Did a Tic Azine 2015
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Projeto Didtica-zine
Capa e Contra Capa
Camila Puni
Acesse a verso online: https://www.academia.edu/10717252/Didtica-zine
(objetiva-se a mxima difuso dos textos permitindo a livre reproduo
desde que citadas as autoras e fontes aqui reunidas)
Criao, produo de texto e execuo do projeto:
Camila Olivia de Melo (Puni)
Pesquisa de imagens, produo de colagens e reviso textual:
Halina Rauber Baio
Criao e produo de colagens: Carla Duarte
Assessoria Pedaggica e Feminista: Denise Cruz
Coordenador do Curso Gnero e Diversidade da Escola: Marcos Signorelli
Vice-Coordenador: Jamil Cabral Sierra
Coordenador de Tutoria: Clvis Wanzinack
Coordenadora do Ncleo de Educao Distncia da UFPR Litoral:
Ana Christina Duarte Pire
Coordenador Pedaggico: Daniel Canavese de Oliviera
Apoio Administrativo: Daniela Schneider
Reviso ortogrfica: Tatiane Valria Carvalho
Instituio apoiadora: UFPR Setor Litoral e Curso de Especializao em Gnero e Diversidade na Escola
[2015]} UFPR-Litoral - Matinhos - Curitiba-PR
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Eu comecei a escrever porque eu tinha essa vontade dentro de mim, essa vontade de criar algo
que ainda no estava l.
Nossos sentimentos so nossos mais certos caminhos para o conhecimento.
Voc sempre aprende a partir da observao. Voc tem que sacar as coisas no verbais porque
as pessoas nunca vo te dizer aquilo que voc deveria saber.
Voc tem que perceber isso por voc mesma:
qualquer coisa que seja para a sua prpria sobrevivncia.
Voc se torna forte quando comea
a fazer as coisas que te fazem forte.
E assim que a verdadeira aprendizagem acontece.
Audre Lorde (1981) traduo livre nossa.
Escritora, poeta, ativista feminista. Negra, lsbica, metade Caribenha e metade Norte Americana.
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Carta de Apresentao
Querido/a leitor/a,
Novas ideias e diferentes caminhos podem se abrir nessa longa e
cansativa trilha de enfrentamento s fobias (homo, lesbo, trans,
bi), ao racismo e aos preconceitos mais naturalizados manifestados
em ambientes educativos. Isso porque, mais do que fornecer receitas
ou cartilhas tcnicas de procedimento, voc tem em suas mos um
material que se prope aberto e questionador-questionvel.
Pensando que os fanzines sempre tensionam, criticam e provocam
emoes diversas, nossa Didtica-zine possui tudo isso e muito mais.
Tentamos aqui misturar linguagens e assim mesclar estticas das
subculturas com termos e conceitos tericos. Mais do que apontar
caminhos, tentamos desenhar mapas para a sua livre interpretao e
para a tomada de novos rumos.
Acreditamos que a iniciativa em distribuir um material que leve
zine em seu ttulo j possibilita uma maior apropriao das ideias
que perpassam suas pginas. Com zines possvel xerocar novas
cpias, anotar alguma nova informao em suas folhas, recortar
saberes, colar e descolar nossos prprios preconceitos e rever
antigas ideias-palavras, pois acabamos por aprender tantas outras
tantas novas.
A mdia alternativa radical fanzines apresenta-se,
principalmente, como folha sem pauta, pronta para exercitar, de
maneira ttil, teorias, temticas diversas e disciplinas do
currculo. Alm disso, pode decantar sofrimentos, tranquilizar
aprendizagens, destravar palavras e nmeros; com seu exerccio de
recortar, colar e expressar as prprias mensagens, chega a alcanar
fendas da prpria subjetividade. Assim sendo, desejamos a todxs bom
proveito-experincia-experimentao desse material!
Com carinho e potncia feminista,
Axs organizadoraxs.
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Sumrio
1. Introduo .......................................06
2. Dicas para uma conversa sobre: sexualidade, gnero,
raa e etnia .....................................09
3. Compartilhando caminhos metodolgicos ...........19
3.1 Quadrinhos, ilustraes e tirinhas...........19
3.2 Fanzines ....................................23
3.3 Fanzines como projeto educativo .............25
3.4 Como fazer um minifanzine....................28
4. Na ponta da lngua ...............................29
5. Dicas de filmes .................................32
6. As autoras ......................................34
Referncias .......................................36
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1 Introduo
Nessas primeiras palavras gostaramos de dizer um pouco sobre as ideias que floresceram
para a criao deste material e, claro, contar como a Didtica-zine surgiu. Essa cartilha com cara de
fanzine representa uma mistura de linguagens que mescla conceitos acadmicos com a esttica das
mdias alternativas e radicais dos zines. Assim, acreditamos em sua potncia em aproximar dilogos
cotidianos e debates acadmicos aos ambientes educativos formais ou no formais.
interessante contar sobre a experincia que tivemos com o Curso de Aperfeioamento em
Gnero e Diversidade na Escola no perodo entre 2013-2014, pois notamos uma singular
dificuldade em tornar orgnicas as temticas de gnero e diversidade sexual debatidas durante o
curso. Isso quer dizer que por mais que possibilitemos saberes tericos, as experincias educativas
precisavam tambm de incentivo metodolgico. Isso nos forneceu intensos questionamentos para
refletir sobre como os contedos so difundidos e ainda sobre a maneira em que costumamos agir
metodologicamente. Refletimos com isso se, em nosso cotidiano educativo, repassamos velhos
estigmas, mantivemos cristalizados esteretipos, ou se j conseguimos perturbar em nossa prtica
pedaggica a matriz de gnero e suas normas de existncia.
Nesse sentido, a Didtica-zine foi idealizada e planejada principalmente por meio das
dvidas, dos anseios e das curiosidades levantadas ao longo do curso, e inspiradas em Audre
Lorde, por uma vontade dentro de ns em criar algo que ainda no estava l.
Nesse sentido, nas temticas aqui reunidas e como elas foram sendo montadas, demos
prioridade aos debates de gnero e diversidade sexual. No entanto, no pudemos deixar de lado uma
atitude intersecional, levantando questes que dizem respeito a relaes tnico-raciais e, em alguns
momentos, sobre capacitismo, trans-lesbo-homofobia e gordofobia. Priorizamos, tambm, a
insero de arte feita por feministas autnomas brasileiras1, de imagens onde os gneros no so
definidos, ou at mesmo de figuras de animais no humanos para nossas ilustraes - isso para
utilizarmos ao mximo a esttica dos zines como ferramenta de comunicao. Comunicamos, ento,
de maneira alternativa, conceitos j to consolidados nos livros de teoria.
A primeira seo a Sexualidade, Gnero, Raa e Etnia. Aqui reunimos o maior nmero
de metodologias, de como fazer para abrir dilogo s nossas temticas, a fim de que sejam como
Dicas para uma conversa. Queremos ressaltar que no h como abordar uma totalidade de
metodologias, por isso separamos as que mais nos trouxeram sorrisos e descobertas.
Quadrinhos, Fanzines e Ilustraes - abre nossa seo trs: Compartilhando Caminhos
Metodolgicos. Nesse espao abrimos nossa pasta de favoritos e compartilhamos um pouco do que
1 Na seo Quadrinhos, Ilustraes e Tirinhas.
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absorvamos na internet, principalmente em relao a quadrinhos, ilustraes e tirinhas. Ainda nesse
tpico, trouxemos a mdia alternativa Fanzine, dicas de como utilizar os Fanzines como projeto
educativo, e uma colagem compartilhando passo a passo Como fazer um minifanzine.
Nossa quarta seo na ponta da lngua. Uma seo que requereu certa ousadia. Dizemos
isso porque arriscamos dar algumas sugestes de respostas quelas situaes cotidianas em que
somos provocadas/os, tensionadas/os ou at mesmo desafiadas/os a lidar. Propomos frases rpidas,
possveis respostas eficazes e perturbadoras.
A quinta e ltima seo Dicas de Filmes, a colagem que abre de Cala Duarte. Na escolha
tentamos trazer os mais clssicos, mas tambm os filmes mais atuais e alternativos sobre nossas
temticas. Interessante notar que os filmes sugeridos servem muito mais como instrumento de
pesquisa do/a prprio/a professor/a, do que para uma exibio rpida em sala de aula. Sim, eles so
timas ferramentas de debate e por isso pedem uma continuidade a sua exibio, no mnimo uma
roda de conversa.
Sinta-se a vontade para destacar, amassar, repassar, anotar e perverter as pginas desse
fanzine. Que a Didtica-zine lhe traga novos ares e mais trocas de experincias em ambientes
educativos do que explicaes tericas, porque disso que se trata esse fanzine: troca de
experincias e afetos.
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2 Dicas para uma conversa sobre: sexualidade, gnero, raa e etnia
Separamos algumas metodologias populares para iniciar uma conversa sobre nossas
temticas. A primeira a caixa de dilogo, a segunda, situaes cotidianas, depois, falas de
experincias, seguida por casos da grande mdia e, por fim, dinmicas corporais. Com essas
ferramentas fica mais fcil comear a conversa e abrir espao de escuta e desabafo dos/das jovens
envolvidas.
Caixa de dilogo
Processo: Construo, em conjunto
(professores/as e educandos/as), da caixa.
possvel que cada educando/a traga para a
caixa algo de sua personalidade, seja uma
palavra, um desenho ou recorte. Aqui o
objetivo dar espao para a formulao de
perguntas.
Sugesto de materiais: Caixa de papelo
(mdia), que possa ser fechada; revistas; cola;
tesoura; fitas de tecido; durex colorido e
caneto.
Proposta: Na primeira aula possvel
mostrar a caixa e os materiais e explicar
verbalmente que nessa caixa podem entrar
anonimamente ou no - todos os tipos de
dvidas, situaes, denncias e desabafos
sobre a temtica diversidade sexual e gnero
para serem discutidas e debatidas em sala
Num segundo momento, hora de ilustrar e
deixar a caixa com a cara da turma. No
terceiro, possvel distribuir papel (j do
tamanho para poucas palavras) e pedir para
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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que quem quiser escreva anonimamente
qualquer situao que deseje discutir ou saber
mais e coloque na caixa. A partir da,
sugestiona-se separar 15min de cada aula
para discutir uma situao. possvel separar
15min de cada aula, onde se abre o dilogo
sobre o que ser feito.
Alerta: importante nos atentarmos quanto
ao seu mau uso, assim como observou um de
meus cursistas do GDE, o prof. Rodrigo
Ramos, em uma de suas atividades. No so
raras atividades como a caixinhas de
sugestes, onde os alunos podem fazer
perguntas sobre sexo de maneira annima,
respondidas pelos professores de maneira
parca, alertando to somente para o risco de
infeco por DST e a gravidez na
adolescncia, sem discutir as construes de
feminilidades e masculinidades que envolvem
a sexualidade, mantendo a hierarquizao de
gneros e o sexo como um ato perigoso e
transmissor de doenas." A proposta dessa
caixa de dilogo pretende escapar da
manuteno dessa elaborao de esteretipo
de gnero ou mesmo sobre sexualidades.
Aproveite as dvidas e os questionamentos
dos alunos/as para, mais do que responder de
fato s perguntas, problematizar e debater
essas questes que so uma constante
descoberta para todos/as.
Quando usar? Essa tcnica mais bem
aceita quando j h muita dvida, muita
conversa sobre o tema, afetividade e
curiosidade sobre corpos e desejos. Ou ainda,
quando algum caso ou situao escolar incita
os/as prprios/as jovens a saber mais.
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Mural de reflexo sobre situaes cotidianas
Processo: Construir uma cultura da situao.
Isso significa sempre que possvel trazer para
dentro do ambiente educativo uma situao de
grande comoo, de grande dvida ou
preconceito. O objetivo debater situaes
polmicas e questionar os esteretipos que
geralmente so levantados nestes momentos.
O mural funcionaria tambm como uma
espcie de sintetizador de ideias cotidianas.
Sugesto de materiais: Canetinhas, cartolina
e/ou papel pardo ( possvel ainda imprimir
alguma frase ou trecho de filme/livro) para
elaborao de alguma frase que d incio
reflexo da turma. (Essa frase motivadora
pode ser, por exemplo, Esse ambiente livre
de homofobia e racismo.). Conforme outras
situaes forem sendo apresentadas, outras
frases ou palavras podem ir sendo agregadas
este mural, de modo a sintetizar a reflexo
que se chegou aps os debates.
Proposta: Conversar brevemente e deixar
ntidas a abertura para conversas sobre
temticas polmicas. A proposta estar
atento/a aos silenciamentos que perpassam
situaes cotidianas, estar alerta queles/as
jovens que por algum motivo so quietos/as
demais, falantes demais, agressivos/as
demais, femininos demais, masculinas
demais ou que possuem uma corporalidade
no normativa que foge ao padro de beleza
europeu. Percebendo os/as jovens que no se
enquadram na norma, que no se encaixam na
turma, possvel sempre formular uma
palavra de conforto. Para trabalhar as
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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temticas de sexualidade, gnero, raa e etnia
preciso estar com olhos atentos e uma
sensvel percepo aos temas de conversa, s
falas em corredor e, principalmente, s
agresses verbais entre os/as jovens. Aqui o
principal material nada mais do que a
percepo. O grande click da situao
cotidiana intervir imediatamente quando
percebida uma ao de agresso ou
desrespeito s diferenas.
Alerta: Como conciliar o envolvimento com
as temticas de gnero, sexualidade, raa e
etnia com o dever de vencer os contedos?
Nesse sentido, pensar em sala o que de fato a
turma precisa naquele momento. possvel
propor um determinado horrio de aula
semanal, por exemplo, toda sexta-feira, que
fica reservado para esse debate.
Quando usar? Essa ferramenta deve ser
aliada sensibilidade dos/das professores/as.
Isso porque as palavras que estiverem no
mural podem ser resgatadas para resolver
situaes pontuais de preconceito em sala de
aula: Essa situao se relaciona com o que
j vimos, com a palavra que est ali no
mural. Essa ferramenta tambm necessita
encorajamento e informao, pois
necessrio estar em um ambiente confortvel
para intervir e dizer algumas palavras que
possam apagar o fogo que foi premeditado, ou
que foi, como dissemos, percebido.
Geralmente essa frase pode ser usada em
qualquer lugar, nos caminhos entre o ptio e a
sala, entre a sala e o refeitrio, mas
principalmente em sala de aula. Isso faz com
que percebam que ali um ambiente onde se
sabe o que so opresses, como, por exemplo,
racismo e homofobia.
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Falas de experincias
Processo: O objetivo possibilitar um espao
de fala e escuta entre participantes acerca de
situaes e realidades colocadas em questo.
Aqui a ideia proporcionar uma troca de
experincias, e essa troca pode estar
relacionada a diversos temas. A que
sugestionamos aqui sobre diversidade
sexual e gnero. Nos arredores dos ambientes
educativos sempre h os/as jovens que se
comunicam mais, que se expressam de formas
diferentes da nossa.
Sugesto de materiais: Mquina fotogrfica,
lpis e papel.
Proposta: Situao disparadora - Em uma
rpida conversa com a turma possvel
encontrar os/as jovens que mais se destacam
em relao ao seu gnero, s suas roupas,
sua forma de viver. Lanando a seguinte
pergunta na sala: o que poderamos
perguntar a tal pessoa? surgem
questionamentos por parte dos/das alunos/as,
algumas perguntas agressivas que podem
ser debatidas e questionadas nesse momento
e outras interessantes, mas o principal
deixar falar. Durante esse brainstorm as
perguntas mais interessantes (escolhidas tanto
pelo/a professor/a como pelos/as
educandos/as) vo sendo anotadas. A partir
desse momento, pode-se procurar algum
(aluno/a ou no) que esteja disposto/a a vir
sala de aula nos 15 ou 20 minutos finais ou
iniciais da aula, para uma entrevista com
um roteiro de perguntas j previamente
definido, ficando acordado que durante a
entrevista sero feitas apenas as questes j
elaboradas. Assim, a pessoa poder responder
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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a partir da sua prpria experincia sobre essa
diferena que tanto chama a ateno das
pessoas. Essa elaborao de roteiro evitar
que perguntas constrangedoras ou que fujam
da temtica agridam o/a entrevistado/a. Um
caso interessante convidar (se for de acordo
com a turma) uma jovem que gosta de ser
chamada por um nome de menino e que se
veste como tal, ou mesmo ao contrrio, um
corpo que antes vestia roupas tidas como
masculinas e agora prefere saia e esmalte. Ao
final, caso a turma tenha um blog ou uma
pgina na web, possvel tirar fotos, ou at
deixar responsvel pelas imagens algum
estudante que no se interessou muito pela
conversa.
Alerta: Ao convidar o/a aluno/a, primeiro
perguntar se este quer realmente participar,
mas tambm perceber a posio da turma em
relao a pessoa/situao. Essa atividade
depende muito da maturidade da turma para
ser realizada, e o mais importante no deixar
a turma nem a pessoa que foi entrevistada em
situao constrangedora, porque elas
convivem em um mesmo ambiente escolar.
importante, tambm, estar alerta e sensvel,
tanto para ver a capacidade da turma de
desenvolver uma atividade respeitosa, como
para perceber se a pessoa que pensaram em
convidar est segura e tranquila para
responder as dvidas. Uma alternativa
mostrar o roteiro de perguntas para o/a
convidado/a no momento do convite. O
instrumento roteiro serve para dar mais
segurana ao/ professor/a (e tambm /ao
entrevistado/a), no significa que
identificando alguma dvida pertinente esta
no possa ser inserida na atividade.
Observao: Essa atividade pode ser aliada
atividade anterior.
Quando usar? A sugesto chamar o/a
convidado/a depois de conversar bastante com
a turma, depois que as perguntas j foram
pensadas. Lembrando que para ouvir a outra
pessoa, preciso vontade de saber. A turma
precisa estar interessada nessa ferramenta.
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Casos da grande mdia
Processo: Assimilao de notcias com as
nossas temticas veiculadas na grande mdia
(pode ser casos da telenovela, de comoo
nacional), manifestaes (Marcha das
Vadias), etc. A partir de um fato ou ao que
esteja no senso comum, trazer um debate que
rompa com o status quo. O objetivo aqui
transformar situaes efmeras em processo,
em reflexo e, a partir disso, produzir algo
artstico para que seja feito um portflio da
turma a ser exposto.
Sugesto de materiais: Cartolinas ou folhas
A4 coloridas, grandes tecidos de TNT, tinta
guache ou o material artstico que mais
interessar a turma.
Proposta: A escolha dos casos precisa ser
feita a partir do que se ouve entre os/as
jovens, possvel sugestionar, mas quem
escolhe so os/as educandos/as. A partir da
escolha possvel pensar qual filme se
relaciona com tal fato, pensar qual momento
histrico pode estar relacionado a ele, em qual
territrio geogrfico ele pode se encaixar,
quais os impactos ambientais e sociais, e
como o resultado das reflexes da turma
poderia produzir materiais artsticos para
elaborar uma exposio.
Quando usar: Como ferramenta
transdisciplinar e tambm como criao de
projetos.
Exemplo: Percebeu-se que em determinada
turma, alguns jovens estavam desenhando os
smbolos da sustica, falando sobre nazismo e
Hitler. Houve a oportunidade de oferecer mais
informao sobre o tema, e todos/as
concordaram com entusiasmo. Alguns
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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sugestionaram filmes, e perguntou-se se j
conheciam A outra histria Americana, com
Edward Norton de (1998), e o nacional
Olga (2004). Ningum conhecia os filmes.
O momento histrico visivelmente era o
Nazismo e a Segunda Guerra Mundial, por
consequncia o dio e extermnio de corpos
no brancos-arianos e no heterossexuais, em
territrio europeu, de grande impacto
ambiental e social. Aqui possvel perceber o
caminho dessa ferramenta, pois o disparador
so os filmes onde so colocados discursos
histricos. A informao, nesse caso, sobre o
que uma sustica se complexificou quando
ampliamos suas consequncias, e, mais,
quando foi observado com o olhar de gnero
os/as personagens e roteiro. Aps as sees de
filme, pode ser realizada uma dinmica em
que cada participante retira de uma caixinha
frases de personalidades famosas, ligadas ao
contexto trabalhado (Che Guevara, Olga
Benrio, Gandhi, poetas e artistas brasileiros).
Todo mundo pode ler uma frase e tambm ser
incentivado/a a escrever a sua prpria frase.
Como fechamento, a proposta pode ser (para
uma turma mais ttil) representar as mos de
todos os corpos mortos por no serem nem
brancos-arianos, nem heterossexuais, e expor
em varal no ptio. J para uma turma mais
engajada, grafitar - uma ideia usar o spray
para escrever a sua prpria frase no tecido de
TNT e pendurar no ptio.
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Dinmicas corporais
Processo: A partir das falas, referncias e
exemplos que os/as estudantes trazem,
levantar um debate sobre a construo dos
corpos engajada s determinaes culturais e
temporais. Para tanto, usar as imagens e
exemplos de padres de beleza de diferentes
culturas e etnias para demonstrar como estes
se alteram significativamente dependendo do
contexto. possvel usar tambm imagens de
diferentes pocas referentes, unicamente, ao
padro de beleza europeu (atualmente o
hegemonicamente veiculado no contexto em
que vivemos), observando a historicidade e as
alteraes pelas quais este padro passou. Ao
observarmos essas variaes, tanto culturais
como temporais, fica mais fcil compreender
como esses padres, muitas vezes dados como
naturais ou como algo que sempre foi
assim, so, na verdade, construdos
cotidianamente atravs da produo,
reproduo e assimilao de imagens de
determinados tipos de corpos. Ao nos darmos
conta de como esses modelos so construdos,
torna-se possvel e mais palpvel a
desconstruo de frases reducionistas ou
essencializantes, tanto sobre padres de
beleza como tambm sobre padres de
feminilidade e masculinidade.
Sugestes de materiais: Cabo de vassoura,
barbante ou tecido, o que mais estiver
disponvel, e criatividade. Imagens de outras
culturas e imagens que representem padres
de beleza de outras pocas. Por exemplo, no
sculo XV o corpo feminino gordo era tido
como bonito e saudvel, enquanto o magro
indicava doena e, por consequncia, feiura.
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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Outra situao que pode ser mencionada a
histria do surgimento do salto alto. Segue
um resumo: este item foi criado por um
homem para facilitar o cavalgar, ou seja, na
poca era um artigo de vesturio masculino,
no entanto, atualmente, considerado algo
exclusivamente do vesturio feminino.
(Tambm sugerimos fazer uma pesquisa sobre
pessoas que na atualidade rompem com o
binarismo de gnero - por exemplo Shiloh a
filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, que possui
uma expresso de gnero masculina -, ou
mesmo modelos que fogem ao que
comumente visto como belo - modelos
negros/as, modelos plus size , e trazemos
tambm como exemplo as cantoras Viktoria
Modesta e Nomy Lamm, ambas com prteses
em seus corpos que nos fazem refletir sobre o
capacitismo. Essas imagens podem nos
auxiliar a pensar sobre os outros usos
possveis do corpo.).
Proposta: O exerccio busca propor aos/s
alunos/as novas formas de se movimentarem
e, consequentemente, de usarem e
experimentarem seus corpos. Aps refletir
sobre a construo de padres hegemnicos
de corporalidade e comportamento, hora de
estranhar o prprio corpo. Por exemplo,
possvel pedir que os/as estudantes amarrem
seus joelhos um ao outro e que caminhem, ou
mesmo que atem um cabo de vassoura de
forma que a perna fique toda reta e pedir para
que experimentem essa outra forma de andar.
interessante abrir a escuta para os/as
estudantes e tentar refletir sobre como no s
os padres de comportamento e de
corporalidade, mas tambm as nossas roupas
e a prpria arquitetura moldam a nossa forma
de nos movimentarmos.
Dica: Ao realizar uma atividade em que se
tenha que separar uma sala em grupo, ao
invs da clssica diviso meninos x
meninas, propor a seguinte diviso para sair
do binarismo: Quem gosta de sorvete de
morango aqui, e quem gosta de flocos ali! ou
ainda, Quem prefere o filme crepsculo aqui
e quem gosta de Jogos Vorazes l., isso so
apenas alguns exemplos.
Alerta: Problematizar ao mximo como as
normas corporais de gnero e de beleza so
construdas, como as nossas roupas
modificam a nossa forma de andar e limitam
certos movimentos, como a mdia tradicional
responsvel pela veiculao quase exclusiva
de um corpo magro, branco, heterossexual,
sem deficincias, inserido nas matrizes de
gnero.
Quando usar? Em uma atividade externa, em
quadra ou no ptio do colgio.
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3 Compartilhando caminhos metodolgicos
3.1 Quadrinhos, ilustraes e tirinhas
O uso de historia em quadrinhos e tirinhas em ambientes educativos pode adquirir um
carter transdisciplinar. Isso porque possvel entender essas ferramentas da comunicao
alternativa como tendo multilinguagens. Pensando em sua estrutura geomtrica interessante
observar sua interao com a matemtica e geometria, enquanto que seus dilogos interagem com o
portugus e literatura. Sua produo e criao podem ser realizadas nas aulas de artes. Dependendo
do enredo possvel tambm utiliz-las para disseminar as temticas aqui incentivadas. A seguir
algumas tirinhas e ilustraes que selecionamos. Para us-las s xerocar ou at mesmo recortar
e lev-las para a sala:
Fonte: amptoon.com
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20
Fonte: SATRAPI, M., Perspolis. Local: Cia das Letras, 2007.
Fonte: Facebook Andr Dahmer
Fonte: Blog Guillermo Decurgez)
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21
Fonte: Pgina Desalineada
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22
Fonte: P
gina Negahamburguer
Fonte: Bruna Morgan
Fonte: P
gina Sisterhood of sis
Fonte: Gbrl Pires
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3.2 Fanzines
Fanzines, ou zine (como tambm so conhecidos), so pequenos informativos alternativos
parecidos com Literatura de Cordel, de baixo custo (pois de publicao autnoma e de livre
reproduo com fotocpias). Possui em suas folhas uma esttica prpria que se aproveita da
variao de tons do cinza ao preto e, nos originais, apresenta colagens coloridas, pequenos
elementos de papelaria e recortes com sobreposio de imagens; tem como principal
caracterstica a criticidade.
A palavra zine vem de magazine, tendo uma conotao alternativa e crtica. Essa definio
de fanzine inspirada nos autores Downing (2004) e Guimares (2007). J com uma interpretao
mais subjetiva, Gabriela Gelain (2013) nos conta que produzir os fanzines um projeto pessoal, e
afirma que com os zines possvel compartilhar, sentir autosatisfao, recarregar a autoestima e
proporcionar intercmbio cultural-sentimental. Como foi popularizado aqui no Brasil - dentro do
movimento artstico musical punk de So Paulo, na dcada de 1980, os fanzines atingem sua marca
de ferramenta empoderadora e, com isso, nos incentivam a trabalhar em ambientes educativos -
formais ou no formais - tais aspectos subjetivos, como a autora bem destacou.
Nesse sentido, a produo desses informativos alternativos possibilita trabalhar uma tcnica
artstica chamada colagem, muito utilizada durante o perodo artstico Dadasta na dcada de 1920
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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em territrio Alemo. O mais interessante desse instrumento sua potncia de projeto, mas sem
desconsiderar seu aspecto mais comum: o artstico subversivo.
Para pensar os fanzines em formato de projeto pedaggico, vamos trazer uma descrio de
uma experincia em que os zines foram conquistando turmas do Ensino Fundamental e acabaram
por despertar interesse do Ensino Mdio tambm. Alm disso, o projeto acabou por estabelecer
pontes entre as disciplinas de Geografia, Artes, Lngua Inglesa, Portugus, Matemtica e
Educomunicao2.
2 Para saber mais sobre o tema, ver : Evanise Gomes (2014).
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3.3 Fanzines como projeto educativo
A primeira ao a ser tomada para que os zines faam parte de projetos educativos pensar
a longo prazo. Isso quer dizer que a produo e confeco dos informativos sero a ltima atividade
a ser desenvolvida. Tendo isso em mente, possvel optar por uma grande temtica, como, por
exemplo, a criticidade. A noo de que o foco desenvolver criticidade nos/as participantes
importante, pois o formato fanzine livre, e o projeto pode se perder caso no se obtenha um foco
desde o incio. Esse entendimento da grande temtica est muito mais atrelado prpria professora
ou professor, do que aos/s educandos/as envolvidos/as.
A seguir trazemos um exemplo de esquema de atividades com a produo de fanzines a ser
estendido por um semestre inteiro, ao invs de apenas algumas aulas pontuais. Lembrando que aqui
estamos apenas proporcionando ideias disparadoras, tendo que sempre ser observada a realidade em
questo e o perfil tanto do ambiente educativo como dos materiais disponveis e da turma em que se
pretende realizar a atividade. Segue o esquema de atividades dividido em 2 etapas.
Observao: Ao longo da produo dos zines, trazer criticidade para o processo tambm
importante, como, por exemplo, nos atentando para a presena quase exclusiva (seno exclusiva) de
pessoas brancas e magras nas revistas utilizadas para fazer os recortes. Aguar a percepo e a
criticidade ao longo da elaborao do zine essencial para produzir um material que, no final,
apresente uma construo crtica da temtica proposta.
Fonte: Coletivo Maracuj
Roxa
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Etapa 01
Durante esse perodo que pode vir a ser de 1 semana, ou 1 ms, importante notar que o
projeto deve ir se aproximando de linguagens que dialoguem com os fanzines. Isso pode ser feito
atravs de um filme disparador, imagens que mostram o fanzine, ou quando um professor/a
convidado para contar a sua experincia com esses informativos (chegando a mostrar o que
produziu) - caso isso no seja possvel, h na internet muitos modelos que podem ser impressos. A
partir da, vemos que imageticamente a apresentao visual j mostra os contrastes de cores preto e
branco e alguns toques coloridos, e a apresentao de um filme permite retomar o a linguagem de
histria em quadrinhos, bem prxima dos fanzines.
Para finalizar essa etapa, possvel comear a interagir e conversar:. Qual vai ser o seu
tema? E quais papis voc quer utilizar?. Perguntas como essas ajudam na produo. No final
desse momento, j se comea a produzir o Fanzine #1.
Itens da Etapa 01:
Exibio de filmes3 que dialoguem com a
linguagem Fanzines.
Bate-papo com o algum da comunidade
escolar que j tenha feito fanzines, para dizer
melhor como e porque o fez.
Apresentao de Power Point sobre a histria
dos fanzines; fotos e modelos dessa mdia.
Escolha do tema geral a ser produzido. E
fomentao pesquisa de imagens e frases;
Pesquisa sobre os temas escolhidos na
Biblioteca ou sala de informtica.
3 3 Sugestionamos a seguir alguns filmes utilizados em
projetos anteriores: Sin City (2005), The Spirit (2008),
Animatrix (2003), mas possvel tambm exibir filmes
com trao de anime (animao Japonesa) ou outros
inspirados em quadrinhos. O importante que o filme
traga o debate sobre as cores e contrastes entre branco,
preto e traos de HQ. Entendemos que os filmes
citados no apresentam necessariamente debate sobre
as questes de gnero (o que pode tambm ser
problematizado na exibio), entretanto nos servem
como linguagem a exibir imageticamente o tema
fanzines. E possvel ainda levar apenas alguns trechos
que ilustrem a temtica.
Anotaes e separao de materiais
encontrados para a produo de fanzines
Para entender a linguagem Fanzine,
apresentar diferentes modelos de fanzines.
Produo do Fanzine #1 como teste. Esse
primeiro fica com os/as participantes. Lembrando
que para produzir um fanzine por completo
precisamos de, em mdia, 3 horas. Por isso
importante dividir essa atividade. possvel
utilizar o passo a passo do #2 j
na execuo do #1. Fica a critrio do/a
professor/a.
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Etapa 02
Para essa etapa, a ideia unir as temticas de outras disciplinas, ou no, para a produo do Fanzine
#2 esse por ser o segundo a ser produzido ser um pouco mais fcil de realizar, porque a ideia geral do que
um fanzine j estar melhor compreendida pelos/as estudantes. preciso deixar ntido desde o incio que
esse Fanzine #2 ser exibido na exposio final.
A exposio dos fanzines pode ser no mesmo estilo dos Cordeis. Estica-se um barbante, prende-se os
fanzines com prendedores de roupas (que tambm pode ser trabalhados artisticamente) e no final da carreira
de zines pode-se colocar uma folha A4, de gramatura mais grossa, com as informaes da exposio
(Exposio de Fanzines, ano tal. Pegue, leia e devolva.),ou at uma frase explicando rapidamente o que so
os zines. importante que esse varal seja montado em lugar de passagem, de acesso, onde outras pessoas da
comunidade escolar possam visualiz-lo.
Itens da Etapa 02
1- Distribuio de folhas A4, exibio e
montagem a partir de modelo aqui fornecido.
Incentivar a colocar o nome e ano na capa.
2- Distribuio de revistas (se possvel j
observar as imagens, selecionar algumas,
levar impresses de imagens relacionadas ao
tema). Montagem de ilhas com materiais
compartilhados (tesouras sem ponta, fitas
coloridas, giz de cera, durex e outros
materiais secos).
3- Hora de recortar e colocar todas as imagens
dentro do fanzine.
4- Em outro encontro, devolver para cada
participante seu fanzine para a escrita e criao
do ttulo do fanzine na capa, frase de despedida
na contracapa e das frases que iro por dentro.
5- Colagem e Arte final distribuir as colas,
materiais de papelaria e canetas coloridas (ou
lpis de cor ou at pedir para a turma levar os
materiais que mais gosta) e auxiliar os/as
estudantes na finalizao do fanzine #2
.
interessante notar que a professora que desenvolveu esse projeto acabou transgredindo as
barreiras entre as disciplinas. Isso porque, como o #1 fica com as/os estudantes que produziram o
zine, houve uma conversa pelo ambiente escolar a respeito do que tinham produzido, alm da
liberdade de xerocar e distribuir para colegas e professores/as de maior afinidade. O processo ao
longo de 1 semana, 1 ms ou 1 semestre, foi materializado, houve um fechamento e pode ser
sentido e visualizado como produo prpria. Foi colocado tambm no mural compartilhado entre
as professor/as um dos fanzines produzidos, alm de uma pgina impressa explicando em poucas
palavras o que era e como podia ser utilizado como ferramenta comunicativa integrativa, tornando
orgnicas as discusses, teorias e temas sociais em formato de papel, recortes e xerox.
A seguir, trazemos uma sugesto para fcil elaborao de um minizine.
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3.4 Como fazer um minifanzine (pode recortar essa pgina!)
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4 Na ponta da lngua
Nessa seo separamos algumas frases/situaes que podem servir de inspirao para
enfrentar ou rebater dinmicas cotidianas que envolvam racismo, trans-lesbo-homofobia e
gordofobia em ambientes educativos. Sugerimos tambm a troca de ideias entre os/as prprios/as
professores/as para gerar tanto uma conscientizao como um melhor entendimento dessas
categorias.
1- Na sala de aula surge uma pergunta:
- Professor/a, voc j beijou meninos/as? (dando exemplo de uma situao homoafetiva)
- Beijar meninos/as no problema nenhum, o problema querer e no fazer.
2- Na sala de aula voc ouve de longe:
- Sai daqui seu bichinha!
- Voc pode intervir na mesma hora e dizer que ser bicha no tem problema nenhum, e que por isso no pode ser usado como um xingamento.
3- Em uma conversa:
- No preconceito, eu s acho errado.
- Errado impedir a liberdade de outras pessoas.
Fonte: Tumblr imagens
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4- Em uma situao de bullying:
- Mas eu s queria saber se ele/a menino ou menina!
- Tem coisas que no so pra voc saber; e voc acha que s existem essas duas formas
de existir no mundo?
5- Em uma atividade envolvendo recortes (ou pesquisa de imagens/fotografias):
Voc se depara com representaes imagticas brancas em quase todos os trabalhos.
Percebeu que nenhuma foto/imagem/estilo de vida fez referncias diversidade raa-
etnia. possvel, ento, chamar a ateno dos/das estudantes:
- Percebi que vocs, na maioria, trouxeram representaes brancas em seus trabalhos; o que
est faltando neles? E por que s encontraram essas? Vamos refazer a tarefa e elabor-la
com outras imagens, smbolos e objetos culturais que representem a pluralidade dos corpos.
Obs.: Ficar atento/a a comportamentos e situaes de racismo velado e chamar ateno da turma
quando identificar isso, problematizando os esteretipos e estigmas para ajudar a reformular
positivamente o imaginrio sobre identidades tnicas no brancas.
6- Sobre cabelos anelados e no normativos:
- Professor/a, queria ter o cabelo como o de fulana...
- Mas por qu?
- Porque acho o meu cabelo feio e ruim.
- Tem uma msica da Munegrale, que um trio de rap feminista, que diz assim: voc no
sabe como bom o meu cabelo, ruim voc e o seu preconceito.
7- Na Educao Fsica, momento da escolha de times:
Educando/a 1: - Ai professor/a, eu no quero escolher aquele/a gordo/a.
Educando/2: Mas ela nem to gorda assim...
Professor/a: - Gente, por que vocs no jogariam no mesmo time que ele/a? Vocs sabiam
que em vrios esportes ele/a seria o/a primeiro/a a ser escolhido/a? (Caso o/a estudante pergunte
quais seriam esses esportes, alguns exemplos que podem ser citados so: Roller Derby,
Levantamento de peso, Arremesso de peso, artes marciais, etc.) E mais, ser gordo/a no problema
nenhum, s mais uma caracterstica corporal. Olhem em volta como os corpos de cada um de
vocs so diferentes um do outro. (Ao reafirmarmos que o corpo gordo sim, positivamos essa
palavra e, alm disso, rebatemos a ideia de que ser chamada de gordo/a seria um insulto, pois no
existe um tamanho a partir do qual as pessoas meream ser maltratadas.)
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5 Dicas de Filmes4
4 As imagens utilizadas nesse item Dicas de filmes foram retiradas do google imagens.
Meninos no choram
(1999), EUA.
Palavras chave:
Identidade. Homem. Trans.
Violncia de gnero.
Histria real.
We are the Best (2013), Sucia.
Palavras chave: Escola. Punk.
Relacionamentos. Conflitos. Adolescncia.
Supervenus (2013), Frana.
Palavras chave: Animao.
Padro de beleza.
Anatomia. Indstria da
cirurgia plstica.
Bent (1997) Britnico/Japons.
Palavras chave: Regime nazista.
Homossexualidade. Gay. Violncia
homofbica.
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5 Dicas de Filmes
Lista rpida: Minha vida em cor de rosa (1997, Europeu/longa), Tomboy (2011, Suia/longa),
Circumstance (2011, Ir/longa), Itty Bitty Titty Committee (2007, EUA/longa), Ktia (2012, Brasil/
Documentrio), Vista a Minha Pele (2004, Brasil/curta metragem), Cores e Botas (2010, Brasil/curta).
Laurence Anyways
(2012), Canad.
Palavras chave:
Identidade. Mulher.
Trans. Liberdade.
Escola.
Relacionamento.
Conflito.
Preciosa (2009), EUA.
Palavras-chave: Gordofobia. Escola. Gravidez na
adolescncia. Abuso. Violncia psicolgica e de
gnero. Esperana. Raa. Etnia. Famlia normativa.
Terra Vermelha
(2008),
talo/Brasileiro.
Palavras chave:
Comunidade indgena.
Suicdio coletivo.
Histria real.
Conflito. Violncia
de gnero. Embates
culturais. Raa.
Etnia.
Relacionamento.
Conflito.
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6 As autoras
Sobre as organizadoras do Projeto:
Camila Olivia de Melo (Puni) fanzineira, mestra em Comunicao pela Universidade Federal do Paran - UFPR (2014). Especialista em Comunicao e Imagem tambm pela UFPR.
Cria e produz, desde de 2000, Arte-fanzine na esttica riot grrrl. Publica anualmente o poezine
grrrito mouco. professora-tutora do curso de especializao em Gnero e Diversidade na Escola pela UFPR-Litoral e dedica-se, atualmente, mdia alternativa, performance artstica, ao
corpo e subjetividade, aos Estudos de Gnero e Queer.
Contatos: [email protected] camilapuni.tumblr.com
Halina Rauber Baio graduada em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Paran - UFPR (2013) na linha de Antropologia. Pesquisadora na rea de Antropologia do Corpo, Estudos
de Gnero e Estudos Queer e Fico Cientfica. Publica anualmente o fanzine Body Storm Ciborgue de Pele, alm de produzir colagens com temticas feministas. Contatos: [email protected] grrricha.tumblr.com
Carla Duarte fanzineira, blogueira, produz colagens e graduada em Jornalismo pelo Centro Universitrio Barra Mansa - UBM. Atualmente atua na rea de mdia sociais. H dez anos faz zines,
sendo os mais recentes: "Histrica" e "Ainda No". Escreve sobre Riot Grrrl e feminismo para o
blog Cabea Tdio e j colaborou com o fanzine norte-americano "International Girl Gang
Underground" e "FEM Magazine".
Contatos: [email protected] ansia2.blogspot.com.br
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Referncias
BUTLER, Judith. Problemas de gnero: feminismo e subverso da identidade. Rio de Janeiro:
Civilizao Brasileira, 2012.
DOWNING, John. Mdia radical: rebeldia nas comunicaes e movimentos sociais. So Paulo:
Senac, 2004.
GELAIN, C. Gabriela. Consumo de mdia e subcultura zineira. 2013. 198f. Trabalho de
Concluso de Curso (Graduao em Comunicao Social ) Centro de Cincias Sociais e
Humanas, Habilitao em Jornalismo (UFSM), 2013.
GOMES, Evanise. R. A educomunicao e o fortalecimento de vnculos sociais e afetivos: A
experincia nos Centros de Referncia de Assistncia Social de Curitiba. 2014. 174 f. Dissertao
(Mestrado em Comunicao) - Programa da Ps-Graduao em Comunicao, Universiade Federal
do Paran (UFPR), 2014.
GUIMARAES, E. Fanzine. So Paulo: Nona Arte, 2007.
UMA FEMINISTA CANSADA. (Blog) Disponvel em:
. Acesso em: 12/01/2015.
Sugesto de vdeo a respeito de capacitismo, disponvel em:
http://youtu.be/hQCH62QdqgU - acesso em 12/01/2015
Sugesto de vdeo sobre cabelos anelados e sua passagem pela histria, disponvel em:
http://youtu.be/LTp9c9bsY_Q - acesso em 12/01/2015
Sugesto de pgina da Bruna de Paula (cultura upload) onde possvel encontrar poesias incrveis.
Segue a descrio: Mulher preta, feminista, black power. Escrever que o me move e assim que quero mover o mundo., disponvel em: https://pt-br.facebook.com/culturaupload - acesso em 29/01/2015
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