Dicionário Ilustrado Cidades Invisíveis

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Dicionário Digital Ilustrado - 9º Ano - Profa. Phaedra 2011

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Dicionário ilustrado de cidades invisíveis Turmas de 9º ano

Créditos da imagem da capa

Marco Bar tholomei Lo Schiavo e Mart im Thaumaturgo Chiare l l a .

Agradecimentos

Às professoras Ana R i ta Guimarães e Maria Da Betania Galas .

Às equipes de Editoração e Informát ica.

Dedicatória

À professora Pr i sc i l a Campanholo .

São Paulo, novembro de 2011.

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APRESENTAÇÃO

A ideia deste d ic ionár io i lust rado de c idades inv is íve is surg iu a part i r da le i tura das obras “As c idades inv is í ve is”, de I ta lo Calv ino, e do “Dic ionár io de lugares imaginár ios”, de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi .

Ambas ret ratam cidades inventadas. As pr imei ras, pelo gênio de I ta lo Calv ino e as ú l t imas, por d iversos autores de lugares imag inár ios presentes n a l i teratura mundial .

Em “As c idades inv i s íve is”, o v ia jante e explorador Marco Polo descreve para Kublai Khan, imperador mongol , as c idades v is i tadas em suas missões d ip lomát icas. As c idades inv is íve i s – pequenas marav i lhas descr i tas em prosa poét ica – são apresentadas uma a uma e entremeadas a t rechos de conversa entre os dois .

A re lação ent re Polo e Khan remete -nos ao ato ancestral de contar h is tór ias e encontra s imi lar idades na re lação entre Scherazade e seu sul tão. A bela cat iva contava hi stór ias para sobrev iver, sem as quai s o su l tão não conseguir i a desf rutar de uma noi te de sono. Marco Po lo subverte a modorra dos re latos burocrát i cos e encanta imperador e le i tores de todo o mundo com suas descr ições. As conversas ent re os do is são um espaço pr iv i l eg ia do para a escuta, para a re f lexão, para a ponderação e para o exerc íc io da f i losof ia.

Mangue l e Guadalupi , em seu “Dic ionár io de lugares imag inár ios”, compi laram diversas ci tações de lugares imaginár ios e presentearam -nas aos le i tores na forma de um dic io nár io. At lânt ida, E l Dorado, Fantas ia, L i l ipute, Pa ís das Marav i lhas, S í t io do P ica -Pau Amarelo e até algumas das c idades inv is íve is de I ta lo Calv ino trans formam -se em verbetes que reproduzem os textos or ig inais .

No segundo semestre de 2011, at ravés da exp er iência de le i tura proporcionada pela obra de I ta lo Calv ino, o le i tor -estudante tornou -se v ia jante e observador. Travou contato com di ferentes pontos de v ista, exerc i tou o olhar para a al ter idade, para a d i fe rença, para

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di ferentes c idades e para d i fe rente s habi tantes. Este percurso, que teve como elemento d isparador o texto l i terár io, fo i reforçado pe la exper iênc ia real de v iagem proporcionada pelo Estudo de Meio nas c idades hi stór icas mineiras e no Inst i tuto Inhot im.

Este exerc íc io de pensar c idades poss i b i l i tou ao estudante sucess ivos movimentos do g lobal para o local e do local para o g lobal num processo que cu lminou com a produção deste d ic ionár io i lust rado de c idades inv i s íve is .

Um dos c r i té r ios norteadores da escr i ta fo i a menção ao Es tudo de Meio. Po r conta d isso, o d ic ionár io está repleto de e lementos da v iagem: geograf ia , modo de v ida dos habitantes e impressões causadas no v ia jante.

Em re lação à geograf ia, destacam-se as se rras, o ca lor , a mineração, o sol da tarde, as estátuas, as const ruções rep l etas de ouro e pedras prec iosas, os templos, as l adei ras, as praças, os parale lepípedos.

Os habitantes de Minas Gera is surgem ora sobrev ivendo do tur i smo, ora re l ig iosos e fes t ivos e ora presos às amarras da re l ig ião. Há fuscas que habitam uma cidade só de les. Surgem também muitas c idades utóp icas com r iqueza, igua ldade social e pouco trânsi to ( ! ) . F inalmente, não fal tam a lusões ao passado, ao misté r io, à re l ig ios idade e à morte.

A presente ed ição teve o cuidado de preservar, na medida do poss íve l , os est i los de cada dupla de autores, por vezes solenes, poét icos, muitas vezes bem -humorados, c r í t i cos, mas sobretudo encantadores.

Boa le i tu ra!

Phaedra de Athayde Pro fessora de L íngua Por tuguesa – 9º ano

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ADALTA: Não se sabe ao certo se Adalta é uma c idade inv is íve l , imaginár ia ou inexi stente. Entre os l imites de nossas duas d imensões, real e i r real , descansa esse l imbo. Semoventes, as passadas se t raçam, sem rumo, nos chãos de parale lepípedos de mármore, e não se tem certeza se as pontadas nos pés nus causam dor ou reconforto. Nosso vermelho é prensado na apreensão e pressa de perceber se o que v ivemos está realmente sendo v iv ido, se o que pensamos realmente nos corre às mentes, se o que nos parece realmente nos é. Há aqueles que d igam que todos se tornam senis em Adalta.A d i stânc ia é caráter de todos, que a sentem mesmo em relação a seu própr io corpo. Os del í r ios em órbita tomam os dosséis da metrópole, e amarelos desenham -se ent re os bei jos de amantes proib idos, a embriaguez dos jovens del inquentes, no som da música dos de rua, nas ju ras daque le que ment iu, do longínquo, a força, a pa ixão, a ment i ra, a in f luência e a raiva da verdade, verdade esta que é ment i ra em Adalta. As casas baixas, a l inhadas ao longo das ruas f r i as de pedra, possuem portas al tas de cores v ibrantes, numa a l tura tão impress ionante que faz pensar numa razão para ta l . Talvez para que cada v i s i tante possa t razer consigo toda a sua real idade de sonho, para que possa adentrar a moradia v i vendo um parale lo entre os dois mundos. As subidas e desc idas íngremes de Adal ta são amparadas pe los esquecimentos e abandonos de v idas que realmente ex ist i ram, os corpos inocentes e destru ídos de velhos br inquedos, det r i tos de almoços harmoniosos, lençói s de casai s inex istentes e outros o lv idos de uma exi stência passada. Entre essas t r i lhas caót icas, v i s i tantes e até mesmo moradores percebem -se perdidos. As rotas mudam de d ia a outro, tornando a c idade i r reconhecível mesmo aos olhos daqueles que a veem cot id ianamente. Poss ive lmente pela inter ferência que as super f íc ies imag inár ias par t icu lares causam em um espaço maior e, supostamente, púb l ico.

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Vez ou outra corre uma água ra la dent re as rachaduras do mármore ge lado sob os pés. Fr ia e neutra embebe a pel e, nos t raz f rescor e nos arde ao mesmo tempo. É essa água que leva algumas das pessoas a escoarem -se pelos r ios de sua c idade. Ult rapassando l imites do conhecido – ou t ido como conhecido – , têm suas fortunas mudadas, e não mais pertencerão a Adalta. E aque las que cont inuam na c idade têm uma caracter í st i ca pecul iar , são um tanto quanto reservadas. Fa lam, mas não conversam, olham, mas não enxergam. Todos e cada um presos a sua própr ia real idade, v ia jando pe los caminhos do sonho, explorando a capacidade de se t ransportar para outra d imensão sem nem mesmo mover os pés desnudos e preguiçosos, desf rutando de mentes cheias de ideias s imul taneamente adquir indo espí r i tos vaz ios. O v iajante que vaga pelas ruas dessa Adal ta mister iosamente be la deve manter - se sempre desperto. Uma vez que se ingressa nesse parale lo entre o que nos ocorre ou não, as mentes tornam-se ocas, e esse devoluto pode ser dominado fac i lmente por qualquer mi ragem ou fantas ia. É melhor o v is i tante permanecer acordado. A v is i ta ao sonho não t raz passagem de vol ta. O alvo mármore torna -se pedra preta. A água torna -se l ama espessa. O louco torna -se escravo de sua moradia.

Por Antôn ia Midena Perrone e Ana Vi tór ia Mesqu ita Costa

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AMANDA: Ao chegar em Amanda, a pr imeira coisa que o v ia jante sente é sede. Tudo o que se enxerga é bem fami l i ar aos o lhos humanos: as paredes de cada const rução; o as fa l to das ruas; as janelas e portas, tudo apresentando um estado de mai s pura per fe ição; as edi f i cações brancas como a neve, de aspecto modernis ta, re f letem a luz do sol umas nas outras até i luminarem g lor iosamente a construção cent ral , com suas paredes brancas por fora e por dentro, revest ida com ouro em seus detalhes mais minúsculos, o teto pintado perfe i tamente e os bancos de made ira al inhados com preci são.

Enquanto a sede aumenta, as paredes até então perfe i tas começam a rachar, o as fal to vai se esburacando, os v idros das j anelas vão se su jando, a madeira das portas envelhece e a luminosidade desaparece na Igre ja cent ra l – a única construção na c idade de Amanda na qual o v is i tante poder ia entrar e morrer de sede e que, mesmo ass im, não se desconstru i r i a. Podem -se ouvi r , aos poucos, ru ídos semelhantes ao de metal retorcendo -se, v indos de canos envelhecidos enterrados sob uma densa ter ra. Se houver sorte, é poss íve l notar vu l tos passando per to das velhas j ane las, fechando suas cort inas rasgadas e pers ianas r i scadas e quebradas, dando um ar de sol idão ao v is i tante recém -chegado. Os vul tos são nada mais nada menos que os habitantes da c idade de Amanda, que possuem a aparênc ia de doces, de seres amigáveis e amáveis . Mas, muito pe lo cont rár io, são salgados e ant ipát icos. Não só os moradores, mas todas as formas de matér ia são compostos por sal , desde o in ter ruptor de uma lâmpada até o calçamento da maior das avenidas de Amanda.

Por Cinthia Yumiko Mior i e I sabel Sant i Schalch

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AMÉLIA DO NORTE: Amélia do Norte, a cidade da beleza e do trabalho, é caracterizada e

conhecida pela existência de dois picos em suas extremidades, chamados de Rosa e Julieta. Ao redor

da cidade, há uma grande floresta, escura e de altas árvores (as maiores chegam a 120 metros), e há

rumores de que se uma pessoa adentrar seu território, nunca mais verá a luz do dia. Cortando Amélia

do Norte em seu coração, há o rio Lino, de águas claras e de peixes mansos, carnudos, grandes e

saborosos. Moradores acreditam que o rio foi o início da cidade, quando o mesmo, no passado, era a

principal fonte de renda da vila, com extração de pedras preciosas. Hoje em dia, a mineração se deu

por esgotada e a renda da cidade é proveniente da inovação tecnológica.

O trabalho é uma característica muito forte de Amélia do Norte. No entanto, não são todos que

trabalham e batalham pela sobrevivência da cidade: às seis e meia da manhã, todas e apenas as

mulheres saem de suas casas para trabalhos diversos. Algumas, com roupa executiva, vão ao

escritório, e outras, trajando um feio uniforme de limpeza, cuidam dos trabalhos braçais. Os homens?

Dormem e descansam, assistem à televisão, correm nos parques, vão a bares, ou seja, fazem tudo

que os agrada. Dizem que quanto mais tempo a mulher trabalha, mais tempo ela vive.

Ao andar por Amélia do Norte, a brisa fria da manhã chama a atenção. Os cheiros de

natureza, de eucaliptos, refrescam e dão um ar de “novos dias” aos habitantes. Logo pela tarde, o sol

escaldante, que queima nossos pés, torna-se personagem principal e ninguém consegue ignorá-lo.

Pela noite, quando o sol se põe, a lua cheia aparece e ilumina mais doze horas de trabalho duro das

lindas damas. O que chama a atenção é que, mesmo após longas horas de trabalho, as mulheres

continuam sendo bonitas e cuidando de sua própria beleza.

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Quem é Amélia? A mulher perfeita, fundadora da cidade, que se sustentou a partir do duro

trabalho nas mineradoras. A cidade de Amélia do Norte nada mais é do que uma referência às

mulheres dos dias de hoje. Elas não mais ficam em casa cuidando das crianças, elas batalham,

trabalham e, no final do dia, abrem um sorriso para seus filhos tão queridos. Sinal de que o dia foi

produtivo. Os homens? Estes ficam em casa descansando, sendo sustentados pelas mulheres, que são

perfeitas em suas visões, pois trabalham e lhes dão carinho. Tudo o que um homem quer. Seguir o

exemplo de Amélia é uma boa sacada, pois se continua aproveitando a vida como ela é. Como dizia

Mário Lago:

Amélia não tinha a menor vaidade

Amélia é que era mulher de verdade

Por João Pedro Coutinho Valle e Rodrigo Gualandi Verri

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AMÉLIA DO SUL: Segu indo em di reção ao su l , após c inco d ias de caminhada por montanhas e ser ras, é poss íve l av is tar Amél ia do Sul . Local izada no topo de uma serra, a c idade é formada predominantemente por metai s e pedras preciosas. Os habi tantes de Amél ia do Sul sobrev ivem pr incipalmente da miner ação e do comércio com outras c idades.

Ao ent rar na c idade, passando por grandes portões dourados, o v ia jante se depara com o br i lho de construções cober tas de ouro e pedras preciosas. Seu centro comercial é formado pr inc ipa lmente por joalher ias e lo jas de roupas, todas fe i tas com f ios de ouro e prata. A praça pr inc ipa l de Amél ia do Sul é rodeada por igre jas de vár ias ordens re l ig iosas, todas fe i tas de ouro e d iamantes.

Pode parecer, para um v iajante que conhece a c idade pela pr imei ra vez, que Amél ia do Sul é a c idade perfe i ta, onde todos são r icos, não há roubos e a des igualdade não exi ste. No entanto, mesmo com tanto ouro e jo ias, os hab i tantes de Amél ia do Sul v ivem na misér ia.

Como o so lo rochoso não é fé rt i l e o re levo impede a cr iação de animai s , os f amintos habitantes de Amél ia do Sul f requentemente partem para outras c idades para procurar al imento. Muitos, porém, não vol tam. Os que conseguem um pouco de al imento t rancam -se em suas casas douradas ou fogem para outras c idades, com medo de que a populaç ão faminta roube sua comida.

Em Amél ia do Sul , o al imento é o d inhei ro, nada pode ser comprado com ouro e jo ias. Os mais r icos são os que mai s têm mais mant imento e o imposto é pago em comida.

Muitos que v i s i tam cidade decidem f icar por conta das r iquezas e da aparente t ranqui l idade, porém, acabam presos por conta da fome.

Por Bet ina Tor ino Correa e João Lenzi Medeiros

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ANTONIETA: A Cidade de Anton ieta é local izada no sul do estado de Minas Gerai s atrás de montanhas onde, no século XVI I I , hav ia um grande buraco encont rado e co lonizado pelos portugueses. Antonieta então fo i cr iada dentro desse buraco. Por i sso, é uma c idade que não tem muita comunicação com as outras c idades. Antonieta é afastada e cercada por grandes montanhas.

Um dos meios de se ent rar na c idade é por um grande túnel que passa dentro de uma das maiores montanhas que cerca Antonieta. Dentro da c idade, onde v ivem cerca de 30 mi l habitantes, há um grande lago chamado Bi tos. O lago é o pr incipal meio de os habitantes ganharem dinhei ro (com negócios de vendas de pequenos obje tos) e se sus tentarem. Por causa d is so, é tão bem t ratado por todos.

Os habitantes da c idade de Antonieta são mui to re l ig iosos e também muito fes t ivos e recept ivos. No d ia a d ia , t rabalham esforçadamen te para manter uma boa v ida para todos de sua famí l i a. Todos que al i hab itam têm orgulho de fazer parte da c idade de Antonieta e protegem a c idade como suas própr ias v idas. Tudo o que e les preci sam está al i e , portanto, poucos habitantes possuem um automóv el . E les fazem tudo a pé.

Por Bruno Laniado e Pedro Petroni de Almeida Sampaio

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AURÉLIA: A cidade de Aurél ia está cercada por montanhas local izadas em uma grande e des lumbrante baía. Aurél i a const i tu i - se de inúmeras cavernas che ias de pedras e minér ios prec iosos.

Local izadas ao nordeste do pa ís , suas es tradas são muito bem asfal tadas . Di ferentemente das est radas que levam ao sul , que estão em péss imas condições e cheias de buracos.

Quando se chega a Auré l ia, o que se mais ouve é o som das ondas batendo em corai s e pedras próximas à pra ia . No centro, recheado de pássaros e docei ras, pode -se ver pequenas casas onde ar tesanatos são vend idos. As ladei ras da c idade dão caminhos d i fe rentes a imensos campos de fu tebol .

O governo é democrát i co e o povo def ine seu l íder a cada doi s anos. Os habitantes de Aurél ia (aure l i anos) v ivem suas v idas cobertas pelo amor e pela paz. O esporte mai s prat icado por l á é o surfe, pois muitos moradores da c idade sentem uma grande l igação com o mar e paixão pelas águas sa lgadas do Pac í f i co. Hi stór ias contadas aos tur i stas fazem com que entendam a boa e posi t i va v ibração que vem da mar. Sem preocupações , os moradores locais não l igam para o luxo e conforto que algumas out ras c idades têm. Aco rdar cedo e fazer caminhadas mat ina is na praia é uma rot ina a qual mui tos seguem. Ao f ina l da tarde, um mergulho nas águas cr i s tal inas de Aurél i a faz com que até o homem mais estressado do mundo re laxe e esvaz ie sua mente, deixando ass im os problemas de la do.

A cidade tem apenas quatro mi l e duzentos hab itantes. Todos se conhecem e mantêm uma re lação de amizade e i rmandade profunda. A re l ig ião seguida por e les é a re l ig ião “Rastatar i”. Rel ig ião que tem como l íder e deus “ Jah”. De acordo com a lenda, “ Jah” f oi o pr imeiro morador de Aurél i a. Pois bem, fo i e le quem plantou as pr imeiras árvores, de f in iu onde ser ia o “centr inho” da c idade. . . deu in íc io a tudo. Os aurel i anos sentem -se e ternamente

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gratos a e le, po is não conseguem imag inar out ro lugar tão bom quanto Aurél ia, um para íso natural pelo qual e les são responsávei s nos d ias de hoje.

A moeda da c idade, ut i l i zada apenas em Auré l ia, chama -se L ibra Aurel i ana. Apesar d isso, os moradores não a ut i l i zam muito, poi s e les não têm interesse nem imaginam que objetos mater ia i s possam melhorar suas v idas . A moeda é ut i l i zada apenas em caso de necess idade.

Aurél ia deixa uma ót ima impressão para tur i stas e v ia jantes. A lém d is so, o que f ica na memória de muitos é a paz que a c idade t raz a seus corações. Tur is tas e pessoas d e fora descobrem um novo mundo, um mundo que nunca havia s ido descober to por e les, o mundo mágico de Auré l i a.

Por Fernando Bi t tar Arruda e Pedro Luiz Curcio Lauro

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AURORA – A CIDADE DA LUZ: Ao chegar em uma i lha, espera -se encontrar f ru tas s i lves tres , roupas exót icas , tur i s tas , águas l ímpidas , c l ima tropical , mas ao se aprox imar de Aurora, em algum lugar en tre a Po l inés ia Francesa e as i lhas havaianas , j á s e percebe o f r io e a escur idão e o medo pene trando em suas ve ias . Suas construções a l tas , tor res de pedra , s inos tocando a toda hora. Suas ruas sombr ias e vaz ias de sent imentos são íngremes e l argas , fe i tas de para le lep ípedo , para os moradores poderem ouv i r os in teressan tes foras te i ros chegando . Ao andar pe las ruas , sente-se o penetrante che i ro de nosta lg ia . O céu , negro como ébano, abre -se somente nas c laras no i tes de lua-cheia, quando seus habi tantes de ixam suas sombr ias casas para fes te j ar com a apresentação v inda do céu. Por apenas c inco horas , a escur idão e o medo trans formam-se em br i lho e en tus i asmo.

Mal se d i s t ingue o dia da no i te , por i s so os habi tantes cr i aram um modo de se saber as horas : os s inos . Tocados em todas as 47 igre jas s imultaneamente, a c idade para para contemplá -los . Todos os habi tan tes de Aurora são cató l icos , po is quem não tem o amor grande por deus não suporta Aurora . Poucos consegui ram permanecer mais de uma semana. O amor é i rôn ico . Todos os cr i s tãos odeiam deus por fazê - l as f icar , mas o s imples pensamento de abandono de seu cr iador os a ter ror iza de perder o seu amor .

Ao permanecer por quase um mês na c idade , comecei a me acostumar com os s inos até que em uma noi te não os escute i . Levan te i apavorado , po is j á era de manhã e , como não pudera ouv i r os s inos , perdera a melhor no i te de minha es tadia . V im para es ta c idade para ver o mais boni to . De tão acostumado que es tava a e l a, acabei perdendo a ún ica no i te co lor ida de Aurora . Sa í o mais ráp ido poss íve l , de ixando diversos homens apaixonados para tr ás , mas sempre com temor de perder o amor de Deus .

Perdi aurora e acabe i me perdendo.

Por Giulia Martins Marques e Helena Davino Vincent

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CAIRAS – A CIDADE DOS DENTES: Se qui serem acreditar , ót imo. Contare i como a c idade dos dentes é fe i ta. Embora s i tuada em terreno molhado , com r ios de L ister ine, as casas são fe i tas de res ina, todas no mesmo padrão: em formatos de dentes e brancas. A única d i ferença é que são postas em d i fe rentes al tu ras, l igadas por passare las de a lgodões c i l índr icos. As caixas e os reservatór ios de água l ocal izam-se onde a cár ie faz seus es tragos, nos dentes.

Os moradores de Cairas são pol lys , pessoas pequenas, que se ves tem com roupas de borracha. São bem humorados. Não importa como amanheça o d ia, estão bem. Porém, quando os chic le tes atacam, f i cam fur io sos e fazem de tudo para proteger a sua casa.

Dent re i sto é poss íve l descrever os sent imentos que t ive quando coloquei meus pés naquela marav i lhosa c idade: f iquei des lumbrada, encantada. Só tenho certeza de uma coi sa sobre Cai ras, independentemente da ocas ião, dos seus dentes cuidarão. Ass im, recomendo Cairas, a c idade dos dentes.

Por Beatriz Guedes Teixeira e Uszkurat Carvalho de Oliveira

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CAMILA: Camila é uma cidade situada na região norte do pl aneta Marte com muitas planícies extensas formadas por lava vulcânica sol idificada. Marte está localizado no Sistema Solar e é o quarto planeta. Ao chegar a Camila, todos se assustam, pois sua geografia é diferenciada em relação a outros planetas. Mas ao mesmo tempo em que se assustam, ficam impressionados com a estrutura de Camila, pois mesmo estando em uma região seca e montanhosa, a cidade tem prédios altos e estrutura de primeira qual idade. A forma de governo é uma monarquia absolutista, através da qual o rei manda em tudo e em todos, pois seu poder é absoluto. Nesta cidade, os habitantes são passivos e respeitam perfeitamente as ordens do rei. Com isso, nunca há confusões entre eles. Vestem -se com uma roupa de pedra leve. Sua al imentação é uma mistur a de areia com carne, seu trabalho é cuidar de sua terra e eles não têm crença (são ateus). A moeda de troca na cidade de Camila chama-se Camart (Camila+Marte), é um tipo de areia. Ela é calculada em quilos. Quanto mais pesado, mais o Camart renderá porque em algumas regiões a areia vale mais, pois é mais densa. O comerciante em Camila ganha muito, pois vive disso e dedica-se ao que se faz. Ele sempre tem de dar 30% de sua renda total para o seu rei. Camila é um ótimo lugar para se viver, pois além da tecnologia avançada, todos os habitantes se relacionam bem e o governo, mesmo cobrando altos impostos, é compreensivo e ajuda o cidadão quando este mais necessita de ajuda. Com isso, não há muita desigualdade social e não há alta pobreza. O aspecto semelhante a Minas Gerais (MG) é sua geografia com cl ima quente, muitas montanhas e rochas grandes.

Por Antonio Victor Marcari Oliva e I lan Dayan

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CARMEM: Ao ent rar na c idade de Carmem, após uma longa jo rnada debaixo de so l e chuva e grandes l adei ras e curvas s inuosas, é d i f í c i l não se surpreender com os e lementos que a c idade nos mostra. As construções são fe i tas de pedra, ass im como as ruas. Uma pedra escura e áspera que confere uma atmosfera tenebrosa ao local . As praças possuem muitas árvores, que dão à c idade o aspecto de um bosque perdido no tempo. Os bancos estão cober tos de l imo e os br inquedos das c r ianças estão enferru jados. Ass im como as pedras, Carmem é obscura e calma. Logo de cara, percebe -se que e la guarda grandes segredos e mistér ios.

Os habitantes de Carmem re f letem o es t i lo da c idade. Obscuros e sombrios, todos parecem esconder algo. Apenas quem nasce e es tá marcado para morrer al i é capaz de saber o que a c idade esconde. Ao chegar, o co rpo do v iajante é instantaneamente absorv ido por uma camada depress iva e essa pessoa pode ouv ir sons e vozes que nunca imaginou.

A c idade pode ser horr ip i l ante, porém, não deixe de v i s i tá - l a. E la pode fazer você vol tar outra pessoa. Se você vo l tar !

Por Dora Vinci de Moraes Delboni e Ju l i ana Ramos Sal iba

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CIBELE: A v inte mi l pés do chão, j á se pode av i star as enormes cabeças brancas de Cibele. Estão por toda parte, nada as apavora. A c idade es tá s i tuada no punho de um c idadão, Jami ro, o maior de todos habi tantes de Cibele. Seu re levo é e levado e tudo é s i tuado em cima de rochas, d i f i cu l tando a ent rada e saída de seres v ivos. De tempos em tempos, é poss íve l encontrar tu l ipas mortas e soterradas por pedras. Tor res de pedra, antes constru ídas pelos habitantes, agora são ru ínas entr i stec idas que choram o so lo de Cibele. As g randes tor res marcam a presença de uma ant iga sociedade capital i s ta. Na época, acreditavam que quanto maior e mais rúst icas fossem as tor res, mais protegida ser ia a c idade.

Os v iventes res idem dentro dos Febres e são chamados Cores. Ao mesmo tempo, os Febres são senhores dos Cores. Os mesmos foram escrav izados pelos Febres desde sempre, serv indo-os por toda eternidade. No tota l , ex i stem nove Febres. Jami ro foi abat ido pelas suas f i lhas. Enterrado, permanecera consc iente esperando por uma revolta. As f i lhas de Jami ro não mais ex i stem. E las eram as Três Forças que ao longo dos anos foram perdendo a v ivacidade. Logo antes de desaparecer, as t rês p lantaram -se no olho d i re i to de Jamiro para, na pr imavera, f lorescer e dar or igem aos Febres, os Cores e as Tul ipas. Essas, por mai s que tenham s ido esmagadas pela sociedade, podem ser encontradas sobre a lgumas rochas. As Tul ipas representam o lado feminino de Jamiro.

Em Cibe le, não exi ste uma moeda de t roca, poi s são todos dependentes uns dos outros. Cada Febre car rega consigo um s ino que, quando tocado, anuncia o recolher dos Cores res identes. Para te rem cont role sobre seus escravos, os Febres decepam os dedos dos Cores para vol tarem para seus respect ivos Febres. Cada Febre possu i Cores com um dedo espec i f i co, cada um dos nove Febres possu i Cores com um dedo apenas. O Febre y ī possui escravos apenas com o dedo indicador, o Febre èr com o polegar, o s ān com o mindinho e ass im por d iante.

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Pelo d i f í c i l acesso e al to nível de desaparecimentos, reso lv i não me aproximar. Quando olho para Cibele, s into -me mal . Sempre s in to que parte de mim apostada f icou na esperança de que houvesse algo de bom na c idade.

Ordem dos Febres: 1 – y ī 6 – l iù 2 – è 7 – q ī 3 – sān 8 – bā 4 – s ì 9 – j iǔ 5 – wǔ

Por André Ser ra Bar ion e Renato D’AngeloCecere

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CONCEIÇÃO: Praças são muito importantes para qualquer cidade, mas para Conceição são fundamentais . Lá não existem ruas, calçadas, viadutos, estradas nem nada do gênero. Apenas três grandes praças l igadas por três frágeis pontes de madeira. Cada praça f ica acima de uma mont anha da qual não se vê a base por ser muito alta. Essas três montanhas estão dispostas como se fossem os vértices de um triângulo e, no centro, há mais uma montanha, essa com apenas um monumento, o monumento de Nossa Senhora da Conceição. As praças são cer cadas por muralhas que só podem ser atravessadas por altos governantes ou tur istas.

As praças são todas iguais : no centro, uma fonte e diversos comércios ambulantes, além de feiras l ivres; nos f lancos, mais comércios e moradias organizadas em prédios. O ch ão das praças é inteiro em paralelepípedo.

Todos os habitantes de Conceição são extremamente católicos, por isso as três praças têm uma igreja. Todos rezam todos os dias e têm a religião como razão de viver. O sonho de toda criança é ser padre, mas nem todos conseguem. Por ser um cargo muito concorr ido, apenas os mais inteligentes conseguem a vaga. Todos os dias as pessoas sobem na muralha e rezam em direção ao monumento. Todos os moradores têm uma relação muito amistosa, são amigos e encontram -se diariamente na praça para por a conversa em dia e se divertir . Para um viajante que não é catól ico, é muito estranho chegar a Conceição e ver todos os habitantes com aqueles hábitos tão fortes. Passar pelas diferentes montanhas e ver três lugares iguais causa incômodo. Mas a pior parte é passar pela frági l ponte de madeira, olhando para baixo sem ver o fundo. Na praça, contudo, o conforto é imenso, o que vale a vis i ta. Após a saída da cidade, fica -se com a impressão de que o catolic ismo pode causar muita paz e amor entre todos, desde que não haja ninguém contra a rel igião. Por isso, muito provavelmente, a cidade deixa o vis i tante com vontade de aderir à religião e de ir morar lá, o que muitas vezes acontece.

Por Pedro Vanderl inde Darvas e Ruy Guedes Teixeira

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CORALINA: Em Coralina, cidade pequena, porém, com muita correria e sem calçada, carros e pessoas andam na mesma rua. Atravessar as ruas da cidade é muito difíci l, pois não há faixas de pedestres.

Os habitantes de Coralina sempre estão atrasados, corr endo de um lado para o outro. Cada vez que um novo habitante chega à Coralina, pode perceber que está em um lugar completamente diferente de qualquer outro em que já esteve. É realmente uma cidade única. Os habitantes da cidade são muito estressados devido ao trânsito e, por estarem sempre atrasados, as pessoas são muito unidas, pois a cidade é muito pequena. Diferentemente de todas as outras cidades, os moradores fizeram uma reunião para achar uma maneira de agilizar o trânsito: resolveram fazer uma lin ha de metrô. Um metrô que, invés de andar por baixo da terra, andasse por l inhas no ar, pelo céu, mais ou menos nas alturas dos prédios. A cidade localiza-se em um lugar desconhecido, apenas os habitantes e algumas pessoas conseguem um mapa de onde ela se localiza. Se todos possuíssem um mapa com a localização de Coralina, a cidade viraria um caos, devido a seu tamanho diminuto. As poucas pessoas que conseguem o mapa da cidade acham que os habitantes são muito unidos e que são pessoas estressadas, mas pos suem um bom coração e respeito um pelo outro, como numa família grande. A conclusão é que, apesar do trânsito e do stress das pessoas, todos vivem em paz, harmonia e fel icidade. Todos os forasteiros que lá foram adoraram Coral ina e não conseguem esquecê-la.

Por Joana Prazeres de Andrade e Pao la Falkembach Leme

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DANIELA: A cidade de Danie la local iza - se nos al tos morros do planeta Helena. É uma c idade escura e sombr ia onde, apesar das g randes ne vascas, seus moradores não sentem fr io. As ruas são de pedras i r regulares sobre as quais as pessoas mal conseguem andar.

No cent ro, as casas b rancas são re f lexos dos estranhos habitantes da c idade de Danie la. Nos ba i rros afastados, a cor branca se perde m ostrando ass im a formação natural das casas, a madeira. Ass im como a cor das casas muda de lugar para lugar, seus habitantes também mudam. Quanto mai s afastados os bai r ros, mai s aumentam os boatos de que ex istem zumbis escondidos naquela c idade. Os habi tantes do cent ro são pessoas bastante pál idas, que normalmente não se comunicam ent re s i . São nobres que dão muita importância a honra e ves tem -se par t icu larmente bem. Já nos bai r ros a fastados não é bem ass im, d izem que há zumbis extremamente brancos. Costumam usar roupas pretas e vermelhas e não saem na c idade durante o d ia, só na par te da noite. Quem chegou até Dan ie la, o fez não proposi talmente e s im por um acaso da v ida. Danie la é uma c idade tão escondida que quase n inguém sabe onde f ica e quem são de verdade os seus habitantes. Quando um viajante, por acaso, chega até Dan ie la, sente - se confuso e tomado por perguntas sem respostas. Com o passar do tempo, esse v ia jante vai “t rans formando -se” em um habitante real da cidade e ass im permanece em Danie la pa ra sempre. Tudo o que se sabe a respei to de Danie la são apenas boatos e lendas sobre os quais n inguém nunca vai saber a verdade.

Por Danie la Gomez R igh i e Danie la S i lva Santos

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EDIVANIA: No topo de uma col ina, seca, fr ia e sombria, Edivania é um a cidade afastada de qualquer outro vi larejo.

Esta cidade é simplesmente constituída por moradias térreas de apenas duas cores: branco e preto. As casas estão em ruas estreitas, de paralelepípedos irregulares. As ruas l igam -se uma avenida principal que termina em uma praça com a estátua de uma bela mulher. É muito raro ver pessoas por lá, mas é o único lugar onde acontece algum contato social.

O sol é pouco visto na região, por isso as pessoas têm o tom de pele um tanto quanto claro.

Pelo fato da cidade ser muito afastada de outros locais civi l izados, não existem lojas de vestuário. Portanto, as pessoas andam completamente nuas. E por causa do extremo frio da cidade, as pessoas se mantêm muito dentro de suas casas, evitando um contato social.

Quando me deparei com Edivania, meu primeiro sentimento foi de choque, pois os poucos seres que andam pela cidade andam nus com normalidade, como se ninguém os est ivesse observando. Ao mesmo tempo, eles não têm vida social e aparentam ser muito infelizes.

Por André Mascarenhas Machado de Almeida e João Damaso Pinto Ferreira Adballa

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ESMERALDA – A CIDADE E OS MORTOS 06: Após navegar dentro de uma embarcação , em um es tre i to r i acho de águas l ímpidas , caminha -se por en tre um des f i l ade i ro de lgado, de pa redes rochosas , ornamentadas com belas esmeraldas ve rde -água, que re f le tem as f res tas da luz so lar escondida pe la névoa branca e mis ter iosa que ocupa o ambien te.

À f ren te , não se av i s ta nada, a não ser um paredão verde . Não há mais luz , a respi r ação é di f í c i l de tanta umidade . Uma sombra humana encapuzada aparece l entamente e , como uma ordem, l evan ta a mão e começa a caminhar , parecendo querer que o v i a j ante o s iga . Depara -se então com uma escadar i a de madei ra em espi r a l , l onga, da qua l não se av i s ta o f im.

Subindo os grandes degraus por doze horas , chega -se na s impát i ca e remota c idade de Esmeralda, local i zada sobre a prec iosa pedra esverdeada, de do is mi l metros de a l t i tude . O ar chega a ser rare fe i to . Não se respi ra mui to bem, o pu lmão cansa. A névoa desa parece , as nuvens abaixo , de ixando somente a luz do so l i luminando a c idade . Ouve -se somente o u ivo do vento e o can to dos pássaros . A sensação é de paz , de grandeza , de poder .

Em Esmeralda , não há postes de i luminação , nem mesmo f iação de energia e l étr ica . A grande esmeralda é o so lo da c idade e , apesar de não ter árvores , é l impa e não po lu ída. As cas inhas são todas fe i tas em pau -a-pique, com as jane las quadradas de en talhes vermelhos e as portas compr idas azu ladas . É cur ioso, todas as habi tações , sem exc eção , seguem esse padrão cromático .

Os habi tan tes são pessoas comuns, seres humanos comuns. Usam roupas s imples : camise ta azu l e bermuda vermelha (por a lgum motivo, e ssas são as cores que aparecem em todos os pormenores , inc lus ive nos pássaros que cantaro l am pela c idade) . Os c idadãos não parecem ser tão afe tados pe lo ar rare fe i to quanto um mero v i a j ante: andam de b ic i c le ta, co r rem, pu lam, dançam e can tam sem fazer o menor es forço para respi rar . Pr inc ipalmente as cr i anças , que jogam bola com a maior energia. O povo de Esmeralda é um povo fe l i z , s impát i co, car i smát ico, a legre e que não ut i l i za car ros , por a lgum mot ivo.

Porém, a c idade toma outro rumo ao en tardecer . O povo e a c idade em s i tornam -se mais sombr ios e f r ios , como se não t ivessem mais a v ivac idade que tem de dia.

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Junto com o br i lho das esmeraldas cr i ado pe la lua , a no i te tr az cons igo também a força dos espí r i tos ancestra i s que seguem vagando pela c idade, dando - lhe a v ida que sempre perde ao cai r da no i te . Os v ivos parecem não se incomodar com a pre sença de seus ve lhos v i s i tantes . Na verdade , ao cai r da no i te , os v ivos parecem não se impor tar com nada. É como se todos en trassem em um profundo sono e não notassem os deta lhes , os espectros . Cada qual se reco lhe em sua pequena casa co lon ia l e não sa i de lá até o pr imei ro r a io de so l do dia segu in te . Os espí r i tos ances tra i s – d i feren temente do que geralmente se imagina - s ão apenas an imais . São ant igos habi tan tes que vagam indi ferentes pe la c idade na forma do an imal que melhor re f le te sua personal idade. O br i lho que emitem é re f l et ido nas esmera ldas que compõe o so lo , f azendo ass im com que i luminação noturna não se j a r equ is i tada . A c idade se i lumina natura lmente , tan to por par te das esmeraldas , quanto por par te das auras dos espí r i tos ant igos .

O mais cur ioso é que apenas cr i anças conseguem enxergar ta i s an imais . Enquanto a inda são pequenas , a f i rmam que os mesmos as observam dormir , as gu iam, as a judam, a té br incam com e las . Porém, quando crescem, lembram -se apenas de terem t ido uma in fância normal : de br in car com outras cr i anças que nunca v i r am na v ida e a té de ter v i s i tado lugares d i s tan tes .

Em Esmeralda , o mais be lo céu noturno pode ser v i s to . Não há re l ig i ão, mas todos os habi tantes creem nos espí r i tos , na v ida, na mor te , na v ida após a mor te . Em Esmeral da , após morrer , cada indiv íduo t rans forma -se em um an imal e , após a mor te desse an imal , o espí r i to converte - se em uma pequenina esmeralda que compõe as paredes do des f i lade i ro . Em Esmeralda, c idade a l ta , c idade remota, a v ida renova -se , a v ida nunca de fa to morre, mas s im, es tá sempre em constante trans formação e renovação.

Por Gui lherme Fontes Pedra e V ic tor i a E l ena Sanches

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ESTAMIRA – A CIDADE DE FASES: Após 13 dias e 13 noites de caminhada incessante e exaustiva por paisagens perturbadoras, um viajante chegará à cidade de Estamira. Ao passar pelo magnífico portão de mármore branco e rosa cravejado de pedras preciosas, o andarilho depara-se com a Avenida Principal, uma longa e larga via ladeada por casas brancas com entalhes azuis. Ao longo do caminho, há enormes pilhas de lixo, crucifixos quebrados, oratórios destruídos, pinturas rasgadas, menorás entortados e luas crescentes espalhadas pelas calcadas.

Caminhando por dois dias rumo ao norte, a avenida divide-se em mil caminhos diferentes, que se quebram em ruas irregulares e tortuosas.

Na terceira rua a oeste, construída inteiramente em ouro, encontra -se a Igreja da Razão, um templo que busca compilar todo o conhecimento humano, a casa de uma seita cujo deus é o saber. A grandiosidade do lado externo do prédio, porém, não é encontrada em seu interior, que não passa de um reles depósito de lixo escuro e pobre.

Ao lado do templo, um horrível aglomerado de casas miseráveis ergue-se para além de onde a vista pode alcançar. Esses casebres são os lares de todos os fervorosos devotos da Igreja da Razão, pessoas infelizes com a própria vida, que buscam na religião amenizar sua dor constante.

Na segunda via a leste, está o Palácio do Governo, uma construção branca e azul ce rcada por altas e imponentes muralhas brancas protegidas por torres de vigia. Em frente ao prédio, há uma praça onde se encontra uma alta coluna de pedra encabeçada por uma grande esfera de mármore e uma coroa dourada. A sua volta, existem diversas tavernas, onde se encontram todos os tipos de bebidas, todos os tipos de viajantes e todos os tipos de mulheres.

Estamira foi fundada com o objetivo de ser um espelho dos céus. No entanto, quando a revolta estourou, o caos se instaurou. Os governantes, acuados, l imitaram-se a transitar pelas tavernas, dilapidando o patrimônio da cidade. Todas as religiões foram banidas, sendo permitido apenas o culto da razão.

O clima de decadência reinante em Estamira, entretanto, não é suficiente para apagar as marcas de um passado glorioso. Engana-se aquele que acha que as pilhas de lixo espalhadas pelas ruas da cidade diminuem o brilho de Estamira. Engana-se aquele que pensa que a antiga Estamira é melhor que a atual. São apenas diferentes fases, cidades efêmeras que surgem e se vão o tempo todo. A qualquer momento pode explodir uma nova revolta, transformando de novo a cidade.

Por Bruno Campana de Almeida Pernambuco e Pedro de Queiroz Avila

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HANNAH: Hannah é uma i lha loca l izada a 50 km da i lha de Honolulu, no Hawai i . F i c a a 3 graus ao nor te e 6 ao oeste. É muito pequena e tem 500 habitantes. O mar a sua vol ta é realmente c r i s tal ino e cheio de corais . Só consegue -se chegar l á de hel i cóptero ou barcos não motor izados. Há ent radas por todos os l ados da i lha onde há praia. No mar, há portões que protegem as minas de ouro embaixo d’água. Mais adent ro da i lha, há uma grande f lores ta onde bem no meio há uma pequena v i l a na qual f icam os mineiros. São humanos de c lasse al ta, pelas r iquezas das minas. A v i l a toda é fe i ta de ouro. A única espécie de animal ex i stente na i lha é um macaco de pelugem branca que é muito inte l igente e ajuda na mineração.

Os minei ros acreditam que um dia i rão consegui r extrai r todo o ouro para fazer comérc io ou exportação. Mas ninguém consegue chegar na i lh a, poi s é muito pequena e não suporta mais de 600 pessoas em sua superf íc ie . Hannah é governada por Susan, que segue os passos de sua avó, Hannah, quem descobr iu a i lha há 100 anos durante uma v iagem de mergulho no mar do Hawai i .

A pr imeira impressão ao chegar à i lha é de se estar num lugar mágico, pois é tudo muito t ropical e detalhadamente produzido com ouro muito re luzente. Ao chegar, a are ia machuca os o lhos de tão branca e dá vontade de beber a água. Na f lores ta, há f lo res color idas e f ru tas t ropicai s que podem ser consumidas.

Os mineiros d izem que Hannah nunca será dest ru ída ou esquecida, poi s os habi tantes são realmente unidos e acreditam que i rão enr iquecer cada vez mai s .

Por Mar ina Maruccio Chiment i e Rafael l a Ramenzoni

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HENDANA: Ignora- se Hendana é dessa manei ra por ser dessa forma tão inacabada, ou demol ida, ou se por t rás dela exis te um fe i t iço ou um mero capr icho.

O fato é que não tem te lhados, paredes, pav i lhões, casas. Só há camas banhadas a ouro suspensas por p i l a s tras de madeira maciça. Pode -se d izer que constru í ram a c idade antes da chegada dos pedre i ros.

E o incr íve l é que a c idade sobrev iveu a catás tro fes, te rremotos, fortes ventos, tempestades etc. . .

Abandonada antes ou depois de ser habi tada, não se pode dize r que Hendana é deserta, poi s os “deuses da noite” moram lá depois de terem s ido expul sos das grandes cidades. Então, e les f i cam reun idos nessa c idade onde podem dormir e curt i r a sua quer ida amante: “noite”.

A c idade f ica deser ta de v is i tantes ou de v ia ja ntes, mas nunca de seus quer idos “deuses”. Após admirar esta incr íve l c idade, vou embora, poi s não há nada para fazer l á a lém de dormir . Mas nunca vou me esquecer desta d i ferente c idade com as camas erguidas em um grande campo de f lores completamente p lano .

Por Henr ique T ie las Morei ra e Dan ie l Tos i de Souza Toledo.

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HILLARY: Hi l l ary local i za - se ao centro do estado de Br i t tany, é cercada por c inco c idades: Axeropita Papazone, Marr ie, Magy, Brandie e Kenai . Sua capital é Bet sy, s i tuada ao sul de Hi l la ry, que f i ca há 65°C do mer id iano de Goose.

A pr imei ra impressão é de tr i steza, mas ao mesmo tempo de fe l ic idade. H i l l ary é congelante, porém, quente; escura, entretanto, c lara; f lo r ida, no entanto, desmatada.

A c idade apresenta casas de madeira, palha e t i jo los com uma área de 100 metros quadrados. Cada casa possui dois andares, tendo o segundo de 50 metros quadrados. Sua porta pr incipal local iza -se na parte super ior da casa, na qual se ent ra por uma escada rolante . Nas extremidades da c idade, v ivem os Orcs, seres de oi tenta cent ímetros de a l tura. Parecem uma mistura de gnomos, fadas, ogros e bodes. E les guardam a c idade, impedindo que seres de outras c idades entrem no ter r i tór io Hi l l aryano. A população parece renovar -se a cada quinze d ias. Pode-se d iv id i r a sociedade em dois g rupos: os mortos e os imortai s . Os mortos vagam pelo lado di re i to da c idade, onde não exi ste absolutamente nada, mas, ao mesmo tempo, exis tem mui tas coi sas meio inexp l icáve is . No subsolo da c idade estão ossos de pessoas, órgãos e sacos che ios de sangue! Ao centro, do lado d i re i to, ex iste uma forca onde são enforcados todos aqueles que invadem o te rr i tór io dos mortos. Já no lado esquerdo, v ivem os imortai s . Cada um em suas casas. Nas ruas, não se av i sta quase ninguém, ou melhor, absolutamente n inguém. Mas vul tos passam pelas ruas, são as almas perdidas do in fe rno que devem f i car ao subsolo no inter ior da c idade. . .

Por Mar ia I sabel Aschermann Leal , Mar iana Bor in Quio e Mariana Souza Barre to

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IAMIN: S i tuada sobre uma grande rocha azulada, I amin surpreende o v ia jante que a v is i ta. A entrada na c idade é fe i ta por uma longa e est re i ta caverna onde, bem no fundo, se vê a marav i lhosa v i sta panorâmica da c idade. Deb aixo de Iamin, ex i ste uma imensa mina de pedras preciosas que se chamam yamines (or igem do nome da c idade). E las têm uma cor azul puxado para v io leta e um br i lho que chega a se r mais forte do que a de uma lua cheia. I amin é uma c idade plana e que segue o f ormato oval da pedra sobre a qual se s i tua.

Seus hab itantes são os mai s dedicados e ot imis tas. Os homens da c idade de Iamin são obr igados a t rabalhar na mina de yamines quando completam seu décimo sexto ano, j á que é delas que se t i ra toda a renda econômic a da c idade. As mulheres, por sua vez, t rabalham no artesanato com as pedras da mina. Os hab itantes da c idade são muito dedicados e, por i s so, todo dia, quando o sol está se pondo, quando a pedra azulada t rans forma -se em v io leta, e les tocam uma l inda melod ia com os s inos do templo pr incipal . Dizem ser poss íve l escutar a voz de Yaminá, a deusa que protege a pequena c idade de Iamin.

Quando o v ia jante pr imeiro chega à c idade, e le imediatamente sente o chei ro de ter ra molhada e o aroma da f lor de jasmim que tom a conta do ter r i tór io. Quanto mai s o v ia jante entra na c idade, mais n í t ido va i f i cando o som das conversas dos hab itantes.

Quando v i s i ta Iamin, o v ia jante nunca mai s é o mesmo. Alguns saem de lá com uma pac iência maior e outros com um grande ot imismo. Ess e é um dos mistér ios de Iamin, nunca se sabe como se vai sai r daque la c idade ou se algum dia i sto vai acontecer.

Por Cami la Pere i ra Fre ixo e Ju l ia Vo lonaki s Gont ier

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IRIS: Não há nada melhor do que morar em Iris, a primeira coisa que impressiona é a beleza. Algo inconfundível, algo incomparável.

Não é qualquer um que tem o privilégio de ser agregado a esse maravilhoso lugar. Apenas aqueles que sabem respeitar, viver em grupo e harmonia. Iris é bonita por seus amplos campos repletos de diversas flores e árvores de diferentes cores. Até mesmo aquelas que jamais cresceriam no mesmo lugar. Sua composição nos faz querer passar um grande tempo a apreciá -la. Há diversos animais nos quais podemos nos “transformar”, tais como: cavalos, pássaros, zebras, ovelhas, sheep dogs, pequenos porcos e até mesmo algumas girafas. Algumas pessoas conseguem até mesmo se “transformar” mantendo a forma humana, porém, são poucos que têm esse privilégio. Apenas aquelas pessoas que sabem lidar de verdade com esse tipo de cidade, respeitar os outros e viver em comunidade. Por isso, há algumas aldeias e “comunidades” situadas pelos belos campos de Iris.

Em Iris, não há predadores nem vítimas, todos comem frutos e folhas dos quais podemos aproveitar diversos elementos essenciais para nossa sobrevivência. Inclusive, há plantas que contêm elementos que podemos encontrar em alimentos como a carne, por exemplo. Mas não deixam de existir carboidratos como arroz e feijão, que também acabam sendo muito usados pelas aldeias.

Perto das aldeias, que recebem diferentes nomes apesar de todas serem unidas, há lindos rios de águas cristalinas, alguns até mesmo com grandes cascatas e cachoeiras.

Aquele que viaja para visitar Iris sai de lá com um sentimento em relação às coisas muito diferente. Ele aprende sobre respeito, amor e coisas que ninguém pode comprar, pois são coisas que a gente aprende com o tempo, assim como ler e escrever. Iris ensina muit o sobre a vida aos que vão para lá com o coração aberto e dispostos a aprender. Coisas que ninguém mais pode fazer por você. Ensina também que nós temos que acreditar em nós mesmos e fazer as coisas que queremos, não porque às vezes temos que fazê-las, mas também pela forca de vontade. Muitas vezes, muitos desejariam estar em nossos lugares e não podem.

Por Mariana Ramos Martins

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ÍRISNOVIA: Ao adentrar a c idade de Í r i snov ia , o v ia jante logo se deparará com o grande portão que guarda a ter ra encantada por um fe i t iço do qual se sabe pouco, mas fa la -se muito. No al to daquele portão apoiado por duas grandes colunas dór icas, es tão local izados dois minotauros armados com grandes l anças que per furam até o mais forte minér io conhecido pelo homem. De todos os buchichos contados, n inguém nunca tentou penetrar naquela c idade sem permissão. Af ina l , quem gostar ia de entrar em uma cidade tão miserável?

Para f inalmente entrar , é necessár io apresentar - se aos minotauros expl i cando o motivo da v is i ta ao lugar tão sombrio e, de alguma maneira, bonito.

Já dentro de I r i snovia, de cara consegue -se ver o Jard im de I r i s , color ido, cheio de animais mís t icos e lendas que se tornam real idade. Por sorte, es ta área não fo i afe tada pela mald ição que sof re o resto da c idade. Logo acima da praça, há um caminho fe i to por f lores das mais d i fe rentes exi s tentes no mundo. Mas esse caminho fo i dest ru ído e dele só restam ruínas agora. I s to d i f i cu l ta a ida para o templo dourado, onde todo o ouro co letado pelos moradores de Í r i snovia é es tocado e t rans formado pelos Deuses em suas própr ias imagens. O templo tem uma árvore da v ida com três deuses representando água (Aquar ius ), te rra (Smengoshe ida) e ar (Ater iu s).

Os habitantes são d iv id idos em dois v i l are jos: no pr imei ro, moram os magos, b ruxas, fe i t i ce i ras, a curandei ra Joseph ine e af ins. É chamado Caldei rão Per igoso. O segundo é habitado por animais , so ldados minotauros e humanos. É chamado Calvár io Doce. Os habitantes de Calde i rão Per igoso são ranz inzas , só fa lam com pessoas de seu v i l a re jo e se conversam com os seus opostos moradores do Calvár io Doce, é para vender ou negociar seus artefatos, produtos, poções e al imentos. Já os habi tantes de Calvár io Doce sã o calmos, engraçados, fe l izes e cantarolantes. Os animais fa lam, os minotauros protegem e os humanos trabalham e v ivem suas v idas de uma maneira míst i ca e totalmente d i ferente.

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A única pessoa que não hab ita esses dois v i l are jos é Í r i s , que mora em seu gran dioso jard im e não aparece há c inco anos, desde o encantamento de sua bela c idade. E la j á tentou de tudo para salvar seu terr i tór io e seu jard im só não fo i en fe i t içado, pois todos os seres encantados que lá habi tam f ize ram uma barre i ra de proteção cont ra e ncantamento de seus lares. Todos d izem que fo i egoísmo não te rem protegido o resto de Í r i snovia. Mas fazer o que? Vá pedi r favor a um gnomo para ver o que e le te d iz !

Dizem que Í r i s é bonita como um diamante trans lúcido lapidado, radiante como o sol e que seu sorr i so i lumina até a caverna mais funda do mundo. Doce como damasco e alegre como uma f lor de pr imavera, e la sempre encantou os nobres homens moradores de sua c idade.

Mas ninguém é páreo para seu frági l coração. Ouve -se seu choro da mai s a l ta tor re, seu canto tr i ste e f rági l deve -se a toda a alegr ia desaparecida e a toda paz perdida. Quer ia eu vê -la, para consolá- la. I re i para sempre andar a procura do mistér io da mald ição. Poi s tudo falam, mas poucos sabem quem amaldiçoou Í r i snovia. Quem fez com que Í r i s não sa ís se nunca mai s de sua torre?

Por Gabr ie la Taiara Medeiros Bi ro l in i e Ste l l a Andrade Bassetto

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ISADORA: Da I lha de Isadora não se pode falar muito, pois apenas pessoas escolhidas podem habitá- la e vi s i tá- la. Mas o que se sabe é que é uma i lha local izada entre a Grécia e a Turquia, entre o mar Mediterrâneo e o mar Preto. Pequena e montanhosa, vi sta de longe parece ser grande. Seu nome orig ina -se da pr imeira rainha da cidade, I sadora Dreux. O que torna esta c idade mais especial e pouco habitada é o fato de conter mata at lânt ica em pleno Oriente Médio. Além disso, é uma i lha muito r ica por sua grande quantidade de minérios.

I sadora é uma cidade com casas grandes, feitas de madeira e muitas fo lhas e f lores cobrindo-as, pois na i lha não chove. O que não é um problema, em função da boa local ização da i lha. Os habitantes têm grandes r iquezas, pois são parentes de grandes pessoas que marcaram a época colonial. É obrigação de todos ajudar na preservação da c idade. Todos andam com túnicas. Não há crianças, pois a cidade é um refúgio.

Quando coloquei os pés na i lha, f iquei l i sonjeado, pois poucas pessoas que não a habitam a conhecem. Senti um leve vento pas sando em minha alma e l impando-a. Depois que passou, senti sua temperatura, que não era nem quente nem fria. Isadora possui o cl ima ideal. Os moradores são todos muito calmos e compreensivos.

Minha jornada na cidade só estava começando. Passei mais cinco d ias maravi lhando-me com sua fauna e f lora. Fiquei hospedado na casa da primeira rainha, em frente à praça pr incipal, ponto de encontro de todos os habitantes da c idade com charretes paradas a seu redor.

Por I sadora Far ia Lemos Charbonnier e Tommy Klajner

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IVANILDE: S i tuada em uma i lha no Oceano At lânt ico está Ivan i lde. É uma c idade muito pequena e suas ruas são de ter ra e muito inc l inadas. A i lha está f lutuando no mar, ou se ja, não está presa no so lo. Por conta d i sso, fo rtes ter remotos são constantes. Ninguém sabe o porquê, mas e la não sa i do lugar .

Os c idadãos d izem que deuses da água seguram -na para deixá- la f i xa e causam estes terremotos quando f i cam nervosos e batem com a cabeça debaixo da i lha. Quando se olh a a i lha pelo al to, é poss íve l perceber seu formato de Javal i . Graças a i s so, a c idade tem esse nome ( Ivani lde = forte como um Javal i ) . Já houve muitas expedições de mergulhadores para tentar descobr i r se os deuses existem e como e les são. Mas n inguém nunc a vo l tou, sobraram apenas os equ ipamentos de mergulho f lutuando.

Os moradores são mal -humorados e têm cara de bravo, apenas os tur i s tas conseguem alegrar a c idade. Ex is te uma igre ja no al to da c idade chamada Iemanjá na qual todo domingo acontece uma missa para agradecer a todas as coisas boas da semana. Todos os moradores e tur i stas vão e gostam muito.

Só se consegue chegar à c idade de navio, pois ao redor da i lha o mar é muito per igoso e com ondas muito grandes por causa dos te rremotos. É poss íve l perceb er um péss imo odor de porco e este rco, po is as pessoas têm muitos s í t ios onde cr iam porcos.

I r a Ivani lde é uma exper iência única. Você não te rá outra igual . Mas tome cuidado, pois a qualquer hora pode haver um terremoto. Só não se esqueça de v is i tar a ig re ja, preferencialmente aos domingos.

João Vic tor Marcar i Ol iva e Matheus Cent in Rodr iguez

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JACIRA: A br i sa do vento invade as fo lhas das árvores. As pessoas, sem preocupação nenhuma, andam sem medo nas ruas. Os animai s vagam lentamente. Os templos são velhos, ant igos e estarão lá por mai s um bom tempo.

Na hora do almoço, as pessoas comem e preparam seu ar roz casei ro e aquele tempero do fe i jão. E tudo i sso em cima de um fogão a lenha. As pessoas repetem quantos pratos querem e depois vem aquela sobremesa doce e bem fe i ta.

As casas são s imples, porém, aconchegantes. Jac i ra é uma c idade que as pessoas fazem de tudo para que se ja confortável . Uma casa ao lado da outra, a lgumas em morros, outras em par tes p lanas. As ruas são de parale lepípedos e não há carros, apenas cavalos e charret es.

Todos aqui são amigos uns dos outros e não arrumam confusões ou int r igas com coisas pequenas.

Por Jú l i a Sauda Mendes e Kathar ina Andrade Pinheiro

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KARABÁ: A c idade de Karabá não pode s er descr i ta em aspectos f í s icos devido a suas constantes mudanças de formatos, cores e tamanhos dos prédios, casas e outros t ipos de estabelec imentos. Em todas as madrugadas, pela ca lada da noi te, a c idade inte i ra remolda -se totalmente. Na hora em que todo s os moradores, Ste f -AnsAnt i soc iavel i s , que possuem traços f í s i cos grotescos, estão dormindo.

Ninguém sabe exp l icar o mot ivo dessas mudanças, mas e las acontecem desde que a c idade começou a se formar, desde a pr imeira praça e igre ja. Apesar de tudo mudar, a caracter í st ica bar roca cont inua sempre a mesma. Esses deta lhes barrocos permanecem nas paredes, que são ext remamente t rabalhadas e douradas.

Karabá é local izada no fundo de um vale e tem como moradores uma raça muito pecul iar : es tes Ste f -AnsAnt isociavel i s , que têm como caracter í st i ca os t raços hor rendos e sua fobia social . A maior ia dos v ia jantes que vai à Karabá sente -se bem porque, como a c idade muda diar iamente, os v ia jantes não se cansam do ambiente. Porém, sentem -se bastante incomodados com os moradores da c idade, que não são muito recept ivos.

Com base no que v ia jantes d izem, lá é d i f íc i l ver pessoas pelas ruas e, quando se vê, nenhum contato f í s ico ou verbal é prat icado. Segundo eles, cada d ia é uma nova exper iência devido às mudanças que acontecem m is ter iosamente durante o sono dos moradores.

Essas mudanças nunca foram cient i f i camente expl icadas, mas há uma ant iga lenda da c idade que d iz que hav ia uma fe i t ice i ra chamada Karabá que, insat i s fe i ta com seu t rabalho, reconst ru ía a c idade d iar iamente.

Por Es tre l l a Bel loni Cal ix to e Fe l ipe Pere i ra Prado

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LEVIMA : Já era f im de tarde quando cheguei à Lev ima. Seu aroma doce, que por certo mot ivo me dava água na boca, tomava conta de todos os cantos da cidade. Até mesmo de seus arredores. Sua temperatura agradável e envolvente abr igava seus habitantes corados e cheios de saúde. Pessoas s imples, educadas, que recebiam seus vis i tantes de modo reconfortante.

Uma cidade calma, na qual se ouvia crianças brincando, fei ras nas praças e moscas sobrevoando as frutas mais suculentas.

Sua paisagem um tanto exót ica apresentava casas e monumentos rodeados por belas f rutas, que se encaixavam em topo de árvores, formando uma paisagem completamente natural.

Eu dir ia que Levima é algo que pode se chamar “vi la das árvores”

Por Let i c ia Casa le Macedo, Maria Luísa Te ixei ra da Costa e Fre i tas e Victór ia Bassan Mineto

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LUNA – A CIDADE DO CREPÚSCULO: Às margens do impér io de Kublai Khan, Luna, a c idade noturna, estendia -se desde as montanhas no ocidente até o Ma r Vermelho.

Durante o d ia, não possuía mais que uma arquitetura estonteante. Só v iam -se vár ias estátuas de pedra branca como mármore, detalhadamente confeccionadas e fachadas incr íve i s de casas fe i tas de pedras negras como céu noturno. Mas t rancadas as por tas e as janelas, remanesciam durante o d ia.

Ao chegar à c idade, ouve -se o al to badalar dos s inos dos campanár ios dos templos marmorizados com pi lares brutos ao redor dos portai s de al tu ra in igualável que às vezes até b loqueiam o so l .

À noite, a magia da c idade começa quando as imensas por tas de pedra e as j anelas de v idros color idos abrem-se e revelam as pessoas que as habitam.

Os moradores dessa c idade são em sua maior ia muito al tos, em média com 2,30m de al tu ra, tez b ranca, o lhos azui s e cabelos ac inzent ados. São ass im porque não há necess idade de nenhum pigmento, já que não exi ste sol para queimá - los. Dessa c idade, saem para o mundo todos que hoje t rabalham à noite, ta i s como guardas.

Como sua data de cr iação não é conhecida no mundo moderno, alguns d ize m que de lá sa í ram lendas como fantasmas, vampi ros e lobi somens.

Mas a real beleza dessa c idade não está nem durante o d ia, nem durante a noite. Está entre os doi s , durante o crepúsculo. Vê -se do Caste lo de Luna, que hoje é chamado de Caste lo do Crepúsculo , um pôr do sol azul às margens do hor izonte marinho, acentuado pelas gemas encarapi tadas nos umbrai s das por tas e também re f let ido pelas j ane las v i t ra l izadas nas casas, o que torna a hora do crepúscu lo um bai lado de cores esvoaçantes pe las ruas da c idade.

Por Rafael Ramos e Raphael De Gênova

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LYKHANA: Lykhana é uma pequena c idade mít ica s i tuada ent re a Polônia e a Bie lorrúss ia, cercada por imen sas montanhas de neve que chegam a medir 3 km. Em seu cent ro, há uma grande bacia h id rográf ica onde exi ste a c idade de Lykhana. Casas rúst icas fe i tas de t i jo los, que mantém o fr io para fora das construções e o calor para dent ro, ocupam a c idade e dão apenas espaço para pequenas ruas e praças onde os c idadãos encontram -se e para grandes áreas verdes que sobem as montanhas e servem de abr igo para os animai s .

A c idade v ive em harmonia com a natureza. Só é produzido e consumido o necessár io. Não exis te comérc io nem dinhe iro, apenas favores e gent i lezas ent re os c idadãos. Sempre há tempo para a natureza recompor - se dos danos que so fre. Os c idadãos são pessoas s imples e gent is que sempre são v istas com casacos de pele. Apesar de nunca terem v i sto o mundo exter ior , cr i am suas própr ias h ipóteses e expectat ivas sobre como é o mundo fora das montanhas. Dentre essas expectat ivas, há hipóteses de que no mundo exter ior ex i stam outras pequenas c idades para outras formas de v ida totalmente d i ferentes das dos c idadãos de Lykhana.

Lykhana não é aberta para todos. Apenas aqueles que abrem mão de tudo em sua sociedade e pensam em um lugar idea l como Lykhana são ace i tos na c idade. Embora per fe i ta, Lykhana mantém suas portas fechadas, pois sabe dos male s que a acometer iam caso abr i sse suas portas para o mundo.

Por Giu l i ano Vie i ra de Ol ive i ra Spada Pole e Tomás F iore Negrei ros

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MIGUELA: Balão, barco a vela e charrete são os únicos t ransportes que dão acesso à l inda e pequenina c idade Miguela. As casas são majestosas, todas brancas, mas com arquite turas d i ferentes. O chão é de parale lepípedo. A cada quarte i rão, há praças f lor idas e bosques cheios de an imai s a l i mentados e cuidados pe los habitantes. Miguela é um lugar s implesmente agradável , com ar l impo e f resco e com uma br isa gostosa no f im do dia. Nenhum automóvel é permit ido.

Quando entram na c idade, os v ia jantes logo percebem que estar na c idade é como estar na década de 1960, mesmo estando -se em 2011. Há homens de terno e de chapéu, todos muito bem vest idos. Há muitos bancos espa lhados pela c idade. A maior ia dos moradores t rabalha em bancos. Há cr ianças de uni forme bem formal . No f im do dia, suas mães, com vest idos de bo l inhas e sapato com sa l to baixo, buscam -nos.

Ao ter acesso aos lugares l igados à economia, o v ia jante percebe a ausência de mulheres t rabalhando.

Os v ia jantes sempre querem vol tar . Migue la é a c idade mai s l inda e agradáve l que alguém poder ia v i s i tar . Seus moradores são encantadores e s impát icos, há c r ianças br incando na rua e casais apaixonados apenas t rocando olhares. Um viajante sempre é bem -vindo, o que faz com que se apaixone pela l inda c idade de Miguela.

Por Ana Tereza Gorga Van Deur sen e Amanda Pozz i Tovar

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MIRANDA: Miranda local iza - se na i lha Vanessa, no Oceano índico. A c idade surgiu na rota ent re as c idades de Sheshal l a e Maria. A c idade f ica em um planal to do qual se pode ver os quatro cantos da i lha e as out ras c idades. A arquite tura colonial e as ruas de pedra fazem parte da paisagem, mas i sso não é a maior atração tur í st ica da c idade. No cent ro, ex iste uma árvore g igantesca de 30 metros de al tu ra e com frutos que chegam a 40 qu i los. A árvor e é única no mundo todo e ninguém sabe como ela surgiu. Foi nomeada caqüie i ra. Sua fruta, caqüe, f i ca madura uma vez ao ano em meados de outubro a março e é considerada uma especiar ia no mundo todo. Em torno da árvore, s i tuam -se d iversos res taurantes que preparam peixes tanto do mar quanto do r io com o fru to caqüe, que é aprovei tado desde a sua casca ao mio lo. Andando em suas ruas de pedras, podem-se observar d iversas pessoas de lugares de d i fe rentes, desde c idades v iz inhas à i lha Vanessa a pessoas de tod o mundo que v ie ram para esse pólo de tur i smo mundial . Desde a ant iguidade, a c idade é marcada por v ia jantes. Por i s so, a cul tura loca l d iz que a árvore surgiu v inda do or iente no bo lso de um comerc iante árabe que a perdeu. Hoje esse árabe ganhou diversos nomes que passam de boca em boca indo desde Arabha até Asabahze. Entre os grandes nomes que v is i taram a i lha e a c idade es tá Marco Po lo, que fez um discurso aos moradores da i lha na época em que não havia tanto tur i smo. Atualmente, muitos h istor iadores e c ient i stas vêm a Mi randa para es tudar a árvore deste cent ro de c idade pecu l iar .

Por Pedro Amorim e Marco Losch iavo

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MITOHNIA: A c idade de Mitohn ia loca l iza - se em uma área montanhosa. Na par te mais baixa desse te rr i tór io, há um lago onde os moradores fazem pedidos a seus deuses. O formato desse l ago assemelha-se a um c í rculo. Apesar de ser profundo, é poss íve l perceber, se se pres tar atenção, que o fundo é espelhado por razões desconhecidas.

Mitohnia tem, em sua grande maior ia, imensos ar ranha -céus de formatos bem incomuns. Todos têm formatos semelhantes a árvores. Como nenhuma “árvore” é igua l à outra, todos o s préd ios são d i fe rentes. Os imensos arranha -céus captam energia at ravés da e let r ic idade das nuvens que passam por c ima das c idades. Quando não há nuvens, a energia solar é captada at ravés de grandes p lacas solares. De qualquer forma, a energia é acumulada em uma espéc ie de bate ia subterrânea para se r ut i l i zada pe los moradores. Próximo ao lago, há pequenas casas para aqueles que não alcançam o “paraí so”.

Na ant iguidade, antes de todos os ar ranha -céus se rem constru ídos, os doi s povos v iv iam juntos: tanto o d a metrópole quanto o da “favela” (próximo ao lago). O grupo div id iu -se pouco depois que começaram as lendas do lago. Um grupo, além de orar para os deuses, agiu para fazer uma v ida melhor. Ass im, c r iaram a metrópole. Já o out ro apenas rezou, esperando que tudo caí s se do céu.

O v iajante, quando chega a Mitohnia, imagina -se no para íso e esquece seus problemas. À pr imeira v i sta, e le tem a sensação de ser um inseto perto de “árvores -arranha-céus”. Quando sa i , sente- se rev igorado e pronto para tudo.

Por André Passos de Sá Almeida e Mart im Thaumaturgo Chiare l l a

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ORATNOCA: Presume-se que Oratnoca foi fundada pelo senhor Onafets Sacul Suehtam. A cidade de Oratnoca f ica pendurada por cipós em uma pedra flutuante no além. Acima, há o lago Iva onde a água sobe e f ica ret ida por uma rocha. As casas onde as pessoas moram são todas feitas de barro e bambu, pois são resistentes a batidas ou acidentes.

A cidade local iza-se sobre um morro ao lado da cidade de Ti l ibra. Oratnoca é uma cidade simples onde as pessoas têm estilos de vida iguais. Ninguém passa fome e ninguém tem dinheiro a mais ou a menos que ninguém. As casas são penduradas com o teto para cima. Para entrar nas casas, é preciso escalar cipós de até 20 metros.

Quando visitam Oratnoca, os viajantes f icam muit o surpreendidos com o modo de vida diferente dos habitantes e como sua cidade é suspensa e diferente no ar. O que os viajantes mais apreciam são as estátuas que imitam cidades famosas como: a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, a Muralha da China e a Esf inge Egípcia. Essas esculturas f icam penduradas pelos cipós.

Oratnoca relaciona-se ao nosso Estudo de Meio por ser uma cidade histórica. Vários acontecimentos e pessoas diferentes passaram por lá.

O est ilo de vida dos habitantes de Oratnoca é estranho, de modo que para ir à padaria (único comercio) é preciso ir de cipó, escalando -os, já que não há vias terrestres. A única matéria prima, além da água e dos troncos e cipós da superfície do lago Iva, é o trigo que nasce às margens do lago.

Os habitantes são baixos, mas têm as pernas e os braços muito musculosos devido ao enorme esforço para se locomover pela cidade através dos cipós. Eles têm uma característ ica facial particular: apenas conseguem abrir um olho de cada vez. Isto se deve a uma doença causada pela suspensão excessiva antes dos quatro meses.

Por Lucas Sotero Costa, Matheus Silva Santos e Stefano Montel lato Storace Rota

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PANETONA: F loresta adentro, ao lado de um lago, há uma c idade fe i ta de panetone. Dent ro dessa c idade, há vár io s bai rros separados por sabores como: Amora, Doce de le i te, Abóbora, F rango, Banana, ent re outros. As ruas de Panetona são como as de qualquer c idade, há calçadas e ruas onde passam panetomóvei s e pedest res. E las nunca são planas, pois todos querem aprovei tar todos os ambientes poss íve is dentro de Panetona.

O c l ima é bem quente, como se você est ivesse dentro de um forno. O chão é fof inho como um co lchão. As casas são mini -panetones com jane las. Lá dent ro , faz f r io para que os habitantes mantenham-se conservados.

Para imaginar como ser ia o modo de v ida de um hab itante, vamos pegar como exemplo um choco late. E le acordar ia, tomar ia banho de cobertura e sai r i a de panetomóve l , poi s o bai r ro de Choco late é longe do centro e o cent ro é onde todos t rabalham. Depoi s do t rabalho, pegar ia t râns i to na Rua do Fermento, chegar ia em casa cansado, l igar ia a panetevê e passar ia o res to do d ia re laxando.

Se um v ia jante fosse para Panetona, ao ent rar , provavelmente sent i r i a calor e uma sensação de abafado, chei ro de massa. Dep endendo do bai rro, sent i r i a chei ro de comida (não aconselho i r ao bai r ro da Calabresa). Provavelmente, o melhor lugar para o tur i sta é a praça onde há sempre eventos , fe i ras e shows. Depoi s de ar rumar um hotel no bai r ro da comida mai s gostosa – o que depende de quanto se pode pagar, poi s hotel de choco late, por exemplo, é só para a e l i te – , o v ia jante sai r i a às ruas para aprovei tar a nova exper iência!

Por Matheus Rosa Granja e Rafael Bueno do Prado Ki ra ly

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PAULINA: Você pode não acreditar , mas como em uma cidade podem exist i r apenas fuscas? Paul ina é a c idade onde os fuscas têm pr ior idade. Local izada no al to de uma grande ser ra, e la tem suas qual idades. É uma c idade ant iga e pequena. I sso fac i l i t a a c i rculação de seus habitantes em maior número, os fuscas. É uma coi sa surpreendente. Parece que os fuscas têm v ida própr ia nesta c idade. Fazem de tudo: i r à padar ia, ao supermercado, à banca de jornal , ao restaurante, ao shopping. Bom, fazem de tudo um pouco.

Di ferentemente das c idades comuns, Paul ina tem como comida t íp ica a gasol ina e o álcool . Não há calçadas, apenas ruas bem asfal tadas. O ponto tur í s t ico desta c idade é o lava ráp ido, onde os fuscas são bem tratados e têm a sua hora de lazer. As padar ias, supermercados, l anchonetes, shoppings e tc. são todos modelos “ fas t food”. Ou se ja, não é prec iso que o fusca pare para real izar suas tarefas. Os fuscas desta c idade são como gente, possuem seus própr ios empregos. Uns são advogados, outros são padres, outros são méd icos. As cores var iam conforme a prof i s são.

A impressão que o v ia jante tem nesta c idade onde os únicos habitantes são fuscas é o est ranhamento, como se es t ivesse em um estacionamento. Se nte- se uma impressão de i so lamento e de sol idão, pois nesta c idade não há pessoas, mas fuscas. Só fuscas.

Por Bárbara Carre i ro Br iques e I sabel l a Nicol in i Mazzucca

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PEIREIROA: Peirei roa loca liza -se em um a lpe no norte da Áustr ia , em um local úmido. A surpresa é que não há muitas árvores, não há rios, muito menos pra ias e mares por perto. É importante lembrar que Peirei roa não é uma cidade planejada.

Ao aproximar-se da cidade, é possível observar de longe um grande número de gi rassóis e aza le ias. As f lores podem ser consideradas uma grande curios idade sobre a c idade. Por mais que as estações mudem, os dias em Peire i roa são eternamente nublados e as f lores continuam intactas. Não morrem, não apodrecem e, sim, continuam mais bonitas e exalantes a cada dia que passa. Por isso, aza leias e girassóis podem ser considerados s ímbolos de sorte da cidade (vida eterna).

Ao andar por Peirei roa, é poss ível escutar badaladas de s ino a cada 30 minutos. Como não existem lojas para venda de souvenires, nas praças da cidade há habitantes vendendo artesanato loca l.

A c idade transmite a seguinte ideia : a fé re l igiosa, antes de tudo, é a grande prioridade na vida dos habitantes e moradores locais . Todas as vezes que se vai à praça, encontra -se um diálogo abstrato e implíc ito entre passado e presente. Também na praça, é possível observar pessoas com roupas metade ant iga (de acordo com a moda de outros séculos) e metade do século XXI .

Também não será surpresa a lguma encontrar habitantes com idade acima d e 320 anos, pois lá é fabricada a poção “Peirei ra la”. Esta poção foi inventada por uma mulher, fundadora da cidade. Por opção própria , ela decidiu nomear a part ir do radica l “Peirei r” esta poção que permite as pessoas viver até seus 500 anos de idade, no máximo, com aparência de apenas 30. Por isso, quando alguém falece, uma grande tr i steza abate-se sobre todos.

Os habitantes são pessoas que não se dedicam ao trabalho para sobreviver. Eles têm uma qualidade de v ida muito al ta , pois dão prioridade a sua saúd e e a seu lazer. Trabalham, mas para sobreviver. Gostam de f icar junto a suas famí l ias e amigos. Passear nos parques é rotina.

O dia só acaba quando todos vão ao parque se reunir . As pessoas por lá são muito calmas. Não l igam se têm mil e umas coisas para fazer. O importante é fazer bem fe ito. Para todos, as praças signif icam muito. Dirigem-se a e las para as procissões, para os cantos rel ig iosos ou para passar o tempo e descansar.

Após i r a “Peire i roa”, o v iajante sai de lá com mais calma, querendo fazer a s ativ idades bem fe itas, por mais que tenha uma grande quantidade de coisas para fazer. Pode -se f icar com a impressão de uma cidade perfei ta , onde os habitantes vivem prat icamente a idade que querem e onde a ca lma predomina pelo fato da quantidade de f lores que existe no local .

Por Lu iza Lorenz i Adas e Sof ia Be len tan i Junque i ra Franco

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PILHOETO: Pi lhoeto está s ituada em um terreno glacial sobre o deserto Pi lhoetano. A c idade de Pi lhoeto é bem pequena, porém, tem uma população média de 7 .000.000 seres distr ibuídos em vários iglus. Os Pi lhoetenses não têm nenhum laço fami l iar. São totalmente independentes, so l itários e estranhos em todos os aspectos. Em Pi lhoeto, os habitantes são hermafroditos. A cada gestação, nascem em média 15 indivíduos que não têm afeto por seu “pai -mãe”.

P i lhoeto assemelha-se a uma incrível c ivi l ização avançada em meios tecnológicos e cul turais, o que faz a torna uma cidade. Há muitos iglus. Para locomover -se, devem-se usar camelos-gelados, aos quais os habitantes s e l igam através dos rabos (os p i lhoetenses têm rabo).

Em Pi lhoeto, respi ra-se gás metano, ao invés do tradic ional O 2 . I sto porque apenas se cr iam bois e vacas (que soltam muito metano).

Os habitantes não enxergam uma cidade melhor ou mais confortável que P i lhoeto, onde se prat ica muito a rel igião Recarröpané. P i lhoeto é considera uma c idade histórica para Recarröpané. Ass im, muitos via jantes vão a Pi lhoeto para conhecer os templos histór icos Recarröpanos.

A cidade transmite uma ideia de disc ipl ina e orga nização. Por esta razão, os via jantes admiram tanto Pi lhoeto.

Por Gui lherme de Andrade Tel les e Lucas Gimenez Cr istovão

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POLLYANA: Pol lyana não fo i uma grav idez p lanejada. Pol lyana não era pra se r . D izem que carrega outras c idades nas costas. At las. Pode -se c i rcu lar horas e horas sem que a pai sagem se a l te re. Em Pol lyana, as p lacas de t râns i to são proposi tadamente enganosas para assegurar ao v i s i tante a poss ib i l idade apenas lo tér ica de encontrar o caminho.

Pol l yana é monocromát ica, porém, pode enganar a ret ina ingênua que tenta lhe adiv inhar uma palheta mai s generosa tantos são os carros e os comércios. Bas ta um dia em Pol lyana e a con junt iva do v ia jante arde e l acr imeja.

Duas vezes ao d ia, re l ig iosamente, o s habitantes saem às ruas em hordas motor izadas . No solo, vastas l acerações de lama fét ida or ientam seu des locamento. A foi tos, querem render homenagens àquela que lhes acena com conqui stas mater ia i s . Fa lam ao celu lar . A lcool i zados, muitos at ropelam pedestres. Fala- se em blasfemos: c ic l i s tas que c i rculam l iv remente durante o cul to. Pagam com a v ida.

Às vezes, Pol l yana chora. Suas l ágr imas provocam desde panes nos semáforos a mortes por afogamento. Nestes d ias, o r i tual é mais longo. Há doi s anos, a c idade par iu um blecaute. Mas infe l izmente o garoto não qui s morar com a mãe.

Perguntados se gostar iam de deixar Pol lyana, seus hab itantes são categór icos: “S im”. Mas jamai s o fazem. O implante capi lar p recisa se r monitorado. O tempo l iv re das cr ianças prec isa se r preenchido com at iv idades ext racurr iculares. Af ina l , é preciso acotovelar - se no buffet de saladas à vontade.

Ocupados demais em expressar considerações de apreço ao senhor d i retor, os habitantes, ent re dentes, confessam ao v ia jante que querem fugir de Pol l yana. Mas não o fazem. Estão contentes.

Por Phaedra de Athayde

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RUBI: Ao se aproximar da cidade de Rubi, você já começa a sentir -se em um novo mundo, como numa viagem ao passado.

Entrando na cidade, você já sente uma grande diferença : pouco barulho. Parece que está abandonada. Ao invés de barulhos de carro, trânsito e cheiro de poluição, escutamos barulhos de pássaros e sinos das igrejas. Podemos sentir o cheir inho da comida a lenha, o ventinho batendo e trazendo o cheir inho de café.

O sol da manhã ilumina mais ainda as igrejas e as casas de Rubi. Andando pelas ruas de pedras, observamos diversas casas em estilo colonial. Cada uma com sua própria cor e detalhes, com grandes janelas e portas que acabam nas calçadas.

Em Rubi, há várias praças arborizadas. Nelas, conseguimos ver diversos sujeitos sociais como: amigos conversando, pessoas trabalhando, turistas observando o movimento, moradores descansando. As praças de Rubi são consideradas um ponto de encontro dos moradores para diversas at iv idades. Uma delas são os eventos da cidade.

A cidade possui diversos comércios: desde artesanatos até restaurantes com comidas t ípicas da região.

Por ser uma cidade entre montanhas, Rubi possui várias paisagens para observação. Apesar da evolução da cidade, vest ígios do passado ainda permanecem como, por exemplo, a arquitetura. Também restaram benzedeiras, musicas t ípicas, rituais antigos e até mesmo o sotaque da região.

Mesmo com as mudanças, Rubi continua sendo uma cidade histórica muito conhecida, que desperta nos seus visitantes uma emoção única e que os leva ao passado.

Por Maya Hemsi e Rafaela Latache Ribeiro de Vasconcelos

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SAMARA: A c idade de Samara é local i zada na China, debaixo da ter ra , há 45 mi l metros de profundidade . O acesso é fe i to a través de um poço es tre i to , escuro e grudento , onde mui tas pessoas j á foram assass inadas .

Os habi tantes das c idades v iz inhas procuram sempre passar o mais longe poss íve l de Samara , po is se assustam com todos os corpos , esquele tos e órg ãos espalhados à be i r a do poço . É re levan te o fa to de que quem quiser morar l á prec i sa ter par t ic ipado de a lgum f i lme de ter ror ou ser a lguma das assombrações , como por exemplo: Samara (“O Chamado”) , Es ther (“A Ór fã”) , Sarah Michel le (“O Gr i to”) , ent re out ros personagens .

Todas as segundas e quartas fe i r as , os moradores reúnem -se para di scu t i r e reso lver quais serão as v í t imas da semana. Então cada um, às 3h00 da manhã, escala o poço sem a mín ima di f i cu ldade e com o obje t ivo de tr azer de vo l ta o corpo de q uem matar . A cada semana, um modo de assass inar é es tabelec ido. Por exemplo : esquarte j ar , t ruc idar , enforcar , envenenar , atropelar , afogar , queimar , en tre outros . Quem cumpre o desaf io , ganha 03 l i t ros de sangue . Porém, i s to só é vál ido se se consegui r ass ombrar a v í t ima antes . Não basta matá - l a num ins tante.

A entrada de tur i s tas é pro ib ida, dev ido ao su sto que pode causar . Só é permit ida a v i s i tação de quem morrer . Ou se ja , se o c idadão t i ver uma vontade incontro láve l de v i s i tar Samara , terá de morrer an tes ou na be i r a do poço , pedindo sempre a mor te para a lgum monstro d i sponíve l no momento .

Os moradores de Samara dizem que os sons emi t idos por lá (vozes , s inos , passos) são mui to parec idos com os de Ouro Pre to, em Minas Gerai s , Bras i l . Em Samara, percebe mos um grande número de praças , onde sempre acontecem reuniões e onde grupos se formam e permanecem nas “horas l iv res” . O chei ro é de sangue “ f resco” .

Por Gabr ie l la Ross More t t i e Laryssa P i tuba Fre i tas

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SANTA VITÓRIA: Santa Vi tór ia é uma v i l a pequena com ruas de parale lepípedo. As casas são fe i tos de t i jo los. A i luminação é f raca, só há casas pequenas de, no máximo, doi s andares. Exceto pe la casa pr incipal da famí l i a real .

A v i la é composta por uma capela, ant i gos armazéns, lo jas de metai s , estábulos, a lgumas praças e um poço no centro de uma das praças. Tudo is so está cercado por uma muralha de médio porte fe i ta de pedra.

No século XV, a v i l a não t inha muralha ou um nome e e ra mui to pobre. De vez em quando, pas savam homens com armaduras e f ingiam ser da corte rea l . Pediam impostos na v i la. Os hab itantes que lhes negassem, pagavam com suas v idas. Até que um d ia uma menina chamada Vi tór ia os seguiu, descobr indo a farsa. E la cor reu para a v i l a e denunciou tudo para seu pa i , que logo tomou uma at i tude: fo i até a corte e expl icou a hi stór ia ao re i .

Na corte, t raçaram um plano para desmascarar os impostores: nomear iam alguns dos soldados só para a proteção da v i la.

Chegando lá, V i tór ia es tava sendo cremada em praça p úbl ica pelos impostores. Os soldados da corte mataram os l adrões.

A v i la fo i bat izada com o nome de Santa V i tor ia porque a menina sa lvara a v ida de muitos que não t inham dinhei ro para comer.

Por Adr iano Fer r iani Madurei ra Pontes e Lucca Perez Salomone

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SANT’ANNA: Sant’Anna não é um grande destino turístico ou um lugar muito povoado. Isso porque a cidade, que se localiza nos arredores de Chernobyl, tem sua superfície tomada pela radiação do acidente nuclear. Fugindo da radiação, os moradores da cidade migraram para o metrô, al i se isolando por várias décadas. Logo começaram a surgir de pequenas vilas a grandes aglomerações nas antes desertas galerias do metrô.

Os moradores fizeram suas casas a partir dos materiais que há tempos foram abandonados junto ao metrô. Assim, criaram edificações coladas umas às outras com diferentes formas e tamanhos. Isto torna a entrada na cidade tão difíci l quanto sobreviver nela. A cidade tem uma atmosfera triste e perturbada, onde se podem ouvir pessoas chorando e gritando em muitas áreas.

O que vale em Sant’Anna é a lei do mais forte. O povo se dividiu em quatros facções: GOVSANT’, vestígios do governo da antiga cidade; Partido Comunista; Quarto Reich, pessoas que se organizaram para fazer um novo partido nazista e os Neutros – não pertencentes a nenhuma facção. Cada uma tem um lugar delimitado nas l inhas do metrô. Além disso, o governo baseia -se em milícias e traficantes, que aterrorizam os moradores.

Em minha visita à cidade, fiquei em um bairro neutro c om uma família que pratica o Candomblé. Muito receptivos, além de me cederem um cômodo de seu pequeno barraco, também me ensinaram muito sobre sua cultura, seus deuses e origem. A família, de origem brasileira, estava visitando a cidade quando o acidente aconteceu. Desde então, tentam juntar dinheiro para sair do metrô e voltar para sua cidade natal. Fiquei maravilhado com a religião, da qual nunca tinha ouvido falar antes.

Sant’Anna mostrou-se muito contraditória para mim: enquanto moradores falam mal da c idade, reclamam da falta de saneamento (que dá origem a várias doenças e epidemias) e dos frequentes tiroteios entre facções, eu achei a cidade cheia de cultura e de pessoas que querem fazer o bem. É uma sociedade que, mesmo com tantas dificuldades, conseguiu desenvolver-se no espaço apertado das galerias do metrô. Daqui a alguns anos, no futuro, espero que a superfície fique livre da radiação e que o povo possa sair e voltar a ter a vida normal que merece.

Por Enrico Tosi Pinto Caldeira e Rafael Lauand Gonçalves

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Sheshala: A c idade de Sheshala chama a atenção de todos pela sua es trutura, local izada no vale do Yet i , no centro do Himalaia. Caracter izada por sua grande lagoa no cent ro, a c idade está escond ida no meio das montanhas, de modo que é mui to d i f í c i l seu acesso. Grandes v igas de ouro sustentam um templo de três andares erguido sobre uma construção de pedras no cent ro da lagoa. Ass im, as casas dos 800 habitantes de Sheshala, fe i tas de bambu e cober tas por peles de animai s , formam uma per i fer i a em volta do r io. Os poucos habi tantes de Sheshala são or ig inár ios de uma ant iga t r ibo autossuf i c iente. P lantam arroz, ext raem ouro, caçam e colhem bambu. As at iv idades são d iv id idas ent re as mulheres e os homens. Enquanto as mulheres tomam conta da plan tação, da casa e dos f i lhos, os homens f i cam com a maior par te do t raba lho, caçando, cortando bambu e t rabalhando da mineração.

Conhecido por ter a melhor água do mundo Oriental , ret i rada das montanhas durante o inverno, o povo de Sheshala acredita que a água é sagrada, que é um l iquido mágico que pur i f ica a alma e tem propr iedades medic inais . No passado, hav ia uma crença de que a l agoa era a entrada para o céu, de modo que todos os mortos e ram jogados na água. Para o v i s i tante que v is i ta a c idade, f i ca marcado na memória o re f lexo das montanhas no lago ou, então, o grande templo miste r ioso, que não recebe uma v i s i ta há mai s de 200 anos.

Por André Gomes Kl imes e Paulo Pinto Alves Campos Vie i ra

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SOLARA – A CIDADE INFERNO: A t r inta qui lômetros do solo, um sol intenso br i lha em Solara. Os hab itantes, j á acostumados, protegem -se em suas morad ias subterrâneas. Solara, na verdade, loca l iza - se nos dois l ados d iv id idos pe la super f í c ie solar : a infer io r , onde v ivem, e a super ior , onde não há ninguém. Uma vez ac ima da super f íc ie , o v ia jante estará no caminho para a morte. Os raios solares penet ram no corpo humano a uma di stância tão curta que não há como res i s t i r . Não há ser v ivo que se atreva a at ravessar a d iv i sa de Solara, a c idade infe rno.

Na c idade da luz, as imundas pessoas v ivem dentro das árvores so larenses, que nascem de c ima para baixo na terra do subter râneo. A c idade de t rês qui lômetros de profundidade tem como f im a fonte de água da juventude que sustenta a v ida e a nutr ição da comunidade. Ass im, os moradores têm v ida eterna garant ida e al imentação suf i c iente .

Já v i sta a c idade, o v ia jante conc lu i que Solara é uma c idade per igosa, porém, d i ferente e cur iosa, mesmo não tendo motivo para a c idade exi st i r e se r a l i . Ao sai r de lá, e le rea l iza que acabou de sai r da c idade mai s sagrada de Deus: Solara.

Por André Hadi Hauache e Pedro Pao l ie l lo de Medeiros

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STANESLAUGA: A bruma da noite cobre o nevoe iro do amanhecer passando por Stanes lauga. Você percebe a nevasca ca indo sobre o te lhado de chocolate. A c idade permanece inte i ramente coberta por uma nevasca que imposs ib i l i t a a v i são até um per íodo no f im da tarde. Depois , pode -se ter a v i são da bela pai sagem do sol se pondo.

Após o pôr do sol , f iguras sombrias surgem pela c idade, como a sombra que prossegue crescendo e d iminui ao longo de alguns minutos. Em seguida, uma cr iança com o rosto deformado carrega t rês moedas color idas e comprime -as entre t rês dedos da mão dire i ta. Em seguida, desaparece.

Um pássaro aparece voando ao menos a 100km/h com uma asa maior que a outra e uma voz absurdamente est r idente que abala os ouvidos. Sua voz mai s parece um gr i to de socorro.

Stanes lauga é uma c idade f r i a e avassaladoramente des lumbrante , não só pe la aparência escrav izadora, mas s im pe los segundos em que permanece intacta esperando bruscamente a pernoite de um peregr ino aventure i ro, atraído pela invejável be leza deste supremo mistér io torrencia l ao cai r do c repúsculo.

Nas casas, ao invés de madei ra há bar ras de ouro de est i lo marroqu ino. No inter ior , são formadas de arte barroca.

Por I sabel l a Gebara Sa ide e Vi tor Vi l e la Coelho

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SUMMER: Em Summer, não há calçadas nem estradas. O chão é todo fe i to de are ia e de água. A impressão causada aos olhos é de uma grande praia (a l i ás , a maior do mundo) com lojas ao redor fe i tas de bambus e fo lhas pequenas. Há grande quant idade e d ivers idade de produtos necessár ios para atender a estação mai s es pec ia l e inspi radora da c idade: o verão. Apesar da temperatura muito quente, a água dos mares atende às ex igências do tur i sta todos os d ias ! Ass im como em Minas Gerai s , as f lo res são co lor idas e alegram a c idade e as casas seguem um padrão arqui tetônico, v ar iando apenas as cores das por tas e janelas.

Os habitantes v ivem em casas fe i tas de bambus e fo lhas, ass im como as lo jas. Não há nada como a sensação de acordar, l evantar da cama e p isar na are ia fof inha. Os hotéi s , em formato de navios, também fe i tos de bambus. O teto é de fo lhas, c laro. Os mesmos d ispõem de vár ios se rv iços para a sat i s fação do v i s i tante.

É a c idade idea l para se v is i tar nos d ias muito quentes, como os de verão. Lá tudo é ref rescante, agradável e só funciona no verão. A comida t íp ica é o sorvete, os sabores são os mai s d iversos, as caldas e coberturas também.

Vi s i tar Summer é ter o prazer de conhecer um mundo onde a fantas ia é a própr ia natureza. A água, o ca lor , é tudo marav i lhoso. As pessoas se d iver tem e têm tudo o que mais gostam a seu redor. É des lumbrante.

Por Jess ica Pingeot Heroult e Luiza Mioranzza Bortolatto

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TAEVAS: Cidade localizada a 10 mil pés da nuvem mais alta da cidade de Brighton, em Inglaterra, Taevas fica sobre um enorme platô de concreto, que pelas magias e mistérios da cidade flutua sobre o céu.

Os habitantes guardam o segredo a sete chaves. Só quem nasce em Taevas sabe o mistério da levitação da cidade.

No centro há uma praça grande onde os viventes se encontram para jogar, brincar, conver sar, escutar música etc. O resto da cidade, como edificações, casas e prédios, está em volta da praça.

Nessa cidade, os habitantes são de uma espécie diferente, uma derivação da espécie humana, uma evolução. Os moradores de Taevas têm duas cabeças e, consequentemente, dois cérebros, portanto pensam mais, e mais rápido.

Os habitantes têm uma língua própria que ninguém sabe falar, só os que nascem lá. Pessoas humanas que já visitaram Taevas dizem que é uma mistura de todas as línguas do mundo, só que nenhum ser humano é capaz de traduzir.

Os poucos relatos dos raros viajantes que passaram por Taevas dão a ideia de um lugar espetacular, como uma visão do paraíso, do céu, algo divino. Ao chegar a Taevas, seus problemas parecem que ficam embaixo, no solo, e que seus pensamentos positivos são multiplicados por 100. Por mais que a comunicação com a população seja impossível, você se sente muito bem recebido.

Taevas tem uma coisa curiosa, durante o dia ela é meio sombria, quadrada, preto no branco, mas quando o sol se põe e a noite chega, Taevas fica completamente diferente, fica alegre, colorida e com traços irregulares.

A saída do viajante é um tanto quanto trágica. Ele sofre uma forte depressão quando volta para terra firme, porém, estar em Taevas é uma experiência indescritível. Mas tem que ser forte para aguentar a saída.

Por André de Toledo Jard im Pamplona da Costa e Enr ico Carvalho Sala

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VICTÓRIA: Uma c idade? Não pode ser descrita deste modo. Um parque? Também não é o melhor termo para defin i- la. O sol ref lete -se nas águas t ranslúcidas de seu grande lago. O suti l movimento f luv ial faz com que a imagem das árvores refl i ta no lago, como uma pintura de Van Gogh submersa.

As escul turas local izadas no vasto campo agregam -se à paisagem resultando em uma nova obra visual, trazendo ao lei tor um novo signif icado para a arte.

O caminhar pelas t r i lhas é acompanhado pelo cantar de pássaros e pelo som do vento movimentando as árvores. O cheiro de grama molhada é absorvido pelas narinas dos viajantes recém-chegados trazendo ao ol fato uma identi f icação do local.

O local só está vivo durante o per íodo diurno, quando seus habitantes, os v i s itantes, estão presentes e assim as obras são acordadas pelos olhos de quem as vê.

Estadunidenses, argentinos e brasi lei ros são algumas das nacional idades reunidas com um único objet ivo: transformar o espaço e conhecê -lo. Alguns estão lá pela primeira vez, outros são veteranos, porém, todos são surpreendidos com um elemento d iferente a cada visi ta.

Victór ia, mais conhecida como Inst ituto Inhotim, é um acervo de obras de arte contemporânea que abriga diversas galerias que envolvem tanto artes vi suais quanto interat ivas. Cada espaço tem sua arquitetura especí f ica que conversa com a obra exposta.

Cada galeria traz di ferentes sensações, texturas, cheiros, sentimentos, sons. . . Ao caminhar pelo mar de cacos de vidro é fe ito um som que incomoda os ouvidos de quem passa por lá. Trazendo uma sensação de desconforto. Isso ocorre em todos os espaços vis i tados.

Por Ana Clara Temin Wood e Carol ina Dicker Gar in i

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Bibliografia

ANÔNIMO. Livro das mil e uma noites , volume I: ramo sír io ; introdução, notas e apêndice e tradução do árabe: Mamede Mustafa Jarouche. – 2. ed. – São Paulo: Globo, 2005. CALVINO, Ita lo . As cidades invis íveis ; tradução Diogo Mainardi. – São Paulo: Companhia das Letras, 1990. MANGUEL, Alberto . Dicionário de lugares imaginários / Alberto Manguel, Gianni Guadalupi; i lustrações de Graham Greenf ield e Er ic Beddows; mapas e pla ntas de James Cook; tradução de Pedro Maia Soares. – São Paulo: Companhia das Letras, 2003.