Dialética...

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INSTITUTO SALESIANO DE FILOSOFIA DISCIPLINA: Dialética PROFESSOR: Aluísio Carvalho ALUNO: Faustino dos Santos PERÍODO: 4º 2011.2 QUESTÕES: 1. Quais são as diferenças entre as dialéticas de Platão e Heráclito? 2. Quais são as diferenças entre o pensamento de Parmênides e a dialética de Heráclito? POSSÍVEIS RESPOSTAS: 1. Nos escritos platônicos percebemos a predominância de diálogos que de certo modo faz jus ao significado da palavra DIALÉTICA que quer dizer troca de ideias ou arte de dialogar. Influenciado pelo meio onde vivia, a dialética platônica terá uma conotação política muito marcante, ou seja, a discussão é um ponto forte e determinante para a influência na polis, por isso também uma marca da dialética conhecida como antiga, e da qual Platão herda na sua é a fidelidade ao principio de não contradição, ou seja, se em uma discussão tal principio for desmerecido aquele que profere a contradição dentro do seu discurso é considerado perdedor. Mas talvez esse não seja o ponto alto da dialética platônica, uma vez que o diálogo acima descrito é reflexo da

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INSTITUTO SALESIANO DE FILOSOFIA

DISCIPLINA: Dialética

PROFESSOR: Aluísio Carvalho

ALUNO: Faustino dos Santos

PERÍODO: 4º 2011.2

QUESTÕES:

1. Quais são as diferenças entre as dialéticas de Platão e Heráclito?

2. Quais são as diferenças entre o pensamento de Parmênides e a dialética de Heráclito?

POSSÍVEIS RESPOSTAS:

1. Nos escritos platônicos percebemos a predominância de diálogos que de certo modo faz

jus ao significado da palavra DIALÉTICA que quer dizer troca de ideias ou arte de

dialogar.

Influenciado pelo meio onde vivia, a dialética platônica terá uma conotação política muito

marcante, ou seja, a discussão é um ponto forte e determinante para a influência na polis,

por isso também uma marca da dialética conhecida como antiga, e da qual Platão herda na

sua é a fidelidade ao principio de não contradição, ou seja, se em uma discussão tal

principio for desmerecido aquele que profere a contradição dentro do seu discurso é

considerado perdedor.

Mas talvez esse não seja o ponto alto da dialética platônica, uma vez que o diálogo acima

descrito é reflexo da herança do mestre Sócrates, a quem Platão atribuiu o papel principal

nas suas obras, mas, sobretudo a inovação da dialética no que se refere a sua teoria dos

dois mundos, onde por meio da dialética a alma é elevada do mundo das aparências para o

mundo das ideias puras. Ou seja, é a dialética que é responsável por esse movimento de

mutação, e a única capaz de elevar ao conhecimento verdadeiro por meio da investigação

dos conceitos, tão bem representada na as alegoria da caverna, na mudança das amarras da

caverna para a livre claridade exterior a caverna. A negação da afirmação é a movente da

dialética.

Fazendo um paralelo, portanto, a polis grega só seria justa se fosse governada por aquele

que passado pelo processo dialético atingiu o mundo das ideias, uma vez que somente esse

contemplou a verdade.

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Embora, portanto, Heráclito tenha vivido historicamente antes de Platão, sua dialética é

precursora da nova dialética iniciada por Hegel. E, partindo de um princípio diferente da

dialética antiga, essa valoriza a síntese dos opostos.

Com a sua teoria do vir-a-ser Heráclito afirma que tudo se modifica, “tudo flui e nada

permanece”, em outros termos para uma coisa ser é preciso que ela deixe de ser. Para

Heráclito é nessa mudança, ou nesse devir que está a verdade, nem numa coisa nem em

outra, mas na transformação de uma para o outra. Na dialética heraclítica a verdade das

coisas está no movimento. Não na contradição, mas na negação e afirmação.

Por isso Heráclito é considerado o precursor da nova dialética, Hegel aprimorará essa

teoria e criará a relação de Tese, Antítese em vista de uma Síntese.

2. Enquanto Parmênides em sua filosofia diz que ou uma coisa é ou não é, Heráclito diz que

uma coisa é e não é ao mesmo tempo, existe, portanto esse duelo de imutabilidade e

mutabilidade das coisas, muito embora ambos estejam preocupados com a descoberta da

razão última das coisas como os vários pensadores do seu tempo.

Em aprofundamento, Parmênides descarta a possibilidade de um vir-a-ser, pois não se

pode conceber uma mistura de ser e não ser. Ele coloca o princípio de mutabilidade como

sendo engano dos sentidos, ou no campo da dóxa (opinião), e o verdadeiro filósofo não

pode deixar se enganar pela ilusão, mas deve ter compromisso com a verdade que é Una e

Imutável, uma vez que o ser é único e imutável.

Já Heráclito, como descrito na questão anterior, afirma que o princípio da verdade é a

mutabilidade, o ser é e não é ao mesmo tempo, não como princípio de contradição, mas de

força dos contrários. Pois o ser não existe, segundo Heráclito, existe a possibilidade de

vir-a-ser.

O argumento dos sentidos é utilizado por Heráclito com razões semelhantes às de

Parmênides no sentido de não enganar. Afirma ele que o homem deve ter cuidado com o

engano dos sentidos na perspectiva de que se deve olhar o âmago das coisas e não a

superficialidade delas, pois os sentidos nos mostram as coisas como elas não são de

verdade é preciso que a inteligência seja aguçada a ponto de saber o que o ser é e o que

não ser não é. Pois tudo é devir.

Esse duelo de movimento e repouso do ser iniciado por Heráclito e Parmênides levantou

ao longo da filosofia uma discussão muito forte e que até hoje é discutido de muitas

maneiras e diferentes aspectos que não vem ao caso elencar.