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Pessoal, elaborei uma lista com 15 dicas para provas discursivas da ESAF. Algumas delas podem ser lógicas demais para alguns, mas no momento das provas a tensão é forte e corremos o risco de cometermos erros imperdoáveis, então nunca é demais fixar alguns procedimentos importantes. Espero que essas orientações sejam úteis a vocês, pois são fruto da minha experiência no AFRFB/2009, onde consegui média 92,5% no somatório das 6 questões exigidas no concurso. Com a utilização dessas dicas, eu ganhei 400 posições no resultado final do concurso e graças a Deus tomei posse, encerrando uma fase de muita luta e dedicação, mas que valeu muito a pena. 1. NÃO TENHA MEDO: Não vá para a prova imaginando que a banca exigirá um tema complexo. Geralmente os temas da ESAF são de conhecimento geral, o que dá margem a muitos argumentos na hora de escrever. A banca costuma exigir assuntos não muito complicados e difíceis, justamente para avaliar a capacidade argumentativa do candidato. Nos temas (40 a 60 linhas) e nas questões (15 a 30 linhas), o avaliador expõe o que deseja, na forma de subtópicos nos enunciados. Aborde absolutamente tudo o que está sendo exigido, na ordem que o enunciado trouxer. 2. ENTENDA O QUE TERÁ DE ESCREVER: Leia atentamente o enunciado de cada tema (ou questão) e procure entender o que o examinador pretende ler na resposta, para a partir daí começar a sua discursiva. Não saia respondendo às pressas na folha definitiva, pois isso pode ser desastroso. Cuidado para não fazer o seu rascunho na folha definitiva (no último concurso da CGU não houve folha separada de rascunho; o local para rascunhar era o verso da folha definitiva). 3. NÃO DEIXE DE RESPONDER: Tudo, absolutamente tudo que está no enunciado pode – e deve – ser respondido, sobretudo aqueles tópicos que você não sabe. O que o candidato não pode, em hipótese alguma, é deixar de responder. É claro que você não vai responder algo absurdamente incorreto, né? O que estou dizendo é que você pode "enrolar" e conseguir parte da nota (resposta incompleta, argumentação fraca etc) em vez de não responder nada e levar ZERO no quesito. Imaginemos, por exemplo, um tema X, totalmente atípico e desconhecido. Você poderá abordar aspectos como os seguintes: - O tema X possui características próprias e incomuns (tudo

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Dicas para discursiva concursos

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Pessoal, elaborei uma lista com 15 dicas para provas discursivas da ESAF. Algumas delas podem ser lógicas demais para alguns, mas no momento das provas a tensão é forte e corremos o risco de cometermos erros imperdoáveis, então nunca é demais fixar alguns procedimentos importantes.

Espero que essas orientações sejam úteis a vocês, pois são fruto da minha experiência no AFRFB/2009, onde consegui média 92,5% no somatório das 6 questões exigidas no concurso. Com a utilização dessas dicas, eu ganhei 400 posições no resultado final do concurso e graças a Deus tomei posse, encerrando uma fase de muita luta e dedicação, mas que valeu muito a pena.

1. NÃO TENHA MEDO: Não vá para a prova imaginando que a banca exigirá um tema complexo. Geralmente os temas da ESAF são de conhecimento geral, o que dá margem a muitos argumentos na hora de escrever. A banca costuma exigir assuntos não muito complicados e difíceis, justamente para avaliar a capacidade argumentativa do candidato. Nos temas (40 a 60 linhas) e nas questões (15 a 30 linhas), o avaliador expõe o que deseja, na forma de subtópicos nos enunciados. Aborde absolutamente tudo o que está sendo exigido, na ordem que o enunciado trouxer.

2. ENTENDA O QUE TERÁ DE ESCREVER: Leia atentamente o enunciado de cada tema (ou questão) e procure entender o que o examinador pretende ler na resposta, para a partir daí começar a sua discursiva. Não saia respondendo às pressas na folha definitiva, pois isso pode ser desastroso. Cuidado para não fazer o seu rascunho na folha definitiva (no último concurso da CGU não houve folha separada de rascunho; o local para rascunhar era o verso da folha definitiva).

3. NÃO DEIXE DE RESPONDER: Tudo, absolutamente tudo que está no enunciado pode – e deve – ser respondido, sobretudo aqueles tópicos que você não sabe. O que o candidato não pode, em hipótese alguma, é deixar de responder. É claro que você não vai responder algo absurdamente incorreto, né? O que estou dizendo é que você pode "enrolar" e conseguir parte da nota (resposta incompleta, argumentação fraca etc) em vez de não responder nada e levar ZERO no quesito. Imaginemos, por exemplo, um tema X, totalmente atípico e desconhecido. Você poderá abordar aspectos como os seguintes:- O tema X possui características próprias e incomuns (tudo nessa vida possui características próprias e incomuns);- O tema X tem sido objeto de discussões e tem gerado grandes expectativas aos diversos setores interessados (qualquer tema pode provocar discussões e gerar expectativas aos setores interessados);- Alguns estudiosos e doutrinadores adotam uma postura cética sobre o correto aproveitamento do tema X, todavia outros profissionais trabalham no sentido de maximizar os benefícios e potencialidades do tema (há estudiosos e doutrinadores que defendem todo e qualquer ponto de vista);Talvez você não consiga enganar o examinador, mas ele não poderá atribuir nota ZERO ao seu texto, pois foi desenvolvido, ainda que forma meio “capenga”, algo a respeito do tema, o que garantirá, no mínimo, a pontuação relativa ao idioma.

4. PLANEJE SEU TEMPO E ORGANIZE SEU TEXTO: Faça a distribuição do tempo para as questões a serem respondidas e tente cumprir à risca cada minuto proposto. Na distribuição,

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dedique 10 minutos iniciais para relacionar tudo o que você sabe a respeito dos pontos que irá responder (brainstorm). RESUMO DA TÉCNICA DO BRAINSTORM (com adaptações minhas): leia o que o examinador deseja (todos os itens de um tema ou questão) e comece a listar tudo o que você sabe sobre ele. Faça em forma de lista (tópicos) todos os pontos que vier à mente. Escreva tudo, tudo mesmo, esprema seu cérebro para extrair o que você estudou acerca do assunto. Após listar tudo no rascunho, compare a sua lista de itens com o que foi pedido no enunciado. Elimine o que não tem nada a ver com o que foi cobrado e agrupe os outros tópicos da lista por assunto, numerando cada tópico de acordo com o que você escreverá em cada parágrafo argumentativo. Ex: se o 1º argumento (ou item a ser respondido) for “o efeito do câmbio”, marque com o nº "1" ao lado esquerdo de cada item correspondente que você listou... se o 2º argumento for “Medidas de Defesa Comercial”, coloque o nº "2" ao lado esquerdo de cada item relativo ao assunto, e assim por diante, entendeu? Isso fará com que você agrupe organizadamente as ideias de acordo com o assunto específico e evitará a repetição do que foi abordado e escrito em linhas anteriores. Se você conseguir treinar essa técnica, dará show e não deixará passar nada em branco na hora da resposta.

5. DISTRIBUA OS PARÁGRAFOS EQUILIBRADAMENTE: Procure fazer uma distribuição equilibrada dos parágrafos em relação aos tópicos exigidos. Exemplo: se a questão pede para abordar 4 aspectos de um tema, não escreva 3 parágrafos para um aspecto e 1 parágrafo para cada um dos outros. Provavelmente eles valem a mesma quantidade de pontos na grade de avaliação e o avaliador buscará as palavras-chave nas suas respostas em cada parágrafo.

6. SEJA CLARO E SIMPLES: Ao iniciar um parágrafo, deixe claro sobre qual item você estará abordando. Não vejo problema algum em repetir alguma expressão do enunciado, pois isso deixará bem claro o assunto que será tratado. Utilize linguagem simples e evite o uso de termos rebuscados ou jargões jurídicos. Se souber o conceito literal, melhor ainda.

7. OPTE POR PARÁGRAFOS CURTOS E OBJETIVOS: Procure escrever em parágrafos curtos (é preferível, pois um parágrafo muito extenso pode deixar o texto prolixo), mas cuidado para não exagerar na quantidade deles, pois pode tornar a leitura muito cansativa para o avaliador. Pense sempre como se você fosse corrigir 1.000 discursivas... quando chegar na 200ª, certamente já estará cansado. Se o avaliador não encontrar a expressão em um parágrafo, já se sentirá frustrado e seguirá para o próximo com uma pré-disposição de avaliar abaixo do esperado. Da mesma forma, não faça parágrafos muito extensos em relação aos demais. Procure distribuir suas argumentações em parágrafos regulares (mais ou menos com a mesma quantidade de linhas escritas), o que dá uma aparência muito melhor ao texto como um todo.

8. SIGA A SEQUÊNCIA DO ENUNCIADO: Muitas vezes o corretor não é especialista da matéria que está avaliando; ele possui uma lista de “termos” e “expressões” que necessariamente devem ser escritas pelo candidato nas respostas. Além disso, há uma grade que geralmente tem os tópicos na exata sequência exigida no comando da questão. Não inverta a ordem das suas respostas. Isso pode “emputecer” o avaliador, pois ele terá de procurar em qual parágrafo você respondeu determinado quesito. Tente seguir a exata sequência solicitada, ou seja, facilite a vida de quem está corrigindo!

9. NÃO REPITA AS IDEIAS: Evite a repetição de algumas ideias, pois o examinador pode interpretar que você está "espalhando" determinado conceito por todo o texto em detrimento de outros tópicos solicitados. O brainstorm auxilia muito para que isso não ocorra.

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10. TREINE SUA LETRA: Ao fazer dissertações como treinamento, faça tudo à mão mesmo, não faça no computador.

11. NÃO CRIE NOVAS PERGUNTAS: Não crie perguntas na sua discursiva. Por exemplo: no decorrer da discursiva você resolve abordar um assunto na forma de pergunta. Ainda que você a responda logo em seguida, você não está ali para perguntar, pois já há um tema que deve ser respondido. Não usurpe a função do avaliador, você já tem muita coisa para responder.

12. EXEMPLIFIQUE: Na medida do possível, coloque exemplos (leis, acordos, dados numéricos, percentuais etc). Isso garante pontos com o examinador, pois mostra que você tem “argumento de autoridade” no assunto e sabe a aplicação prática dos conceitos.

13. POSICIONE-SE COMO SE JÁ ESTIVESSE OCUPANDO O CARGO: Responda aos quesitos como se já estivesse ocupando o cargo pretendido, mostrando segurança nos termos e certeza daquilo que está defendendo.

14. CUIDADO NA QUANTIDADE DE LINHAS: Muito cuidado com a folha de rascunho e a folha definitiva que a ESAF fornece. Na folha de rascunho cabe muita coisa (as linhas são mais extensas), mas na hora de passar a limpo, certamente faltará espaço. Se o seu rascunho deu 30 linhas, tenha certeza de que na hora de passar a limpo, serão umas 40 linhas, a não ser que você passe a limpo com uma letra minúscula. Portanto, não faça um rascunho com 60 linhas; você pode ter problemas na hora de passar a limpo, por falta de espaço. Geralmente os espelhos (rascunho e definitivo) são idênticos nos diversos concursos que a ESAF aplica. No link a seguir há um modelo de espelho para provas discursivas que a ESAF aplicou em 2006, no concurso de ACE-TCU.: http://portal2.tcu.gov.br/portal/pag...A_ACE_2006.pdf .

15. REVISE COM ATENÇÃO ANTES DE PASSAR A LIMPO: Revise seu texto antes de passar para a folha definitiva. Faça as modificações necessárias para então escrever com a letra bem caprichada na folha definitiva. Caso você erre alguma palavra, não rabisque ou tente apagar; basta passar um risco simples (de caneta) sobre a palavra ou expressão errada e escrever corretamente logo em seguida, continuando normalmente.

Bom, era isso.

Sucesso a todos e um grande abraço.

Boina Azul

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Para que o(a) amigo(a) tenha uma ideia precisa daquilo que vai “enfrentar” no certame público de acesso à Receita Federal, reproduzo, abaixo, algumas questões discursivas, as quais serão objeto de estudo ao longo do curso de discursivas que lancei com o Erick Alves lá no curso Estratégia Concursos (www.estrategiaconcursos.com.br).

Vamos que vamos!

Ah! Apresentamos apenas algumas questões a serem abordadas em nosso curso! Foi só “pra” dar um gostinho!  

Pelas nossas contas, serão abordados mais de 100 temas nas nossas aulas! Lembrando: todos eles serão comentados e resolvidos.

Questão nº 01:

(2010/Esaf - MTE - Auditor-Fiscal do Trabalho) O artigo 2.º da Constituição da República Federativa do Brasil assim dispõe: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

A partir do dispositivo constitucional supra, deve o candidato discorrer sobre o tema INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES, abordando obrigatoriamente os seguintes tópicos:

a) harmonia entre os poderes - divisão de funções entre os órgãos de poder - princípio da indelegabilidade de funções - absoluta ou relativa?

b) independência entre os poderes - absoluta ou relativa?

c) sistema de freios e contrapesos;

d) exceções ao princípio da divisão dos Poderes - Exemplos

Extensão: de 15 a 30 linhas.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988), visando, principalmente, evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do homem, previu a existência dos Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, repartindo entre eles as funções estatais.

De acordo com a clássica Tripartição dos Poderes, as funções estatais legislativa, judicial e executiva deveriam ser distribuídas de forma rígida ou absoluta por órgãos distintos e independentes, sem a usurpação e abuso de funções, permitindo-se assim a harmonia entre eles, num típico sistema de freios e contrapesos, garantidor do princípio da separação dos Poderes.

A CF/1988, apesar de alinhada à doutrina clássica da tripartição de Poderes, estabelece que não é a exclusividade no exercício das funções o que caracteriza a

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independência entre os órgãos do Poder, mas sim a predominância do interesse, ou seja, a divisão de poderes adotada por nós é relativa. Assim, ao lado das funções típicas, os Poderes realizam funções atípicas, como a edição de medidas provisórias pelo Chefe do Executivo, de natureza legislativa, e a licitação pela Câmara dos Deputados, administrativa.

No entanto, no que concerne às atribuições primordiais, o texto constitucional veda implicitamente a delegação de Poderes, conforme o princípio da separação de Poderes, no art. 60, §4º, III, da CF/1988. Contudo, essa indelegabilidade não é absoluta, isso porque o Presidente da República poderá elaborar a Lei Delegada, devendo a delegação ser solicitada ao Congresso Nacional, que a outorgará por resolução, por maioria absoluta, com ou sem reserva de apreciação do projeto do Executivo.

Por fim, há, na CF/1988, diversas prerrogativas, imunidades e garantias repartidas pelos Poderes para o equilíbrio, o controle e a harmonia do Estado democrático, consagrando a Teoria dos Freios e Contrapesos. São exemplos de controles recíprocos: a declaração de inconstitucionalidade das leis pelo Judiciário e o poder de veto de projetos de leis pelo Chefe do Executivo e a fiscalização do Legislativo sobre os atos do Executivo. Tais controles recíprocos reforçam o caráter relativo da independência entre os Poderes.

 

Questão nº 02:

(2010/Esaf - AFRB - Auditor Fiscal) A seguinte afirmativa está repleta de erros conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação:

“Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, o chamado Núcleo Estratégico, a fiscalização tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por conseguinte, seu processo de modernização deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte, a exemplo do que ocorre, há mais de uma década, com a declaração do imposto de renda via internet.”

Comentários

A questão encontra-se na parte de organização administrativa, trata, mais precisamente, sobre a Reforma do Aparelho do Estado. Não há grandes problemas na interpretação, pois a organizadora solicita, tão somente, a identificação de erros e sua respectiva argumentação. A problemática, no dia de prova, foi identificar quais os diversos erros conceituais no texto sugerido.

Segundo o parecer da Esaf (pós-recursos), a questão teve por objetivo a identificação fundamentada, com base no PDRAE, dos seguintes erros conceituais:

(I)  a fiscalização tributária integra o grupo das Atividades Exclusivas do Estado;

(II)  seu caráter deve ser gerencial;

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(III) o processo de modernização não deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais; e

(IV) o processo de modernização deve atender à necessidade dos contribuintes, provendo eficiência e eficácia.

Para a organizadora, foram penalizados os textos que:

(I)  não identificaram os erros de forma objetiva (erro X, erro Y,...);

(II)  não fundamentaram a argumentação (isso é assim por causa daquilo);

(III) discorreram, no todo ou na maior parte, sobre o PDRAE (buscava-se o raciocínio e não a decoreba);

(IV) discorreram sobre história das reformas administrativas, economia política, história política do país ou sobre tudo o mais usado à guisa de preenchimento de linhas, na falta de domínio sobre o tema proposto.

Vejamos, a seguir, exemplo de redação de conteúdo máximo:

        Conforme o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), a fiscalização tributária compõe as chamadas Atividades Exclusivas do Estado e não o Núcleo Estratégico. Desta forma, a atividade de fiscalização tributária, apesar de não apresentar um caráter absolutamente gerencial, não se reveste de um caráter eminentemente burocrático, como dito pela afirmativa.

        As Atividades Exclusivas do Estado, segundo o PDRAE, são receptivas às diretrizes do modelo gerencial, o que torna seu processo de modernização favorável à incorporação de novas técnicas gerenciais, como, por exemplo, o planejamento estratégico e o “Balanced ScoreCard” (BSC). Assim, não se pode falar que esse processo seja refratário à incorporação das novas técnicas gerenciais.

        Adicionalmente, as Atividades Exclusivas do Estado, ao incorporarem as ideias do modelo gerencial, tornando-se menos burocrática, começam a priorizar o controle nos resultados e não nas atividades-meio, portanto, passam a direcionar suas ações com foco nos cidadãos, e tornam-se mais eficientes e eficazes.

        Todas essas características das atividades exclusivas do Estado podem ser identificadas na fiscalização tributária no Brasil, que se apresenta, a cada dia, mais ágil, eficiente, descentralizada e com foco nos resultados.

Ao compararmos o espelho de correção da Esaf com a dissertação do candidato (Gabriel Pereira), percebemos perfeito encaixe, sendo incabível a atribuição de nota distinta de 10,0. Vejamos:

Item I - A fiscalização tributária integra o grupo das Atividades Exclusivas do Estado;

1.º Parágrafo

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(...), a fiscalização tributária compõe as chamadas Atividades Exclusivas do Estado e não o Núcleo Estratégico. Desta forma, a atividade de fiscalização tributária, apesar de não apresentar um caráter absolutamente gerencial, não se reveste de um caráter eminentemente burocrático, como dito pela afirmativa.

Item II - Seu caráter deve ser gerencial; e Item III – O processo de modernização não deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais; e

2.º Parágrafo

As Atividades Exclusivas do Estado (...) são receptivas às diretrizes do modelo gerencial, o que torna, portanto, seu processo de modernização favorável à incorporação de novas técnicas gerenciais, como, por exemplo, o planejamento estratégico e o “Balanced ScoreCard” (BSC). Assim, não se pode falar que esse processo seja refratário à incorporação das novas técnicas gerenciais.

Item IV - O processo de modernização deve atender à necessidade dos contribuintes, provendo eficiência e eficácia.

3.º Parágrafo

(...), as Atividades Exclusivas do Estado, ao incorporarem as ideias do modelo gerencial, (...) começam a priorizar o controle nos resultados e não nas atividades meio, portanto, passam a direcionar suas ações com foco nos cidadãos, e tornam-se mais eficientes e eficazes.

Agora é sua vez, tente fazer igual ou melhor que a dissertação acima. Em todo caso, recomendo a leitura do livro do Gabriel Pereira e Gisele Sulsbach, Guia Prático de Discursivas (Editora Método, 2010), bem sintético e objetivo.

Questão nº 03:

(2009/Esaf - MPOG - Especialista) Nas últimas décadas, o modelo burocrático de administração pública foi fortemente questionado e reformado, movimento que fez surgir um conjunto teórico conhecido como Nova Gestão Pública, cujas premissas defendem, entre outras, a ideia de o Estado ser administrado ao estilo da iniciativa privada.

Nesse contexto, explicitando conceitos e fundamentando sua argumentação, responda ao seguinte questionamento:

Considerando que a atual crise financeira mundial, supostamente causada pelo mercado, deu início a um novo ciclo de maior intervenção do Estado na economia, devemos esperar por um aumento ou por uma diminuição do enfoque gerencialista até aqui perseguido pela administração pública?

Extensão máxima: 15 linhas.

Comentários

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Muito bem, é preciso responder à seguinte indagação: “O que o examinador quer que eu faça?” A resposta demandada está colocada de forma clara, logo no início do enunciado: “responda ao questionamento...”. Trata-se, portanto, de uma breve dissertação, máximo de 15 linhas.

As questões de 15 a 30 linhas podem ser perigosas, afinal devemos, de pronto, decifrar e destrinchar o enunciado, colocando-o em forma mais prática.

Na presente questão, não há um roteiro, há um texto motivador, uma situação hipotética, mas isso para nós já não é problema. Montemos nosso planejamento:

•    Conceitos de administração burocrática, de nova gestão pública, enfoque gerencialista;

•    Fundamentação;

•    Conclusão: aumento ou diminuição do enfoque gerencialista?

Não ficou bem mais fácil entender o enunciado?

Em terceiro momento, devemos organizar os parágrafos do texto. O questionamento pode ser elaborado, por exemplo, com um curto parágrafo de introdução, um parágrafo de desenvolvimento e um parágrafo de conclusão, arrematando a questão. Vejamos:

1.º Parágrafo (introdução) - exposição objetiva de que o Estado e a Administração estão sofrendo mudanças, havendo maior aproximação entre o modelo da máquina pública e o modelo da iniciativa privada, verdadeiro processo de reengenharia.

2.º Parágrafo (desenvolvimento) - esclarecimentos de que o processo de adaptação público X privado acarretou o surgimento da nova administração pública, a qual defende um movimento mais gerencial, em substituição de parte dos conceitos da burocracia, logo mais sintonizada com a agilidade das instituições privadas.

3.º Parágrafo (desenvolvimento) - depois de preparado o terreno, o candidato acha-se apto para responder que a Administração Pública Gerencial emergiu como resposta à expansão das funções econômicas e sociais do Estado, especialmente diante do agravamento da crise financeira do Estado.

4.º Parágrafo (conclusão) - em síntese, temos que, com a crise financeira, o enfoque gerencialista tende a aumentar, devendo o Estado encontrar novas ferramentas de adaptação e não centralizar as atribuições, agigantar-se e burocratizar-se.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

        É fácil perceber que o Estado e a Administração Pública não são mais os mesmos. De fato, mudanças significativas ocorreram ao longo de todo o século XX, não só para o Estado, mas para a sociedade de modo geral. Com efeito, surgiram teóricos a defender uma adaptação do modelo de funcionamento da máquina pública com o modelo da iniciativa privada.

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Nesse processo de adaptação, surgiu a corrente de pensamento conhecida como nova administração pública, a qual defende um movimento mais gerencial, mais eficiente, dos corpos estatais. Esse gerencialismo substituiria, em parte, conceitos da burocracia estatal, tornando a máquina pública mais arejada, mais leve. O foco da Administração paulatinamente migraria para a busca de resultados em contraponto à ênfase dos procedimentos para alcançá-lo, o que caracterizava a ultrapassada Administração burocrática. Esse modelo pós-burocrático ou gerencial aparenta certa similaridade com a atuação das instituições privadas, e é capaz de responder aos anseios da sociedade com maior agilidade.

Assim, a Administração Pública gerencial emerge como resposta à expansão das funções econômicas e sociais do Estado, bem como ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial. Assim, com o agravamento da crise financeira do Estado, houve a necessidade de o Estado se instrumentalizar de ferramentas mais flexíveis.

Está-se diante da gênese de um novo Estado, com o aumento do enfoque gerencialista, muito mais cooperativo do que fora há pouco tempo, que busca na sociedade o parceiro para o atendimento às demandas coletivas.

 

Questão nº 04:

(2009/Esaf - MPOG - Gestor) De acordo com o art. 174 da Constituição Federal, “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”. Nas linhas a seguir:

1) informe em que consistem as funções mencionadas;

2) dê um exemplo para cada uma delas.

Extensão máxima: 30 linhas.

PARAGRAFAÇÃO

O roteiro já foi traçado pela ilustre organizadora, restando-nos a distribuição dos parágrafos de forma simétrica. Vejamos:

1º PARÁGRAFO (introdução) - cabe a exposição de que a atuação do Estado na ordem econômica ocorre de duas formas: direta e indireta. Diretamente, o Estado é executor de atividades econômicas que, a priori, são destinadas à iniciativa privada, exemplo das empresas governamentais. Indiretamente, o Estado é regulador, pois é criador das normas, atua como verdadeiro fiscal da ordem econômica, destacando-se, nesse sentido, as funções de: fiscalização, incentivo e planejamento.      

2º PARÁGRAFO (desenvolvimento - função de fiscalização e exemplos) - ao candidato cumpre definir a atividade de fiscalização (entendida como a verificação dos setores econômicos, com a finalidade de serem evitados abusos de comportamento de

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particulares, causando encargos a setores menos favorecidos, como os consumidores) e citar exemplos, como as Agências Reguladoras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

3º PARÁGRAFO (desenvolvimento - função de incentivo e exemplos) - o incentivo (ou fomento) representa o subsídio que o Governo oferece para o desenvolvimento econômico e social do país. São exemplos: as isenções fiscais, o aumento de alíquotas para importação, a abertura de créditos especiais para o setor agrícola, os subsídios, os empréstimos em condições favoráveis.

4º PARÁGRAFO (desenvolvimento - função de planejamento e exemplos) - planejamento é definido como um processo técnico baseado na especificação de objetivos e de ações, que serão adotados com intuito de atingir um novo paradigma, uma nova situação. São exemplos: o PPA, PAC, os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

5º PARÁGRAFO (conclusão) - esclarecimento de que as atividades de fiscalização, incentivo e planejamento são vitais para o crescimento do país da forma desejada.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

A intervenção do Estado no domínio econômico dá-se de duas formas: direta e indiretamente. A atuação direta é excepcional, só sendo admitida nos casos de segurança nacional, de interesse coletivo relevante e de permissão constitucional (monopólio do petróleo, por exemplo). A forma indireta, por sua vez, traduz-se na criação de normas, no estabelecimento de restrições, é o Estado na qualidade de fiscal da economia. Nessa perspectiva, compete ao Estado, como agente regulador, fiscalizar, incentivar e planejar.

A função de fiscalização representa a verificação dos setores econômicos, evitando-se as práticas abusivas por particulares, e, assim, não sendo sobrecarregados indevidamente os setores menos favorecidos, os consumidores, por exemplo. São exemplos: a atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Secretaria de Direito Econômico no combate ao abuso do poder econômico; o controle do abastecimento; e, mais recentemente, o papel das Agências Reguladoras.

Já o incentivo, também denominado de fomento, significa o estímulo que o Estado oferece para o desenvolvimento social e econômico do país, propiciando a redução de desigualdades sociais e regionais e a busca pelo pleno emprego. São exemplos: as isenções fiscais, os subsídios, o tratamento diferenciado às empresas nacionais de pequeno porte.

Por fim, o planejamento pode ser concebido como um processo técnico baseado na especificação de objetivos e de ações, que serão adotados com intuito de atingir um novo paradigma, uma nova situação. São exemplos: os planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento, e, mais recentemente, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

Se, por um lado, o modelo econômico é alicerçado na livre iniciativa e na livre concorrência; por outro, é inequívoco o dever de atendimento à função social da

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propriedade, à defesa do consumidor, à defesa do meio ambiente, dentre outros. Diante disso, somente com a efetiva participação do Estado, em parceria com os agentes privados, será possível o alcance das políticas que atendam às necessidades da coletividade.

Espero que as(os) amigas(os) tenham apreciado.

Forte abraço a todos, e, "pra" semana, posto outros temas de ESAF.

Cyonil Borges.