DIAS DA MÚSICA 22 A 24 DE ABRIL VOLTA AO MUNDO EM 80 ... · Consulte na secção “ oncertos”...

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1 DIAS DA MÚSICA 22 A 24 DE ABRIL VOLTA AO MUNDO EM 80 CONCERTOS Em 1873 Júlio Verne descreve a tentativa do inglês Phileas Fogg em dar a volta ao mundo em apenas 80 dias uma verdadeira proeza para a época, só possível graças à determinação do protagonista e do seu fiel ajudante Passepartout. Com este livro, não foi apenas Phileas Fogg a viajar, mas todos os que se deixaram levar pela imaginação indo com ele até paragens nunca antes pensadas pela maioria dos leitores. Também a música, pela sua universalidade, teve um papel fundamental nesta descoberta. Em 1862, para a Exposição Universal de Londres, Giuseppe Verdi compunha um Hino das Nações; em 1889, as sonoridades do gamelão de Java vinham para influenciar toda uma geração de compositores, a começar por Claude Debussy; em 1900, Paris era inundada de músicos da ilha de Madagáscar com os seus ritmos tribais. A verdade é que a música é para muitos a mais universal das linguagens, aquela que mais une e, simultaneamente, uma das melhores formas de caracterização identitária de um povo e de uma cultura. Por esse motivo, o CCB propõe para estes Dias da Música que se aceite o desafio de Júlio Verne e que se parta numa viagem à volta do mundo, não em 80 dias, mas em 80 concertos. Pretendemos trazer o mundo até nós, seja através da música de raiz popular, seja através de todos aqueles compositores cuja obra reflete todo um povo, toda uma região, toda uma maneira de ser. Um tema tão natural num país como Portugal que ao longo dos séculos, através da sua diáspora, influenciou e deixou-se influenciar por tantas culturas, do Brasil a Macau, passando por África e pela Índia. São 80 concertos que representam países, povos, culturas e músicos que há muito já deixaram de ser daqui ou dali, e passaram a pertencer a todos e cada um de nós. Bem-vindos aos Dias da Música e boa viagem.

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DIAS DA MÚSICA 22 A 24 DE ABRIL

VOLTA AO MUNDO EM 80 CONCERTOS

Em 1873 Júlio Verne descreve a tentativa do inglês Phileas Fogg em dar a volta ao mundo em apenas 80 dias – uma verdadeira proeza para a época, só possível graças à determinação do protagonista e do seu fiel ajudante Passepartout. Com este livro, não foi apenas Phileas Fogg a viajar, mas todos os que se deixaram levar pela imaginação indo com ele até paragens nunca antes pensadas pela maioria dos leitores. Também a música, pela sua universalidade, teve um papel fundamental nesta descoberta. Em 1862, para a Exposição Universal de Londres, Giuseppe Verdi compunha um Hino das Nações; em 1889, as sonoridades do gamelão de Java vinham para influenciar toda uma geração de compositores, a começar por Claude Debussy; em 1900, Paris era inundada de músicos da ilha de Madagáscar com os seus ritmos tribais. A verdade é que a música é para muitos a mais universal das linguagens, aquela que mais une e, simultaneamente, uma das melhores formas de caracterização identitária de um povo e de uma cultura. Por esse motivo, o CCB propõe para estes Dias da Música que se aceite o desafio de Júlio Verne e que se parta numa viagem à volta do mundo, não em 80 dias, mas em 80 concertos. Pretendemos trazer o mundo até nós, seja através da música de raiz popular, seja através de todos aqueles compositores cuja obra reflete todo um povo, toda uma região, toda uma maneira de ser. Um tema tão natural num país como Portugal que ao longo dos séculos, através da sua diáspora, influenciou e deixou-se influenciar por tantas culturas, do Brasil a Macau, passando por África e pela Índia. São 80 concertos que representam países, povos, culturas e músicos que há muito já deixaram de ser daqui ou dali, e passaram a pertencer a todos e cada um de nós. Bem-vindos aos Dias da Música e boa viagem.

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INFORMAÇÕES

PREÇÁRIO Concerto de abertura A1 e Concerto de encerramento C5 11€ (galerias 6€) Concertos no Grande Auditório 9,50€ (galerias 6€) Concertos no Pequeno Auditório, Sala Luís de Freitas Branco, Sala Almada Negreiros, Sala Sophia de Mello Breyner, Sala Fernando Pessoa 7,50€ Concertos na Sala Amália Rodrigues – 6€ Sexta-feira dia 22- Concerto Orquestra Ensemble 4€ Espaço Mundo/Sala Júlio Verne 4€ Bilhete de recinto 4€ (atividades de entrada livre a decorrer dentro do recinto Dias da Música). No festival não se aplicam descontos e não é possível efetuar reservas de bilhetes. Para além da Bilheteira CCB, situada no final do Caminho Pedonal, durante o festival e no interior do recinto, funciona uma bilheteira alternativa na receção principal, junto ao balcão de informações (piso 1). Para adquirir mais bilhetes para concertos não necessita de sair do recinto.

CONCERTOS Todos os concertos com bilhete têm um número de referência (letra + número). Para facilitar a compra, utilize esta designação para identificar os concertos a adquirir. Consulte na secção “Concertos” as notas aos programas e outras informações sobre o/s concerto/s. Na secção “Intérpretes” vai encontrar as informações sobre orquestras, maestros, ensembles, grupos vocais e solistas participantes. Os Mini Dias da Música decorrem na sexta-feira, dia 22 de abril, tendo como alvo principal o público escolar. A programação pode sofrer alterações por motivos imprevistos. Consulte o programa atualizado do festival em www.ccb.pt No espaço Coreto, nos intervalos dos concertos principais, decorrem concertos informais de entrada livre. Consulte a programação na secção “Concertos Informais”.

RECINTO Durante o festival, a circulação no CCB é condicionada. Os espaços interiores são reservados aos portadores de bilhetes para concertos ou de recinto. O bilhete de recinto dá acesso às atividades complementares que acontecem nas zonas de circulação, como os concertos no Coreto, às conferências Aqui há Conversas e os espaços comerciais Fnac, Intermúsica, Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Sábado, dia 23 de abril, o recinto abre às 13h e no Domingo, dia 24 de abril, abre às 12h. No exterior do recinto decorrem concertos no espaço Mundo (sala Júlio Verne) e oficinas na Fábrica das Artes e Garagem Sul. Também pode circular pelo Mercado e pelos vários espaços comerciais existentes no CCB. Pode entrar e sair do recinto sempre que o desejar, apresentando o seu bilhete à entrada.

SALAS Só os concertos que decorrem no Grande Auditório têm lugares marcados. Nas restantes salas, a ocupação faz-se por ordem de chegada. Para ter mais opções, antecipe a sua chegada.

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Não é possível a entrada nas salas após o início dos concertos. No recinto e nas salas de concertos não é permitido fumar. Só o poderá fazer nos espaços exteriores. Nas salas de concertos também não é permitido comer, beber ou efetuar qualquer tipo de gravação de som ou de imagem. Não se esqueça de desligar o seu telemóvel. Alguns dos concertos Dias da Música serão gravados ou transmitidos em direto – agradecemos antecipadamente a sua compreensão e colaboração.

SALA JÚLIO VERNE Na Sala Júlio Verne terão lugar concertos informais dirigidos a famílias. Realizar-se-ão ainda momentos de dança, com a presença de dois bailarinos que vão ensinar todos os interessados a dançar ao som dos ritmos cubanos, do tango e das sonoridades africanas.

CONVERSAS Aqui há Conversas acontece no intervalo dos concertos e tem entrada livre (limitada à capacidade da sala). Consulte a secção “Conversas”.

OFICINAS Para os mais novos existe uma programação de oficinas de entrada livre. Para participar é necessário efetuar uma marcação prévia à entrada do Espaço Fábrica das Artes ou da Garagem Sul – Exposições de Arquitetura (ambas no Jardim das Oliveiras). As crianças até aos 7 anos devem vir acompanhadas por um adulto. A participação nas oficinas é exclusiva aos portadores de bilhetes de concerto/recinto. As marcações são limitadas à capacidade das salas onde decorrem as oficinas. Consulte a secção “Oficinas”.

BABYSITTING O CCB disponibiliza um serviço de babysitting para crianças até aos 6 anos de idade no espaço Cócegas nos Pés (Sala Amadeu de Sousa Cardoso, Piso 2). Este serviço tem o custo de 2€/hora e funciona no sábado, das 13h às 23h e, no domingo das 12h às 20h. As inscrições poderão ser feitas no local ou em [email protected] O espaço tem uma lotação limitada.

COMPRAS / RESTAURAÇÃO Há diversos bares e um restaurante em funcionamento durante o festival. No interior do recinto o Bar Terraço e o Sanduiche Bar e no exterior o restaurante Este-Oeste. O Mercado do CCB vai ter uma edição especial (na Praça do CCB) e os habituais espaços comerciais estarão em funcionamento. No interior do recinto pode contar com os espaços da Fnac, INCM e Intermúsica.

BENGALEIRO Deixe o seu casaco ou chapéu em segurança. Utilize gratuitamente o serviço de bengaleiro, junto à entrada para o Pequeno Auditório.

ESTACIONAMENTO O CCB dispõe de dois parques de estacionamento com acessos pela Rua Bartolomeu Dias (Parque A) e pela Praça do Império – à Av. da Índia (Parque B). As máquinas de pagamento situam-se à entrada dos parques, piso 0.

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No parque B (à Av. da Ìndia), piso 0, encontra lugares de estacionamento reservados a pessoas com mobilidade condicionada. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Utilize os balcões de informação nas entradas do recinto Dias da Música. Em caso de emergência contacte um segurança ou colaborador do CCB. O CCB deseja-lhe um excelente festival. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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CONCERTOS

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QUINTA-FEIRA

5.ª-FEIRA – 21H30 CINEMA SÃO JORGE Filme Concerto Pré-Inaugural IndieLisboa Rondó da Carpideira O Rondó da Carpideira é um espetáculo multidisciplinar de homenagem ao trabalho de Michel Giacometti com base nas suas recolhas etnomusicais em Portugal, apresentadas no programa de televisão Povo que Canta. Criado pelos músicos Mário Marques (saxofonista) e Daniel Bernardes (pianista) conta com a edição de imagens e conceção visual de Gonçalo Tarquínio. O conceito do espetáculo é a interação destes músicos com os cantares e tocares registados por Giacometti, desenvolvendo os temas melódicos ou rítmicos apresentados nos registos.

SEXTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA – 21H30 A1 – GRANDE AUDITÓRIO Concerto de Abertura Claude Debussy Iberia Manuel de Falla Noches en los Jardines de España Nikolai Rimsky-Korsakov Scheherazade Orquestra Sinfónica Metropolitana Pedro Amaral direção musical Josep Colom piano A Representação do Outro Quando remete para contextos distantes, a obra artística é mais persuasiva no convite que faz à apreciação contemplativa. Desde logo, porque suspende os compromissos da vida quotidiana e liberta instintos de evasão. Entre os propósitos de cada viagem esconde-se sempre este tipo de vontade, que anseia por outros lugares, outros conhecimentos, diferentes “pontos de vista”. Resta adivinhar os motivos que levam compositores de matriz clássica a aventurarem-se em universos que, à partida, não lhes pertencem. Talvez, então, se revelem maiores interesses em torno da sedução do exótico e dos efeitos de encantar.

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Exemplo emblemático do exotismo em música, em França cultivou-se o arquétipo de uma Espanha idealizada, divisória subliminar entre centro e periferias europeias. Bastou a Debussy uma curta viagem por San Sebastián para compor o tríptico que preenche o núcleo da obra orquestral Images. Ouvem-se castanholas, fragrâncias noturnas no oboé, “rasgueados” guitarrísticos em clima de festa. Com igual exuberância, Falla evoca em Noches en los Jardines de España o jardim de Alhambra, o espírito andaluz de uma “Danza lejana” e uma festa cigana de Córdova. O compositor autorretrata a sua cultura, num bilhete-postal endereçado à internacionalização da carreira. E, ainda, o russo Rimsky-Korsakov, que tão bem conhecia as sonoridades espanholas. Em Scheherazade, porém, deslumbrou-se pelo orientalismo das Mil e uma noites, um verdadeiro festim de sensações, e de oportunidades para a orquestra brilhar. RUI CAMPOS LEITÃO Concerto gravado pela RTP

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SÁBADO

SÁBADO GRANDE AUDITÓRIO Sábado – 14h00 B1 – Grande Auditório Entre Portugal e as Américas Gershwin Abertura Cubana Luís de Freitas Branco Suite Alentejana n.º 1 Arturo Márquez Danzón n.º 2 OJ.COM Pedro Andrade direção musical Este é um programa que faz uma ponte entre Portugal e as Américas. George Gershwin é célebre pelos standards do Grande Cancioneiro Americano, mas o compositor norte-americano também abraçou músicas de outras latitudes. É o exemplo desta Abertura Cubana, originalmente intitulada Rumba, composta em 1932, pouco depois do músico ter passado uma temporada em Havana. A peça é dominada por ritmos caribenhos e percussões típicas de Cuba. Esta é uma obra de uma grande riqueza e sofisticação, que ilustra a influência da música cubana. De Cuba (e dos Estados Unidos) parte-se para Portugal, mais concretamente para o Alentejo, com a Suite Alentejana n.º 1, de Luís de Freitas Branco. O compositor tinha um especial apreço por esta região, que chegou a definir como “a sua terra de eleição”, tendo, por isso, composto esta suite que recorre ao folclore alentejano. Esta primeira suite foi estreada pela Orquestra Sinfónica de Lisboa, a 8 de fevereiro de 1920, no Teatro Politeama, sob a direção do pianista e compositor Vianna da Motta. O final deste programa marca o regresso à América, mais precisamente ao México, com Danzón n.º 2, de Arturo Márquez, obra que resultou de uma encomenda da Universidade Autónoma do México e que vai beber ao danzón, uma dança tradicional cubana, mas que ficou mais popular no México.

Sábado – 16h00 B2 – Grande Auditório O Norte de Europa Jón Leifs Geysir Edward Elgar Variações Enigma

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Jovem Orquestra Portuguesa Pedro Carneiro direção musical

Jón Leifs (1899-1968), compositor, pianista e maestro islandês, compôs a obra Geysir já na reta final da sua vida. Geysir ou, em português, géiser, é o nome de uma nascente eruptiva em Haukadalur, na Islândia. Esta obra com a qual se iniciará o programa da Jovem Orquestra Portuguesa, dirigida pelo maestro Pedro Carneiro, faz precisamente uma trajetória pela imprevisível explosão geotérmica de um géiser, resultando num poderoso poema musical. Por sua vez, Variações Enigma é uma das obras mais célebres de Edward Elgar, tendo sido composta em 1899. A peça caracteriza-se por uma série de 14 variações musicais, cada uma delas traçando um retrato emotivo de algumas das suas relações sociais mais próximas. Daí que o compositor tenha dedicado a obra aos seus “amigos retratados nela”. A obra foi estreada ao vivo em Londres, a 19 de junho de 1899, sob a direção de Hans Richter.

Sábado – 18h00 B3 – Grande Auditório Por Terras de Escócia Felix Mendelssohn-Bartholdy As Hébridas; Sinfonia Escocesa Orquestra XXI Dinis Sousa direção musical Vivendo uma infância privilegiada no seio de uma abastada família que atribuía especial importância à educação, Felix Mendelssohn-Bartholdy (Hamburgo, 1809 – Lípsia, 1847) revela desde cedo prodigiosas capacidades na música como na literatura e na pintura, traduzindo habilmente do grego para o alemão. Para além de encorajamentos tão extraordinários como o de, no seu 12.º aniversário, ver levado à cena o seu primeiro singspiel em casa dos Mendelssohn, e da permanente aposta na sua formação, também a “viagem” constitui, já em tenra idade, uma experiência de máxima influência na construção da sua personalidade. Se em criança viajara pela Alemanha e visitara Paris com a família, travando contacto com personagens tão incontornáveis como J. W. Goethe, aos 20 anos Mendelssohn sente o forte apelo da viagem, planeando percorrer Itália, França e Inglaterra com o intuito de “cultivar o gosto”. Chegado a Londres, em abril de 1829, o jovem Mendelssohn abre oficialmente a sua visita dirigindo a sua primeira sinfonia, numa temporada em que, entre outras, apresenta ainda a sua bem recebida Abertura de Sonho de uma Noite de Verão. Viajando seguidamente para a Escócia, aí descobre a inspiração, tanto para a abertura As Hébridas como para a Sinfonia n.º 3, conhecida como Sinfonia Escocesa. Só em 1842 é esta última concluída, sendo publicada no ano seguinte com dedicatória à Rainha Vitória. Não evocando qualquer narrativa, a atmosfera escocesa reflecte-se pela influência de algum material melódico, consistindo esta obra na experiência mais

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ambiciosa de Mendelssohn a nível formal (sendo os quatro andamentos tocados sem interrupção). A lenta introdução ao primeiro andamento reaparece por momentos no final do mesmo para o ligar ao scherzo; o andamento lento começa com uma passagem que afecta uma transição da tonalidade do scherzo (fá maior) para a sua própria tonalidade (lá maior), havendo uma familiaridade temática que liga algumas das principais ideias da obra. DIANA FERREIRA [A AUTORA ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA]

Sábado – 20h00 B4 – Grande Auditório Elogio da América Antonin Dvořák Sinfonia n.º 9 Do Novo Mundo Jovem Orquestra Portuguesa Pedro Carneiro direção musical

Quando Antonin Dvořak foi convidado pela fundadora do Conservatório Nacional de Música de Nova Iorque, Jeanette Thurber, para abandonar a velha Europa, a fim de dirigir aquela instituição, pairava a expectativa do surgimento de uma escrita musical genuinamente americana. A semelhança do desígnio que então orientava a escrita musical de tantos compositores espalhados pelos países do mundo ocidental, era o nacionalismo musical que aí ditava a moda e que servia como um dos principais propósitos legitimadores da produção artística. A música era entendida como uma linguagem que teria de assumir uma identidade própria em função de cada cultura. Paradoxalmente, era essa mesma tendência estética, a qual procurava os seus fundamentos nos umbigos das nações, que se revelava como o movimento artístico mais internacional da época. Só assim se explica que tenha sido possível conceber a possibilidade de ser um músico imerso na cultura da Boémia, essa região histórica da Europa Central, a protagonizar a criação de semelhante paradigma no “Novo Mundo”. O compositor checo instalou-se em Nova Iorque, em setembro de 1892. Tinha então 51 anos de idade e já era um autor com grande prestígio internacional. Poucas semanas mais tarde, começou a escrever esta sinfonia. Estaria terminada em maio do ano seguinte, muito embora sucessivas alterações fossem sendo feitas pelo compositor até à estreia, que teve lugar no dia 15 de dezembro de 1893, no Carnegie Hall, sob a direção do maestro Anton Seidl e com a Orquestra da Sociedade Filarmónica de Nova Iorque. Trata-se de pouco mais de 40 minutos de música trespassada por melodias autóctones, algumas baseadas em cancões escutadas por Dvořak junto dos seus alunos, outras inspiradas por referências idealizadas das culturas dos negros e dos índios americanos. São, por isso, recorrentes as escalas pentatónicas e os ritmos sincopados. Ainda assim, tudo o resto – a orquestração, a harmonia, o contraponto... – é, como não poderia deixar de ser, música europeia na sua essência. Ao longo dos seus quatro andamentos apresenta-se um tema melódico que unifica toda a sinfonia, estabelecendo uma estrutura cíclica bastante própria da segunda

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metade do seculo XIX. São nove notas que se ouvem de início pelas trompas e que vão surgindo espaçadamente como elemento agregador. Para além disso, ouvem-se várias outras melodias, sendo que grande parte delas reconhecemos de imediato, tal é a popularidade de que goza hoje esta sinfonia. É uma obra plena de entusiasmo pelo “Novo Mundo”, mas que não abdica de todas as referências do passado. É música que desperta para novas formas de estar, mas sem nunca esquecer a tradição centenária que esteve na origem do universo orquestral. RUI CAMPOS LEITÃO [NOTA GENTILMENTE CEDIDA PELA ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA]

Sábado – 22h00 B5 – Grande Auditório Na Ibéria Sérgio Azevedo Concerto para piano Manuel de Falla El Amor Brujo Orquestra Metropolitana de Lisboa Peter Tilling direção musical António Rosado piano Emoções Fortes A música espanhola viu-se, nos últimos dois séculos, entre duas orientações estéticas contrastantes: por um lado a assimilação das influências predominantes na cultura europeia, por outro o tratamento artístico dos costumes folclóricos, num processo de revalorização da identidade própria. No caso de Manuel de Falla, esta segunda vertente revelou-se no seu interesse pela música da Andaluzia, particularmente em El Amor Brujo, um bailado com partes cantadas do qual ouvimos aqui uma versão orquestral. A história deste bailado baseia-se numa lenda popular que relata o regresso de um espírito do mundo dos mortos com a ideia de impedir que algum homem lhe ocupasse o lugar junto da mulher que amou, a jovem e bela cigana Candelas. O novo pretendente, Carmelo, vê-se assim aterrorizado pelas aparições do espírito daquele cigano, que em tempo de vida teria sido alguém de conduta pouco recomendável. Carmelo consegue todavia convencer uma amiga de Candelas a fingir estar apaixonada por aquele espírito, de maneira a conseguir de Candelas o “beijo do amor perfeito”. O Espírito é desta forma exorcizado e vencido pelo amor. A segunda parte deste programa preenche-se com o mesmo Concerto para piano que, por encomenda do CCB, Sérgio Azevedo fez estrear nos Dias da Música em 2010. Uma vez mais, estará ao piano António Rosado para explorar o frenesim de emoções que atravessam os três andamentos desta obra. Sugestão aparente: somos convidados a participar num filme mudo imaginário em que acontece “de tudo”. Sustenha-se a respiração, do primeiro ao último compasso. RUI CAMPOS LEITÃO

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SÁBADO PEQUENO AUDITÓRIO

Sábado – 14h00 B6 – Pequeno Auditório Fusão Oriental Claude Debussy Quarteto de cordas em Sol menor, op. 10 I. Animé et très décidé / II. Assez vif et bien rythmé / III. Andantino, doucement expressif / IV. Très modéré – Très mouvementé et avec passion

Elizabeth Davis O Deus do Vulcão Música tradicional da Ilha de Java Swara Suling Música tradicional da Ilha de Bali Hujan Jepun (arranjo de Gilbert Stoeck) Nuno Côrte-Real Cycles (para gamelão e quarteto de cordas) Ensemble Darcos Emanuel Salvador violino Ana Madalena Ribeiro violino Reyes Gallardo viola Filipe Quaresma violoncelo

Yogistragong Elizabeth Davis direção musical Carlos Reis Maria Miguel Lucas Cláudio Oliveira Sara Santos João Luís Domingos Marreiros Tânia Mendes Simão Leal Diana Gaspar Jorge Mendonça Oliveira Sandra Pérez

Orientalismo musical O Oriente tem fascinado desde sempre o homem ocidental. Lugar de mil maravilhas, de sumptuosas riquezas e irresistíveis seduções, o Oriente representou para o imaginário europeu uma terra prometida, um espaço de evasão, uma região estagnada numa idade dourada, onde os sonhos e os anseios permanecem intactos, onde todas as esperanças se podem cumprir. No domínio da música as referências ao Oriente são muito antigas mas, na verdade, até ao final do século XIX a Europa desconhecia quase totalmente as músicas orientais. Aquilo que se tomava por estilo oriental reduzia-se a uma série de clichés sonoros e estereótipos. O orientalismo desenvolveu-se significativamente a partir do século XIX,

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a época dos grandes impérios coloniais. Enquanto fenómeno musical encontra-se estritamente ligado ao exotismo e ao folclorismo. Nesta medida, o orientalismo musical aparece sobretudo ligado à ópera ou ao poema sinfónico. Ignorantes da verdadeira música oriental, os compositores recorrem a escalas exóticas, intervalos invulgares, modos pentatónicos, ritmos assimétricos, isto é, material étnico estranho à norma ocidental, mas que é domesticado e integrado na sintaxe tonal e assimilado nas estruturas formais tradicionais. Esse estado de coisas só mudou no século XX, quando as viagens mais frequentes e os meios de comunicação mais eficazes permitiram um verdadeiro conhecimento e compreensão da riqueza e diversidade das músicas orientais. A mudança de perspectiva começa na Exposição Internacional de Paris em 1889, quando pela primeira vez é apresentado ao mundo ocidental a música do gamelão javanês. Para os músicos da época trata-se de uma verdadeira revelação que terá consequências duradouras na evolução da música ocidental, e no modo de se pensar a música oriental. O que surpreendeu e suscitou tanto interesse em 1889 não foi simplesmente a invulgaridade e a riqueza do instrumental, mas também o facto de que uma tal variedade de timbres dava origem a uma complexa trama polifónica, realizada através da sobreposição heterofónica, com diferentes densidades, revelando um sistema harmónico muito sofisticado. Uma descoberta desconcertante, se pensarmos que a harmonia era, à época, considerada um apanágio exclusivo da música erudita europeia. O profundo e duradouro impacto que a descoberta do gamelão javanês provocou em Claude Debussy (1862-1918) é bem conhecido. Personalidade irreverente e anticonformista, Debussy procurava romper com a hegemonia musical germânica e com as formas estabelecidas. Para ele, a descoberta das músicas do Extremo-Oriente constitui um momento decisivo na tomada de consciência da possibilidade quebrar o espartilho da tradição. Esta será a primeira etapa de uma aliança íntima entre as tradições oriental e ocidental, o início de uma estética de “fusão” que, sob diversas formas, se disseminará por todo o século XX, de Messiaen a John Cage, dos Beatles à world music. EXCERTO DE TEXTO DE AFONSO MIRANDA [O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA]

Sábado – 16h00 B7 – Pequeno Auditório Anima Di Mare Alfio Antico Bangulussinu Tema tradicional da Apúlia / G. De Vittorio Sona a battenti Tema tradicional da Apúlia Tu bella... Adriano Willaert Vecchie letrose Giovane da Nola Cingari simo, donne! Joan Ambrosio Dalza Piva Adriano Willaert O bene mio Alfio Antico Anima di Mare

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Texto de Francesco Spinello Como senza la vita poi campare Tema tradicional da Apúlia Alla Carpinese Fabio Accurso & Stefano Rocco Compendium Tarantulae Alfio Antico 'Ntra li muntagni Alfio Antico Luna Lunedda Severino Corneti Fararirorella Marco Beasley canto Vito de Lorenzi percussão Stefano Rocco archlute (*1), guitarra barroca Fabio Accurso alaúde Leonardo Massa colascione (*1) (*1) Instrumento da família do alaúde O Mar da Ligúria, Mar Tirreno, Mar Jónico, Mar Adriático: nomes geográficos que pertencem a um mar rodeado por muitas terras – o Mediterrâneo – mas que tem no seu centro um longo pedaço de terra, tão estreito que parece uma ilha: Itália. De Ventimiglia a Trieste, a longa viagem ao longo da costa deste mar de muitos nomes leva à descoberta de lugares maravilhosos e pessoas extraordinárias. E mais a sul a história ainda está mais presente. Aqui continuam a ser contadas lendas antigas com milhares de anos e os rituais ainda sobrevivem, mesmo nesta era da globalização. As histórias destas terras são antigas, “Antico”, como o nome do poeta e músico que nos acompanha nesta viagem. Alfio Antico é um poeta da natureza, um poeta de mil palavras que canta e toca o tamburi a cornice (instrumento de percussão) que lhe foi dado pela sua avó e cuja origem é ainda mais longínqua. Destas canções fazem parte histórias de crianças e de amores passados, da dor da perda e da felicidade de uma nova amizade. Alfio é isto e muito mais. Com ele, os sons de Strefano e Fabio acompanham-nos na sua arte antiga disfarçada de simplicidade: o archlute e a guitarra, instrumentos eternamente viajantes que se juntam na estada por este príncipe dos instrumentos napolitanos, Leonardo. Na sua busca por uma canção que pertença a mil vozes, este programa não segue um só caminho. Em vez disso, a ordem das peças varia conforme o momento, num diálogo estabelecido com o público. Sábado – 18h00 B8 – Pequeno Auditório Nova Orleães Paul Barbarin Paul Barbarin Second Line Tema tradicional Mardi Gras in New Orleans Tema tradicional Just a Closer Walk Paul Barbarin Bourbon Street Parade James P. Johnson, Cecil Mark The Charleston Jerry Herman Hello Dolly Louis Armstrong Corner Chop Suey

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Tema tradicional Saint James Infirmary Jack Palmer, Spencer Williams I’ve Found a New Baby Tom DeLaney Jazz Me Blues Clarence Williams, Spencer Williams Royal Garden Blues Nick La Rocca Tiger Rag Tema tradicional When The Sain’t Go Marching in Bobby Womack, Shirley Jean Womack It’s All Over Now Desbundixie Manuel Sousa trompete Flávio Cardoso clarinete César Cardoso saxofone tenor Ricardo Carreira trombone Pedro Santos banjo e voz Daniel Marques tuba João Maneta bateria

Uma cidade singular. Cativante, marcante, sedutora em seu espírito risonho. Tudo próprio de uma terra que é uma encruzilhada de diferentes mundos que se colidiram para se transformar numa cidade multicultural. Nova Orleães, capital da Luisiana, é uma América um tanto diferente. Das raízes francesas, com toques caribenhos e forte influência negra, floresceu uma cultura que nos brinda com uma cozinha espirituosa e familiar e uma musicalidade pouco vista noutros lugares do mundo. Nova Orleães é conhecida por outros nomes que descrevem diversas características da cidade. Os mais conhecidos são The Crescent City (pelo seu formato ao longo do Rio Mississippi), The Big Easy (uma referência feita por músicos) e The City that Care Forgot (associada com a natureza amigável dos habitantes da cidade). O lema de Nova Orleães, não-oficial mas muito citado na cidade, é Laissez les bons temps rouler ("Deixa os bons tempos rolarem"). É um reconhecido centro musical nos Estados Unidos, com a sua mistura de culturas europeias, latino-americanas e afro-americanas. Nova Orleães é conhecida pelo papel que os músicos afro-americanos da cidade tiveram na formação do jazz. Por isso é atualmente considerada a capital mundial do jazz. Berço do rhythm and blues, que contribuiu para o surgimento e o crescimento da popularidade do rock and roll. Além disso, as áreas rurais próximas à cidade são casa da música cajun, da música zydeco, e dos blues. Uma banda no estilo dixieland ou a batida “swingada” de uma jam session de jazz, o calor da Bourbon Street ou do Preservation Hall, tudo por aqui segue um ritmo único. A animação é constante, seja no peculiar festival do Mardi Gras, no New Orleans Jazz & Heritage Festival ou nos inúmeros bares e clubes de jazz do French Quarter.

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Sábado – 20h00 B9 – Pequeno Auditório Entre Tangos y Boleros Astor Piazzolla Libertango Carlos Gardel Por una cabeza Mariano Mores Uno Augustín Lara Solamente una Vez José Antonio Mendez Garcia La gloria eres tú Ernesto Lecuona La comparsa Héctor Stamponi Flor de Lino Consuelo Velásquez Bésame Mucho Augustín Lara Noche de Ronda Italo Pizzolante Motivos Astor Piazzolla Oblivion Carlos Gardel El día que me quieras Isolina Carrillo Dos Gardenias Alberto Domínguez Perfidia *Arranjos de Efraín Oscher exclusivos para a Camerata Atlântica Camerata Atlântica Ana Beatriz Manzanilla direção artística e primeiro violino Carlos Silva tenor Maria José Laginha primeiro violino João Andrade primeiro violino Paula Carneiro segundo violino Nariné Dellalian segundo violino Francisca Fins segundo violino Pedro Saglimbeni Muñoz viola Bárbara Pires viola Nuno Abreu violoncelo Jeremy Lake violoncelo Manuel Rêgo contrabaixo José Coronado piano (1) Inês Vaz acordeão (1)

(1) Músicos convidados O programa Entre Tangos y Boleros que a Camerata Atlântica apresenta nos Dias da Música 2016 é uma perfeita apresentação da alma latino-americana, com a sua música mais romântica e representativa. O estilo dos tangos difere bastante do estilo dos boleros, mas contém a mesma poesia que os grandes cantores do passado e dos nossos dias nos habituaram. Na voz do imortal Carlos Gardel, os tangos viverão para sempre, ou o famoso bolero Bésame mucho, que já foi cantado até por artistas da música erudita ou da ópera, como Angela Georgiu. Estas são músicas que pela sua qualidade sobrevivem ao passar

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dos tempos. Os intérpretes deste programa, a Camerata Atlântica e o tenor venezuelano Carlos Silva, darão o seu melhor no concerto, e convidam ao público a seguir esta volta ao mundo em 80 concertos com uma paragem na América do Sul. Sábado – 22h00 B10 – Pequeno Auditório Fusão de culturas Rabih Abou-Khalil Trio Rabih Abou Khalil oud (1) Luciano Biondini acordeão Jarrod Cagwins bateria e percussões (1)Alaúde árabe

Rabih Abou-Khalil afirmou-se como um compositor original, não apenas porque se encontra à frente do seu tempo, mas também porque questiona os caminhos pelos quais outros podem seguir sem uma grande reflexão. Com a sua técnica composicional original, caracterizando-se por uma abordagem sem restrições, que ousadamente aborda a música clássica ocidental e a música árabe, Rabih Abou-Khalil encontrou uma linguagem musical complexa rítmica e melodicamente, que apenas lhe pertence, soando, paradoxalmente, estranha e familiar. Esta linguagem parece quebrar com quase todos os idiomas musicais existentes. Como instrumentalista, Abou-Khalil explora continuamente novas formas de tocar o seu instrumento. Recorrendo a técnicas adquiridas pelos seus estudos de música clássica, assimilando-os no seu crescimento musical árabe, Abou-Khalil alcançou um nível de mestria instrumental sem precedentes. O seu virtuosismo deslumbrante levou a que vários críticos musicais recomendassem para estudo, por parte dos guitarristas de jazz, a sua forma de tocar. Por sua vez, as suas baladas reavivam o carácter poético da cultura árabe, sem nunca soarem tradicionalistas ou pouco aventurosas.

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SÁBADO SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

Sábado – 14h00 B11 – Sala Luís de Freitas Branco Belle Époque no tempo de Phileas Fog Charles Gounod Petite Symphonie Antonin Dvořák Serenáda

Melleo Harmonia Joaquim Ribeiro direção musical Anabela Malarranha flauta transversal Ricardo Lopes oboé Joel Vaz oboé Francisco Ribeiro clarinete Cândida Oliveira clarinete David Harrison fagote Carolino Carreira fagote Luís Vieira trompa Ricardo Alves trompa António Augusto trompa Ana Raquel Pinheiro violoncelo Pedro Wallenstein contrabaixo

Inspirados no tema lançado para os Dias da Música 2016, Melleo Harmonia, grupo residente da APARM – Academia Portuguesa de Artes Musicais, elaborou o programa Belle Époque, com direção do Maestro Joaquim Ribeiro. A Belle Époque corresponde no nosso imaginário a um período de cultura cosmopolita, particularmente rico em manifestações artísticas, cuja essência alterou para sempre o sentido quotidiano europeu: um tempo em que as inovações tecnológicas eclodiam a cada momento. Foi o momento do Impressionismo, da Art Nouveau, da arte urbana e do desenvolvimento de um conceito de cidadão do mundo como nunca tinha existido. Pela primeira vez, invenções como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, a bicicleta, para além do desenvolvimento sem precedentes das linhas ferroviárias interestaduais, permitiram ao indivíduo deslocar-se e comunicar de forma fácil e rápida. Nunca como antes a informação e tendências circularam. Senão vejamos: já em 1857, compositores como Antonín Dvořák tocava em Praga, cidade onde viria a falecer, obras de génios tão variados como Mendelssohn, Schumann, Raff, ou Wagner, que chegou mesmo a dirigir programas na capital checa, em 1863.

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Muito embora Paris represente a capital da Belle Époque, o movimento foi vivido à escala europeia de forma intensa. Foi mesmo este o ponto de partida para a elaboração do programa proposto. Assimilando as sonoridades da época, o maestro Joaquim Ribeiro selecionou duas obras orquestrais para formação essencialmente de sopros de dois dos compositores mais paradigmáticos deste período: Dvoräk e Gounod, este último por nos reconduzir à velha Paris do final do século XIX. Abraçou, desta forma, três premissas: dois compositores, duas cidades, uma mesma época: a Belle Époque. Sábado – 16h00 B12 – Sala Luís de Freitas Branco Turquerie: devaneios barrocos de uma fantasia oriental Jean-Baptiste Lully Suite de La Cérémonie des Turcs André Campra Suite de La Turquie Johann-Joseph Fux Sinfonia à 3 Turcaria K331 Marin Marais Marche Tartare – Marche à la Turque George Frideric Handel Ouverture di Tamerlano HWV18 Jean-Philippe Rameau Suite de Le Turc Généreux Ludovice Ensemble Fernando Miguel Jalôto cravo e direcção artística Baltazar Molina percussões do norte de África e Médio Oriente Joana Amorim traverso e flauta Pedro Lopes e Castro oboé e flauta Lilia Slavny violino Katya Polin violino Sofia Diniz viola de gamba Daniel Zapico tiorba e guitarra

Entre a Queda de Constantinopla, em 1453, e o Cerco de Viena, em 1683, o Império Otomano inspirou na Europa Ocidental um geral sentimento de pavor. Os turcos eram o principal inimigo da cristandade, o infiel ou mesmo o anticristo. O século XVII viu despontar uma crescente curiosidade – que já se vinha a manifestar desde o Renascimento – e que eclodiu no século XVIII numa verdadeira obsessão pela Turquia. Esta “mania” forma uma das principais orientações estéticas do período, a "Turquerie", que viria, à semelhança da "Chinoiserie", a influenciar de forma decisiva o novo estilo Rococó. O crescente número de visitantes europeus a Istambul, a aliança política entre a França e a Turquia e as embaixadas otomanas às cortes ocidentais proporcionaram um maior conhecimento dos hábitos e tradições orientais, e fizeram com que tudo o que fosse "alla Turca" ou "façon de Turquie" se tornasse moda: tecidos, cerâmicas, mobiliário, jóias, roupas, artigos decorativos, etc.

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No mundo do espetáculo, compositores e dramaturgos não ficaram indiferentes. Ainda que houvesse um real desconhecimento – e mesmo desprezo – da música turca, as evocações sonoras do Oriente, sobretudo associadas na música cénica, ao luxo excessivo, à sumptuosidade, ao langor e à ociosidade – numa visão paradisíaca mas decadente sobretudo associada à corte do Sultão e ao seu harém – passaram a ser uma constante nos palcos, sobretudo em França, mas também na Itália, Alemanha e Inglaterra. Histórias vagamente baseadas em narrativas turcas (como as vidas de Tamerlano, Bajazet ou Scanderberg) passaram a servir de base a libretos de Ópera Séria e Tragédie-Lyrique, enquanto as Comédie-Ballet e a Opéra-Ballet preferiram pantomimas cómico-sentimentais passadas em cenários orientalizantes em que figuras típicas da cultura turca são frequentemente ridicularizadas ou reduzidas a tipos comportamentais (os Paxás, as Sultanas, as Odaliscas, os Bostangis ou guardas do serralho, os Eunucos, os Janízaros...). Ainda assim, é graças a estes espetáculos que estes personagens hoje fazem parte do nosso imaginário, moldando a nossa visão da Turquia, e ajudando-nos a aceitá-la como a fronteira difusa entre a Europa e o Oriente. O Ludovice Ensemble propõe assim com este programa não tanto uma viagem à Turquia enquanto realidade geográfica e histórica, mas antes uma jornada a uma terra de devaneio e de sonho, em que a elegância e o refinamento da música barroca se combinam com acentos cómicos, ritmos vigorosos, e algumas sugestões étnicas, de forma a construir um idílio sonoro, uma paisagem ideal que corresponde às maravilhas recriadas e encenadas por salões turcos, tendas de jardim, falsas mesquitas e a um infindável número de "turqueries" que recamavam os palácios europeus setecentistas, e que hoje ainda nos deliciam pela sua surpreendente mistura caprichosa de exotismo e fantasia. Sábado – 18h00 B13 – Sala Luís de Freitas Branco Inspiração Grega Pavlos Carrer Gero-dimos (A velha cidade) versão para quarteto de cordas de Níkos Skalkóttas Dmitri Shostakovich Canções gregas para voz e piano I. Fperiod! / II. Pentozalis / III. Zolongo / IV. Gimn Elas

Mikis Theodorakis Sexteto para flauta, quarteto de cordas e piano I. Prélude et Coral / II. Scherzo / III. Finale

Maurice Ravel Cinco melodias populares gregas para voz e piano I. Chanson de la mariée / II. Là-bas, vers l'église / III. Quel galant m'est comparable / IV. Chanson des cueilleuses de lentisques / V. Tout gai!

Níkos Skalkóttas Cinco danças gregas para quarteto de cordas I. Epirotikos / II. Kretikos / III. Tsamikos / IV. Arkdikos / V. Kleftikos

Ensemble Mediterrain Bruno Borralhinho violoncelo e direção artística Karolina Gumos meio-soprano Matthieu Gauci-Ancelin flauta

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Gabriel Adorján violino Laura Volkwein violino Madeleine Przybyl viola Dunja Robotti piano

Em correspondência com a missão fundamental do Ensemble Mediterrain de divulgação da música de países de cultura mediterrânica, este programa singular alia obras de alguns dos compositores gregos mais destacados dos últimos séculos e do presente – provavelmente desconhecidos para a generalidade do público – com momentos de “inspiração grega” de compositores que dispensam apresentações no contexto da história da música do século XX. O teor folclórico e intrinsecamente tradicional das obras de Carrer e Skalkottas contrasta certamente com o estilo mais contemporâneo de Theodorakis, ele próprio um actor importante do palco político grego da actualidade e cujo percurso musical se caracteriza por uma grande diversidade de estilos. O contexto histórico das “Canções gregas” de Shostakovich – também elas uma raridade nos programas de concerto – e a alusão a um típico casamento grego das “Cinq mélodies populaires grecques" de Ravel, completam esta invulgar viagem sonora por terras helénicas. BRUNO BORRALHINHO [O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA]

Sábado – 20h00 B14 – Sala Luís de Freitas Branco Mantra: Uma Conversação Musical pelo Oceano Índico Canto Encounter Pedro de Escobar Absolve Canto/Bollywood Veni Bahara Donald Greig Bhangra Limo Francisco Guerrero Quae est ista Kuljit Bhamra / Jonathan Mayer / Shahid Khan Karam Kuljit Bhamra Tabla talum Angus Smith / Kuljit Bhamra Henna Night The Orlando Consort Matthew Venner alto Ruairi Bowen tenor Angus Smith tenor Donald Greig barítono com

Kuljit Bhamra tabla Jonathan Mayer, sitar Shahid Khan voz

O encontro dramático e evocativo entre os missionários portugueses e os indianos de Goa no início do século XVI destaca-se como um capítulo entusiasmante na história da

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fusão musical. Nos Dias da Música os músicos premiados que formam o The Orlando Consort exploram os extraordinários sons miscigenados na Europa histórica e da Ásia e aplicam as suas experiências enquanto coletivo para criar um diálogo radical e desafiante para o século XXI. Sábado – 22h00 B15 – Sala Luís de Freitas Branco Diáspora Anónimo (séc. XVI): Na fonte está Lianor Tradicional (Macau): Bastiana Anónimo (séc. XVI): Senhora del mundo Filipe Faria e Sérgio Peixoto, s/ texto de vilancico anónimo (s. XVI): Parto triste saludoso Joaquim António da Silva Calado: Flor amorosa Anónimo (séc. XVII): Olá plimo Bacião Tradicional (Timor): Mai fali é Anónimo (s. XVI): Minina dos olhos verdes Eugénio Tavares A força de cretcheu Filipe Faria e Sérgio Peixoto s/ texto anónimo (séc. XVI): Triste vida vivyre *contrafactum textual sobre salmo La Terre au Seigneur appartient Artur Ribeiro: Rosinha dos limões Anónimo (séc. XVII): Olá zente que aqui samo Manuel Machado: Dos estrellas le siguen Vinicius de Moraes/António Carlos Jobim Canção do amor demais Tradicional (África do Sul/Moçambique): Yamukela (s/ arr. Pe. Arnaldo Taveira Araújo OFM (n. 1929)) Romance Sefarad: Mosé salió de Misraim Sete Lágrimas Filipe Faria voz Sérgio Peixoto voz Pedro Castro flauta de bisel e oboé barroco Tiago Matias tiorba, vihuela e guitarra barroca Mário Franco contrabaixo Rui Silva percussão histórica Denys Stetsenko violino barroco (1)

Flávia Almeida Castro cravo (1)

(1) Músicos convidados

Para lá de caravelas e de Boa-Esperança a relação de Portugal com o mundo nasce de uma vontade de mudança... Com a expansão portuguesa do século XV inicia-se um período de aculturação e miscigenação que influencia mutuamente as práticas musicais dos países dos Descobrimentos e de Portugal e muda a configuração do nosso

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"ADN" coletivo para sempre... O projeto Diáspora conta já com três títulos: Diaspora.pt (2008), Terra (2011) e Península (2012) e mergulha nos géneros e formas musicais dos cinco continentes de ontem e de hoje, arriscando novas fórmulas interpretativas de repertórios populares e eruditos do século XVI ao século XX, do vilancico ibérico ao fado, dos vilancicos "negros" do século XVI/XVII ao chorinho brasileiro, passando pelas mornas africanas e pelas canções tradicionais de Timor, Macau, Índia, Brasil, etc... Uma vertigem experimental pela viagem, caminho, peregrinação, terra, água, saudade e pelo que ficou hoje depois de todos os ontem... FILIPE FARIA

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SÁBADO SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER Sábado – 14h00 B16 – Sala Sophia de Mello Breyner O Mundo a 4 Mãos Yoshinao Nakada A primavera chegou e flores de cerejeira floresceram Yoshinao Nakada Do início do outono até meados do outono Antonio Victorino d’Almeida: Balada op. 126 Maurice Ravel Ma Mère L'Oye I. Pavane de la Belle au bois dormant / II. Petit Poucet / III. Laideronnette, Impératrice des Pagodes / IV. Les entretiens de la Belle et de la Bête / V. Le jardin féerique Camille Saint-Saëns Danse Macabre MusicOrba Tomohiro Hatta e Ricardo Vieira piano a quatro mãos Desde a chegada dos primeiros portugueses às costas do Japão, no início do século XVI, que se criaram laços de uma profunda curiosidade e admiração entre Japão e Portugal. Uniam-se os extremos da Eurásia. Cerca de cinco séculos depois, em Paris, dois talentosíssimos pianistas repetem o feito. O português Ricardo Vieira e o japonês Tomohiro Hatta vêm contribuir mais uma vez para este encontro, recorrendo à mais universal das linguagens que é a música, capaz de unir culturas, povos e países, independentemente das suas raízes, do seu idioma e das suas tradições, num exercício de tornar próximo e familiar o que é aparentemente tão distante. O resultado é o projecto MusicOrba, em que se pode ouvir Tomohiro Hatta a tocar o portuguesíssimo Fado Burnay ou Ricardo Vieira a juntar-se à interpretação de duas peças do japonês Yoshinao Nakada. Ainda nesta viagem através da música podemos encontrar outros olhares sobre Portugal com a Balada de António Victorino d’Almeida e a homenagem às terras entre Douro e Vouga, composta pelo argentino Daniel Schvetz. A inspiração italiana chega-nos através da música de Joly Braga Santos, sem dúvida um dos compositores portugueses mais importantes do século XX. A França, país que uniu estes dois pianistas, surge-nos através da música para quatro mãos de Maurice Ravel. ANDRÉ CUNHA LEAL

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Sábado – 16h00 B17 – Sala Sophia de Mello Breyner Espanha aqui tão perto… Enrique Granados Dança Espanhola n.º 5 Andaluza Seleções da suite Goyescas – Los majos enamorados I. Los Requiebros / II. Quejas o la maja y el ruiseñor / III. El fandango de candil / IV. El amor y la muerte

Daniel Cunha piano

Neste ano de 2016 assinala-se o centenário da morte do compositor Enrique Granados (1867-1916), grande figura do nacionalismo espanhol. A Espanha de Enrique Granados está intimamente associada à Espanha do pintor Francisco Goya. Nas palavras do próprio Granados, "Goya é o génio representante de Espanha. As suas maiores obras celebram e exaltam a nossa vida nacional. Eu submeto a minha inspiração àquele homem que tão perfeitamente expressou as características e a história dos espanhóis." A suite Goyescas para piano é fruto da influência de Goya. Obra maior do nacionalismo espanhol, tem como subtítulo Los majos enamorados, contando uma história de amor trágica entre majo e maja. Obra de intensa sensualidade, tem um carácter quase improvisatório e combina a influência de Wagner, do piano Romântico do séc. XIX, com os sons característicos de Espanha. No final do século XIX Granados visita o Museu do Prado, em Madrid, pela primeira vez e apaixona-se pelas pinturas de Goya que representavam os majos e majas, figuras boémias e coloridas do proletariado madrileno do século XVIII. A este fascínio por estas personagens chamou-se majismo. Algumas Goyescas são inspiradas por alguns dos Caprichos (coleção de gravuras) de Goya em particular, como são o caso de duas das seleções desta suite que temos no programa: Los requiebros e Amor y la muerte, obra intensamente dramática, talvez a obra-prima do ciclo. Por sua vez, Quejas o la maja y el ruiseñor, uma das páginas mais populares de Granados, e o Fandango de candil, dança plena de espírito e virtuosismo, não têm inspiração direta em nenhuma obra de Goya, mas partilham o espírito do majismo. O programa é completado com a obra mais célebre de Granados, a Dança Espanhola n.º 5, que se tornou tão popular na sua transcrição para guitarra que é difícil de acreditar que não foi escrita originalmente para esse instrumento.

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Sábado – 18h00 B18 – Sala Sophia de Mello Breyner Uma Parceria Israelo-Palestiniana Paul Ben Haim Canzonetta Sameer Odeh Tamimi AMAL Wissam Joubran A piece for piano solo Canção tradicional judaica Hava Nagila Avner Dorman Karsilama Canção clásica israelita Jerusalem of gold (arranjo de Duo Amal) Canção popular árabe Bint al Shalabiya (arranjo de Duo Amal) Duo Amal Bishara Haroni piano Yaron Kohlberg piano

Paul Ben Haim é um dos principais compositores israelitas de sempre. Nasceu na Alemanha e emigrou para Israel antes ainda do eclodir da Segunda Guerra Mundial. A sua música combina influências dos compositores clássicos alemães e um sabor a Médio Oriente. A Canzonetta sabe a deserto, que é uma grande parte do cenário de Israel. Este é o último andamento da sua Sonatina e é uma dança rítmica com influências orientais. Odde Tamimi é compósito, mas também pintor, descrevendo-se, por vezes, que o próprio “pinta” abstratamente com a sua música. Esta peça contém camadas de acordes e sons, recorrendo ainda abundantemente às cordas interiores do piano e aos diferentes pedais. Wissam Jibran é um jovem compositor palestiniano. Ele compôs esta peça num estilo moderno, tentando explorar os diferentes efeitos sonoros que se podem extrair do piano. A célebre canção tradicional judaica Hava Nagila era originalmente uma música hassídica, sendo que no século XX foram-lhe acrescentados versos. Hava Nagila significa, em hebreu, “vamos ser felizes”. Karsilama, de Avner Dorman, é uma dança turca com variações compostas em 2011 para o Duo Amal. Jerusalem of Gold é uma canção clássica israelita originalmente composta pelo reconhecida poeta Naomi Shemer. A canção é sobre a beleza da cidade de Jerusalém. A versão para piano foi desenvolvida por Alexey Kurbatov. Bint al Shalabiya é uma canção popular árabe da cantora Fairuz. É conhecida por todo o mundo árabe como uma das mais populares canções populares árabes de todos os tempos. A transcrição foi feita por Alexey Kurbatov.

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Sábado – 20h00 B19 – Sala Sophia de Mello Breyner Músicos Viajantes Scarlatti Sonata em Lá menor, K.54/L.241 Mozart Sonata n.º 9 em Ré maior, Kv311 I. Allegro Con Spirito / II. Andante Con Espressione / III. Rondo: Allegro

Beethoven Sonata n.º 23 em Fá menor, op.57 Appassionata I. Allegro Assai / II. Andante Con Moto / III. Allegro Ma Non Troppo

Chopin Scherzo n.º 2 em Si bemol menor, op.31 Young-Choon Park piano Nascido em Nápoles, filho de Alessandro Scarlatti, Domenico viveu até aos 36 anos em Itália (tendo-se mudado depois para Portugal e, mais tarde, para Espanha), compondo óperas e música sacra, mas, durante anos, manteve-se ofuscado pelo seu muito mais célebre pai. Muita da sua música acabou por desaparecer, o que não aconteceu com esta Sonata em Lá menor, K.54/L.241, que integrou o livro Essercizi, o único publicado ainda sob a supervisão do compositor, integrando um conjunto de sonatas estilisticamente muito diferentes entre si. Já a Sonata n. 9 em Ré maior, Kv311, de Mozart, foi composta quando o compositor vivia em Mannheim. Esta foi a segunda de sete sonatas para piano que Mozart escreveu entre o outono de 1977 e o verão de 1978, fase que também é conhecida como o “período Mannheim-Paris”. A escola de Mannheim é reconhecida por uma música de grande dinamismo e por dar enfase a contrastes imprevisíveis, características que não só influenciaram este período do percurso de Mozart, mas esta sonata, em particular o terceiro andamento. Deste programa faz ainda parte a Sonata n.º 23 em Fá menor, op. 57, Appassionata, composta por Beethoven entre 1804 e 1805, tendo sido dedicada ao Conde Franz von Brunswick, irmão de Theresa, que foi, possivelmente, a “Amada Imortal” do compositor, daí que esta sonata tenha sido apelidada de Appassionata. Esta é, por isso, uma obra que evidencia uma grande paixão, sendo uma das peças mais expressivas do compositor. O recital termina com o Scherzo n.º 2 em Si bemol menor, op. 31, o mais popular scherzo composto por Chopin. A obra foi escrita em 1837 e espelha várias qualidades que fazem de Chopin um compositor único, caracterizando-se pela sua melodia impetuosa e momentos de tensão e drama, próprios da poética do autor.

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Sábado – 22h00 B20 – Sala Sophia de Mello Breyner Peregrinação: I Ano, Suíça Franz Liszt Anos de Peregrinação: I Ano, Suíça Louis Lortie piano É o Liszt viandante, observador e admirador da paisagem, de um quadro, de um livro, mas também cristão e, como o título indica, peregrino, que encontramos nas três Années de pèlerinage, cadernos escritos durante um longo período de tempo (1836-1883), testemunhos de uma vida sempre em viagem, sempre à descoberta. Liszt não só foi o mais famoso pianista de todos os tempos, como foi também um dos compositores mais importantes e inovadores do final do século XIX. Esta obra, monumental, é de certa forma o seu diário gráfico musical. Louis Lortie interpreta aqui o primeiro caderno desta obra.

SÁBADO SALA ALMADA NEGREIROS Sábado – 14h00 B21 – Sala Almada Negreiros A Rússia romântica Piotr Ilich Tchaikovsky Trio com piano, op. 50 À memória de um grande artista Tatiana Samouil violino Pavel Gomziakov violoncelo Eldar Nebolsin piano Em março de 1881, em Nice, Tchaikovsky é informado da morte do seu amigo Nicolai Rubinstein (irmão de Anton Rubinstein), músico de grande valor e fundador do Conservatório de Moscovo (1866). Em Paris, na igreja ortodoxa da Rua Daru, Tchaikovsky recolhe-se diante do cadáver do seu amigo; esta visão gerou nele um pavor psíquico da morte, que nunca mais o abandonará, e cuja expressão podemos encontrar na ópera Dama de Espadas e na Sinfonia Patética. Foi em Roma, em finais desse ano, que Tchaikovsky decidiu compor aquela que seria uma das suas maiores

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obras primas da música de câmara: o trio À memória de um grande artista. Terminada em Roma no mês de fevereiro de 1882, o compositor enviou a partitura para Moscovo, com o título meio em francês meio em italiano, “À la mémoire d’un grand artiste, Gennaio 1882”, encarregando os seus “intérpretes ideais” de levarem a cabo as revisões. Estes “intérpretes ideais” eram o seu aluno Sergei Taneyev, para o piano, o violinista Hrimaly e o violoncelista Fitzenhagen (dedicatário das Variações Rococó). O trio foi estreado no Conservatório de Moscovo, a 2 de março de 1882, pelo aniversário da morte de Rubinstein. ANDRÉ CUNHA LEAL Sábado – 16h00 B22 – Sala Almada Negreiros Uma tarde num jardim persa

Temas populares da Pérsia: Kuchalara / Sari Gelin / Aziz joon / Gole pamchal / Lay lay Saghiname / Simaye janan / Dokhtare Boyerahmadi / Bulbular akhor Aida Sigharian Asl piano Negar Kharkan kamancheh Nasim Saad violoncelo Uma tarde num jardim persa e um encontro entre instrumentistas iranianas. Uma fusão entre música iraniana com instrumentos clássicos e tradicionais e poesia. Uma viagem musical e poética por diversas raízes e culturas – Azerbaijão, Curdistão, Khorasan, Fars, Gilan e Baluchistão –, na interpretação e improvisação dos músicos, sobre temas populares que transitam entre províncias do Irão, intercalados com poesia persa, de poetas como Hafez, Shamloo, Forough Farokhzad, Nima Youshij. Uma partilha cultural e artística de sons de outros tempos e de sons de outras terras… Sábado – 18h00 B23 – Sala Almada Negreiros Música da Guiné-Bissau José Galissá kora As histórias, canções e danças da Guiné-Bissau, em língua mandinga, em crioulo e em português interpretadas por um mestre de kora, o instrumento de 21 cordas que se aprende nas famílias de músicos da Guiné, do Senegal e do Mali, na África Ocidental.

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Sábado – 20h00 B24 – Sala Almada Negreiros Rota do Sul João Alvarez Rota do Sul João Alvarez, Tiago Inuit Cais das Colunas João Alvarez, Tiago Inuit El Kebir Carlos Paredes Mudar de Vida (Música de Fundo) João Alvarez Tormenta João Alvarez, Tiago Inuit, Maria Ana Bobone Perdida de Mim Tiago Inuit Sr. Zaid João Alvarez, Tiago Inuit Célticas João Alvarez, Tiago Inui Suão João Alvarez & Tiago Inuit João Alvarez guitarra portuguesa Tiago Inuit baixo Otto Pereira violino Ramon Barrera guitarra flamenca Marco Santos percussão

Rota do Sul é a representação duma viagem musical, onde João Alvarez e Tiago Inuit nos guiam através de sonoridades distintas, desde o flamenco andaluz à música árabe, tendo como base a herança de um repertório dedicado à guitarra portuguesa. Sábado – 22h00 B25 – Sala Almada Negreiros DSCH na Rússia Piotr Ilitch Tchaikovsky: Souvenir d’un lieu cher, op. 42, para violino e piano I. Méditation / II. Scherzo / III. Mélodie Sergei Rachmaninov: Duas Peças (Romance e Valsa), para piano a 6 mãos I. Romance / II. Valsa Dmitri Schostakovich: Trio n.º2, op. 67, para piano, violino e violoncelo I. Andante / II. Allegro con brio / III. Largo / IV. Allegretto DSCH – Schostakovich Ensemble Filipe Pinto-Ribeiro piano e direção artística Corey Cerovsek violino Adrian Brendel violoncelo Rosa Maria Barrantes piano

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Nesta viagem musical pela Rússia, o DSCH encontra três dos seus maiores compositores: Piotr Ilich Tchaikovsky, Serguei Rachmaninov e, claro, Dmitri Schostakovich, homenageado no nome do ensemble desde o ano da sua fundação, em 2006, precisamente no ano do centenário do seu nascimento. De Tchaikovsky, interpretaremos Souvenir d’un lieu cher (Recordação de um lugar querido), op. 42, um conjunto de três peças muito inspiradas para violino e piano, compostas em Brailovo, na sumptuosa propriedade da mecenas do compositor, a Sra. von Meck. Brailovo é o “lugar querido” onde Tchaikovsky terminou a convalescença do seu casamento frustrado. De Rachmaninov, escolhemos uma raridade: as duas peças para piano a seis mãos, compostas em 1890-91 e dedicadas às três irmãs Skalon. A enérgica Valsa foi composta sobre um tema da autoria de uma das três irmãs, Natalia, e o inspirado Romance contém uma belíssima introdução que viria a ser utilizada pelo compositor no famoso início do segundo andamento do seu Concerto N.º 2 para piano e orquestra. Para encerrar a viagem, uma obra-prima de Schostakovich: o poderoso Trio op. 67, composto durante os anos da II Grande Guerra. É uma obra profundamente associada ao sofrimento pessoal causado pela morte de um amigo muito próximo, o musicólogo Ivan Ivanovich Sollertinsky, a cuja memória é dedicado este Trio, que vem na linha dos Trios elegíacos de Tchaikovsky e Rachmaninov. Sabendo da morte súbita e inesperada do seu amigo, Schostakovich começou de imediato a compor o Trio e escreveu numa carta a I. Glickmann: “Não tenho palavras para expressar a dor que me atormenta. Ivan Ivanovich não está mais entre nós... É muito difícil ultrapassar este sofrimento…”. FILIPE PINTO-RIBEIRO

SÁBADO SALA FERNANDO PESSOA

Sábado – 14h00 B26 – Sala Fernando Pessoa Os Sons da Índia Raga Charukeshi Alap / Jod / Jhala / Vilambit Gat / Madhya Laya Gat / Drut Gat Tema instrumental popular Dhun Paulo Sousa sitar Francisco Cabral tablas

Paulo Sousa, etnomusicólogo, é um dos músicos portugueses que mais tem divulgado o sitar e a música hindustânica em Portugal, através dos muitos concertos a solo e colaborações que realizou na última década. Destacam-se os trabalhos LisGoa, com António Chaínho, e Krishna – O Amante Divino com a bailarina de Bharat Natyam Tarikavali. Foi aluno do mestre de sitar e rudravina Pandit Hindraj Divekar, na cidade de Puna, Índia, onde permaneceu cerca de um ano, ao abrigo de uma bolsa da

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Fundação Oriente. Para além das atuações, tem sido convidado para conferências sobre o sitar e a música hindustânica em várias instituições académicas e culturais. A sua abordagem a este instrumento revela um perfil eclético, resultado do seu percurso por diferentes géneros musicais. Neste concerto será acompanhado por Francisco Cabral, tablista discípulo de Raimund Engelhardt e Arvind Kumar, ambos da Benares Gharana. Sábado – 16h00 B27 – Sala Fernando Pessoa Volta ao mundo em 40m - O que acontece quando 4 clarinetistas a 1 percussionista se juntam? Luís de Freitas Branco Fandango Isaac Albéniz Cádiz Eric Satie Je te Veux Giacomo Puccini Quando me’n vo Mike Curtis Bulgarian Bat Bite Sem Autor Olhos Negros Eino Kettunnen Levan Polkka George W. Botsford Balck and White Beatriz Lockhart Estampas Criolas Darius Milhaud Brazileira Astor Piazzolla Soledad Luís Morais Mindelo Vítor de Faria Fado a 4 Quarteto Vintage Iva Barbosa / João Moreira / José Eduardo Gomes / Ricardo Alves clarinetes com Luis Arrigo percussões Mário João Alves conceção cénica e textos Revivendo o imaginário infantil de cada um, e inspirados por Júlio Verne, cinco amigos decidem partir numa viagem musical à volta do mundo. Esta viagem do Quarteto Vintage e de Luís Arrigo ilustra a alma de cada um dos países que visitam, contando memórias e sensações. Este concerto, com a conceção cénica de Mário João Alves, desafiará o ouvinte a interagir com os músicos num ambiente bem diferente do tradicional, onde os elementos cénicos e teatrais terão um grande destaque. Mais uma vez, o Quarteto Vintage procura novas formas de expressão e sonoridades que conduzirão o ouvinte numa viagem inesquecível. IVA BARBOSA

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Sábado – 18h00 B28 – Sala Fernando Pessoa A latinidade Luigi Boccherini Quinteto para guitarra e quarteto de cordas n.º 4 em Ré maior Fandango I. Pastorale / II. Allegro maestoso / III. Grave assai – Fandango Armandinho Meditando / Maldito Fado/ Fado Armandinho Pedro Jóia Variações sobre fado corrido / Tangos Flamencos Paco de Lucia Ziryab

Quarteto Arabesco

Denys Stetsenko violino Raquel Cravino violino Lúcio Studer violeta Ana Raquel Pinheiro violoncelo com

Pedro Jóia guitarra

O guitarrista Pedro Jóia e o Quarteto Arabesco apresentam um programa onde se redescobre e reinventa de forma ousada um apaixonante e vasto repertório de origem ibérica, apresentadas aqui num jogo intenso entre a guitarra e o quarteto de cordas. Interpreta-se de Luigi de Boccherini o quinteto para guitarra e quarteto de cordas Fandango, composto em Madrid, durante a sua longa estadia neste país. Ao estilo galante do século XVIII, encanta pelas suas melodias cheias de charme e emoções tempestuosas, assim como pela variedade de ritmos sincopados típicos das danças espanholas. Armando Freire Salgado, conhecido por Armandinho, foi um exímio instrumentista da guitarra portuguesa, um inovador e iniciador da escola de guitarra que hoje conhecemos. Compositor de fados que hoje todos conhecemos e variações para guitarra, a suavidade e subtileza das suas melodias são icónicas. Pedro Jóia foi vencedor do Prémio Carlos Paredes 2008 pelo seu trabalho À Espera de Armandinho. Apresentam-se várias composições de Armandinho, em arranjos de para guitarra e quarteto de cordas. Para finalizar, apresentam-se temas de Pedro Jóia e Paco de Lucía, onde brilha a linguagem característica da guitarra flamenca, em arranjos de absoluto brilhantismo.

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Sábado – 20h00 B29 – Sala Fernando Pessoa Um Trompete brasileiro – O encontro feliz entre o trompete e a guitarra no profundo som do Brasil Gileno Santana & Tuniko Goulart Pout Pourri Marchinhas de Carnaval / Espinha de Bacalhau / Ando Preocupado / Carinhoso / Dom Balanço / A Escolha / O Errante / Baião Nosso / Anjo da Guarda / Peguei a Reta / Minha Bahia / Malaco / Dorme Neném / Sonoroso / Na Glória Gileno Santana trompete Tuniko Goulart guitarra Dois talentosos músicos brasileiros juntam-se em torno da raiz profunda da sua música e temperam-na com um sabor muito especial. O trompete de Gileno Santana cria um som único, onde notas, ora intensas, ora suaves, se fundem em tons líricos de rara beleza. Tuniko Goulart dedilha a sua guitarra com uma mestria, um ritmo e uma delicadeza própria dos grandes músicos predestinados. O encontro feliz entre o trompete e a guitarra no profundo som do Brasil. Sábado – 22h00 B30 – Sala Fernando Pessoa Sons da América James “Blood” Ulmer voz e guitarra James “Blood” Ulmer está a comemorar 75 anos de vida da forma mais pessoal possível: a sós com a sua guitarra. Para todos os efeitos, é uma das mais idiossincráticas figuras da história do jazz. Como ele não há mais ninguém, ainda que muitos o tentem imitar. Este é um homem que se foi reinventando – e à sua música – ao longo de um percurso de décadas em que viu o seu estatuto único como guitarrista ser confirmado uma vez e outra. Segundo o crítico Greg Tate, o estatuto de quem surgiu como o “elo que faltava entre Wes Montgomery e Jimi Hendrix e entre os P-Funk e Mississippi Fred McDowell”. Ulmer desdenhou da segurança e do conforto de cada sucesso para mudar tudo. Aderiu ao método harmolódico de Ornette Coleman com o fito de ir mais além, estabelecendo uma nova forma de afinar o seu instrumento. Encheu o jazz de funk, de rock e mesmo de folk e até na cena norte-americana dos blues está a deixar marcas. Nenhum dos idiomas musicais da diáspora afro-americana sai incólume dos seus dedos: misturam-se, confundem-se e ficam profundamente renovados. É um gigante da música do século XX e deste início do XXI, independentemente de géneros e tendências.

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DOMINGO GRANDE AUDITÓRIO Domingo – 13h00 C1 – Grande Auditório Destinos cruzados Serguei Prokofiev Abertura sobre Temas Hebraicos Aaron Copland A Primavera dos Apalaches Darius Milhaud La Création du Monde Orquestra Académica Metropolitana Jean-Marc Burfin direção musical Caminhos Que Nos Levam... Este programa leva-nos aos EUA, ainda que não o faça pelos caminhos mais evidentes. Em 1918, Prokofiev obteve autorização para se deslocar para fora da União Soviética e atravessou o Atlântico. No ano seguinte, já em Nova Iorque, foi desafiado por um grupo de músicos russos judeus para escrever uma peça baseada em melodias hebraicas. Denominado Zimro, este agrupamento, composto por seis músicos, pretendia angariar fundos para a construção de uma escola de música em Jerusalém através das receitas dos seus concertos. Prokofiev escreveu esta obra, que mantém na versão orquestral, datada de 1934, a afetação lírica e o humor jocoso que caracterizam aquela tradição musical. De cariz bastante mais americano é a música de bailado assinada por Copland. A Primavera dos Apalaches é uma coreografia que Martha Graham fez estrear em 1944. O enredo desenvolve-se numa festa de primavera em torno de uma casa recém-construída para ser habitada por um jovem casal. Estão presentes a noiva, o agricultor seu noivo e, ainda, as figuras mais emblemáticas da tradição popular norte-americana: os crentes puritanos, o reverendo, a matriarca, o pioneiro, o cidadão e o abolicionista. Por fim, junta-se a música de um outro bailado, este estreado em Paris em 1923, com coreografia de Jean Börlin. La Création du Monde desenrolava-se a partir de uma história mitológica africana, mas Milhaud optou por fazer nela ecoar as sonoridades jazzísticas que havia escutado no ano anterior no bairro de Harlem, em Manhattan. RUI CAMPOS LEITÃO

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Domingo – 15h00 C2 – Grande Auditório A Escandinávia Carl Nielsen Helios Edvard Grieg Peer Gynt suite n.º 1 Jean Sibelius En saga Jean Sibelius Valse triste Orquestra Gulbenkian Frédéric Chaslin direção musical

Helios é a personificação do Sol na mitologia grega e foi esta figura que inspirou Carl Nielsen a compor esta obra. A peça foi escrita aquando de uma visita a Atenas, que então se juntou à sua mulher, Anne Marie Carl-Nielsen, que foi uma das primeiras escultoras que teve a permissão de criar cópias de baixos-relevos e estátuas no Museu da Acrópole de Atenas. A obra, dedicada ao compositor germano-alemão Julius Röntgen, um entusiasta pela música escandinava, foi concluída a 23 de abril de 1903 e teve a sua estreia a 8 de outubro do mesmo ano em Copenhaga, sob a direção do norueguês Johan Svendsen. O programa prossegue com Peer Gynt suite n.º 1, de Edvard Grieg. Peer Gynt consiste num vasto conjunto de excertos musicais, originalmente destinados à representação cénica da peça homónima escrita por Henrik Ibsen e estreada em 1876, na cidade de Oslo. No seu todo, é uma obra particularmente representativa da peculiaridade expressiva que caracteriza o legado do compositor, imensa na sua riqueza melódica e harmónica. Todavia, também ilustra exemplarmente a dificuldade histórica com que se depara a música lírica escandinava para se impor internacionalmente, em grande medida devida à dimensão filosófica dos seus textos. O concerto termina com duas obras de Jean Sibelius. En saga foi originalmente composta em 1892, mas o compositor fez várias revisões à obra ao longo da década seguinte, tendo a versão final ficado concluída em 1902. Um ano depois surge Valse triste, uma pequena peça orquestral, composta inicialmente para o espetáculo teatral Kuolema, da autoria do seu cunhado Arvid Järnefelt, ainda que tenha ficado muito mais conhecida como uma peça independente. Domingo – 17h00 C3 – Grande Auditório A Rússia Imperial Anatol Lyadov 8 Canções Populares Russas Alexander Glazunov Concerto para violino Alexander Borodin Danças Polovtsianas

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Orquestra Sinfónica Portuguesa Coro do Teatro Nacional de São Carlos Jan Wierzba direção musical Tatiana Samouil violino Este programa começa com 8 Canções Tradicionais Russas arranjadas para orquestra por Anatol Lyadov em 1906. O compositor Anatol Lyadov tinha como uma das suas grandes paixões a recolha de melodias populares russas, fazendo uso frequente desse material em muitas das suas obras. Em 1906 decide então compor uma suíte com fortes raízes nas tradições russas e o ponto de partida foi precisamente essa recolha de melodias populares. Dois anos antes, em 1904, Alexander Glazunov compôs o seu Concerto para violino, uma das suas composições mais populares. Dedicada ao violinista Leopold Auer, a obra teve a sua estreia na Russian Musical Society, em São Petersburgo, a 15 de fevereiro de 1905. O programa termina com as Danças Polovtsianas de Alexander Borodin, também elas das músicas mais conhecidas do compositor russo. Estas Danças Polovtsianas fazem parte da ópera Príncipe Igor, que Borodin deixou inacabada aquando da sua morte, tendo sido posteriormente completada por Alexander Glazunov e Nikolai Rimsky-Korsakov.

Domingo – 19h00 C4 – Grande Auditório Por terras de França Maurice Ravel Concerto para mão esquerda Maurice Ravel Concerto em Sol maior Orquestra Gulbenkian Frédéric Chaslin piano e direção musical

Este programa começa com o célebre Concerto para mão esquerda de Maurice Ravel, composto entre 1929 e 1930. A obra foi interpretada pela primeira vez em Viena, a 5 de janeiro de 1932, pelo pianista austríaco Paul Wittgenstein, tendo-a ainda interpretado em Paris, a 17 de janeiro de 1933, sob a direção do próprio Ravel. Maurice Ravel compôs este Concerto para mão esquerda sob o desafio de Wittgenstein, que tinha perdido o braço direito durante a Primeira Guerra Mundial mas que, mesmo assim, não quis dar por terminada a sua carreira, tendo proposto a Ravel que compusesse para si uma obra tendo em conta estas limitações. Nesta altura, Ravel encontrava-se a trabalhar numa outra obra, o Concerto em Sol maior, altamente influenciada pelas harmonias e idiomas do jazz, o que resulta de uma digressão que o compositor deu nos Estados Unidos em 1928.

Domingo – 21h30 C5 – Grande Auditório

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Concerto de Encerramento A Viagem de Phileas Fogg Edward Elgar Marcha de Pompa e Circunstância n.º 4 Giuseppe Verdi Cena Triunfal de Aida – Coro, Marcha, Ballet e Coro Léo Delibes Abertura e Dueto das Flores de Lakmé Giacomo Puccini Gira la Cote!... Perchè tarda la Luna! e Tu che di gel sei cinta de Turandot Giacomo Puccini Il Cannone del Porto!... Dueto das Flores e Coro à Boca Fechada de Madama Butterfly Aaron Copland Hoe-down de Rodeo Leonard Bernstein Abertura de Wonderful Town Edward Elgar Marcha de Pompa e Circunstância n.º 1, Land of Hope and Glory

Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa Domenico Longo direção musical Cristiana Oliveira soprano Cátia Moreso meio-soprano

Neste concerto traça-se através da música a rota de Phileas Fogg, o protagonista da Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne. Partimos da Londres vitoriana de Edward Elgar, cidade onde Phileas Fogg aposta que consegue dar a volta ao mundo em apenas 80 dias, e vamos rumo ao Egipto, palco da ópera Aida, de Giuseppe Verdi. Do Egipto vamos para a Índia, cenário da Lakmé de Léo Delibes, famosa pelo seu Dueto das Flores. Da Índia chegamos à China, onde se desenvolve a história de Turandot, de Giacomo Puccini, compositor que se apropriou da tão característica escala pentatónica para dar o colorido local. O mesmo Giacomo Puccini que nos retrata igualmente o destino seguinte de Philleas Fogg, o Japão da Geisha Cio-Cio San em Madama Butterfly. Nesta ópera ouvem-se os acordes do hino dos Estados Unidos, terra natal do comandante B. F. Pinkerton, com quem rumamos para a costa oeste da América do Norte. Aí chegados, assistimos a um Rodeo, com o Hoe-Down de Aaron Copland. É de comboio que avançamos para Nova Iorque, essa Wonderful Town retratada por Leonard Bernstein no seu musical. E com isto a grande dúvida: será que Philleas Fogg consegue voltar a Londres antes do fim do prazo? A rotação do planeta dá-lhe uma ajuda e… em Londres vence a aposta com a apoteose dum Land of Hope and Glory, de Edward Elgar.

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DOMINGO PEQUENO AUDITÓRIO Sábado – 13h00 C6 – Pequeno Auditório A Canção da Terra Gustav Mahler A Canção da Terra, versão de câmara de A. Schoenberg e R. Riehn I. Das Trinklied vom Jammer der Erde / II. Der Einsame im Herbst / III. Von der Jugend / IV. Von der Schönheit / V. Der Trunkene im Frühling / VI. Der Abschied

Ensemble Mediterrain Bruno Borralhinho direção musical Karolina Gumos, meio-soprano Fernando Guimarães tenor* Gabriel Adorján violino Laura Volkwein violino Madeleine Przybyl viola Marco Pereira violoncelo* Hiroaki Aoe contrabaixo Matthieu Gauci Flauta Fabian Schäfer oboé Iva Barbosa clarinete* Ricardo Ramos fagote* Luís Vieira trompa* Dunja Robotti piano Rui Sul Gomes percussão* Marco Fernandes percussão* * Músicos convidados

A Canção da Terra foi composta numa fase especialmente delicada da vida de Gustav Mahler, coincidindo com a morte de uma filha com apenas quatro anos e com a sua demissão da Ópera de Viena por pressões externas e com motivação supostamente antissemita. Baseada em textos da antologia A flauta chinesa, de H. Bethge, sobre poemas populares chineses, a obra é por muitos considerada a principal do compositor, de certa modo autobiográfica, e a sua Nona Sinfonia, justificando assim o subtítulo original de Symphonie für eine Tenor – und Alt-Stimme und Orchester. Esta fascinante versão para orquestra de câmara, iniciada por A. Schoenberg em 1921 e concluída em 1983 por R. Riehn, ocupa entretanto um lugar destacado no repertório camerístico: “A ambição de Schönberg [...] não tinha como objectivo uma nova interpretação, mas sim uma tentativa respeitosa, humilde e de grande dificuldade técnica de preservar o som original com uma incomparável economia de meios” (Riehn). O lugar passageiro que o Homem ocupa no mundo eterno, a solidão, a juventude, a beleza, a ilusão e, por fim, a despedida, são os temas dos seis maravilhosos andamentos desta obra que Anton Webern descreveu como “o percurso da vida e de quem a viveu, na alma de quem enfrenta a morte”. BRUNO BORRALHINHO [O AUTOR ESCCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA]

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Domingo – 15h00 C7 – Pequeno Auditório Este/Oeste Luigi Boccherini Concerto para Violoncelo em Ré maior, G. 479 Toru Takemitsu Requiem para Cordas Gioacchino Rossini Une Larme Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção musical Pavel Gomziakov violoncelo

Este é um programa essencialmente de cordas, primordialmente focado no violoncelo. O compositor e violoncelista italiano Luigi Boccherini tem uma vasta obra focada neste instrumento. Dos 12 concertos para violoncelo que o italiano compôs, um dos que mais se destaca é o Concerto para violoncelo em Ré maio, G. 479, que casa harmoniosamente com o carácter nostálgico do Requiem para Cordas do japonês Toru Takemitsu. Grande compositor erudito da segunda metade do século XX, Takemitsu é também conhecido pelas bandas sonoras de vários filmes de Akira Kurosawa. Este seu Requiem para cordas é uma obra caracteristicamente dramática e que foi descrita por Igor Stravinski como uma obra-prima. O programa termina com Une Larme, peça que Gioacchino Rossini compôs já numa fase mais tardia do seu percurso, mas sem renunciar a sua sagacidade teatral. Domingo – 17h00 C8 – Pequeno Auditório Novíssimo Cancioneiro Nuno Côrte-Real Novíssimo Cancioneiro – livro primeiro, op. 12 I. Muineira de Callobre / II. Oliveiras, Oliveiras / III. Nana, nana, meu menino / IV. Ó Laurinda, linda, linda / Interlúdio Alentejano / V. Oh! Bento Airoso / VI. Nana, nana, meu menino / VII. Bendita e louvada seja / VIII. Muineira de A Paínza / IX. Ai, ó divina Santa Cruz / X. Vou-me embora para Lisboa / XI. Nana, nana, meu menino / Interlúdio Trasmontano / XII. Ai, tu é que és o meu rapaz Coro Ricercare Pedro Teixeira maestro do coro Ensemble Darcos Nuno Côrte-Real direção musical Nuno Inácio flauta Emanuel Salvador violino Filipe Quaresma violoncelo

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Ercole de Conca contrabaixo Helder Marques piano

Música Popular vs. Música Erudita Desde sempre que os compositores se sentiram atraídos pela música popular e foram beber à sua fonte, procurando nela saciar uma imensa nostalgia pela terra, pelo povo ou pela imagem idílica de uma idade dourada irremediavelmente desaparecida. Podemos dizer que o fascínio provocado pela música popular levou à sua assimilação pelas formas eruditas, e a influência dessa intersecção acabou por ser um dos factores determinantes para a evolução da música ocidental. É sobretudo no século XIX, com a afirmação crescente das identidades nacionais, que se desenvolve o interesse pelas culturas populares. Acreditava-se que a cultura popular, bem como a língua, reflectia a identidade e a alma dos povos. Do cruzamento entre música popular e erudita o carácter da linguagem musical, que até aqui era homogéneo e universal, começa a fragmentar-se em dialectos nacionais. O característico, o pitoresco e o exótico contaminam e refrescam as formas da tradição clássica vienense, contribuindo para a sua renovação. Este movimento é levado mais longe no século XX quando o fascínio pela música popular, tornando-se mais pragmático e sistemático, ultrapassa os limites estreitos do nacionalismo. Os compositores procuram nas músicas primitivas e exóticas soluções para os problemas estéticos do seu tempo. Com o modernismo a arte derruba fronteiras políticas e geográficas, e torna-se global. É neste contexto de pluralidade e abertura que se inscreve Nuno Côrte-Real (n.1971) compositor da nova geração que melhor traduz o afastamento das poéticas radicais e académicas das pós-vanguardas, e que assume a música como um exercício de liberdade criativa e expressiva, que resulta da síntese de vários universos sonoros. No trabalho do compositor é possível verificar um interesse recorrente pela palavra e pela cultura portuguesa, bem como pela sua música tradicional, como é o caso da obra aqui apresentada, inspirada em melodias populares portuguesas. No entanto, deve-se salientar, que não se trata de uma mera colecção de música tradicional. Os materiais tradicionais servem como matéria-prima bruta, sujeita a um tratamento rigoroso através de técnicas e de uma construção formal típica da música erudita. Côrte-Real compôs o Novíssimo Cancioneiro, op.12, em 2001, num período de grande profusão criativa. Se num nível emocional a obra é ditada pela nostalgia, num nível mais técnico e musical é marcada por um desejo de ruptura com os dogmas académicos e pela vontade de afirmação de uma linguagem musical livre. Construído a partir de melodias tradicionais portuguesas, o ciclo, constituído por doze peças, inclui também duas danças galegas, as Muiñeiras, e dois exercícios originais de inspiração popular, os Intermezzi instrumentais. A organização e construção formal do ciclo obedecem a princípios rigorosos. A canção de embalar Nana nana, meu menino funciona como uma espécie de motivo condutor, sendo apresentado três vezes mas trabalhado de três maneiras distintas. EXCERTO DE TEXTO DE AFONSO MIRANDA [O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA]

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Domingo – 19h00 C9 – Pequeno Auditório Europa: o novo e o antigo Wolfgang Amadeus Mozart Abertura do Rapto do Serralho Miguel Azguime Illuminations [estreia absoluta] Wolfgang Amadeus Mozart Concerto para violino n.º 5 em Lá maior, K. 219, Turco Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção musical Tatiana Samouil violino Este programa começa com a Abertura do Rapto do Serralho, célebre ópera de Mozart, com libreto de Johann Gottlieb Stephanie der Jüngere. A sua estreia deu-se no Burgtheater, em Viena, a 16 de julho de 1781. A sua composição coincide com o período em que Mozart decidiu fixar-se permanentemente em Viena, de forma a chegar a um público mais vasto, sendo, de facto, a obra com que o compositor teve maior reconhecimento popular em vida. O concerto termina com outra obra de Mozart, o Concerto para violino n.º 5 em Lá maior, K. 219, Turco, composta em 1775, quando o compositor ainda residia em Salzburgo, tendo como apelido Turco uma vez que, no rondó final, Mozart integrou na composição um interlúdio em Lá menor, adaptado de uma peça composta por si em Milão, o que lhe dá um carácter próprio da música turca. Entre estas duas obras de Mozart, a Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida por Pedro Carneiro, vai ainda estrear uma obra de Miguel Azguime, compositor, poeta e percussionista português, também conhecido por ter fundado o Miso Ensemble, um dos mais importantes agrupamentos portugueses de música contemporânea.

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DOMINGO SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO Domingo – 13h00 C10 – Sala Luís de Freitas Branco À volta do mundo com Phileas Fogg Ludwig van Beethoven 5 variações sobre Rule, Britannia, WoO 79 Giuseppe Verdi / Franz Liszt Dança e Dueto Final de Aida Ignace Leybach Fantasia sobre Aida, op. 158 / Aouda, op. 274 Claude Debussy Nocturne; Pagodes, de Estampes Edward MacDowell Sea Pieces, op. 55 / To the sea / Starlight / Song / Nautilus [a propósito de outra obra de Verne] / In mid-ocean Ludwig van Beethoven 7 variações sobre God Save the King, WoO 78 Luísa Tender piano O programa deste recital inspira-se na aventura do misterioso Phileas Fogg em Le Tour du Monde en Quatre-Vingts Jours, de Júlio Verne. É extraordinário o que Mr. Fogg viu em oitenta dias. Mas mais notável é aquilo que conseguiu não ver, e aquilo que quase não viu, porque o herói de Verne é “de cette race d’Anglais qui font visiter par leur domestique les pays qu’ils traversent”. Fogg pára em Suez e não quer ver o Egipto, onde um ano antes desta aventura (passada em 1872) estreou Aida, de Giuseppe Verdi. Curiosamente não é Aida, mas sim Aouda – também princesa, mas indiana e do seu tempo – que capta a atenção do cavalheiro inglês. Depois de a salvar de uma morte brutal, Aouda acompanha o aventureiro até ao fim da viagem. Mas Fogg, aparentemente inacessível em matérias de amor, parece nunca se aperceber dos sentimentos de Auoda, nem mesmo nas passagens românticas em que contemplam juntos a calma da noite no Pacífico. Phileas Fogg não visita o Japão porque perde o barco de Hong-Kong para Yokohama. Atravessa a América com grande pressa e turbulência, sem tempo para apreciar o que MacDowell tão bem descreve na sua obra musical. Ao chegar ao seu país, depois de uma agitada travessia do mar, quase perde a aposta que o levou à volta do mundo: - “Vous êtes bien le sieur Phileas Fogg?” - “Oui, monsieur.” - “Au nom de la reine, je vous arrête.” Felizmente, no fim de tudo, Mr. Fogg é um vencedor. Talvez não tenha visto Suez ou Yokohama, mas ganhou a aposta e ganhou Aouda, que o fez feliz. “En vérité, ne ferait-on pas, pour moins que cela, le Tour du Monde?” LUÍSA TENDER

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Domingo – 15h00 C11 – Sala Luís de Freitas Branco Caminhando na Saudade Radamés Gnattali Canção e Dança Ronaldo Miranda Soneto da Separação Ronaldo Miranda Cantares Heitor Villa-Lobos Melodia Sentimental Heitor Villa-Lobos Canção de Amor Astor Piazzolla O Grande Tango Heitor Villa-Lobos Bachianas Brasileiras n.º 5 César Guerra-Peixe De Viola e Rabeca (Mourão) Ana Paula Russo soprano José Staneck harmónica Jed Barahal violoncelo Christina Margotto piano Uma aposta na busca de diferentes sonoridades e novas formas de expressão é a razão para a formação deste inusitado quarteto. A expressividade marcante da voz da soprano Ana Paula Russo, enlaçada pelo som da gaita de José Staneck, transfere à música de Heitor Villa-Lobos, Guerra-Peixe, Radamés Gnattali, Ronaldo Miranda e Astor Piazzolla toda a energia das músicas tradicionais do Brasil e da Argentina; o violoncelo de Jed Barahal reproduz o calor da voz humana das canções mais intensas; e Christina Margotto, no piano, estabelece a ponte que integra a diversidade tímbrica de cada obra, e é neste contexto que o quarteto apaixonadamente se passeia pelo repertório escolhido. A arte destes compositores assemelha-se por uma identidade nacionalista, inspirada na música tradicional dos dois países. Villa-Lobos nos cantos populares, na cultura indígena e no folclore brasileiro, Guerra-Peixe no folclore nordestino, Radamés Gnattali na música urbana (o choro, por exemplo) e Astor Piazzolla no tango, caracterizando-se pela potência estética e um traço único, impactante e sempre fascinante. Com um olhar extremamente crítico, tanto das suas obras como de tudo o que acontecia, e participando nos movimentos culturais mais importantes das suas épocas, estes compositores deixaram-nos um importante legado artístico.

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Domingo – 17h00 C12 – Sala Luís de Freitas Branco The Rights of Man John Playford Excertos de The English Dancing Master: Bobbing Joe / Rights of Man / Black and Grey / An Italian Rant / Prince Rupert’s March & Prins Robbert Masco / Wallom Green Henry Purcell Suite extraída de The Fairy Queen Symphony of the swans / Dance for the green men / Rondeau / First act tune – Hornpipe / Third act tune – Hornpipe / First Act Tune: jig / Chaconne (Dance for the chinese man and woman) Johann Sebastian Bach Prelúdio instrumental à cantata dos camponeses Mer hahn en neue Oberkeet, BWV 212 Georg Philipp Telemann Concerto para traverso e flauta de bisel, TWV 52:e1 Largo - Allegro - Largo - Presto Os Músicos do Tejo António Carrilho flauta de bisel Adriana Ferreira flauta transversal Marta Araújo cravo e direção artística Marcos Magalhães cravo e direção artística Tera Schimizu violino Álvaro Pinto violino César Nogueira viola Ana Raquel Pinheiro violoncelo Pedro Wallenstein contrabaixo

Um programa que demonstra várias ligações entre música popular e música erudita, mas também entre música totalmente escrita e música que apela à imaginação e capacidade de improvisação dos músicos. Nas danças que Playford recolheu e editou – unicamente sob a forma de melodia sem acompanhamento – encontramos algumas Jigs e Hornpipes que ainda hoje são tocadas pelos músicos populares irlandeses e cujos padrões rítmicos e ambiente melódico também reconhecemos nas peças, contrapontisticamente luxuriantes, de Purcell. No concerto de Telemann e no prelúdio instrumental à cantata dos camponeses de Bach sentimos a influência viva da música das franjas da Europa, neste caso, possivelmente, os violinos ciganos da Transilvânia, tão próximos daquelas paragens germânicas.

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Domingo – 19h00 C13 – Sala Luís de Freitas Branco DSCH na América George Gershwin Suite de Porgy and Bess (arr. Heiffetz), para violino e piano I. Summertime and A Woman is a Sometime Thing / II. My Man’s Gone Now / III. It Ain’t Necessarily So / IV. Bess, You is My Woman Now / V. Tempo di Blues Samuel Barber Souvenirs, op. 28 (seleção), para piano a 4 mãos I. Waltz / II. Hesitation – Tango / III. Galop Astor Piazzolla Grand Tango, para violoncelo e piano Leonard Bernstein Trio para piano, violino e violoncelo I. Adagio non troppo – Più mosso – Allegro vivace / II. Tempo di marcia / III. Largo – Allegro vivo e molto ritmico DSCH – Schostakovich Ensemble Filipe Pinto-Ribeiro piano e direção artística Corey Cerovsek violino Adrian Brendel violoncelo Rosa Maria Barrantes piano

Gershwin, Barber, Piazzolla e Bernstein estão, sem dúvida, entre os mais importantes e reconhecidos compositores do continente americano. Escolhemos começar esta viagem musical do DSCH na América com uma suite de canções da ópera Porgy and Bess, obra-prima de George Gershwin, aqui num excelente arranjo para violino e piano da autoria de Jascha Heifetz, considerado por muitos o maior violinista do séc. XX. A herança de Gershwin é fortíssima, como denota a sua influência na música que o sucedeu, da erudita ao jazz. De Samuel Barber, interpretaremos uma seleção de peças de Souvenirs, obra original para piano a quatro mãos, composta em 1952 e que viria a ser orquestrada para um bailado. O compositor propõe-nos imaginar um cenário reminiscente do Hotel Plaza, em Nova Iorque, em 1914, época dos primeiros tangos, evocados no seu Hesitation-Tango. Ora, com Astor Piazzolla foi aberto um novo capítulo na história do tango argentino, o chamado “nuevo tango”. Le Grand Tango, para violoncelo e piano, foi composto em 1982, para o grande violoncelista russo Mstislav Rostropovich, e é uma obra emblemática do novo tango de Piazzolla, em que mistura ritmos tradicionais do tango com elementos da música erudita e do jazz. Para terminar a nossa viagem pela América, escolhemos o Trio de Leonard Bernstein, uma obra que compôs com apenas 19 anos e em que inclui já muitas das características intrínsecas da sua linguagem musical: elementos de blues e jazz, motivos populares, virtuosismo, humor, energia exuberante… O Trio data de 1937, precisamente o ano da morte de Gershwin, ídolo musical de Bernstein que viria a reconhecer que esse acontecimento trágico foi o momento crucial em que se tornou verdadeiramente compositor. FILIPE PINTO-RIBEIRO

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DOMINGO SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER Domingo – 13h00 C14 – Sala Sophia de Mello Breyner Anos de Peregrinação: III Ano Franz Liszt Anos de Peregrinação: III Ano Louis Lortie piano É o Liszt viandante, observador e admirador da paisagem, de um quadro, de um livro, mas também cristão e, como o título indica, peregrino, que encontramos nas três Années de pèlerinage, cadernos escritos durante um longo período de tempo (1836-1883), testemunhos de uma vida sempre em viagem, sempre à descoberta. Liszt não só foi o mais famoso pianista de todos os tempos, como foi também um dos compositores mais importantes e inovadores do final do século XIX. Esta obra, monumental, é de certa forma o seu diário gráfico musical. Louis Lortie interpreta aqui o terceiro caderno desta obra.

Domingo – 15h00 C15 – Sala Sophia de Mello Breyner Alemanha Revisitada Ludwig van Beethoven/Franz Liszt An die Ferne Geliebte Robert Schumann Fantasia, op. 17 Eldar Nebolsin piano An die ferne Geliebte foi composto por Beethoven em 1816 e é considerado o primeiro exemplo de um ciclo de canções da autoria de um grande compositor. Este ciclo de canções foi dedicado ao príncipe Joseph Franz von Lobkowitz. As canções expressam uma certa saudade e resignação, sendo estes uma reflexão dos sentimentos de Liszt quando fez a transcrição para piano em 1849. E, segundo escreveu Misha Donat na BBC Music Magazine, Robert Schumann considerava An die ferne Geliebte um símbolo da separação forçada da sua amada. Por sua vez, a Fantasia, op. 17, do próprio R. Schumann, tem a sua origem numa peça intitulada Ruines, que expressa a sua angústia por se ter visto forçosamente separado da sua amada Clara Wieck (que mais tarde de tornaria a sua esposa). Mais tarde, esta peça tornou-se o primeiro andamento desta Fantasia. A obra foi primeiro composta em 1836 e revista em 1839, aquando da sua publicação, tendo então sido dedicada a Franz Liszt. É muitas vezes considerada uma das mais importantes obras para piano solo de Schumann e um dos trabalhos centrais do período inicial do romantismo.

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Domingo – 17h00 C16 – Sala Sophia de Mello Breyner À Volta de Chopin em dois mundos Mozart Fantasia em Ré menor, K397 Chopin Escocesa em Ré maior, op. 72, n.º 1 Mozart Rondó em Ré maior, K485 Chopin Valsa em Lá menor, op. 34, n.º 2 Chopin Prelúdio em Lá maior, op. 28, n.º 7 Mozart Rondó em Lá menor, K511 Bach Prelúdio em Dó maior n.º 1 (Cravo Bem Temperado I) Chopin Estudo em Dó maior , op. 10, n.º 1 Bach Prelúdio em Mi menor n.º 11 (Cravo Bem Temperado I) Chopin Estudo em Mi bemol menor, op. 10, n.º 6 Bach Prelúdio em Ré maior nº 5 (Cravo Bem Temperado I) Chopin Estudo em Fá maior, op. 10, n.º 8 Bach Prelúdio em Dó menor n.º 2 (Cravo Bem Temperado I) Chopin Estudo em Dó menor, op. 25, nº 12 Josep Colom, piano A ideia deste programa é mostrar as afinidades da música de Chopin com a dos seus modelos passados, Mozart e Bach, num diálogo musical constante. Os pontos em comum entre Mozart e Chopin são muitos: o seu amor pela ópera com a consequente veia melódica inesgotável, a sua modéstia e equilíbrio em expressar sentimentos ou estados de humor, a sua ousadia e originalidade com modulações cromáticas que, por vezes, são de uma grande complexidade analítica, e, por fim, a sua capacidade em ser acessível ao público mais generalista, sem perder qualidade ou profundidade. Talvez a obra que melhor ilustre esta comunhão espiritual entre Mozart e Chopin seja o Rondó em Lá menor, que é, sem dúvida, a obra mais chopiniana composta antes ainda do nascimento do próprio Chopin. Quanto a Bach, sabemos que Chopin o admirava profundamente e estudava frequentemente a sua obra magna para teclado, o Cravo Bem Temperado. É, portanto, natural que haja semelhanças de desenho, progressões e técnica composicional entre muitos dos prelúdios de Bach e os estudos de Chopin. Pode parecer arbitrário separar os prelúdios das fugas às quais Bach os associou, mas desta forma as correspondências entre os compositores soam mais claras. Este programa a solo mostra somente alguns exemplos entre muitos outros que se poderia encontrar.

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Domingo – 19h00 C17 – Sala Sophia de Mello Breyner Anos de Peregrinação: II Ano, Itália Franz Liszt Anos de Peregrinação: II Ano, Itália Louis Lortie piano É o Liszt viandante, observador e admirador da paisagem, de um quadro, de um livro, mas também cristão e, como o título indica, peregrino, que encontramos nos três Anos de Peregrinação, cadernos escritos durante um longo período de tempo (1836-1883), testemunhos de uma vida sempre em viagem, sempre à descoberta. Liszt não só foi o mais famoso pianista de todos os tempos, como foi também um dos compositores mais importantes e inovadores do final do século XIX. Esta obra, monumental, é de certa forma o seu diário gráfico musical. Louis Lortie interpreta aqui o segundo caderno desta obra.

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DOMINGO SALA ALMADA NEGREIROS Domingo – 13h00 C18 – Sala Almada Negreiros Portugal e Goa Tradicional de Goa Farar far Tradicional de Goa Tsoiai rê Tradicional de Goa Yaya Mayaya Tradicionais de Goa Tuká/kaiboreló Manuel Freire; Arranjo Carlos Garcia Eles Tradicionais Portuguesas Rapsódia Portuguesa Maria Virginia Braz Gomes/Jerónimo Silva Canções de embalar Tradicionais de Goa Chintun Fuddar/dulpodas Tradicionais de Goa Surya/Cheddua-gô Torquato de Figueiredo Adeus Portugoesas Verónica Milagres soprano Carolina Figueiredo meio-soprano Carlos Garcia piano

O trio PortuGoesas traz-nos uma viagem até Goa, o mais pequeno estado da Índia. Onde o concanim é a língua que se fala, mas onde a língua portuguesa também é trocada, em conversa casual, de cada vez que se sabe que o viajante fala português. Afinal de contas, foram mais de quatrocentos anos de ocupação e as marcas ainda são visíveis. Na paisagem, nas gentes e nos costumes. Nas canções. Esta é uma viagem às origens das cantoras. Um passeio pela música que ainda hoje é cantada pelo povo, pelas famílias goesas, seja em cerimónias ou festas populares. Canções numa língua longínqua, pontuada também pela apropriação do vocabulário português. Uma herança que resiste e se faz de mnemónicas musicais e que o PortuGoesas se honra de perpetuar. Domingo – 15h00 C19 – Sala Almada Negreiros Uma Parceria Israelo-Palestiniana Paul Ben Haim Canzonetta Sameer Odeh Tamimi AMAL Wissam Joubran A piece for piano solo Canção tradicional judaica Hava Nagila Avner Dorman Karsilama

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Canção clásica israelita Jerusalem of gold (arranjo de Duo Amal) Canção popular árabe Bint al Shalabiya (arranjo de Duo Amal) Duo Amal Bishara Haroni piano Yaron Kohlberg piano

Paul Ben Haim é um dos principais compositores israelitas de sempre. Nasceu na Alemanha e emigrou para Israel antes ainda do eclodir da Segunda Guerra Mundial. A sua música combina influências dos compositores clássicos alemães e um sabor a Médio Oriente. A Canzonetta sabe a deserto, que é uma grande parte do cenário de Israel. Este é o último andamento da sua Sonatina e é uma dança rítmica com influências orientais. Odde Tamimi é compósito, mas também pintor, descrevendo-se, por vezes, que o próprio “pinta” abstratamente com a sua música. Esta peça contém camadas de acordes e sons, recorrendo ainda abundantemente às cordas interiores do piano e aos diferentes pedais. Wissam Jibran é um jovem compositor palestiniano. Ele compôs esta peça num estilo moderno, tentando explorar os diferentes efeitos sonoros que se podem extrair do piano. A célebre canção tradicional judaica Hava Nagila era originalmente uma música hassídica, sendo que no século XX foram-lhe acrescentados versos. Hava Nagila significa, em hebreu, “vamos ser felizes”. Karsilama, de Avner Dorman, é uma dança turca com variações compostas em 2011 para o Duo Amal. Jerusalem of Gold é uma canção clássica israelita originalmente composta pelo reconhecida poeta Naomi Shemer. A canção é sobre a beleza da cidade de Jerusalém. A versão para piano foi desenvolvida por Alexey Kurbatov. Bint al Shalabiya é uma canção popular árabe da cantora Fairuz. É conhecida por todo o mundo árabe como uma das mais populares canções populares árabes de todos os tempos. A transcrição foi feita por Alexey Kurbatov. Domingo – 17h00 C20 – Sala Almada Negreiros Concerto das três Culturas Eduardo Ramos Princesa do Arade Tema tradicional árabe L´Aman Bada Tema tradicional galaico-português Três Moças Tema tradicional sefardita Fel Shara Canet Eduardo Ramos Jasmim em Flôr Tema tradicional sefardita Hija Mia Cantigas de Santa Maria do século XIII Strela do Dia Eduardo Ramos Salam

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Eduardo Ramos e convidados Eduardo Ramos canto, alaúde árabe Carlos Mendonça flauta Baltazar Molina darbuka e tar O programa musical será Concerto das três Culturas, no qual Eduardo Ramos cantará e tocará com os seus convidados cantigas galaico-portuguesas, sefarditas e peças de música árabe. Esta é uma abordagem à época medieval, quando as culturas cristã, árabe e judia sefardita conviviam ao nível da música e da poesia. Domingo – 19h00 C21 – Sala Almada Negreiros Fusão de culturas Rabih Abou-Khalil Trio Rabih Abou Khalil oud (alaúde árabe) Luciano Biondini acordeão Jarrod Cagwins bateria e percussões

Rabih Abou-Khalil afirmou-se como um compositor original, não apenas porque se encontra à frente do seu tempo, mas também porque questiona os caminhos pelos quais outros podem seguir sem uma grande reflexão. Com a sua original técnica composicional, caracterizando-se por uma abordagem sem restrições, que ousadamente aborda a música clássica ocidental e a música árabe, Rabih Abou-Khalil encontrou uma linguagem musical complexa rítmica e melodicamente, que apenas lhe pertence a ele, soando, paradoxalmente, estranha e familiar. Esta linguagem parece quebrar com quase todos os idiomas musicais existentes. Como instrumentalista, Abou-Khalil explora continuamente novas formas de tocar o seu instrumento. Recorrendo a técnicas adquiridas pelos seus estudos de música clássica, assimilando-os no seu crescimento musical árabe, Abou-Khalil alcançou um nível de mestria instrumental sem precedentes. O seu virtuosismo deslumbrante levou a que vários críticos musicais recomendassem para estudo, por parte dos guitarristas de jazz, a sua forma de tocar. Por sua vez, as suas baladas reavivam o carácter poético da cultura árabe, sem nunca soarem tradicionalistas ou pouco aventurosas.

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DOMINGO SALA FERNANDO PESSOA Domingo – 13h00 C22 – Sala Fernando Pessoa Volta ao Mundo em 20 Flautas e 1 Violoncelo Sören Sieg African Suite / Ka go sale moso / Noka ee tona / Borakalano Andreia Pinto Correia Sobre um quadro de Júlio Pomar Benjamin Thorn The Voice of the crocodile (excerto) Markus Zahnhausen Fantasia all’unisono J. M. Leclair Badinage Michael Colquhoun Charanga (excerto) Tema tradicional Irlandês (séc. XIX) Birthday Jig Tradicional nativo-americano (séc. XX) Winter snows Maki Ishii Black Intention (excerto) Johannes Ciconia Una panthera Pixinguinha Um a zero Syrinx: XXII António Carrilho flautas de bisel barrocas e renascentistas, eagle recorders e flauta irlandesa Katharine Rawdon flautas transversais, flauta irlandesa, traverso e flauta nativo-americana Catherine Strynckx violoncelo e violoncelo barroco

A invocação de uma viagem por paisagens do mundo e por mundos cronologicamente distantes, Syrinx: XXII convida o público a fruir de diferentes culturas e sonoridades, escolas e estilos. O objetivo primordial neste espetáculo é dar a conhecer tradições dos quatro cantos do mundo numa interpretação original e repleta de liberdades artísticas, numa atitude de “carte-blanche” e dando azo às mais atrevidas e inovadoras combinações. Os arranjos são da autoria de Syrinx: XXII. Tal como a própria Humanidade, a nossa viagem inicia-se a partir do continente africano, com músicas de inspiração africana, primeiro de Sören Sieg, e segundo com a compositora portuguesa Andreia Pinto-Correia, que se inspira no Magrebe. Da Austrália chega The voice of the crocodile, de Benjamin Thorn, uma paráfrase dum excerto de Song of Songs (a voz da tartaruga ouvida em terra), mas nesta obra com uma troca de réptil, sendo o crocodilo o objeto da escrita rítmica e rápida da obra e muito sugestiva. Chega-se à Europa com o seu rigor das técnicas de composição que datam da barroca. Primeiro com Markus Zahnhausen e a sua Fantasia all´unissono. Depois, num salto quântico, vamos até à França do século XVIII com J. M. Leclair, compositor da época de ouro da flauta traverso. Voltando ao século XX, a Charanga, de Michael Colquhoun, brinca com a música folclórica urbana cubana – salsa. Também em espírito folclórico, segue-se a Birthday Jig, música tradicional para pífaros irlandeses. E voltando à América, terminamos este grupo com uma música tradicional dos Americanos Nativos, Winter Snows.

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Da paz e das vistas abertas desta América quase mítica, saltamos para o Japão, com a sua realidade moderna: a ideia fulcral desta obra de Maki Ishii é retratar a reação das pessoas aos problemas do quotidiano. A adversidade e desigualdade na vida trazem consequências negativas. De Johannes Ciconia, mestre compositor flamengo que viveu em Pádua, chega-nos um madrigal a três vozes alusivo à fundação da cidade de Lucca por uma pantera armada e na companhia do deus da guerra, Marte. Para festejar o fim do concerto, vamos até ao Brasil e à música de Pixinguinha. Mestre da música popular brasileira e do choro em particular, escreveu Um a Zero em conjunto com Benedito Lacerda. O nome refere-se a um jogo de futebol famoso de 1919, para comemorar o primeiro campeonato internacional de futebol no jogo ganho pelo Brasil ao Uruguai. E tudo isto à distância de 20 flautas e dois violoncelos, intimamente a três vozes. Domingo – 15h00 C23 – Sala Fernando Pessoa Uma Tarde com a Música Húngara Béla Bartók (Arranjo Katona Twins): Rumanian Folk Dances; Evening in Transylvania; Allegro Barbaro Péter Katona: Meditation and Passacaglia; The Brothers Karamazov Zoltán Kodály (Arranjo Katona Twins): Dances of Galánta Béla Bartók e Zoltán Kodaly estão entre os mais célebres compositores húngaros do século XX. Os seus estudos profundos das canções tradicionais não só revolucionaram o conhecimento neste campo mas também lhes deu fontes muito ricas para o seu próprio trabalho criativo. O estilo composicional homogéneo de Kodály mistura-se com a música camponesa húngara e com a música ocidental. Bartók foi mais influenciado pelos elementos progressivos da linguagem musical contemporânea e o seu interesse estendeu-se ao folclore musical dos países vizinhos da Europa de Leste e até aos territórios árabes e turcos. O material utilizado em Romanian Folk Dances foi recolhido por músicos romenos e ciganos da Transilvânia, enquanto os temas de Evening in Transylvania são as próprias invenções de Bartók no estilo das músicas populares húngaras. Allegro Barbaro é característico do seu estilo, repescando sons da música camponesa húngara e romena, cruzando-os com a experimentação avant-garde. Dances of Galanta, de Kodály, é baseado na música tradicional de Galant, que agora faz parte da Eslováquia, onde Kodály viveu durante vários anos. A maioria das peças utilizadas são próprias do estilo verbunkos, criado como música de recruta militar, tornando-se parte da tradição popular húngara no início do século XIX. O legado musical de Bartók e Kodály deixa uma marca em cada músico húngaro. Sinto que é praticamente impossível escapar à utilização subconsciente de temas musicais tradicionais, ainda que eles surjam nas minhas composições de forma inteiramente não intencional. Meditation & Passacaglia é baseado numa sequência harmónica com

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uma melodia recorrente e The Brothers Karamazov é uma descrição musical de personagens antagónicas do célebre romance de Dostoevsky. Peter Katona

Katona Twins Peter Katona guitarra Zoltan Katona guitarra

Domingo – 17h00 C24 – Sala Fernando Pessoa Estética Romântica Anton Webern Langsamer Satz Bedrich Smetana Quarteto de Cordas em mi menor Da minha vida Quarteto de Cordas de Sintra Nelson Nogueira violino Romeu Madeira violino Eurico Cardoso viola d’arco Abel Gomes violoncelo O Quarteto de Cordas de Sintra apresenta um programa com uma das obras fundamentais do romantismo europeu, o Quarteto de Cordas em mi menor Da minha vida, do compositor checo Bedrich Smetana. A obra, considerada como um dos expoentes máximos na escrita para quarteto de cordas, apresenta-nos uma linguagem densa e tecnicamente complexa, mas simultaneamente contida e emocional, retratando autobiograficamente a vida do compositor. Como introdução ao concerto, será interpretada outra obra que, embora já escrita no século XX, ainda se encontra dentro da estética do romantismo: Langsamer Satz, de Webern. Anton Webern, compositor austríaco e um dos percursores do atonalismo, juntamente com Schönberg, regressa nesta obra escrita em 1905, ao tonalismo puro, numa escrita que se desenvolve de forma fluida, refletindo o estado de alma do compositor que, neste período, realizava uma idílica viagem às montanhas austríacas com Wilhelmine Mörtl, com quem viria a casar. Langsamer Satz é uma verdadeira ode musical ao amor. Domingo – 19h00 C25 – Sala Fernando Pessoa

Sons da América James “Blood” Ulmer voz e guitarra James “Blood” Ulmer está a comemorar 75 anos de vida da forma mais pessoal possível: a sós com a sua guitarra. Para todos os efeitos, é uma das mais

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idiossincráticas figuras da história do jazz. Como ele não há mais ninguém, ainda que muitos o tentem imitar. Este é um homem que se foi reinventando – e à sua música – ao longo de um percurso de décadas em que viu o seu estatuto único como guitarrista ser confirmado uma vez e outra. Segundo o crítico Greg Tate, o estatuto de quem surgiu como o “elo que faltava entre Wes Montgomery e Jimi Hendrix e entre os P-Funk e Mississippi Fred McDowell”. Ulmer desdenhou da segurança e do conforto de cada sucesso para mudar tudo. Aderiu ao método harmolódico de Ornette Coleman com o fito de ir mais além, estabelecendo uma nova forma de afinar o seu instrumento. Encheu o jazz de funk, de rock e mesmo de folk e até na cena norte-americana dos blues está a deixar marcas. Nenhum dos idiomas musicais da diáspora afro-americana sai incólume dos seus dedos: misturam-se, confundem-se e ficam profundamente renovados. É um gigante da música do século XX e deste início do XXI, independentemente de géneros e tendências.

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MINI DIAS DA MÚSICA Este ano está de regresso o minifestival Dias da Música em Belém, com orquestras sinfónicas, música de câmara e solistas, nas áreas da música erudita sempre de jovens para jovens. Esta ação testemunha a excelência da educação musical desenvolvida pelas instituições participantes, responsáveis por um acesso à música cada vez mais transversal na sociedade. Contaremos com a presença da Orquestra Sinfónica “Ensemble”, da Academia Musical dos Amigos das Crianças, da Escola de Música do Colégio Moderno e do Conservatório de Lisboa. Os concertos Mini Dias da Música são de entrada livre e vocacionados para as escolas. É necessário efetuar uma inscrição prévia: tel 213 612 899 ⁄ [email protected] Concertos de escolas, para escolas... Sexta-feira – 12h00 E1 – Grande Auditório Franz von Suppé Abertura Cavalaria Ligeira Joly Braga Santos Sinfonia n.º 1 I. Molto Sostenuto / II. Allegro Energico / III. Andante Molto Tranquillo / IV. Allegro Assai Orquestra Sinfónica “Ensemble” Cesário Costa direção musical Franz von Suppé já era um compositor reconhecido quando compôs, em 1866, a Cavalaria Ligeira, opereta em 2 atos, que estreou nesse mesmo ano em Viena. Os seus acordes iniciais, facilmente reconhecíveis, sugerem uma alvorada e remetem de imediato para um universo militar. A opereta é raramente executada, contudo, a sua abertura é uma das composições mais populares de Suppé, integrando o repertório de várias orquestras em todo o mundo e sendo o seu tema principal frequentemente utilizado como suporte musical em diversos media. Joly Braga Santos, compositor, maestro e crítico, um dos grandes nomes da cultura e figura ímpar na música portuguesa do século XX, deixou mais de 100 obras, entre as quais se destaca a sua música para orquestra. Enquanto jovem compositor inspirou-se na música tradicional portuguesa, nomeadamente no folclore e na polifonia renascentista, cujas influências estão bem patentes nesta primeira sinfonia, composta aos 22 anos de idade. A Sinfonia n.º 1, dedicada “Aos Heróis e Mártires da II Guerra Mundial”, foi estreada logo após a sua conclusão no Teatro Nacional de São Carlos, sob a batuta de Pedro de Freitas Branco.

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Sexta-feira – 10h30 E2 – Sala Luís de Freitas Branco ACADEMIA MUSICAL DOS AMIGOS DAS CRIANÇAS

Orquestra de Guitarras Duarte Lamas direção musical António Barbosa violino solo Karl Jenkins Concerto Grosso Palladio: I. Allegretto Andrew Forrest Joropo

Orquestra de Sopros Ana van Zeller direção musical Dmitri Shostakovich Gavotte / Melancoly ditty / Valsa das Flores Autor Anónimo (séc. XVI) Gaillarde de la Bataille

Orquestra de Cordas Juvenil Alexandre Delgado direção musical Ana Carolina Silva violino solo Alexandre Delgado Pequena Suite Laurissilva: A Levada - A Floresta - O Pombo Trocaz Christoph Willibald Gluck Três Danças do Bailado Don Juan: III. Allegretto Joseph-Hector Fiocco Allegro, op. 1, n.º 10 (arranjo Fernando Costa)

A Academia Musical dos Amigos das Crianças – Escola de Música Vecchi-Costa (AMAC) é uma escola de ensino vocacional de música, com autonomia e paralelismo pedagógicos, situada em Lisboa, na zona de Santos. A AMAC foi criada por Adriana de Vecchi em 1953, com o apoio de diversas personalidades, das quais se destacam o seu marido, Fernando Costa, professor e violoncelista, Sofia Abecasis e Ricardo Espírito Santo. Da orquestra de cordas da escola saíram, na década de 1960, os primeiros jovens para os quadros da antiga Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional. Outros alunos da AMAC seguiram carreiras musicais com reconhecido mérito artístico, muitos são solistas, compositores, professores e membros da Orquestra Gulbenkian e da Orquestra Sinfónica Portuguesa. Em 1985, a AMAC foi agraciada pelo governo português com a medalha de Mérito Cultural e em 2013 comemorou os seus 60 anos de atividade. Atualmente, a AMAC conta com quatro orquestras de alunos: uma Orquestra de Sopros, constituída por instrumentos do naipe das madeiras, com flautas e oboés; uma Orquestra de Guitarras e duas Orquestras de Cordas: a de Iniciados, para os alunos mais novos, e a Orquestra Juvenil, formada pelos alunos mais adiantados dos cursos de violino, violeta, violoncelo e contrabaixo.

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Sexta-feira – 10h30 E3 – Sala Almada Negreiros ESCOLA DE MÚSICA DO COLÉGIO MODERNO Violas do Moderno G.P.Telemann Concerto em Sol maior, IV andamento H. Arlen Over the Rainbow Violoncelos do Moderno T.H. Bayly Long, Long Ago S. Suzuki Andantino Violas e Violoncelos do Moderno G.F. Handel Bourré C.M. von Weber O Coro dos Caçadores S. Suzuki Moto Perpetuo / Allegro Temas tradicionais Canção de Maio / Canção das Crianças / Tia Rosa / Os Patinhos / O Balão do João S. Suzuki Canção Francesa A Escola de Música do Colégio Moderno nasceu em setembro de 2012, concretizando assim um velho sonho de dar à música toda a sua importância. A escola, aberta a todos os jovens entre os 3 e os 18 anos, é dirigida pela professora Inês Saraiva e pelo maestro César Viana, e tem a pianista Jill Lawson como coordenadora dos professores de piano. Sexta-feira – 10h30 E4 – Sala Sophia de Mello Breyner Conservatório de Lisboa S. Suzuki Balancé Tema tradicional Estrelinha e Variação A S. Suzuki Lá Descemos Para o Ré P. Hekimian Canção dos Piratas Tema tradicional Barquinho C. Anacleto Pizza C. Anacleto Macaquinho Tema tradicional Pop Goes the Weasel Tema tradicional Canção Francesa Tema tradicional Balão do João Tema tradicional Tia Rosa S. Suzuki Allegro Tema tradicional Long, Long Ago J.S. Bach Minueto em Dó J.S. Bach Minueto n.º 1 J.S. Bach Minueto n.º 2 J.S. Bach Minueto n.º 3

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J.S. Bach Marcha Tema tradicional Canção Russa Tema tradicional Canção Espanhola Edward Elgar Salut d’Amour Pelo terceiro ano consecutivo o Conservatório de Lisboa apresenta-se no Mini-Dias da Música, desta vez, com um programa que privilegia sobretudo o violoncelo. Em apenas 30 minutos de música, estes pequenos violoncelistas que se baseiam no método suzuki irão fazer uma pequena viagem pelo repertório para o instrumento, com a aprazível ajuda de uma cantora solista. Mostrando-nos um pouco da história do violoncelo e evolução das suas técnicas esboçam-se linguagens que nos transportam para épocas, abordagens e contextos sociais distintos.

CONCERTOS PROJETAR O FUTURO COM ARTE O evento Projetar o Futuro com Arte marcará a sua presença no festival dos Dias da Música 2016 pelo terceiro ano consecutivo, dando assim continuidade e cimentando a parceria entre a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P. e o CCB e divulgando e promovendo a educação e formação musical. Esta edição contará com a presença de jovens alunos de cursos de música do Ensino Artístico Especializado e do Ensino Profissional, de escolas públicas, particulares e profissionais de todo o país. Estes jovens intérpretes executarão algumas obras de compositores clássicos, oriundos de todo o mundo, ao sabor do tema deste ano: A Volta ao Mundo em 80 Concertos.

SÁBADO SALA AMÁLIA RODRIGUES Sábado – 14h00 B31 – Sala Amália Rodrigues Primeira Travessia da América ACADEMIA DE MÚSICA E BELAS ARTES LUÍSA TODI Sexteto de Guitarras Inês Saraiva / Gonçalo Mendes / João Rosado / Patrícia Borba / Pedro Teixeira / Sarah Ramtula

Astor Piazzolla Libertango (arr. Aurelien Stab)

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Celso Machado Danças Populares Brasileiras / Cateretê / Xote / Ciranda CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE OURÉM E FÁTIMA Ensemble de cordas Mariana Marto violino Samanta Crispim violino Sílvia Amado violino Patrícia Santos violoncelo Carlos Gardel Por una cabeza Ana Lúcia Filipe canto Filipe Oliveira guitarra Heitor Villa-Lobos Melodia Sentimental ACADEMIA DE MÚSICA DE ELVAS Daniel Bruno Lima guitarra Leo Brouwer Danza caracteristica CONSERVATÓRIO D’ARTES DE LOURES Pedro Pinto vibrafone Ney Rosauro Two Reflections for Solo Vibraphone – Brazilian Landscape, Reflections on the New World ACADEMIA DE MÚSICA DE ELVAS João Maria Carvalho piano Heitor Villa-Lobos Ciranda n.º 10, O Pintor de Cannahy, W220 ACADEMIA MUSICAL DOS AMIGOS DAS CRIANÇAS Maria Vilela violino Prof.ª Margarida Prates piano Carlos de Almeida Dança brasileira

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CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DO CHORAL PHYDELLIUS Duarte Calado Almeida piano Alberto Ginastera Três peças, op. 6, I Cuyana CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE SINTRA Quarteto de Saxofones do Conservatório De Música De Sintra Daniel Matias / José Maria Gonçalves / Rafael Pereira / Rodrigo Domingos Astor Piazzolla Ressurreccíon del Ángel / La Muerte del Ángel (arranjos de Luís Cardoso) Sábado – 16h00 B32 – Sala Amália Rodrigues Dos Pirenéus aos Urais ACADEMIA DE MÚSICA E DANÇA DO FUNDÃO José Miguel Dias piano Sergei Bortkiewicz Prelúdio n.º 2, op. 40 Armando José Fernandes Prelúdio n.º 3 ACADEMIA DE MÚSICA DE ELVAS Joana Mateus Fonseca guitarra Miguel Llobet Canco del lladre ACADEMIA DE MÚSICA E DANÇA DO FUNDÃO Margarida Monteiro Pacheco piano Roger Quilter Estudo n.º 2 Luís de Freitas Branco Prelúdio n.º 2 ACADEMIA DE MÚSICA DE VILAR DO PARAÍSO

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Francisco Osório contrabaixo Prof. Pedro Ludgero piano Giovanni Bottesini Elegia em Ré ACADEMIA DE MÚSICA DE ÓBIDOS Ensemble de piano, violino e fagote Ana Rita Russo piano Ana Catarina Sobreiro violino João Paulo Augusto fagote Max Burger Jugend Piano Trio, op. 66 ACADEMIA DE MÚSICA DE VILAR DO PARAÍSO Inês Lopes / João Santos / Maria Lourenço / Pedro Carvalho piano Albert Lavignac Galop-Marche à huit mans ACADEMIA DE MÚSICA DE PAÇOS DE BRANDÃO Telmo Costa clarinete Prof.ª Isabel Castro piano Francis Poulenc Sonata para Clarinete e Piano, op. 184 Sábado – 18h00 B33 – Sala Amália Rodrigues Da América Latina ao Extremo Oriente ACADEMIA DE MÚSICA DE ÓBIDOS Olavo Filipe Mesquita piano Carlos Reis clarinete Darius Milhaud Scaramouche Suite, III – Brasileira INSTITUTO DE MÚSICA VITORINO MATONO José Pedro Ralo saxofone Prof.ª Lali Asanashvili piano Jean Françaix Cinq Danses Exotiques

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ESCOLA DE MÚSICA DO CENTRO DE CULTURA PEDRO ÁLVARES CABRAL Ensemble de clarinete, violino, flauta transversal e violoncelo Rodrigo Bernardo clarinete Maria Laura Simão violino Sofia Gomes violino Carolina Costa flauta transversal Ana Almeida violoncelo Tema tradicional Persian Theme (arr. M Docherty, ad. Dulcineia Guerra) Ensemble de violino, violoncelo e clarinete Maria Laura Simão violino Sofia Gomes violino Ana Almeida violoncelo Alexandra Palmeirão clarinete Rodrigo Bernardo clarinete Tchaikosky Arabian Dance (arr. Daniel Barrios, ad. Dulcineia Guerra) Ensemble de violino, violoncelo, saxofone e clarinente Maria Laura Simão violino Sofia Gomes violino Sandro Almeida saxofone Ana Almeida violoncelo Alexandra Palmeirão clarinete Rodrigo Bernardo clarinete Tema tradicional Asian Folk Songs (arr. Wendy K., ad. Dulcineia Guerra) CONSERVATÓRIO REGIONAL DE PALMELA Andreia Silva saxofone Miguel Polido saxofone Marta da Mata piano Jun Nagao Paganani Lost ACADEMIA DE MÚSICA DE CASTELO DE PAIVA Ensemble de Clarinetes da AMCP Helena Branco / Inês Castro / José Silveira / Manuel Pinheiro / Mara Queirós / Marco Pereira / Rafael Pinheiro / Rui Soares / Tânia Queirós / Telmo Perpétua / Vitor Costa

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Jan Van der Roost Rikudimm (Four Israeli Folkdances) Tema tradicional Arranjo de Josef Bönisch Sábado – 20h00 B34 – Sala Amália Rodrigues Pelos Romantismos da Europa CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DO PORTO Catarina Rebelo harpa Felix Godefroid Carnival of Venice CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE COIMBRA Beatriz Cortesão harpa Mikhail Glinka Nocturne Tchaikowsky / E. Walker-Kune Tema da Ópera Eugene Oneguin ESCOLA DE ARTES DO NORTE ALENTEJANO Quarteto de Violinos "Almas" Carolina Varela / Inês Pascoal / Vera Soares / Prof. ª Tamara Torres Charles Dancla Três peças para 4 violinos, op.178, I – Departure ACADEMIA DE MÚSICA DE LISBOA Ensemble de Violinos Ana Carvalho / Joana Mendonça / José Carvalho / Lourenço Entrudo / Mariana Veloso / Susana Reis Sergei Rachmaninoff Hopak Edward William Elgar Chanson de Matin, op. 15 CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE AVEIRO CALOUSTE GULBENKIAN Ricardo Carvalho flauta Manuel Nunes oboé Rodrigo Neves clarinete Mariana Tiago fagote José Pedro Bola trompa Jacques Ibert Trois Pièces Brèves

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DOMINGO SALA AMÁLIA RODRIGUES Domingo – 15h00 C26 – Sala Amália Rodrigues Sonoridades da Europa Latina CONSERVATÓRIO REGIONAL DE ÉVORA EBORAE MVSICA Quarteto de Guitarras Joana Timóteo / Maria Sabino / Raquel Eustáquio / Vasco Prates

Vincenzo Torrentino It’s for you CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE SANTARÉM João Limeiro guitarra portuguesa Margarida Lázaro viola dedilhada Pedro Caldeira Cabral Balada da Oliveira ACADEMIA DE MÚSICA DE SANTA CECÍLIA Sofia Brito canto Sara Ferreira guitarra Canciones españolas antigas Los Pelegrinitos / La Tarara (Rec. E harmonização

Federico Garcia Lorca)

CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE S. JOSÉ DA GUARDA Gonçalo Caetano guitarra Mauro Giuliani Grande Overture, op. 61 ESCOLA DE MÚSICA NOSSA SENHORA DO CABO Beatriz Saglimbeni violino Prof. Daniel Bento piano Manuel de Falla Suite Popular Espanhola, Jota e Canción

CONSERVATÓRIO REGIONAL SILVA MARQUES Beatriz Ventura canto Prof.ª Tatiana Baliuk piano

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Joaquín Rodrigo Cuatro Madrigales Amatórios

ESCOLA DE MÚSICA DO CONSERVATÓRIO NACIONAL Catarina Rodrigues violoncelo Frederico Ribeiro piano Maria Martinez flauta transversal Anne Victorino d'Almeida O Dia Seguinte

Domingo – 17h00 C27 – Sala Amália Rodrigues Sons quentes da América do Sul ACADEMIA DE MÚSICA VALENTIM MOREIRA DE SÁ Pedro Afonso Reis clarinete Ana Cláudia Mendes flauta transversal Heitor Villa-Lobos Chôros n.º2, W197, 198 ACADEMIA DE MÚSICA JOSÉ ATALAYA Quarteto de Cordas Leonor Cunha / Maria Inês Fernandes / Inês Andrade / Luís Cruz Carlos Gardel Tango por una cabeza CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE SANTARÉM Cristiana Mexieiro violino João Limeiro guitarra portuguesa Flávio Bolieiro acordeão Filipa Vaz piano Astor Piazzolla Chiquilin de Bachin (arr. Flávio Bolieiro) CONSERVATÓRIO REGIONAL DE PALMELA Alice Castelhano violoncelo Maria Emília Veloso violoncelo Mónica Martins violoncelo Inês Ferreira contrabaixo Ivan Doujak piano Prof. Maxim Doujak violoncelo

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Astor Piazzolla Oblivion (arr. Uwe Rössler) / Melodia em Lá menor (arr. Uwe Rössler) CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DA JOBRA Mathilde Martins piano Joana Carvalho violoncelo David Bento violino Francisco Pereira acordeão Daniela Fonseca guitarra clássica Miguel Santos guitarra clássica Astor Piazzolla Milonga del Angel / Invierno Porteño ACADEMIA DE MÚSICA JOSÉ ATALAYA Ensemble de Clarinetes Ana Lúcia Silva / Tânia Teixeira / Guilherme Oliveira / João Paulo Freitas / Ana Sofia Freitas / Andreia Soares / Isabel Rocha Astor Piazzolla Contrabajeando (arr. Florent Héau) / La misma pena (arr. Florent Héau) / Adios Noniño (arr. Florent Héau) Domingo – 19h00 C28 – Sala Amália Rodrigues Segunda Travessia da América ACADEMIA MUSICAL DOS AMIGOS DAS CRIANÇAS Rosa Lousan guitarra clássica Leo Brouwer Estudo XX EPABI - ESCOLA PROFISSIONAL DE ARTES DA COVILHÃ Bruna Costa flauta transversal José Almeida guitarra Maxim Diego Pujol Suite Buenos Aires ACADEMIA DE MÚSICA DE LAGOS José Nuno Matias violino Francisco Monteiro acordeão Astor Piazzolla Tango pour Claude / Libertango CONSERVATÓRIO REGIONAL DE MÚSICA DA COVILHÃ

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Ensemble de acordeão, guitarra, piano e violino Afonso Loureiro acordeão Nuno Pinheira guitarra Margarida Bettencourt piano Rita Russo piano Ana Almeida violino Maria Eduarda Dias violino Esther Branco violino Iara Sousa violino Beatriz Moura violino G. W. Lotzenhiser Trombumba (arr. Paulo Mota) Astor Piazzolla Adiós Nonino (arr. Paulo Mota) Ensemble de guitarra, saxofone, flauta transversal, piano e violino João Machado guitarra Pedro Belizário saxofone Maria Conceição flauta transversal Inês Cabral piano Ema Ferreira piano Esther Branco violino Maria Eduarda Dias violino Beatriz Moura violino Gustavo Santaolalla The Last of Us CONSERVATÓRIO DE MÚSICA E ARTES DO DÃO Ensemble de Clarinetes do Dão Ana Martins / Inês Coelho / Inês Antunes / Maria Margarida Gomes / Prof. David Machado / Prof. Edgar Silva / Prof. Sérgio Neves Astor Piazzolla Mi exaltacion / Oblivion / Villeguita CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DA JOBRA Ensemble de Saxofones Catarina Silva / Francisco Ferreira / Paulo Almeida / Pedro Ribeiro / Salomé Barbosa Astor Piazzolla Bordel 1900

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CONCERTOS INFORMAIS

SÁBADO CORETO

15H OS VIOLONCELINHOS W. H. Squire Humoresque E. Elgar Salut d’ Amour P. I. Tchaikovsky Suite Quebra Nozes (arr. Rui Pinheiro) I. Dança Russa / II. Valsa das Flores CineSuite África Minha; 007 (arr. Rui Pinheiro) 17H ESTÚDIO DE ÓPERA DA ACADEMIA DE AMADORES DE MÚSICA Margarida Marecos direção artística Sete Pecados Capitais e Musicais W. A. Mozart Ah, guarda sorella António Caldara Che gusto e mai questo Tom Jobim Desafinado Gershwin Summertime Kurt Weill Dueto da Inveja L. Bernstein I am easily assimilated Kurt Weill A balada da boa vida 19H BIG BAND JÚNIOR Claus Nymark Mr. AB (arr. Claus Nymark) Oliver Nelson Stolen Moments (arr. Paul Jennings) Charles Mingus Goodbye Pork Pie Hat (arr. Sy Oliver) George Gershwin Summertime (arr. Claus Nymark) Josef Zawinul Birdland (arr. Michael Sweeney) Lee Morgan Sidewinder (arr. Mark Taylor)

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DOMINGO CORETO

14H CORO DA CASA PIA A Casa Pia de Lisboa é um instituto público que tem como missão a promoção dos direitos e a proteção das crianças e jovens, sobretudo dos que se encontram em perigo e em risco de exclusão e com necessidades educativas especiais, de forma a assegurar o seu desenvolvimento integral, através do acolhimento, educação, formação e inserção social e profissional.

16H ESCOLA DE MÚSICA DO COLÉGIO MODERNO

VIOLONCELOS DO Moderno C. Webster Scherzo S. Suzuki Andantino H. Purcell Rigadoon VIOLAS DO MODERNO G.P.Telemann Concerto em Sol maior, IV andamento G.F.Handel Bourrée

VIOLINOS DO MODERNO A.Vivaldi Concerto para dois violinos em Lá menor, I andamento Orange Blossom L.Anderson Plink, Plank, Plunk VIOLAS, VIOLINOS E VIOLONCELOS DO MODERNO C.M. von Weber O Coro dos Caçadores

18H ESCOLA DE MÚSICA DE NOSSA SENHORA DO CABO Dmitri Schostakovich Cinco Peças para dois violinos e piano (arranjo de Levon Atovmyon) I. Prelude: Moderato / II. Gavotte: Tranquillo, molto leggiero / III. Elegy: Anadantino / IV. Waltz: Tempo de Valse, Moderato / V. Polka: Allegro

Eugène Bozza Andante et Scherzo Astor Piazzolla Four for Tango 20H ACADEMIA DE MÚSICA DE SANTA CECÍLIA Quarteto de Sopros Duke Ellington Solitude Tema tradicional Londonderry Karen Steet Subway

Quarteto de clarinets J. S. Bach Gigue

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Wendell Hobbs Summer shadows Scott Joplin Rag Zequinha Abreu Tico tico

ESPAÇO AQUI HÁ CONVERSAS Espaço para conversas centradas no tema deste ano dos Dias da Música, moderado por Nuno Galopim. Jornalista, radialista, DJ e crítico musical, escreve regularmente no Expresso, nas revistas Blitz, Time Out e Metropolis e é um dos autores da webzine Máquina de Escrever e do blogue Sound + Vision. Foi durante 20 anos editor de cultura no Diário de Notícias, passou pelo Independente e foi correspondente português da Billboard.

SÁBADO SÁBADO 23 abril 15h15 Sala de Leitura Piso 1 Lusofonias SÁBADO 23 abril 17h15 Sala de Leitura Piso 1 O encontro de culturas SÁBADO 23 abril 19h15 Sala de Leitura Piso 1 Música, uma eterna digressão

DOMINGO DOMINGO 24 abril 16h15 Sala de Leitura Piso 1

Estrangeiros em Portugal

DOMINGO 24 abril 18h15 Sala de Leitura Piso 1 Portugueses no estrangeiro

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SALA JÚLIO VERNE

Um espaço, um músico, um instrumento e uma cadeira. Concertos informais dirigidos a famílias. Convidamos músicos a tocar durante 20 minutos e, no final, a responder às perguntas do público curioso. Aqui, a música é um “momento” intimista que aposta na proximidade com a performance e em que o conhecimento e a experiência dos músicos são oferecidos a crianças e a adultos. Realizar-se-ão ainda momentos de dança, com a presença de dois bailarinos que vão ensinar todos os interessados a dançar ao som dos ritmos cubanos, do tango e das sonoridades africanas.

22 ABRIL SEXTA Sala Júlio Verne | Praça CCB V1 21H Espaço Cuba Expresso Latino 23 ABRIL SÁB Sala Júlio Verne | Praça CCB V2 13H José Galissá V3 15H Desbundixie V4 17H Paulo Sousa e Francisco Cabral V5 19h Espaço Tango La Ideal – Orquestra Típica de Tango Argentino V6 22H Espaço África B’Leza

24 ABRIL DOM Sala Júlio Verne | Praça CCB V7 14H30 Eduardo Ramos & Ensemble Moçárabe V8 16H30 José Staneck, Jed Barahal & Christina Margotto V9 18H30 Syrinx: XXI

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OFICINAS A Fábrica das Artes e a Garagem programaram uma série de atividades, desde oficinas até miniconcertos, onde pode participar com os mais novos ou, a partir dos sete anos destes, deixá-los a divertirem-se enquanto assiste a um concerto. A participação nas oficinas da Fábrica das Artes e da Garagem Sul é gratuita, mas exclusiva a portadores de bilhetes de concerto/recinto.

FÁBRICA DAS ARTES

Sábado / Domingo 23 / 24 Abril 10h30 / 11h45 / 15h00 – 0 – 5 Anos Espaço Fábrica das Artes | Jardim das Oliveiras Duração 35 Minutos | Entrada livre Kaô: Embalos do Mundo Espetáculo de teatro/música Tudo começa com a primeira respiração aquando do nascimento, ao encher de ar os pulmões que batem pela vida fora. Percorremos sete vias, avenidas coloridas que nos levam para qualquer lugar, encontrando a terra-mãe, de nome Maria, que nos embala, surpreende, inspira e desafia. Kaô: Embalos do mundo é um espetáculo de teatro/música com melodias de "acalantar" lusófonas, ibéricas ou árabes que pertencem a todos os que se deixam levar no balouço-balanço do mar. Três cantoras exploram a força do canto polifónico, a relação com objetos e simples instrumentos musicais, deixando secar e “corar” ao sol poemas e canções sobre os primeiros passos e compassos na vida. A palavra “Kaô” dá as boas vindas a quem acaba de chegar, num concerto encenado para escutar e sentir ao colo, sobre a nitidez do olhar da criança ao relacionar-se com o mundo que a rodeia. “Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo” in Alberto Caeiro, Guardador de Rebanhos Criação e Interpretação Sofia Portugal, Susana Quaresma, Tânia Cardoso Adaptação Cénica Tânia Cardoso Arranjos Vocais Sofia Portugal e Susana Quaresma Cenografia Celso Portugal Figurinos: Liliana Perna Produção A Monda Teatro-Música Associação Cultural Apoio à criação SEA Palácio Marquês de Pombal – CMOeiras Apoio à residência artística Centro de Animação Cultural de Mortágua

Sábado / Domingo 23 / 24 Abril 12h30 / 16h00 – Maiores 6 anos Espaço Fábrica das Artes | Jardim das Oliveiras Duração 45 Minutos | Entrada livre Alumbra Luna – Divertimento para três vozes e muitas línguas

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Alumbra Luna é um regresso intimista a canções de várias partes do mundo por onde passámos em espetáculos como Peixe Lua, Nana Nana e Canções Nómadas. Um divertimento musical em várias línguas que envolve o público na criação de espaços sonoros. Um bilhete de ida para lugares imaginários. Criação e interpretação Carla Galvão, Fernando Mota e Rui Rebelo Sábado / Domingo 23 / 24 Abril 10h30 / 14h00 / 17h00 – Maiores 7 anos e famílias Espaço Fábrica das Artes | Jardim das Oliveiras Duração 90 Minutos | Entrada livre Volta ao mundo em 80 sons Oficina de música António-Pedro e Nataniel Melo Uma viagem sonora pelo mundo fora: nesta oficina vamos tocar instrumentos e músicas vindos dos quatro cantos do planeta. Timbres pouco usuais, ritmos intensos, melodias com escalas a que estamos menos habituados, diferentes formas de fazer música. No início, um concurso informal mostra-nos algumas das muitas músicas que se fazem pelo mundo fora. Os participantes testam assim o seu conhecimento da música do mundo ao mesmo tempo que tomam contacto com toda a riqueza tímbrica, rítmica e melódica que estas músicas têm. Em seguida iremos viajar por alguns continentes, conhecendo os seus instrumentos e tocando ritmos e canções que fazem parte da identidade de cada povo. Sem sair da sala, uma volta ao mundo em, pelo menos, 80 sons.

Nas oficinas da Fábrica das Artes as crianças até aos 7 anos devem estar acompanhadas por um adulto portador de bilhete. Crianças até aos 3 anos têm entrada livre. Crianças a partir dos 4 anos deverão ter um bilhete de concerto ou recinto. A participação nas oficinas é sujeita a inscrição prévia através do telefone 213 612 899, e-mail [email protected] ou diretamente no Espaço Fábrica das Artes, no Jardim das Oliveiras e é limitada à capacidade das salas.

GARAGEM SUL - EXPOSIÇÕES DE ARQUITETURA Sábado / Domingo 23 / 24 Abril 11h e 15h45 / 6 a 12 anos / 1h20 / Entrada livre Garagem Sul | Jardim das Oliveiras Duração 80 minutos | Entrada livre Máximo 10 participantes Casa Mundo (em 80 minutos) Oficina de arquitetura, música, representação e sonoplastia

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A partir do tema do festival, e inspirada na obra literária Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne, esta oficina pretende abordar tradições e costumes dos países que surgem nesta ficção, revelando modos de uso e formas de ocupação das casas destas diferentes culturas. Em 80 minutos daremos a volta ao mundo através das diferentes casas, onde a música e os sons têm um papel principal e onde os participantes, depois de criado o cenário, darão vida às personagens que as habitam. Acompanhados pelo músico português, Benjamim (Luís Nunes), os participantes irão preparar esta viagem. No final convidamos os pais e amigos a assistir.

cocriação, arquitetura e cenografia > Filipe Araújo, Ana Custódio cocriação e sonoplastia > Benjamim Obrigatória inscrição prévia para Tel.: 213 612 614/5 / [email protected]

BABYSITTING

Criámos um espaço de babysitting em parceria com a equipa Cócegas nos Pés, a pensar nas crianças com menos de três anos (que não podem entrar nas salas de concerto). É uma sala tranquila, no Centro de Reuniões (piso 2), com uma equipa profissional que recebe crianças dos zero aos seis anos. Aqui brinca-se, contam-se histórias, dorme-se, muda-se a fralda, dá-se a papa, e até se ouve música. Assista aos concertos tranquilo e deixe as crianças bem entregues à Cócegas nos Pés. Os pais podem deixar as crianças (dos 0 aos 6 anos) no espaço Cócegas nos Pés, que estará inteiramente preparado para o efeito, no dia 23 (das 13H às 23H) e no dia 24 (das 12H às 20H). As inscrições poderão ser feitas antecipadamente por email ou sms e, excepcionalmente, por telefone das 19H às 20H, ou no próprio dia com os técnicos da Cócegas nos Pés. O espaço tem lotação limitada e um custo, por criança, de 2€ por hora. A Cócegas nos Pés desenvolve atividades especializadas para bebés, crianças e famílias, cuidados básicos, animação infantil e intervenção terapêutica. Saiba mais informação sobre estes e outros serviços especializados no espaço da Grow Up with Cócegas nos Pés. Tel.: 934 257 356 [email protected] www.cocegasnospes.com