QLQT Faculdade de Saúde Pública – USP Diego Mendes Rodrigues [email protected].
Diego e o mar
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Alunos do 2º /3º anos
Diego e o mar – uma aventura
Ilustrações: Alunos
Escola Básica nº 1 de Nogueira
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Diego vive num casebre, junto ao mar. Vive com os seus pais e irmãos, Bianca e Mateus,
naquela humilde casa. O pai é pescador e a mãe ajuda-o nas lides do mar. As três crianças estudam
na escola da vila. Cardumeira é uma vila de pescadores, pequena, mas muito bonita. As traineiras a
flutuarem à beira mar são o postal de visita da vila.
O mar fascina Diego, que passa horas a fio a contemplá-lo e a imaginar como é o fundo do
mar: navios piratas e os seus tesouros, algas a pairar, ilhas de corais a embelezar o ambiente,
cardumes com peixes multicores...
Depois das aulas acabarem, pelas dezasseis horas, Diego senta-se no areal e o seu olhar
vagueia pelo horizonte e admira-se com a imensidão do mar, o mar sem fim. O reflexo do sol na
água do mar é de uma beleza rara! O menino absorve aquela paisagem maravilhosa e inspira aquele
ar com sabor a maresia. Aquele momento é só dele! Traz-lhe paz e serenidade, uma tranquilidade
muito sentida.
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Bianca espreitava o irmão. Amava profundamente a família, mas aquele irmão era especial.
Tem um temperamento muito brincalhão e é muito curiosa.
- Diego... Diego... posso sentar-me a teu lado? - pediu, ternurenta, Bianca.
- Podes, mas está caladinha! Estou a dialogar com o mar - respondeu o irmão.
- Estás o quê? - perguntou, pois os seus cinco aninhos ainda não entendiam tudo.
- Estou a dialogar, a conversar com o mar... - explicou Diego.
- An?... Ah!... admirou-se Bianca, rindo em seguida.
- Também quero conversar com o mar! - exclamou a menina.
Sentou-se bem juntinho ao irmão e, em silêncio, os dois irmãos contemplam o mar. Nos seus
rostos desenham-se sorrisos abertos, tal era a alegria que estavam a sentir. Que momento
maravilhoso!
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De repente, lá ao longe, alguma coisa estava aos saltos. A atenção dos irmãos centrou-se,
agora, naquele espetáculo.
Eram peixes-voadores, verdadeiros acrobatas, que mostravam aos dois meninos as suas
habilidades.
- Parece que estão a representar para nós, Bianca! - murmurou Diego.
Bianca ficou em silêncio e o irmão continuou:
- São peixes-voadores a brincar ao circo...
- Chiu! Cala-te! Eles estão a rir... interrompeu Bianca admirada.
- Ah! Pois é!... exclamou Diego maravilhado.
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Nesse instante, aparece o Mateus a correr atrás da sua bola. Menino franzino, mas com
muita energia quando se trata de praticar desporto, principalmente futebol, seu desporto preferido. A
bola faz parte de todos os momentos da sua vida. Para onde vai, leva a bola consigo. Os garotos do
bairro até lhe chamam o “Mateus da bola”. Os irmãos, para o gozarem, dizem que o Mateus quando
for velho vai “ bengalar” a bola. Já não poderá chutar, então bengala.
Encontra os irmãos distraídos e com toda a força chuta a bola. Só se ouve um sonoro aiiiiiiii!
A bola foi bater, precisamente, na cabeça do Diego, que lhe lança um olhar furioso. Mateus
desculpa-se mas o irmão dá-lhe um sermão, pois sabe que ele fez de propósito. Bianca não pára de
rir, sabe que Mateus nem pensou duas vezes para pregar uma partida ao irmão mais velho.
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Perante a má disposição de Diego, o irmão traquina resolve ir jogar à bola junto de casa.
Diego e Bianca continuam a contemplar as brincadeiras dos peixes-voadores, mas estes foram
desaparecendo um a um. Foi, então, que repararam que uma traineira se aproximou demasiado dos
peixes e os afugentou.
Bianca desanimada pela finalização do espetáculo, levantou-se, fez um carinho no irmão e
regressou a casa. Passou por Mateus, que continuava aos pontapés à bola, abanou a cabeça, como a
pedir-lhe que não repetisse a brincadeira que tanto aborreceu Diego.
Diego permaneceu no areal e imaginou-se, novamente, no fundo do mar na companhia dos
peixes-voadores. O seu pensamento percorre todos os recantos do mar, toda a beleza aquele mundo
encerra.
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Uma forte ondulação ergueu-se diante dos olhos do Diego, que se levanta assustado.
- Diegooo... Diegoooooo... - ouviu-se como se de um eco se tratasse.
Espantado, Diego não respondeu. O seu pensamento correu veloz e desordenado. Beliscou-
se para ter a certeza que estava acordado. Um peixe-voador está a falar com ele. O que é isto?
- Diego... Uh! Uh! Diegoooo... - repetiu o peixe.
- Deus meu! Ele fala... - gaguejou o menino.
- Tem calma, sou teu amigo, não te faço mal... não tenhas medo! - sossegou-o o peixe.
- Meu amigo, porquê? - perguntou Diego ainda admirado.
O peixe-voador respondeu-lhe então:
- Tu és amigo do mar e de todas as espécies marinhas. És um defensor da Natureza e um
bom menino. Mas também és muito curioso! Por isso, vim perguntar-te se gostavas de visitar o
fundo do mar.
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- Sim!... mas espera... os peixes não falam... - disse Diego ainda um pouco gago.
- Tens razão, mas nós temos um dom especial que permite falarmos a língua humana...
apenas com alguns homens... só com aqueles que, como tu, respeitam a vida e constroem o amor -
explicou-lhe o peixe-voador.
- Ah!... mas eu não respiro debaixo da água e não tenho fato de mergulhador nem oxigénio -
observou Diego.
- Não vai ser necessário, nós temos um fato excelente, feito de algas e outras plantas
marinhas, que serve para estas ocasiões - respondeu-lhe o peixe, acalmando-o.
- Basta um fato para eu mergulhar e andar sem problemas no fundo do mar? - questionou-o.
- Sim amigo, basta o fato... confia... - Serenou-o o amigo peixe.
- Está bem! Combinamos para amanhã depois da escola - disse Diego animado.
- Até amanhã Diego, está descansado, prepara-te para uma grande aventura! - exclamou o
peixe.
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Depois de um bonito mergulho, o peixe-voador foi contar a novidade à sua família e amigos.
Diego estava maravilhado e já se imaginava no fundo do mar a observar a paisagem
marítima, que ele calculava ser poderosa e mágica. Depois pensou que o fundo do mar podia estar
poluído e maltratado, como acontece na terra. Afastou os pensamentos negativos e foi contar a boa
nova à Bianca e ao Mateus.
- Mas não é perigoso! - perguntou Bianca receosa.
- Não... o peixe-voador tem um fato especial para mergulhar - sossegou-a o irmão.
- E se te aparece um tubarão, aqueles devoradores de homens, e come-te - disse Mateus ao
mesmo tempo que fazia gestos de arrepiar.
- Cala-te Mateus... que mau! - exclama Bianca assustada. Assim assustas o Diego! És
mesmo um desmancha prazeres...
Mateus lançou uma gargalhada e calou-se. Mas no seu rosto podia ler-se alguma
preocupação.
- Não se preocupem, eu estou protegido pelo fato e pelo meu amigo - respondeu Diego
tranquilo.
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No dia e hora marcados, os dois amigos encontram-se. Diego vestiu o fato especial, feito de
algase outras plantas marinhas, entrou no mar e preparou-se para mergulhar.
Segurou na barbatana do amigo e em seguida deram um belo mergulho. O menino
aventureiro nem queria acreditar, começara a sua aventura no fundo do mar. Ia desfrutar cada
minuto, cada segundo e gravar na sua memória aquele acontecimento magnífico.
Durante o mergulho, o peixe-voador informou Diego que primeiro iria apresentar a sua
família. O menino concordou, pois estava curioso em conhecê-la.
Diego viu-se, então, diante de um bonito cardume e admirou a beleza dos seus novos
amigos. Lembrou-se que não sabia o nome do seu amigo e perguntou:
- Amigo peixe, eu não sei o teu nome. Como te chamas?
- Nós somos peixes-voadores, não temos um nome próprio - explicou o peixe.
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- Ai é!... E eu posso dar-vos um nome próprio? - interrogou Diego.
- Sim, seria muito interessante... - respondeu o peixe.
- Tu...tu...tu... podes chamar-te... Ivan - propôs o menino.
- Está bem, é bonito! - aceitou Ivan.
- A tua esposa, pode ser... Ísis... Agora os teus filhotes... Aponta com a barbatana e eu digo
um nome - sugeriu Diego.
Assim foi, o peixe-voador tocava num filho com a barbatana e o menino dava-lhe um nome.
- Ari... Lucas... Jade... Luna... Ânia... Freddy... gostas Ivan? - perguntou Diego.
- Muito! - respondeu o peixe divertido.
- Este pode ser Enzo... Bia... Sol... Princesa... Pérola... Ivo... Benny... Uiii!... são muitos, não
consigo arranjar nome para todos! - exclama Diego, exausto.
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Todos riram e felizes rodearam o menino, batendo as palmas com as barbatanas. Diego
sentiu-se mais animado e riu também. Durante uns segundos umas boas gargalhadas soaram do
fundo do mar e fizeram borbulhar as águas de Cardumeira.
- Agora vais conhecer o nosso habitat? - propôs um dos filhotes que Diego, como é natural,
já não se lembrava do nome.
- Boa ideia! - gritou o cardume em simultâneo.
- Habitat? - interrogou Diego.
- Sim, o nosso habitat... é o meio onde vivemos - esclareceu Ísis docemente.
Diego e Ivan iniciaram a visita e o cardume seguiu-os em grande algazarra. Pelo caminho
foram encontrando outros cardumes e iam trocando algumas ideias. Enquanto observava a paisagem
o rapaz perguntou:
- Ivan, vejo algas de tantas cores, porquê? Verdes, vermelhas... castanhas...
- Diego, as algas verdes crescem perto da superfície para melhor captarem a luz.
- As castanhas ou as vermelhas possuem uma substância capaz de absorver os raios solares
a maiores profundidades - explicou Ivan.
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- Ah!,,,, olha ali uma alface... Há alfaces no fundo do mar? - admirou-se Diego.
- É chamada alface-do-mar porque as folhas destas algas parecem-se com as vossas alfaces -
esclareceu o sábio peixe.
- Uiiii!... e aquelas fitas castanhas? - questionou o menino.
- São algas castanhas, chamadas laminárias, podem atingir trezentos metros de comprimento
e crescer quarenta e cinco centímetros por dia - informou Ísis, também ela com muitos
conhecimentos.
- Ivan... Ivan... olha aqueles peixes tão coloridos... que lindos! - observou Diego.
- São peixes dos recifes de coral, realmente, têm cores fantásticas - explicou Ísis.
- Porque é que uns peixes são tão coloridos e outros não? - questionou Diego.
- Porque a cor tem relação com o meio onde vivem. É por isso que os peixes dos recifes
multicores têm todas as tonalidades do arco-íris - elucidou a amiga Ísis.
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Os amigos continuaram a sua exploração. Diego observava com atenção tudo o que o
rodeava. Ivan, com a sua barbatana, apontou para umas grutas e disse:
- Repara naquelas grutas cobertas de algas... naquela mora uma família de polvos. Sabias
que estes moluscos marinhos como meio de defesa possuem a capacidade de largar tinta, de
camuflagem e autotomia dos seus braços. Os braços desprendem-se do corpo e assim confundem os
predadores e conseguem fugir.
- Sim!... é como as lagartixas... libertam o rabo quando estão em perigo! - exclamou Diego
deliciado com o que estava a aprender.
- Aquela ali, serve de abrigo a anémonas-do-mar, parecem flores mas, na realidade, são
animais marinhos e perigosas. Quando algo lhes toca, elas libertam um veneno que paralisa as
vítimas – explicou Ivan.
- É como as alforrecas... lembrou o menino, estremecendo.
- Exato... tem cuidado, afasta-te das alforrecas, elas produzem um líquido que em contato
com a pele provoca queimaduras... tu tens o fato que te protege, mas mais vale prevenir... –
comentou o peixe.
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Diego seguia ordeiramente as indicações do seu amigo e atentamente absorvia cada
informação. Não é todos os dias que se visita o fundo do mar. Não tinha dúvidas que era um
espetador privilegiado daquele mundo admirável. Por vezes, sentia-se triste, quando deparava com
lixos de toda a espécie a poluir o mar. O que sentiam os seres marinhos ao ver o seu habitat tão
poluído? O menino interroga o cardume que mostra uma certa tristeza.
Ísis manifestou revolta pela falta de cuidado que os homens revelam na preservação da
Natureza e reclamou:
- Sabes Diego, o homem acha-se o maior e o mais inteligente dos seres, mas devia ser mais
consciente e responsável e procurar defender o que de mais belo temos, a Natureza. Tudo o que o
rodeia é importante para a sua vida. Contudo, não defende, nem protege a vida dos outros seres,
nem a sua. Nós sofremos com o vazamento de resíduos tóxicos, o vazamento do petróleo que
provoca as marés negras, as pescas excessivas, enfim... com um cem número de excessos que
prejudicam a nossa vida e provoca, por exemplo, a extinção das barreiras de corais que são
fundamentais para certas espécies e para a proteção das vossas costas.
O menino escuta com atenção as lamentações dos amigos, balançando com a cabeça e
concordando com o que é dito. Ele sabe que tudo aquilo é a pura verdade. Depois de um curto
silêncio, Diego concluiu:
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- Sabem, isso não acontece só com o mar, também na terra sofremos com os mesmos
problemas.
- Nós sabemos!... – concorda Ísis – cabe-vos a vós, que ainda estão a crescer, semear o amor
pelos outros seres, pela Natureza. Tratar todos com carinho, respeito e responsabilidade. Serem
conscientes e entender que o mundo é um local para todos os seres vivos e que lutar pela harmonia
e preservação é um dever de todos e não só alguns.
- Exato!... exato!... – exclama Ivan – podes tornar-te o nosso mensageiro e transmitires aos
seres humanos as nossas preocupações.
- Sim amigos, posso dedicar-me a esta causa e procurar que outras pessoas se unam e lutem
por esta causa tão nobre. Farei tudo para transmitir a mensagem o mais longe possível – prometeu
Diego, emocionado.
- Obrigado, amigo da Natureza! – exclamou o cardume.
- Obrigado, digo eu! Nunca na vida me senti tão grato pela possibilidade de viver esta
aventura. Foi maravilhoso! Agora tenho que regressar ao meu mundo, para que os meus pais e
irmãos não fiquem preocupados. Posso visitar-vos mais vezes? – perguntou Diego muito
entusiasmado.
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Um sonoro SIM ouve-se por todo o lado. Foi um dia magnífico e todos se sentiam felizes!
Diego voltou à praia acompanhado pelos seus amigos peixes, que ainda fazem algumas
acrobacias para se despedirem do seu amigo humano. Despiu o fato especial, acenou aos amigos e
correu para casa apressadamente. Tinha que contar à família a incrível experiência que viveu.
Sentados no chão, em círculo, pai, mãe e filhos escutaram com atenção a aventura de Diego.
Concordaram que deviam fazer alguma coisa para ajudar os peixes-voadores. Depois de muitas
trocas de ideias, resolveram formar um grupo que se chamaria “Amigos da Natureza”.
Decidiram transmitir a mensagem na escola, na rua, em todos os locais por onde passassem.
Criaram um bonito cartaz que fixaram no exterior da sua humilde casinha, onde se lia:
“Associação amigos da Natureza”
Junta-te a nós.
Unidos lutaremos por um mundo melhor.
Diego, Mateus, Bianca e família
Agora, amiguinhos que escutaram esta história, esperamos por todos vós, divulguem a
nossa mensagem e tornem-se amigos do mar, da terra e do ar, sejam “Amigos da Natureza”.
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Para construir o nosso livro tivemos que trabalhar muito e pesquisar em:
- Enciclopédias
- Dicionários
- Internet
Também conversamos com a nossa família para termos muitas ideias e transmiti-las na
sala de aulas. A boa participação de cada um permitiu que se criasse este livro.
Foi uma experiência incrível que nunca esqueceremos.
Alunos do 2º/3º ano – Turma T6
Ano letivo 2012/2013