DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA DA … MARIA FREITAS DA SILVA.pdf · Para mais de sete...
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
DA PSICOPEDAGOGIA
Landa Maria Freitas da Silva
Rio de janeiro
2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
2
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
DA PSICOPEDAGOGIA
Landa Maria Freitas da Silva
Professora Orientadora: Maria Poppe
Rio de janeiro
2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
3
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
DA PSICOPEDAGOGIA
O objetivo desta monografia é realizar
uma analise sobre as
Dificuldades de Aprendizagem,
através de uma visão psicopedagógica
sobre os fatos que levam ao sucesso ou
fracasso dos processos educativos
contemporâneos presentes em nossas
instituições de ensino
.
4
DEDICATÓRIA
Se hoje esta monografia existe é porque Solange Maria B.
Torres, existe presente em minha vida e contribuiu para que eu,
desde a minha formação até a minha pós-graduação, pudesse
acreditar que seria possível transformar o sonha em realidade. Em
nome desse sonho, fui até o fim.
Certamente, não poderia concretizar este sonho, sem a
cumplicidade da companheira, amiga, que no silêncio que a
própria cumplicidade exige, se fez ao meu lado.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço, ao amor, paciência extrema dedicação do projeto
“A Vez do Mestre” aos colegas da turma de psicopedagogia, que
muito incentivaram para que este sonho se realizasse, que nesta
caminhada não deixaram, que as dificuldades interrompessem este
sonho.
Agradeço a Deus, com a certeza de que, ele sempre esteve ao
meu lado nas horas possíveis e impossíveis.
6
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa teórica, bibliográfica que visa trabalhar com as
dificuldades de aprendizagem do Ensino Fundamental através do olhar da psicopedagogia.
Será elaborado um plano de trabalho especificando as fases do estudo e suas
dificuldades. Após a obtenção do material serão feitos alguns apontamentos em fichas de
conteúdo (cópia crítica e resumo). Após a análise do material pesquisado será feita uma
conclusão.
7
RESUMO
Trata-se uma pesquisa teórica bibliográfica que visa trabalhar com as dificuldades
de aprendizagem do ensino fundamental. Será elaborado um plano de trabalho especifico as
fases do estudo. A coleta de dados será feita através do uso de fontes (primárias e
secundárias), após a localização das fontes e obtenção do material serão feitos alguns
apontamentos em fichas de conteúdo (cópia crítica e resumo). Após a análise do material
pesquisado será feita a redação do relatório final.
Para que a aprendizagem amplie cada vez mais o potencial do educando, é
necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo em sua vida.
O aluno precisa ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo
conhecimento ou habilidade. Tanto quanto precisa, aquilo que é aprendido precisa ser
significativo para ele.
Para ser significativo, é necessário que a aprendizagem envolva raciocínio, análise,
imaginação e relacionamento entre idéias, coisas e acontecimentos, isto no ponto de vista
de uma criança normal, ou seja, sem nenhuma deficiência.
Quando isso acontece, percebemos o que chamamos de dificuldades de
aprendizagem, que é um fenômeno social caracterizado pela repetência (não aprendizagem
dos conteúdos escolares) e pela evasão escolar. Uma grande parte deste problema reflete ao
desequilíbrio social e emocional das relações existentes na família, já que a mesma é a
primeira unidade com a qual a criança tem, ou deveria ter, contato contínuo e é também o
primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de sociabilidade, padrões psicológicos e
conseqüentemente problemas sociais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO: 07
CAPÍTULO 1: 09
CAPÍTULO 2: 11
CAPÍTULO 3: 13
CAPÍTULO 4: 19
CAPÍTULO 5: 24
CAPÍTULO 6: 27
CONCLUSÃO: 32
ANEXOS: 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 40
9
ÍNDICE: 41
INTRODUÇÃO
Para mais de sete milhões de alunos que serão reprovados na escola, rotulados de
incapazes e obrigados a freqüentar novamente a série que acabaram de cursar, revendo os
mesmos conteúdos, inclusive os que já foram assimilados. E, o pior é que a história se
repete há décadas.
Os educadores sabem que não é bem assim, pois não só os alunos da classe popular
sofrem de dificuldades de aprendizagem, os da rede particular também. A dificuldade de
aprendizagem é mais elevada na rede pública, pois ali estudam alunos das classes populares
pobres, que possuem vários problemas no meio social em que vivem, acarretando um baixo
rendimento escolar levando assim a dificuldade no aprendizado do aluno. Na rede
particular de ensino, também existem alunos que possuem um baixo rendimento, levando a
dificuldade. Só que em um índice menor do que na rede pública, pois o ensino é mais
aplicado, os pais exigem muito da escola e a escola exige muito do aluno.
A dificuldade de aprendizagem não pode ser entendida apenas com um simples
problema individual, já que decorre também de um processo de seletividade social que
reflete na escola, colocando o aluno a margem do processo Educacional. Considera-se
dificuldade de aprendizagem uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência da escola.
A situação de aprendizagem deve ser analisada do ponto de vista social e
metodológico da escola, existem problemas orgânicos, psicológicos, sociais, ,físicos etc...
A proposta de educação para todos não é cumprida, o papel educacional é analisar e
assimilar os fatores que favorecem a dificuldades de aprendizagem na escola, a
aprendizagem deve ser vista, como atividades de cidadãos para o mundo.
10
A psicopedagogia surgiu como norteadora dos procedimentos necessários ao
trabalho com crianças que apresentam barreiras de aprendizagem, o objetivo é o
reconhecimento da capacidade da criança visando à retirada dos obstáculos que impedem a
mesma de aprender.
A analise do contexto, aprendizagem e o ensino estão em consonância para a
compreensão do processo de cada indivíduo, ou seja, para cada sujeito haverá um processo
singular, permeado por uma aprendizagem individual e social onde as estratégias de ensino
estarão de acordo ou desacordo.
A análise e compreensão referem-se à relação própria de criança com a
aprendizagem e a sua forma de aprender.
Para algumas crianças é preciso ter métodos especiais, algumas aprendem
brincando, desenhando, cantando ou em grupo.
Portanto o objetivo do estudo é: até que ponto a aprendizagem está relacionada à
metodologia do professor na escola, podendo utilizar meios de diminuir as dificuldades de
aprendizagem. No diagnostico das dificuldades do aluno, em geral recaem sobre o usuário,
ou seja, sobre o aluno e sua família. Sem dúvida essa é uma forma de isentar a escola e o
próprio sistema social da responsabilidade pela dificuldade de aprendizagem.
Sendo o professor o mediador principal para o sucesso do aluno, o mesmo ao
observar as dificuldades sofridas pelos alunos, ao invés de levantar sua alto-estima, acaba
rotulando-os, contribuindo cada vez mais para sua reprovação contínua desse aluno, e o
insucesso nas séries seguintes.
A falta de preocupação de profissionais, falta de material, enorme número de alunos
em uma só turma, faz da sala de aula um ambiente desanimador e uma menor chance de
implantar uma educação moderna para a realidade.
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CAPÍTULO 1
A Escola do 1º Segmento do Ensino Fundamental
1.1- Bases Legais
De acordo com a Lei de Diretrizes e bases da Educação Brasileira, Lei 9394/96. a
educação básica se divide em Ensino Médio (com 3 anos de duração), Ensino Fundamental
(com 8 anos de duração) e s Educação Infantil.
Da Educação Básica:
A Educação Básica tem o objetivo de desenvolver o aluno, garantir uma formação
boa para o exercício da cidadania e oferecer a eles condições parra evoluírem no trabalho e
em estudos posteriores.
A verificação do rendimento escolar observará a avaliação sucessiva e cumulativa
do desempenho do aluno, predominando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
dos resultados ao longo do ano, nas avaliações finais.
O currículo do Ensino Fundamental deve ter uma base comum, para acrescentar, em
cada base sistema de ensino e estabelecimento escolar, uma parte variada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
12
Devem incluir, obrigatoriamente, o Português e a Matemática, a Geografia e a História do
Brasil.
Além disso o assunto do currículo da Educação Básica deverá observar a
propagação de valores essenciais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de
respeito ao bem comum e a ordem popular. Abrangendo a orientação para o trabalho e as
considerações das condições de escolaridade dos alunos em cada instituição.
Do Ensino Fundamental:
O Ensino Fundamental, é obrigatório e gratuito na escola pública, tendo a duração
mínima dede oito anos e tem a finalidade de formar cidadãos através da progressão da
capacidade de aprender tendo o total domínio da leitura, da escrita e do cálculo.
A compreensão do ambiente em que vivem, da tecnologia, das artes e dos valores
básicos da sociedade, fazem com que o cidadão tenha uma boa formação.
O ensino Fundamental regular é ministrado em língua portuguesa, garantida as
comunidades indígenas o uso de suas línguas maternas e processos de aprendizagem
próprios.
A campanha escolar no Ensino Fundamental incluirá quatro horas de trabalho
permanente pelo menos, sendo vasto o período de permanência na escola sucessivamente.
O Ensino Fundamental será fornecido gradualmente em tempo integral, ficando a
critério de cada escola.
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CAPÍTULO 2
Segundo Perrenoud os dez domínios de competência reconhecida como prioritárias
na formação contínua dos professores são essas:
1. Organizar e coordenar as situações de aprendizagem;
2. Gerir a progressão das aprendizagens;
3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e trabalho;
5. Trabalhar em equipe;
6. Participar da gestão da escola;
7. Informar e envolver os pais;
8. Servir-se de novas tecnologias;
9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão;
10. Gerir sua própria formação contínua.
A grande maioria das crianças brasileiras chega à escola pela primeira vez aos sete
anos de idade. Introduzidas em classes numerosas e entregues a um adulto desconhecido,
iniciará um ritual de passagem da vida familiar para a vida escolar.
O desassossego de uma criança, nessas circunstâncias, deve ser lembrado a
estranheza de ser chamado pelo nome próprio, a dificuldade de organizar-se em filas, o
medo de ver uma porta fechada, não saber responder a perguntas incompreensíveis, ter que
se defender e ficar sentado por muitas horas e etc.
Quando os professores são carinhosos, flexíveis e disciplinadores moderados, os alunos
tendem a expressar seus sentimentos, participar bastante na sala de aula e mostrar-se
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independente. Um problema em avaliar essas constatações é que o afeto e a atenção são
qualidades que geralmente podem estar associadas a muitas variações no estilo de ensino.
Para os alunos do ensino fundamental, numerosos estudos de observações em sala
de aula, demonstram que os professores se comportam de maneira diferente com as
crianças. Alguns professores são mais amigos, sorriem com mais freqüência e mostram
mais sentimentos positivos para com os estudantes que consideram brilhantes do que para
com aqueles que julgam menos aptos. Quando um aluno do qual tem grande expectativa
falha, muitas vezes os professores repetem a pergunta, talvez lhe dando pistas para acertar a
resposta, isto é, o professor está sutilmente revelando suas considerações a respeito dos
alunos. A falha do estudante de alta expectativa decorre do esforço insuficiente, mas a
dificuldade de aprendizagem daquele que tem baixa expectativa deve-se a falta de
capacidade. Alguns professores interagem mais com os aluno de que possuem alta
expectativa, porquê estes iniciam mais interações com eles do que os de baixa expectativa.
Os professores procuram os estudantes de que tem baixa expectativa, especialmente
nas interações de ensino individuais. Nessa perspectiva é fundamental que ela assuma suas
responsabilidades.
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CAPÍTULO 3
O Problema
3.1- Apresentação do Problema
Final do ano, início de tormento. Para mais de sete milhões de brasileiros, os meses
de Novembro e Dezembro são sinônimos de pesadelo. É que eles serão reprovados na
escola, rotulados de incapazes e obrigados a freqüentar novamente a série que acabaram de
cursar, revendo os mesmos conteúdos, inclusive os que já foram assimilados. E, o que é
pior, a história se repete a décadas.
0,Em torno de 20% dos alunos do Ensino Fundamental de 1ª à 4ª série “rodam”,
“tomam pau”, “fracassam” muitos pela segunda vez ou terceira vez. Outros 4,5% se cansam
dessa situação absurda e engrossa uma estatística igualmente vergonhosa, a da evasão. No
total nove milhões de jovens, três vezes a população do Uruguai, deixa de aprender.
As idéias atualmente em vigor no Brasil e respeito das dificuldades de
aprendizagem escolar se manifestam predominantemente entre crianças, proveniente dos
segmentos mais empobrecidos da população. Isso é realmente uma verdade, para quem não
vive no meio educacional. Os educadores sabem que não é bem assim, não só os alunos da
classe popular da rede pública de ensino que sofrem o fracasso escolar, como também os
alunos da rede particular de ensino. O fracasso escolar é mais elevado da rede pública, pois
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ali estudam alunos da classe popular “pobre” que possuem vários problemas no meio social
em que vivem, acarretando um baixo rendimento escolar, levando ao fracasso. Na rede
particular de ensino, também existem alunos que possuem um baixo rendimento, levando
ao fracasso. Só que com um índice menos elevado que na rede pública, pois o ensino é mais
aplicado, os pais exigem muito da escola e a escola exige muito do aluno assim
constantemente o aluno terá um bom rendimento escolar.
O fracasso escolar não pode ser entendido como problema apenas individual, pois
decorre também de um processo de seletividade social que reflete na escola, colocando o
aluno a margem do processo educacional. Considera-se como fracasso escolar uma resposta
insuficiente do aluno a uma exigência da escola. A situação de ensino aprendizagem deve
ser analisada do ponto de vista social, educacional e centrada no comportamento do aluno.
No diagnóstico das dificuldades do aluno, deve se levar em conta esses fatores. As
explicações para altos índices de reprovação, em geral recaem sobre o usuário, ou seja,
sobre o aluno e sua família. Sem dúvida, essa é uma forma de insentar a escola e o próprio
sistema social da responsabilidade pelo fracasso escolar. Colocar a culpa no aluno pelo seu
fracasso é um processo conhecido como culpavilização da vítima.
É nas primeiras séries iniciais, que devemos estimular a criança, pois se dá o início
de uma vida escolar. O fracasso escolar da criança é mais elevado nas primeiras séries do
Ensino Fundamental, devida muitas vezes à entrada tardia na escola, a falta de
compromisso do educador para com seus alunos e assim essas crianças ficam sem estímulo
e acabam levando este estigma até o momento em que querem abandonar a escola, a
maioria dessas crianças pertencem às camadas populares e após repetirem uma ou mais
vezes a mesma série acabam saindo da escola analfabetas, com o rótulo de problemáticas,
preguiçosas e ignorantes, tudo isso por não se adaptarem a escola regular de ensino e sua
proposta pedagógica.
Sendo o professor o mediador principal para o sucesso do aluno, o mesmo ao
observar as deficiências sofridas pelos alunos, ao invés de levantar a sua auto - estima,
acaba rotulando-os, contribuindo cada vez mais para repetência contínua desse aluno e
insucessos nas séries seguintes.
Novas propostas vêm surgindo, porém os professores não têm condições de colocar
em prática o que aprenderam. Ora, esse sistema vem de anos, não é de agora. A falta de
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preocupação de profissionais, falta de material, enorme números de alunos em uma só
turma..., faz da aula um pouco desanimada e uma menor chance de implantar uma educação
moderna para a realidade, tornando-se cidadão e aumentando ainda mais o índice do
fracasso escolar.
Muitas vezes a causa do fracasso escolar, não está ligada a metodologia da escola e
sim as deficiências que certos alunos apresentam, como por exemplo: causas orgânicas,
psicológicas, sociais e físicas.
A proposta de Educação para todos, a escola tem apresentado levantamento de
diversas barreiras à aprendizagem e à participação que ocasionam o “fracasso” da mesma
diante de sua tarefa educacional.
A psicopedagogia vem atuando com muito sucesso nas diversas instituições, sejam
escolas, hospitais e empresas.
Seu papel é analisar e assimilar os fatores que favorecem, intervem ou prejudicam
uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos
favoráveis a mudanças, também psicoprofilaticamente.
A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos
humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de
experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as
quais revertem no manejo instrumental da realidade.
A palavra chave para que a escola consiga reverter o quadro do fracasso escolar é
intervenção. Intervenção para que a escola potencialize ao máximo a capacidade de ensinar
dos professores e a capacidade de aprender dos alunos.
A escola ao vislumbrar a potencialização das capacidades dos “agentes” no fazer
escolar, tem como suporte a intervenção psicopedagógica terapêutica presencial, como
elaboração de estratégias de ensino em conjunto com os professores, objetivando a
construção de um referencial epistemológico. Também, foco de intervenção
psicopedagógica a gestão escolar, trabalhando a liderança profissional do diretor e cada
membro de sua equipe. A gestão escolar tendo como alvo projetos educativos, através de
um processo participativo e com apoio positivo e contínuo aos agentes.
A psicopedagogia surgiu como norteadora dos procedimentos necessários ao
trabalho com crianças que apresentam barreiras à sua aprendizagem. Através de estudos nas
18
áreas da psicanálise, psicologia social e epistemologia genética, a psicopedagogia objetiva
o reconhecimento das capacidades da criança visando retirar o obstáculo que a impede de
aprender.
O estudo da psicopedagogia demonstra que não há uma relação causa - efeito sobre
os fatores que obstacularizam a aprendizagem, mas sim, há um contexto que envolve um
ser aprendente e o “objeto” a ser analisado e compreendido. Na análise do contexto, a
aprendizagem e o ensino estão em consonância para a compreensão do processo de cada
indivíduo. Ou seja, para cada sujeito haverá um processo singular, permeado por uma
aprendizagem individual e social onde as estratégias de ensino estarão de acordo ou
desacordo.
A análise e compreensão do contexto referem-se a relação da própria criança com a
aprendizagem (vínculo positivo/ negativo), a sua modalidade de aprendizagem, a dinâmica
da família a qual pertence à instituição escolar que se encarrega de seu processo de
aprendizagem sistematizado.
A instituição escolar caberia trabalhar com o processo de aprendizagem,
desenvolvendo habilidades de raciocínio lógico, solução de problemas, apropriação de
conhecimentos vitais ao indivíduo e a coletividade... Enfim, preparar o sujeito para o
futuro, baseando nos saberes passíveis de adaptação e atualização que as incertezas
provocam. Ou seja, trabalhar com o “como pensar” e não o “que pensar”.
Baseando-se na psicopedagogia institucional pôde-se observar quais os aspectos
que, pertencentes ao processo de “ensinagem”, estavam obstacularizando o processo de
aprendizagem de muitas crianças.
Torna-se difícil, num primeiro momento, citar os aspectos que podem se efetivar
como entraves à aprendizagem e à participação das crianças, pois, como cada processo é
individual (do ponto de vista do aluno), também será bastante particular a cada grupo (do
ponto de vista da instituição).
Portanto, o objeto de estudo é: Até que ponto o fracasso escolar no 1º segmento do
Ensino Fundamental, pode estar relacionado com a metodologia usada pelo professor na
escola e as deficiências orgânicas, psicológicas, sociais e físicas da criança e como a
psicopedagogia pode utilizar meios para diminuir e / ou solucionar esse fracasso escolar?
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3.2- Objetivo de Estudo
Objetivo geral
1- Compreender o fracasso escolar através da metodologia usada na escola e a
deficiência da criança;
2- Diagnosticar se a metodologia utilizada causa deficiência do aluno e
conseqüentemente causa o fracasso escolar do aluno;
3- Compreender o fracasso escolar através da psicopedagogia.
Objetivo específico
1- Enumerar as deficiências dos alunos através do conteúdo para eliminar o fracasso
escolar;
2- Verificar se a metodologia utilizada pelo professor na escola está causando uma
deficiência nos alunos;
3- Explicar as deficiências dos alunos observadas através da avaliação;
4- Verificar a causa do fracasso escolar através do olhar da psicopedagogia;
5- Sugerir procedimentos para a escola visando a diminuição do fracasso escolar.
3.3- Questões de Pesquisa e Hipóteses
Questões de pesquisas
1- Qual o conteúdo utilizado para eliminar o fracasso escolar?
2- Qual a metodologia utilizada na escola?
3- Como são feitas as avaliações?
4- Quais as causas do fracasso escolar?
5- Quais os procedimentos que devemos aplicar para saber o tipo de fracasso escolar?
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6- Qual o trabalho do psicopedagogo frente ao fracasso escolar?
Hipóteses
Há – O fracasso escolar da criança matriculada no ensino fundamental pode estar
relacionado com a metodologia usada na escola e a deficiência da criança.
Ho – O fracasso escolar da criança matriculada no ensino fundamental não pode estar
relacionado com a metodologia usada na escola e a deficiência da criança.
3.4- Variáveis
VI 1- Metodologia utilizada na escola.
VI 2- A deficiência da criança / fracasso escolar da criança.
VD- O olhar da psicopedagogia frente ao fracasso escolar.
3.5- Operacionalização de Termos
FRACASSO ESCOLAR – É uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência da escola.
METODOLOGIA UTILIZADA NA ESCOLA – É o método utilizado pelos professores
para ensinar o conteúdo.
DEFICIÊNCIA DA CRIANÇA – É o problema que o aluno vai enfrentar no decorrer do
ano letivo para obter aprendizagem.
PSICOPEDAGOGIA – Analisar e assimilar os fatores que favorecem, intervem ou
prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição.
3.6- Limitações Delimitações de Estudo
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Limitou-se ao estudo do fracasso escolar no processo ensino/ aprendizagem do
Ensino Fundamental e o olhar da psicopedagogia frente ao fracasso escolar.
CAPÍTULO 4
Psicopedagogia e a Dificuldade de Aprendizagem
Uma vez que as dificuldades de aprendizagem são definidas como problemas que
interferem no domínio de habilidades escolares básicas, estas só podem ser formalmente
identificadas quando uma criança começa a ter problemas escolares. Entretanto, o que tal
prática significa, na realidade, é que as crianças com dificuldade de aprendizagem
geralmente precisam enfrentar suas dificuldades por anos, antes de ser feito um esforço
intensivo para descobrir o melhor meio de ajuda-las. Infelizmente quanto mais tempo uma
dificuldade de aprendizagem permanece sem reconhecimento, mais provável é que os
problemas de um aluno comecem a aumentar. Frustração e o embaraço por causa do fraco
desempenho começa a destruir a motivação e a auto confiança da criança. As expectativas
são reduzidas e o entusiasmo pela educação é perdido.
Um dos aspectos mais difíceis de uma criança que tem dificuldade de aprendizagem
é que seu comportamento é errático. Em alguns momentos, elas são competentes (até
mesmo excepcionalmente capazes), mais em outros parecem totalmente perdidas. A
memória é uma área na qual a inconsistência, normalmente, é mais óbvia, as crianças com
dificuldade de aprendizagem recordam alguns tipos de informações muito melhor que os
outros, as pesquisas indicam que o problema está no ingresso de informações na memória,
uma vez que estas tenham ingressado, a maioria das crianças com dificuldade de
aprendizagem podem recordar tão bem quanto aos outras, isso é bastante fácil de
compreender. Alguns pais tentam entender como uma criança, pode recordar toda a letra de
22
uma canção popular que já ouviu, mas não onde deixou sua jaqueta nova; ou como um
estudante que lembrou de fazer os deveres de casa (e passou três horas nisso) pode, depois,
esquecer de leva- lo para a aula.
Uma criança com dificuldades de aprendizagem pode ser capaz de desenhar bem,
mas não escrever claramente, por exemplo, ou pode ser muito boa em corridas, saltos e
escaladas, mas ser incapaz de jogar bola. Uma criança que aprende a ler sozinha antes da
escola, pode ter problemas para contar quatro garfos ou colheres, ou pode falar de forma
brilhante, mas considerar impossível colocar as palavras no papel. Esse tipo de
comportamento, contudo é típico do desenvolvimento cerebral desigual.
Alguns pais percebem que as crianças com dificuldades de aprendizagem
funcionam melhor em casa que na escola. Provavelmente, o caso de crianças que precisam
de tempo adicional para processar as informações, precisam de instruções individualizadas.
Se as crianças estão tendo problemas constantes para completar testes ou trabalhos no
tempo alocado, necessitam que suas instruções sejam reformuladas, para explicar o que
sabem, isso também é um indicador, de que pode haver uma dificuldade de aprendizagem e
de que é hora de buscar uma avaliação.
Não se trata de querer que uma criança se transforme em gênio, a partir do nada, ou
que hipertorfie. Trata-se de reestruturar o sistema psicológico, podemos utilizá-la para a
reorganização do sistema, utilizando rotas diferentes.
4.1- Dificuldades de Aprendizagem da Leitura
Baseado na teoria de (Cuetos,1991) Behrmann. Se for considerado que os fatores
responsáveis estão nos processos implicados na leitura, o enfoque cognitivo seria o mais
adequado.
Posto que há concepções diversas que incluem fatores muito específicos na origem
das dificuldades da leitura, como incapacidade para criação de imagens gestálticas, um
enfoque de intervenção psico educativa centrada nesses aspectos seria o pertinente. Por
outro lado é fazendo abstração das concepções que se tenha sobre as origens das
dificuldades da leitura, existem programas de ensino da leitura que são “ateóricos”, se é que
23
isto é possível, ou são ecléticos, tanto no sentido pejorativo como no sentido positivo de
“ecletismo dinâmico e em processo”.
Para referirem-se à possibilidade de construir uma psicologia da deficiência visual,
falam de um ecletismo dinâmico e em processo de integração entre seus elementos.
Uma ilustração disso é o desenvolvimento recente de diversas tentativas de aplicar
os princípios dos enfoques sócio-histórico-culturais no ensino da leitura, que incluiria
contribuições ecológicas, interdisciplinares, Vygotskianas, etc. Nos últimos anos tornaram-
se pródigas as publicações neste enfoque nas revistas “Infância e Aprendizagem” e
Linguagem e Educação.
4.2- Dificuldade de Aprendizagem da Escrita
Baseado na teoria de Lisa Strick. As dificuldades de aprendizagem da escrita ou
disgrafias poderiam ser conceitualizadas nos seguintes termos; trata-se de casos que sem
nenhuma razão aparente, manifestam-se dificuldades da escrita no contexto de uma
inteligência normal, bom ambiente familiar e sócio - econômico, escolarização correta,
normalidade na percepção e na motricidade , e suspeita-se que o défict esteja em alguma
disfunção na área da linguagem. Além disso, as áreas não lingüísticas funcionam
adequadamente, como por exemplo, em raciocínio ou cálculo numérico. Igualmente é
comum observar as dificuldades da escrita associada as da leitura, as vezes, se fala de
dificuldades da leitura e escrita ou de dislexias-disgrafias, ainda que, de alguma forma se
apresentem dissociadas.
As características das disgrafias são a apresentação de déficts no planejamento da
mensagem e na construção da estrutura sintática, ainda que o transtorno nuclear seja de
natureza lingüística nos processos léxicos, seja na rota ortográfica (ou direta ou visual), seja
na rota fonológica (ou indireta), quando o défict predominante ocorre na rota ortográfica,
falamos da disgrafia superfícial. Quando o défict predominante ocorre na rota fonológica,
falamos da disgrafia fonológica. O habitual é encontrar dificuldades em ambas as rotas,
com confusão de grafemas-rotas fonológicas e com muitas falhas de ortografia-rota
ortográfica.
24
O atraso na escrita, por sua vez, tem outras conotações, posto que seja possível um
mal funcionamento em alguns dos métodos, sobre tudo, nos processos léxicos da mesma
forma que nas dificuldades da escrita ou disgrafia, a origem do atraso é diferente e deverá
encontrar-se em escolarização inadequada, escassa motivação e, sobre tudo, baixa
motivação de aproveitamento, baixa inteligência ou ambiente familiar inadequado ou
desfavorável. Já vimos , nas definições de dificuldade de aprendizagem, como todos esses
fatores, podem prejudicar a criança.
4.3- Dificuldades de Aprendizagem da Matemática
Baseado na teoria de Donders (Stermberg, 1969). As dificuldades de aprendizagem
da matemática, costumam manifestar nas pontuações baixas na escola, assim como nas
habilidades visorperceptivo-motoras e viso-espaciais que tão pouco se acham alteradas. As
que se mantém alteradas são as habilidades motoras finas nas dificuldades de aprendizagem
da matemática da criança. As habilidades de planejamento e de memória não verbal das
crianças com dificuldades da matemática não diferem das normais, o que lhes diferencia
das que aparecem com mais facilidade de aprendizagem.
Portanto, os problemas relacionados com o hemisfério direito do cérebro parece que
são superáveis ou ao menos compensados por outras vias, ainda pendurem as dificuldades
na conceitualização aritmética. Nesse sentido, é interessante lembrar como Piaget postulava
– matizando as críticas que lhes eram feitas antes a evidência de que muitas crianças não
resolviam as tarefas normais, que toda pessoa pode chegar ao pensamento formal, mas em
seu campo de especialização.
No caso das dificuldades da matemática, ao desenvolver habilidades verbais ou
inclusive compensar as viso–espaciais e viso-motoras, poderia chegar ao pensamento
formal, o que lhe permitiria resolver muitos tipos de problemas. A questão se complica ao
desconhecer-se o papel da ansiedade crescente com o desenvolvimento que as crianças têm
em relação à matemática e que é preciso estudar no futuro, é provável que a história
de uma contínua frustração nesse tipo de tarefas tenha desenvolvimento, um
25
condicionamento aversivo que atuaria de forma limitante em tarefas que não seriam
propriamente matemáticas, mas que teriam certa ”relação” com os números.
Um aspecto – chave a considerar nas dificuldades de aprendizagem da matemática
em crianças, é a presença cada vez maior de problemas de ansiedade matemática e de
transtornos sócio-emocionais, aspectos que deveriam ser investigados, como também o
papel que ele possa continuar ocupando em relação aos rendimentos na matemática, sobre
tudo nos estudantes.
26
CAPÍTULO 5
A Importância do Estudo da Linguagem
Baseado na teoria de Belinchon (Valle, 1992). A linguagem interessa à psicologia
como conduta, no entanto, a linguagem sendo uma conduta a mais, apresenta duas
características importantes: a linguagem é comunicação e a linguagem é representação. A
linguagem traz possibilidades novas à conduta, pois supera a necessidade de realizar a
conduta direta, permitindo níveis simbólicos e de representação, ocupando um papel- chave
em toda conduta cognitiva. Entretanto, o interesse da linguagem como conduta existe
enquanto conduta comunicativa.
Inicialmente, a criança desenvolve um duplo processo, que pode ser conceitualizado
numa dupla teoria; uma teoria de mente e outra instrumental. A criança pode atuar
diretamente sobre os objetos (conduta instrumental) ou pode usar algum tipo de
intermediários sociais ou condutas comunicativas, seja com fins instrumentais ou
imperativos (teoria instrumental), seja com fins informativos ou de declarar ou comentar
algo com o interlocutor (teoria da mente). Esse duplo desenvolvimento avança e prolonga-
se ao longo dos anos em múltiplas formas.
Há condutas que tem relação com a teoria da mente, implicam captar intenções dos
outros, os desejos, os pensamentos, as mensagens não verbais, os duplos sentidos, a ironia,
as metáforas, etc. Ao contrário, as condutas que têm relação com a teoria instrumental não
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implicam a atribuir intenções aos outros, mas simplesmente considerar o valor ao conteúdo
instrumental. Ocorre que, muito precocemente, esse duplo desenvolvimento se entrelaça,
sobrepõe e interage, potencializando-se mutuamente.
Nas crianças normais, ou inclusive em crianças com atraso no desenvolvimento,
observam-se ambos paralelamente. Existem, não obstante, algumas patologias em que esse
desenvolvimento se separa, continuando o desenvolvimento da teoria instrumental mas não
o da teoria da mente.
Vygotski expõe de um modo diferente. Inicialmente, a conduta infantil é guiada
pela fala do adulto, depois será guiada pela fala externa da própria criança, até converter-se
em fala interna ou fala para si em forma de fala sub-vocal, e passar a ser pensamento ou
linguagem externa. O pensamento não é senão a linguagem interiorizada, é, portanto, de
natureza social em essência.
Para Piaget, a linguagem é, primeiro, egocêntrica e não socializada para,
posteriormente socializar-se.
Vygotski entende que o pensamento não seja o prioritário, ainda que seja em forma
de ação, mas que o prioritário é a natureza social e externa do pensamento, precedente da
fala ou linguagem interiorizada.
Com a conduta comunicativa que se realiza através da linguagem é,
fundamentalmente, convencional ou discursiva, é esse aspecto o que se obtêm uma atenção
especial. Trataremos de analisar as intenções comunicativas, as funções que exercem, assim
como o contexto onde se produz, posto que se condiciona a comunicação. Igualmente,
posto que se comunicam intenções, o conhecimento prévio sobre as intenções ou
pressuposições que se quer transmitir, são as chaves para o estabelecimento da
comunicação.
Inicialmente, aparecem diversos sons ou vocalizações, que se tornam cada vez mais
organizados, mas dos quais desconhecemos a importância no desenvolvimento posterior.
Incidem na orientação do comportamento seletivo da criança frente às pessoas, uma vez
que são estímulos especiais. Outro aspecto importante a considerar, nas dificuldades de
aprendizagem da linguagem em relação a aquisição dos diversos componentes, esta
relacionado as diferenças individuais em relação à aprendizagem, integração, ritmo de
aquisição, etc. Posto que se dão muitas diferenças individuais na aquisição da linguagem,
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devemos discriminar essas variações; culturais, sócio-ambientais, de diferentes níveis
cognitivos dentro da normalidade intra e interpadrões da linguagem, etc., das dificuldades
da aprendizagem propriamente ditas. Isso estabelece um debate muito interessante, há
tempo, trata-se de um atraso ou, mais exatamente, de um desvio.
A dificuldade da aprendizagem também é um fator muito importante. Em função
dos fatores etiológicos considerados responsáveis pela origem das dificuldades de
aprendizagem da leitura em função dos enfoques teóricos explicativos das mesmas, assim
será orientada a intervenção, pois é fato importante.
Se for considerado que a dificuldade de aprendizagem da leitura originam-se por
fatores sensoriais, o tipo de intervenção pertinente será a otimização dos aspectos
maturativos e de habilidades prévias, tal como se enfocou tradicionalmente e que ainda
persistem .
Se forem considerados os processos condutuais de dificuldade de aprendizagem,
como responsáveis pela dificuldade de leitura, se tratará de modificá-los à partir de
colocações da modificação de conduta.
Se forem considerados que os fatores responsáveis pela dificuldade de
aprendizagem da leitura, relacionam-se com o desenvolvimento da linguagem, será sobre
este ponto que se deverá agir.
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CAPÍTULO 6
Influências Ambientais
Embora as dificuldades de aprendizagem sejam causadas por problemas
fisiológicos, a extensão em que as crianças são afetadas por elas freqüentemente é decidida
pelo ambiente no qual vivem. As condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a
diferença entre uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante.
Portanto, a fim de entendermos as dificuldades, plenamente, é necessário compreendermos
como os ambientes familiares e escolares das crianças afetam seu desenvolvimento
intelectual e seu potencial para aprendizagem.
6.1- Ambiente Familiar
O ambiente familiar exerce um importante papel para determinar, se qualquer
criança aprende bem ou mal. Um intenso conjunto de pesquisas tem demonstrado que um
ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptáveis e muito dispostos
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a aprender, mesmo entre crianças cuja saúde ou inteligência foi comprometida de alguma
maneira.
Um estudo a longo prazo de órgãos mentalmente retardados, por exemplo,
descobriu que o Q.I. de crianças adotadas por famílias de inteligência normal subia
mensuravelmente, enquanto a inteligência daquelas que permaneciam nas instituições, na
verdade, declinava com o passar dos anos. Embora o grupo institucionalizado
permanecesse com uma educação insatisfatória e com subempregos, a maior parte das
crianças adotadas terminava com ensino médio, outras avançavam ate a universidade.
As crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a sua vida tendem a
ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si mesma. Essas crianças
buscam ou encontram modos de contornar as deficiências, mesmo quando são bastante
graves. Embora, tenham dificuldade de aprendizagem, elas vêem a si mesma como
basicamente competentes e bem sucedidas. Ao contrário, as crianças que foram privadas de
ambientes estimulantes nos primeiros anos enfrentam muitos obstáculos desanimadores,
mesmo quando não apresentam tais deficiências. Esses jovens, em geral, adquirem mais
lentamente as habilidades cognitivas básicas.
Os estudantes têm demonstrado reiteradas vezes que os alunos emocional e
academicamente prontos, ao começarem o jardim de infância, permanecem próximos ao
topo em suas classes, ,até o termino da escolarização.
Enquanto as crianças que entram na escola com problemas sociais são cognitivos
significativos raramente conseguem igualarem-se as outras, mesmo com auxilio especial.
Os alunos com dificuldade de aprendizagem normalmente usam as áreas em que são
mais fortes para compensarem áreas de fraqueza, mas aqueles que não tiveram níveis
adequados de estímulo e apoio têm bem menos áreas de recursos as quais recorrem. Alem
disso, esses estudantes são menos persistentes que outras crianças, quando encontram
problemas. Os professores observam que elas antecipam o fracasso, parecendo desistir
antes de começar.
Existem, muitos aspectos do ambiente familiar que podem prejudicar a capacidade
de uma criança para aprender. As que não obtém nutrição alimentar ou sono suficiente,
obviamente sofrerão em sua capacidade para aprender. O mesmo ocorre com crianças que
enfrentam problemas de saúde, devido a fraca higiene ou cuidados médicos abaixo do
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aceitável. As crianças criadas por pais ou responsáveis que falam mal tendem a ter atraso
no desenvolvimento da aprendizagem. Os alunos cuja família não consegue oferecer-lhes
os materiais necessários, não são motivados a estudar, encontram dificuldades de
aprendizagem.
A verdade é que muitos alunos são vitimas de suas escolas, para a criança com
dificuldades, a rigidez na sala de aula é fatal. Para progredirem, tais alunos devem ser
encorajados a trabalhar a seu próprio modo, porquê não tem apoio dos pais.
6.2- Ambiente na Escola
Se forem colocados com um professor inflexível sobre tarefas e testes, materiais
desnecessários a suas necessidades, eles serão reprovados.
Dessa forma, o ambiente escolar inapropriado pode levar até mesmo as mais leves
deficiências a tornarem-se grandes problemas.
As crianças com dificuldades freqüentemente têm problemas em mais de uma área.
Sem a maneira correta de incentivar e de apoiar, essas crianças deixam rápido de crer em si
mesmas e em suas possibilidades de sucesso, elas simplesmente deixam de tentar.
Eventualmente, à resistência a aprendizagem pode tornar-se a maior parte dos problemas da
criança na escola, uma deficiência bem pior que a aprendizagem original e mais difícil de
ser superada.
Muitos alunos têm a necessidade de um ensino diferenciado do cotidiano da escola,
alguns conseguem aprender melhor, quando são feitas atividades em sala de aula ou fora da
mesma, seu rendimento aumenta, presta atenção, participa das atividades e consegue
aprender. Alguns alunos precisam de apoio e atividades paralelas aos estudos, para
incentivá-los.
Os professores precisavam de ter condições de freqüentarem cursos, para melhor
tentar resolver as dificuldades de seus alunos, em alguns casos de problemas psicológicos,
não resolvidos e não detectados, termina causando grandes problemas de aprendizagem.
Baseado na teoria de (Garcia, Jesus Nicaso, 2003). A escola e o professor
compartilhado com a família, trabalham com a aprendizagem do aluno num processo que
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não acaba nunca, aprende-se sempre. Alem do mais, aprender não é uma propriedade
exclusiva do aluno: o professor também aprende.
Quando falamos em aprender, entendemos: buscar informações, rever a própria
experiência, adquirir novos conhecimentos, desenvolver habilidades, adaptar-se as
mudanças, descobrir os sentidos das coisas, dos fatos dos conhecimentos e etc...
Todo processo de aprendizagem precisa ser acompanhado por um profissional, a
aprendizagem se faz num processo contínuo, pois deverá fornecer dados ao aluno para levar
adiante o processo de aprendizagem.
Toda aprendizagem precisa ser embasada em um bom relacionamento entre os
elementos que participam do processo.
No processo de ensino-aprendizagem, o aluno é o sujeito e construtor do processo.
A aprendizagem envolve sempre alguma mudança de comportamento ou de situação, e isto
só acontece na pessoa do aprendiz. Dessa forma ou o aluno aprende, ou ninguém aprenderá
por ele.
Chamamos de estratégia os meios que o professor se utiliza para facilitar a
aprendizagem, para os objetivos daquela aula, ou de todo curso seja alcançado pelos seus
participantes. Para nós as estratégias incluem toda a organização de sala de aula, que
facilita a aprendizagem do aluno.
Há muito tempo a didática vem estudando e pesquisando as questões de
aprendizagem, organizando e sistematizando conhecimentos e usando-os para desenvolver
a prática nas escolas.
No entanto, a didática não pretende ficar apenas na teoria, ela aplica os
conhecimentos que produz para resolver problemas e questões que surgirem no dia a dia da
escola e do espaço de aula.
Interessa a didática tudo que o aluno aprende na relação com o professor e com o
grupo (classe), bem como o processo de aprendizagem através do qual isso ocorre.
Por aprendizagem estamos entendendo o desenvolvimento de pessoa como um todo:
inteligência., afetividade, padrões de comportamento moral, relacionamento com a família,
com o bairro, coordenação motora, etc...
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O aluno está em contínua evolução e fazendo parte de história de seu povo, de sua
nação. O processo de aprendizagem se desenvolve em três dimensões: humana, política-
social e técnica.
O processo de aprendizagem se realiza através do relacionamento interpessoal muito
forte entre alunos e professores, alunos e alunos, enfim, entre alunos, professores e direção.
Cria-se, assim, um clima afetivo, responsável, em muitos aspectos, pelo processo de
aprendizagem. Esta dimensão humana do processo interessa muito de perto à didática,
mesmo que em alguns momentos de sua história esta dimensão tenha sido completamente
esquecida.
A aprendizagem é um processo intencional, isto é, orientado por objetivos a serem
alcançados por seus participantes. Interesse a esse processo que os alunos consigam
aprender bem o que se propõe, através da sua organização e de condições apropriadas.
A vivencia nos remete à vida e esta trás consigo a conotação de realidade. Então,
quando nos referimos à aula como vivencia, queremos destacar a necessidade de integração
das diferentes atividades escolares com realidade.
Assim, ,a sala de aula é o espaço aberto que deve oferecer e estimular a presença, o
estudo do aluno: de suas idéias, crenças, de suas relações no bairro, cria-se uma interação
contínua, entre a realidade externa do aluno, entre mundo interno e externo.
Se a vida invade a sala de aula, além do desenvolvimento de habilidades e de
conhecimentos, podem ser trabalhados conflitos, alegrias, avanços e retrocessos,
expectativas e esperanças.
34
CONCLUSÃO
Tendo traçado o cenário da dificuldade de aprendizagem, a questão de educar com
decisão e responsabilidade, destacando questões da escola, da família e do professor,
algumas transferências se fazem necessárias.
Na verdade, o educador não tem total domínio e controle do que está transmitindo.
Transmite conteúdo e valores, mas muitas coisas ele pode estar passando nas entrelinhas,
que vêm do inconsciente, como, por exemplo, um descontentamento com a profissão.
Ocorrendo uma relação transferencial entre professor e aluno, este pode transferir para o
professor afetos dirigidos ao pai. Assim, no caos de não se relacionar bem com seu pai, não
se dará bem com esse professor independentemente do esforço do professor para conquistar
esse aluno. Isso porquê a relação transferencial é inconsciente. Da mesma forma, o
professor pode transferir uma serie de questões suas, inconsciente, para o aluno.
O que diz respeito a transferência, é fundamental colocarmos que ela pode acontecer
com professores, que ocupam o lugar de modelos, uma vez que herdam em todos os
encontros entre duas pessoas, naquilo a que Freud chamou de transferência.
O professor tem que trabalhar a questão da onipotência. Tem que saber que existe
um inconsciente entre o professor e o aluno, alem da relação consciente que ele pode
controlar e que depende da sua vontade. O aluno transfere para o professor a figura de
autoridade e bate de frente contudo que essa figura de autoridade representa. O professor
acaba sendo o depósito de transferências desse aluno, e se frustra.
Como a mãe tem suas expectativas em relação ao filho, supondo que a criança é
muito mais do que de fato é, expectativas essas que ajudam a suportar o trabalho com a
criança, o professor precisa ter suas expectativas em relação ao aluno para suportar o
trabalho pedagógico. Assim, não pode ser cético, agnóstico, melancólico ou depressivo,
pois, o aluno precisa é de paixão, esperança, empolgação. Deve transmitir aos educadores a
esperança de que podem ser melhores do que são. E os alunos vêm em busca disso.
Portanto, professores são herdeiros da relação dos pais com os filhos. É sobre a
transferência que se assentam os trabalhos escolares. Em decorrência se não se estabelecer
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nada parecido com a relação transferencial, não se dá à aprendizagem, pois o aluno aprende
por amor, e quando se diz que é sobre a transferência que se dá o conhecimento, referindo-
se o aluno transfere para o professor, por causa disso, aprende.
Em suas aulas, Maria Cristina Kupfer diz que primeiro se deve pensar na
transferência do professor em relação ao aluno. Assim como o analista arruma o sentido /
rumo a fala, ao professor cabe dar o rumo da aula.
Criança que tira o professor de seu lugar de educador e coloca no lugar de aluno,
como diz Leandro de Lalonquière em suas aulas: a escola fica em torno de uma suposição
delirante de que todos podem, ,é só querer. A escola tem que começar como uma espécie de
esperança desmedida e inflacionária.
Para fazer frente a esse problema, os professores precisam estar seguros de seu
papel e não ficar hesitantes para tomar decisões. Têm que se responsabilizar por aquilo que
decidem e não temer colocar limites para as ações dos alunos e de suas famílias, pois o
ambiente escolar é diferente do familiar e na escola não é a família que deve decidir. Há
que se resgatar a autoridade docente.
Na escola, o professor somente poderá fazer a educação transitar entre o proibir e o
permitir, quando não estiver destituído da posição de autoridade, enquanto estiver
sustentando a diferença ele e o aluno, diferença que tem a ver com a instituição.
A criança que transfere para o professor segundo Vygotski, a questão do pai
biológico que é repressor, está em fase de testar autoridade, bater de frente, e faz isso com o
professor que não têm nenhum problema com ele.
É preciso que o educador saiba que espera, com sua postura e objetivo, despertar o
desejo de saber do aluno, mas que esse desejo é despertado não só por questões
conscientes, mas inconscientes, que fogem do controle desse professor, que exerce seu
oficio e, por baixo, há alvo da ação transferencial; o educador está abalizado por esse tipo
de demanda e, inconscientemente, há o ganho narcísico; esse reconhecimento do seu eu-
professor.
Como a criança de hoje geralmente, não tem com os pais uma relação de disciplina,
de diferenciação, também não tem com o professor. Há, entoa que se pensar nas colocações
de Freud a cerca da impossibilidade da educação. Diz que o impossível é o universal, a
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educação, pois não existe a certeza universal. O que existe é uma educação que se revela
possível depois que acontece.
Não há uma educação livre de repressão, já que esta é constitutiva, isto é, as
restrições morais não surtiriam efeito se não houvesse uma disposição do psiquismo a
impedir toda a satisfação. As esperanças de uma civilização feliz e mais sadia através de
uma educação menos repressora revelaram-se uma grande ilusão.
A impossibilidade da educação não está na aprendizagem, mas na tentativa de
controle do processo educativo. Aquilo que se aprende e se elabora no ato educativo está
para alem da previsão e domínio dos professores, para alem do pretenso ajuste psicológico
da relação, pois se encontra submetido às leis que regem o psiquismo humano, dentre elas a
transferência.
A educação se processa no interior da ação educativa, o educador não pode ignorar
a tradição, se não vai querer educar a partir do nada, e não vai conseguir. Ele precisa repor
no cenário que cada um tem que fazer a sua parte, a da criança é ser aluno e aprender por
amor, respeitando a autoridade do professor que educa com amor e dedicação.
Pautados nos princípios pedagógicos e psicopedagógicos que norteam os
educadores, há cada vez mais a necessidade de ampliar suas técnicas e conhecimentos.
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Anexos
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• MASETTO, Marcos Tavares, ,1937. Didática: A aula como centro. 4º ed. São
Paulo. FTD, 1997 (Coleção aprender e ensinar).
• SCHLIEMAN, Analúcia Dias, Na vida dez, na escola zero. 11º ed. São Paulo.
Cortez, 2001
• GARCÍA, Jesus Nicaso, Manual de dificuldades de aprendizagem: Porto Alegre,
Artes Médicas, 1998.
• FREUD, A Dinâmica da Transferência. Volume 11º. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
• ALVES, Nilda, O sentido da escola: São Paulo, FTD, 2001.
• GARCÍA, Jesus Nicaso, Alunos Rotulados: Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.
• MARANHÃO, Diva Nereida, MARQUES Machado, Ensinar Brincando, Rio de
Janeiro: WAK, 2003, 2º ed.
• GOULART, Alcides, O Que Rola na Escola, Rio de Janeiro, 2002, NEW WAY.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO 1- A ESCOLA DO 1º SEGMENTO DO ENSINO
FUNDAMENTAL 09
1.1- Bases Legais 09
CAPÍTULO 2- SEGUNDO PERRENOUD 11
CAPÍTULO 3- O PROBLEMA 13
3.1- A Apresentação do Problema 13
3.2- Objetivo de Estudo 16
3.3- Questões de Pesquisa e Hipóteses 17
3.4- Variáveis 18
3.5- Operacionalização de Termos 18
3.6- Limitações e Delimitações de Estudo 18
CAPÍTULO 4- PSICOPEDAGOGIA E A DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM 19
4.1- Dificuldades de Aprendizagem da Leitura 21
4.2- Dificuldades de Aprendizagem da Escrita 22
4.3- Dificuldades de Aprendizagem da Matemática 23
40
CAPÍTULO 5- A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA
LINGUAGEM 24
CAPÍTULO 6- INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS 27
6.1 Ambiente Familiar 27
6.2 Ambiente na Escola 29
CONCLUSÃO 32
ANEXOS 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40
ÍNDICE 41