Desmonte de Rochas

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CYTED 3: Red Iberoamericana “Medio Ambiente Subterráneo y Sostenibilidad” - MASYS 7ª Jornada técnico-científica de “Medio Ambiente Subterráneo y Sostenibilidad” –Ambiente, seguridad y salud Guadalajara, México - 3, 4, 5 de julio de 2013 DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRÂNEAS EM ZONAS SENSÍVEIS ÀS VIBRAÇÕES GABRIEL GOMES SILVA 1 , VIDAL FÉLIX NAVARRO TORRES 2 1 Universidade Federal de Goiás UFG [email protected]; 2 Universidade Técnica de Lisboa UTL e Universidade Federal de Goiás UFG [email protected] RESUMO: Com o crescimento urbano acelerado, torna-se frequente a realização de obras que necessitam do uso de explosivos, como implosões de infraestruturas ultrapassadas e o avanço de minerações ou abertura de galerias próximas a complexos urbanos e zonas sensíveis, logo, surgem problemas intrínsecos a esta atividade, como os efeitos secundários das detonações, que geram desconforto na população das áreas vizinhas e também podem causar grandes danos às estruturas. Sabendo disso, profissionais responsáveis por este segmento objetivam caracterizar um modelo ideal de desmonte, no qual os efeitos secundários não afetem as áreas circundantes, de modo a permanecer dentro de um limite estabelecido pelas normas vigentes no país. Para realizar a prevenção e controle das vibrações, principal efeito das detonações, uma das metodologias utilizadas é estabelecer a lei de propagação da vibração das partículas, à qual está em função da carga de explosivo utilizada e da distância do ponto de medição até o ponto de detonação. Com a elaboração desta dissertação, pretende-se fazer exatamente o pressuposto acima, ou seja, a caracterização dinâmica de maciços rochosos, sob a ação de detonações, recorrendo às habituais correlações estatísticas, mediante a técnica de regressão linear múltipla com uso do programa MLINREG.BAS. Os resultados do programa permitem a obtenção de informações para a determinação da lei de propagação da velocidade de vibração das partículas, logo, torna-se possível determinar a carga máxima por retardo necessária e a idealização de um diagrama de fogo para a área estudada, feito com uso do programa TUNNPLAN v1.17, permitindo assim reduzir os níveis de perturbação e os demais impactos gerados pelas detonações. PALAVRAS CHAVE: vibrações; velocidade de vibração pico; carga explosiva máxima; detonação controlada. 1. INTRODUÇÃO O desmonte de rochas é a técnica de escavação mais amplamente adotada em vários ramos da indústria de mineração e construção, pois é econômica, confiável e segura. É amplamente utilizada na indústria extrativa, escavações, trincheiras, túneis e grandes obras subterrâneas. Entre vários efeitos secundários de um desmonte de rochas com uso de explosivos, a vibração induzida no contorno da escavação gerada pela onda de choque após a explosão merece atenção especial. O fenômeno da vibração dura um tempo muito curto (algumas dezenas de milissegundos) por evento, após isso a rocha volta a suas condições iniciais. Em alguns casos a detonação de cargas explosivas podem causar danos a regiões circunvizinhas (edifícios, pontes, etc.), porque a vibração transmitida através do terreno pode atingir valores altos. Em tais casos, é necessário dimensionar a carga explosiva máxima admissível de forma que as detonações sejam controladas, e assim, evitar danos ou incomodidade humana. Uma vez conhecida a lei de propagação de vibração de partículas no meio rochoso, através de uma campanha de medições de vibração, distância e carga explosiva no campo, é necessário determinar a vibração máxima permissível usando as normas em vigor e calcular a carga máxima que não provoque danos nem incomodidade das pessoas. A adoção de critérios ou níveis de prevenção das vibrações é frequentemente uma tarefa delicada, que exige o reconhecimento rigoroso dos mecanismos que intervêm nos fenômenos dos desmontes e das respostas das estruturas. Um critério arriscado pode levar a aparição de danos e imperfeições, entretanto uma postura conservadora pode dificultar e inclusive paralisar o desenvolvimento da atividade mineira ou de obra civil com explosivos. Logo, com base nas metodologias utilizadas neste trabalho percebe-se que é possível mensurar e controlar de maneira eficaz os impactos ambientais e sociais resultantes do uso de explosivos em atividades relacionadas com detonações, mantendo níveis de segurança aceitáveis. Além disso, a realização de um adequado dimensionamento dos parâmetros do diagrama de perfuração e desmonte é uma

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    DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRNEAS

    EM ZONAS SENSVEIS S VIBRAES

    GABRIEL GOMES SILVA1, VIDAL FLIX NAVARRO TORRES

    2

    1 Universidade Federal de Gois UFG [email protected];

    2Universidade Tcnica de Lisboa UTL e Universidade Federal de Gois UFG [email protected]

    RESUMO: Com o crescimento urbano acelerado, torna-se frequente a realizao de obras que necessitam do

    uso de explosivos, como imploses de infraestruturas ultrapassadas e o avano de mineraes ou abertura de

    galerias prximas a complexos urbanos e zonas sensveis, logo, surgem problemas intrnsecos a esta atividade,

    como os efeitos secundrios das detonaes, que geram desconforto na populao das reas vizinhas e tambm

    podem causar grandes danos s estruturas. Sabendo disso, profissionais responsveis por este segmento

    objetivam caracterizar um modelo ideal de desmonte, no qual os efeitos secundrios no afetem as reas

    circundantes, de modo a permanecer dentro de um limite estabelecido pelas normas vigentes no pas. Para

    realizar a preveno e controle das vibraes, principal efeito das detonaes, uma das metodologias utilizadas

    estabelecer a lei de propagao da vibrao das partculas, qual est em funo da carga de explosivo utilizada

    e da distncia do ponto de medio at o ponto de detonao. Com a elaborao desta dissertao, pretende-se fazer exatamente o pressuposto acima, ou seja, a caracterizao dinmica de macios rochosos, sob a ao de

    detonaes, recorrendo s habituais correlaes estatsticas, mediante a tcnica de regresso linear mltipla com

    uso do programa MLINREG.BAS. Os resultados do programa permitem a obteno de informaes para a

    determinao da lei de propagao da velocidade de vibrao das partculas, logo, torna-se possvel determinar a

    carga mxima por retardo necessria e a idealizao de um diagrama de fogo para a rea estudada, feito com uso

    do programa TUNNPLAN v1.17, permitindo assim reduzir os nveis de perturbao e os demais impactos

    gerados pelas detonaes.

    PALAVRAS CHAVE: vibraes; velocidade de vibrao pico; carga explosiva mxima; detonao controlada.

    1. INTRODUO

    O desmonte de rochas a tcnica de escavao

    mais amplamente adotada em vrios ramos da indstria de minerao e construo, pois

    econmica, confivel e segura. amplamente

    utilizada na indstria extrativa, escavaes, trincheiras, tneis e grandes obras

    subterrneas.

    Entre vrios efeitos secundrios de um

    desmonte de rochas com uso de explosivos, a vibrao induzida no contorno da escavao

    gerada pela onda de choque aps a exploso

    merece ateno especial. O fenmeno da vibrao dura um tempo muito curto (algumas

    dezenas de milissegundos) por evento, aps

    isso a rocha volta a suas condies iniciais. Em alguns casos a detonao de cargas

    explosivas podem causar danos a regies

    circunvizinhas (edifcios, pontes, etc.), porque

    a vibrao transmitida atravs do terreno pode atingir valores altos. Em tais casos,

    necessrio dimensionar a carga explosiva

    mxima admissvel de forma que as detonaes sejam controladas, e assim, evitar

    danos ou incomodidade humana.

    Uma vez conhecida a lei de propagao de

    vibrao de partculas no meio rochoso,

    atravs de uma campanha de medies de

    vibrao, distncia e carga explosiva no campo, necessrio determinar a vibrao

    mxima permissvel usando as normas em

    vigor e calcular a carga mxima que no provoque danos nem incomodidade das

    pessoas.

    A adoo de critrios ou nveis de preveno

    das vibraes frequentemente uma tarefa delicada, que exige o reconhecimento rigoroso

    dos mecanismos que intervm nos fenmenos

    dos desmontes e das respostas das estruturas. Um critrio arriscado pode levar a apario de

    danos e imperfeies, entretanto uma postura

    conservadora pode dificultar e inclusive paralisar o desenvolvimento da atividade

    mineira ou de obra civil com explosivos.

    Logo, com base nas metodologias utilizadas

    neste trabalho percebe-se que possvel mensurar e controlar de maneira eficaz os

    impactos ambientais e sociais resultantes do

    uso de explosivos em atividades relacionadas com detonaes, mantendo nveis de segurana

    aceitveis. Alm disso, a realizao de um

    adequado dimensionamento dos parmetros do

    diagrama de perfurao e desmonte uma

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    tarefa fundamental para que haja uma

    mitigao ou reduo dos efeitos das

    detonaes em zonas sensveis.

    2. DESMONTE DE ROCHAS E

    VIBRAES INDUZIDAS

    O desmonte de rochas com explosivos continua sendo o mtodo mais barato de

    fragmentao de rochas pouco friveis, no

    entanto, o custo associado ao dano causado pelo desmonte em termos de segurana e

    produtividade de minas e obras est se

    tornando cada vez mais importante. Danos

    devido detonao de rocha esto diretamente relacionados com o nvel de estresse infringido

    na rocha e suas condies antes da detonao.

    Em ambientes prximos s zonas urbanas ou ambientes sob condies geolgicas

    desfavorveis, distrbios associados com

    desmontes podem resultar na necessidade de um amplo e extensivo controle das condies

    do terreno, alm de problemas de vibrao

    terrestre, rudos, perturbao humana, etc, o

    que pode gerar custos adicionais empresa ou at inviabilizar e paralisar suas atividades.

    Devido gravidade dos danos gerados pelas

    operaes de desmonte com uso de explosivos fundamental predizer, monitorar e controlar

    seus efeitos adequadamente, pois estes

    impactam diretamente a economia da maioria

    das operaes de desmonte. Ser muito conservativo em relao aos nveis de vibrao

    no planejamento dos trabalhos de desmonte

    pode aumentar os custos consideravelmente, enquanto que ser muito liberal pode resultar

    em danos e distrbios nas zonas prximas,

    custos legais e reinvindicaes que podem mudar o saldo de lucro da empresa de positivo

    para negativo.

    De acordo com Hartman (1992), o

    monitoramento e controle dos efeitos das detonaes perto de massas rochosas instveis,

    instalaes ou estruturas depende de duas

    consideraes principais. Primeiro, o diagrama de fogo deve ser planejado de modo a reduzir a

    carga de explosivos a detonar por evento e

    tambm ajustar a sequncia de iniciao de modo a reduzir as vibraes resultantes e os

    demais distrbios. Em segundo lugar, as cargas

    de explosivo detonadas por volume de rocha e

    o padro de detonao devem ser ajustados para assegurar uma fragmentao adequada.

    Portanto, ao mesmo tempo, a sequncia de

    iniciao tem de estar separada no tempo, mas

    no no espao.

    H um projeto ideal, que atinge ambos os

    objetivos de controle de distrbios e produo de fragmentao adequada. Este s pode ser

    alcanado atravs de uma compreenso

    adequada das propriedades fsicas da massa rochosa e sua resposta estrutural frente aos

    efeitos da detonao e da interao entre a

    fragmentao da rocha e do desenho do diagrama de fogo.

    Uma das etapas fundamentais para o estudo e

    controle das vibraes geradas nos desmontes

    por explosivos a determinao das leis que governam sua atenuao nos distintos meios

    em que ir se propagar, alm de uma adequada

    anlise e conhecimento dos parmetros que afetam suas caractersticas.

    2.1 Variveis que afetam as caractersticas das vibraes

    As principais variveis que afetam as caractersticas das vibraes so praticamente

    as mesmas que influem sobre os resultados dos

    desmontes de rocha, sendo classificadas em dois grupos, aquelas que podem ser

    controladas ou no controladas no processo

    pelos responsveis e especialistas pelo

    desmonte (Jimeno, 2004). A seguir tm-se uma breve apresentao das

    principais variveis que afetam as

    caractersticas das vibraes no desmonte de rocha com explosivos, segundo Jimeno,

    (2004).

    a) Geologia local e caractersticas das rochas:

    A geologia local de contorno e as

    caractersticas geomecnicas das rochas tem uma grande influncia sobre as vibraes.

    Nos macios rochosos homogneos e massivos

    as vibraes se propagam em todas as direes, mas em estruturas geolgicas complexas, a

    propagao das ondas pode variar com a

    direo e, por conseguinte, apresentar

    diferentes ndices de atenuao ou leis de amortizao.

    A presena de solos de recobrimento sobre

    substratos rochosos afeta, geralmente, a intensidade e frequncia das vibraes. Os

    solos possuem mdulos de elasticidade

    inferiores ao das rochas e por isso as

    velocidades de propagao das ondas

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    diminuem nesses materiais. A frequncia de

    vibrao, f, tambm diminui, mas o

    deslocamento, A, aumenta significativamente

    medida que a espessura de revestimento maior.

    A magnitude das vibraes a grandes

    distncias decresce rapidamente se existe material de revestimento, pois grande parte da

    energia consumida para vencer o atrito entre

    as partculas e os grandes deslocamentos destas.

    Em pontos prximos a falhas, as caractersticas

    das vibraes so afetadas por fatores de

    desenho do diagrama de fogo e da geometria do mesmo.

    Para grandes distncias do local de escavao,

    os fatores de desenho so menos crticos, sendo as caractersticas das ondas nos meios

    rochosos de transmisso e os solos de

    revestimento fatores dominantes. Os materiais superficiais interferem nas

    caractersticas de onda fazendo com que estas

    tenham maior durao e frequncias mais

    baixas, aumentando assim a resposta e o dano potencial a estruturas prximas.

    b) Peso da carga operante: A magnitude das vibraes terrestres em um

    determinado ponto varia segundo a carga de

    explosivo que detonada e a distncia deste

    ponto ao local da detonao. Em um desmonte onde se empregam mais de um tipo de

    detonador, a maior carga por retardo a que

    influi diretamente na intensidade das vibraes e no a carga total empregada no desmonte,

    isto ocorre desde que o intervalo de retardo

    seja suficientemente grande para que no existam interferncias construtivas entre as

    ondas geradas por distintos grupos de furos.

    Quando no desmonte existem vrios furos com

    detonadores que possuem o mesmo tempo de retardo nominal, a carga mxima operante

    geralmente menor que a total, devido

    disperso nos tempos de sada dos detonadores empregados. Por isso, para determinar a carga

    operante, se estima uma fraco da quantidade

    total de cargas iniciadas por detonadores com mesmo retardo nominal.

    c) Distncia ao ponto de desmonte: A distncia a partir da rea de detonao tem, assim como a carga de explosivos, uma grande

    importncia sobre a magnitude das vibraes.

    Conforme a distncia aumenta a intensidade

    das vibraes diminui de acordo com a

    equao:

    (1)

    Onde o valor de b, segundo o U.S. Bureau of

    Mines da ordem de 1,6 (Jimeno, 2004).

    Outro efeito da distncia est relacionado

    atenuao das componentes da onda de alta frequncia, devido ao solo atuar como um

    filtro. Assim, a grandes distncias da zona de

    detonao, as vibraes do terreno contm mais energia na faixa de baixas frequncias

    (Figura 1).

    Figura 1. Modificao das vibraes ao

    propagarem-se por terrenos de diferentes estruturas

    e caractersticas (Jimeno, 2004).

    d) Consumo especfico de explosivo: Outro aspecto interessante o que se refere ao

    consumo especfico de explosivo. Frente a problemas de vibraes, alguns blasters

    1

    decidem por reduzir o consumo especifico de

    explosivo no desmonte, o que em certas

    situaes pode influir de maneira oposta desejada.

    H registros de desmontes em que a

    diminuio do consumo especifico de explosivo em 20% com relao ao nvel timo

    1 Tcnico legalmente registrado

    responsvel por supervisionar ou executar o plano

    de fogo, operaes de detonao e atividades

    correlatas.

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    fez com que os nveis de vibrao medidos

    fossem multiplicados por 2 ou 3, como

    consequncia do grande confinamento e m

    distribuio espacial do explosivo que originam uma falta de energia para

    movimentar e empolar a rocha fragmentada

    (Jimeno, 2004). A Figura 2 mostra a influncia do consumo

    especifico em situaes extremas e prximas

    ao nvel timo de utilizao em desmontes superficiais em banco.

    Figura 2. Influncia do consumo especfico de

    explosivo na intensidade de vibrao

    (Jimeno, 2004).

    e) Tipos de explosivos: Existe uma correspondncia entre as

    velocidades de partcula e as tenses induzidas

    nas rochas, e tal constante de

    proporcionalidade a impedncia do meio rochoso. Assim, a primeira consequncia

    prtica que aqueles explosivos que geram

    presses de furo mais baixas provocam nveis de vibrao inferiores. Estes explosivos so os

    de baixa densidade baixa velocidade de

    detonao, por exemplo, o ANFO.

    Nos estudos de vibrao, se explosivos de potncias muito variadas forem utilizados, as

    cargas devem ser normalizadas a uma de um

    explosivo padro de potncia conhecida (normalmente utiliza-se o ANFO como

    explosivo de referncia, devido ao seu maior

    uso).

    f) Tempos de retardo: O intervalo de retardo entre a detonao de

    furos em um desmonte pode referir-se tanto ao tempo de retardo nominal quanto ao tempo de

    retardo efetivo.

    O primeiro a diferena entre os tempos nominais de iniciao, enquanto o tempo de

    retardo efetivo a diferena de tempos de

    chegada de pulsos gerados pela detonao dos

    furos iniciados com perodos consecutivos. No

    simples caso de uma fila de furos estes

    parmetros esto relacionados pela seguinte expresso:

    (2)

    Onde:

    = tempo de retardo efetivo; = tempo de retardo nominal; S = espaamento entre furos;

    VC = velocidade de propagao das ondas ssmicas;

    = ngulo entre a linha de propagao de detonao e a posio do equipamento de

    registro.

    Um mtodo bastante eficaz para se diminuir as

    vibraes a insero de cargas inertes2 entre as cargas de explosivo, possibilitando que cada

    cartucho de explosivo seja iniciado com um

    tempo de retardo especfico, o que diminui a

    carga detonada por evento.

    Figura 3. Mtodo de desmonte alternativo, onde

    cada carga de explosivo iniciada com especfico

    tempo de retardo (autoria prpria).

    g) Variveis geomtricas do plano de fogo:

    A maioria das variveis geomtricas do diagrama de fogo possui considervel

    influncia sobre as vibraes geradas. Abaixo

    segue uma breve descrio das mesmas (Jimeno, 2004):

    2 Cargas com baixa energia de ativao e

    que no reagem com o explosivo, podendo ser

    materiais como serragem, brita, material mido, etc.

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    Dimetro de perfurao: o aumento do

    dimetro de perfurao influncia de maneira

    negativa, pois a quantidade de explosivo por furo proporcional ao quadrado do dimetro,

    resultando em algumas ocasies, cargas

    operantes muito elevadas; Afastamento e espaamento: se o

    afastamento excessivo os gases da exploso

    encontram resistncia para fragmentar e deslocar a rocha e parte da energia do

    explosivo se transfora em energia ssmica

    aumentando a intensidade das vibraes. Este

    fenmeno tem sua manifestao mais clara em desmontes de pr-corte, onde o confinamento

    total e se pode registrar vibraes de ordem de

    at 5 vezes superiores as de um desmonte convencional em banco.

    Se a dimenso do afastamento reduzida os

    gases escapam e expandem para frente livre a uma velocidade muito alta, impulsionando os

    fragmentos de rocha e projetando-os de forma

    descontrolada, provocando ainda um aumento

    de rudo e de onda area. Em relao ao espaamento, sua influncia

    semelhante ao do parmetro anterior e

    inclusive sua dimenso depende do valor do afastamento.

    Tamponamento: se a altura do tampo

    excessiva, podero ocorrer problemas na

    fragmentao, isto devido ao aumento do confinamento, podendo dar lugar a maiores

    nveis de vibrao.

    Inclinao dos furos: os furos inclinados permitem um melhor aproveitamento da

    energia no nvel do piso, conseguindo

    inclusive uma reduo das vibraes, isto para desmontes superficiais.

    Desacoplamento: relao entre o dimetro da

    carga e dimetro do furo.

    Dimenso do desmonte: as dimenses dos desmontes so limitadas, por um lado, pela

    necessidade de produo, e por outro, pelas

    cargas mximas operantes determinadas nos estudos de vibrao a partir das leis de

    propagao, tipos de estruturas a proteger e

    parmetros caractersticos dos fenmenos perturbadores.

    2.2 Caractersticas das vibraes terrestres

    A seguir segue alguns aspectos tericos a

    respeito da gerao e propagao das vibraes

    produzidas nos desmontes de rochas, porm

    preciso indicar que se trata de uma mera

    aproximao do problema, pois os fenmenos

    reais so muito mais complexos devido

    superposio de diferentes tipos de ondas e mecanismos modificadores destes.

    a) Tipos de ondas ssmicas geradas: As vibraes dos terrenos geradas nos

    desmontes por explosivos se transmitem

    atravs dos materiais como ondas ssmicas cuja frente se desloca radialmente a partir do ponto

    de detonao. As distintas ondas ssmicas se

    classificam em dois grupos: ondas internas e ondas superficiais, de acordo com a Figura 4.

    O primeiro tipo de onda interna so as

    denominadas Primrias ou de Compresso - P. Estas ondas se propagam dentro dos materiais, produzindo alternadamente

    compresses e rarefaes e dando lugar a um movimento das partculas na direo de

    propagao das ondas. So as mais rpidas e

    produzem troca de volumes, sem troca de

    forma, no material atravs do qual se movimentam.

    O segundo tipo constitudo das Ondas Transversais ou de Cisalhamento - S, que do lugar a um movimento das partculas

    perpendicular a direo de propagao da

    onda. A velocidade das ondas transversais est

    compreendida entre a das ondas longitudinais e a das ondas superficiais e os materiais

    submetidos a esses tipos de onda

    experimentam trocas de forma e no de volume.

    Figura 4. Ondas de compresso (P) e cisalhamento

    (S), (Jimeno, 2004).

    As ondas do tipo superficial que so geradas pelos desmontes de rochas so: as Ondas

    Rayleigh-R e as Ondas Love-Q. Outros tipos

    de ondas superficiais so as ondas Canal e as

    Ondas Stonelly.

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    As ondas Rayleigh impem s partculas um

    movimento segundo a trajetria elptica, com

    um sentido contrrio ao de propagao da

    onda. As ondas Love, mais rpidas que as Rayleigh, do lugar a um movimento de

    partculas na direo transversal s de

    propagao. Como as ondas viajam com velocidades

    diferentes e o nmero de retardos nos

    desmontes pode ser grande, as ondas geradas se superpem umas com as outras no tempo e

    no espao, resultando movimentos complexos

    cuja anlise requer a utilizao de geofones e

    equipamentos captadores dispostos segundo as trs direes: radial, vertical e transversal.

    (Segundo a Figura 5).

    Figura 5. Registro de ondas (Jimeno, 2004).

    Segundo Jimeno, 2004, apud Miller e Pursey,

    1955, as ondas Rayleigh transportam entre 70 e 80% da energia total, sendo que no manual de

    desmonte de Du Point diz-se que estes tipos de

    ondas dominam o movimento da superfcie do terreno a distncias de detonaes de vrias

    centenas de metros, e dado que muitas

    estruturas e edificaes no entorno das

    explotaes se encontram a distncias superiores 500 metros, so as ondas Rayleigh

    as que constituem um maior risco potencial de

    danos.

    b) Parmetros das ondas: A passagem de uma onda ssmica por um meio

    rochoso produz em cada ponto deste um movimento que se conhece por vibrao.

    Uma simplificao para o estudo das vibraes

    geradas pelos desmontes consiste em considerar estas como ondas do tipo senoidal

    (Figura 6).

    Figura 6. Movimento harmnico da onda (Person,

    1994).

    Importa ento referir sucintamente os

    parmetros que caracterizam as ondas (Louro, 2009, apud Bernardo, 2004):

    Amplitude (A) magnitude da afetao de uma partcula, a partir da sua

    posio de repouso (pode ser expressa sob a

    forma de um deslocamento, de uma velocidade

    ou de uma acelerao); Deslocamento (y) espao percorrido por uma partcula, quando excitada pela onda;

    Velocidade de vibrao (v) deslocamento das partculas, causado pela

    passagem da onda, por unidade de tempo;

    Acelerao (a) variao da velocidade das partculas, por unidade de

    tempo;

    Perodo (T) tempo necessrio para completar um ciclo;

    Comprimento de onda () comprimento de um ciclo completo;

    Frequncia (f) nmero completo de oscilaes ou ciclos por segundo. A frequncia

    o inverso do perodo T.

    c) Atenuao geomtrica: A densidade de energia na propagao de

    pulsos gerados pela detonao de uma carga

    explosiva diminui conforme as ondas encontram ou afetam maiores volumes de

    rocha. Dado que as vibraes compreendem

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    uma combinao complexa de ondas, parece

    lgico considerar certos fatores de atenuao

    geomtrica para cada um dos distintos tipos.

    d) Amortizao inelstica: Na natureza, os macios rochosos no

    constituem, para a propagao das vibraes, um meio elstico, istropo e homogneo. Pelo

    contrrio, aparecem numerosos efeitos

    inelsticos que provocam uma perda de energia durante a propagao das ondas, que se soma a

    devida atenuao geomtrica.

    So numerosas as causas desta atenuao

    inelstica, tendo cada uma delas diferentes graus de influncia (Jimeno, 2004):

    Dissipao da matriz inelstica devido movimento relativo nas superfcies

    intercristalinas e planos de descontinuidade;

    Atenuao em rochas saturadas devido o movimento do fluido em relao matriz;

    Fluxo no interior das rachaduras; Difuso das tenses induzidas por volteis absorvidos; Reflexo em rochas porosas ou com grandes vazios;

    Absoro de energia em sistemas que experimentam trocas de fase, etc.

    e) Interao das ondas elsticas: A interao das ondas ssmicas no tempo e no espao pode dar lugar a uma concentrao ou

    focalizao, proporcionando valores de

    atenuao maiores ou menores que os teoricamente calculados.

    A topografia e a geometria das formaes

    geolgicas podem conduzir a reflexo e a concentrao das frentes de ondas em

    determinados pontos.

    De acordo com o que se precede, com intuito

    de reduzir os efeitos da transmisso ou os efeitos secundrios potenciais nos registros

    preciso que as medidas se efetuem no campo

    direto do desmonte, ou seja, na zona prxima, entre o local de desmonte e as zonas sensveis

    onde se quer reduzir os efeitos das vibraes,

    como instalaes e estruturas.

    2.3 Estimao das leis de vibrao

    As rochas no so um meio isotrpico, muitas

    vezes sendo difcil prever o nvel de vibrao a

    uma dada distncia, logo a determinao das leis que governam a atenuao das vibraes

    nos distintos meios em que ela se propaga

    essencial para um adequado controle e estudo

    de suas propriedades, a fim de se evitar quaisquer danos ambientais e sociais.

    Na maioria dos casos, a velocidade mxima de

    partcula (mm/s) usada para expressar quais os nveis de vibrao que estruturas podem

    suportar sem sofrerem danos em reas de

    detonaes. Algumas investigaes mostraram que a relao emprica entre velocidade da

    partcula (v), peso da carga de explosivo (Q) e

    a distncia (D) :

    (

    ) (3)

    Onde a constante k e variam com as condies das fundaes, geometria do plano de fogo e tipo de explosivos.

    Para usar a equao emprica para predizer

    com segurana o nvel de vibrao para uma determinada distncia, as constantes k e devem ser determinadas por testes de

    detonao na vizinhana onde sero realizados os desmontes de rocha, o que permite

    determinar as propriedades de transmisso da

    rocha e a carga permitida, assim, qualquer

    possvel dano em estruturas prximas rea podem ser prevenidas.

    Nos testes a intensidade real de vibrao

    registrada (ex. o valor da velocidade mxima de vibrao da partcula) e os valores medidos

    plotados em diagramas log-log (Figura 7 - a).

    A linha de regresso desenhada atravs do nmero de pontos discretos.

    Como parte da anlise de riscos, uma

    investigao deve ser feita na rea vizinha por

    equipamentos sensveis vibrao e o nvel mximo de vibrao para estruturas sensveis

    prximas deve ser determinado. Este nvel

    (critrio de dano) ento plotado em um diagrama e a interseo entre este critrio de

    dano e a linha de regresso dar o mais baixo

    valor de permitido para ser usado (Figura 7 - b). Para cada distncia tem-se ento

    a determinao de um nico peso de carga que

    no deve ser excedido.

  • Figura 7. Adaptao da linha de regresso em um diagrama log-log (a) e determinao do menor valor de D/

    a ser usado (b) (Person, 1994).

    Para encontrar a melhor linha de regresso,

    para as variveis, deve-se encontrar as constantes , b e c para a equao definida por Jimeno, 2004, apud Holberg e

    Persson (1978):

    (4)

    (5)

    As constantes sero dadas quando:

    =

    min. (6)

    Usualmente assume-se que a constante b da

    equao 5 igual (-c/2), dai a tem-se as equaes:

    (

    )

    (7)

    Ou,

    (

    ) (8)

    qual tem a forma . As constantes podem facilmente serem determinadas com o

    uso de simples programas de ajuste dos

    mnimos quadrados, como o programa MINREG.BAS que foi utilizado no estudo de

    caso demonstrado a frente.

    2.4 Critrios de preveno de danos para vibraes

    Uma vez conhecida a lei que governa a

    amortizao das ondas ssmicas no meio

    rochoso, necessrio estimar o grau de vibrao mximo que os diferentes tipos de

    estruturas prximos a rea de escavao podem

    tolerar, para que no sofram danos.

    A adoo de critrios ou nveis de preveno das vibraes frequentemente uma tarefa

    delicada, que exige o reconhecimento rigoroso

    dos mecanismos que intervm nos fenmenos recorrentes das detonaes e das respostas das

    estruturas. Um critrio arriscado pode levar a

    apario de danos e imperfeies, alm de que

    uma postura conservadora pode dificultar ou inclusive paralisar a atividade mineira (Jimeno,

    2004).

    A maioria dos pases tem normas locais, que especificam legalmente nveis aceitveis de

    vibrao do solo provocadas por detonaes.

    Estas normas so baseadas em pesquisas que relacionam o pico da velocidade com os dados

    estruturais (Silva, 2012).

    Norma Brasileira (NBR 9653): No Brasil a ABNT (Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas) estabeleceu normas, vlidas

    a partir de 31/10/2005, atravs da ABNT NBR 9653 (Norma Brasileira Registrada), para

    reduzir os riscos inerentes ao desmonte de

    rocha com uso de explosivos em mineraes, estabelecendo os seguintes parmetros a um

    grau compatvel com a tecnologia disponvel

    para a segurana das populaes vizinhas

    (Silva, 2012). De acordo com a ABNT NBR 9653:2005

    podem-se observar as seguintes definies:

    a) velocidade de vibrao de partcula

    de pico: mximo valor instantneo da

    velocidade de uma partcula em um ponto durante um determinado intervalo de tempo,

    considerando como sendo o maior valor dentre

    os valores de pico das componentes de

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    velocidade de vibrao da partcula para o

    mesmo intervalo de tempo;

    b) velocidade de vibrao de partcula resultante de pico (VR): mximo valor obtido

    pela soma vetorial das trs componentes

    ortogonais simultneas de velocidade de vibrao de partcula, considerado ao longo de

    um determinado intervalo de tempo, isto :

    (9)

    Onde: VL, VT e VV so respectivamente os mdulos de velocidade de vibrao de

    partcula, segundo as direes L - longitudinal,

    T - transversal e V vertical;

    c) presso acstica: aquela provocada

    por uma onda de choque area com

    componentes na faixa audvel (20 Hz a 20.000 Hz) e no audvel, com uma durao menor do

    que 1 s;

    d) rea de operao: rea compreendida

    pela unio da rea de licenciamento ambiental

    mais a rea de propriedade da empresa de

    minerao.

    e) ultralanamento: arremesso de

    fragmentos de rocha decorrente do desmonte com uso de explosivos, alm da rea de

    operao.

    f) distncia escalonada (DE) ou

    distncia reduzida: calculada atravs da

    seguinte expresso e usada para estimar a

    vibrao do terreno:

    (10)

    Onde: D a distncia horizontal entre o ponto de medio e o ponto mais prximo da

    detonao, em metros; Q a carga mxima de explosivos a ser detonado por espera, em quilogramas.

    g) desmonte de rocha com uso de

    explosivos: operao de arrancamento,

    fragmentao, deslocamento e lanamento de

    rocha mediante aplicao de cargas explosivas.

    Os limites para velocidade de vibrao de

    partcula de pico acima dos quais podem

    ocorrer danos induzidos por vibraes do

    terreno so apresentados numericamente na

    Error! No se encuentra el origen de la

    referencia..

    Tabela 1. Limites de velocidade de vibrao de

    partcula de pico por faixas de frequncia (NBR,

    2005).

    Faixa de

    Frequncia

    Limite de Velocidade de

    vibrao de partcula de

    pico

    4 Hz a 15 Hz

    Iniciando em 15 mm/s

    aumenta linearmente at 20

    mm/s

    15 Hz a 40 Hz Acima de 20 mm/s aumenta

    linearmente at 50 mm/s

    Acima de 40 Hz 50 mm/s

    NOTA - Para valores de frequncia abaixo de 4

    Hz deve ser utilizado como limite o critrio de

    deslocamento de partcula de pico de no mximo

    0,6 mm (de zero a pico).

    Situaes excepcionais: quando por motivo

    excepcional, houver o impedimento da

    realizao do monitoramento sismogrfico,

    pode ser considerada atendida essa Norma com relao velocidade de vibrao de partcula

    de pico, se for obedecida uma distncia

    escalonada que cumpra com as seguintes exigncias:

    DE 40 m/kg0,5 para D 300 m

    Norma Portuguesa (NP 2074): Em Portugal, vigora a Portaria n 457/83, de 19

    de Abril, que instituiu a Norma Portuguesa (NP) n 2074, intitulada "Avaliao da

    influncia em construes de vibraes

    provocadas por exploses ou solicitaes similares".

    A norma portuguesa segue, em linhas gerais, a

    norma alem DIN 4150, determinando, em particular, um critrio de controle dos

    parmetros caractersticos das vibraes

    produzidas em mineraes e seus efeitos nos

    edifcios. Esta norma estabelece, de um modo

    conservador, o valor limite para a velocidade

    da vibrao de pico (VR), como um produto de trs fatores (Equao 10), destinados a

    contemplar o tipo do terreno de fundao (), o tipo da construo (), e a periodicidade diria das solicitaes ().

    (10)

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    Com o auxlio da equao anterior e dentro da

    gama possvel das constantes , e , podem ser resumidas todas as situaes previstas, e os

    correspondentes valores admissveis, previstos na referida norma, conforme se ilustra na

    Error! No se encuentra el origen de la

    referencia..

    Esteves (1994) props, alm da considerao

    das caractersticas anteriormente mencionadas,

    a considerao da frequncia. O parmetro

    usado para avaliar o nvel de vibrao a soma vetorial das trs componentes ortogonais da

    velocidade de partcula, ou simplesmente

    tomando-se o valor mximo de cada eixo.

    Tabela 2. Limites dos valores de vibrao de partcula em mm/s segundo a norma NP 2074 (NP 2074, 1983).

    Tipo de solo (afetam os valores da constante )

    Solos incoerentes

    (areias inconsolidadas)

    Solos de consistncia muito

    dura, dura e mdia; solos

    compactos incoerentes

    Solos de alta

    coerncia e

    rochas

    Velocidade da onda Cp < 1000 m/s 1000 < Cp < 2000 m/s Cp > 2000

    m/s

    Tipos de Construo

    (afetam os valores da

    constante ) =1,0 =1,0 =1,0

    Tipo A - Construes que

    requerem cuidados

    especiais (monumentos

    histricos, museus,

    prdios muito altos)

    3 5 10

    Tipo B - Construes

    normais (habitaes) 5 10 20

    Tipo C - Construes

    reforadas (prdios a

    prova de terremotos)

    15 30 60

    Legenda: Cp - Velocidade de propagao das ondas ssmicas longitudinais no terreno (rocha ou solo)

    Nota: Em cada situao, a constante aplicada no sentido de reduzir em 30% ( =0,7) os valores da velocidade, caso se efetue mais de trs detonaes dirias, ou seja, se for aplicada uma fonte vibratria permanente ou quase.

    A NP 2074 difere da maioria das outras

    normas, por envolver as caractersticas do terreno, em que as estruturas esto fundadas, e

    o nmero de eventos dirios. O valor mximo

    admissvel (da NP 2074) alcana 60 mm.s-1,

    incorporando um elevado fator de segurana, apenas justificvel para a preveno de danos

    superficiais nas estruturas. Contudo, a

    subjetividade na classificao do grau de resistncia das estruturas pode tornar arbitrrio

    o estabelecimento dos valores limites

    admissveis. A ausncia da frequncia ondulatria nessa

    norma constitui uma limitao significativa,

    dada extrema importncia desse parmetro.

    De fato, a frequncia da vibrao um parmetro considerado necessrio no contexto

    da maioria dos critrios de dano, vigentes a

    nvel internacional.

    3. DIAGRAMA DE FOGO PARA

    ESCAVAO DE TNEIS

    Segundo Silva, C., 2009, chama-se diagrama ou plano de fogo o plano que engloba o conjunto dos elementos que permitem uma

    perfurao e detonao correta de um tnel, galeria, poo, etc., atravs do equipamento

    previsto para este servio e dos tempos

    necessrios ao cumprimento do cronograma. A primeira parte de um plano de fogo refere-se

    determinao do explosivo e sua forma de

    detonao. Seguem-se a verificao do projeto e o estudo do tempo. A Figura 8 mostra as

    zonas de um desmonte de um tnel ou galeria.

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    Figura 8. Zonas de uma seo de galeria ou tnel

    (Jimeno, 2004).

    A operao unitria de perfurao e desmonte

    por explosivos usada em tneis realizada

    perfurando-se a rocha na frente de avano do tnel ou galeria com uma srie de furos de

    mina nos quais se coloca o explosivo

    juntamente com linha silenciosa para tnel (Brinel, Exel etc.), cordel detonante

    (Manticord, Britacord etc.) e estopim

    espoletado (Britapim, Mantopim, Espoletim etc.), (Silva, C., 2009).

    Os furos na seo do tnel ou galeria e a sua

    sequncia de iniciao so dispostos segundo

    um plano previamente estabelecido que ir determinar como a rocha vai se romper, em

    geral denominado como diagrama de fogo.

    Segundo Silva, C., 2009, os primeiros furos a detonarem devem criar um vazio para o qual se

    lana sucessivamente o resto da rocha. Esta

    abertura, o pilo, que em geral ocupa 1 m2 da

    frente de avano, a chave que abre a rocha at uma profundidade que depende da forma e

    sucesso conseguido no mesmo.

    As fases seguintes do desmonte, repartidas no espao remanescente, devem ser projetadas

    para se obter o contorno desejado com um

    menor dano possvel da rocha remanescente. A maior parte da rocha de um desmonte por

    explosivos em um tnel deve romper, contra

    uma face mais ou menos livre, o que significa

    com um ngulo inferior a 90 (Silva, C., 2009).

    3.1 Alguns elementos do diagrama de fogo

    a) Dimetro da perfurao da rocha Pequenos dimetros de perfurao,

    frequentemente, necessitam de um ciclo de

    perfurao, detonao e carregamento a ser

    completado em uma ou mais vezes por turno. Em tneis perfurados com grande dimetro, o

    ciclo de perfurao, de detonao, de

    carregamento e de reforo da rocha ser influenciado no somente pelo tempo para

    executar a tarefa, mas tambm pelos seguintes

    fatores (Silva, C., 2009):

    as necessidades de reforo que limitam o avano da face;

    a preocupao com os nveis de vibrao que restringem a massa e a profundidade da carga;

    a logstica da movimentao necessria dos equipamentos para execuo de uma determinada tarefa, mantendo fora do circuito

    outras atividades que poderiam ser feitas

    simultaneamente.

    b) Formas de ataque mais comuns (sistemas de avano)

    Em rochas competentes os tneis com sees inferiores a 100 m

    2 podem ser escavados com

    perfurao e desmonte seo plena. As

    escavaes por fase so utilizadas na abertura de grandes tneis onde a seo demasiada

    grande para ser coberta pelo equipamento de

    perfurao ou quando as caractersticas

    geomecnicas das rochas no permitem a escavao plena seo.

    As cinco formas de ataque mais comuns so

    (Silva, C., 2009):

    Seo Plena; Galeria Superior e Bancada; Galeria Lateral; Abertura Integral da Galeria Superior e Bancada;

    Galerias mltiplas.

    1. Seo Plena Sempre que possvel o sistema conhecido por sistema ingls ou avano de seo plena

    escolhido para realizar um determinado avano

    que ocorre de uma s vez.

    As principais vantagens da abertura de tneis por seo plena constituem que esse tipo de

    avano permite a aplicao de equipamento de

    alta capacidade, e consequentemente o procedimento que atinge as maiores

    velocidades de avano nas frentes.

    Existem srias restries quando as sees so maiores principalmente em reas de grande

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    tenso tectnica, quando a descompresso da

    rocha pode causar srios problemas de

    exploso da rocha (rock bursting).

    2. Galeria Superior e Bancada A rea total retirada em duas sees, sendo a superior uma galeria de seo em forma de

    arco (parte da pata de cavalo) sempre em

    primeiro lugar, ficando sempre frente da

    bancada inferior. As principais vantagens desta forma de ataque esto na reduo de armaes,

    pois sempre h bancadas para trabalhar em

    cima. O avano da bancada inferior fica

    condicionado ao avano da abertura da galeria

    superior, assim algum problema que ocorra na parte superior se reflete no avano inferior.

    3. Galeria Lateral O sistema de ataque que abre a metade da rea da seo do tnel, porm subdividindo o

    mesmo em duas galerias que so detonadas

    separadamente, tambm conhecido pelo nome de sistema belga.

    Na escolha da forma de ataque ou mtodo de

    escavao deve-se levar em conta o sistema de suporte a ser empregado. Esta seleo de

    mtodo sempre consiste de um compromisso

    entre uma tentativa de acelerar ao mximo a

    operao de abertura e a necessidade de suportar a rocha antes que esta caia no tnel

    originando problemas de segurana ou

    estabilidade. Por isso o mtodo de ataque depende do comportamento e da dimenso e

    forma da seo transversal do tnel, e

    principalmente do tipo e natureza e

    comportamento mecnico estrutural da rocha.

    c) Piles Para um desmonte ser econmico, necessrio que a rocha a ser desmontada tenha face livre.

    Em algumas aplicaes de desmontes essas

    faces livres inexistem como o caso do

    desenvolvimento de tneis, poos (shafts) e

    outras aberturas subterrneas, onde se torna

    necessrio criar faces livres artificialmente. Isto feito preliminarmente no desmonte

    principal, atravs da perfurao e detonao de

    uma abertura na face da perfurao. Essa abertura denominada pilo (cut). A seleo do pilo depende no somente das

    caractersticas da rocha e da presena de juntas

    e planos de fraqueza, mas tambm da habilidade do operador, do equipamento

    utilizado, do tamanho da frente, da

    profundidade do desmonte e a localizao do material resultante da detonao. Os principais

    tipos de pilo so:

    Pilo em centro ou em pirmide (Center Cut);

    Pilo em V (Wedge Cut); Pilo Noruegus (The Draw Cut); Pilo Coromant; Pilo queimado ou estraalhante (The Burn Cut); Pilo em Cratera; Pilo Circular ou Pilo de Furos Grandes.

    4. METODOLOGIA

    fundamental que os impactos ambientais sejam abordados segundo procedimentos

    tcnico-cientficos apropriados e tambm

    segundo uma gesto ambiental que permita mitigar ou atenuar estes efeitos a nveis

    padres permitidos pelas normas e

    regulamentaes existentes.

    A metodologia proposta baseada em dados obtidos por ensaios realizados pela empresa

    E.P.M. num conjunto de medies de

    vibraes provenientes de detonaes de pequenas cargas explosivas nas imediaes do

    tnel escavado (Tabela 3).

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    Tabela 3. Valores obtidos no registo de vibraes pela E.P.M. (Empresa de Projectos Mineros S.A., 2001).

    Registo

    N.

    PVS

    (mm/s)

    Cargas

    Detonadas (kg)

    Distncias

    (m)

    Registo

    N.

    PVS

    (mm/s)

    Cargas

    Detonadas (kg)

    Distncias

    (m)

    1 27.59 0.278 15.5 33 2.06 0.139 34.2

    2 17.69 0.208 17.5 34 1.47 0.139 37.6

    3 9.69 0.139 19.0 35 9.66 0.278 43.5

    4 17.05 0.347 19.0 36 5.57 0.208 45.9

    5 10.85 0.139 18.6 37 4.01 0.139 47.6

    6 14.88 0.278 20.6 38 6.21 0.348 47.6

    7 8.43 0.139 20.6 39 3.70 0.139 48.1

    8 8.73 0.139 22.4 40 5.70 0.278 49.5

    9 4.02 0.139 23.8 41 2.63 0.139 50.2

    10 11.2 0.417 27.6 42 2.77 0.139 52.0

    11 15.2 0.347 25.5 43 1.98 0.139 53.7

    12 4.22 0.208 28.9 44 11.83 0.417 55.8

    13 0.76 0.069 32.3 45 13.11 0.348 54.0

    14 2.25 0.139 35.2 46 2.71 0.209 58.7

    15 2.55 0.208 38.3 47 12.09 0.278 29.0

    16 2.02 0.139 41.2 48 9.29 0.209 31.3

    17 0.95 0.139 44.7 49 5.89 0.139 33.0

    18 64.68 0.278 10.3 50 11.2 0.348 33.0

    19 41.55 0.208 11.7 51 5.39 0.139 33.3

    20 30.54 0.139 12.8 52 13.9 0.278 34.9

    21 51.99 0.348 12.8 53 4.60 0.139 35.3

    22 26.52 0.139 11.6 54 5.19 0.139 37.1

    23 47.42 0.278 14.1 55 1.98 0.139 38.7

    24 18.82 0.139 13.5 56 11.11 0.417 40.9

    25 20.31 0.139 15.1 57 10.70 0.348 39.5

    26 5.50 0.139 16.3 58 2.47 0.209 43.7

    27 23.06 0.417 21.8 59 1.69 0.139 49.3

    28 26.58 0.348 19.1 60 1.49 0.209 52.6

    29 7.51 0.208 21.4 61 1.23 0.139 55.6

    30 1.18 0.069 24.8 62 0.79 0.139 59.1

    31 3.82 0.139 28.4 63 1.49 0.209 52.6

    32 2.14 0.208 31.4 64 1.23 0.139 5.0

    O projeto deste tnel visava construir 593

    metros de comprimento total (mais tarde ampliada para 642.8 metros) e seco de 100

    m2 em ferradura com arco invertido, localizada

    a uma profundidade mxima de 30 metros

    (trecho central do tnel de 303 metros), numa rea densamente urbanizada, que inclui

    diversas edificaes antigas.

    O macio rochoso granito de Porto com elevada resistncia mecnica quando so e

    com presena de algumas alteraes, em

    especial prximo da superfcie.

    4.1 Software MLINREG.BAS

    Com o objetivo de se obter uma lei de

    propagao das vibraes mais ajustada,

    utilizou-se como ferramenta o programa computacional MLINREG.BAS. Uma vez

    recolhida e organizada a base de dados com os

    dados relativos aos parmetros v, Q e D, o

    programa nos permite a determinao das

    constantes , b e c, para que em qualquer momento, se possam simular situaes

    pertinentes resoluo de problemas

    relacionados com vibraes, em tempo real. Este programa, tal como o prprio nome indica

    (Multiple LINear REGression), baseia-se no

    mtodo estatstico de regresso linear mltipla,

    utilizando a linguagem de programao BASIC.

    Como mostrado na seo 2.3, a aplicao de

    um mtodo numrico de regresso linear lei de propagao das vibraes nos terrenos

    obriga a aplicar logaritmos a ambos os termos

    da equao, de forma a transformar os expoentes em coeficientes (Louro, 2009, apud

    Bernardo & Vidal, 2005), como se pode ver

    pelas equaes (4 e 5) mostradas abaixo:

    Desta forma, obtm-se uma expresso equivalente qual podem ser associadas outras

    variveis: Y, X1 e X2, em vez de v, Q e D,

    respectivamente, sendo: , e . Assim, obtm-se outra equao em que a varivel dependente

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    (Y) passa a ser funo de duas variveis

    independentes (X), com a vantagem de estas,

    por apresentarem expoentes iguais unidade, permitirem aplicar uma regresso linear, que

    mltipla porque existe mais do que uma

    varivel independente ( e ), (Louro, 2009, apud Bernardo & Vidal, 2005).

    (11) A tarefa do MLINREG.BAS simplesmente

    determinar os coeficientes , que permitem melhor ajustar as variveis Y e X, considerando o conjunto de dados de input do

    problema.

    Visto que esses dados de input so

    experimentais, admite-se que ocorram desvios e haja necessidade de extrair valores anmalos

    (outliers) o que se sugere que seja feito por um

    processo grfico e verificado por comparao dos coeficientes de correlao da regresso,

    sendo que no se pretende extrair mais de 10

    % dos dados. Uma vez determinados os coeficientes que

    maximizam esta correlao, devem ser

    transformados os coeficientes , nos coeficientes , b e c originais. Para tal, devem ser consideradas as seguintes igualdades

    (Louro, 2009, apud Bernardo & Vidal, 2005):

    = , e

    4.2 Software TUNNPLAN v1.17

    O programa TUNNPLAN v1.17 um software

    utilizado para realizar projeto de diagrama de

    fogo em aberturas subterrneas, como tneis, permitindo a definio da malha de furos

    perfurao, da carga explosiva e dos tempos de

    retardo dos furos. O TUNNPLAN permite projetar diagramas de

    fogo para escavao de tneis em zonas

    sensveis, ou seja, zonas urbanas prximas rea de detonao, o que auxilia no controle de

    danos e minimiza o incmodo humano com

    relao s vibraes. Sua interface grfica

    pode ser vista na Figura 9. A estrutura operacional do programa est

    composta por um mdulo que permite:

    A seleo do tipo de seo do tnel: rodovirio, de contorno circular, hidrulico e

    tnel com paredes verticais. Tambm

    possvel definir uma seo especfica diferente das padronizadas pelo programa mediante

    arcos e segmentos;

    Dimensionar a geometria e localizao dos furos de perfurao: insero e dimensionamento dos furos de pilo, furos de

    contorno (teto e piso), furos de parede,

    intermedirios laterais e acima ao pilo;

    Dimensionar a carga explosiva e tempos de retardo do diagrama de fogo,

    obtendo-se como resultado uma representao

    grfica com todos os parmetros do diagrama.

    Figura 9. Interface grfica do programa TUNNPLANN v1.17 (autoria prpria)

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    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    Com os valores dos coeficientes de correlao

    obtidos pela regresso linear mltipla atravs

    do programa MLINREG.BAS, pode-se

    correlaciona-los com a equao 11, obtendo a equao 12, que representa a lei de propagao

    de vibrao para este estudo de caso, os

    resultados podem ser analisados na Tabela 4.

    (12) Considerando uma velocidade mxima

    admissvel VL de acordo com a Norma

    Portuguesa NP2074, para os trs tipos de terreno, para estruturas localizadas a distncias

    de 5 a 100 m do local de detonao do

    explosivo e para construes de tipo A, B e C,

    a carga mxima admissvel Q a ser detonado por furo foi determinada de acordo com a

    equao 10.

    A Figura 10 representa graficamente a carga explosiva mxima a aplicar em cada furo para

    distintas distncias considerando solos de alta

    coerncia e rochas, sendo a velocidade da onda Cp > 2000 m/s, segundo a Norma Portuguesa

    NP 2074.

    Estas representaes grficas da carga mxima

    por furo em funo das distncias para uma

    dada velocidade de vibrao limite, desde o ponto de detonao, so ferramentas essenciais

    para a comparao dos nveis de vibrao a

    que as estruturas e fundaes prximas esto expostas, logo, so fundamentais para

    preveno e controle dos danos e perturbaes

    para estas estruturas existentes.

    Considerando as informaes de projeto do tnel do Porto (profundidade mxima de 30

    metros; macio rochoso correspondente a

    granito com elevada resistncia mecnica com poucas alteraes; rea densamente

    urbanizada, que inclui diversas edificaes

    antigas) determinou-se o valor de carga mxima admissvel de explosivo, que pode ser

    feito pelo clculo atravs da equao 12 ou

    simplesmente por anlise grfica da Error!

    No se encuentra el origen de la referencia.10, obtendo um valor de 0,271 kg,

    conforme a velocidade de partcula limite

    definida pela Norma Portuguesa (Error! No se encuentra el origen de la referencia. solos de alta coerncia e rocha com relao a

    construes que requerem cuidados especiais, Vp = 10 mm/s).

    Tabela 4. Coeficientes de correlao obtidos (autoria prpria).

    Equao Coeficientes Regresso

    = 3,657172 = 1,512746 = -1,219575 = 67% Equivalncia = b = c =

    = 4541,21 b = 1,51 c = -1,22

    Figura 10. Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos de

    construo (tipo A, B e C) (autoria prpria).

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    0 50 100 150

    Carga M

    xim

    a p

    or F

    uro (

    kg

    )

    Distncia (m)

    Tipo A (Vp = 10mm/s)

    Tipo B (Vp = 20mm/s)

    Tipo C (Vp = 60mm/s)

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    Para o tnel do Porto escolheu-se como

    explosivo o emulex, uma emulso leve

    desenvolvida pela empresa S.E.C.. A partir da carga mxima de explosivos

    admissvel obtida, foi possvel determinar os

    demais parmetros para o dimensionamento do diagrama de fogo, que foram utilizados no

    programa TUNNPLAN v1.17.

    Em um projeto de dimensionamento de

    diagrama de fogo, h diversas consideraes de inmeros autores sobre o melhor mtodo de

    clculo e determinao dos principais

    parmetros a serem utilizados, logo, a partir

    dos modelos e equaes apresentados por Silva C., 2009 e Jimeno 2004, pde-se chegar s

    consideraes e equaes mais relevantes a

    serem utilizadas nos clculos de dimensionamento de fogo para galerias ou

    tuneis, estes podem ser analisados na Tabela 5. Parmetros para dimensionamento do diagrama

    de fogo (autoria prpria) e Tabela 6.

    Tabela 5. Parmetros para dimensionamento do diagrama de fogo (autoria prpria)

    Consideraes para o Diagrama de Fogo

    Tipo de Rocha Granito

    Tipo de Explosivo Emulex

    Densidade do Explosivo 1,181 g/cm3

    Seo do Tnel 100 m2

    Dimetro do Furo Carregado 0,038 m

    Dimetro do Explosivo 0,035 m

    Dimetro do Furo do Pilo (Sem Carga Explosiva) 0,010 m

    Comprimento da Carga Inerte 0,100 m

    Quantidade de Cartuchos de Explosivo por Furo 3

    Quantidade de Cargas Inertes por Furo 2

    Carga Mxima de Explosivo Admissvel 0,271 kg

    Tabela 6. Clculos dos parmetros utilizados para o dimensionamento do diagrama de fogo (autoria prpria)

    Parmetros do diagrama de fogo Equaes de clculo Resultados

    Furos de

    pilo

    Afastamento entre furos de expanso e os

    furos carregados - primeiro quadrado (a) 0,153 m

    Espaamento entre os furos carregados -

    primeiro quadrado (w) 0,216 m

    Afastamento - segundo quadrado ( ) 0,324 m

    Espaamento - segundo quadrado ( ) 0,458 m

    Tampo dos furos de corte ( ) 0,380 m

    Furos de

    piso e

    laterais

    ao pilo

    Afastamento recomendado ( ) De acordo com Silva, C., p.109, 2009 1,000 m

    Espaamento ( ) 1,100 m

    Tampo dos furos de piso ( ) 0,130 m

    Furos de

    teto e

    hasteais

    Afastamento recomendado ( ) De acordo com Silva, C., p.122, 2009 0,800m

    Espaamento ( ) De acordo com Silva, C., p.122, 2009 0,600 m

    Tampo dos furos de teto (T) 0,130 m

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    Para os

    furos em

    geral

    Razo Linear de Carregamento (RL)

    1,136 kg/m

    Carga de Explosivos (Q) 0,271 kg

    Profundidade da Carga de Explosivo (H) (

    ) 0,238 m

    Profundidade Real do Furo* (Hf) (

    ) 1,295 m

    Avano (X) 1,231 m

    * Profundidade calculada considerando a carga de explosivo mxima admissvel.

    Onde:

    = dimetro do furo de expanso ou vazio (m);

    = dimetro dos furos (m); = dimetro do explosivo (m); = densidade do explosivo (kg/m) = quantidade de cartuchos de explosivo usados por furo;

    = quantidade de cargas inertes usadas por furo;

    = comprimento da carga inerte usada. Pela anlise dos resultados calculados,

    percebe-se que a altura da carga de explosivo obtida para cada furo muito pequena, logo,

    para que o projeto no fosse inviabilizado,

    optou-se por uma metodologia de adicionar cargas inertes entre as cargas de explosivos,

    que sero iniciadas com tempos de retardo

    diferentes, permitindo um aumento

    significativo no comprimento dos furos at um valor aceitvel para operacionalizar o projeto.

    A Figura 11, desenvolvida atravs do

    programa Datamine Studio 3, representa uma seo do tnel, com vista lateral dos furos de pilo e os furos auxiliares ou de corte

    carregados com explosivo, de acordo com o

    mtodo proposto, onde cada primer possui um

    tempo de retardo especfico e diferente dos outros, o que possibilita que as cargas detonem

    em tempos diferentes, diminuindo os nveis de

    vibrao. O programa TUNPLANN v.1.17 no permite o

    dimensionamento do diagrama conforme o

    mtodo acima, inserindo cargas inertes entre as

    cargas explosivas, assim, foi realizado o dimensionamento do diagrama de fogo pelo

    programa, porm considerando uma carga de

    explosivo 3 vezes maior (como utilizada no caso real, com tempos de retardos diferentes

    para o mesmo furo de 25 ms entre as cargas) e um furo com comprimento equivalente ao utilizado pelo mtodo acima demonstrado.

    Figura 11. Seo do tnel com furos de pilo e furos de contorno do pilo carregados com explosivo, onde cada

    carga iniciada com um tempo de retardo especfico (autoria prpria)

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    A representao grfica da seo do tnel do

    Porto, com os devidos furos de perfurao,

    carga explosiva por furo e tempos de retardo pode ser analisada nas figuras 12 e 13, assim

    como as informaes tcnicas sobre o projeto

    (quantidade de explosivo utilizada, quantidade

    de furos, comprimento, entre outros).

    Figura 12. Dimenso e sequncia de detonao para o pilo proposto para o projeto do tnel (autoria prpria)

    Figura 13. Informaes tcnicas de projeto do dimensionamento do tnel do Porto (TUNNPLAN

    v1.17).

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    Figura 14. Seo do tnel com furos carregados com explosivo definindo a sequncia de iniciao

    atravs dos tempos de retardo por furo, que variam de 25ms.

    6. CONCLUSO

    Com base nos resultados e nas metodologias

    utilizadas conclui-se que possvel mensurar e

    controlar de maneira eficaz os impactos ambientais e sociais resultantes do uso de

    explosivos nas escavaes de macios

    rochosos ou em atividades relacionadas com

    detonaes em zonas urbanas sensveis, mantendo os nveis de vibrao, rudo e demais

    efeitos secundrios dentro dos limites padres

    estabelecidos pelas normas vigentes. Trabalhos e obras realizados com uso de

    detonaes prximos a reas urbanas e zonas

    sensveis podem ser realizados com segurana, considerando um ajuste adequado das cargas

    mximas por retardo, quantificadas pelos

    mtodos demonstrados no trabalho, porm,

    de extrema importncia que os dados sejam representativos e os clculos e consideraes

    feitos com todas as precaues e cuidados, a

    fim de se evitar erros. Assim como os programas computacionais

    utilizados, os softwares so ferramentas

    altamente importantes para auxiliar na

    determinao das leis de vibrao e

    quantificao das cargas mximas por retardo

    que podem ser usadas para uma dada distncia, o que facilita o processo e permite maior

    flexibilidade e velocidade no desenvolvimento

    de um projeto. Um diagrama de fogo bem planejado e

    estruturado permite viabilizar um projeto que

    necessite de detonaes em uma rea

    densamente urbanizada ou muito sensvel a vibraes e efeitos danosos a estruturas, porm

    para isso fundamental uma caracterizao

    precisa da lei de vibrao e uma quantificao exata da carga mxima que se deve utilizar

    sem que esta ultrapasse os limites estipulados

    pelas normas vigentes. Por fim, em relao incomodidade humana,

    ser necessrio tomar medidas adequadas de

    gesto e planejamento das detonaes

    considerando os horrios e a presena de pessoas nas habitaes prximas.

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