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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN) Determinação de concentrações de elementos traço presentes no tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL ABRIL – 2006

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�UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E

NUCLEARES (PROTEN)

Determinação de concentrações de elementos traço presentes no

tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS

Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

ABRIL – 2006

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Determinação de concentrações de elementos traço

presentes no tecido sangüíneo de animais de pequeno

porte através de ICP-MS

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�Ricardo Augusto Aguiar De Lira Santos

DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÕES DE ELEMENTOS TRAÇO

PRESENTES NO TECIDO SANGÜÍNEO DE ANIMAIS DE PEQUENO

PORTE ATRAVÉS DE ICP-MS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares, do Departamento de Energia Nuclear, da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do título de Mestre em Ciência, Área de Concentração: Dosimetria e Instrumentação Nuclear.

ORIENTADOR: DR. ÊUDICE CORREIA VILELA

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

ABRIL – 2006

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�S237d Santos, Ricardo Augusto Aguiar de Lira .

Determinação de concentrações de elementos traço presentes no tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS / Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos . - Recife : O Autor, 2006. Xvi, 60 folhas : il., fig. e tabelas.

Dissertação (mestrado) – Universidade

Federal de Pernambuco. CTG. Tecnologias Energéticas e Nucleares – PROTEN , 2006.

Inclui bibliografia, apêndice e anexos.

1. Dosimetria e instrumentação nuclear. 2. Elemento traço – determinação. 3. ICP-MS. 4. Animais de laboratório – tecido sangüíneo - determinação de metais. I. Título.����

UFPE

��������CDD (22.ed.) BCTG/2006-034

����

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A minha mãe por tanto esforço pela minha vida.

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�AGRADECIMENTOS

Finda esta etapa da minha caminhada por este mundo, gostaria de agradecer a quem foi /

são imprescindíveis para estas realizações:

• A Deus por me amar assim como sou e cuidar de mim o tempo todo, ainda que eu seja

indigno desse amor por muitas vezes;

• Ao Dr. Êudice Correia Vilela, pela aceitação na orientação quando eu mais precisava de um

apoio e sua dedicação, incentivo, cobrança e preocupação com o trabalho;

• Ao Professor Dr. Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira, coordenador do Programa de Pós

Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares do Departamento de Energia Nuclear da

Escola de Engenharia do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de

Pernambuco da República Federativa do Brasil, pelo exemplo de amizade e empenho pelo

sucesso dos alunos;

• Aos professores do PROTEN pelos cursos oferecidos, preocupação com a aprendizagem e

orientações no mestrado e fora dele;

• Aos funcionários do DEN pela constante dedicação pela edificação dos alunos no PROTEN,

e entre todos, as secretárias D. Magali e Nilvânia por agüentar os meus “aperreios”;

• Aos colegas do PROTEN – DEN / UFPE pela participação e unidade no crescimento mútuo e

em especial ao meu amigo e quase irmão Thiago Salazar e Fernandes pelo total

companheirismo;

• Aos amigos do CRCN que muito ajudaram na realização do trabalho, entre eles os da DIAMB

(entre eles, Frederico Genezini e José Carlos), DIRAD (entre eles, Cláudio Menezes, Jair

Bezerra e Maria Elijane) e DIMET (entre eles, Marcus Aurélio) juntamente com a srta.

Margarete Pereira, pela dedicação e apoio;

• Aos colegas bolsistas do CRCN pela presença e amizade e, entre eles, o Joelan Ângelo e a

Nandízia Santos;

• A Vice-Diretora do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Dra. Sílvia Montenegro, por ter

me concedido a permissão do meu retorno ao centro, e aos demais funcionários e

pesquisadores do CPqAM, como o Dr. Frederico Abath, Roberto Wekhäuser e Mineo

Nakazawa do Depto. de Imunologia, Dra. Elisabeth Malagueño, Veterinárias Inês Cavalcanti e

Giuliana Schirato e todos do Biotério central;

• Ao Departamento de Biofísica, principalmente na pessoa da Dra. Maria Teresa Jansem e as

alunas, e amigas, Simey Magnata e Marilia Libório pela atenção e doação dos ratos;

• Ao Laboratório de Glicoproteínas do Departamento de bioquímica da UFPE, especialmente

na figura da Sra. Maria Reis, pelas amostras de coelho concedidas;

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�• Ao Laboratório de Caracterização Isotópica do IPEN que ajudaram na leitura das amostras e

em especial ao Dr. Jorge Eduardo Sarkis e os Srs. Maurício Hiromito Kakazu e João Ulrich;

• Ao pessoal que eu conheci e pude conviver durante estágios no meu mestrado,

representados nas figuras da Dra. Adélia Câmara (Depto. De Medicina Nuclear – HC / UFPE)

e Dr. Paulo Almeida (Real Nuclear – RHP);

• Aos pesquisadores que tive contato durante a minha pesquisa pela atenção e dedicação,

entre eles: Dr. Luiz Rachid Trabulsi (in memorian) e o Dr. Osvaldo Sant'Anna, amigos e

pesquisadores exemplares, do Instituto Butantan, Dra. Rita Cornelis e Dr. Frans De Corte da

Universidade de Gent na Bélgica, Dra. Ebba Bárány da Universidade Sueca de Ciências

Agrárias, Dra. Denise Bohrer da Universidade Federal de Santa Maria e Dr. Sebastião Couto

do Centro de Criação de Animais de Laboratório / FIOCRUZ;

• Ao membros das bancas dos seminários pelas importantes dicas e sugestões;

• Aos membros da Comunidade Obra de Maria pelas orações, atenção e carinho;

• A minha família e todos amigos pelo suporte e torcida!

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� YLLL�SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xi

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xv

RESUMO .............................................................................................................. xvii

SUMMARY ............................................................................................................ xviii

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 3

2.1 O Sangue: composição, características e importância biológica ........... 3

2.1.1 Elementos traço e ultratraço presentes no sangue e

sua importância fisiológica ....................................................................... 4

2.1.1.1 Fisiologia dos elementos traço estudados .......................... 5

2.2 Classificação dos métodos analíticos mais utilizados em

análises clínicas ................................................................................. 10

2.2.1 Métodos clássicos ................................................................. 11

2.2.2 Métodos instrumentais ......................................................... 11

2.2.2.1 Tipos de métodos instrumentais ....................................... 12

2.2.3 Métodos analíticos para determinação de

elementos traço ...................................................................... 12

2.3 ICP-MS ................................................................................................ 14

2.3.1 Sistema de introdução de amostras ...................................... 16

2.3.2 A fonte de plasma ................................................................ 17

2.3.3 A região de interface ............................................................ 18

2.3.4 O sistema de focalização iônica ........................................................ 19

2.3.5 O analisador de massa .......................................................... 19

2.3.6 Detector ............................................................................... 20

2.4 Experimentação animal ....................................................................... 20

2.4.1 Aspectos éticos da experimentação animal ........................... 21

2.5 Animais de Experimentos ................................................................... 23

2.5.1 Rato (Rattus norvegicus) ..................................................... 23

2.5.2 Hamster dourado (Mesocricetus auratus) ........................... 24

2.5.3 Coelho (Oryctolagus cuniculus) .......................................... 25

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 26

3.1 Os animais estudados ......................................................................... 26

3.2 Coleta e preparo das amostras............................................................. 28

3.3 Processamento da amostra ................................................................. 28

3.4 Instrumentação utilizada ..................................................................... 29

3.4.1 Curvas de calibração ............................................................. 29

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� L[� 3.4.2 Método de análise utilizado .................................................. 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 31

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 47

APÊNDICE I ........................................................................................................... 55

ANEXO I ................................................................................................................ 60

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� [�LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Diminuição dos níveis de detecção do chumbo com a evolução das técnicas de

análise (em mg/l) .................................................................................................. 13

2 Esquema técnico do ICP-MS Element da Finnigan destacando-se as principais

partes constituintes do sistema separadamente (FINNIGAN MAT, 1997) .............. 16

3 Esquema básico dos componentes da fonte de plasma ..................................... 17

4 Temperatura e zonas constituintes do plasma (THOMAS, 2001b) ...................... 18

5 Mecanismo de conversão das gotas em um íon ativo no ICP (THOMAS, 2001b) .. 18

6 Detalhe na região de interface (THOMAS, 2001c) ............................................. 19

7 Esquema básico mostrando o princípio de funcionamento do filtro

de massa quadrupolar (THOMAS, 2001e) ............................................................ 20

8 Rato WISTAR albino ........................................................................................... 24

9 Hamster dourado (Golden Hamster) .................................................................. 25

10 Coelho albino .................................................................................................... 25

11 Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade

relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o rato ............................................. 31

12 Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade

relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o hamster ....................................... 32

13 Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade

relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o coelho ......................................... 32

14 Curva de calibração do Mn para a técnica aplicada .......................................... 33

15 Concentração média do Al nos animais estudados .......................................... 37

16 Concentração média do Cd nos animais estudados ......................................... 37

17 Concentração média do Co nos animais estudados ......................................... 38

18 Concentração média do Cu nos animais estudados ......................................... 38

19 Concentração média do Mn nos animais estudados ......................................... 39

20 Concentração média do Mo nos animais estudados ......................................... 39

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� [L�21 Concentração média do Ni nos animais estudados .......................................... 40

22 Concentração média do Se nos animais estudados .......................................... 40

23 Concentração média do Zn nos animais estudados ......................................... 40

24 Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes

para Al, Cd e Co em humanos na literatura ......................................................... 43

25 Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes

para Mn, Mo e Ni em humanos na literatura ........................................................ 44

26 Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes

para Cu, Se e Zn em humanos na literatura ......................................................... 45

27 Curva de calibração do Al para a técnica aplicada ............................................ 55

28 Curva de calibração do Cd para a técnica aplicada ........................................... 56

29 Curva de calibração do Co para a técnica aplicada ........................................... 56

30 Curva de calibração do Cu para a técnica aplicada ........................................... 57

31 Curva de calibração do Mo para a técnica aplicada .......................................... 57

32 Curva de calibração do Ni para a técnica aplicada ............................................ 58

33 Curva de calibração do Se para a técnica aplicada ............................................ 58

34 Curva de calibração do Zn para a técnica aplicada ........................................... 59

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� [LL�LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 As funções mais importantes do sangue (SCHIMIDT-NIELSEN,2002) ...... 3

Tabela 2 Propriedades físicas e químicas empregadas em

métodos instrumentais (SKOOG, 2002) .................................................. 12

Tabela 3 Características dos animais utilizados no estudo ................................... 26

Tabela 4 Composição das rações utilizadas pelos animais ................................... 27

Tabela 5 Concentrações médias e incertezas obtidas a partir da análise

dos isótopos considerados em �J�O����������������������������������..................... 34

Tabela 6 Fração Isotópica, resolução de leitura e principais

interferentes dos nuclídeos analisados .................................................. 35

Tabela 7 Concentração obtida dos elementos analisados em µg/l ........................ 36

Tabela 8 Limites de detecção dos elementos para a técnica envolvida .................. 36

Tabela 9 Comparação dos resultados obtidos para animais e os valores

da literatura consultada posterior a 1980 ................................................. 52

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� [LLL�DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÕES DE ELEMENTOS TRAÇO PRESENTES

NO TECIDO SANGÜÍNEO DE ANIMAIS DE PEQUENO PORTE ATRAVÉS DE

ICP-MS

Autor: Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

Orientador: Dr. Êudice Correia Vilela

RESUMO

Elemento traço são elementos presentes em concentrações inferiores a 100µg.g-1 que podem

desempenhar funções biológicas ou não, mas como a sua concentração ideal possui limites bem

definidos, podem causar prejuízos ao invés de benefícios em concentrações indevidas. Há ainda

elementos traço que aparentemente não apresentam função nenhuma e os conhecidamente tóxicos.

Muito tem se pesquisado sobre a função e os valores de normalidade dos elementos traço no homem

e nada tem sido feito em animais. Através da espectrometria de massa de alta resolução com fonte

de plasma indutivo (HR-ICP-MS), técnica padrão ouro na determinação de elemento traço,

determinou-se os níveis séricos de Al, Cd, Co, Cu, Mn, Mo, Ni, Se e Zn em amostras de ratos wistar,

hamsters dourados e coelho albino neste trabalho. No experimento, todos os animais eram adultos e

nunca tinham participado de nenhum experimento prévio, alíquotas de 0,5ml foram digeridas com

HNO3 a 1% completando um volume final de 10 ml. Os resultados mostram que as concentrações

dos elementos entre as espécies de animais nem sempre possuem valores aproximados, mesmo

com as rações sendo bastantes similares entre si.

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� [LY�DETERMINATION OF TRACE ELEMENTS CONCENTRATIONS PRESENT IN THE

BLOOD OF SMALL ANIMALS USING ICP-MS

Author: Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

Adviser: Dr. Êudice Correia Vilela

SUMMARY

The animal experimentation has been a fundamental part of the scientific research of areas

like the health and others since the origins of the modern science. With the bioterism, animals of

several species that are available for the researches are more specific for determined experiments

and they guarantee a reproductive and more faithful result. With the evolution of the research also, a

lot researches has been altered about the point of view of the functions of the trace elements. Those

elements, by his time, can possess papers of essentiality, toxicity and ubiquity for many organisms.

This work relates the application of a methodology for analysis of trace elements (Al, Cd, Co, Cu, Mn,

Mo, Ni, Se and Zn) more cited at the consulted literature in serum samples of WISTAR rat, golden

hamster and rabbit (both adult and healthy animals) by using the inductively coupled high resolution

mass spectrometry technique. The facts obtained show the determination of those metals, the

applicability of the technique and comparisons with the values of reference for humans found in the

literature.

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� [Y�

“O que foi é o que será; o que acontece é o que há de acontecer.

Não há nada de novo deb aixo do sol.”

Eclesiastes 1, 9

“Todas as substâncias são venenos; não existe nada que não seja veneno.

Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.”

Paracelsus (1493 – 1541)

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1 INTRODUÇÃO

Durante as últimas décadas, os grandes progressos tecnológicos na metodologia analítica

têm provido técnicas cada vez mais sensíveis para a pesquisa de elementos traços no homem,

permitindo que uma nova ótica seja formada sobre a função desses elementos no corpo humano.

Muito interesse tem sido focado na atuação desses elementos nos níveis plasmáticos ou no soro

em organismos saudáveis ou doentes, visando correlacionar a sua presença e quantidade com

patologias conhecidas (VERSIECK, 1980). Alguns dos constituintes elementares da composição

sangüínea, como os elementos Ca, Fe, K, Na, Mg, Mn e Cl são imprescindíveis à vida e, portanto,

o conhecimento quali - quantitativo desses elementos no sangue permite uma avaliação clínica

imediata do funcionamento de alguns órgãos. Outros, como o Pb, Al ou Hg, segundo informações

atuais, não desempenham nenhuma função metabólica essencial no corpo e sua presença, acima

de níveis plasmáticos já estabelecidos, pode ser nociva ou até mesmo letal ao indivíduo.

A busca pela formulação de novos medicamentos, vacinas, anestésicos, suplementos

alimentares e outros produtos de fundamental importância na área médica, para qualquer que seja

a função, necessita de vários testes in vivo, ex vivo1 ou in vitro para o acompanhamento clínico

das funções reguladoras dos organismos com relação à resposta (reação) gerada por seu uso,

viabilizando ou não sua utilização em seres humanos. Usualmente, os testes in vivo são

realizados, primeiramente, em animais de pequeno e médio porte (como camundongos, ratos,

coelhos, cães, entre outros), posteriormente, animais de maior porte e, finalmente, em humanos. A

escolha da espécie dos animais utilizados numa pesquisa leva em conta a disfunção em questão,

a composição do produto a ser testado, bem como o material biológico a ser analisado (sangue,

soro, urina, dentes, órgãos, etc) e suas similaridades entre humanos e animais de experimentos.

Outros fatores também relevantes, na escolha dos animais, dizem respeito a implicações legais,

disponibilidade, acesso e custos (ANDRADE, 2002). Outro fator que pode ser levado em conta na

escolha dos animais é o da sua composição sangüínea, especialmente em termos de elementos

traço e ultra-traço. Porém, a literatura atual não apresenta muitas informações a cerca dos

elementos traço e ultra-traço na composição sanguínea dos animais utilizados em experimentação

na área médica. Este fato é devido, principalmente, à falta de informação disponível a este

respeito.

����������������������������������������1ex vivo é uma técnica experimental aonde o experimento é realizado in vivo e então analisado in vitro ou então,

parte do objeto é removida, o experimento é realizado, e essa parte é devolvida.

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2

Visando colaborar com o preenchimento de tal lacuna de conhecimento e,

conseqüentemente, com a maior compreensão dos resultados obtidos em pesquisas nas áreas

que necessitam de experimentação animal, o presente estudo objetiva a caracterização da

composição elementar sangüínea de algumas espécies de animais (ratos wistar, hamster dourado

e coelho) muito utilizados em experimentos empregando a espectrometria de massas de alta

resolução com fonte de plasma induzido (High Resolution Inductively Coupled Plasma Mass

Spectrometry – HR – ICP - MS).

Comparações entre os valores encontrados e aqueles presentes no sangue de indivíduos

sadios também serão realizadas. Espera-se que com os resultados obtidos contribuir com dados

que possam fornecer informações ainda não conhecidas a respeito dos elementos traço e ultra-

traços em tecidos sangüíneos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O sangue: composição, características e importância biológica

O transporte de oxigênio e dióxido de carbono por difusão é insuficiente, exceto para

animais muito pequenos. Quase todos os grandes animais, a menos que tenham uma demanda

de oxigênio muito pequena, possuem um sistema de distribuição de oxigênio voltado para o

movimento de um líquido, o sangue (SCHIMIDT-NIELSEN,2002). Porém o transporte do gás

oxigênio não é a única função do sangue. Ele tem muitas outras funções que podem não ser

imediatamente aparentes. Na tabela 1 são exemplificadas algumas dessas funções.

Tabela �: As funções mais importantes do sangue (SCHIMIDT-NIELSEN, 2002)

As funções mais importantes do sangue

Transporte de nutrientes Do trato digestivo para os tecidos; para e de órgãos de armazenagem (p. ex., tecido adiposo, fígado)

Transporte de metabólitos Como o ácido láctico do músculo para o fígado, permitindo a especialização metabólica.

Transporte de produtos de excreção

Dos tecidos para os órgãos excretores; do órgão de síntese (p. ex., uréia no fígado) para o rim.

Transporte de gases Oxigênio e dióxido de carbono entre os órgãos respiratórios e os tecidos; armazenagem de oxigênio.

Transporte de hormônios Adrenalina (resposta rápida), hormônio do crescimento (resposta lenta)

Transporte de células de função não respiratória Leucócitos em invertebrados

Transporte de calor Dos órgãos mais profundos para a superfície dissipando o calor (essencial para grandes animais com taxas metabólicas elevadas)

Transmissão de força Para locomoção (como na minhoca); rompimento de carapaças nos

crustáceos; movimentos de órgãos tais como o pênis, para ultrafiltração nos capilares renais.

Coagulação Característica inerente a alguns tipos de sangue e hemolinfa; serve como proteção contra a perda sangüínea.

Manutenção do meio interno Adequado para as células com relação ao pH, íons, nutrientes, etc.

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O sangue é uma suspensão de células em uma matriz aquosa com proteínas e sais

(NOGUEIRA, 1990). Separando-se as células vermelhas (eritrócitos), células brancas (leucócitos)

e plaquetas (trombócitos), a parte líquida do sangue contém uma série de proteínas, muitas das

quais, envolvidas no processo de coagulação que é denominada plasma.

Nos seres humanos, o plasma sangüíneo é a fase líquida ou a porção não celular do

sangue e corresponde a 60% do volume de sangue de um adulto normal. A água é o principal

componente do plasma sangüíneo, equivalendo a 91% do seu volume. Os 9% restantes

correspondem a proteínas (7%) e outros elementos e substâncias (2%) tais como, potássio, sódio,

cloro, cálcio, magnésio, ferro, glicose, uréia, creatinina, colesterol, hormônios e outros

oligoelementos. Estes elementos, embora em pequenas quantidades, são de grande importância

para a manutenção das funções do organismo, pois contribuem para a manutenção do pH e para

regulação do equilíbrio entre os ácidos e as bases do sangue. Além disso, as concentrações

normais desses eletrólitos são essenciais para os processos fisiológicos. Por isso, sangue e soro

são comumente utilizados para a quantificação da dose absorvida de um elemento em relação à

saúde e doença, especialmente para elementos tóxicos (BARANY, 2002).

2.1.1 Elementos traço e ultra-traço presentes no sangue e sua importância fisiológica

Um organismo vivo contém numerosos mecanismos regulatórios intrínsecos de forma que

muitas observações mostram que níveis plasmáticos ou séricos de um elemento essencial é

homeostaticamente controlado (VERSIECK, 1980).

Noventa e oito por cento do peso corporal do homem é constituído de nove elementos não

metálicos e elementos traço participam de apenas 0,012% (HSIUNG, 1997). A maioria desses

elementos traço é indispensável e essencial para a manutenção da vida; outros, são simplesmente

inertes ou inócuos em concentações de exposição normal; e outros exibem uma alta toxicidade

mesmo em baixas concentrações (HSIUNG, 1997).

Os elementos considerados como traço são os que apresentam concentrações da ordem

de 0,01 –������J�J-1 e os ultra-traço <0,01 �J�J-1 (CORNELIS, 1985). Cerca de 24 elementos têm

sido classificados como essenciais para a vida, porém muitos podem ser estudados como

participantes de diversas patologias (ANDRÁSI et al, 1995). Em um organismo sadio, os

elementos constituintes encontram-se dentro de limites de normalidade. A manutenção dessa

concentração é de suma importância e esses "limites de normalidade" são estritamente

específicos a cada elemento. Funções como o equilíbrio osmótico, hídrico e ácido – básico, entre

outros, que são vitais, são dependentes dos níveis dos elementos constituintes (OLIVEIRA, 2003).

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5

Como a dieta é a principal fonte dos elementos traço (BARANY,2002), Goldhaber (2003)

mostrou que na avaliação do risco devido aos elementos traço, a toxicidade é resultante da alta

ingestão e a carência é resultado de baixa ingestão dos elementos. Desta forma, elementos traço

essenciais são aqueles componentes que precisam estar presentes na dieta humana para manter

normais as suas funções fisiológicas.

Entre várias espécies de seres vivos, as concentrações de certos elementos podem ser

tóxicas, ou não, dependendo das espécies comparadas. Assim, um experimento que inclua a

produção de um anticorpo num animal de médio porte (cachorro, por exemplo) pode sofrer uma

produção diferente se fosse realizado em um animal de pequeno porte (camundongo albino, por

exemplo). Assim, o pesquisador pode otimizar sua pesquisa (em tempo e até em investimento

financeiro) selecionando a espécie (animal) que melhor se adapta ao experimento em questão.

2.1.1.1 Fisiologia dos elementos traço estudados

Com base na literatura consultada foram identificados os elemento-traço mais

freqüentemente estudados e com certa importância para a fisiologia humana: alumínio, cádmio,

cobalto, cobre, molibdênio, manganês níquel, selênio e zinco (VERSIECK (1980, 1986, 1988),

NIELSEN (1989), MINOIA (1992), CAROLI (2000), FORRER (2001) e RÜKGAUER (1997)).

A) Alumínio (Al)

O alumínio (Al) é usualmente ingerido em pequenas quantidades (3 a 5 mg/dia). Está

presente em vegetais, queijos, saladas, refrigerantes, cervejas, água potável e alimentos

preparados em utensílios domésticos. Grandes quantidades de Al estão presentes em alguns

medicamentos (anti-ácidos e quelantes de fosfato). Excesso de Al acarreta a redução dos níveis

de glicose e acetilcolina. A carga de Al corporal (tecidual e plasmático) normal é de 30mg. Sua

eliminação ocorre, de forma exclusiva, por via renal (INSTITUTO DE PATOLOGIA CLÍNICA

HERMES PARDINI, 2005a).

A principal utilização da dosagem do Al encontra-se nos pacientes com insuficiência renal

crônica (IRC). Nestes, a falha da depuração renal, associada a medicamentos e líquido dialítico

contendo Al, pode acarretar: encefalopatia, doença óssea resistente à vitamina D e anemia

microcítica (INSTITUTO DE PATOLOGIA CLÍNICA HERMES PARDINI, 2005a).

A significância do Al na medicina ambiental e ocupacional está principalmente baseada na

ampla distribuição do metal pelo ambiente e na hipótese que a exposição ao Al pode estar

relacionada com o mal de Alzheimer ou a deficiência de funções cognitivas. Já na medicina

clínica, a sua deficiência continua como matéria de investigação (WILHELM, 2004).

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�B) Cádmio (Cd)

O Cd é obtido como um sub produto do refino do zinco. É extraído da blenda (ZnS), onde

se encontra na forma de sulfeto de cádmio, na proporção de 0,1 a 0,5%. É usado na fabricação de

equipamentos elétricos, em baterias alcalinas (níquel/cádmio) e em reatores nucleares. Seu

principal uso, no entanto, é como agente protetor contra a corrosão, sendo depositado

eletroliticamente sobre as superfícies a serem protegidas, processo galvânico conhecido como

cadmiação. Seus compostos são encontrados em pigmentos de tintas e numa grande variedade

de cores intensas (SALGADO, 1996).

O Cd é tóxico para os seres humanos e animais. Intoxicações leves por cádmio podem

causar: salivação, fadiga, perda de peso, fraqueza muscular e disfunção sexual. Níveis

moderadamente altos de cádmio, entre 4 a 8 mg/l, podem causar hipertensão, ao passo que níveis

muito elevados podem causar hipotensão. Afeta os rins, pulmões, testículos, paredes arteriais,

ossos e interfere com muitos sistemas enzimáticos (ABMC, 2004)

São consideradas fontes de contaminação: farinha e açúcar refinados, pois contém

cádmio e pouco zinco, o que aumenta a absorção do cádmio; fumaça de cigarros, que contêm

teores elevados de cádmio; alimentos contaminados; como fígado e rins de animais contaminados

e alimentos marítimos contaminados (ABMC, 2004).

C) Cobalto (Co)

Acredita-se que o cobalto (Co) é apenas fisiologicamente ativo na forma de vitamina B12

(cobamida e seus derivados), da qual o homem é dependente. O Co é requerido pelos

microorganismos do intestino para a síntese da vitamina B12 (cianocobalamina), sendo uma

molécula orgânica muito complexa (cujo núcleo ativo é o átomo de Co, estrutura semelhante à

hemoglobina) requerida para funcionamento de vários sistemas enzimáticos.

A deficiência da vitamina B12 impede a formação de hemoglobina, e uma série de lesões

no sistema nervoso central pode ocorrer (LEHNINGER, 1985). Os sintomas são indistinguíveis dos

da subnutrição protéica ou energética e parecem indicar que o efeito da falta de cobalto pode ser

sobre o apetite, em vez de um efeito direto sobre o organismo (LEHNIHGER, 1985). Nenhuma

outra função biológica é atribuída até o momento ao cobalto (MONTEIRO, 2000).

D) Cobre (Cu)

O cobre (Cu) é um oligoelemento essencial, cofator de diversos sistemas enzimáticos com

importante papel na absorção e no metabolismo do ferro (principalmente no mecanismo de síntese

da hemoglobina e maturação da hemácia), desenvolvimento do tecido ósseo e conjuntivo e

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funcionamento dos sistemas: nervoso central, imunológico, enzimático, e da musculatura cardíaca

(VERSIECK & CORNELIS, 1980). Encontra-se distribuído em todos os tecidos do organismo,

principalmente sob a forma de metaloproteínas, funcionando como enzima (LEHINGER, 1985).

O fígado é também o órgão de estocagem deste microelemento. No plasma, cerca de 90%

do Cu circulante está ligado a uma proteína, denominada ceruloplasmina, que parece estar

envolvida na mobilização do ferro. Entre os principais sintomas de sua deficiência estão a anemia

hipocrômica e neutropenia, resultante de uma prolongada deficiência de cobre que impede a

síntese da hemoglobina, principal componente das hemácias (LEHINGER, 1985).

Após o Zn e o Fe, o Cu é o terceiro oligoelemento mais abundante no corpo humano e

está presente em sistemas biológicos com a valência +1 e +2, sendo a sua participação em

reações de óxido-redução a principal função das metaloproteínas que contêm este metal

(JACOBS, 2001; MASON, 2000; BARCELOUX, 1999).

A concentração de Cu nos alimentos é dependente da quantidade dele no solo. Fígados,

crustáceos e mariscos contêm grande quantidade de Cu (MILNE, 1994).

E) Manganês (Mn)

O manganês (Mn) está amplamente espalhado no solo e é encontrado em todas as

plantas e animais vivos. Foi estabelecido recentemente que o Mn é um componente dietético

essencial compondo uma série de enzimas do organismo. Entre os sintomas decorrentes da sua

deficiência inclui-se o desenvolvimento ósseo anormal. O Mn também é necessário para o

funcionamento dos ovários e testículos e seu efeito bioquímico tornou-se reconhecido

recentemente por influenciar no funcionamento adequado do sistema nervoso central. O Mn

funciona como um ativador de certos sistemas enzimáticos, mas a sua conexão com os sintomas

da sua deficiência não está inteiramente clara (SCHIMIDT-NIELSEN,2002). A maior parte do Mn

se encontra em mitocôndrias, onde é componente da Mn superóxido dismutase (MASON, 2000).

O fígado é o órgão de eleição para a estocagem do manganês (LEHNINGER, 1985).

Sua carga corporal é de 10 a 20 mg, estando 43% desta depositada nos ossos. O trato

respiratório é a principal via de absorção do Mn na exposição ocupacional (GREGER et al., 1990).

O excesso de Mn, manganismo, acomete principalmente o sistema nervoso central (SNC) e pode

desenvolver sintomas extra-piramidias determinando um quadro semelhante ao Mal de Parkinson.

Além da toxicidade neurológica, há descrições de lesões pancreáticas, hepáticas e diminuição dos

anticorpos (GOETZ, 1999; JACOBS, 2001; KIMIKO, 1995).

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O minério de Mn de maior ocorrência é a pirolusita, com 40 a 80% de MnO2, e sua

extração é uma importante fonte de exposição. Entre as principais aplicações industriais

responsáveis pela ocorrência de exposições ao Mn pelos trabalhadores, destacam-se: fabricação

de fósforos de segurança, pilhas secas, ligas não ferrosas (com cobre e níquel), esmalte

porcelanizado, fertilizantes, fungicidas, rações, eletrodos para solda, magnetos, catalisadores,

vidros, tintas, cerâmicas, materiais elétricos e produtos farmacêuticos (cloreto, óxido e sulfato de

Mn). As exposições mais significativas ocorrem pelos fumos e poeiras de Mn. O Mn tem

substituído amplamente o chumbo tetra-etila como aditivo anti-detonante da gasolina comercial

(SALGADO, 1996).

F) Molibdênio (Mo)

Suas funções biológicas são, no presente, bem conhecidas. Sabe-se que ele é

absolutamente indispensável à vida dos microorganismos vegetais e animais e ao

desenvolvimento normal do homem. Até o presente, sabe-se que o Mo é ligado fortemente a um

substrato formando o que se chama de molibdênioenzimas (LEHNINGER, 1985).

Recentemente (em 1980), foi posto em evidência um déficit genético no cofator (que

acompanha o Mo em todas as reações bioquímicas) se traduzindo por distúrbios neurológicos

muito severos e um deslocamento dos cristalinos. As crianças, felizmente muito raras, que

apresentam esta doença, têm igualmente retardamento mental e morrem muito jovens. Uma

carência experimental de molibdênio junto aos ruminantes desencadeou uma perda de apetite e

de peso. Dados epidemiológicos têm demonstrado uma deficiência de Mo na incidência de câncer

esofágico na África, China e Rússia.

Câncer é também causado por componentes xenobióticos. As molibdênioenzimas xantina

oxidase, aldeído oxidase e sulfito oxidase podem estar envolvidas na desintoxicação dos

componentes xenobióticos e outras enzimas dependentes da flavina (VERSIECK & CORNELIS,

1980). Possivelmente, animais e humanos que apresentem estresse por uma exposição para

certos xenobióticos têm maior necessidade de Mo, graças ao papel dessas enzimas (NIELSEN,

1989). O Mo é prontamente absorvido no estômago e intestino delgado. É excretado

primeiramente pela urina e também pela bile (LEHNINGER, 1985).

G) Níquel (Ni)

O interesse dos pesquisadores pelo níquel aumentou depois da descoberta de sua

essencialidade em numerosos microorganismos, vegetais e animais, e da existência de várias

metalo-enzimas nas espécies vivas. Sinais, decorrentes de alimentação carencial em Ni, foram

evidenciados em seis espécies animais, entre elas, galinhas, ratos, carneiros, etc. Apareceram

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distúrbios do crescimento, problemas da hematopoiese (fabricaçãoo de sangue), patologia dos

fâneros e fígado. Nos microorganismos apareceram distúrbios de desenvolvimento e para os

vegetais uma má utilização dos derivados azotados. Em vegetais e microorganismos, constatou-

se a presençaa de níquel em várias metalo-enzimas (urease, hidrogenase, carbono monóxido

dehidrogenase) (LEHNINGER,1985).

Sua absorção não se faz por simples difusão mas por mecanismo ativo, o que prova seu

papel fisiológico. Seu metabolismo parece estar ligado ao do ferro (LEHNINGER, 1985). Uma

interação entre Ni e vitamina B-12 afeta o crescimento, a relação do rim peso / corpo,

concentrações plasmáticas de Cu, Fe e Mo, concentrações no fígado de Ca, Cu, Mn e Ni

(VERSIECK & CORNELIS, 1980).

Mas notamos que, hoje, nem nos animais aos quais se pode submeter a uma alimentação

carencial, nem a fortiori para o homem, se pode por em evidência, com precisão, seu papel

fisiológico, mesmo que sua essencialidade seja evidente. A sua função ainda precisa ser mais

investigada (VERSIECK & CORNELIS, 1980).

H) Selênio (Se)

Por muitos anos o selênio (Se), na forma de selenito ou selenato, foi conhecido como

tóxico (LEHNINGER, 1985) antes de ser conhecido como um elemento traço essencial. O

desenvolvimento da pesquisa mostrou sua essenciabilidade quando foi investigada a etiologia de

doenças degenerativas do músculo (LEHNINGER, 1985). Estudos identificaram a relação dessas

doenças com a deficiência de selênio.

Ele está ligado a um aminoácido (glutationa), componente essencial do grupo prostético

de várias enzimas, particularmente a glutationa peroxidase. Essa enzima é estratégica na

eliminação dos radicais livres (peróxido de hidrogênio) originados dos processos metabólicos e

doenças que influenciam os mecanismos de defesa (exemplo: a função fagocitária dos neutrófilos

polimorfonucleares), atuando juntamente com a vitamina E (tocoferol). A enzima atua no

citoplasma celular e a vitamina E na membrana (LEHNINGER, 1985) e existe uma possibilidade

de que seja importante para a produção de outras enzimas também (VERSIECK & CORNELIS,

1980). Os efeitos biológicos do Se estão intimamente relacionados com os efeitos da vitamina E,

pois ambos são caminhos catalíticos do metabolismo do peróxido, ou seja, antioxidantes

(VERSIECK & CORNELIS, 1980).

Experiências demonstram que a concentração de Se no soro é dependente da idade. Hoje

é sabido que este elemento está envolvido, juntamente com o zinco e cobre, na formação e

desenvolvimento dos órgãos de defesa na resposta imunitária e no combate ao estresse

(LEHNINGER, 1985).

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A deficiência do Se está também relacionada à infertilidade, o aborto, a retenção de

placenta e o nascimento de filhos fracos ou natimortos, embora os mecanismos patológicos

desses processos ainda não seja conhecido (GRAHAM, 1991).

I) Zinco (Zn)

O zinco (Zn) é um oligoelemento essencial, amplamente encontrado na natureza, sendo,

após o Fe, o segundo mais abundante no corpo humano. Sua importância foi evidenciada há mais

de um século atrás (VERSIECK & CORNELIS, 1980). Tem papel fundamental no metabolismo do

ácido nucléico e de proteínas e, por conseqüência, nos processos fundamentais de multiplicação

celular, este papel se deu desde a sua descoberta com a anidrase carbônica em 1939 (VERSIECK

& CORNELIS, 1980).

É um elemento estrutural ou ativador de uma série de enzimas, é necessário para a

adequada formação e funcionamento do sistema imunológico na primeira fase de vida, nos

processos de crescimento, desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso central

(LEHNINGER, 1985). Apresenta, ainda, participação na biossíntese e manutenção da integridade

do tecido conectivo e na fisiologia do espermatozóide ( MILNE, 1999; LEWIS, 1997).

Boa parte do zinco contido na dieta é absorvida no duodeno, sendo, então, mobilizado no

fígado por uma proteína carreadora específica, denominada metalotioneína. O zinco, ao contrário

dos demais elementos, não é estocado em nenhum órgão. Ele se constitui "pool" móvel,

comandado por uma proteína específica, que mobiliza-o para um tecido ou órgão de maior

demanda (LEHNINGER, 1985).

2.2 Classificação dos métodos analíticos mais utilizados em análises clínicas

A química analítica trata de métodos para a determinação da composição química de

amostras. Um método qualitativo fornece informações sobre a identidade das espécies atômicas

ou moleculares da matéria; um método quantitativo fornece informações numéricas, tais como as

quantidades relativas de um ou mais destes componentes (SKOOG, 2002).

Os métodos analíticos geralmente são classificados como clássicos ou instrumentais. Esta

classificação é, em grande parte, histórica, pois os métodos clássicos, às vezes chamados de

métodos de via úmida, precederam por um século ou mais os métodos instrumentais (SKOOG,

2002).

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2.2.1 Métodos clássicos

Nos primeiros anos da química, a maioria das análises eram realizadas por separação dos

componentes de interesse (os analitos) de uma amostra, empregando-se precipitação, extração ou

destilação. Para análises qualitativas, os componentes separados eram tratados com

determinados reagentes, o que resultava em produtos que podiam ser reconhecidos por suas

cores, seus pontos de ebulição ou de fusão, suas solubilidades em uma série de solventes, seus

odores, suas atividades ópticas ou seus índices de refração. Para análises quantitativas, a

quantidade de analito era determinada por medidas titulométricas ou medidas gravimétricas. Nas

medidas gravimétricas, a massa do analito ou de algum composto produzido a partir do analito era

determinada. Nos procedimentos titulométricos, era medido o volume ou a massa de um reagente-

padrão necessário para reagir completamente com o analito (SKOOG, 2002).

Os métodos clássicos de separação e determinação de analitos ainda se encontram em uso

em muitos laboratórios. A sua aplicação em geral está, entretanto, diminuindo com o passar do

tempo e com o advento de novos métodos instrumentais.

2.2.2 Métodos instrumentais

No início do século XX, os químicos começaram a explorar fenômenos distintos daqueles

que tinham sido usados pelos métodos clássicos para resolver problemas analíticos. Assim,

medidas das propriedades físicas dos analitos – tais como condutividade, potencial de eletrodo,

emissão ou absorção da luz, razão massa /carga e fluorescência – começaram a ser usados para

a análise quantitativa de uma grande variedade de analitos inorgânicos, orgânicos e bioquímicos

(SKOOG, 2002).

Muitos dos fenômenos em que os métodos instrumentais se baseiam são conhecidos há

mais de um século. Sua aplicação pela maioria dos químicos, entretanto, demorou pela falta de

uma instrumentação simples e confiável. Na verdade, o crescimento dos métodos instrumentais

modernos acompanhou o desenvolvimento das indústrias eletrônica e da computação (SKOOG,

2002).

2.2.2.1 Tipos de métodos instrumentais

As características físicas e químicas nas quais se apóiam as análises qualitativas e

quantitativas são o ponto inicial da classificação dos métodos instrumentais. Assim, pode-se

classificar as metodologias como na tabela 2.

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Tabela �: Propriedades físicas e químicas empregadas em métodos instrumentais (SKOOG,

2002)

Propriedades Características Métodos Instrumentais

Emissão da radiação

Espesctroscopia de emissão (raios X, �, UV, visível,

elétrons, Auger); fluorescência, fosforescência e

luminescência (raios X, UV e visível)

Absorção da radiação

Espectrofotometria e fotometria (raios X, UV, visível e IV);

espectroscopia fotoacústica; espectroscopias de ressonância

magnética nuclear e de ressonância de spin eletrônico

Espalhamento da radiação Turbidimetria; nefelometria, espectroscopia Raman

Refração da radiação Refratometria; interferometria

Difração da radiação Métodos de difração de raios X e de elétrons

Rotação da radiação Polarimetria; dispersão óptica rotatória; dicroísmo circular

Potencial elétrico Potenciometria; cronopotenciometria

Carga elétrica Coulometria

Corrente elétrica Amperometria; polarografia

Resistência elétrica Condutimetria

Massa Gravimetria (microbalança de cristal de quartzo)

Relação massa /carga de

nuclídeos Espectrometria de massa

Velocidade da reação Métodos cinéticos

Características térmicas

Gravimetria e titulometria térmica; calorimetria diferencial

exploratória; análise térmica diferencial e métodos de

condutimetria térmica

Radioatividade Métodos de ativação e diluição de isótopos

2.2.3 Métodos analíticos para a determinação de elementos traço

O desenvolvimento da instrumentação analítica nesses últimos 30 – 40 anos tem

capacitado aos pesquisadores não apenas detectar elementos traço na concentração de pg/l, mas

também seu estado de valência, forma biomolecular, espécies elementares e estrutura isotópica

(THOMAS, 2002). Como exemplo disso tem-se, na Figura 5, o decaimento dos níveis de detecção

do chumbo em função da evolução das técnicas. Verifica-se que este nível diminuiu passando de

20 mg/l com a metodologia de absorção atômica por chama para 0,001mg/l com o ICP-MS.

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(mg

/l)

�Figura 1: Diminuição dos níveis de detecção do chumbo com a evolução das técnicas de análise

(em mg/l).

As técnicas mais utilizadas rotineiramente se baseiam nos princípios de absorção atômica,

emissão atômica e espectrometria de massa (THOMAS, 1999). Atualmente, o mercado utiliza

quatro variações da técnica de espectroscopia:

1) FAAS (Flame Atomic Absorption Spectroscopy – Espectroscopia de absorção atômica por

chama): é predominantemente uma técnica monoelementar que utiliza uma chama para gerar

átomos no estado fundamental. Quando a luz passa através desta nuvem atômica,

comprimentos de onda característicos dos metais de interesse presentes na amostra são

absorvidos. A quantidade de luz absorvida é proporcional à quantidade do analito presente na

amostra. FAAS possui um limite de detecção da ordem de mg/l (THOMAS, 1999).

2) GFAAS (Grafite Furnace AAS - Espectroscopia de absorção atômica com forno de grafite): é

também uma técnica monoelementar, contudo existe a disponibilidade de alguns instrumentos

multielementares. GFAAS trabalha exatamente com o mesmo princípio da FAAS, exceto que a

chama é substituída por um pequeno tubo de grafite aquecido para gerar a fonte de átomos.

Devido à alta concentração dos átomos no estado fundamental numa área menor que em uma

chama, maior absorção de luz ocorre, resultando num limite de detecção aproximadamente

100 vezes menor que os do FAAS (THOMAS, 1999).

3) ICP-OES (Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectroscopy – Espectroscopia de

Emissão Óptica Acoplada com Plasma Induzido): É uma técnica multielementar que utiliza o

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plasma para excitar os átomos até o ponto que estes emitam fótons com comprimentos de

onda característicos de um elemento específico (THOMAS, 1999).

4) ICP-MS (Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry – Espectrometria de Massa Acoplada

com Plasma Induzido): Também utiliza o plasma como fonte de excitação dos átomos da

amostra, mas a diferença prática entre ICP-OES e ICP-MS é que este plasma não é utilizado

para gerar fótons e sim íons metálicos dos elementos (THOMAS, 1999).

2.3 ICP-MS

Neste trabalho foi utilizada a técnica da ICP-MS por isso tratar-se-á mais

aprofundadamente deste espectrômetro. Um conceito muito importante que se deve ter para a

compreensão do funcionamento do ICP-MS é a razão massa – carga (m/z) de um íon atômico ou

molecular. Esse termo é obtido pela divisão da massa atômica ou molecular m de um íon pelo

número de cargas z que o íon possui (SKOOG, 2002).

Outro conceito é o de limite de detecção (LD ou LOD – Limit Of Detection), que é a

concentração de elemento que produz um sinal analítico igual a três vezes o desvio padrão (SB)

do sinal do branco (SKOOG, 1980). Ou seja, o LD é definido como a concentração do analito que

possui um sinal, x, significantemente diferente do sinal do branco, xB. (WILLARD, 1988) como

demonstrado na equação 1.

x – xB = 3SB (1)

Onde: X : é o sinal do analito

XB :�p�R�VLQDO�GR�EUDQFR

SB :�p�R�GHVYLR�SDGUão do sinal do branco.

O LD está associado à condição de medida, deste modo, têm-se um limite de detecção

para cada isótopo medido (MONTEIRO, 2000).

Na ICP-MS, elementos específicos da matriz da amostra (como o Na, K, Ca, Cl, S e C)

pode combinar com íons “background” do plasma (como Ar, O, N e H) e formar espécies

interferentes poliatômicas (THERMO, 2003). Esse é mais um conceito relevante na análise por

ICP-MS. Aparelhos mais modernos possuem a capacidade de contagem em modos de alta

resolução (HR – High resolution), média resolução (MR- Medium resolution) e baixa resolução

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(LR – Low resolution). Em baixa resolução, estes interferentes são encontrados com a mesma

massa nominal de muitos isótopos de interesse e podem levar a resultados alterados (imprecisos,

falsamente altos) que podem acarretar diagnósticos errôneos no ambiente clínico (THERMO,

2003).

Uma análise por espectrometria de massa envolve as seguintes etapas: (1) atomização;

(2) conversão de uma fração substancial dos átomos formados na etapa (1) em um feixe de íons

(normalmente íons com carga unitária positiva); (3) separação dos íons formados na etapa (2) com

base na razão massa - carga (m/z), onde m é a massa do íon em unidades de massa atômica e z

é a sua carga; e (4) contagem do número de íons de cada tipo ou medida da corrente iônica

produzida quando os íons da amostra atingem um transdutor adequado (SKOOG, 2002).

É uma técnica híbrida e consiste da união de duas tecnologias: o plasma induzido e a

espectrometria de massa. É uma técnica relativamente nova, sua instrumentação comercial

tornou-se disponível em 1984 quando a VG Isotopes Ltd. (agora VG Elemental Ltd.) e a Sciex Inc.

(agora Perkin Elmer Corp.) introduziram no mercado o PlasmaQuad e o Elan, respectivamente

(VANHOE, 1993).

Resumidamente, diz-se que um ICP-MS é composto do sistema de introdução da amostra,

fonte de plasma, região de interface, sistema de focalização iônica, analisador de massa e

detector. Para fins didáticos, serão apresentadas as partes constituintes do sistema

separadamente. Na figura 6, é apresentado o esquema técnico do ICP-MS utilizado subdividido

nas seguintes regiões: 1) Introdução de amostra, plasma, interface e focalização iônica; 2 e 3)

analisador de massa e sistema magnético e 4) detector.

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Figura 2: Esquema técnico do ICP-MS Element da Finnigan destacando-se as principais partes constituintes do sistema separadamente (FINNIGAN MAT, 1997)

2.3.1 Sistema de introdução de amostra

A área de introdução de amostra é a parte mais crítica da análise pelo ICP-MS porque é

considerada como o ponto fraco do instrumento, pois apenas 1 – 2% da amostra encontra o seu

caminho para o plasma (THOMAS, 2001a). A maioria das amostras analisadas está inicialmente

no estado líquido e por ser utilizado um gás para a geração do plasma, a maneira mais fácil para a

introdução da amostra é adicionar essa solução em forma de aerossol no gás.

Após a entrada da amostra no nebulizador com o auxílio de uma bomba peristáltica, o

líquido é quebrado em um fino aerossol pela ação pneumática do fluxo de gás que transforma o

líquido em pequenas gotas em uma câmara de expansão (THOMAS, 2001a). Como a descarga do

plasma é ineficiente em dissociar gotas grandes, a função primária da câmara de “spray” é permitir

que apenas gotas pequenas entrem diretamente ao centro do tubo da tocha.

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2.3.2 A fonte de Plasma

Antes de se analisar o conceito de formação do plasma, é preciso conhecer os

componentes básicos desse sistema que são:

1. A tocha do plasma: Consiste de três tubos concêntricos feitos normalmente de quartzo (figura

3). Cada um possui diferentes fluxos de argônio. O tubo central introduz a amostra no plasma,

é na tubulação externa que passa o gás refrigerante que protege as paredes da tocha e age

como suporte principal do plasma. O fluxo auxiliar previne a ponta de introdução de amostra

contra fusão (MONTEIRO, 2000).

2. Fonte de Radio Freqüência (RF): Na extremidade da tocha é posicionada uma bobina (espiral)

de indução eletromagnética (figura 3), sobre a qual se aplica um campo magnético oscilante na

faixa de radiofreqüência, em geral entre 27 MHz (MONTEIRO, 2000).

Figura 3: Esquema básico dos componentes da fonte de plasma

A geração do plasma ocorre quando um fluxo inicial do gás começa a fluir pela tocha e a

RF é acionada e causa um campo eletromagnético no topo da tocha. Uma faísca de alta voltagem

é, então, aplicada ao gás fazendo com que alguns elétrons sejam ejetados dos átomos de argônio.

Tendo uma reação em cadeia entre colisões e ejeções, o gás argônio começa a se quebrar em

átomos de argônio, íons de argônio e elétrons formando o que é conhecido como a descarga de

plasma indutivamente acoplado. A descarga é, então, sustentada no centro da bobina de RF. A

amostra, na forma de aerossol, é então introduzida pelo terceiro tubo (chamado injetor de

amostra).

O plasma possui diferentes temperaturas nas suas regiões que variam de ~6000K até

~10000K, como observado na figura 4. Com isso a amostra passa por uma série de processos

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até a ionização final, saída do plasma e entrada na região de interface do analisador (THOMAS,

2001b).

Figura 4: Temperatura e zonas constituintes do plasma (THOMAS, 2001b)

As gotículas do aerossol da amostra ao entrar no plasma, tornam-se rapidamente sólidas

e, seguindo uma vaporização, tornam-se gás. A estrutura do gás é dissociada em átomos e estes

sofrem uma ionização, gerando os íons. Resumidamente os processos são descritos na Figura 5.

2.3.3 A região de interface

A região de interface é provavelmente a região mais crítica de todo o sistema ICP-MS

(THOMAS, 2001c). O papel dessa região é transportar os íons eficientemente, consistentemente e

com integridade elétrica do plasma, que está a uma pressão atmosférica de ~760 torr, para a

região de análise do espectromêtro de massa, que está aproximadamente a 10-6 torr. A região de

interface consiste em dois cones metálicos com orifícios bem pequenos que são mantidos no

vácuo de ~ 3 torr através de uma bomba mecânica (THOMAS, 2001c).

Depois de serem gerados no plasma, os íons passam através do primeiro cone que é

conhecido como cone amostrador (ou “sampler cone”) que possui um orifício de ~ 0,8 – 1,2 mm

(Figura 6). Então, os íons caminham por uma distância curta até chegar no cone escumadeira (ou

“skimmer”). Este é geralmente mais achatado e possui um orifício de menor diâmetro (~ 0,4 – 0,8

Figura 5: Mecanismo de conversão da gota em um íon positivo no ICP (THOMAS, 2001b)

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19

mm). Ambos os cones são usualmente feitos de níquel, mas podem ser feitos de outros materiais,

como a platina, que são mais tolerantes a líquidos corrosivos.

Figura 6: Detalhe da região de interface (THOMAS, 2001c)

Para reduzir os efeitos da alta temperatura do plasma sobre os cones, a interface é

resfriada com água e é feita de um material que dissipe facilmente o calor, como o cobre ou o

alumínio. Os íons emergentes do “skimmer” são direcionados para os filtros ópticos e, finalmente,

guiados para o sistema de separação de massa.

2.3.4 O sistema de focalização Iônica

O sistema de focalização iônica fica entre o “skimmer” e o analisador de massa e consiste

de um ou mais componentes de lentes eletrostáticas. A função desse sistema é fazer com que o

feixe de íons que vem de um ambiente hostil, que é o plasma, passe através dos cones da

interface e sejam levados até o analisador de massa, que está sob alto vácuo (THOMAS, 2001d).

O feixe atingirá esta região de forma focalizada.

2.3.5 O analisador de massa

O sistema analisador mais comum é o do tipo quadrupolo, que consiste de 04 bastões

normalmente feitos de aço ou molibdênio cobertos com cerâmica para resistir à corrosão (Figura

10). Através de diferenças de potencial em um par e RF no outro par, os íons de uma massa pré

selecionada passam pelos bastões para o analisador (THOMAS, 2001e).

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20

Para a obtenção de uma maior resolução do sistema, diminuindo assim o efeito de

sobreposição das espécies poliatômicas geradas no plasma, o espectrômetro usado possui um

analisador de massa do tipo setor magnético e eletrostático (ou de duplo setor) que consiste em

um setor magnético (ocorrendo a separação dos íons no feixe em função da carga) e um

eletroestático (ocorrendo a separação em função da massa pela velocidade), que tem a vantagem

de aumentar a resolução do sistema, sendo freqüentemente chamado de HR-ICP-MS (FINNIGAN

MAT, 1997).

Depois o feixe é direcionado para um sistema duplo de quadrupolo para a focalização e

orientação do feixe antes de alcançar a fenda de saída. O diâmetro da fenda de saída é similar ao

de entrada (FINNIGAN MAT, 1997).

2.3.6 Detector

O detector consiste de um diodo de conversão de sinal e uma fotomultiplicadora de

elétrons secundários (SEM). Os íons colidem com o diodo, sendo convertidos em elétrons, os

quais são acelerados até a SEM. Deste modo, a corrente que chega até a SEM é convertida em

sinal, cuja resposta é relacionada com a concentração do elemento analisado (MONTEIRO, 2000).

2.4 A Experimentação Animal

A utilização de animais de laboratório em investigação biológica teve, inicialmente, estreita

relação com a “patologia comparada” (ANDRADE, 2002). Nesta época, como as autópsias em

cadáveres humanos estavam proibidas, os cientistas procuravam nos animais a

Figura 7: Esquema básico mostrando o princípio de funcionamento do filtro de massa quadrupolar (THOMAS, 2001e)

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21

origem e as características dos processos patológicos que afetavam a espécie humana, fazendo

necropsias nesses animais para encontrar possíveis semelhanças. Data-se o início dessa

atividade desde a época antes de Cristo com cientistas como Aristóteles, Galeno e Hipócrates

entre outros (ANDRADE, 2002). Também na medicina babilônica encontram-se as primeiras

notícias históricas da utilização de animais pelos médicos que praticavam a aruspicina, arte de

fazer presságios (diagnósticos, prognósticos), com base na observação dos órgãos internos dos

animais, eutanasiados especialmente para esta finalidade (MUNDEL, 2003).

Com a consolidação da utilização dos animais nas pesquisas, pode-se notar o

aparecimento de uma nova estrutura nos laboratórios: o biotério. E sendo os animais considerados

“ferramentas de trabalho” surge uma nova e autêntica especialidade, o bioterismo: a ciência que

objetiva a criação e manutenção de animais com fins de utilização em laboratório.

A definição de um biotério é “uma instalação dotada de características próprias, que

atende às exigências dos animais a serem criados ou mantidos, proporcionando-lhes bem-estar e

saúde para que possam se desenvolver e reproduzir, bem como para responder satisfatoriamente

aos testes nele realizados” (SANTOS, 2003). Os biotérios nasceram da necessidade de se ter os

animais em número, idade e sexos adequados ao estudo em andamento, além de facilitarem o

alojamento, a manutenção e o transporte dos mesmos, já que, na maioria dos casos, a criação se

dava no próprio laboratório de experimentação. Conforme a necessidade de aumentar a

quantidade ou de diversificar as espécies de animais, houve a urgência de se separar os biotérios

dos laboratórios de experimentação para que cada atividade pudesse ser realizada de maneira

mais adequada (SANTOS, 2003).

É incalculável o valor da contribuição dos animais de laboratório às novas descobertas

para a prevenção de doenças e para a sua cura, bem como para o desenvolvimento de novas

técnicas de tratamento cirúrgico (ANDRADE, 2002). O resultado de testes de fármacos em

animais contribui para o controle de mais de dez mil produtos farmacêuticos em uso corrente e

que, testados quanto à eficácia, esterilidade e potência, resultam na sobrevida de muitos

pacientes (ANDRADE, 2003). Para se ter idéia da importância, o número de animais utilizados em

experimentos no ano de 2005 no Centro de Criação de Animais de Laboratório (CECAL) da

Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) foi de 11.633 ratos, 1.402 Hamsters e 2.411 coelhos.

2.4.1 Aspectos éticos da experimentação animal

A utilização de animais em pesquisas médicas e áreas afins se tornou, no início,

fundamental e o número de cobaias utilizadas cresceu acentuadamente. Este fato levou à

necessidade de estabelecer fundamentos éticos para a utilização dos mesmos.

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22

No século XVII, o filósofo René Descartes (1596 – 1650) acreditava que os processos de

pensamento e sensibilidade faziam parte da alma. Como os animais não tinham alma, não

deveriam sentir dor (MUNDEL, 2003).

Apenas em 1865, Claude Bernards - que defendia o direito de uso irrestrito sobre todo

animal para a experimentação – em uma aula aonde ele utilizava o cachorro de estimação de sua

família para demonstrações, fez com que sua esposa, revoltada com a situação, fundasse a

primeira associação de defesa dos animais (MUNDEL, 2003). Desde então, tem-se um crescente

número de associações e movimentos em defesa dos animais.

Em 27 de janeiro de 1978, estabeleceu-se em Bruxelas a declaração Universal dos

Direitos dos Animais (ANDRADE, 2002). Esta declaração reconhece a necessidade de utilização

de animais em experimentos, mas requer que precauções que minimizem ao máximo o sofrimento

e o mau trato destes animais sejam efetivadas, assim como, que esta utilização só seja feita em

casos em que sejam consideradas imprescindíveis e sejam justificadas para o benefício de toda a

sociedade. Para tanto, todas as instituições que utilizam animais para experimentos devem ter um

comitê de ética formado por especialistas que garantam que os experimentos em animais somente

são e devem ser realizados após o pesquisador comprovar a relevância do estudo para o avanço

do conhecimento e demonstrar que o uso de animais é a única maneira de alcançar os resultados

desejados.

Em 1959, o zoólogo William M. S. Russell e o microbiologista Rex L. Burch publicaram um

livro onde estabeleciam a regra base, até hoje utilizada, para o uso dos animais de laboratório,

mais conhecida como regra dos três R's. Esta regra consiste basicamente em:

1 Redução (“Reduction”) – Reduzir o número de animais ao mínimo em um experimento. Para

que isso aconteça, devem-se observar algumas normas como:

• Garantir a qualidade sanitária do animal;

• Usar, quando possível, animais geneticamente idênticos (isogênicos);

• Padronizar as condições ambientais de criação (temperatura, umidade, etc.).

2 Refinamento (“Refinement”) – Apurar ao máximo a técnica a ser utilizada, para que o animal

sofra o menos possível. Recomenda-se o uso de analgésicos ou, se preciso for, o uso de

anestesia. Após a utilização do animal no experimento, se este puder ser utilizado para algum

outro estudo deve ser encaminhado para outra utilidade; caso não possa, recomenda-se a

eutanásia.

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3 Substituição (“Replacement”) – Sempre que possível, substituir os animais de laboratório

nos experimentos por outros procedimentos. Como exemplos pode-se citar: a cultura celular

para certificar a pureza da insulina ou o uso da cromatografia. Contribuindo com esse princípio

também existe os estudos in silico, isto é, experimentos baseados em simulação por

computador.

2.5 Animais de Experimentos utilizados em estudos

Vários animais de laboratórios podem ser utilizados em desenvolvimento da ciência e

tecnologia e cada espécie possuindo várias linhagens, tais como, camundongos (Swiss Webster,

NIH, Balb/c, A/J,...), ratos (Wistar, Sprague-Dawley), cobaias (inglesa), coelhos (Nova Zelândia,

Califórnia, Holandês, Gigante de Flandes), hamsters (golden, chinês), cães (beagle), serpentes

(cascavel, surucucu, jararaca, coral), artrópodes (aranhas e escorpiões) e primatas não humanos

(rhesus, callithrix).

A seguir apresenta-se alguns diferentes tipos de animais de pequeno porte utilizados em

experimentos de laboratório, assim como algumas particularidades e empregos mais freqüentes

na pesquisa. (VANDECASTLEE, 1990).

2.5.1 Rato (Rattus norvegicus)

Roedor da família Muridae. Desde a metade do século XIX este animal tem ocupado um

importante lugar na pesquisa biomédica e comportamental, sendo a sua fisiologia bastante

conhecida. Da mesma forma que ocorreu com camundongos, os ratos estão agora disponíveis em

diversas condições de associações com microorganismos (livres de germes, gnotobióticos, livres

de germes patogênicos específicos e convencionais), assim como também em muitas variedades

genéticas. Muitos ratos de laboratório são mantidos em colônias. As variedades mais comuns são

a Sprague-Dawley, a Wistar (Figura 1) e a Long-Evans.

Dentre os trabalhos que mais freqüentemente usam ratos, deve-se citar: estudos sobre o

envelhecimento, neoplasias, efeito e toxicidade de drogas, gnotobiologia, cáries dentárias,

metabolismo de lipídios, efeitos de vitaminas, comportamento, alcoolismo, cirrose, fenilcetonúria,

icterícia, intolerância à frutose, hipertensão, embriologia, teratologia, diabetes insípido e doenças

infecciosas.

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O rato WISTAR, por exemplo, teve sua origem em 1947 no Instituto Wistar, Suíça

(ANDRADE, 2002). O Wistar é usado tanto como modelo para toxicologia como também de

modelo geral para todos os propósitos na pesquisa biomédica. Seu peso corporal é, em média,

menor que os ratos Sprague-Dawley, contudo exibem uma perfomance reprodutiva comparável

(ANIMAL MODELS, 2005). Ainda que seja um animal utilizado com propósitos gerais, tem

destacada utilização em teratologia, envelhecimento, oncologia e estudos nutricionais.

2.5.2 Hamster dourado (Mesocricetus auratus)

Também conhecido como “Hamster Sírio” (Figura 2). O hamster é popular tanto como animal de

estimação como de pesquisa, sendo um roedor da família Cricetidae. O hamster dourado se

originou no sudoeste da Europa e no Oriente médio, de um macho e duas fêmeas sobreviventes

de uma ninhada de 10 filhotes capturados na região de Aleppo na Síria, numa expedição liderada

pelo zoólogo Israel Aharoni (INSTITUTO BUTANTAN, 2005).

Estes animais apresentam cauda curta, são pequenos (cerca de 100g de peso) e são

conhecidos pelo seu curto período de gestação, fácil domesticação, bolsas faciais, alta tolerância

imunológica e grande habilidade em escapar de confinamento. São principalmente empregados

em estudos sobre anomalias congênitas, cáries dentárias, microcirculação, infecções por

protozoários, gerontologia, comportamento, histocompatibilidade, doenças infecciosas, neoplasias

de trato respiratório e pâncreas, distrofias musculares, miocardiopatias, cálculos biliares,

amiloidose, infestações por cestóides e diabetes melito.

Figura 8. Rato WISTAR Albino

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2.5.3 Coelho (Oryctolagus cuniculus)

São lagomorfos da família leporidae descendentes de coelhos selvagens da região oeste

da Europa e noroeste da África. Das raças de médio porte tem-se a Nova Zelândia albino (Figura

03) como um dos mais utilizados para a produção de carne e nas pesquisas (ANDRADE, 2002).

Grande quantidade de pesquisas biomédicas que têm como modelo experimental o coelho, inclui

os estudos em hidrocefalia, arteriosclerose, hipertermia, linfomas malignos, teratologia,

cosmetologia, oftalmologia e fisiologia reprodutiva. São também utilizados no fornecimento de

anticorpos e soros para imunização (ANDRADE, 2002).

Figura 9. Hamster dourado

Figura 10: Coelho albino

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

No presente estudo, foram analisadas amostras de soro de diferentes animais. Alguns

analitos foram analisados em baixa resolução (LR – low resolution) e outros em média resolução

(MR – medium resolution) de acordo com o tempo de máquina e as interferências e baseado na

sistemática do laboratório utilizado. A variação de resolução é conseguida no aparelho variando a

abertura de saída do feixe de íons antes do detector. Quanto menor a abertura, maior a resolução

pois íons com uma variação maior na massa não passarão na abertura. A variação na resolução

influencia no tempo de leitura (pois é necessário um tempo maior para as contagens) e no limite

de detecção (aumentando o LD com o aumento da resolução).

3.1 Os animais estudados

Neste estudo foram utilizados os animais com as características apresentadas na tabela 3.

Tais animais foram escolhidos de acordo com a disponibilidade na ocasião da coleta.

Tabela �: Características dos animais utilizados no estudo

Animais Quantidade Sexo Idade

média

Massa

média

Biotério

Rato

26

Machos 4

meses

500 - 600 g Departamento de Biofísica / UFPE

Hamster

20

Fêmeas 7

meses

95 – 150 g Biotério central do CpqAM /

FIOCRUZ

Coelho

4

Fêmeas 18

meses

4 – 6 kg Departamento de Bioquímica /

UFPE

Na ocasião da coleta, estes animais eram adultos, dispunham de boas condições

sanitárias e ambientais e nunca tinham participado de nenhum experimento. Segundo as normas

do bioterismo, viviam com ciclos de 12 horas claro/escuro, utilizavam da água do sistema público

de abastecimento e se alimentavam de rações industriais, ad libitum (à vontade), com

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composição conhecida que, segundo os dados dos fabricantes, são compostas dos elementos

apresentados na Tabela 4.

Tabela �: Composição das rações utilizadas pelos animais

Todo o procedimento foi realizado com a permissão da Comissão de Ética em

Experimentação Animal (CEEA) do Centro de Ciências Biológicas da UFPE segundo ofício nº

175/04 do dia 15 de outubro de 2004, apresentado no anexo I.

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3.2 Coleta e Preparo das Amostras

No caso dos hamsters e ratos foram colhidas amostras de sangue com o animal

devidamente eutanasiado em câmara de sacrifício, diretamente por punção cardíaca após

exposição do miocárdio (para não haver chance de contaminação com outros fluídos) pelo sistema

de coleta de sangue à vácuo da BD Vacutainer® da BD Preanalytical Systems do tipo especial

para análise de elementos traço (tampa azul royal, ref. 367737) manufaturados especialmente

com o mínimo de contaminação e secos no seu interior, ou seja na ausência de qualquer tipo de

anticoagulante (VERSIECK, 1987). Para as punções foram utilizadas agulhas de coleta múltiplas

com calibre 22G (BD ref. 360210) também da BD.

A coleta do sangue em coelho ocorre por punção venosa na veia marginal do animal,

devido à quantidade de sangue necessária, sendo preciso apenas a imobilização do animal e

assepsia do local da punção.

Quando o processo de coagulação se completa no tubo, ou seja, um dos componentes do

plasma (fibrinogênio) se polimeriza em fibrina e forma o coágulo junto com as células, o líquido

resultante denomina-se soro sendo separado do material coagulado (NOGUEIRA, 1990).

Após a coagulação, seguiu-se o protocolo de CORNELIS (1993) na separação do soro

aonde os tubos foram centrifugados a 900.g por 20 minutos, sendo o soro sobrenadante pipetados

com pipetas automáticas em novos tubos similares aos da coleta. Novamente os tubos são

centrifugados por um período de 15 minutos a 900.g para remover as células sangüíneas

remanescentes e postos em novos tubos (CORNELIS, 1993). As amostras (uma para cada

animal) foram armazenadas em freezer (-20°C) até o momento do processamento. Todo o

manuseio das amostras foi realizado no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM /

FIOCRUZ – M.S.) em salas limpas e em capela de fluxo laminar.

3.3 Processamento da amostra

Um passo importante e primordial para a análise via metodologia atômica é o processo de

digestão do material a ser analisado, pois é conveniente submeter à máquina apenas os analitos

diminuindo a presença de materiais que não sejam do interesse da análise. Isso é importante para

a diminuição de efeitos indesejados como ruído, sobreposição (“overlap”), efeito memória,

interferências espectrais e outros efeitos da matriz. Além do mais, como em materiais biológicos é

grande a variedade de elementos constituintes, a digestão é essencial para a boa qualidade da

análise.

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O processamento da amostra seguiu o protocolo de MONTEIRO (2000): foi tomado 0,5mL

do soro e diluído com ácido nítrico (HNO3) 1% para um volume final de 10mL. Essa metodologia

também foi a mesma aplicada nos brancos. Ao final, adicionou-se padrão de Índio (In) na

concentração de 5 µg/l com a função de padrão interno. Pois como o In é um elemento

praticamente inexistente no sangue, a leitura das contagens do padrão conhecido nos fornece a

saturação do detector .

3.4 Instrumentação utilizada

Foi utilizado o HR-ICP-MS da Finnigan MAT modelo ELEMENT, do Laboratório de

Caracterização Isotópica do IPEN/ CNEN - SP. O instrumento possui um espectrômetro de massa

de alta resolução permitindo, desse modo, a completa separação de interferências espectrais por

medidas de analitos sem interesse para o estudo. A faixa de análise de massa é de 5 – 260

Daltons (FINNIGAN MAT, 1997).

3.4.1 Curvas de calibração

Foi realizada uma calibração prévia de 4 pontos com todos os elementos (Al, Cd, Co, Cu,

Mn, Mo, Ni, Se e Zn) na mesma concentração (0,01, 0,1, 1 e 10 ppb) e em ordem crescentes de

leitura, para se ter uma idéia da faixa de leitura, pois não há dados disponíveis sobre o assunto na

literatura. Após essa etapa, realizou-se a leitura da amostra de 2 animais de cada grupo para

poder determinar o intervalo (“range”) da leitura. Com base nesses resultados, foram feitas novas

soluções para cada elemento, e preparou-se novas curvas de 6 pontos de maneira que cobrissem

todo o intervalo de variação de cada elemento na leitura das amostras. Com esses dados, a

contagem (cps) fornecida pela máquina é transformada em concentração (µg/l).

3.4.2 Método de análise utilizado

Inicialmente, é ativado no ICP-MS o “mass off set” que é uma calibração fina do aparelho

realizada com uma solução padrão. Este procedimento serve para diminuir a variação de leitura do

aparelho, ou seja, melhorar a acurácia.

Após o “mass off set”, o aparelho entra em um processo de lavagem onde soluções de

HNO3 5% e 2%, respectivamente, são postas no sistema por 02 minutos. Segue-se uma contagem

de 2 minutos com a solução de HNO3 a 2% para verificar a presença ou não de resíduos.

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Iniciaram-se, então, as medidas a partir do branco (05 vezes o mesmo branco para a

determinação do LD) e o branco da calibração, a calibração em concentrações crescentes, o

padrão de In a 5 µg/l e um ciclo de lavagem (HNO3 a 2%). Após esse processo, foi medida cada

amostra intercalada de um ciclo de lavagem. Após as medidas, finalizou-se com uma leitura de

padrão de In a 5 µg/l para o cálculo da estabilidade do sistema (saturação de detector).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O ICP-MS fornece dados relativos ao número de contagens por segundo (cps) do analito

em determinado momento. A interface do programa forneceu gráficos como o apresentado nas

figuras 11, 12 e 13.

Figura 11. Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o rato

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Figura 12. Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o hamster

Figura 13. Intensidade de contagem (cps) x massa (u) x intensidade relativa (%) dos analitos 60Ni, 63Cu e 66Zn para o coelho

Os passos da coleta e processamento da amostra constituem a fase mais crítica da

análise, onde demanda uma atenção redobrada, pois os contaminantes uma vez presentes nas

amostras induzem a resultados falsos e são de difícil detecção. Para a determinação de rotina de

elemento traço e um bom guia para tanto são as determinações da IUPAC para determinações de

elementos traço (Cornelis, 1993). Essas recomendações indicam todos os passos (pré-coleta,

coleta e processamento da amostra), com as devidas atenções para cada passo.

Com os dados da intensidade de contagens dos isótopos, são então calculadas as

concentrações a partir da curva de calibração para cada elemento como a da Figura 16. As

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demais curvas seguem em anexo no Apêndice I. Os valores obtidos das concentrações (em µg/l)

dos analitos estudados são apresentados na Tabela 5.

Figura 14. Curva de calibração do Mn para a técnica aplicada

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Tabela �. Concentrações médias e incertezas obtidas a partir da análise dos isótopos

FRQVLGHUDGRV�HP��J�O

Animais Utilizados

Analito

Rato Hamster Coelho

59Co 0,171 ± 0,002 0,44 ± 0,03 1,94 ± 0,04

114Cd 0,020 ± 0,002 0,010 ± 0,003 0,030 ± 0,004

27Al 2,39 ± 0,09 4,5 ± 0,3 3,2 ± 0,2

55Mn 0,3 ± 0,1 0,32 ± 0,04 0,28 ± 0,02

60Ni 0,61 ± 0,05 0,8 ± 0,2 2,5 ± 0,3

63Cu 52,2 ± 0,6 19 ± 1 28,7 ± 0,6

66Zn 48 ± 1 63 ± 5 64 ± 3

82Se 28 ± 1 11 ± 2 11 ± 1

95Mo 1,13 ± 0,05 1,6 ± 0,2 2,3 ± 0,1

Não foram observadas grandes alterações dos valores encontrados entre cada animal da

mesma espécie, e sim um comportamento padrão entre eles. O que era de se esperar devido à

procedência, tratamento, idade média dos animais, estado de saúde e alimentação serem os

mesmos para todos os animais de cada espécie.

Como o ICP-MS analisa a fração isotópica do elemento que tenha a menor probabilidade

de sofrer interferência poliatômica, o cálculo com a fração tem que ser feito para se estimar a

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presença total do elemento na amostra. Isso foi realizado segundo os dados da IUPAC na sua

publicação Isotopic Compositions of the Elements 1997 (ROSMAN, 1997). Na tabela 6

observamos o modo de resolução utilizado na leitura das amostras, a fração isótopica (ROSMAN,

1997) constituinte e os principais interferentes (VANDECASTEELE, 1990; THERMO, 2003) dos

elementos analisados.

Tabela �: Fração isotópica, resolução de leitura e principais interferentes dos nuclídeos analisados

Nuclídeo selecionado Fração (%) Resolução Principais interferentes no soro

59Co 100 LR 43Ca16O+, 42Ca16OH+, 118Sn2+

114Cd 28,73 LR 95Mo16O+, 98Mo16O+, 114Sn+

27Al 100 MR 54Fe2+, 11B16O+, 12C14NH+

55Mn 100 MR 39K16O+, 15N40Ar+

60Ni 26,22 MR 23Na37Cl+, 24Mg36Ar+, 44Ca16O+,

12C16O3+

63Cu 69,17 MR 23Na40Ar+, 31P16O2+

66Zn 27,9 MR 32S16O18O, 32S34S

82Se 8,73 MR 12C35Cl35Cl?, 32S32S18O?, 32S34S16O?

95Mo 15,92 MR 55Mn40Ar+, 79Br16O+

Considerando-se as informações da tabela anterior, obtêm-se os valores corrigidos das

concentrações dos elementos estudados como apresentado na Tabela 7.

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Tabela �. Concentração obtida dos elementos analisados em µg/l.

Os coelhos apresentaram as maiores concentrações em 04 elementos (Co, Mo, Ni e Zn),

hamsters em 02 (Al e Mn) e ratos em 02 (Cu e Se) em relação à concentração nos animais.

Mesmo que, em certos elementos, a concentração na ração é totalmente diferente dos resultados

obtidos (concentração do elemento diferente da concentração obtida), isso pode indicar que a

quantidade absorvida do elemento tem baixa dependência com o que está presente na

alimentação.

Também encontrou-se para cada analito o limite de detecção com a técnica empregada

como apresentados na Tabela 8.

Tabela �. Limites de detecção dos elementos para a técnica desenvolvida

Com os dados obtidos para cada elemento e em cada animal estudado, pôde-se traçar

gráficos, onde o valor médio de concentração de cada elemento para cada espécie são

apresentados nas Figuras 15 a 22.

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Dos elementos analisados, em quase todos os animais, apenas o cádmio no rato e

hamster apresentou valores abaixo do LD (figura 16), o que faz com que tais resultados não

possuam a confiabilidade necessária para tais animais, pois os valores obtidos não são

discernidos entre sinal e possível ruído pelo aparelho. Este resultado pode ser compreensível

devido à ausência, ou baixíssima concentração, do metal na alimentação dos animais.

Figura 15. Concentração média do Al nos animais estudados.

Figura 16. Concentração média do Cd nos animais estudados

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38

Figura 17. Concentração média do Co nos animais estudados

Figura 18. Concentração média do Cu nos animais estudados

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39

Figura 20. Concentração média do Mo nos animais estudados

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40

Figura 22. Concentração média do Se nos animais estudados

Figura 21. Concentração média do Ni nos animais estudados

Figura 23. Concentração média do Zn nos animais estudados

Page 57: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

41

A importância de se voltar uma linha de pesquisa para animais, enquanto a maioria dos

trabalhos está focada no ser humano, provém de uma carência de pesquisa básica nesta área.

Como demonstrado por Andrade (2002), animais são importantes na pesquisa científica,

principalmente biomédica, em vários níveis (desde a básica até a mais avançada). Como hoje em

dia, a busca da padronização dos elementos traço no homem já está em estágio avançado, onde

grandes grupos estão envolvidos como o EUROTERVITH (MINOIA, 1990), ICOH – IUPAC

(NORDBERG, 1992) e Projeto TRACY (VESTERBERG, 1993), a focalização de esforços na

padronização destes elementos em animais tende a contribuir mais ainda para esse

conhecimento. Esta movimentação desses grupos se deu através da necessidade pelo

conhecimento dos padrões de elementos traço. Agora, propiciar um modelo animal para gerar

uma base de dados mais consistente para a experimentação pode ser uma tarefa a ser assumida.

A aplicação do ICP-MS para pesquisa de elementos traço em soro de animais mostra ser

uma técnica importante em experimentos de “follow-up” (experimentos que demandem um

acompanhamento do animal com coletas constantes e durante um período de tempo),

principalmente com animais de pequeno porte, pois é possível uma análise multi-elementar e ultra

sensível com um volume de amostra pequeno (0,5 ml de soro).

A especificidade do meio biológico não permitiu observar um padrão de comportamento

dos elementos analisados de acordo com a tabela periódica. Os elementos são na sua maioria

metais das famílias 6 (Mo), 7 (Mn), 9 (Co), 10 (Ni), 11 (Cu), 12 (Zn e Cd) e 13 (Al). O Se (família

16) foi o único ametal. Mesmo com o Zn e Cd, sendo metais da mesma família, seu

comportamento, como esperado, foi diferente, pois o Zn é um mineral essencial e o Cd tóxico.

Como não existem resultados na literatura com padrões de elementos traço para animais,

podemos fazer uma breve comparação dos possíveis valores de referência desses elementos

encontrados no soro humano, através de ICP-MS, disponível na literatura mais recente (>1980).

Esta comparação é apresentada na Tabela 9.

Page 58: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

42

Tabela �. Comparação dos resultados obtidos para animais e os valores da literatura consultada

posterior a 1980

Elemento

��J�O�GH��soro)

Rato Hamster Coelho Barany,

2002

Forrer,

2001

Rahil-

Khazen,

2000

Rükgauer

, 1997

Minoia,

1990

Iyengar,

1988

Al 2,39 ±

0,09

4,5 ± 0,3 3,2 ± 0,2 11,0 ±

8,99

6 ± 0,36

Cd 0,070 ±

0,007

0,04 ± 0,01 0,10 ±

0,01

< LD 0,051 ±

0,20

3,91 0,2 ± 0,008

Co 0,171 ±

0,002

0,44 ± 0,03 1,94 ±

0,04

0,49 ±

0,1

0,104 ±

0,158

0,21 ± 0,008 0,29

Cu 75,4 ± 0,8 27 ± 1 41,5 ± 0,8 1100 ±

200

1013 ±

167

17,5 16,5 ±8,6 985 ± 36 1100

Mn 0,3 ± 0,1 0,32 ± 0,04 0,28 ±

0,02

0,40 ±

0,99

3,64 14,3 ± 1,4 0,6 ± 0,0014 0,63

Mo 7,1 ± 0,3 10 ± 1 14,4 ± 0,6 0,44 ±

1,62

1,78

Ni 2,3 ± 0,1 3,1 ± 0,8 9 ± 1 4,98 ±

2,63

1,2 ± 0,079

Se 320 ± 11 126 ± 22 126 ± 11 110 ± 20 112,7 ±

32,3

1,28 0,80 ±

0,36

81 ± 1,12 96

Zn 174 ± 3 225 ± 17 229 ± 10 1000 ±

100

809,87 ±

223,3

13,3 16,6 ± 6,2 922 ± 68 930

O comportamento sistemático das concentrações dos elementos estudados em humanos

e nos animais é praticamente o mesmo. Facilmente observa-se que valores baixos em animais

também são baixos nos valores das literaturas citadas. Podemos visualizar mais detalhes como

nas figuras 24, 25 e 26.

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43

Observa-se que Forrer (2001) e Minoia (1990) apresentam níveis de alumínio maiores em

relação aos de Cd e Co, como esperado, uma vez que o Al tem como principal fonte de ingestão a

água de abastecimento público, pois o sulfato de Al (AlSO4) é adicionado como clareador nas

estações de tratamento de água, e de excreção o sistema renal. Os níveis de Cd são baixos em

todas as espécies e também nos humanos, pois o Cd é tóxico e não desempenha função

conhecida no ser humano até o momento, como também nos animais. Os níveis de Co no coelho

foram os que apresentaram maior concentração em relação aos dados observados nos animais

estudados e em humanos.

Figura 24. Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes para Al, Cd e Co em humanos na literatura.

Page 60: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

44

Para o Mn, os níveis dos animais são tão baixos como os encontrados por Forrer (2001),

Minoia (1990) e Iyengar (1988). Isso deve-se ao fato do Mn, mesmo sendo um elemento

essencial, possuir ação tóxica em níveis elevados. O Mo apresentou maior concentração para

todos os animais quando comparado aos dados de Forrer (2001) e Iyengar (1988), podendo ser

devido ao fato de que legumes e cereais (base de todas as rações) serem as maiores fontes de

Mo na alimentação (ABMC, 2004b). Já para o Ni houve discordância dos valores, pois o coelho

apresenta maior concentração, seguido de Forrer (2001), os outros animais e Minoia (1990) por

último.

Figura 25. Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes para Mn, Mo e Ni em humanos na literatura.

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45

O Cu e o Zn estão em níveis superiores no dados obtidos para humanos quando

comparados aos obtidos para os animais, já o Se apresentou níveis superiores nos animais.

Porém, as concentrações desse elemento nos animais coincidem com a ordem de abundância

deste no homem, excetuando-se apenas o Se nos ratos.

Contrariando a fisiologia dos elementos traço, onde o Zn é o de maior concentração

seguido pelo Cu, temos o Se como elemento mais abundante. Isso pode ser decorrente da

fisiologia do animal ou devido aos componentes da ração do mesmo.

Figura 26. Comparação dos resultados obtidos neste trabalho e os existentes para Cu, Se e Zn em humanos na literatura

Page 62: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

46

5 Conclusões

• As concentrações encontradas nos animais necessariamente nem sempre são proporcionais

aos valores dos mesmos elementos presentes na ração consumida;

• A funcionalidade da técnica de ICP-MS com a metodologia aplicada abre portas para o campo

de elementos traço na experimentação animal, principalmente para trabalhos em que se

realizem observações nas diferenças como em animais sadios / doentes, estudos de

envelhecimento e alterações patológicas, genéticas e nutricionais, entre outros.

• Os resultados indicam que deve-se observar os animais utilizados em experimentos, cujas

amostras de sangue possam notadamente sofrer interferência de certos elementos analisados,

principalmente, no tocante à concentração desses no soro do animal. Como por exemplo,

experimentos que sofram interferência com o Al e Mn, pode-se preferir a utilização de outro

que não seja o hamster, assim como o Cu e Se para ratos e Co, Mo, Ni, Zn para coelhos.

• O presente trabalho demosntra que nos tecidos sangüíneos encontram-se elemento traço do

mesmo modo que no tecido sangüíneo humano.

• Como sugestão para estudos futuros, sugerimos a análise sobre os padrões normais de

elementos traço em mais fatores como idade, sexo, comparações intra-espécies, populações

de mesma espécies em biotérios diferente.

Page 63: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

47

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Apêndice 1

Figura 27. Curva de calibração do Al para a técnica aplicada

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56

Figura 28. Curva de calibração do Cd para a técnica aplicada

Figura 29. Curva de calibração do Co para a técnica aplicada

Page 73: Determinação de concentrações de elementos traço presentes ...€¦ · tecido sangüíneo de animais de pequeno porte através de ICP-MS Ricardo Augusto Aguiar de Lira Santos

57

Figura 30. Curva de calibração do Cu para a técnica aplicada

Figura 31. Curva de calibração do Mo para a técnica aplicada

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Figura 32. Curva de calibração do Ni para a técnica aplicada

�Figura 33. Curva de calibração do Se para a técnica aplicada

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Figura 34. Curva de calibração do Zn para a técnica aplicada

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Anexo 1 – Carta de Aprovação da Comissão de Ética em Experimentação animal (CEEA) / UFPE