). Em seguida, as referências foram categorizadas por
disciplina (psicologia, ciências sociais, letras, medicina etc.). Para isto,
inicialmente, a disciplina foi determinada pelo título do livro ou periódico em
que o artigo foi publicado. Quando o título não explicitava a disciplina, a
decisão era baseada no título da referência (artigo). Por fim, foram analisados
os conteúdos das referências ou seus resumos, para estabelecer que assuntos
tratados no livro tiveram destaque entre as publicações que o citaram.
Estes exemplos indicam que a análise de referência pode ser um
instrumento útil para avaliar o quanto uma área tem tido influência sobre
outra, ou ainda para avaliar como tem sido a comunicação entre diferentes
tipos de pesquisa em uma mesma área como, por exemplo, o quanto autores
de pesquisa aplicada buscam pesquisas básicas para embasar seus estudos e
vice-versa.
II. Análise de publicação de periódicos
a) o Journal of Applied Behavior Analysis (JABA)
O Journal of Applied Behavior Analysis surgiu, em 1968, da necessidade
de publicação de estudos aplicados na análise do comportamento. Até então, o
único veículo de registro e comunicação de pesquisas na área era o Journal of
the Experimental Analysis of Behavior (JEAB) publicado desde 1958 pela
6
Society for the Experimental Analysis of Behavior (SEAB), surgida em 1957
especialmente para produzir o JEAB.
No entanto, a preocupação em encontrar um veículo próprio de
informações sobre pesquisas aplicadas dentro da SEAB existia desde 1959
(nove anos antes da fundação do JABA). Nesta época, exatamente 18 meses
após o início da circulação do JEAB, Murray Sidman – que fazia parte do corpo
editorial - pediu ao editor científico, Charles Ferster, que iniciasse uma nova
sessão: Aplicações de Princípios Comportamentais e Tecnologias. Esta e as
informações que seguem foram retiradas do site do JEAB e JABA –
http://seab.envned.rochester.edu - na sessão de Fundação do JABA, 2003.
No entanto, a sessão não chegou a ser aberta mas, aos poucos, foram
surgindo algumas pesquisas aplicadas no JEAB, já que os três primeiros
editores dedicavam-se também a trabalhos aplicados. Por fim, em 1967,
decidiu-se por um novo periódico, especializado em pesquisas de análise
aplicada do comportamento.
A informação de que haveria um novo periódico especializado em
aplicação atraiu imediatamente um número impressionante de assinantes:
foram registradas 1.500 assinaturas antes da distribuição do primeiro volume.
Até o terceiro volume, o número de assinaturas dobrou e ao final de seu
primeiro ano de publicação, o JABA tinha 4.271 assinantes. Em 1975, ocorre
o auge de assinaturas na história do JABA: 7.097 (Laties & Mace, 1993).
Assim, o JABA se estabeleceu como o principal veículo do SEAB de
pesquisas experimentais aplicadas a problemas sociais, comprometido com a
teoria e metodologia da análise do comportamento. Laties e Mace em 1993, em
seu estudo sobre o desempenho do JABA em seus 25 anos de publicação,
avaliado por meio do número de assinantes, periódicos que o referenciam e
referências do próprio JABA, concluem que o JABA tem sido bem sucedido por
7
contribuir com métodos úteis para problemas comportamentais de vários
níveis. Mais recentemente, Jack Michael comentou em uma discussão da
Association for Behavior Analysis (ABA) de 1999 que tanto o JABA quanto o
JEAB são fontes excelentes de pesquisa e de teoria comportamental (Morris,
Baer, Favell, Glenn, Hineline, Malott & Michael, 2001).
b) a comunicação entre pesquisa básica e aplicada
Em 1953, Skinner em Ciência e Comportamento Humano lidou com uma
grande variedade de situações humanas de um ponto de vista teórico analítico
comportamental de forma muito convincente, estendendo para todos os
aspectos da atividade humana. Esta extensão dos princípios de laboratórios
para constituir uma ciência do comportamento humano instigou muitos
analistas do comportamento a contribuir para a solução de diferentes
problemas sociais (Epling & Pierce, 1986 e Michael, 1980). Surgia assim uma
nova forma de atividade de pesquisa na análise do comportamento: a análise
aplicada de conceitos experimentais em problemas sociais.
No primeiro volume do JABA, Baer, Wolf & Risley (1968) dizem que a
diferença entre a análise aplicada e a análise experimental relaciona-se a
questões de ênfase e seleção. Ambas se perguntam o que controla o
comportamento estudado. Mas, na análise aplicada procura-se observar
qualquer comportamento junto a qualquer variável que possa se relacionar a
ele, procurando identificar variáveis que possam ser efetivas na solução do
problema humano sendo estudado. Complementando, os autores afirmaram
que:
8
“ In behavioral application, the behavior, stimuli, and/or organism under study are
chosen because of their importance to man and society, rather than their
importance to the theory.”2 (pag. 92)
Segundo Hake (1982), que concorda com os três autores quanto à
questão da imediaticidade da aplicação para beneficiar o sujeito, os resultados
de pesquisas experimentais devem ser imediatamente aplicados e não esperar
que haja implicações no uso futuro.
Já na análise experimental do comportamento, o objetivo é de estudar
os princípios básicos do comportamento (reforçamento, discriminação
condicionada etc.) voltando-se para uma análise funcional de um ou mais de
seus aspectos, por meio de estudos controlados experimentalmente (Buskist &
Miller, 1982).
De acordo com Williams & Buskist (1983), a análise experimental do
comportamento não é necessariamente uma área especializada e com um
setting restrito e exclusivo no que diz respeito aos problemas de pesquisa, à
metodologia e à teoria. É, sim, coerente com a abordagem conceitual e
filosófica do behaviorismo na qual se procura, antes do estudo do
comportamento humano em si, conhecer os princípios que operam sobre o
comportamento.
Poling, Picker, Grosset, Hall-Johnson & Holbrook (1981) apontaram que
têm ocorrido mudanças na análise aplicada por estar se tornando cada vez
mais tecnológica, perdendo um pouco do caráter científico. Isto porque não
mais se restringe a uma análise derivada de relações funcionais entre variáveis
dependentes e independentes que acarretam mudanças nas variáveis
dependentes.
2 “Na aplicação comportamental, o comportamento, estímulos, e/ou organismo sob estudo são escolhidos por causa de sua importância para o homem e a sociedade, mais do que por sua importância para a teoria.”
9
Em relação ao caráter tecnológico que cada vez mais caracterizou a
aplicação, Michael (1980) afirma:
“... the new methodology was well taught by those who developed it, well described
and illustrated in our new publication, the Journal of Applied Behavior Analysis,
and could be learned and practiced without any knowledge of basic research
methodology, without much knowledge of the principles of behavior, and certainly
without any commitment to behaviorism as a world view (p.9).3
O declínio do analítico na aplicação, cuja presença fora enfatizada como
necessária por Baer et al (1968), e o crescimento de modelos de pesquisa
resumidos se deram com a profissionalização que requeria benefícios e
resultados claros quanto à aplicação. Isto tornou a aplicação cada vez mais
distante das inovações em pesquisas básicas, que ficaram isoladas nas
universidades (Epling & Pierce, 1986).
Além disso, Michael (1980) acrescenta que muitos profissionais
aderiram a algumas técnicas da análise aplicada do comportamento de forma
eclética, sem adquirir a ciência ou filosofia da ciência responsável pela
tecnologia.
Segundo Epling & Pierce (1988), há um elo histórico entre a análise
aplicada do comportamento e os princípios operantes, no sentido de que os
desenvolvimentos na pesquisa básica promoveram aplicações na modificação
do comportamento, assim como os recentes desenvolvimentos da pesquisa
básica têm, ou pelo menos deveriam ter, implicações em novas aplicações
gerando coordenadas para os estudos aplicados. Segundo estes autores, a
3 ... a nova metodologia foi bem ensinada por aqueles que a desenvolveram, bem descrita e ilustrada em nossa nova publicação, o
Journal of Applied Behavior Analysis, e podia ser aprendida e praticada sem nenhum conhecimento de metodologia de pesquisa
básica, sem muito conhecimento dos princípios do comportamento, e certamente sem nenhum compromisso com o behaviorismo
como visão de mundo.
10
análise aplicada do comportamento pode identificar problemas sociais
relevantes e, a partir disso, direcionar os estudos básicos, contribuindo para o
desenvolvimento de tecnologias úteis à aplicação por meio da sugestão de
novas formas de analisar comportamentos socialmente importantes. Já,
segundo Michael (1980), a área aplicada é importante para se testar a
generalidade e suficiência dos princípios descobertos e técnicas desenvolvidas
no laboratório.
A comunicação entre pesquisas básica e aplicada na análise do
comportamento voltou a ser pauta de discussões principalmente na última
década. Para Mace (1994) tal discussão é interessante por: gerar visões claras
de cada ponto de vista, incitar justificativas de cada posição e, principalmente,
tentar promover um consenso e ação coordenada da disciplina.
Um dos fatores que Epling & Pierce (1988) apontam como barreira para
o fato de que há cada vez menos aproveitamento dos estudos básicos em
estudos aplicados é o fato que pesquisadores básicos não têm comunicado
continuamente os dados de laboratório e princípios que poderiam ser
importantes para a análise aplicada. Outro fator que influenciaria tal
problema é levantado por Poling et al (1981) quando afirmam que os estudos
do JEAB mais recentes não apresentam informações para auxiliar a resolução
de problemas levantados pela análise aplicada.
Em 1980, Michael apresentou suas preocupações: de que haveria
muitas pessoas trabalhando na área aplicada sem uma formação sólida na
análise do comportamento ou interesse por sua ciência, e o distanciamento
cada vez maior entre as áreas básica e aplicada na análise do comportamento.
Diante deste quadro, Michael apontava perdas para o desenvolvimento da
análise do comportamento, tais como a não aplicação dos conhecimentos
básicos produzidos recentemente, impedindo o desenvolvimento de novas
11
tecnologias de intervenção, e a viabilidade e generalidade de tais
procedimentos.
Em um artigo de resposta a estas colocações de Michael (1980), Baer
(1981) afirma que a falta de reconhecimento das mais recentes inovações em
pesquisa básica não comprometeria o trabalho aplicado, e que da mesma
forma como o behaviorismo se diferenciou da fisiologia e do mentalismo,
constituindo uma outra área de conhecimento, seria possível que a análise
aplicada do comportamento viesse a se tornar uma nova disciplina,
independente da análise do comportamento.
Quase vinte anos depois, é feita uma discussão na reunião de 1999 da
ABA (Association for Behavior Analysis) na qual seis de seus ex-presidentes
refletiram a respeito da disciplina, da profissão da análise do comportamento e
da própria associação. Neste momento, Donald Baer reconsiderou sua
colocação a respeito da fundamentação básica no trabalho aplicado ao
identificar que os procedimentos vinham sendo empregados por profissionais
sem formação em análise do comportamento (Morris et al, 2001):
“Our procedure were stolen, but simply as procedures, without acknowledging our
disciplinary name or adopting our logic. Consequently, we receive no credit, and all
the while societal demand focuses on the thieves, not on us. This demand will be
short-lived, however, because the effectiveness of behavior analytic technology will
deteriorate quickly when separated from its logic.” (pag. 127)4
Segundo Hineline & Wacker (1993), as questões de pesquisa básica têm
desenvolvido sua própria lógica, elaborando suas próprias prioridades e até
4 “Nossos procedimentos são roubados, mas simplesmente como procedimentos, sem o reconhecimento do nome de nossa disciplina ou sem adotar nossa lógica. Conseqüentemente, não recebemos crédito, e todas as demandas sociais focam nos ladrões, não em nós. Esta demanda terá vida curta, entretanto, porque a efetividade da tecnologia analítica comportamental irá se deteriorar rapidamente quando separada de sua lógica.”
12
seus novos termos especializados. Isto pode ter diminuído as chances de
reconhecimento de sua relevância em ambientes de aplicação.
Além de todos os autores já citados, editores do JABA e JEAB também
se preocuparam com a separação das duas formas de pesquisa. Polling et al
(1981) identificaram, por meio de questionários endereçados a editores do
JEAB e JABA na época, que 74% dos editores do JEAB afirmavam existir tal
separação e, entre estes, 55% consideravam isto perigoso. Entre os editores do
JABA, 83% confirmavam conhecimento disto e 53%, destes 83%, o
consideravam perigoso.
Como Morris et al (1995) colocam, a análise do comportamento é
composta pela integração de suas diferentes formas de pesquisa, formando
uma unidade, e não apenas pela simples justaposição delas. Assim, é vital
para a saúde da disciplina uma integração tal que possibilite maiores
desenvolvimentos em todas as formas de pesquisa.
Mace (1994) traçou algumas estratégias interrelacionadas para conectar
pesquisas básica e aplicada: 1) promover o desenvolvimento de modelos
animais não humanos de problemas comportamentais humanos, usando
operações que tangenciem circunstâncias humanas plausíveis; 2) replicações
das relações (como modelo) com sujeitos humanos em laboratório operante; e
3) testes de generalidade do modelo com problemas humanos atuais em
settings naturais.
c) as relações entre JEAB e JABA
Ainda sobre a relação entre pesquisa básica e aplicada na análise do
comportamento, Poling et al (1981) afirmam que essas duas áreas de pesquisa
não têm tido impacto uma sobre a outra. Para verificar isto, os autores
13
analisaram a freqüência relativa de referências de estudos experimentais ao
longo dos anos, desde o ano de início de publicação até 1979, em quatro
periódicos que freqüentemente publicam estudos de análise aplicada do
comportamento: Journal of Applied Behavior Analysis - JABA, Behavior
Modification, Behavior Therapy e Behavior Research and Therapy. Foram então
examinadas listas de referências dos artigos publicados nestes periódicos até o
ano de 1979, procurando verificar o número de referências a pesquisas
experimentais básicas ao longo dos anos. Os autores discorrem acerca da
dificuldade para classificar as referências, como aplicada ou experimental,
sem implicar na leitura dos artigos. Sabendo-se que estudos experimentais
são publicados em determinados periódicos específicos, o critério para a
classificação passou a ser o de verificar a fonte do estudo referido, o que o
caracterizaria como de pesquisa básica ou não. Entre os periódicos
considerados de pesquisa experimental estavam: Animal Learning and
Behavior, Bulletin of Psychonomic Society, Journal of Comparative and
Physiological Psychology, Journal of Experimental Psychology, Journal of
Pharmacology and Experimental Therapeutics, Learning and Motivation,
Pharmacology, Biochemistry and Behavior Physiology and Behavior,
Psychonomic Science, Psychopharmacology e Journal of the Experimental
Analysis of Behavior (JEAB).
Os resultados apontaram que, em todos os anos, autores do JABA
referiram estudos do JEAB mais freqüentemente que todas as outras fontes de
pesquisa experimental juntas. Entretanto, como no JABA as referências de
pesquisas experimentais chegam no máximo a 16% do total de referências, os
autores sugerem que trabalhos experimentais têm tido baixa influência em
trabalhos aplicados. Entre os assuntos de estudos experimentais, mais
referidos em trabalhos aplicados, estavam estudos sobre discriminação
14
condicional, generalização e comportamentos de resolução de problemas. Os
autores afirmam ainda que estes assuntos estão sendo cada vez menos
publicados em periódicos de pesquisa experimental.
No entanto, Hineline & Wacker (1993) afirmam que há informação
substancial, principalmente conceitual, no JEAB, que interessaria aos autores
que se ocupam de análise aplicada do comportamento. Os autores ainda
afirmam que vêem convergência na literatura presente no JEAB e JABA, ou
seja, há conceitos semelhantes estudados experimentalmente que podem e
estariam sendo aplicados.
Discutindo a relação inversa, o aproveitamento dos trabalhos de
pesquisa aplicada por pesquisadores básicos, Epling & Pierce (1986)
afirmaram que esta comunicação proporcionaria: o aumento da validade
externa da pesquisa básica, a continuidade de pesquisas sobre o
comportamento humano, a analogia de importantes princípios
comportamentais entre humanos e não humanos, e o aumento da
possibilidade de descobrir princípios básicos do comportamento por meio
destas analogias.
Numa outra estratégia, Poling et al (1981) procuraram, por meio de
questionários enviados aos corpos editoriais do JEAB e JABA, avaliar o grau
de interação entre a análise do comportamento básica e aplicada. As respostas
foram que, entre os editores do JEAB, 96% liam o JEAB regularmente e a
maioria (93%) considerava as pesquisas recentes significativas. Entre estes
mesmos editores, 27% liam o JABA com regularidade, sendo que apenas 23%
o consideravam significativo. Já a maioria dos editores do JABA (94%) liam o
próprio JABA com regularidade, com 83% considerando seus artigos de
relevância científica, enquanto que, em relação ao JEAB, apenas 11% o liam e
17% o consideravam relevante. Os autores concluem que praticamente a
15
maioria dos editores do JABA não lêem o JEAB regularmente, o que pode
acarretar em uma perda para a pesquisa aplicada já que se encontrariam
artigos de grande importância no JEAB para a mesma.
Em relação às taxas de auto-referência no JABA, Laties & Mace (1993)
chegaram aos seguintes resultados: inicialmente mais alta, com 39% em 1974
e 34% em 1975; com variação entre 20 a 26% nos anos oitenta, e 23% entre
1988 e 1992. O JEAB aparece como o segundo periódico mais referido entre os
anos de 1988 e 1992 no JABA (sendo o primeiro o próprio JABA). No entanto,
o número de vezes em que é referido é um pouco superior a 10% do número
de referências do JABA.
As últimas medidas de auto-referência e referência cruzada no JABA e
JEAB são de Polling, Alling & Fuqua (1994) que obtiveram, para auto-
referência, 22,6% no JABA e 36,1% no JEAB e, para referência cruzada, 2,4%
do JABA referindo JEAB e 0,6% do JEAB referindo o JABA.
III. Escolha do tema controle de estímulos para esta pesquisa
a) importância do conceito
Tendo como objetivo contribuir tanto para a discussão da importância
da publicação periódica na avaliação de uma área ou assunto, como a
importância da relação entre pesquisa aplicada e básica, o assunto escolhido
foi controle de estímulos, tal como se detalha a seguir.
Muitos dos estudos em psicologia (como os de teorias cognitivas) têm
como objetivo desvendar os processos ditos cognitivos como a compreensão, o
significado, o conhecimento. Para a análise do comportamento, estes
processos são o resultado de uma relação entre sujeito e ambiente,
16
dependendo, assim, do que ocorre no ambiente. Mais precisamente, processos
ditos cognitivos (tais como pensamento e linguagem) envolvem
comportamentos que são especialmente controlados por eventos que,
diferentemente das consequências, precedem ou acompanham o
comportamento sendo assim resultado das relações entre estímulos e
respostas e, ainda, só entre estímulos (Sidman, 1978).
Segundo Sidman (1978), tanto o estímulo quanto a resposta não podem
ser definidos a não ser quando estão relacionados. A definição de
comportamento (que inclui comportamentos encobertos) considera a relação
entre a ação de um sujeito e o ambiente, e deve também envolver a relação de
respostas controladas por estímulos e, ainda, relações entre os estímulos. Um
trecho de Sidman (1978) a respeito do conhecimento ilustra esta concepção:
“Knowing is not just a matter of hooking responses to stimuli, but more, of
understanding relationships among stimuli. Yet even cognitive theorists have
found it difficult to talk about stimulus – stimulus relations, because such
relations do not exist independently of the organism; certainly, we cannot observe
them except by noting their eventual effects upon responses and upon stimulus –
response relations” (p. 267). 5
Segundo Matos (1981) estudar controle de estímulos é estudar o
controle que os estímulos exercem sobre o comportamento. A autora
acrescenta que, ao se discutir controle de estímulos, refere-se às
aprendizagens de um organismo e suas interações com o ambiente.
Qualquer tentativa em estudar as variáveis envolvidas na aquisição de
5 Conhecer não é somente uma questão de enganchar respostas a estímulos, mas mais, de compreender relações
entre estímulos. Até os teóricos cognitivistas têm encontrado dificuldades para falar sobre relações estímulo-
estímulo porque tais relações não existem independentemente do organismo; certamente, não podemos observá-las
a não ser que observemos seus efeitos sobre respostas e sobre relações estímulo-resposta.
17
novos comportamentos envolve o estudo do ambiente e, assim, do
controle que os estímulos ambientais exercem.
Em 1978, Sidman afirmava haver uma lacuna deixada pelos analistas do
comportamento a respeito “dos processos de conhecimento”. Sinalizava
também a importância de estudos feitos por analistas do comportamento,
voltados para a área de controle de estímulos, afirmando que esta lacuna era
pelo menos parcialmente responsável pela existência e persistência das teorias
cognitivas.
Nove anos após este artigo de Sidman, Starin (1987) publicou um
estudo a respeito das tendências das publicações sobre controle de estímulos.
Preocupado em obter dados que indicassem como têm sido desenvolvidas as
publicações de pesquisas básica e aplicada sobre (e utilizando) os conceitos de
controle de estímulos, os artigos do JEAB e do JABA foram avaliados por meio
de índices cumulativos e anuais de palavras-chave da área. A partir desse
estudo, Starin, que analisou o JEAB até 1987, concluiu que havia na revista
um contínuo crescimento das publicações sobre controle de estímulos entre as
décadas de cinquenta e setenta, com uma queda abrupta a partir de 1971, e
que logo depois as publicações na área teriam se estabilizado em uma taxa
regular entre 10 e 15% do total de publicações nesse periódico. Para o JABA,
entre os anos de 1968 e 1972, a taxa anual de publicação sobre controle de
estímulos variou de 8 a 25% das publicações, havendo um aumento neste
percentual na década de oitenta, com auge no ano de 1983, a partir do que
entraria em declínio. Starin (1987) concluiu que, em pesquisa básica, a área
de controle de estímulos ainda apresentava uma proporção de publicações
considerável, enquanto que, em pesquisa aplicada, era apenas uma área ativa.
18
Já Dougherty (1994) identificou, no JEAB, um aumento de publicações
na área de controle de estímulos no início da década de noventa em relação à
taxa de produção na área nas décadas anteriores, que atribuiu principalmente
aos estudos sobre equivalência de estímulos. O crescente número de
publicações sobre controle de estímulos em pesquisa básica parece revelar a
relevância e atenção dadas à área.
Em relação à aplicação dos conceitos que envolvem o conhecimento
produzido sobre de controle de estímulos, Sério, Andery, Gioia & Micheletto
(2002) afirmam que se tem produzido resultados promissores em áreas
aplicadas de grande importância social como alfabetização de crianças e
adultos, desenvolvimento de programas de ensino e no desenvolvimento de
estratégias para lidar com vários distúrbios comportamentais.
Diante dessas aplicações, é de extrema importância a integração de
pesquisas básica e aplicada no que diz respeito a este tema. Nos artigos de
Mace (1994) e Mace & Wacker (1994), aponta-se não só a importância da
integração em pesquisas sobre controle de estímulos, como também como esta
integração pode se dar de forma efetiva a partir do que se tem produzido em
pesquisa básica.
Entre os estudos de análise experimental do comportamento humano,
têm se destacado os estudos sobre controle de estímulos devido à sua grande
quantidade, principalmente sobre equivalência de estímulos (Critchfield et al,
2000; Dougherty, 1994 e Dymond & Critchfield, 2001). Dessa forma, podemos
afirmar que há pesquisa básica já validada com humanos que poderia
acrescentar muito às aplicações.
19
b) experiências anteriores
Em 2000, foi desenvolvido no Laboratório de Psicologia Experimental da
PUC-SP um trabalho de revisão sobre controle de estímulos no JEAB (Silva,
2000a), pela análise dos artigos publicados entre 1958 e 1999. Os resultados
deste estudo indicaram que há artigos sobre controle de estímulos desde o
primeiro ano de publicação do JEAB com uma intensa publicação de estudos
sobre discriminação de estímulos até os dias de hoje. Os estudos sobre
matching to sample passam a ser mais frequentes a partir de 1974 e os de
generalização de estímulos são muito publicados até o ano de 1978, quando
então há uma diminuição da frequência de suas publicações. O termo
discriminação condicional é usado pela primeira vez em um título de artigo no
ano de 1968, havendo publicações contínuas sobre o tema até o ano de 1994
(quando há uma diminuição na frequência). A partir da década de oitenta a
curva acumulada de artigos sobre controle de estímulos se mantém em
crescimento constante, intensificando a presença do tema a partir da década
de noventa, principalmente com os estudos sobre equivalência de estímulos.
Também em 2000, foi desenvolvida uma análise de referências dos
artigos sobre controle de estímulos publicados no JEAB (entre os anos de
1990 e 1999) analisando os periódicos referidos, categorizados por diferentes
áreas de estudo e de pesquisa da análise do comportamento (Silva, 2000 b).
Os resultados apontaram que a área de estudo com maior contribuição para a
produção sobre controle de estímulo no JEAB, entre os anos de 1990 e 1999,
foi a psicologia, com grande presença de periódicos da análise do
comportamento de pesquisa básica (56% dos periódicos voltados à análise do
comportamento). A taxa de referências a periódicos voltados para pesquisa
20
aplicada em análise do comportamento foi de 28% e a de auto-referência no
JEAB encontrava-se em 43,82% do total de referências.
c) Objetivo
Diante dos resultados das publicações sobre controle de estímulos no
JEAB, seria interessante analisar as publicações ao longo dos anos no JABA,
observando:
1) se os conceitos que vêm sendo empregados em pesquisa aplicada têm
relação temporal imediata com os conceitos estudados em pesquisa básica
(dados do JEAB – Silva,2000a).
2) se há quantidade de publicações de aplicação relevante para a área
3) quem são os autores, filiações e grupos de pesquisa responsáveis pela
produção deste conhecimento
4) as características topográficas dos estudos: que população tem atendido,
em que settings, lidando com quais comportamentos
5) se as referências de artigos publicados entre 1990 e 2002 podem indicar:
a) os trabalhos que mais foram utilizados como referência para produzir
este conhecimento
b) os autores que mais contribuíram para a área
c) a proporção de periódicos sobre cada área de estudo
d) a proporção de periódicos behavioristas (de acordo com os estudos de
Krantz, 1971 e Coleman & Melhman, 1992).
e) a proporção de artigos de pesquisa básica, aplicada e conceitual
f) a proporção de periódicos voltados para problemas de desenvolvimento
g) a atualidade das referências (de acordo com Hutz & Adair, 1996)
21
Os dados relativos às referências foram comparados aos mesmos dados
obtidos no JEAB (Silva, 2000b), para identificar se tem havido o
aproveitamento de estudos básicos como suporte para as aplicações e, ainda,
discutir os resultados em relação aos mesmos obtidos em revisões sobre
controle de estímulos no JEAB.
Tais resultados indicariam respostas a questões importantes como as
apontadas por Michael (1980): se tem havido o embasamento teórico nos
trabalhos aplicados e como se caracteriza o distanciamento entre as áreas
básica e aplicada ao longo dos anos no que se refere às publicações sobre
controle de estímulos.
22
MÉTODO
Material
� Documentos
Os artigos cujas informações possibilitaram a análise foram retirados do
Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), entre os anos de 1968 (início da
publicação do periódico) até 2002. A escolha por este periódico se deve a sua
regularidade na publicação e importância na área da análise aplicada do
comportamento. Além disso, é um periódico de aplicação da análise do
comportamento que derivou diretamente da necessidade de publicações
aplicadas por parte da Society for Experimental Analysis of Behavior (SEAB), e
que, desta forma, é um periódico análogo ao Journal of the Experimental
Analysis of Behavior (JEAB) em relação à pesquisa aplicada.
� Programa de Computador
Para organização dos dados e posterior análise foi utilizado o programa MS
Access.
� Banco de Dados
Foi consultado o Banco de Dados das referências de artigos sobre controle
de estímulos publicados no JEAB entre 1990 e 1999 (Silva, 2000b).
23
Procedimentos
� Coleta
Critérios para seleção dos artigos
Para a seleção dos artigos a serem analisados no presente estudo foi
utilizada a Base de Dados que o JABA apresenta na internet
(http://www.envmed.rochester.edu).
Através dessa página é possível obter referência dos artigos publicados
no JABA desde 1968 a partir de palavras que estejam presentes no: título,
resumo, nomes dos autores, ano ou palavras-chaves dos artigos. Vale
ressaltar que as palavras-chaves só são publicadas junto aos artigos neste
periódico a partir do ano 1974, e no caso da página na internet do JABA as
palavras-chaves só estão presentes a partir do ano de 1994. Dessa forma, deve
haver um grande contingente de artigos publicados entre os anos de 1974 e
1993 que podem ter entre suas palavras-chaves alguma palavra de busca,
mas que não são incluídos na busca. No entanto, isto não se tornou um
problema para a presente pesquisa em função do critério de seleção adotado,
exposto mais adiante, na página 25.
Para a obtenção das referências é necessário fornecer as palavras de
busca sobre o assunto que se pretende procurar. Para identificar os artigos
referentes ao tema controle de estímulos, a procura foi feita inicialmente pelos
seguintes conceitos que abrangem a área de controle de estímulos: stimulus e
stimuli control; discrimination; stimulus e stimuli generalization; generalization;
stimulus e stimuli matching; matching; equivalence; controlling relations;
delayed cue; errorless discrimination; exclusion; fading e stimulus e stimuli
24
shaping. Os seis últimos conceitos foram sugeridos pela Banca do Exame de
Qualificação.
Num primeiro momento, foram comparadas listagens de conceitos
semelhantes cuja diferença era o conceito de estimulo aparecer no singular ou
no plural. Dessa forma, comparou-se as seguintes listas: stimuli control com
stimulus control, stimuli generalization com stimulus generalization e stimuli
matching com stimulus matching. No caso de stimuli shaping esta comparação
não foi feita porque a busca com tal conceito não trouxe referências.
Cada palavra permitiu encontrar as seguintes quantidades de
referências: 245 de generalization, 113 de stimulus e stimuli control, 61 de
stimulus e stimuli generalization, 60 de fading, 51 de discrimination, 42 de
matching, 18 de stimulus e stimuli matching, 17 de equivalence, 8 de stimulus
shaping, 4 de exclusion, 3 de errorless discrimination, 2 de controlling relations
e 2 de delayed cue.
No caso das listagens de matching, stimuli matching e stimulus
matching, foi necessário identificar quais seriam de matching law (conceito
alheio à área de controle de estímulos) e retirá-las. Isto foi possível a partir da
identificação, nos títulos, de expressões como matching law, undermatching,
overmatching, choice e concurrent schedules. Em outras listagens houve casos
em que tal conceito estava presente no título, no entanto, por estar presente
também algum conceito de controle de estímulos, as referências foram
mantidas.
Como estas listas apresentavam algumas referências semelhantes (já
que uma mesma referência pode ser obtida por meio de mais de uma palavra),
foi necessário formar uma lista geral da qual foram excluídas as repetições.
Esta lista geral resultou em 416 referências.
25
Numa primeira seleção, todos os artigos do JABA publicados entre 1968
e 2002 que tenham sido indicados por pelo menos um dos conceitos
escolhidos foram selecionados. Um segundo critério para seleção foi então
aplicado: apresentar um dos conceitos de controle de estímulos no título do
artigo. Este critério se deve a dois fatores: 1) a apresentação de um desses
conceitos no título indicaria que o(s) autor(es) do trabalho apresenta(m) um
compromisso claro com a teoria que embasa sua(s) aplicação(ões), indicando
artigos que realmente lidam e tratam da área aqui estudada (controle de
estímulos); e 2) este critério foi utilizado nos dois trabalhos de revisão sobre
controle de estímulos no JEAB (Silva, 2000a e Silva, 2000b), dos quais alguns
resultados seriam comparados com resultados do presente estudo.
Neste momento, foi possível identificar que, além dos conceitos
escolhidos para busca de referências, havia conceitos presentes nos títulos
dos artigos que se relacionam com a área de controle de estímulos como
concept e stimulus classes. Dessa forma, houve uma ampliação dos conceitos
que serviram de critério para esta seleção, que passaram a incluir, além dos
conceitos já indicados anteriormente nas páginas 23 e 24, os seguintes:
antecedent conditions, concept, instruction, generalized imitation, stimulus
classes, stimulus specificity, stimulus selection e warning stimulus.
Uma vez a lista de artigos definida a partir deste critério totalizando 212
artigos, foi feita a busca via internet dos resumos dos artigos até então
selecionados.
Com os resumos em mãos, foi possível uma nova seleção nos artigos
que apresentavam as palavras matching e generalization. A partir da leitura de
resumos, identificou-se quais realmente eram relacionados ao conceito de
matching to sample e não de matching law.
26
Quanto aos artigos relacionados a generalização, também houve a
preocupação de trabalhar apenas com os diretamente relacionados ao tema
controle de estímulos, já que há um contingente grande de trabalhos obtidos
através da palavra generalização que não lidam diretamente com controle de
estímulos. Em trabalhos aplicados da análise do comportamento, um
importante critério para sua relevância é o quanto os resultados obtidos foram
generalizados para outras situações. Dessa forma, muitos dos artigos
publicados no JABA tocam no assunto da generalização sem,
necessariamente, estar desenvolvendo algum procedimento ou discutindo o
conceito de generalização de estímulos.
Diante deste fato, o critério estabelecido foi o de que os artigos a serem
analisados, que tratassem de generalização, deveriam programar a
generalização e não apenas fazer follow ups que mostrem que ocorre
generalização como uma consequência direta de outros treinos (de
discriminação). Em 1977, Stokes e Baer, ao fazerem uma revisão sobre
generalização de comportamentos em artigos do JABA, enfatizaram a
importância de se programar treinos de generalização, e não simplesmente
esperar que a generalização ocorra como consequência natural de um trabalho
de discriminação de estímulos. Baseando-se na idéia de que a generalização
de estímulos deve ser um processo programado e obtido a partir do controle de
antecedentes e conseqüências de uma contingência, o presente trabalho
adotou o critério de selecionar apenas os artigos que apresentassem
programas para garantir a generalização.
Entre os 212 resumos obtidos, 115 apresentavam o conceito de
generalização no título. Para identificar os trabalhos que apresentavam
programas de generalização foi necessária a leitura dos resumos destes 115
artigos.
27
Por fim, desta última seleção resultaram 120 artigos (ver Anexo 2),
analisados quanto a freqüência e ritmo (pp. 40-45), autoria (pp. 45-48),
filiação institucional (pp. 48-50), grupos de pesquisa (50-54), tipos de
instituição (pp. 55-56), participantes (pp. 57-59), settings (pp. 59-61),
comportamento alvo (pp. 61-64) e conceitos (pp. 64-67).
Já para análise de referências dos artigos, depois de uma descrição
inicial dos 120 artigos (pp. 67-68), utilizou-se apenas os 59 artigos publicados
entre os anos de 1990 e 2002. Estes artigos selecionados permitiram uma
listagem da qual foram analisadas as referências de artigos, livros e outros
publicadas nos artigos do JABA sobre o tema. A escolha por este período se
deveu ao fato de que os dados sobre referências do JEAB que serviram para
análise comparativa neste estudo se limitaram aos artigos sobre controle de
estímulos publicados entre os anos de 1990 e 1999 (Silva, 2000b). A coleta de
referências do presente estudo inicia-se também no ano de 1990, garantindo
que os mesmos anos sejam analisados, e se estende até mais recentemente,
identificando também tais características nas referências de publicações
aplicadas mais atuais. Análise correspondente é encontrada às páginas 68-88.
� Organização dos dados
Definidos os 120 artigos que seriam analisados neste trabalho, iniciou-
se a composição de um banco de dados no programa Access.
Para isto, os artigos selecionados do JABA foram numerados
cronologicamente em ordem decrescente, e cada um deles apresentava um
registro no banco juntamente aos dados presentes nos artigos que serão
referidos mais adiante. Para o registro das referências, havia um banco de
dados adicional em cada registro de artigo publicado entre os anos de 1990 e
28
2002 que permitia registrar informações a respeito das referências e relacioná-
las ao registro dos artigos ao receberem o número correspondente ao número
do artigo que as citou. Na página seguinte encontra-se um formulário do
Access para um artigo com suas respectivas referências.
Foram selecionadas as seguintes informações para serem registradas no
banco de dados:
� Relativas ao artigo analisado
- Autor(es)
- Filiação(ões)
- ano de publicação
- referência no JABA (volume e páginas)
- palavras-chaves
- conceito básico presente no título
- participantes
- setting
- comportamento alvo
� Relativas às referências citadas nos artigos publicados entre os anos de
1990 e 2002
- periódico ou nome do livro
- ano
- volume e páginas (no caso de periódicos), editora e cidade de edição
(no caso de livros) e editora, cidade de edição e páginas (no caso de
capítulos de livros)
- diferença entre o ano do artigo que a cita e o ano da publicação da
referência.
29
� Análise
Critérios para análise dos artigos estudados
1. Organização dos dados a partir de períodos editoriais
Sendo o veículo que assegura a um artigo seu registro como conhecimento
novo, ao mesmo tempo que sua condição para circular para entre os leitores
da área, um periódico científico acaba dando a seu Editor a responsabilidade
pela aplicação de sua política editorial e, consequentemente, um grande poder
(Guedes, 2003).
30
Na última edição do JABA sob responsabilidade de Nancy Neef em 1995, a
editora definiu seu papel: “ The editor primarily influences the journal by
providing the discriminative stimuli for the submission of research adressing
particular interests.”6 (p. 397)
Por isso, embora muitos dos dados tenham sido observados ano a ano,
decidiu-se identificar acontecimentos relacionados a períodos de gestão dos
diversos Editores científicos ao longo da existência do JABA.
No presente trabalho os períodos editoriais foram determinados pelo tempo
de cada editor no comando do periódico, em torno de três anos7. A leitura de
editoriais e das folhas de rosto do JABA permitiu a coleta de informações
sobre a política editorial aplicada aos vários períodos por seus respectivos
Editores (ver Anexo 1), informações que foram consideradas na análise dos
dados.
Foram observados por períodos editoriais: a quantidade de artigos sobre o
tema, as publicações por filiação, os tipos de filiação, os participantes,
settings, comportamentos alvo e conceitos básicos presentes no título.
2. Autoria, “grupos de pesquisa”, filiação e tipos de filiação
Além do conhecimento produzido sobre o tema, é de interesse histórico
identificar quem (pesquisadores e instituições) produziu tal conhecimento e se
houve grupos criando e desenvolvendo determinadas linhas de pesquisa.
Para identificar quem tem pesquisado o tema controle de estímulos foi feito
um levantamento de quantas vezes cada autor publicou. Assim, identificou-se
6 “O editor primeiramente influencia o periódico ao promover os estímulos discriminativos para a submissão de pesquisas direcionadas a interesses particulares.” 7 Exceto no caso de Donald Baer que foi editor apenas por um ano, em 1971, quando pediu afastamento por causa de seu ano sabático em universidade fora dos Estados Unidos. O editor seguinte, Risley, não
31
autores com maior participação sobre o tema juntamente a suas filiações,
apresentando até 3 artigos publicados. A partir destes mesmos dados,
levantou-se quantos autores publicaram determinada quantidade de artigos, e
com que distribuição cronológica os principais autores da área publicaram.
Para identificar como esta produção se deu em termos de parcerias, foi
feita uma revisão nos artigos publicados pelos principais autores (que
apresentaram mais artigos publicados) para identificação de grupos de autores
que publicaram na área, identificando, por exemplo, ao longo dos anos,
parcerias que se mantiveram, autores que, apesar de mudarem de instituição,
permaneceram publicando com parceiros anteriores e instituições que se
mantiveram publicando mesmo após um autor que costumava publicar na
área a ter deixado.
Além disso, levantou-se quantas vezes cada instituição teve artigos
publicados, e em que anos estes foram publicados. Com isto, traçou-se a
trajetória de publicações de cada instituição ao longo dos anos e por períodos
editoriais, principalmente das instituições pelas quais passaram os autores
que mais publicaram sobre o tema. Estes dados permitiram enriquecimento
das análises sobre grupos de pesquisa e trajetórias de autores, ao identificar
crescimento de publicações de cada instituição tendo ou não relação com a
presença de determinados autores.
As instituições foram, por fim, agrupadas por tipo: escola, hospital,
instituto, faculdade de medicina e universidade. Como critério para inserção
em cada um destes tipos de instituição foi necessário apresentar os seguintes
termos na filiação: school, preschool, highschool ou county school (para escola),
hospital (para hospital), center for mental retardation, center for mental health,
assumiu como substituto de Baer e sim como novo editor, uma vez que foi editor durante três anos seguintes.
32
center for retarded children ou neuropsychiatric institute8 (para instituto), school
of medicine, medical school ou medical college (para faculdade de medicina) e
university ou college (para universidade).
3. Considerações topográficas: participantes, settings e comportamentos
alvo
Como o JABA é um periódico voltado para aplicação de princípios
comportamentais a problemas de importância social (Baer et al, 1968), ele não
se dedica somente a uma determinada área de problema, população,
procedimento ou setting – o que costuma ocorrer em outros periódicos de
aplicação (Northup, Vollmer e Serret, 1993). Assim, suas aplicações ocorrem
em uma diversidade de problemas, participantes e settings, e muitos dos
leitores do JABA tendem a selecionar os artigos por algumas destas
características topográficas nas aplicações.
Diante deste fato, foi feito um levantamento dos participantes, settings e
comportamentos alvo dos artigos que lidam com conceitos de controle de
estímulos para identificar em que áreas de problemas este tema foi utilizado.
Foram utilizadas, do estudo de Northup et al (1993), as categorias para
participante, setting e comportamento alvo com algumas modificações que
serão apontadas.
O presente trabalho procurou seguir as categorias para participantes:
developmental disabilities (DD), psychiatric, other children, other adults e
geriatric do estudo de Northup et al (1993), no entanto, fez uma distinção de
problemas de desenvolvimento e problemas psiquiátricos entre crianças e
adultos, usando o critério de que se o participante com problema de
8 Em muitos casos, foi necessária a pesquisa na Internet para avaliar se realmente eram institutos.
33
desenvolvimento tivesse mais de vinte anos, ou participante com problema
psiquiátrico tivesse mais de dezoito anos, o artigo seria considerado DD9
adulto ou psiquiátrico adulto.
Os participantes dos artigos analisados na presente dissertação foram
categorizados como: DD criança (Crianças e adolescentes até 20 anos de
idade, relatados como tendo diagnóstico para algum tipo de problema de
desenvolvimento como: autismo, esquizofrenia infantil ou retardo mental;
indivíduos que apresentem algum problema específico de aprendizagem ou
déficit isolado não se enquadram nesta categoria); DD adulto (semelhante ao
anterior, mas para indivíduos com mais de vinte anos); psiquiátrico criança
(indivíduos que foram diagnosticados como tendo transtornos psiquiátricos -
exceto esquizofrenia infantil e retardo mental e com idade inferior a 18 anos);
psiquiátrico adulto (semelhante ao anterior, mas para indivíduos com mais de
18 anos); criança (indivíduos com menos de 18 anos que não se enquadrem
nas categorias anteriores); adulto (indivíduos com mais de 18 anos que não se
enquadrem nas categorias anteriores); e idosos (indivíduos escolhidos de
acordo com fatores relacionados à idade).
Além das categorias para setting propostas por Northup et al (1993) que
são: escola (ambiente de educação regular), DD casa (quando o estudo é
realizado na residência de um indivíduo com problemas de desenvolvimento),
análogo (setting análogo ou de laboratório arranjado explicitamente para o
experimento), médico (consultório médico, odontológico, não psiquiátrico ou
hospital para problemas de desenvolvimento), casa (residência que não seja
ambiente de convívio grupal) e comunidade (aplicações em settings públicos
outros que os descritos acima); também foram utilizadas as seguintes
categorias: DD instituto (institutos de educação e cuidados para indivíduos
9 A sigla DD será utilizada no lugar de developmental disabilities.
34
com problemas de desenvolvimento10); universidades (salas de aula em
universidades); institutos psiquiátricos (institutos, hospitais, clínicas de
internação para casos psiquiátricos); casa de repouso (instituições que
abrigam e cuidam de idosos); e salas de aula especiais (em salas de aula
especiais em escolas regulares).
Quanto aos comportamentos alvo, o presente estudo também se baseou
nas categorias propostas por Northup et al (1993), mas acrescentou algumas e
desconsiderou outras pelo fato destas não estarem presentes em número
significativo na presente dissertação. No entanto, estas categorias com
números não significativos foram incluídas na categoria outros. Todas estão
presentes no Quadro 1.
Quadro 1: Categorias de Comportamento Alvo
Categoria Critérios
DD criança- aquisição
de habilidade
O procedimento foi explicitamente planejado para aumentar pelo menos
um comportamento desejado para um indivíduo com problemas de
desenvolvimento e com menos de 20 anos
DD criança- linguagem O procedimento foi planejado para que o participante com problemas de
desenvolvimento e menos de 20 anos adquira comportamento verbal
DD criança- acadêmico O procedimento foi planejado para que o participante com problemas de
desenvolvimento e menos de 20 anos adquira comportamento acadêmico
tradicional, tal como matemática e leitura
DD adulto – aquisição
de habilidade
O procedimento foi explicitamente planejado para aumentar, pelo menos,
um comportamento desejado para um indivíduo com problemas de
desenvolvimento com mais de 20 anos
Adulto- aquisição de
habilidade
O procedimento foi explicitamente planejado para aumentar, pelo menos,
um comportamento desejado para um adulto
Criança- aquisição de
habilidade
O procedimento foi explicitamente planejado para aumentar, pelo menos,
um comportamento desejado para uma criança
10 Os artigos nos quais era sabido que o participante estava em um instituto para problemas de desenvolvimento e o procedimento parecia ser feito em ambiente análogo, foram registrados como DD instituto. Esta escolha se deve ao fato de que dentro de um instituto como estes é possível se organizar salas específicas para determinadas aprendizagens, treinos, etc. Assim, considerando que é a equipe de um instituto ou, ainda, pesquisadores ligados ao instituto que estariam colocando em prática o experimento, registrou-se como setting o instituto para que o crédito fosse dado ao instituto.
35
Criança- acadêmico O procedimento foi planejado para que uma criança adquira
comportamento acadêmico tradicional, tal como matemática e leitura
Psiquiátrico criança-
aquisição de
habilidade
O procedimento foi explicitamente planejado para aumentar, pelo menos,
um comportamento desejado para um indivíduo com transtorno
psiquiátrico com menos de 18 anos
SIB (Self Injurious
Behavior/
Comportamento de
Auto-Lesão)
Estudo focado nas variáveis que influenciam o comportamento que resulta
em auto-lesão de indivíduos com problemas de desenvolvimento
Outros Esta categoria abrangeu comportamentos cuja frequência isoladamente
não chegou a ser significativa (adulto- acadêmico, psiquiátrico adulto-
aquisição de habilidade, abuso de substância, idosos- aquisição de
habilidade, DD criança- comportamento em excesso, criança- linguagem,
DD adulto- comportamento em excesso, adulto- comportamento em
excesso, DD adulto- linguagem, adulto- linguagem, criança-
comportamento em excesso e estabelecer correspondência análoga a dizer-
fazer)
Vale ressaltar que, como é possível computar mais de um setting e
comportamento alvo para um artigo (por exemplo, um artigo cuja aplicação se
dê em casa e na escola), o total das somas das porcentagens destas duas
considerações topográficas pode exceder 100%.
4. Conceitos Básicos
A partir dos conceitos relacionados a controle de estímulos presentes nos
títulos dos artigos foi possível observar ao longo dos anos quais conceitos
foram estudados em cada época. Diante da existência de mais de um conceito
no título de alguns artigos, a soma das porcentagens dos conceitos pode
exceder 100%.
O Quadro 2 apresenta os conceitos e complementos ou derivações dos
mesmos que estavam presentes nos títulos.
36
Quadro 2: Conceitos básicos e expressões equivalentes presentes
nos títulos
Conceito Derivações ou complementos presentes nos títulos
Generalização Generalization, programmed generalization, programming generalization,
stimulus generalization, stimulus generalization gradients, loose training,
generalization training
Controle de estímulos Stimulus control, controlling stimuli, antecedent control, discriminative
stimulus control, stimulus control intervention, stimulus control analysis,
transfer of stimulus control, selective stimulus control, antecedent
stimulus, conditional stimulus control, assessing stimulus control
Fading Fading, stimulus fading, script-fading procedure, faded, stimulus
(instructional) fading, instructional fading, restraint fading
Discriminação Discrimination, visually discriminated behavior, discrimination training,
discriminated avoidance, simultaneos discrimination, discrimination
performance, discriminative control, discriminative stimuli
Matching Matching, matching-to-sample, delayed matching, identity matching
Instrução Instructional control, instruction-following behavior, self-instructional
training, self-instructional package, personalized system os instruction
Equivalência Equivalence, stimulus equivalence, equivalence class formation, stimulus
classes
Seleção de estímulo Stimulus selection, stimulus overselectivity
Especificidade de estímulo Stimulus specificity, stimulus characteristics
Conceito Concept formation, concept development
Imitação generalizada Generalized imitation
Outros Stimulus shaping, exclusion, stimulus variables, warning stimuli
5. Referências Bibliográficas dos artigos
As características das referências de um artigo podem indicar dados a
respeito do comportamento do(s) autor(es) e das publicações sobre um
determinado tema. Por exemplo, se um autor tende a procurar trabalhos mais
históricos do que descobertas recentes e se autores que utilizem um
determinado tema, como controle de estímulos em pesquisa aplicada, têm
procurado se informar a respeito das pesquisas básicas desenvolvidas
37
recentemente. Por este motivo, decidiu-se analisar as referências dos artigos
com termos de controle de estímulos no título, o que resultou em 59 artigos
para o período 1990-2002 (conforme justificado à página 27).
Primeiramente, foi levantado, por meio do programa Access, quantas vezes
cada referência apareceu nos artigos analisados do JABA e os dados foram
organizados em ordem decrescente em relação à frequência com que o texto-
referência foi encontrado.
No caso dos textos mais referidos, o programa também possibilitou
observar qual a frequência de citação destes trabalhos ao longo dos anos.
Ainda utilizando o programa Access, foi possível observar quantas vezes
cada periódico ou livro foi referido. Com isto, organizou-se uma tabela por
ordem decrescente de número de referências aos periódicos e livros mais
referidos pelos artigos da área publicados no JABA. Assim, foi possível,
também, observar o índice de auto-referência no JABA e o índice de referência
ao JEAB.
A partir da listagem dos periódicos referidos foi feita uma busca na Internet
nos sites dos próprios periódicos, coletando-se o objetivo e índices (estes
últimos escolhidos de forma aleatória) dos periódicos para identificar: 1) a área
de estudo; 2) se costuma publicar artigos sobre problemas de
desenvolvimento; 3) se costuma publicar artigos com metodologia e/ou teoria
da análise do comportamento; e 4) caso publique artigos com metodologia
e/ou teoria da análise do comportamento, se publica artigos de pesquisa
básica, aplicada ou textos teóricos.
Com isto, levantou-se as áreas que têm contribuído para a produção, no
JABA, de estudos utilizando conceitos de controle de estímulos, juntamente à
representatividade de cada área por meio de suas porcentagens.
38
Como, durante a coleta de dados, percebeu-se a grande quantidade de
artigos relacionados a problemas de desenvolvimento (principalmente na
década de noventa), considerou-se interessante identificar nas referências o
percentual de periódicos e de referências de periódicos que costumam publicar
artigos lidando com esta população.
Uma vez identificado se o periódico era “behaviorista” ou não e que tipo de
trabalho costuma publicar entre as três formas de pesquisa, foi possível
comparar as frequências e porcentagens de referências de periódicos que
publicam artigos com enfoque no behaviorismo radical às presentes em
periódicos que não os publicam, e as frequências e porcentagens de trabalhos
de pesquisa básica, aplicada e teórica embasando a produção sobre o tema no
JABA.
Vale ressaltar que ao categorizar os periódicos em relação a: 1) se publicam
artigos com/para população com problemas de desenvolvimento; 2) se
publicam artigos comprometidos com metodologia e/ou teoria da análise do
comportamento; e 3)qual o tipo de pesquisa (aplicada, básica e artigos
teóricos), separou-se os periódicos que só publicam trabalhos relacionados a
algum dos critérios dos que também publicam trabalhos que apresentam tais
critérios (embora o periódico não se comprometa a publicar só sob estes
critérios).
Para se classificar a área de estudo, levou-se em conta os objetivos dos
periódicos (obtidos nas home pages dos sites dos periódicos) que indicam a
que público é direcionado.
Já para identificar se o periódico era “behaviorista”, além de ler os objetivos
do periódico e a que público é direcionado, em muitos casos foi necessária a
leitura de sumários (index) procurando nos títulos dos artigos conceitos da
análise do comportamento, como por exemplo: delayed matching, concurrent
39
schedules e stimulus generalization. Quando o periódico era identificado como
“behaviorista” ou que também publica artigos “behavioristas” procurou-se
identificar, também por meio dos sumários e, em alguns casos, por meio dos
resumos, o tipo de pesquisa publicado no periódico. Para isto, foi observado:
1) o sujeito; 2) em que contexto (setting); e 3) se eram estudos conceituais-
históricos. Diante de sujeitos humanos em settings nos quais é possível
aplicação de pesquisas (ex: escolas, hospitais, institutos para problemas de
desenvolvimento) o periódico foi categorizado como de pesquisa aplicada.
Quando os sujeitos eram infra-humanos ou humanos em ambiente de
laboratório para estudar determinados conceitos básicos, o periódico foi
categorizado como de pesquisa básica. Já na ausência de sujeitos e
identificação do terceiro critério, o periódico foi categorizado como de artigos
teóricos, conceituais.
Por fim, as referências foram classificadas como recentes (quando
publicadas há cinco anos ou menos) ou históricas-clássicas (quando
publicadas há vinte anos ou mais), um critério já utilizado por Hutz e Adair
(1996) e também empregado em Silva (2000b).
Para isto foram calculadas as diferenças entre o ano de publicação do
artigo que referencia e o ano de publicação do artigo referido.
6. Comparação com os trabalhos anteriores sobre controle de estímulos no
JEAB
Finalmente, os resultados relativos a conceitos básicos nos títulos, autoria
e referências foram comparados aos mesmos resultados das revisões sobre
controle de estímulos no JEAB (Silva, 2000a e Silva, 2000b), procurando
identificar, principalmente, o aproveitamento de um tipo de pesquisa na outra.
40
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Frequência e ritmo da publicação sobre controle de estímulos
Foram selecionados 120 artigos que apresentam um dos conceitos de
controle de estímulos no título entre os artigos publicados no JABA ao longo
de 34 anos de sua publicação (1968-2002).11 A Figura 1 apresenta a curva
acumulada destes artigos por ano de publicação.
Por ano, o JABA começou publicando apenas um ou dois artigos sobre
o tema, num ritmo inicialmente contínuo, com queda na taxa entre os anos de
1973 e 1976. Em 1977, último ano tendo Stewart Agras como editor, há um
primeiro pico de artigos publicados - 8 artigos no total, o dobro do máximo
publicado até então por ano.
No ano seguinte assume como editor Daniel O’Leary, e embora neste
ano não haja publicações com os conceitos sobre controle de estímulos no
F ig u ra 1 : C u rv a a c u m u la d a d e a r t ig o s p u b l ic a d o s n o J a b a c o m c o n c e ito s d e c o n t ro le d e e s t ím u lo s n o s t í tu lo s p o r a n o
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
a n o s
núm
ero
de a
rtig
os
41
título, no ano de 1979 há um novo pico de publicações – total de 7 artigos-
que coincide com as 2 edições especiais publicadas por O’Leary sobre
Medicina Comportamental e Diagnóstico Comportamental.
Apesar de O’Leary aceitar novas metodologias e teorias e da existência
de duas edições especiais que se relacionam com outras áreas de
conhecimento, a produção aplicada comprometida com conceitos derivados de
pesquisas da análise experimental do comportamento é alta, pelo menos no
que diz respeito ao tema controle de estímulos.
A partir de 1980 diminui novamente a produção de artigos sobre o
tema, cessando completamente no ano de 1983. A desaceleração da curva
acumulada vai até 1987, quando se inicia uma pequena aceleração (que
coincide com a chefia editorial de Jon Bailey), e uma maior aceleração no
início da década de noventa - durante a chefia editorial de Scott Geller, que no
Looking Ahead de 1991, volume 24, número 2, pede, explicitamente, por
artigos que falem sobre a avaliação de controle de estímulos em settings
naturais (Geller, 1991).
Em 1994 há um novo pico de publicações (oito artigos ao longo do ano)
durante a gestão de Nancy Neef. E um novo pico ocorre em 1998, o maior de
todos na história do JABA – com dez artigos, durante a gestão de David
Wacker.
Vale ressaltar que Nancy Neef, Charles Mace e David Wacker foram
editores que explicitaram a importância da integração entre pesquisas básicas
e aplicadas (Neef, 1993; Mace e Wacker, 1994). Isto pode ser comprovado na
edição especial em 1994 “Integrando pesquisas básica e aplicada”, publicada
durante a gestão de Neef, que teve como editores convidados Charles Mace e
David Wacker, e pela continuidade de editoração do periódico nas mãos destes
11 A lista das referências dos 120 artigos analisados nesta pesquisa está no Anexo 2.
42
dois pesquisadores, que haviam apontado a possibilidade da integração
principalmente nos estudos sobre controle de estímulos, choice e resistência a
mudanças (Mace e Wacker, 1994).
Nos anos seguintes, há um ritmo contínuo de publicações até 2002,
que apresenta uma baixa (apenas um artigo).
No entanto, estes dados são relativos a um único tema de pesquisa e,
sabendo-se que houve diferentes quantidades de artigos publicados ao longo
dos anos no JABA, é interessante observar a proporção de publicações sobre
controle de estímulos em relação ao total de artigos em cada ano, como
mostrado na Figura 2.
Nesta figura é possível observar que só não houve publicação sobre o
tema controle de estímulos nos anos de 1968 e 1983. No ano de 1977, a
grande quantidade de publicações sobre o tema controle de estímulos coincide
com a grande publicação de artigos em geral no periódico. Em alguns
Figura 2: Número de artigos sobre controle de estím ulos e número total de artigos publicados no JABApor ano
0
20
40
60
80
100
120
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
ano
núm
ero
de
artig
os
artigos publicadosno Jaba
artigos sobrecontrole deestímulos no Jaba
43
momentos, é possível observar que o crescimento do número de publicações
sobre controle de estímulos por ano ocorre simultaneamente a crescimentos
de publicações em geral por ano, como nos casos dos anos de 1972, 1973 e
1974 e leve queda no ano de 1975. Ou, ainda, observa-se quedas tanto no
total de artigos quanto nos artigos sobre o tema, como entre os anos de 1980 e
1983.
Para identificar melhor momentos de crescimento da área nas
publicações do JABA, a Figura 3 apresenta a porcentagem de artigos sobre
controle de estímulos em relação ao total de artigos publicados no JABA.
Aqui, identifica-se mais claramente os picos de maior número de
publicações presentes na figura 1, os anos de 1977, 1979, 1994 e 1998. Ou
seja, estes anos apresentaram números de publicações sobre controle de
estímulos que ultrapassam as médias de publicação do tema por ano.
Quanto aos outros períodos, vemos que de 1969 a 1976 houve um
percentual de artigos sobre a área que se manteve (em torno de 5%). Na
década de oitenta há uma grande instabilidade dos percentuais: em alguns
F ig u ra 3 : P o rc e n ta g e m d e a rt ig o s s o b re c o n tro le d e e s tím u lo s e m re la ç ã o a o to ta l d e a rt ig o s p u b lic a d o s n o J A B A p o r a n o
0
2
4
6
8
1 0
1 2
1 4
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
a n o
porc
enta
gem
44
anos há percentuais tão altos quanto o pico de 1977 (1984 e 1985 – período
editorial de Iwata), e em outros anos há percentuais inferiores à média do
começo da década de setenta chegando a 0 e 2% (nos anos de 1982, 1983 e
1987).
Após o ano de 1987, há um novo crescimento do percentual (quase 7%)
e até o ano de 1993 é mantida uma média de 5% de publicações. No ano de
1994, o percentual é semelhante ao do ano de 1979 (em torno de 10%),
superado apenas no ano de 1998 (13%).
Para identificar a relação da produção sobre o tema com os editores do
JABA, a Figura 4 mostra estes mesmos dados (porcentagem de artigos sobre o
tema em relação ao total de artigos no JABA), mas apresentados por períodos
editoriais.
Como é possível observar, os períodos editoriais de maior produção
sobre o tema foram os de: Stewart Agras (principalmente devido às
publicações no ano de 1977), Brian Iwata (que apresentou dois anos com
F ig u ra 4 : P o rc e n ta g e m d e a rt ig o s s o b re c o n tro le d e e s tím u lo s p o r p e río d o s e d ito r ia is
3 ,3 6
5 ,1 3 5 ,2 1
6 ,1 9
5 ,6 4
3 ,0 1
6 ,4 8
4 ,1 7
5 ,0 4
6 ,8 1
8 ,8
5 ,9 7
1 ,9 5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 0
Wolf
Baer
Risley
Agras
O'Lear
y
Barlow
Iwat
a
Bailey
Geller
Neef
Wac
ker
Mac
e
Fisher
e d ito re s
porc
enta
gem
45
porcentagens de publicações maiores – 1984 e 1985), Nancy Neef (com ênfase
de publicações no ano de 1994), David Wacker (com a maior porcentagem de
publicação sobre controle de estímulos em 1998) e Charles Mace (que manteve
uma média de 6% de publicações durante seus três anos como editor).
Autoria
A partir dos nomes dos autores que publicaram os artigos selecionados
para análise, foi possível identificar quantos artigos cada autor (independente
de ser primeiro autor, segundo, terceiro...) publicou sobre controle de
estímulos no JABA. Entre os 261 autores, a grande maioria (83,52%)
publicou apenas um artigo, 26 publicaram dois artigos (9,96%), nove
publicaram três artigos (3,45%), quatro publicaram quatro artigos (1,53%),
dois publicaram cinco artigos (0,77%), um autor publicou seis artigos (0,38%)
e apenas um autor publicou oito artigos (0,38%).
Comparando-se estes dados aos de autoria no JEAB durante o período
de 1990 a 1999, percebe-se que as porcentagens de autores publicando
determinadas quantidades de artigos são próximas (Silva, 2000a). Mas, no
caso do JABA, a porcentagem de autores publicando apenas um artigo excede
a do JEAB (74,95%), e além disso no JEAB o autor que mais publicou artigos
(Sidman com 16 artigos ao longo dos 41 anos de publicação analisados)
publicou exatamente o dobro do número de artigos publicados pelo autor que
mais publicou no JABA (Iwata com 8 artigos ao longo de 34 anos de
publicação analisados).
Parece haver, dessa forma, uma produção menos centralizada no JABA:
há mais autores publicando apenas um artigo e os autores que mais
publicaram, publicaram menos artigos que os principais autores no JEAB.
46
Os autores que mais publicaram no JABA (autores que publicaram 3 ou
mais artigos com conceitos de controle de estímulos no título), assim como
seus respectivos números de publicações e instituições às quais estavam
filiados nos anos em que publicaram os artigos no JABA estão na Tabela 1.
Tabela 1: Autores que mais publicaram artigos sobre
controle de estímulos no JABA
Autor nº de artigos
Instituições às quais os autores estavam filiados nos anos em que Publicaram artigos sobre controle de estímulos no JABA
Iwata, B A 8 1976 – Kalamazoo Valley Multihandicap Center e Western Michigan University/1986 – Kennedy Institute e Johns Hopkins University School of Medicine/1991- University of Florida
Mackay, H A 6 1991 - E K Shriver Center for Mental Retardation e Northeastern University
Baer, D M 5 1971 – University of Kansas
Stromer, R 5 1992 - E K Shriver Center for Mental Retardation e Northeastern University
Cuvo, A J 4 1977 – Southern Illinois University at Carbondale
Krantz, P J 4 1993 – Princeton Child Development Institute
McClannahan, L E 4 1993 – Princeton Child Development Institute
Piazza, C C 4 1991 – Kennedy Institute e Johns Hopkins University School of Medicine
Fisher, W W 3 1991 – Kennedy Institute e Johns Hopkins University School of Medicine
Garcia, E E 3 1971 – University of Kansas/ 1974 – University of Utah
Halle, J W 3 1979 – University of Kansas/ 1981- Pennsylvania State University/ 1991- University of Illinois at Urbana-Champaign
Kennedy, C H 3 1987 – University of California, Santa Barbara/ 1994 - University of Hawaii
Koegel, R L 3 1975 – University of California, Santa Barbara
Pace, G M 3 1986 - Kennedy Institute e Johns Hopkins University School of Medicine
Sidman, M 3 1974 - E K Shriver Center for Mental Retardation e Northeastern University/ 1994 – New England Center for Autism
Spradlin, J E 3 1979 – University of Kansas
Stokes, T F 3 1974 – University of Western Australia/ 1977 University of Manitoba/ 1988 – Carousel Services for Children and Families e University of South Florida
Entre os autores que mais publicaram no JEAB (Sidman, M., com 16
artigos; Thomas, D.R., com 12 artigos; Fields, L. , McMillan, D.E. e Rilling, M.,
com 8 artigos) apenas Sidman está entre os autores que mais publicaram
artigos aplicados sobre o tema. Embora com poucos artigos na aplicação
quando comparado aos primeiros da lista, Sidman se mantém como figura
47
importante na produção sobre controle de estímulo, sendo o único autor que
produziu, em quantidade, trabalhos tanto em pesquisa básica quanto
aplicada.
A Figura 5 apresenta as curvas acumuladas de publicações por autores
que publicaram 4 ou mais artigos sobre controle de estímulos no JABA ao
longo dos anos.
Durante a década de setenta o autor que predominantemente publicou
mais no tema foi Donald Baer. Brian Iwata, apesar de ter uma publicação
inicial em 1976, passa a publicar a maior parte de seus artigos entre os anos
de 1986 e 1993. Acompanhando o ritmo de Iwata, está Mackay que aparece
em segundo lugar como autor que mais publicou na área. Outro autor que
iniciou suas publicações ainda na década de setenta é Anthony Cuvo, que
passa a ter maior frequência de publicações no início da década de noventa.
F ig u ra 5 : C u rv a s a c u m u la d a s d e p u b l ic a ç õ e s s o b r e c o n t r o le d e e s t ím u lo s p o r a u to r e s q u e m a is p u b l ic a ra m a o lo n g o d o s a n o s
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
a n o s
nº d
e ar
tigos
Iw a ta
M a c k a y
B a e r
S tro m e r
C u v o
K ra n tz e M c C la n n a h a n
P ia z z a
48
Patricia Krantz e Lee McClannahan sempre publicaram juntas e suas
publicações assim como as de Cathleen Piazza e Robert Stromer apresentam-
se na década de noventa.
Filiação Institucional
A Figura 6 apresenta curvas acumuladas de publicações pelas
instituições às quais os autores foram e/ou são filiados ao longo dos períodos
editoriais.
Na tabela 2 é possível identificar os editores durante cada intervalo de
anos.
F ig u r a 6 : C u r v a s a c u m u la d a s d e a r t i g o s s o b r e c o n t r o le d e e s t ím u lo s p u b l i c a d o s n o J A B A p o r i n s t i t u i ç ã o a o l o n g o d o s p e r ío d o s e d i t o r i a is
0
2
4
6
8
1 0
1 2
1 4
1 6
1 9 6 8 -7 1
1 9 7 2 -7 4
1 9 7 5 -7 7
1 9 7 8 -8 0
1 9 8 1 -8 3
1 9 8 4 -8 6
1 9 8 7 -8 9
1 9 9 0 -9 2
1 9 9 3 -9 5
1 9 9 6 -9 8
1 9 9 9 -0 1
2 0 0 2
p e r ío d o s e d i t o r ia is
nº d
e ar
tigos
W e s t e rn M ic h ig a nU n iv e r s i t y
K e n n e d y I n s t i t u te
J o h n s H o p k in s U n iv e r s i t yS c h o o l o f M e d ic in e
U n iv o f F lo r id a
N o r t h e a s t e rn U n iv ,B o s t o n e E K S h r i v e rC e n t e r f o r M e n ta lR e t a r d a t io nU n iv o f K a n s a s
S o u t h e r n I l l i n o i sU n iv e r s i t y
P r in c e t o n C h i ldD e v e lo p m e n t I n s t i t u te
U n iv o f C a l i f o r n ia , S a n t aB a r b a r a
N e w E n g la n d C e n t e r f o r
49
Tabela 2: Editores do JABA e seus respectivos períodos editoriais
Anos Editor
1968-1970 Montrose Wolf
1971 Donald Baer
1972-1974 Todd Risley
1975-1977 Stewart Agras
1978-1980 Daniel O'Leary
1981-1983 David Barlow
1984-1986 Brian Iwata
1987-1989 Jon Bailey
1990-1992 Scott Geller
1993-1995 Nancy Neef
1996-1998 David Wacker
1999-2001 Charles Mace
2002- 2004 Wayne Fisher
Sem dúvida, a Universidade de Kansas tem sido, desde o início, a
principal fonte de pesquisa sobre controle de estímulos. Quatro entre 10
artigos da Universidade de Kansas tiveram Baer como autor. Ainda na década
de setenta, destaca-se também a Universidade da Califórnia, em Santa
Barbara, que chega ao total de cinco artigos até o final da década de oitenta.
No início da década de noventa as publicações passaram a se originar
de novas instituições (muitas que, até então, haviam publicado dois, um ou
ainda nenhum artigo). Nesta década, algumas universidades passam a
produzir pesquisas em conjunto com institutos voltados principalmente ao
atendimento de indivíduos com problemas de desenvolvimento. Observa-se na
Figura 7 que o segundo maior total de artigos na área provém do Kennedy
Institute, um instituto que publicou muitos de seus artigos em conjunto com a
Escola de Medicina da Universidade de John Hopkins, que aparece com o
terceiro maior total de artigos, empatada com outra parceria de universidade e
instituto. Esta outra parceria, a Universidade de Northeastern de Boston e o
Eunice Kennedy Shriver Center for Mental Retardation, publicou sempre
conjuntamente.
50
Diante da aceleração das curvas destas quatro instituições de pesquisa
organizadas em duas parcerias de universidade e instituto para problemas de
desenvolvimento entre 1990 e 1998, pode-se dizer que, em grande parte, elas
representam a produção da década de noventa caracterizada pela integração
entre prática (garantida nos institutos para problemas de desenvolvimento) e
“teoria aplicada” (garantida pelas universidades), voltadas principalmente para
resolução de problemas de desenvolvimento.
Houve ainda, na época, a produção relevante de outros institutos
voltados a problemas de desenvolvimento, como a produção no Princeton
Child Development Institute e no New England Center for Autism.
Grupos de pesquisa
É possível identificar alguns grupos de pesquisa sobre controle de
estímulos a partir da análise da filiação dos sete pesquisadores que mais
publicaram e a de seus co-autores.
Grupo de Iwata.
Há mais de um trabalho publicado por Iwata e Pace, estando os dois em
diferentes universidades em ambos os trabalhos. Pode-se aqui levantar uma
parceria de trabalho sobre o tema. Um grupo de pesquisa que parece surgir é
o de Iwata, Zarcone, Smith e Mazalenski, todos da Universidade da Flórida,
que publicaram dois artigos nos anos de 1993 e 1994. Como Iwata sempre
está presente como segundo autor nestas publicações é possível que sejam
publicações de trabalhos de orientando seus.
51
A Tabela 3 traz nomes dos co-autores de Iwata e suas filiações. Entre
parênteses está a ordem de posição dos autores no artigo.
Tabela 3: Pesquisadores com quem Iwata publicou
e suas respectivas filiações
Ano de publicação
Filiação de Iwata
Co-autor(es) Filiações
1976 Western Michigan (2º)
Page (1º) Neef (2º)
Western Michigan
1986 Kennedy Institute e John Hopkins Univ. (2º)
Pace (1º) Edwards (3º) McCosh (4º)
Kennedy Institute e John Hopkins University
1991 Univ. of Florida (2º)
Rodgers (1º) Univ. of Florida
1993 Univ. of Florida (2º)
Pace (1º) Cowdery (3º) Andree (4º) McIntyre (5º)
Univ. of Florida Univ. of Florida Univ. of Califórnia, Berkely Baltimore Univ.
1993 Univ. of Florida (2º)
Zarcone (1º) Vollmer (3º) Jagtiani (4º) Smith (5º) Mazalenski (6º)
Univ. of Florida Lousiana St. Univ. Baltimore Univ. Univ. of Florida Univ. of Florida
1994 Univ. of Florida (2º)
Zarcone (1º) Smith (3º) Mazalenski (4º) Lerman (5º)
Kennedy Inst. E John Hopkins Univ. Univ. of Florida Univ. of Florida Univ. of Florida
1994 Univ. of Florida (2º)
Shore (1º) Lerman (3º) Shirley (4º)
Univ. of Florida
2000 Univ. of Florida (2º)
Conners (1º) Kahng (3º) Hanley (4º) Worsdell (5º) Thompson (6º)
Univ. of Florida
Em ambos os artigos de 1993, Iwata publica com pesquisadores de
outras universidades, o que pode indicar teorias de práticas semelhantes
sendo implantadas em diferentes regiões do país.
52
Grupo de Mackay. Na Tabela 4 são apresentados os pesquisadores com
quem Mackay publicou, assim como suas respectivas filiações.
Tabela 4: pesquisadores com os quais Mackay publicou
e respectivas filiações
Ano de
publicação
Filiação de Mackay Co-autor(es) Filiações do(s) co-autor(es)
1991 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (4º)
Dube (1º) McDonald (2º) McIlvane (3º)
E K Shriver Center e Northeastern Univ.
1992 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (2º)
Stromer (1º) E K Shriver Center e Northeastern Univ.
1996 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (2º)
Stromer (1º) Howell (3º) McVay (4º) Flusser (5º)
E K Shriver Center e Northeastern Univ. E K Shriver Center e Northeastern Univ. E K Shriver Center e Northeastern Univ. Learning Center
1996 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (2º)
Stromer (1º) Remington (3º)
E K Shriver Center e Northeastern Univ. Univ. of Southanpton
1997 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (3º)
Geren (1º) Stromer (2º)
E K Shriver Center e Northeastern Univ.
1998 E K Shriver Center e Northeastern Univ. (2º)
Stromer (1º) McVay (3º) Fowler (4º)
E K Shriver Center e Northeastern Univ.
Estes dados mostram que Mackay sempre pesquisou filiado ao Eunice
Kennedy Shriver Center for Mental Retardation e à Universidade de
Northeastern. Entre as seis publicações, Stromer fez parte de cinco ao longo
de seis anos, apontando para uma parceria de pesquisa bem determinada.
Nestes cinco artigos Mackay sempre aparece como o autor seguinte a Stromer.
Entretanto, seria preciso conhecer melhor as relações de “subordinação”
acadêmica para entender este dado.
Esta produção de Stromer e Mackay concentra-se na década de
noventa, e estes dois nomes parecem indicar o principal grupo de pesquisa
sobre o tema no Eunice Kennedy Shriver Center for Mental Retardation e na
Universidade de Northeastern. Possivelmente são estes dois pesquisadores os
responsáveis pela aceleração da curva de publicações destas instituições
durante a década de noventa na Figura 6.
53
Grupo de Baer. Na Tabela 5 são apresentados os pesquisadores com
quem Baer publicou, assim como suas respectivas filiações.
Tabela 5: pesquisadores com os quais Baer publicou
e suas respectivas filiações
Ano de publicação
Filiação de Baer
Co-autor(es) Filiações dos co-autor(es)
1971 Univ. of Kansas (2º)
Garcia (1º) Firestone (3º)
Univ. of Kansas Wayne State Univ.
1974 Univ. of Kansas (2º)
Stokes (1º) Jackson (3º)
Univ. of Western Australia Pyston Training Center
1977 Univ. of Kansas (2º)
Stokes (1º) Univ. of Manitoba
1981 Univ. of Kansas (2º)
Halle (1º) Spradlin (3º)
Pennsylvania St. Univ Univ. of Kansas
1993 Univ. of Kansas (3º)
Connell (1º) Carta (2º)
Juniper Gardens Children’s Project e Univ. of Kansas Juniper Gardens Children’s Project e Univ. of Kansas
Baer, grande responsável por estudos aplicados da análise do
comportamento na Universidade de Kansas, assim como os dois autores antes
aqui analisados, não é primeiro autor em nenhuma destas cinco publicações.
Entre estas, duas foram produzidas com Stokes, que estava filiado em ambos
os casos a universidades fora dos Estados Unidos. Na de 1974, Baer, que
passava seu ano sabático na Universidade de Western Australia, orientou
Stokes (Stokes e Baer, 1974).
Grupo de Cuvo. Cuvo, assim como os oito pesquisadores com quem
publicou, desenvolveu pesquisas na Universidade de Southern Illinois em
Carbondale. Apresenta dois artigos junto a Davis. Voltando à Figura 6, talvez
seja possível identificar a grande influência de Cuvo nas publicações da
Universidade de Southern Illinois, já que as datas destes artigos coincidem
com períodos de alta produtividade da Universidade e que o autor está entre
os que mais publicaram sobre o assunto.
54
Parceria de Krantz e McClannahan. Estas duas autoras publicaram
artigos na década de noventa sempre juntas, sendo ambas filiadas ao
Princeton Child Development Institute.
Grupo de Piazza. Piazza constituiu sua carreira no Kennedy Intitute e
na Universidade de John Hopkins, publicando na década de noventa trabalhos
sobre o tema no JABA, alguns destes em parceria com Fisher (atual editor do
JABA que publicou três trabalhos entre os analisados por esta pesquisa).
É interessante observar que, embora Iwata tenha deixado o Kennedy
Institute e a Universidade de John Hopkins antes da década de noventa e
continuado suas pesquisas na Universidade da Flórida, estas duas
instituições que trabalhavam em parceria permaneceram produzindo
trabalhos com novos pesquisadores como Cathleen Piazza e Waine Fisher na
década de noventa.
55
Tipos de Instituição
A quantidade de publicações produzidas por diferentes tipos de
instituição é apresentada em curvas acumuladas ao longo dos períodos
editoriais na Figura 7.
No início da década de setenta, a publicação filiada a universidades
permanece alta e contínua, enquanto no final desta mesma ocorre uma
desaceleração na produção e uma pequena aparição de pesquisas produzidas
em institutos, hospitais e faculdades de medicina.
Nos anos oitenta a produção em universidades, embora menor do que
na década anterior, se mantém estável. No entanto, começa a haver uma leve
aceleração dos trabalhos produzidos em institutos, e a primeira pesquisa
filiada a uma escola é publicada no final da década.
A partir de 1990, as curvas de universidades e institutos apresentam
um crescimento quase semelhante, corroborando a afirmação do trabalho
conjunto entre as mesmas nesta década. É neste mesmo período que a curva
F ig u ra 7 : C u rv a s a c u m u la d a s d e p u b l ic a ç õ e s p o r t ip o d e in s t i tu iç ã o
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 9 6 8 -7 1 1 9 7 2 -7 4 1 9 7 5 -7 7 1 9 7 8 -8 0 1 9 8 1 -8 3 1 9 8 4 -8 6 1 9 8 7 -8 9 1 9 9 0 -9 2 1 9 9 3 -9 5 1 9 9 6 -9 8 1 9 9 9 -0 1 2 0 0 2p e r ío d o s e d i to r ia s
quan
tidad
e de
art
igos
E sc o la s
H o sp ita is
In s t i tu to s
F a c u l M e d ic in a
U n iv e rs id a d e
56
de faculdades de medicina distingui-se das outras, provavelmente devido à
alta produção de trabalhos na faculdade de medicina da Universidade de John
Hopkins.
Williams e Buskist (1981) observaram no JEAB a proporção de estudos
filiados a faculdades de medicina e laboratórios independentes ao longo dos
anos. Nos primeiros seis anos de publicação (até 1964) a proporção destes
estudos chegava a aproximadamente a metade das publicações. Depois houve
um contínuo decréscimo, chegando a 6% em 1981. Os autores levantaram
duas hipóteses: 1) que, parcialmente, poderia se atribuir tal declínio a fatores
similares aos responsáveis pelo declínio então recente no número total de
diferentes filiações; e 2) que pesquisadores filiados ao governo, indústria e
agências médicas têm de estar envolvidos com as necessidades práticas e
imediatas de seus empregadores e/ou consumidores.
É possível que reservas financeiras de laboratórios farmacêuticos em
faculdades de medicina tenham mudado a direção das pesquisas por elas
propostas, diminuindo o número de pesquisas experimentais e aumentando
as pesquisas aplicadas para resolução de problemas específicos, como
problemas de desenvolvimento.
A Figura 8 apresenta as porcentagens de publicação de cada tipo de
instituição na área nos 34 anos de revisão aqui analisados.
F ig u r a 8 : P o rc e n ta g e n s d e p u b l ic a ç õ e s s o b re c o n tro l e d e e s t ím u lo s p u b l ic a d a s p o r t ip o s d e in s tiu iç ã o
E s c o la s2 %
H o s p ita is 3 %
In s titu to s2 4 %
F a c u l M e d ic in a8 %
U n iv e rs id a d e6 3 %
57
Considerações Topográficas:
Participantes
Na Figura 9 são apresentadas as curvas acumuladas de artigos por
participantes por períodos editoriais.
Em todos os períodos, a maioria dos artigos sobre o tema teve crianças
com problemas de desenvolvimento como participantes dos experimentos. Os
momentos com aumento de artigos com tais participantes são referentes aos
períodos de 1975 a 1977 (com Stewart Agras como editor), 1981 a 1986 (com
Barlow e Iwata como editores) e 1990 a 1998 (com Geller, Neef e Wacker como
editores).
O grande crescimento de artigos com estes participantes durante a
década de noventa junto à informação de que neste mesmo período crescem os
F igura 9 : C urvas acum uladas de a rtigos sob re contro le de es tím ulos no JAB A por partic ipantes das pesquisas ao longo dos períodos e d ito ria is
0
10
20
30
40
50
60
70
1968-71 1972-74 1975-77 1978-80 1981-83 1984-86 1987-89 1990-92 1993-95 1996-98 1999-01 2002
períodos ed ito ria is
nº d
e ar
tigos
D D criança
adulto
criança
psiq criança
psiq adulto
D D adulto
outros
58
números de artigos publicados por parcerias de universidades e institutos
voltados para problemas de desenvolvimento parecem indicar que na década
de noventa há uma publicação em massa voltada para problemas de
desenvolvimento que procurou por meio de centros de pesquisa por excelência
produzir trabalhos aplicados a esta população presente em tais institutos.
Quanto aos índices dos outros participantes é possível perceber a
grande participação de adultos e crianças (bem inferior à de crianças com
problemas de desenvolvimento, mas superior às demais). Ambos apresentam
números próximos, com prevalência do número acumulado de adultos no final
da década de setenta até final da de noventa e a ascensão do número
acumulado de artigos com crianças a partir de então. Na década de noventa
há um grande crescimento dos artigos com adultos com problemas de
desenvolvimento. Em relação aos participantes com problemas psiquiátricos o
número de artigos encontrados foi pequeno tanto para crianças quanto para
adultos.
Já, para os participantes de todos os artigos no JABA publicados entre
1968 e 1992), Northup et al (1993) afirmam que desde o início das publicações
até aproximadamente o ano de 1977 há a prevalência de crianças como
participantes, e que só mais recentemente os indivíduos com problemas de
desenvolvimento se tornaram os participantes mais frequentes, tendo um
grande salto na frequência entre os anos de 1989 e 1992. Diferentemente, na
presente dissertação percebe-se que em relação ao tema controle de estímulos,
desde o início do JABA, crianças com problemas de desenvolvimento
apresentam maior frequência entre os participantes. E na década de noventa,
o crescimento é ressaltado pelo aumento de frequência de trabalhos com
adultos com problemas de desenvolvimento.
59
A curva de outros foi composta dos artigos que tiveram como
participantes adultos adictos, idosos e um experimento utilizando pombos.
Este último tinha a pretensão de fazer uma analogia no laboratório à
correspondência entre dizer e fazer em condições sociais.
Settings
O levantamento dos settings dos experimentos publicados no JABA com
conceitos de controle de estímulos nos títulos dos artigos é apresentado na
Figura 10.
Figura 10: Curvas acumuladas de artigos sobre contr ole de estímulos publicados no JABA por settings ao longo dos períodos editoriais
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1968-71 1972-74 1975-77 1978-80 1981-83 1984-86 1987-89 1990-92 1993-95 1996-98 1999-01 2002
períodos editoriais
nº d
e ar
tigos
DD inst
médico
análogo
escola
comunidade
DD casa
casa
escola (classeespecial)outros
60
Já nos dois primeiros períodos editoriais (composto pelas chefias de
Wolf de 1968 a 1970 e Baer em 1971 – compondo um único período aqui),
percebe-se a grande presença de pesquisas sendo aplicadas em institutos
voltados para problemas de desenvolvimento. Nas décadas de setenta e oitenta
há índices semelhantes para estes institutos e para os settings análogos
(preparados especialmente para o desenvolvimento da pesquisa). Já, na
década de noventa a curva dos institutos para problemas de desenvolvimento
se diferencia da de análogo apresentando a maior aceleração de crescimento
de publicações em um determinado setting.
Northup et al (1993) mostraram que a escola foi o setting mais
frequentemente usado nos estudos do JABA. Aqui, em estudos exclusivamente
sobre controle de estímulos, há uma grande diferença já que desde o início a
prevalência é de institutos voltados para problemas de desenvolvimento.
Embora o primeiro artigo a ser publicado utilizando a escola como
setting tenha aparecido logo cedo na história do JABA (durante o período
editorial de Risley - 1972-1974), o crescimento da curva acumulada a partir de
então é contínuo, mas pequeno quando comparado ao crescimento das de
institutos voltados para problemas de desenvolvimento e ambiente análogo. Na
década de oitenta há uma estagnação na produção seguida por um leve
aumento no final. Finalmente, no período de 1993-1995 (com Neef como
editora) volta a crescer. No entanto, nos períodos seguintes apresenta
crescimento pequeno e nulo em sua maioria.
Uma curva semelhante à de escola é a de artigos utilizando comunidade
como setting. Embora inferior à da escola na década de setenta, passa a se
apresentar semelhante a partir do período de 1987-1989. Northup et al (1993)
afirmaram que a partir de 1982 a porcentagem de trabalhos em ambientes
análogos foi reduzida e tornou-se menos frequente que os trabalhos em
61
comunidade. Em relação aos trabalhos sobre controle de estímulos podemos
dizer que houve sim um crescimento dos trabalhos em comunidade a partir
desta época, mas não houve o declínio da produção em ambientes análogos.
No final da década de noventa, mais precisamente a partir do período de
1996 a 1998, cresce o número de artigos que utilizaram setting médico, ou
seja, consultórios médicos e hospitais, coincidindo como período de aumento
de filiação a faculdades de medicina como visto anteriormente. Entre 1984 e
1998 são publicados artigos que têm como setting salas especiais dentro de
escolas.
As publicações tendo como setting a casa do participante e a casa de
participantes com problemas de desenvolvimento, embora poucas, apresentam
um crescimento principalmente na década de noventa. Entre estas duas
categorias a que apresenta mais publicações é a casa de participantes com
problemas de desenvolvimento, corroborando para a afirmativa de que foi
dada grande atenção a problemas de desenvolvimento no JABA utilizando
conceitos de controle de estímulos nas aplicações.
Comportamentos alvo
Os comportamentos alvo identificados nos artigos do JABA são
apresentados na Figura 11:
Desde o início das publicações prevalecem pesquisas voltadas para
aquisição de habilidades em crianças com problemas de desenvolvimento. O
aumento destas publicações é verificado principalmente nos períodos de 1975
a 1977 (Agras), 1981 a 1986 (Barlow e Iwata) e 1990 a 1998 (Geller, Neef e
Wacker). Novamente, a maior aceleração da curva relacionada principalmente
com problemas de desenvolvimento se dá na década de noventa.
62
Outro comportamento alvo relacionado a crianças com problemas de
desenvolvimento que foi muito pesquisado foi relacionado à linguagem. Suas
publicações apresentam maior número entre os períodos de 1968 a 1986, com
um crescimento menor entre os anos de 1990 e 2001. Estabelece-se, assim,
como o segundo comportamento alvo mais almejado entre os pesquisadores.
Uma curva muito semelhante a esta é a de aquisição de
habilidades/comportamentos em adultos que apresenta crescimento entre os
anos de 1968 a 1980 e em 1987-1989.
No período de 1984 a 1986 (período editorial de Iwata) surge o primeiro
artigo voltado para solucionar comportamentos de auto-lesão (SIB), e a partir
da década de noventa há um grande crescimento das publicações voltadas
para tal comportamento, principalmente no período de 1993-1995 (período
editorial de Neef).
Figura 11: Curvas acumuladas de artigos sobre contr ole de estímulos publicados no JABA por comportamentos alvo ao longo dos períodos edito riais
0
5
10
15
20
25
30
35
1968-71 1972-74 1975-77 1978-80 1981-83 1984-86 1987-89 1990-92 1993-95 1996-98 1999-01 2002
períodos editoria is
nº d
e ar
tigos
Dd criançaaquis hab
adulto aquishab
criança aquishab
criançaacadêmico
DD criançalinguagem
DD adultoaquis hab
cpto auto-lesivo
outros
63
Neste mesmo período, há também o aumento de publicações voltadas
para comportamentos acadêmicos em crianças, em geral, sem problemas
psiquiátricos ou de desenvolvimento, que até então era pequeno. Se
compararmos as curvas acumuladas apenas na década de noventa, é possível
perceber que as publicações que buscaram comportamentos acadêmicos
apresentaram uma aceleração na produção muito semelhante à de aquisição
de habilidades em crianças com problemas de desenvolvimento, ou seja, na
década de noventa a produção de artigos voltados para comportamentos
acadêmicos foi semelhante à de artigos voltados para aquisição de habilidades
apenas em crianças com problemas de desenvolvimento.
Em relação a todos os artigos do JABA publicados até 1992, as
presença de trabalhos voltados para comportamentos acadêmicos em crianças
sem problemas de desenvolvimento prevalece até aproximadamente o ano de
1976, quando a partir de então os trabalhos voltados para aquisição de
habilidades em participantes com problemas de desenvolvimento são maioria
(Northup et al, 1993). É possível que os conceitos sobre controle de estímulos
só tenham podido contribuir de forma significativa à educação a partir da
década de noventa.
Surge a partir dos anos oitenta, artigos voltados para aquisição de
habilidades em adultos com problemas de desenvolvimento. E, por fim, entre
todos os comportamentos alvos, a aquisição de habilidades em crianças foi o
menos investigado.
Percebe-se que a produção no JABA utilizando controle de estímulos
como ferramenta para aplicações voltou-se principalmente aos problemas de
desenvolvimento.
64
Diante do total significativo de “outros”, viu-se a necessidade de
apresentar cada comportamento alvo que a compôs, embora, separadamente,
cada um não apresente números significativos. O total de publicações voltadas
para atingir cada um destes comportamentos alvo é apresentado na Figura 12.
Conceitos
Os conceitos relacionados ao tema controle de estímulos presentes nos
títulos dos artigos selecionadas foram identificados e levantou-se a quantidade
de artigos com cada conceito ao longo dos anos de publicação. A Figura 13
apresenta as curvas acumuladas de artigos com conceitos no título ao longo
dos anos.
Figura 12: Quantidade de artigos sobre controle de estímulos publicados no JABA por comportamentos alvo que compõem a categoria "outros " na Figura 11
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
psiqu
átric
o cr
iança
aqu
isiçã
o de
hab
ilidad
e
adult
o ac
adêm
ico
psiqu
iátric
o adu
lto a
quisi
ção
de h
abilid
ade
com
porta
men
to a
ditivo
geriá
trico
aqu
isiçã
o de
hab
ilidad
e
DD crian
ça a
cadê
mico
DD crian
ça co
mpo
rtam
ento
em
exc
esso
crian
ça lin
guag
em
DD adu
lto co
mporta
men
to e
m e
xces
so
adult
o co
mpo
rtamen
to e
m e
xces
so
DD adu
lto lin
guag
em
adult
o lin
guag
em
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ça co
mpo
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em
exc
esso
esta
belec
er co
rresp
ondê
ncia
análo
ga a
dize
r-faz
er
comportamentos alvo
quan
tidad
e de
art
igos
65
Embora artigos sobre o assunto aconteçam no JABA desde 1969, a
expressão “controle de estímulos” só vai aparecer em um título em 1973. As
duas primeiras publicações na área (1969) apresentaram, no título, os
conceitos de instrução (Stolz & Wolf, 1969) e discriminação (Laws & Rubin,
1969). Nos anos de 1971 e 1972 a maioria das publicações apresentava o
conceito de imitação generalizada. Ainda em 1972 surgem as primeiras
publicações com os conceitos de generalização e fading.
Deste momento em diante passa a haver uma contínua e crescente
produção lidando com os conceitos de generalização e controle de estímulos.
No caso do conceito de generalização, este teve sua grande produção entre os
Figura 13: Curvas acumuladas de artigos publicados no JABA com conceitos, no título, relacionados à área de controle de estímulos no título
0
5
10
15
20
25
30
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
anos
nº d
e ar
tigos
discrimination
instruction
gen imitation
generalization
fading
St Control
concept
equivalence
St selection
matching
St specificity
outros
66
anos de 1975 e 1979, apresentando períodos de produção linear como entre
1984 e 1990 e entre 1997 e 1999.
O conceito de discriminação está presente nos títulos de artigos
principalmente nos anos de 1972, 1973, entre 1975 e 1978, em 1980 e 1983,
sem apresentar mais artigos até o final dos anos oitenta, e a partir de então
passa a estar presente em um artigo a cada dois ou três anos. Embora na
década de oitenta este conceito tenha deixado de ser tão pesquisado quanto
antes em pesquisa aplicada, ele se manteve como o quarto conceito mais
estudado nas publicações sobre controle de estímulos no JABA.
Diferentemente do conceito de discriminação, o conceito de fading,
mesmo tendo sido pouco utilizado nas pesquisas aplicadas na década de
oitenta, apresenta o maior crescimento de produção na década de noventa,
chegando a atingir em 2002 número semelhante ao total de artigos com o
conceito de controle de estímulos no título. É importante ressaltar que, entre
as muitas publicações na época com os conceitos de fading no título,
englobam-se também os de instructional fading e script-fading. Tamanho
crescimento de publicações se deu principalmente nos anos de 1993, 1994,
sob autoria principalmente de Brian Iwata.
Outro importante conceito encontrado foi o de matching, com sua
primeira publicação em 1981. Entretanto, esquecido nos anos seguintes
(década de oitenta em que predominou a produção com os conceitos de
generalização e controle de estímulos), surgem publicações utilizando o
conceito na década de noventa, principalmente em 1994 e 1998.
Na pesquisa básica sobre controle de estímulos publicada no JEAB, um
conceito bastante estudado é o de equivalência, principalmente na década de
noventa (Critchfield et al, 2000; Epling & Pierce, 1988; Morris et al, 2001 e
Silva, 2000a). No caso da pesquisa aplicada, a primeira publicação no JABA
67
com este conceito no título ocorre em 1981, e apenas treze anos depois é que
há uma nova publicação. Aparecem três publicações até 1996 e mais uma em
2000, mostrando que a utilização deste conceito em pesquisas aplicadas foi
pequena nesta década. É possível que os pesquisadores aplicados não venham
tendo contato com as mais recentes produções de pesquisa básica (Michael,
1981 e Mace & Wacker, 1994), incluindo estudos sobre equivalência de
estímulos. Outra hipótese é de deixem para utilizar tal conhecimento só
quando o conceito tiver sido mais explorado. De forma geral, deixou-se de
aproveitar um conceito que pode levar a uma tecnologia avançada na
aprendizagem principalmente em casos com problemas de desenvolvimento
(que vem se mostrando ser um tema muito estudado no JABA).
O número elevado de publicações com o conceito fading poderia, por
sua vez, indicar uma intervenção que tem obtido bons resultados, e que vem
recebendo cada vez mais atenção por parte dos pesquisadores que passaram a
utilizá-la em detrimento de outras tecnologias disponíveis, como as produzidas
com o conceito de equivalência.
Referências Bibliográficas
Nos 120 artigos aqui estudados, alguns autores se destacam pela
quantidade de publicações na área de estudo: Iwata, Mackay, Baer, Stromer,
Cuvo, Krantz, McClannahan e Piazza, sendo que muitos deles publicaram
principalmente na década de noventa. Para identificar que trabalhos e autores
foram usados como base para a produção desta década foi feita uma análise
de referências que também foi comparada com os dados das referências de
artigos sobre controle de estímulos publicados entre os anos de 1990 e 1999
no JEAB analisados no trabalho de Silva, 2000b.
68
Nos 59 artigos selecionados para análise de referências (apenas os
publicados a partir de 1990) havia 1228 referências. Com a retirada de
referências repetidas chegou-se ao total de 908 referências, sendo 79% destes
artigos de periódicos. As quantidades específicas foram: 714 artigos de
periódicos, 107 capítulos de livros, 72 livros, oito trabalhos apresentados em
congressos, três manuscritos não publicados, duas edições do DSM, a escala
WISC, e um sistema de software). A Figura 14 apresenta as porcentagens
relativas a cada tipo de trabalho referenciado em relação ao total de 908
referências. Pertencem à categoria “outros” os trabalhos apresentados em
congressos, manuscritos não publicados, DSMs, o teste WISC e o programa de
software.
Trabalhos mais referidos
Quanto ao número de vezes que cada referência aparece, a Tabela 6
mostra que a grande maioria dos trabalhos é referida apenas uma ou no
máximo duas vezes.
F ig u r a 1 4 : P o r c e n t a g e m p o r t i p o s d e t r a b a lh o s r e f e r e n c i a d o s n o s a r t i g o s s o b r e c o n t r o l e d e e s t ím u lo s p u b l i c a d o s n o J A B A e n t r e o s a n o s d e 1 9 9 0 e 2 0 0 2
a r t ig o s7 8 %
c a p í t u lo s d e l i v r o s1 2 %
l i v r o s8 %
o u t r o s2 %
69
Tabela 6: Número de trabalhos, número de vezes que são referidos
e porcentagem em relação ao total de referências recebidas
Nº de trabalhos Nº de vezes que foram
referidos
Nº dos trabalhos
multiplicado pelo nº
de vezes que foram
referidos
Porcentagem destes
trabalhos em relação
ao total de 1228
referências
743 1 743 60,50%
102 2 204 16,61%
25 3 75 6,11%
12 4 48 3,91%
15 5 75 6,11%
5 6 30 2,44%
2 7 14 1,14%
1 8 8 0,65%
1 9 9 0,73%
1 10 10 0,81%
1 12 12 0,98%
Total: 908 Total: 1228 Total: 100%
A tabela mostra, também, que apenas 26 trabalhos aparecem 5 ou mais
vezes, até um máximo de 12, num total de 6,75%. A relação destes 26
trabalhos (22 artigos de periódicos, 3 capítulos de livros e 1 livro) está no
Quadro 3.
Dos 26 trabalhos mais referidos pelos artigos de controle de estímulos
publicados no JABA entre os anos de 1990 e 2002, sete têm Murray Sidman
como autor, sendo três como único autor. Ao todo, é referido 43 vezes. Três
destes sete trabalhos são também os mais citados nos artigos sobre controle
de estímulos publicados no JEAB entre os anos de 1990 e 1999 (Silva b,
2000). São eles: o artigo publicado em 1971 no Journal of Speech and Hearing
Research sobre leitura e equivalência visual-auditiva (2º artigo mais citado no
JEAB), o artigo publicado em conjunto com Tailby, em 1982, no próprio JEAB,
sobre discriminação condicional X matching to sample - equivalência (1º mais
70
citado no JEAB), e o artigo publicado em 1985, com Kirk e Wilson-Morris, no
JEAB, sobre classes de estímulos geradas por procedimentos de discriminação
condicional (4º artigo mais citado no JEAB). Os outros trabalhos de Sidman
são livro ou capítulo de livro, e um artigo no American Journal of Mental
Deficiency.
Quadro 3 – Relação dos 26 trabalhos mais referidos em artigos sobre
controle de estímulos publicados no JABA entre 1990 e 2002
1. Iwata, B. A, Dorsey, M. F., Slifer, K. J., Bauman, K. E., & Richman, G. S. (1994). Toward a
functional analysis of self-injury. Journal of Applied Behavior Analysis, 27, 197-209. (citado
por 7 artigos como publicado pelo JABA, e por 5 artigos como publicado em 1982 no Analysis
and Intervention in Developmental Disabilities, 2, 3-20 – citado em 12 artigos)
2. Stokes, T. F., & Baer, D. M. (1977). An Implicit technology of generalization. Journal of Applied
Behavior Analysis, 10, 349-367 (10 artigos)
3. Mackay, H. A (1985). Stimulus equivalence in rudimentary reading and spelling. Analysis and
Intervention in Developmental Disabilities, 5, 373-387 (nove artigos)
4. Sidman, M., & Tailby, W. (1982). Conditional discrimination vs. matching to sample: an
expansion of the testing paradigm. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 37, 5-22
(oito artigos)
5. Sidman, M. (1971). Reading and auditory-visual equivalences. Journal of Speech and Hearing
Research, 14, 5-13 (sete artigos)
6. Stromer, R., Mackay, H. A, & Stoddart, L. T. (1992). Classroom aplications of stimulus
equivalence technology. Journal of Behavioral Education, 2, 225-256 (sete artigos)
7. Carr, E. G., & Durand, V. M. (1985). Reducing behavior problems through functional
communication training. Journal of Applied Behavior Analysis, 18, 111-126 (seis artigos)
8. Iwata, B. A, Pace, G. M., Kalsher, M. J., Cowdery, G. E., & Cataldo, M. F. (1990). Experimental
analysis and extinction of self-injurious escape behavior. Journal of Applied Behavior Analysis,
23, 11-27 (seis artigos)
9. Mackay, H. A, & Sidman, M. (1984). Teaching new behavior via equivalence relations. In P. H.
Brooks, R. Sperber, & C. MacCauley (Eds.) Learning and cognition in the mentally retarded,
493-513. Hillsdale, NJ: Erlbaum (seis artigos)
10. Sidman, M (1960). Tactics of scientific research. New York: Basic Books (seis artigos)
11. Sidman, M. (1986). Functional analysis of emergent verbal classes. In T. Thompson & M. D.
Zeiler (Eds.). Analysis and integration of behavioral units, 213-245. Hillsdale, NJ: Erlbaum (seis
artigos)
12. Allen, K. D., & Fuqua, R. W. (1985). Eliminating selective stimulus control: A comparison of
two procedures for teaching mentally retarded children to respond to compound stimuli.
Journal of Experimental Child Psychology, 39, 55-71 (cinco artigos)
71
Outro autor que se destaca é Mackay: seis trabalhos, num total de 37
referências. É também o segundo autor que mais publicou artigos entre os
13. Constantine, B., & Sidman, M. (1975). Role of naming in delayed matching-to-sample.
American Journal of Mental Deficiency, 79, 680-689 (cinco artigos)
14. Dube, W. V., McDonald, S. J., McIlvane, W. J., & Mackay, H. A (1991). Constructed-
response matching to sample and spelling instruction. Journal of Applied Behavior Analysis,
24, 305-317 (cinco artigos)
15. Horner, R. H., Day, H. M., Sprague, J. R., O'Brien, M. & Hearthfield, L. T. (1991).
Interspersed requests: A nonaversive procedure for reducing aggression and self-injury
during instruction. Journal of Applied Behavior Analysis of Behavior, 24, 265-278 (cinco
artigos)
16. Kirby, K. C., & Bickel, W. K. (1988). Toward an explict analysis of generalization: A stimulus
control interpretation. The Behavior Analyst, 11, 115-129 (cinco artigos)
17. Lovaas, O I., Koegel, & Schreibman, L. (1979). Stimulus overselectivity in autism: A review
of research. Psychological Bulletin, 86, 1236-1254 (cinco artigos)
18. Mace, F. C., Hock, M. L., Lalli, J. S., West, B. J., Belfiore, P. J., Pinter, E., & Brown, D. K.
(1988). Behavioral momentum in the treatment of noncompliance. Journal of Applied
Behavior Analysis, 21, 123-141 (cinco artigos)
19. Michael, J. (1982). Distinguishing between discriminative and motivational functions of
stimuli. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 37, 149-155 (cinco artigos)
20. Sidman, M., Kirk, B., & Willson-Morris, M. (1985). Six-menber stimulus classes generated
by conditional-discrimination procedures. Journal of the Experimental Analysis of Behavior,
43, 21-42 (cinco artigos)
21. Steege, M. W., Wacker, D. P., Cigrand, K. C., & Cooper, L. J. (1989). The use of behavioral
assessment to prescribe and evaluate treatments for severely handicapped children. Journal
of Applied Behavior Analysis, 22, 23-33 (cinco artigos)
22. Stromer, R., & Mackay, H. A (1992). Spelling and emergent picture-printed word relations
established with delayed identity matching to complex samples. Journal of Applied Behavior
Analysis, 25, 893-904 (cinco artigos)
23. Stromer, R., McIlvane, W. J., Dube, W. V., & Mackay, H. A (1993). Assessing control by
elements of complex stimuli in delayed matching to sample. Journal of the Experimental
Analysis of Behavior, 59, 83-102 (cinco artigos)
24. Wacker, D. P., Steege, M. W., Northup, J., Sasso, G., Berg, W., Reimers, T., Cooper, L.,
Cigrand, K., & Donn, L. (1990). A component analysis of functional communication training
across three topographies of severe behavior problems. Journal of Applied Behavior Analysis,
23, 417-429 (cinco artigos)
25. Weeks, M., & Gaylord-Ross, R. (1981). Task difficulty and aberrant behavior in severely
handicapped students. Journal of Applied Behavior Analysis, 14, 449-463 (cinco artigos)
26. Singh, N. N., & Singh, J. (1986). Reading aquisition and remediation in the mentally
retarded. International review of research in mental retardation. Vol. 14. Pp. 165-199. New
72
120 artigos analisados na presente dissertação. Dois dos trabalhos que
compõem a amostra de 120 artigos, ambos publicados no JABA, estão
presentes entre os trabalhos mais citados. Os outros trabalhos, também
bastante referidos, estão em um capítulo de livro e em outros três periódicos:
JEAB, Analysis and Intervention in Developmental Disabilities e Journal of
Behavioral Education.
Destas seis publicações três são sobre equivalência de estímulos voltadas
para aquisição de comportamentos escolares (como ler e soletrar) e novos
comportamentos (capítulo de livro escrito em conjunto com Sidman, em 1984);
três utilizaram principalmente o conceito de matching to sample, sendo duas
voltadas para comportamento escolar (soletrar), ambas publicadas no JABA, e
uma publicada no JEAB investigando o controle de elementos de estímulos
complexos em matching atrasado.
Três destes trabalhos de Mackay foram publicados em conjunto com
Stromer, mostrando que a parceria de produção dos dois se estende a outros
periódicos além do JABA: um no Analysis and Intervention in Developmental
Disabilities e outro no JEAB. Outro autor, presente em duas publicações de
Mackay e Stromer, é McIlvane, formando possivelmente um “grupo de
pesquisa”.
Com o mesmo número de artigos (dois), entre os trabalhos mais referidos,
estão McIlvane e Iwata. Vale ressaltar a quantidade de artigos publicados por
Iwata no assunto no JABA: oito dos 120 artigos, sempre como segundo autor.
No entanto, estes dois artigos presentes entre os mais referidos, embora
publicados no JABA, não fizeram parte da amostra dos 59 artigos, uma vez
que não apresentam, no título, conceitos diretamente relacionados à área de
controle de estímulos. Ambos são voltados para comportamentos de auto-lesão
(self-injurious behavior) em participantes com problemas de desenvolvimento.
73
Outros trabalhos entre os mais referidos estão: duas revisões teóricas
sobre generalização (de Stokes e Baer em 1977, no próprio JABA – 10 vezes
referido; e de Kirby e Bickel, em 1988, no The Behavior Analyst – cinco vezes
referido); os artigos voltados para problemas de comunicação funcional (de
Carr e Durand em 1985 no JABA – seis vezes referidos; e de Wacker, Steege,
Northup, Sasso, Berg, Reimers, Cooper, Cigrand e Donn em 1990 no JABA –
cinco vezes referidos). Também sendo referidos cinco vezes estão ainda: um
artigo utilizando conceito de behavioral momentum (de Mace, Hock, Lalli, West,
Belfiore, Pinter e Brown em 1988 no JABA); um artigo teórico de Jack Michael,
em 1982, no JEAB sobre diferenças entre estímulo discriminativo e condições
motivacionais; um artigo sobre avaliação comportamental de Steege, Wacker,
Cigrand e Cooper em 1989, no JABA). Finalmente, cabe destaque ao
importante livro de metodologia científica de Sidman em 1960, primeiro livro
da análise do comportamento que retratou sua metodologia (Michael, 1981),
referido seis vezes.
Periódicos mais referidos
A Tabela 7 apresenta, em ordem alfabética, os periódicos mais referidos
em artigos sobre controle de estímulos publicados no JABA e JEAB12 a partir
do ano de 1990 (até 1999 no JEAB, e até 2002 no JABA).
12 Dados extraídos de Silva b (2000).
74
Tabela 7: periódicos mais referidos nos artigos sobre controle de
estímulos publicados no JABA e JEAB
Periódicos mais referidos no JABA e JEAB
Nº de ref. no JABA (t= 973)
Nº de ref. no JEAB (t= 2495 )
Behaviorista
Pesquisa
American Journal of Mental Deficiency (e mais recentemente American Journal of Mental Retardation) 30 35 Também Aplicada
American Psychologist 6 0 Não Analysis and Intervention in Developmental Disabilities 29 27 Também Aplicada Animal Behavior
0 13 Também Básica Animal Learning and Behavior (também Learning and Behavior) 5 100 Também Básica Applied Research in Mental Retardation
8 1 Sem informação Augmentative and Alternative Communication
8 0 Não Behavior Analysis
0 10 Sem informação Behavior Modification
19 0 Também Aplicada Behavior Research and Therapy (antigo Behavioral Assessment) 10 4 Não Behavior Therapy
10 2 Também Aplicada Behavioral and Brain Sciences
0 11 Não Behavioral Pharmacology
0 25 Também Básica Behavioural Processes
1 32 Também Ambas Bulletin of Psychonomic Society
0 14 Sem informação Drug Developmental Research
0 12 Sem informação Education and Treatment of Children
7 0 Sim Aplicada Exceptional Children
8 0 Não Experimental Analysis of Human Behavior Bulletin 5 7 Sim Básica JABA
362 16 Sim Aplicada JEAB
140 1096 Sim Básica Journal of Abnormal Child Psychology
11 0 Não Journal of Abnormal Psychology
5 6 Não Journal of Autism and Developmental Disorders 8 1 Também Aplicada Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry 5 1 Também Aplicada Journal of Behavioral Education
14 2 Também Aplicada Journal of Comparative and Physiological Psychology 1 20 Não Journal of Comparative Psychology
0 21 Também Básica Journal of Educational Psychology
5 0 Não Journal of Experimental Child Psychology
23 13 Também Aplicada Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory and Cognition 0 13 Não Journal of Experimental Psychology
2 39 Não Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Processes 4 129 Também Básica
Journal of Pharmacology and Experimental 0 45 Não
75
Therapeutics
Journal of Special Education 5 0 Não
Journal of Speech and Hearing Research 8 19 Também Aplicada
Journal of the Association for Persons with Severe Handicaps 15 0 Não Learning and Motivation
1 36 Sim Básica Pharmacology Biochemistry and Behavior
0 21 Não Psychological Bulletin
8 20 Não Psychological Review
3 44 Não Psychological Science
1 15 Não Psychopharmacology
0 45 Não Quaterly Journal of Experimental Psychology
4 39 Não Research in Developmental Disabilities
24 2 Também Aplicada Science
1 39 Não The Analysis of Verbal Behavior
10 15 Sim Bás/conc. The Behavior Analyst
15 16 Sim Conceitual The Psychological Record
19 140 Também Básica
No JABA e no JEAB o número de periódicos não behavioristas entre os
mais referidos é semelhante (15 em ambos) e o número de periódicos que
publicam outro tipo de pesquisa que não o do periódico que o referiu é
aproximado (sete periódicos que publicam pesquisa básica no JABA e oito que
publicam pesquisa aplicada no JEAB).
Quanto à presença do JEAB no JABA e do JABA no JEAB, pode-se dizer
que, embora o índice de busca, por autores que publicaram no JABA, de
pesquisa básica no JEAB seja pequeno, este mesmo índice é grande quando
comparado à procura por pesquisa aplicada no JABA como referência na
produção do JEAB (índice de referência ao JABA no JEAB é 0,64% e de
referência ao JEAB no JABA é 14,39%).
Em 1994, Poling, Alling & Fuqua publicaram uma análise de auto-
referência e de referência cruzada de todos os artigos publicados entre 1983 e
1992 no JABA e JEAB. Os dados apontavam que: 2,4% das referências no
JABA provinham de artigos do JEAB e que 0,6% das referências no JEAB eram
76
do JABA (somente um quarto em relação ao primeiro). Já para auto-referência
encontraram 22,6% no JABA, e 36,1% no JEAB.
Na presente dissertação, os índices de auto-referência em relação
apenas às referências de artigos (excluídos capítulos de livros, livros e outros)
são de 37,20% no JABA e 43,93% no JEAB. Mesmo com pequena diferença
entre estes índices, a produção no JABA tende a procurar mais outras fontes
de referências que o JEAB. E esta informação, juntamente à de que o índice de
referências do JEAB no JABA é mais de 15 vezes superior ao índice do JABA
no JEAB, pode demonstrar que parece haver uma produção menos auto
centrada no JABA do que no JEAB, no sentido de estar mais em contato com
outras regras editoriais e críticas. Por outro lado, isto também pode indicar a
maior flexibilidade que o JABA tem em relação à metodologia científica
empregada nos trabalhos que publica, sem tanto compromisso com as
restrições da pesquisa em análise do comportamento como o JEAB apresenta.
Diante desta última constatação, é possível que os trabalhos publicados no
JEAB procurem com menos frequência referências de outros periódicos (entre
eles o JABA) por não encontrar o rigor metodológico exigido por seu corpo
editorial ao longo de todos os anos de sua publicação.
Observando dados de auto-referência e referência cruzada entre
periódicos aplicados, Laties e Mace (1993) afirmaram que entre os jornais que
mais citam o JABA, o próprio JABA é o que mais se cita. Como Kazdin
comentou em 1975: “...... JABA relies relatively heavily upon its own
research.”13, hoje poderíamos dizer que os principais veículos de comunicação
da análise comportamental, tanto aplicada quanto experimental baseiam-se
grandemente em seus próprios achados.
13 “...JABA está grandemente baseado em sua própria pesquisa.”
77
Áreas de estudo dos periódicos referidos
entre os artigos de 1990 a 2002
A tabela 8 apresenta, por área, número e porcentagem em relação ao
total de periódicos referidos, assim como o número de referências de cada área
e sua respectiva porcentagem em relação ao total de referências.
Tabela 8: Por área, quantidade e porcentagem de periódicos e de
referências dos periódicos nas quais foram publicadas
Áreas Periódicos
% de periódicos
Nº de referências
% de referências
Psicologia 47 40,0 731 76,1
Multidisciplinares 8 6,8 60 6,2
Psiquiatria pediátrica 4 3,4 40 4,2
Educação 7 6,0 27 2,8
Audição e/ou comunicação 5 4,3 22 2,3
Sem informação 9 7,7 14 1,5
Educação especial 5 4,3 13 1,4
Psicologia da educação 5 4,3 13 1,4
Educação de DD 4 3,4 11 1,1
Neurologia 6 5,0 6 0,6
Neuropsicologia 3 2,6 6 0,6
Pediatria 3 2,6 6 0,6
Educação em áreas específicas 4 3,4 5 0,5
Psiquiatria 2 1,7 2 0,2
Ciência 1 0,9 1 0,1
Medicina de rehabilitação 1 0,9 1 0,1
Pediatria em DD 1 0,9 1 0,1
Psicofarmacologia 1 0,9 1 0,1
Psicofisiologia 1 0,9 1 0,1
Total 117 100 961 100
A porcentagem de referências a periódicos de psicologia no JABA é
inferior à porcentagem das mesmas no JEAB, onde apresenta 84,24% (Silva b,
2000). No entanto, na presente dissertação houve a necessidade de categorizar
áreas não presentes em Silva b, 2000. Algumas destas categorias poderiam
complementar os estudos na área de psicologia (como é o caso dos periódicos
78
multidisciplinares, na maior parte das vezes voltados para estudos sobre
problemas de desenvolvimento, que tem se mostrado como área de atuação
muito presente nas pesquisas do JABA – pelo menos no tema controle de
estímulos) e até fazerem parte da mesma como no caso de psicologia da
educação.
Periódicos voltados para problemas de desenvolvimento
Diante do grande número de artigos com participantes apresentando
problemas de desenvolvimento e de institutos que cuidam de portadores de
problemas de desenvolvimento participando de pesquisas entre os artigos
publicados no JABA sobre controle de estímulos, considerou-se interessante
analisar os periódicos voltados especialmente a problemas de
desenvolvimento.
A Figura 15 apresenta a porcentagem dos periódicos referidos nos
artigos publicados entre 1990 e 2002:
F i g u r a 1 5 - P o r c e n t a g e m d e p e r i ó d i c o s v o l t a d o s a p r o b l e m a s d e d e s e n v o l v i m e n t o e n t r e r e f e r ê n c i a s p r e s e n t e s n o s a r t i g o s s o b r e c o n t r o l e d e e s t í m u l o s
p u b l i c a d o s n o J A B A e n t r e 1 9 9 0 e 2 0 0 2
n ã o v o l t a d o p a r a D D5 4 %
s e m in f o r m a ç ã o1 0 %
v o l t a d o p a r a D D1 3 %
a p r e s e n t a m t a m b é m a r t i g o s s o b r e D D
2 3 %
79
A Figura 15 mostra que mais de 50% dos periódicos referidos não são
voltados para problemas de desenvolvimento ou, ainda, não publicam
pesquisas com participantes com problemas de desenvolvimento. Entretanto,
na Figura 16, percebe-se que quando se observa o número de referências
publicadas em periódicos voltados para problemas de desenvolvimento ou
periódicos que também publicam artigos sobre/com problemas de
desenvolvimento, pode-se levantar diferentes conclusões.
Do total de referências, 13% lidam diretamente com o assunto e 50%
podem lidar também com este, uma vez que são provindas de periódicos que
também publicam artigos sobre/com problemas de desenvolvimento. Ou seja,
potencialmente mais de 50% das referências podem ser voltadas para
problemas de desenvolvimento. Este dado corrobora a afirmativa de que
principalmente na década de noventa a produção de pesquisa aplicada no
JABA utilizando o conceito de controle de estímulos focalizou de modo especial
esta população.
Segundo Laties e Mace (1993), o contrário - periódicos voltados a
problemas de desenvolvimento referindo o JABA - também apresenta dados
F i g u r a 1 6 - P o r c e n t a g e m d e r e f e r ê n c i a s p r o v i n d a s d e p e r i ó d i c o s q u e p u b l i c a m o u n ã o a r t i g o s s o b r e p r o b l e m a s d e d e s e n v o l v i m e n t o r e f e r i d a s n o s a r t i g o s s o b r e c o n t r o l e d e e s t í m u l o s p u b l i c a d o s n o J A B A
e n t r e o s a n o s d e 1 9 9 0 e 2 0 0 2
v o l t a d o p a r a D D 1 3 %
s e m in f o r m a ç ã o 2 %
n ã o v o l t a d o p a r a D D 3 5 %
a p r e s e n t a m t a m b é m a r t i g o s s o b r e D D
5 0 %
80
próximos. Entre as referências ao JABA, 25% são de periódicos voltados para
problemas de desenvolvimento.
Periódicos Behavioristas14
A Figura 17 apresenta a porcentagem de referências de periódicos
voltados para publicação de artigos comprometidos com a análise do
comportamento (experimental, aplicada ou conceitual), assim como de
referências de periódicos que também publicam artigos que apresentam
metodologia e discussão da análise do comportamento ou de periódicos que
não publicam tais artigos são apresentadas.
14 Esta expressão visa englobar não só estudos experimentais como também pesquisa aplicada, além de trabalhos teóricos conceituais.
F ig u ra 1 7 - P o rc e n ta g e m d e re fe rê n c ia s e m fu n ç ã o d o p e r ió d ic o s e r b e h a v io r is ta o u n ã o e n t re a s re fe rê n c ia s d e a r t ig o s s o b re c o n t ro le d e e s t ím u lo s p u b l ic a d a s n o J A B A e n t re 1 9 9 0 e
2 0 0 2
s e m in fo rm a ç ã o5 %p e r ió d ic o s n ã o b e h a v io r is ta s
1 7 %
p e r ió d ic o s b e h a v io r is ta s 5 7 %p e r ió d ic o s q u e ta m b é m
p u b l ic a m a r t ig o s b e h a v io r is ta s
2 1 %
81
Mais da metade das referências provém de periódicos behavioristas
(57%), e mais 21% do total de referências são de periódicos que também
publicam artigos behavioristas. Somando-se estas duas porcentagens temos
potencialmente 78% das referências citadas seguindo metodologia behaviorista
ou lidando com conceitos behavioristas.
Em 2000 b, Silva identificou que 84,33% das referências de artigos
sobre controle de estímulos publicados no JEAB entre 1990 e 1999 são de
periódicos behavioristas ou, ainda, de periódicos que também publicam
artigos behavioristas.
A procura por temas frequentes em outras áreas pode levar à
referenciar periódicos que não são da comunidade (Critchfield et. Al, 2000).
Pode ser este o motivo de o JABA apresentar uma taxa inferior de referências a
periódicos behavioristas que o JEAB, uma vez que o JABA atende diferentes
populações cujas informações podem ser encontradas em outras áreas como
psiquiatria, educação e pediatria.
Há uma grande discussão sobre o isolamento da pesquisa operante
levantada por Krantz em 1971. Nesta época o autor apresentou resultados que
indicavam tal isolamento. Ao fazer uma análise de referências no JEAB, Krantz
identifica a alta taxa de auto-referência superando a taxa de auto-referência
dos outros periódicos por ele examinados e a baixa referência ao JEAB em
periódicos de “psicologia não operante”. O autor afirmou que os estudos em
psicologia operante e não operante não podem ser mensurados
comparativamente, já que lidam com assuntos diferentes. Dessa forma, não há
motivo para que uma referencie a outra. A disparidade entre conceitos,
metodologias e filosofias que as embasam impossibilitam que haja
aproveitamento de estudos que não da mesma abordagem.
82
Duas décadas depois, Coleman & Mehlaman (1992) procuraram
observar se os resultados obtidos no estudo de Krantz (1971) persistiram ao
longo das duas décadas seguintes. Novamente, as referências foram
examinadas para observar se ainda havia o isolamento da análise
experimental do comportamento (que Krantz chamou de psicologia operante
em seu estudo). Mais uma vez, a taxa de auto-referência no JEAB superou a
de outros periódicos examinados. No entanto, esta mesma sofreu leve redução
ao longo do tempo enquanto em outros periódicos se manteve. De forma geral,
os resultados indicaram que as práticas de auto-referência e de referenciar
descritas por Krantz (1971) persistiram nos vinte anos seguintes.
Em Silva (2000 b) é possível observar que no JEAB na década de
noventa as taxas de referências a periódicos que publicam artigos
behavioristas é superior a de periódicos não behavioristas, assim como na
presente dissertação. Com isto, podemos afirmar que a produção na década de
noventa sobre controle de estímulos tanto em pesquisa básica quanto aplicada
apresenta a tendência da procura por estudos da mesma abordagem. Tal fato
pode indicar a coerência na produção de estudos operantes aplicados e
básicos em relação às suas bases para produção (referências).
Tipos de pesquisa nos periódicos behavioristas
Entre as referências a periódicos behavioristas (57% do total de
referências de artigos) foram levantados os tipos de pesquisa a partir dos
periódicos nos quais foram publicadas. A Figura 18 apresenta o resultado
desta análise.
83
Como pode ser observado, grande maioria das referências (68%) é de
pesquisa aplicada. Quanto ao embasamento por trabalhos básicos,
encontramos um número baixo (27%), mas significativo se comparado com os
mesmos dados em relação ao JEAB. No JEAB, 93,40% das referências durante
o período de 1990 a 1999 são de pesquisa básica e apenas 2,82% de pesquisa
aplicada (Silva, 2000b).
Partindo-se do princípio de que o JABA representa grande parte da
produção de pesquisa aplicada na análise do comportamento e o JEAB
representa grande parte da produção de pesquisa básica, pode-se dizer que
embora a pesquisa aplicada tenha buscado pouco pesquisas básicas para
produzir conhecimento, a pesquisa básica tem buscado menos ainda nas
pesquisas aplicadas algo para sustentá-las.
De um lado, há um certo sentido em a busca de pesquisa básica por
pesquisa aplicada ser inferior, já que é a partir dos conceitos estudados
experimentalmente em laboratório que se produzem tecnologias para
aplicação. No entanto, deveria haver maior comunicação entre as duas do que
foi comprovado até agora para que, entre outros motivos, a pesquisa básica
saiba que conceitos vêem sendo utilizados em pesquisa aplicada e possa assim
voltar a investigá-los com mais profundidade.
Figura 18 - Porcentagem de referências de períodico s behavioristas em função das áreas de pesquisa em artigos sobre controle de estímulos publicados no JABA entre 1990 e 2002
pesquisa aplicada68%
pesquisa básica27%
pesquisa básica e artigos conceituais
2%
artigos conceituais3%
84
Um exemplo disto é o fato de a pesquisa básica em controle de
estímulos ter estudado na década de noventa principalmente equivalência de
estímulos, enquanto as tecnologias aplicadas em pesquisas do JABA na
mesma época utilizaram grandemente o procedimento de fading. É possível, e
espera-se, que as pesquisas aplicadas possam vir a aproveitar mais tamanho
conhecimento básico produzido sobre equivalência, assim como a produção
em pesquisa básica volte a dar atenção ao procedimento de fading,
procurando validar formas variadas de apresentá-lo como no instructional
fading e no script-fading, que vêm sendo muito utilizados para tratamento de
comportamentos de auto-lesão (SIB) e diminuição de comportamentos
inadequados, tais como enurese noturna.
Em relação às referências publicadas em periódicos conceituais, as
porcentagens no JABA e JEAB são próximas: 3% e 4%, respectivamente.
Quanto à área de estudo dos periódicos behavioristas, a imensa maioria
é da área de psicologia, enquanto apenas 1% é de educação - publicado no
Journal of Behavioral Education.
Periódicos que também publicam artigos behavioristas
Entre os 21% (Figura 17 e, na Tabela 7, periódicos com a informação
“também”) das referências publicadas em periódicos que, embora não voltados
a publicar exclusivamente pesquisas da análise do comportamento, também
publicam artigos behavioristas, 75% destas estão em periódicos que
costumam publicar artigos de pesquisa aplicada, 25% em periódicos que
costumam publicar artigos de pesquisa básica e 1% em periódicos que
costumam publicar trabalhos conceituais (Figura 19).
85
Estas porcentagens são muito próximas das encontradas entre as
referências de periódicos voltados exclusivamente para publicação de estudos
behavioristas, ressaltando que neste caso a porcentagem de pesquisa básica é
maior (76 X 68).
No entanto, como a classificação foi feita a partir das políticas editoriais
do periódico no qual a referência foi publicada e não por meio de leitura do
artigo (se este realmente se compromete com a abordagem behaviorista), é
melhor não levantar maiores conclusões a respeito dos mesmos.
Diferentemente das referências provindas de periódicos behavioristas,
cuja grande maioria pertence à área de psicologia, os periódicos que “também”
publicam artigos behavioristas apresentam maior diversidade quanto às áreas
de estudo, representada na Figura 20.
F ig u ra 2 0 - P o rc e n ta g e m d e a r t ig o s p u b l ic a d o s e m p e r ió d ic o s q u e ta m b é m p u b l ic a m a r t ig o s b e h a v io r is ta s e m fu n ç ã o d a á re a d e e s tu d o d o p e r ió d ic o e n t re o s a r t ig o s re fe r id o s n o s
a r t ig o s s o b re c o n t ro le d e e s t ím u lo s p u b l ic a d o s n o J A B A e n t re 1 9 9 0 e 2 0 0 2
p s ic o lo g ia5 7 %
m u lt id isc ip l in a re s1 3 %
p s iq u ia t r ia p e d iá t r ic a1 9 %
e d u c a ç ã o7 %
a u d iç ã o e /o u c o m u n ic a ç ã o4 %
p s ic o fa rm a c o lo g ia0 %
F ig u r a 1 9 - P o r c e n t a g e m d e a r t i g o s p u b l i c a d o s e m p e r i ó d i c o s q u e t a m b é m p u b l i c a m a r t i g o s b e h a v io r is t a s e m f u n ç ã o d a s á r e a s d e p e s q u i s a e n t r e a r t i g o s r e f e r id o s n o s a r t i g o s s o b r e
c o n t r o l e d e e s t ím u lo s p u b l i c a d o s n o J A B A e n t r e 1 9 9 0 e 2 0 0 2
p e s q u i s a a p l i c a d a7 5 %
p e s q u i s a b á s i c a2 4 %
a r t i g o s c o n c e i t u a i s1 %
86
Aqui, a área de psicologia tem representatividade menor diante da
presença de outras áreas quando comparada à representatividade da
psicologia em periódicos exclusivamente behavioristas. Com 19%, estão os
periódicos de psiquiatria pediátrica, e os periódicos multidisciplinares com
13%, áreas que, muito possivelmente, podem e lidam com problemas de
desenvolvimento. Os periódicos de educação também estão aqui presentes
com 7%, e com 4% está o periódico de audição e comunicação Journal of
Speech and Hearing Research, no qual Sidman publicou seu artigo de 1971,
muito referido no JABA e no JEAB (Silva, 2000b).
Atualidade das referências
A partir do cálculo da diferença entre o ano de publicação dos artigos e
o ano de publicação das referências foi possível identificar o número de
referências consideradas recentes - com menos de seis anos de publicação, e
de referências clássicas - com 20 anos ou mais (Hutz e Adair, 1996).
A Figura 21 apresenta dados relativos à atualidade das referências
somente de artigos citados em trabalhos sobre controle de estímulos
publicados no JABA e JEAB15.
F ig u ra 2 1 : P o rc e n ta g e m d e re fe rê n c ia s r e c e n t e s e c l á s s ic a s d e a r t ig o s r e f e r id o s e n t re o s t ra b a lh o s s o b re c o n t ro le d e e s t ím u lo s p u b l i c a d o s n o J A B A e J E A B
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
4 5
J A B A (1 9 9 0 - 1 9 9 9 ) J E A B (1 9 9 0 -1 9 9 9 ) J A B A ( 1 9 9 0 -2 0 0 2 )
p e r ió d ic o ( p e r ío d o )
porc
enta
gem
re f . R e c e n te s
re f . C lá s s ic a s
87
Como pode ser observado, no JABA as referências que foram publicadas
há menos de seis anos da publicação do artigo que as citou correspondem a
41% do total de referências de artigos em ambos os períodos analisados para o
JABA, sendo quatro vezes mais citadas que as referências clássicas, que
correspondem a 10% do total de citações. No JEAB, a diferença não é tão
grande: 34% X 18%.
É possível afirmar que os artigos de pesquisa aplicada sobre controle de
estímulos lidam com mais referências recentes que os artigos de pesquisa
básica, possivelmente porque estes últimos procuram com mais frequência
artigos conceituais, teóricos e históricos para embasar seus estudos.
Com isto, levanta-se a preocupação em relação à pesquisa aplicada
sobre controle de estímulos na análise do comportamento. Parece que há
pouca influência teórica e conceitual no que foi produzido durante o período
aqui apresentado.
Com relação às referências de periódicos encontradas nos artigos da
área publicados no JABA compreendendo um período mais extenso que o
analisado em Silva (2000b), de 1990 a 2002, as porcentagens de referências
recentes e clássicas são muito próximas do estudo que considerou os dados
até 1999 apenas: 39% e 11% respectivamente.
A Tabela 9 apresenta as porcentagens de referências recentes e
clássicas nos artigos da área publicados no JABA por ano:
15 Dados do JEAB extraídos de Silva b, 2000.
88
Tabela 9: Em porcentagem, atualidade de referências de artigos citados
nos trabalhos sobre controle de estímulos publicados no JABA por ano
Ano da publicação Referências recentes
(em %)
Referências clássicas
(em %)
1990 21 13
1991 32 15
1992 45 5
1993 46 3
1994 41 14
1995 30 9
1996 46 8
1997 33 15
1998 46 12
1999 46 5
2000 55 6
2001 13 26
2002 40 0
Os dados apenas mostram que há a predominância de maior presença
de referências recentes (exceção no ano de 2001), quando comparadas à
presença de referências clássicas, o que enquadra-se à afirmação de Garfield
(1972) de que o período em que um trabalho é mais referido são os dois anos
seguintes a sua publicação. Mais estudos precisam ser feitos para entender o
que pode estar ocorrendo. Hutz & Adair (1996) lembram várias possibilidades
para diferentes proporções entre referências recentes e referências clássicas
como a existência de tradição de estudos na área e a acessibilidade a estudos
clássicos.
89
CONCLUSÃO
O tema controle de estímulos, surgido a partir de pesquisas
experimentais de laboratório, atingiu produção tal que permitiu a introdução
de seus conceitos em trabalhos aplicados e que geraram ou remodelaram
procedimentos utilizados para cuidar de problemas humanos específicos.
Como Neef (1993) coloca, a pesquisa aplicada deve ser o processo
intermediário entre as descobertas de pesquisa básica e aplicação, sendo
assim imprescindível para garantir aplicações da análise do comportamento de
forma efetiva.
A produção de pesquisa aplicada utilizando este tema, aqui analisada
pelo Journal of Applied Behavior Analysis, mostrou-se no início da publicação
do periódico com um índice de crescimento apenas mediano durante a
primeira década do periódico, melhorando no final da década de setenta e
mais ainda durante a década de noventa.
Inicialmente, as pesquisas lidavam com conceitos já bem estudados até
então: discriminação, generalização e controle de estímulos. Desde o início,
diferente para o total dos trabalhos publicados (Northup et al, 1993), no tema
controle de estímulos houve prevalência de estudos voltados para
participantes com problemas de desenvolvimento. Como controle de estímulos
é um tema que abrange procedimentos que permitem o aprendizado ou, ainda,
a área do entendimento - para os mentalistas, é possível que este tenha sido
muito usado para desenvolver novos comportamentos–habilidades em sujeitos
com problemas de desenvolvimento. Além disso, em estudos com estes
sujeitos é possível trabalhar procedimentos bem simplificadamente (Northup
et al, 1993), quase próximos estudos dos experimentais básicos, garantindo
90
um início para a introdução destes procedimentos mais “tranquilo” no que diz
respeito a validá-los com humanos.
No período inicial do periódico destaca-se a produção da Universidade
de Kansas, possivelmente estimulada por Baer, autor de muitos trabalhos
aplicados, entre eles sobre controle de estímulos. Sidman, embora nos 120
artigos analisados tenha aparecido poucas vezes (três) quando comparado com
os principais autores, mostra sua influência também nos trabalhos aplicados
pelas referências a seus trabalhos muito utilizadas na produção entre os anos
de 1990 e 2002. O termo “também” vem da grande contribuição que Sidman
promoveu à análise experimental do comportamento a partir de seus estudos
sobre o tema, marcando-o como figura principal para o seu desenvolvimento.
Seus trabalhos com problemas de desenvolvimento na Northeastern University
vêem sendo referidos por novos pesquisadores na década de noventa, e ainda
hoje ele produz na área aplicada no New England Center for Autism.
Ainda nos anos setenta há o início da produção de Iwata sobre o tema,
que se torna mais significativo na década de noventa, tendo-se mostrado como
o autor que mais produziu sobre o tema em pesquisa aplicada.
Na década de oitenta, não tão significativa quanto a anterior e a
posterior em relação à quantidade de produção, continua-se trabalhando com
os conceitos clássicos dentro do tema e dando algum espaço para novos
conceitos-procedimentos como matching-to-sample e equivalência. Ainda neste
período surge o primeiro artigo voltado para comportamentos de auto-lesão.
Os anos 1980 são marcados ainda pela discussão a respeito da
concentração de trabalhos em problemas de desenvolvimento, sendo a análise
aplicada constantemente criticada por este motivo (Northup et al, 1993). Nesse
momento surgem divergências: Baer (1987) aponta a necessidade de refinar
uma área específica de pesquisa, enquanto Hopkins (1987) atenta para
91
necessidade de focar em outras áreas de importância social. A questão é que
as consequências do comportamento garantiram o aumento de sua frequência:
a facilidade de empregar conceitos básicos utilizando estes sujeitos e o apoio
financeiro estatal.
A partir de regulamentações federais e estaduais, o tratamento para
problemas de desenvolvimento e mentais tornou-se um direito gratuito em
alguns estados nos EUA (Northup et al, 1993) e, dessa forma, o que já existia -
uma grande quantidade de estudos voltados para problemas de
desenvolvimento - intensificou-se. A década de noventa é marcada por esta
intensificação na qual entre todas as populações estudadas prevaleceu
problemas de desenvolvimento, com muitos trabalhos significativos voltados
para comportamentos de auto-lesão e iniciando estudos com adultos com
problemas de desenvolvimento (que não recebiam muita atenção nas
pesquisas até então). Além disso, um antigo conceito passa a ser mais
utilizado em aplicações: fading.
A grande produção sobre o tema passa a ser produto não só das
universidades, mas também de institutos voltados para problemas de
desenvolvimento. Surgem mais instituições que produzem tais estudos, e
novos pesquisadores filiados a elas. Nas parcerias de institutos e
universidades surgiram novos autores produzindo: Mackay e Stromer na
Universidade de Northeastern e no Eunice Kennedy Shriver Center, e Piazza e
Fisher na Faculdade de medicina da Universidade de John Hopkins e no
Kennedy Intitute. Mas, a produção não se limitou à Nova Inglaterra (região no
qual a legislação foi aprovada), já que a Univesidade da Flórida também
marcou grande presença sob o comando de Iwata.
No entanto, não foi possível identificar claramente “grupos de pesquisa”.
Percebeu-se uma certa concentração na produção destas três universidades
92
(duas em parceria com institutos), mas os dados não foram suficientes para
identificar como estes grupos se definiram, como se organizavam, se lidavam
com assuntos determinados e se além dos autores principais que outros
pesquisadores estavam envolvido e qual sua relação com a instituição. Seria
necessária outra metodologia, avaliando outros documentos além dos artigos
publicados para poder afirmar a concentração ou dispersão da produção sobre
o tema.
Embora o conceito de equivalência não tenha aparecido muito entre os
títulos dos artigos aqui analisados, ele esteve presente em diversas referências
dos artigos publicados entre 1990 e 2002. Como explicar essa divergência? Por
que não enfatizar seu uso no título do artigo, sendo que artigos que tratam
diretamente dele foram utilizados como base? Seria necessária uma leitura
completa de todos os artigos para responder... uma nova proposta de
pesquisa.
Alguns períodos editoriais marcaram presença pela ênfase dos editores
em promover submissões de artigos envolvendo populações diversas e em
produzir várias edições especiais que foram direcionadas a áreas outras que
problemas de desenvolvimento ou educação especial (Geller, 1990 e Neef,
1993). Dessa forma, pelo menos para estes períodos, não é possível afirmar
que a tendência a trabalhos sobre problemas de desenvolvimento é resultado
de políticas editoriais, lembrando que nas épocas editoriais de Geller (1990-
1992) e Neef (1993-1995) houve um “boom” desta produção. Outro dado
interessante é o de que as pesquisas utilizando escolas como setting voltaram
a surgir e aumentar o número de estudos (após a estagnação na produção
durante a década de oitenta neste setting) a partir do período editorial de Neef,
o que mostra que esta editora realmente se preocupou em atender a várias
populações.
93
A produção sobre o tema, quando observada por períodos editoriais,
intensificou-se principalmente nos períodos sob responsabilidade de Iwata, no
meio dos anos oitenta, e de Neef e Wacker, na primeira metade da década de
noventa. Considerando que estes são autores que se preocuparam
consideravelmente com a maior integração entre pesquisas básica e aplicada,
podemos afirmar que durante os períodos de maior produção sobre controle de
estímulos pode ter havido um processo seletivo cujos critérios incluíram e
tentaram promover tal integração. Um exemplo disto são os bridge studies
publicados na época (Mace, 1994; Mace & Wacker, 1994 e Fisher & Mazur,
1997).
Dessa forma, a produção sobre o tema nos últimos quinze anos tem
procurado esta integração, o que possivelmente garante melhores resultados
seja para a própria aplicação, seja para a análise do comportamento como
disciplina.
Quanto às limitações do presente estudo, estas estão relacionadas
diretamente com a metodologia empregada. Um primeiro problema é a
categorização dos dados. Como Saville et al (2002) afirmaram: “Any method of
categorization is arbitrary in nature, and, consequently, may create
dichotomies that may or may not truly exist.”16 (p. 53)
Embora utilizando categorias já presentes na literatura, a revisão das
mesmas é necessária ao longo de toda coleta, já que surgem novos
questionamentos em relação a novas práticas. Por exemplo: o uso da categoria
diminuição de comportamento indesejado pode ser questionada no sentido de
que o estudo pode resultar na aquisição de um comportamento desejado, o
que traz a dúvida em classificá-lo como aquisição de comportamento ou
diminuição de comportamento.
94
Uma segunda limitação diz respeito à análise de referências. Deve-se
resguardar que nem todos os documentos lidos e considerados úteis por um
autor são citados, sendo alguns documentos citados por razões irrelevantes a
seu mérito. Outro ponto é que muito do que é citado depende principalmente
da acessibilidade. Trabalhos cujo acesso seja somente em outros países, ou
que tenham outro idioma costumam ser menos citados. Mais um problema,
principalmente quando se utiliza a contagem de aparições de referências, é
que nem todos os trabalhos citados têm o mesmo peso quanto a embasamento
para escrever o artigo (Smith, 1981).
No entanto, toda produção de conhecimento é baseada no que já foi
estudado e, embora as referências não abranjam este todo, permitem uma
clara idéia do que foi, em parte, consultado. São nelas que estão presentes as
filosofias predominantes, como o behaviorismo, e a forma e objetivo da
pesquisa que permitiu uma nova forma de trabalho, como em pesquisas
básica e aplicada.
Os dados aqui obtidos indicam que se procura a pesquisa básica para
embasar estudos aplicados mais do que o inverso. Na década de noventa, a
mais rica no tema controle de estímulos em pesquisa aplicada, observou-se
grande influência de periódicos aplicados, embora haja um índice de
periódicos experimentais básicos razoável, com predominância de artigos
recentes, provavelmente descrevendo procedimentos utilizados com
determinada população.
No entanto, ainda é um índice de procura pequeno. Seria necessário
observar as referências no próprio texto do artigo para verificar a influência da
pesquisa básica na produção.
16 “Qualquer método de categorização é arbitrário por natureza, e, consequentemente, pode criar dicotomias que podem ou não realmente existir.”
95
A preocupação em relação à separação destas duas formas de pesquisa
na análise do comportamento é presente, e embora estes dados indiquem
pouca comunicação entre as duas, pelo menos no que diz respeito ao tema
controle de estímulos, sabe-se que nos últimos tempos alguns editores se
preocuparam em promover e garantir integração. É uma pena que ainda não
se utilize toda o conhecimento sobre controle de estímulos produzido pela
análise experimental para desenvolver novas tecnologias em diferentes campos
de atuação (além de problemas de desenvolvimento), embora muitos
pesquisadores aplicados afirmem que a validação de procedimentos de
pesquisas básicas em trabalhos aplicados devesse passar por um processo
intermediário de validação externa (Hopkins, 1987 e Hake, 1982).
Alguns estudos têm procurado apresentar pesquisas básica e aplicada
sobre um mesmo tema estabelecendo relações entre elas (Epling & Pierce,
1988 e Fisher & Mazur, 1997). Estes bridge studies devem ser desenvolvidos
para vários temas e, talvez, até conceitos específicos, procurando incentivar a
comunicação entre as duas formas de pesquisa.
Seria de grande valia ainda se se pudesse empregar a imediaticidade na
aplicação dos achados básicos, como pediram Baer, Wolf e Risley em 1968. De
lá para os dias recentes, muito mudou. A análise aplicada passou a atender
consumidores e a formar profissionais, afastando-a da pesquisa básica
presente apenas nas universidades (Hopkins, 1987).
Como já apontado por Oliveira & Albuquerque em 1981, o que vem
sendo estudado na ciência é determinado por interesses políticos, como o fato
do financiamento de pesquisa ser voltado para determinadas áreas ou
somente para resolução de problemas. Lembrando Michael (1980), nossos
procedimentos foram muito utilizados por profissionais que desconheciam a
filosofia e os princípios da análise do comportamento, e o risco de utilizar
96
procedimentos sem nenhum embasamento teórico aumenta diante de
demandas que visem resolução de problemas rapidamente.
Embora haja tais metacontingências presentes, seria de extremo valor
para a análise do comportamento reintegrar suas formas de pesquisa, o que
alguns pesquisadores (autores e editores) no JABA têm procurado fazer
durante a última década, especialmente na área de controle de estímulos e,
principalmente, quando comparado ao quanto a pesquisa básica (aqui
representada pelo JEAB) tem levado em conta a literatura aplicada para
produzir.
Há uma tendência iniciada por volta de 1993 de que a pesquisa
aplicada fique cada vez mais alerta aos achados experimentais básicos. Mas,
muito vem sendo e já foi anteriormente estudado em pesquisa básica que seria
de grande valia para resolução de problemas. Cabe à pesquisa aplicada validar
procedimentos relacionados a conceitos que podem ser muito mais estudados,
como equivalência de estímulos, para que possamos usufruir de benefícios de
aplicações levando em conta conceitos como este, que podem trazer grandes
mudanças para a humanidade, principalmente no que diz respeito à
aprendizagem.
97
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105
Quadro 3: Editores científicos do JABA e períodos em que dirigiam o periódico
O quadro está organizado por ordem cronológica dos períodos editoriais
e, na terceira coluna, são apresentadas informações obtidas em editoriais ou
sessões semelhantes do JABA:
Período Editor Comentários 1968-70 Montrose Wolf • Sem editorial
1971 Donald Baer • Sem editorial
1972-74 Todd Risley • Sem editorial
1975-77 Stewart Agras • Sem editorial
1978-80 Daniel O’Leary • Sem editorial
• Em 1979, O’Leary publica na primeira página do
número 2 do volume 12, uma pesquisa feita com
400 assinantes do JABA, escolhidos
aleatoriamente, para identificar características
demográficas e opiniões dos leitores sobre as
revisões de artigos e políticas editoriais.
Resultados: 72% homens, 49% com 30 a 39 anos,
47% PhDs, 29% trabalhavam com clínica, 15% na
área escolar, 9% em educação especial, 44% dos
que haviam subscrito artigos consideravam a
revisão muito boa, 10% criticavam a falta de
flexibilidade do modelo skinneriano de análise do
comportamento.
• Nesta mesma página, O’Leary informa que tem se
preocupado em tornar o JABA mais aberto para
diferentes pontos de vista
• Edição especial: Medicina Comportamental
• Edição especial: Diagnóstico Comportamental –
editora convidada: Rosemary Nelson
1981-83 David Barlow • Apresenta editorial no primeiro número do vol. 14,
enfatizando que o JABA não deve se desligar de
seus princípios iniciais.
106
1984-86 Brian Iwata • Publica uma nota no número 3 do volume 16,
ainda em 1983, orientando que os artigos
subscritos a partir de então sigam o estilo do 3º
manual de publicação da APA
• Apresenta editorial no primeiro número do volume
17, enfatizando a aplicação de princípios derivados
da análise experimental do comportamento, a
partir de uma abordagem empírica utilizando
observação direta e controle experimental. Conclui
dizendo que se manteriam fiéis à análise do
comportamento, embora também passasse a haver
uma flexibilização a inovações tecnológicas e
assuntos.
1987-89 John Bailey • Logo no seu primeiro número como editor, insere a
sessão Looking Ahead, na qual coloca os assuntos
que se pretende publicar na edição seguinte, e o
Editor’s Page, que passam a ser publicadas em
todos os números do JABA.
• Em seu primeiro Editor’s Page, afirma que o JABA
precisava ter uma inserção no mundo, ganhar
público e deixar de ser restrito e só voltado para
comunidade científica. Embora buscava manter
contato com raízes da pesquisa básica, encorajava
novas aplicações, métodos e formar de disseminar
os achados da área, pedindo mais informalidade
aos autores na forma de se expressarem.
• Edição Especial: 20 anos do JABA
• Edição Especial: Segurança na Comunidade –
ênfase em generalidade
• Edição Especial: Integração de Indivíduos com
problemas e redes vocacionais – com editorial
escrito por Brandon Grenne
• De forma geral, Bailey enfatiza o behaviorismo
voltado para serviços garantindo melhora da
produtividade por reforçamento intermitente.
107
1990-92 Scott Geller • Mantém ambas as sessão criadas por Bailey
• Em seu Segundo editorial,relata ter recebido
comunicações escritas e verbais de queixas em
relação à maioria dos estudos no JABA serem
voltados para problemas de desenvolvimento. Sua
resposta a isto é de que nem a população alvo ou o
setting de um estudo determinam o potencial de
ensinamento, aprendizado ou aplicação de um
artigo no JABA.
• No seu terceiro editorial, ressalta a proteção
ambiental (tema de muitas pesquisas suas durante
década de setenta) e o pouco apoio acadêmico,
governamental e comunitário.
• Edição Especial: Segurança na Estrada
• Em 1991, nº 3 do vol. 24, no Looking Ahead pede
(entre outras coisas) por avaliação de controle de
estímulos em settings naturais.
• Edição Especial: Onde está a Validade na Validade
Social?
• Edição Especial: A Análise Aplicada do
Comportamento Tecnológica é uma Falha? –
procura relacionar teoria e tecnologia, enfatizando
comunicação entre JABA e JEAB, e que os
procedimentos no JABA deveriam ser
cuidadosamente detalhados para poder explicar
método e teoria garantindo uma tecnologia baseada
na análise do comportamento
• Edição Especial: Psicologia Comportamental
Comunitária
1993-95 Nancy Neef • Desaparece a Editor’s Page.
• Neef escreve apenas editorial no primeiro e último
números sob sua responsabilidade. No primeiro
afirma que procurará atender tanto às exigências
da ciência comportamental como às dos leitores,
embora coloque que isto dependa mais dos artigos
108
subscritos do que do editor. Seu principal objetivo
era criar oportunidades para a disseminação de
diversas aplicações da AEC e para futuramente
aumentar a compreensão das interações relevantes
entre comportamento e ambiente nas relações
humanas. Pretendia: manter sessões especiais
dedicadas a áreas selecionadas e encorajar maior
integração com pesquisa básica (apresentando
resumos do JEAB e mantendo membros do SEAB
no corpo editorial do JABA).
• Edição Especial: Contribuições da AAC para a
Pediatria Comportamental – editores convidados:
Patrick Friruan e Jack Finney
• Edição Especial: Integrando Pesquisa Básica e
Aplicada – editores convidados: Charles Mace e
David Wacker.
1996-98 David Wacker • Sem editorial
• Edição Especial: Revisão de Trabalhos Voltados
para Problemas de Desenvolvimento ou Educação
Especial
• Edição Especial: Escolha de Reposta – comenta
importância de pesquisa básica e da relação com
Skinner, Keller e outros pioneiros.
1999-01 Charles Mace • Sem editorial
2002 Wayne Fisher • Sem editorial
Para montar este quadro foram utilizadas as seguintes referências:
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Wacker, D. (1998). Editorial. JABA, 31, 511.
JABA Subscriver Survey (1979). Opinions, demographic characteristics, and
impact on readers. JABA, 12, 157.
Páginas de Rosto nos nº 1 dos Volumes 1, 2, 4, 5, 7, 8, 11, 12, 14, 17, 20, 26,
29, 32, 35 e no nº 4 do Volume 27.
Todos os Looking Ahead.
113
Lista dos artigos analisados
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