Anemias hemolíticas - hemoglobinopatias Leonardo Sokolnik de Oliveira @professor_leo.
Diagnostico Das Hemoglobinopatias e Beta-Talassemias Atraves de Cromatografia Liquida de Alta...
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NewsLab - edição 69 - 2005168
O Diagnóstico das Hemoglobinopatias eBeta/Talassemias através de Cromatografia
Líquida de Alta Resolução (HPLC)Maria de Lourdes Pires Nascimento
Profa. Universidade Federal da Bahia
Presidente da Fundação para Assistência as Anemias, Parasitoses e Desnutrição (FANEPA)
Co-autora:
Lúcia Lima da Silva
Coordenadora do Setor de Hematologia do Laboratório PREVLABOR (Previna)
Artigo
Nas Betas Talassemias (ß Thal), em conseqüência da dimi-nuição genética da produção da cadeia ß da hemoglobinaA, as outras hemoglobinas - A2 e F - se encontram com valorespercentuais acima do normal. A Cromatografia Líquida porAlta Resolução (HPLC) é uma metodologia automatizada quepermite, na rotina laboratorial, que se possa identificar maiornúmero de alterações qualitativas e quantitativas das hemo-globinas. Objetivo: Levantar a freqüência das hemoglobino-patias e ß Thal através de HPLC. Metodologia: Em coletassangüíneas do setor de hematologia do Laboratório Prevlabor(Previna) em Salvador/Bahia, foram executadas 1.537 avali-ações de hemoglobinas (Hb) por HPLC, em programa Beta-Thalassemia do Sistema Bio-Rad Variant Analisador de Hemo-globinas (Bio-Oxford Ltda). A faixa etária dos casos da amos-tra foi de 1 a 82 anos. Na dependência do tipo e da quanti-dade das hemoglobinas apresentadas, os casos foram reuni-dos em três grupos: Normal = presença de Hb A, Hb A2 (de2.1 % a 3.9%) e Hb F (de 0.1 % a 1.5%) são os casos Hb AA;Traço = são os que apresentam maior percentagem da Hb A,associada a uma destas hemoglobinas patológicas, S, C e D,são denominados de Hb AS, Hb AC, Hb AD e os casos comTalassemia Minor (A / ß Thal Minor), isto é, com Hb A2 e ouHb F com valores um pouco acima do normal; Doente = pre-sença de homozigose para hemoglobinopatias - Hb SS, HbCC - as associações de hemoglobinopatias - Hb SC, Hb SD -e com talassemias - Hb S / ß Thal, Hb C/ß Thal. Resultados:
Resumo Summary
Other hemoglobins - A2 and F hemoglobins - percentilevalues above the normal patterns are found ß Tlalassemias (ß-Thal) due to a decreased genetic production of hemoglobin Aß-chain. High Performance Liquid Chromatography (HPLC) isan automated methodology used in lab routine which allowsthe identification of a higher number of quantitative and quali-tative hemoglobin modification. Objective: survey hemoglobi-nopathies and ß-Thal frequencies through HPLC. Methodolo-gy: in blood screening performed at the Hematology Divisionin Prevlabor Lab (Previna) based in Salvador, Bahia, Brazil,1537 hemoglobin (Hb) evaluations were carried out throughHPLC by a ß-Thalassemia Short Program over the Bio-Rad Va-riant HPLC Analyzer System (Bio-Oxford Ltd.). Age range inevery sample case was between 1 up to 82 years old. Depen-ding upon the hemoglobin type and quantity exhibited, thecases were divided into 3 (three) groups, such as: Normalgroup = Hb A, Hb A2 presence (from 2.1 % up to 3.9 %) andHb F (from 0.1 % up to 1.5 %) are Hb AA cases; Trait group =is the one which presents the greatest Hb A percentage linkedto one of the above pathological hemoglobins, such as, S, Cand D therefore are called Hb AS, Hb AC, Hb AD and ß-Thalassemia Minor (A/ß-Thal Minor), in which the Hb A2 orHb F bear values rather above normal levels; Ailing group =homozigosis for hemoglobinopathies - Hb SS, Hb CC - hemo-globinopathy associated cases - Hb SC, Hb SD - and Thalasse-mia cases - Hb S/ß-Thal, Hb C/ß-Thal. Main Results: Normal
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NewsLab - edição 69 - 2005170
Introdução
s anemias genéticas são fre-
qüentes em várias regiões
do mundo (1, 2, 3, 4, 5), sendo
as principais as Hemoglobinopa-
A
Normal - Hb AA = 79.38%. Traço (18.03%) - Hb AS = 10.60%,Hb AC = 3.97 %, Hb A/ß Thal Minor = 3.20%, AD = 0.26%.Doente (2.59%) - Hb SC = 1.04%, Hb SS = 0.59 %, Hb S/ßThal = 0.52%, Hb CC = 0.26%, Hb AS/ß Thal = 0.06% , HbSD = 0.06 %, Hb AC/ß Thal = 0.06%. Estes foram os valorespercentuais para as Hb A2, Hb F, Hb S, Hb C e Hb D noscasos dos grupos Normal, Traço e Doente: Hb A2 %: Hb AA= 2.8 (± 0.4), Hb AS = 4.1 (± 0.5), Hb AC = 3.6 (± 0.4), HbA/ß Thal Minor = 4.8 (± 0.7), Hb AD = 0.8 (± 0.6), Hb SC =4.6 (± 0.6), Hb SS = 4.6 (± 0.5), Hb S/ß Thal = 4.9 (± 1.6),Hb CC = 2.1 (± 0.5), Hb AS/ß Thal = 3.0, Hb SD = 1.5 e HbAC/ß Thal = 5.0. Hb F %: Hb AA = 0.8 (± 0.3), Hb AS = 0.7(± 0.3), Hb AC = 0.7 (± 0.3), Hb A/ß Thal Minor = 0.9 (±0.4), Hb AD = 1.2 (± 0.4), Hb SC = 1.1 (± 0.1), Hb SS = 7.8(± 3.9), Hb S/ß Thal = 18.9 (± 6.7), Hb CC = 0.9 (± 0.1), HbAS/ß Thal = 20.3, Hb SD = 5.8 e Hb AC/ß Thal = 1.1. Hb S%: Hb AS = 34.8 (±3.3), Hb SC = 45.9 (± 2.2), Hb SS = 84.1(± 4.5), Hb S/ß Thal = 71.2 (± 7.3), Hb AS/ß Thal = 57.8 eHb SD = 42.5. Hb C %: Hb AC = 33.0 (± 3.2), Hb SC = 42.3(± 2.8), Hb CC = 91.5 (± 0.9) e Hb AC/ß Thal = 66.9. HbD %: Hb AD = 59.1 (± 7.7) e Hb SD = 42.8. PrincipaisConclusões: Nas avaliações por HPLC, através de somenteuma metodologia, após interpretação adequada dos resul-tados, se pode identificar vários tipos de hemoglobinopatias(S, C, D, etc.) e, por causa da quantificação destes resulta-dos, também foi possível identificar a presença de ß Talasse-mias, que não são doenças raras. As condutas clínicas paraas talassemias (acompanhamento, medicações, aconselha-mento genéticos, etc.) só podem existir após o diagnósticolaboratorial correto.
Palavras-chaves: Cromatografia Liquida por AltaResolução (HPLC), Hemoglobinopatias, ß Talassemias
group - Hb AA = 79.38 %. Trait group (18.03 %) - Hb AS =10.60 %, Hb AC = 3.97 %, Hb A/ß Thal Minor = 3.20 %,AD = 0.26 %. Ailing group (2.59 %) - Hb SC = 1.04%, Hb SS= 0.59%, Hb S/ß Thal = 0.52 %, Hb CC = 0.26 %, Hb AS/ß Thal = 0.06%, Hb SD = 0.06 %, Hb AC/ß Thal = 0.06 %.These were percentile values for Hb A2, Hb F, Hb S, Hb C andHb D in Normal group, Trait group and Ailing group: Hb A2%: Hb AA = 2.8 (± 0.4), Hb AS = 4.1 (± 0.5), Hb AC = 3.6(± 0.4), Hb A/ß Thal Minor = 4.8 (± 0.7), Hb AD = 0.8 (±0.6), Hb SC = 4.6 (± 0.6), Hb SS = 4.6 (± 0.5), Hb S/ß Thal= 4.9 (± 1.6), Hb CC = 2.1 (± 0.5), Hb AS/ß Thal = 3.0, HbSD = 1.5 and Hb AC/ß Thal = 5.0. Hb F %: Hb AA = 0.8 (±0.3), Hb AS = 0.7 (± 0.3), Hb AC = 0.7 (± 0.3), Hb A/ß ThalMinor = 0.9 (± 0.4), Hb AD = 1.2 (± 0.4), Hb SC = 1.1 (±0.1), Hb SS = 7.8 (± 3.9), Hb S/ß Thal = 18.9 (± 6.7), Hb CC= 0.9 (± 0.1), Hb AS/ß Thal = 20.3, Hb SD = 5.8 and HbAC/ß Thal = 1.1. Hb S %: Hb AS = 34.8 (± 3.3), Hb SC =45.9 (± 2.2), Hb SS = 84.1 (± 4.5), Hb S/ß Thal = 71.2 (±7.3), Hb AS/ß Thal = 57.8 and Hb SD = 42.5. Hb C %: HbAC = 33.0 (± 3.2), Hb SC = 42.3 (± 2.8), Hb CC = 91.5 (±0.9) e Hb AC/ß Thal = 66.9. Hb D %: Hb AD = 59.1 (± 7.7)and Hb SD = 42.8. Main Conclusions: in HPLC hemoglobinevaluations, in which only one methodology has been appli-ed, after suitable result interpretation, it is possible to identifyseveral kinds of hemoglobinopathies (Hb S, Hb C, Hb D, etc.)and due to the this result quantification, it is possible to identifythe presence of ß-Thalassemias, that are not rare blood disea-ses. The clinical procedure for ß-Thalassemia (diagnosis, fo-llow ups, medications, genetic counseling and the like) canonly be possible after a correct through lab diagnosis.
Keywords: High Performance Liquid Chromatography(HPLC), hemoglobinopathies, ß-Thalassemias
tias (ex.: Doença Falciforme) e as
Talassemias.
A presença de genes das he-
moglobinas (Hb) anormais res-
ponsáveis por estas anemias se
encontram na população de duas
formas, correspondendo a situa-
ções clínicas bem distintas:
- Aqueles que apresentam sin-
tomas clínicos e alterações espe-
cíficas nos exames laboratoriais
compreendendo a Doença Falcifor-
Introdução
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NewsLab - edição 69 - 2005172
me, Talassemia, a Doença da He-
moglobina C, etc.
- Indivíduos que comumente não
apresentam sintomas clínicos, mas
nos exames laboratoriais específicos
estão presentes os resultados ca-
racterísticos das alterações genéti-
cas na hemoglobina. Denominados
de Transmissores, Portadores e ou
Traço, entre os mais freqüentes po-
demos citar: Portadores de Hb S são
os Hb AS, Traço de Talassemia tam-
bém denominados Talassemia Minor
são os Hb A/Thal Minor, Portadores
de Hb C são os Hb AC, Portadores
de Hb D são os Hb AD, etc.
O diagnóstico clínico/laborato-
rial e os levantamentos populaci-
onais das freqüências dos porta-
dores ou traços de hemoglobinas
geneticamente patológicas são
importantes porque:
a) Os casos que são doentes (ou
seja, com a presença de sintomato-
logias clínicas), têm como progeni-
tores dois portadores. Logo a partir
da freqüência dos portadores pode-
se prever qual será a possibilidade
de freqüência dos doentes em uma
determinada população.
b) É através da identificação de
casais portadores de hemoglobino-
patias e ou talassemias que se pode
fazer o aconselhamento genético.
c) Os casos que são traços de
Talassemias geralmente apresentam
nos eritrogramas a microcitose, sen-
do este um resultado semelhante
àquele da anemia microcítica adqui-
rida. Entretanto, a microcitose quan-
do é de origem adquirida, se corre-
tamente tratada, desaparece. En-
quanto que a microcitose da Talas-
semia não responde ao tratamento
habitual utilizado para microcitoses
adquiridas, além de ser este um tra-
tamento contra-indicado para as Ta-
lassemias. Nas Talassemias a micro-
citose sempre estará presente nos
resultados de eritrogramas.
Após um ano de idade, é con-
siderada normal em relação à qua-
lidade genética da Hemoglobina a
presença de somente três tipos de
Hemoglobina: Hb A (em torno de
± 96.0%), Hb A2 (com valores de
± 3.0%) e Hb F (com valores de
± 1.0%).
Entre as Hemoglobinopatias é a
Doença Falciforme a mais freqüen-
te (3, 4, 5), cuja causa é a presença
da hemoglobina patológica denomi-
nada Hb S, que pode se apresentar
nas seguintes formas: em homozi-
gose (Hb SS), em heterozigose as-
sociada a outras hemoglobinas anor-
mais (Hb SC, Hb SD) e em associa-
ção com a Talassemia (S/Thal).
Nas Talassemias temos a defici-
ência de síntese da Hb A que em
condições normais deve estar em
maior percentagem. A molécula da
globina da Hb A é constituída de
quatro cadeias de aminoácidos, sen-
do duas do tipo Alfa (α) e duas do
tipo Beta (ß). Por este motivo, quan-
do a deficiência é na produção de
cadeia Alfa, temos a Talassemia Alfa
e quando a deficiência de produção
acontece na cadeia Beta teremos a
Talassemia Beta.
As Talassemias Alfa se caracteri-
zam laboratorialmente pela presen-
ça de outras hemoglobinas anor-
mais, tais como Hb Gower's, Hb
Bart's, Hb H, que podem ser detec-
tadas em recém-nascidos através de
exames laboratoriais específicos.
Nas Talassemias Beta, em con-
seqüência da diminuição genéti-
ca da produção da cadeia Beta da
Hb A, as outras hemoglobinas (Hb
A2 e ou Hb F) se encontram com
valores percentuais acima do nor-
mal. Os Traços ou Portadores de
Talassemias Betas são também
denominados de Talassemia Beta
Minor (Thal ß/Minor) e podem ser
identificados através dos valores
percentuais mais elevados para as
Hb A2 e ou Hb F.
Em relação à interpretação dos
resultados da Hemoglobina Fetal ou
Hb F, devemos lembrar que:
a) Este é o tipo de hemoglobina
que predomina no recém-nascido.
Após um ano de idade há diminui-
ção da Hb F. Existem evidências de
que após a infância ainda continua
o processo responsável pela dimi-
nuição de produção da Hb F, obser-
vando-se que há uma relação dire-
ta entre a maior freqüência de ca-
sos com ausência de Hb F (ou seja
Hb F = 0.0 %) nos idosos do que
nas outras faixas etárias (6).
b) Portadores de Hemoglobino-
patias do tipo Hb AS e Hb AC apre-
sentam valores mais elevados para
Hb F% (6).
c) Em algumas condições pato-
lógicas congênitas e adquiridas, após
o período neonatal, os valores de Hb
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NewsLab - edição 69 - 2005174
Objetivo
Metodologia
F continuam mais elevados, ex.: do-
ença falciforme, leucemia mielóide
juvenil, anemia aplástica, anemia
perniciosa, mieloma múltiplo, mola
hidatiforme, anemia hemolítica auto-
imune, tireotoxicose, eritroleucemia,
etc (7, 8, 9, 10, 11, 12).
Na avaliação da qualidade gené-
tica das hemoglobinas, a metodolo-
gia até então mais executada era a
eletroforese de hemoglobina em ace-
tato de celulose (pH alcalino), que
apresenta as seguintes limitações:
a) não é capaz de separar a he-
moglobina A2 da hemoglobina pa-
tológica C
b) não faz uma boa separação
entre as hemoglobinas F e A, que
são normais
c) não separa as hemoglobinas
patológicas S da D
d) após o profissional ter identi-
ficado (por visualização) e nomea-
do as diversas frações das hemo-
globinas, se terá que utilizar outra
tecnologia para a quantificação das
frações, metodologia que não é
muito precisa
Por estes motivos tem que se
complementar o resultado da avali-
ação através da eletroforese de he-
moglobina com outras técnicas, tais
como: o teste de falcemia (e ou o
teste da solubilidade) para identifi-
car a presença da Hb S, a técnica
da desnaturação alcalina para a do-
sagem da hemoglobina F, a eletro-
forese de hemoglobina em pH ácido
para separar e identificar a hemo-
globina S da hemoglobina D, etc.
Comumente, na rotina laborato-
rial, nem sempre se pode executar
as várias técnicas, então os diag-
nósticos são incompletos, somente
qualitativos, pois só referem a pre-
sença e ou ausência de determina-
das hemoglobinas. Nas situações em
que a patologia está relacionada com
a quantidade do tipo de hemoglobi-
na fabricada (Talassemias) e, quan-
do a sintomatologia clínica não está
presente, pode nem existir a sus-
peita diagnóstica, como é o caso dos
portadores de Traços de ß Talasse-
mias ou ß Talassemias Minor.
Com o aparecimento da meto-
dologia automatizada - Cromatogra-
fia Líquida por Alta Resolução (HPLC)
- não existem as limitações referi-
das anteriormente, permitindo que
na rotina laboratorial possa ser iden-
tificado maior número de alterações
qualitativas e quantitativas das he-
moglobinas.
A Cromatografia Líquida por Alta
Resolução é um método que separa,
detecta identificando (registra e li-
bera o nome da maioria das hemo-
globinas, ex: A, F, A2, S, C, D, etc.) e
quantifica, através da eluição das fra-
ções, no tempo de retenção especí-
fico para cada tipo de hemoglobina.
É um método com facilidade na pre-
paração das amostras, com uma re-
solução de alta qualidade e grande
precisão na quantificação das frações
(13, 14, 15).
Objetivo
Em um determinado período, da
rotina do Setor de Hematologia do
Laboratório Prevlabor (Previna) em
Salvador, Bahia, levantar a freqüên-
cia das hemoglobinopatias e ß ta-
lassemias através de metodologia
automatizada: Cromatografia Líqui-
da de Alta Resolução (HPLC).
Metodologia
A amostra analisada foi proveni-
ente da rotina do Setor de Hemato-
logia do Laboratório Prevlabor (Pre-
vina) em Salvador, Bahia, no perío-
do de abril de 2002 a outubro de
2003. Após coleta sangüínea (com
EDTA), foram executadas 1.618 ava-
liações de hemoglobinas por meto-
dologia automatizada de Cromato-
grafia Líquida de Alta Resolução
(HPLC) em programa Beta-Thalas-
semia do Sistema Bio-Rad Variant
Analisador de Hemoglobinas (Bio-
Oxford Ltda).
Somente foram incluídas na
amostra casos a partir de um ano
de idade, sendo a idade máxima da
amostra 82 anos.
O sistema Bio-Rad Variante
Analisador de Hemoglobinas da
Bio-Oxford Ltda libera, em sepa-
rado, o valor (em percentagem)
da Hb A e das frações P2 e P3 que
são consideradas produtos de de-
gradação. Neste trabalho o valor
da hemoglobina A corresponde à
soma das frações A + P2 + P3.
Para as hemoglobinas A2 e F,
estes foram os valores considera-
dos normais:
Hb A2 - de 2.1% a 3.9% (16)
Hb F - de 0.1% a 1.5% (17).
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NewsLab - edição 69 - 2005176
Resultados
Foram considerados transmis-
sores ß Talassemia Minor (A/ßThal
Minor) aqueles com Hb A2 entre
4.0 a 6.0 %.
Em vista de ser normal a pre-
sença de Hb F com valores de
0.0% (6), em relação a esta he-
moglobina, os casos foram sepa-
rados em três subgrupos: Hb F
com valor diminuído ou ausente
(0.0%), Hb F Normal - 0.1 a 1.5%
(17) e Hb F Elevada, a partir de
1.6%.
Para os casos com valores de
Hb F elevado só foram considera-
dos aqueles com idade a partir de
11 anos, sendo a média de idade
26.7 anos (± 18.8), porque em tra-
balho anterior (6) constatamos que
na infância (1 a 10 anos) encon-
tramos maior número de casos
com valores elevados para a Hb F
do que nas outras faixas etárias.
A presença de somente um
valor mais elevado de Hb F, na-
queles com idade a partir de 11
anos, está sendo questionada -
AF? - porque existem outras situ-
ações, além das ß Talassemias,
em que temos um aumento ad-
quirido da produção da Hb F, sem
que seja de origem hereditária (8,
9, 10, 11, 12, 18, 19, 20, 21).
Na dependência do tipo e da
quantidade das hemoglobinas
apresentadas, os casos foram reu-
nidos em três grupos:
1) Normal: aqueles com presen-
ça das hemoglobinas A, A2 e F sen-
do que os valores percentuais das
Hb A2 e F estavam dentro dos limi-
tes considerados normais (16, 17).
2) Traço: são os transmisso-
res e ou portadores que apre-
sentam a hemoglobina Hb A em
maior percentagem associada a
uma hemoglobina patológica
(Hb AS, Hb AC, Hb AD) e ou
quantidade um pouco mais ele-
vada para a Hb A2 e ou Hb F,
sendo estes os Traços de ß Ta-
lassemias (A/ßThal Minor).
3) Doente: foram os homozi-
gotos para hemoglobinopatias (Hb
SS, Hb CC) e as associações (he-
terozigoses) de hemoglobinopati-
as (Hb SC, Hb SD) e com talasse-
mias (Hb S/ß Thal, Hb C/ß Thal).
As análises estatísticas foram
feitas em Programa Epi-Info, atra-
vés dos testes de Mantel-Ha-
enszel, Fisher Exact, Kruskal-
Wallis H e Bartlett's test (não pa-
ramétrico), com níveis de signifi-
cância p<0.05, usando-se as se-
guintes siglas: S = significante e
NS = não significante.
Tabela I. Freqüência dos tipos de hemoglobinopatias
na amostra analisada
Tipos def %Hemoglo-
binopatiasNormal
AA 1220 79.38Sub-total para Normal 79.38
TraçoAS 163 10.60AC 61 3.97AF? 26 .70
A/ßThal Minor 23 1.50AD 4 0.26
Sub-total para Traço 18.03Doente
SC 16 1.04SS 9 0.59
S/ß Thal 8 0.52CC 4 0.26
AS/ß Thal 1 0.06SD 1 0.06
AC/ß Thal 1 0.06Sub-total para Doente 2.59
Total Geral 1537 100.00
Resultados
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NewsLab - edição 69 - 2005178
Tabela II. Hemoglobina F com valor Ausente, Normal e Elevado: freqüênciade casos para os grupos Normal e Traço
Hb F Ausente Hb F Normal Hb F ElevadaTotal
(0.0 %) (0.1 a 1.5 %) (a partir de 1.6 %)
f % f % f % f %NormalAA 558 92.3 662 81.2 - - 1220 81.5TraçoAS 31 5.1 103 12.6 29 38.2 163 10.9AF? - - - - 26 34.2 26 1.7AC 9 1.5 38 4.7 14 18.4 61 4.1A/ß Thal Minor 5 0.8 11 1.3 7 9.2 23 1.5AD 2 0.3 2 0.2 - - 4 0.3 Total para Normal e Traço 605 100.0 816 100.0 76 100.0 1497 100.0
Significâncias: Mantel-Haenszel e Fisher Exact * (p<0.05)Hemoglobina F: casos com valor Ausente x Normal e Normal X Elevada
Hb F AA x AS AA x AC AA x A/ ßThal Minor AA x AD
(Ausente x Normal) S (p=0.00) S (p=0.00) NS (p=0.24) NS * (p=0.24)
Hb F AS x AC AS X A/ßThal Minor AS x AD
(Ausente x Normal) NS (p=0.57) NS (p=0.47) NS * (p=0.00)
Hb F AC X A/ßThal Minor AC x AD A/ßThal Minor x AD
(Ausente x Normal) NS (p=0.31) NS * (p=0.47) NS * (p=0.43)
Hb F AS x AC AS X A/ßThal Minor AS x AD
(Normal x Elevada) NS (p=0.47) NS (p=0.11) NS * (p=0.61)
Hb F AC X A/ßThal Minor AC x AD A/ßThal Minor X AD
(Normal x Elevada) NS (p=0.34) NS * (p=0.54) NS * (p=0.41)
Assine já:
(11) 3171-2190
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NewsLab - edição 69 - 2005180
Tabela IV. Valores médios (D. P.) por HPLC para as frações das diversashemoglobinas - A, A2, F, S, C e D - nos casos Normais e Traços
Normal TRAÇOSHb AA Hb AS Hb AF (?) Hb AC Hb A/ ß Thal Minor Hb AD
(N=1220) (N=163) (N=26) (N=61) (N=23) (N=4)Hb A % 96.6 60.1 93.8 60.4 92.7 64.5
(± 0.8) (± 3.3) (± 1.7) (± 3.9) (± 3.5) (± 9.2)Hb A2 % 2.8 4.1 2.7 3.6 4.8 0.8
(± 0.4) (± 0.5) (± 0.4) (± 0.4) (± 0.7) (± 0.6)Hb F 0.8 0.7 - - 0.7 0.9 1.2Normal % (± 0.3) (± 0.3) (± 0.3) (± 0.4) (± 0.4)Hb F - - 3.7 3.1 4.8 6.5 - -Elevada % (± 2.4) (± 1.7) (± 3.1) (± 3.1) (± 3.1)Hb S % - - 34.8 - - - - - - - -
(± 3.3)Hb C % - - - - - - 33.0 - - - -
(± 3.2)Hb D % - - - - - - - - - - 59.1
(± 7.7)
Significâncias, Kruskal-Wallis H e Bartlett's test * (p<0.05)Hemoglobina A2: Hb AA x Traço (AS, AF?, AC, A/ßThal Minor e AD) e A/ßThal Minor x AA e Traço (AS, AF?, AC e AD)Hb A2 AA x AS AA X AF? AA x AC AA x A/ßThal Minor AA x AD
S (p=0.00) NS (p=0.14) S (p=0.00) S (p=0.00) S (p=0.00)
Hb A2 A/ßThal Minor X AS A/ßThal Minor x AF? A/ßThal Minor x AC A/ßThal Minor x ADS (p=0.00) S* (p=0.03) S (p=0.00) S (p=0.00)
Tabela III. Hemoglobina F com Valor Ausente, Normal e Elevado: Freqüência de casos para Grupo Doente
Hb F Ausente Hb F Normal Hb F ElevadaTotal % Acumulada
(0.0 %) (0.1 a 1.5 %) (a partir de 1.6 %)
f % f % f % f % f %Com Presença de Hb SSS - - - - 9 29.0 9 22.5 9 22.5S/ß Thal - - - - 8 25.8 8 20.0 17 42.5AS/ß Thal - - - - 1 3.2 1 2.5 18 45.0SD - - - - 1 3.2 1 2.5 19 47.5Com Presença de CSC - - 4 44.4 12 38.7 16 40.0 35 87.5CC - - 4 44.4 - - 4 10.0 39 97.5AC/ß Thal - - 1 11.2 - - 1 2.5 40 100.0Total - - 9 100.0 31 100.0 40 100.0Significância: Fisher Exact (p<0.05)Com presença e ausência de Hb C - Hemoglobina F: casos com valor Normal X Elevado
Hb F SC + CC + AC/ßThal x SS + S/ßThal + AS/ßThal + SD(Normal x Elevado) S (p=0.00)
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NewsLab - edição 69 - 2005182
DiscussãoDiscussão
Tabela I. No total de 1.537 so-
licitações para avaliações genéti-
cas de hemoglobinopatias, as
maiores freqüências (18.03%) fo-
ram para os Traços: AS = 10.60
%, AF? = 1.70%, AC = 3.97%,
A/ßThal Minor = 1.50% e AD =
0.26%.
As freqüências encontradas
neste trabalho não podem ser con-
sideradas as da população, por-
que em amostras laboratoriais que
não foram de levantamentos po-
pulacionais, existem maiores pos-
sibilidades da presença de pato-
logias. Isso porque a solicitação
do exame específico para diagnós-
tico de hemoglobinopatias surgiu
em conseqüência de algum ante-
cedente (que pode ter sido histo-
ria familiar, algum outro resulta-
do laboratorial, etc.). Entretanto,
o fato de existir maior freqüência
para os traços com hemoglobina
S na amostra analisada (AS =
10.60 %) está de acordo com o
mesmo fato já referido anterior-
mente, que na população de Sal-
vador existe grande freqüência de
casos para os Traços AS=5.3%
(22), somente que esta freqüên-
cia elevada não é de 10.60%.
Interpretação dos Resultados
da Hemoglobina F
Quanto à presença de casos
com valores de Hb F acima do
normal (AF? = 1.70 %) não po-
deremos confirmar que são casos
com talassemias, porque outros
fatores relacionados a maiores
valores para a Hb F podem estar
influindo nesta freqüência. Entre
eles destacamos:
- Reativação da Hb F: valo-
res mais elevados de hemoglobi-
na F têm sido referidos em situa-
ções adquiridas tais como: ane-
mia aplástica, anemia perniciosa,
anemia hemolítica auto-imune, ti-
Tabela V. Valores médios (D. P.) por HPLC para as frações das diversashemoglobinas - A, A2, F, S, C e D - nos Doentes
DOENTESSC SS S/ß Thal CC AS/ßThal SD AC/ßThal
(N=16) (N=9) (N=8) (N=4) (N=1) (N=1) (N=1)Hb A % - - - - - - - - 18.3 * - - 22.7 *Hb A2 % 4.6 4.6 4.9 4.1 3.0 * 1.5 * 5.0 *
(± 0.6) (± 0.5) (± 1.6) (± 0.5)Hb F 1.1 - - - - 0.9 - - - - 1.1*Normal % (± 0.1) (± 0.1)Hb F 5.4 7.8 18.9 - - 20.3 * 5.8* - -Elevada % (± 4.8) (± 3.9) (± 6.7)Hb S % 45.9 84.1 71.2 - - 57.8 * 42.5 * - -
(± 2.2) (± 4.5) (± 7.3)Hb C % 42.3 - - - - 91.5 - - - - 66.9 *
(± 2.8) (± 0.9)Hb D % - - - - - - - - - - 42.8 * - -
* A amostra só teve um caso, por este motivo não foi calculada a significância.
Significâncias, Bartlett's test (p<0.05)Hemoglobina A2: Falcemia / Talassemia X As Outras Anemias Genéticas (Tabela V) e o Traço de Talassemia(Tabela IV)
S/ßThal x SC S/ßThal x SS S/ßThal x CC S/ßThal AC x A/ßThal MinorHb A2 S (p=0.00) S (p=0.00) S (p=0.05) S (p=0.00)
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NewsLab - edição 69 - 2005184
reotoxicose, leucemia mielóide
juvenil, mola hidatiforme, eritro-
leucemia, etc. (8, 9, 10, 11, 12,
18, 23).
- Uso de determinados hor-
mônios sexuais (progesterona,
gonadotrofina coriônica, estróge-
nos) aumentam a taxa de hemo-
globina fetal (19, 20, 21).
Nem sempre nas solicitações
de exames laboratoriais vem re-
ferida qual ou quais as suspei-
tas diagnósticas que motivaram
a execução do exame, nem quais
medicações o paciente está
usando. Logo, entre os casos ro-
tulados de AF? podemos ter al-
gumas das condições referidas
anteriormente.
Tabela II. Com exceção dos
casos AF?, tanto os Normais como
os Traços apresentam casos com
ausência de Hb F (0.0 %). Entre-
tanto, os Normais são aqueles
com a maior freqüência significan-
te (AA = 92.3 %) para ausência
de Hb F em relação aos Traços com
AS = 5.1 % e AC = 1.5 %.
Tabela III. Nos Doentes
somente aqueles que tiveram
a presença da Hb C (em homo-
zigose ou em heterozigose) é
que apresentaram casos de Hb
F com valores normais: SC =
44.4 %, CC = 44.4 % e AC/ß
Thal = 11.2 %.
Nos Doentes, a grande maio-
ria (87.5 % dos casos) teve a pre-
sença da hemoglobina S:
Hb SS = 22.5 %, Hb S/ß Thal
= 20.0 %, Hb AS/ßThal = 2.5 %,
Hb SD = 2.5 % e Hb SC = 40.0
%, e entre eles, todos aqueles
(47.5 % dos casos) que não apre-
sentaram Hb C (Hb SS, Hb S/
ßThal, Hb AS/ßThal e Hb SD) fo-
ram os que tiveram valores de Hb
F elevada.
A hipóxia é uma das causas que
estimula a produção da Hb F (23)
e os casos com Doença Falcifor-
me, por causa da presença da Hb
S, sempre apresentam maior in-
tensidade de anemia (isto é, mais
hipóxia) do que os casos com Hb
C. Este pode ser um dos fatores
que deve contribuir para que nos
Doentes com presença de Hb S
apresentem valores mais elevados
para a Hb F.
Valores da Hemoglobina A2 e
as Talassemias
Tabela IV. Nos Traços para
hemoglobinopatias (Hb AS, Hb
AC e Hb AD) e talassemias (Hb
A/ßThal Minor), os valores mé-
dios de Hb A2 foram mais eleva-
dos (significantes) do que nos
casos Hb AA (normais), somen-
te para os Hb AS, Hb AC e Hb A/
ßThal Minor. Os casos com Hb AD
apresentaram os menores valo-
res médios (significantes) para
a Hb A2.
Quando se confrontam os re-
sultados de Hb A2 dos Traços
para Hemoglobinopatias (Hb
AS, Hb AF?, Hb AC e Hb AD)
com Traço para Talassemia (A/
ßThal Minor), este sempre
apresenta maior valor médio
(significante):
Hb A2 % - AA = 2.8 (± 0.4),
AS = 4.1 (± 0.5), AF? = 2.7 (±
0.4), AC = 3.6 (± 0.4), AD = 0.8
(± 0.6) e A/ßThal Minor = 4.8 (±
0.7).
Tabelas IV e V. As principais
diferenças nos resultados labora-
toriais para os casos da amostra
que são Doentes e apresentaram
Talassemias foram:
a) Os casos Hb S/ßThal se di-
ferenciam dos Hb SS porque apre-
sentam resultados laboratoriais
com menor valor para a Hb S e
valor bem mais elevado (acima de
10 %) para a Hb F. A patologia da
Hb S está na cadeia ß (no caso da
Hb S é a cadeia ßS), então na-
queles que são Hb S/ßThal, esta
cadeia ßS estará com deficiência
de síntese e, em conseqüência
disto surge o aumento da Hb F:
- Hb S %: S/ßThal = 71.2 (±
7.3) e SS = 84.1 (± 4.5)
- Hb F %: S/ßThal = 18.9 (±
6.7) e SS = 7.8 (± 3.9)
b) O caso denominado Hb AS/ß
Thal se diferencia e/ou tem seme-
lhança laboratorial com aqueles que
apresentam Traços Hb AS e com Hb
S/ß Thal através dos resultados das
Hb A, Hb S e Hb F porque:
- Hb AS/ßThal e Hb AS - no
Hb AS/ßThal o valor de Hb S está
acima de 50%, enquanto que no
Traço Hb AS quem tem valor aci-
ma de 50 % é a Hb A pois o da Hb
S está abaixo de 50 %;
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NewsLab - edição 69 - 2005186
Conclusões
- Hb AS/ßThal e Hb S/ßThal
- o caso Hb AS/ßThal tem pre-
sença da Hb A (em pouca quan-
tidade) e os casos Hb S/ßThal
não apresentam a Hb A. Os ca-
sos Hb AS/ßThal e Hb S/ßThal
são semelhantes em relação aos
valores das Hb F e Hb S, pois
ambos têm esta hemoglobina
com valores acima de 50 %.
• Hb A % : AS/ßThal = 18.3,
AS = 60.1 (± 3.3) e S/ßThal =
ausente
• Hb S % : AS/ßThal = 57.8,
AS = 34.8 (± 3.3) e S/ßThal =
71.2 (± 7.3)
• Hb F %: AS/ßThal = 20.3,
AS = 3.7 (± 2.4) e S/ßThal = 18.9
(± 6.7)
Em relação aos valores da Hb
A2, todos os casos que, na amos-
tra analisada, foram denominados
de Hb S/ßThal (Tabela V) apresen-
taram valores médios mais eleva-
dos (significantes) do que os Hb
SC, Hb SS, Hb CC (Tabela V) e
aqueles com Traço de Talassemia
(Tabela IV) - Hb A/ßThal Minor:
Hb A2 % : S/ßThal = 4.9 (±
1.6) , SC = 4.6 (± 0.6), SS = 4.6
(± 0.5), CC = 4.1 (± 0.5) e A/
ßThal Minor = 4.8 (± 0.7).
Conclusões
Nas Tabelas I, II, III, IV e V
podemos observar que nas ava-
liações por HPLC, através de so-
mente uma metodologia, após
interpretação adequada dos re-
sultados, pode-se identificar vá-
rios tipos de hemoglobinopati-
as (S, C, D, etc.) e, por causa
da existência da quantificação
destes resultados, também foi
possível se identificar a presen-
ça das ß Talassemias.
É necessário nas avaliações
para identificação das hemoglo-
binopatias que existam os va-
lores percentuais das diversas
frações das hemoglobinas, por-
que é através deste tipo de re-
sultado que se pode identificar
as ß Talassemias. As ß Talasse-
mias não são raras, em amos-
tra de ambulatório hematológi-
co em Salvador/BA (24) para
um total de 376 casos, 43.9 %
deles apresentaram o gen da ß
Talassemia.
Quando não existe o resulta-
do quantificado dos tipos de he-
moglobinas, não se tem como
diferenciar, laboratorialmente,
os casos que são Traços para Hb
AS daqueles que são Talassemia
do tipo Hb AS/ßThal. Isto é im-
portante, principalmente em re-
lação à conduta clínica, porque
os Hb AS/ßThal podem ser er-
roneamente denominados de
Traços Hb AS. Mas, geralmen-
te, os Hb AS/ß Thal apresentam
sintomatologia clínica seme-
lhante aquelas que são encon-
tradas nos casos Falcemia/Ta-
lassemia (os Hb S/ßThal), acres-
centando-se ao fato que a con-
duta clínica (acompanhamento,
medicamentos, aconselhamen-
to genético, etc.) deve ser a
mesma feita para um Doente
Falciforme.
Os casos com Falcemia/Ta-
lassemia ou Hb S/ßThal se di-
ferenciam dos Hb SS porque ge-
ralmente apresentam um qua-
dro clínico menos grave e algu-
mas vezes podem existir dúvi-
das clinicas quanto ao que é o
habitual na sintomatologia clí-
nica para o diagnóstico da Ane-
mia Falciforme (Hb SS). A pa-
tologia da Hb S está na cadeia
ß (é a cadeia ßS), então naque-
les que são Hb S/ß Thal, esta
cadeia ßS estará com deficiên-
cia de síntese e, em conseqü-
ência, surge o aumento da Hb
F. A hemoglobina F tem capaci-
dade de oxigenar melhor do que
a Hb S. Nos Hb S/ßThal a exis-
tência de maior percentagem
de hemoglobina F (acima de 10
%) ajudará a diminuir a hipó-
xia tendo como conseqüência a
diminuição da sintomatologia
clínica destes pacientes (25,
26, 27, 28, 29).
Agradecimentos
As autoras agradecem a Maria
Auxiliadora L. Dias da Silva, pro-
fessora de inglês da UFBA e UNI-
Bahia, por ter transcrito o resu-
mo para o inglês.
Correspondência para:
Dra. Maria de Lourdes Pires Nascimento
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NewsLab - edição 69 - 2005188
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