DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DOS RESÍDUOS PROVENIENTES … · Delio da Rocha Lima (UEPA)...
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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DOS
RESÍDUOS PROVENIENTES DA
CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE
REDENÇÃO - PA
Ramon Waldir Silva da Silva (UEPA)
Delio da Rocha Lima (UEPA)
Camila Carmo da Silva (UEPA)
KAMILLA GONCALVES DE SOUZA (UEPA)
Grande parte dos resíduos urbanos é gerada pela construção civil, que
provem de eventos formais e informais, contudo, a falta de efetividade do
ente privado, aliado a inexistência de políticas ambientalmente
sustentáveis, relacionadas ao flluxo e destinação dos resíduos da
construção civil, tem contribuído excessivamente para os impactos
gerados por essa atividade em todo o país. Diante disso o trabalho tem
como objetivo primordial analisar os resíduos oriundos da construção
civil no município de Redenção - PA, propondo uma gestão eficiente deste
como medida mitigadora. Para isso foi necessário pesquisas
bibliográficas, busca de informações junto ao órgão público responsáveis
do município, e ainda visitas in loco para diagnosticar a atual realidade
que se encontra os resíduos da construção civil (RCC) na cidade. A partir
disso constatou-se que esta não possui nenhum tipo de gerenciamento
desses resíduos sendo acondicionados em locais inadequados, como bota-
fora ou em locais dentro do próprio centro urbano, acarretando com isso
danos ambientais, sociais e econômicos. Neste contexto, é de suma
importância gerenciar esses resíduos, pois tal procedimento proporciona
a reutilização dos RCC incorporando-o novamente na construção civil,
com isso soluciona o problema de forma eficiente, tornando essa atividade
econômica sustentável.
Palavras-chaves: Resíduos da Construção Civil (RCC), Disposição
Irregular, Gestão dos RCC.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, na década de 80, a construção civil ainda não possuía nenhuma preocupação
ambiental, pois acreditava-se que a mesma não tivesse qualquer ligação na sua cadeia produtiva
com o esgotamento dos recursos não renováveis, tão pouco com os prejuízos causados pelo
desperdício dos materiais, e que estes poderiam ser reutilizados nas respectivas obras através de
um manejo adequado (MELLO, 2008).
A atividade da construção civil é considerada como uma das mais importantes para o
desenvolvimento econômico e social do país, e, por outro lado, comporta-se, ainda, como grande
geradora de resíduos e consequentemente impactos ambientais, quer seja pelo consumo
exacerbado de recursos naturais, pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos
(SINDUSCON 2005).
Conforme Ribeiro et al. apud Karpinski et al. (2008), estima-se que a construção civil consome
algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade, sendo que muito
desses resíduos provém de eventos informais como, construções avulsas, geralmente realizadas
pelos proprietários dos imóveis, reformas, demolições, entre outros.
A geração dos resíduos sólidos define-se em sua maioria, como resíduos sólidos urbanos (RSU),
onde aproximadamente 40% são provenientes da construção ou demolição civil (JÚNIOR, 2005).
Neste sentido é de suma importância à gestão ecoeficiente destes resíduos, desenvolvendo
alternativas sustentáveis através da redução, da reciclar e do reaproveitar do mesmo, reinserindo-
o novamente, como fonte de matéria prima renovável, no processo produtivo, assim reduzindo os
custos com limpeza e disposição final destes e, por conseguinte os impactos ambientais (GAEDE,
2008).
Segundo a SINDUSCON (2005), é de responsabilidade dos municípios a solução para os
pequenos volumes de resíduos de construção e demolição (RCD), que geralmente são dispostos
em locais inapropriados, quanto aos grandes volumes, devem ser definidas e licenciadas áreas
para o manejo dos resíduos, em conformidade com a resolução CONAMA nº. 307/02,
cadastrando e formalizando a presença dos transportadores dos resíduos e fiscalizando as
responsabilidades dos geradores, inclusive quanto ao desenvolvimento de projetos de
gerenciamento.
Na maior parte dos municípios brasileiros a gestão dos resíduos da construção civil é um grande
desafio, devido principalmente, a falta de efetividade ou a inexistência de políticas públicas
responsáveis que policiem o descarte dos resíduos da construção civil (RCC) nas cidades,
associado ao descompromisso dos geradores na gestão e, principalmente, na destinação dos
resíduos, acaba provocando significativos impactos ambientais, sociais e econômicos (CANUT,
2006).
Neste cenário dos centros urbanos brasileiros, encontra-se a cidade de Redenção no estado do
Pará, que possui diversos locais de disposição irregular de RCC, comumente localizados em
frente ás próprias construções, em terrenos baldios ou em esquinas. As deposições inadequadas
de tais resíduos possibilitam o surgimento de abrigos para vetores de transmissão de doenças,
causando um péssimo aspecto visual, além de acarretar no alagamento da avenida principal nos
períodos de chuva.
Diante dessa problemática, o artigo tem como objetivo central analisar os resíduos oriundos da
construção civil no município de Redenção – PA, propondo uma gestão eficiente dos RCC,
através da redução, da reciclagem e do reaproveitamento destes, com o intuito de solucionar e/ou
mitigar o impactos existentes.
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2. METODOLOGIA
Para concretização do trabalho foi realizado inicialmente um amplo levantamento bibliográfico
sobre RCC, sendo encontrados estudos entre eles artigos, teses e manuais que auxiliaram de
forma importante o desenvolvimento do estudo, além de busca de informações documentais junto
aos órgãos municipais competentes no ano de 2011. Por fim foram realizadas visitas, ao
município, nos locais de deposição inadequada desses rejeitos, realizando registros fotográficos e
verificando a atual situação da disposição dos resíduos oriundos da construção civil.
2.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A pesquisa foi realizada no município de Redenção que se situa na mesorregião do sudeste
paraense, estando inserido nos afluentes do rio Pau D’Arco e rio Arraias do Araguaia, localizado
a uma latitude 08º01’43” sul e a uma longitude 50º01’53” oeste, possui uma extensão territorial
3.801,74 km² e uma população estimada em 67.064 habitantes (IBGE, 2010). A cidade possui
uma área territorial de 3.801,74 km², sendo considerada uma região estratégica pela sua
localização geográfica, é servida por rodovias federais e estaduais que cortam o município,
posicionando-o como potencial polo em toda região.
Fonte: Adaptado do INPE (2009)
Figura 01 – Imagem de satélite do município de Redenção – PA
Redenção urbanizou-se aceleradamente impulsionado por sua localização ardilosa perante o
Estado, pelo intenso extrativismo vegetal e pela agropecuária, principal atividade econômica
atualmente. Essa urbanização desordenada vem acarretando ao longo do tempo muitos impactos
sociais, econômicos e ambientais destacando-se os resíduos oriundos da construção civil, que não
possuem nenhum tipo de gerenciamento ambiental e proporciona muitos problemas a cidade.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A preocupação com o gerenciamento dos resíduos de construção civil, através da reciclagem, é
antiga, mas atualmente vem chamando a atenção dos gestores urbanos pelas possibilidades que
apresenta enquanto solução de destinação dos RCD e solução para a geração de produtos a custos
menores do que os agregados naturais (JOHN e AGOPYAN, 2008). Além disso, a Constituição
Ambiental está cada vez mais presente e rígida, determinando os métodos a serem adotados pelos
entes sociais no gerenciamento correto dos RCC. Fiscalizando e punindo com multas ou
interdições os infratores.
Atualmente existem duas principais Leis para a gestão adequada dos RCC nos municípios, a
resolução CONAMA 307/02 que teve sua efetivação em 2003 em todo país, onde estabelecem
critérios, procedimentos e prazos para gestão correta dos resíduos da construção civil, policiando
as ações necessárias de forma a mitigar os impactos ambientais, e ainda que estes resíduos não
possam ser depositados em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em
áreas protegidas por Lei (JÚNIOR, 2005).
A outra Lei é a resolução CONAMA 275/01, considera a redução dos RCC, devido à quantidade
e o grau de impacto gerado ao meio ambiente, através da reciclagem e de campanhas
educacionais para uma conscientização ambiental, promovendo a efetivação da coleta seletiva e a
viabilização do material reciclado, e com isso estabelecendo o código de cores para os diferentes
tipos de resíduos, com o intuito de facilitar a coleta seletiva e as campanhas educacionais de
conscientização (JÚNIOR, 2005).
Por outro lado, mesmo com a existência de uma legislação rígida sobre os RCC, no Brasil, o que
acontece hoje em dia ainda são atitudes corretivas que violam os princípios das resoluções
vigentes, prova disso é a grande quantidade de áreas, até mesmo protegidas pela constituição,
sendo utilizadas de forma clandestina para o descarte final desses resíduos. Isso ocorre devido a
ausências de ações preventivas destes resíduos aliado a falta de uma fiscalização constante e
eficiente e, ainda a falta da conscientização da população em relação aos impactos gerados ao
meio ambiente por essas ações irresponsáveis.
A disposição irracional de resíduos, além de dar um péssimo aspecto visual ao centro urbano, traz
uma serie de impactos negativos, ou seja, inúmeros problemas socioambientais (ARAÚJO e
GÜNTHER, 2007), que em sua maioria estão ligados à ausência de educação e conscientização
ambiental da população, mas também ao descaso do ente público relacionado á essa
problemática, onde não há uma devida importância e nem dispõe de uma infraestrutura eficiente
para o acondicionamento adequado desses resíduos.
Em Redenção, no Estado do Pará, o desenvolvimento econômico desordenado gera uma grande
quantidade de RSU, provenientes da construção civil, e devido à falta de gestão publica eficaz,
aliado a imprudência do setor privado e a ausência de uma consciência ambiental da população
local, acondicionam tais resíduos em locais totalmente inadequados, acarretando com isso muitos
impactos no âmbito social, econômico e ambiental, deteriorando tanto meio ambiente quanto a
qualidade de vida das pessoas (SILVA et al., 2011). Neste sentido as figuras abaixo evidenciam
as irregularidades nos descartes e as condições em que se encontram os rejeitos oriundos da
construção civil.
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A figura 02 ilustra o córrego localizado no centro do Município de Redenção sendo utilizado
como local de deposição irregular de RCC, contribuindo de maneira decisiva no assoreamento do
mesmo.
Figura 02 - Córrego localizado na Avenida Brasil que é utilizado como local de
disposição inadequada de RCC
Conforme Souza et al. apud Karpinski et al. (2008), essa prática acarreta uma serie de impactos
negativos ao meio ambiente e a população próxima daquele perímetro, pois além de possibilitar a
proliferação de micro e macro vetores de doenças, causam o entupimento das canalizações de
drenagem, ocasionando alagamento da via de acesso público, dificultando o trafego de veículos e
pessoas. E ainda incentiva a deposição de outros tipos de rejeitos no local, podendo ocasionar
assoreamento no córrego.
De acordo com Estrela et al. (2007), a disposição irregular dos mesmos aumentam os custos com
a disposição e proporcionam maior rigidez legal ao processo construtivo, porém o custo é o que
leva muitas vezes à disposição incorreta, intensificando o processo de degeneração do meio
ambiente, com a ocorrência de alterações na diversidade biológica natural., danificando assim o
meio ambiente.
Além disso, outro problema com a disposição incorreta são os impactos produzidos por ela, como
estreitamento de leitos e valetas ocasionando enchentes, poluição das águas e solos, indução a
deposição de outros tipos de rejeitos.
As figuras 03 e 04 mostram ruas da cidade sendo irregularmente utilizada como deposito dos
resíduos provenientes da construção civil, com isso causa uma degradação da qualidade visual,
proporcionando uma ameaça à saúde física e psicológica das pessoas, obstrução da via publica
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tanto para pedestres quanto para os veículos, além de favorecer a propagação de micro e macro
vetores de doenças comprometendo a qualidade de vida da população.
Figura 03 – Calçada do município com
RCC
De acordo com Schneider (2003), o descarte dos RCC não é realizado em locais apropriados, fato
que se prova ao se analisar as condições críticas de limpeza em vias e logradouros públicos que
recebem errônea deposição de RCC, prejudicando a paisagem urbana, o tráfego de pedestres e de
veículos e a drenagem urbana, além da atração de outros resíduos, contribuindo para a
multiplicação de vetores de doenças, oferecendo, simultaneamente, água, alimento e abrigo de
muitas espécies patogênicas, como ratos, baratas, moscas, vermes, bactérias, fungos e vírus.
A figura 05 ilustra resíduos domiciliares sendo descartados inadequadamente com os da
construção civil, proporcionando um habitat propício para a proliferação dos vetores de doenças.
Figura 04: RCC no estacionamento da via
publica
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Figura 05: Resíduos domiciliares e da construção civil dispostos irregularmente no Município
Neste contexto Canut (2006), ressalta que a presença destes resíduos cria um ambiente propício
para a proliferação de animais prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana sendo
comum nos bota-foras e locais de deposições irregulares a presença de roedores, animais
peçonhentos e insetos transmissores de endemias perigosas, que afetam diretamente a saúde e o
“bem estar” das pessoas comprometendo de maneira significativa a qualidade de vida destas.
A tabela 01 mostra doenças das mais diversas magnitudes que podem ser transmitidas por vetores
que habitam locais de descarte irregular dos resíduos urbanos. Tais ameaçam a saúde e a
qualidade de vida da população, pois doenças como a dengue e a cólera podem levar até a morte
o homem, mostrando ser mais um importante motivo para se implantar uma gestão preventiva
dos RSU.
Animais (vetores) Doenças
Moscas Febre tifoide, salmoneloses, disenterias.
Mosquito Malária, febre amarela, dengue.
Barata Febre tifoide, cólera, amebíase, giardíase.
Ratos Tifo murino, leptospirose, diarreias, disenterias, triquinose.
Fonte: Adaptado (2012), de Rocha apud Schneider (2003)
Tabela 01 - Vetores e suas respectivas transmissões de doenças
Diante disso Andere e Santos (2008), explicam que esses problemas são ocasionados devido à
ausência de um gerenciamento eficiente destes resíduos, aliado a fala de uma atuação rígida da
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fiscalização, e, até mesmo, da falta de uma conscientização da população quanto aos danos
provocados pelos descartes indiscriminados do entulho em locais inadequados. Estes vetores
podem ser responsáveis pela transmissão de doenças respiratórias, epidérmicas e intestinais
podendo levar as pessoas até mesmo a óbito.
As disposições irregulares dos resíduos da construção civil nos centros antropizados geram
problemas ambientais, sociais e econômicos, assim comprometem o meio natural, causam a
redução da qualidade de vida da população e aumentam os custos com a limpeza urbana
(AQUINO, 2004). Além destas conseqüências, a remoção destes resíduos acumulados
irregularmente onera os cofres públicos municipais.
Isso ocorre porque os RCC são trabalhados de forma corretiva. Para Melo (2008), atualmente a
gestão corretiva é a principal estratégia de combate aos problemas derivados do acúmulo de RCC
em áreas públicas, sendo a maior consumidora dos recursos naturais. Entretanto, este tipo de
gerenciamento dos rejeitos caracteriza-se por englobar ações não preventivas, repetitivas e muito
custosas, que não surtem resultados adequados, e por isso, densamente ineficientes, tornando-se
uma solução devaneadora (AZEVEDO et al., 2006).
Neste sentido tais operações têm se mostrado insustentáveis, tanto pelo custo final elevado da
remoção, que varia entre US$ 15 e US$ 70 por metros cúbicos, quanto pela necessidade de
envolvimento contínuo de uma grande frota de veículos do ente público (PINTO, 1999). Segundo
o mesmo autor, os gastos associados ao processo de reciclagem como custos de manutenção e
reposição, água, força e luz, custos, juros, amortização, equipamentos, dentre outros, possui um
custo médio na ordem de R$ 5,00 por tonelada processada.
Com isso constata-se que a reciclagem dos RCC possui uma significativa viabilidade em diversos
quesitos, destacando-se principalmente na viabilidade econômica quando comparada com os
preços dos agregados naturais como mostra a tabela 02.
Cidades Região do Brasil Agregados Britados (R$/t)
Porto Alegre (RS) Sul 11,00
Florianópolis (SC) Sul 15,80
Curitiba (PR) Sul 11,44
São Paulo (SP) Sudeste 13,33
Rio de Janeiro (RJ) Sudeste 11,00
Belo Horizonte (MG) Sudeste 11,00
Brasília (DF) Centro-Oeste 18,67
Goiânia (GO) Centro-Oeste 14,67
Salvador (BA) Nordeste 20,00
Recife (PE) Nordeste 18,00
Fortaleza (CE) Nordeste 12,67
Belém (PA) Norte 30,00
Fonte: Adaptado (2012), de Pinto (1999)
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Tabela 02 - Preços médios indicativos para os agregados naturais em regiões brasileiras
A partir dos dados acima pode-se constatar que a gestão dos RCC através da reciclagem, é a
solução mais viável existente hoje em dia, pois percebe-se um grande diferencial de preços em
R$ entre os valores dos agregados naturais e dos custos dos procedimentos da reciclagem,
tornando uma alternativa econômica, social e ambientalmente viável para mitigação deste tipo de
detrito. A diferença em relação à Região Norte do País é ainda mais expressiva aonde o preço do
agregado natural chega a 30 R$/t tendo uma diferença para o gasto na reciclagem de 25R$/t,
tornando a gestão dos resíduos bastante viáveis.
Diante disso a possibilidade de se obter materiais de baixo custo utilizando estes do
reaproveitamento de resíduos das construções e demolição permite uma significativa diminuição
dos gastos com a obtenção de materiais, e uma notável redução nos impactos gerados pela
mesma.
O sucesso de uma gestão ambiental eficiente, em empresas construtoras, dependerá sempre da
conciliação entre os benefícios ambientais e econômicos agindo como uma unidade de negócio
sustentável (GAEDE, 2008). Desta forma, os aspectos gerenciais devem ser adotados ao longo de
toda a cadeia produtiva, englobando desde o planejamento, controle da produção, logística,
suprimentos até a capacitação de mão de obra (PINTO e GONZÁLES, 2005).
Neste sentido percebe-se a importância do gerenciamento planejado desse tipo de resíduo, pois
possui um grande potencial econômico a ser explorado onde podem ser facilmente
reincorporados no processo produtivo com uma economia expressiva em relação aos recursos
naturais, com isso otimizam a atividade de forma sustentável, diminuindo a degradação
predatória do meio ambiente além de auxiliar criação de empregos e renda a população
desenvolve o município e incorpora modelos de produção mais limpa como um importante
instrumento na minimização dos impactos (AQUINO, 2004).
Além dessa importante viabilidade econômica com a gestão eficaz dos RCC, também
proporciona significativos ganhos ambientais, diminuindo de forma expressiva a exploração dos
recursos naturais não renováveis e renováveis e ainda a quantidade de rejeito disposto de forma
clandestina em áreas protegidas e/ou inadequadas, além de reduzir o a quantidade de resíduo a ser
descartada aumentando o tempo de uso dos aterros sanitários (SILVA e BRITO, 2006). Outro
ponto relevante dessa alternativa é o cumprimento das Leis pertinentes, podendo se beneficiar
com isso através do marketing valorizando a imagem da empresa e a do município garantindo de
forma sustentável a qualidade de vida da população.
Para isso é de fundamental importância um processo acelerado e constante de conscientização e
educação ambiental, já que o grande motivo que seria o empecilho para a adesão desse sistema é
a desculpa de não trazer retorno financeiro, mas através dos estudos foi comprovado que a
atividade possui abrangência econômica, onde através de palestras e fiscalizações do poder
publico local junto ás empresas privadas, e a iniciativa da mesma tendo consciência do retorno,
posteriormente terá de incorporar-se ao projeto ficando mais fácil e viável financeiramente, sendo
este um caminho mais fácil para uma gestão sustentável.
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Agentes Papel
Construtores Reduzir na fonte, reutilizar e reciclar.
População Conscientização através da educação ambiental e descarte
adequado dos RCC.
Poder Público
Ativar instrumentos financeiros e tributários, incentivar a
reutilização e reciclagem dos subprodutos e promover
uma orientação, educação e controle para uma ação
eficiente.
Fonte: Adaptado (2012), de SSM (1995)
Tabela 03 – O papel dos agentes sociais na reciclagem dos RCC
Conforme a tabela 03, afirma-se que é indispensável à participação coletiva dos agentes sociais
para a implantação de um gerenciamento bem-sucedido, através da redução, reciclagem e do
reaproveitamento no sistema produtivo, com isso revertendo um grande problema em diversas
vantagens:
Na parte econômica, diminui os gastos com a limpeza das vias publicas e com o descarte final
dos RCC e oferece matéria prima melhor e mais barata, com isso reduzindo custo e ainda
cumpre a legislação vigente e melhora o marketing do empreendimento e da cidade,
maximizando o lucro;
Já na parte social, proporciona a criação de novos postos de trabalho e renda para comunidade
de baixa renda, melhorando a expectativa de vida dessas pessoas;
E por fim as questões ambientais, onde reutiliza os resíduos sólidos provenientes da
comunidade como fonte de matéria-prima, bem como, possibilita a racionalização dos
recursos naturais, assim como a reposição dos não reaproveitáveis.
4. CONCLUSÃO
Em sua maioria a construção civil utiliza recursos não renováveis, liberando resíduos e quase
sempre não dando um destino a esses materiais, onde os mesmos são gerados pelos mais diversos
fatores, como reformas, demolições, construções, entre outros, porém com as constantes taxas de
crescimento populacional, e o acúmulo cada vez maior de pessoas nos centros urbanos
consequentemente aumenta a demanda de moradia e os resíduos gerados por essas construções,
fato esse que é responsável por uma série de danos causados ao meio ambiente.
Neste contexto encontra-se o município de Redencao – PA que apresenta um crescimento urbano
desordenado e com isso proporciona diversos prejuízos relacionados à produção e gerenciamento
final dos RCC. A cidade apresenta vários locais clandestinos, de disposição irregular dos
resíduos, provenientes da construção civil, como por exemplos às vias e logradouros públicos, os
córregos, bota-fora dentre outros. Com isso acaba ocasionando poluição visual, poluição dos
corpos hídricos, assoreamento do córrego, erosão do solo, obstrução do tráfego de pedestres e
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veículos, proliferação de micro e macro vetores de doenças, comprometendo assim a saúde e
consequentemente a qualidade de vida das pessoas.
Essa problemática existe porque o município em questão não apresenta uma gestão eficiente dos
RCC, onde realiza medidas corretivas e/ou emergenciais, retirando o problema do centro urbano
deslocando-o para um bota-fora, tornado uma prática bem mais cara e ineficiente, além de não
resolver o problema. Neste contexto é necessário realizar a implantação de um sistema de gestão
preventivo no município, através da redução, reciclagem e reutilização dos RCC, pois essa
alternativa se mostra muito eficiência, onde além de cumprir a legislação CONAMA 307/02 e a
CONAMA 275/01, disponibiliza material com melhor qualidade e muito mais barato em
comparação com os agregados naturais, comprovando assim sua viabilidade econômica.
Além de um significativo rebate no setor financeiro, com a obtenção desses materiais, haverá
ainda uma notável redução nos impactos ambientais, devido à redução e o reaproveitamento
destes resíduos diminuindo as disposições clandestinas. Desta forma, os aspectos gerenciais
devem ser adotados ao longo de toda a cadeia produtiva, englobando desde o planejamento,
controle da produção, logística, suprimentos até a capacitação de mão de obra, pois somente
assim será possível desenvolver uma gestão economicamente sustentável e eficiente.
Outro fator decisivo para o sucesso dessa prática é a participação da população como futuros
consumidores de materiais produzidos a partir de resíduos ou de matérias-primas secundárias,
onde atuaram de forma fiscalizadora exigindo do setor privado e publico o uso racional e eficaz
de materiais usados nas habitações de interesse social. Além disso, a conscientização ambiental
da comunidade é de suma importância para o desempenho do programa, onde as pessoas darão o
destino correto dos resíduos e, ainda ajudarão a policiar os possíveis descumprimentos da Lei,
como os descartes clandestinos.
Enfim a gestão dos RCC é de suma importância hoje em dia, pois ela proporciona a solução de
um problema transformando-o em benfeitorias sociais, ambientais e principalmente econômicos,
porém é necessário que todos os agentes sociais, como o poder público, as construtoras e a
população, estejam engajadas nesta gestão, pois é a união das suas ações que tornaram a
reciclagem dos entulhos uma prática eficiente e em decorrência sustentável. Com isso produz ao
município enormes benefícios como à melhora na qualidade de vida da população, a redução
significativa dos impactos ambientais e geração de emprego e renda.
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