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DESIGUALDADE E POBREZA NO BRASIL 2. Classes e mobilidade social. Desigualdades econômicas e sociais.

Debate sobre as causas da desigualdade brasileira. Medidas da desigualdade

e pobreza. Discriminação e exclusão social. Dinâmica social no Brasil.

Pedro H. G. Ferreira de Souza

Jul-Ago 2013

Instituto de Gestão, Economia e Políticas Públicas

EPPGG 2013 – Realidade Social Brasileira

(1) Introdução

(2) Medidas de desigualdade e pobreza

(3) Dinâmica social no Brasil

(4) Causas da desigualdade brasileira

(5) Causas da queda da desigualdade brasileira

(6) Nova Classe Média e mobilidade social

(7) Discriminação e exclusão social

(8) Questões

Desigualdade e pobreza no Brasil Jul-Ago 2013

[002] Índice


[003] Introdução

(1) Introdução







(8) Questões

Como pensar sobre as desigualdades socioeconômicas?

Centralidade do conceito de “classe”

- Usado há pelo menos 300 anos, em especial depois da

Revolução Industrial.

- Polissemia: hierarquia contínua, estratos sobrepostos

(tríade) ou dicotomia? Qual dimensão relevante?

- Ascensão: da descrição para a explicação. Adam Smith,

posição na produção → interesses, identidades. Marx foi

mais longe: ação política.

- Queda: da produção para o consumo; Estado de Bem-

Estar; mudanças industriais.


[004] Introdução

Karl Marx e marxistas

Classe como relação. Posição nas relações de produção: dominação e exploração. Revela as contradições no sistema que levarão à mudança. Antagonismo: proprietários vs. trabalhadores. Classe em si e classe para si.

Max Weber

Classe: grupos de pessoas com as mesmas condições de mercado, mesmo acesso a oportunidades. Situação econômica pode ou não gerar ação coletiva. Status (grupos de honra) e partido: outras dimensões.

Críticas

Vínculo problemático entre papel na produção e ação social, identidades. E quem está fora do mercado de trabalho? E conflitos em torno de cor/raça, gênero, orientação sexual?


[005] Introdução

Modelos tradicionais de classe

Grande polissemia (de novo!)

- Efeitos da posição na produção ou mercado de

trabalho sobre chances de vida e identidades

(tradicional).

- Grupos ocupacionais ou setoriais: interesses

econômicos.

-Estratos heterogêneos com base em algum resultado

social (por ex.: classe baixa, média, alta quanto à

renda): categorias nominais. Pode ser dicotômico.

- Conceitos difusos do senso comum.


[006] Introdução

Usos do conceito de classe hoje

Desigualdades

Por que se importar?

Motivos intrínsecos: teorias da justiça

Quais desigualdades são moralmente aceitáveis?

Em que nível?

Exemplos: desigualdade de oportunidades e desigualdade

de resultados.

Motivos instrumentais: efeitos sobre outras dimensões

Crescimento econômico, coesão social, violência,

pobreza*.

Desigualdade de quê?

Fluxos (renda, consumo) ou estoque (patrimônio)?

Entre indivíduos ou entre grupos?


[007] Introdução


[008] Medidas de desigualdade e pobreza

(1) Introdução







(8) Questões



Medidas de tendência central: média, mediana....

vs.

Medidas de dispersão ou desigualdade Exemplos: desvio-padrão, variância, Gini...

Há infinitas medidas possíveis, com propriedades muito diferentes. Algumas são mais desejáveis do que outras.

Como decidir? Consenso sobre quatro propriedades básicas: anonimato, independência de escala, independência de população e princípio das transferências.

Mesmo assim sobram muitas medidas. A mais famosa no estudo da distribuição de renda é o índice (ou coeficiente) de Gini, que também pode ser aplicado a outras áreas.



Interpretação do Gini

O Gini varia entre 0 e 1:

G = 0 → menor desigualdade possível, isto é, não há

desigualdade: todos ganham exatamente a mesma coisa.

G = 1 → maior desigualdade possível, isto é, só um indivíduo

ganha toda a renda e o resto da população não ganha

nada.

Se um país tem Gini de 0.600, a desigualdade

lá é 60% da maior desigualdade possível.

Quanto mais baixo o Gini, menor a desigualdade. Logo, se o

Gini cair ao longo do tempo, a desigualdade caiu. Se o Gini

subir, a desigualdade subiu.



Decomposição do Gini

O Gini pode ser decomposto por fontes de renda, permitindo afirmações do tipo: “a renda do trabalho representa X% da desigualdade total”. (decomposição estática)

O Gini pode ser decomposto ao longo do tempo, permitindo afirmações do tipo: “a renda do trabalho contribui com X% da queda da desigualdade total entre o início e o fim do período”. (decomposição dinâmica).



Propriedades do Gini

Suponha uma população com cinco pessoas, com as rendas:

João ganha R$ 100; José, R$ 150; Antonio, R$ 200; Carlos, R$ 400; e Paulo, R$ 1500.

Gini = ~0.527 → Brasil na Pnad 2011

Se eu...

...transferir R$ 10 de qualquer um para João → Gini cai (princípio das transferências).

...transferir R$ 10 para todos → Gini cai (princípio das transferências).

...trocar as rendas de dois indivíduos → Gini não muda (anonimato).

...multiplicar por 10 a renda de todo mundo → Gini não muda (independência de escala).



Curva de Lorenz

Gini pode ser calculado a partir da Curva de Lorenz:

Fonte: Soares et al, 2010.



Outras medidas de desigualdade

Razões entre médias

Exemplo: razão 20/20 →

Razões entre percentis

Exemplo: razão 90/10 →

Proporção da renda

Exemplo: os 1% mais ricos se apropriam de 15% da renda total.

Medidas intuitivas e úteis... ... mas não atendem ao princípio de transferências.



O que é pobreza? Genericamente: é o estado de privação de um indivíduo cujo bem-

estar é inferior ao mínimo que sua sociedade é moralmente obrigada a

garantir. A pobreza em uma sociedade é o agregado dos estados de

privação dos seus membros.

O que é

bem-estar?

Como

medi-lo?

Fonte: Soares, 2009.

O que incluir?

Como normalizar e ponderar?

Qual a linha de corte?

% da população, fração da

média ou da mediana, Sen, etc.



Como construir uma linha absoluta de pobreza?

Linhas objetivas ou calóricas

Única necessidade humana universal é o imperativo biológico de

comer e beber (respirar é de graça!). Métodos calóricos.

... mas: e os outros nutrientes? E a cesta? Heterogeneidade de

necessidades. Disponibilidade de dados. Complexidade

desnecessária. Pouco robusto. Sensível a preços relativos.

Linhas subjetivas

Pergunta às pessoas e depois pondera ou agrega respostas.

... mas: depende muito de como a pergunta é feita e do grupo de

referência e das expectativas dos indivíduos. Pouco robusto.

Linhas oficiais ou administrativas

Caráter político. Não alegam embasamento científico. Dependem

também de restrições orçamentárias.



Qual a linha de extrema pobreza do Brasil?

Brasil nunca teve uma única linha oficial de pobreza. A rigor, continua assim, mas pode-se considerar a linha do Plano Brasil Sem Miséria como “quase” oficial, pois é a linha priorizada pelo governo.

Quem tem renda domiciliar per capita inferior a R$ 70 é extremamente pobre.

Razões:

a) Foco nos mais pobres entre os pobres; b) Continuidade com a linha do Bolsa Família; c) Compatibilidade com a linha da ONU de PPP US$ 1.25/dia.

Outras linhas:

O Bolsa Família também paga alguns benefícios para a linha de pobreza de R$ 140.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) usa a linha de ¼ do salário mínimo em vigor (R$ 169.50 em 2013).



Como medir ou monitorar a pobreza?

Incidência da pobreza

Número de pobres

Proporção de pobres

Intensidade da pobreza

Hiato médio de pobreza

Hiato médio relativo de pobreza

Desigualdade entre os pobres

Gini, coeficiente de variação ou outras medidas de desigualdade

Foster-Greer-Thorbecke (FGT) =

FGT(0) = P0 = Proporção

FGT(1) = P1 = Proporção vezes hiato médio relativo O FGT(2) ou P2 leva em conta proporção, HMR e desigualdade

)(1

)(1

H

i

i

z

yz

NFGT



Quais bancos de dados existem?

Pesquisas domiciliares

Exemplos: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD); Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF);

Censo Demográfico, etc.

Registros administrativos

Exemplos: Cadastro Único, Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS), Cadastro Geral de Empregados e

Desempregados (Caged), etc.

Cada banco de dados tem suas particularidades. Raramente os

níveis de desigualdade, pobreza etc. são idênticos. Em geral, as

tendências são parecidas nos bancos mais comparáveis.


[020] Dinâmica social no Brasil

(1) Introdução







(8) Questões



Produto Interno Bruto

O PIB é a soma do valor de mercado de todos os bens finais e serviços produzidos em um país em um dado intervalo de tempo. O PIB per capita é a divisão do PIB pela população total. Para comparações no tempo, utilizam-se valores constantes por causa da inflação: PIB real.

O PIB não se refere a indivíduos; não é possível calcular desigualdade.

Sob a ótica da renda: valor bruto da produção mais impostos sobre produtos (líquidos de subsídios) menos consumo intermediário

Sob a ótica do consumo: despesa de consumo final mais formação bruta de capital fixo mais variação de estoques mais exportação de bens e serviços menos importação de bens e serviços



Crescimento do PIB per capita real (%)

1.0 1.5

2.7 2.6 3.2

3.8

2.9

5.5

-0.5

0.8

2.2

1900-1

0

1910-2

0

1920-3

0

1930-4

0

1940-5

0

1950-6

0

1960-7

0

1970-8

0

1980-9

0

1990-0

0

2000-1

0

Em 2012, era R$ 22,7 mil (R$ 1892/mês). Comparação: em

2008, igual aos EUA em 1939 e 20% dos EUA em 2008 (PPP).

Fon

te: Ip

ea

da

ta.



Por quê?

Estabilização macroeconômica: Plano Real, 1994.

INPC em 1993 foi de: 2489%; média depois de 1994 foi de 7.5%.

Anos 1990: câmbio valorizado, balança comercial deficitária, altas

taxas de juros, dívida pública crescente, sem ajuste fiscal sério,

crises internacionais. Crise cambial em 1999.

Anos 2000: crescimento das exportações com boom de commodities,

depois ampliação do mercado interno.

Balança comercial sai de

- US$ 698 mi em 2000 para

+ US$ 46.5 bi em 2007

Crédito: ~24% do PIB em

2003, ~53% do PIB em 2012.



Geração de empregos formais (milhares)

658 591 762

645

1523

1254 1229

1617 1452

995

2137

1566

868

2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Fon

te: Ip

ea

da

ta.

PNADs 2001 e 2011, população de 16 ou mais:

Desemprego/PEA: cai de 9.2% para 6.6% (-4.4pp);

Formalização/PO: sobe de 43.2% para 52.3% (+9.1pp);

Renda (R$ 2011): sobe de R$ 1168 para R$ 1354 (+16%).



Renda domiciliar per capita (R$ 2011)

Fon

te: m

icro

da

do

s d

as P

na

ds.

585 542

763

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011

Queda de 7% entre 1995-2003 vs.

crescimento de 40% entre 2003-2011



Gini da renda domiciliar per capita (x100)

Fon

te: m

icro

da

do

s d

as P

na

ds.

Redução começa tímida no final dos anos 1990 e acelera na

virada para os anos 2000 – antes da retomada do crescimento.

Queda total de 11% entre 2001 e 2011. Mas nível ainda é alto.

59.9 59.4

52.7

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011



Extrema pobreza e pobreza (%)

Fon

te: m

icro

da

do

s d

as P

na

ds.

Estabilidade durante fase de baixo crescimento (até 2003).

Queda rápida e contínua desde então.

9.2 8.9

4.2

23.8

24.7

10.4

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011



Crescimento por décimos, 2003-2011 (%)

Fon

te: m

icro

da

do

s d

as P

na

ds.

Todos ganharam, mas os mais pobres ganharam mais em

termos relativos. Somente os 20% mais ricos cresceram abaixo

da média nacional.

81 81 78 71 68

61 54

45 36

27

10% mais

pobres

2 3 4 5 6 7 8 9 10% mais ricos



América Latina

Países Crescimento do PIB, 2002-2009

(% por ano)

Variação do Índice de Gini

nos anos 2000 (%)

Argentina 3.7 -15

Brasil 3.7 -9

Chile 4.2 -6

Colômbia 4.4 -1

México 2.8 -6

Peru 5.6 -13

Venezuela 4.4 -1

Fonte: GDP Growth: United Nations. World Economic Situation and Prospects 2011. Inequality: Socio-Economic Database for Latin America and the

Caribbean (CEDLAS and The World Bank). Note that in order to ensure comparability CEDLAS makes a wide range of adjustments to the original

data sets. The years used to estimate the Gini coefficient are as follows: Argentina, 2003-2009; Brazil, 2001-2009; Chile, 2000-2009; Colombia, 2001-

2004; Mexico, 2000-2008; Peru, 2003-2009; Venezuela, 2000-2006.

Comparações internacionais são sempre imprecisas, mas está claro que os

anos 2000 foram bons para quase toda a América Latina.


[030] Causas da desigualdade brasileira

(1) Introdução







(8) Questões


[031] Causas da desigualdade no Brasil

Diagnósticos históricos tradicionais

Herança colonial

Escravidão

Concentração de terras: latifúndios

Século XX

Primeiro, exportação de bens primários. Depois, industrialização via substituição de importações

- Intensiva em capital: progressos técnicos exógenos + contexto de abundância de mão de obra: excedente estrutural.

- Com estrutura agrária concentrada + baixa geração de empregos industriais: urbanização com hipertrofia do setor de serviços.

- Heterogeneidade estrutural: diferenças brutais de produtividade, industrialização restrita.

- Produção orientada para a elite modernizada (emula o centro), dinamismo da demanda requer “aumentos da taxa de exploração” (ie: aumento da desigualdade).

- Distribuição funcional da renda.


[032] Causas da desigualdade no Brasil

Debates contemporâneos

Educação Oportunidades desiguais na preparação para o mercado de trabalho:

diferenças de produtividade reveladas pelo mercado.

Baixo nível e alta desigualdade: enormes retornos à educação (prêmio educacional).

Estado Gastos (conjunto dos fluxos monetários para as famílias é regressivo),

tributos (composição da tributação dá pouco peso aos tributos diretos, que são progressivos) e afins.

Discriminação Tratamento desigual dado a indivíduos com base no pertencimento (real ou

imaginado) a algum grupo. Exemplos principais: racial ou por gênero.

Segmentação do mercado de trabalho Barreiras que levam à existência de vários mercados, e não apenas um

mercado de trabalho competitivo. Exemplos: regional e formal/informal.

Outros fatores Concentração fundiária, acesso a crédito, estrutura ocupacional etc.


[033] Causas da queda da desigualdade brasileira

(1) Introdução







(8) Questões


[034] Causas da queda desigualdade no Brasil

Principal causa: mercado de trabalho

Renda do trabalho representa a maior parte da renda familiar. Desde o final dos anos 1990, a desigualdade nos rendimentos dos trabalhadores está em queda.

Educação

- Sempre foi apontada como uma das principais causas da desigualdade. Felizmente: aumento do nível médio + menor desigualdade educacional.

- Desde 1988, reformas aumentaram cobertura e gastos: menos de 3% do PIB em 1980, mais de 5% hoje. Gasto real por aluno dobrou entre 2000 e 2010 (investimento público direto por estudante).

- Começamos a corrigir viés pró-Ensino Superior: em 2000, IPE/estudante no Ensino Superior era 11 vezes maior do que no Fundamental; em 2010, menos de 5 vezes.



Alguns outros números da educação

Pnad 1995 e 2009: Analfabetismo (15-24 anos): de 7.1% para 1.9%;

Frequência escolar...

...6-14 anos: de 89% para 98%;

...15-17 anos: de 67% para 85%.

Média de anos de estudo da PEA: de 5.8 para 8.3;

Percentual da PEA...

... com pelo menos o Ensino Médio: de 21% para 44%; com Ensino Superior: de 6% para 10%.

Queda na taxa de distorção idade-série.

Dados do INEP, 1995 e 2007: Ingressos no Ensino Superior: de 510 mil para 1.5 mi;

Concluintes no Ensino Superior: de 254 mil para 760 mil.

Resultado: grande redução dos diferenciais de remuneração por nível educacional.



Ainda mercado de trabalho:

Salário Mínimo (R$ 678 hoje) Valor real praticamente dobrou desde 1995.

Ganhos reais já nos anos 1990; ritmo muito mais forte desde 1995.

Entre 10% e 15% da força de trabalho ganha o SM.

Formalização Bom momento da economia.

Aumento do tamanho médio das empresas.

Maior integração do mercado de trabalho Menor desigualdade entre áreas urbanas e rurais, entre grandes

regiões, entre RMs/não RMs.

Menor desigualdade entre brancos e negros (pretos + pardos).



Políticas sociais e queda da desigualdade

Programa Bolsa Família

- Depois do mercado de trabalho, foi a principal causa da queda da

desigualdade – dependendo do ano, 10-20% da queda total.

- Pequeno em termos orçamentários (~0.5% do PIB), muito bem

focalizado nos mais pobres. Em 2012: 13.9 bi famílias; R$ 21.2 bi.

- Hoje – depois das mudanças recentes – transfere cerca de

R$ 150 por família.

- Outros efeitos do PBF:

Educação: em geral, efeitos positivos, mas bem pequenos;

Oferta de trabalho: nenhum efeito negativo*;

Formalidade: ambíguo, em geral nenhum efeito;

Fecundidade: nenhum efeito negativo.



Políticas sociais e queda da desigualdade

Previdência Social

- Heterogeneidade: RGPS (ou INSS ou simplesmente Previdência)

e RPPSs. Mais de 10% do PIB, mais de 30 milhões de

benefícios/mês.

- Expansão importante desde a CF88. Hoje, quase 90% dos idosos

recebem aposentadorias ou pensões.

- Indexação ao SM: Cerca de 2/3 dos benefícios são de 1SM. Há

mais inativos do que ativos recebendo o SM.

Benefício de Prestação Continuada

- Focalizado em idosos pobres ou pessoas com deficiência pobres.

- Benefícios de 1SM. Cerca de 4m benefícios; ~0.7% do PIB.


[039] Nova Classe Média e mobilidade social

(1) Introdução







(8) Questões



A famosa “Nova Classe Média”

Crescimento da economia e redução da desigualdade e da pobreza = aumento da capacidade de consumo de milhões de pessoas.

Como tratar desse novo grupo? Marcelo Neri, então na FGV, deu o nome de “nova classe média”. Inspiração no “Critério Brasil”. No final de 2011, a Secretaria de Assuntos Estratégicos montou GT para definir o que seria a “classe média”. Não é uma definição oficial, mas tem muita influência.

Justificativa da SAE: “... o conceito de classe média é apenas um instrumento

analítico capaz de organizar e hierarquizar a heterogeneidade das famílias

brasileiras de tal forma a identificar o grupo no meio da pirâmide social. Sua

validade deve ser avaliada não em termos de sua fidedignidade, mas sim em

termos de sua utilidade analítica, seja para a compreensão da dinâmica social

brasileira, seja para a melhoria do desenho e da adequação dos diversos

programas sociais, contribuindo, portanto, para a sua maior eficácia.”



Definição da SAE

Opta por critério unidimensional – renda domiciliar per capita (rdpc) - embora admitindo que opção multidimensional seria ideal. Justificativa: facilidade de cálculo e interpretação, exigência de dados, importância da renda.

Classe média no sentido estatístico: famílias no meio da distribuição de renda.

Etapas:

1) Cálculo do grau de vulnerabilidade à pobreza: “probabilidade de retorno (ou permanência, se a pessoa já era pobre) à condição de pobreza em algum momento dos próximos 5 anos”. Dados das Pnads, linha de R$ 140 (Bolsa Família).

2) Divide a população em 100 pedaços de acordo com a rdpc e usa método de polarização para classificar os 100 pedaços em 3 grupos com maior homogeneidade possível (classes baixa, média, alta).



Classe média (“nova” e “antiga”):

rdpc entre R$ 291 e R$ 1019.

Subdivisões via polarização.

Classe baixa: rdpc até R$ 291.

subdivisões do BSM/PBF.

Classe alta: rdpc > R$ 1019.

Subdivisões via polarização.

SAE: “classe alta” ≠ “ricos”.



Classes baixa, média e alta em 2012



Evolução, 2002 a 2012

Mais 37 mi na classe

média = 8 mi pelo

crescimento natural +

29 mi por mudanças

sociais (crescimento e

principalmente queda

da desigualdade).

Mobilidade social =

21% da população

subiu da baixa para a

média; 6% da média

para a alta.



Classe média, renda e consumo

Brasil é hoje o 5º país mais populoso do mundo e o 8º maior mercado consumidor.

- Classe média brasileira representa 53% da pop., 36% da renda e 38% do consumo das famílias. Se fosse um país, seria o 12º em pop. e o 18º em mercado consumidor (à frente de Holanda e Suíça, por exemplo).

Quem é a classe média? - Muito heterogênea. Mas, para resumir, “está bastante concentrada na área urbana, na região Sudeste, nas pessoas com educação média, nos trabalhadores formais e nos segmentos de indústria e comércio”. Quase 60% dos trabalhadores formais estão na classe média.

Determinantes do crescimento da renda da classe média - Produtividade do trabalho; cobertura e valor das transferências; demografia; acesso ao trabalho.



Os muitos significados da “mobilidade social”

Mudanças no tamanho de grupos sociais

Ascendente, imobilidade, descendente. “Mobilidade estrutural”. “Absoluta”, ganhos de bem-estar. Debate sobre nova classe média.

Trajetória dos indivíduos

Idem. “Mobilidade de circulação”. Desigualdade de oportunidades. Chances relativas. Fluxos entre posições (ocupações, renda etc.).

Teoria(s) liberais da modernização: racionalização do processo produtivo, mais mobilidade social, menos desigualdade de oportunidades, meritocracia, desigualdade funcional de resultados.

Brasil: houve muita mobilidade estrutural; há grandes desigualdades de oportunidades (melhorando ao longo do tempo); movimentos predominantemente de curta distância.


[047] Discriminação e exclusão social

(1) Introdução







(8) Questões



“Discriminação”

Tema difícil; diz respeito principalmente a desigualdades entre

grupos – tratamento desigual com base no pertencimento a

grupos.

Nem toda desigualdade entre grupos é resultado de

discriminação.

Literatura distingue entre “discriminação estatística” e

“discriminação substantiva”.



Desigualdades raciais

Depois de longa estabilidade, desigualdade racial de renda começou a

declinar no início dos anos 2000, junto com desigualdade total. Em

2011, razão entre rendas médias de negros e brancos estava 54.1%.

Ou seja: apesar das melhoras ainda há muita desigualdade.

Raça ou classe? Literatura mostra que classe (origem) é principal

obstáculo, mas também permanecem desigualdades raciais

propriamente ditas. Freio que impede equalização mais rápida.



Perfil da pobreza: distribuição espacial

Maior concentração dos mais pobres em pequenos no N/NE, em

especial em pequenos municípios.



Perfil da pobreza: composição da renda

Inatividade crescente entre os mais pobres: pessoas sem conexão

com mercado de trabalho. SM como proteção contra extrema pobreza.

Transferências compensaram em parte.



Perfil da pobreza: outros

... grandes diferenças educacionais e raciais entre estratos –

mas estão diminuindo (pobres e extremamente pobres

idênticos);

... famílias mais pobres são mais numerosas, mas diferenças

são muito, muito pequenas, irrelevantes para explicar

pobreza;

... enormes diferenças no acesso a serviços públicos de água,

esgoto e coleta de lixo – estão diminuindo, mas em ritmo

lento; carências até entre não pobres (esgoto);

... grandes diferenças no acesso a bens de consumo – estão

diminuindo rapidamente; carências até entre não pobres.



(1) Introdução







(8) Questões

É o Índice de Gini!

Resposta: (C)


[054] Questões

Analista de Planejamento 2009/2010 ESAF

Que pergunta... Vamos lá: a) Ok; b) Ok; c) ok; d) opa... ”dimensão especulativa e naturalista”? Errado!; e) Ok.


[055] Questões

Analista de Planejamento 2009/2010 ESAF


[056] Questões

Ipea 2008 CESPE

Errado! Não foi

“interrompida”.

Errado!

“aumento do emprego

no setor industrial”???

Errado! Muito errado!

Vários erros!

Exemplo:

Salário mínimo real vem

crescendo sistematicamente

desde o Plano Real.


[057] Questões

Ipea 2008 CESPE


[058] Questões

MDS 2006 Assistente Social CESPE

Q81: correto.

(mas a pergunta é ruim)

Q82: correto.

INSS 2008

Estatístico CESPE

Interpretação

de texto!!!

Certo!


[059] Questões


[060] Questões

INSS 2008 Estatístico CESPE (cont.)

Q40: Errado!

Q41: Certo!

Q42: Errado!

Q43: Errado!


[061] Questões

IBGE 2010 Analista Cesgranrio

(a) ??? Errado!

(b) Correto!

(c) ??? Errado!

(d) ??? Errado!

(e) ??? Errado!

Resposta: B.

A e E: consumo,

não renda.

C e D: diminuem a desigualdade.


[062] Questões


(a) Ok!

(b) Errado!

(c) Errado!

(d) Errado!

(e) Errado!

Resposta: A.

Atenção para afirmações falsas e também para afirmações com falta de informação.


[063] Questões


(a) Errado (falta info)

(b) Errado (oposto)

(c) Errado (oposto)

(d) Correto!

(e) Errado (falta info)

Resposta: D.

Obs: Classe = ocupação e rural/urbano.


[064] Questões

IBGE 2010

Analista

Cesgranrio

Resposta: C.

Não precisa saber

fórmula: basta lembrar

que Gini do Brasil

ficou muito tempo

em torno de 0.600 e

só caiu para valer

na última década.


[065] Questões

IBGE 1999 Sociólogo

(a) Errado

(b) Errado

(c) Errado

(d) CORRETO!

(e) Errado.

Se fosse A, B, C ou E a desigualdade cairia!


[066] Questões

ATPS MPOG 2012 ESAF

Resposta: A.

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