Dia Polar Internacional – A Terra em Transformação (2)

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Dia Polar Internacional – A Terra em Transformação Aprenda mais sobre a Terra em Transformação no site www.ipy.org Na história de 4,6 bilhões de anos do nosso planeta, a maneira como as regiões cobertas de gelo nos pólos se apresentam representam um desenvolvimento recente. Uma combinação sem precedentes de posições continentais e condições orbitais permitiu o desenvolvimento do atual clima “icehouse” (“terra geladeira”) e estimulou, no último milhão de anos, uma oscilação de eventos glaciais e interglaciais “rápidos”. Nessa condição de “icehouse” global, ciclos de interações atmosféricas oceânicas dão surgimento às variações climáticas regionais em escalas que vão de décadas até séculos. Identificar e prever os impactos da mudança climática causada pelo homem requer uma compreensão cuidadosa dessas forças naturais de mudança planetária. Antártida A atual localização da Antártida no pólo sul e a sua separação tanto da Austrália como da América do Sul, tudo devido a processos tectônicos contínuos, datam de cerca de 35 milhões de anos atrás. Com as passagens Sul-Americana e Australiana abertas, um Oceano circumpolar se desenvolveu no sul, trazendo fortes conseqüências para a Antártida e para o sistema de circulação oceânica global. Mantos de gelo começaram a se formar na Antártida nessa época, e aparentemente se espalharam e perduraram por 12 milhões de anos até a atualidade. Essas mudanças no continente do sul representaram um estágio inicial de um clima global mais quente (“hothouse”, ou Terra estufa) para um clima global mais frio (“icehouse”, ou Terra geladeira). Evidências dessas mudanças aparecem em sedimentos oceânicos, na estrutura e composição de rochas de superfície (incluindo aquelas que atualmente se encontram sob o gelo da Antártida), e em medições cuidadosas dos movimentos da superfície e do subsolo terrestre atual. Ártico A cobertura de gelo no Oceano Ártico atual aparentemente começou há 3 milhões de anos atrás. Mudanças tectônicas nas passagens oceânicas na América Central (fechamento do Istmo do Panamá) e perto da Indonésia deram início ao resfriamento do Ártico. Então, pequenas mudanças na órbita terrestre que diminuíram o verão e a energia polar que atingia o hemisfério norte podem ter instigado o congelamento no Oceano Ártico. Quando camadas de gelo isolaram a atmosfera do oceano padrões de circulação oceânica e atmosférica regionais e hemisféricas também mudaram. Evidências dessas mudanças podem ser encontradas em sedimentos dos Oceanos Ártico e em outros, e em terra por todo o hemisfério norte.

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Na história de 4,6 bilhões de anos do nosso planeta, a maneira como as regiões cobertas de gelo nos pólos se apresentam representam um desenvolvimento recente. Uma combinação sem precedentes de posições continentais e condições orbitais permitiu o desenvolvimento do atual clima “icehouse” (“terra geladeira”) e estimulou, no último milhão de anos, uma oscilação de eventos glaciais e interglaciais “rápidos”. Nessa condição de “icehouse” global, ciclos de interações atmosféricas oceânicas dão surgimento às variações climáticas regionais em escalas que vão de décadas até séculos. Identificar e prever os impactos da mudança climática causada pelo homem requer uma compreensão cuidadosa dessas forças naturais de mudança planetária.

AntártidaA atual localização da Antártida no pólo sul e a sua separação tanto da Austrália como da América do Sul, tudo devido a processos tectônicos contínuos, datam de cerca de 35 milhões de anos atrás. Com as passagens Sul-Americana e Australiana abertas, um Oceano circumpolar se desenvolveu no sul, trazendo fortes conseqüências para a Antártida e para o sistema de circulação oceânica global. Mantos de gelo começaram a se formar na Antártida nessa época, e aparentemente se espalharam e perduraram por 12 milhões de anos até a atualidade. Essas mudanças no continente do sul representaram um estágio inicial de um clima global mais quente (“hothouse”, ou Terra estufa) para um clima global mais frio (“icehouse”, ou Terra geladeira). Evidências dessas mudanças aparecem em sedimentos oceânicos, na estrutura e composição de rochas de superfície (incluindo aquelas que atualmente se encontram sob o gelo da Antártida), e em medições cuidadosas dos movimentos da superfície e do subsolo terrestre atual.

ÁrticoA cobertura de gelo no Oceano Ártico atual aparentemente começou há 3 milhões de anos atrás. Mudanças tectônicas nas passagens oceânicas na América Central (fechamento do Istmo do Panamá) e perto da Indonésia deram início ao resfriamento do Ártico. Então, pequenas mudanças na órbita terrestre que diminuíram o verão e a energia polar que atingia o hemisfério norte podem ter instigado o congelamento no Oceano Ártico. Quando camadas de gelo isolaram a atmosfera do oceano padrões de circulação oceânica e atmosférica regionais e hemisféricas também mudaram. Evidências dessas mudanças podem ser encontradas em sedimentos dos Oceanos Ártico e em outros, e em terra por todo o hemisfério norte.

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As Eras GlaciaisCom os continentes e passagens oceânicas na configuração em que se encontram atualmente, e com enormes massas de gelo na Antártica e com a cobertura permanente de gelo do Oceano Ártico, o sistema climático começou a oscilar. Essas oscilações, conhecidas popularmente como eras do gelo, envolvem períodos glaciais frios interspersos com períodos glaciais quentes – eles acontecem há quase 2 milhões de anos. No último milhão de anos, as oscilações glaciais-interglaciais têm ocorrido com incrível regularidade, quase que totalmente em sincronia com mudanças orbitais. As atuais condições tectônicas, oceânicas e climáticas do planeta parecem torná-lo sensível a pequenas variações na elipticidade da órbita terrestre, a pequenas mudanças na inclinação da terra dentro dessa órbita, e a precessões lentas ou a balanceamentos instáveis da terra nessa órbita. Essas mudanças orbitais, que ocorrem com freqüências previsíveis, influenciam a quantidade de luz solar que atinge cada um dos hemisférios durante cada estação do ano, bem como a percentagem dessa energia que causam impacto nas regiões polares. Evidências das eras do gelo, e dos ciclos orbitais, aparecem no centro do gelo e em formações na superfície da terra por todo o hemisfério norte. Evidências indiretas aparecem em relatórios do aumento ou diminuição do nível do mar por todo o planeta.Escalas de Tempo HumanasOs humanos surgiram no planeta há algumas eras do gelo atrás; eles migraram para e através das regiões polares durante e desde o último máximo glacial, há 22.000 anos atrás. As civilizações, incluindo as cidades, a agricultura, o transporte e a escrita, surgiram nos últimos 10,000 anos. O consumo em grande escala de combustíveis fósseis começou há 150 anos atrás. À medida que descobrimos complexidades físicas e ecológicas do nosso planeta, começamos a reconhecer padrões climáticos naturais sutis não, aparentemente, ligados a fatores geológicos ou glaciológicos. Esses modelos de variação no oceano e na atmosfera têm nomes regionais: o sistema de oscilação no sul é chamado de “El Ninho”, nas regiões polares são chamados de Oscilação do Atlântico Norte, Oscilação Norte Americana Pacífica e “South Annular Mode” (Modo Anular do Sul). Tanto individualmente como em combinação, eles afetam padrões sobre a maioria do globo terrestre, em escalas de tempo que vão de anos, décadas, e talvez até séculos.Mudanças causadas pelo Homem Além das mudanças naturais, as atividades humanas dobrarão os gases atmosféricos de estufa, o que resultará em aumentos na temperatura dentro de um período de 50 a 100 anos. Impactos humanos podem levar a mudanças nas oscilações regionais ou mudanças nos padrões de eras do gelo. No final, as mudanças orbitais e tectônicas intervirão. Como zeladores e beneficiários de ecossistemas e de civilizações adaptadas a condições climáticas específicas, devemos nos esforçar muito para compreender e prever tanto as mudanças naturais, como as causadas pelo homem.