DIDÁTICA DO ENSINO DE LINGUA...

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    DIDTICA DO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA

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    DIDTICA DO ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA

    REGINA CELI MENDES PEREIRA

    Caros alunos,

    Esta disciplina vai tratar de questes mais diretamente ligadas prtica docente. A esta altura do

    curso, em que vocs j entraram em contato com diferentes reas de estudos da lngua portuguesa, torna se

    necessrio refletir e receber um direcionamento sobre como trabalhar a mobilizao dos saberes tericos

    visando transposio didtica desses saberes.

    Farei, inicialmente, uma breve retrospectiva histrica da didtica no cenrio pedaggico, situando o

    campo de alcance dessa disciplina e suas implicaes no processo de ensino aprendizagem.

    Em seguida, focalizo os diferentes paradigmas de ensino aprendizagem e sua relao especfica com

    o ensino de lngua portuguesa, foco de nossas reflexes. Nesse momento, sero retomadas algumas noes j

    discutidas em outras disciplinas, s que, agora, mais direcionadas prtica docente. Tal enfoque nos conduzi

    r, necessariamente, a considerar o espao da sala de aula e as implicaes do papel do professor e dos alunos

    nesse ambiente de aprendizagem. Sero abordados, portanto, os desafios e necessidades que esto associa

    dos complexidade do agir do professor frente de um evento to importante como a conduo de uma aula,

    em especial, a de lngua portuguesa.

    Uma das grandes dificuldades da formao inicial, e tambm da continuada, reside no tratamento

    dado transposio didtica de modo a fornecer as condies para uma efetiva articulao entre teoria e pr

    tica. Nesse sentido, procuro fornecer aos alunos parmetros de atuao, usando como recurso a elaborao

    de sequncias didticas voltadas para o ensino da leitura, da escrita e da anlise lingustica.

    Concluirei nossas reflexes, apresentando a proposta integradora dos projetos interdisciplinares co

    mo forma de abordar os contedos previstos no currculo numa perspectiva de letramento, que extrapole o

    carter transmissivo e mecnico das prticas pedaggicas tradicionais.

    Dessa forma, espero contar com o envolvimento e contribuio de todos no sentido de construirmos

    caminhos e alternativas para a nossa prtica docente.

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    UNIDADE I

    BREVSSIMO HISTRICO DA DIDTICA

    Ao longo de nossa existncia, temos acesso a diferentes contextos formais e informais de educao.

    Vivemos em sociedade, e desde o incio da civilizao, ensinamos uns aos outros, aprendemos uns com os

    outros, numa troca extremamente produtiva para o desenvolvimento da coletividade e tambm de nossa indi

    vidualidade. Os processos educativos se desenvolvem em duas direes: em uma perspectiva mais ampla,

    temos a dimenso social que caracteriza a transmisso de saberes, conhecimentos, normas, costumes, valores

    repassados de gerao a gerao, responsveis pela construo scio histrica das diferentes sociedades; na

    perspectiva individual, o processo educativo se caracteriza pelo desenvolvimento e transformao das capaci

    dades cognitivas e comportamentais do ser humano. Nas duas perspectivas, porm, o fator social est presen

    te porque tambm as transformaes individuais so acionadas pela troca e pela interao social.

    Do ponto de vista da educao formal, a escola se apresenta como o espao legtimo que vai propor

    cionar a construo de conhecimentos e promover o desenvolvimento e a formao dos indivduos. Nesse

    contexto educacional, as relaes de ensino e aprendizagem passam a ser sistematizadas e, nessas condies,

    requerem uma abordagem filosfica e cientfica.

    Segundo Regina Haydt (2006, p.13),

    A pedagogia o estudo sistemtico da educao. a reflexo sobre as doutrinas e os sistemas

    de educao. A Didtica uma seo ou ramo especfico de Pedagogia e se refere aos conte

    dos do ensino e aos processos prprios para o conhecimento. Enquanto a Pedagogia pode

    ser conceituada como a cincia e a arte da educao, a Didtica definida como a cincia e a

    arte do ensino.

    Observem que essa definio apresenta uma diferena entre Pedagogia e Didtica: a primeira consi

    derada como arte da educao e a segunda, como arte do ensino. O que diferencia, ento, a educao do en

    sino? Em outras palavras, entende se a Pedagogia como uma rea mais ampla que contempla, inclusive, con

    textos no institucionais de educao, relacionados s condies de formao das pessoas (cf. BRONCKART,

    2008). A Didtica, por outro lado, como representativa do processo formal de educao, refere se s condi

    es de transmisso dos conhecimentos.

    Na dimenso do espao escolar, em que o ensino formal se institucionaliza, o papel do professor ga

    nhou um destaque fundamental devido funo que ele exerce nesse contexto. importante esclarecer que a

    prtica do professor em sala de aula se respalda em concepes tericas de ensino aprendizagem e, no nosso

    caso, tambm de lngua e de linguagem. Na verdade, toda e qualquer prtica docente reveladora de uma

    determinada opo terico metodolgica. Ou seja, o como ensinar, o como fazer sempre antecedido por

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    uma reflexo terica mais complexa que justifica e fundamenta as tomadas de deciso do professor. Por essa

    razo, faz se necessrio conhecer os modelos tericos de ensino aprendizagem para que possamos identificar

    em nossa prtica pedaggica nossas filiaes tericas.

    De acordo com Regina Haydt (op. cit., p.14), pode se dizer que desde a antiguidade at o incio do

    sculo XIX predominou nas prticas escolares uma aprendizagem do tipo passivo e receptivo. Nesse tipo de

    aprendizagem, a compreenso desempenhava um papel muito reduzido. Em linhas gerais, essa concepo,

    na poca defendida por Aristteles, defendia que o ser humano podia ser modelado de acordo com as infor

    maes e os conhecimentos assimilados. Ainda na antiguidade clssica, outro filsofo, Scrates, posicionou se

    contra o princpio de que o conhecimento algo transmitido, defendendo que o ser humano, quando bem

    orientado e estimulado, descobre que traz consigo um conhecimento interior que o habilita a compreender o

    mundo que o cerca.

    Sculos mais tarde, outro grande terico da educao Joo Amos Comenius (1592 1670), deixou nos

    como legado sua obra Didtica Magna (1632), revolucionria para a poca e que exerceu grande influncia

    sobre a prtica docente. Segundo Haydt (2006, p.17), os procedimentos a serem adotados pelo professor na

    viso de Comenius so:

    1. Apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstrao, pois o aluno aprende atravs dos sentidos,

    principalmente vendo e tocando.

    2. Mostrar a utilidade especfica do conhecimento transmitido e a sua aplicao na vida diria.

    3. Fazer referncia natureza e origem dos fenmenos estudados, isto , s suas causas.

    4. Explicar primeiramente os princpios gerais e s depois os detalhes.

    5. Passar para o assunto ou tpico seguinte do contedo apenas quando o aluno tiver compreendido o anterior.

    Mais modernamente, no cenrio brasileiro, o grande educador Paulo Freire (1921 1997), reconheci

    do mundialmente, notabilizou se pela valiosa contribuio aos estudos em alfabetizao ao lanar uma pro

    posta que contrariava a abordagem tradicional da cartilha, que veio a ser reconhecida como mtodo Paulo

    Freire. A rea de atuao/influncia do educador extrapola, no entanto, os limites do processo inicial de aqui

    sio da escrita e passa a ter repercusso nas prticas educativas em sua dimenso filosfica, poltica e histri

    ca. Segundo Paulo Freire, todo ato de educao um ato poltico, o que justifica o seu interesse na educao e

    conscientizao de jovens e adultos operrios, caracterizando um movimento conhecido como Pedagogia da

    Libertao.

    Quando fazemos uma retrospectiva dos modelos de ensino aprendizagem desenvolvidos nos sculos

    passados, constatamos que os paradigmas cientficos e filosficos exerceram grande influncia em vrias reas

    de produo de conhecimento, a exemplo da Psicologia, Pedagogia, Lingustica e que, inevitavelmente, passa

    ram a interferir nas relaes entre professor e aluno e a condicionar a prtica docente.

    Podemos, ento, destacar trs grandes paradigmas de ensino aprendizagem, alguns dos quais se ori

    ginaram na antiguidade clssica, mas se desenvolveram ao longo do sculo passado, estendendo seus reflexos

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    at os dias atuais. So eles: o Behaviorismo, o Construtivismo e o Sociointeracionismo, os quais sero aborda

    dos de forma abreviada mais adiante. Esses paradigmas foram decorrncia de reflexes desenvolvidas nos

    domnios comuns dos questionamentos em Filosofia e Psicologia, mas tambm, posteriormente, na Linguisti

    ca, que, em meados do sculo passado, acabara de se firmar como cincia.

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    UNIDADE II

    PARADIGMAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

    Behaviorismo

    Burrhus Frederic Skinner

    Behavior uma palavra inglesa que significa comportamento. Esse vocbulo foi incorporado pela lngua portuguesa por meio do sufixo ismo.

    O Behaviorismo pode ser melhor compreendido como uma anlise experimental do comportamento

    humano, na qual se controlam os efeitos do condicionamento nas aes e reaes dos indivduos. Os tericos

    mais representativos dessa corrente da Psicologia foram os norte americanos John Broadus Watson (1878

    1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904 1990), ambos norte americanos. Uma das principais teses dos compor

    tamentalistas refere se ao condicionamento que o estmulo exerce no comportamento do indivduo, projetan

    do uma determinada reao/resposta. Ao ser deslocada dos laboratrios de Psicologia, j no perodo ps

    guerras (1945/1960), essa perspectiva teve uma forte acolhida no contexto educacional de uma sociedade que

    se tornava mais e mais industrializada, na medida em que se apresentava como forte aliada na moldagem de

    indivduos que fossem teis para as demandas de uma nova forma de organizao social. Segundo Silva

    (2005), as tcnicas de ensino programado e de modificao de comportamento foram as maiores contribui

    es de Skinner.

    Assim, essa corrente influenciou diretamente o contexto educacional e as prticas pedaggicas de

    senvolvidas naquele perodo e nos anos que o sucederam. Em determinadas realidades, inclusive, essas influ

    ncias ainda permanecem atuais e direcionam a prtica de muitos educadores. Um exemplo disso so as ativi

    dades mecnicas, repetitivas, que visam ao alcance de objetivos de ensino aprendizagem com base na trans

    misso de contedos pr fixados: memorizao de datas, definies, terminologias, conceitos, frmulas etc.

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    Alguns princpios do Behaviorismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar:

    1. Definio rgida de papis: o professor ensina e os alunos aprendem.

    2. As aulas so essencialmente expositivas.

    3. A posio dos alunos em relao construo de conhecimentos de passividade. O professor quem defi

    ne os resultados esperados.

    Construtivismo

    Jean Piaget

    Contrariamente ao Behaviorismo, o Construtivismo defende que o conhecimento, como o prprio

    nome indica, construdo e no apenas reproduzido. Nessa perspectiva, cujo representante, por excelncia,

    o bilogo suo Jean Piaget (1896 1980), a criana, em seu processo de desenvolvimento, vai construindo seus

    prprios esquemas de aprendizagem por meio de um processo ativo de assimilao, acomodao e adaptao

    da realidade.

    O Construtivismo apresenta se como uma teoria do desenvolvimento cognitivo do ser humano que

    procura explicar como evoluem os processos mentais que vo caracterizar a evoluo do pensamento e do

    raciocnio lgico. O pensamento passa por quatro fases (sensrio motor; pr operatrio; operrio concreto e

    operatrio formal) at chegar ao seu estgio pleno de maturao. Em sua origem, essa teoria no foi concebi

    da como um mtodo educativo, nem tampouco a epistemologia piagetiana foi originalmente identificada por

    construtivismo. Foi s posteriormente, que uma discpula de Piaget, a psicloga argentina Emlia Ferreiro, rela

    cionou esses princpios tericos aos estudos desenvolvidos com crianas em fase inicial de apropriao da

    leitura e da escrita, a partir da, a proposta construtivista de ensino aprendizagem foi se popularizando, mas

    tambm no pretendia ser identificada como um mtodo. No entanto, contribuiu para a formulao de pro

    postas para a alfabetizao.

    Alguns princpios do Construtivismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar:

    1. aluno no centro do processo educativo;

    2. A autonomia do aprendiz;

    3. O conhecimento no est pronto, mas construdo na interao entre o sujeito aprendiz e o objeto do co

    nhecimento;

    4. O professor no transmissivo e respeita as fases de desenvolvimento do aluno.

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    Sociointeracionismo

    Lev S. Vygotsky

    O sociointeracionismo, assim como os dois paradigmas anteriormente apresentados, no se constitui

    como uma metodologia, e sim como uma teoria explicativa do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Um

    de seus mais expressivos idealizadores foi o bielo russo Lev S. Vygotsky (1896 1934) que, ao longo de sua curta

    existncia, morreu aos 38 anos de idade, desenvolveu uma carreira brilhante: professor de literatura, fillogo,

    advogado, psiclogo e mdico. Apesar de sua extensa produo acadmica, as suas ideias s passaram a ter

    ampla divulgao aqui no Brasil a partir da dcada de oitenta.

    Vygotsky foi contemporneo de Piaget e, apesar de reconhecer a grande contribuio piagetiana aos

    estudos sobre o desenvolvimento cognitivo das crianas, discordava do bilogo suo em alguns aspectos. A

    principal discordncia residia no enfoque dado ao carter biolgico do desenvolvimento, o qual, segundo Vy

    gotsky, negligenciava a importncia fundamental do componente scio histrico no processo de desenvolvi

    mento cognitivo do indivduo. Para Vygostsky, qualquer abordagem psicolgica que considerasse aspectos

    mentais e biolgicos, sem levar em conta o fator social que responsvel pelo processo de internalizao das

    representaes do mundo (linguagem, valores, normas), torna se reducionista uma vez que no contempla

    todos os aspectos constitutivos da formao humana. O desenvolvimento cognitivo do ser humano no de

    corrente apenas da maturao de seus estgios de inteligncia, independentemente do contexto e das rela

    es partilhadas com outros indivduos. Nesse processo, a alteridade constitutiva do individual.

    Outro ponto de discordncia terica entre os dois autores, que est mais relacionado s questes de

    carter pedaggico, refere se s implicaes da aprendizagem no desenvolvimento da criana. Para Vygotsky,

    o aprendizado se antecipa ao desenvolvimento, enquanto que para Piaget, necessrio que a criana atinja os

    nveis previstos de desenvolvimento (estgios), a fim de que ela consiga ativar os respectivos esquemas de

    aprendizagem.

    nesse ponto que temos acesso a uma das mais significativas contribuies de Vygotsky para a rea

    educacional: a noo de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Vygotsky (1984/1930) defende a existncia

    de dois nveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O primeiro (NDR) indicativo das atividades que a

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    criana pode realizar sozinha, sem a ajuda de um par mais experiente. Tem se, nesse caso, uma viso

    retrospectiva do desenvolvimento em torno de um aprendizado j adquirido.

    O nvel de desenvolvimento potencial (NDP), por sua vez, corresponde quele em que a criana s

    realiza determinada atividade com a ajuda de um par mais experiente, o que para o autor mais indicativo do

    seu desenvolvimento mental do que o desenvolvimento real, j que considerado prospectivamente, ou seja,

    voltado para o que ele pode vir a realizar. E finalmente, a distncia que separa esses dois nveis de

    desenvolvimento chamada de zona de desenvolvimento proximal. O aprendizado, portanto,

    responsvel por ativar a ZDP.

    De forma similar, em crianas normais, o aprendizado orientado para os nveis de

    desenvolvimento que j foram adquiridos ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da

    criana. Ele no se dirige para um novo estgio do processo de desenvolvimento, mas, ao invs disso,

    vai a reboque desse processo. Assim, a noo de zona de desenvolvimento proximal capacita nos a

    propor uma nova frmula, a de que o bom aprendizado somente aquele que se adianta ao

    desenvolvimento (VYGOTSKY, 1984/1930, p. 116 117).

    A figura, apresentada a seguir, uma tentativa de expor visualmente o processo de

    deslocamento entre o nvel de desenvolvimento real e o potencial

    Nveis de desenvolvimentocognitivo

    Resoluo de problemassem ajuda de outro

    NDReal

    Resoluo de problemascom a ajudade outro.

    ZDP Indicativo do

    verdadeiropotencial do aluno

    NDPotencial

    Figura 1

    Essas noes ganham um destaque especial nas prticas pedaggicas por duas razes: a primeira,

    por enfatizar que o conhecimento construdo nas interaes sociais; a segunda, por salientar o papel do

    professor como mediador nesse processo de construo. Tais concepes, desde que sejam efetivamente

    assimiladas, passam a interferir diretamente na ao docente, no modo como ele conduzir suas atividades

    de ensino em sala de aula, ou seja, em sua didtica. Os professores que adotam uma perspectiva

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    sociointeracionista de ensino aprendizagem procuram atuar sempre na ZDP do aluno, na medida em que, ao

    oferecer lhes atividades desafiadoras, proporcionam tambm as condies para que possam interagir com os

    outros colegas e professores na construo do conhecimento.

    Alguns trabalhos mais recentes (cf. GES, 2001; ROJO, 2001) tm questionado o estatuto de harmo

    nia atribudo ZDP na teoria vygotskiana. Para esses crticos, o conflito est presente na sala de aula e no foi

    previsto nem elaborado por Vygotsky. Sabemos que as relaes entre professor aluno so geralmente confli

    tantes, assim como o so quaisquer relaes humanas. O conflito constitutivo da natureza do ser humano,

    por essa razo no acreditamos que ele no tenha sido previsto por Vygotsky. A sua proposta aponta mais

    para a reflexo sobre a importncia da mediao humana no favorecimento do aprendizado, ou seja, da ne

    cessidade de o professor desenvolver estratgias interativas que proporcionem condies efetivas de constru

    o de conhecimento, ainda que no sejam necessariamente harmnicas.

    Ges (2001, p. 86 87), ao investigar a dinmica de interaes na construo do conhecimento reali

    zadas em uma sala de aula da pr escola, constatou que:

    [...] a noo de ajuda do outro tem a fora de ilustrao e uma referncia generalizada

    mediao social, enquanto a idia central seria a de uma necessria participao, de

    qualquer natureza, do outro, nas experincias de aprendizagem e no desenvolvimento do

    indivduo. Desse modo, a proposio de desenvolvimento proximal pode ser vista, sobretudo,

    como tendo um valor heurstico para a investigao dos processos humanos, no esforo de

    entendermos a constituio recproca dos processos individuais e sociais e, especificamente,

    de avanarmos na anlise sobre os modos pelos quais os conhecimentos so construdos.

    Assim, o conceito ser menos til se for tomado como estritamente ligado prescrio de

    uma prototpica mediao do outro ou de uma mediao harmoniosa com um carter

    pedaggico homogneo.

    Ges ainda acrescenta que toda a dinamicidade envolvida na ao do outro, voltada direta ou indire

    tamente para o desenvolvimento da criana, ainda que implique tenso, oposio, negao, contradio, no

    deixa de ser uma ajuda.

    Alguns princpios do sociointeracionismo mais diretamente relacionados ao ambiente escolar:

    1. A interao professor aluno como princpio do processo educativo.

    2. Importncia dos trabalhos em grupo.

    3. O papel do professor como mediador.

    4. A rejeio ao aspecto da prontido para a aprendizagem.

    5. A nfase na abordagem interdisciplinar.

    A breve apresentao desses paradigmas procurou evidenciar como as concepes tericas interferem em

    nossa prtica. Da a importncia de uma formao slida do professor para que ele possa escolher e avaliar

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    bem os procedimentos a serem adotados em sala de aula. Retomaremos alguns aspectos centrais das trs

    abordagens de ensino aprendizagem expostos na tabela1 1.

    TABELA 1

    ASPECTOS Behaviorismo Construtivismo Sociointeracionismo Ensino a criao de situaes,

    nas quais a repetio essencial para que haja maior memorizao dos contedos.

    a criao de situaes, atravs das quais, o aluno interagindo com o ambiente desenvolve suas estruturas e constri o seu conhecimento.

    a promoo de situaes que possibilitem ao aluno transformar os conhecimentos dos quais ele se apropriou atravs de suas interaes com o meio histrico e cultural.

    Aprendizagem a mudana de compor-tamento resultante de trei-nos.

    o desenvolvimento da inte-ligncia atravs da interao entre o sujeito, o ambiente e o objeto do conhecimento.

    a apropriao e transforma-o de conhecimento histori-camente construdos e organi-zados culturalmente.

    Papel do professor

    Exerce o papel de centrali-zador e detentor do conhe-cimento.

    Possibilitador de situaes em que o aluno faa as suas descobertas e construa o seu conhecimento.

    Facilitador das interaes entre o aluno e o objeto do conhe-cimento.

    Papel do aluno o de receptor, moldado a desempenhar comporta-mento desejado pelo pro-fessor.

    Em contato com o ambiente, o aluno se torna um constru-tor do seu conhecimento.

    Transformador dos conheci-mentos que ele se apropriou atravs das suas interaes com o meio social.

    Atividade didtica realizada atravs da sele-o de contedos a serem ensinados partindo do mais simples para o mais com-plexo.

    Realiza-se atravs de planos de estudos que aperfeioem e desenvolvam as habilida-des cognitivas, ou seja, le-vem o aluno a resolver pro-blemas.

    Parte do conhecimento prvio do aluno, da permite avanar, ampliar e reestruturar esse conhecimento. Promoo de situaes que incentivem curiosidade e troca de in-formaes e permitam acesso fontes de conhecimento.

    Clima na sala de aula

    Aluno passivo recebendo informaes do professor.

    interativo, no qual o pro-fessor conduz o aluno descoberta do conhecimen-to.

    de interao, no qual o pro-fessor mediador entre aluno e o objeto do conhecimento.

    Avaliao feita atravs de testes, nos quais o professor vai priorizar a quantidade de contedos memorizados.

    Ser feita atravs da obser-vao individual, ou seja, quando o aluno passa de um estado menor de conheci-mento para um maior.

    Ser feita atravs da observa-o dos grupos de alunos, como eles se relacionam com os diversos objetos de conhe-cimento; suas descobertas, dvidas e dificuldades, a fim de ver se o aluno j interiori-zou e transformou os conhe-cimentos adquiridos.

    1 Esta tabela foi adaptada de um material didtico elaborado por Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB) e distribudo com osalunos.

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    UNIDADE III

    OS PARADIGMAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM E SUA RELAO COM AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LNGUA

    PORTUGUESA

    Em algumas das disciplinas de nosso curso, vocs j tiveram a oportunidade de refletir sobre ques

    tes voltadas para o ensino de lngua portuguesa. J tiveram conhecimento sobre os documentos institucio

    nais, a exemplo dos Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) e do avano que eles representaram para a reali

    dade escolar. No faremos uma releitura do texto, mas a partir de agora, buscarei relacionar essas questes

    didtico pedaggicas com aspectos especficos do ensino aprendizagem de lngua portuguesa.

    Depois das reflexes em torno desses paradigmas, podemos associar a eles as respectivas aborda

    gens de ensino de lngua. O primeiro deles, o behaviorista, est bem associado ao ensino tradicional de lngua,

    baseado essencialmente no estudo de conceitos, terminologias, memorizao de regras de acentuao, conju

    gao verbal, nfase em anlise sinttica e outros conhecimentos de estrutura da lngua. No queremos dizer

    que esses conhecimentos sejam desnecessrios, o que se torna problemtico privilegiar s eles. Nesse con

    texto, as prticas de leitura e de produo de textos, que se apresentam como os usos legtimos da linguagem,

    perdem sua significao, uma vez que o tratamento didtico dispensado a elas , de certa forma, incompatvel

    com o ensino transmissivo e com uma avaliao que considere capacidades como memorizao, identificao

    e classificao de itens gramaticais.

    A ttulo de exemplificao, apresento os dados de uma pesquisa realizada por Maria Helena de Mou

    ra Neves (1990, p. 12 14), em que ela registra as reas do programa de Lngua Portuguesa mais trabalhadas,

    por ordem de frequncia. Vejam na tabela 2 como os maiores percentuais se concentram no ensino de classes

    de palavras e nos contedos de sintaxe e morfologia. Conforme indiquei anteriormente, as prticas de leitura

    e de produo de textos apresentam baixos percentuais de ocorrncia.

    Observem que esses dados so relativos ao incio da dcada de noventa, momento bem anterior

    publicao dos PCN (1997), entre o final da dcada de oitenta e incio da dcada de noventa, mas em que j

    estavam em pleno desenvolvimento reflexes e discusses sobre a necessidade de mudanas no ensino de

    lngua portuguesa. Contriburam com essas discusses ilustres linguistas, dos quais citaremos apenas alguns

    nomes como Carlos Franchi, Vanderlei Geraldi, Srio Possenti, Maria Helena de Moura Neves, Ingedore Koch,

    Angela Kleiman, dentre muitos outros que compem uma numerosa lista. Mais adiante, vamos enfatizar como

    essas discusses se materializaram com a publicao dos PCN e a repercusso disso para as prticas de ensino

    aprendizagem de lngua portuguesa.

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    LETRAS | 23

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    udaram sobgusticos. Es

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    gia

    em

    ta, teve uma

    . Essa perspe

    has, cujo fun

    exos, o que

    , os professo

    o da escrita

    s influncias,

    mbm influe

    J no que s

    exerceu sua i

    dades de lin

    ionismo, tev

    or reflexes

    natureza da

    namento ao

    s epistemol

    m discursiva

    so explicat

    bre as influtamos nos

    2 Fr3313221100000

    a acolhida be

    ectiva se con

    ndamento e

    contrariava

    ores alfabeti

    a e essa com

    na medida e

    nciaram as

    se refere ao

    influncia um

    guagem que

    ve uma repe

    tericas e e

    linguagem.

    os estudos lin

    gicos que n

    a da linguag

    tiva e constit

    ncias do gereferindo a

    requncia 39,71% 5,85 % 0,93 % 3,37 % 2,41 % 2,25 % 1,44 % 1,44 % 0,96 % 0,80 % 0,32 % 0,32 % 0,16 %

    em significat

    ntraps diret

    ra a silaba

    os fundamen

    izadores pas

    preenso aju

    em que proc

    abordagens

    ensino de l

    ma vez que,

    e proporcion

    ercusso not

    pistemolgic

    As contribui

    ngsticos.

    orteiam, po

    gem, em am

    tutiva.

    erativismo nesses princ

    tiva nas srie

    tamente ao e

    o, que inici

    ntos de uma

    ssaram a ent

    udou bastan

    curavam exp

    cognitivista

    ngua, em u

    por privilegi

    nassem a ref

    vel sobre a

    cas que puse

    ies de Vyg

    possvel diz

    r um lado, u

    mbas as qua

    noscpios.

    es iniciais, p

    ensino da es

    ava pelos ag

    a abordagem

    tender como

    te na condu

    plicar os proc

    s de ensino

    ma perspect

    ar a autonom

    flexo sobre

    a concepo

    eram em xeq

    gotsky, Voloc

    zer que os t

    uma teoria

    is o papel

    rin

    scri

    gru

    m da

    o se

    o

    ces

    de

    tiva

    mia

    e os

    de

    que

    chi

    trs

    do

    de

  • Ta

    entidade au

    clara evolu

    social e elem

    poltica e n

    p.95) afirma

    No

    ceitos de en

    teoria bakh

    O enunciad

    a unidade c

    ais sempre

    Ne

    do construt

    servveis da

    como objet

    linguagem.

    Es

    guesa o que

    sinaliza para

    Agoracomvoc

    anto Volochi

    utnoma, cuj

    o no sentid

    mento medi

    os sistemas

    a que:

    oes pouco

    nunciado e e

    tiniana. A re

    o (e no a fr

    concreta e re

    reais. Para B

    essa perspec

    to que a l

    as aes de

    to de estudo

    ssa mudana

    e, obviamen

    a essa neces

    Agoem

    a m

    nov quanto

    jo significado

    do atribudo

    iador de tod

    ideolgicos

    Na realidad

    ras, coisas

    est sempr

    o discutidas e

    enunciao e

    eflexo sobre

    rase enquant

    eal da prpri

    Bakhtin (199

    a verdadeir

    gsticas ne

    produo, m

    ou das enu

    ctiva, segund

    ngua; os tex

    linguagem h

    o passam a s

    a de enfoque

    nte, vai dema

    ssidade de m

    ora com vm disciplinas

    Bakhtin reje

    o pudesse se

    ao signo, qu

    da relao s

    . Essa orient

    de, no so p

    boas ou ms

    e carregada d

    e sistematiza

    e o estatuto

    e a lngua pa

    to sequncia

    a atividade c

    99/1979, p.10

    ra substncia

    em pela enun

    mas pelo fen

    nciaes. A in

    do Bronckart

    xtos e/ou dis

    humana. ne

    se destacar c

    e exige que s

    andar um tr

    mudana e se

    voc: Vocss anteriores

    itavam a ten

    er estabeleci

    ue passa a se

    social, exerc

    ao fica be

    alavras o que

    , importantes

    de um conted

    adas at ent

    o dos gnero

    assa a ocupa

    a gramatical

    comunicativa

    09)

    da lngua n

    nciao mono

    nmeno socia

    nterao verba

    t (1999), as f

    scursos torna

    esse context

    como repres

    seja dado um

    atamento di

    apresenta c

    s j estudar. Talvez sej

    ndncia estru

    do independ

    er considerad

    endo um pa

    m evidenciad

    e pronunciam

    s ou triviais, a

    do ou de um s

    o, como o c

    os do discur

    ar o campo d

    formal, abst

    a entre os in

    o constitud

    olgica e isola

    al da interao

    al constitui as

    rases e os m

    am se as n

    o que as disc

    sentativas de

    m novo direc

    idtico difere

    como um gra

    am a teoriaa bom reve

    L

    uturalista de

    dentemente

    do pelos auto

    pel decisivo

    da quando V

    os ou escuta

    agradveis ou

    sentido ideol

    carter dial

    rso ganharam

    do discurso n

    trata e desco

    ndivduos sit

    da por um sis

    ada, nem pel

    o verbal, real

    ssim a realidad

    morfemas so

    icas manifes

    ciplinas lingu

    e um novo e

    cionamento

    enciado. A p

    ande desafio

    a dos gnerr alguns con

    LETRAS | 23

    considerar o

    do contexto

    ores como e

    na forma

    Volochinov (1

    mos, mas ver

    u desagradve

    gico ou viven

    gico da ling

    m um lugar d

    no contexto

    ontextualizad

    tuados em

    stema abstrat

    o ato psicofis

    izada atravs

    de fundamen

    o apenas reco

    staes emp

    usticas que t

    enfoque de i

    ao ensino d

    publicao d

    para o profe

    ros textuais/nceitos.

    7

    o texto como

    o. Houve uma

    ssencialmen

    o scio

    1988/1977,

    rdades ou me

    eis etc. A pala

    ncial.

    guagem, os c

    de destaque

    scio histr

    da) passa a

    contextos so

    o de formas

    siolgico de s

    da enuncia

    ntal da lngua.

    ortes abstrat

    iricamente o

    tomam o tex

    nvestigao

    e lngua por

    os PCN, ent

    essor.

    /discursivos

    o

    a

    te

    enti

    avra

    on

    e na

    ico.

    ser

    oci

    lin

    sua

    o

    tos

    ob

    xto

    da

    tu

    o,

    s

  • No

    ainda existe

    uma grande

    se aptos a

    possvel en

    enfatizando

    necessrio q

    para os pr

    assim uma

    nos PCN.

    No

    pesquisas

    competnci

    contedos g

    contedos

    proposta su

    Os enfoque

    epilinguistic

    didaticamen

    Agoracomvoc

    Agoracomvoc

    LETRAS | 23

    os dias atua

    e uma lacun

    e maioria do

    implement

    contrar prof

    o aqueles co

    que os curso

    prios profe

    eficiente tra

    o que se re

    e de publi

    ias. No enta

    gramaticais,

    consiste em

    ugerida nos P

    es meta e e

    conveniente

    co no ensino

    nte para a de

    VoEsprdo

    Re

    a m

    ConEst

    a m

    38

    ais, decorrido

    a em relao

    os profissiona

    tar atividade

    fessores que

    ontedos gra

    os de forma

    ssores, faze

    ansposio d

    efere leitu

    caes sobr

    anto, constit

    uma vez qu

    m um enfoqu

    PCN.

    epilinguistic

    e rever algu

    o de lngua

    elimitao d

    ocs j tivertgio Superoduo deocente?

    etomem a le

    nsultem a bibgio Supervis

    os quase do

    o apreens

    ais das esco

    es que resp

    e seguem as

    amaticais apo

    o inicial e c

    ndo com qu

    didtica dos

    ra e produ

    re o tema,

    tui se ainda

    ue a maior p

    ue predomin

    co da anli

    uns conceito

    portuguesa.

    essas instn

    ram acessorvisionado Itextos e an

    eitura dos P

    bliografia dassionado I.

    oze anos de

    o dos fund

    las brasileira

    paldem tais

    mesmas pr

    ontados por

    continuada p

    ue haja uma

    princpios re

    o de texto

    , abordando

    um grande

    parte das ativ

    nantemente

    se da lngu

    os sobre as

    . A respeito

    cias de anli

    aos Parme. Lembramlise lingus

    PCN!

    disciplinas Le

    sua publica

    amentos pre

    as, visto que

    orientaes

    ticas tradic

    r Maria Hele

    proporcionem

    juno perf

    elativos ao e

    os, temos j

    o metodolo

    e desafio o

    vidades dese

    metalingus

    ua

    s diferenas

    o do tema,

    se, as quais s

    etros Curricm de como ostica represe

    eitura e Prod

    o, a nossa

    esentes ness

    nem todos

    terico me

    ionais de en

    na de Mour

    m atividades

    feita entre t

    ensino de Ln

    uma vasta

    gias de en

    tratamento

    envolvidas e

    stico, o que

    entre os e

    Lus Carlos T

    sero retom

    culares Nacio tratamentoenta uma m

    uo de Text

    a compreens

    se document

    os professo

    etodolgicas.

    nsino de lng

    ra Neves (rev

    s de aprendi

    teoria e prt

    ngua Portug

    a contribui

    nsino aprend

    dispensado

    em sala de a

    est em de

    enfoques me

    Travaglia (19

    adas a segui

    ionais na dio dispensad

    mudana na

    tos I e II e

    so a de q

    to por parte

    res encontra

    . Ainda hoje

    gua portugue

    ver tabela 2

    zagem volta

    tica, realizan

    guesa presen

    o em nvel

    izagem des

    o ao ensino

    ula sobre es

    esacordo com

    etalingustico

    996) contrib

    ir:

    isciplinado leitura,prtica

    que

    e de

    am

    e

    esa,

    ).

    das

    ndo

    ntes

    de

    ssas

    de

    sses

    m a

    o e

    buiu

    ,

  • po

    vo

    Es

    lngua, nas

    intensidade

    forma a pro

    s situaes

    ind

    pr

    cu

    Di

    atividades m

    Maria Hele

    eles, uma v

    gramaticais

    contedos q

    enfoque de

    nvel de inv

    metalingus

    amplas, e

    transmissiv

    Re

    Atividad

    or meio da ln

    os comunicaci

    ssas atividad

    mais diversa

    e, consciente

    oporcionar a

    s comunicati

    Atividad

    do ento o qu

    riados para se

    ursivo da situa

    iferentemen

    metalingusti

    na de Mour

    ez que so r

    s que conside

    que se respa

    e anlise. Me

    vestigao d

    stica deve se

    no como

    a tem caract

    evejam agora

    es lingusticas

    gua e que lhe

    onais, ao dese

    des no so

    as situaes

    e ou inconsc

    os alunos o

    ivas.

    es metalingu

    ue se chama

    e falar sobre a

    ao de intera

    te das ativ

    icas tm sido

    a Neves (rev

    epresentativ

    erem classifi

    aldem na ide

    esmo que se

    da linguagem

    r encarada c

    um fim em

    terizado essa

    a o que dizem

    A proprieda

    anlise da

    essa termin

    anlise ling

    alunos com

    O critrio d

    SUGESTO

    Indico, comCarlos Trav

    s: So aquelas

    e permite ir co

    envolvimento

    desenvolvid

    de que part

    cientemente

    conhecimen

    sticas: So aq

    de metalingu

    a lngua. Ness

    o.

    idades lingu

    o predomina

    ver tabela 2)

    vos de uma t

    cao e defi

    entificao d

    eja reconhec

    m, no se p

    como um me

    m si mesma

    a perspectiva

    m os PCN (19

    ade que a ling

    lngua e o qu

    nologia caract

    ustica (em qu

    m um palavrea

    do que deve s

    O DE LEITURA

    mo aprofundvaglia, public

    s que o usuri

    onstruindo o s

    o do tpico dis

    das necessar

    ticipam ao lo

    e. Cabe es

    nto das difer

    quelas em que

    agem, isto ,

    e caso a lngu

    usticas, con

    antemente d

    ) confirmam

    tendncia re

    nio de con

    de classes de

    cida a import

    pode prioriz

    eio para atin

    . O ensino

    a de anlise.

    997, p. 90) a

    guagem tem

    e define um

    terstica, pre

    ue inevitavelm

    ado sem fun

    ser ou no en

    A:

    damento, a lcado pela ed

    io faz ao busc

    seu texto de m

    scursivo.

    riamente no

    ongo da vida

    scola, promo

    entes moda

    e se usa a lng

    um conjunto

    ua se torna o

    nsideradas a

    esenvolvida

    isso, no p

    gistrada em

    nceitos; assim

    e palavras e

    tncia e a ne

    lo sob pen

    ngir compet

    de gramti

    esse respeit

    de poder refe

    vocabulrio p

    eciso consider

    mente se fala

    o, justificado

    nsinado mu

    leitura do livditora Cortez

    L

    car estabelece

    modo adequa

    o espao esc

    a, j as exer

    over a diver

    lidades de u

    gua para anal

    de elemento

    contedo, o

    aqui em seu

    s na escola.

    recisamos, n

    nvel nacion

    m como as a

    funes sint

    ecessidade d

    na de prejud

    ncias e capa

    ca em uma

    to:

    erir se a si me

    prprio, uma

    rar que, embo

    sobre lngua),

    o exclusivamen

    ito simples: a

    vro Gramticz, em 1996.

    LETRAS | 23

    er uma intera

    do situao

    colar. Todos

    citam, em m

    rsidade de t

    so da lngua

    lisar a prpria

    os lingusticos

    assunto, o te

    u sentido m

    Os dados ap

    no entanto,

    nal. Exposi

    atividades de

    tticas, so e

    de conhecer

    dicar os dem

    acidades de l

    a perspectiv

    esma o que

    metalinguage

    ora seja peculi

    , no se deve

    nte pela tradi

    apenas os term

    a e Interao

    9

    o comunica

    o, aos seus obj

    os falantes

    maior ou me

    tais prticas

    e a adequa

    a lngua, cons

    prprios e ap

    ma, o tpico

    mais amplo,

    presentados

    ficar restrito

    o de conted

    e fixao des

    exemplos de

    e estudar e

    mais. A an

    linguagem m

    va normativa

    e torna possv

    em. Em rela

    iar a situaes

    sobrecarrega

    o de ensin

    mos que tenh

    o, de Lus

    tiva

    jeti

    da

    nor

    de

    o

    tru

    pro

    dis

    as

    por

    os a

    dos

    sses

    esse

    esse

    lise

    mais

    a e

    vel a

    o a

    s de

    r os

    lo.

    ham

  • LETRAS | 240

    utilidade para abordar os contedos e facilitar a comunicao nas atividades de reflexo

    sobre a lngua excluindo se tudo o que for desnecessrio e costuma confundir os alunos.

    Atividades Epilinguisticas: So aquelas que suspendem o desenvolvimento do tpico discursivo (ou do tema ou

    do assunto), para, no curso da interao comunicativa, tratar dos prprios recursos lingusticos que esto sendo

    utilizados, ou de aspectos da interao.

    Temos, nessa situao, a efetiva reflexo sobre os usos da linguagem, que pode e deve ser

    proporcionada pela escola e intermediada pelo professor a fim de que, gradativamente, v desenvolvendo a

    autonomia de seus alunos no que tange adequao da linguagem. Obviamente, estas atividades no vo

    prescindir dos conhecimentos metalingusticos, mas tampouco vo se subjugar a eles. A ttulo de

    exemplificao, tomemos uma situao de produo de textos, momento privilegiado para o aluno exercitar

    seus conhecimentos epilingusticos, uma vez que na dinmica da textualizao que os fundamentos de

    gramtica se justificam. Assim, se no processo de elaborao, o aluno utiliza algum verbo que no est

    adequado ao seu contexto semntico pragmtico; nesse caso, no suficiente recorrer apenas ao

    conhecimento de suas categorias de tempo, modo, voz, predicao para faz lo compreender a inadequao.

    Torna se necessria a interveno do professor, que lanar mo de estratgias de ensino que proporcionem

    uma reflexo sobre os efeitos de sentido provocados pelo uso daquele verbo naquele contexto e quais as

    opes para adequ lo situao comunicativa.

    O fragmento abaixo, retirado do livro Gramtica Reflexiva de Cereja e Magalhes (1999, p.167),

    exemplifica o que acabei de comentar sobre os diferentes efeitos de sentido que os verbos assumem nas

    interaes verbais. Uma exposio metalingustica desses enunciados levaria em conta apenas os paradigmas

    formais de conjugao do imperfeito do subjuntivo, tendo em vista uma orientao mais ampla de que o

    modo subjuntivo empregado em situaes em que o fato considerado incerto, duvidoso ou impossvel de

    realizar (BECHARA, 1999, p. 280).

    Leia agora, os dois textos seguintes e responda as questes propostas: 1) Num domingo de sol, tarde, uma turma de meninos e meninas conversa animadamente na praa, sem decidir o que fazer. De repente, um deles diz: - E se fssemos passear de bicicleta ou nadar no clube? 2) Pai e filho discutiam sobre um problema qualquer. O filho, teimoso, falava sem parar. O pai j muito bravo e cheio, diz: - E se voc fechasse a boca e fosse para o seu quarto?

    a) Qual a inteno do falante em cada uma das frases interrogativas nesses contextos? b) Substituindo o imperfeito do subjuntivo por outro tempo verbal, transforme as frases interrogativas dos dois

    textos em outras de sentido equivalente.

  • A

    identifica

    perceber q

    uma repree

    A articula

    Te

    ensino lngu

    de Evanildo

    Di

    referentes a

    exemplos, c

    uma ativida

    Ulisses (200

    O

    cunho beha

    aprendeu n

    ensino apre

    linguagem d

    No

    que solicita

    Agoracomvoc

    A atividade

    o, reflexo e

    que no fluxo

    enso/ordem

    o entre pa

    entarei ilustr

    ua, em um n

    o Bechara (19

    igamos que

    a cada circun

    conferem a d

    ade solicitad

    00, p. 274)

    paradigma d

    aviorista, on

    no exerccio

    endizagem d

    descrita ness

    o entanto, re

    a a transpos

    Apoclas

    Notint(Ru

    a m

    epilingustic

    e elaborao

    dessas troc

    m no texto 2.

    aradigmas

    rar a articula

    vel mais esp

    999, p. 287):

    a expres

    modo, inte

    O advrbio

    geralmente

    advrbio (c

    o professo

    nstncia (mo

    definio na

    da. A ativida

    de ensino ap

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    de avaliao

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    sa situao, t

    ecupero um

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    onte os advrbssifique os:

    o dia seguinteto; depois, nubem Braga)

    ca, da form

    o de formas

    as comunica

    de ensino e

    o entre os

    pecfico. Veja

    so modificad

    nsidade, cond

    o constitu

    e ao verbo, ou

    como intensifi

    or tenha ap

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    gramtica o

    de abaixo fo

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    recebe os c

    o solicitado.

    r tero sido

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    a atividade q

    uagem visua

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    almoamos nm bar fiquei a

    ma como es

    alternativas

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    e atividade

    s paradigmas

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    dora que por

    dio, etc) e d

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    u ainda, dent

    cador), ou a u

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    lugar, inten

    ou no LD e, e

    oi retirada d

    m adotado pe

    conheciment

    Caso apres

    o atingidos.

    usivamente

    que consta n

    al para a ver

    es adverbiais

    num restaurana alisar ternam

    st encamin

    s de enuncia

    a formula

    s de lingua

    s de ensino, e

    de uma defin

    r si s denot

    esempenha n

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    uma declara

    essa defini

    sidade, dvi

    m seguida, o

    da Gramtica

    elo professor

    tos de form

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    Observe qu

    do enfoque

    no livro de C

    rbal, tendo

    presentes no

    nte e tomamomente a sua m

    L

    nhada no li

    ados adequa

    o de um con

    agem

    em sentido a

    io de adv

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    na orao a fu

    reza nominal

    po nominal u

    o inteira [...].

    o em sala

    da, condio

    o professor s

    a da Lngua

    r encaixa se n

    a passiva e

    oa margem

    e, do ponto

    metalingust

    Cereja e Mag

    como refer

    trecho abaixo

    os trs garrafamo fina, de ve

    LETRAS | 24

    ivro, permit

    ados intera

    nvite/sugest

    amplo, e as a

    rbio retirad

    nstncia (de l

    uno de adjun

    ou pronom

    unitrio, a um

    .

    , ilustrado

    o etc); os alu

    solicita que e

    Portuguesa,

    no modelo t

    precisa dem

    de acerto, o

    o de vista d

    tico.

    galhes (199

    ncia o quad

    o e

    as de vinhoeias azuis.

    41

    te ao aluno

    ao verbal.

    to no texto

    abordagens d

    a da gramti

    ugar, de tem

    nto adverbial

    inal e se ref

    m adjetivo e a

    com exemp

    unos anotam

    eles respond

    de Pasqual

    ransmissivo,

    monstrar o q

    os objetivos

    da atividade

    9, p. 171, 17

    dro de Fran

    o a

    Ele

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    de

    ica

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    , de

    que

    de

    de

    72),

    ois

  • LETRAS | 242

    Millet, proporcionando, adequadamente, uma reflexo epilingustica, uma vez que eles tero de acionar

    outras capacidades (no s as de identificao e classificao) no momento de responder o que lhes

    solicitado. O professor pode, inclusive, a partir dessa sugesto, ampliar a atividade, solicitando a produo de

    um pequeno texto descritivo, onde o aluno ter a oportunidade de exercitar as condies de textualizao

    tpicas a dessa tipologia textual.

    Figura 2 - O ngelus (1858-9)

    Transpondo a linguagem visual para a verbal, complete o texto seguinte de acordo com as indicaes entre

    parnteses e com os elementos do quadro levantados anteriormente.

    Um homem e uma mulher estavam trabalhando (lugar). (tempo), eles pararam o trabalho (causa): curvaram-

    se compungidos e (modo) fizeram uma prece, provavelmente uma ave-maria. (lugar) se viam sinais da

    cidade, da civilizao. Entretanto, (lugar) apenas se viam os rsticos objetos de trabalho: o cesto, o forcado e

    o carrinho.

    Tem se, nesse caso, do ponto de vista do modelo de ensino adotado, uma maior participao do

    aluno no processo de aprendizagem. O professor fornece as condies para o aluno construir sua

    representao do que assimilou sobre os usos e funes do advrbio, em contato com o objeto do

    conhecimento, caracterizando uma ntida aproximao com o paradigma construtivista.

    Pode se proporcionar ao aluno, outra forma de explorao desse contedo, em que o professor,

    lanando mo de estratgias interacionais, conduziria os alunos, coletivamente, a identificar as diferentes

    possibilidades dos usos do advrbio no enunciado e suas implicaes pragmtico discursivas. No exemplo

    abaixo, os alunos perceberiam que o advrbio pode se relacionar tambm com o nome, alm do verbo e do

    advrbio, e que o uso do termo enunciativamente orientado, de acordo com os sentidos que se deseja

  • LETRAS | 243

    imprimir ao texto, proporcionando, dessa forma, uma reflexo mais produtiva sobre questes gramaticais. O

    advrbio vai sendo deslocado, em funo do que se quer enfatizar. V se, ento que, nesse caso, os elementos

    que condicionam o uso e a posio do advrbio esto fora do enunciado2.

    Provavelmente o Joo doou os jornais para a biblioteca (no a Maria)

    O Joo provavelmente doou os jornais para a biblioteca (no vendeu)

    O Joo doou provavelmente os jornais para a biblioteca (no as revistas)

    O Joo doou os jornais provavelmente para a biblioteca (no para o bar)

    O que pretendi mostrar que existe uma articulao entre os paradigmas de ensino aprendizagem

    adotados e as concepes de lngua, linguagem e gramtica nas quais o professor fundamenta sua prtica

    docente. Por outro lado, sem ser contraditria, reconheo que h determinados contedos que requerem

    uma abordagem de ensino mais transmissiva. No se pode tambm acreditar que tudo pode ser aprendido

    naturalmente, sem que seja oferecida ao aluno uma sistematizao de ensino. Prova disso a tradicional pe

    dagogia da temtica, em que se acredita que para o aluno produzir um texto, basta lhe apresentar um tema e

    deix lo exercer sua criatividade de escritor, como se o aluno j detivesse todos os conhecimentos necessrios

    escritura de um texto. Esse aspecto, inclusive, no restrito apenas a atividades de produo de textos, foi

    apontado como uma restrio ao paradigma construtivista de ensino aprendizagem, por permitir um relativo

    apagamento do papel do professor no processo de construo do conhecimento a ser oferecido ao aluno. A

    esse respeito, Paulo Coimbra Guedes (2007, p. 19) avalia que

    As pedagogias permissivas de base psicologizantes, que proliferaram concomitantemente

    massificao, fundamentaram ideologicamente essa desalunizao, transformando indiv

    duos em abstratos feixes de caractersticas relativas faixa etria, classe social, perfil psico

    lgico, capacidade de realizar tal ou tal operao mental etc. [...].

    No se pode perder de vista, ainda segundo Guedes, que o professor se viu envolvido muito rapida

    mente por sistemas de avaliao com os quais ele no estava familiarizado, nem tampouco tinha tempo de se

    aprofundar neles. Em minha avaliao, percebo que, de certa forma, so impostos ao professor determinados

    paradigmas de ensino aprendizagem desacompanhados de uma fundamentao terico epistemolgica, cujo

    desconhecimento tem favorecido determinados equvocos de ordem didtico pedaggica. Isso pode se repe

    tir tambm em uma abordagem sociointeracionista, na medida em que no seja devidamente compreendida.

    Roxane Rojo, em um relato sobre sua participao em um curso de formao de professores realizado em So

    Paulo, no perodo compreendido entre 1999 e 2001, com professores de diferentes disciplinas, constatou que:

    2 Esses exemplos foram retirados do livro Manual de Sintaxe de autoria de Carlos Mioto, Maria Cristina Figueiredo Silva e Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes (2000).

  • LETRAS | 244

    O que mais surpreende, no planejamento elaborado, a visvel ausncia de ensino; a hiper

    valorizao da alimentao temtica; a crena de que a discusso oral da temtica pode ser

    responsvel por bons textos; e o passe de mgica existente entre estas providncias e a

    produo de artigos de opinio, alm da pobreza do material didtico oferecido (ROJO, 2008,

    p.330).

    As palavras da autora ratificam o que tenho defendido nesta seo. A sistematizao de atividades

    de ensino no deve ser entendida como perda e/ou coero da autonomia reflexiva do aluno. por meio da

    sistematizao dessas atividades, as quais requerem planejamento criterioso, que o professor alcana seus

    objetivos de aprendizagem.

  • LETRAS | 245

    UNIDADE IV

    A ATUAO DOCENTE EM SALA DE AULA: O SABER TERICO E A TRANSPOSIO DIDTICA

    A sala de aula constitui se em um locus de atuao extremamente complexo. Existe nela uma tal

    diversidade de fatores (internos e externos, cognitivos e afetivos, humanos e materiais) a interferir em sua

    prtica, que exigem do professor uma constante reflexo acerca de sua prtica pedaggica, para que seja

    avaliada sua adequao aos objetivos de ensino aprendizagem por ele pretendidos. A esse respeito, retomo

    aqui as palavras de Magalhes e Liberali (2004, p.93).

    No contexto de formao de educadores, segundo Newman e Holzman (2002), podemos con

    siderar que cada ao dos participantes poder ser vista como uma base para as aes futu

    ras. No entanto, se essas aes so rotinizadas e automatizadas (no refletidas), os educado

    res perdem a chance de perceb las. Passam a agir em funo do fim imediato ensinar o

    contedo determinado , perdendo a oportunidade de rever seu querer sobre a ao de en

    sinar aprender. Sua ao passa a compor um quadro de alienao que tira dela o poder de

    transformar a prtica. O agir ser mais uma ao para um fim. No mais atuar como um

    meio de propiciar mudanas histricas no significado de ensinar aprender. Assim, as formas

    de agir no contexto escolar se perpetuam sem transformao, pois os agentes esto alienados

    de aes, impedidos de reconstrurem se internamente e de transformarem externamente.

    A avaliao das autoras expe de modo contundente a responsabilidade do professor por sua prtica

    em sala de aula. O agir do professor no pode se basear, digamos, na didtica do improviso: toda ao peda

    ggica demanda uma reflexo prvia no sentido de pavimentar essa mesma ao. Infelizmente, nem sempre

    as prticas educativas, em geral, tm se pautado nessa ordem lgica. A rotina estafante da vida do professor o

    tem afastado tanto de seu papel de estudioso e de pesquisador, quanto de uma ao planejadora, aqui enten

    dida em sua acepo didtico pedaggica mais ampla. Isso leva ao sentido de rotinizao e mecanizao, a

    que as autoras se referem acima, e que incompatvel com a ao educativa. Elas sugerem que tais prticas

    devem ser acompanhadas de eventuais questionamentos que proporcionem ao professor manter se sempre

    consciente de suas aes. Nesse sentido, questes como:

    1 O que fao?

    2 Qual a fundamentao terica para a minha ao?

    3 Como me tornei assim?

    4 Quero ser assim?

    5 O que significa ser assim?

    6 Como posso agir de forma diferente?

  • Ap

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    caso espec

    deve atend

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    seus alunos

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    LETRAS | 24

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    46

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    ca

    s ao

  • LETRAS | 247

    O processo didtico de elaborao de uma aula: entre os conhecimentos tericos e operacionais.

    Vou iniciar esta seo fazendo uma analogia com outras situaes de atividade humana. O enge

    nheiro civil, ao ser encarregado de construir uma casa, por exemplo, precisa desenvolver um plano de ao no

    qual possa mobilizar todos os saberes tericos e prticos necessrios execuo da obra. O mesmo ocorre

    com qualquer outra atividade humana, independentemente do carter cientfico com que se reveste a ativi

    dade. At mesmo a preparao de um bolo requer um planejamento inicial. O quer dizer, ento, da prepara

    o de uma aula? Faamos uma relao dos saberes e competncias necessrios ao profissional da educao

    no exerccio da docncia, sim, porque somos ou devemos ser, antes de tudo, profissionais, mesmo que o senso

    comum advogue em favor de uma irrestrita vocao para a prtica pedaggica. certo que a inclinao voca

    cional tem o seu peso na escolha de qualquer profisso, a afinidade pessoal com a rea de atuao e gostar do

    que se faz so elementos decisivos para o bom desempenho de nossas funes, mas certo tambm que as

    sociada vocao, impe se a exigncia de uma boa formao docente. Por essa razo, so necessrios:

    1. Conhecimento terico do objeto de ensino aprendizagem. A respeito disso, bom deixar claro que todo profes

    sor de lngua portuguesa deve, necessariamente, ser proficiente em leitura e escrita, saber ler/interpretar dife

    rentes textos, identificar os sentidos implcitos nos enunciados, saber avaliar criticamente a natureza de uma da

    da obra, discutir sobre um texto acadmico, enfim, exercer os seus diferentes papis de leitor. O mesmo deve

    ser dito em relao s prticas de escrita. No podemos conceber algum que esteja frente de orientar, desen

    volver e analisar a produo de textos de alunos e no domine as prticas sociais de escrita.

    2. Conhecimento didtico que implica o domnio de uma metodologia que o permita desenvolver eficientemente

    suas atividades de ensino.

    3. O desenvolvimento de metodologias requer planejamento sistemtico, decorrente dos contedos trabalhados,

    dos objetivos elencados e do conhecimento das capacidades de aprendizagem dos alunos.

    4. Sistematizao das atividades de planejamento: plano de curso, plano de aula, elaborao de projetos nas quais

    a pesquisa ocupa um lugar central.

    5. Definio de critrios de avaliao tendo em vista os diferentes contedos do programa.

    6. Diversificao de atividades e procedimentos, em conformidade com as diferentes competncias e contedos

    explorados.

    7. Conhecimento da dinmica das relaes interpessoais presentes em sala de aula.

    Observem que a maior parte dos requisitos citados acima est relacionada ao domnio de conheci

    mentos tericos ou ao desenvolvimento de atividades cuja viabilidade decorrente do saber terico. Chega se

    concluso, portanto, de que teoria prtica um binmio indissocivel, que se sobrepem e que se influenci

    am mutuamente: uma no prescinde da outra.

    Do ponto de vista operacional, aconselhvel que o professor, na execuo da aula, proporcione

    condies para que os alunos participem, faam perguntas, exponham seus conhecimentos prvios, contes

  • LETRAS | 248

    tem, enfim, de acordo com a perspectiva de que o conhecimento vai sendo construdo na interao professor

    alunos. Outro aspecto a ser destacado diz respeito diversidade das atividades de ensino. Sabemos da grande

    variedade de contedos em lngua portuguesa a serem ensinados, portanto, h possibilidades de explor los

    de diferentes maneiras, tendo em vista a especificidade de cada contedo: a exposio clssica, a exposio

    dialogada, os trabalhos em grupos, a pesquisa individual, a dramatizao, os jogos etc.

    Em relao aos requisitos necessrios a uma boa exposio, Mattos, citado por Haydt (2006, p.155)

    indica as seguintes condies:

    a) Perfeito domnio e segurana do conhecimento que objeto da exposio;

    b) Exatido e objetividade dos dados apresentados;

    c) Discriminao clara entre o que essencial ou bsico e o que acidental ou secundrio;

    d) Organicidade, ou seja, boa concatenao das partes e subordinao dos itens de cada parte;

    e) Correo, clareza e sobriedade do estilo empregado;

    f) Linguagem clara, correta e expressiva;

    g) Concluses, aplicaes ou arremate definido.

    O plano da execuo de uma aula: entre os saberes tericos e a transposio didtica

    Os encaminhamentos apontados acima dizem respeito a questes de carter operacional, os quais

    esto relacionados, obviamente, com aspectos tericos tambm. O grande desafio agora saber mobilizar

    esses conhecimentos de forma a promover a transposio didtica dos contedos de lngua portuguesa. A esse

    respeito, Rojo (2000, p. 28) retoma o texto introdutrio dos PCN onde so apresentados quatro nveis de con

    cretizao dos princpios norteadores da proposta apresentada no documento, os quais a autora renomeia

    como princpios de transposio didtica dos parmetros:

    1. A construo dialogada dos parmetros com outras esferas de aes de poltica educacional a formao i

    nicial e continuada de professores, a anlise de livros e outros materiais didticos, como tambm a avaliao

    nacional (SEF, 1998, p. 51).

    2. O dilogo que o PCN pode estabelecer com outras esferas educativas (estaduais e municipais) no cotejo en

    tre propostas e documentos j existentes.

    3. O terceiro e quarto nveis de concretizao, segundo Rojo, dizem respeito elaborao do projeto educa

    tivo de cada escola e realizao do currculo em sala de aula (p. 29) e vai envolver a anlise, elaborao e uti

    lizao adequada dos materiais didticos.

    Esses nveis de concretizao evidenciam, antes de qualquer coisa, a necessidade do investimento

    constante em formao docente, uma vez que essa uma das condies para a promoo de transformao

    nas prticas educativas. A partir da, vo sendo acionadas uma atuao mais crtica do professor na medida em

    que ele deve estar atento s polticas pblicas e aos documentos institucionais que regulam a organizao dos

  • currculos e

    projeto edu

    A

    do professo

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    melhor.

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    vista e func

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    Na

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    3 O texto e a ala.

    e, consequen

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    o, acrescento

    zar todos os

    artilhamento

    urso, vocs j

    nculadas s

    hecer os fu

    rita, gneros

    cos, dentre

    , servindo co

    em sala de a

    sses conheci

    e que forma

    sua prtica e

    de exemplific

    xto e as ques

    m retirados do li

    Voc j entediscutir sobr

    sua implem

    o ainda mais

    conhecimen

    o desses sab

    j tiveram co

    reas de inv

    ndamentos

    s textuais/dis

    outros. Alm

    omo base te

    aula.

    mentos, voc

    esses aporte

    em consonn

    car planos d

    stes sugerid

    ivroMuito alm

    endeu, de fatre esse conce

    entao em

    s um nvel qu

    ntos adquirid

    eres com os

    ontato com d

    vestigao da

    da lingustic

    scursivos, pe

    m disso, pud

    rico metod

    c, professo

    es vo instru

    ncia com ess

    e transposi

    das para expl

    m da gramtica

    to, o que signeito nos fru

    sala de aula

    ue est relac

    dos e auton

    alunos em s

    diversas abo

    a linguagem,

    ca sobre con

    erspectivas d

    deram observ

    olgica das p

    r em forma

    umentalizar

    es princpios

    o didtica,

    lor lo3.

    a, de Irand An

    nifica transpns.

    L

    a, viabilizada

    cionado mais

    nomia em po

    sala de aula.

    ordagens te

    , como fono

    ncepes de

    de leitura e d

    var que algu

    prticas de e

    o inicial, v

    a elaborao

    s? Como se d

    vamos parti

    ntunes, publicad

    osio didt

    LETRAS | 24

    a por uma at

    s diretament

    oder lanar m

    . Procuremo

    ricas (estrut

    ologia, morfo

    e linguagem,

    de produo

    umas das teo

    ensino de lng

    vai desenvolv

    o de sua aul

    dar a transp

    ir para uma

    do em 2007, pe

    ica? Iremos

    49

    tuao ativa

    te capacida

    mo deles, a

    os entender i

    turalista, ger

    ologia e sinta

    , de gramt

    de textos, a

    orias discuti

    gua portugu

    ver sua prt

    a? J poss

    posio didt

    atividade pr

    ela editora Par

    no

    ade

    de

    isso

    rati

    axe.

    ica,

    n

    das

    esa

    ica.

    vel

    tica

    rti

    bo

  • Texto 1:

    Comunho (

    Eu quero paz

    Quero fartur

    Quero justia

    Quero a casa

    Quero a rua

    Quero a chuv

    Quero o sol n

    Quero a vida

    Atividade sug

    1. Quantos v

    2. Escreva os

    3. Destaque

    de que o sub

    4. Marque X

    comum ( ) co

    5. Responda

    a. Que subst

    b. Apresente

    6. Produza d

    7. Com base

    texto com o

    No guerra

    As

    mo encami

    interpreta

    aprendizage

    considerado

    dade com a

    LETRAS | 25

    Milton Nascim

    z, eu no quer

    ra, eu no que

    a, eu no que

    a de um bom t

    de gente boa

    va na minha r

    na minha cabe

    a, no quero m

    gerida para os

    versos e estrof

    s substantivos

    todos os sub

    bstantivo um

    na alternativa

    omposto ( ) pr

    :

    antivo compo

    e um substant

    uas frases que

    no debate tra

    ttulo abaixo.

    a.

    s reflexes d

    nhamento d

    o de texto

    em de lngua

    os os nveis

    as orientae

    S

    Dla

    50

    mento e Ferna

    ro guerra

    ero fome

    ro dio

    tijolo

    roa

    ea

    morte no.

    s alunos:

    fe (s) tem esse

    s abstratos do

    bstantivos exis

    ma palavra que

    a correta. A p

    rimitivo ( ) der

    osto podemos

    tivo derivado

    e contenham

    avado sobre a

    Escreva von

    desenvolvida

    de sua anlis

    ou de reflex

    a portuguesa

    de anlise m

    es e princpio

    SUGESTO D

    Depois de falivroMuito aa 132.

    ando Brant,

    e poema?

    terceiro e do

    stentes no tex

    e d nome ao

    alavra roa :

    rivado

    s formar com o

    para a palavra

    substantivos

    a guerra entre

    ntade.

    s at agora j

    se, considere

    xo gramatic

    a mostram s

    metalingusti

    os sugeridos

    DE LEITURA:

    zer sua prpalm da gram

    nima, Ariola,

    o ltimo verso

    xto e escreva

    os seres, aes

    :

    o substantivo

    a chuva.

    coletivos. Gri

    e Estados Unid

    j permitem

    e os seguinte

    al? Quais co

    e enfatizada

    co e epiling

    nos PCN?

    pria anlise, imtica, de Ir

    1982)

    .

    os ao lado d

    s, sentimento

    chuva?

    ife os coletivo

    dos e Iraque e

    m que vocs f

    es questiona

    oncepes de

    as nela? Na a

    gustico? Tais

    indico a leituand Antune

    de cada verso

    s, qualidade,

    os utilizados.

    e nesse texto,

    faam uma a

    amentos: Tra

    e linguagem,

    apresentao

    s prticas ap

    ura do captues (2007), p

    . Lembre se

    sensaes.

    escreva um

    anlise dessa

    ata se de um

    , de gramti

    o do conted

    presentam se

    ulo 11 doginas 125

    a atividade.

    ma atividade

    ca e de ensi

    do, esto sen

    e em confor

    Co

    e de

    no

    ndo

    rmi

  • Em

    conhecimen

    trabalhado

    apresenta

    Observe ab

    CONTED

    Morfologia Classificaosubstantivo

    fessor. Tend

    que voc ac

    ta e da an

    atividade b

    organize um

    timos sobre

    atividade. P

    CONTED

    Agoracomvoc

    m linhas ger

    ntos dos alu

    em sala. Ca

    o desse con

    aixo como p

    DO

    o do GerContipoEspIdenClaElabrent

    nesse ponto

    do em vista o

    crescenta a e

    lise lingust

    em prtica.

    ma proposta

    e atividades

    Pesquise e pr

    DO

    LeEsvo

    a m

    ais, vemos q

    unos sobre u

    aso voc dis

    ntedo. Qual

    ode ser repr

    OBJETIVOGERAL E ESPE

    ral: nhecer os difeos de substantecficos: ntificar os subssificar os subborar frases ctes tipos de su

    o que podem

    os conhecim

    esse plano de

    ica vo pavi

    Com base n

    a ser execut

    meta e epili

    rocure enriqu

    OBJETIVOGERAL E ESPE

    embrem se dstgio Supervocs mesmos

    que o profes

    um contedo

    corde da na

    l seria, em su

    resentada, em

    OS: CFICO

    erentes tivo.

    bstantivos; bstantivos; com dife-ubstantivo.

    mos avaliar co

    mentos teric

    e aula? Os co

    mentar as s

    nesse modelo

    tada por voc

    ngusticas; n

    uecer sua au

    OS: ECFICO

    e que vocs jvisionado I . As vo elabora

    ssor escolhe

    o de morfolo

    atureza das a

    ua opinio, u

    m termos de

    METODOLOGIA

    . Aula expos

    . Quadro detexto.

    omo se efeti

    cos e operac

    onhecimento

    suas opes

    o de plano d

    c em sala de

    nos exerccio

    ula.

    METODOLOG

    j analisaramAgora, tendor as questes

    um texto e

    ogia, classific

    atividades, q

    um tratamen

    e exposio d

    A/RECURSOS

    sitiva e giz e

    va a transpo

    ionais discut

    os adquirido

    didtico ped

    de aula padr

    e aula. Na el

    os sugeridos

    GIA/RECURSOS

    m algumas ativcomo pontos que serviro

    L

    que a parti

    cao dos su

    quais sugest

    nto didtico p

    de plano, a a

    AV

    Identificaotipos de subsElaborao dexemplo dostivos

    osio didti

    tidos anterio

    os sobre conc

    daggicas. P

    ro, escolha

    laborao do

    na avaliao

    AV

    vidades do livde partida aso como parm

    LETRAS | 25

    r desse text

    ubstantivos,

    es voc ap

    pedaggico a

    aula desse pr

    VALIAO

    o em um textostantivos; de frases coms tipos de sub

    ca viabilizad

    ormente, qua

    cepes de le

    Passemos, en

    um conted

    o plano, reve

    o, recorra ao

    VALIAO

    vro didtico ns discusses jmetro de ava

    1

    o vai avaliar

    anteriorme

    presenta par

    alternativo?

    rofessor:

    DURA

    o dos

    m bstan-

    50 m

    a por cada p

    ais as sugest

    eitura, de es

    nto, para u

    do gramatica

    eja o que dis

    os dois nveis

    DURA

    na disciplinaj realizadas,aliao.

    r os

    nte

    ra a

    AO

    m

    pro

    es

    scri

    uma

    al e

    scu

    s de

    O

  • LETRAS | 252

    UNIDADE V

    O PROCESSO DE DIDATIZAO DA LEITURA, DA ESCRITA E DA ANLISE LINGUSTICA

    A nossa reflexo agora ser conduzida pela contribuio terica de um grupo de pesquisadores que

    iniciou seus estudos e pesquisas em Genebra e que foi consolidando essa tendncia de investigao terico

    metodolgica hoje reconhecida como Interacionismo Sociodiscursivo. Seus representantes mais expressivos

    so Jean Paul Bronckart, Bernard Schneuwly e Joaquin Dolz, mas o grupo tem contado com a colaborao de

    inmeros pesquisadores aqui no Brasil e tambm em outros pases.

    Entre os pesquisadores brasileiros destacam se Anna Rachel Machado, Roxane Rojo, Maria de

    Lourdes Meirelles Matencio, Glas Sales Cordeiro, por desenvolverem pesquisas mais alinhadas com essa

    perspectiva terica e pela grande contribuio que tm prestado na traduo para o portugus das obras

    desses autores.

    O grupo tem dedicado uma ateno especial ao processo de didatizao de lngua materna. As

    pesquisas desenvolvidas para o ensino de francs como lngua materna, na Suia francfona, foram bem

    acolhidas aqui no Brasil e passaram a ser usadas como referncia para as nossas prticas didtico pedaggicas.

    A proposta de elaborao de sequncias didticas (SD) voltadas para o trabalho com os gneros orais e

    escritos na escola teve uma grande repercusso na nossa realidade por duas razes: em primeiro lugar, por ter

    conseguido posicionar os gneros textuais como elemento norteador das prticas de linguagem em sua

    dimenso lingustica, cognitiva e sociodiscursiva; em segundo lugar, por ter firmado a natureza processual das

    atividades de elaborao de textos orais e escritos. precisamente nos domnios das atividades de leitura e de

    produo de textos em que os alunos sero mais cobrados a corresponder aos objetivos de aprendizagem

    previstos para os diferentes ciclos. Retomo o esquema da SD a fim de proporcionar uma maior visualizao.

    Lembrando a definio de sequncia didtica: um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemtica, em torno de um gnero textual oral ou escrito (SCHNEUWLY e DOLZ, p.79).

    Figura 3: ESQUEMA DA SEQUNCIA DIDTICA (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p. 98).

    Mdulo

    1

    Mdulo

    2

    Mdulo

    n

    PRODUOFINAL

    PRODUOINICIAL

    Apresentao dasituao

  • Sc

    pedaggica

    1) Escolhas pe

    2) Escolhas ps

    3) Escolhas li

    4) Finalidade

    A

    leitura e da

    linguagem

    relativas s

    das sequn

    identificar

    chneuwly e D

    s, psicolgic

    edaggicas

    Inclui possib

    Insere se em

    Proporciona

    sicolgicas

    A atividade

    O procedim

    em todos os

    A transform

    so propost

    ngsticas

    A atividade

    A linguagem

    O objeto do

    es Gerais

    Preparar os

    Desenvolver

    Construir no

    proposta da

    a escrita, ao

    desenvolvid

    sintaxe da fr

    ncias, no ent

    os problem

    Agora comvoc

    Dolz (p. 108

    as e lingusti

    bilidade de av

    m um projeto

    a diversidade

    de produo

    ento proporc

    s nveis;

    mao no mod

    os aos alunos

    de linguagem

    m no abord

    procediment

    alunos para d

    r no aluno um

    os alunos uma

    a SD, portan

    mesmo tem

    as pelos alu

    rase, morf

    tanto, me

    as de ordem

    Faa um

    , 109) defen

    cas e suas p

    aliao forma

    que motiva o

    de atividades

    de textos tr

    ciona ao aluno

    do de falar e d

    s.

    m produz texto

    ada como obj

    to so os gne

    dominar sua l

    ma relao con

    a representa

    nto, apresen

    mpo em que

    unos no pro

    fologia verba

    dida que o

    m lingustica

    ma pesquisa s

    ndem que a

    rincipais fina

    ativa;

    os alunos a esc

    e de exerccio

    abalhada em

    o uma consci

    de escrever

    os e discursos;

    jeto nico, ma

    eros textuais.

    ngua nas situ

    nsciente e volu

    o da atividad

    nta se como

    e situa o lug

    ocesso de e

    al e ortogr

    professor te

    e gramatica

    sobre o que d

    elaborao

    alidades visa

    crever ou tom

    os, atendendo

    toda sua com

    ncia mais am

    possvel por

    ;

    as algo que se

    aes mais di

    untria com s

    de de escrita e

    um eficient

    ar da anlis

    elaborao t

    rafia no est

    em acesso a

    al, os quais m

    diferencia a a

    L

    do procedim

    das, as quais

    mar a palavra.

    o s exigncia

    mplexidade;

    mpla de seu c

    rque diferente

    e adapta s sit

    iversas da vida

    seu comportam

    e de fala em s

    te recurso m

    e lingustica

    textual. Para

    to diretame

    aos textos d

    merecero u

    valiao form

    LETRAS | 25

    mento se gu

    s sero descr

    as de diferenci

    comportamen

    es instrument

    tuaes de co

    a cotidiana;

    mento de ling

    ituaes com

    metodolgico

    no context

    a os autore

    ente integrad

    dos alunos, e

    m tratamen

    mativa da som

    3

    ia por escol

    ritas a seguir

    iao do ensin

    nto de linguag

    tos de linguag

    municao;

    guagem;

    plexas.

    o no ensino

    o das aes

    es, as quest

    das execu

    ele certame

    to diferencia

    mativa.

    has

    r:

    no.

    gem

    gem

    da

    de

    es

    o

    nte

    ado

  • LETRAS | 254

    de ensino. Como as SD foram concebidas especificamente para o trabalho de elaborao de gneros orais e

    escritos, essas questes tornam se mais particularizadas, uma vez que no existem problemas de sintaxe ou

    de morfologia, por exemplo, que sejam exclusivos de um determinado gnero, mas que se tornam evidentes

    em qualquer produo de texto.

    Acredito, no entanto, que em algumas situaes seja possvel inserir atividades de ensino de

    gramtica nos mdulos previstos em uma SD. Reformulo o exemplo apresentado por Schneuwly e Dolz (p.

    115), para ilustrar que uma inadequao no uso de formas verbais, a ocorrncia do presente do indicativo no

    lugar do pretrito perfeito e imperfeito constatadas durante na elaborao de textos narrativos (lendas,

    fbulas, contos de fadas) possibilitaria ao professor um trabalho produtivo sobre os tempos verbais.

    Reconheo, contudo, que esse ainda um desafio a ser enfrentado pelos professores: a insero das reflexes

    de cunho gramatical nos mdulos da SD, de forma a contribuir para o ensino produtivo e realmente

    contextualizado da gramtica. Por outro lado, os problemas de ortografia podem ser facilmente inseridos nos

    mdulos das SD, uma vez que seu plano de execuo prev sees de reviso e de reescrita.

    Trago como exemplo um modelo de SD4 que apresenta em seus mdulos sugestes de como lidar

    com desvios ortogrficos.

    Apresentao da situao:

    1. Discusso sobre o gnero Receita Culinria, sua funcionalidade e interlocutores previstos;

    2. Apresentao de dois modelos do gnero;

    3. Reflexo, discusso e exposio das principais caractersticas do gnero;

    4. Esclarecimento sobre a tarefa a ser realizada: elaborar uma receita culinria.

    Produo inicial:

    Chocolate que pode servi em casa

    Ingredientes

    1 lata de leite comdenado 3 colheres de chocolate em por 1 colher de margarina

    Modo de fazer

    Primeiro leve o leite comdemado au fogo. E depois bote 1 colher de margarina e mexa com uma colher de pal.

    Bote o chocolate e mexa por 4 ou 5 minutos e bote no prato e deche isfriar guado isfriar pase a mo na mantega e

    pegui um pouco de chocolate e faa uma bola. E bote nua tijela e siva em casa ou nua festa e mele no aucar.

    4Este modelo de SD foi elaborado por Monique Csar, aluna do curso de Letras da UFPB, quando ministrei a disciplina Leitura e Produ

    o de Textos II, no perodo 2007.1.

  • LETRAS | 255

    Mdulo 1: Nesse mdulo foram trabalhados problemas relacionados estrutura do gnero

    Necessidade de ordenao das etapas de preparo E bote nua tijela e siva em casa ou nua festa e mele no au

    car.

    Promover a reflexo dos alunos sobre a importncia da linearidade e sequncia do texto.

    Nesse caso, os alunos podero fragmentar a receita, cortando e misturando as frases de modo a perceber a ina

    dequao das etapas procedimentais .

    Importncia dos termos 1 Colher de margarina; pase a mo na mantega.

    Mdulo II: Nesse mdulo foram abordados problemas relacionados ortografia.

    Ressaltar a importncia da pontuao para a construo do sentido do texto bote no prato e deche isfriar

    guado isfriar passe a mo na mantega(...)

    Oi, me, tudo bom?; Oi, me, tudo bom!. Inicialmente, o professor ler os textos com a devida entonao.

    Logo depois, os alunos descrevero ou simularo as situaes em que esses enunciados podem ocorrer.

    Fornecer um texto sem pontuao para ser lido.

    Essa medida tem o objetivo de mostrar que na escrita, os sinais de pontuao reproduzem as pausas e entona

    o da fala.

    Mdulo III: Neste mdulo foram trabalhadas questes referentes influncia da oralidade na escrita.

    Primeiro leve o leite comdemado au fogo.

    Mostrar ao aluno que na lngua portuguesa existem sons que so grafados de diferentes maneiras.

    Solicitar ao aluno a transcrio de palavras at aquelas que ele tem conhecimento da grafia da forma que ele

    ouve.

    Em um segundo momento, ser fornecido um dicionrio onde os alunos procuraro as palavras transcritas.

    Com a dificuldade para encontrar comdemado, au, isfriar, pal, ficar exemplificado que nem tudo se escre

    ve como se ouve.

    Condies para Produo Final:

    Diante do trabalhado em sala de aula, os alunos, em ltima etapa, trocariam os textos e efetuariam as altera

    es necessrias com a ajuda do professor e de um dicionrio, elaborando o texto final.

    As receitas de todos os alunos sero publicadas em uma revista culinria criada pela turma.

    No foram registrados, do ponto de vista da estrutura composicional do gnero receita, grandes

    problemas no texto inicial desse aluno do 6 ano do ensino fundamental. No geral, so as inadequaes de

    ortografia que se fazem mais presentes no texto do aluno, muitas das quais sero resolvidas na elaborao do

  • texto final.

    identifica

    professor s

    Schneuwly

    devem ser

    gneros a

    voltam para

    progredir n

    razes no

    professores