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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES Design do Lobby de Hotel Requisitos Necessários para o Lobby Contemporâneo Susana Lou Ramalho Gomes Dissertação Mestrado em Design de Equipamento Especialização em Design Urbano e de Interiores Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Cristóvão Valente Pereira 2017

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES

Design do Lobby de Hotel Requisitos Necessários para o Lobby Contemporâneo

Susana Lou Ramalho Gomes

Dissertação

Mestrado em Design de Equipamento

Especialização em Design Urbano e de Interiores

Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Cristóvão Valente Pereira

2017

Design do Lobby de Hotel 3

RESUMO

As viagens e os serviços de acomodação rudimentares e provisórios (hospedagem e

alimentação) alvoreceram com as civilizações antigas como resposta às necessidades

básicas inerentes à subsistência humana, despoletou o progresso social e intelectual. Por

consequência, o desenvolvimento da área hoteleira que tem como envolvência eminente

os fatores económico, social, político, ambiental e tecnológico suscitou e modelou

novos gostos e interesses dos viajantes tanto de negócios como de lazer. Com o

interesse de acomodar e satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores

emergiram novas formas arquitetónicas e tipológicas de hotéis (p. ex. boutique hotel,

resorts, hotel de negócios, hotel aeroporto, casino hotel etc.).

O crescente mercado hoteleiro, competitivo e feroz, determinou vários métodos de

diferenciação e de distinção dos quais passam por estudo e compreensão do mercado-

alvo, a comunicação de uma imagem consistente e a projeção de arquitetura e espaços

interiores originais e cativantes. Em vista disso, a área interior mais usada como

ferramenta de marketing e de propagação do hotel é o espaço lobby. Como parte

integrante do hotel, exerce uma função prepotente para o desenvolvimento e

funcionamento do edifício e é o primeiro espaço interior com que os clientes se deparam

após a entrada, criando assim as primeiras impressões. Por esse motivo, a presente

dissertação relacionada com a área do conhecimento de Design de Interiores, procurou

estudar e aprofundar este espaço interior, tendo em conta os elementos físicos do lobby

(organização do espaço, mobiliário, iluminação e materiais de revestimento) e a

correlação destes que compõem um bom design do lobby contemporâneo. Como

material indispensável para esta investigação realizou-se um estudo de casos com um

leque diversificado de lobbies de hotéis urbanos coetâneos de luxo (cinco estrelas) das

cidades de Lisboa e de Macau a fim de providenciar matéria consolidada e útil para

futuras projeções de lobbies de hotéis inovadores e com sucesso.

Palavras-Chave:

Design Interior, Design de Lobbies, Elementos para o Projeto de Lobby, Hotéis de

Luxo, Consumidores

Susana Gomes 4

ABSTRACT

Travel and accommodation services such as boarding and lodging arose with ancient

civilizations, as a response to the basic needs inherent in human subsistence, which

triggered social and intellectual progress. Therefore, the development of hospitality that

is influenced by economic, social, political, environmental and technological factors has

stimulated and shaped new tastes and interests of both business and leisure travellers.

With the interest of accommodating and satisfying the desires and needs of consumers,

new architectural and themed hotels emerged such as boutique hotel, resorts, business

hotel, airport hotel, casino hotel etc.

The growing hotel market, which is fierce and competitive, forced hotels to came up

with various methods of differentiation and distinction, after studies were came out to

understand the target market. This resulted in the idea that to communicate a consistent

brand image, interior spaces had to be creative, innovative and captivating. That said,

the interior area that is most used as a marketing promotion tool of the hotel, is the

lobby. The lobby plays an important role in the development and operation of the hotel

and is the first interior space that guests encounter after they arrived, thus creating their

first impressions. For this reason, the present thesis related to the subject of Interior

Design, sought to study and deepen the area lobby, taking into account the design

elements of this space (organization and spatial planning, furniture, lighting and

materials) and the correlation between them, which makes a good contemporary lobby

design. Fundamental for this investigation, a case study was carried out which included

a diverse range of lobbies of luxury urban hotels from cities of Lisbon and Macao. The

aim is to provide and consolidate useful materials for future projects of innovative and

successful hotel lobbies.

Keywords:

Interior Design, Lobbies Design, Design Elements, Luxury Hotels, Consumers

Design do Lobby de Hotel 5

AGRADECIMENTOS

O desafio enorme que foi esta investigação tive a sorte e privilégio de contar com o

apoio e ajuda de diversas pessoas no qual estou profundamente agradecida. Desta

forma, deixo apenas algumas palavras, poucas mas sentidas a todos que fizeram parte

deste meu percurso académico.

Quero expressar um agradecimento especial para o meu orientador, Prof. Doutor

Cristóvão Valente Pereira pela sua orientação, disponibilidade, compreensão e empenho

que demonstrou para a realização deste estudo, um muito obrigado.

Agradeço também ao Prof. Doutor Eduardo Duarte pela disponibilidade e orientação

nas regras de aplicação no campo da Norma Portuguesa 405-1 e 405-2.

Tenho que agradecer também a todos aqueles que contactei e que me deram uma

importante ajuda na recolha de elementos para os casos que foram objeto de análise: à

Arq. Cristina Santos Silva, da Artica Arquitectos, que disponibilizou plantas dos hotéis

Altis Avenida e Altis Grand Lisboa; à Diretora de Marketing e R.P. Sofia Nobre que

cedeu informações dos respetivos hotéis; ao Arq. Nuno Leónidas, do Nuno Leónidas

Arquitectos, que forneceu informações e plantas dos hotéis Epic Sana e Myriad by Sana

Hotels e por fim ao Head of Front Office Gary Tong que disponibilizou informações do

hotel Conrad Macau.

Não posso deixar ainda de agradecer aos meus pais, à minha restante família (em

especial à minha tia Manuela Ramalho pela ajuda extra, pelo amor, carinho,

ensinamentos da vida e por sempre acreditar nas minhas capacidades) e aos meus

amigos de sempre (em particular ao João Pereira, João Sio e Gabriela Pon pelos

desabafos e pela partilha dos bons e maus momentos) por todo o apoio indispensável,

paciência e compreensão. A todos vós dedico esta investigação como demonstração da

minha imensa gratidão.

Susana Gomes 6

ÍNDICE

Resumo ......................................................................................................................... 3

Abstract ........................................................................................................................ 4

Agradecimentos ............................................................................................................ 5

Índice de Figuras ........................................................................................................... 8

Índice de Tabelas ........................................................................................................ 12

1. Introdução ............................................................................................................. 13

1.1 Enquadramento e definição do tema .............................................................. 13

1.2 Definição do problema e objetivos ................................................................ 15

1.3 Metodologia .................................................................................................. 16

1.4 Descrição dos capítulos ................................................................................. 18

2. O Hotel................................................................................................................... 20

2.1 Desenvolvimento cronológico do hotel e do design do lobby ............................. 22

2.2 Tipologias dos hotéis ......................................................................................... 32

2.3 Sistemas de classificação dos hotéis .................................................................. 40

2.4 Áreas integrantes de um hotel ............................................................................ 41

3. Hotel Contemporâneo ........................................................................................... 50

3.1 As necessidades e as exigências dos consumidores ............................................ 52

3.2 Mercado global e competitivo: fatores de diferenciação ..................................... 55

3.3 Tendências no design de interiores dos hotéis .................................................... 57

4. Elementos para o Projeto do Lobby ..................................................................... 62

4.1 A importância do lobby ..................................................................................... 62

4.2 Elementos a considerar para o projeto do lobby ................................................. 68

4.2.1 A escala e a organização do espaço ............................................................. 70

4.2.2 O mobiliário ............................................................................................... 72

Design do Lobby de Hotel 7

4.2.3 A iluminação .............................................................................................. 76

4.2.4 Os materiais e acabamentos de superfícies .................................................. 80

5. Casos de Estudo..................................................................................................... 87

5.1 Apresentação e análise dos lobbies dos hotéis de luxo ....................................... 88

5.2 Observações dos casos .................................................................................... 120

5.3 Conclusões ...................................................................................................... 123

6. Conclusões Finais ................................................................................................ 126

Bibliografia ......................................................................................................... 129

Anexos................................................................................................................. 139

Susana Gomes 8

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Procedimento Metodológico. Esquema de Susana Gomes, 2016 ................. 17

Figura 2: Estalagem do séc. XVII. Adaptado por Susana Gomes, 2016 a partir de ..... 23

GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – Hotel and Motel Management and Operations. 4ª ed. Upper Saddle River, N.J.: Prentice Hall, 2003, p. 5.

Figura 3: Maqueta da Estação de Muda de Casal dos Carreiros em 1856 ................... 24

Percurso de Correios [Em linha]. [Consult. 30 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.fpc.pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/Percurso%20de%20Correios.pdf>.

Figura 4: Planta da Estação de Muda de Ponte da Pedra em 1857.............................. 25

Adaptado por Susana Gomes, 2017 a partir de Planta de uma Estação de Muda da Mala-Posta [Em linha]. [Consult. 7 Jan. 2017] Disponível em WWW:<URL:https://www.flickr.com/photos/fpc-cdi/3464775871/in/photostream/>. Figura 5: Os meios de transportes mais eficientes e mais baratos ............................... 26

JOURNAL, Architect's – Principles of Hotel Design. London: Architectural Press, 1970, p. 8.

Figura 6: Tremont House (1829) ................................................................................ 28

ALBRECHT, Donald – New Hotels for Global Nomads. London: Merrell Publishers Limited, 2002, p. 10.

Figura 7: Hall do Hotel Morgans................................................................................ 31

BANGERT, Albrecht; RIEWOLDT, Otto – New Hotel Design. London: Laurence King Publishing, 1993, p. 15.

Figura 8: Corredores do Hotel Morgans ..................................................................... 31

BANGERT, Albrecht; RIEWOLDT, Otto – New Hotel Design. London: Laurence King Publishing, 1993, p. 19.

Figuras 9 e 10: Venetian Resort Hotel Casino, Las Vegas, Nevada ............................ 36

RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – Hotel Design Planning and Development. United States: W.W. Norton & Company, 2001, p. 231. ALBRECHT, Donald – New Hotels for Global Nomads. London: Merrell Publishers Limited, 2002, p. 64 Figura 11: Layouts mais comuns dos centros de negócios hoteleiros .......................... 48

FONTAINHA, Paulo César Fernandes – Hotel de Negócios: Contributo para uma Sistematização Tipológica. Casos de estudo. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2011, p. 6.

Design do Lobby de Hotel 9

Figura 12: Lobby do Hotel Areias do Seixo ............................................................... 60

Areias do Seixo Charm Hotel & Residences [Consult. 9 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:https://www.oyster.com/lisbon-district/hotels/areias-do-seixo-charm-hotel-and residences/photos/lobby--v5693687/>.

Figura 13: Receção do Altis Avenida Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 .................... 88

Figura 14: Planta do lobby Altis Avenida Hotel………………………………………89

Adaptado por Susana Gomes, 2017. (ver Anexo)

Figuras 15 e 16: Mobiliário do lounge do Altis Avenida Hotel………………………90

Fotos de Susana Gomes, 2016.

Figura 17: Receção do Altis Grand Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 ....................... 92

Figura 18: Planta do lobby do Altis Grand Hotel ........................................................ 93

Adaptado por Susana Gomes, 2017. (ver Anexo)

Figuras 19 e 20: Mobiliário do lounge do Altis Grand Hotel. ..................................... 94

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figuras 21 e 22: Mobiliário do lobby bar do Altis Grand Hotel .................................. 94

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figura 23: Receção do Epic Sana Hotel ..................................................................... 96

Epic Sana Lisboa Hotel [Consult. 22 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.lisboa.epic.sanahotels.com/pt/galeria-de-imagens>.

Figura 24: Planta do átrio do Epic Sana Hotel ............................................................ 97

Adaptado por Susana Gomes, 2017. (ver Anexo) Figuras 25 e 26: Mobiliário do lobby bar do Epic Sana Hotel..................................... 98

Epic Sana Lisboa Hotel [Consult. 22 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.lisboa.epic.sanahotels.com/pt/galeria-de-imagens>.

Figura 27: Mobiliário da área de atendimento personalizado do Epic Sana Hotel ....... 99

Epic Sana Lisboa Hotel [Consult. 22 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.lisboa.epic.sanahotels.com/pt/galeria-de-imagens>.

Susana Gomes 10

Figura 28: Receção do Myriad by Sana Hotels ......................................................... 100

Myriad by Sana Hotels [Consult. 23 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.myriad.pt/pt/galeria-de-fotos>.

Figura 29: Planta do átrio do Myriad by Sana Hotels ............................................... 101

Adaptado por Susana Gomes, 2017. (ver Anexo)

Figuras 30 e 31: Mobiliário do lounge do Myriad by Sana Hotels ............................ 102

Myriad by Sana Hotels [Consult. 23 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.myriad.pt/pt/galeria-de-fotos>.

Figuras 32 e 33: Mobiliário do lobby bar e restaurante do Myriad by Sana Hotels ... 102

Myriad by Sana Hotels [Consult. 23 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.myriad.pt/pt/galeria-de-fotos>.

Figura 34: Receção do Conrad Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 ........................... 104

Figura 35: Planta do lobby do Conrad Hotel. Planta de Susana Gomes, 2017 ........... 105

Figura 36: Balcão concierge do Conrad Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 ............... 106

Figura 37: Mobiliário do lounge do Conrad Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016......... 106

Figuras 38 e 39: Mobiliário do lobby bar do Conrad Hotel. ...................................... 107

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figura 40: Receção do JW Marriott Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 ..................... 108

Figura 41: Planta do lobby do JW Marriott Hotel. Planta de Susana Gomes, 2017 ... 110

Figuras 42 e 43: Mobiliário do lounge do JW Marriott Hotel ................................... 111

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figuras 44 e 45: Mobiliário do lobby bar do JW Marriott Hotel. .............................. 111

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figura 46: Receção do Okura Hotel. Foto: Susana Gomes, 2016 .............................. 113

Figura 47: Planta do lobby do Okura Hotel. Planta de Susana Gomes, 2017 ............. 114

Design do Lobby de Hotel 11

Figuras 48 e 49: Mobiliário do lounge do Okura Hotel ............................................. 115

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figuras 50, 51 e 52: Mobiliário do lobby bar do Okura Hotel ................................... 115

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Figura 53: Receção do Grand Hyatt Hotel ................................................................ 117

Travel | The Grand Hyatt Macau [Em linha]. [Consult. 10 Maio 2017] Disponível em WWW:<URL:http://halfwhiteboy.blogspot.pt/2016/07/travel-grand-hyatt-macau.html>.

Figura 54: Planta do lobby do Grand Hyatt Hotel. Planta de Susana Gomes, 2017 ... 118

Figuras 55 e 56: Mobiliário do lounge do Grand Hyatt Hotel ................................... 119

Fotos: Susana Gomes, 2016.

Susana Gomes 12

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Identificação do Hotel. Adaptado por Susana Gomes, 2016 a partir de ........ 39

LAWSON, Fred – Hotel & Resorts: Planning, Design and Refurbishment. Oxford: Architectural Press, 1995, p. 20. Tabela 2: As funções e as localizações das áreas constituintes do lobby ..................... 66

Tabela de Susana Gomes

Tabela 3: Elementos de design do lobby. Tabela de Susana Gomes ............................ 69

Tabela 4: Iluminações do lobby. Tabela de Susana Gomes ......................................... 80

Tabela 5: Classificação de reação ao fogo dos materiais de contrução interior ............ 81

Adaptado por Susana Gomes, 2017 a partir de SABENÇA, José Carlos Cardoso Ribeiro – Segurança Contra Incêndio em Hotéis. Porto: Faculdade de Engenharia, 2010. Dissertação de Mestrado.

Design do Lobby de Hotel 13

1. INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento e definição do tema

A área hoteleira, sendo uma indústria rentável para o turismo, tem vindo a evoluir ao

longo dos últimos anos de uma forma rápida em diversos termos, incluindo os

económicos, políticos, socioculturais, tecnológicos e ambientais. Esta expansão reflete-

se no desenvolvimento de novos designs de hotéis, criação de novas formas e de

espaços interiores originais e distintos.

“A indústria hoteleira tem evoluído rapidamente. O turismo, quer interno quer para estrangeiro, aumenta anualmente, constituindo uma das indústrias de maior crescimento. Cada vez mais as pessoas têm tempo e dinheiro para atividades de lazer, tanto férias prolongadas como curtas viagens.”1

Por consequência, os hotéis tornaram-se como locais de destino para um grupo

crescente de turistas, conferencistas e entre outros. Os consumidores de experiências

sofisticadas contribuíram assim para o surgimento de uma nova geração de hotéis que

têm como valores a experiência, singularidade e autenticidade.

“Os hóspedes sofisticados e conscientes das tendências de hoje em dia deleitam-se saboreando as últimas descobertas que levam a dianteira no mundo da arte e da moda.”2

Deste modo, certos hotéis contemporâneos3 além de usarem estratégias de design para

destacar a sua imagem de marca num mercado cada vez mais global e competitivo,

visam satisfazer as necessidades e exigências dos consumidores, oferecendo uma

estadia enriquecida, confortável, luxuosa e acima de tudo uma experiência inigualável.

1 PAUL, Valerie; JONES, Christine – Manual de Operações de Alojamento na Hotelaria. Mem Martins: CETOP, 1990, p. 10. 2 RIEWOLDT, Otto – Novo Design de Hotéis. Trad. de MTM. Londres: H Kliczkowski, 2002, p. 6. 3 The contemporary hotel is a current design development since the beginning of the 21st century, which considers the needs and demands of today’s customers. BRAUN, Roxane – The Lobby as a Living Room: What Interior Design Innovations and Products do Luxury Hotels Implement to Attract Guests to their Lobby? Vienna: Modul Vienna University, 2011, p.13. Desde o início do século XXI que se têm traçado as linhas mestras conducentes ao design de um hotel de perfil contemporâneo, consistindo a estratégia numa maior sensibilidade para com as necessidades e exigências dos clientes.

Susana Gomes 14

“Deve haver uma correlação entre o valor estético do hotel com a qualidade e criatividade dos serviços: tal harmonia consumará não só um tratamento exímio do cliente, como uma experiência transformadora.”4 [Tradução livre]

No âmbito do conhecimento da área de Design de Interiores, este estudo procura

entender a relevância de um dos espaços constituintes dos hotéis urbanos

contemporâneos de luxo, o lobby. O interesse por este espaço específico advém do seu

papel fulcral para o funcionamento e desenvolvimento do hotel e por ser o primeiro

espaço interior com que os clientes se deparam ao entrar no edifício, criando assim as

primeiras impressões.

“...a primeira impressão do espaço físico de um hotel, nomeadamente a particularidade do lobby, é sumamente importante e influente no momento em que o potencial cliente perceciona essa estrutura, uma vez que pode culminar na escolha desse preciso hotel.”5 [Tradução livre]

Em vista disso, é importante ter um bom design do lobby, cujas características mais

adiante veremos, através de métodos e estratégias de design conjugadas com outras

áreas profissionais (trabalho colaborativo), de forma a conseguir atingir os objetivos e

as expectativas dos clientes (o hoteleiro e os consumidores).

“… melhor design e à introdução de soluções inovadoras, sensíveis e criativos, para as quais os arquitetos e designers têm um importante contributo a oferecer pela própria natureza do seu trabalho.”6

Em última instância, torna-se relevante a realização deste estudo com o enfoque no

design do lobby contemporâneo a fim de conseguir responder de melhor forma à

seguinte questão principal da investigação:

Quais os elementos de design e a sua correlação que devem constituir um lobby

contemporâneo?

4 … hotels must be capable of matching the level of its aesthetic value to the quality and creativity of its services, offering guests not only exceptional treatment, but also features that are unconventional or out of ordinary. CAÑIZARES. Ana García – Cool Hotels. 2ª ed. New York: TeNeues, 2006, p. 7. 5 …first impressions of the physical environment of hotels, specifically of the lobbies of hotels, are important in influencing perceptions and selection of hotels. FIDZANI, Lily Clara – First Impressions of the Interiors of Hotel Lobbies as Influences on Perceptions of Hotels. Oregon: Oregon State University, 2002, p. 5. 6 PEREIRA, Luís Tavares – Reacção em Cadeia: Transformações na Arquitectura do Hotel. Porto: Fundação Serralves, 2008, p.15.

Design do Lobby de Hotel 15

1.2 Definição do problema e objetivos

No seguimento da abordagem ao tema, podemos proferir que devido a certas limitações

informativas intrínsecas ao design do lobby de hotéis, motivaram a realização e

aprofundamento da investigação em causa. Aclarando assim que a escassez literária

sobre o espaço lobby e fundamentalmente sobre o design do lobby, somente retratado

em subcapítulos e com informações restritivas, advém da ausência de interesse dos

investigadores por um espaço de pouca relevância perante os restantes compartimentos

da unidade hoteleira. Um outro fator a denotar é a vaga descrição em relação ao espaço

lobby nas próprias páginas eletrónicas dos diversos hotéis.

“O lobby sendo o centro de qualquer experiência possível de ser vivenciado num hotel, é apenas um pequeno fragmento da constituição estrutural do mesmo. Por consequência, grande parte das pesquisas tenderam a não colocar a tónica na respetiva interpretação do design do lobby.”7 [Tradução livre]

Deste modo, podemos determinar como objetivo geral desta investigação:

Determinar os elementos físicos do lobby tais como: a organização do espaço,

mobiliário, materiais e iluminação e a importância da interligação destes que

constituem um bom design do lobby contemporâneo.

Por consequência, podemos estabelecer como objetivos específicos os seguintes

parâmetros:

1. Adquirir conhecimentos gerais sobre a composição e funcionamento de

um hotel contemporâneo;

2. Obter conhecimentos profundos sobre o espaço lobby (tipologias,

constituição, funcionamento, conceitos etc.);

3. Atendendo ao fator globalizante e à inerente concorrência do mercado

hoteleiro, demarcar alguns elementos diferenciadores a fim de

corresponder às necessidades e exigências do consumidor;

7 Furthermore, hotel lobbies are only a small part in the overall hotel development. For that reason, researchers have not put as much emphasize on interpreting lobby design as necessary, since they are the focal point of any hotel experience. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 14.

Susana Gomes 16

4. Analisar as soluções existentes e significativas de design dos lobbies

contemporâneos com a finalidade de poder contribuir conhecimentos

adicionais aos profissionais desta área e outras (projeção de futuros

lobbies de hotéis com maior sucesso).

1.3 Metodologia

O estudo em causa parte essencialmente da fundamentação teórica centrada no design

do lobby contemporâneo que por sua vez irá sustentar a parte da análise e comparação

dos lobbies de hotéis selecionados para estudo de casos. Logo, poderemos considerar

que a metodologia seguida para esta dissertação se compõe em duas fases principais.

A primeira fase – consiste unicamente em fundamentos teóricos, ou seja, processo de

investigação que abrange pesquisas de referências bibliográficas (livros, artigos,

dissertações, pesquisas online etc.) que servem como suporte para a materialização

deste estudo. Esta fase tem como propósito criar uma base de conhecimentos

consolidados e também contribuir para uma definição conjunta e mais clara sobre a

matéria em causa. Obteremos assim um enquadramento teórico que nos permitirá

orientar para a segunda fase da investigação.

A segunda fase – é apoiada por conhecimentos adquiridos da fase anterior sobre o

espaço coletivo do hotel, o lobby. Além disso, para a realização desta fase que baseia na

apresentação e análise dos lobbies, efetuou-se vários contactos (via telefónica e emails)

aos hoteleiros, gestores e coordenadores responsáveis pelos projetos interiores dos

hotéis escolhidos. Obtiveram-se fontes primárias que serviram como apoio para a

execução desta etapa: desenhos técnicos ou plantas, informação online sobre os hotéis,

memórias descritivas e outros documentos fornecidos. Por fim, a pesquisa de campo,

que permitiu observar o local e fazer registos fotográficos.

Finalmente, as conclusões e as soluções apresentadas nesta investigação, não devem ser

consideradas como totalmente certas ou definitivas, pois além das tendências estarem

em constante mutação, a escolha dos exemplos dos lobbies inovadores e

contemporâneos são subjetivas. Pretende-se então enriquecer esta matéria e criar uma

boa base de conhecimentos a fim de orientar futuras investigações.

Design do Lobby de Hotel 17

Figura 1: Procedimento Metodológico

Susana Gomes 18

1.4 Descrição dos capítulos

A dissertação sendo constituída por seis capítulos, começa com uma abordagem

sintética ao tema – design do lobby de hotel contemporâneo. De seguida expõe as

limitações presentes perante o assunto exposto, sendo estes os elementos basilares que

desencadearam esta investigação e por último os objetivos deste estudo e a metodologia

utilizada.

O Capítulo 2 apresenta noções gerais da origem do hotel e do lobby em termos de

desenvolvimento histórico e de design. Realizaremos para isso uma cronologia sumária

com as datas relevantes. É também de grande importância retratar as tipologias e as

classificações existentes em relação aos hotéis como também conhecer a sua

constituição, pois pretende-se criar uma base de conhecimentos gerais pertinentes para

esta investigação.

Na continuação da formação de uma base de conhecimentos, o Capítulo 3 oferece-nos

uma visão global acerca da definição de um hotel moderno que tem como

considerações: as necessidades e o bem-estar dos consumidores; a diferenciação num

mercado global e de grande concorrência e por fim as tendências.

De seguida o Capítulo 4 dedica-se ao estudo do espaço lobby, referenciando a sua

importância, impacto, função e constituição que engloba os elementos de design

fundamentais para um lobby contemporâneo.

Em relação ao Capítulo 5, inclui os casos de estudo que demonstra diversas soluções de

lobbies de hotéis urbanos contemporâneos de luxo (classificação de cinco estrelas). As

tipologias variam desde boutique hotel a casino hotel. Os hotéis são representativos das

cidades Lisboa (Portugal) e Macau (China), pois são metrópoles de grande

desenvolvimento turísticos e de expansão económica. Com os exemplos

demonstrativos, realizou-se análises e comparações com a finalidade de conseguir

retirar observações destes casos reais a fim de valorizar futuros projetos.

Por fim no Capítulo 6, são apresentadas as principais reflexões e conclusões finais que

procuram responder à questão principal desta investigação.

Design do Lobby de Hotel 19

Integram ainda anexos do trabalho, onde figuram algumas plantas, fotografias e

informações adicionais dos lobbies que serviram como casos de estudo.

Susana Gomes 20

2. O HOTEL

Historicamente, as pessoas sempre viajaram por razões de negócio, política, educação e

religião8. Em vista disso, as viagens (fator impulsionador do emergir da hospitalidade9)

eram realizadas por motivos de necessidade o que difere das viagens de lazer que

surgiram após o século XVIII.

“O escapismo e a fantasia eram conceitos absolutamente ausentes das configurações iniciais do hotel, impulsionados então pela necessidade e funcionalidade. Somente a partir do século XVIII e com o advento do Grande Hotel, é que estas considerações emergiram, materializando-se nesta fase o embrião do que viria a ser o hotel moderno.”10 [Tradução livre]

As necessidades primárias como as trocas comerciais e o abrigo sucederam um maior

contacto entre as pessoas que permitiu expandir os horizontes, conhecer as culturas e o

mundo. As construções rudimentares da época que serviam de abrigo para os viajantes

(comerciantes, marinheiros, mensageiros, soldados, missionários etc.) eram indicadas

como estalagens ou pensões sendo estes edificados à beira das estradas.

“Os primeiros hotéis, se recuarmos alguns séculos, eram denominados estalagens, e existiam locais onde os viajantes que se deslocavam a cavalo poderiam intervalar a sua viagem. As estalagens ofereciam alimentos e acomodações, além de estábulos para os animais. A palavra «estalagem» continua a ser usada na indústria hoteleira.”11

8 Early travelers who were not on the road for religious reasons were usually on military, diplomatic, or political missions. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – Hotel and Motel Management and Operations. 4ª ed. Upper Saddle River, N.J.: Prentice Hall, 2003, p. 2. Os viajantes iniciais que não se encontravam na estrada por motivos religiosos, cumpriam habitualmente missões militares, diplomáticas e políticas. 9 The concept of hospitality can also be found in writings of ancient Greece and Rome, and Biblical times. Ibid., p. 1. O conceito de hospitalidade encontra-se já presente nos remotos escritos da Grécia Antiga e do Império Romano, estando igualmente disperso nas narrativas bíblicas. 10 Escapism and fantasy were totally absent from the earliest incarnations of the hotel, which were driven by necessity and functionality. It was not until the eighteenth century and the advent of the grand hotel that these factors emerged, and it was at this point that the embryo of the new hotel was formed. COLLINS, David – New Hotel: Architecture and Design. London: Conran Octopus, 2001, p. 13. 11 PAUL, Valerie; JONES, Christine – op. cit., p. 15.

Design do Lobby de Hotel 21

Os hotéis12 com as características e as acomodações do qual conhecemos atualmente

datam aproximadamente dois séculos atrás quando a deslocação em maior escala foi

encorajada por várias inovações marcantes da era industrial com relevância para o

caminho-de-ferro e também à melhoria de outro tipo de transportes13. Por consequência,

a possibilidade de viajar para distâncias longínquas com maior facilidade, rapidez,

eficiência e acessibilidade, sendo uma realidade atual, tem como louvores os avanços

tecnológicos notáveis na área de transportes e cibernético- a internet.

“À medida que nos tornamos mais globais, o hotel constitui um dos principais pontos nodais do cruzamento de uma sociedade em movimento.”14

Tal como os aspetos da vida quotidiana, as operações e as acomodações dos hotéis

foram remodeladas pelas tecnologias digitais que por sua vez revolucionaram a

mecânica de seleção e da reserva. Agora, com um vasto leque de escolha, os turistas e

viajantes de negócios têm a possibilidade de visualizar todos os elementos dos hotéis

desde a sua colocação em termos de rankings, a qualidade dos serviços, os espaços

interiores (imagens das áreas coletivas e residenciais) que são fatores decisivos para a

escolha do cliente. A diferença do hotel de outros tempos com o atual é que além do

simples alojamento, oferece uma panóplia de opções aos hóspedes e uma maior conexão

entre os mesmos (encontros sociais e culturais).

“Tendo ultrapassado há muito tempo a simples condição de abrigo ou local para pernoitar, muito pouco tem já de comum com os seus antecessores do século passado. Tornou-se parte integrante da vida pública, serve de elemento de ligação entre os viajantes e os habitantes de uma cidade.”15

12 The term ‘hotel’ in its contemporary meaning dates back to the late 18th century. It was around this time that first establishments emerged across Europe, offering guests an equal degree of board and loading services. The hotel sector experienced a particular boom between the 19th and 20th century as part of the overall construction boom of the industrialization era. PRINZ, Frederik – More Theme Hotels. Deutsche: Braun Publishing, 2009, p. 6. O termo ‘hotel’, na sua aceção contemporânea, data de finais do século XVIII. Neste período os primeiros estabelecimentos emergiram na Europa, oferecendo aos clientes um conjunto igual de serviços. O sector hoteleiro experienciou um pico significante durante o século XIX e XX, como resultado da era de industrialização intensa. 13 In modern times, the emphasis has been on speed. Steamships, railroads, automobiles, and airplanes have all had their effect on the growth, type, and location of hotels. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – op. cit., p. 10. Nos tempos modernos, a ênfase tem sido na velocidade. Navios a vapor, ferrovias, automóveis e aviões, influenciaram na sua soma, o crescimento, tipo, e localização dos hotéis. 14 PEREIRA, Luís Tavares – op. cit., p. 15. 15 Binário: arquitectura, construção, equipamento. – nº 183 (Dez. 1973)- . Lisboa: [s.n.], [1973], p. 517.

Susana Gomes 22

2.1 Desenvolvimento cronológico do hotel e do design do lobby

Idade Antiga: Existência de pensões, estalagens, mansões e termas (espaço público

destinado a encontros sociais tendo como preocupação a higiene pessoal/saúde e beleza

estética). A propagação do conceito das águas termais oriundo dos antigos romanos

alcançou a Inglaterra, Suíça e Médio Oriente. As mansões eram construídas ao longo

das estradas romanas que serviam para albergar os viajantes sancionados pela

autoridade romana.

Idade Média: A ordem religiosa predomina neste período histórico. Missionários ou

cruzados, padres e peregrinos formavam a fatia maior do grupo dos viajantes. Como

consequência, os mosteiros e os hospícios abrigavam os viajantes religiosos que faziam

viagens à Terra Santa.

“Durante a Idade Média, encontramos novamente a religião e a hospitalidade mescladas. Os crentes consideravam um dever serem hospitaleiros para com os viajantes e os peregrinos. Em inúmeras situações, os mosteiros funcionavam como pousadas, fornecendo alojamento e comida ao viajante exausto.”16 [Tradução livre]

Século XII: As viagens tornaram-se mais seguras, favorecendo assim o

desenvolvimento das estalagens na Europa.

Século XIV: A lei francesa tomou como obrigatória o registo da propriedade hotel. A

lei inglesa institui regulamentações para os estabelecimentos.

Século XVI e XVII: O crescimento da hotelaria na Europa era visível, bem

posicionado, com níveis de acomodações melhoradas e uma gastronomia fidedigna. Os

transportes terrestres que eram essencialmente assegurados pelos coches desencadearam

a construção de estabelecimentos hoteleiros no decurso das rotas de diligências. Assim,

houve uma necessidade de estabelecer horários para uma melhor rentabilidade.

16 During the Middle Ages, we again find the intermingling of religion and hospitality. It was considered the duty of Christians to offer hospitality to travelers and pilgrims. In many instances, monasteries functioned as inns, providing accommodations and food for the weary traveler. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – op. cit., p. 3.

Design do Lobby de Hotel 23

“Uma das consequências diretas foi a construção de pousadas e tabernas, apropriadamente situadas no decurso de rotas de diligências. Uma vez que os viajantes eram, por norma, indivíduos com posses, o número de pousadas cresceu, a par do respetivo incremento e da capacidade funcional destas. As pousadas e as tabernas tornaram-se em pontos de encontro populares para a nobreza local, políticos, padres, entre outras figuras.”17 [Tradução livre]

Século XVIII e XIX: Até aos finais do século XVIII, as carruagens em Portugal

tinham, nas distâncias de médio e longo curso, como importante função serem uma via

de despacho mais rápido e eficiente do serviço postal. Sob a pressão gerada pelos

utentes e às inúmeras críticas feitas ao serviço postal prestado pelo Correio-Mor (posto

em prática pelo rei D. Manuel I em 1520) implementou-se em 1797, o serviço da

carruagem da Mala-Posta. O objetivo foi tornar o serviço eficaz e totalmente público

(uma fonte de rendimentos e ter o controlo da informação que circulava por via postal).

17 A direct result was the construction of inns or taverns at suitable locations along the stagecoach routes. Since their passengers were mainly wealthy people, accustomed to certain luxuries, the stagecoaches contributed not only to growth in the number of inns but also to improvements in their quality. The inns or taverns also became popular meeting places for local nobility, politicians, priests, and others. Ibid., p. 4.

Figura 2: Estalagem do séc. XVII. Uma construção simples com apenas uma entrada (melhor controlo e proteção) e várias divisões com acomodações básicas destinadas a viajantes, condutores e cavalos

Susana Gomes 24

“As Mala-Postas eram diligências cuja função primária era a do transporte do correio, e garantiam, pela primeira vez, um serviço regular, realizando os percursos à segunda, quarta e sexta-feira. À mesma hora, cinco da manhã, uma diligência partia de Lisboa, enquanto outra saía de Coimbra. Com pernoita, o percurso só terminava às 21 horas do dia seguinte.”18

A Mala-Posta levou à criação de novas infraestruturas, sendo as mais conhecidas as

Estações de Muda, edifícios com um estilo arquitetónico tipificado onde se faziam

trocas de cavalos, entrega do correio e serviços de alojamento para os viajantes cearem

e pernoitarem. Apesar do bom serviço que estas diligências prestavam, a sua extinção

foi irreversível com o advento do comboio.

18 Percurso de Correios [Em linha]. [Consult. 30 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.fpc.pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/Percurso%20de%20Correios.pdf>.

Figura 3: Maqueta da Estação de Muda de Casal dos Carreiros em 1856

Design do Lobby de Hotel 25

A Revolução Industrial foi o fator impulsionador para o florescimento da indústria

hoteleira na Europa (Inglaterra) e na América (Estados Unidos). O sonho de viajar para

terras distantes tornou-se numa realidade graças ao progresso tecnológico a nível de

transportes - a invenção do caminho-de-ferro e a máquina a vapor. O surgimento do

primeiro livro-guia de viagens “A Gentleman’s Guide” e as primeiras grandes excursões

realizadas apenas por classes mais altas da sociedade Britânica sucedeu à origem dos

primeiros viajantes modernos. Os turistas eram maioritariamente jovens cavalheiros

com uma educação clássica que entendiam a relevância de fazer uma digressão de

estudo à cultura Europeia.

“Na fase tardia do século XVIII, foi elaborada a principal arma do viajante moderno: o guia de viagem. Tal fenómeno reflete o início de um processo importante, na medida em que o alargado número de volumes de guias turísticos, conjuntamente com os suplementos de viagem e a informação em rede, constituem os elementos-chave na criação de um consumidor moderno, isto é, o consumidor informado e sofisticado do século XXI.”19 [Tradução livre]

19 In the late eighteenth century, one of the major weapons of the modern traveler was first assembled: the guidebook. This reflects the beginning of an important process. The increasing volume of guidebook, travel supplements and online information has been one of the key factors in creating the informed, empowered and sophisticated consumer of the twenty-first century... COLLINS, David – op. cit., p. 17.

Figura 4: Planta da Estação de Muda de Ponte da Pedra em 1857

Susana Gomes 26

Durante o século XIX, as ferrovias e as linhas de navegação evoluíram de tal forma que

viajar para o exterior volveu-se numa opção cada vez mais viável para a maioria das

pessoas e com a redução de preços das viagens despoletou o fenómeno turismo20. Este

descobrimento revolucionou o nosso sentido de tempo, espaço e hospitalidade, criação

de uma vasta rede de ligações (conexão entre as nações) a fim de servir novos negócios

e atividades de lazer.

“O progresso moderno dos meios de transportes, e o crescente tempo de férias usufruído especialmente pelos europeus, permitiu a vários grupos viajarem para novos destinos, tipicamente compreendendo distâncias longas.”21 [Tradução livre]

Por volta de 1840, os hotéis urbanos eram construídos próximos das estações de

caminhos-de-ferros, de modo a favorecer a deslocação dos hóspedes. Havendo

distinções entre as classes, os compartimentos das locomoções mais confortáveis,

luxuosos e elegantes estavam destinados à classe média alta. A edificação de novos

hotéis com o número elevado de quartos era uma tendência como também a abertura

20 Tourist could be termed persons who are not resident in the locality, who stay for a relatively limited period only and who bring some benefit to the area. JOURNAL, Architect's – Principles of Hotel Design. London: Architectural Press, 1970, p. 7. Categoriza-se um turista como um indivíduo que não reside permanentemente na localidade em questão, e cuja estadia engloba um período de tempo relativamente curto, resultando no benefício económico da área em questão. 21 Modern modes of transportation and longer vacations times, especially for Europeans, have made it possible for people to travel farther for their holidays. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – Hotel Design Planning and Development. United States: W.W. Norton & Company, 2001, p. 241.

Figura 5: Os meios de transportes mais eficientes e mais baratos

Design do Lobby de Hotel 27

destes que coincidia com os eventos mais marcantes da época (p. ex. Grande Exposição

de Londres de 1851 e Exposição Internacional de Paris de 1889) com a finalidade de

atrair um número elevado de visitantes. Houve também grandes avanços nesta indústria,

sendo o gás substituído gradualmente por eletricidade, originando assim as luzes

elétricas, o aparecimento do telefone, elevador22, aquecimento central e por fim a

canalização de água.

“Durante este período, a inauguração de um novo hotel representava o amadurecimento económico e cultural de uma cidade. A competição entre as indústrias hoteleiras era feroz, sendo disputada no plano intraurbano como interurbano.”23 [Tradução livre]

O Tremont House de Boston foi um dos exemplos emblemáticos de um hotel moderno,

em termos arquitetónicos e de serviços. Como primeiro hotel urbano de luxo incorporou

algumas inovações desde portas com fechaduras e casas de banho24 em cada quarto

(maior privacidade e higiene pessoal); disponibilizava ainda um menu à la carte e

carregadores de malas/bagagens. Portanto, os hóspedes eram tratados com um serviço

de qualidade suprema.

“Luz elétrica, caldeiras a vapor, grandes espaços públicos, e quartos asseados: são alguns trunfos usados pelos empresários hoteleiros para seduzirem a clientela, que cada vez mais demandavam altos padrões no nível do serviço hoteleiro.”25 [Tradução livre]

22 The design of the lobby has evolved alongside the changes to the hotel industry. For example, the introduction of passengers elevators in 1859 greatly affected efficiency. THAPA, Dhiraj – Hotel Lobby Design: Study of Parameters of Attraction. Texas: Texas Tech University, 2007, p. 6. Conjuntamente com a indústria hoteleira, também as exigências relativas ao design dos lobbies evoluíram. A título de exemplo, temos a introdução em 1859 de elevadores para utentes que afetou profundamente a eficiência. 23 During this period the opening of a new hotel signified a city’s economic and cultural coming-of-age. Competition for hotel business was fierce, not only within a particular city but between cities themselves. ALBRECHT, Donald – New Hotels for Global Nomads. London: Merrell Publishers Limited, 2002, p. 10. 24 The idea behind incorporating a bathroom into the bedroom is to preserve the feeling of the intimacy we associate with both these spaces. On the one hand, the privacy of the combination and, on the other, the comfort make this a perfect solution that turns the bedroom into a unique private area. CERVER, Francisco Asensio – Interior Design Atlas. Cologne: Könemann, 2000, p. 408. A ideia que subjaz à incorporação da casa de banho no quarto é a preservação do sentimento de intimidade que associamos a ambos os espaços. Por um lado, a privacidade inerente a esta combinação e, por outro lado, o devido conforto, tornam esta ideia na solução perfeita que converte o quarto numa unidade única privada. 25 Electric lights, steam-powered heating, grand public spaces, and clean rooms were not the only means hotel entrepreneurs used to attract guests, who demanded higher levels of service from modern hotels than they did form older inns. ALBRECHT, Donald – op. cit., p. 13.

Susana Gomes 28

O hotel Tremont ascendeu o negócio da hotelaria para um novo patamar, na medida em

que aumentou o número de quartos padronizando-os em unidades rentáveis. Em vista

disso, os proprietários e projetistas de hotéis urbanos do início do século XIX foram

pioneiros na criação de espaços estandardizados de conduta consumista.

Século XX: Século de grandes mudanças a nível económico, tecnológico e de design.

Ocorreu quatro momentos marcantes que contribuíram para a expansão e revolução da

indústria hoteleira.

- 1º Momento (anos 20): Expansão e prosperidade económica.

- 2º Momento (meados do séc. XX): Apogeu máximo do crescimento de turismo26 e da

educação turística tendo como consequência dois fatores principais: a juventude e a

modernização dos meios de transportes (carros, aviação, transporte ferroviária etc.).

26 A mode of tourism that appeared in the 1960s, resulting from the general provision of paid vacations in many industrialised countries, which allowed most people to travel and support the tourism industry. Best Environmental Practices for the Hotel Industry [Em linha]. [Consult. 1 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.sba-int.ch/spec/sba/download/BGH/SBABGEHOTELLERIEENG2008.pdf>. O turismo em massa surgiu durante a década de 60, resultando do provimento geral de férias pagas em inúmeros países industrializados, que permitiu a uma percentagem significativa de pessoas a viagem recreativa, e ao mesmo tempo o suporte da indústria turística.

Figura 6: Tremont House (1829) foi projetado pelo arquiteto americano Isaiah Rogers. De estilo neoclássico, apresenta uma fachada em granito branco e o espaço público interior com um pé-direito elevado e o pavimento revestido em mosaicos de mármore

Design do Lobby de Hotel 29

- 3º e 4º Momento (anos 80 até finais do séc. XX): Diversos estilos arquitetónicos e

novas estratégias de marketing focadas no conceito alusivo às viagens e fantasias.

Avanços tecnológicos (sistemas eletrónicas e computorizadas) e desenvolvimento de

novas tipologias de hotéis (exs. hotel aeroporto, boutique hotel, motel entre outros).

“O tremendo aumento de automóveis e viagens aéreas, e a correspondente decrescência do uso de linhas férreas, suscitou o interesse em novas áreas que previamente não eram consideradas locais apropriados para o desenvolvimento de hotéis. O resultado de tal ampliação é a frequência com que se encontram hotéis localizados fora da cidade, ou seja, em aeroportos e autoestradas.”27 [Tradução livre]

Design do Lobby

O século XX foi também marcante para o desenvolvimento do design do lobby. Nas

décadas de 1920 e 1930, os chamados Grandes Hotéis apresentavam entradas e lobbies

extravagantes, pomposos e glamorosos com a implementação de elementos de design

dramáticos e luxosos). O lema dos lobbies dos hotéis ‘um espaço para ver e de ser visto’

residia essencialmente na valorização deste espaço.

“Os grandes hotéis de 1920 e 1930 desencadearam dramáticas variações em termos de tamanho e extravagância dos seus espaços públicos.”28

Durante os anos 50 e 60 a tendência dos lobbies consistia numa escala menor e mais

económica29. Até que no ano de 1967, o hotel Hyatt Regency de Atlanta introduziu o

conceito do lobby átrio. O átrio transmitia aos hóspedes uma sensação de abertura e

liberdade devido à sua extraordinária arquitetura que possibilitava a construção de tetos

extremamente elevados.

27 The tremendous increase in automobiles and airline travel, and the corresponding decrease in the use of railroads, opened up many new areas that could not previously be considered proper sites for hotels development. As the result, newer hotels are frequently located outside the city, at airports, and on the highways. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – op. cit., p. 7. 28 The grand hotels of the 1920 and 1930 saw dramatic swings in the size and extravagance of their public spaces. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 24. 29 …until the Hyatt Regency Hotel opened in Atlanta, Georgia, in 1967, most hotel lobbies were relatively small, designed along the same economical principles as the rest of the hotel. Ibid., p. 283. Até à abertura do hotel Hyatt Regency em 1967, a maioria dos hotéis eram relativamente pequenos, projetados consoantes os princípios económicos do resto do hotel.

Susana Gomes 30

“Um dos marcos importantes no design do lobby ocorreu na década de 60, mais precisamente no ano de 1967, quando o hotel Hyatt Regency de Atlanta implementou um impressionante design do átrio.”30

Na década de 70, surgiu a novidade do bar como uma atração extra de lazer no átrio

amplo e aberto. Após a aceitação como um espaço popular para encontros sociais e

gerador de bens, o lobby bar tornou-se parte integrante da maioria dos hotéis.

“O lobby bar emergiu no ano de 1970 como forma de criar atividade nos espaços do átrio dos grandes hotéis.”31

Ainda neste período, emergiu um fenómeno das cadeias de hotéis. A estratégia consiste

na estandardização dos hotéis que visa criar uma imagem corporativa identificável e

global por parte dos clientes ou seja cadeias de hotéis internacionais. Os consumidores

começam a reconhecer a imagem de marca e contam com o mesmo estilo e nível de

serviços em todos os hotéis da mesma cadeia. A padronização das acomodações

(decoração e disposição de quartos iguais) e dos serviços tem como alvo a redução de

custos tanto na estadia como na materialização do projeto de construção. Portanto, este

conceito de cadeia veio para acomodar os viajantes de negócio e de lazer que procuram

um produto consistente. Porém, o processo modular retira o fator da novidade e a

excitação das viagens pois subsiste num design de interiores sem ambição.

“Na década de 60 e 70, a cultura hoteleira pareceu culminar no esgotamento do próprio ideário, e o mercado encontrava-se dominado por apartamentos de hotel de atmosfera impessoal, entre outros desenvolvimentos em cadeia.”32 [Tradução livre]

Em reação à estandardização dos hotéis, em 1984 Ian Schrager33 e o seu colaborador

Steve Rubell, criaram uma nova tipologia de hotel através do primeiro projeto hoteleiro

30 One of the milestones in lobby design, started in the 1960s, to be precise in 1967, when the Hyatt Regency Atlanta implemented a stunning atrium design. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 25. 31 The lobby bar developed in the 1970s as a way to create activity and excitement in the open atrium spaces in large hotels. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 295. 32 In the 1960s and 70s, hotel culture seemed to have exhausted itself. The market was dominated by faceless apartment hotels and off-the-peg chain developments. Detail Konzept: Hotel Design. - nº 3 (Mar. 2007)- . München: Detail, [2007], p. 177. 33 … during the 70s and 80s, when he and his late business partner, Steve Rubell, created the legendary and groundbreaking Studio 54 and Palladium nightclubs. They soon turned their attention to the hotel business opening Morgans Hotel in 1984, introducing the concept of the "boutique hotel" to the world. Ian Schrager [Em linha]. [Consult. 1 Jun. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.ianschragercompany.com/ian_schrager.html>. Ian Schrager é o presidente e

Design do Lobby de Hotel 31

em comum. O projeto constava em transformar o edifício urbano pequeno e antigo,

Morgans de Manhattan (Nova Iorque), numa boutique hotel34 ou design hotel. Os

precursores desta nova geração de design de hotéis convidaram a arquiteta parisiense

Andreé Putman para remodelar o interior do hotel Morgans. A visão reside na

modernização das acomodações metropolitanas que irá atrair hóspedes modernos

conscientes das tendências e que abominam os hotéis estereotipados.

“Por contraste aos hotéis uniformizados, a boutique hotel ou o design hotel, introduzido inicialmente na década de 80, é individual, personalizado, e dotado de propriedades modernas, concentrando-se na experiência e aventura que o cliente poderá ter durante a estadia. Este tipo de hotel não almeja ser uma marca global, enfatizando antes a importância da marca na atração local.”35 [Tradução livre]

CEO da companhia Ian Schrager Hotels. Durante o período decorrido entre as décadas de 70 e 80, Schrager e o seu parceiro Steve Rubell, criaram o legendário e pioneiro Studio 54 e as boates Palladium. Desde cedo que se concentraram na indústria hoteleira, inaugurando em 1984 o Hotel Morgans, que introduziu ao mundo o conceito de hotel boutique. 34 The idea of the ‘boutique’ hotel was born in the early 1980s from an experimental idea by hotel entrepreneur Ian Schrager. Teaming up with interior designer Andrée Putman, Morgans Hotel of New York was the first hotel to emphasize the experience of hotel design from the inside. CURTIS, Eleanor – Hotel Interior Structures. Great Britain: Wiley-Academy, 2001, p. 8. A ideia de um hotel ‘boutique’ nasceu no início de 1980, a partir de um conceito experimental de Ian Schrager, empreendedor hoteleiro. Alinhando com Andrée Putman, designer de interiores, o hotel de Nova Iorque Morgans foi o primeiro a sublinhar a experiência do design de hotel a partir do interior. 35 In contrast to standardized hotels, boutique and design hotels, which were introduce in 1980s, are individual, personalized, and modern properties, focusing on the customer’s experience and adventure during their stay. Those types of hotels are not eager to be global brands, but rather emphasize on being an attractive brand in a city… BRAUN, Roxane – op. cit., p. 30.

Figura 8: Corredores do Hotel Morgans Figura 7: Hall do Hotel Morgans

Susana Gomes 32

“Contornos a preto e branco, semelhantes às dispostas num tabuleiro de xadrez, ladeiam as suaves carpetes nos corredores, ao mesmo tempo que estas são ligeiramente iluminadas pelas lâmpadas. […] E persistem painéis vítreos num ambiente geometricamente rigoroso de bronze coberto por camadas esverdeadas: tudo isto transmitindo como que um mundo cinematográfico reacendido.”36 [Tradução livre]

A dupla Schrager e Rubell com a colaboração sucessiva dos designers internacionais

franceses, Andreé Putman e Philippe Starck estabeleceram um padrão para muitos dos

hotéis de design subsequentes. O padrão funda-se na remodelação dos edifícios

industriais antiquados de escala reduzida, criando ambientes que estimulam novas

sensações, enfatizando todos os detalhes do espaço interior.

Século XXI: Era da tecnologia. O design cada vez mais aliado à tecnologia, reflete-se

em diversos campos: social, política, económica e ambiental. A intervenção do design

na indústria hoteleira traduz-se em inovações e originalidade, sendo também uma

ferramenta imprescindível na projeção de espaços únicos, funcionais e esteticamente

apelativos. Em ponto à parte, o lobby é um espaço social, ativo, participativo,

multifuncional e que deve ser visto.

“A maior alteração na indústria hoteleira nas últimas décadas foi sem sombra de dúvida, o modo como as áreas públicas foram renovadas e ampliadas, conjuntamente com a provisão de serviços adicionais.”37 [Tradução livre]

2.2 Tipologias dos hotéis

Nos dias de hoje, a variedade existente de hotéis é inimaginável. A imensa diversidade

tipológica de hotéis tem como fatores determinantes, a escolha da localização, tamanho,

preços, serviços, imagem de marca (com ou sem afiliações) e o público-alvo pretendido.

36 Chequer-board borders in graphic black and white line the soft, dark carpeting in the corridors, dimly illuminated by downlighters. […] Back –lit glass panels in sternly geometrical surrounds of patinated bronze exude the atmosphere of a revived cinema world. BANGERT, Albrecht; RIEWOLDT, Otto – New Hotel Design. London: Laurence King Publishing, 1993, p. 14. 37 Without doubt, the major change in the hotel world in recent decades is the way the public areas have been upgrade and extended, together with the provision of additional services. Detail Konzept: Hotel Design. – op. cit., pp. 177, 178.

Design do Lobby de Hotel 33

“Os hotéis podem ser descritos pela sua localização, critérios de qualidade, operação em cadeia ou independente, e extensão da especialização.”38 [Tradução livre]

A localização constitui como um dos elementos predominantes na classificação

tipológica da unidade hoteleira, pois consoante a espacialização podem ser identificados

como hotel urbano39 (centro das cidades), hotel suburbano (arredores das cidades com

terrenos espaçosos e económicos para o desenvolvimento de grandes hotéis com boa

visibilidade, bons acessos e estacionamentos), estância turística (situado fora dos

centros urbanos em áreas não edificadas) e hotel rural (locais subdesenvolvidos e

isolados com paisagens surpreendentes, destinados para retiros das grandes cidades).

“Grande parte dos hotéis é desenvolvida em um dos seguintes locais: zonas rurais ou subdesenvolvidas, subúrbios, vilas, zonas à beira-estrada, e áreas urbanas.”40 [Tradução livre]

Devido à inúmera variedade tipológica de hotéis serão apresentados neste estudo os

exemplos mais comuns.

Boutique Hotel | hotel urbano

Durante as últimas décadas do século XX, a boutique hotel era considerado um hotel de

pequeno porte comumente menos que 100 quartos. Usualmente eram edifícios urbanos

obsoletos e económicos que eram reaproveitados e renovados com um toque de design.

Como estratégia de marketing são convidados usualmente designers célebres (Andrée

Putman, Philippe Starck41, Christian Liaigre etc.) de modo a dar prestígio e visibilidade

38 Hotels may be described by their locations, standards of quality, operation as a chain or independently and extend of specialization. LAWSON, Fred – Hotel & Resorts: Planning, Design and Refurbishment. Oxford: Architectural Press, 1995, p. 20. 39 O hotel urbano, no sentido próprio do termo, é um hotel de viagem e de negócios, adaptando-se, pelo seu equipamento, sobretudo ao tráfego de passagem. Binário: arquitectura, construção, equipamento. – op. cit., p. 517. 40 Most hotels are developed on one of the following types of sites: rural and undeveloped sites (usually for resort hotels or retreats); suburban, small towns, and roadside sites and urban sites. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 241. 41 The official support given by the French authorities to Postmodernist designers like Philippe Starck does much to explain their popularity in the 1980s, and their continuing success today. […] His work ranges from easy chairs to coffee pots, and they are all marked by their convenience and by design that oscillates between a return to basics and truly astonishing originality. CERVER, Francisco Asensio – op. cit., p. 847. O apoio oficial dado pelas autoridades francesas a designers pós-modernistas como Philippe Starck, ilumina a razão da popularidade desta corrente nos anos 80, e o contínuo sucesso até aos dias de hoje. […] O escopo do seu trabalho engloba desde cadeiras a cafeteiras, estando estes objetos marcados

Susana Gomes 34

à propriedade e um bom posicionamento no mercado. Atualmente, o termo ‘boutique

hotel’ transcende as definições preconcebidas, podendo ser pequeno ou grande, luxuoso

ou económico, moderno ou tradicional, independente ou em cadeia. As características

que melhor descrevem esta tipologia hoteleira são: intimidade, modernidade, chique,

elegância, glamour e singularidade (design de qualidade e original).

“São estes templos do estilo contemporâneo que apelam ao confronto direto dos usuários com as criações autênticas, que podem pertencer à ordem dos interiores dos design hotels, ou ao domínio das obras de arte contemporâneas que perfilam o núcleo central dos hotéis artísticos. Em termos de tamanho, grande parte destes projetos são concebidos a uma escala restrita, por serem orientados para as clientelas de elite.”42 [Tradução livre]

Hotel de Negócios | hotel urbano

A expansão de empresas multinacionais (crescimento do sector empresarial) tornaram

as conferências e as convenções cada vez mais regulares entre os homens de negócios.

Daí a necessidade da especialização deste tipo de hotel para satisfazer esses requisitos

especiais. Os viajantes de negócios43 estão em movimento constante (múltiplas viagens

cansativas), logo as estadias em hotéis são de curta duração e transitórias. Este tipo de

hotel tem como cargo preponderante adaptar ao ritmo dos clientes, auxiliando-os com

equipamentos tecnológicos sofisticados. Os quartos são intencionados para criar uma

atmosfera propícia aos negócios e relaxamento. Portanto, além de serem convidativos,

confortáveis e íntimos (maior privacidade), são projetados com a função de escritório

que tem como princípios a eficiência, ergonomia, multifuncionalidade e bem equipados

a nível da tecnologia (telefone, fax, computador, wifi etc.), mobiliário e iluminação

(flexíveis e adaptáveis).

pela conveniência e um design que oscila entre um regresso aos básicos e uma originalidade verdadeiramente espantosa. 42 Customers are drawn to these temples of contemporary style in the search for a direct confrontation with authentic design creations, whether these be the interiors of design hotels, or the contemporary art works that form the centerpiece of art hotels. In terms of size, most of these projects are conceived on a relatively small scale, appropriate to the élite group of customers they are targeting. RIEWOLDT, Otto – Hotel Design. London: Laurence King Publishing, 1998, p. 12. 43 Business traveler: any traveler who travels primarily for the purpose of business, trade shows, and conventions. RENNER, Peter Franz – Basic Hotel Front Office Procedures. 3ª ed. New York, N. Y.: Van Nostrand Reinhold, 1993, p. 4. O viajante em negócio é o viajante que viaja primariamente com o propósito de concretizar negócios, e participar em convenções.

Design do Lobby de Hotel 35

“…as viagens de negócio, por terem um ritmo veloz, exigem de um hotel um serviço rápido e eficiente, restaurantes e bares de confiança, as tecnologias necessárias, e, naturalmente, tranquilidade e silêncio.”44 [Tradução livre]

Hotel Casino | hotel urbano ou suburbano

Os hotéis casinos são propriedades de grandes dimensões com um sistema operacional

complexo e dispõe um universo de escolha aos clientes. O casino tanto pode funcionar

de uma forma independente do hotel como pode estar ligada a uma parte deste. De uma

forma usual os casinos estão situados próximos do lobby do hotel com o intuito de tirar

proveito do tráfego e atraí-los para a agitação dos jogos. A interligação das duas áreas

consiste por parte do hotel providenciar diversos serviços aos jogadores desde quartos,

refeições a atividades recreativas.

“Uma grande parte dos serviços prestados pelo hotel assume um lugar exterior aos limites físicos do casino. As reservas, o balcão de atendimento, a equipa responsável pelos comeres e beberes, operam em zonas limitadas. Contudo, o serviço das bebidas é habitualmente disponibilizado no interior do casino.”45 [Tradução livre]

Existem hotéis casinos situados nos centros das cidades ou nos subúrbios na

configuração de Resort (exs. Reno, Las Vegas, Atlantic City, Sun City etc.).

Estrategicamente localizados, afluência de turistas e visitantes locais, os Resorts

Casinos são uma constante atração tanto para crianças como para adultos. Algumas

dessas atrações são: atividades recreativas/ parques infantis, lojas, salas de espetáculos,

ginásios, múltiplos restaurantes e bares (acesso direto através das áreas públicas- o

lobby) entre outros. A indústria de jogos sobrestima vários elementos incontornáveis

para o sucesso como: o tema/conceito da decoração (qualidade elevada, soberba,

pomposa e detalhada), a organização do espaço (eficiente), o nível de barulho e outros,

com o objetivo de criar um ambiente de fantasia, animado, interessante e divertido a fim

de maximizar a satisfação do consumidor.

44 … business trips are quick-paced and demand a hotel that will support fast turn around and provide efficiency, technology, reliable and quick restaurants and bars, and, of course, peace and quiet. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 7. 45 Most of the services provided by the hotel take place outside the physical confines of the casino. The reservations, front desk, and housekeeping staffs most of the food and beverage operate within their respective areas. However, beverage service is usually provided inside the casino. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – op. cit., p. 367.

Susana Gomes 36

“Combinar num hotel o espetáculo, o jogo e a fantasia, é uma receita amistosa e orientada para o mercado de massas que poderá garantir o sucesso…”46 [Tradução livre]

Las Vegas47, a meca dos jogos e da diversão dos Estados Unidos, enquadra-se na

perfeição nesta categoria. Localizada no deserto de Nevada, é a cidade de hotéis casinos

de luxo mais visitada no mundo. Sobressai pelos seus plágios arquitetónicos (réplicas

das construções ícones das famosas cidades de Paris, Veneza, Nova Iorque etc.), onde o

tempo e o espaço se colidem no momento em que se atravessa os temas geográficos.

“…da iconografia para a cenografia, na qual o horizonte de Nova Iorque, a Torre Eiffel e a praça de São Marcos em Veneza estão localizados, caótica e desordenadamente, um ao lado do outro. Um teatro mundial conduzido para o entretenimento abandonou o auditório para evoluir num desfile de ar livre de curiosidades.”48

Resorts | estância turística

Paisagens exóticas com praias imaculadas e dias de calor continuam a ser os elementos

de preferência dos veranistas para escapar a rotina do dia-a-dia. O resort é o pacote

46 The combination of show, gambling and fantasy hotel is a mass-market, family-friendly recipe for success… RIEWOLDT, Otto – op. cit., p. 10. 47 … it wasn’t until 1947 that the first major successful casino hotel, the Flamingo, was built in Las Vegas. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 225. O Flamingo, o primeiro hotel casino de sucesso, foi construído em Las Vegas somente em 1947. 48 RIEWOLDT, Otto – Novo Design de Hotéis., p. 9.

Figuras 9 e 10: Venetian Resort Hotel Casino, Las Vegas, Nevada

9

Design do Lobby de Hotel 37

completo em que combina todos estes fatores (vistas esplendidas, beleza natural,

conforto e luxo) mais a disponibilização de acomodações imaginativas e de relaxamento

(spa e piscinas) e diversas atividades (desportos radicais aquáticos, campos de golfe

etc.) que atraem grupos de famílias e empresarias49.

“Quer queiramos quer não, programam-se certas férias com o intuito de se interromper a rotina diária exigida pelo quotidiano. O Hotel Resort, em princípio, deve realizar este ensejo ao ofertar um “novo mundo” propício ao puro escapismo, ou oferecendo ao usuário uma experiência digna da aristocracia durante uma ou duas semanas.”50 [Tradução livre]

Por consequência, a localização, a vista paisagística, a arquitetura e os interiores (a

importância do conceito e a organização do espaço de fácil perceção e funcional) são de

imensa relevância para o desenvolvimento do resort.

“O arquiteto Marcel Breuer sublinhou que as paisagens e o acabamento dos edifícios são as características visuais principais que detêm o olhar dos utilizadores. Mas ao passo que os materiais utilizados na construção variam na apelação, uma paisagem apropriada recebe inevitavelmente os devidos louvores. E isto é mais verdadeiro num resort. Por outro lado, assim associa-se o desenvolvimento com o meio ambiente, seja este costeiro, montanhesco ou desértico.”51 [Tradução livre]

A pluralidade de resorts existentes é surpreendente, adequados a vários gostos,

apresentam-se como Spa Resorts (atende a uma variedade de necessidades como:

ginásios, tratamentos de beleza e de saúde etc.), Resorts Urbanos (oferece quase as

mesmas condições que um resort de praia, sendo benéfico para turistas ou população

residente por ter uma localização de fácil acesso através de veículos pessoais), Ski

Resorts (aberto só nas estações mais frias, estão localizadas em áreas de elevadas

49 Resorts have become very popular as meeting places for corporate groups. The scope of the activities keeps the attendees on premises and the convention facilities meet the needs for a proper meeting venue. GRAY, William S.; LIGUORI, Salvatore C. – op. cit., p. 16. Os Resorts tornaram-se consideravelmente populares como pontos de encontro para grupos corporativos. O escopo das suas atividades concentra a plateia, e as instalações da convenção obedecem às exigências apropriadas à reunião. 50 Lastly, there are holidays, where a clean break from the daily routine of life back home is expected, in one way or another. The resort can do this by offering “another world” (usually of entertainment) for pure escapism, or by offering another level of life where the guest may ‘live’ like royalty for a week or two. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 7. 51 Architect Marcel Breuer pointed out that the main visual features people focus on are the landscaping and the building finishes. But while building materials may vary in their appeal, proper landscaping always receives praise. And this is never more true than at a resort. It also relates the development to its natural environment, whether coastal, mountain, or desert. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 67.

Susana Gomes 38

altitudes com o propósito de poder praticar a atividade de atração principal- esqui),

Resorts de Parque Temático (atrações variadas, desde fantasia e lazer- Disneylândia, ou

edifícios históricos de padrões elevados), Resorts de Ecoturismo52 (destinados a

amantes da natureza, que pretendem explorar e vivenciar de uma forma aproximada da

vida selvagem, intacta e culturas indígenas).

“O parque temático mais conhecido e que iniciou a ideia é a Disneylândia nos Estados Unidos. As atrações são idealizadas para proporcionar um dia completo de diversões para crianças e adultos.”53

Hotel Aeroporto | hotel suburbano

Com o crescimento da indústria aérea e do transporte em massa, os hotéis aeroportos

surgiram para atender as necessidades básicas dos passageiros que estejam em trânsito.

Originalmente com condições escassas, os hotéis aeroportos apenas disponibilizavam

simples instalações somente com áreas de repouso e de refeição para um número

limitado de viajantes. Muito mais que um local de partidas e de chegadas, o hotel

aeroporto contemporâneo tornou-se um destino em si. Numa localização privilegiada,

cerca de 10 minutos dos terminais, fornece suites de luxo, serviços 24 horas,

rececionistas multilingues, transportes gratuitos até ao aeroporto, restaurantes, lojas,

spa, ginásios, salão de eventos, centros de conferências/seminários com ambiente

profissional (equipamentos tecnológicos- audiovisuais, wifi etc.). Por consequência, os

banquetes e as salas de reuniões reservadas para atividades sociais e funções de

negócios têm como alvo as empresas localizadas nas proximidades do aeroporto. Posto

isto, o hotel aeroporto é uma escolha ideal para os viajantes, para a tripulação das

companhias aéreas e para profissionais da área de negócios.

52 Ecotourism, sustainable development and green architecture in many ways are descendants of the environmental movement of the 1960s and 1970s when ‘back to nature’ was the call. Ibid., p. 103. O ecoturismo, o desenvolvimento sustentável e a arquitetura sustentável, são, de inúmeras formas, herdeiros dos movimentos ambientais situados na década de 60 e 70, quando se fez sentir o chamamento do ‘regresso à natureza’. 53 PAUL, Valerie; JONES, Christine – op. cit.,p. 17.

Design do Lobby de Hotel 39

“…surgem próximos dos aeroportos e das estações portuárias, onde os passageiros em modos de transferência, muito provavelmente precisaram acomodação para passar a noite ou dia. Adicionalmente às necessidades de outros desenvolvimentos turísticos em torno do aeroporto, determinados mercados incluem alojamento para a tripulação ou os funcionários do aeroporto.”54

Tabela 1: Identificação do Hotel

54 … arise near airports and ferry ports where transfers are likely to require overnight or day accommodation. Others markets include aircrew and airports staff accommodation in addition to the needs of other tourism developments around the airport. LAWSON, Fred – op. cit., p. 41.

Identificação: Exemplos: Características:

Localização

Centro da cidade,

província, zona rural etc.

Viajantes de negócios, conferencistas,

turistas etc.

Qualidade

Sistemas de classificação: - Estrelas (1 a 5); - Coroas; - Diamantes etc.

Localização espacial, instalações e

serviços adequados consoante a

categoria do hotel.

Operação

Grandes empresas

hoteleiras que operam em

cadeia.

Padronização da qualidade, serviços e

instalações. A imagem corporativa é

adotada para fornecer um produto

reconhecível e consistente a uma tarifa

nacional comum. Hotéis individuais que

operam de uma forma

independente.

A ênfase recai frequentemente sobre o

carácter distintivo do hotel e serviço

íntimo.

Especialização (hotéis com serviços

particulares)

Resorts

Orientado ao redor das atrações de lazer

Spa Hotel

Fornece serviços a nível de saúde e

beleza.

Casino Hotel

Com divisões para jogos, espetáculos e

instalações públicas.

Susana Gomes 40

2.3 Sistemas de classificação dos hotéis

O sistema de classificação dos hotéis, não sendo um sistema universal, varia consoante

os países e as regiões. Anualmente vários hotéis são avaliados por diversas organizações

comerciais. Nos Estados Unidos a American Automobile Association55 (AAA)

classifica os melhores hotéis e resorts através do sistema de diamantes enquanto a Mobil

Travel Guide56 utiliza o sistema de estrelas. A maioria dos países europeus incluindo

Portugal, aderiram ao sistema de classificação por estrelas proposta pela organização

HOTREC (representa hotéis, restaurantes, cafés e estabelecimentos da Europa). O hotel

que opta por este sistema obtém um determinado número de estrelas (escala 1 a 5)

consoante a sua localização, função, nível de serviços e as comodidades que

proporciona aos clientes.

“Ao passo que a premiação com estrelas e rosetas, indicadores de qualidade incessante, continua a ser crucial para a tomada de decisão do cliente, já a inflexível provisão de equipamento e comodidades necessários à acumulação de notas prestigiantes, tanto pode resultar num excesso de gadgets, como num quarto bem considerado.”57

A seguir são descritos os requisitos mínimos obrigatórios das partes constituintes do

lobby (acessos e espaços coletivos), segundo os regulamentos impostos pelo Turismo de

Portugal58, para a obtenção da categoria de cinco estrelas.

55 The most widely recognized system is the diamond ratings issued by the American Automobile Association (AAA) beginning in 1907. STUTTS, Allan T. – Hotel and Lodging Management: an introduction. New York: John Willey & Sons INC, 2001, p. 11. O sistema de classificação por diamantes sendo o mais reconhecido é publicado pela Associação Americana de Automóveis, datando de 1907. 56 … starting as Mobil Travel Guide in 1958, we were the first Five Star rating system. We continue today online as Forbes Travel Guide, offering the world's only independently rated, global luxury hospitality collection and expert travel advice... Forbes Travel Guide [Em linha]. [Consult. 19 Out. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.forbestravelguide.com/about/forbes-travel-guide>. Mobil Travel Guide criou o sistema de classificação por estrelas em 1958. Atualmente através da plataforma Fobers Travel Guide avalia, sugere e classifica os melhores hotéis de luxo do mundo. 57 While the awards of the stars and rosettes indicating quality continue to be crucial in customer’s decision making, the inflexible provision of equipment and amenities necessary to earn grades is likely to result in a surfeit of gadgets as it is to make a well considered bedroom. PLUNKETT, Drew; REID, Olga – Detail in Contemporary Hotel Design. London: Laurence King Publishing, 2013, p. 7. 58 O Turismo de Portugal, I.P. tem competência para classificar Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos Turísticos, Apartamentos Turísticos, Conjuntos Turísticos e Hotéis Rurais. Classificação [Em linha]. [Consult. 12 Fev. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/dvo/empreendimentos-turisticos/Pages/classificacao.aspx>.

Design do Lobby de Hotel 41

Acesso

• Entrada de serviço distinta da entrada para os utentes;

• Acesso privativo às unidades de alojamento;

• Elevador quando o edifício tenha mais de dois pisos (incluindo o rés-do-chão).

Zonas coletivas

• Local identificado de receção destinado ao check in, check out e informações aos

utentes, que pode estar inserido em qualquer área de uso comum;

• Área ou áreas de uso comum onde possam ser prestados os servições de

refeições, pequenos-almoços ou bar;

• Instalações sanitárias;

• Área de estar equipada (mesas e sofás ou cadeiras);

• Climatização das áreas comuns com sistemas de climatização ativos ou passivos

que garantam o conforto térmico.

Serviço de receção e acolhimento

• Serviço de receção presencial 24 horas;

• Serviço de receção bilingue (português e inglês);

• Serviço de informação e reservas;

• Serviço de aceitação e entrega de mensagens;

• Serviço de transportes de bagagens;

• Serviço de depósito de bagagens.

Comunicações eletrónicas

• Acesso à Internet em banda larga e sem fios nas zonas comuns (condicionada à

cobertura do serviço).

2.4 Áreas integrantes de um hotel

Apesar da multiplicidade tipológica de hotéis da atualidade, a propriedade física de um

hotel continua a ser formada por duas áreas primordiais: a zona residencial (quartos)

que ocupa a maior percentagem espacial do hotel é um espaço multifuncional destinado

Susana Gomes 42

para repouso e trabalho, e a zona coletiva (entrada, lobby, receção, lounge, bares,

restaurantes, salas de reuniões e conferências, salões de eventos, áreas de circulação,

sanitários etc.) que representa a área de serviços de acesso direto aos clientes.

“Ao passo que os quartos para hóspedes comportam grande parte do metro quadrado, os espaços públicos definem as diferenças entre as inúmeras variedades de hotéis.”59 [Tradução livre]

Quartos | zona residencial

Conforto, segurança, privacidade e sossego são as palavras-chave que melhor

descrevem os requisitos indispensáveis de um quarto, independentemente da sua

tipologia. O quarto deve permitir um grau de autonomia aos seus hóspedes

possibilitando algum controlo sobre o meio inserido (dominação sobre a tecnologia).

Em acréscimo, os quartos contemporâneos devem incorporar de uma maneira criativa o

uso da tecnologia, sendo esta dispositivos externos ou sistemas internos. A extensão da

escolha de serviços depende do público-alvo. De uma forma habitual os edifícios

antigos que foram convertidos para hotéis têm os quartos com tamanhos e formas

variados. Enquanto a maioria dos hotéis modernos apresentam formas e disposições de

quartos uniformizados são decorados de inúmeras maneiras. O arranjo é usualmente

ditado pelo número de camas dispostas no quarto, sendo as mais correntes: single

(quarto com uma cama individual); double (quarto com uma cama de casal); twin

(quarto duplo com duas camas individuais) e suite (quarto superior de magnificência).

“O quarto de hotel ascendeu a morada temporária (pied-à-terre), um lugar em que a permanência não significa um mero pernoitar, mas também uma potencial consolidação de negócios e projetos.”60 [Tradução livre]

Entrada | espaço coletivo

A aparência da entrada principal é de imensa relevância pois auxilia na formação da

imagem do hotel. Deve ser bem definida com sinalização, iluminação e identificação do

hotel, possibilitar uma boa visão para os interiores e um acesso imediato para a receção.

59 While the hotel guest rooms comprise the majority of the square footage, publics spaces define the differences among various hotel types. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 19. 60 The hotel room is becoming a temporary home, a pied-à-terre, a place not just for staying the night but for working and doing business. RIEWOLDT, Otto – Hotel Design., p. 11.

Design do Lobby de Hotel 43

“A impressão criada pela entrada principal é importante uma vez que tende a tipificar o tipo de hotel. Deve sempre ser claramente definida e providenciar acesso direto à receção do hotel. Se esta se encontrar num piso superior, as escadas e os elevadores devem ser exclusivos do hotel.”61 [Tradução livre]

Os grandes hotéis podem obter além da entrada principal, uma série de diferentes

entradas (entrada do salão, bar, casino, ginásio etc.) a fim de ajudar a separar os

hóspedes dos visitantes, reduzir a quantidade de tráfego desnecessário no lobby,

estabelecer uma identidade distinta ao restaurante do hotel ou outra instalação e

proporcionar maior segurança. Para uma melhor praticabilidade as portas das entradas

devem ser automáticas e ter largura suficiente para a passagem simultânea de pessoas e

bagagens.

“Cada entrada necessita ser claramente identificada segundo a sua função e relação com a cobertura, sinalética, iluminação especial, entre outros elementos arquitetónicos.”62 [Tradução livre]

Algumas entradas dispõe espaços para aguardar táxis ou autocarros turísticos e zonas

para armazenamento temporário das bagagens. A cobertura compõe a entrada, servindo

de proteção aos clientes das condições adversas atmosféricas.

“As portas de entrada de um hotel são geralmente a característica mais intricada do design exterior, e, como tal, podem por vezes ser a peça mais eloquente do hotel enquanto um todo. Entre os novos hotéis, é comum a entrada ser projetada como que um preliminar, antecipando a estrutura ainda por revelar do espaço do hotel oculto ao cliente.”63 [Tradução livre]

Lobby | espaço coletivo

A informação descrita sobre o lobby é somente uma sintetização, sendo que será

aprofundado no capítulo 4.

61 The impression created by the main entrance is important since it tends to typify the type of hotel. It must always be clearly defined and provide direct access to the hotel reception. If this is on an upper floor, stairs and lifts must be exclusive to the hotel. JOURNAL, Architect's – op. cit., p. 55. 62 Each entrance needs to be clearly identified according to its function with canopy, signage, special illumination, or other architectural treatment. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., pp. 281, 282. 63 The entrance doors of a hotel are usually the most intricate feature of its exterior design and, as such, can often be the most eloquent mouthpiece for the hotel as a whole. It is common among new hotels for the entrance to be designed in such a way that the customer is given a foretaste, almost like an advance warning, of what the design of the rest of the hotel is going to be like. COLLINS, David – op.cit., p. 54.

Susana Gomes 44

O lobby é a zona central do hotel, projeta a imagem corporativa e cria o ambiente

pretendido consoante o conceito de design ou o tema narrativo.

“… o lobby tornou-se não só num local de socialização, relaxamento, e encontros, mas também na expressão principal do design geral do hotel.”64 [Tradução livre]

Para o bom funcionamento do espaço, serve como área principal de circulação, onde os

clientes são guiados até à receção e outros serviços de atendimento (acesso aos serviços

de informação, check-in/out, pagamentos, organização de transportes, recomendações

de restaurantes ou outras atrações turísticas) assim como à área de espera ou de lazer

(lounge, lobby bar e/ou restaurante), que tem como finalidade, ser um espaço para

descanso e de encontros sociais informais ou formais no caso de negócios. O lobby dá

ainda acesso direto às salas de reuniões.

“Entre as múltiplas áreas públicas do hotel, o lobby revela ser o palco de maior impacte sobre os hóspedes e visitantes. O lobby é um ambiente pleno que engendra uma sensação social e física de chegada. Os lobbies fornecem uma zona comum para o hóspede relaxar e dar as boas-vindas aos visitantes. Uma das funções importantes deste espaço é que serve como área de circulação central, orientando os hóspedes para as várias componentes do hotel.”65 [Tradução livre]

Esta área exige um design pensado, pois é o local com maior fluxo de circulação e de

utilização por diversas pessoas, em simultâneo deve conferir um ambiente intimista. Os

funcionários e os clientes deverão conseguir avistar o exterior de modo poder localizar a

chegada de transportes e do ponto de vista de segurança é importante para funcionários

poderem supervisionar quem entra e saí do edifício. De uma forma usual, encontram-se

no lobby, a receção, o lounge, bar, restaurantes e salas de conferências. Assim sendo, o

lobby é o ponto focal que ramifica para vários destinos do hotel.

64 … the lobby has become not only for spending time in (socializing, relaxing, meetings) but also as the grandest expression of the hotel’s overall design theme. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 9. 65 Among the many public areas, the hotel lobby has the single greatest impact on guests and visitors. The lobby is a total design environment, engendering a sense of arrival socially and physically. Lobbies provide a common area for guests to relax and greet visitors. One of the important functions of a lobby is that it serves as the main circulation space, directing guests to the various part of the hotel. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 20.

Design do Lobby de Hotel 45

“Contrariamente a outras áreas do hotel, o lobby não é privado, pois acomoda um fluxo constante de residentes e não residentes, permitindo ao mesmo tempo aos funcionários do hotel o cumprimento das tarefas necessárias e o atendimento ao cliente de modo eficiente, mas também discretamente.”66 [Tradução livre]

Receção | espaço coletivo

A receção deve ser bem posicionada e de fácil identificação para todos os utilizadores.

As instalações como as escadas67 e os elevadores devem ter uma localização próxima

desta área de serviços. Pode dispor um só balcão ou várias mesas de atendimento

desempenhando funções diversificadas como bell captian (mesa permanente próxima da

entrada principal), concierge (mesa de informações turísticas, venda de bilhetes etc.),

conferences (mesa de receção específica para grupos turísticos) e front office manager

(mesa móvel identificada com duas cadeiras).

“A mesa de receção deve estar localizada de modo a ser facilmente identificada pelo cliente na entrada, e também se encontra perto dos acessos às escadas e elevadores. Serviços de balcão separados são habitualmente providenciados para o check in e check out, entre outras questões pertinentes.”68 [Tradução livre]

Existem diversas abordagens de design em relação às mesas de receção dependendo da

relação requerida por parte dos funcionários do hotel com os clientes, podendo ser uma

ligação mais pessoal ou íntimo (sentados ao mesmo nível) ou então formal (a mesa com

uma altura elevada criando uma barreira física entre os mesmos).

“As primeiras impressões são importantes, e o propósito fundamental da projeção da área da receção é a transmissão do equilíbrio entre um clima amistoso, e ao mesmo tempo formal e eficiente.”69 [Tradução livre]

66 Unlike other areas of the hotel, the lobby is not private; it has to accommodate a constant flow of residents and non-residents, while at the same time allowing the hotel personnel to perform necessary duties and costumer services efficiently but discreetly. COLLINS, David – op.cit., pp. 58, 59. 67 The main guest elevators should be in sight of the front desk and preferably grouped together for economy and maintenance. Stairs should be adjacent to allow alternative and emergency use. LAWSON, Fred – op. cit., p. 216. O elevador principal dos hóspedes deve ser visível desde o balcão principal, e deve ser preferencialmente agrupado para economia e manutenção. As escadas devem ser adjacentes para permitirem usos alternativos ou de emergência. 68 Reception desk should be located so that it is easily identified by the guest immediately on entry, and is also on his route to lifts and stairs. Separate counter facilities are usually provided for inquiries and for guests check in and out of hotel. JOURNAL, Architect's – op. cit., p. 56. 69 First impressions are important and the fundamental purpose of the design of the reception and check-in area is to convey the right balance of friendliness with the key notes of formality and efficiency. COLLINS, David – op.cit., p. 65.

Susana Gomes 46

Lounge e Bar | espaço coletivo

O lounge ocupa normalmente a superfície maior do lobby (aproximadamente 10%) e é

reservado para zona de estar e de repouso dos utilizadores. A disposição competente dos

objetos e equipamentos de descanso (sofás, poltronas e bancos) neste espaço garantem

uma estadia confortável e ajuda a evitar a maioria dos fluxos de visitantes,

especialmente se o hotel lida com grandes grupos de turistas. Consequentemente, o

lounge70 associado ao bar71, deve ser claramente visível e minimamente distanciado da

área da receção e de circulação. Dispõe uma área ou zonas com funções diversas como

de espera ou de encontros entre hóspedes e visitantes, de entretenimento e de

relaxamento através dos serviços disponibilizados (p. ex. cocktail bar e música

ambiente). A inclusão do bar adjacente ao lounge torna o lobby mais convidativo e

dinâmico o que resulta numa maior fruição do mesmo.

“Inúmeras instalações, com a exceção dos hotéis com menos de 50 quartos, oferecem um lounge. Contudo, os hotéis com maior amplitude disponibilizam um bar, facilidades para entretenimento, e ocasionalmente, um lounge no terraço, cuja vista o justifica.”72 [Tradução livre]

Além disso, esta área social fornece acesso a uma fonte de informação tecnológica

exponencial (admissão à fruição de dispositivos móveis como smartphones, tablets,

portáteis e sistemas de assistência de viagem disponibilizadas pelo hotel).

70 The traditional image of lounge as a distinct room is changing and lounge space may now often be limited to the irregular areas joining the reception to other public rooms or, more profitably, it may be associated with liquor service or have a special function such as a tea lounge. […] Lounges should be informal and relaxing. JOURNAL, Architect's – op. cit., p. 59. A imagem tradicional do lounge como divisão distinta está a alterar-se, sendo que este espaço agora pode ser enquadrado em zonas irregulares, como a receção ou os serviços de bar. Um lounge deve ser informal e relaxante. 71 Bars are becoming integral parts of many urban hotels. Designers are spending more of their client’s money on exploring bar shape, size, function, and location. Since hotel bars are solely designed for entertainment, comfort, and amusement, having a lobby bar may affect customers’ intent to stay in the lobby for a longer period of time. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 26. Os bares estão a tornar-se parte integral de muitos hotéis urbanos. Os designers estão cada vez mais a investir o dinheiro dos clientes na forma do bar, no tamanho, função, e localização. Uma vez que os bares dos hotéis são exclusivamente concebidos para o entretenimento, conforto, e diversão, possuir um bar no lobby pode condicionar as intensões do cliente em permanecer no lobby durante uma maior extensão de tempo. 72 While nearly every type of property except budget inns and the smallest hotels (under 50 rooms) includes a small lounge of some type, larger hotels offer a lobby bar, a sports bar or entertainment facility, and occasionally, a rooftop lounge, where the view warrants it. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 290.

Design do Lobby de Hotel 47

“Os hóspedes querem estações de trabalho ligadas à Internet de alta velocidade, e áreas de repouso ondem possam realizar reuniões com colegas e clientes.”73 [Tradução livre]

Restaurante | espaço coletivo

Um hotel contemporâneo de boa classificação inclui uma zona de catering que consiste

em restaurantes, cafés ou bares. O restaurante pode ter uma ligação ao hotel ou

funcionar de uma forma independente através de uma entrada à parte, com o propósito

de separar os hóspedes dos visitantes, de reduzir o tráfego e estabelecer uma identidade

distinta para o estabelecimento de comida. Por fim, o sucesso de um restaurante não só

é determinado pela comida e prestação de serviços como também pelo bom ambiente

físico.

“Inclusive as entradas para os restaurantes e bares dos hotéis, não requerem um acesso ao próprio hotel, refletindo assim a crescente tendência à luz da qual os hotéis são projetados segundo uma consideração pelos mercados locais, embora persista minimamente uma rota de acesso com destino ao, ou a partir do lobby, para o hóspede.”74 [Tradução livre]

Sala de Conferências | espaço coletivo

A sala habitualmente ampla e bem equipada a vários níveis (tecnológicos, conforto e

segurança) contem uma plataforma onde consta a presença de uma estante adequada à

pessoa que irá presidir as sessões ou mesas para os convidados que irão discursar. Além

disso, é formada por um número apropriado de cadeiras destinado ao público,

distribuídas em filas de modo uniforme. Dependendo do grau de flexibilidade ou

versatilidade e do conforto, as cadeiras podem ser fixas ou amovíveis e incluir pequenas

mesas de apoio permanentes ou removíveis. Tecnologicamente, a sala deverá possuir

vários controlos de iluminação, sonoros e visuais a fim de poder manusear os níveis dos

mesmos. Por último, é importante ter uma boa amplificação sonora, mas também um

bom isolamento sonoro tanto para sons provenientes de dentro como de fora.

73 … guests want wired workstations with high-speed Internet access and seating areas where they can conduct meetings with colleagues and clients. ALBRECHT, Donald – op. cit., p. 87. 74 Even entrances to the hotel’s restaurants and bars do not necessitate a walk through the hotel itself, reflecting the growing trend for hotels to design for the local market, although there will be at least one access route to and from the lobby for the hotel guest. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 11.

Susana Gomes 48

“…um enorme espaço construído propositadamente com variadas instalações, com locais de exibição, auditório e um significativo número de equipamento audiovisual de comunicação moderno, incluindo a tradução simultânea, faxes, telexes e computadores.”75

Resumo Conclusivo

A etimologia da palavra “hotel” advém da língua francesa, sendo acolhida após a

Revolução Americana com o intuito de expressar a sofisticação das novas estalagens

multifacetadas que emergiram nessa época.

A origem da hospitalidade provém do aumento das viagens que desencadeou o

desenvolvimento das acomodações e serviços temporários ou seja prover hospedagem e

alimentação. As estalagens rudimentares foram umas das primeiras edificações com a

função de albergar e providenciar as necessidades básicas aos viajantes que pretendiam

fazer trocas comerciais ou procurar um trabalho provisório. Por consequência, os

estabelecimentos abraçaram as novas mudanças postas por uma sociedade em

movimento constante, incorporando novas características, tais como: residencial,

comercial e industrial. Com uma vida mais estável (maior posse económica e tempo

livre) e a curiosidade profunda por locais desconhecidos, os avanços tecnológicos e

científicos (transportes, eletricidade, sistema eletrónico etc.), vieram não só melhorar a

qualidade de vida, mas acima de tudo inovar na área do turismo e da hotelaria.

75 PAUL, Valerie; JONES, Christine – op. cit.,p. 17.

Figura 11: Layouts mais comuns dos centros de negócios hoteleiros

Design do Lobby de Hotel 49

Novas tipologias de hotéis despontaram para acomodar novos gostos, estilos e ritmos de

vidas de cada um. A imensa diversidade tipológica de hotéis engloba vários públicos-

alvo, desde viajantes de negócios a turistas que procuram lazer, fantasia, divertimento

entre outros elementos. Em vista disso, o crescente mercado cada vez mais exigente e

seletivo, despoletou a competitividade entre os hotéis, fazendo com que estes se

diferenciem através de um sistema de classificação que abrange múltiplos requisitos

imprescindíveis para o seu funcionamento e satisfação do cliente.

Em última instância, podemos constatar que houve três fatores que marcaram a história

e o desenvolvimento da indústria hoteleira, sendo estas: o transporte, os padrões e

hábitos sociais e o clima económico. A importância do transporte na área hoteleira é

notória afetando não só na escolha da localização do hotel mas também por ser um meio

indispensável para a deslocação dos viajantes.

Susana Gomes 50

3. HOTEL CONTEMPORÂNEO

Novidade e modernidade são vocábulos que não podem ser plenamente compreendidos

nem bem definidos sem pelo menos observamos as referências dos acontecimentos

passados. Esta verdade geral e relevante aplica-se sobretudo na arquitetura e no design

onde os conceitos dos períodos anteriores tornam-se catalisadores das ideias

contemporâneas, sendo estas constantemente atualizadas e reinventadas para se adequar

ao espírito da época. Presentemente, o hotel inserido no meio urbanístico procura agir

como centro de atrações da cidade através de instalações sociais e públicas bem

concebidas, dá ocasião às atividades sociais e o desfrute do tempo aos visitantes ou

hóspedes.

“Devido à sua configuração complexa e cosmopolita, adapta-se a um nível de sofisticação que vai de encontro a uma audiência urbana com bastante tacto. Assim, torna-se numa paragem caracterizada pela diversidade de ofertas, pois não só se apresenta como um hotel, como também reúne na mesma estrutura um bar, um restaurante, um ginásio ou spa, e um território neutro para a realização de negócios tanto formais como casuais.”76 [Tradução livre]

No entanto, distingue-se uma minoria de hotéis urbanos77 tradicionais que privilegiam o

luxo da privacidade isolando-se da agitação social da metrópole. Os hotéis

contemporâneos mais surpreendentes destacam-se pela sua arquitetura primorosa e pela

competência de projetar ambientes apelativos e criativos, capazes de provocar sensações

às pessoas. Além disso, uma das exigências da arquitetura moderna é incorporar de

modo original a tecnologia da última geração.

76 Because of its complex and cosmopolitan setting it is forced to adapt to a level of sophistication that suits its more discerning urban audience. It becomes a one stop shop: not just a hotel but also a destination bar, a restaurant, a health club or spa and neutral territory for business meetings, both formal and casual. COLLINS, David – op.cit., p. 104. 77 By definition the urban hotel is located in a busy, densely populated area and the implication is that it allows easy access to all the advantages of urban living. But the contemporary spin on this image is a hotel that not only offers a prime urban location but also lays claim to having the area’s best bar, restaurant and A-list social scene right on the premises. Ibid., p.107. Por definição, o hotel urbano localiza-se numa área de grande frenesim e que também é densamente povoada, implicando tal, o acesso fácil às vantagens do modo de vida urbana. Mas o contraponto contemporâneo desta imagem é o hotel que não só oferece uma localização urbana preferencial, mas que também garante o acesso aos ditos melhores bares, restaurantes e eventos sociais.

Design do Lobby de Hotel 51

“Ao invés de oferecerem somente alojamento, os hotéis contemporâneos gratificam-nos com sensações e experiências destinadas a todas as categorias de viajante...”78 [Tradução livre]

Geralmente o design do hotel contemporâneo, estriba-se numa mistura de tons calmos e

neutros com detalhes em cores vibrantes, emprega têxteis de qualidade, manuseia as

luzes de uma forma criativa, aplica mobiliário eclético, dispõe obras de arte e esculturas

contemporâneas entre outros pormenores.

“Estes hotéis especializaram-se em fornecer uma pormenorizada atenção aos detalhes criativos, não descurando as necessidades do cliente tecnologicamente equipado.”79 [Tradução livre]

Por consequência, o tema geral ou o conceito, expressado através dos espaços interiores,

tem um desempenho valioso na estadia e experiência de um consumidor ou visitante do

hotel, pois o convida a quebrar a rotina, entrando num mundo completamente díspar e

novo, experimentando um estilo de vida incomum. Em vista disso, os hotéis coetâneos

dão valor aos pequenos detalhes, à exclusividade, estão sempre na vanguarda e de um

modo geral têm a assinatura de um designer internacional com o objetivo de dar

distinção, variedade e projetar a imagem do hotel num mercado global e competitivo.

“Quer seja um vaso incidental, uma escultura ou uma espantosa peça contemporânea de mobília, ou o uso imaginativo das singularidades arquiteturais do edifício, o facto é que a atenção ao detalhe que caracteriza a projeção e composição do hotel, destaca esta atividade das outras.”80 [Tradução livre]

Usualmente o design do edifício capta a essência da cidade inserida, adequado ao

contexto local, dá ênfase a uma parte da cultura típica da cidade, através do uso criativo

dos espaços coletivos como o lobby, restaurantes e bares do hotel. Assim sendo, o

design do hotel contemporâneo é sobretudo ideias originais que envolvem

emocionalmente a imaginação do cliente perante o meio inserido.

78 Rather than simply providing accommodation, hotels today offer sensations and experiences catered to all kinds of travelers... CAÑIZARES. Ana García – op.cit., p. 6. 79 These hotels specialise in giving fine attention to creative details while answering the needs of the technology equipped guest. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 23. 80 Whether it is an incidental vase, sculpture or a striking piece of contemporary furniture that makes a strong statement of its own, or the imaginative use of a building’s existing architectural quirks, the fact remains that it is attention to detail that sets the design hotel apart from the rest. COLLINS, David – op.cit., p. 82.

Susana Gomes 52

“Um dos aspetos mais cruciais do design contemporâneo no referente ao design de hotéis, e especialmente o design do lobby, é a tentativa de incorporação da cultura local, isto é, um toque nas estruturas internas do hotel que revela o apreço pelo meio exterior que são as referências culturais.”81 [Tradução livre]

Num mundo em que o turismo em massa e os meios de comunicação influenciam as

nossas aspirações e gostos, as formas e manifestações de design do hotel

contemporâneo, são determinadas pelas estratégias de marketing e segmentação do

público-alvo. Tanto em viagens de negócios ou de lazer, cada vez mais interligados, as

fantasias e as necessidades do viajante são acomodados pelos hotéis atuais. Não sendo

um grupo homogéneo, a missão árdua do hoteleiro reside precisamente em satisfazer

um sem número de necessidades particulares e corresponder aos caprichos de cada

indivíduo. Dito isto, o design da propriedade hoteleira deve ser flexível o suficiente a

fim de providenciar um ambiente adequado para qualquer ocasião.

“A saturação dos nossos sentidos com imagens pré-fabricadas do que é desejável e prazenteiro está a progredir rapidamente: o lazer está a transformar-se em sinónimo de entretenimento, e o valor do entretenimento é a chave da conduta consumista.”82

3.1 As necessidades e as exigências dos consumidores

Ao longo dos séculos o hotel tem vindo a responder às mudanças relativas às exigências

dos consumidores. Denota-se uma evolução gradual do fenómeno complexo,

transformações sociais e da reforma, que implica elemento de escolha bem como de

necessidade. Atualmente, os clientes com algum poder económico propendem

frequentar hotel de luxo, pois visam uma oportunidade para comprar um estilo de vida

que aspiram. Apenas ao compreender a origem destas exigências é que a função do

hotel contemporâneo pode ser devidamente contextualizada.

81 One of the most crucial aspects of contemporary design is that hotel design and especially lobby design tries to embrace the local culture and thus submits the exterior message into the interior, meaning the aim is to give the interior design a touch of the local culture, the hotel is surrounded of. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 29. 82 RIEWOLDT, Otto – Novo Design de Hotéis., p. 7.

Design do Lobby de Hotel 53

“Preferencialmente, o que separa o hotel contemporâneo dos outros, é a dimensão acrescentada pela oferta de uma experiência de escapismo aos clientes, nomeadamente a oportunidade destes vivenciarem um estilo de vida glamoroso, moderno e exclusivo, ainda que efemeramente. Não é só uma mudança de cena que está em questão, mas também o empréstimo de um estilo de vida e de uma imagem…”83 [Tradução livre]

A hospitalidade tem como função base criar laços entre quem dá acolhimento e quem os

recebe, sendo de todo relevante as empresas hoteleiras perceberem e entenderem quais

são as necessidades e preferências dos seus consumidores. Posto isto, é indiscutível que

os hotéis precisam de definir o seu mercado alvo, centrando-se num único segmento a

fim de oferecer os serviços indispensáveis. Além dos serviços básicos requeridos pelos

clientes, o hotel contemporâneo aposta e alarga a esfera das suas atrações, prolificando

novos negócios destinados a um público moderno (sofisticados e conscientes das

tendências correntes) adotando uma abordagem de design específico.

“O cliente do século XXI necessita, por um lado, de entretenimento, excitação, estilo, moda, e tecnologia, e por outro lado, de tranquilidade, bem-estar, serenidade, e indulgência. A combinação destas exigências e desejos dos clientes sob um mesmo teto fundamenta a edificação do hotel contemporâneo. O cliente moderno deseja pertencer à viagem emotiva dos sentidos, das imagens poderosas, e da expressão pura. São estes elementos que compõem um design contemporâneo.”84 [Tradução livre]

De uma forma geral, as expectativas dos clientes são formadas a partir das experiências

previamente adquiridas ou vivenciadas e através das informações obtidas da

comunicação em massa que têm uma influência significativa nesta indústria (estratégias

de marketing). Por meios de revistas, livros, televisão e filmes, o público que viaja sabe

muito bem o que esperar de um grande ou mesmo um bom hotel. Por consequência,

satisfazer e ganhar a lealdade dos seus clientes torna-se mais fácil no momento em que

as suas necessidades primárias e as expectativas forem totalmente correspondidas e

superadas, obtendo assim boas impressões da hospedagem.

83 Rather, what separates the new hotel from just any hotel is the extra dimension of escapism that it offers its guests, namely the chance to experience, however briefly, a lifestyle that is glamorous, fashionable and exclusive. It is not just a change of scene but an opportunity to borrow a lifestyle and an image... COLLINS, David – op.cit., p. 14. 84 The customer of the 21st century needs entertainment, excitement, style, fashion, and technology on the one hand, and tranquility, wellness, calmness, and indulgence on the other. Combining those customers’ needs and desires under one roof, the contemporary hotel is built. The modern customer wants to be embedded in an emotional travel of senses, powerful images and pure expressiveness. Those elements are significant components of contemporary design. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 28.

Susana Gomes 54

“Os clientes querem saber que ambiente os aguarda, pagar um preço justo pelos serviços, e, adicionalmente anseiam um anfitrião fidedigno. Se o hotel compreender estas exigências, e exceder as expectativas do cliente de forma positiva, o sucesso advinha-se como materializado no horizonte. Uma abordagem contemporânea aos desejos do cliente são as plataformas sociais.”85 [Tradução livre]

Por conseguinte, os hoteleiros de todos os cantos do mundo, cada vez mais audaciosos e

corajosos, têm retribuído às exigências dos seus utentes que procuram deleite e

instrução, exigem particularmente: conectividade entre as pessoas e lugares; conforto

físico e psicológico; mais seleção e escolha em relação às comodidades oferecidas, luxo

e sofisticação estética (ambiente autêntico, intrigante e criativo). Muitos dos clientes

requerem uma decoração ou interior apropriado, seguido com as características de

conforto e funcionalidade, uma gastronomia emocionante e entretenimento nos espaços

coletivos do hotel como a presença de um bar. Estes são recursos comumente desejados

que podem exercer um papel significativo na satisfação geral do cliente. De facto,

inspiração a confiança, bem-estar, conforto e segurança são consideradas como forças

motrizes por trás de um projeto de design da hospitalidade no mercado atual. Enquanto

lares temporários têm de satisfazer alguns requisitos essenciais tanto para os hóspedes

de lazer como de negócios. Para os viajantes por ócio o ideal seria proporcionar-lhes

uma experiência incomum e exótica, onde possam projetar as suas fantasias e obsessões

libertando assim das tensões e responsabilidades diárias. Os viajantes de negócios

solicitam um serviço, design e equipamentos mais eficientes, eficazes e modernos. O

foco é inserir os clientes num mundo único que é alternadamente familiar e

surpreendente de modo a captar a atenção e a emoção destes. Em vista disso, os hotéis

contemporâneos devem providenciar espaços polivalentes onde os nómadas da era da

informação possam usufruir de uma forma eficaz os equipamentos tecnológicos (acesso

à internet e outros meios de comunicação) seja para fins de trabalho ou de

entretenimento e disponibilizar uma escala ampla de escolhas de relaxamento.

85 Customers want to know what they can expect, what to pay a fair price for the services, and are eager to have a reliable host. If a hotel understands their customers’ needs, and exceeds their expectations in a positive way, the hotel is on its way to success. A contemporary approach to find out what customers really want, are social media platforms. Ibid., p. 43.

Design do Lobby de Hotel 55

“…uma mistura de serviços que permitam uma experiência enriquecida do hotel, e por outro lado, encorajam o hotel a oferecer uma fusão de funções.”86 [Tradução livre]

3.2 Mercado global e competitivo: fatores de diferenciação

O conceito da marca87, considerado essencial para a identidade e reconhecimento do

produto, é uma estratégia útil não só para aumentar a notoriedade e fidelidade da mesma

como também para o aumento do volume de vendas. A marca da empresa tem como

objetivos a distribuição de valores, missão e visão aos funcionários e clientes. Tendo

como causa a globalização, emergiu uma tendência nos últimos quarenta anos, a criação

de marcas globais especialmente no segmento da cadeia de hotel. A chave para o

sucesso é reconhecida principalmente por uma imagem de marca consistente, a entrega

de produtos e serviços tangíveis e preços acessíveis consoante o público-alvo.

“Nos últimos anos, o branding passou o primeiro plano entre os factores essenciais da indústria hoteleira e transformou-se num meio fundamental para atrair os clientes e conquistar fatias de mercado. Como ferramentas de marketing, o design e a comunicação visual dos hotéis são aspectos da criação de marca que desempenham um papel vital dentro das estratégias de todo o negócio hoteleiro.”88

No mercado do turismo global, selvaticamente competitivo, a mudança de imagem

torna-se cada vez mais influente no comércio hoteleiro. Tanto cadeias hoteleiras como

propriedades independentes adotam as suas estratégias de design a fim de destacar e

privilegiar a sua imagem de marca dentro de um mercado cada vez mais integral. O

design da marca de um hotel deve refletir a visão do proprietário e/ou do operador,

tendo em conta alguns fatores primários como a localização do hotel, sua origem e a sua

história, obtendo assim um melhor enquadramento no contexto inserido (inspira o uso

correto dos materiais e uma boa linguagem do design). Em virtude da feroz

concorrência do mercado da hospitalidade, já não basta o padrão de conforto proposto 86 … guest to demand a mix of services that allows a more enriched ‘experience’ of the hotel, and on the other, it encourages the hotel to offer a fusion of functions. CURTIS, Eleanor – op. cit., p.7. 87 A brand is referred to or characterized by a certain name, term, sign, symbol, design, or a mixture of those components to better classify companies’ products and services and differentiate them on the market. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 29. Uma marca é referida ou caracterizada por um certo nome, termo, sinal, símbolo, design, ou uma mistura destes elementos que melhor classificam os produtos e serviços de uma companhia, diferenciando-a no mercado. 88 WANG, Shaoqiang – Do Not Disturb: Hotel Graphics & Branding. Singapore: Page One Publishing Pte Ltd, 2014, p. 8.

Susana Gomes 56

pelos hotéis, havendo assim uma presença de diferentes requerimentos quanto ao design

do exterior como do interior do edifício. Por conseguinte, o hotel pode projetar ou

estabelecer uma nova imagem por meio de alteração dos espaços interiores.

“Outro elemento-chave é a constante renovação da aparência do hotel. No seu conjunto, o influxo constante de trabalhos artísticos, as exibições temporárias, os interiores modernizados, entre novas comodidades, resultam em espaços e serviços que são tudo menos mundanos.”89 [Tradução livre]

O que se pretende é um ambiente físico atraente e singular de modo a que o convidado

desfrute o máximo do seu tempo no hotel e que torne como sua escolha predileta.

Anotando um outro fator de diferenciação, cada vez mais visível nesta indústria90, é a

incorporação de ações que se pretendam mais sustentáveis na definição das grandes

marcas hoteleiras. As ações são demonstradas regularmente em ambos os materiais de

maketing e relatórios anuais (entidades de comércio publicitário). Como efeito, a

posição de um hotel em relação a questões ambientais além de aumentar sua

competitividade no mercado, pode conter regalias como benefícios de custo, aprovação

e lealdade dos clientes, prémios e distinção (atrai nova clientela), maior valorização da

marca (imagem aprimorada com base em iniciativas de conservação e sustentabilidade

leva a melhor colocação no mercado) entre outros. Os esforços empreendidos pelo hotel

em termos ambientais podem levar à aquisição de um rótulo-eco. O certificado auxilia

na identificação de hotéis que demonstram uma consciência sustentável e que alcançam

com excelência uma das três áreas críticas: desenvolvimento económico,

responsabilidade social e administração do meio ambiente. Logo, a certificação é uma

importante vantagem competitiva que pode ser usada como uma ferramenta de

marketing.

89 Another key element is the constant renewal of the hotel’s appearance. A continuous influx of new artwork, temporary exhibitions, updated interiors and new amenities result in spaces and services that are everything but mundane. CAÑIZARES. Ana García – op.cit., p. 6. 90 The hotel industry has been pursuing green practices since the 1990s due to fluctuating economic levels and a strong focus on customer service. Why Go Green? The Business Case for Sustainability [Em linha]. [Consult. 1 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://green.hotelscombined.com/Gyh-The-Business-Case-For-Sustainability.php>. A indústria hoteleira tem perseguido “práticas verdes” desde a década de 90 devido aos níveis de flutuação económica e à forte enfâse nos serviços prestados ao cliente.

Design do Lobby de Hotel 57

“Portanto, os hotéis com modelos negociais que envolvam “práticas verdes”, terão as oportunidades mais potentes no que toca à realização das vantagens inerentes às emergentes políticas de sustentabilidade.”91 [Tradução livre]

Espaço Interior dos Hotéis

As influências do espaço interior do hotel denotam ter uma importância no consumidor

pois a sua experiência sucede dentro desse meio físico. Neste caso, o cliente apreende

com uma atenção extra aos detalhes do design da propriedade. Consequentemente os

elementos constituintes da área interior irão ter um impacto nos funcionários e

naturalmente nos clientes a nível de comportamentos, atitudes e sentimentos, reforçando

as perceções, natureza e qualidade do serviço comunicando a imagem. O serviço, a

imagem e realçando o ambiente físico, são qualidades ou ferramentas de

reconhecimento que atrai clientes, estabelece e fortalece a marca e diferencia os hotéis.

“No final, tudo se resume à atmosfera. O ambiente de um hotel é categórico no exercício da magia atrativa, e a qualidade supra que o incrementa no competitivo mercado. Os conceitos-chaves para o sucesso são a individualização e a diversificação.”92 [Tradução livre]

3.3 Tendências no design de interiores dos hotéis

Os hotéis modernos adaptaram com destreza às rápidas mudanças socias projetando

soluções inovadoras e criativas. Atualmente, o interesse criativo reside na projeção de

espaços interiores dinâmicos ajuntando uma dimensão emocional à experiência do

meio, conseguido através do aproveitamento de imagens por meios de comunicação,

efeitos luminosos variáveis e técnicas ilusionistas de decoração. O propósito será

seduzir e cativar os consumidores de maneira subtil e irresistível. É um fato que a

estadia de um hóspede do hotel se torna memorável no momento em que a experiência

do alojamento for única. Em vista disso, os proprietários do hotel propenderam, mais do

nunca, expandir e personalizar os espaços.

91 Therefore, hotels with business models that revolve around green practices will have the strongest opportunity to achieve a competitive advantage by being ahead of the emerging sustainability curve. Ibid. 92 What counts, and what pays, is atmosphere. A hotel’s ambience is its chief attractions and its defining quality in an increasingly competitive marketplace. The key concepts for success are individualization and diversification. RIEWOLDT, Otto – Hotel Design., p. 8.

Susana Gomes 58

As diversas tendências notórias deste ramo hoteleiro, vão desde o design original até à

imagem de marca. As propensões abrangem o aumento do uso da tecnologia,

emergência da cultura local demonstrado através de peças de mobiliário ou obras de arte

dos artistas residentes e assimilação dos conceitos ecológicos. O efeito do movimento

de alta tecnologia pode ser visto diariamente em todos os hotéis. Como resultante, as

tendências influenciam a forma como os hotéis contemporâneos estão sendo projetados

e construídos, incluindo em especial o espaço lobby.

Lobby como Espaço Dinâmico e de Multiusos

Muitos dos projetos hoteleiros tentam oferecer através do lobby uma boa primeira

impressão do hotel. A crescente relevância desta área particular permite uma maior

dinamização do hotel por meio de atividades sociais. Assim sendo, os lobbies dos hotéis

devem funcionar e providenciar espaços diversos ou de multiusos a fim de poder

ocorrer múltiplas atividades desde encontros ocasionais a conversas formais, permitindo

a usabilidade de equipamentos digitais e conexão entre vários dispositivos. Por

consequência, a segmentação deste espaço criativo é necessária, proporcionando zonas

íntimas e sociais como também mobiliário confortável e funcional. Algumas das

características mais extravagantes dos lobbies de hotéis de luxo consistem em revestir

grandes superfícies nomeadamente as paredes com elementos naturais ou obras de arte,

a instalação de cascatas, lustres vistosos e estações de multimédia.

“O papel contemporâneo do lobby do hotel é servir como local de encontro sociocultural. Cores ousadas, iluminação de alto gabarito, e mobiliário e acabamentos esculturais qualificam as últimas tendências no planeamento de lobbies.”93 [Tradução livre]

Presentemente nota-se uma maior tendência para incluir no design dos lobbies peças de

arte local ou personalizadas coesas com o conceito pretendido. Os proprietários do hotel

têm uma visão mais alargada, adicionam obras artísticas no design do lobby que irá

desencadear nos hóspedes uma melhor perceção do lugar e uma experiência genuína.

Desde pequenas esculturas, fotografias a instalações numa escala maior. A integração

93 Contemporary roles of hotel lobbies are being mentioned as social and cultural meeting places. Bold colors, high-technology lighting applications, and sculptural furnishings and finishes typify the lasted trends in lobby design. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 22.

Design do Lobby de Hotel 59

de um projeto de arte na imagem do hotel poderá servir de ferramenta para atingir o

sucesso.

“Outra tendência emergente é o papel do interior do hotel como plataforma artística. […] Numa escala mais modesta, as paredes de vários hotéis são usadas como local de exibição de trabalhos de artistas locais, ainda que não assumam uma posição central. Por seu turno, outros hotéis converteram o espaço devotado às obras de arte em autênticas galerias.”94 [Tradução livre]

A sustentabilidade tem sido uma questão delicada para os proprietários dos hotéis. A

procura por hotéis culturais e ecoturísticos estão a aumentar e como resposta os

designers estão projetando propriedades hoteleiras de carácter ambientalista ao respeitar

o meio envolvente, bem como as pessoas que vivem perto ou que trabalham na

propriedade. Os hóspedes do hotel, conscientes dos problemas ambientais começam a

considerar o fator sustentável95 na escolha da sua acomodação. A aderência de rótulos

ecológicos ajuda na escolha e preferência do consumidor. Sem banir o conforto aos

clientes, aplica-se as melhores práticas disponíveis e inovações tecnológicas.

Consequentemente, para estar na linha da frente é necessário recorrer a ideias

inovadoras e ambientalistas, tais como: a instalação de janelas amplas para um maior

aproveitamento da iluminação natural; aplicação de materiais naturais na construção;

revestimento das paredes e telhados com elementos verdes e recorrer a produtos

biológicos locais são apenas algumas deixas para tornar o hotel mais sustentável.

“Os «hotéis verdes» […] utilizam materiais não poluentes e ambientalmente amistosos, empregando também sistemas que fornecem ao cliente um ambiente saudável e que encorajam ambientalmente, tecnologias de construção responsáveis. Os progressos nestas tecnologias tornar-se-ão economicamente mais viáveis em aplicações urbanas.”96

94 Another trend emerging is the role of the hotel interior as a platform for art. […] At a more modest scale, walls in many hotels are being used to display Works by known local artist but keeping their place in the background; others are actually allocating almost gallery-type spaces for art works. CURTIS, Eleanor – op. cit., p. 11. 95 Sustainable development is very important concept in hospitality industry because it meets the needs of present tourists and host regions and at the same time protects and enhance the opportunity for the future. Eco Hotels – Philosophy of the 21st Century [Em linha]. [Consult. 1 Nov. 2016] Disponível em WWW:<URL:http://www.fm-kp.si/zalozba/ISBN/961-6573-03-9/persic.pdf>. O desenvolvimento sustentável é um conceito muito importante na indústria hospitaleira, uma vez que vai de encontro às necessidades dos turistas presentes, e porque promove, ao mesmo tempo que protege, as oportunidades futuras da região anfitriã. 96 ‘Green’ hotels […] utilize environmentally friendly and nontoxic materials and systems aimed at providing guests with a healthier environment and encouraging environmentally responsible buildings

Susana Gomes 60

Resumo Conclusivo

O design contemporâneo por vezes tem como referências os estilos arquitetónicos

obsoletos, estruturas e elementos do exterior e do interior, que servem como fatores de

influência ou de inspiração aos designs dos hotéis da atualidade.

O hotel moderno que funde com a paisagem urbanística sobressai agindo como centro

das atrações da metrópole, atrai clientes para os seus espaços coletivos recreativos

atendendo às necessidades de uma vida social que valoriza a conectividade entre as

pessoas e com os meios envolventes.

Os consumidores do século XXI contêm conhecimentos alargados da matéria hoteleira

que apreenderam através da própria experiência ou plataformas digitais que influenciam

grande parte das nossas expectativas e gostos. Posto isto, os hotéis necessitam de

compreender o seu público-alvo a fim de garantir e providenciar uma estadia flexível,

sofisticada, fidedigna e memorável correspondendo e agradando aos seus consumidores

diversificados.

Os hotéis coetâneos que se avultam no mercado exigente e competitivo, evidenciam

uma imagem de marca consistente e uma capacidade de projeção de arquitetura suprema

conciliando com ambientes interiores originais, cativantes, dinâmicos aptos de

technologies. Advances in these technologies will make it more economically feasible in urban applications. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., pp. 25, 26.

Figura 12: Lobby do Hotel Areias do Seixo. É uma unidade de charme com forte consciência ambiental.

Design do Lobby de Hotel 61

desencadear emoções e imaginações dos utilizadores. Por consequência, o hotel

contemporâneo consiste essencialmente na envolvência de um conceito de design de

interior distinto, explorando o máximo os espaços dando destaque aos detalhes e às

obras de arte dos artistas locais ou internacionais expondo-os em espaços coletivos da

propriedade como o lobby, restaurante e corredores. Como resultante, o design do hotel

tem como preocupação transmitir e captar a essência da cultura local propondo a

utilização de materiais e técnicas de construção da região. Em vista disso, o objetivo é

transmitir autenticidade, originalidade, novidade, exclusividade aos consumidores a fim

de proporcionar uma experiência enriquecida e inédita superando todas as expetativas

garantido assim a sua preferência e lealdade.

A renovação e a modernização da imagem e dos espaços devem constar no ciclo de vida

natural do hotel, assegurando um planeamento cuidadoso desde as fases iniciais do

projeto até a implementação pois evitará um estilo datado. As tendências dos inteiros

dos hotéis consistem em novas configurações, expansão e personalização dos espaços

com a integração do uso criativo da tecnologia. Os espaços coletivos em especial o

lobby, dinâmico e multifuncional dá relevo às atividades sociais e de lazer, transmite os

valores da cultura local e uma apropriação dos conceitos sustentáveis.

No final de contas, o sucesso de um hotel contemporâneo será julgado pela sua

longevidade entre outros critérios. Os designers irão enfrentar um desafio constante para

criar algo que seja novo e intemporal.

Susana Gomes 62

4. ELEMENTOS PARA O PROJETO DO LOBBY

4.1 A importância do lobby A primeira observação de qualquer edifício leva-nos automaticamente a algum grau de

especulação acerca do seu interior, o tipo de serviço e as pessoas que o frequenta e

assim por diante. Quando se trata de hotéis as especulações vão mais além, pois é um

lugar onde os utilizadores criam grandes expectativas. Da entrada do hotel ao lobby o

cliente consegue obter uma perceção geral do hotel em termos estruturais e organização

do espaço. O lobby além de oferecer uma leitura do volume e tamanho arquitetónico do

edifício, preserva a sensação de intimidade, privacidade e identidade.

“… ao entrar no espaço do lobby […] os clientes conseguem percecionar a estrutura do hotel em relação aos seus espaços e volumes. ”97 [Tradução livre]

Desse modo, o lobby é o primeiro espaço interior do hotel onde os clientes devem ter a

oportunidade de conhecer a sua identidade 98 (estilo/conceito e ambiente) e os padrões

de serviço.

“Independentemente do tipo de hotel escolhido, a primeira impressão formada pelos clientes baseia-se no design e na configuração do lobby do hotel. Estas impressões, por sua vez, podem influenciar potencialmente o modo como os clientes avaliam a eficiência e qualidade dos serviços do mesmo.”99 [Tradução livre]

97 … the entrance to the lobby […] stills allows the customer to view the rest of the hotel and to get an impression of space and volume. COLLINS, David – op.cit., p. 60. 98 The interior design of any space can be characterized by its style that collects the artistic or ideological traits of the interior, techniques, tools and has an orientation on a certain period time, direction in architecture or on a particular person. The choice of the style- is one of the most important criteria for the interior design of the hotel and determines not only the appearance of the hotel premises, but also their atmosphere. KHANAU, Andrei – The Impact of Hotel Interiors on Customer´s Loyalty Intentions. Norway: University of Stavanger, 2015, p. 44. O design interior de qualquer espaço pode ser caracterizado pelo seu estilo, pois o estilo reúne os traços artísticos e ideológicos do interior, as técnicas e as ferramentas, sendo orientado consoante um certo período temporal, direção arquitetónica, ou pessoa particular. A escolha do estilo é um dos mais importantes critérios quanto ao design interior do hotel, determinando não só as aparências das “premissas” do hotel, mas também a sua atmosfera. 99 But despite which hotel type is chosen, most guests form their first impressions based on the design and layout of the hotel’s lobby. In turn, theses impressions may have the potential to influence how guest evaluate the effectiveness and quality of the hotel’s services. Ibid., p. 6.

Design do Lobby de Hotel 63

A eventualidade da primeira interação e comunicação entre a equipa do hotel e os

hóspedes acontece precisamente neste espaço físico. Logo, uma primeira impressão100

positiva é determinante na perceção e satisfação geral do consumidor.

“Dependendo da personalidade individual e condições temporais atuais, o lobby pode ser percecionado diferentemente impactando o modo das interações possíveis, a duração da estadia, a maneira como o hóspede interioriza a mensagem da companhia, e, finalmente, na satisfação deste.”101 [Tradução livre]

Atualmente afirma-se como um importante ponto de encontro e um destino em si, visto

que em muitos dos hotéis exibe-se como um dos espaços interiores mais emocionante e

glamouroso de todo o edifício.

“Os lobbies de hotel oferecem os convidados com uma sensação de chegada ao destino. […] sendo o lobby um destino em si: tal significa que a entrada num hotel possibilita ao convidado mergulhar noutro mundo, e deixar-se impressionar pelo design interior, a atmosfera, e o ambiente.”102 [Tradução livre]

Ademais, sendo um lugar que deve causar algum impacto pelas razões apontadas, pode

desviar uma grande quantidade de atenção através da implementação coerente dos

elementos principais do lobby que enfatiza os detalhes e a inclusão de obras artísticas

(por vezes de grande escala, tornando-se o centro de atenções). Em vista disso, a

singularidade de um lobby pode fazer com que esta primeira impressão seja duradoura,

além de que configurações inéditas podem proporcionar uma surpresa agradável para os

frequentes viajantes.

100 Impression formation involves the cognitive, perceptual and effective processes of making judgments and drawing conclusions about a person, an object or an environment. FIDZANI, Lily Clara – op.cit., p. 8. O processo de elaborar juízos e deduzir conclusões sobre um sujeito, um objeto ou um ambiente, envolve a formação de impressões, que abrangem dimensões cognitivas, percetuais e afetivas. 101 Depending on the person’s personality traits and current temporary condition, the service environment (the lobby) can be perceived differently and impacts the length of interactions with other parties, the length of stay in that environment, how the guest perceives the company, and finally the guest’s satisfaction. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 21. 102 Hotel lobbies give guests a feeling of arrival to their travelling destination. […] even calls a hotel lobby ‘a destination in itself’, meaning that entering a hotel let the guest dive into another world and be impressed by the interior design, the atmosphere, and ambience. Ibid., pp. 16, 17.

Susana Gomes 64

“Entre as inúmeras áreas do hotel, o lobby destaca-se pelo impacto que cria no hóspede e noutros visitantes do hotel. O seu design, seja de foro íntimo ou expansivo, formal ou casual, define o estilo do hotel ou resort. Deste modo, o planeamento dos elementos principais do lobby, e o design dos detalhes são cruciais para uma impressão positiva e indelével nas pessoas que o frequenta.”103 [Tradução livre]

A coexistência usual de zonas de estar, restaurantes, bares e diversas lojas de topo,

providencia aos potenciais clientes (grupos de conferencistas, hóspedes ou apenas

visitantes), espaços coletivos para fins sociais ou empresarias.

“No lobby encontram-se o mundo público e o privado. Esta declaração pode ser entendida como uma diretriz para o sucesso do design de um bom lobby. Os lobbies não são meramente zonas de chegada, pois representam um lugar de socialização. Assim, é difícil encontrar a harmonia entre “abertura e exclusividade”, significando tal dado que o hotel e o lobby devem não só devidamente integrados no meio envolvente, mas também gerar a atmosfera de uma entidade reservada.”104 [Tradução livre]

A competitividade existente e o florescimento de múltiplas marcas, sucede ao

desenvolvimento e à inovação de ambientes físicos cativantes e peculiares de forma

melhor destacar os produtos e serviços hoteleiros. Por consequência, o lobby como

espaço eleito é usufruído como uma ferramenta de marketing para atingir esses fins.

“Os lobbies são o primeiro ponto de contacto e impressão que o visitante experiencia quando entra num hotel. É o espaço público, e especialmente o lobby, que determina o estilo do hotel, potencializando o fator de diferenciação ou vantagem competitiva relativamente a outras propriedades desta indústria. Portanto, grande parte dos hotéis enfatiza a criação e o design de lobbies memoráveis.”105 [Tradução livre]

103 Among the many public areas of the hotel, the lobby makes the single greatest impact on guest and on visitors to the hotel. Its design- whether intimate or expansive, formal or casual- sets the tone for the hotel or resort. Therefore, the planning of the major lobby elements and the design of details are crucial to making a positive and lasting impression on the guest. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 283. 104 Lobbies are where public and private worlds meet. This statement can be understood as a guideline to success of a good lobby design. Lobbies are not only an area of arrival, but a place to network and socialize for in-house and outside guests (visitors) […] Therefore, it is difficult to find a good harmonization between ‘openness and exclusivity’, meaning that hotels and their lobbies should be well integrated in their surrounded environment, but also deliver an atmosphere of a closed entity… BRAUN, Roxane – op. cit., pp. 17, 18. 105 … lobbies are the first point of contact and impression the visitor gets when entering the hotel. It is the public space and specially the lobby, which sets the tone and style of the hotel and acts as a differentiation factor or competitive advantage to other properties in the industry. Therefore, the majority of hotels put a lot of emphasize on creating and designing an outstanding, phenomenal, and great lobby. Ibid., p. 32.

Design do Lobby de Hotel 65

Esta tarefa impende aos designers que frequentemente projetam o lobby como um

manifesto onde demonstram as suas intenções ou conceitos de design, utilizando-as para

reforçar ou constituir a identidade do hotel. Portanto, pode tornar-se também um

manifesto da identidade do próprio designer. Geralmente, os projetos de design mais

bem-sucedidos orientam-se pelo público-alvo pretendido, imagem de marca do operador

e contrabalançam dois fatores-chave: o impacto visual e a funcionalidade.

“Porque o balanço é essencial, as melhores projeções acomodam aspetos funcionais e operacionais, criando ao mesmo tempo um ambiente especial que é apropriada ao local e ao mercado.”106 [Tradução livre]

Áreas do Lobby

Independentemente da classificação e da tipologia do hotel, o lobby detém pelo menos

uma entrada principal, área de receção e lounge ou área de estar (a organização e áreas

que constituem o hotel foram previamente retratados no subcapítulo 2.4 Áreas

integrantes do hotel).

“Por regra, um lobby tem uma entrada, a área de receção, uma zona de repouso para grupos organizados (usualmente com bar), e uma secção de apoio […] e está associado às outras zonas de serviços diretamente ou por intermédio de escadas, elevadores ou corredores. A estrutura e tamanho das áreas funcionais do lobby determinam-se pelo nível de conforto do hotel, a capacidade e especialização.”107 [Tradução livre]

Os lobbies dos hotéis de 4 e 5 estrelas, contêm além destes requisitos indispensáveis,

outras instalações coletivas e de acessos. Logo, é comum num lobby de luxo (âmago

principal desta investigação) diversas entradas (p. ex. entrada do restaurante, entrada

específica para bagagens etc.), área de receção e de concierge108, lounges, lobby bar, e

106 The best designs accommodate these functional and operational aspects while they also create a special ambiance. Appropriate to the site and market. That balance is essential. RUTES, Walter A.; PENNER, Richard H.; ADAMS, Lawrence – op.cit., p. 250. 107 As a rule, the lobby has an entrance zone, the reception area (front desk), resting area for a gathering of organized groups (sometimes has an attached lobby bar), information installations […] and is connected to the rest of the services zones directly or through the stairs, elevators or corridors. The structure and the size of the lobby’s functional areas are determined by the level of hotel’s comfort, capacity and specialization. KHANAU, Andrei – op. cit., p. 42. 108 The traditional location of the concierge behind a counter, for example, is perceived to form a barrier to effective customer relations, and in the case of contemporary hotels the concierge is often relocated to a more accessible desk and assigned a role of guest relations. COLLINS, David – op.cit., p. 66. A localização tradicional do concierge atrás do balcão, por exemplo, perceciona-se como uma barreira às

Susana Gomes 66

acessos diretos para restaurantes, centro de negócios/reuniões (lugar de conduta

empresarial), lojas, ginásio e entre outros.

O lobby, como centro basilar para o funcionamento e desenvolvimento do hotel

(referido no subcapítulo 2.4 Áreas integrantes do hotel), apresenta ser no ponto de vista

de design e da arquitetura, um espaço complexo em comparação com as restantes partes

constituintes do hotel por ser uma zona coletiva e com muitas funções (também aludido

no subcapítulo 2.4 e na tabela 2). Por conseguinte, não sendo uma área privada tem de

acomodar diversos fluxos constantes (igualmente citado no subcapítulo 2.4) de

hóspedes ou visitantes e ao mesmo tempo permitir aos funcionários do hotel realizar de

relações eficientes com o consumidor. Assim, no caso do hotel contemporâneo, o concierge é situado num balcão mais acessível, e atribui-se-lhe o papel de relações gerais com o cliente.

Tabela 2: As funções e as localizações das áreas constituintes do lobby

Áreas do lobby: Funções: Localização:

Entrada (principal)

Possibilitar uma boa visão para os interiores, em especial a área da receção; Acesso fácil e direto para a receção

Receção

Múltiplos cargos de atendimento (ex. concierge, front office manager, bell captian etc.)

Bem posicionada (fácil perceção e de acesso), próximo dos elevadores e escadas

Lounge

Espaço de repouso, espera e de lazer (encontros sociais e/ou empresariais); Garantir conforto e entretenimento; Ajuda evitar fluxos maiores de visitantes (ex. grupos turísticos)

Zona adjacente à receção e distanciado dos acessos de circulação

Bar/Restaurante Provir bebidas e refrescos ou até refeições ligeiras; Tornar o lobby mais convidativo e dinâmico (entretenimento, música ambiente ou ao vivo)

Incluído no lounge ou área independente distanciado dos acessos de circulação

Design do Lobby de Hotel 67

forma eficiente e discreta as tarefas que os competem. Em vista disso, o lobby coetâneo

polivalente e dinâmico deve ter uma organização do espaço (aprofundado no

subcapítulo 4.2.2 Elementos a considerar para o projeto do lobby) funcional e flexível o

suficiente para suportar todas essas atividades que ocorrem em simultâneo.

“Sendo um espaço democrático, o lobby é forçado a assumir uma variedade de diferentes identidades de uma só vez, de forma a funcionar tanto como um espaço independente no seu próprio direito e como um componente do hotel num todo.”109 [Tradução livre]

Usualmente é um espaço amplo com poucas divisões110 estruturais que possibilita a

visualização imediata das zonas integrantes, facilitando assim os utilizadores na

perceção clara das funções e das atividades ocorridas.

“Independentemente do tipo de hotel, um dos objetivos gerais no planeamento e design das áreas coletivas deverá passar pela conjugação destas zonas com o lobby. Esta configuração garante ao hóspede a possibilidade de encontrar inúmeras instalações com o mínimo de dificuldade, e também a intersecção de funções de cariz diferente.”111 [Tradução livre]

Da entrada principal deveremos conseguir avistar a área da receção e ter para lá um

percurso fácil e direto.

“A receção é geralmente a primeira área a ser vista e ocupada por convidados, membros, visitantes, estudantes ou delegados de conferências. É o foco de crucial importância e a decoração e design causará uma impressão imediata.”112

O lounge adjacente à receção serve como uma zona de estar para os clientes, podendo

ainda obter um bar associado. Conquanto o bar pode ser independente e distanciado do

109 As a democratic space, the lobby is forced to assume a variety of different identities at once in order to function both as an independent space in its own right and as a component of the hotel as a whole. Ibid., p. 59. 110 … social interaction and physical movement can be limited or restricted by structural configurations, such as walls, corridors, and entryways. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 11. As estruturas internas como paredes, corredores e entradas podem limitar ou restringir a interação social e os movimentos físicos. 111 Whatever the type of hotel, an overall objective for planning and design of the public areas is that they be clustered around the lobby. This arrangement assures that the hotel guests can find the various facilities with a minimum of difficulty and provides the opportunity for functions to overlap. Ibid., p. 281. 112 PAUL, Valerie; JONES, Christine – op. cit.,p. 43.

Susana Gomes 68

resto. Estas zonas interligadas traçam os corredores de circulação, devem fluir na

perfeição e em harmonia a fim de obter um espaço eficiente e praticável.

“O lounge deve ser visível e distanciado da receção e das passagens de circulação. Serviços de bebidas ou refrescos são providos pelo bar com acesso à cozinha ou dispensa.”113 [Tradução livre]

Em virtude dos fatos mencionados, podemos afirmar que o lobby é o cerne operacional

das atividades basilares para o funcionamento e desenvolvimento do hotel e como

primeiro espaço interior do edifício transmite aos clientes a identidade em termos de

conceito de design, ambiente e padrões de serviço. Consequentemente, é um local de

atração pública pelo seu design interior apelativo e original onde demonstra coerência

dos elementos constituintes do lobby (analisado no subcapítulo 4.2.2 Elementos a

considerar para o projeto do lobby) e por conter várias áreas coletivas de cariz social

recreativo e empresarial que demarcam os percursos de acesso e de circulação.

4.2 Elementos a considerar para o projeto do lobby

Uma vez que o lobby é o ponto fulcral das atividades e funções do hotel (constituído por

várias zonas coletivas e de circulação) e responsável pelo bem-estar dos utilizadores

(estado físico e psicológico), o seu design requer um bom planeamento dos elementos

constituintes, com o objetivo de garantir eficácia nos serviços e uma estadia confortável,

acolhedora, satisfazendo todos os requisitos básicos de conveniência.

“Deve criar um conforto ambiental, funcional e estético, que determinará o estado emocional positivo do cliente. Tal pode ser alcançado através de meios e técnicas que integram os elementos individuais do interior numa imagem equilibrada e coerente.”114 [Tradução livre]

A definição dos elementos principais do lobby irá ter como base as revisões literárias

referentes ao design do lobby do hotel, tendo em conta as áreas integrantes, funções e

atividades exercidas. 113 The lounge must be clearly visible but separated from desk areas and circulation. Services of beverages and light refreshments is provided through a small dispense bar with access to the kitchen or local pantry. LAWSON, Fred – op. cit., p. 248. 114 It should create an environmental, functional and aesthetic comfort, which determine a positive emotional state of the customers. This can be achieved by the means and techniques that integrate the individual elements of interior into a coherent balanced picture. KHANAU, Andrei – op. cit., p. 8.

Design do Lobby de Hotel 69

Considerando assim estes autores, podemos considerar que os elementos pertinentes

para a constituição de um lobby coetâneo são:

- A escala e organização do espaço

- O mobiliário

- A iluminação

- Os materiais

Estes componentes do interior devem ter uma correlação entre si a nível funcional e

estético com o intuito de obter um resultado final coeso e promissor. O efeito desejado é

à semelhança de um puzzle, onde todas as peças se encaixam por meio de características

de design comum como a aplicação de materiais semelhantes ou a qualidade dos

acabamentos, mantendo ao mesmo tempo o caráter individual das mesmas.

115 FIDZANI, Lily Clara – op.cit., p. 19. 116 THAPA, Dhiraj – op.cit., pp. 23-25. 117 KHANAU, Andrei – op. cit., pp. 30, 31. 118 BRAUN, Roxane – op. cit., pp. 19, 20. 119 RUTKIN, Kimberly M. – User Preference of Interior Design Elements in Hotel Lobby Spaces. Florida: University of Florida, 2005, p. 2. 120 COLLINS, David – op. cit., pp. 59, 71-73, 77, 80.

Autores: Elementos de design:

Lily C. Fidzani115

Dhiraj Thapa116

Andrei Khanau117

Roxane Braun118

Kimberly M. Rutkin119

David Collins120

Organização do espaço, cor, mobiliário e iluminação.

Organização do espaço, cor, mobiliário, iluminação e materiais.

Organização do espaço, cor, mobiliário, iluminação e estilo.

Escala e organização do espaço, cor, mobiliário, iluminação, materiais e estilo.

Escala e organização do espaço, mobiliário, materiais, luz natural e vistas. Organização do espaço, cor, mobiliário, iluminação, materiais e texturas.

Tabela 3: Elementos de design do lobby

Susana Gomes 70

“Todos os componentes do interior devem estar em contacto próximo. Por exemplo, a disposição da mobília e da iluminação deve estar associada ao tamanho da área e a função a que se destina. A iluminação afeta os esquemas de cores do interior. A cor das superfícies arquiteturais é associada à cor da mobília, ao passo que a cor da mobília deve ser balançada com a cor dos têxteis.”121 [Tradução livre]

A outra vertente dos elementos que compõem este espaço, reside precisamente na

comunicação da imagem da empresa, na satisfação perante os serviços prestados, na

influência comportamental dos clientes (impacto na interação da vida social e cultural) e

nas condições de trabalho dos funcionários.

“Não só os clientes estão sob a influência do ambiente físico como também os funcionários que estão a prestar o serviço. Um espaço físico bem organizado irá aumentar a satisfação, produtividade e motivação destes que desencadeará um efeito benéfico na qualidade dos serviços prestados.”122 [Tradução livre]

4.2.1 A escala e a organização do espaço

A organização espacial123 de um hotel depende de vários fatores sendo estes: o tamanho

da propriedade, a sua categoria, os padrões de chegadas e de partidas, a duração das

estadias entre outros aspetos.

121 All the components of the interior should be in close contact with each other. For example, the placement of furniture and lighting must be associated with the size of the area and its purpose. Lighting affects the color scheme of the interior. The color of architectural surfaces is associated with the color of the furniture while the color of the furniture should fit the color of the textile. KHANAU, Andrei – op. cit., p. 31. 122 … not only the customers are under the influence of physical environment, but also the people who are providing the service – employees. Well-arranged servicescape increases employees’ satisfaction, productivity, and motivation, which has a beneficial effect on the quality of the service. Ibid., p. 26. 123 Layout accessibility refers to the way in which furnishings, service areas, and passageways area arranged and spatially related. An effective layout provides ease of entry and exit and will make ancillary service areas more accessible. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 23. A organização do espaço refere-se de um modo geral à forma como o mobiliário, as áreas de serviço e as passagens se organizam e se interligam entre si. Uma organização espacial eficiente irá não só facilitar as entradas e as saídas dos utilizadores mas também permitir um acesso fácil aos serviços requeridos.

Design do Lobby de Hotel 71

“A disposição dos elementos interiores deve minimizar a aglomeração de pessoas para que possa transmitir uma imagem afável do hotel. Os estudos indicam que a organização depende de diversos fatores, entre os quais os seguintes: o tamanho do hotel, a classificação, padrões de chegadas e partidas, reservas, duração de permanência e sazonalidade.” [Tradução livre]124

A complexidade espacial é deveras notável num hotel de luxo devido aos serviços e aos

espaços de ócios disponibilizados. Das várias áreas constituintes do hotel, o lobby é

denotado como um dos espaços mais problemáticos e complexos de resolver devido ao

fluxo constante de hóspedes, visitantes e funcionários nas áreas de atendimento e

coletivas (referido no subcapítulo 4.1 Importância do lobby). Os erros mais frequentes

eventualmente no design de um lobby consistem na falta de visibilidade da área da

receção no momento em que os hóspedes ou visitantes dão a sua entrada no hotel e o

tráfego constante entre a zona da receção e os elevadores. A organização do lobby

referente ao posicionamento das áreas constituintes (aludido também no subcapítulo

4.1) deve ser funcional125, lógica e óbvia para os utilizadores.

“O lobby deve ser sobretudo funcional, pois engloba funções como o check-in e o check-out, um buniness center informal, lojas de comida, bebida e diversos. Portanto exige-se a flexibilidade do lobby para cumprir estes requisitos. Adicionalmente, a organização do lobby deve fornecer um caminho fácil e direto para a zona do check-in. O posicionamento da receção na mesma linha de visão que a entrada reforça a segurança em termos de vigilância de quem entra ou sai da propriedade.”126 [Tradução livre]

124 The layout of the interior objects should be aimed at minimizing the crowding in order to create a favorable impression among the hotel guests. Architectural design studies investigated that the layout depends on several factors, among which are the following ones: the size of the hotel building, grade or standard, patterns of arrivals and departures, tour and convention bookings, length of stay, and seasonality. KHANAU, Andrei – op. cit., p. 51. 125 Functionality for employees and guests are a major element in efficient and good hotel and lobby design. The design development team needs to carefully evaluate and develop efficient space planning and strategies to satisfy the employees’ and customers’ requirements. BRAUN, Roxane – op. cit., p. 31. A funcionalidade para os empregados e hóspedes representa um elemento crucial num bom hotel e mesmo na configuração do lobby. Consequentemente, as equipas de design devem avaliar cuidadosamente o espaço para desenvolverem estratégias que satisfaçam as necessidades dos empregados e hóspedes. 126 Above and beyond everything else, a lobby must be functional. Lobbies serve many functions including check in and check out, an informal business center, food and beverage outlet, and sundry shop, and must be flexible enough to support all of these needs. The layout of the lobby should create an easy and direct path to the check-in counter. Placing the check-in counter with a direct line of the sight to the entrance creates an added safety feature, since the staff can watch everyone who comes and goes. RUTKIN, Kimberly M. – op. cit., pp. 9, 10.

Susana Gomes 72

Assim, a organização espacial do lobby deve:

• Ser funcional, lógica e óbvia para os utilizadores;

• Minimizar a aglomeração de pessoas e bagagens na área da receção e

elevadores;

• Estabelecer um caminho direto para a receção ou na mesma linha de visão que a

entrada (aumenta a segurança em termos de vigilância);

• Estabelecer circulações distintas para funcionários e hóspedes a fim de evitar

perturbações e garantir maior eficiência na prestação dos serviços. Esta

preocupação aplica-se também entre os visitantes e daqueles que estão alojados

no hotel, devendo assim criar acessos diretos para restaurante, bar e sala de

reuniões.

4.2.2 O mobiliário

O mobiliário como um dos elementos práticos de design deve prestar utilidade e

cumprir com os princípios da ergonomia a fim de proporcionar bem-estar e conforto aos

utilizadores. A eficiência e as operações de trabalho serão influenciadas pelo

posicionamento e tamanho dos equipamentos e, portanto, uma parte vital no design do

lobby.

“O conforto e a configuração da mobília num edifício também podem influenciar os comportamentos. O conforto no sentar é um tópico importante e pode afetar significativamente a satisfação física no lobby. Portanto, o sentar apropriado engendra um ambiente de trabalho funcional, isto é, deve assegurar o bem-estar, o conforto, e segurança do pessoal.”127 [Tradução livre]

O lobby como espaço dinâmico e multifuncional do hotel, detém grande parte dos

utilizadores pois ocorre em simultâneo diversas atividades desde lazer ao repouso,

exigindo assim um bom planeamento e uma distribuição funcional de um mobiliário

durável e de qualidade, capaz de suportar este aglomerado de pessoas e das atividades

127 Comfort and configuration of furniture in a building may also influence behavior. Seating comfort is likely to be an important issue and could significantly affect a lobby’s physical environment satisfaction. Proper seating helps in engendering a functional working environment. One important factor is to ensure that seating arrangements work towards the health, comfort, and safety of personnel. THAPA, Dhiraj – op.cit., p. 25.

Design do Lobby de Hotel 73

exercidas. As peças de mobiliário devem auferir uma coerência estética e funcional

entre si, complementando com o meio envolvente.

“Para realizarem devidamente a sua função, os objetos (tal como os espaços) devem ser moldados essencialmente para a tarefa. Posteriormente devem ser bem distribuídos nos termos das partes componentes, mas também como grupos relacionados com o meio envolvente. Os materiais devem ser apropriados, assim como a textura e a cor. Por fim, deve ser de fácil utilização.”128 [Tradução livre]

O tipo de mobiliário essencial para os lobbies contemporâneos consiste em:

• Zona de receção: balcão ou diversos balcões de atendimento;

• Serviços de atendimento personalizado: mesas e cadeiras;

• Lounge: sofás, poltronas e/ou cadeirões, bancos e mesas de apoio;

• Lobby bar: balcão de bar com banquetas, sofás, cadeirões e/ou poltronas, mesas

de apoio e/ou mesas para refeições;

• Lounge, lobby bar etc.: divisores de áreas.

Frequentemente aplica-se no lounge equipamento modular nomeadamente os assentos

(sofás, poltronas e bancos) pois são uma vantagem em termos de flexibilidade da

adaptação formal que permite várias conjugações consoante as necessidades do espaço

em causa.

“O design e as tecnologias modernas podem providenciar soluções maravilhosas no alívio de problemas espaciais: existem peças de mobiliário com múltiplos propósitos, feitas de elementos que podem ser combinados consoante o desejado, e que podem ser adquiridas separadamente, o que nos possibilita aglomerar estes elementos conforme as nossas necessidades particulares.”129 [Tradução livre]

128 To fulfill their function in the best possible way, objects, like spaces, must first and foremost be shaped well for their task. Then they must be arranged as well as possible, both in their component parts, and also as groups in relation to their surroundings. They must be of suitable materials, and they must also have the ‘right’ texture and colour for their function, and be easy to reach and use. BLACK, Maggie; EDWARDS, Anne – Design for Living. London: Ward Lock, 1970, p. 120. 129 Modern design and new technology can provide wonderful solutions to relieve problems of space: there are multipurpose pieces of furniture, made up of elements that can be combined in different ways as required, and that can be bought separately, which allows us to assemble them in accordance with our own particular needs. CERVER, Francisco Asensio – op. cit., p. 407.

Susana Gomes 74

A escolha ou a conceção do mobiliário é uma oportunidade excecional para o designer

deixar a sua marca ou identidade particular neste ambiente de forma clara e imediata.

Consoante o design ou estilo as peças do próprio autor podem manifestar-se como

elementos individuais ou objetos singulares situados entre a escultura e o mobiliário,

criando um ambiente diferenciado.

“Contrariamente à cor, textura e iluminação, uma peça de mobiliário não é tanto um elemento estilístico subliminal, mas mais uma obra de arte autocontida e independente. O tamanho e o posicionamento do mobiliário num hotel, justificam-se por serem os primeiros detalhes contemplados.”130 [Tradução livre]

Assentos

O conforto do assento é uma questão importante na medida em que pode afetar

significativamente a satisfação do utilizador perante o ambiente físico do lobby. Um

assento apropriado nas zonas de estar e de atendimento auxilia por um lado, a formação

de um ambiente de repouso acolhedor e de relaxe e por outro, um ambiente de trabalho

funcional e produtivo. O conforto do utilizador não só é afetada pelo equipamento físico

como também pela sua disposição. Condições de ocupação dos assentos lotados (espaço

insuficiente para se mover) podem causar sentimentos de desconforto físico e

emocional.

“Estes representam o paradigma da descontração e da vida social, uma vez que acomodam os nossos clientes. É melhor escolher sofás deveras adaptáveis, com linhas retas, assentos profundos, e encostos elevados. O conforto é de importância primária, mas a durabilidade do estofo deve ser seriamente considerada.”131 [Tradução livre]

Por conseguinte, a organização do mobiliário de repouso não só interfere onde os

usuários se sentam como também afeta na interação que pode ocorrer entre os mesmos.

A justaposição dos assentos associa-se a uma probabilidade maior de interação e de

130 Unlike, colour, texture or lighting, a piece of furniture is not so much a subliminal element of style but a self-contained, standalone work of art in itself. The size and positioning of furniture in a hotel can often mean that it is one of the first aspects of the design to be noticed. COLLINS, David – op.cit., p. 80. 131 These represent the paradigm of relaxation and social life, as they accommodate our guests. It is best to choose very adaptable couches, with straight lines, deep seats, and high backrests. Comfort is of primary importance, but the durability of the upholstery must be taken into account. CERVER, Francisco Asensio – op. cit., p. 45.

Design do Lobby de Hotel 75

intimidade ao invés dos arranjos distanciados. Em vista disso, a distribuição de assentos

define áreas para conversas, reuniões, relaxamento e muito mais.

“A disposição da mobília será individual ou em grupo. Se for individual, a área consistirá num arranjo de cadeiras que torna inviável a interação entre os clientes. Se for em grupo, teremos sofás e cadeiras dispostas de modo a ser fácil o diálogo e a interação.”132 [Tradução livre]

As soluções de projeto mais frequentes são arranjos em forma de L, U (usado para

marcar áreas maiores) ou em paralelo (cria espaços mais amplos). As colocações em

forma de L e U são práticos com o uso do mobiliário modular, pois permite ocupar os

cantos do espaço e ainda viabiliza o ato da conversação entre os utilizadores. A

distribuição paralela com dois sofás frente a frente é normalmente usada para ocupar um

espaço central afastado das paredes.

“Uma área de discussão centrada em torno de um sofá modular pode fornecer uma série de combinações. Estes modelos versáteis formam composições de canto que são muito úteis para economizar espaço.”133 [Tradução livre]

Mesas de Apoio

As mesas de apoio são peças essenciais de mobiliário nas áreas de estar como suporte

para materiais de leitura (ex. jornais, revistas etc.), peças de arte ou vasos e no lobby bar

como base para ementas e refrescos. A variedade de formas e tamanhos ofertados no

mercado são ilimitadas e de grande adaptação, o que permite realizar variadas

conjugações. A opção de projeto mais usual é a colocação da mesa de apoio à frente do

sofá, entre dois cadeirões ou poltronas e ainda nos cantos do sofá como suporte para

candeeiros.

132 Furniture arrangements will be individual seating or group seating. Individual seating areas will consist of chairs arranged in a way that does not support interaction between guests. On the other hand, group seating will use couches, loveseats, and chairs arranged in a way that will facilitate conversation and interaction. RUTKIN, Kimberly M. – op. cit., p. 21. 133 A discussion area centered around a modular couch can provide a host of combinations. These versatile models form corner compositions which are very useful for saving space. Ibid., p. 54.

Susana Gomes 76

4.2.3 A iluminação

A luz que torna as superfícies ou objetos visíveis perante a visão humana, influencia

decisivamente a perceção de um espaço em termos de volumes, texturas, cores,

atmosfera dos interiores e pode atrair a atenção para certos pontos específicos ou

camuflar determinados aspetos menos positivos num espaço ou objeto.

“A iluminação, utilizada para definir as formas, a cor e a textura, afecta o aspecto e a função de uma divisão. Pode realçar a decoração e ser adaptada sempre que a disposição e as actividades variem.”134

O desempenho visual do Homem é influenciada pelos contrastes, ou seja, quanto maior

for o contraste (maior diferenciação de cores), melhor será a definição dos objetos e do

espaço; todavia se o contraste for menor, a revelação dos objetos no espaço será mais

ténue. O contraste é conseguido por meio de diferentes luminâncias135 e/ou por cores

distintas.

“Os conhecimentos de modelação de luz são importantes na criação de contrastes de iluminação pois estes permitem distinguir os volumes presentes nos espaços.”136

Conforto e Segurança Visual

A iluminação tem uma função significante em questões de segurança humana, pois

situações de má iluminação por falta de contraste ou por baixa luminância, pode

desencadear problemas ou até mesmo situações de perigo para quem frequenta o

espaço.

“Esta falta de segurança é muitas vezes notada na forma como é colocada a iluminação em zonas de passagem limitada ou de difícil acesso. Por exemplo, escadarias, gavetos, ou situações de desníveis ou diferenças de cota de piso são locais que devem ter especial atenção na forma como são iluminadas.”137

134 CALLERY, Emma – Enciclopédia Prática da Decoração. Rio de Mouro: Everest, 2002, p. 180. 135 A luminância é a quantidade de luz irradiada ou refletida por um objeto. COSTA, Leandra Luciana Lopes – A Luz como Modeladora do Espaço na Arquitetura. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2013, p. 70. 136 NEGRÃO, Ana Teresa Luís – O Impacto da Luz Artificial nos Espaços Arquitetónicos. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2013, p. 7. 137 Ibid.

Design do Lobby de Hotel 77

Uma condição necessária para a concretização de uma tarefa desejada é a obtenção de

um nível de luz138 adequado a fim de poder realizá-las com o máximo de acuidade e

precisão visual, com menor esforço e com reduzidos riscos de acidente. Ademais, é

necessário ter em atenção aos encadeamentos induzidos pelos brilhos (causadores de

desconforto, fadiga visual, problemas de saúde etc.), oriundos de fontes desprotegidas

ou de variações drásticas de luminâncias que têm como consequências locais inóspitos e

a impossibilidade de visualizar o espaço ou objeto.

“A fadiga visual é o principal efeito das más condições de iluminação sobre a saúde do sistema visual, despoletando sintomas indesejados. Estes sintomas podem ser causados por níveis inadequados de iluminação, quer natural, quer artificial, durante a execução de tarefas.”139

Iluminação Interior

Ao projetar um interior é necessário ter um plano organizado em relação à iluminação

pretendida, pois a distribuição e intensidade da iluminação artificial depende de um

conjunto de fatores, tais como: luz natural (direção, quantidade e distribuição

dependentes das condições atmosféricas locais), do tamanho e configuração do espaço

(áreas e respetivas funções exercidas), bem como a reflexão das superfícies

(revestimentos dos pavimentos, paredes e tetos).

“Uma boa iluminação artificial permite a perceção espacial da arquitetura, pode alterar a aparência de uma sala ou de uma área, sem a alterar fisicamente e contribuir para criar um ambiente adequado de trabalho ou de lazer. Assim a quantidade e a qualidade da iluminação deve basear-se no desempenho e conforto visual, na agradabilidade e na economia.”140

Assim, a luz artificial que complementa a luz solar (dada a sua mutabilidade), deverá

dar resposta a questões de conforto e segurança aos utilizadores, aliando uma

componente estética a uma prática. 138 … para obter uma boa iluminação interior e favorável à saúde, as iluminâncias recomendadas, em lux, variam consoante o tipo de domínios e actividades. Para iluminação geral de áreas pouco utilizadas ou com reduziadas exigências visuais, são recomendados entre os 20 e os 200 lux. Para iluminação geral de zonas interiores com exigências visuais elevadas a iluminação recomendada varia entre os 300 e os 2000 lux. Por último, entre os 3000 e os 20000 lux, é usada como iluminação adicional para o desempenho de tarefas visuais de grande exatidão. COSTA, Leandra Luciana Lopes – op. cit., pp. 48, 49. 139 Ibid., p. 48. 140 Ibid., p. 78.

Susana Gomes 78

“A sua missão é reforçar as qualidades de um determinado espaço, de modo a facilitar e melhorar a perceção do mesmo.”141

Em suma, a iluminação artificial permite:

• Eficácia na realização das tarefas (iluminação adequada para cada tipo de

encargo);

• Dividir e interpretar compartimentos (definir áreas conforme a sua

funcionalidade e melhorar a orientação);

• Enfatizar detalhes específicos ou ornamentos arquitetónicos e decorativos;

• Garantir facilidade nos movimentos e segurança na circulação (zonas de acesso,

passagens, de espera etc.);

• Estabelecer conectividade entre o interior e o exterior.

Iluminação do Lobby

O lobby do hotel, sendo um espaço multifuncional requer uma instalação de diversos

pontos de iluminação com a necessidade de demarcar as diferentes zonas existentes

(receção, lounge, bar etc.), de criar ambientes distintos e garantir conforto e segurança.

Contudo, deve ter em conta as variantes da iluminação natural142 (oriundos de fachadas,

portas ou até claraboias de vidro), tirando o máximo partido deste elemento intrínseco

para a valorização e individualização do espaço.

Em vista disso, As variações luminosas são uma forma de tornar o lobby num espaço

mais dinâmico e atrativo mas acima de tudo funcional. O objetivo subjacente é criar um

ambiente adequado a cada área, complementando com a arquitetura circundante e que

expressa as intenções gerais de design do hotel.

“Atualmente a tendência é dividir a iluminação e encontrar as soluções adequadas a cada espaço individual, e conforme os critérios de funcionalidade.”143 [Tradução livre]

141 Ibid., p. 59. 142 A luz natural proveniente do sol é um dos elementos climáticos que precisa ser trabalhado através de soluções arquitetónicas, para que a sua presença no interior do edifício não se torne incómoda. Um bom projeto de iluminação natural usufrui e controla a luz disponível, maximizando as vantagens e reduzindo as desvantagens. Ibid., p. 54. 143 These days the trend is to provide up the lighting and find the right solution for each individual space, according to criteria of functionality. CERVER, Francisco Asensio – op. cit., p. 715.

Design do Lobby de Hotel 79

Zonas do lobby: Iluminações: Luminárias:

Entrada, receção e outros serviços de atendimento

Iluminação direcionada (iluminação que possibilita uma boa perceção das formas e estruturas das superfícies)

De teto saliente e/ou direcionáveis, encastradas, suspensas, de pé, projetores etc.

Lounges e lobby bar/restaurante

Iluminação difusa (iluminação suave e uniforme, abrange áreas maiores por reflexão no teto e paredes ou seja a inexistência de sombras torna as formas e estruturas das superfícies pouca acentuadas)

De teto suspensas, de parede etc.

Receção, lounges e lobby bar/restaurante

Iluminação indireta (iluminação suave, uniforme dirigida para o teto de modo a refletir para todo o ambiente. Anula o encandeamento pois a fonte de luz fica totalmente oculta)

Sancas etc.

Zonas de passagens e de acesso (escadas etc.)

Iluminação de pavimento (iluminação em fila instalada no chão, rodapé e escadas, formando um caminho que certifica a segurança e/ou realça as características dos revestimentos ou elementos naturais)

De pavimento salientes ou encastradas e lineares.

Lobby (no seu todo)

Iluminação geral (iluminação homogénea em todo o ambiente obtida através de um misto de luzes)

De teto saliente e/ou direcionáveis, encastrada etc.

Wall washers (banho de luz sobre uma superfície vertical, usadas para destacar pormenores construtivos existentes nas paredes como texturas e relevos como também para elevar a perceção das proporções e limites do espaço)

De teto saliente e/ou direcionáveis, encastrada etc.

Susana Gomes 80

Iluminação pontual ou de destaque (enfatiza objetos, pormenores arquitetónicos ou obras de arte acentuando a sua cor, textura e forma)

De teto encastrada, projetores de teto, parede ou fixos numa calha eletrificada etc.

Iluminação decorativa (iluminação aconchegante, utilizada para criar ambientes acolhedores)

De teto suspensas, de parede, de mesa, de pé, sancas etc.

Tabela 4: Iluminações do lobby

4.2.4 Os materiais e acabamentos de superfícies

A escolha e definição dos materiais, coerentes com os restantes elementos do lobby, têm

como influências o estilo e a sofisticação da propriedade hoteleira, o ambiente local e as

condições climatéricas144. Num hotel, sobretudo o lobby (espaço coletivo), as

superfícies de acabamento estão constantemente submetidas a um uso muito intenso.

Face ao uso excessivo desta área, implica um cuidado e atenção maior na escolha dos

seus materiais, devendo ser duráveis145, de boa qualidade, fáceis de limpar, de aplicar e

de substituir e por fim resistentes à água e ao fogo146.

“A área do lobby é sujeita ao uso intensivo e a constante remodelação é geralmente difícil e disruptiva. Os materiais duráveis são essenciais em áreas sujeitas a fluxos contínuos e ao desgaste.”147 [Tradução livre]

144 Durabilidade intrínseca – os materiais constituintes dos revestimentos não devem alterar as suas características quando submetidos a variações de temperaturas, de humidade ou à acção de radiações ultravioletas; devem resistir às acções provocadas por agentes biológicos. Revestimentos de Pavimentos [Em linha]. [Consult. 15 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.civil.uminho.pt/lftc/Textos_files/construcoes/cp2/Cap.%20XVIII%20-%20Revestimentos%20de%20Pavimentos..pdf>. 145 Durabilidade em função de uso – os revestimentos de piso devem possuir as características de resistência ao desgaste, ao punçoamento, ao choque e à acção de água e produtos químicos; Deverão ainda apresentar uma fácil limpeza, conservação e reparação. Ibid. 146 Segurança contra riscos de fogo – quando em contacto com materiais quentes ou inflamados, ou em caso de incêndio, o revestimento não deverá inflamar-se facilmente, propagar facilmente a chama, libertar gases tóxicos quando da sua combustão. Ibid. 147 The lobby area is subject to intense use and frequent refurbishment is generally difficult and disruptive. Durable materials are essential in areas subject to high traffic, impact or scraping. LAWSON, Fred – op. cit., p. 204.

Design do Lobby de Hotel 81

Altura da utilização- tipo

H < 9m

H < 28m

H < 50m

H > 50m

Vias de evacuação horizontais

Paredes e tetos

C-s3 d1

C-s2 d0

A2-s1 d0

Pavimentos

DFL-s3

CFL-s2

CFL-s1

Vias de evacuação verticais e câmaras de fogo

Paredes e tetos

A2-s1 d0

A1

Pavimentos

CFL-s1

Tetos falsos

Com ou sem isolamento térmico ou acústico

C-s2 d0

Materiais dos equipamentos embutidos para difusão de luz (não devem ultrapassar 25% da área total do espaço a iluminar)

D-s2 d0

Tabela 5: Classificação148 de reação ao fogo dos materiais de construção interior

Dependendo das características dos materiais as frequências das remodelações também

divergem. Os materiais pouco resistentes ao desgaste (p. ex. madeira, carpetes, tecidos,

estofos etc.) são remodelados a cada 3 a 5 anos enquanto os materiais mais duros (p. ex.

pedras naturais149, ladrilhos, vidros, metais etc.) são remodelados a cada 10 anos.

148 A classificação de reacção ao fogo é feita com base nas normas comunitárias- euroclasses, recorrendo para tal a 7 classes de reacção ao fogo, as quais se classificam em A1, A2, B, C, D, E, F, que no caso dos revestimentos de pavimentos acresce um índice FL […] No 2º caso, a cada uma destas classes acrescem duas classificações complementares: a primeira para classificar a produção de fumo (s1, s2 e s3); a segunda para classificar a produção de gotículas ou partículas incandescentes (d0, d1 e d2). Quanto ao 1º caso, o do índice FL, apenas a primeira das duas classificações complementares referidas se aplica. José Carlos Cardoso Ribeiro – Segurança Contra Incêndio em Hotéis. Porto: Faculdade de Engenharia, 2010, p. 8. 149 Materiais naturais minerais constituídos por rochas provenientes da Natureza, que pelas suas características decorativas e de trabalhabilidade, permitem obter peças mais ou menos lameladas, resistentes e de beleza ímpar para aplicação como revestimento de pavimentos, bancadas, paredes, colunas e até tectos ou ornamentos especiais. ALMEIDA, M. Elisabete M. – A “Vida” dos Materiais e os Materiais e a Vida. Lisboa: MediaLand, 2011, p. 313.

Susana Gomes 82

“O designer precisa de encontrar o balanço correto entre o estilo e a durabilidade, para deste modo criar um interior que resista ao trabalho do tempo. Desprezar estas considerações práticas pode resultar na necessidade prematura de remodelação do espaço, sobretudo se os materiais forem demasiadamente delicados.”150 [Tradução livre]

Os revestimentos das superfícies têm uma enorme influência no aspeto dos

compartimentos e a qualidade e preço são fatores importantes na valorização de um

edifício.

Pavimentos

Os critérios de seleção da cobertura dos pavimentos do lobby devem ter em conta os

acessos de passagens de circulação (fluxos constantes de pessoas e bagagens) como

também as zonas de estar e por isso as caraterísticas como a estética, durabilidade,

conforto, propriedades isoladoras, facilidade de limpeza, textura e custo são

imprescindíveis.

“Os pavimentos frequentemente usados precisam de revestimentos resistentes e de fácil limpeza. Contudo, note-se que um revestimento barato ou de qualidade inferior pode desgastar-se rapidamente. O desgaste do revestimento dependerá também das condições e tipo do subsolo.”151 [Tradução livre]

Por consequência, a justaposição ou a conjugação dos diferentes tipos de pavimentos

demarcam as diversas áreas presentes no lobby, correspondendo às necessidades e

funções das mesmas.

“Os materiais dos pavimentos incluem placas de pedra natural, ladrilhos decorativos, vinil – usualmente suavizados com carpetes. As carpetes podem revestir uma área inteira e possibilita a substituição das partes mais desgastadas.152 [Tradução livre]

150 The designer needs to find the right compromise between style and durability in order to create an interior that will stand the test of time. Overlooking these practical considerations can result in a premature need for refurbishment due to the rapid disintegration of materials that have become worn and shabby because they are simply too delicate for the job. COLLINS, David – op.cit., p. 75. 151 Floors which take hard use need tough and easily cleaned coverings. One must remember, however, that a cheap or inferior quality of a reputedly hardwearing covering may not stand up to wear and cleaning as well as a better quality of slightly less tough covering. Its wearing quality may also depend on what condition the underfloor is in and what kind of floor it is… BLACK, Maggie; EDWARDS, Anne – op. cit., p. 140. 152 Flooring materials include dense marble and terrazo […] decorative tiling, stone, vinyl and composition flooring – usually softened by carpet strips and squares. Carpeting may extend over the

Design do Lobby de Hotel 83

A pedra, destacando o mármore153, é um material nobre muito usado nos lobbies devido

às suas características inerentes. Em forma de placas ou mosaicos apresentam uma

superfície de atrito, grande durabilidade, fácil limpeza (com a exceção aos ácidos),

impermeáveis, resistente ao fogo, são porém dispendiosas, frias e sem elasticidade

amortecedora de sons.

“A pedra e a tijoleira de cerâmica são fáceis de limpar e dificilmente se desgastam, mas são materiais frios e ruidosos.”154 [Tradução livre]

Por consequência, os pavimentos de pedra são suavizados com tapetes ou carpetes lisos

ou com motivos. Estes revestimentos são usados em edifícios públicos devido aos seus

padrões de decoração complexos (aspeto luxuoso) e pelo preço acessível. Além disso,

apresentam um toque agradável, são antiderrapantes, fáceis de limpar, bons isoladores

de som e do frio.

“As alcatifas tecidas são as mais caras, uma vez que o pêlo e o forro são tecidos em conjunto, o que lhes confere uma grande durabilidade. Outra alternativa mais económica são os revestimentos de fibras naturais, conservam-se bem, são resistentes, anti-estáticos e fáceis de manter, mas têm de ser colocados com muita precisão.”155

Os soalhos de madeira esteticamente apelativos (cor, textura e desenho das fibras)

podem ser duradouros com boa manutenção, bons isoladores térmicos e suaves ao toque

em relação a outros revestimentos mais duros.

“A madeira é por excelência um tipo de revestimento cómodo e confortável que possui excelentes qualidades de isolamento térmico, não sendo muito famosa em relação ao isolamento acústico.”156 [Tradução livre]

whole area with provision for replacement in areas of heavy traffic wear. LAWSON, Fred – op. cit., p. 204. 153 Constituído por rochas calcárias de grão fino, este material é pouco poroso e, por tal razão, capaz de receber polimento e ter boa resistência em exteriores e interiores muito variados, tendo contudo os ácidos como os seus maiores inimigos. ALMEIDA, M. Elisabete M. – op. cit., p. 308. 154 Stone and quarry tiles are easy to scrub clean and are perhaps the hardest- wearing of all, but they are cold and noisy. BLACK, Maggie; EDWARDS, Anne – op. cit., p. 146. 155 CALLERY, Emma – op. cit., p. 174. 156Revestimentos de Pavimentos [Em linha]. [Consult. 15 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.civil.uminho.pt/lftc/Textos_files/construcoes/cp2/Cap.%20XVIII%20-%20Revestimentos%20de%20Pavimentos..pdf>.

Susana Gomes 84

Assim, os materiais aplicados nos pisos dos lobbies são normalmente:

• Placas de pedra natural ou artificial (lounges, zonas de acesso e de circulação);

• Madeira em forma de painéis ou laminadas (lounges e lobby bar);

• Têxteis como carpetes, tapetes e outros materiais flexíveis (lounges e lobby bar)

Paredes e Tetos

Em relação aos revestimentos das paredes é comum a aplicação de:

• Tintas de água157 (zonas de trabalho são recomendáveis em mate, pois tintas

com brilho fazem reflexão da luz o que pode afetar o desempenho da tarefa);

• Placas de pedra natural ou artificial;

• Madeira;

• Painéis de Metal (p. ex. cobre e bronze lacados ou esmaltados);

• Painéis de vidro (deixa entrar luz e não reduz a sensação de espaço);

• Painéis de espelho (com vários tipos de acabamentos como prata e bronze, dá

uma ilusão dramática ao espaço e/ou realça uma zona em concreto).

Tal como as paredes, os tetos são usualmente revestidos a tinta e madeira. Outra opção

recorrente é a aplicação de tetos falsos (p. ex. de gesso, alumínio ou quadrícula158).

“Os revestimentos duráveis para paredes incluem painéis de madeira, plástico, metal e vidro. Os tetos podem ter uma estrutura vazia (teto falso) para cobrir aparelhos elétricos como o ar-condicionado, som, iluminação entre outros sistemas.”159 [Tradução livre]

157 Trata-se de tinta à base de água, apropriada para paredes e tectos interiores. Existem em dois tipos: de consistência líquida e de consistência espessa, que não escorre. Atualmente a maioria das tintas de emulsão contêm vinil, que lhes dá durabilidade, e são vendidas nas variedades mate (aspecto suave e aveludade), seda (um brilho delicado) e cetim. BLACK, Maggie; EDWARDS, Anne – op. cit., p. 166. 158 … é frequente encontrar-se esta solução nas grandes superfícies e em edifícios de escritórios, onde desempenham a função de camuflarem o mau acabamento da parte inferior das lajes, os sistemas de condutas de ventilação e os elementos de iluminação. Este teto consiste numa sequência visualmente ininterrupta de células quadradas que formam uma malha que geralmente assume as seguintes dimensões: 75 – 86 – 100 – 120 – 150 e 200 mm. Revestimentos Interiores de Tectos [Em linha]. [Consult. 15 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.civil.uminho.pt/lftc/Textos_files/construcoes/cp2/Cap.%20XVI%20-%20Revestimento%20Interiores%20de%20Tectos.pdf>. 159 Walls are often dry lined to allow easy access to services and include laminated wood, plastic, metal and glass panelling for durability with decorative wall coverings for lounge and restaurant areas. Ceilling

Design do Lobby de Hotel 85

Resumo Conclusivo

O lobby como o “coração” do hotel, é um lugar dinâmico e multifuncional que decorre

em concomitância diversas funções e atividades, sendo assim uma área imprescindível

para o funcionamento e desenvolvimento da unidade hoteleira. Além disso, é nesta área

que sucede à formação das primeiras impressões acerca do hotel em relação ao seu

design interior, serviços e produtos providenciados. Por conseguinte, o lobby como um

meio criativo para o designer, é uma ferramenta de diferenciação e de comunicação que

propaga a identidade do hotel.

Presentemente, o lobby revela ser um ponto de encontro notável para ocasiões sociais e

empresariais e um destino em si, devendo ser um dos espaços interior mais emocionante

e charmoso de todo o edifício. Assim, como áreas essenciais de um lobby de luxo (foco

da investigação) temos: zona de receção com múltiplos cargos (concierge, front office

manager, conferences, bell captian etc.), o lounge que serve de zona de estar e de

socialização aos clientes, pode deter um bar com o intuito de provir refrescos e música

ambiente ou então a existência da versão bar e restaurante que funciona como um

espaço de lazer independente. O lobby dá ainda acesso direto às salas de reuniões.

Em termos de configuração, o espaço possui usualmente poucas paredes estruturais a

fim de permitir a visualização das áreas contidas (funções e atividades decorridas) além

de que amplia o espaço. Da entrada principal deve ser possível observar a receção e ter

um acesso fácil e intuitivo. Portanto, a receção bem posicionada situa-se próximo dos

elevadores e escadas, tem como a área adjacente o lounge (área maior do lobby) com ou

sem a inclusão de um bar. Estas áreas interligadas demarcam as principais passagens de

circulação que devem fluir de modo evitar o tráfego excessivo humano e das bagagens e

do ruído.

Uma projeção original, apelativa e funcional dos elementos constituintes desta área

promete o retorno dos clientes e sucesso para o negócio hoteleiro. Logo, um bom

planeamento das componentes do interior do lobby (escala e organização do espaço,

mobiliário, iluminação e materiais) reside na correlação e harmonia dos elementos com

o meio envolvente a fim de garantir uma acomodação confortável, prazenteiro e construction may require large structural voids to house air-conditioning, lighting, sound, sprinkler and other engineering systems. LAWSON, Fred – op. cit., p. 204.

Susana Gomes 86

acolhedor aos utilizadores. Portanto, a conjugação estética e funcional destes elementos

irá não só afetar o estado físico e psicológico dos utentes mas também a interação

social.

Em última instância, o lobby contemporâneo demonstra ser um espaço propício para

acarretar as atividades sociais e culturais de uma sociedade dinâmica e evolutiva.

Design do Lobby de Hotel 87

5. CASOS DE ESTUDO

Neste capítulo será apresentado, analisado e comparado diversos lobbies de hotéis

urbanos contemporâneos de cinco estrelas (de luxo) com o intuito de alicerçar a matéria

em causa.

A amostra pertinente para o estudo consiste num conjunto de oito lobbies de hotéis da

região de Lisboa e de Macau, que apesar de pertencerem à mesma categoria, apresentam

tipologias e design de interiores diversificadas pois cada região tem a sua cultura e

valores. Com este conjunto iremos verificar e avaliar as semelhanças e diferenças dos

elementos de design e requisitos essenciais do lobby, apreendidos no capítulo anterior.

Por consequência, a amostra que é composta por várias fotografias a cores e plantas

arquitetónicas dos lobbies dos respetivos hotéis, foi recolhida, concebida e selecionada

pela autora, através de pesquisa de campo (registo fotográfico e apontamentos da

observação feita) e contactos direto e indireto (via mails e telefone) com funcionários,

diretores dos hotéis, arquitetos e designers.

Em relação ao modelo de análise cinge-se aos parâmetros estudados no subcapítulo 4.2

Elementos a considerar para o projeto do lobby, que são: a escala e a organização do

espaço, o mobiliário, a iluminação e os materiais de revestimento com o objetivo de

averiguar a aplicabilidade em cada caso de estudo a fim de poder obter conclusões.

Susana Gomes 88

5.1 Apresentação e análise dos lobbies dos hotéis de luxo

Altis Avenida Hotel

TIPOLOGIA Boutique Hotel

OPERAÇÃO Grupo Altis Hotels

ARQUITETAS Cristina Silva Ana Cardoso

DATA 2009 - 10

LOCAL Lisboa, Portugal

Descrição160

O hotel encontra-se num edifício de interesse histórico (projetado pelo Arq. Luís

Cristino da Silva161, representa o modernismo português dos anos 50), foi totalmente

restaurado, mantendo intactas as fachadas, as escadarias, a métrica e a disposição das

circulações verticais e horizontais (escadas e corredores), substituindo apenas os

elementos de caixilharia, vidros e alguns materiais deteriorados.

O conceito destes interiores tem como inspiração o estilo dos anos 40 (espírito retro)

aliado ao contemporâneo ‘urban chic’. Na decoração predomina a cor preta combinada

com tons dourados, bronze e branco, resultando num ambiente único de charme,

glamouroso, sofisticado e acolhedor.

160 Informação baseada nos documentos cedidos pela própria unidade hoteleira. Ver anexos. 161 A arquitetura modernista das décadas de 20, 30 e 40 foi marcada por um grupo de arquitetos incontornáveis sendo estes: Luís Cristino da Silva (1896-1976), Gonçalo Mello Breyner (1896-1947), Carlos Ramos (1897-1969), Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), Cassiano Viriato Branco (1897-1970), Vasco de Morais Palmeiro (1897-1968), Paulino Montez (1897-1988), José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948), Jorge de Almeida Segurado (1898-1990) e Rogério dos Santos Azevedo (1898-1983). Luiz Cristino da Silva: o Arquiteto, a Obra e o seu Tempo [Em linha]. [Consult. 4 Jul. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://dited.bn.pt/29613/647/829.pdf>.

Figura 13: Receção do Altis Avenida Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Design do Lobby de Hotel 89

1. Receção 2. Concierge 3. Business Centre 4. Lounges

O lobby é constituído por uma zona de receção, três zonas de estar ou lounges, guest

relations ou concierge (área de atendimento mais pessoal) e zona business centre

(contém impressora e wi-fi gratuito). O hotel possui ainda uma sala de reuniões com

acesso direto à receção ou acesso direto para o exterior.

Análise

Escala e Organização do Espaço

Este lobby em comparação com os outros é um espaço de pequena dimensão. Contudo

tem uma organização espacial eficiente na medida em que a distribuição funcional do

mobiliário, que demarca principalmente as áreas de receção e de estar definem

claramente as passagens. Um outro aspeto que auxilia na fluição das passagens e na

valorização da personalidade do espaço foi não sobrecarregar com o mobiliário e

objetos. Logo, a circulação eficaz e fluída permite aos clientes e hóspedes chegarem

facilmente aos serviços requeridos. Consequentemente, a receção bem posicionada

permite aos clientes após a entrada depararem logo com esta área de serviço.

1 2

4

4 4 3

15

16

13 Entrada

Sala de Reuniões

Quartos

Figura 14: Planta do lobby do Altis Avenida Hotel c/ indicação das figs. 13, 15 e 16

Susana Gomes 90

Mobiliário

O mobiliário desenvolvido pelas arquitetas Cristina Silva e Ana Cardoso apresenta um

registo clássico e contemporâneo (conjugação dos tempos distintos), concilia as

necessidades funcionais com o bem-estar e conforto da atualidade. A área da receção

define-se por um balcão de mármore negro imponente de forma linear e o concierge por

uma mesa e cadeiras. A zona de estar ou lounge é delimitada por 6 cadeirões brancos de

linhas retas e justapostos dois a dois (arranjo em forma de U). No meio deste arranjo e

em ambos os lados dos cadeirões estão colocadas mesas de apoio ovais, sendo a do

centro a maior e espelhada. As restantes são do mesmo tamanho e opacas de cores

diferentes. Este conjunto de mobiliário demarca assim uma grande área do lobby.

Ademais, o lobby contém ainda duas zonas de repouso compostas por duas poltronas de

veludo preto lado a lado com uma mesa de apoio oval entre as mesmas. Este conjunto

define uma área de carácter mais íntimo.

Iluminação

A iluminação existente no lobby é diversificada, sendo estas: iluminação geral através

de luzes de teto encastradas distribuídas uniformemente ao longo da área do lobby;

iluminação direcionada (para fins de leitura) com candeeiros de pé nas zonas de repouso

com poltronas de veludo preto e candeeiro de mesa na zona de concierge; iluminação

decorativa e de ambiente com luzes de teto suspensos, de parede e de mesa distribuídas

nas áreas de receção e lounge.

Figuras 15 e 16: Mobiliário do lounge do Altis Avenida Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

15

Design do Lobby de Hotel 91

Os materiais e acabamentos de superfícies

Os materiais empregues no lobby são maioritariamente dito nobres. Como resultante, o

pavimento é revestido com placas de mármore branco com motivos geométricos

simples a preto que faz um efeito contrastante com o revestimento das paredes de

mármore negro, espelho bronze e vidros lacados. Os painéis de espelhos existentes neste

compartimento têm um efeito de iluminar e ampliar o espaço em causa. O teto é

revestido com pintura a branco.

Observação

Em termos de organização do espaço, as áreas constituintes estão organizadas de uma

maneira funcional e lógica que por sua vez definem as passagens de circulação. Estas

estão bem definidas e fluídas pois houve o cuidado de não sobrecarregar com objetos. A

receção é visível após a entrada no hotel. Em relação ao mobiliário, cada zona é

assinalada com o mobiliário adequado na medida em que a receção detém um balcão de

atendimento, o concierge com mesa e cadeiras e os lounges com equipamentos de

repouso e mesas de apoio. No aspeto da iluminação denota-se apenas que área da

receção deveria ter uma iluminação direcionada, propícia para este local de trabalho.

Apesar da pequena dimensão do espaço, sugere-se a aplicação de um tapete no lounge

pois aumentará o conforto dos utilizadores.

Susana Gomes 92

Altis Grand Hotel

TIPOLOGIA Hotel de Negócios

OPERAÇÃO Grupo Altis Hotels

ARQUITETOS Cristina Silva Ana Cardoso João Paciência

DATA 2011 - 14

LOCAL Lisboa, Portugal

Descrição162

Hotel ícone em Lisboa foi um espaço de eventos importantes da sociedade portuguesa

(organizações internacionais, grandes empresas, partidos políticos etc.) tem como

responsáveis pela sua arquitetura e design de interiores (atmosfera genuinamente

portuguesa) arquitetos, pintores e escultores portugueses de renome. Em 2011, iniciou-

se a maior remodelação de sempre com o intuito de corresponder às exigências e

necessidades da modernidade e da atualidade. O projeto passa por uma grande

ampliação, reabilitação e renovação de diversas áreas interiores e infraestruturas

técnicas assim como novos serviços, mantendo o espírito criativo e visionário do

designer e autor principal da obra interior Daciano da Costa. A transformação conta

com mais 200 quartos de luxo, renovação do hall, criação do lobby bar e outros aspetos.

Neste mesmo ano, o hotel integrou-se na coleção Luxury da Great Hotels of the World.

O conceito reside no seguimento da linguagem forte da arquitetura do edifício (anos

70), conservando e reutilizando alguns elementos, materiais e equipamentos existentes

adaptando e elevando para a contemporaneidade. O efeito final é de um ambiente atual,

sofisticado, elegante e confortável. 162 Informação baseada nos documentos cedidos pela própria unidade hoteleira. Ver anexos.

Figura 17: Receção do Altis Grand Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Design do Lobby de Hotel 93

1. Receção 2. Hospitality Desk 3. Lounges 4. Lobby Bar 5. Lounge Bar

Compõe o lobby a receção, concierge ou guest service desk, hospitality desk (check in

para grupos turísticos), três zonas de estar, lobby bar e a respetiva zona de estar,

business centre e acesso direto para salas de reuniões.

Análise

Escala e Organização do Espaço

O lobby de escala ampla tem uma organização do espaço eficaz e de fácil perceção pois

as áreas coletivas (receção, lounges, lobby bar etc.) estão delineadas por tapetes e pelo

respetivo mobiliário. Em vista disso, as passagens notoriamente definidas e espaçosas

facultam uma circulação fluída e confortável que encaminha as pessoas para os destinos

e os serviços pretendidos. Com a remodelação do espaço a antiga área da receção é

ocupada por uma nova área de lazer e de descanso, lobby bar. A receção é então

reposicionada junto à parede central do lobby de frente para a entrada principal

permitindo assim uma visualização imediata desta área de serviço. As zonas de estar

estão estrategicamente alinhadas e próximas da entrada do hotel, conseguindo assim

4

3

3

3

1

2

21

22 19 20

17

5

Entrada

Salas de reuniões e quartos

Figura 18: Planta do lobby do Altis Grand Hotel c/ indicação das figs. 17, 19, 20, 21 e 22

Susana Gomes 94

uma melhor visibilidade tanto para o exterior como interior e uma maior obtenção da

luz natural.

Mobiliário

O mobiliário presente neste lobby define nitidamente as áreas coletivas e de serviços. A

receção é representada por um balcão central majestoso e os outros serviços de

atendimento mais pessoal (front office manager e hospitality desk) por mesas e cadeiras

onde os clientes e os funcionários se sentam ao mesmo nível. O espaço de

entretenimento e de refresco (lobby bar) é composto por um balcão de bar negro linear

acompanhado por uma fila de banquetas. O lounge bar é formado por um conjunto de

cadeirões beges (mod. Willy da empresa Poltrona Frau) alinhados de forma possibilitar

uma interação a dois com o apoio de uma mesa vintage redonda com tampo em espelho

recuperada do arquiteto e designer Daciano da Costa.

Figuras 19 e 20: Mobiliário do lounge do Altis Grand Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

19

Figuras 21 e 22: Mobiliário do lobby bar do Altis Grand Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

22

Design do Lobby de Hotel 95

O mobiliário das três áreas de estar consiste em sofás, cadeirões, bancos e mesas de

apoio. Os equipamentos de repouso estofados demarcam as duas áreas maiores com a

configuração de U fechado e a área menor com a forma de U. As mesas de apoio são do

mesmo modelo que as do lobby bar com a exceção de umas que são quadradas e

posicionadas em alguns cantos como suporte para candeeiros.

Iluminação

A iluminação geral predominante neste lobby é conseguida através de luzes de teto

embutidas dispostas uniformemente em todo este espaço. A receção é iluminada com

luzes de teto salientes e direcionáveis que emitem um foco de luz apropriada para esta

área de trabalho. As zonas de estar com uma iluminação difusa e decorativa são obtidas

através de candeeiros de mesa e de pé recuperados do autor Daciano da Costa.

Os materiais e acabamentos de superfícies

O pavimento do lobby é revestido com placas de pedra natural suavizadas com tapetes

que demarcam as áreas coletivas. As paredes com a exceção do lobby bar, são cobertas

com placas de pedra que diferem das do piso, painéis de vidro e de espelho amplo

(zonas de estar e de atendimento mais pessoal). A parede do lobby bar é composta por

um conjunto de painéis de chapa de latão (escovados com tratamento anti manchas e

anti oxidante). Estes painéis são articulados com faixas de vidro reciclado de cor

castanho dourado. Em relação aos tetos existentes constam: teto quadrícula que abrange

a área maior e central do lobby, um teto revestido com réguas de madeira nas zonas de

estar e por fim painéis de chapa de latão no teto do lobby bar.

Observação

A organização do espaço funcional e de fácil perceção é conseguida através dos tapetes

e dos respetivos equipamentos das áreas constituintes do lobby. A receção bem

posicionada, de frente para a entrada principal, permite uma visualização imediata e

também um maior controlo e segurança das pessoas. Os lounges alinhados próximos das

fachadas de vidro e da entrada possibilitam uma melhor observação tanto para o interior

como para o exterior e ainda um maior aproveitamento da luz natural. O mobiliário

também é adequado a cada zona existente pois a receção é identificada com um balcão

de atendimento e os serviços de atendimento personalizado com mesas e cadeiras. Os

Susana Gomes 96

lounges (incluindo o lounge bar) são equipados com mobiliário de repouso e mesas de

apoio. O lobby bar detém um balcão de bar e as respetivas banquetas. Na iluminação, a

maioria das áreas estão iluminadas corretamente apontando apenas nos serviços de

atendimento personalizado, concierge e hospitality desk, a falta de uma iluminação

direcionada, propícia para a função em causa. Por último, a empregabilidade dos

revestimentos também estão de acordo com as funções e necessidades das áreas

envolventes.

Epic Sana Hotel

TIPOLOGIA Hotel de Negócios

OPERAÇÃO Grupo Sana Hotels

ARQUITETO Nuno Leónidas

DATA 2010 - 13

LOCAL Lisboa, Portugal Descrição163

O Epic Sana Hotel com uma localização privilegiada e estratégica em Lisboa emergiu

de uma antiga instalação de uma marca de automóveis. Esta unidade hoteleira de luxo

destinada maioritariamente a clientes de negócios pretende ser um local potenciador de

experiências singulares para a cidade lisboeta. Integrada na paisagem das Amoreiras,

destaca-se pela sua arquitetura urbana contemporânea que beneficia da iluminação

natural (fachada de vidro com elevadores panorâmicos). O edifício constituído por um

163 Informação baseada nos documentos cedidos pela própria unidade hoteleira. Ver anexos.

Figura 23: Receção do Epic Sana Hotel

Design do Lobby de Hotel 97

1. Receção 2. Concierge 3. Lounges 4. Lobby Bar 5. Lounge Bar 6. Esplanada 27

23

enorme e panorâmico painel de vidro quebra o efeito de barreira possibilitando uma

maior comunicação visual entre o interior e o exterior.

O espaço interior moderno e sofisticado tira forte partido da espacialidade arquitetónica

(p. ex. átrio enorme de pé direito duplo) e da sua luminosidade. O conceito faz alusão às

Amoreiras, utiliza a árvore como ponto de união entre os espaços. A representação de

ramos das árvores reside nos pilares ou colunas grossas estilizadas com traçados

oblíquos e os rasgos do teto falso do lobby bar. A paleta cromática consiste em tons

claros e beges.

O átrio é composto pelos serviços de atendimento (receção, concierge e front office

manager), três zonas de estar e lobby bar com a respetiva zonas de estar (existência de

um piano).

Análise

Escala e Organização do Espaço

O átrio espaçoso de pé direito duplo articula todas as zonas coletivas de forma funcional

e de fácil perceção. Além da fachada de vidro permitir uma visualização imediata das

26

3

3 3

2 1

4

5 5

5

25

6

Sala de Reuniões

Entrada

Figura 24: Planta do átrio do Epic Sana Hotel c/ indicação das figs. 23, 25, 26 e 27

Susana Gomes 98

áreas constituintes do átrio, as áreas de atendimento estão posicionadas a uma distância

próxima uma da outra e o lobby bar na mesma linha de visão que a entrada principal. As

várias zonas de estar estão situadas em pontos estratégicos como apoio às áreas de

serviço (perto da receção e do lobby bar). O ‘Scale Lobby Bar’ está localizado numa

plataforma sobrelevada que dá acesso a um terraço que serve de esplanada. A escada

que sobe do átrio dá acesso ao Restaurante Flor de Lis e a uma zona de negócios com

salas corporativas e sala VIP para eventos excecionais.

Mobiliário

O átrio é formado por um conjunto diverso de equipamentos de serviço de atendimento

e de repouso. Tem um balcão principal na área da receção, mesas e cadeiras na área de

atendimento personalizado, sofás, cadeirões, bancos e mesas de apoio nas várias zonas

do hall e do lobby bar. No lobby bar figura ainda um balcão de bar oval de mármore

iluminado que se destaca como o elemento épico deste espaço e um espaço dedicado às

refeições. As combinações sortidas do mobiliário de repouso sempre com o auxílio de

mesas de apoio assinalam as zonas de estar e de socialização.

Figuras 25 e 26: Mobiliário do Scale Lobby Bar do Epic Sana Hotel

25

Design do Lobby de Hotel 99

Iluminação

Os vários pontos de iluminação do átrio consistem em sancas com luzes de teto

encastrados na área da receção e no lounge bar; luzes decorativas e de ambiente por

meio de candeeiros de pé e luzes de teto suspensos nas várias zonas de estar. O lobby

bar é enfatizado com sanca estilizada e a iluminação contida no balcão de bar. As sancas

é um tipo de acabamento diferenciado que torna o ambiente mais sofisticado e luxuoso.

Além disso, esta iluminação destaca as várias áreas constituintes do átrio.

Os materiais e acabamentos de superfícies

A elegância e sofisticação do átrio advêm da utilização de materiais nobres como a

pedra natural e a madeira. O mármore é aplicado em forma de placas nas zonas de

circulação e de acesso como também em algumas paredes. Os lounges são demarcados

com tapetes decorativos. Em relação às áreas de estar do lobby bar, estas são revestidas

em soalhos de madeira com aplicação de tapetes a fim de providenciar conforto e bem-

estar aos utilizadores. O divisor de área de madeira no lounge bar torna o espaço mais

acolhedor. Um outro material a denotar são os painéis de vidro muito usado neste

espaço desde as fachadas aos corrimões das escadas. Dada a transparência deste

material e a possibilidade da propagação da luz, o espaço ganha luminosidade e

amplitude.

Figura 27: Mobiliário da área de atendimento personalizado do Epic Sana Hotel

Susana Gomes 100

Observação

A particularidade deste lobby são as fachadas de vidro que permitem a visualização

imediata das partes constituintes do lobby. As áreas de atendimento estão próximas da

entrada e o lobby bar na mesma linha de visão que a mesma. Cada zona é equipada

adequadamente, tendo um balcão na receção, mesas e cadeiras nos serviços

personalizados, mobílias estofadas e mesas de apoio nos lounges e balcão de bar no

lobby bar. As áreas detêm uma iluminação apropriada, denotando apenas nos serviços

de atendimento personalizados a falta de uma iluminação direcionada, favorável às

atividades exercidas. Os materiais de revestimento também estão de acordo com as

funções de cada área.

Myriad by Sana Hotels

TIPOLOGIA -

OPERAÇÃO Grupo Sana Hotels

ARQUITETO Nuno Leónidas

DATA 2002 - 12

LOCAL Lisboa, Portugal

Descrição164

Marco da cidade de Lisboa, este hotel de luxo exibe uma arquitetura que assemelha a

uma vela de um barco flutuando sobre as margens do rio Tejo. Análogo ao hotel de luxo

Burj Al Arab do Dubai pela sua forma marcadamente vertical e por estar rodeada de

164 Informação baseada nos documentos cedidos pela própria unidade hoteleira. Ver anexos.

Figura 28: Receção do Myriad by Sana Hotels

Design do Lobby de Hotel 101

1. Receção 2. Concierge 3. Lounges 4. Lobby Bar/ Restaurante 5. Lounge Bar 6. Esplanada

28

32 33

30 31

água. A forma arquitetónica arrojada do Myriad hotel resulta de uma simbiose entre o

hotel e a Torre Vasco da Gama que com funções distintas aglutinam-se formando um

edifício com identidade própria. Estes dois corpos envolvem um átrio central vertical

elevado (70m de altura) e espaçoso que com a sua enorme transparência (fachada de

vidro) e elevadores panorâmicos enche os interiores com luz difusa e assegura a visão

sobre o rio.

Aliado ao design contemporâneo, o Myriad hotel apresenta um conceito relacionado

com o marítimo onde se destaca pela sua estrutura formal e pelos elementos de

decoração interior (p. ex. luzes de teto suspensos decorativos alusivos às alforrecas). Os

tons pretos, prateados e brancos inspirados nos reflexos do estuário contrastam com o

vermelho da paleta cromática do espaço interior. A integração de obras de arte de

artistas nacionais constitui para a valorização do espaço interior que transmite ser

cosmopolita, moderno e sofisticado.

O átrio grandioso detém uma área de receção, duas zonas de estar e de entretenimento

(existência de um piano e música ambiente) que acompanham o River Lounge Bar &

Restaurant, com prolongamento até à esplanada que representa um deck de um barco. O

átrio dá ainda acesso a outras áreas coletivas como salas de reuniões e eventos.

Análise

Escala e Organização do Espaço

1

4 3

3 5

5 6

2

Entrada

Sala de Reuniões

Quartos

Figura 29: Planta do átrio do Myriad by Sana Hotels c/ indicação das figs. 28, 30, 31, 32 e 33

Susana Gomes 102

O átrio espaçoso divide-se notoriamente em duas áreas distintas sendo uma dedicada á

área de atendimento e de receção aos clientes e a outra ocupada pelo bar e restaurante.

Ao entrar os clientes deparam logo com a área de entretenimento e de refresco por estar

na mesma linha de visão e só de seguida a área de receção que está posicionada do lado

esquerdo. A empregabilidade de materiais e de cor desiguais no pavimento auxilia na

distinção destas áreas. Ambos os serviços de atendimento ao público são acompanhados

por diversas zonas de estar que abrangem a parte maior deste átrio. A distribuição dos

equipamentos de repouso, sem obstruir a circulação, fluem desde a receção até à zona

de refrescos e de refeição.

Mobiliário

As áreas de atendimento adjacentes são assinaladas com um balcão formal de receção

aos clientes e uma mesa com cadeiras para assuntos de interesse pessoal. O átrio

composto maioritariamente por mobiliário de repouso demonstra uma variedade

tipológica e de conjugação entre os equipamentos. O lounge que acompanha a área de

30

Figuras 30 e 31: Mobiliário do Lounge do Myriad by Sana Hotels 33

Figuras 32 e 33: Mobiliário do River Lounge Bar & Restaurant do Myriad by Sana Hotels

Design do Lobby de Hotel 103

receção dispõe sofás e cadeirões anexados com mesas de apoio. As combinações variam

entre sofá com dois cadeirões e uma mesa redonda de apoio (organização em forma de

U) ou a justaposição de dois cadeirões. Em relação ao River Lounge, um espaço que

convida à descontração, possui um balcão de bar curvilíneo com banquetas e um

conjunto de mesas e cadeiras tanto para refeições formais como casuais.

Iluminação

Cada área do átrio é iluminada consoante a sua função e as atividades que exerce. A

iluminação geral é alcançada através de uma distribuição uniforme de vários pontos de

luz de teto embutidos. Assim, a área de receção é iluminada por um conjunto de luzes

de teto encastrados que emanam uma luz propícia para a função exercida. O lounge que

acompanha a receção detém uma iluminação difusa e decorativa através de luzes de teto

suspensas, de parede e de pé. O ambiente diferenciado e intimista requerido para a zona

do bar e restaurante é conseguido através da iluminação difusa por meio de luzes de teto

suspensas, de parede e indireta através de sancas.

Os materiais e acabamentos de superfícies

O piso do átrio tem aplicações de materiais diversos em termos de cor e textura com o

objetivo de diferenciar as áreas contidas neste espaço. O pavimento de pedra claro

reveste a área de receção e uma parte do lounge que é suavizada com alguns tapetes. Ao

passo que o River Lounge Bar & Restaurant possui um chão escuro obtido através da

junção de placas de pedra negra com carpete preta fazem um efeito contrastante

interessante. O pavimento de pedra proporciona um chão liso e reflexivo enquanto a

carpete desempenha maior estabilidade e transmite conforto aos utilizadores. O

revestimento das paredes consiste em placas de pedra, painéis de vidro e mosaicos

(parede do lobby bar). A luz e transparência sendo uma constante deste espaço são

suavizados com cortinas semi-opacas.

Observação

A divisão notória do espaço da área de receção aos clientes e de entretenimento é bem

conseguido através da empregabilidade de revestimentos diferenciados no piso (cor e

textura) e da utilização de modos de iluminação diferentes adequadas a cada zona. As

fachadas de vidro permitem uma perceção imediata das zonas existentes sendo que o

Susana Gomes 104

lobby bar posicionado na mesma linha de visão que a entrada principal. O mobiliário

reforça esta demarcação das zonas distintas, tendo na receção um balcão de

atendimento, no concierge mesa e cadeiras, lounges com equipamentos estofados e

mesas de apoio e por fim o lobby bar e restaurante equipado com um balcão de bar com

banquetas e mesas para refeições ligeiras. Tanto a iluminação como os materiais de

revestimento são apropriados às áreas e funções exercidas.

Conrad Hotel

TIPOLOGIA Hotel Casino

OPERAÇÃO Grupo Conrad Hotels & Resorts

EMPRESA KNA Design

DATA 2012

LOCAL Macau, China

Descrição165

O Conrad Macau com distinção da Forbes Travel Guide tem uma localização central e

encontra-se em Sands Cotai Central, um resort de casinos e hotéis interligados que

inclui uma infinidade de lojas de marca e restaurantes de topo. Elegância rústica com

ostentação, o Conrad hotel dispõe uma combinação entre o charme de uma boutique

hotel com o conforto e serviço de um resort de luxo.

165 Informação baseada no seguinte site. Conrad Macao, Cotai Central [Em linha]. [Consult. 28 Abr. 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.forbestravelguide.com/macau-china/hotels/conrad-macao-cotai-central?dtab=qa-tab#property-overview>.

Figura 34: Receção do Conrad Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Design do Lobby de Hotel 105

1.Receção 2. Concierge 3. Lounge 4. Vestíbulo 5. Lobby Bar 6. Lounge Bar

A presença da cultura Himalaia no design do hotel apresenta um espaço interior

contemporâneo, moderno e sofisticado com uma decoração orgânica. Além das cascatas

presentes no vestíbulo e da utilização de elementos naturais como plantas e flores, os

motivos florais transparecem através de tapeçarias, quadros, tapetes e entre outros. A

paleta cromática de tons escuros varia entre os castanhos, dourados e vermelhos.

O lobby tem como partes constituintes áreas de atendimento (receção, concierge, bell

captian etc.), lounge, vestíbulo e o lobby bar ‘The Lounge’.

Análise

Escala e Organização do Espaço

O lobby íntimo e minimal transmite sensações de conforto e exclusividade com uma

organização funcional das suas componentes que evita grandes aglomerações de pessoas

neste espaço. Com uma capacidade de atendimento eficaz dispõe um balcão central

longo com o desígnio de receção que é assistida por dois balcões menores em cada lado

fornecendo outros serviços aos clientes e visitantes. Por conseguinte, os balcões que

acompanham a espacialidade física do lobby deixam um espaço central vazio de

circulação. O espaço restante é dedicado ao repouso dos clientes. O lobby com dois

portões duplos majestosos dá acesso a um vestíbulo bem ornamentado que por sua vez

1

2

5

3

38

39

4

34 37 36

6

Entrada Entrada

Figura 35: Planta do lobby do Conrad Hotel c/ indicação das figs. 34, 36, 37, 38 e 39

Susana Gomes 106

dá ligação à zona de entretenimento e de refresco, o lobby bar. Com aptidão para

suportar uma grande lotação de clientes, o bar com uma localização distanciada do

lobby evita perturbações sonoras e congestionamento de pessoas.

Mobiliário

O lobby tem ao dispor dos clientes três balcões de atendimento e uma zona de estar

acolhedora com dois sofás, quatro cadeirões e umas mesas de apoio (arranjos em forma

de U justapostos). O vestíbulo sumptuoso e espaçoso que possui poucos assentos

individuais dá acesso direto a um espaço aberto e amplo, o lobby bar. Este espaço de

lazer e de refresco (chá da tarde ou cocktail à noite) contém um balcão de bar

acompanhado por banquetas e um conjunto de assentos compostos por sofás e cadeirões

que proporcionam interação social. As organizações destes equipamentos variam entre

um sofá com dois cadeirões e uma mesa de apoio ao meio ou quatro cadeirões de volta

de uma mesa.

Figura 37: Mobiliário do lounge do Conrad Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Figura 36: Balcão concierge do Conrad Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Design do Lobby de Hotel 107

Iluminação

O lobby possui um conjunto maioritário de luzes de teto embutidas e sancas que

proporcionam uma iluminação geral e localizada para as zonas de atendimento. As

obras de arte presentes no lobby são realçadas com uma iluminação pontual

provenientes de luzes de teto encastradas. Em relação à iluminação decorativa salienta-

se particularmente uma peça central magnífica no teto de configuração floral e um

candeeiro de mesa na zona de estar. O vestíbulo é também iluminado com luzes de teto

embutidas e a utilização da sanca reforça o ambiente acolhedor desejado. O lobby bar

tem como destaque a iluminação decorativa, sendo visível de imediato o dramático

lustre central de cristal e as colunas grandiosas de sustentação iluminadas de dentro.

Possui ainda alguns apontamentos de iluminação decorativa através de luzes de teto

suspensas. As luzes de teto encastradas fornecem uma iluminação geral enquanto a

sanca realça o teto ornamentado.

Os materiais e acabamentos de superfícies

As placas de pedra natural, neste caso o mármore, dominam o pavimento do lobby que

se estende ao vestíbulo. Ambos os pavimentos apresentam motivos decorativos,

geométricos no lobby e florais no vestíbulo. O piso do lobby é ainda suavizado com um

tapete central decorativo. O chão do lobby bar é coberto com uma carpete para facultar

conforto aos utilizadores. Tanto as paredes do lobby como as do vestíbulo são aplicadas

placas de pedra natural, sendo a do lobby com uma variante de pedra e o vestíbulo com

várias conjugações de pedras e de tonalidades. O teto do lobby varia entre a aplicação

39

Figuras 38 e 39: Mobiliário do lobby bar do Conrad Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

Susana Gomes 108

de tinta branca e o uso da mesma pedra que as paredes. Em relação ao vestíbulo, o teto

também é pintado de branco e o teto do lobby bar é revestido a madeira ornamentada.

Observação

Apesar da organização do espaço ser eficiente, a localização da receção por ser

resguardada não é visível de imediato para os hóspedes ou visitantes. Um outro aspeto a

denotar é o distanciamento do lobby bar da zona da receção o que evita perturbações

sonoras e congestionamento de pessoas. A área da receção detém uma grande

capacidade de atendimento pois disponibiliza três balcões e um pequeno lounge com

equipamentos estofados e mesas de apoio. O lobby bar bem equipado consegue acolher

uma grande lotação de pessoas, dispõe um balcão de bar com banquetas e diversas

zonas de estar e de refeição. A iluminação diversificada e exuberante demarca as zonas

existentes. Os materiais de revestimento são adequados a cada área do lobby. Contudo a

ausência de um tapete na zona do lounge pode fazer diferença em termos de conforto

nos utilizadores.

JW Marriott Hotel

TIPOLOGIA Hotel Casino

OPERAÇÃO Grupo JW Marriott Hotels & Resorts

EMPRESA HBA

DATA 2015

LOCAL Macau, China

Figura 40: Receção do JW Marriott Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Design do Lobby de Hotel 109

Descrição166

Mundialmente conhecido pelo seu luxo, o JW Marriott Hotel Macau é o maior da Ásia.

Com uma localização privilegiada, pertence ao Resort Galaxy Macau, um complexo que

detém múltiplos hotéis de luxo, massivos casinos e lojas de marca de topo. Por

conseguinte, os viajantes de negócios ou de lazer têm acesso imediato a uma vasta

seleção de cozinha internacional, entretenimento vibrante e outras amenidades

inimagináveis.

Sumptuosidade, elegância e sofisticação é o átrio deste hotel que tem como assinatura a

peça central de atração pública o lustre de cristal resplandecente conjugada com uma

instalação artística orgânica de cores vibrantes. O átrio tem influências neoclássicas

devido à sua estrutura e às partes constituintes (p. ex. colunas de mármore e a escadaria

principal de pedra natural) apresenta um conceito relacionado com o elemento da

natureza, a água. O fator água é captado através de deslumbrantes lustres (átrio e lobby

bar) constituídos por milhares de pingentes suspensos que evocam a sensação de chuva,

assim como os painéis de vidro com efeito de ondas dos corrimões, da utilização da

água por baixo da escadaria central majestosa e por fim os painéis de vidro que

revestem uma grande superfície do teto que refletem a água da piscina do hotel. A

opção de tons neutros com castanhos e dourados torna o interior mais acolhedor sendo

que a introdução de cores vibrantes da instalação de arte torna o espaço mais atraente.

Como partes constituintes do átrio temos a área de receção, zona de estar e um lobby

bar “The Lounge”.

166 Informação baseada no seguinte site. JW Marriott Hotel Macau [Em linha]. [Consult. 3 Maio 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.forbestravelguide.com/macau-china/hotels/jw-marriott-hotel-macau>.

Susana Gomes 110

1. Receção 2. Lounge 3. Lobby Bar 4. Lounge Bar

40

42

43

44 45

Análise

Escala de Organização do Espaço

O átrio amplo de 20 m de altura é enquadrado essencialmente por pilares de mármore e

painéis de vidro (espaço arejado e iluminado). A sua constituição física permite uma

visualização imediata a partir da entrada principal as áreas fundamentais com a exceção

do lobby bar. Tendo em conta o equilíbrio estético e funcional do espaço, a área da

receção demarcada por múltiplos balcões de jade branco ónix estão alinhados junto à

parede de maneira a libertar um espaço de circulação. O lounge alinhado com a

escadaria majestosa e distanciado das outras áreas coletivas é delimitado por um tapete

redondo onde assenta o mobiliário de repouso. De trás da escadaria existe uma área

aberta mas íntima onde os clientes fazem uma pausa e desfrutem de uma variedade de

bebidas providas pelo bar. O átrio dá ainda acesso direto a um salão multifuncional para

fins de negócios, conferências, cerimónias e entre outros.

1

2 4 3 Entrada

Quartos

Figura 41: Planta do lobby do JW Marriott Hotel c/ indicação das figs. 40, 42, 43, 44 e 45

Design do Lobby de Hotel 111

Mobiliário

Os critérios como o conforto e qualidade elevada foram fundamentais na seleção do

mobiliário do lobby. Múltiplos balcões de atendimento representam a área da receção,

os equipamentos de repouso estofados como sofás e poltronas auxiliadas com mesas de

apoio definem o lounge, o balcão de bar e o restante mobiliário de repouso e de refeição

determinam a área do lobby bar. O lobby bar tem duas zonas distintas, uma mais

direcionada para cocktail e refrescos, dispõe aos clientes um balcão de bar com assentos

confortáveis e mesas de apoio às bebidas enquanto a zona dirigida para refeições

ligeiras como o pequeno-almoço é composto por um conjunto de mesas e cadeiras

adequadas para essa finalidade.

Figuras 42 e 43: Mobiliário do lounge do JW Marriott Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

42

Figuras 44 e 45: Mobiliário do lobby bar do JW Marriott Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

44

Susana Gomes 112

Iluminação

A iluminação natural proveniente da claraboia, ilumina essencialmente o lounge e a

escadaria principal. Em relação à iluminação artificial dá visibilidade às áreas

constituintes e realça alguns elementos ornamentais como é o caso das chapas de latão

revestidas em algumas paredes, a escadaria de mármore, as colunas de mármore com

faixas de ágata polida e a instalação artística (iluminada com projetores de parede). A

receção bem iluminada providencia maioritariamente uma iluminação geral com luzes

de teto embutidas, iluminação indireta através de sanca e luzes presentes nos balcões e

paredes decorativas. O lobby bar, além do lustre decorativo possui uma iluminação

geral, indireta e ambiente obtida, por meio de luzes de teto embutidas, sancas e

candeeiros de pé.

Os materiais e acabamentos de superfícies

A pedra natural predomina nos revestimentos deste espaço devido às suas caraterísticas

inerentes. Assim, o pavimento do lobby e as escadarias são revestidos com placas de

mármore claro enquanto os espaços de conforto e de lazer (lounge e lobby bar) são

guarnecidos com tapetes e carpetes a fim de providenciar bem-estar aos clientes. As

colunas de sustentação também de mármore apresentam painéis iluminados de ágata

polida. As superfícies das paredes do lobby são cobertas com variantes de pedra natural

intercaladas com painéis de chapa de latão brilhante e decorativa. O lobby bar como

espaço aberto e arejado tem apenas alguns divisores de espaço em metal dourado. Por

fim os tetos são pintados a branco com a exceção da parte central do lobby onde os

painéis de vidro amplo deixam traspassar a luz natural para o interior.

Observação

Sendo um espaço amplo e arejado permite visualizar a partir da entrada principal a áreas

existentes, exceto o lobby bar que fica escondido por trás da escadaria majestosa. O

posicionamento dos balcões de atendimento próximos da parede, o lounge e lobby bar

alinhados ao centro formam as passagens de circulação desafogadas. Assim, a receção

dispõe múltiplos balcões de atendimento, o lounge equipamentos de repouso e mesas de

apoio e o lobby bar um balcão de bar com os respetivos assentos e mesas de apoio e de

refeição. Em termos de iluminação, a claraboia existente permite uma iluminação

Design do Lobby de Hotel 113

natural na zona do lounge e da escadaria. A receção é bem iluminada enquanto o lobby

bar que possui um ambiente mais calmo e relaxante detém uma iluminação difusa. Os

materiais de revestimento são empregues adequadamente a cada zona.

Okura Hotel TIPOLOGIA Hotel Casino

OPERAÇÃO Grupo Okura Hotels & Resorts

EMPRESA KKS

DATA 2011

LOCAL Macau, China

Descrição167

Hotel Okura é o primeiro hotel de luxo japonês pertencente ao Casino Resort Galaxy

Macau (complexo de lazer e de entretenimento).

O arquiteto japonês Kanko Kikaku Sekkeisha, autor do projeto interior deste hotel, deu

uma interpretação distinta da cultura japonesa ao espaço através de um design

contemporâneo minimalista funcional utilizando materiais que valorizam os elementos

como a linha, texturas, espaço, luz e forma. O hotel é um oásis dentro do complexo de

casinos, hotéis e lojas, transmite um ambiente sereno, calmo e relaxante propício para o

refúgio da excitação dos jogos e da multidão. Por consequência, o interior aconchegante

e sofisticado apresenta uma atenção meticulosa aos detalhes desde a aplicação de

167 Informação baseada no seguinte site. Hotel Okura Macau [Em linha]. [Consult. 5 Maio 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.forbestravelguide.com/macau-china/hotels/hotel-okura-macau#property-overview>.

Figura 46: Receção do Okura Hotel (Foto: Susana Gomes, 2016)

Susana Gomes 114

1. Receção 2. Customer Service 3. Lounge 4. Lobby Bar 5. Lounge Bar

46

materiais naturais e delicados até às obras de arte minimalistas de inspiração oriental. A

paleta cromática consiste em tons claros e neutros.

O lobby é constituído por áreas de atendimento (receção e concierge ou costumer

service), zona de estar e um lobby bar “Nagomi”.

Análise

Escala e Organização do Espaço

O lobby apresenta uma organização lógica e funcional das zonas coletivas pois além de

estarem bem definidas com divisores de espaço e mobiliário correspondente, o

posicionamento próximo das áreas, sem perturbar as circulações de acesso, permite aos

clientes percecionarem e alcançarem facilmente os serviços requeridos. Logo, a área da

receção visível a partir da entrada principal tem como área adjacente o lounge que

providencia uma zona de repouso e de relaxamento aos clientes. O lobby bar apesar de

estar na mesma linha de visão da entrada e próximo da área de atendimento está

resguardado por meio de divisores de espaço naturais como plantas (barreira de bambu)

e ripas de madeira. Estas divisórias semi-opacas personalizam o espaço sem restringir e

reservam alguma privacidade.

50

1

3

4

48 49

51 52

2

5

Entrada

Figura 47: Planta do lobby do Okura Hotel c/ indicação das figs. 46, 48, 49, 50, 51 e 52

Design do Lobby de Hotel 115

Mobiliário

O mobiliário do lobby com características minimalistas e funcionais é coerente com os

restantes elementos de design, reforça o conceito que aspira a simplicidade,

modernidade, racionalidade e praticabilidade. A área de atendimento tem como apoio ao

cliente um balcão de forma simples e linear enquanto o serviço personalizado (customer

service) possui uma mesa identificada com cadeiras. A zona de estar sem a presença de

mesas de apoio contém sofás e cadeirões organizados em forma de U facilitando a

interação entre os utilizadores. Ao contrário desta zona, o lobby bar representado por

um balcão de bar e banquetas dispõe de uma área abrangente com mobiliário de repouso

e de relaxamento (cadeirões, poltronas e sofá) auxiliadas com mesas de apoio diversas.

Figuras 48 e 49: Mobiliário do lounge do Okura Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

48

Figuras 50, 51 e 52: Mobiliário do lobby bar do Okura Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

50 51

Susana Gomes 116

As organizações destes equipamentos em grupos de dois, quatro, seis e oito ocasionam

sempre interação e conversação entre os utilizadores.

Iluminação

A iluminação natural, um elemento intrínseco do estilo japonês, é obtida através dos

painéis shoji (estrutura de madeira preenchido com papel translúcido) que permite

traspassar a luz para o interior. Em relação à iluminação artificial, o lobby detém

essencialmente vários pontos de luz de teto embutidas que providencia uma iluminação

geral conjugada com alguns apontamentos de luzes decorativas e de ambiente através de

candeeiros de mesa nas áreas de atendimento e candeeiros de pé distribuídos em alguns

cantos da zona de estar e do lobby bar. Os projetores de teto realçam ainda alguns

elementos decorativos e as características naturais de alguns materiais como é o caso da

madeira.

Os materiais e acabamentos de superfícies

A valorização de materiais naturais, transparentes e leves como a madeira, pedra, vidro

e papel translúcido denota-se bastante neste lobby. Em vista disso, todo o pavimento do

lobby com a exceção da área do bar é revestido com placas de mármore com motivos

geométricos decorativos simples suavizado com tapete na zona de estar. O piso do

lobby bar é revestido com um material mais quente e confortável, a madeira e o tapete.

As paredes são também revestidas a pedra natural porém intercaladas com painéis de

shoji, madeira e vidro a fim de obter volumetrias diferentes. O teto em si é pintado a

branco mas revestido maioritariamente com painéis de madeira.

Observação

As áreas constituintes do lobby estão bem demarcadas através de divisores de espaço e

o respetivo mobiliário. Estes divisores semi-opacos possibilitam visualizar as áreas,

preservar alguma privacidade e trespassar a luz. Toda a iluminação é bem conseguida e

adequada às zonas existentes sendo que a iluminação natural um elemento relevante

para este espaço. Em termos de mobiliário aponta-se apenas a falta de mesas de apoio

no lounge e talvez a extensão do tapete devesse abranger a área toda em causa.

Design do Lobby de Hotel 117

Grand Hyatt Hotel

TIPOLOGIA Hotel Casino

OPERAÇÃO Grupo Hyatt Hotels & Resorts

EMPRESA HBA

DATA 2009-10

LOCAL Macau, China

Descrição168

O hotel de luxo Grand Hyatt integrado no Resort City of Dreams (complexo de

entretenimento que possui hotéis, lojas, restaurantes, espetáculos e casinos de topo) em

Cotai é formado por duas torres distintas de formas onduladas (Grand Tower e Premium

Grand Club Tower). Este hotel coetâneo procura estabelecer novos padrões em Macau

em termos empresariais e de lazer.

O lobby moderno, sofisticado e dramático tem como destaque a obra artística ‘A dança

das nuvens e da chuva’ do artista chinês Danny Lee. A obra é composta por três

esculturas impressionantes de aço inoxidável representando o fenómeno precipitação.

Figuram nesta obra, duas nuvens com chuva e um hemisfério gigante banhado por uma

corrente de água constante. O tema aquático tem como simbologia a purificação ou a

força da natureza que origina a vida. O esquema cromático consiste essencialmente em

tons metalizados (prateado e dourado) contrastando com as cores claras e escuras das

pedras naturais dos revestimentos.

168 Informação baseada no seguinte site. Grand Hyatt Macau [Em linha]. [Consult. 10 Maio 2017] Disponível em WWW:<URL:http://www.forbestravelguide.com/macau-china/hotels/grand-hyatt-macau#property-overview>.

Figura 53: Receção do Grand Hyatt Hotel

Susana Gomes 118

1. Receção 2. Concierge 3. Bell Service 4. Lounge

O lobby dispõe de um conjunto de balcões de atendimento com funções distintas

(receção, concierge, bell service, check-out etc.), um lobby lounge estilo café bar e dá

acesso direto aos restaurantes e às zonas de entretenimento.

Análise

Escala e Organização do Espaço

O lobby espaçoso e amplo com 22 m de altura é suportado por várias colunas

hexagonais. Apresenta uma disposição das áreas coletivas funcional e de fácil perceção

pois além da fachada de vidro permitir uma visualização imediata das áreas interiores, o

espaço não é sobrecarregado com objetos decorativos nem mobiliário o que viabiliza

uma boa circulação de pessoas e perceção do espaço. Os balcões de atendimento

alinhados próximos da fachada de vidro deixam um caminho de circulação desafogada

enquanto a zona de estar ocupa a área maior do lobby está distanciada das áreas de

atendimento e posicionada num canto de maneira a não obstruir as passagens.

1

2 3

4

53 55

56

Entrada

Quartos

Figura 54: Planta do lobby do Grand Hyatt Hotel c/ indicação das figs. 53, 55 e 56

Design do Lobby de Hotel 119

Mobiliário

O mobiliário contido no lobby demarca essencialmente as duas áreas coletivas do

espaço. Um conjunto de balcões estandardizados forma a área de atendimento e receção

aos hóspedes ou visitantes ao passo que a zona do lounge, um espaço misto de lazer e de

refeição ligeira providencia equipamentos adequados à finalidade através de sofás,

poltronas, cadeirões, mesas de apoio e mesas de refeição. Para um maior

aproveitamento do espaço e de lotação duas filas de sofás formam uma espécie de

barreira circunscrevendo esta área de estar. Este conjunto de alinhamento de sofás é

acompanhado com mesas de refeição e cadeirões enquanto os restantes arranjos

determinam uma zona mais descontraída é composta por um conjunto de sofás e

poltronas com uma mesa de apoio no centro. Todas as organizações possibilitam

interação e convívio social.

Iluminação

A abundância da luz natural, elemento de valorização ao espaço, é obtida através da

fachada de vidro amplo. Relativamente à iluminação artificial do lobby consiste na

distribuição de vários pontos de luz de teto embutidas de forma proporcionar uma

iluminação geral com sancas de nivelamentos diferentes obtendo um efeito dinâmico.

As sancas que emitem iluminação indireta dão enfase aos elementos decorativos (as

principais obras artísticas suspensas) e aos elementos de construção (colunas de

sustentação). A iluminação vinda do chão salienta as passagens pedestres (maior

segurança) como é o caso da escadaria principal.

Figuras 55 e 56: Mobiliário do lounge do Grand Hyatt Hotel (Fotos: Susana Gomes, 2016)

Susana Gomes 120

Os materiais e acabamentos de superfícies

O piso do lobby coberto com mármore preto contrasta com a escadaria majestosa de

pedra de marfim egípcio. O lounge é revestido com tapete por questões decorativas e de

conforto. Os revestimentos das paredes do lobby são essencialmente painéis de vidro e

de pedra natural de diferentes qualidades (p. ex. mármore, travertino etc.) enquanto as

colunas de sustentação são revestidas a metal (aço inoxidável) ou a pedra natural.

Observação

As passagens de circulação nítidas e desafogadas são possíveis graças à organização

funcional das duas áreas principais do lobby, a área da receção e o lounge. Os balcões

de atendimento estão alinhados próximos das fachadas de vidro e da entrada enquanto o

lounge, área maior deste espaço, distanciado e posicionado num canto. De dia destaca-

se a iluminação natural conseguida através das fachadas amplas de vidro enquanto de

noite a iluminação artificial ilumina adequadamente cada zona existente. Os materiais

de revestimento são também aplicados consoante as funções e necessidades de cada

espaço.

5.2 Observações dos Casos Conceito, ambiente e cores

Independentemente da tipologia e da localização espacial, a maioria dos casos

analisados (Epic Sana, Myriad, Conraid, JW Marriott, Grand Hyatt) apresentam

conceitos semelhantes e relacionados com os elementos da Natureza como a água e

elementos orgânicos (ex. flores e árvores).

A localização pode influenciar na escolha do conceito de design do lobby, como

exemplos temos: Epic Sana Hotel (integrada na paisagem das Amoreiras, utiliza a

árvore como ponto de união entre as áreas) e o Myriad Hotel (sobre o rio Tejo, a sua

arquitetura assume a forma de uma vela de um barco e tem como conceito interior o

oceano).

Design do Lobby de Hotel 121

Todos os casos apresentam um ambiente contemporâneo, sofisticado, elegante e

acolhedor, sendo que quanto menor for a escala do lobby mais fácil é a transmissão de

um espaço aconchegante e íntimo como é o caso do hotel Altis Avenida. Os restantes

hotéis de maior dimensão utilizam materiais orgânicos (ex. madeira), têxteis (ex.

carpetes, tapetes etc.) e mobiliário estofado para providenciar conforto aos utilizadores.

As cores de maior utilização nos lobbies apresentados consistem em cores neutras:

preto, branco e tonalidades, tons derivados do castanho, assim como a aplicação de tons

metalizados como o dourado, bronze e prateado. Todavia em alguns casos, nota-se a

introdução de uma ou várias cores contrastantes como por exemplo o vermelho nos

hotéis Myriad e Conrad, turquesa no hotel Altis Avenida e cores vibrantes da instalação

artística suspensa do hotel JW Marriott.

Obras artísticas

O recurso a obras artísticas é comum nos lobbies, tendo como exceção o hotel Altis

Avenida por ser um espaço reduzido, a intenção é a de não o sobrecarregar. Os restantes

hotéis ostentam o lobby com esculturas, pinturas, instalações artísticas, tapeçarias e

vasos com ou sem vegetação. É de denotar que quase todos os lobbies analisados,

exceto o hotel Altis Avenida e o hotel Grand Hyatt (vários postos de atendimento),

apresentam painéis decorativos na zona da receção como uma forma de ornamentação e

de destaque da área.

Constituição do lobby

Dos lobbies analisados, estes têm como áreas integrantes: receção, concierge, lounge e

lobby bar (exceto o Altis Avenida Hotel que detém o bar no último piso por questões de

espacialidade). Ademais, os hotéis de maior capacidade de alojamento disponibilizam

além dos serviços básicos de atendimento, vários balcões ou mesas com as seguintes

funções: hospitaly desk, front office manager, bell captain e conforme referido atrás, no

subcapítulo 2.4 Áreas integrantes do hotel. O mesmo acontece com o lounge que pode

ser mais do que um. É ainda de referenciar que o lobby dá acesso direto às salas de

reuniões.

Susana Gomes 122

Organização do lobby

Normalmente, a receção é bem posicionada, visível a partir da entrada principal do hotel

ou então na mesma linha de visão como é o caso do hotel Altis Grand. Como ocorrência

particular, a receção do hotel Conrad fica resguardado num compartimento. A área

adjacente à receção é usualmente o lounge pois serve como uma zona de estar, repouso,

espera ou de encontro. Os casos Altis Grand e Grand Hyatt apresentam o lounge mais

distanciado da receção. Em relação ao lobby bar, sempre acompanhado por uma zona de

estar (lounge bar), localiza-se fora das passagens de circulação, da receção e do lounge,

tendo como exceção os hotéis Altis Grand e Myriad pois o lobby bar é contíguo ao

lounge. Consequentemente, as áreas dos lobbies demarcam os acessos e as passagens de

circulação. Em referência à organização do mobiliário nas zonas de estar (lounge e

lobby bar), a disposição mais usual é em U (ex. um sofá e dois cadeirões) que permite

interação em grupo ou então dois cadeirões lado a lado ou frente a frente (interação a

dois, mais pessoal).

Mobiliário

A receção é geralmente representado por um balcão ou por vários balcões de

atendimento com funções diversificadas como acontece com os hotéis JW Marriott e

Grand Hyatt. Os restantes serviços de atendimento (ex. front office manager, hospitality

desk etc.) são assinalados por mesas e cadeiras onde os funcionários e clientes se

sentam ao mesmo nível, quebrando a barreira imposta pelo balcão (serviço mais íntimo

e personalizado). Relativamente ao lounge, um espaço de estar, possui: sofás, poltronas

ou cadeirões, mesas de apoio, cadeiras e em alguns hotéis como Altis Grand, Epic Sana

e Myriad a disponibilidade de bancos. Quanto ao lobby bar, é frequente ter um balcão

de bar com banquetas, afora o hotel JW Marriott que dispõe um balcão de bar

acompanhado com cadeirões. Em acréscimo, este espaço possui ainda poltronas,

cadeirões, mesas de apoio e de refeição.

Iluminação

A iluminação no lobby é diversificada devido às funções exercidas em cada área. As

luminárias predominantes são as de teto encastradas, podendo ser dispersas

providenciando uma iluminação geral, aglomeradas e iluminando uma área de trabalho

ou uma superfície ou ainda pontual de forma a destacar um detalhe arquitetónico ou

Design do Lobby de Hotel 123

uma obra artística. As luminárias embutidas ou lineares podem ser aplicadas nos

pavimentos (ex. escadas) como sucede nos hotéis Grand Hyatt, Myriad e JW Marriott

com o objetivo de enfatizar e garantir segurança na circulação. Com a exclusão do hotel

Altis Avenida, todos os lobbies possuem sancas, um elemento que torna o ambiente

diferenciado e acolhedor. Referentemente às luminárias decorativas é vulgar a utilização

de candeeiros suspensos, de mesa e de pé. Alguns hotéis de escala maior como o

Conrad e JW Marriott ostentam o lobby com lustres de cristal de grande extensão.

Os materiais e acabamentos de superfícies

As passagens de circulação e zonas de utilização intensa dos lobbies analisados são

revestidos com placas de pedra natural, em especial o mármore devido às suas

características inerentes. Este tipo de pavimento é normalmente suavizado com tapetes e

carpetes nas zonas de estar a fim de providenciar conforto aos utilizadores.

Relativamente aos lobbies bares podem apresentar um piso revestido em madeira

(material acolhedor, quente e confortável ao toque) como sucede com os hotéis Epic

Sana e Okura. No que diz respeito aos revestimentos das paredes e colunas de

sustentação é também usual a aplicação de placas de pedra natural, painéis de vidro em

particular nas fachadas (maior propagação da luz e ampliação do espaço) como os casos

Altis Grand, Epic Sana, Myriad e Grand Hyatt, painéis de espelho intensamente

aproveitado no hotel Altis Avenida para ampliação do espaço e reflexão de luz natural,

chapas de metal como latão e aço inoxidável nos casos Altis Grand, JW Marriott e

Grand Hyatt. Por último, os tetos são maioritariamente pintados a branco (melhor

reflexão da luz) ou revestidos com painéis de vidro como é o caso da claraboia do hotel

JW Marriott ou ainda cobertos com madeira (hotel Altis Grand e Okura).

5.3 Conclusões Após as observações feitas podemos concluir que estes hotéis urbanos de luxo

contemporâneo projetam os lobbies consoante os requisitos indispensáveis de cada

elemento de design (escala e organização do espaço, mobiliário, iluminação e materiais)

para obter um bom funcionamento do lobby.

Os conceitos de design do lobby, na maioria dos casos, têm como inspiração as raízes

da cultura local ou da própria localização do hotel. Ademais, denota-se uma tendência

Susana Gomes 124

na escolha dos elementos naturais como inspiração para os temas do espaço em causa.

As cores prediletas são os tons neutros, claros, metalizados com a combinação de uma

ou várias cores contrastantes a fim de tornar o espaço mais apelativo. A inserção de

peças artísticas reforça o conceito e identidade do hotel.

As áreas constituintes do lobby são nomeadamente a receção que possui várias funções

(as mais comuns: concierge, front office manager, hospitality desk e bell captian), o

lounge e o lobby bar. Dependendo da dimensão espacial do lobby, este pode conter pelo

menos dois a cinco postos de atendimento como também um a três zonas de estar

(excluindo os lounges bar). Além disso, o lobby como ponto central do hotel dá acesso

às restantes áreas seja direto ou por meio de escadas ou elevadores.

Relativamente à organização do lobby na maioria dos casos é funcional e lógico na

medida em que a receção bem posicionada é visível a partir da entrada central ou na

mesma linha de visão (acesso direto e melhor vigilância). Como área adjacente temos o

lounge que serve como uma zona de estar, de espera e de encontro. Consequentemente,

o lounge incluí um bar ou dá continuidade à mesma (área contígua) ou ainda distante

das áreas integrantes e fora das zonas de trânsito (maior privacidade e conforto). As

áreas do lobby definem as passagens e os acessos de circulação.

Em referência ao mobiliário, a receção (dependendo dos cargos existentes) tem pelo

menos um a cinco balcões, sendo que os serviços de atendimento personalizados são

representados por mesas e cadeiras onde os clientes e os funcionários estão sentados ao

mesmo nível. O lounge e o lobby bar possuem equipamentos idênticos (sofás, poltronas

ou cadeirões, mesas de apoio e cadeiras), tendo como exceção o balcão de bar com

banquetas e mesas de refeições unicamente presentes no espaço lobby bar.

No que respeita à iluminação do lobby esta é diversificada e consoante as funções de

cada área. Assim, as mais usadas são as luminárias de teto encastradas distribuídas

uniformemente que providenciam uma iluminação geral ou agrupadas em filas de forma

a iluminar uma área específica proporcionando uma iluminação adequada para a tarefa

em causa como sucede com a área da receção. Ademais, este tipo de luminária é usada

para realçar elementos arquitetónicos, destacar obras artísticas e ainda aplicadas no

pavimento enfatizam as escadas ou zonas de acesso que exijam alguma precaução. As

sancas também comuns nos lobbies tornam os ambientes mais acolhedores e elegantes

Design do Lobby de Hotel 125

com a sua iluminação indireta. Para efeitos decorativos utiliza-se as luminárias de teto

suspensas, de mesa e de pé.

O lobby sendo uma área de utilização intensa possui um pavimento revestido com

placas de pedra natural, tendo como eleição dos casos analisados, o mármore pelas suas

características intrínsecas. As zonas de estar que exijam uma comodidade maior são

aplicadas tapetes, carpetes ou então revestidas com um material quente e acolhedor

como a madeira. Em relação ao revestimento das paredes e colunas de apoio são

também usualmente cobertas com placas de pedra, painéis de vidro principalmente nas

fachadas, painéis de espelho para ampliação do espaço e reflexão da luz e chapas de

metal para efeitos decorativos. Por último, os tetos são maioritariamente revestidos com

tinta branca ou com painéis de vidro no caso das claraboias ou ainda cobertos com

painéis de madeira.

Susana Gomes 126

6. CONCLUSÕES FINAIS

Com a presente investigação pretendemos responder à questão “Quais os elementos de

design e a sua correlação que devem constituir um lobby contemporâneo?”

De forma a tornar clarividente a cerne desta investigação, começaremos por apresentar

uma revisão dos diferentes temas e conceitos abordados nos vários capítulos anteriores e

respetivas conclusões. Consequentemente, apresentaremos as nossas conclusões finais.

No capítulo 2 fizemos uma resumida apresentação da evolução do hotel e do design do

lobby, desde a sua origem até à atualidade. Vários fatores contribuíram para o emergir e

o desenvolvimento da área hoteleira sendo que as viagens associadas aos transportes e

hospedagem, a causa maior que contribui para o progresso da mesma.

Referentemente ao design do lobby que acompanhou a expansão do hotel, atingiu o seu

auge no século XX. Assim, nos anos 30 os lobbies extravagantes dos hotéis de luxo

eram um espaço apreciado para a socialização da aristocracia sendo que nos anos 50 e

60 houve um retrocesso em termos de escala. Na década de 70, surgiu a atração do bar

nos átrios amplos e o conceito da cadeia de hotéis. Em reação a esta tendência para a

homogeneização, apareceu nos anos 80, a boutique hotel ou design hotel (lobbies

pequenos, íntimos com projeto específico e único).

No seguimento da curta cronologia histórica, procurámos saber as diferentes tipologias

e métodos de classificação hoteleira assim como a constituição física de um hotel,

salientando as áreas integrantes de um lobby que engloba a entrada, receção, lounge,

bar, restaurante e sala de reuniões.

O capítulo 3, foca no presente no sentido de perceber o que consiste um hotel urbano

contemporâneo de luxo e como este se destaca num mercado global e competitivo,

correspondendo às exigências e necessidades dos consumidores.

Assim, verificou-se que o hotel coetâneo age como atração da cidade ao providenciar

espaços coletivos, salientando o lobby, que transmite o conceito e imagem de marca de

forma distinta ao valorizar pequenos detalhes, de algum modo a cultura local podendo

também inserir obras artísticas da região, questões de sustentabilidade e entretenimento

Design do Lobby de Hotel 127

ao dispor através de bares e restaurantes, música ao vivo ou ambiente que contribui para

destacar a posição do hotel num mercado feroz.

O capítulo 4 dedicado ao lobby, determina e demonstra a sua importância e os

elementos de design imprescindíveis para um projeto de lobby.

Determinámos que o lobby como primeiro espaço interior do hotel deve transmitir uma

boa imagem e padrões de serviço pois é neste espaço que sucede a primeira impressão e

interação entre os hóspedes ou visitantes com os funcionários da unidade hoteleira. Em

vista disso, o lobby é projetado com o intuito de cativar e destacar o hotel num mercado

saturado, tendo em conta a funcionalidade das suas áreas integrantes e o bem-estar

físico e psicológico do cliente. Por conseguinte, afirma-se como um ponto de encontro

social (lazer ou negócios) e um destino em si pelo seu interior peculiar como pela

disponibilidade dos espaços coletivos como lounge, bar, restaurante e sala de reuniões.

Relativamente à constituição física do lobby, a entrada deve permitir uma visualização

imediata à receção e um acesso fácil e direto para lá. A receção com vários cargos de

atendimento deve estar bem posicionada, próximo dos elevadores e escadas. O lounge,

como área maior e adjacente à receção, proporciona um espaço de repouso, espera e de

lazer aos clientes, evitando assim perturbações nas passagens de circulação. Este pode

conter um bar ou ter como área contígua, funcionando como espaço independente

distanciado das restantes áreas e circulações. Estas áreas integrantes demarcam os

percursos de acesso e de circulação.

Podemos assim afirmar que o lobby sendo um dos espaços basilares para o

funcionamento e desenvolvimento do hotel que como espaço dinâmico e multifuncional

(suporta todas as atividades e funções ocorridas em simultâneo), requer um bom

planeamento dos seus elementos constituintes, segundo os requisitos fundamentais, a

fim de garantir eficácia nos serviços e uma estadia agradável.

A definição dos elementos pertinentes para a constituição de um lobby baseou-se em

diversos autores, chegando à conclusão de que os elementos mais comuns são: a escala

e organização do espaço, mobiliário, iluminação e materiais. Ademais, é de todo

relevante sublinhar que estes elementos têm sempre uma correlação entre si, a qual é

também fundamental para o lobby. Primeiramente, a organização do espaço depende

Susana Gomes 128

das áreas existentes sendo que o mobiliário demarca a posição das mesmas. Além disso,

cada área exige um equipamento diferenciado e adequado à função exercida. Isto sucede

com a iluminação na medida em que cada área detém uma função diferente, exigindo

assim uma luz apropriada para cada zona. A iluminação afeta ainda a aparência e a

dinâmica do espaço (altera formas, cores, texturas etc.). Em relação aos materiais, estes

devem estar aptos e adequados às áreas e atividades decorridas, sendo fundamental ter

boa qualidade, ser durável, fácil de limpar, aplicar, substituir, resistentes à água e ao

fogo. Consoante o material e a cor este pode absorver ou refletir a luz.

Como efeito, estes elementos devem ser coerentes a nível funcional e estético para o

sucesso do lobby.

No seguimento desta determinação dos elementos de design do lobby, no capítulo 5

procurámos fazer uma confrontação num estudo de casos, fazendo análises e

comparações entre oito lobbies de hotéis urbanos coetâneos de luxo da região de Lisboa

e Macau. A razão desta escolha consistiu na variedade tipológica e de interiores, pois as

regiões são provenientes de países e culturas muito diferenciadas.

Pelo que nos foi possível observar através dos casos analisados e que apresentámos,

julgamos poder afirmar que os lobbies, apesar das diferenças culturais, são projetados

consoante os requisitos específicos do espaço, mas também de cada elemento de design,

ou seja, maioritariamente os lobbies seguem um padrão de organização do espaço, o

tipo de mobiliário, a iluminação e por fim os materiais de revestimento, obtendo assim

um bom funcionamento do lobby.

Em última instância, este estudo pretendeu encontrar resultados que possam produzir

critérios para arquitetos e designers da área hoteleira, mais especificamente o espaço

lobby. Os resultados irão ajudar e orientar estes profissionais na relação com o cliente,

empresário ou hoteleiro, no sentido de conseguir aconselhar, guiar e projetar lobbies

com maior sucesso. Neste ramo, o retorno do investimento advém dos consumidores

satisfeitos, já que os lobbies bem-sucedidos são um fator importante para visitas

repetidas ao hotel. O intento desta investigação serve também para os que estão

interessados em aprofundar esta matéria em causa, servindo assim como base para

futuras investigações.

Design do Lobby de Hotel 129

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