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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE “PROJETOS ESPECIAIS” PROJETO A VEZ DO MESTRE DEVER DE CASA: o que é? AUTORA: YAEKO ANDO OKADA ORIENTADORA : YASMIN MARIA R. MADEIRA DA COSTA Rio de Janeiro, RJ, fevereiro de 2002.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE “PROJETOS ESPECIAIS”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DEVER DE CASA: o que é?

AUTORA: YAEKO ANDO OKADA

ORIENTADORA : YASMIN MARIA R. MADEIRA DA COSTA

Rio de Janeiro, RJ, fevereiro de 2002.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE “PROJETOS ESPECIAIS”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DEVER DE CASA: o que é?

AUTORA: YAEKO ANDO OKADA

Trabalho monográfico apresentado

como requisito parcial de Especialista

em Psicopedagogia

Rio de Janeiro, fevereiro de 2002.

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Dedico este trabalho a todos que

colaboraram e tornaram realidade esta

pesquisa, em especial ao aluno que

inspirou o presente título.

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“Saber ensinar implica ter uma ilimitada

paciência, uma ilimitada tolerância, uma

grande visão para penetrar em todas as

mentes e dominar a ciência da espera”

Raumsol.

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A eterna gratidão ao Kyozo, Dinah e Marcello

que, com paciência, apoiaram-me na

concretização deste trabalho. Aos colegas,

alunos e pais que colaboraram na pesquisa.

À orientadora, pelos estímulos recebidos; o

que foi importante para o meu processo.

A Karen, ao Baiano, muito grata pelo

constante estímulo.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................ 6

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DE TRABALHO ............... 11

CAPÍTULO 2 - O QUE É DEVER DE CA.SA? ......................................... 15

CAPÍTULO 3 - RESISTÊNCIA AO DEVER DE CASA, PORQUÊ ?........... 21

A Aprendizagem ......................................................................................... 23

Motivação ..................................................................................................... 26

Relação professor-aluno, o que é?.............................................................. 38

Relação família – aluno ............................................................................... 41

Perfil do aluno............................................................................................ 46

CAPÍTULO 4 - DEVER DE CASA, RECURSO IMPRESCINDÍVEL NO

PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM?....................................................... 53

CONCLUSÃO................................................................................................... 56

ANEXOS .......................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 71

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 74

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RESUMO

A idéia principal deste trabalho surgiu pela vontade de descobrir

porque certo aluno registrava na escola objeto desta pesquisa, o número

recorde, em anotações por não apresentar o dever de casa. Todos os

recursos tinham sido utilizados: entrevista individual para refletir sobre a

importância e o benefício desta atividade em sua vida e entrevista com a

família para traçar um plano de ação docente com a finalidade de estimulá-lo a

realizar as tarefas escolares em casa.

As reflexões trouxeram à tona: o preconceito social sobre o

próprio conceito de trabalho, implícito no pensamento de escravismo; a

consciência da função do dever de casa – para que serve, só para manter o

aluno em casa estudando no seu tempo livre? E a prática pedagógica facilita a

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aprendizagem e a formação do aluno? Está esta prática acompanhando o

desenvolvimento científico, tecnológico e informacional desta sociedade pós-

industrial que está sofrendo grandes transformações? O que significa fixação

de conteúdo dentro do processo ensino aprendizagem, na relação professor-

aluno e na relação aluno-contexto social? O que é esse conteúdo na vida do

aluno? E a assimilação de conhecimento? Seria o dever de casa o meio para a

aquisição desse conhecimento?

Buscar respostas para essas indagações é o objetivo deste

trabalho para se chegar a uma conclusão em relação ao dever de casa ser ou

não imprescindível no processo formativo do aluno, preparando-o para a vida

como ser humano inserido nesse mundo de transformações.

Através de entrevistas, junto aos alunos, às famílias e aos

professores foram levantados dados que contribuíram para demonstrar que o

dever de casa não é imprescindível, embora seja um complemento pedagógico

que auxilie na aprendizagem e favoreça a formação do aluno, e que a

motivação para o trabalho inicia-se na etapa de planejamento do professor,

quando o docente está atento em adequar as peculiaridades do conteúdo de

sua área de conhecimento às necessidades cognitivas, afetivas e sociais do

aluno.

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INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido sobre o alheamento por parte dos alunos,

que mostram-se indiferentes frente às reflexões e às advertências feitas pelos

professores os quais, por sua vez, sentem-se impotentes frente a dificuldade

de estimular e fazer com que os educandos realizem o dever de casa.

Ao fazer uma análise desse contexto escolar, decidiu-se averiguar

as causas da resistência ao cumprimento do dever de casa, que vem

influenciando no baixo rendimento escolar e na aquisição de bons hábitos de

estudos.

Diante das tarefas construídas e dos recursos utilizados pelos

professores, começou-se a questionar a validade do dever de casa e dos

objetivos que se pretende alcançar com sua realização. Pensou-se em

investigar de que forma essa atividade escolar contribui na formação do aluno.

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Questiona-se se o professor tem consciência da importância

dessa atividade, ou não, no processo ensino-aprendizagem-participação de

seu aluno. Pensa-se ainda em investigar de que maneira as famílias

acompanham a realidade de seus filhos.

Alguns professores argumentam que a “escola está parada no

tempo”, não acompanhando o desenvolvimento tecnológico, o qual concorre

oferecendo multimídias sofisticadas, levando o aluno a entrar no mundo

maravilhoso de informações prontas, multicoloridas, não necessitando de

esforços para pensar. Que reflexões esses questionamentos suscitam e que

procedimentos devem ser tomados como resultado dessas reflexões?

Tais reflexões levam a novos questionamentos: será o dever de

casa o meio imprescindível para a assimilação e aquisição de conhecimentos?

De forma o dever de casa favorece conhecimentos de relação do aluno com o

mundo científico, tecnológico, da comunicação, da informação rápida, do

mundo com ele mesmo?

Fundamentado nas teorias da linha cognitivista e humanista, com

tendência à holística, este trabalho discorre acerca do conceito político e

cultural de trabalho; acerca da função do dever de casa e acerca das causas

da resistência do aluno à sua realização. Com isso, buscou-se concluir se o

dever de casa é ou não um recurso imprescindível no processo da

aprendizagem do aluno.

Foi realizada uma pesquisa, através de questionário, junto às

famílias, aos alunos e aos professores de uma escola da zona oeste do Rio de

Janeiro, a fim de levantar subsídios que auxiliassem na concretização do

objetivo desta monografia: comprovar que o “Dever de Casa” não é um recurso

imprescindível no processo formativo do aluno, uma vez que não contribui com

sua preparação para a vida como ser humano.

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Esta monografia espera contribuir para uma visão mais concreta

deste tão conhecido recurso – o dever de casa - como complemento

pedagógico para o aluno. Que a prática seja realizável na escola e que outros

pesquisadores venham somar seus conhecimentos a este ensaio que está se

iniciando.

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CAPÍTULO 1

HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DE TRABALHO

A evolução do conceito de trabalho acompanha o

desenvolvimento histórico, social e cultural da vida do homem.

Desde a sua origem até a Idade Média a primeira idéia que se

tinha sobre o trabalho foi o dos escravos, braçal, auxiliados por animais

domésticos e utensílios primitivos. Na Idade da Mesopotâmia o homem foi

auxiliado, também, por máquinas de roda. Na Idade Média os servos da gleba e

os artesãos livres obtiveram a ajuda de animais, modernamente arreados, e de

máquinas bastante sofisticadas, como o moinho de água.

Desde os primórdios, os homens têm lutado pela libertação do

árduo trabalho braçal, ou seja, pela libertação da escravidão.

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Na era industrial – séc. XVIII e primeira metade do séc. XIX – o

trabalho humano foi auxiliado por máquinas simples e automáticas, gerando

também um novo contexto de organização científica.

Na fase neo-industrial – séc. XX, década de 50 – o trabalho era

auxiliado por equipamentos mecânicos e eletrônicos como o computador e

apresentava uma organização flexível. A luta desta época foi pela libertação da

fadiga. Já na fase pós-industrial, caracterizada pelo trabalho com planejadores,

pela presença de máquinas complexas como o robô, que faz toda a tarefa, e por

um contexto de organização criativo, a luta foi pela libertação do trabalho.

Em uma das teses defendidas no livro Desenvolvimento sem

trabalho, o Prof. Domênico De Masi (1) mostra que a libertação do trabalho da

sociedade pós-industrial se caracteriza pela substituição do trabalho físico pelas

máquinas, levando o homem intelectual à atividade criativa. No campo social isso

gerou uma saturação de mão-de-obra no mercado de trabalho, repercutindo na

parte econômica.

A necessidade de criar outros meios para gerar economia para

a própria subsistência levou o homem (que buscava a ociosidade através da

libertação do trabalho) a ser mais criativo nas formas de ocupar o seu tempo

ocioso.

A trajetória histórica demonstra que o conceito de trabalho foi

se alterando, acompanhando as características políticas e sociais de cada época.

Teoricamente a palavra trabalho significa tarefa; serviço;

fadiga; esforço para produzir algo; sociologicamente é atividade humana

aplicada à produção da riqueza; escravatura: forma habitual do trabalho

durante a Antigüidade Clássica. (2) (FONTE: GLOBO, 1993)

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Estabelecendo um paralelo entre a evolução histórica do conceito

e o significado etimológico da palavra pode-se observar que a repercussão do

conceito trabalho na educação traduziu-se como uma coisa árdua, pesada,

sem benefício algum, pois não é prazeroso, pelo contrário, exige muito esforço

mental, físico, e a cultura da preguiça torna o ser impotente frente a algo que

necessita produzir.

Por que o trabalho escolar foi adquirindo o sentido de pesado,

não prazeroso, enfadonho? Certamente porque, desde cedo, de um modo

geral, as crianças não são estimuladas a realizar algo. Recordando a fase bem

inicial da escrita, por exemplo, a da garatuja, devido à falta de conhecimento

dos adultos, a criança não recebe elogios pela produção que consegue

realizar. A garatuja não é reconhecida como produção de um esforço mental,

físico e resultante de uma interação do ser com o seu contexto social.

No entanto, a garatuja é produção com significado vívido, fruto

da capacidade infantil de reprodução mental, física e social. Física porque os

primeiros traçados, os ditos rabiscos, requerem já um certo desenvolvimento

sensório-motor do corpo, em especial o das mãos – a psicomotricidade. E

social porque possui sentido afetivo, fruto da relação da criança com as

pessoas, com os objetos, com a natureza.

Porém, desde cedo a criança não sente seu esforço

reconhecido, não se sente prestigiada e, com isso, ao longo de seu caminhar, o

seu processo evolutivo vai perdendo o estímulo para novas realizações.

Começa-se a instalar o processo da preguiça mental: não aprende a pensar, a

observar, a raciocinar, a discernir, a razoar, a refletir, a sentir, a comparar, a

analisar, etc.

Outra constatação dos preconceitos que cercam o dever de

casa consiste em que muitos pais pensam que, para adquirir conhecimento, é

preciso sofrer, trabalhar duro, aprender de cor, repetir palavras aliando esforço

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e memória, atenção e disciplina, submissão e precisão. É preciso fixar o

conteúdo pela repetição e não pela vivência, pela experiência, pela

autodescoberta. Não são conscientes da importância do ato de aprender

pensando, observando, criando.

O trabalho escolar, de um modo geral, não oportuniza ao aluno

a reflexão da teoria na prática, no seu contexto social. Não lhe permite viver a

teoria na sua prática para poder contextualizá-la, fazer a leitura crítica de

mundo.

A escola não deixa claro para o aluno o sentido do trabalho

escolar, quer o de casa, quer o de classe. O trabalho deve suscitar o desejo de

saber e a decisão de aprender. O desejo de saber e a vontade de aprender

surgem quando fica claro para o aluno a relação das práticas sociais desse

saber. “Uma relação com o saber (Charlot, 1997) depende sempre de uma

representação das práticas sociais nas quais ela se investe”. (3) (FONTE:

PERRENOUD, 2000 P.71).

A atividade escolar, na educação tradicional, é imposta,

desvinculada do interesse do aluno, não atendendo a suas necessidades.

Dificilmente é dada ao aluno a opção de escolher pelo menos uma das

atividades a realizar. Todo o trabalho em que o aluno não participa da escolha

dificilmente consegue envolvê-lo.

O esforço dos professores, encorajando os alunos para o trabalho

escolar, trazendo-os à razão, dizendo-lhes que “É para seu bem” ou “Você

compreenderá mais tarde” (4) de nada tem valido. (FONTE: ibid P.72)

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CAPÍTULO 2

O QUE É DEVER DE CASA?

“LIÇÃO DE CASA Tome cuidado, ela pode estar errada. É um

velho recurso que ajuda o aluno a fixar e desenvolver o que aprendeu em

classe. Mas não pode ser cansativo e monótono. Nem virar castigo” (5). Em

artigo com este título, publicado em agosto de 1987, a revista Nova Escola

apresenta a visão dos aluno acerca do dever de casa.

Apresenta, ainda, a postura do aluno frente ao dever de casa:

“Odeio fazer lição de casa. Perco a tarde inteira estudando, não dá tempo pra

ver televisão e fico tão cansado que nem tenho vontade de brincar. Às vezes,

tenho quinze problemas de Matemática, questionários de Ciências e Geografia

e lição de Português, tudo pra fazer num dia só. Dá preguiça, mas pra não

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levar ponto negativo faço a lição inteira. Quando não sei a resposta, ponho

qualquer besteira. A professora não vê mesmo.... “ (6)

A situação até hoje, após 14 anos da publicação do artigo,

observa-se que não é diferente. A pesquisa que fundamentou este trabalho,

realizada em uma escola da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro,

demonstra que a visão que os alunos têm se assemelha à da publicação de

1987: o dever de casa é algo enfadonho porque tira o tempo do seu lazer, não

lhes permite ter outras atividades mais prazerosas. E em casa gostam de

brincar e não ocupar o tempo fazendo dever de casa, mas se não fizerem, têm

medo de perder ponto.

Por outro lado, os alunos reconhecem o objetivo do dever de

casa: fixar o conteúdo programático; dar maior segurança ao aprendizado; criar

oportunidade para revisá-lo; levantar dúvidas; aprofundar o conhecimento;

manter a matéria em dia e desenvolver hábitos de estudos, favorecendo o

exercício da concentração, a qual, a cada nível de ensino, vai sendo exigida

por um tempo maior.

Uns manifestam que o professor exige a realização da tarefa de

casa através de instrumentos que nem sempre corrigem. Com isto não tiram

dúvidas e o aluno se sente inseguro frente ao certo ou errado da questão.

Dessa forma, o dever não cumpre com o objetivo da atividade – dar segurança,

preparar-se para as provas, avaliar o que aprendeu. Acaba não motivando o

aluno a estudar.

O que é, pois, o dever de casa? Deveria ser um dos meios para o

aluno desenvolver o seu potencial psicológico e afetivo, desenvolver o seu

caráter, os princípios morais e éticos. Ao mesmo tempo deveria desenvolver

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seus sentidos físicos como ver, cheirar, ouvir, sentir, aprender a observar,

enfim, ter contato com a própria realidade física, psicológica, afetiva e social

Deveria propiciar o desenvolvimento da responsabilidade do

educando pelo próprio processo de aprendizagem. O professor, por sua vez,

deveria levar em consideração, ao passar o dever de casa, as características

de cada faixa etária quanto às condições de tempo, de atenção, de capacidade

de concentração, o interesse e o objetivo do mesmo.

Porém, se alguns alunos manifestam que fazem o dever de casa

porque isso melhora seu aprendizado, adquirem mais conhecimentos e é

importante para a sua vida, outros o fazem apenas para não perder ponto na

média final.

A escola, portanto, deve estar sempre repensando, reavaliando

essa prática pedagógica para não tranformá-la em uma arma de desestímulo

para a aprendizagem do aluno, muitas vezes colaborando até na evasão do

mesmo.

Por outro lado, a pesquisa realizada junto às famílias e aos

professores demonstra que a visão desses dois grupos em relação à função da

atividade de casa é coincidente com a do aluno. Os professores ainda vão mais

adiante, alegando que serve para aprofundar temas especiais que atendem ao

interesse dos alunos.

Quanto às famílias, ainda hoje, para a maioria dos pais, a

escola só é boa quando passa muita tarefa para casa. Ficam indignados

quando determinado professor não tem esse hábito, o que os faz sentirem-se

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inseguros com relação ao processo de aprendizagem dos filhos, alegando que

a escola colabora com a ociosidade dos mesmos.

A tarefa de casa, para esses pais, é um meio de preencher o

tempo do filho estudando, longe das brincadeiras, da rua e da vida. Têm

dificuldades de organizar o tempo de seus filhos. Desconhecem que é através

da recreação que ele aprende a se socializar. É também uma forma de

demonstrar que estão presentes na vida de seus filhos.

Observa-se, com efeito, que alguns pontos básicos devem ser

considerados para essa atividade pedagógica: a atividade de sala é o

essencial; a de casa é um complemento que reforça, que ajuda o aluno a

assumir a responsabilidade de seu próprio processo de aprendizagem. Por

outro lado, as tarefas devem ser dadas de acordo com o desempenho da

turma, não devem ser impostas implícita ou explicitamente, mas ser uma

proposta de trabalho importante para a vida do aluno, assumindo uma função

social em sua vida.

Deve, pois, suscitar e estimular o desejo de saber e a decisão de

aprender, como se refere Perrenoud O aluno deve sentir a função social do

conhecimento que irá adquirir com o trabalho de casa, o uso social que o

conhecimento lhe proporcionará em sua vida.

Nesta pesquisa, um professor manifestou que “a escola ficou

parada no tempo”. Entende-se que a escola não acompanha o

desenvolvimento das teorias de aprendizagem, da tecnologia e dos meios de

comunicação, não procurando adequar a sua filosofia, metodologia e os

recursos de que dispõe às necessidades de sua clientela. Mantém-se aferrada

à educação tradicional, que trata o conhecimento como um conteúdo, como

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informações, coisas e fatos a serem transmitidos ao aluno, que recebe as

informações memorizando-as.

O conhecimento, assim ministrado, é estanque, separado de sua

realidade, não é dinâmico. Não estimula o raciocínio, o pensamento ativo, a

reflexão, a descoberta pelo aluno. Ao memorizar, ele facilmente esquece a

maior parte das informações. O aluno é sempre orientado em como fazer as

coisas que deve aprender; não é estimulado em como fazer para encontrar

soluções dos problemas.

A postura, de muitos professores, demonstra como ainda se

encontra preso a atitudes de uma educação tradicional. Um exemplo disso: um

aluno, ao ser indagado pelo orientador educacional por que não tira as dúvidas

na aula de matemática, respondeu que ao procurar tirar suas dúvidas

continuava não entendendo, porque o professor explicava sempre da mesma

forma. Por esse motivo não pergunta mais. E o professor comenta nos

corredores que o aluno é muito fraco, não estuda, não presta atenção na aula,

não apresenta condições para aprender.

E assim, os exercícios que visam a fixação são repetitivos,

demonstrando que os professores ainda acreditam que é pela repetição que o

aluno aprende melhor.

Embora muitos professores rejeitem as características do ensino

tradicional, sintam a necessidade de mudar sua prática pedagógica, acabam

permanecendo com atitudes deste modelo, muitos por medo e insegurança de

usar procedimentos e recursos pedagógicos mais atuais, mais adequados às

características psicológicas de seus alunos.

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Devemos enfatizar mais uma vez que o trabalho escolar deve

proporcionar, ao aluno, experiências que contribuam na formação de seu

caráter e no desenvolvimento de suas idéias, as quais irão formando

convicções seguras para lograr a confiança em si mesmo e nos demais. Que

suas atitudes, palavras e conceito reflitam seus valores morais, espirituais,

éticos e sociais.

O conhecimento deve ser assimilado pelo aluno não como algo

frio, mecânico, mas com calor, com afeto, a fim de mover as molas

psicológicas, mentais e sensíveis do ser, a serviço dele mesmo e de seus

semelhantes.

A aquisição de conhecimento deve cumprir, principalmente, com

dois grandes objetivos - levar o ser a buscar a perfeição de si mesmo e tornar-

se um servidor da humanidade - através da realização de seu processo de

forma consciente, cumprindo desta forma com sua função social.

A interelação com as pessoas, fatos e coisas que o conhecimento

possibilita ao aluno também contribui na formação do seu caráter através dos

estímulos que a realização do trabalho escolar deve proporcionar. O estímulo

natural incita a criança à compreensão das coisas que o rodeiam. Os estímulos

devem ser sempre saudáveis e positivos e não enfadonhos, massacrantes

pois, nesse caso, fazem reverter a vontade de aprender, de realizar,

enfraquecendo o desejo de saber. Cumprir o trabalho em função do temor de

perder uma quantidade de pontos em detrimento do alcance de uma qualidade

de valores, é muito pouco.

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CAPÍTULO 3

RESISTÊNCIA AO DEVER DE CASA, PORQUÊ ?

Onde estão as causas da resistência do aluno ao dever de casa ?

Muito se critica que os alunos, hoje, não querem nada; são irresponsáveis, não

estão “nem aí” com os deveres escolares. Mas será que se tem uma visão

mais ampla do aluno em si mesmo, inserido em seu contexto social, para tal

afirmação?

Na presente pesquisa, citada no capítulo 2, leva-nos a considerar

três ângulos de visão que envolvem o contexto do “cumprimento do dever de

casa”. Em primeiro lugar, vê-se como o aluno contesta: alega que não faz o

dever de casa por esquecimento, porque é atraído por atividades mais

prazerosas; porque não anota em sua agenda e fica sem saber o que deve

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fazer; porque os exercícios são confusos ou desafiadores demais para o nível

de conhecimentos que possui; porque tem dificuldade de ler e entender o

enunciado do exercício.

Segundo: o professor, de um lado reconhece a influência da

mídia, com recursos sofisticados, que a escola não consegue acompanhar. A

mídia oferece atividades que exigem pouco esforço, ao gosto de cada faixa

etária, apresentando resultados satisfatórios e ao agrado do aluno.

Por outro lado, há a dificuldade do aluno se para organizar com

seus materiais escolares, suas anotações. As atividades extra-escolares, como

os cursos de língua estrangeira, atividades esportivas, balé, e outros absorvem

muito tempo do horário fora da escola e há aqueles com defasagem no

desenvolvimento cognitivo, apresentando dificuldade para resolver questões

acima de sua capacidade cognitiva, desestimulando-os e muitas vezes levando

ao “pseudo esquecimento”.

Alguns professores apontam a falta de compromisso do aluno

com os deveres escolares, a falta de cobrança dos pais, que estão envolvidos

em suas atividades profissionais ; a falta de orientação na realização das

tarefas escolares; a imaturidade, além daqueles alunos que não consideram

importante o estudo em sua vida.

Devido ao contexto familiar, a pesquisa constatou que a

incidência maior da falta de apresentação do dever cumprido ocorre nas

disciplinas das aulas de segunda-feira, quando filhos de pais separados

passam o final de semana fora da casa de sua tutela.

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O terceiro aspecto é a família que manifesta que o filho deixa de

cumprir o dever de casa quando há uma sobrecarga de exercícios e pesquisas,

acumulando várias disciplinas, estudo para os testes, para as provas e quando

as dificuldades não são sanadas em sala, mas transferidas para o aluno

através dos exercícios ou pesquisas. Outro fator que desestimula na visão das

famílias, são os exercícios repetitivos, imensos e a falta de afinidade do

educando com a matéria ou com o professor.

Quando o aluno não presta atenção na aula, não identifica suas

dúvidas, levando-as para casa, fica sem condições de realizar as tarefas em

casa. Quando o professor não explica bem a matéria e o aluno não a entende

por questões emocionais e psicológicas, como a timidez, o medo, não procura

entendê-la e deixa de cumprir seus deveres escolares.

Por outro lado, segundo os pais, quando o aluno percebe que o

objetivo é para fixar o conteúdo, preparando-o para a prova, então ele é

responsável, presta atenção na aula, realiza com gosto o dever de casa.

Portanto, o que fundamenta as causas da resistência ao dever de

casa?

A Aprendizagem

Ansiedade ou ação? O que vem a ser aprendizagem? Quando se

fala em processo de aprendizagem o que se sente é uma certa impotência

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frente as novas demandas, perfis de alunos e o contexto sócio cultural da

escola.

Vincular a teoria à prática, como? A dificuldade exatamente

consiste na capacidade de conciliar esse binômio em sala de aula, porque um

ser humano professor está frente ao outro ser humano – aluno -, cada qual

com o seu histórico social e cultural.

O impacto da globalização, com as transformações dos meios de

comunicação e da informação, começa a exigir novas posturas da escola –

novos conteúdos, novos procedimentos pedagógicos, novas formas de se

relacionar com o aluno e a família.

Nem sempre essas mudanças são acompanhadas pelos

professores, ficando a sala de aula impregnada de velhos moldes pedagógicos,

a mercê de conflitos disciplinares e da deconfiança mútua na lealdade de

aquisição de conhecimentos.

Para Pecotche, há uma grande diferença entre o ato de ensinar e

o ato de aprender, embora ambas estejam simultaneamente vinculadas.

“Em geral, quem começa a aprender o faz semsaber por quê; pensa que é por necessidade, por umaexigência de seu temperamento, por um desejo ou por muitasoutras coisas, às quais costuma atribuir esse porquê. Masquando já começa a vincular-se àquilo que aprende, vaidespertando nele o interesse e, ao mesmo tempo, se reanimamas fibras adormecidas da alma, que começa a buscar,;chamando ao estudo, os estímulos que irão criar a capacidadede aprender.”(7) (FONTE: PECOTCHE, 1 996 P.259)

A sala de aula deve ser o meio em que a ação pedagógica seja o

elemento que despertará para a importância e necessidade desse saber, seja o

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elemento facilitador desse ensino e aprendizagem. Que seja o elemento que,

como um mágico, encanta, envolve o aluno numa relação multidisciplinar entre

o cognitivo, a arte e a recreação.

É preciso re-significar a aprendizagem para que a experiência do

aprender tenha real significado; vivenciar de forma representativa o

conhecimento.

Vivenciar de forma representativa o conhecimento é fazer com

que o aluno se relacione com os objetos e as pessoas para aprender a se

colocar neste mundo e agir sobre o mundo, construir um novo mundo. Envolvê-

lo ativamente no processo, sem lhe dar respostas prontas. Tornar prazerosos o

trabalho e a sua permanência na escola.

Uma prática pedagógica que permite ao aluno a

redescoberta de sua capacidade considera a importância do lúdico, a

necessidade de diretividade e de ambiente seguro e afetivo.

A dinâmica da ação pedagógica deve oportunizar ao aluno

a perceber seus avanços e dificuldades e dar-lhe o direito de avaliar seus

progressos e os fatores que intervieram. Dar-lhe a autonomia de aprendizagem

e criatividade. A avaliação deve ser o referencial para que o aluno descubra

aquilo que já conseguiu assimilar, para retomar ou dar continuidade do

processo na busca de novos conhecimentos.

O professor deve mediar e oportunizar situações de

aprendizagem, procurando estimular o poder de criação, a curiosidade, as

necessidades de buscar sempre mais do que aquilo que ele encontra ao seu

alcance, através de mensagens e do diálogo.

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Motivação

Por meio de uma visão histórica e conceitual de trabalho e do

dever de casa em que se pode constatar que no processo ensino

aprendizagem, vários elementos são relevantes e devem ser considerados.

Questiona-se que aluno deve preparar-se para o século XXI,

frente às constantes exigências e desafios que o desenvolvimento científico,

tecnológico e a mudança no contexto de organização impõem.

É preciso preparar seres que saibam pensar, questionar, mudar e

criar. As reflexões de Domênico De Masi no já citado Desenvolvimento sem

Trabalho traduzem o quanto o homem deve saber criar (para a sua própria

sobrevivência) neste mundo de mudanças, em que o desenvolvimento

tecnológico cada vez mais substitui o trabalho humano.

O avanço tecnológico tem permitido o acesso às informações de

forma rápida e direta, tornando-as logo obsoletas. Da mesma forma, a vida nos

propõe problemas de fim de século que exigem pessoas com raciocínio rápido

para solucioná-los, sabendo lidar com as coisas novas.

A vida atual está exigindo pessoas criativas que saibam

pesquisar, buscar e, ainda, de alguma padronização e não mais pessoas

convergentes, educadas dentro da linha tradicional de ensino, em que o aluno

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recebe ordens de execução, não questiona e o professor alcança o objetivo do

conteúdo a ser ministrado.

Paralelamente a esse quadro, tem-se a declaração do aluno de

que não sente prazer em fazer o dever de casa quando não entendeu a

matéria, quando ela foi mal explicada pelo professor, ou quando não presta

atenção à aula por estar muito chata. De quem é a responsabilidade, do aluno

ou do professor? Estaria o aluno motivado ou envolvido para participar da

aula? Que atitudes professor e aluno tomam frente a algo a ensinar e a

aprender?

Quando o aluno tem oportunidade de manifestar qual a disciplina

de que mais gosta e qual a de que não gosta, a justificativa para a resposta

dada está relacionada, em geral, com a metodologia do professor. A aula não é

atraente, é muito teórica, o professor não aceita a opinião do aluno. Observa-

se, ainda, que a razão do gostar se relaciona com a afinidade que o aluno tem

com o conteúdo da disciplina: porque gosta de desafios (Matemática), porque

gosta de conhecer o passado para organizar o futuro (História), porque gosta

de criar textos e conhecer a estrutura de pensamento dos autores

(Literatura/Redação). Por fim, há alguns que gostam da disciplina por sentirem

empatia e afinidade com o professor.

Levando-se em consideração tal justificativa, comprovamos que a

afinidade ou rechaço por determinada disciplina deve-se primordialmente à

prática pedagógica adotada que, na maioria dos casos, não atende às

necessidades dos alunos, em sua fase de desenvolvimento.

O que se observa em relação à ação pedagógica nas escolas é

um quadro em que os professores se preocupam com a melhoria do processo

e dos resultados de aprendizagem, mas não conseguem adequar a ação

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pedagógica às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Não identificam os

limites entre a inadequação pedagógica e a dificuldade de aprendizagem e as

possíveis alternativas para um planejamento diversificado, adequando-o a

turmas heterogêneas.

A experiência relatada a seguir comprova o quadro acima

descrito: uma professora da 7ª série, entusiasmada com a proposta que fizera

a seus alunos, convidou o orientador educacional para assistir a sua aula de

Redação, pois combinara com a turma que faria uma aula dinâmica para mudar

a sua metodologia e assim pretendia mobilizá-los, estimulá-los no sentido de

uma participação ativa.

Qual não foi a surpresa do orientador observar que, apesar de

toda a boa vontade, a professora não conseguiu ministrar uma aula dinâmica.

A aula não passou de leitura, parágrafo por parágrafo, interpretando-os e, às

vezes, voltando uma pergunta ou outra para a turma, visando à interpretação.

Alguns alunos participaram mas a maioria permaneceu no mesmo marasmo.

Onde está a causa do fracasso, se havia o entusiasmo por parte da

professora?

Pode-se afirmar que a professora não conseguiu mobilizar a parte

cognitiva e sensível da turma, envolvendo-a na atividade. Quando o professor

atinge a parte mental e sensível do aluno, tem a garantia de uma aula

produtiva, animada, porque o mesmo sente-se parte da construção do

conhecimento objetivado pela aula.

Em muitos casos, no fundo, o que de fato existe é o medo de

atuar com metodologia diferente da tradicional – alunos sentados em fileira -

porque se poderia perder o domínio de turma e instalar-se a indisciplina, o que,

com certeza, resultaria em uma aula mal dada. Yves de La Taille diz que o

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homem “investe todas as suas energias em si mesmo, em sua intimidade, que

somente divide com quem ele pensa ser seu alter-ego afetivo. O espaço

público lhe dá medo, desempenhar papéis parece-lhe uma traição à pureza de

seu Eu profundo, discorda de que o indivíduo somente é grande se participa de

algo que o ultrapassa – notadamente a sob erania cívica, pois, para ele, o limite

é ele próprio”. (8) (FONTE: AQUINO, 1996 P.18)

Após as considerações feitas, como definir o que é motivação?

Segundo Galperin, a motivação é necessária para a aquisição de

conhecimentos e habilidades, que se inicia com a formação de uma base

orientadora de ação. As ações são os componentes fundamentais da atividade,

são as que levam à aquisição de conhecimentos.

Um dos componentes da ação na escola fundamenta-se na

relação professor-aluno, na relação-comunicação que é mais pessoal -

reconhecer êxitos, reforçar a auto-confiança dos alunos, manter sempre uma

atitude de cordialidade e de respeito; e a da relação de orientação para o

estudo e o aprendizado - criar e comunicar uma estrutura que facilita o

aprendizado. As duas relações devem atuar juntas pois, se na relação didática

faltar a parte da relação humana, a aprendizagem estará prejudicada.

Pedro Morales, em seu trabalho, lista a conduta do professor

eficaz na motivação dos alunos: - “dar orientação; mostrar entusiasmo; propor

alternativas para a escolha dos alunos; elogio sincero; reforço do êxito;

estimular a curiosidade; estimular o interesse; centrar a atenção; mostrar a

relevância do que se estuda; criar um clima de confiança e satisfação”. (9)

(FONTE: MORALES, 2000 P.52)

Uma professora, em depoimento para a pesquisa, manifestou o

seguinte: “procuro despertar a curiosidade e mostrar a funcionalidade do

exercício proposto. O aluno atualmente é muito crítico e questionador e sempre

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que ele sabe para que está utilizando e se exercitando de forma lúdica,

interage com o conteúdo, fica bem tranqüilo”. Isto comprova a postura didática

de Morales.

A ação é impulsionada pelo estímulo, que é uma força viva que

interpenetra o ser e o satura de energias acionando a vontade. Esta, por sua

vez, é movida pela necessidade e pelo estímulo.

“A necessidade atua sobre a vontade determinando movimentosquase automáticos que forçam o ser a realizar até aquelas coisasque não quer ou que deveria fazer espontaneamente, a instânciasde seu pensar e sentir. O estímulo age também sobre a vontade,mas além disso ativa a inteligência e o sentimento..” (10) (FONTE:PECOTCHE, 1999 P.39)

É preciso, pois, que o professor busque meios de tornar eficiente

e atraente a relação ensino-aprendizagem-participação, fazendo com que os

conteúdos programáticos tenham utilização prática. Relacionar conteúdos com

vivências do aluno, visando o desenvolvimento de suas potencialidades, de

relacionamento com a natureza, com seus semelhantes e com o universo.

Uma professora observou que quando oferece uma atividade

diferente na qual os alunos atuam diretamente, todos fazem com gosto.

Comprova-se, mais uma vez, que a motivação é um fator interno que surge

quando o aluno sente suas necessidades psicológicas satisfeitas.

Perrenoud valoriza o papel do projeto individual do aluno. O

professor deve ter a visão das necessidades e do interesse de seu aluno,

partindo daí, orientá-lo e adequar seu planejamento visando equacionar esse

projeto com a prática pedagógica na sala de aula. Nesse equacionamento, é

importante que o professor tenha a consciência da influência de padrões de

atuação na criação de ambientes que motivam ou não os alunos a se

interessarem e se esforçarem em aprender.

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São diversos os fatores que interferem no processo da motivação:

a postura do professor, a necessidade do aluno e os objetivos da atividade.

Observando o comportamento do aluno, identifica-se aquele que, após a

orientação do professor, treina por si só, cria seu mecanismo de

operacionalização, realiza a tarefa e apresenta-a, feliz ao professor. Há aquele

que se sente bem quando consegue chamar a atenção e ocupar o tempo de

seu professor, mas também existe aquele que se esconde para não ser

solicitado para realizar alguma atividade. Outra conduta é a do aluno que,

quando não entende, interrompe a aula e pergunta ao professor para sanar

suas dúvidas ou que solicita ao seu colega para perguntar porque se sente

envergonhado.

Há o posicionamento daquele aluno que, quando não consegue

acompanhar o desenvolvimento da aula ou da tarefa, afirma que está sendo

muito chato e questiona por que precisa estudar aquele assunto. Há, ainda,

aquele que se sente bem quando é elogiado pelo professor frente à turma,

diante de alguma conquista, ou quando se encontra em situação competitiva.

Mas, há aquele que se aborrece com essas situações e procura evitá-las. Não

se pode esquecer daquele aluno que gosta de fazer trabalhos em grupo, e

daquele que não gosta porque se vê perdido e prefere fazer sozinho.

Os diversos comportamentos do aluno acima descritos

comprovam que eles agem em função de diferentes objetivos: para aprender

algo que faça sentido – como adquirir novas habilidades ou o domínio de

tarefas; pela satisfação que a realização supõe; para preservar a própria

imagem participando de atividades de cujo sucesso tem certeza, evitando

aquelas que possam colocá-lo em situação ridícula perante os demais, na sua

concepção pois, em educação, tudo é oportunidade para crescimento.

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Há casos em que o aluno age em função de obter algo útil

externo, por exemplo, conseguir nota ou a aprovação para evitar comentários

ou a repreensão em casa. Há aquele que atua com autonomia – faz os

trabalhos porque lhe agradam ou interessam e não porque é obrigado a fazer;

e, por fim, há aquele que é movido para conseguir a atenção e aceitação dos

demais.

Essas expectativas definem o grau de relacionamento professor –

aluno, a seleção de metodologia, de recursos didáticos e a criação de um

ambiente propício para que o aluno não se sinta acuado por qualquer

circunstância.

A observação apurada do professor exerce um papel

importantíssimo na motivação para identificar em que estado interno o aluno se

encontra – participa porque reconhece que o erro lhe dá a oportunidade de

acertar, portanto, só vem a acrescentar conhecimentos, ou aquele que tem

medo de se expor, de que os outros riam de seu erro ou fracasso.

Interfere na motivação a expectativa do aluno com relação à

avaliação: estudar para tirar nota; isto prejudica a compreensão que o aluno

deve ter daquilo que está estudando, levando-o, de um modo geral, a decorar

conceitos ou regras.

O professor deve planejar, elaborar tarefas escolares e utilizar

recursos para que o aluno se motive em aprender e se capacitar no domínio de

linguagens necessárias à busca de informações e criação da informação.

Tarefas que transformem-no em sujeito pensante, que aprende a usar seu

potencial através da construção e reconstrução de conceitos, habilidades,

atitudes e valores.

.

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Alguns princípios pedagógicos devem fundamentar as atitudes

docentes que motivam o aluno à aprendizagem, tais como:

- buscar a integração interdisciplinar visando romper com a fragmentação

entre as disciplinas, os conhecimentos, possibilitando ao aluno uma visão

mais ampla do mundo, do universo, através da junção, união e fusão de

conhecimentos. Favorecer a intercomunicação de saberes, de atitudes e

valores. A interdisciplinaridade ajuda o aluno a aprender a pensar, a

raciocinar, a ver as coisas nas suas relações internas e externas, com os

problemas de seu cotidiano;

- fazer com que o aluno busque uma perspectiva crítica dos conteúdos,

apreender os conhecimentos contidos nos conteúdos escolares de forma

crítica e reflexiva; que o aluno aprenda como construir conscientemente o

conhecimento e aplicá-lo em problemas e necessidades de sua dia-a-dia;

- adequar a linguagem a significados que estejam ao nível de

desenvolvimento e aprendizagem do aluno; formular conteúdos

significativos, selecionar, ordenar e seqüenciá-los em função dos resultados

desejados, bem como estar atento à reação do aluno.

- ter o domínio das técnicas de comunicação para tornar mais eficiente a

forma de expor e explicar conceitos, organizar a informação, mostrar os

objetos ou demonstrar processos;

- ter o domínio da linguagem informacional, postura corporal, controle da voz,

conhecimento e uso dos meios de comunicação na sala de aula;

- considerar o espaço físico do ambiente da aula;

- o professor deve reconhecer o impacto que as tecnologias dos meios de

comunicação e informação causam na sala de aula, como a televisão,

vídeo, games, computador, internet, CD- ROM e outros. Kenski

(1996,p.133) traduz de uma forma muito pertinente esse impacto:

“(Os alunos) aprendem em múltiplas e variadas situações.Já chegam à escola sabendo muitas coisas ouvidas no rádio,vistas na televisão, em apelos de outdoors e informes demercado e shopping centers que visitam desde pequenos.

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Conhecem relógios digitais, calculadoras eletrônicas, vídeo-games, discos a laser, gravadores e muitos outros aparelhosque a tecnologia vem colocando à disposição para seremusados na vida cotidiana.

Estes alunos estão acostumados a aprender através dossons, das cores, das imagens fixas das fotografias ou, emmovimento, nos filmes e programas televisivos. (...) O mundodesses alunos é polifônico e policrômico. É cheio de cores,imagens e sons, muito distante do espaço quase queexclusivamente monótono, monofônico e monocromático quea escola costuma lhes oferecer.” (11) (FONTE: LIBÂNEO,2001 P.40)

- Diante disso é preciso que o professor seja consciente da necessidade de

modificar suas atitudes diante dos meios de comunicação, não tê-los apenas

como recursos didáticos, mas saber que são, também, portadores de idéias,

emoções, atitudes, habilidades que devem ser traduzidos em objetivos,

conteúdos e métodos de ensino;

- o professor deve ter em mente que a origem social, a situação familiar e

pessoal, a sua relação com o aluno são fatores que devem ser

considerados na aprendizagem, mais do que a inteligência. É preciso que

saiba que as diferenças sociais, culturais, intelectuais, de personalidade

promovem as diferenças na aprendizagem; que o mundo vivido pelo

professor é diferente do mundo vivido pelo aluno. Portanto é necessário que

saiba diminuir a distância entre os dois mundos, promovendo a igualdade

de condições e oportunidades de escolarização a seus alunos.

- Investir na formação e atualização de conhecimentos científicos e

tecnológicos na sua área e em outras relacionadas com a sua disciplina,

que lhe possibilitem adquirir uma cultura geral sólida e incorporar as

inovações tecnológicas. Subsídios necessários para “saber discutir

soluções para problemas a partir de diferentes enfoques

(interdisiciplinaridade), contextualizar o objeto de estudo em sua dimensão

ética e sociocultural, ter capacidade de trabalhar em equipe.”(12) ( ibid

P.43)

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As experiências emocionais, por exemplo a forma de reagir diante

das dificuldades, determinam a motivação ou não do aluno no processo da

aprendizagem. Algumas vezes geram tensão, angústia, desgosto, pensamento

de incompetência que causam a desmotivação e o abandono da tarefa. Outras

levam os alunos a ensaiar, reiteradametne, novos modos de estudo ou de

resolução de problemas, dando-lhes a oportunidade de compreender, aprender

e resolver os problemas, motivando-os a concluir a tarefa.

O aluno que tem como meta aprender, recebe as tarefas como

um grande desafio e uma oportunidade para o seu crescimento pessoal. Frente

a um problema que precisa resolver e não consegue, busca meios

perguntando, procurando novas estratégias para solucioná-lo de forma

tranqüila. Se a avaliação não for boa, procura conhecer as razões de seus

erros e a forma de corrigi-los.

Já o aluno que procura preservar a sua auto-estima diante dos

demais colegas fica tenso, nervoso, inseguro, quando colocado em situação

problema. Preocupa-se em saber se será capaz ou não de resolver a questão

mas não procura entendê-la, buscar estratégias para a solução da mesma.

Para este aluno, o fracasso se traduz em incapacidade pessoal, o que

prejudica a própria auto-estima, aumentando a sua insegurança e

desmotivando-o para a aprendizagem.

Nesse caso, muitos alunos, não se esforçando, vão entender

cada vez menos o que devem estudar, gerando um desinteresse crescente e

levando-os a buscar justificativas para o baixo rendimento, salvaguardando a

sua auto-estima.

A organização pedagógica do professor interfere muito na

motivação da atividade escolar, os objetivos de aprendizagem, a forma de

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apresentar a matéria, propor a tarefa, atender às necessidades do aluno, a

avaliação da aprendizagem e a forma de controle de sua autoridade criam

ambiente favorável ou não à motivação e à aprendizagem. O dever de casa,

sendo um dos complementos pedagógicos, não deve menosprezar esses

aspectos imprescindíveis da aprendizagem e participação do aluno. Por isso, é

preciso que até mesmo a tarefa de casa desperte curiosidade para o problema

ou para a informação nova que nela contém.

A tarefa deve despertar o interesse do aluno, para manter sua

atenção centrada naquilo que deve realizar. Esse interesse se mantém, na

medida em que a informação que recebe está relacionada com a que já sabe.

A informação, no possível, deve conter imagens concretas para o aluno, sendo

melhor ainda quando ele puder conectá-la com o seu cotidiano.

É comum o aluno perguntar: “para que preciso aprender isso?” Se

o conteúdo não tiver significado para ele, pouco se motivará para realizar a

tarefa. Por isso, o professor deve preparar a atividade despertando-o para a

importância do conteúdo que irá aprender. A motivação não depende só do

aluno, mas também do contexto.

Outro condicionante que motiva o aluno é oferecer-lhe o máximo

de possibilidades de opção; quando o trabalho é em grupo, permitir a escolha

com quem quer trabalhar, ou oferecer vários temas para que selecione um.

Isso torna a atividade prazerosa, porque, em princípio, não foi algo totalmente

imposto.

O professor deve atuar com habilidade para que os alunos

percebam que o que estão aprendendo aumenta suas capacidades, dando-

lhes a possibilidade de escolher, quando antes não podiam por falta de

conhecimentos anteriores. O professor, através de suas mensagens, pode

ajudar o aluno a se conscientizar de que a experiência rejeitada no início, ao

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ser superada com o próprio esforço, sob sua ajuda ou não, possibilita

comprovar sua capacidade de realização e aprendizagem, motivando-o a

prosseguir nesse processo.

A organização da atividade escolar influencia na motivação do

aluno em aprender, em realizar, quer individualmente ou em grupo. O professor

deve estar atento à forma de elaborar a tarefa, aos aspectos negativos à

motivação. Na pesquisa, o aluno manifestou que não gosta de fazer o dever de

casa quando é muito repetitivo, muito extenso ou não consegue entender a

proposta. No trabalho em grupo, a atividade deve ser de cooperação e não de

competição, onde todos os componentes trabalham e se ajudam mutuamente.

Tal modalidade não deve favorecer que uns façam e outros não. O professor

deve adequar a tarefa às capacidades sociais e cognitivas dos alunos.

A interação do professor com o aluno é outro condicionante da

motivação. São fatores de motivação as chamadas feitas por ele antes da

realização da tarefa, como: alertar que a tarefa é realmente importante para

poder resolver aquela questão; orientar que o importante não é o resultado

final, mas o processo; como vai solucionar o problema; sugerir várias

estratégias para realizá-la, levando-o a pensar e não ficar bloqueado. É

importante que o aluno perceba que aprendeu o procedimento para resolver o

problema; não importa que tenha se equivocado, mas que conseguiu avançar,

realizar.

Expor o trabalho realizado perante os demais, comparando

negativamente com outros, denegrindo a auto-estima do aluno faz com que

este se desmotive a realizar outras tarefas.

As indagações do aluno: “porque fazer o dever de casa se o

professor não corrige, ou fazer uma pesquisa se o professor não lê”, “não

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consigo fazer os exercícios porque estão muito difíceis”, “não compreendo

nada” são fatores que não motivam o aluno a aprender. Tarefas muito

extensas, ou difíceis e complexas, produzem uma expectativa de fracasso

contribuindo para a falta de vontade de se esforçar.

“... a motivação dos alunos no momento de realizar as atividadesescolares depende da interação entre, por um lado, as metas pessoaisque estão em jogo, o modo como aprenderam a pensar no momento deencarar as diferentes tarefas e as dificuldades que carregam e, poroutro, diferentes fatores contextuais ligados à atividade dos professores.”(13) (FONTE: TAPIA, 2000).

Relação professor-aluno, o que é?

Neste caminhar da educação brasileira, no início do novo milênio,

a escola e a sociedade, em geral, ainda se preocupam com o conteúdo em

detrimento da formação do ser humano. Continua-se despejando conteúdos

dissociados da realidade do aluno, impossibilitando o uso social dos

conhecimentos que emanam desses conteúdos.

Que visão crítica poderá ter o aluno acerca do mundo em que

vive? Como contextualizar o conhecimento formal em seu mundo para ampliá-

lo, aplicá-lo no seu cotidiano? Como adequar a escola de hoje fazendo-a sair

do estereótipo de ensinar demais e o aluno aprender cada vez menos? Que

condições criar para que a escola inverta esse papel e produza ou construa

conhecimentos?

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A escola atual encontra-se inserida em um mundo de intensas

transformações científicas e tecnológicas, de um lado, e de crise de princípios

e valores, de outro. Ela precisa, com urgência, mas de forma gradual e

contínua , mudar sua postura ética e de valores fundamentais do homem, como

a justiça, a generosidade, a solidariedade, a honestidade, o reconhecimento da

diferença e diversidade, o respeito à vida e aos direitos humanos básicos.

“A escola tem, pois, o compromisso de reduzir a distância entre a

ciência cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a

provida pela escolarização. Junto a isso tem, também, o compromisso de

ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de construir

elementos categoriais de compreensão e apropriação crítica da realidade.”(14)

(FONTE: LIBÂNEO, 2001 P.9)

O novo quadro da sociedade pós-industrial está alterando o perfil

do profissional, que busca a especialização para ter melhores empregos, em

detrimento da formação para o exercício da cidadania. Em se tratando de

escola, as necessidades estão exigindo de seus profissionais da escola novas

posturas no relacionamento com o aluno.

Essa nova postura implica em competência didática,

epistemológica e de relação. Ensinar é também despertar e reforçar a vontade

de aprender, bem como estimular o desejo do saber. Uma criança de 7 anos

teve que fazer uma pesquisa sobre animais marinhos. Decidiu pesquisar sobre

caramujo, porque era um molusco com que muito se encantava. Entrou na

internet, conectou-se com um estudioso americano, que lhe deu informações,

ilustrações sobre a vida desse molusco, resultando em um trabalho de muitas

páginas, riquíssimo em informações e detalhes ilustrados.

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A alegria da descoberta de sua capacidade de pesquisar, de

aprofundar o conhecimento, vai favorecendo a construção de sua infra-

estrutura moral, cognitiva e sensível. É isso que vai fortalecendo o desejo de

saber e a vontade de aprender.

No relacionamento professor-aluno é preciso que o professor

reconheça que não é um mero transmissor de conhecimento para os alunos,

mas que estes são seres humanos em processo de construção e intercâmbio

de significados através do diálogo. É preciso que o professor reconheça que a

modalidade lógico-científica deve ser complementada pela modalidade

narrativa para a apropriação de conhecimento, porque a experimentação, o

lúdico são formas de aprender com alegria, com prazer.

Quando há a participação da sensibilidade ocorre a assimilação e

a fixação de conhecimentos - informações, conceitos, valores que

fundamentam a ética, a convivência.

Uma diretora, ao percorrer o pátio da escola, após dado o sinal

de entrada, constatou que duas crianças estavam se escondendo num canto e

não acompanharam os demais colegas para a sala de aula. Percebendo a

aproximação da diretora, saíram correndo e um deles virou-se e mostrou a sua

língua. Nesse momento, a diretora fez a leitura de falta de respeito, desacato à

autoridade. Porém um pensamento lhe advertiu de que se tratava de uma

criança que fora pega em flagrante com atitude inadequada às regras e que

aquele gesto teria sido um mecanismo de defesa; isso fez com que não

tomasse uma atitude de punição à criança.

Passado vários dias, ao visitar as crianças dessa sala, observou

que a mesma estava colaborando com a professora no mural da sala.

Aproximou-se dela e parabenizou-a manifestando que estava muito bonita,

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mais bonita que a enorme língua que lhe mostrara naquela ocasião. Tempo

depois, quando houve uma atividade na oficina de chocolate, essa criança

preparara alguns bombons e presenteou, espontaneamente, a diretora, em sua

sala. Foi em gesto de gratidão. Está aí a importância de se trabalhar com a

sensibilidade do aluno: sem chamar-lhe a atenção ou adverti-lo com algum tipo

de punição, a própria criança se corrigiu. O seu gesto foi uma demonstração de

que procurou redimir-se daquele erro.

Na relação com o aluno, para o professor ensiná-lo a pensar é

preciso que tenha o conhecimento de estratégias de ensino e esteja adquirido

a competência do pensar. O professor que não tem habilidades de

pensamento, não sabe aprender a aprender, não será capaz de organizar suas

próprias atividades de aprendizagem, não terá condições de ajudar seu aluno a

potencializar sua capacidade cognitiva.

Relação família – aluno

A família, ao ser questionada sobre as funções do dever de casa,

tem claro que o dever tem como objetivo a fixação do conteúdo programático, a

revisão do mesmo, o criar hábitos de estudo, dar maior segurança ao aluno, na

medida que ele vai internalizando, desenvolvendo o mecanismo para

operacionalizar o seu potencial cognitivo.

Frente a motivação que favorece o cumprimento do dever de casa

pelo aluno, a família se refere a fatores externos ao processo: o aluno faz o

dever quando percebe que o objetivo é para fixar a matéria; quando o dever é

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criativo; quando presta atenção na aula ou tira as dúvidas em sala, os

exercícios são mais fáceis de serem resolvidos. Quanto aos fatores internos ao

aluno, a família alega que cumpre quando ele gosta ou é responsável.

Quanto ao não cumprimento, alega que deixa de fazer o dever

quando as dificuldades não são sanadas em sala pelo professor; quando não

entende a matéria porque o professor não explicou atingindo o seu

entendimento; quando as dificuldades não foram abordadas em aula e são

transferidas para o aluno; quando o exercício é repetitivo ou extenso. Quanto

aos fatores internos ao aluno, menciona a questão do aluno não prestar

atenção na aula; ou quando mesmo estudando não consegue atingir a meta;

quando não há afinidade com o professor.

Os aspectos levantados pelas famílias são relevantes para

identificar as causas da resistência do aluno ao cumprimento do dever de casa.

Porém outros fatores devem ser considerados no relacionamento da família

com o aluno e com a escola.

Segundo Pecotche, “a espécie humana só poderásubsistir e manter a sua hierarquia enquanto existir a família,que é o meio vital e a força moral que sustenta e ampara oshomens, distinguindo-a de todas as demais espécies quepovoam a terra”(1), portanto, ela exerce um papelpreponderante na formação do aluno. (15) (FONTE:PECOTCHE, 1982 P.259)

Porém, esta sociedade pós-industrial, em que as transformações

tecnológicas e científicas interferiram na vida social, provocando mudanças

econômicas, sociais, políticas, culturais, vem modificando o perfil da família.

Ao analisar o processo histórico de trabalho apresentado por De

Masi e fazer uma relação entre as transformações tecnológicas e científicas e o

desenvolvimento do trabalho, observa-se o desaparecimento do emprego, que

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vem causando a desestruturação financeira da família. O homem sozinho não

está conseguindo sustentar toda a estrutura familiar, levando a mulher a

batalhar junto para fazer frente à nova realidade.

Surge um novo perfil de organização familiar. De um lado os pais

saindo para garantir a sobrevivência e de outro os filhos sendo monitorados

pelos meios de comunicação, como a televisão, o vídeo, o computador, o

cinema, o telefone, que não só dificultam o desenvolvimento do pensar, refletir,

discernir, julgar e outros, como levam a criança e o adolescente a uma

acomodação mental e à compulsão ao consumismo.

É preciso considerar também a desestruturação civil familiar de

alguns alunos, dando margem à formação de novos núcleos, ficando o aluno

indo e vindo entre as duas famílias, prescindindo de figuras de referência, o

que leva ao isolamento, ao desestímulo para a realização das tarefas escolares

e inviabilizando a aprendizagem.

Como envolver os pais na construção de conhecimentos de seus

filhos na atual conjuntura familiar? Há dois perfis de família, que merecem ser

destacados: há aqueles pais que não aderem à obrigação escolar e não

acompanham, portanto, as exigências da escola. Por qualquer motivo permite

em que o filho permaneça em casa para descansar ou se cuidar. E há aqueles

que persuadem seu filho a não faltar a aula sob qualquer pretexto.

Assim como há pais que pensam que, para adquirir

conhecimentos, é preciso sofrer, aprender de cor o conteúdo, repetir palavras,

escrever várias vezes o mesmo texto, ou operação enfim, aliar esforço e

memória. Primam pela quantidade de dever de casa em detrimento da

qualidade do trabalho, que dá oportunidade ao aluno de construir o

conhecimento e a aprender a usá-lo no seu cotidiano. Os de postura contrária,

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reclamam que os professores passam trabalho para casa em excesso, o que

reflete subestimação dos próprios filhos.

Há pais que interferem, criticam a metodologia adotada pelo

professor no trabalho. Se o professor valoriza atividades de pesquisa ou jogos,

consideram perda de tempo. Esses posicionamentos confundem o aluno,

deixando-o indeciso em saber qual é a melhor concepção de aprendizagem

para si mesmo.

“Alguns alunos constróem, desde sua maistenra idade, uma relação autônoma com o saber, que os ajudaa sobreviver a todo tipo de pedagogias escolares e familiares.Outros têm menos distanciamento e recursos para pensar porsi próprios, sobretudo quando se encontram indecisos entrerepresentações contraditórias.” (16) (FONTE: PERRENOUD,2000P.121)

A família que, na ansiedade de cumprir com o dever de pai, até

uma certa idade acompanha passo a passo a vida escolar de seu filho, muitas

vezes subestima-o realizando o trabalho escolar no lugar dele, dando as

respostas ou corrigindo erros antes mesmo do filho tê-los cometido. Esta

atitude faz com que o aluno não identifique o valor que está implícito nesse

trabalho – conhecimentos, conceitos morais, desenvolvimento de capacidades

de iniciativa, responsabilidade, ética.

Muitas vezes a família não compreende, não aceita o que o filho

faz em sala e busca compensar a defasagem dando “aula em casa”. Tal

postura causa insegurança, desconfiança por parte do aluno, o que o

desmotiva frente a qualquer atividade escolar que tenha que realizar.

Ao contrário, é preciso que, em vez de apenas criticar, a família

saiba identificar as causas que desmotivam o filho frente às atividades

escolares. Nem sempre a causa está nos professores, muitas vezes a causa

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pode estar na falta de firmeza por parte dos pais ou mesmo na falta de

conhecimento de como atuar com limites nas diversas circunstâncias vividas

pelo aluno.

Por outro lado a desmotivação pode estar radicada na elevada

expectativa dos pais em relação ao rendimento escolar de seu filho, exigindo

médias sempre acima de oito, desrespeitando o momento do processo de

desenvolvimento do educando.

É importante a família conhecer e compreender cada etapa de

desenvolvimento do filho. Na medida em que entra na puberdade e

adolescência, a conduta do ser vai modificando, influenciado pelos fatores que

determinam o próprio crescimento biológico, emocional, social, físico.

Paralelamente à característica de cada fase, o processo de escolarização,

dentro do atual sistema educacional, vai-se tornando mais complexo, exigindo

maior atenção e concentração do aluno que, atraído pelo mundo multicolorido

da mídia, tem sua atenção ao estudo desviada para outras atividades.

É preciso que os pais saibam diferenciar aquele que não estuda

daquele que estuda e não consegue alcançar bom rendimento escolar. Ter

atitudes condizentes a cada caso. Há aquele que apresenta problemas de

aprendizagem mais específicos e, portanto, necessita de especialista para

ajudá-lo a superar-se.

Já os que não estudam levados pela inércia, os pais precisam

mostrar firmeza e deixar-lhes bem claro que terão que concluir os estudos, o

que é muito importante para a vida nos aspectos cognitivo, afetivo, social e

profissional.

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É o caso do aluno que se dispersa com facilidade, tem dificuldade

de concentração e seu rendimento é baixo. Tais fatores demonstram que há

alguma causa orgânica ou psicológica para o insucesso, necessitando que a

família faça uma avaliação a fim de iniciar de imediato o tratamento adequado,

quando for detectado algum distúrbio.

A pesquisa mostrou que sessenta e sete por cento dos alunos

entrevistados necessitam de ajuda para fazer o dever, alegando que não

entenderam a explicação do professor, tiveram vergonha de tirar a dúvida em

sala, não conseguem interpretar a questão. Em geral pedem ajuda aos pais. É

neste momento que é preciso que o pai tenha bem clara a linha pedagógica da

escola, para procurar segui-la em casa, através de seus recursos, e evitar o

choque de pedagogias referido anteriormente.

A postura do pai que usa chantagem é muito perigosa, pois pode

conduzir o filho a uma visão enganosa acerca do papel da educação em sua

vida. Não se deve confundir o incentivo e o prêmio, necessários aos filhos

afetivamente. O importante é mostrar-lhe que, na vida de todos os seres

humanos, há sempre deveres e direitos a serem cumpridos.

Perfil do aluno

“O desamparo mental começa a experimentar-se nainfância, prossegue na juventude e continua na maturidade.

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Nunca houve no curso primário, no ciclo médio ou nasuniversidades algum ensinamento que instruísse o homem desdecedo sobre a forma de resguardar sua integridade psicológica,mental e moral. Não se ensinou a buscar, a encontrar os recursosimponderáveis contidos em sua mente ..... “(17) (FONTE:PECOTCHE,1995 P.45)

e a criança adentra na adolescência sem o devido preparo para ir assumindo

responsabilidades que a vida vai-lhe exigindo. Responsabilidade pessoal,

social, escolar, deixando à mercê da sorte, do acaso, a solução de seus

problemas.

A criança, em sua fase inicial de escolarização, tem a seu lado,

em tempo maior, seus progenitores, que a acompanham em seus afazeres,

quer pessoais ou escolares. Embora esse quadro esteja mudando, influenciado

pelo novo perfil da cultura econômica atual, em que a mulher está se

dedicando mais às suas atividades profissionais, não só para o sustento da

família, mas para a auto-realização de suas capacidades.

O adolescente, cada vez menos assistido e orientado pelos pais,

muitas vezes por preconceitos de que já são capazes de assumir as

responsabilidades que lhe cabem, e outras por falta de recursos dos próprios

pais, fica a mercê de suas dificuldades de auto-ajuste emocional, social e de

aprendizagem.

Nem a criança nem o jovem são levados a formar um claro

conceito da própria responsabilidade. Não se lhes ensina a ser conscientes no

pensar, no atuar e no sentir. Como se não bastasse, a orientação dada carece

de verdadeiro incentivo moral.

Uma professora manifestou, durante a pesquisa, que quanto

menor é a idade menor é a incidência da falta do cumprimento do dever de

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casa. À medida em que a idade aumenta, aumenta também a porcentagem de

alunos que deixam de fazer o dever. A característica do desenvolvimento da

criança e do adolescente esclarece esses dados.

Aproximadamente aos seis anos, a criança começa a observar

que faz parte de um todo – a sua família, e que na família existem regras de

convivência. Conhece a bondade e a maldade em relação a si mesmo e a seus

atos. Algumas já são capazes de assumir a responsabilidade pelos mesmos.

Na fase dos 7 aos 10 anos de idade, as características vão se alterando a cada

ano: do reconhecimento da bondade e maldade de seus atos aos 6 anos,

passa para falta de confiança em si mesmo, por já ter sofrido a conseqüência

de algum erro e tem medo de enfrentar as situações e as críticas. Aos 8, a

figura do professor passa a não ter muita importância, sendo substituída pela

dos amigos. Tem uma grande admiração pelos pais, considerando-os perfeitos.

Por outro lado, os pais começam a ser mais impacientes, o que deixa a criança

mais agitada.

Na fase seguinte começa a sentir-se auto-suficiente e a sua

relação com a família e a escola sofre nítidas alterações. Agrada-lhe gozar a

liberdade sem a vigilância do adulto. Nesta fase dos 9 anos, a criança não

necessita do adulto para realizar o que ela mesma determinou. Fica satisfeita

por descobrir que já é capaz de criar seus objetivos.

Com a razão ainda pouco desenvolvida, a criança não sabe julgar

sua verdadeira capacidade. Como já se sente apta para fazer determinadas

coisas, o que lhe traz uma certa autonomia, amplia com sua imaginação essa

capacidade, criando atritos com os adultos. Nessa fase a criança adquire as

características de “petulante”. O atrevimento e a presunção que

inveteradamente manifesta ao emitir seus pontos de vista ou dar soluções a

problemas ou situações que não domina, tornam-na pouco menos que

insuportável.

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É quando o índice da desobediência aumenta, o que explica a

dificuldade da família em conseguir que o filho siga suas advertências frente à

dificuldade de realizar primeiro seus deveres para depois poder usufruir de

seus direitos.

A família já não é muito de seu interesse. Não tendo o senso de

equilíbrio e a capacidade de julgar o valor da família, dedica-se mais aos

amigos e com eles quer ficar em todos os momentos livres. Daí o problema de

ficar “pendurada” no telefone, ou com os amigos nas áreas de recreação. A

criança tem orgulho de ter amigos e a eles se dedica com naturalidade.

Às vezes, toma atitudes rápidas, impensadas, movida pela

impulsividade, trazendo-lhe, muitas vezes, problemas. Influenciada pelos

exemplos que recebe de violência e agressividade através da televisão, dos

filmes, das revistas e outros meios, sente-se indefesa frente a qualquer

provocação de colegas a si própria ou aos amigos que lhe são fiéis.

Já aos 9 anos, o instinto sexual começa a aparecer com maior

nitidez devido à proximidade da puberdade e é alimentado pela curiosidade, o

que deixa a criança temerosa por desconhecer o que está lhe acontecendo.

Aos dez e onze anos, o pré-adolescente começa a perceber com

mais nitidez que tem capacidades diferentes e que pode fazer uso diferente

dessas capacidades. Porém o mais significativo e doloroso é que essas

diferenças de capacidade, de personalidade, de origem começam a pesar no

relacionamento.

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Nessa fase, em geral, são pouco os pré-adolescentes que se

sentem seguros de si para aceitar as críticas sobre seus erros e dificuldades.

Ficam envolvidos nas estranhas e agitadas emoções do crescimento. Desejam

que os fatos relatados ou vividos sejam encarados com seriedade pelos

demais.

Dos doze aos quatorze anos, o adolescente é particularmente

sensível ao modo como os pais e professores sentem-se em relação a ele.

Tenta compreender-se e se sente confuso com as contradições de seus

próprios sentimentos e comportamentos. Começa a tomar consciência das

exigências e impulsos contraditórios dentro de si mesmo e não se sente seguro

acerca de qual prevalecerá.

Nessa fase os pontos de vista dos professores e dos pais ainda

são solicitados por ele ou ouvidos avidamente, mesmo que seja para serem

refutados depois. A competição é levada muito a sério para atender à

necessidade de aparecer. É quando pais e professores devem estar mais

atentos para discernir a razão maior da intenção de deixar de fazer o dever de

casa.

O maior entretenimento do adolescente é a conversa. Sente

necessidade de compartilhar com os amigos seus problemas, inquietudes,

queixas e alegrias. É crítico por excelência. Suas brincadeiras excessivas

dificultam as atitudes recatadas necessárias para o trabalho íntimo com ele

mesmo, favorecendo o afastamento de suas responsabilidades.

É a fase da indiferença e da falta de vontade para encarar os

estudos ou qualquer outra tarefa que lhe exigia esforço mental, pois está

acostumado com os jogos eletrônicos, filmes, novelas e revistas que conduzem

a uma atitude passiva da mente.

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Preocupa-se com os bens de consumo como a etiqueta da roupa,

as diversões, o status, o dinheiro, a beleza. Seu olhar está voltado para a

própria parte física e a dos demais.

Gosta de aparecer frente ao grupo, se necessário até fazendo o

errado só para desafiar o adulto. Tem pouca humildade, tornando-se às vezes,

exigente e agressivo.

É atraído com facilidade por tudo que se refere à parte sexual,

antecipando experiências, distraindo a mente e desperdiçando energias.

Quanto à parte física, ocorrem alterações do esquema físico. A

transformação metabólica, paralela à transformação morfológica, produzida

pelo desaparecimento de algumas glândulas de secreção interna e pelo

aparecimento de novos hormônios, modifica o perfil físico do adolescente,

interferindo na sua parte psicológica e emocional.

O crescimento e desenvolvimento físico tem direta relação com o

desenvolvimento hormonal. Os órgãos genitais se desenvolvem. Os membros

superiores e inferiores crescem mais ativamente, fazendo, às vezes, o

adolescente se encurvar e se sentir enfraquecido emocionalmente.

O crescimento acelerado faz o adolescente perder a noção de

espaço e o controle de seus movimentos e de sua força, o que promove

atitudes desajeitadas, dificultando sua organização e adaptação no espaço em

que está inserido.

Considerando-se as características das diversas fases de

desenvolvimento pelos quais o aluno passa, perfilam-se os fatores que

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interferem na vontade de aprender para adquirir o saber. Cabe pois ao

professor saber articular todos esses aspectos à metodologia que adotará no

processo da motivação em sala de aula, lançando mão de recursos

tecnológicos e dos meios de comunicação. É preciso que o docente de fato

oriente, ajude o aluno a equacionar suas fases de desenvolvimento e

crescimento com as necessidades de sua vida escolar, garantindo o

desenvolvimento pleno do seu processo ensino-aprendizagem-participação.

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CAPÍTULO 4

DEVER DE CASA, RECURSO IMPRESCINDÍVEL NO PROCESSO

ENSINO APRENDIZAGEM?

Quando o professor passa o dever de casa, que objetivos tem em

mente? Para os pais, é para fixar o conteúdo, fazer a revisão da matéria,

aprender e dar maior segurança na aquisição do conhecimento. Para os alunos

é para adquirir maior agilidade com o conteúdo, além de revisar e fixar o

conteúdo. Para o professor, além desses objetivos, é para que o aluno levante

dúvidas, mantenha o conteúdo em dia e crie hábitos de estudos.

Ao entrevistar-se algumas pessoas que já concluíram o ensino

médio ou o grau universitário, verificou-se que aqueles que tinham facilidade

em assimilar o conteúdo só prestando atenção na aula, nem sempre fizeram o

dever de casa e, mesmo assim, saíram-se bem na avaliação. Porém

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enfrentaram muita dificuldade de concentração nos estudos na fase de

assimilação de conteúdos mais complexos e houve caso de abandono dos

estudos, devido à falta de hábitos de estudos.

Outros assinalaram a importância do professor passar sempre o

dever o que os ajudou na organização do pensamento, do material, bem como

na aprendizagem para sistematizar o conhecimento

Em uma entrevista publicada pela revista Nova Escola Nereide

Tolentino, orientadora educacional e pedagoga em São Paulo, alega que a

lição de casa, tal como vem sendo proposta na maioria das escolas, não tem

sentido algum para o aluno, pois a maioria faz por fazer, sem interesse, e por

pura obrigação, para não levar nota baixa ou castigo.

Portanto, o dever de casa é um recurso que apresenta o seu valor

pedagógico na formação do aluno, quando bem planejado, com objetivos

acadêmicos e formativos bem definidos pelo professor, respeitando o nível de

desenvolvimento em que o aluno se encontra – tempo de concentração e

capacidade de realização - e atendendo às suas necessidades cognitivas,

sociais e afetivas.

A diversificação na construção da forma de apresentar o dever e o

momento adequado para a sua realização tornam o trabalho estimulante e

prazeroso.

É um recurso que tem o seu valor como complemento pedagógico

para a aprendizagem, quando leva o aluno a interagir consigo mesmo, com o

meio em que está inserido, quando ele dá a oportunidade de assumir o seu

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próprio processo, desenvolvendo a capacidade de organização, de

assimilação.

Por outro lado, tem o seu peso negativo quando não for bem

organizado, dosado de acordo com o desempenho da turma. Quando é usado

para suprir o que não foi dado ou bem explicado em sala.

É necessário, portanto, que o aluno faça o dever de casa não só

para não levar anotação que o ridiculariza frente a si mesmo e aos demais,

para não perder nota ou levar uma advertência na agenda, que deverá ser

comunicada aos pais. Mas que faça com gosto porque sente prazer em

aprender mais e mais, porque percebe que o ajuda a ampliar a visão de seu

mundo e do universo.

Conclui-se que o dever de casa não é um recurso imprescindível,

mas um auxiliar pedagógico, que o professor utiliza para ajudar a

aprendizagem e a formação de seu aluno.

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CONCLUSÃO

Para que tenho de estudar isso? Para que serve isso? Eu vou usar

isso algum dia? Frases pronunciadas constantemente pelos alunos há muito,

muito tempo. Vem, então, a indagação: há quanto tempo essas frases

continuarão sendo pronunciadas? Quais as possibilidades de mudanças? Ou

não há? O que fazer para mudar esse quadro?

O mais preocupante é a pouca perplexidade e a tendência ao

conformismo, que está dominando a educação, em contraste com um mundo

em intensa transformação.

Andrea Cecilia Ramal - em seu livro Histórias de gente que ensina

e aprende - traz à tona de forma suave, irônica, crítica e poética, uma

diversidade de situações de ensino-aprendizagem-participação, que retrata o

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quadro das escolas atuais e enfatizam o seu papel das mesmas, o de fazer

com que o aluno venha a se fascinar com as coisas, com o mundo:

O arquivo de gavetinhas – Era uma menina muito organizada:achava que já tinha nascido assim. Mas na escola aperfeiçoarasua própria técnica.Tinha decidido, desde muito criança, organizar a própria cabeçaem gavetinhas, como num arquivo.Visualizava mentalmente as pastas, com as respectivassaliências e os papéis caprichados que indicavam o conteúdo decada uma: sonhos, projetos, sentimentos, lembranças...A cada dia de aula, conforme fossem a matéria e o professor,abria apenas a gavetinha necessária.Às vezes, em alguma redação ou numa pecinha teatral de fim deano, tirava certas coisas da gavetinha dos sentimentos e dapasta das lembranças. Outras vezes (bem menos) das pastas deprojetos e de sonhos. Usava, e depois guardava tudo intacto,sem qualquer acréscimo ou modificação.Mas a maior parte das vezes quase nem usava essas gavetas,pediam-lhe que abrisse apenas as pastas da lógica, do cálculo edo pensamento organizado.Um dia, preparando o material, decidiu não levar mais para aescola a chave das outras gavetinhas.Não precisava... “(18) (FONTE: RAMAL, 1999 P.29)

A questão do processo ensino-aprendizagem-participação passa

pela inadequação da teoria, do conhecimento científico, da psicologia, da

sociologia, da ciência à prática pedagógica. Do acompanhamento das

mudanças das necessidades da sociedade, do desenvolvimento da tecnologia

(que ocorre a passos rápidos) preparando o aluno para o seu auto-ajuste

emocional, cognitivo, físico, social e para a demanda do mercado de trabalho.

É preciso definir melhor o papel da família, da escola, da

sociedade, do professor e do aluno, no âmbito mais amplo e no mais restrito.

Segundo Júlio Aquino, no livro Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e

práticas, o professor e o aluno são parceiros de um mesmo jogo, guardadas as

especificidades de cada um.

Outra questão relevante do processo é a falta de infra-estrutura

moral para o trabalho pedagógico de alguns alunos e professores, o que

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corrobora na indisciplina em sala de aula, na escola e na família. Quando isto

ocorre, o professor deve ter condições para criar essa infra-estrutura moral

pautada no seu campo de conhecimento, levando o seu aluno a (re)inventar a

sua moral.

O professor deve fundamentar a sua proposta de trabalho no

conhecimento que pressupõe a observação de regras, de semelhanças e

diferenças, de regularidades e exceções. Como Júlio Aquino faz referência à

declaração de Stephen Hawking, um dos físicos mais eminentes da atualidade:

Não posso deduzir como alguém vai se comportar a partir das leis dafísica. Mas poderíamos desejar que o pensamento lógico, que a física ea matemática envolvem, guiasse uma pessoa também em seucomportamento moral. (Hawking, 1995, p.135)

Note-se que o pensador propõe os modi operandi lógico-conceituaissubjacentes à física e à matemática como norte para o comportamentomoral humano, e não o próprio campo das leis físicas ou matemáticas.Trata-se dos modos de pensamento aí envolvidos e nãonecessariamente dos conteúdos deles decorrentes.(19) (FONTE:AQUINO, 1996 P.51)

As transformações científicas e tecnológicas do mundo estão

levando a escola a articular os seus objetivos convencionais com as exigências

da sociedade, onde o poder de comunicação, da informatização e da

globalização tem sido os requisitos exigidos.

Se essa sociedade moderna ou pós-industrial clama por uma

mudança da escola, onde os alunos devem ser preparados para uma leitura

crítica dessas transformações – o “pensar cientificamente, colocar

cientificamente os problemas humanos”, o dever de casa, também, como um

dos recursos do processo ensino-aprendizagem-participação deve estar

fundamentado nesses princípios pedagógicos a fim de preparar os alunos e

atender a essa demanda.

Cabe à escola – criando condições para a atualização pedagógica

do seu corpo docente - e ao professor decidir em que momento do processo de

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suas atividades escolares o dever de casa deve ser utilizado como

complemento pedagógico e educacional. Essa atividade deve ter como

princípio básico envolver o aluno na construção de conhecimentos que

emanam dela, para que ele possa juntar os conhecimentos, uni-los e prendê-

los para depois compreendê-los, possibilitando assim uma visão ampla de

mundo.

Essa tarefa não é fácil. É preciso muito intercâmbio da prática

pedagógica aplicada e o resultado alcançado entre os professores. Libâneo

coloca que é preciso que haja “o intercâmbio entre formação inicial e formação

continuada, de maneira que a formação dos futuros professores se nutra das

demandas da prática e que os professores em exercício freqüentem a

universidade para discussão e análise de problemas concretos da prática.”(20)

(FONTE: LIBÂNEO, 2001 P.11).

O dever de casa construído com a preocupação de despertar no

aluno a vontade de saber e a decisão de aprender, consciente do bem e do uso

social desse conhecimento em sua própria vida e na vida de relação, sem

dúvida, tornará a tarefa prazerosa, envolvente e participativa.

O conhecimento que está implícito na tarefa escolar deve

favorecer a formação do caráter do educando, bem como a formação cultural e

científica. Quando se fala em caráter é preciso subentender a formação

sensível, que lhe possibilitará o fazer com gosto, ser generoso, ser grato.

Não se pode mais sonhar com uma escola ideal, mas agir e

assegurar “a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal,

profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva

com a cultura em suas várias manifestações: a cultura provida pela ciência,

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pela técnica, pela estética, pela ética, bem como pela cultura paralela (meios

de comunicação de massa) e pela cultura cotidiana”(21) (ibid P.7).

O dever de casa não é, pois, um recurso imprescindível, mas um

auxiliar no processo ensino-aprendizagem-participação do aluno. Caberá ao

professor adequar a metodologia às necessidades do aluno, decidindo o

momento oportuno para lançar mão desse recurso pedagógico.

Quanto à necessidade do aluno, Jung (22) diz que o ser nasce

com uma herança psicológica e biológica, que são fatores determinantes de

seu comportamento e experiências. O professor deve considerar tais fatores

que influenciam na motivação: a herança, a cultura, o contexto social e familiar

do aluno e a metodologia do professor.

A proposta pedagógica deve estar fundamentada no propósito de

mudanças pedagógicas, de mudanças de postura frente ao aluno. Mudanças

que reflitam, na relação com o aluno, a consciência da influência de sua própria

pessoa. Saber que sua tarefa não consiste em reformar, mudar, diagnosticar

ou avaliar o comportamento, as necessidades ou os objetivos dos demais, de

enriquecer-se de conhecimentos oriundos de conteúdos acadêmicos, mas de

facilitar, criar condições para que desenvolva sua capacidade de

autodeterminação, tanto no plano pessoal como no individual.

Neste mundo de transformações urge reconfigurar as

características profissionais do professor, buscando uma nova identidade

profissional. Um professor que seja capaz de adequar sua prática pedagógica

às exigências dessas transformações, da forma de adquirir o conhecimento, do

perfil do aluno, dos meios de comunicação e da cultura.

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61

É preciso que as universidades preparem o professor com “uma

cultura geral mais ampliada, capacidade de aprender a aprender, competência

para saber agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio da

linguagem informacional, saber usar os meios de comunicação e articular as

aulas com as mídias e multimídias.”(23) (FONTE: LIBÂNEO, 2001 P.10)

Enquanto as universidades preparam tais profissionais, a escola

deve oferecer uma infra-estrutura pedagógica que permita a reconfiguração

desse profissional a curto e médio prazo para não permanecer parada no

tempo. É preciso diminuir a distância entre o preparo de seres e o atendimento

às necessidades do mundo pós-industrial.

O professor hoje, de um modo geral, tem medo de usar “software”

educativo por falta de conhecimentos que lhe possibilitem domínio

informacional frente ao seu aluno que, neste campo, ultrapassa-o com muita

facilidade e agilidade, já que o mundo do aluno é um mundo multicolorido,

favorecido pela mídia e multimídia.

O professor tem medo de se expor frente aos seus alunos,

mostrar a sua fragilidade. Esse medo passa pela vergonha que o torna

inseguro; leva-o a associar-se a seu fracasso pessoal e à decepção como

indivíduo e como um profissional. Os valores como sucesso na vida, o dinheiro

e outros, consciente ou inconscientemente, invadem a imagem que almeja ter

de si.

A escola necessita preparar seres pensantes, criativos, reflexivos,

críticos, que saibam acompanhar e atender à demanda desta sociedade

globalizada, cujo avanço tecnológico e científico vem interferindo na vida social,

na política, na economia e na cultura mundiais.

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62

ANEXOS

Pesquisa, através de questionário, junto ao aluno, à família, ao

professor, sobre os fatores que interferem na realização do Dever de Casa.

Modelo

QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO

NOME:_________________________________________________________

SÉRIE ______ IDADE_______TURNO EM QUE ESTUDA ________________

1. Quais são as disciplinas que você mais gosta? Porquê? ( na frente de

cada disciplina justificar)

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63

R. __________________________________________________________

__________________________________________________________

2. Quais são as disciplinas que você menos gosta? Porquê? ( justificar na

frente de cada disciplina

R ________________________________________________________

________________________________________________________

3. O que você acha do Dever de Casa?

R. ________________________________________________________

4. É importante fazê-lo? Sim ou Não? (justificar porquê)

R ________________________________________________________

________________________________________________________

Você gosta ou não gosta de fazer o Dever de Casa? Porquê?

R. _______________________________________________________

_______________________________________________________

6. Você faz o Dever de Casa?

Sim Porque _______________________________________

Não Porque _______________________________________

7. A que horas faz o Dever? ____________________

8. Como você faz o Dever de Casa?

Na sua mesa de estudo

Na mesa da sala de jantar

Em outro local

Com a TV ligada

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64

Ouvindo som

Atendendo telefone

Em local tranquilo

De pessoas entrando e saindo do local de seu estudo

1. Você precisa de ajuda para fazer o Dever:

Sempre. Porquê _________________________________________________

Quem lhe ajuda: __________________________________________________

Às vezes. Porquê _________________________________________________

Quem lhe ajuda: _________________________________________________

Nunca. Porquê ___________________________________________________

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65

QUESTIONÁRIO PARA A FAMÍLIA

Prezada Família

O questionário abaixo tem como objetivo realizar uma investigação das

causas da resistência ao comprimento do Dever de Casa. A sua colaboração

será muito importante em prol da formação dos nossos alunos.

Antecipadamente, os nossos agradecimentos pela atenção dispensada.

Afetuosamente

A Or.Educacional

NOME DO ALUNO : __________________________________________

SÉRIE:______ IDADE ______ TURNO QUE ESTUDA ___________

1. Na sua visão, qual(is) função(ões) cumpre(m) o Dever de Casa?

R. ___________________________________________________

2. Na sua opinião, quando um Dever de Casa é prazeroso?

R. ______________________________________________________

______________________________________________________

3. Quando não o é:

R. ______________________________________________________

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66

4. Seu filho sente prazer em fazer o Dever de Casa?

Sim Porquê ________________________________________

Não Porquê ________________________________________

Ele faz o Dever:

Espontaneamente

É preciso recordá-lo

É preciso exigi-lo

É preciso ameaçar com punição

Sozinho

Às vezes pede ajuda

Sob constante ajuda

Com profª/apoio

5. Que recurso tem utilizado quando cumpre/não com o Dever?

R. _________________________________________________________

_________________________________________________________

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QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR

Prezado Professor

O questionário abaixo tem como objetivo investigar as causas da

resistência ao cumprimento do Dever de Casa.

Contamos com a sua colaboração nessa tarefa para atender, de forma

mais próxima, à realidade do nosso aluno.

Os nossos agradecimentos pala atenção dispensada.

Afetuosamente

A Or. Educacional

Professor _____________________________________________________

Disciplina _______________________________________ Série _________

1. Qual(is) função(ões) cumpre(m) o Dever de Casa?

R. _________________________________________________________

2. Qual a estimativa de alunos que cumprem com o Dever de Casa em

uma turma de 30 alunos?

R. __________________________________________________________

__________________________________________________________

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3. Na sua experiência, porque os alunos deixam de cumprir com o Dever

de Casa?

R. _________________________________________________________

4. Sabe-se que muitos alunos apresentam resistência em fazer o Dever de

Casa. Porquê?

R. __________________________________________________________

__________________________________________________________

5. Que recursos você tem utilizado para conscientizar ou despertar o seu

aluno para o benefício que a realização do Dever de Casa lhe traz.

R. __________________________________________________________

__________________________________________________________

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4. PERRENOUD, Philippe. Ibid P. 72

5. _______________ “Lição de casa Tome cuidado, ela pode estar errada”

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6. _______________ ibid

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alternativas teóricas e práticas. 8ªEd. São Paulo: Summus, 1996 P.18

9. Ibid P. 52

10. PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Deficiências e Propensões do

Ser Humano. Trad. filiados da Fundação Logosófica. 9ªEd. São Paulo:

Logosófica, 1999 P.39

11. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas

educacionais e profissão docente. 5ªed. São Paulo: Cortez,2001P.40

12. Ibid P.43

13. TAPIA, Jesús Alonso. A motivação em sala de aula: o que é, como se

faz. Trad. Sandra Garcia. 3ªEd. São Paulo: Ed.Loyola, setembro 2000

14. LIBÂNEO, José Carlos. Ibid P.9

15. PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Reflexões sobre Legislación

social. In Colleción de La Revista Logosofía V. São Paulo: Ed.

Logosófica, 1982 P. 259

16. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad.

Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000 P.121

17. PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Curso de Iniciação Logosófica.

Trad. do espanhol.12ªEd. São Paulo: Ed.Logosófica, 1995 P.45

18. RAMAL, Andrea Cecília. Histórias de gente que ensina e aprende.

Bauru,SP: EDUC, 1999 P.29

19. AQUINO, Júlio Groppa (organizado por). Indisciplina na Escola:

alternativas teóricas e práticas. 8ªEd. São Paulo: Summus, 1996 P.51

20. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas

educacionais e profissão docente. 5ªed. São Paulo: Cortez,2001P.11

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73

21. Ibid P.7

22. FADMAN, James. Teorias da Personalidade. Trad. Camila Pedral

23.

24. Sampaio. São Paulo: Ed. HARBRA, 1986 P.42-70

25. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas

educacionais e profissão docente. 5ªed. São Paulo: Cortez,2001P.10

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