Design Mundo Complexo
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5/21/2018 Design Mundo Complexo
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1Design para um mundo complexoRafael Cardoso * Por: Evany Nascimento *
1. Referncia bibliogrficaCARDOSO. Rafael. Design para um mundo complexo.So Paulo: Cosac Naify, 2012.
2. Ementa
Discusso sobre as noes de forma, funo esignificado. Instabilidade e perda do sentido dosartefatos. Materialidade e imaterialidade.
3. Palavras-Chave
Design Globalizao Sistema InterfaceMemria Identidade Experincia
4. Conceitos com os quais opera
Complexidade Adequao ao propsitoForma ArtefatoExperincia do artefato Rede
Exemplos/ilustraes/aplicaes de conceitos01 Transformao do
artefato/mudana designificado
Garfo que vira pulseira
02 Transformao do artefatono tempo
Pintura mural Santa Ceiade Leonardo da Vinci
03 Imobilidade dos artefatos Arcos da Lapa
04 Design, identidade,memria
Marca da Lyght,embalagem do P Royal,marca da Mococa
05 Funcionamento/operacionalidade
Relgio de pulso
06 Valor agregado, Valorafetivo, Valor simblico
Camisa usada por Pel naCopa de Futebol de 1958
07 A linguagem das formas Garrafa de vinho, garrafade champagne
08 Perda/mudana designificados
Secador de cabelo,machadinha de pedra
Rafael Cardoso
Rafael Cardoso escritor e
historiador da arte, PdD pelo
Courtauld Institute of Art
(Universidade de Londres). Atua
como professor e pesquisador na
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro e autor de UmaIntroduo histria do design.Na Cosac Naify organizou O
mundo codificado de Vilm
Flusser (2007) e O designbrasileiro antes do design
(2005).
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2Design para um mundo complexoRafael Cardoso * Por: Evany Nascimento *
5. Lgica interna (desenvolvimento/argumentao)O livro est organizado em cinco partes: introduo, captulos 1, 2 e 3 econcluso. O texto segue como uma conversa com o leitor a partir de
questes norteadoras que abrem para reflexes com ilustraes deaplicaes em casos, situaes e objetos de design. Apresenta o dilogo comoutros designers, arquitetos e urbanistas, filsofos e outros.
6. Interlocuo
rea Autor PginasIntroduo
Designer Victor Papanek 17,18,19,20Filsofo Scrates 26
Immanuel Kant 27Schelling 27Schlegel 27
Arquiteto Louis Sullivan 16Karl Friedrich Schinkel 27, 33Karl Btticher 33, 34Gottfried Semper 34
Gegrafo David Harvey 38,39
Captulo 1Designer Shepard Fairey 83
Milton Cipis 92Alosio Magalhes 85, 87, 93Rico Lins 94, 96
Filsofo Vilm Flusser 83Historiador
da arteNorman Bryson 85
Pintor Leandro Joaquim 56, 60, 66William Alexander 56, 60, 68Ren Magritte 59Hlio Oiticica 94, 97
Captulo 2Designer Irmos Campana 113, 115
Srgio Rodrigues 118
Philippe Starck 120Filsofo Vilm Flusser 125, 151Socilogo Henri-Pierre Jeudy 123
Captulo 3Filsofo Samuel Taylor Coleridge 173, 174,
175, 176Designer Harry Beck 180Escritor Joo do Rio 187
Urbanista Michael Benedickt 197
ConclusoFilsofo Maurice Merleau-Ponty 220
Historiador Eric Hobsbawn 245Poeta Robert Brwning 247
Arquiteto Mies van der Rohe 247
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7. Leituras conexasO autor, ainda que no cite, apresenta conformidade de pensamento com as
ideias apresentadas por Anne Leonard, no livro A Histria das Coisas. Ostrechos aparecem nas pginas: 22, 156, 157, 158, 162, 241.
Tambm h um exemplo semelhante ao apresentado por Dyan Sudjic, nolivroA linguagem das coisas. Observado na pgina: 103.
H ainda proximidade com as discusses de Donald A. Norma, no livroDesign Emocional, visto na pgina 137.
8. Excertos (trechos mais significativos)
Introduo
O presente livro tem a inteno de retomar a discusso do ponto em que ela foideixada por Papanek. O ttulo Design para um mundo complexo homenagem e
reviso crtica, a um s tempo. (19)
O plano de fundo que rene as partes muito diversas do presente livro essa tofalada globalizao, naquilo que ela tange o design, principalmente no que se refere unificao de sistema de fabricao, distribuio e consumo, desde meados do
sculo XIX. (24)
Por complexidade, entende-se aqui um sistema composto de muitos elementos,camadas e estruturas, cujas inter-relaes condicionam e redefinemcontinuamente o funcionamento do todo. (25)
A cidade entidade, microcosmo do mundo complexo que se quer analisar aqui.(25)
QUESTO: possvel que os conceitos encontrem expresso material: ou seja, que
possam ser percebidos pelos sentidos fsicos, como viso, audio e tato? (28)
Os conceitos so passveis de expresso material, mas em graus variveis. Quantomais simples e direto o conceito ou seja, quanto mais simples e direto o conceitoou seja, quanto mais enraizado estiver numa experincia emocional clara maiorser a facilidade de compreend-lo. (29)
Claramente, forma abrange pelo menos trs aspectos interligados, que possuemdiferenas importantes entre si: 1)aparncia: o aspecto perceptvel por uma visadaou olhar; 2)configurao: no sentido composicional, de arranjo das partes;
3)estrutura: referente dimenso construtiva ou constitutiva. (31)
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As formas dos artefatos no possuem um significado fixo, mas antes so
expressivas de um processo de significao ou seja, a troca entre aquilo que estembutido em sua materialidade e aquilo que pode ser depreendido delas por nossaexperincia. Por um lado, as formas concretizam os conceitos por trs de sua
criao. (36)O que muitas vezes nos escapa, por conta da relativa brevidade de nossaexistncia humana, o quanto os artefatos se transformam no tempo e, o que ainda mais difcil dimensionar, o quanto os tempos mudam. (36)
Ou seja, o olhar uma construo social e cultural, circunscrito pela especificidadehistrica do seu contexto. (37)
Captulo 1 Contexto, memria identidade o objeto situado no tempo-espao
QUESTO Ser que existem mesmo artefatos imveis? (47)
Fatores condicionantes do significado. (...) Trs desses fatores esto ligados situao material do objeto, e trs outros esto ligados percepo que se faz dele.Os da primeira categoria so: uso, entorno, e durao. Os da segunda
categoria so: ponto de vista, discurso e experincia. (61)
... significado, em ltima instncia, reside unicamente na percepo dos usurios
(sendo quem faz, o autor ou criador, considerado usurio tambm). Sem um sujeitocapaz de atribuir significado, o objeto no quer dizer nada; ele apenas . (62)
Hoje, mais do que nunca, na chamada era da informao, praticamenteimpossvel chegar a qualquer objeto sem passar antes pelo repertrio ou seja,
sem alguma noo dos discursos que moldam seu significado e uma ideiapreconcebida de como ser sua experincia. (68)
Sobre o tempo, sua decorrncia e devir:
Tempo
propsito: uso mutvel
Qualidadeestvel
histria: durao mutvelpermanncia: entorno mutvelateno: ponto de vista mutvelconsagrao: discurso mutvelmemria: experincia mutvel
A identidade est em fluxo constante e sujeita a transformao, equivalendo a umsomatrio de experincias, multiplicadas pelas inclinaes e divididas pelasmemrias. Quando se pensa que o sujeito existe, ao longo de sua vida, rodeado por
enunciados e informaes, produtos e marcas, design e projeto, comea-se a teruma noo das mltiplas maneiras em que memria e identidade podem interagir
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para moldar nossa viso do mundo material e condicionar nossa relao com os
artefatos que nos cercam.(92)
Captulo 2 A vida e a fala das formas significao como processo dinmico
1 premissa: os objetos so capazes de significar coisa por meio de sua aparncia.(108)
O processo de significao dos artefatos: materialidade, ambiente, usurios,
tempo.(152-154)
[Produto e mercadoria] Ambas so vises essencialmente centradas no proveitoque pode ser tirado do artefato, seja em termos do seu aproveitamento pelo uso ou
sua realizao como lucro. O presente impasse ambiental nos obriga a adotar outroolhar para o artefato como cultura material, ou seja: o vestgio daquilo que somoscomo coletividade humana. Os artefatos so expresso concreta do pensamento edo comportamento que nos regem. O conjunto de todos os artefatos queproduzimos reflete o estado atual de nossa cultura.(162)
Captulo 3 Caiu na rede, pixel Desafios do admirvel mundo virtual
Num sistema em que tudo est inter-relacionado com tudo, a necessidade de
projetar interfaces existe em crescimento contnuo e geomtrico. Por essa razo,design e logstica talvez sejam atualmente as duas reas de maior importncia para
operacionalizar a continuada existncia material de todos ns.(193)
Concluso Novos valores para o design (e seu aprendizado)
certo que o ensino do design em nvel superior surgiu no Brasil com cunho maisideolgico do que pedaggico, atento mais consagrao de um estilo e um
movimento do que s circunstncias da vida econmica, social e cultural do pas.(223)
Em decorrncia dos embates histricos que contriburam para a consolidao daprofisso, os designers tm o mau hbito de pensar sobre o que fazemprincipalmente em contraposio quilo que no so ou quilo que pertenceria a
outros campos.(231)
O primeiro passo, portanto, para o aluno de design se situar no mundo ter aplena convico de que ele ainda apenas um estudante. De fato, ele no artista,
nem arteso, arquiteto, engenheiro, estilista, marqueteiro, publicitrio, e muitomenos designer. Com a experincia de trabalho, com prtica e estgios, com
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leituras e estudo e dedicao, ele pode vir a se tornar um profissional gabaritado
em qualquer segmento do design que escolher.(233)
Em seu sentido mais elevado e ambicioso, o design deve ser concebido como umcampo ampliado que se abre para diversas outras reas, algumas mais prximas,
outras mais distantes. Nesse sentido, o designer pode sim ser artista, ou arteso,arquiteto, engenheiro, estilista, marqueteiro, publicitrio ou uma infinidade deoutras coisas. A grande importncia do design reside, hoje, precisamente em suacapacidade de construir pontes e forjar relaes num mundo cada vez maisesfacelado pela especializao e fragmentao de saberes.(234)
Resumindo, pode-se dizer que o design um campo essencialmente hbrido queopera a juno entre corpo e informao, entre artefato, usurio e sistema. (237)
A maior e mais importante contribuio que o design tem a fazer para equacionar
os desafios do nosso mundo complexo o pensamento sistmico. Poucas reasesto habituadas a considerar os problemas de modo to integrado ecomunicante.(243)
Um segundo valor caracterstico do bom design a inventividade de linguagem.Todo trabalho de design envolve o emprego e a conjugao de linguagens,
geralmente de ordem visual e/ou plstica.(244-245)
Um terceiro valor muito caracterstico da prtica profissional dos bons designers a excelncia da realizao e do acabamento.(246)
H ainda valores importantes advindos de outros campos, fora do exerccio estrito
do design, e que poderiam ser mais bem integrados ao seu ensino. Uma qualidadeque deveria ser incentivada, por exemplo, o empreendedorismo.(248)
Dois valores que costumam se enfatizados pelo ensino, com alguma variao de
uma escola para outra, so responsabilidade ambiental e incluso social.(249)
O ltimo ponto a ser defendido aqui diz respeito a um valor especialmenteestimado pelo autor deste livro: a erudio como fator determinante da atuao
profissional do designer.(250-251)
Os mestres mais confiveis, nesse sentido, so os livros. Para quem quiser seilustrar, o caminho fcil: ler, ler e ler.(253).
Evany Nascimento
24 de abril de 2012.
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]