Diferenças de Gênero

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Ciências Humanas 568 DIFERENÇAS DE GÊNERO NO COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO DE CRIANÇAS DE DOIS ANOS DE IDADE. Tatiana M. Schmidt, André O. Costa, Luciano Lorenzatto e Tânia M. Sperb (Departamento de Desenvolvimento e da Personalidade-Instituto de Psicologia-UFRGS). A atividade exploratória é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo da criança. A literatura tem mostrado que há uma seqüência com relação aos vários tipos de exploração que finaliza quando se inicia o brinquedo. No segundo ano de vida, a atividade exploratória caracteriza-se por uma ênfase na manipulação, enquanto que os comportamentos visuais e táteis aparecem em menor intensidade. Contudo, essa atividade ainda é pouco pesquisada, e a maioria dos estudos envolve crianças entre cinco e dez anos de idade. Além disso, nesses estudos, o fator gênero e a questão do desenvolvimento não são contemplados. Nessa pesquisa, portanto, procura-se investigar a atividade exploratória de meninos e meninas, desencadeada por objetos não-familiares, visando explicitar a seqüência dos diferentes tipos de comportamentos exploratórios e a passagem destes comportamentos para o início do brinquedo simbólico. A amostra constituiu-se de 14 crianças com 24 meses de idade, 7 do sexo feminino e 7 do sexo masculino. As crianças foram filmadas por 10 minutos, no Laboratório do Brinquedo da UFRGS, enquanto brincavam com objetos não-familiares na presença de sua mãe. Na análise dos comportamentos apresentados pelas crianças, consideraram-se as categorias de exploração visual, tátil, manipulatória e verbal, e o brinquedo simbólico. Verificou-se que as crianças exploraram mais do que brincaram. Com relação à exploração, a atividade manipulatória mostrou-se predominante, corroborando os estudos anteriores. Quanto às diferenças de gênero, encontrou-se que as meninas exploraram visual, tátil e verbalmente o dobro do tempo dos meninos. Nestes, predominou a atividade manipulatória. Não foram observadas diferenças de gênero no que se refere ao tempo do brinquedo. Esses resultados contribuem para o conhecimento dos aspectos cognitivos das crianças de dois anos. (CNPq/UFRGS). 227

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Cincias Humanas 568 DIFERENASDEGNERONOCOMPORTAMENTOEXPLORATRIODECRIANASDEDOIS ANOS DE IDADE. Tatiana M. Schmidt, Andr O. Costa, Luciano Lorenzatto e Tnia M. Sperb (Departamento de Desenvolvimento e da Personalidade-Instituto de Psicologia-UFRGS). A atividade exploratria de fundamental importncia para o desenvolvimento cognitivo da criana. A literatura tem mostrado que h uma seqncia com relao aos vrios tipos de explorao que finaliza quando se inicia o brinquedo. No segundo ano de vida, a atividade exploratria caracteriza-se por uma nfase na manipulao, enquanto que os comportamentos visuais e tteis aparecem em menor intensidade. Contudo, essa atividade ainda pouco pesquisada, e a maioria dos estudos envolve crianas entrecincoedezanosdeidade.Almdisso,nessesestudos,ofatorgneroeaquestododesenvolvimentonoso contemplados. Nessa pesquisa, portanto, procura-se investigar a atividade exploratria de meninos e meninas, desencadeada por objetos no-familiares, visando explicitar a seqncia dos diferentes tipos de comportamentos exploratrios e a passagem destes comportamentos para o incio do brinquedo simblico. A amostra constituiu-se de 14 crianas com 24 meses de idade, 7 do sexo feminino e 7 do sexo masculino. As crianas foram filmadas por 10 minutos, no Laboratrio do Brinquedo da UFRGS, enquanto brincavamcomobjetosno-familiaresnapresena de sua me. Na anlise dos comportamentos apresentados pelas crianas, consideraram-se as categorias de explorao visual, ttil, manipulatria e verbal, e o brinquedo simblico. Verificou-se que as crianasexplorarammaisdoquebrincaram.Comrelaoexplorao,aatividademanipulatriamostrou-sepredominante, corroborandoosestudosanteriores.Quantosdiferenasdegnero,encontrou-sequeasmeninasexploraramvisual,ttile verbalmente o dobro do tempo dos meninos. Nestes, predominou a atividade manipulatria. No foram observadas diferenas de gnero no que se refere ao tempo do brinquedo. Esses resultados contribuem para o conhecimento dos aspectos cognitivos das crianas de dois anos. (CNPq/UFRGS). 227