Did a Tic Azine 2015

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Didática Zine. Bullying e Sexualidade

Transcript of Did a Tic Azine 2015

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    Projeto Didtica-zine

    Capa e Contra Capa

    Camila Puni

    Acesse a verso online: https://www.academia.edu/10717252/Didtica-zine

    (objetiva-se a mxima difuso dos textos permitindo a livre reproduo

    desde que citadas as autoras e fontes aqui reunidas)

    Criao, produo de texto e execuo do projeto:

    Camila Olivia de Melo (Puni)

    Pesquisa de imagens, produo de colagens e reviso textual:

    Halina Rauber Baio

    Criao e produo de colagens: Carla Duarte

    Assessoria Pedaggica e Feminista: Denise Cruz

    Coordenador do Curso Gnero e Diversidade da Escola: Marcos Signorelli

    Vice-Coordenador: Jamil Cabral Sierra

    Coordenador de Tutoria: Clvis Wanzinack

    Coordenadora do Ncleo de Educao Distncia da UFPR Litoral:

    Ana Christina Duarte Pire

    Coordenador Pedaggico: Daniel Canavese de Oliviera

    Apoio Administrativo: Daniela Schneider

    Reviso ortogrfica: Tatiane Valria Carvalho

    Instituio apoiadora: UFPR Setor Litoral e Curso de Especializao em Gnero e Diversidade na Escola

    [2015]} UFPR-Litoral - Matinhos - Curitiba-PR

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    Eu comecei a escrever porque eu tinha essa vontade dentro de mim, essa vontade de criar algo

    que ainda no estava l.

    Nossos sentimentos so nossos mais certos caminhos para o conhecimento.

    Voc sempre aprende a partir da observao. Voc tem que sacar as coisas no verbais porque

    as pessoas nunca vo te dizer aquilo que voc deveria saber.

    Voc tem que perceber isso por voc mesma:

    qualquer coisa que seja para a sua prpria sobrevivncia.

    Voc se torna forte quando comea

    a fazer as coisas que te fazem forte.

    E assim que a verdadeira aprendizagem acontece.

    Audre Lorde (1981) traduo livre nossa.

    Escritora, poeta, ativista feminista. Negra, lsbica, metade Caribenha e metade Norte Americana.

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    Carta de Apresentao

    Querido/a leitor/a,

    Novas ideias e diferentes caminhos podem se abrir nessa longa e

    cansativa trilha de enfrentamento s fobias (homo, lesbo, trans,

    bi), ao racismo e aos preconceitos mais naturalizados manifestados

    em ambientes educativos. Isso porque, mais do que fornecer receitas

    ou cartilhas tcnicas de procedimento, voc tem em suas mos um

    material que se prope aberto e questionador-questionvel.

    Pensando que os fanzines sempre tensionam, criticam e provocam

    emoes diversas, nossa Didtica-zine possui tudo isso e muito mais.

    Tentamos aqui misturar linguagens e assim mesclar estticas das

    subculturas com termos e conceitos tericos. Mais do que apontar

    caminhos, tentamos desenhar mapas para a sua livre interpretao e

    para a tomada de novos rumos.

    Acreditamos que a iniciativa em distribuir um material que leve

    zine em seu ttulo j possibilita uma maior apropriao das ideias

    que perpassam suas pginas. Com zines possvel xerocar novas

    cpias, anotar alguma nova informao em suas folhas, recortar

    saberes, colar e descolar nossos prprios preconceitos e rever

    antigas ideias-palavras, pois acabamos por aprender tantas outras

    tantas novas.

    A mdia alternativa radical fanzines apresenta-se,

    principalmente, como folha sem pauta, pronta para exercitar, de

    maneira ttil, teorias, temticas diversas e disciplinas do

    currculo. Alm disso, pode decantar sofrimentos, tranquilizar

    aprendizagens, destravar palavras e nmeros; com seu exerccio de

    recortar, colar e expressar as prprias mensagens, chega a alcanar

    fendas da prpria subjetividade. Assim sendo, desejamos a todxs bom

    proveito-experincia-experimentao desse material!

    Com carinho e potncia feminista,

    Axs organizadoraxs.

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    Sumrio

    1. Introduo .......................................06

    2. Dicas para uma conversa sobre: sexualidade, gnero,

    raa e etnia .....................................09

    3. Compartilhando caminhos metodolgicos ...........19

    3.1 Quadrinhos, ilustraes e tirinhas...........19

    3.2 Fanzines ....................................23

    3.3 Fanzines como projeto educativo .............25

    3.4 Como fazer um minifanzine....................28

    4. Na ponta da lngua ...............................29

    5. Dicas de filmes .................................32

    6. As autoras ......................................34

    Referncias .......................................36

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    1 Introduo

    Nessas primeiras palavras gostaramos de dizer um pouco sobre as ideias que floresceram

    para a criao deste material e, claro, contar como a Didtica-zine surgiu. Essa cartilha com cara de

    fanzine representa uma mistura de linguagens que mescla conceitos acadmicos com a esttica das

    mdias alternativas e radicais dos zines. Assim, acreditamos em sua potncia em aproximar dilogos

    cotidianos e debates acadmicos aos ambientes educativos formais ou no formais.

    interessante contar sobre a experincia que tivemos com o Curso de Aperfeioamento em

    Gnero e Diversidade na Escola no perodo entre 2013-2014, pois notamos uma singular

    dificuldade em tornar orgnicas as temticas de gnero e diversidade sexual debatidas durante o

    curso. Isso quer dizer que por mais que possibilitemos saberes tericos, as experincias educativas

    precisavam tambm de incentivo metodolgico. Isso nos forneceu intensos questionamentos para

    refletir sobre como os contedos so difundidos e ainda sobre a maneira em que costumamos agir

    metodologicamente. Refletimos com isso se, em nosso cotidiano educativo, repassamos velhos

    estigmas, mantivemos cristalizados esteretipos, ou se j conseguimos perturbar em nossa prtica

    pedaggica a matriz de gnero e suas normas de existncia.

    Nesse sentido, a Didtica-zine foi idealizada e planejada principalmente por meio das

    dvidas, dos anseios e das curiosidades levantadas ao longo do curso, e inspiradas em Audre

    Lorde, por uma vontade dentro de ns em criar algo que ainda no estava l.

    Nesse sentido, nas temticas aqui reunidas e como elas foram sendo montadas, demos

    prioridade aos debates de gnero e diversidade sexual. No entanto, no pudemos deixar de lado uma

    atitude intersecional, levantando questes que dizem respeito a relaes tnico-raciais e, em alguns

    momentos, sobre capacitismo, trans-lesbo-homofobia e gordofobia. Priorizamos, tambm, a

    insero de arte feita por feministas autnomas brasileiras1, de imagens onde os gneros no so

    definidos, ou at mesmo de figuras de animais no humanos para nossas ilustraes - isso para

    utilizarmos ao mximo a esttica dos zines como ferramenta de comunicao. Comunicamos, ento,

    de maneira alternativa, conceitos j to consolidados nos livros de teoria.

    A primeira seo a Sexualidade, Gnero, Raa e Etnia. Aqui reunimos o maior nmero

    de metodologias, de como fazer para abrir dilogo s nossas temticas, a fim de que sejam como

    Dicas para uma conversa. Queremos ressaltar que no h como abordar uma totalidade de

    metodologias, por isso separamos as que mais nos trouxeram sorrisos e descobertas.

    Quadrinhos, Fanzines e Ilustraes - abre nossa seo trs: Compartilhando Caminhos

    Metodolgicos. Nesse espao abrimos nossa pasta de favoritos e compartilhamos um pouco do que

    1 Na seo Quadrinhos, Ilustraes e Tirinhas.

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    absorvamos na internet, principalmente em relao a quadrinhos, ilustraes e tirinhas. Ainda nesse

    tpico, trouxemos a mdia alternativa Fanzine, dicas de como utilizar os Fanzines como projeto

    educativo, e uma colagem compartilhando passo a passo Como fazer um minifanzine.

    Nossa quarta seo na ponta da lngua. Uma seo que requereu certa ousadia. Dizemos

    isso porque arriscamos dar algumas sugestes de respostas quelas situaes cotidianas em que

    somos provocadas/os, tensionadas/os ou at mesmo desafiadas/os a lidar. Propomos frases rpidas,

    possveis respostas eficazes e perturbadoras.

    A quinta e ltima seo Dicas de Filmes, a colagem que abre de Cala Duarte. Na escolha

    tentamos trazer os mais clssicos, mas tambm os filmes mais atuais e alternativos sobre nossas

    temticas. Interessante notar que os filmes sugeridos servem muito mais como instrumento de

    pesquisa do/a prprio/a professor/a, do que para uma exibio rpida em sala de aula. Sim, eles so

    timas ferramentas de debate e por isso pedem uma continuidade a sua exibio, no mnimo uma

    roda de conversa.

    Sinta-se a vontade para destacar, amassar, repassar, anotar e perverter as pginas desse

    fanzine. Que a Didtica-zine lhe traga novos ares e mais trocas de experincias em ambientes

    educativos do que explicaes tericas, porque disso que se trata esse fanzine: troca de

    experincias e afetos.

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    2 Dicas para uma conversa sobre: sexualidade, gnero, raa e etnia

    Separamos algumas metodologias populares para iniciar uma conversa sobre nossas

    temticas. A primeira a caixa de dilogo, a segunda, situaes cotidianas, depois, falas de

    experincias, seguida por casos da grande mdia e, por fim, dinmicas corporais. Com essas

    ferramentas fica mais fcil comear a conversa e abrir espao de escuta e desabafo dos/das jovens

    envolvidas.

    Caixa de dilogo

    Processo: Construo, em conjunto

    (professores/as e educandos/as), da caixa.

    possvel que cada educando/a traga para a

    caixa algo de sua personalidade, seja uma

    palavra, um desenho ou recorte. Aqui o

    objetivo dar espao para a formulao de

    perguntas.

    Sugesto de materiais: Caixa de papelo

    (mdia), que possa ser fechada; revistas; cola;

    tesoura; fitas de tecido; durex colorido e

    caneto.

    Proposta: Na primeira aula possvel

    mostrar a caixa e os materiais e explicar

    verbalmente que nessa caixa podem entrar

    anonimamente ou no - todos os tipos de

    dvidas, situaes, denncias e desabafos

    sobre a temtica diversidade sexual e gnero

    para serem discutidas e debatidas em sala

    Num segundo momento, hora de ilustrar e

    deixar a caixa com a cara da turma. No

    terceiro, possvel distribuir papel (j do

    tamanho para poucas palavras) e pedir para

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

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    que quem quiser escreva anonimamente

    qualquer situao que deseje discutir ou saber

    mais e coloque na caixa. A partir da,

    sugestiona-se separar 15min de cada aula

    para discutir uma situao. possvel separar

    15min de cada aula, onde se abre o dilogo

    sobre o que ser feito.

    Alerta: importante nos atentarmos quanto

    ao seu mau uso, assim como observou um de

    meus cursistas do GDE, o prof. Rodrigo

    Ramos, em uma de suas atividades. No so

    raras atividades como a caixinhas de

    sugestes, onde os alunos podem fazer

    perguntas sobre sexo de maneira annima,

    respondidas pelos professores de maneira

    parca, alertando to somente para o risco de

    infeco por DST e a gravidez na

    adolescncia, sem discutir as construes de

    feminilidades e masculinidades que envolvem

    a sexualidade, mantendo a hierarquizao de

    gneros e o sexo como um ato perigoso e

    transmissor de doenas." A proposta dessa

    caixa de dilogo pretende escapar da

    manuteno dessa elaborao de esteretipo

    de gnero ou mesmo sobre sexualidades.

    Aproveite as dvidas e os questionamentos

    dos alunos/as para, mais do que responder de

    fato s perguntas, problematizar e debater

    essas questes que so uma constante

    descoberta para todos/as.

    Quando usar? Essa tcnica mais bem

    aceita quando j h muita dvida, muita

    conversa sobre o tema, afetividade e

    curiosidade sobre corpos e desejos. Ou ainda,

    quando algum caso ou situao escolar incita

    os/as prprios/as jovens a saber mais.

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    Mural de reflexo sobre situaes cotidianas

    Processo: Construir uma cultura da situao.

    Isso significa sempre que possvel trazer para

    dentro do ambiente educativo uma situao de

    grande comoo, de grande dvida ou

    preconceito. O objetivo debater situaes

    polmicas e questionar os esteretipos que

    geralmente so levantados nestes momentos.

    O mural funcionaria tambm como uma

    espcie de sintetizador de ideias cotidianas.

    Sugesto de materiais: Canetinhas, cartolina

    e/ou papel pardo ( possvel ainda imprimir

    alguma frase ou trecho de filme/livro) para

    elaborao de alguma frase que d incio

    reflexo da turma. (Essa frase motivadora

    pode ser, por exemplo, Esse ambiente livre

    de homofobia e racismo.). Conforme outras

    situaes forem sendo apresentadas, outras

    frases ou palavras podem ir sendo agregadas

    este mural, de modo a sintetizar a reflexo

    que se chegou aps os debates.

    Proposta: Conversar brevemente e deixar

    ntidas a abertura para conversas sobre

    temticas polmicas. A proposta estar

    atento/a aos silenciamentos que perpassam

    situaes cotidianas, estar alerta queles/as

    jovens que por algum motivo so quietos/as

    demais, falantes demais, agressivos/as

    demais, femininos demais, masculinas

    demais ou que possuem uma corporalidade

    no normativa que foge ao padro de beleza

    europeu. Percebendo os/as jovens que no se

    enquadram na norma, que no se encaixam na

    turma, possvel sempre formular uma

    palavra de conforto. Para trabalhar as

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

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    temticas de sexualidade, gnero, raa e etnia

    preciso estar com olhos atentos e uma

    sensvel percepo aos temas de conversa, s

    falas em corredor e, principalmente, s

    agresses verbais entre os/as jovens. Aqui o

    principal material nada mais do que a

    percepo. O grande click da situao

    cotidiana intervir imediatamente quando

    percebida uma ao de agresso ou

    desrespeito s diferenas.

    Alerta: Como conciliar o envolvimento com

    as temticas de gnero, sexualidade, raa e

    etnia com o dever de vencer os contedos?

    Nesse sentido, pensar em sala o que de fato a

    turma precisa naquele momento. possvel

    propor um determinado horrio de aula

    semanal, por exemplo, toda sexta-feira, que

    fica reservado para esse debate.

    Quando usar? Essa ferramenta deve ser

    aliada sensibilidade dos/das professores/as.

    Isso porque as palavras que estiverem no

    mural podem ser resgatadas para resolver

    situaes pontuais de preconceito em sala de

    aula: Essa situao se relaciona com o que

    j vimos, com a palavra que est ali no

    mural. Essa ferramenta tambm necessita

    encorajamento e informao, pois

    necessrio estar em um ambiente confortvel

    para intervir e dizer algumas palavras que

    possam apagar o fogo que foi premeditado, ou

    que foi, como dissemos, percebido.

    Geralmente essa frase pode ser usada em

    qualquer lugar, nos caminhos entre o ptio e a

    sala, entre a sala e o refeitrio, mas

    principalmente em sala de aula. Isso faz com

    que percebam que ali um ambiente onde se

    sabe o que so opresses, como, por exemplo,

    racismo e homofobia.

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    Falas de experincias

    Processo: O objetivo possibilitar um espao

    de fala e escuta entre participantes acerca de

    situaes e realidades colocadas em questo.

    Aqui a ideia proporcionar uma troca de

    experincias, e essa troca pode estar

    relacionada a diversos temas. A que

    sugestionamos aqui sobre diversidade

    sexual e gnero. Nos arredores dos ambientes

    educativos sempre h os/as jovens que se

    comunicam mais, que se expressam de formas

    diferentes da nossa.

    Sugesto de materiais: Mquina fotogrfica,

    lpis e papel.

    Proposta: Situao disparadora - Em uma

    rpida conversa com a turma possvel

    encontrar os/as jovens que mais se destacam

    em relao ao seu gnero, s suas roupas,

    sua forma de viver. Lanando a seguinte

    pergunta na sala: o que poderamos

    perguntar a tal pessoa? surgem

    questionamentos por parte dos/das alunos/as,

    algumas perguntas agressivas que podem

    ser debatidas e questionadas nesse momento

    e outras interessantes, mas o principal

    deixar falar. Durante esse brainstorm as

    perguntas mais interessantes (escolhidas tanto

    pelo/a professor/a como pelos/as

    educandos/as) vo sendo anotadas. A partir

    desse momento, pode-se procurar algum

    (aluno/a ou no) que esteja disposto/a a vir

    sala de aula nos 15 ou 20 minutos finais ou

    iniciais da aula, para uma entrevista com

    um roteiro de perguntas j previamente

    definido, ficando acordado que durante a

    entrevista sero feitas apenas as questes j

    elaboradas. Assim, a pessoa poder responder

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

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    a partir da sua prpria experincia sobre essa

    diferena que tanto chama a ateno das

    pessoas. Essa elaborao de roteiro evitar

    que perguntas constrangedoras ou que fujam

    da temtica agridam o/a entrevistado/a. Um

    caso interessante convidar (se for de acordo

    com a turma) uma jovem que gosta de ser

    chamada por um nome de menino e que se

    veste como tal, ou mesmo ao contrrio, um

    corpo que antes vestia roupas tidas como

    masculinas e agora prefere saia e esmalte. Ao

    final, caso a turma tenha um blog ou uma

    pgina na web, possvel tirar fotos, ou at

    deixar responsvel pelas imagens algum

    estudante que no se interessou muito pela

    conversa.

    Alerta: Ao convidar o/a aluno/a, primeiro

    perguntar se este quer realmente participar,

    mas tambm perceber a posio da turma em

    relao a pessoa/situao. Essa atividade

    depende muito da maturidade da turma para

    ser realizada, e o mais importante no deixar

    a turma nem a pessoa que foi entrevistada em

    situao constrangedora, porque elas

    convivem em um mesmo ambiente escolar.

    importante, tambm, estar alerta e sensvel,

    tanto para ver a capacidade da turma de

    desenvolver uma atividade respeitosa, como

    para perceber se a pessoa que pensaram em

    convidar est segura e tranquila para

    responder as dvidas. Uma alternativa

    mostrar o roteiro de perguntas para o/a

    convidado/a no momento do convite. O

    instrumento roteiro serve para dar mais

    segurana ao/ professor/a (e tambm /ao

    entrevistado/a), no significa que

    identificando alguma dvida pertinente esta

    no possa ser inserida na atividade.

    Observao: Essa atividade pode ser aliada

    atividade anterior.

    Quando usar? A sugesto chamar o/a

    convidado/a depois de conversar bastante com

    a turma, depois que as perguntas j foram

    pensadas. Lembrando que para ouvir a outra

    pessoa, preciso vontade de saber. A turma

    precisa estar interessada nessa ferramenta.

  • 15

    Casos da grande mdia

    Processo: Assimilao de notcias com as

    nossas temticas veiculadas na grande mdia

    (pode ser casos da telenovela, de comoo

    nacional), manifestaes (Marcha das

    Vadias), etc. A partir de um fato ou ao que

    esteja no senso comum, trazer um debate que

    rompa com o status quo. O objetivo aqui

    transformar situaes efmeras em processo,

    em reflexo e, a partir disso, produzir algo

    artstico para que seja feito um portflio da

    turma a ser exposto.

    Sugesto de materiais: Cartolinas ou folhas

    A4 coloridas, grandes tecidos de TNT, tinta

    guache ou o material artstico que mais

    interessar a turma.

    Proposta: A escolha dos casos precisa ser

    feita a partir do que se ouve entre os/as

    jovens, possvel sugestionar, mas quem

    escolhe so os/as educandos/as. A partir da

    escolha possvel pensar qual filme se

    relaciona com tal fato, pensar qual momento

    histrico pode estar relacionado a ele, em qual

    territrio geogrfico ele pode se encaixar,

    quais os impactos ambientais e sociais, e

    como o resultado das reflexes da turma

    poderia produzir materiais artsticos para

    elaborar uma exposio.

    Quando usar: Como ferramenta

    transdisciplinar e tambm como criao de

    projetos.

    Exemplo: Percebeu-se que em determinada

    turma, alguns jovens estavam desenhando os

    smbolos da sustica, falando sobre nazismo e

    Hitler. Houve a oportunidade de oferecer mais

    informao sobre o tema, e todos/as

    concordaram com entusiasmo. Alguns

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

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    sugestionaram filmes, e perguntou-se se j

    conheciam A outra histria Americana, com

    Edward Norton de (1998), e o nacional

    Olga (2004). Ningum conhecia os filmes.

    O momento histrico visivelmente era o

    Nazismo e a Segunda Guerra Mundial, por

    consequncia o dio e extermnio de corpos

    no brancos-arianos e no heterossexuais, em

    territrio europeu, de grande impacto

    ambiental e social. Aqui possvel perceber o

    caminho dessa ferramenta, pois o disparador

    so os filmes onde so colocados discursos

    histricos. A informao, nesse caso, sobre o

    que uma sustica se complexificou quando

    ampliamos suas consequncias, e, mais,

    quando foi observado com o olhar de gnero

    os/as personagens e roteiro. Aps as sees de

    filme, pode ser realizada uma dinmica em

    que cada participante retira de uma caixinha

    frases de personalidades famosas, ligadas ao

    contexto trabalhado (Che Guevara, Olga

    Benrio, Gandhi, poetas e artistas brasileiros).

    Todo mundo pode ler uma frase e tambm ser

    incentivado/a a escrever a sua prpria frase.

    Como fechamento, a proposta pode ser (para

    uma turma mais ttil) representar as mos de

    todos os corpos mortos por no serem nem

    brancos-arianos, nem heterossexuais, e expor

    em varal no ptio. J para uma turma mais

    engajada, grafitar - uma ideia usar o spray

    para escrever a sua prpria frase no tecido de

    TNT e pendurar no ptio.

  • 17

    Dinmicas corporais

    Processo: A partir das falas, referncias e

    exemplos que os/as estudantes trazem,

    levantar um debate sobre a construo dos

    corpos engajada s determinaes culturais e

    temporais. Para tanto, usar as imagens e

    exemplos de padres de beleza de diferentes

    culturas e etnias para demonstrar como estes

    se alteram significativamente dependendo do

    contexto. possvel usar tambm imagens de

    diferentes pocas referentes, unicamente, ao

    padro de beleza europeu (atualmente o

    hegemonicamente veiculado no contexto em

    que vivemos), observando a historicidade e as

    alteraes pelas quais este padro passou. Ao

    observarmos essas variaes, tanto culturais

    como temporais, fica mais fcil compreender

    como esses padres, muitas vezes dados como

    naturais ou como algo que sempre foi

    assim, so, na verdade, construdos

    cotidianamente atravs da produo,

    reproduo e assimilao de imagens de

    determinados tipos de corpos. Ao nos darmos

    conta de como esses modelos so construdos,

    torna-se possvel e mais palpvel a

    desconstruo de frases reducionistas ou

    essencializantes, tanto sobre padres de

    beleza como tambm sobre padres de

    feminilidade e masculinidade.

    Sugestes de materiais: Cabo de vassoura,

    barbante ou tecido, o que mais estiver

    disponvel, e criatividade. Imagens de outras

    culturas e imagens que representem padres

    de beleza de outras pocas. Por exemplo, no

    sculo XV o corpo feminino gordo era tido

    como bonito e saudvel, enquanto o magro

    indicava doena e, por consequncia, feiura.

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

  • 18

    Outra situao que pode ser mencionada a

    histria do surgimento do salto alto. Segue

    um resumo: este item foi criado por um

    homem para facilitar o cavalgar, ou seja, na

    poca era um artigo de vesturio masculino,

    no entanto, atualmente, considerado algo

    exclusivamente do vesturio feminino.

    (Tambm sugerimos fazer uma pesquisa sobre

    pessoas que na atualidade rompem com o

    binarismo de gnero - por exemplo Shiloh a

    filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, que possui

    uma expresso de gnero masculina -, ou

    mesmo modelos que fogem ao que

    comumente visto como belo - modelos

    negros/as, modelos plus size , e trazemos

    tambm como exemplo as cantoras Viktoria

    Modesta e Nomy Lamm, ambas com prteses

    em seus corpos que nos fazem refletir sobre o

    capacitismo. Essas imagens podem nos

    auxiliar a pensar sobre os outros usos

    possveis do corpo.).

    Proposta: O exerccio busca propor aos/s

    alunos/as novas formas de se movimentarem

    e, consequentemente, de usarem e

    experimentarem seus corpos. Aps refletir

    sobre a construo de padres hegemnicos

    de corporalidade e comportamento, hora de

    estranhar o prprio corpo. Por exemplo,

    possvel pedir que os/as estudantes amarrem

    seus joelhos um ao outro e que caminhem, ou

    mesmo que atem um cabo de vassoura de

    forma que a perna fique toda reta e pedir para

    que experimentem essa outra forma de andar.

    interessante abrir a escuta para os/as

    estudantes e tentar refletir sobre como no s

    os padres de comportamento e de

    corporalidade, mas tambm as nossas roupas

    e a prpria arquitetura moldam a nossa forma

    de nos movimentarmos.

    Dica: Ao realizar uma atividade em que se

    tenha que separar uma sala em grupo, ao

    invs da clssica diviso meninos x

    meninas, propor a seguinte diviso para sair

    do binarismo: Quem gosta de sorvete de

    morango aqui, e quem gosta de flocos ali! ou

    ainda, Quem prefere o filme crepsculo aqui

    e quem gosta de Jogos Vorazes l., isso so

    apenas alguns exemplos.

    Alerta: Problematizar ao mximo como as

    normas corporais de gnero e de beleza so

    construdas, como as nossas roupas

    modificam a nossa forma de andar e limitam

    certos movimentos, como a mdia tradicional

    responsvel pela veiculao quase exclusiva

    de um corpo magro, branco, heterossexual,

    sem deficincias, inserido nas matrizes de

    gnero.

    Quando usar? Em uma atividade externa, em

    quadra ou no ptio do colgio.

  • 19

    3 Compartilhando caminhos metodolgicos

    3.1 Quadrinhos, ilustraes e tirinhas

    O uso de historia em quadrinhos e tirinhas em ambientes educativos pode adquirir um

    carter transdisciplinar. Isso porque possvel entender essas ferramentas da comunicao

    alternativa como tendo multilinguagens. Pensando em sua estrutura geomtrica interessante

    observar sua interao com a matemtica e geometria, enquanto que seus dilogos interagem com o

    portugus e literatura. Sua produo e criao podem ser realizadas nas aulas de artes. Dependendo

    do enredo possvel tambm utiliz-las para disseminar as temticas aqui incentivadas. A seguir

    algumas tirinhas e ilustraes que selecionamos. Para us-las s xerocar ou at mesmo recortar

    e lev-las para a sala:

    Fonte: amptoon.com

  • 20

    Fonte: SATRAPI, M., Perspolis. Local: Cia das Letras, 2007.

    Fonte: Facebook Andr Dahmer

    Fonte: Blog Guillermo Decurgez)

  • 21

    Fonte: Pgina Desalineada

  • 22

    Fonte: P

    gina Negahamburguer

    Fonte: Bruna Morgan

    Fonte: P

    gina Sisterhood of sis

    Fonte: Gbrl Pires

  • 23

    3.2 Fanzines

    Fanzines, ou zine (como tambm so conhecidos), so pequenos informativos alternativos

    parecidos com Literatura de Cordel, de baixo custo (pois de publicao autnoma e de livre

    reproduo com fotocpias). Possui em suas folhas uma esttica prpria que se aproveita da

    variao de tons do cinza ao preto e, nos originais, apresenta colagens coloridas, pequenos

    elementos de papelaria e recortes com sobreposio de imagens; tem como principal

    caracterstica a criticidade.

    A palavra zine vem de magazine, tendo uma conotao alternativa e crtica. Essa definio

    de fanzine inspirada nos autores Downing (2004) e Guimares (2007). J com uma interpretao

    mais subjetiva, Gabriela Gelain (2013) nos conta que produzir os fanzines um projeto pessoal, e

    afirma que com os zines possvel compartilhar, sentir autosatisfao, recarregar a autoestima e

    proporcionar intercmbio cultural-sentimental. Como foi popularizado aqui no Brasil - dentro do

    movimento artstico musical punk de So Paulo, na dcada de 1980, os fanzines atingem sua marca

    de ferramenta empoderadora e, com isso, nos incentivam a trabalhar em ambientes educativos -

    formais ou no formais - tais aspectos subjetivos, como a autora bem destacou.

    Nesse sentido, a produo desses informativos alternativos possibilita trabalhar uma tcnica

    artstica chamada colagem, muito utilizada durante o perodo artstico Dadasta na dcada de 1920

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

  • 24

    em territrio Alemo. O mais interessante desse instrumento sua potncia de projeto, mas sem

    desconsiderar seu aspecto mais comum: o artstico subversivo.

    Para pensar os fanzines em formato de projeto pedaggico, vamos trazer uma descrio de

    uma experincia em que os zines foram conquistando turmas do Ensino Fundamental e acabaram

    por despertar interesse do Ensino Mdio tambm. Alm disso, o projeto acabou por estabelecer

    pontes entre as disciplinas de Geografia, Artes, Lngua Inglesa, Portugus, Matemtica e

    Educomunicao2.

    2 Para saber mais sobre o tema, ver : Evanise Gomes (2014).

  • 25

    3.3 Fanzines como projeto educativo

    A primeira ao a ser tomada para que os zines faam parte de projetos educativos pensar

    a longo prazo. Isso quer dizer que a produo e confeco dos informativos sero a ltima atividade

    a ser desenvolvida. Tendo isso em mente, possvel optar por uma grande temtica, como, por

    exemplo, a criticidade. A noo de que o foco desenvolver criticidade nos/as participantes

    importante, pois o formato fanzine livre, e o projeto pode se perder caso no se obtenha um foco

    desde o incio. Esse entendimento da grande temtica est muito mais atrelado prpria professora

    ou professor, do que aos/s educandos/as envolvidos/as.

    A seguir trazemos um exemplo de esquema de atividades com a produo de fanzines a ser

    estendido por um semestre inteiro, ao invs de apenas algumas aulas pontuais. Lembrando que aqui

    estamos apenas proporcionando ideias disparadoras, tendo que sempre ser observada a realidade em

    questo e o perfil tanto do ambiente educativo como dos materiais disponveis e da turma em que se

    pretende realizar a atividade. Segue o esquema de atividades dividido em 2 etapas.

    Observao: Ao longo da produo dos zines, trazer criticidade para o processo tambm

    importante, como, por exemplo, nos atentando para a presena quase exclusiva (seno exclusiva) de

    pessoas brancas e magras nas revistas utilizadas para fazer os recortes. Aguar a percepo e a

    criticidade ao longo da elaborao do zine essencial para produzir um material que, no final,

    apresente uma construo crtica da temtica proposta.

    Fonte: Coletivo Maracuj

    Roxa

  • 26

    Etapa 01

    Durante esse perodo que pode vir a ser de 1 semana, ou 1 ms, importante notar que o

    projeto deve ir se aproximando de linguagens que dialoguem com os fanzines. Isso pode ser feito

    atravs de um filme disparador, imagens que mostram o fanzine, ou quando um professor/a

    convidado para contar a sua experincia com esses informativos (chegando a mostrar o que

    produziu) - caso isso no seja possvel, h na internet muitos modelos que podem ser impressos. A

    partir da, vemos que imageticamente a apresentao visual j mostra os contrastes de cores preto e

    branco e alguns toques coloridos, e a apresentao de um filme permite retomar o a linguagem de

    histria em quadrinhos, bem prxima dos fanzines.

    Para finalizar essa etapa, possvel comear a interagir e conversar:. Qual vai ser o seu

    tema? E quais papis voc quer utilizar?. Perguntas como essas ajudam na produo. No final

    desse momento, j se comea a produzir o Fanzine #1.

    Itens da Etapa 01:

    Exibio de filmes3 que dialoguem com a

    linguagem Fanzines.

    Bate-papo com o algum da comunidade

    escolar que j tenha feito fanzines, para dizer

    melhor como e porque o fez.

    Apresentao de Power Point sobre a histria

    dos fanzines; fotos e modelos dessa mdia.

    Escolha do tema geral a ser produzido. E

    fomentao pesquisa de imagens e frases;

    Pesquisa sobre os temas escolhidos na

    Biblioteca ou sala de informtica.

    3 3 Sugestionamos a seguir alguns filmes utilizados em

    projetos anteriores: Sin City (2005), The Spirit (2008),

    Animatrix (2003), mas possvel tambm exibir filmes

    com trao de anime (animao Japonesa) ou outros

    inspirados em quadrinhos. O importante que o filme

    traga o debate sobre as cores e contrastes entre branco,

    preto e traos de HQ. Entendemos que os filmes

    citados no apresentam necessariamente debate sobre

    as questes de gnero (o que pode tambm ser

    problematizado na exibio), entretanto nos servem

    como linguagem a exibir imageticamente o tema

    fanzines. E possvel ainda levar apenas alguns trechos

    que ilustrem a temtica.

    Anotaes e separao de materiais

    encontrados para a produo de fanzines

    Para entender a linguagem Fanzine,

    apresentar diferentes modelos de fanzines.

    Produo do Fanzine #1 como teste. Esse

    primeiro fica com os/as participantes. Lembrando

    que para produzir um fanzine por completo

    precisamos de, em mdia, 3 horas. Por isso

    importante dividir essa atividade. possvel

    utilizar o passo a passo do #2 j

    na execuo do #1. Fica a critrio do/a

    professor/a.

  • Etapa 02

    Para essa etapa, a ideia unir as temticas de outras disciplinas, ou no, para a produo do Fanzine

    #2 esse por ser o segundo a ser produzido ser um pouco mais fcil de realizar, porque a ideia geral do que

    um fanzine j estar melhor compreendida pelos/as estudantes. preciso deixar ntido desde o incio que

    esse Fanzine #2 ser exibido na exposio final.

    A exposio dos fanzines pode ser no mesmo estilo dos Cordeis. Estica-se um barbante, prende-se os

    fanzines com prendedores de roupas (que tambm pode ser trabalhados artisticamente) e no final da carreira

    de zines pode-se colocar uma folha A4, de gramatura mais grossa, com as informaes da exposio

    (Exposio de Fanzines, ano tal. Pegue, leia e devolva.),ou at uma frase explicando rapidamente o que so

    os zines. importante que esse varal seja montado em lugar de passagem, de acesso, onde outras pessoas da

    comunidade escolar possam visualiz-lo.

    Itens da Etapa 02

    1- Distribuio de folhas A4, exibio e

    montagem a partir de modelo aqui fornecido.

    Incentivar a colocar o nome e ano na capa.

    2- Distribuio de revistas (se possvel j

    observar as imagens, selecionar algumas,

    levar impresses de imagens relacionadas ao

    tema). Montagem de ilhas com materiais

    compartilhados (tesouras sem ponta, fitas

    coloridas, giz de cera, durex e outros

    materiais secos).

    3- Hora de recortar e colocar todas as imagens

    dentro do fanzine.

    4- Em outro encontro, devolver para cada

    participante seu fanzine para a escrita e criao

    do ttulo do fanzine na capa, frase de despedida

    na contracapa e das frases que iro por dentro.

    5- Colagem e Arte final distribuir as colas,

    materiais de papelaria e canetas coloridas (ou

    lpis de cor ou at pedir para a turma levar os

    materiais que mais gosta) e auxiliar os/as

    estudantes na finalizao do fanzine #2

    .

    interessante notar que a professora que desenvolveu esse projeto acabou transgredindo as

    barreiras entre as disciplinas. Isso porque, como o #1 fica com as/os estudantes que produziram o

    zine, houve uma conversa pelo ambiente escolar a respeito do que tinham produzido, alm da

    liberdade de xerocar e distribuir para colegas e professores/as de maior afinidade. O processo ao

    longo de 1 semana, 1 ms ou 1 semestre, foi materializado, houve um fechamento e pode ser

    sentido e visualizado como produo prpria. Foi colocado tambm no mural compartilhado entre

    as professor/as um dos fanzines produzidos, alm de uma pgina impressa explicando em poucas

    palavras o que era e como podia ser utilizado como ferramenta comunicativa integrativa, tornando

    orgnicas as discusses, teorias e temas sociais em formato de papel, recortes e xerox.

    A seguir, trazemos uma sugesto para fcil elaborao de um minizine.

  • 28

    3.4 Como fazer um minifanzine (pode recortar essa pgina!)

  • 29

    4 Na ponta da lngua

    Nessa seo separamos algumas frases/situaes que podem servir de inspirao para

    enfrentar ou rebater dinmicas cotidianas que envolvam racismo, trans-lesbo-homofobia e

    gordofobia em ambientes educativos. Sugerimos tambm a troca de ideias entre os/as prprios/as

    professores/as para gerar tanto uma conscientizao como um melhor entendimento dessas

    categorias.

    1- Na sala de aula surge uma pergunta:

    - Professor/a, voc j beijou meninos/as? (dando exemplo de uma situao homoafetiva)

    - Beijar meninos/as no problema nenhum, o problema querer e no fazer.

    2- Na sala de aula voc ouve de longe:

    - Sai daqui seu bichinha!

    - Voc pode intervir na mesma hora e dizer que ser bicha no tem problema nenhum, e que por isso no pode ser usado como um xingamento.

    3- Em uma conversa:

    - No preconceito, eu s acho errado.

    - Errado impedir a liberdade de outras pessoas.

    Fonte: Tumblr imagens

  • 30

    4- Em uma situao de bullying:

    - Mas eu s queria saber se ele/a menino ou menina!

    - Tem coisas que no so pra voc saber; e voc acha que s existem essas duas formas

    de existir no mundo?

    5- Em uma atividade envolvendo recortes (ou pesquisa de imagens/fotografias):

    Voc se depara com representaes imagticas brancas em quase todos os trabalhos.

    Percebeu que nenhuma foto/imagem/estilo de vida fez referncias diversidade raa-

    etnia. possvel, ento, chamar a ateno dos/das estudantes:

    - Percebi que vocs, na maioria, trouxeram representaes brancas em seus trabalhos; o que

    est faltando neles? E por que s encontraram essas? Vamos refazer a tarefa e elabor-la

    com outras imagens, smbolos e objetos culturais que representem a pluralidade dos corpos.

    Obs.: Ficar atento/a a comportamentos e situaes de racismo velado e chamar ateno da turma

    quando identificar isso, problematizando os esteretipos e estigmas para ajudar a reformular

    positivamente o imaginrio sobre identidades tnicas no brancas.

    6- Sobre cabelos anelados e no normativos:

    - Professor/a, queria ter o cabelo como o de fulana...

    - Mas por qu?

    - Porque acho o meu cabelo feio e ruim.

    - Tem uma msica da Munegrale, que um trio de rap feminista, que diz assim: voc no

    sabe como bom o meu cabelo, ruim voc e o seu preconceito.

    7- Na Educao Fsica, momento da escolha de times:

    Educando/a 1: - Ai professor/a, eu no quero escolher aquele/a gordo/a.

    Educando/2: Mas ela nem to gorda assim...

    Professor/a: - Gente, por que vocs no jogariam no mesmo time que ele/a? Vocs sabiam

    que em vrios esportes ele/a seria o/a primeiro/a a ser escolhido/a? (Caso o/a estudante pergunte

    quais seriam esses esportes, alguns exemplos que podem ser citados so: Roller Derby,

    Levantamento de peso, Arremesso de peso, artes marciais, etc.) E mais, ser gordo/a no problema

    nenhum, s mais uma caracterstica corporal. Olhem em volta como os corpos de cada um de

    vocs so diferentes um do outro. (Ao reafirmarmos que o corpo gordo sim, positivamos essa

    palavra e, alm disso, rebatemos a ideia de que ser chamada de gordo/a seria um insulto, pois no

    existe um tamanho a partir do qual as pessoas meream ser maltratadas.)

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  • 32

    5 Dicas de Filmes4

    4 As imagens utilizadas nesse item Dicas de filmes foram retiradas do google imagens.

    Meninos no choram

    (1999), EUA.

    Palavras chave:

    Identidade. Homem. Trans.

    Violncia de gnero.

    Histria real.

    We are the Best (2013), Sucia.

    Palavras chave: Escola. Punk.

    Relacionamentos. Conflitos. Adolescncia.

    Supervenus (2013), Frana.

    Palavras chave: Animao.

    Padro de beleza.

    Anatomia. Indstria da

    cirurgia plstica.

    Bent (1997) Britnico/Japons.

    Palavras chave: Regime nazista.

    Homossexualidade. Gay. Violncia

    homofbica.

  • 33

    5 Dicas de Filmes

    Lista rpida: Minha vida em cor de rosa (1997, Europeu/longa), Tomboy (2011, Suia/longa),

    Circumstance (2011, Ir/longa), Itty Bitty Titty Committee (2007, EUA/longa), Ktia (2012, Brasil/

    Documentrio), Vista a Minha Pele (2004, Brasil/curta metragem), Cores e Botas (2010, Brasil/curta).

    Laurence Anyways

    (2012), Canad.

    Palavras chave:

    Identidade. Mulher.

    Trans. Liberdade.

    Escola.

    Relacionamento.

    Conflito.

    Preciosa (2009), EUA.

    Palavras-chave: Gordofobia. Escola. Gravidez na

    adolescncia. Abuso. Violncia psicolgica e de

    gnero. Esperana. Raa. Etnia. Famlia normativa.

    Terra Vermelha

    (2008),

    talo/Brasileiro.

    Palavras chave:

    Comunidade indgena.

    Suicdio coletivo.

    Histria real.

    Conflito. Violncia

    de gnero. Embates

    culturais. Raa.

    Etnia.

    Relacionamento.

    Conflito.

  • 34

    6 As autoras

    Sobre as organizadoras do Projeto:

    Camila Olivia de Melo (Puni) fanzineira, mestra em Comunicao pela Universidade Federal do Paran - UFPR (2014). Especialista em Comunicao e Imagem tambm pela UFPR.

    Cria e produz, desde de 2000, Arte-fanzine na esttica riot grrrl. Publica anualmente o poezine

    grrrito mouco. professora-tutora do curso de especializao em Gnero e Diversidade na Escola pela UFPR-Litoral e dedica-se, atualmente, mdia alternativa, performance artstica, ao

    corpo e subjetividade, aos Estudos de Gnero e Queer.

    Contatos: [email protected] camilapuni.tumblr.com

    Halina Rauber Baio graduada em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Paran - UFPR (2013) na linha de Antropologia. Pesquisadora na rea de Antropologia do Corpo, Estudos

    de Gnero e Estudos Queer e Fico Cientfica. Publica anualmente o fanzine Body Storm Ciborgue de Pele, alm de produzir colagens com temticas feministas. Contatos: [email protected] grrricha.tumblr.com

    Carla Duarte fanzineira, blogueira, produz colagens e graduada em Jornalismo pelo Centro Universitrio Barra Mansa - UBM. Atualmente atua na rea de mdia sociais. H dez anos faz zines,

    sendo os mais recentes: "Histrica" e "Ainda No". Escreve sobre Riot Grrrl e feminismo para o

    blog Cabea Tdio e j colaborou com o fanzine norte-americano "International Girl Gang

    Underground" e "FEM Magazine".

    Contatos: [email protected] ansia2.blogspot.com.br

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    Referncias

    BUTLER, Judith. Problemas de gnero: feminismo e subverso da identidade. Rio de Janeiro:

    Civilizao Brasileira, 2012.

    DOWNING, John. Mdia radical: rebeldia nas comunicaes e movimentos sociais. So Paulo:

    Senac, 2004.

    GELAIN, C. Gabriela. Consumo de mdia e subcultura zineira. 2013. 198f. Trabalho de

    Concluso de Curso (Graduao em Comunicao Social ) Centro de Cincias Sociais e

    Humanas, Habilitao em Jornalismo (UFSM), 2013.

    GOMES, Evanise. R. A educomunicao e o fortalecimento de vnculos sociais e afetivos: A

    experincia nos Centros de Referncia de Assistncia Social de Curitiba. 2014. 174 f. Dissertao

    (Mestrado em Comunicao) - Programa da Ps-Graduao em Comunicao, Universiade Federal

    do Paran (UFPR), 2014.

    GUIMARAES, E. Fanzine. So Paulo: Nona Arte, 2007.

    UMA FEMINISTA CANSADA. (Blog) Disponvel em:

    . Acesso em: 12/01/2015.

    Sugesto de vdeo a respeito de capacitismo, disponvel em:

    http://youtu.be/hQCH62QdqgU - acesso em 12/01/2015

    Sugesto de vdeo sobre cabelos anelados e sua passagem pela histria, disponvel em:

    http://youtu.be/LTp9c9bsY_Q - acesso em 12/01/2015

    Sugesto de pgina da Bruna de Paula (cultura upload) onde possvel encontrar poesias incrveis.

    Segue a descrio: Mulher preta, feminista, black power. Escrever que o me move e assim que quero mover o mundo., disponvel em: https://pt-br.facebook.com/culturaupload - acesso em 29/01/2015

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