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    REVISTA HABITUS |IFCS UFRJ |VOLUME 13N.12015 7

    DETERMINANTES DA VITIMIZAO: BRASIL, CHILE E COLMBIA

    DETERMINANTS OF VICTIMIZATION: BRAZIL, CHILE AND COLOMBIA

    Isabele Sales dos Anjos*

    Eduardo Ramos*

    Cite este artigo: ANJOS, Isabele Sales dos. RAMOS, Eduardo. Determinantes da vitimizao:

    Brasil, Chile e Colmbia. Revista Habitus: Revista da Graduao em Cincias Sociais do

    IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1 , p.7-20, 15 julho 2015. Semestral. Disponvel em:

    . Acesso em: 15 de julho 2015.

    Resumo:A violncia latino americana apresenta caractersticas particulares, ainda assim ganha

    contornos prprios em cada pas. Neste trabalho focaremos na anlise do fenmeno davitimizao por crimes Brasil, Chile e Colmbia devido s caractersticas mpares destes pases

    em relao ao resto do grupo. Faremos uma anlise temporal das taxas de homicdio usando

    como fonte os dados fornecidos pela PAHO (Organizao Pan-Americana de Sade), e

    conjuntamente a ela, analisaremos os dados de vitimizao por outros tipos de crime,

    disponibilizados a partir do survey Latinobarmetro, com as quais buscaremos montar um

    panorama dos determinantes da vitimizao por crimes nesses pases.

    Palavras-chave:Vitimizao, Homicdio, Violncia e Amrica Latina.

    Abstract:Latin-american violence presents particular traits, and yet it gains its own contours in

    each country. In this essay, we'll focus on analyzing the phenomenon of victimization for crimes

    Brazil, Chile and Colombia due to singular characteristics of this countries among the rest of the

    group. We will present a time analysis of homicide numbers using as data source the findings of

    PAHO (Pan-American Health Organiation), and alongside it, analyze the victimization data on

    other modes of crime, available through Latinobarmetro survey, aiming to create a landscape

    of victimization determinants for crimes in those countries.

    Keywords:Victimization, Homicide, Violence and Latin America.

    violncia um fenmeno que atinge em maior ou menor grau todo o mundo, no caso

    dos pases latino americanos est cada vez mais presente, aumentando seu grau de

    interferncia sobre o cotidiano das pessoas. O medo de ser vtima de algum crime

    um elemento que habita a vida dos indivduos, juntamente com os seus afazeres habituais. As

    pesquisas de vitimizao por crimes nos permitem avaliar, entre outras, dimenses do perfil dos

    indivduos que os tornam mais propensos a ela, o que contribui para a compreenso de

    dimenses importantes da manifestao da violncia nas cidades. Assim, realizamos umaanlise dos dados relativos vitimizao por homicdios e por crimes em geral a partir de uma

    A

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    srie temporal e, tambm, uma anlise do perfil sociodemogrfico de vtimas de delitos (como:

    roubo, agresso, furto, etc.) com base em um modelo de regresso logstica; controlando as

    variveis: sexo, raa, faixa etria, escolaridade, estado civil, situao ocupacional e percepo do

    nvel socioeconmico.

    Em razo das configuraes da violncia e da criminalidade na Amrica Latina, alguns

    pases se destacam seja pelos elevados nmeros de homicdios seja pelas diversas incurses do

    Estado para a diminuio de crimes; outros, por suas baixas taxas de mortalidade ou pela

    elevada vitimizao, tal como reportada nas pesquisas a este respeito. Desse modo, utilizamos o

    Brasil, a Colmbia e o Chile como objetos de nosso estudo, os dois primeiros pases - Brasil e

    Colmbia por possurem um extenso histrico de violncia, envolvendo altos ndices de

    mortes violentas, alta fluidez do narcotrfico e diferentes experincias de polticas pblicas de

    segurana para reduo da criminalidade, e o Chile, que apesar de no apresentar o mesmo

    cenrio de violncia, possui altas taxas de vitimizao, indicando uma elevada incidncia de

    crimes por outros tipos de delitos.

    Nos ltimos 50 anos os pases latinos passaram por diversas transformaes sociais e

    polticas fazendo com que a violncia nestes se desse de maneira diferente do resto do mundo

    (Soares, 2008). Homicdios, agresses, crimes contra o patrimnio ocorrem em todo o mundo,

    todavia na Amrica Latina estes so influenciados pela presena de atores sociais especficos,

    relacionados diretamente com a fluncia do narcotrfico e com formas de legitimao da

    violncia em contextos diferentes que levam o fenmeno a assumir contornos prprios

    (RIBEIRO e IULIANELLI, 2000).

    Imbricados nessa realidade destacamos trs pases: Brasil, Colmbia e Chile por

    possurem caractersticas muito singulares do fenmeno. No Brasil o trfico de drogas se

    massificou ao longo de dcadas fazendo com que este tenha sido objeto de diversas polticas de

    segurana pblica, ainda assim, sua presena resultou em ramificaes sociais que se

    manifestam em diversos escopos da vida pblica. (idem, 2000). O Chile tem se mantido como

    um dos pases de menor taxa de mortes violentas do continente. Enquanto que, na Colmbia,

    apresenta-se um cenrio no muito diferente do Brasil, talvez pela presena do comrcio ilegal

    de drogas, que assumiu um carter paramilitar, afetando a vida social de forma inefvel,

    havendo uma elevada taxa de homicdios (VALLAVECES-IZQUIERDO, 2000).Dito isso, para tentar compreender esse contexto, vamos analisar duas sries temporais:

    uma de homicdio e outra de vitimizao, a fim de captar seus contornos. Em seguida, partimos

    para a observao dos determinantes da vitimizao por outros crimes que no homicdios, de

    modo que possamos identificar os perfis de risco da vitimizao no ano de 2009, a fim de

    detectar os grupos sociais mais vulnerveis.

    1. Anlise temporal descritiva dos dados de vitimizao por homicdiose por crimes em geral

    Nas diversas anlises realizadas sobre a violncia, h uma preferncia na utilizao dos

    dados de homicdio, considerados dados mais confiveis por serem oficiais e quase no sofrerem

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    de subnotificao. Entretanto, o nmero de homicdios sofre alteraes de acordo com a fonte

    de coleta. Costumeiramente existem duas fontes, uma ligada sade e outra s autoridades

    policiais (CANO e RIBEIRO, 2009). J os dados de vitimizao, que so coletados atravs do

    contato direto com a vtima de crimes como roubo, furto, agresso e etc., servem como

    complemento a compreenso das dimenses no alcanadas pelos dados de homicdio, o queconjuntamente a ele corrobora para apreender a extenso do fenmeno da violncia.

    Um dos problemas encontrados na elaborao dos dados nacionais de homicdios a

    diferena existente nas classificaes. Enquanto a fonte policial est condicionada ao conceito

    jurdico de homicdio, ou seja, sujeita a interpretaes difusas, que variam de acordo com a

    legislao penal nacional, a classificao do campo da sade consegue abranger a unidade

    nacional de forma homognea, tendo uma categorizao universal do tipo de morte que poder

    ser enquadrado como homicdio, baseada na Classificao Internacional de Doenas (CID)

    (CANO e RIBEIRO, 2009).

    Sendo as informaes da sade a principal fonte utilizada em mbito mundial, os

    pesquisadores costumam utilizar os dados da OMS - Organizao Mundial de Sade - e na

    Amrica Latina o PAHO - Organizao Pan-Americana de Sade -, dada a sua abrangncia. No

    entanto, mesmo que os dados dessas organizaes possam abranger um nmero maior de

    pases, ainda dependem das informaes fornecidas pelas agncias competentes de cada pas, e

    em funo disto, tanto a OMS quanto a PAHO demoram muito para coletar e processar a

    enorme quantidade de dados pas por pas.

    Tendo conscincia dos diversos implicativos que circundam a obteno dos dados de

    homicdios, utilizamos os fornecidos pela PAHO (Organizao Pan-Americana de Sade),

    prezando pela homogeneidade da fonte, tornando possvel a comparabilidade entre as taxas de

    homicdio dos trs pases observados. Os dados so referentes aos anos de 2001 a 2010. Assim,

    realizamos a partir destas informaes uma srie temporal, no entanto, diferentemente da

    anlise dados de vitimizao por crimes (como roubo, furto e etc.), dos quais estudamos alguns

    determinantes para avaliar um perfil de risco, como veremos a seguir, no realizamos a mesma

    para os crimes de homicdio, pois no foi possvel encontrar uma base de dados homognea aos

    trs pases.

    O grfico 1 apresenta o nmero de homicdios por 100.000 habitantes no Brasil,Colmbia e Chile entre os anos de 2001 e 2010. Nele, podemos observar que as taxas de

    homicdios mais altas so as da Colmbia e do Brasil, respectivamente, enquanto, as taxas de

    homicdios do Chile so as mais baixas dentre os trs pases, no ultrapassando mais do que 6

    mortes a cada 100.000 habitantes em nenhum dos anos analisados na srie temporal.

    Na Colmbia pas que apresenta taxas de homicdios superiores a 50 por 100.000

    habitantes[A1], entre 2001, 2002 e 2003 (79,91; 82,85 e 73,17, respectivamente), observamos

    que h uma tendncia ao aumento dos nmeros de homicdio no pas. Em 2004, podemos

    observar uma pequena reduo nas mortes violentas em relao aos anos anteriores (69,09). Ja partir de 2005 (57,8) possvel constatar uma queda nas taxas de homicdio colombianas, que

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    se manteve at o ano de 2008, que chegou a 55,07 homicdios para cada 100.000 habitantes. No

    ano de 2009 h um pico de 60,36 mortes por 100.000 habitantes, que deca para 53,1 em 2010.

    Segundo LVAREZ, (2010), a reduo dos homicdios do ano de 2010 (53,1) em relao

    a 2009 (60,36) d-se pelas mudanas do perfil etrio das vtimas de homicdio, que passaram a

    se concentrar na faixa que vai de 20 a 36 anos, anteriormente com predominncia entre os mais

    jovens. E, um outro seria pela reduo das mortes em reas rurais, j iniciadas em 2009,

    apresentando uma variao negativa de 20,20%. Para GAWRYSZEWSK, SANHUEZA,

    MARTINEZ-PIEDRA, ESCAMILLA, e SOUZA, (2012), a queda nas taxas de homicdio na

    Colmbia, que vo do perodo de 2005 a 2008, se do possivelmente por polticas

    governamentais implementadas e adoes de medidas de preveno em algumas cidades que

    mantinham nveis muito elevados. Por exemplo, em Medelln, Colmbia, foi verificado maiores

    declnios nas taxas de homicdios em reas de baixa renda onde foram realizados investimentos

    e intervenes na infraestrutura, comparativamente s reas controle.

    No Brasil, as taxas de homicdio no variam acima de 30 por 100.000 habitantes, no

    entanto, o nmero de homicdios permanece alto em relao a outros pases da prpria Amrica

    Latina, como a Argentina e o Uruguai (que apresentam taxas inferiores a 6 mortes a cada

    100.000 hab., segundo dados da PAHO 2010 [1]). Segundo WAISELFISZ, (2011), apesar das

    taxas de homicdio brasileiras permanecerem praticamente iguais[2] muita coisa parece ter

    mudado, a comear pelo aumento da violncia homicida em reas de menor densidade e peso

    demogrfico, o que se espera dos grandes centros urbanos do pas.

    Pela sua exposio na grande mdia esperava-se violncia em Rio de Janeiro, So Paulo e Brasliae pelas informaes estatsticas da poca, em Pernambuco, Esprito Santo, Minas Gerais. Mas

    poucos, ou ningum, poderia antecipar poucos anos atrs que Alagoas ou Par fossem ocupar um

    lugar de grande destaque no panorama da violncia do nacional. (WAISELFISZ, 2011)

    Considerando a populao referente de cada ano, segundo as informaes do PAHO,

    entre os anos de 2001 e 2010, passamos de 26,4 a 26,2, respectivamente. Apresentando

    variaes de menos de 1% a.a. No ano de 2003 observamos a maior taxa da srie histrica (27,41

    por 100.000 habitantes), ainda que os quantitativos apresentem oscilaes, aumentando um

    ano, caindo outro, o que denota uma situao de equilbrio instvel. Desse modo, vrios fatores

    concomitantes e complexos parecem intervir na explicao dessas quebras e oscilaes a partir

    de 2003: polticas de desarmamento, planos e recursos federais e estratgias de enfrentamento

    de algumas UF parecem atuar concomitantemente (WAISELFISZ, 2011).

    No Chile, diferentemente dos outros pases observados, as taxas apresentadas no

    perodo de 2001 a 2010 possuem poucas oscilaes, 5,36 e 4,54, respectivamente, com variaes

    de menos de 1% a.a., tal como o Brasil. um dos poucos pases da Amrica Latina com baixas

    taxas de homicdio, juntamente com pases como Argentina e Uruguai, chegando prximo,

    tambm, as taxas dos EUA. Apesar de possuir indicadores socioeconmicos e demogrficos to

    desfavorveis quanto os do Brasil e da Colmbia, o Chile vem conseguindo manter taxasprximas pases considerados desenvolvidos e estabilizados na ordenao econmica

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    globalizada (GAWRYSZEWSK, SANHUEZA, MARTINEZ-PIEDRA, ESCAMILLA, e SOUZA,

    2012).

    Grfico 1 Taxas de Homicdio no Brasil, Colmbia e Chile entre os anos de 2001 e 2010

    Fonte: PAHO - Brasil, Colmbia e Chile. Anos: 2001 a 2010.

    Os dados de homicdios acabam no sendo suficientes para compreender o fenmeno da

    violncia, pois estes no registram outras formas de manifestaes da criminalidade como os

    casos de crime contra o patrimnio, agresses e etc., os quais, por sua vez, so maisadequadamente apreendidos em pesquisas de vitimizao. Os dados dessas pesquisas ajudam a

    complementar os registros oficiais de crimes, pois estes tm como fonte o relato da prpria

    vtima e/ou testemunha do delito.

    Para evitar problemas metodolgicos, em relao a comparabilidade dos dados do

    Brasil, Chile, Colmbia e Amrica Latina sobre a vitimizao, utilizamos os dados do survey de

    opinio Latinobarmetro para realizar a srie de vitimizao por roubo, furto, agresso e outros

    delitos. Este survey realizado ao longo dos anos 2000, abrangendo os pases estuados e um total

    de 17 pases latinos, apresenta um padro de perguntas referente vitimizao. Este segue o

    modelo do questionrio do Eurobarmetro, o que torna possvel, por exemplo, a comparao

    entre pases de continentes distintos. Utilizamos a seguinte pergunta: Ha sido Ud.(1) o algn

    pariente (2) asaltado, agredido, o vctima de un delito en los ltimos doce meses?(ESPERE

    RESPUESTA, SI DICE SI PREGUNTAR UD. O UN PARIENTE? MARQUE UNA SOLA EN

    P73STM.A) [3], que nos permite analisar individualmente se o prprio entrevistado foi vtima

    de algum crime. A partir das respostas permitidas pergunta do questionrio deste survey,

    elaboramos a varivel de vitimizao que utilizamos em nossas anlises. Suas categorias foram

    recodificadas, de modo que codificamos uma resposta onde apenas o respondente afirmava ter

    sido vitimizado, separando, em outra alternativa, as respostas que continham casos de familiarvitimizado e respondentes que no sofreram vitimizao, permitindo que metodologicamente

    26,4 26,9 27,4 25,7 25,1 24,8 24,6 25,2 26,0 26,2

    79,982,9

    73,269,1

    57,8 56,3 55,8 55,1

    60,4

    53,1

    5,4 5,3 5,2 5,3 5,8 5,6 4,7 4,5 5,3 4,5

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Brasil

    Colmbia

    Chile

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    fosse possvel medir o perfil dos vitimizados sem a interferncia das outras repostas, ou seja,

    isolamos a resposta dos entrevistados que sofreram algum tipo de crime.

    Grfico 2 - Taxa de Vitimizao no Brasil, Colmbia, Chile e Amrica Latina entre os anos de

    2001 e 2010

    Fonte: LatinoBarmetro [4]-Brasil, Colmbia e Chile. Anos: 2001 a 2010.

    O Grfico 2 aponta a evoluo da vitimizao entre os anos de 2001 e 2010 do Brasil,

    Chile e Colmbia indicando ainda a mdia do continente. Desta forma podemos observar que a

    evoluo das taxas de vitimizao dos trs pases no difere muito do restante da Amrica latina.

    Tal como entre os prprios pases, as taxas de vitimizao no perodo analisados no variaram

    acima de 50%.

    Na anlise conjugada dos dois grficos (1 e 2), podemos observar que no Brasil, as taxas

    de homicdio, que apesar de sofrerem baixas oscilaes, continuam altas, apresentando um

    quadro similar em suas taxas de vitimizao, tambm elevadas. Indicam-nos, portanto, uma

    grande incidncia de crimes por morte violenta e tambm de crimes decorrente de assalto,agresso e outros delitos. Segundo WAISELFISZ, (2011), a redistribuio espacial da violncia

    homicida, se d por uma nova dinmica da violncia, atravs de um processo de

    desconcentrao nas regies metropolitanas para as do interior, contribuem para a permanncia

    do nvel elevado de homicdios. No Chile, predominam as mais baixas taxas de homicdio dentre

    os pases analisados neste artigo, mas, em contrapartida possui taxas de vitimizao to

    elevadas quanto s do Brasil e Colmbia, mostrando um maior grau de ocorrncia para crimes

    em geral do que por mortes violentas.

    Tendo em vista as elevadas taxas de vitimizao dos trs pases analisados, optamos por

    aprofundar a investigao para poder estimar o perfil das vtimas de delitos; como assalto,

    agresso, dentre outros, o que de outra forma, atravs dos registros de ocorrncia, seria

    43%39%

    35%33%

    41%

    32%38%

    33%38%

    31%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Amrica Latina Brasil Chile Colmbia

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    improvvel (BORGES, 2013). Assim, concentramos nossas atenes ao ano de 2009 para a

    elaborao dos determinantes de vitimizao do Brasil, Colmbia e Chile. Pois, ainda que os

    dados mais recentes disponibilizados pelo survey sejam os do ano de 2010, a partir de 2009

    podemos acompanhar uma queda das taxas de vitimizao tanto no Brasil e no Chile quanto na

    Amrica Latina, e um leve aumento nos dados da Colmbia [5], o que nos levou a apurao dosperfis para este ano, como veremos a seguir.

    2. Determinantes de Vitimizao do ano de 2009

    A literatura criminolgica trabalha tradicionalmente com algumas variveis que

    interferem diretamente na anlise sobre vitimizao (SOARES, MIRANDA e BORGES, 2006),

    sendo assim, nos pautamos nas seguintes variveis independentes para explicar a probabilidade

    de uma pessoa se tornar vtima de um delito: sexo, faixa etria, cor, estado civil, escolaridade,

    situao ocupacional e percepo do nvel socioeconmico. E, juntamente a elas, partimos do

    modelo interpretativo proposto por COHEN, KLUEGEL e LAND, (1981), que prope a teoriados estilos de vidas e das oportunidades que facilitam ao criminosa, esta considera alguns

    elementos para entender o perfil das vtimas, so eles: exposio, proximidade da vtima ao

    agressor, capacidade de proteo, atrativos das vtimas e natureza dos delitos. Dito isso,

    utilizaremos um modelo de regresso logstica[6]para explicar a probabilidade de vitimizao,

    considerando o perfil dos entrevistados[7]. Para realizar essas anlises aplicamos a medida

    estatstica Razo de Chances (Odds Ratio)[8], para auxiliar no entendimento dos coeficientes

    dos modelos. Entretanto, antes de analisarmos essa estatstica, ressaltamos que a anlise do

    modelo de regresso logstica est condicionada ao nvel de significncia de 5%. Sendo assim, se

    o P-valor for maior do que 5%, significa que as diferenas entre as categorias da varivel no so

    estatisticamente relevantes, logo, as variveis cujos coeficientes no so significativos (P-

    valor>o,o5) se tornam impassveis anlise.

    Na ausncia de um survey especifico ao tema que abranja os pases estudados,

    permitindo assim a comparabilidade entre os mesmo, optamos por utilizar as informaes do

    Latino barmetro, pois, ainda que no tenha a vitimizao como foco suas informaes

    permitem uma analise metodologicamente adequada.

    Para dar incio a anlise, optamos por criar a varivel de vitimizao a partir da questo

    do Latino barmetro: Voc (1) ou algum parente (2) foi assaltado, agredido, ou vtima de um

    delito nos ltimos doze meses? O survey contabiliza somente uma resposta; ou se o entrevistado

    foi vitimizado ou se algum parente foi vitimizado, nunca os dois. [9] E esta dimensionada a

    partir das seguintes variveis de controle: sexo, raa, faixa etria, escolaridade, estado civil,

    situao ocupacional e percepo do nvel socioeconmico; como podemos observar na tabela 1.

    Levamos em conta que as diferenas de comportamento entre homens e mulheres

    podem contribuir de forma significativa na composio do perfil de risco, a literatura indica que

    os homens so mais vitimizados que as mulheres (BORGES, 2013), entretanto, ao analisar o

    modelo de regresso logstica da tabela a seguir a varivel sexo no se mostrou significativa emnenhum dos pases estudados. Este resultado pode nos indicar uma nova perspectiva no que se

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    refere a anlise das diferenas entre os estilos de vida e a ao tipo de exposio dos homens e das

    mulheres a situaes de risco.

    Apesar da histrica desigualdade racial nos trs pases, vimos que a varivel raa foi

    significativa apenas para os amarelos no Brasil (Tabela 1), fato que deve ser entendido com

    ressalvas visto que o tamanho desse grupo na amostra inferior a 1%, levando a uma

    superestimao. Da mesma forma, isso vale para o Chile e Colmbia, ainda que no

    significativa, os valores amostrais sofrem do mesmo efeito.

    MODELO DE REGRESSO LOGSTICA PARA ESTIMAR O PERFIL DE RISCO DE VITIMIZAOPOR ASSALTO, AGRESSO

    E OUTROS CRIMES NO BRASIL, COLMBIA E CHILE NO ANO DE 2009.

    BRASIL COLMBIA CHILE

    VARIVEISINDEPENDENTES

    COEFICIENTE (B)

    RAZODECHANCE(EXP(B))

    PVALOR(SIG.*)

    COEFICIENTE(B)

    RAZODECHANCE(EXP(B))

    PVALOR(SIG.*)

    COEFICIENTE (B)

    RAZODECHANCE(EXP(B))

    PVALOR(SIG.*)

    SEXO MASCULINO

    ,094 1,099 ,634 ,057 1,059 ,788 ,326 1,385 ,086

    FEMININO

    0 1 0 1 0 1

    RAA NEGRO/MULATO

    ,276 1,317 ,721 ,037 1,038 ,973 -20,279 1,559E-09

    ,999

    BRAN

    CO

    ,480 1,616 ,529 ,558 1,747 ,604 ,661 1,936 ,533

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    NDIO/MESTI

    O

    ,908 2,480 ,234 ,256 1,292 ,812 ,434 1,543 ,684

    AMARELO

    2,621

    13,744 ,046 ,969 2,635 ,474 -20,496 1,255E-09

    ,999

    OUTROS

    0 1 0 1 0 1

    FAIXAETRIA

    0A20ANOS

    ,227 1,255 ,654 ,631 1,879 ,180 ,372 1,451 ,519

    21A40AN

    OS

    ,256 1,292 ,533 ,499 1,647 ,189 ,367 1,444 ,431

    41A60ANOS

    ,059 1,060 ,884 ,322 1,380 ,398 ,191 1,211 ,688

    61OUM

    AIS

    0 1 0 1 0 1

    ESCOLARIDADE

    SEMESCOLARIDADE

    -1,987

    ,137 ,002 -1,104 ,332 ,035 -1,406 ,245 ,178

    FUNDA

    -,657

    ,518 ,016 -,892 ,410 ,001 -,083 ,921 ,775

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    MENTAL

    M

    DIO

    -

    ,224

    ,799 ,409 -,399 ,671 ,122 ,064 1,066 ,783

    SUPERIOR

    0 1 0 1 0 1

    ESTADOCIVIL

    CASAD

    O

    -,965

    ,381 ,001 ,267 1,307 ,520 ,095 1,100 ,759

    SOLTEIRO

    -,724

    ,485 ,033 ,521 1,683 ,236 ,036 1,036 ,920

    VIVO/DIVORCIADO

    0 1 0 1 0 1

    SITUAOOCUPACIONAL

    EMPREGADO

    -,368

    ,407 ,692 ,371 1,449 ,405 -,071 ,932 ,840

    DESEMPREGADO

    -,001

    ,999 ,999 ,337 1,401 ,460 ,018 1,018 ,962

    APOSENTA

    DO

    -1,009

    ,111 ,365 ,567 1,764 ,381 -,264 ,768 ,655

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    Por possurem uma renda maior, sujeitos empregados so alvos mais interessantes para

    os crimes de fim econmico, ainda assim, a situao ocupacional no se confirmou como um

    fator preponderante, no sendo significativa em nenhum pas estudado (Tabela 1).

    Quanto percepo do nvel socioeconmico, observamos que esta no foi significativa

    estatisticamente para compreender o perfil dos vitimizados para nenhum dos pases, uma vez

    que no apresentou nenhuma diferena expressiva entre as categorias que compe a varivel.

    Consideraes finais

    A partir deste estudo vimos que a violncia e a criminalidade se confirmam como um

    grande problema nos pases latino americanos, devido aos altos ndices de mortes violentas,

    como no caso do Brasil e da Colmbia, e de vitimizao por crimes em geral, elevada nos trs

    pases observados. O que demanda maior esforo por parte dos governos para a reduo da

    letalidade e aumento da qualidade de vida de seus habitantes para que estes possam de fato se

    sentir seguros.

    Ao compararmos as taxas de vitimizao entre pases, trazemos para o debate aspectos

    que no so tradicionalmente trabalhados ao se analisar o fenmeno da violncia, uma vez que

    grande parte considera somente as taxas de homicdio (BORGES, 2013). Desta forma, optamos

    por apresentar uma evoluo tanto das taxas de vitimizao por homicdio quanto das de

    vitimizao por outros crimes, mostrando que mesmo em pases que possuem baixos nmeros

    de homicdio, como o Chile, pode haver, tambm, uma forte predominncia de crimes em geral

    compondo seus quadros de violncia. Enquanto que, no Brasil e na Colmbia observamos que

    alm da alta incidncia dos crimes de morte violenta, existe uma elevada ocorrncia de crimesde outras naturezas, tais como assalto, agresses e etc

    Em nossa anlise sobre determinantes da vitimizao no ano de 2009, vimos alguns

    perfis de risco vitimizao. As variveis estado civil e escolaridade foram significativas para o

    Brasil e a Colmbia, enquanto nenhuma varivel se mostrou significativa pra o Chile. Ainda que

    o resultado tenha se mostrando um tanto incipiente fica clara a importncia dos surveys de

    vitimizao para viabilizar estratgias pblicas mais efetivas.

    Por fim, as informaes fornecidas neste estudo podem servir para fomentar outras

    reflexes, trabalhos e discusses sobre o tema, e, fundamentalmente, para a organizaopolticas e estratgias que permitam reverter o quadro observado.

    [A1]

    Tabela 1 - Taxa de homicdio no Brasil, Colmbia e Chile entre os anos de2001 e 2010

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Brasil 26,4 26,93 27,41 25,7 25,06 24,81 24,55 25,17 26 26,2

    Colmbia 79,91 82,85 73,17 69,09 57,8 56,32 55,77 55,07 60,36 53,1Chile 5,36 5,31 5,18 5,28 5,79 5,57 4,72 4,49 5,31 4,54

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    NOTAS

    *O autor e autora, poca da submisso, cursavam o 7 perodo do Curso de Cincias Sociais naUniversidade Estadual do Rio de Janeiro, sob orientao dos professores Doriam Borges deMello e Igncio Cano, pertencentes a linha de pesquisa Sociologia Urbana e do Conflito.

    [1] http://ais.paho.org/phip/viz/basicindicatorbrowaser.asp

    [2] Observar os dados da Tabela 1- Taxa de homicdio no Brasil, Colmbia e Chile entre os anosde 2001 e 2010, em anexo [A1].

    [3] Livre traduo: Voc(1) ou algum parente(2) foi assaltado, agredido, ou vtima de um delitonos ltimos doze meses? (ESPERE RESPOSTA, SE DISSER SIM, PERGUNTAR: VOC OU UMPARENTE? MARQUE UMA S EM P73STM.A (ESPAO PARA MARCAR A ALTERNATIVA))

    [4]http://www.latinobarometro.org/latOnline.jsp

    [5]Ver grfico 2.

    [6]A regresso logstica tem o papel de predizer uma resposta binria a partir de um conjuntode dados que so dotados de valores. A predio realizada atravs de uma funo logstica, queidentifica o peso de cada um dos valores dentro de uma varivel, ou seja, controlando o efeito dealgumas variveis podemos explicar a probabilidade do fenmeno da vitimizao acontecer paraum determinado grupo.

    [7] Segundo BORGES, 2013, o uso desta tcnica para ajustar modelos estatsticos permiteidentificar quais fatores explicativos possibilitam interpretar adequadamente o perfil do grupocom maior risco/probabilidade de se sentir inseguro/ e ou vitimizado, utilizando outrasvariveis escolhidas a partir de testes de qualidade do ajuste. Tal procedimento permite obteruma medida de como essas variveis influenciam a probabilidade de uma pessoa se sentirinsegura. [Grifos nossos]

    [8] CANO 2005, explica razo de chance como: A razo de chances ou razo de possibilidades

    (em ingls: odds ratio; abreviatura O.R.) definida como a razo entre a chance de um eventoocorrer em um grupo e a chance de ocorrer em outro grupo. Chance ou possibilidade aprobabilidade de ocorrncia deste evento dividida pela probabilidade da no ocorrncia domesmo evento.

    Cano, I. Medidas em Cincias Sociais em de Mello e Souza, A. et Avaliao Educacional (org.)Editora Vozes. 2005. pg. 63-89

    [9]Vide nota [3], anteriormente citada.

    REFERNCIAS

    LVAREZ, Andrea de Pilar Acero. Descripcin del Comportamiento del

    Homicidio.Instituto Nacional de Medicina Legal y Ciencias Forenses. Colombia, 2010.BEATO, Cludio; PEIXOTO, Betnia Totino e ANDRADE, Mnica Viegas. Crime,Oportunidade e Vitimizao.IN: RBCS. Vol.19 n 5. Junho/2004.

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    CANO, Ignacio e SANTOS, Nilton.Violncia Letal, renda e desigualdade no Brasil.2Ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.

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    http://www.latinobarometro.org/latOnline.jsphttp://www.latinobarometro.org/latOnline.jsphttp://www.latinobarometro.org/latOnline.jsp
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    Recebido em 20/03/2014

    Aprovado em 22/06/2015