A família de Edimar Andrade Silva e Cícera Lopes Silva mora na comunidade Pedra D' Água, em Juazeirinho – PB. Eles casaram em1982 e passaram a cuidar dos seis irmãos de Cícera, que ficaram órfãos. Não possuíam propriedade e moraram por seis anos na terra de parentes. Seu Edimar trabalhava sempre que necessário como diarista em outras propriedades, com objetivo de complementar a renda familiar.

O casal teve 2 filhos (Erivan e Uelisson) e uma filha (Rosângela, que atualmente está morando no Pará). Hoje, moram na propriedade que foi herdada dos pais de Edimar, onde construíram sua casa e a primeira cisterna de água de beber em 1988, com recursos adquiridos com o lucro do roçado.

Edimar trabalhou algum tempo fora da propriedade, em uma empresa de construção civil. Com isso a atividade na agricultura foi sendo tocada por Cícera e os filhos. Ele só retornou a propriedade após o falecimento dos seus pais e a saída dos filhos mais novos para estudar.

Com o objetivo de organizar a propriedade e a comunidade, Erivan (filho mais velho) e sua mãe se juntaram com algumas famílias e formaram a associação comunitária. A partir daí começaram a participar de momentos de formação.

Além da participação na organização comunitária, nos espaços municipais e regionais, e em atividades com beneficiamento de frutas nativas na comunidade, na Associação dos Produtores Artesanais de Juazeirinho (APAJU) e em momentos de formação com oficinas e intercâmbios, também começaram a participar do Fundo Rotativo Solidário com apoio do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar (Coletivo) e do Patac (Entidade de assessoria técnica e sócio organizativa da agricultura Familiar Camponesa).

A seguir desce por gravidade para um tanque de armazenamento de 3.200 litros, confeccionado com 3 anéis de concreto, de onde é bombeada para uma caixa elevado de 500l, sendo conduzida por gravidade, através de canos, para irrigar as plantas do seu arredor de casa a partir do sistema de gotejamento.

Com esse sistema, a família ampliou o aproveitamento da água servida para aproximadamente 19.200 litros por ano, aumentando a produção diversificada em seu quintal, tanto para o consumo familiar e dos animais como para o beneficiamento e comercialização, na propriedade e no território. Fortalecendo a segurança e a soberania alimentar, a renda da família agricultora e a qualidade de vida no Semiárido.

DETERMINAÇÃ0, ORGANIZAÇÃO E UNIÃO FAMILIAR TRASNFORMAM VIDAS NO SEMIÁRIDO

oletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1865

Juazeirinho

Agosto/2014

Realização Apoio

Erivan, Uellison, Cícera e Edimar

Logo em seguida, Uellison e Rosangela (ainda adolescentes na época) começaram a se envolver nos trabalhos do Coletivo. Nesse período, o filho Erivan foi morar na cidade e trabalhou em uma firma, como representante de vendas em alguns municípios vizinhos, porém, continuava realizando atividades na propriedade.

Cícera também começou a trabalhar como auxiliar de serviços gerais no serviço público. Atualmente, trabalha na escola da comunidade como merendeira. O que ajuda a completar a renda da família, porém, o trabalho com a agricultura nunca deixou de ser sua prioridade.

Eles contam, que desde pequeno Erivan demonstrava vocação para a vida no campo e gostava de criar galinhas, tanto que adquiriu sua primeira moto, em 2005, com a venda das galinhas de capoeira e de um garrote.

Em 2000, Erivan começou a escavação do tanque de pedra que a família sonhava em construir, ampliando assim, o estoque de água da propriedade.

Oito anos depois, através da participação do filho mais novo, Uelisson, nos espaços de formação da Comissão Água do Coletivo, a família melhorou o manejo da água servida através da experimentação de duas caixas de gordura e de um tanque de anel, onde armazenavam águas de reuso das pias (cozinha e banheiro) e do chuveiro, utilizavam para cultivar plantas forrageiras (gliricídia, palma e capim elefante), assim como hortaliças (coentro, espinafre, cebolinha, alface, couve, pimentão, cebola grande, etc), plantas medicinais (saião, dipirona, sete dores, alecrim, hortelã miúda e gorda, capim santo, cidreira.) e fruteiras (cajueiros, umbuzeiros, pinha, graviola, seriguela, acerola, coqueiros e limão).

Já em 2009, a família aperfeiçoou seus conhecimentos através da participação nos espaços de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), sendo também beneficiada com uma Cisterna-Calçadão ampliando sua capacidade de estoque de água e produção de alimentos no arredor de casa.

Hoje, na propriedade a família armazena cerca de 52.200l de água de beber em 4 cisternas e 184.000l de água para produção de alimentos (vegetal e animal) e serviços domésticos armazenados em uma Cisterna -Calçadão, um cisternão, um barreiro e um tanque de pedra).

A partir de visitas de intercâmbio junto as famílias agricultoras da região, bem como do estado do Rio Grande do Norte, a família com o apoio do Coletivo e do Patac, aperfeiçoou seu sistema de aproveitamento da água servida, que funciona da seguinte forma:

A água das pias do banheiro e da cozinha, junto com a água do chuveiro é canalizada para a 1 ª caixa de gordura, onde passa por um filtro confeccionado com tela de sombrite em três dobras.

Segue para uma 2ª caixa, sendo filtrada primeiramente por uma esponja, depois por uma camada de brita, que está localizada no fundo da caixa.

Depois passa por um Tanque de Filtragem de 800l, confeccionado com um anel de concreto de 1,5m de diâmetro, com 50cm de altura. Nesse tanque contem, 10cm de seixos (pedra lisas arredondadas), 10 cm de brita, um sombrite, 20cm de pó de madeira, e uma esponja com aproximadamente 10 cm de espessura.

Coloca-se também uma peneira de canos perfurados (vários furos) em forma de pente, onde a água passa de forma distribuída para todo o tanque. Segue para a caixa de gordura dentro do próprio tanque, onde tem outra esponja na tampa, por onde passa a água novamente.

Articulação Semiárido Brasileiro – ParaíbaBoletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas