DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica Engenharia Elétrica DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BASEADO EM UMA MÁQUINA DE INDUÇÃO COM ROTOR EM GAIOLA GUILHERME GONÇALVES DOS SANTOS 08/05/2015

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Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais

Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica

Engenharia Elétrica

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BASEADO

EM UMA MÁQUINA DE INDUÇÃO COM

ROTOR EM GAIOLA

GUILHERME GONÇALVES DOS SANTOS

08/05/2015

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica Av. Amazonas, 7675 - Gameleira, Belo Horizonte - MG, 30510-000 (31) 3319-6722

GUILHERME GONÇALVES DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BASEADO

EM UMA MÁQUINA DE INDUÇÃO COM

ROTOR EM GAIOLA

Texto do Relatório Técnico do Trabalho de

Conclusão de Curso submetida à banca

examinadora designada pelo Colegiado do

Curso de Engenharia Elétrica do Centro

Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de bacharel

em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Engenharia Elétrica

Orientador(a):Marcelo Martins Stopa

Co-orientador(a): Úrsula do Carmo Resende

Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais

Belo Horizonte

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

2015

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GUILHERME GONÇALVES DOS SANTOS

DESE NVOLVI MENTO DE UM SI STEMA DE GE RAÇÃO DE

E NERGI A E LÉTRICA BASEADO EM UMA MÁQUI NA DE

I NDUÇÃO COM ROT OR E M G AIOLA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora designada pelo

Colegiado do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Federal de Educação

Tecnológica de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau

de Bacharel em Engenharia Elétrica.

______________________________________________________________

Marcelo Martins Stopa

Prof. DEE/ CEFET-MG – Orientador

______________________________________________________________

Úrsula do Carmo Resende

Prof. DEE/ CEFET-MG – Co-Orientador

______________________________________________________________

Alex-Sander Amável Luiz

Prof. DEE/ CEFET-MG

______________________________________________________________

Eduardo Henrique da Rocha Coppoli

Prof. DEE/ CEFET-MG – Supervisor

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Aos meus pais.

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais por me darem todas as condições de chegar até aqui; aos

meus amigos por todo o apoio e incentivo; ao Diogo, professora Úrsula e ao professor Alex-

Sander, que contribuíram diretamente na elaboração deste trabalho, e todos mais que

ajudaram na conclusão deste projeto.

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Resumo

Desenvolve-se neste trabalho um sistema de geração de energia elétrica baseado

em uma máquina de indução de rotor em gaiola conectada ao sistema elétrico, para a

utilização na usina térmico-solar do CEFET-MG. O sistema é composto também por um

conversor eletrônico de três níveis conectado em paralelo com a máquina, a fim de se

obter um controle otimizado da compensação da potência reativa consumida pelo

gerador. A topologia aqui abordada é utilizada com foco em aplicações conectadas na

rede. Para a conexão do gerador ao sistema elétrico, é utilizado um método de conexão

baseado na inserção de resistores em serie com o estator da máquina. O desempenho do

método de conexão da máquina ao barramento, seus transitórios de operação, bem

como o desempenho do sistema de controle do compensador, são avaliados a partir de

modelagem e simulação do sistema no software MATLAB/SIMULINK.

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Abstract

This paper develops a power generation system based on a squirrel cage

induction machine connected to the electrical system, for to use in a thermal-solar plant

in CEFET-MG. For the electrical system generator connection, a connection method

based on resistors in series with the stator of the machine is used. The system also

comprises an electronic converter connected in parallel with the machine in order to

obtain an optimal control of the compensation of reactive power consumed by the grid.

The topology addressed here is used with a focus on applications connected to the grid.

The connection method and its operating transient, as well as the performance of the

control system and compensation of reactive power, are evaluated from modeling and

simulation system in MATLAB / SIMULINK software.

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iii

Sumário

Resumo .................................................................................................................................................. i

Abstract ................................................................................................................................................ ii

Sumário .............................................................................................................................................. iii

Lista de Figuras ................................................................................................................................. v

Lista de Símbolos ........................................................................................................................... vii

Lista de Siglas ................................................................................................................................. viii

Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................................... 9

1.1. Relevância do tema em investigação .......................................................................................... 9

1.2. Objetivos do trabalho ..................................................................................................................... 12

1.3. Metodologia ........................................................................................................................................ 12

1.4. Organização do trabalho ............................................................................................................... 13

Capítulo 2 - O cenário atual do uso de máquinas de indução na geração de energia

elétrica .............................................................................................................................................. 14

2.1. Introdução .......................................................................................................................................... 14

2.2. Gerador de indução conectado à rede...................................................................................... 14

2.3. Gerador de Indução Isolado da Rede Elétrica ....................................................................... 19

2.4. Conclusões .......................................................................................................................................... 22

Capítulo 3 - Modelagem do sistema e funcionamento ...................................................... 24

3.1. Introdução .......................................................................................................................................... 24

3.2. Visão geral do sistema de geração de energia ...................................................................... 24

3.3. Sistema de controle do compensador de reativos .............................................................. 26

3.4. Modelo dinâmico da máquina de indução .............................................................................. 29

3.4.1. Equações da máquina em eixos d-q .................................................................................................. 29

3.5. Método de conexão da máquina ao barramento ................................................................. 31

3.5.1. Procedimento de conexão ..................................................................................................................... 31

3.5.2. Determinação do valor otimizado da resistência de partida .................................................. 33

3.6. Conversor de três níveis ................................................................................................................ 34

3.6.1. Função, características, vantagens e aplicações........................................................................... 34

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iv

3.6.2. Funcionamento do conversor de três níveis ................................................................................. 35

3.6.3. Modulação por largura de pulso por disposição de fases ........................................................ 39

3.7. Conclusões .......................................................................................................................................... 40

Capítulo 4 - Análise da operação e desempenho do sistema ......................................... 42

4.1. Introdução .......................................................................................................................................... 42

4.2. Análise da conexão do gerador à rede elétrica ..................................................................... 43

4.3. Acionamento do Sistema ............................................................................................................... 46

4.4. Conclusão ............................................................................................................................................ 64

Capítulo 5 - Conclusão .................................................................................................................. 65

Apêndice A - Parâmetros do Sistema ...................................................................................... 67

Apêndice B - Método analítico de obtenção do valor ótimo de resistência .............. 69

Apêndice C - Equações dinâmicas da máquina em variáveis de fase .......................... 72

Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 75

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Lista de Figuras

Figura 2.1- Configuração utilizada em (HAMMONS, 1996). ............................................................................................... 15

Figura 2.2- Topologia utilizada por (HOMRICH, 2013) para o gerador de indução conecto à rede. ................ 16

Figura 2. 3- Topologia implementada em (VOLTOLINI, 2007). ........................................................................................ 18

Figura 2. 4- Diagrama esquemático do sistema utilizado em (NEVES, 2014) ............................................................ 21

Figura 3. 1 - Diagrama esquemático simplificado do sistema ............................................................................................ 25

Figura 3. 2–Sistema de controle do compensador de reativos .......................................................................................... 26

Figura 3. 3–Variáveis do eixo de referência utilizadas na orientação do sistema apresentado neste trabalho

............................................................................................................................................................................................................ 27

Figura 3. 4 - Diagrama simplificado de conexão (GRILO, 2008). ..................................................................................... 32

Figura 3. 5 - Valor máximo da corrente Inrush versus resistência em série com o estator para as duas

etapas de conexão (GRILO, 2008). ...................................................................................................................................... 33

Figura 3. 6 - Inversor trifásico de três níveis (BOSE 2002) (NEVES, 2014). ............................................................... 35

Figura 3. 7 - Esquema de um braço do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ..................................................... 36

Figura 3. 8 - Instante t1 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ..................................... 36

Figura 3. 9 - Instante t2 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ..................................... 37

Figura 3. 10 - Instante t3 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ................................... 37

Figura 3. 11 - Instante t4 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ................................... 38

Figura 3. 12 - Instante t5 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000). ................................... 38

Figura 3. 13 - Forma de onda da tensão de saída do inversor (NEVES, 2014). ......................................................... 39

Figura 3. 14- Modulação por largura de pulso por disposição de fases (PD-PWM) (Neves, 2014). ................. 40

Figura 4. 1– Diagrama para a conexão direta da máquina implementado no MatLab/Simulink. ..................... 43

Figura 4. 2– Valores de corrente de estator na fase A para a conexão direta da máquina.................................... 44

Figura 4. 3– Máxima corrente de Inrush versus valor de resistor em série, para as duas etapas do método

de conexão do gerador à rede. ............................................................................................................................................. 44

Figura 4. 4– Diagrama para a conexão da máquina utilizando resistores em série com o estator,

implementado no Matlab/Simulink. .................................................................................................................................. 45

Figura 4. 5–Valores de corrente de estator na fase A para a conexão da máquina ao barramento utilizando

o método dos resistores em série ....................................................................................................................................... 46

Figura 4. 6–Curva de velocidade de acionamento do gerador durante o processo de entrega de potência ao

barramento ................................................................................................................................................................................... 47

Figura 4. 7–Diagrama do inversor de 3 níveis implementado em ambiente MatLab/Simulink ......................... 48

Figura 4. 8–Curva do Toque Eletromagnético desenvolvido pelo gerador .................................................................. 49

Figura 4. 9–Potência ativa na rede ................................................................................................................................................. 50

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Figura 4. 10–Potência reativa na rede .......................................................................................................................................... 51

Figura 4. 11–Potência reativa na rede, visão ampliada e filtrada .................................................................................... 51

Figura 4. 12–Tensão e corrente na fase A da rede .................................................................................................................. 52

Figura 4. 13– Tensão e corrente na fase A da rede, visão ampliada ................................................................................ 53

Figura 4. 14–Corrente na fase A do gerador de indução ...................................................................................................... 54

Figura 4. 15–Tensão de referência no capacitor ...................................................................................................................... 54

Figura 4. 16–Tensão de referência no Capacitor, visão ampliada. ................................................................................... 55

Figura 4. 17–Corrente de eixo direto no compensador ........................................................................................................ 56

Figura 4. 18–Corrente de eixo direto no compensador (visão ampliada) .................................................................... 56

Figura 4. 19–Corrente de eixo em quadratura no compensador ...................................................................................... 57

Figura 4. 20–Corrente de eixo em quadratura no compensador (visão ampliada) ................................................. 58

Figura 4. 21–Corrente de eixo em quadratura no compensador + Corrente de eixo em quadratura do

gerador ........................................................................................................................................................................................... 59

Figura 4. 22–Corrente na fase A da rede ..................................................................................................................................... 60

Figura 4. 23–Corrente na fase A do inversor ............................................................................................................................. 60

Figura 4. 24–Tensão na fase A do inversor ................................................................................................................................ 61

Figura 4. 25–Tensão na fase A do inversor, visão ampliada ............................................................................................... 61

Figura 4. 26–Espectro de harmônicos da tensão no inversor ............................................................................................ 62

Figura 4. 27–Espectro de harmônicos da corrente no compensador ............................................................................. 63

Figura 4. 28–Espectro de harmônicos da corrente no gerador ......................................................................................... 64

Figura B.1 - Representação do circuito equivalente da etapa 2. (a) - Antes da Etapa 2, (b) - depois da etapa

2, (c) - Circuito equivalente – Depois da etapa 2, separado em dois circuitos equivalentes (GRILO

2008). .............................................................................................................................................................................................. 70

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Lista de Símbolos

v: tensão [V];

r: resistência elétrica [];

i: corrente elétrica [A];

: velocidade angular [rad/s];

: fluxo magnético [Wb];

cos(): fator de potência;

f: frequência [Hz];

L: indutor, indutância [H];

p: operador diferencial no tempo;

P: potência ativa [W];

Q: potência reativa [VAr];

s: escorregamento;

t: tempo [s];

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Lista de Siglas

CEFET-MG: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais; CEMIG: Companhia Energética de Minas Gerais;

CSP: Concentrating Solar Power (Energia Solar Concentrada);

DFIG: Doubly-Fed Induction Generator (Gerador de Indução Duplamente Alimentado);

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Capítulo 1

Introdução

1.1. Relevância do tema em investigação

O interesse pelo sistema de geração distribuída tem aumentado atualmente, em

razão da reestruturação do sistema de energia elétrica, do aproveitamento de diferentes

fontes primárias de energia, de avanços tecnológicos e também de uma maior

conscientização no aspecto socioambiental (VAZ, 2013). Fatos como o racionamento de

energia, no Brasil e em diversas partes do planeta, aceleram o desenvolvimento de

diferentes processos de geração de energia elétrica, fazendo com que ela se torne cada

vez mais diversificada, e aumentando assim a confiabilidade da geração.

Uma tecnologia que vem se mostrando como uma excelente alternativa para a

geração de energia é a térmico-solar, conhecida como CSP (Concentrating Solar Power).

Responsável por produzir energia limpa, ela poderá ser uma importante peça nas

matrizes energéticas dos países, principalmente para os que se encontram próximos à

faixa do equador, como o Brasil. Apesar de suas vantagens, é uma tecnologia ainda

pouco utilizada, que ao ser comparada com outras formas de geração, conta com poucas

centrais comerciais de larga escala. Isso ocorre devido a uma série de fatores, como por

exemplo, a economia de escala, que torna a CSP uma opção cara para geração de

eletricidade.

Para que esse tipo de tecnologia possa ser implantado em larga escala, são

necessários investimentos em pesquisa e inovação. No Brasil, utilizando a tecnologia de

concentradores solares, existem pouquíssimas unidades, sendo que um protótipo de

pequeno porte se encontra instalado no CEFET-MG. A usina instalada no CEFET-MG é,

contudo, apenas experimental, sem nenhuma pretensão comercial em larga escala,

sendo utilizada para o desenvolvimento de tecnologia. Trata-se de um protótipo de

usina térmico-solar utilizando concentradores cilíndricos parabólicos, que foi projetada

para fornecer 10 kW através do campo solar, cuja implementação ainda está incompleta.

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10

É necessário que se termine o circuito térmico e que se faça a geração de eletricidade

(VAZ, 2013).

Para que o sistema instalado no CEFET-MG funcione corretamente, deve-se fazer

uma escolha adequada do gerador para que a usina possa gerar energia para o sistema

elétrico. Uma solução interessante para a etapa de geração de eletricidade desta usina é

a utilização da máquina de indução como gerador de energia. Dentro do leque de

máquinas de corrente alternada disponíveis para o fornecimento de energia elétrica, o

gerador síncrono vem sendo a principal ferramenta responsável por fornecer energia

aos sistemas elétricos. Apesar disso, a máquina de indução também pode funcionar

como gerador, apresentando algumas vantagens interessantes em relação ao gerador

síncrono.

A máquina de indução se sobressai especialmente nos fatores econômicos, como

custos reduzidos (40% menor em média), ausência de fontes DC para excitação e

reduzida frequência de manutenção (WU, 2009). Ela é de construção mais simples, mais

barata, mais robusta e esta disponível em uma ampla faixa de potência e velocidade,

além de possuir alta densidade de potência (WU, 2009). A disponibilidade de inversores

de frequência torna o controle da máquina mais prático e fácil, variando de acordo com a

sua aplicação. Além disso, ela já vem sendo empregada, com sucesso, na geração de

energia em sistemas eólicos, e apresenta-se como uma alternativa atraente em

aplicações de micro e minigeração distribuídas (HAMMONS, 1996).

É importante ressaltar que uma característica interessante da máquina de

indução em relação à máquina síncrona é a relativa facilidade de conexão à rede e a

ausência de perda de sincronismo inerente ao gerador síncrono. Isso torna a interligação

com o sistema CEMIG mais interessante do ponto de vista operacional, já que o gerador

de indução não necessita de assessórios e dispositivos de sincronismo com a rede

elétrica.

Muitas vezes a conexão direta de geradores de indução à rede pode levar a

problemas de decaimento de tensão, que são causados pelas correntes exigidas pela

máquina de indução no instante da conexão, conhecidas como correntes de inrush.

Contudo, essas correntes podem ser minimizadas a partir de alguns métodos de conexão

da máquina à rede, como o método das resistências em série com o estator (GRILLO,

2008). Dessa forma, o problema das correntes de inrush na conexão do gerador com a

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rede pode ser minimizado, viabilizando a conexão da máquina ao barramento sem

prejuízos para a rede.

Outra característica importante é o fato da máquina de indução precisar de

potência reativa para a sua excitação na operação como gerador. Na operação

interligada à rede elétrica, essa potência pode ser consumida da mesma, o que não é

uma situação ideal, já que isso piora o fator de potência da rede aumentando a corrente

do sistema em operação e também as perdas da rede de distribuição. Capacitores são

normalmente conectados em paralelo com as fases do gerador para melhorar esse fator

de potência e fornecer a potência reativa gasta na excitação. Dessa forma, menos

corrente reativa precisa ser absorvida da rede e as perdas do sistema diminuem. As

concessionárias de energia geralmente exigem um fator de potência mínimo das

unidades geradoras distribuídas (WU, 2009). Caso esse limite não seja respeitado,

multas são aplicadas.

O banco de capacitores gera uma potência fixa, o que é suficiente para suprir a

demanda reativa da máquina. Porém, quando houver variação na energia reativa do

sistema, a quantidade de energia injetada na rede pelo capacitor será sempre a mesma.

Por essa razão, um controle mais completo da potência reativa é obtido por meio da

utilização de conversores eletrônicos, ao invés de banco de capacitores. Obtém-se assim

mais flexibilidade, já que se pode oferecer menos ou mais reativo, dependendo da carga

e da demanda da máquina. Com isso, o uso de conversores eletrônicos melhora e otimiza

a compensação da potência demandada pelo gerador.

A utilização de um conversor eletrônico aliado à máquina de indução constitui

uma solução já usual para o gerador de indução isolado da rede elétrica. Em (COSTA,

2013) e (NEVES, 2014), trabalhos realizados no CEFET, são desenvolvidos sistemas

eletrônicos de excitação baseados em um compensador eletrônico de três níveis. Uma

solução viável é utilizar o mesmo sistema de controle, que são utilizados para excitar a

máquina operando isolada, conectado à rede para compensar a potência reativa

demandada do gerador. Esse método ainda apresenta algumas vantagens, além do

sistema de controle otimizado da compensação de reativos do gerador, pode-se, ao

mesmo tempo em que se têm um sistema elétrico que demanda reativo, e na hipótese de

não se estar utilizando o gerador para gerar energia, usar o compensador

separadamente, somente pra compensar a potência reativa da rede. Assim, utiliza-se o

mesmo sistema de controle para ambos os casos, isolado e conectado à rede.

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12

Como sistema de energia conectado à rede, o gerador de indução, aliado ao

compensador de reativos, constituem um sistema completo de geração de forma simples

e eficiente. Dessa maneira, o gerador fornece a energia ativa para o sistema elétrico, e o

compensador fornece para a rede o reativo necessário para a compensação da energia

reativa absorvida pelo gerador.

Este trabalho desenvolve um sistema de geração de energia baseado em um

gerador de indução de rotor em gaiola e um conversor eletrônico de três níveis como

compensador de reativos, para solução da etapa de geração de energia elétrica do

projeto da usina Térmico-solar do CEFET-MG, complementando assim, os trabalhos já

realizados no CEFET-MG. O gerador de indução e um compensador de reativos

associados a uma usina térmico-solar constituem uma topologia que não tem sido muito

encontrada em artigos ou livros referentes à área, o que torna o trabalho útil no sentido

de se estudar algo até então não muito abordado.

1.2. Objetivos do trabalho

O objetivo deste trabalho é desenvolver um sistema de geração de energia

elétrica baseado em uma máquina de indução de rotor em gaiola e um conversor

eletrônico, tendo em vista a utilização futura na usina térmico-solar experimental do

CEFET-MG. O sistema desenvolvido é utilizado em aplicações conectadas à rede elétrica,

sendo também analisados os transitórios relacionados a esta conexão. É analisado

também o desempenho do sistema de compensação verificando a sua atuação para

diferentes velocidades do órgão primário.

1.3. Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho, inicialmente faz-se um levantamento do

cenário atual do uso da máquina de indução operando como gerador conectado à rede,

assim como sua operação isolada. Na sequência, faz-se um estudo sobre o sistema

proposto incluindo o seu modelo dinâmico e características de operação, conexão com a

rede e sistema de controle.

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Após a revisão dos conceitos teóricos, parte-se para a simulação em

MATLAB/SIMULINK da conexão da máquina à rede e do compensador de reativos, a fim

de se testar o modelo apresentado.

1.4. Organização do trabalho

Este trabalho é dividido em cinco capítulos, incluindo este de introdução. No

Capítulo 2 é apresentado o cenário atual do uso da máquina de indução na geração de

energia elétrica e as principais topologias utilizadas. O Capítulo 3 apresenta o

desenvolvimento da modelagem do sistema estudado neste trabalho, abordando o

controle dinâmico do compensador de reativos, além dos transitórios de conexão da

máquina de indução ao sistema elétrico e o inversor de três níveis utilizado. O Capítulo 4

exibe os resultados do sistema através de simulações realizadas em ambiente

MATLAB/SIMULINK® do sistema proposto, além da análise dos resultados obtidos. O

Capitulo 5 conclui o texto apresentando considerações sobre os resultados obtidos,

assim como possíveis melhorias na área.

Além dos cinco capítulos, o Apêndice A apresenta os parâmetros de simulação

utilizados no trabalho. O apêndice B traz o método analítico de obtenção da resistência

ideal a ser utilizada na conexão da máquina à rede. Já o Apêndice C apresenta as

equações dinâmicas da máquina em variáveis de fase.

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

14

Capítulo 2

O cenário atual do uso de máquinas de indução na geração de energia elétrica

2.1. Introdução

Este capítulo apresenta um panorama geral da utilização da máquina de indução

como gerador, tanto na geração isolada como na geração conectada à rede, citando

alguns trabalhos que tratam do tema. Sendo assim, são descritas algumas topologias

utilizadas em cada um desses casos, além de suas respectivas características e

aplicações.

2.2. Gerador de indução conectado à rede.

Uma condição necessária para que a máquina assíncrona opere como gerador é o

fornecimento de uma potência reativa suficiente para excitá-la. Estando operando

conectada à rede, a máquina absorve essa potência reativa do próprio sistema elétrico

(NAILEN, 1983).

A utilização da máquina de indução como gerador não é tão recente. Em (NAILEN,

1983), já eram analisados os benefícios do uso do gerador de indução com rotor em

gaiola conectado à rede em detrimento do amplamente utilizado gerador síncrono. O

artigo cita algumas vantagens da máquina de indução em relação à máquina síncrona,

como construção simplificada, robustez, menor custo, baixa frequência de manutenção,

controle simples, fácil operação e proteção da máquina, facilidade de conexão e

desconexão da rede e alta densidade de potência (W/Kg), reduzindo o tamanho da

máquina. A tensão e a frequência também são facilmente reguladas, já que esses

parâmetros são controlados inteiramente pela rede. O gerador, porém, piora o fator de

potência da rede por consumir reativo. O artigo cita um caso especifico da utilização do

gerador para se reaproveitar vapor produzido em processos industriais para se gerar

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15

energia elétrica. Já que o custo da máquina de indução é menor, ela pode ser facilmente

empregada em cogeração, obtendo-se assim uma vantagem técnica e econômica.

Essas características também são abordadas por (HAMMONS, 1996), em que

consta o uso do gerador de indução com rotor gaiola conectado à rede e acoplado a uma

turbina a vapor. O artigo descreve as vantagens já citadas em (NAILEN, 1983) e algumas

desvantagens, como a redução do fator de potência e a dificuldade de se operar isolada

da rede elétrica. Esse modo de operação não era viável na época, mas foi posteriormente

viabilizado e implementado devido à evolução da eletrônica de potência.

(HAMMONS, 1996) analisa e compara o gerador de indução ao gerador síncrono

também quanto ao seu rendimento e características de operação, assim como o seu

desempenho frente a distúrbios na rede e a transitórios de curto-circuito em seus

terminais. A Figura 2.1 apresenta a configuração apresentada para efetuar a análise.

Nela, o gerador acionado por uma turbina é conectado à rede utilizando-se um

transformador. O autor conclui que o gerador de indução não perde o sincronismo

frente a distúrbios e faltas na rede e que seu fator de potência pode ser controlado e

melhorado utilizando um compensador estático, ou um banco de capacitores conectado

aos seus terminais.

Figura 2.1- Configuração utilizada em (HAMMONS, 1996).

Ainda sobre o gerador de indução com rotor gaiola, em (WU, 2009) é realizado

um estudo da máquina diretamente conectada à rede de distribuição, analisando

distorções harmônicas geradas pela máquina através de modelagem computacional. O

trabalho tem como diferencial a consideração da saturação magnética em sua análise de

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16

uma forma geral, levando-se em consideração a condição de carga do gerador e o efeito

distorcivo da corrente, inserindo componentes harmônicas na rede inerentes à

característica de saturação magnética do gerador. Neste trabalho, o gerador é conectado

à rede sem um banco de capacitores para a compensação de reativos, simplificando

assim a sua operação e conexão, mas absorvendo da própria rede energia reativa para a

sua excitação.

Já em (HOMRICH, 2013) é realizada uma análise da regulação de tensão do

gerador de indução tanto para o seu caso isolado da rede quanto para a máquina

conectada à rede. São descritas ainda formas de conexão da máquina de indução ao

barramento. O artigo faz uma analise do comportamento da máquina com base em

modelos matemáticos do gerador. Neste caso, não é utilizado nenhum tipo de controle

ou conversor para operar e excitar a máquina. No caso apresentado, apenas um banco

de capacitores é utilizado para compensar a potência reativa consumida da rede, como

pode-se observar pela Figura 2.2, que mostra a configuração utilizada neste trabalho.

São obtidos resultados satisfatórios na relação custo-benefício e facilidade de operação.

Porém, esta topologia apresenta desvantagens técnicas e de desempenho quando

comparada a métodos de controle mais sofisticadas, como o compensador estático de

reativos.

Figura 2.2- Topologia utilizada por (HOMRICH, 2013) para o gerador de indução conecto à rede.

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

17

Em se tratando de máquinas de indução, os geradores de indução duplamente

excitados DFIG (“doubly-fed induction generator”) são os mais utilizados atualmente,

especialmente em aerogeradores. Um dos principais motivos é o fato de se demandar

um conversor de apenas 30% da potência da máquina. Além disso, destaca-se o fato

desta configuração ter a capacidade de controle independente de potência ativa e

reativa. Porém, o maior inconveniente deste sistema é a sua sensibilidade a distúrbios

da rede elétrica, durante a ocorrência de afundamentos de tensão. Isso se deve

principalmente, a sua conexão do enrolamento de estator à rede (OLIVEIRA, 2009).

Vários artigos tratam do gerador DFIG conectado á rede elétrica. Em (MENDES,

2013) analisa-se o comportamento dos aerogeradores de indução duplamente excitados

durante afundamentos de tensão equilibrados e desequilibrados. Pelo mundo, os

códigos de rede mais modernos contemplam requisitos específicos para conexão de

usinas eólicas às redes elétricas. Dentre esses requisitos está a suportabilidade dos

equipamentos aos afundamentos momentâneos de tensão, que indica os limites para

desconexão das turbinas eólicas durante estes distúrbios. Além de operar

continuamente durante os afundamentos de tensão, alguns códigos de rede requerem

ainda o fornecimento de potência reativa para auxiliar na estabilização da rede. Dentro

deste contexto, o trabalho realiza equacionamentos matemáticos no domínio do tempo e

da frequência que explicam o comportamento das principais variáveis envolvidas no

processo, bem como a influência do ajuste do controle clássico em tais variáveis.

Posteriormente, resultados experimentais são utilizados para evidenciar o

comportamento do gerador e conversores.

Os resultados obtidos por (MENDES, 2013) demonstram algumas fragilidades do

sistema. Sendo assim, a partir de tais resultados novas estratégias de controle, a fim de

melhorar a suportabilidade dessa tecnologia, são propostas. O controle da corrente de

magnetização do gerador é utilizado durante afundamentos equilibrados e para o caso

desequilibrado este controle é utilizado em conjunto com controladores ressonantes.

Tais estratégias são avaliadas através de simulação e testes experimentais

demonstrando-se a melhoria da suportabilidade durante os afundamentos

momentâneos de tensão.

Também baseado no gerador DFIG, (OLIVEIRA, 2009) tem como objetivo o

estudo e desenvolvimento de estratégias de controle para manter aerogeradores com

esta tecnologia, conectados à rede elétrica. Adicionalmente, é feito o aprimoramento da

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

18

capacidade de prover suporte á rede, através da injeção de potência reativa. É também

analisado o comportamento dinâmico do gerador de indução duplamente alimentado,

identificando os principais problemas associados ao controle deste sistema de geração.

Figura 2. 3- Topologia implementada em (VOLTOLINI, 2007).

Em (VOLTOLINI, 2007) realiza-se uma análise de dois tipos de geradores

duplamente alimentados, com escovas e sem escovas, em sistemas eólicos com

velocidade variável. A Figura 2.3 mostra uma configuração usual do gerador DFIG,

utilizada neste trabalho. Nela, pode-se observar o conversor conectado em paralelo com

a máquina, e que por esse motivo, o mesmo pode ser dimensionado com uma potência

em cerca de 1/3 da potência nominal da máquina. (VOLTOLINI, 2007) implementa

modelos e o controle vetorial utilizando ambiente de simulação MatlabSimulink. O autor

conclui que o gerador sem escovas pode substituir o gerador com escovas, em sistemas

eólicos, associando a robustez das máquinas sem escovas com baixo custo dos

conversores de potência utilizados nos geradores duplamente alimentados.

O mesmo gerador de Indução duplamente alimentado é utilizado também

conectado ao sistema elétrico e acionado por uma central eólica em (SILVA, 2006). Este

trabalho desenvolve estratégias de controle discreto para o sistema de geração eólica, de

forma a melhorar a qualidade da energia gerada. A qualidade da energia é diretamente

afetada pelos diversos regimes e transitórios de vento, que fazem com que a tensão e

frequência gerada variem.

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

19

O gerador de indução duplamente alimentado é uma solução bastante utilizada

nos geradores eólicos com potências da ordem de até 5 MW (VOLTOLINI, 2007). Este

sistema de geração, apesar de ser uma solução técnica, economicamente viável e

bastante aplicada, apresenta, além de desvantagens já citadas, a questão de se exigir a

manutenção das escovas, além ser um gerador de construção mais complexa do que o

gerador de rotor em gaiola, e consequentemente possuir um preço mais elevado.

Em (CAMPOS, 2004) é feita a comparação de viabilidade financeira usando dois

diferentes tipos de geradores de indução, com rotor gaiola e rotor bobinado em anéis.

Essa topologia é analisada acoplada à rede e acionada por uma usina eólica, sendo

avaliado o desempenho global da usina, avaliando a viabilidade técnica da usina em dois

pontos da cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul.

Com um foco maior na operação global do sistema, em (COSTA, 2005) apresenta-

se também um estudo detalhado sobre os impactos provocados pela conexão de

geradores síncronos e de indução em redes de distribuição, com a intenção de se

determinar as principais diferenças entre essas máquinas. O uso de geradores de

indução mostrou-se bastante pertinente no caso de redes com restrições de valores de

curto circuito, já que essas máquinas não fornecem correntes de falta de forma

sustentada, além disso, permitem a detecção de falta utilizando relés de sub/sobre

tensão.

2.3. Gerador de Indução Isolado da Rede Elétrica

Embora este trabalho aborde o gerador assíncrono conectado diretamente á rede,

o sistema proposto e discutido no Capitulo 1, pode operar tanto conectado à rede quanto

isolado. Alguns artigos relacionados ao gerador de indução isolado apresentam soluções

de controle interessantes que podem, ao mesmo tempo em que são utilizados no sistema

de excitação da máquina de indução, serem utilizados como compensador de reativos

conectado diretamente ao sistema elétrico. Este é o caso da solução apresentada neste

trabalho.

Para o caso do gerador isolado da rede elétrica, o grande desafio é conseguir

gerar tensão e frequência com valores aceitáveis para a carga, sendo assim, existem

algumas topologias para o controle da máquina, baseadas em conversores estáticos que

permitem obter uma geração satisfatória de tensão e frequência para a carga.

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

20

Uma configuração bastante semelhante à (CAMPOS, 2004), citado na seção 2.3, é

aplicada em (JARDAN, 2008) com um gerador de indução duplamente alimentado

conectado a um conversor duplo em ligação "back-to-back". Neste caso, o sistema é

acoplado a pequenas centrais de cogeração em processos industriais, para fornecer

alimentação para cargas específicas isoladas da rede, assim como conectado ao sistema

elétrico.

Em (LYRA, 1994) é desenvolvido um sistema de excitação de alto desempenho

para o gerador de indução com rotor gaiola, baseado em um conversor PWM de dois

níveis controlado por corrente, para aplicação isolada acionado por turbinas eólicas.

Esse sistema opera à velocidade de acionamento variável, e mantem sua tensão e

frequência de saída constante, independente da variação da velocidade no órgão

primário.

Para isso, (LYRA, 1994) implementa a técnica de orientação pelo campo segundo

o vetor de fluxo estatórico. Esta variável é utilizada para permitir uma melhor interação

entre o controle do fluxo no gerador e o controle no compensador de reativos PWM.

O compensador de reativos PWM necessita, para o seu funcionamento, de uma

energia inicial armazenada no capacitor conectado ao ramo CC do inversor, que garanta

a capacidade de forçar a corrente desejada. Para a operação conectada à rede, a energia

necessária para se carregar o capacitor pode ser proveniente do sistema elétrico, como é

o caso do sistema proposto neste trabalho. Já para a operação isolada existem alguns

métodos de inicialização do compensador, como o método de fluxo remanente; bateria e

corrente forçada. Isso possibilita além da inicialização a baixa tensão, a operação com

menores estresses sobre o compensador e a carga, garantindo a mesma distorção

harmônica na rede e na faixa de frequência de chaveamento com a variação da

velocidade (LYRA, 1994).

O controle mantém o fluxo em seu valor nominal, evitando assim a saturação do

gerador, fazendo com que ele não atue em um ponto indesejado de sua curva de

saturação, isso acarreta um aumento das perdas no processo de excitação gerando

instabilidade nos transitórios de carga. Sendo assim, o controle garante que a máquina

opere em seu ponto ótimo, gerando estabilidade e eficiência na operação do gerador

(LYRA, 1994).

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

21

Em (NEVES, 2014), é utilizado um sistema bastante similar ao proposto neste

trabalho, utilizando também um conversor eletrônico de 3 níveis, isolado da rede

elétrica. O trabalho possui diversas características em comum com (LYRA, 1994),

apresentando ainda alguns avanços em relação ao conversor utilizado e o sistema de

controle. A Figura 2.4 ilustra a configuração analisada em (NEVES, 2014). Nele

desenvolve-se um sistema eletrônico de excitação baseado em um compensador

eletrônico para uso em geradores de indução isolados da rede elétrica, acionados por

turbinas eólicas. O sistema de excitação abordado no trabalho é composto por um

inversor trifásico de três níveis controlado por tensão e a geração de reativos é baseada

nos conceitos de potência real e imaginária instantâneas. O emprego de conversores de

três níveis ao invés da topologia clássica de dois níveis apresentada em (LYRA, 1994) se

mostra como uma solução interessante, pois além de ser aplicável em baixas e altas

potências, permite o controle seletivo de harmônicos.

Figura 2. 4- Diagrama esquemático do sistema utilizado em (NEVES, 2014)

Em (LYRA, 1994), (MIRANDA, 1997) e (NEVES 2014) foram implementados os

compensadores estáticos com o objetivo de controlar a excitação do gerador de indução.

Porém, (NEVES, 2014) faz uma análise da operação deste sistema utilizando um

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

22

conversor de 3 níveis, diferente dos demais. Essa configuração é desenvolvida neste

trabalho, porém aplicada conectada a rede, utilizando o conversor de 3 níveis como um

compensador de reativos PWM, para se compensar a potência absorvida da rede pelo

gerador.

2.4. Conclusões

Neste capítulo foi discutido o uso da máquina de indução operando como gerador

de energia, analisando trabalhos que tratam tanto de aplicações isoladas como também

conectadas à rede. Foi mostrado que a máquina de indução possui algumas

características interessantes em relação à máquina síncrona, como construção

simplificada, robustez, menor custo, baixa frequência de manutenção e facilidade de

conexão e desconexão da máquina.

Em termos de geração de energia, o gerador de indução em gaiola conectado à

rede é por vezes utilizado com um banco de capacitores para compensar a potência

reativa consumida da rede. Obtêm-se assim resultados satisfatórios na relação custo-

benefício e facilidade de operação. Porém, esta topologia apresenta desvantagens

técnicas e de desempenho quando comparada a métodos de controle mais sofisticados,

como o compensador estático de reativos.

Em se tratando de máquina de indução em sistemas de geração, foi visto que o

gerador DFIG é o mais amplamente utilizado. Porém, apesar de ser uma solução técnica

e economicamente viável, apresenta desvantagens. O gerador DFIG é de construção

mais complexa do que o gerador de rotor em gaiola, e consequentemente possui um

preço mais elevado, além de se exigir manutenção periódica das escovas.

Sobre o gerador isolado da rede, alguns artigos relacionados apresentam

soluções de controle interessantes, utilizando um conversor para controlar a excitação

da máquina. Dentre as principais vantagens do uso deste tipo de conversor na geração

de reativos para geradores de indução, pode-se destacar a possibilidade de

implementação de um sistema de controle vetorial, além do aumento da estabilidade do

sistema, redução de harmônicos e de perdas nas correntes de linha.

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

23

Estes sistemas de controle podem, ao mesmo tempo em que são utilizados no

sistema de excitação da máquina de indução, serem utilizados como compensador de

reativos conectado diretamente ao sistema elétrico. O sistema de controle da excitação

do gerador isolado estudado em (NEVES, 2014) servirá como base na implementação do

sistema desenvolvido neste trabalho.

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

24

Capítulo 3

Modelagem do sistema e funcionamento

3.1. Introdução

Este capítulo apresenta o sistema de geração de energia operando conectado à

rede elétrica. O capítulo é dividido em sete seções. A primeira é esta de introdução. A

segunda apresenta uma visão geral do sistema de geração de energia. Na terceira, é feita

uma descrição do método e sistema de controle utilizado para compensar a potência

reativa do gerador. Na quarta seção, desenvolve-se o modelo dinâmico do gerador de

indução, destacando-se as equações que regem o funcionamento da máquina. A quinta

apresenta o método de conexão à rede utilizado. Já na sexta seção, é feita a apresentação

do conversor de três níveis, destacando-se suas características, princípios de

funcionamento e vantagens. A sétima e ultima seção conclui ressaltando o que foi

apresentado no capítulo.

3.2. Visão geral do sistema de geração de energia

Um diagrama do sistema de geração de energia elétrica utilizado neste trabalho é

mostrado na Figura 3.1. Ele consiste basicamente de um gerador de indução de rotor em

gaiola e um sistema de compensação de reativos baseado em um conversor PWM de três

níveis. Para se fornecer potência para a rede, o gerador de indução é acionado por uma

turbina a vapor, sendo este o órgão primário que fornece energia mecânica ao sistema.

Para a operação do sistema, inicialmente, conecta-se o compensador de reativos á

rede, e posteriormente, o gerador é conectado à rede. Para se conectar o gerador de

indução ao sistema elétrico, são utilizados resistores e chaves de comando, diminuindo

assim seus transitórios de conexão. A seção 3.4, dá uma visão detalhada deste método de

conexão.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

25

A potência reativa necessária para suprir a potência consumida da rede pela

máquina é fornecida através do compensador de reativos. Por sua vez, o controle deste

compensador é feito através de um microprocessador digital de sinais-DSP, o qual utiliza os

parâmetros medidos de corrente do gerador e do compensador, além de tensão e corrente

na rede, a fim de se obter a resposta necessária a ser aplicada no compensador de reativos

PWM de 3 níveis para que este forneça para a rede exatamente a mesma potência

demandada pela máquina. A seção 3.3 descreve a estratégia de controle utilizada.

A partir do momento que o gerador está conectado a rede e o sistema de controle

funcionando, o sistema de geração opera fornecendo potência ativa para a rede de

acordo com a velocidade da turbina, sem que o gerador absorva potência reativa da

rede, já que o sistema de controle e o compensador atuam para injetar a energia reativa

na rede necessária para compensar o reativo absorvido pela máquina.

As seções a seguir apresentam um maior detalhamento dos subsistemas que

compõe o sistema de geração de energia.

Figura 3. 1 - Diagrama esquemático simplificado do sistema

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

26

3.3. Sistema de controle do compensador de reativos

A Figura 3.3 mostra o diagrama de blocos do sistema de controle do

compensador de reativos estudados neste trabalho.

Figura 3. 2–Sistema de controle do compensador de reativos

Sendo assim, com base na orientação da Figura 3.2, consideram-se as seguintes

equações de tensão entre a saída do inversor e o estator do gerador:

𝑒𝑎 = 𝑅𝑖𝑎 + 𝐿𝑑𝑖𝑎

𝑑𝑡+ 𝑣𝑎 (3.1)

𝑒𝑏 = 𝑅𝑖𝑏 + 𝐿𝑑𝑖𝑏

𝑑𝑡+ 𝑣𝑏 (3.2)

𝑒𝑐 = 𝑅𝑖𝑐 + 𝐿𝑑𝑖𝑐

𝑑𝑡+ 𝑣𝑐 (3.3)

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

27

Onde 𝑣𝑎 , 𝑣𝑏 e 𝑣𝑐 são as tensões nas fases de saída de inversor e 𝑒𝑎, 𝑒𝑏 e 𝑒𝑐 são as

tensões nas fases da rede;

R e L são respectivamente as resistências e indutâncias entre o inversor e o

gerador/rede.

A técnica de controle do compensador de reativo utilizada neste trabalho é o

controle vetorial. Diferente do controle escalar, o controle vetorial possibilita o controle

do módulo e do ângulo de fase de uma variável, a qual é representada por um vetor.

O compensador estático de reativos com controle linear é implementado em um

sistema de eixos dq girante em sincronismo com a rede. Neste sistema, o eixo direto é

alinhado com o vetor tensão da rede, girando a velocidade “𝜔 = 𝜔𝑒" (STOPA, 1997) As

variáveis deste sistema de referência são mostradas na Figura 3.3.

Figura 3. 3–Variáveis do eixo de referência utilizadas na orientação do sistema apresentado neste trabalho

As equações de tensão, em coordenadas d-q girantes, podem ser descritas como:

𝑒𝑑 = 𝑅𝑖𝑑 + 𝐿𝑑𝑖𝑑

𝑑𝑡+ 𝑣𝑑 − 𝑗𝜔𝐿𝑖𝑞 (3.4)

0 = 𝑅𝑖𝑞 + 𝐿𝑑𝑖𝑞

𝑑𝑡+ 𝑣𝑞 + 𝑗𝜔𝐿𝑖𝑑 (3.5)

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

28

No sistema adotado, a componente em quadratura da tensão é zero, já que esta

está alinhada como o eixo d de referência. Sabendo deste fato, as potências ativa e

reativa absorvidas da rede podem ser simplificadas e consideradas como:

𝑝 = 𝑒𝑖𝑑 (3.6)

𝑞 = 𝑒𝑖𝑞 (3.7)

Logo, o controle da potência reativa pode ser feito através da componente de

corrente em eixo em quadratura 𝑖𝑞, ao passo que a potência ativa do conversor, pode ser

controlada atuando-se na corrente em eixo direto 𝑖𝑑.

O conversor conectado à rede opera como “Boost”, procurando manter constante

a tensão no elo CC, além de suprir a demanda de potência reativa do gerador. A

estrutura de controle do compensador estudado neste capitulo tem a função de manter a

potência reativa drenada da rede pelo gerador igual a zero, fazendo com que toda

potência reativa fornecida a ele seja suprida pelo compensador estático. O controle da

tensão na parte CC e o controle da potência reativa exigem que as correntes de entrada

da rede e as correntes do gerador sejam controladas, porém, o conversor atua apenas

nas correntes "𝐼𝑑"e "𝐼𝑑" que percorrem o seu ramo. Sendo assim, o controle atuará

nessas correntes para controlar/limitar as demais correntes do sistema. O método de

controle da corrente utilizado neste trabalho é o controle linear (STOPA, 1997).

Na configuração da Figura 3.2, o erro de tensão do capacitor é alimentado a um

controlador PI para gerar um valor de referência “𝐼𝑑" para a componente de eixo direto

da corrente. A referência da componente de eixo em quadratura “𝐼𝑞" é feita igual ao

negativo da corrente “𝐼𝑞" vinda do ramo do gerador, de forma a fazer com que a energia

reativa demandada pelo gerador seja igual à energia reativa fornecida pelo conversor,

Dessa forma a rede não necessita fornecer energia reativa para a máquina, essa energia

reativa é fornecida inteiramente pelo compensador.

As tensões da rede são transformadas em componentes "𝑒𝑑"𝑒 "𝑒𝑞" em eixos

estacionários, no bloco ABC/𝛼𝛽 e, em seguida, em coordenadas polares, resultando na

amplitude da tensão "𝑒" e ângulo "𝜃" (𝜃 = 𝜔𝑡), o qual será o ângulo de referência para a

orientação do sistema. Os sinais medidos "𝐼𝑎", "𝐼𝑏" ,"𝐼𝑐" são transformados nas

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

29

componentes de eixo direto e em quadratura "𝐼𝑑" 𝑒 "𝐼𝑞" no outro bloco ABC/DQ. Este

bloco utiliza o ângulo do vetor tensão da rede para orientação dos sistemas de eixos.

Estes sinais são alimentados ao controlador linear gerando as referências de tensão

"𝑉𝑑∗" 𝑒 "𝑉𝑞

∗" . Após nova transformação de eixos, gera-se os sinais de referência "𝑉𝑎∗",

"𝑉𝑏∗", "𝑉𝑐

∗" a serem sintetizados pelo modulador PWM.

Nas equações (3.4) e (3.5) nota-se a presença dos termos 𝑗𝜔𝐿𝑖𝑑 acoplando os

canais de eixo direto e em quadratura. Para que o controle das correntes de eixo direto e

em quadratura possa ser feito atuando-se independentemente nas componentes de

tensão "𝑉𝑑" e "𝑉𝑞" é necessário que se faça o desacoplamento entre estes canais. Isto é

feito na Figura 3.2 através da adição destes termos na saída dos controladores PI. O

termo do tipo fem "𝑒" no canal direto também é compensado (equação 3.4) (STOPA, 97).

3.4. Modelo dinâmico da máquina de indução

3.4.1. Equações da máquina em eixos d-q

O processo de simulação dinâmica do sistema proposto é de grande importância,

uma vez que as estratégias e configurações são testadas e avaliadas antes de sua

implementação, evitando assim um desperdício desnecessário de recursos. Por essa

razão, é necessária uma representação matemática adequada do sistema (EKANAYAKE,

2003). A convenção das correntes utilizada na determinação das equações é descrita na

Figura 3.1, e é a convenção motora, conforme (KRAUSE, 2002).

O modelo dinâmico da máquina de indução pode ser representado em um

sistema de eixos de referência rotativos, girando a uma velocidade 𝜔 em sincronismo

com a rede.

Neste sistema de eixos, as componentes de eixo direto e em quadratura da tensão

de estator são dadas por:

𝑣𝑑𝑠 = 𝑟𝑠 . 𝑖𝑑𝑠 − 𝜔. 𝜆𝑞𝑠 +𝑑𝜆𝑑𝑠

𝑑𝑡

(3.8)

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

30

𝑣𝑞𝑠 = 𝑟𝑠 . 𝑖𝑞𝑠 − 𝜔. 𝜆𝑑𝑠 +𝑑𝜆𝑞𝑠

𝑑𝑡

(3.9)

Onde 𝑖𝑑𝑠 e 𝑖𝑞𝑠 são as componentes de eixo direto e em quadratura da corrente de

estator e 𝜆𝑞𝑠 e 𝜆𝑑𝑠 são as componentes de eixo e quadratura e direto do enlace de fluxo

de estator. Considerando uma máquina de rotor em gaiola (curto-circuitado), as

equações de tensão do circuito de rotor são dadas por:

0 = 𝑟𝑟 . 𝑖𝑑𝑟 − (𝜔 − 𝜔𝑟). 𝜆𝑞𝑟 +𝑑𝜆𝑑𝑟

𝑑𝑡

(3.10)

0 = 𝑟𝑟 . 𝑖𝑞𝑟 − (𝜔 − 𝜔𝑟). 𝜆𝑑𝑟 +𝑑𝜆𝑞𝑟

𝑑𝑡

(3.11)

Onde ωr 𝑒 ω representam a velocidade angular do rotor e dos eixos girantes d e

q, respectivamente.

As componentes de enlace de fluxo de estator e de rotor podem ser expressas em

função das correntes da seguinte forma:

𝜆𝑑𝑠 = 𝐿𝑠 . 𝑖𝑑𝑠 + 𝐿𝑚. 𝑖𝑑𝑟

(3.12)

𝜆𝑞𝑠 = 𝐿𝑠 . 𝑖𝑞𝑠 + 𝐿𝑚. 𝑖𝑞𝑟 (3.13)

𝜆𝑑𝑟 = 𝐿𝑟 . 𝑖𝑑𝑟 + 𝐿𝑚. 𝑖𝑑𝑠

(3.14)

𝜆𝑞𝑟 = 𝐿𝑟 . 𝑖𝑞𝑟 + 𝐿𝑚. 𝑖𝑞𝑠 (3.15)

Onde 𝐿𝑠, 𝐿𝑟 são as indutâncias de estator e de rotor respectivamente e 𝐿𝑚 é a

indutância de magnetização da máquina.

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

31

Os sub-índices d e q representam as componentes direta e em quadratura,

respectivamente, assim como os sub-índices s e r correspondem às variáveis de estator e

rotor, respectivamente.

O conjugado eletromagnético desenvolvido pela máquina pode ser escrito em

função dos fluxos e correntes de estator como:

𝑇𝑒 =3

2 . 𝑝. (𝜆𝑞𝑠. 𝑖𝑞𝑠 − 𝜆𝑞𝑠. 𝑖𝑑𝑠)

(3.16)

As potências ativa e reativa também podem ser representadas em eixos dq

síncronos com a rede da seguinte maneira (STOPA, 97):

𝑝 = (𝑒𝑑. 𝑖𝑑 + 𝑒𝑞 . 𝑖𝑞)

(3.17)

𝑞 = (𝑒𝑑. 𝑖𝑑 − 𝑒𝑞 . 𝑖𝑞)

(3.18)

3.5. Método de conexão da máquina ao barramento

3.5.1. Procedimento de conexão

Diferente do Gerador Síncrono, o gerador de indução não precisa

necessariamente estar sincronizado em tensão, frequência e fase com a rede para ser

conectado. Já que é possível minimizar os efeitos, aplicando uma determinada sequência

de manobras para se conectar o gerador á rede.

Com o gerador desconectado, pode-se aumentar a velocidade da máquina

primária até que ela atinja a velocidade síncrona. Dessa forma, ao aplicar tensão nos

terminais do gerador, não existirá movimento relativo entre o campo e o rotor, assim, a

máquina pode ser conectada. (SILVA, 2006). Porém, mesmo estando na velocidade

síncrona, existe uma corrente presente no momento da conexão. Isso acontece, pois o

gerador se comporta como um transformador em curto-circuito para a rede enquanto o

estator ainda não está completamente magnetizado e apresenta pequena reatância para

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

32

a corrente. Essas correntes, chamadas de correntes de inrush, podem produzir

afundamentos de tensão (GRILO, 2008) (HAMMONS, 1994). Por essa razão, é utilizado

neste trabalho um método de conexão baseado da inserção de resistores em série com o

gerador, de forma a diminuir essas correntes transitórias.

Isto é um modo de reduzir as correntes de energização. Este método é baseado no

fato de que a magnitude inicial de correntes de energização será limitada pela

resistência em serie. Desse modo, assim que a máquina é magnetizada, e é passado o

transitório de conexão, os três resistores em serie são curto-circuitados. (GRILO, 2008)

Esse método é retratado na Figura 3.4 e explicado em detalhes na Seção 3.5.2. O

método é baseado em duas etapas. Antes da energização do gerador, o órgão primário

acelera o rotor até um valor próximo da velocidade síncrona. Em seguida, estando a

chave 2 aberta (resistores inseridos em série), a chave 1 está fechada e o gerador é

energizado. No passo 2, uma vez que as correntes alcançam os seus valores de regime

permanente, os resistores em série são curto-circuitados através da chave 2. Devido a

diminuição de resistência, as correntes de transitório vão aumentar da etapa 1 para a

etapa 2 (GRILO 2008).

Figura 3. 4 - Diagrama simplificado de conexão (GRILO, 2008).

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

33

3.5.2. Determinação do valor otimizado da resistência de partida

Os valores dos resistores utilizados na conexão do gerador ao sistema irão

determinar a magnitude das correntes transitórias nos dois passos. Portanto, a

efetividade do método depende da grandeza do resistor em série (GRILLO, 2008).

A Figura 3.5 reproduz duas curvas apresentadas em (GRILLO, 2008) que

mostram a relação entre o valor da resistência e o pico máximo da corrente inrush para

cada etapa. Os valores simulados para a obtenção da Figura abaixo são de uma máquina

de 2MVA, 1800 RPM, 690 V, 60 Hz, Essas curvas são obtidas através de repetidas

simulações com o objetivo de determinar o maior pico de corrente de inrush máximo

para cada passo para diferentes valores de resistência. Essa é a mesma estratégia

adotada neste trabalho.

Figura 3. 5 - Valor máximo da corrente Inrush versus resistência em série com o estator para as duas etapas de conexão (GRILO, 2008).

Analisando a Figura 3.5, é possível perceber que ambas correntes variam com o

valor da resistência em série e existe um valor de resistência que é comum às duas

etapas, e que corresponde a um valor de corrente que é ótimo para ambas as etapas.

Este valor otimizado da resistência corresponde à interseção das curvas de corrente

para as etapas 1 e 2. No estudo apresentado em (GRILLO, 2008) e reproduzido na Figura

3.5, o valor desse resistor é de 0,35 e o máximo valor de corrente de inrush é de 1,50

kA. Os resultados desse método aplicado ao sistema proposto neste trabalho estão

descritos no capitulo 4.

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

34

Embora os valores máximos da curva de corrente inrush versus a resistência em

serie das etapas 1 e 2 descritas nesta sessão do método de conexão possam ser obtidos

por simulações dinâmicas repetidas, isto é um processo que consome muito tempo.

Assim, existe uma outra maneira de se fazer a escolha da resistência que consiste em

estabelecer uma expressão analítica da corrente inrush máxima para as etapas 1 e 2

separadamente como uma função do valor da resistência (GRILO,2008). Este método

analítico é descrito no Apêndice B. Os resultado obtidos e expressos no capitulo 4 advém

de simulações repetidas para a determinação do valor ótimo da resistência.

3.6. Conversor de três níveis

Nos últimos anos, a tecnologia de eletrônica de potência tem crescido juntamente

com a rápida evolução tecnológica. Diversas topologias, técnicas de acionamento,

controle e comando de conversores estáticos tem sido propostas por pesquisadores de

todo o mundo (NOVAES, 2000). E é nesse cenário que surge o inversor de frequência de

três níveis, introduzido em 1980 por (NABAE, 1981), o qual juntamente com a técnica de

controle dos interruptores por modulação por largura de pulso (PWM) é utilizado neste

trabalho.

3.6.1. Função, características, vantagens e aplicações

Um conversor CC/CA é utilizado com o propósito de fornecer uma tensão ou

corrente alternada, para um sistema controlado, que pode ser tanto um sistema

interligado à rede ou um sistema isolado.

Ao realizar a operação interligada à rede, em que a tensão é determinada pelo

sistema, o inversor injeta potência no sistema, através da inserção ou absorção de

corrente. Em sistemas isolados, o inversor fornece tensão para o sistema, variando suas

características de acordo com tipo de carga alimentada.

O conversor de 2 níveis é o tipo mais comumente utilizado. Porém, é possível

elencar alguns benefícios de se utilizar um conversor de 3 níveis, no seu lugar. O

controle a do inversor de 3 Níveis foi desenvolvido para reduzir a necessidade da

instalação de componentes adicionais para prover: redução de rompimento de isolação

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

35

do motor, problemas de rolamentos, dispersão de corrente, redução de ruídos audíveis.

Estima-se que o custo de um conversor 3 níveis seja em torno de 30% maior que um

conversor 6 pulsos e 15% maior que um conversor 12 pulsos, ambos em 2 níveis. Por

outro lado, ao se utilizar conversores PWM 2 Níveis normalmente é necessário adicionar

componentes como filtros, supressores e reatores, cabos especiais, para diminuir o

conteúdo harmônico no sistema, o que representa custos adicionais à aplicação, (NEVES,

2014). Por essas razões apresentadas no texto, o sistema deste trabalho é desenvolvido

com base na utilização do conversor de 3 níveis. A seção a seguir apresenta o

funcionamento deste conversor.

3.6.2. Funcionamento do conversor de três níveis

Para a análise do funcionamento do conversor, considera-se o esquema do

inversor trifásico de três níveis mostrado na Figura 3.6.

Figura 3. 6 - Inversor trifásico de três níveis (BOSE 2002) (NEVES, 2014).

Como o funcionamento de cada fase é idêntico, analisa-se somente uma fase,

resumindo o circuito conforme mostra a Figura 3.6.

Na Figura 3.7, os interruptores S1 e S2 compõem o semi-braço positivo, enquanto

que S3 e S4, o negativo. Os diodos grampeadores Dg1 e Dg2, juntamente com o comando

adequado dos interruptores, fazem com que a tensão na saída do inversor assuma

apenas três níveis possíveis: +Vi/2, 0 e –Vi/2. A função dos capacitores C1 e C2 é criar

um ponto comum com tensão 0V. (NEVES, 2014)

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

36

Figura 3. 7 - Esquema de um braço do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

O sistema é composto basicamente por cinco etapas, cada qual representada

pelos estados dos interruptores S1 à S4, denominadas de t1 a t5. Consideram-se todos os

componentes do sistema ideais e a carga sendo composta por um indutor em série com

um resistor. (NEVES, 2014)

No instante t1, as chaves S1 e S2 fecham simultaneamente, fazendo com que a

corrente flua através dos interruptores, e os diodos D1 e D2 permanecem bloqueando a

corrente no sentido oposto. A tensão na carga é Vi/2 e a rede entrega energia para a

carga, conforme Figura 3.8.

Figura 3. 8 - Instante t1 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

37

No instante t2 a chave S1 é aberta e a corrente da carga flui através do diodo

grampeador Dg1. A tensão de saída é 0V. Esta etapa termina quando a chave S2 abre. A

Figura 3.9 ilustra esta etapa. (NEVES, 2014)

Figura 3. 9 - Instante t2 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

No instante t3, S2 é bloqueado e os interruptores S3 e S4 são fechados. Como a

corrente iL(t) ainda não se inverteu, os diodos D3 e D4 entram em condução,

possibilitando que a parte da energia armazenada no indutor seja devolvida à rede. A

tensão de saída é –Vi/2. A Figura 3.10 ilustra esta etapa (NEVES, 2014).

Figura 3. 10 - Instante t3 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

A corrente iL(t) inverte de sentido no instante t4, bloqueando os diodos D3 e D4,

colocando em condução os interruptores S3 e S4. A tensão de saída é -Vi/2 e a rede

entrega energia para a carga, conforme a Figura 3.11.

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

38

Figura 3. 11 - Instante t4 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

Quando a chave S4 abre, a corrente flui através do diodo Dg2 e a tensão na carga

é nula. Ao final desta etapa, a chave S3 é aberta e o ciclo se repete. A Figura 3.12

representa esta última etapa.

Figura 3. 12 - Instante t5 do funcionamento do inversor de três níveis (NOVAES, 2000).

A Figura 3.13 mostra a forma de onda da saída nos cincos instantes descritos,

assim como o estado de cada chave.

A modulação por largura de pulso único descrita anteriormente é a de mais fácil

implementação, entretanto não apresenta uma taxa reduzida de distorção harmônica. A

técnica de modulação utilizada neste trabalho é a modulação por largura de pulso por

disposição de fase (PD-PWM), que apresenta uma melhor distorção harmônica. Uma

observação importante é que a comutação dos interruptores se dá sob corrente nula, o

que diminui o desgaste dos componentes.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

39

Figura 3. 13 - Forma de onda da tensão de saída do inversor (NEVES, 2014).

3.6.3. Modulação por largura de pulso por disposição de fases

Em aplicações de alta e média potência, em que a eficiente utilização da

capacidade de condução dos interruptores é um dos fatores principais, a escolha

adequada do princípio de modulação a ser empregado torna-se de extrema importância

(NOVAES, 2000) (NEVES, 2014). O elevado conteúdo de harmônicos presentes no tipo

de modulação descrito anteriormente é indesejável na maioria das aplicações. Dentre as

consequências de alto conteúdo harmônico no sistema, há o aquecimento excessivo de

condutores, motores, geradores e transformadores; desarmes aleatórios de disjuntores

e outros dispositivos de proteção; queimas inexplicáveis de fusíveis; ruídos excessivos

em painéis elétricos, transformadores e motores (NOVAES, 2000). Assim, tem-se como

objetivo adotar técnicas de modulação que tenham como característica inerente, a

reduzida amplitude de harmônicos de baixa ordem. O fato de se adotar uma modulação

a três níveis já implica em uma redução na amplitude dos harmônicos de baixa ordem,

quando comparada principalmente à modulação dois níveis (NEVES, 2014).

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

40

A técnica de modulação adotada neste trabalho é a modulação por largura de

pulso por disposição de fases (PD-PWM), a qual é normalmente usada no controle de

conversores multiníveis. Nesta estratégia de modulação as ondas portadoras são

dispostas com a mesma fase. Cada uma possui também a mesma amplitude e a mesma

frequência. Existe apenas uma diferença de nível CC entre elas. O número de portadoras

é definido como sendo o número de níveis desejados menos uma unidade, ou seja, se a

saída de determinado conversor apresenta três níveis, a modulação terá duas

portadoras. Geralmente estas portadoras são ondas triangulares de alta frequência que

são comparadas com um sinal senoidal. A Figura 3.14 ilustra os sinais das portadoras e o

sinal senoidal de referência para este tipo de estratégia de modulação (NEVES, 2014).

Figura 3. 14- Modulação por largura de pulso por disposição de fases (PD-PWM) (Neves, 2014).

Conforme observado em simulações realizadas, nota-se que os harmônicos de

baixa ordem, os quais são mais difíceis de serem filtrados, têm sua amplitude reduzida.

Já os harmônicos de maior amplitude são deslocados para a frequência de comutação

(NEVES, 2014).

3.7. Conclusões

Este capítulo apresentou o sistema a ser implementado neste trabalho,

descrevendo também os subsistemas que o compõem. Na primeira parte é feito o

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

41

desenvolvimento do sistema de controle. Ele baseia-se nas correntes 𝑖𝑑 e 𝑖𝑞 na saída do

compensador para controlar a potência reativa e a tensão de elo CC do conversor. Além

disso, as correntes são responsáveis por gerar sinais de tensão, os quais servem de

referência para a modulação PWM. A segunda parte apresentou o modelo dinâmico da

máquina de indução, apresentando as principais equações que regem seu

funcionamento em eixos dq0. Também foi apresentado o conversor de três níveis

utilizado, demonstrando seu funcionamento e suas aplicações, assim como o método de

conexão do gerador à rede aplicado a essa topologia, no intuito de mitigar as correntes

transitórias de conexão. Sendo assim, o capítulo cumpriu o papel de fundamentar os

conteúdos abordados e utilizados na implementação do sistema. O Capítulo 4 apresenta

a avaliação do funcionamento deste sistema.

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

42

Capítulo 4

Análise da operação e desempenho do sistema

4.1. Introdução

Este capítulo apresenta resultados de simulação do sistema proposto, sob

diversas condições de operação. Com base nestes resultados, avalia-se o desempenho do

sistema proposto. O capítulo é dividido em três partes: a primeira apresenta resultados

da simulação da conexão da máquina ao barramento, demonstrando as melhorias

obtidas com o método de conexão proposto. A segunda parte apresenta os resultados

obtidos durante a operação do sistema, sua inicialização e operação, e principalmente,

seu sistema de controle. A terceira parte apresenta a conclusão e observações.

Para a realização das simulações, é utilizada uma máquina de 2 cv, trifásica,

220V, 60 Hz, 1720 rpm, em ambiente MATLAB/SIMULINK®, com passo máximo de

integração de 5𝑥10−6 segundos, cujos parâmetros adicionais são detalhadamente

mostrados no Apêndice A. Esta máquina é a mesma máquina utilizada em (NEVES,

2014), em vista de implementação em laboratório, que já possui parâmetros bem

conhecidos e avaliados, e está disponível no CEFET-MG. A máquina de 10 cv, cuja

potência seria compatível com a usina na qual se deseja acoplar o sistema, conforme

descrito no Capítulo 1, não está disponível e não possui seus parâmetros conhecidos.

Porém, tendo em vista que a intenção é acoplar o sistema à usina térmico-solar do

CEFET-MG, a modificação para uma implementação futura em conjunto com a usina se

dará facilmente pela troca dos parâmetros do motor e redimensionamento dos

elementos para valores compatíveis com o sistema de 10 cv, já que o princípio de

funcionamento é exatamente o mesmo.

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

43

4.2. Análise da conexão do gerador à rede elétrica

Em um primeiro momento, a título de comparação, são demonstrados os

resultados da conexão da máquina sem resistores em série com o estator. A Figura 4.1

apresenta o diagrama implementado para a conexão direta do gerador à rede. Neste

caso, o gerador de indução é conectado diretamente com a rede, a fim de se obter uma

verificação da amplitude da corrente transitória.

Como definido na Seção 3.5.1, para se conectar a máquina de indução como

gerador à rede elétrica, ela deve ser acionada à velocidade síncrona. No caso da máquina

utilizada neste trabalho, essa velocidade é igual a 1800 RPM. Depois de estabelecida a

velocidade de rotação, o gerador de indução é conectado diretamente ao barramento.

Figura 4. 1– Diagrama para a conexão direta da máquina implementado no MatLab/Simulink.

A Figura 4.2 apresenta o transitório de corrente na fase A de estator quando da

conexão da máquina síncrona à rede elétrica. O gerador é conectado à rede no instante

t= 0 da figura.

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

44

Figura 4. 2– Valores de corrente de estator na fase A para a conexão direta da máquina.

É possível verificar um pico de corrente de estator, conforme previsto e discutido

no Capítulo 3. Aplicando-se o método descrito na Seção 3.4.2 na máquina utilizada neste

trabalho para se encontrar o valor otimizado do resistor a ser inserido em série com o

estator, obtém-se a curva apresentada na Figura 4.3.

Figura 4. 3– Máxima corrente de Inrush versus valor de resistor em série, para as duas etapas do método de conexão do gerador à rede.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

Tempo (s)

Corr

ente

na F

ase A

de e

sta

tor

(A)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

10

20

30

40

50

60

X: 5

Y: 15.38

Resistencia em série (ohm)

Máxim

a c

orr

ente

de I

nru

sh (

A)

Etapa 1

Etapa 2

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

45

Como já abordado na seção 3.4.2, o ponto de interseção das duas curvas de

corrente versus resistência para ambas as etapas do método, dá o valor de resistor a ser

inserido para se obter a menor corrente de Inrush no momento da conexão da máquina

à rede e retirada dos resistores. Com isso, o melhor valor de resistência a ser conectado

em série com o estator para diminuir seu transitório de conexão é de 5 . Esse valor de

resistência corresponde a um pico de corrente em torno de 16 A.

Aplicando esse valor ao método de conexão descrito na Seção 3.4.1 é possível

então reduzir os valores de corrente transitória apresentado na Figura 4.2. A Figura 4.4

demonstra o diagrama de conexão da máquina à rede implementado, já utilizando os

resistores calculados com a ajuda da Figura 4.3.

Figura 4. 4– Diagrama para a conexão da máquina utilizando resistores em série com o estator, implementado no Matlab/Simulink.

Em um primeiro momento, o gerador já tendo a velocidade síncrona em seu eixo,

é conectado à rede já com o resistor em série com seu estator (Etapa 1), em um segundo

momento (Etapa 2), no instante 0.5 segundos, os resistores são curto-circuitados através

das chaves, como mostrado na Figura 4.4. A Figura 4.5 apresenta os resultados obtidos.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

46

Figura 4. 5–Valores de corrente de estator na fase A para a conexão da máquina ao barramento utilizando o método dos resistores em série

Pela Figura 4.5, pode-se observar uma diminuição significativa da corrente

máxima de Inrush, em cerca de 70% se comparado aos valores apresentados na Figura

4.2, o que é uma significativa redução, comprovando a eficácia do método.

4.3. Acionamento do Sistema

Nesta seção é feita um avaliação do funcionamento do compensador estático de

reativos e do sistema de controle durante o processo de entrega de potência ativa do

gerador de indução para a rede. Por motivo de simplificação, a análise do sistema de

controle é feita separadamente do método de conexão da máquina ao barramento.

O acionamento do sistema pode ser dividido em três partes, que são analisadas

conjuntamente. A Figura 4.6 mostra a curva de acionamento do gerador utilizada para

acionar o órgão primário do gerador

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Tempo (s)

Corr

ente

na F

ase A

de e

sta

tor

(A)

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

47

Figura 4. 6–Curva de velocidade de acionamento do gerador durante o processo de entrega de potência ao barramento

Na figura, o órgão primário aciona o rotor do gerador a partir do valor da sua

velocidade síncrona até a velocidade síncrona somada a de escorregamento nominal,

que é o valor máximo de velocidade de acionamento considerado neste trabalho, dado

por:

𝜔𝑀𝐴𝑋 = 𝜔𝑆𝐼𝑁 + 𝜔𝐸𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (4.1)

Para o sistema abordado neste trabalho o valor de 𝜔𝑀𝐴𝑋= 196,9 rad/s.

Em um primeiro momento, no instante 0,1 segundos, o compensador é conectado

ao sistema através de resistores de pré- carga, como pode ser observado na Figura 4.7.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2188

189

190

191

192

193

194

195

196

197

Tempo (s)

Velo

cid

ade (

rad/s

)

Rampa de acionamento do gerador

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

48

Figura 4. 7–Diagrama do inversor de 3 níveis implementado em ambiente MatLab/Simulink

Isso é necessário devido ao fato de que conectar o capacitor presente no

compensador de forma abrupta na rede, geram-se altos valores de corrente transitória,

o que pode danificar algum elemento do sistema. Sendo assim, o compensador é

conectado ao sistema sem os resistores no instante 0,1 segundos, ou seja, neste instante

os resistores de pré-carga são curto-circuitados pelas chaves presentes na Figura 4.7 e

então o sistema está pronto para atuar. A máquina já com sua velocidade síncrona

aplicada em seu eixo (188,5 rad/s), é conectada à rede no instante 0,2 segundos, através

do método de conexão apresentado na Sessão 4.2.

Após a conexão do gerador e do compensador, a partir do instante 0,4 segundos,

o órgão primário acelera o gerador até o seu valor limite de velocidade na operação

geradora. 𝜔𝑀𝐴𝑋, definido pela equação (4.1). O gerador atinge este valor no instante 1,4

segundos, se mantendo nessa condição até o fim do período de simulação. A Figura 4.8

representa o conjugado eletromagnético desenvolvido no gerador, durante esta

operação.

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

49

Figura 4. 8–Curva do Toque Eletromagnético desenvolvido pelo gerador

Após os transitórios de conexão do compensador e do gerador com a rede, pode-

se observar na Figura 4.8 entre os instantes 0,2 e 0,4 segundos, em que a máquina gira

na velocidade síncrona e conectada à rede, o valor nulo de conjugado na máquina,

decorrente do seu valor de escorregamento também igual a zero. Os valores negativos

da curva, a partir de 0,4 segundos demonstram a operação da máquina como gerador,

entregando potência ativa para a rede elétrica.

Passados os transitórios de conexão, que acontecem até o instante 0,25 segundos,

a máquina está girando na velocidade síncrona e conectada ao barramento até o instante

0,4 seg. Nesta condição a máquina não está gerando potência ativa, e está apenas

absorvendo uma parcela de potência ativa para suprir as suas perdas internas. Isso pode

ser verificado na Figura 4.9, que mostra a potência ativa entregue pelo gerador á rede.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-25

-20

-15

-10

-5

0

5

Tempo (s)

Conju

gado E

letr

om

agnético (

Nxm

)

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

50

Figura 4. 9–Potência ativa na rede

Do instante 0,4 até 1,4 segundos a máquina é acelerada e existe um aumento na

entrega de potência ativa para a rede. A partir desse ponto, 1,4 segundos, a velocidade é

mantida constante em 𝜔𝑀𝐴𝑋, logo, a máquina fornece para a rede a potência máxima,

que é igual a 1141 W. Esta análise pode ser constatada através da Figura 4.9.

Conforme é possível observar no Apêndice A, que contém os parâmetros

utilizados na simulação, a potência do motor utilizado é de 2 cv. Porém, é interessante

observar na Figura 4.9 que a máxima potência entregue à rede é de aproximadamente

1200 W, o que está abaixo da potência que um motor de 2 cv pode entregar á rede. Isso

pode ser explicado por alguns fatores. Um fator importante é que o motor utilizado

possui um baixo rendimento, cerca de 77%, e um baixo fator de potência, 0,78, o que

contribui para a baixa potência ativa entregue à rede. Outro fator são os dados obtidos

no ensaio para a consolidação do modelo. Eles foram obtidos por (NEVES, 2014) através

de ensaios em laboratório, e possuem certa imprecisão, inerente aos equipamentos e

métodos aplicados para obtê-los. Além da presença de resistores de entrada do inversor,

que consome uma pequena quantidade de potência ativa.

Para avaliar a atuação do compensador, foi avaliada a potência reativa

compensada na rede, o resultado está representado nas Figura 4.10 e 4.11. Após a

conexão do gerador e do compensador, a potência medida na rede possui baixos valores,

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

X: 1.602

Y: 1141

Tempo (s)

Potê

ncia

ativa e

ntr

egue p

ara

a r

ede (

W)

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

51

porém não nulos. Isto é explicável pelo fato de que existem indutores de entrada entre o

compensador e a rede. Esses indutores são projetados para manter a variação na

corrente dentro dos limites desejados. Sendo assim sua potência é drenada diretamente

da rede. Pode-se verificar também um elevado ripple devido ao chaveamento do

inversor.

Figura 4. 10–Potência reativa na rede

Figura 4. 11–Potência reativa na rede, visão ampliada e filtrada

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa n

a r

ede (

VA

r)

1.4 1.45 1.5 1.55 1.6

-200

-150

-100

-50

0

50

100

Tempo (s)

Potê

ncia

Reativa n

a r

ede (

VA

r)

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

52

A figura 4.11 mostra uma visão ampliada e filtrada da potência reativa na rede. O

filtro foi feito de modo a se ter mais clareza dos valores, filtrando as frequências de

chaveamento devido ao inversor. Podemos perceber de forma mais inteligível o baixo

valor de potência reativa na rede, cerca de 50 VAr.

Na verificação da condição da rede estar recebendo energia do gerador, é

avaliado o fator de potência da rede, a relação de fase entre a tensão e a corrente na fase

A da rede. Os resultados estão representados nas Figuras 4.12 e 4.13.

Figura 4. 12–Tensão e corrente na fase A da rede

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

Tempo (s)

Tensão e

corr

ente

na f

ase A

da r

ede

Ia (A)

Va (V)

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

53

Figura 4. 13– Tensão e corrente na fase A da rede, visão ampliada

Pode-se observar, especialmente pela Figura 4.13 que a fase da tensão e da

corrente está invertida, indicando um fator de potência igual ou muito próximo de -1.

Enquanto convenção de sentido em termos de simulação, a rede está operando como

fonte de tensão, logo para que ela absorva energia, a corrente deve estar com a fase

invertida em relação à tensão, como se observa na figura. Com isso, como não há

defasamento entre a tensão e a corrente, verifica-se que o compensador age de forma

eficiente em não deixar a rede fornecer potência reativa, mantendo seu fator de potência

unitário. Nas figuras 4.12 e 4.13 a tensão foi dividida por um fator de 82 vezes, para

obter uma melhor visualização de sua fase em relação á corrente.

0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87

-3

-2

-1

0

1

2

3

Tempo (s)

Tensão e

corr

ente

na f

ase A

da r

ede

Ia (A)

Va (V)

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

54

Figura 4. 14–Corrente na fase A do gerador de indução

Para operação do conversor como um retificador “Boost”, ou seja, injetando

potência na rede, é necessário fazer a tensão no barramento CC constante e maior que a

tensão de pico da rede. Para isso, a tensão CC foi ajustada para 500 V, em rampa, de

forma a amenizar a corrente transitória de conexão do compensador à rede. A Figura

4.15 demonstra o resultado da malha de controle de tensão no elo CC do capacitor.

Figura 4. 15–Tensão de referência no capacitor

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Tempo (s)

Corr

ente

de e

sta

tor

na f

ase A

do g

era

dor

(A)

0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

0

100

200

300

400

500

600

Tempo (s)

Tensão n

o b

arr

am

ento

cc (

V)

Vcc

Vcc*

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

55

Durante os transitórios de conexão, utilizando resistores de pré-carga, o

capacitor ainda está armazenando energia, isso se dá até o instante 0,2 segundos. A

partir deste instante, quando os resistores de pré-carga são curto-circuitados e então a

carga se dá mais rapidamente. Devido a essa resistência de pré-carga, e a referência em

rampa da tensão do barramento CC a carga do capacitor se dá de forma mais lenta, para

se limitar a corrente de conexão do sistema do compensador com a rede. A tensão Vcc

atinge um valor muito próximo da sua referência a partir do instante 1,2 segundos, com

um valor real próximo de 99,9 % do valor de referência, o que pode ser considerado

bem satisfatório, como pode-se observar também na Figura 4.16.

Figura 4. 16–Tensão de referência no Capacitor, visão ampliada.

Para manter esse valor de tensão CC no capacitor constante, o compensador atua

diretamente na corrente 𝐼𝑑 , cuja referência 𝐼𝑑* é gerada através da malha de tensão. A

Figura 4.17 mostra como essa corrente atua. Nota-se que a partir da estabilização da

tensão em um valor constante próximo da referência, passados os transitórios de

conexão, o valor da corrente 𝐼𝑑 torna-se muito próximo de zero. Esse pequeno valor de

corrente é necessário para manter a tensão constante no capacitor. Observa-se também

uma pequena diferença entre o valor real e o de referência. O valor real chega, no pior

1.652 1.654 1.656 1.658 1.66 1.662 1.664 1.666 1.668

498.5

499

499.5

500

500.5

501

Tempo (s)

Tensão n

o b

arr

am

ento

cc (

V)

Vcc

Vcc*

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

56

caso, a aproximadamente 87% do valor de referência. Isso pode ser observado na Figura

4.18.

Figura 4. 17–Corrente de eixo direto no compensador

Figura 4. 18–Corrente de eixo direto no compensador (visão ampliada)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

Tempo (s)

Corr

ente

de e

ixo d

ireto

(A

)

Id

Id*

1.085 1.09 1.095 1.1 1.105 1.11 1.1150.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

0.45

0.5

0.55

Tempo (s)

Corr

ente

de e

ixo d

ireto

(A

)

Id

Id*

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

57

Como abordado no capitulo 3, para o sistema de controle de reativos, o controle

da corrente 𝐼𝑞 atua de forma a fornecer a potência reativa requerida pelo gerador, para

que a rede não necessite fornecer potência para ele.

Uma caracteristica importante a se observar é que o sistema de controle do

compensador de reativos atua apenas nas correntes na sua saída. Sendo assim, para

fazer com que a potência reativa requerida pelo gerador seja fornecida apenas pelo

compensador, a corrente de referencia 𝐼𝑞* deve ser igual ao inverso da corrente 𝐼𝑞

medida no gerador. Isso faz com que essas componentes se anulem e o gerador não

absorva potência reativa da rede. A Figura 4.19 aprensenta a ação de controle da

corrente 𝐼𝑞 .

Figura 4. 19–Corrente de eixo em quadratura no compensador

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-5

0

5

10

15

20

Tempo (s)

Corr

ente

de e

ixo e

m q

uadra

tura

(A)

Iq

Iq*

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

58

Figura 4. 20–Corrente de eixo em quadratura no compensador (visão ampliada)

É possível verificar nas Figuras 4.19 e 4.20 que até o instante 1.4 segundos, existe

um crescimento da corrente 𝐼𝑞 à medida que a velocidade do órgão primário e a potência

entregue pelo gerador aumentam, devido a um aumento da corrente no gerador e

também da potência demandada pelo mesmo.

Pela Figura 4.20 é possível observar a pequena diferença existente entre o valor

de referência e o valor real da corrente. A diferença entre elas é menor do que 2 % do

valor de referência no pior caso, o que pode ser considerado um resultado satisfatório.

Logo, a corrente 𝐼𝑞 do gerador é compensada pela corrente do compensador de forma

adequada.

A Figura 4.21 representa a soma das correntes 𝐼𝑞 do gerador e do compensador.

Demonstrando que, de fato, após os transitórios iniciais, existe a compensação

satisfatória entre elas. Mesmo durante o período onde o gerador tem sua velocidade

aumentada, entre os instantes 0,4 e 1,4 segundos, a soma das correntes segue com

valores muito próximos de zero, já que o valor exibido na Figura é nulo durante todo o

período de simulação depois dos transitórios iniciais.

1.505 1.51 1.515 1.52 1.525 1.53 1.535 1.548.3

8.35

8.4

8.45

8.5

8.55

8.6

8.65

Tempo (s)

Corr

ente

de e

ixo e

m q

uadra

tura

(A)

Iq

Iq*

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

59

Figura 4. 21–Corrente de eixo em quadratura no compensador + Corrente de eixo em quadratura do gerador

Como citado anteriormente, são utilizados resistores de pré-carga e uma

referência de tensão em rampa para se obter um transitório de conexão do

compensador com a rede de forma suave para se evitar picos de corrente e tensão no

compensador e na rede. As figuras 4.22 e 4.23 representam as correntes no

compensador e na rede. Pode-se observar que os valores de pico de transitório chegam

ao máximo a aproximadamente quatro vezes a corrente de regime permanente na rede e

três vezes no compensador, o que exigirá um sobredimensionamento das chaves

eletrônicas.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

Tempo (s)

(Iq g

era

dor

+ I

q d

o c

om

pensador)

(A

)

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

60

Figura 4. 22–Corrente na fase A da rede

Figura 4. 23–Corrente na fase A do inversor

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

Tempo (s)

Corr

ente

na f

ase A

da r

ede (

A)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

Tempo (s)

Corr

ente

na f

ase A

do c

om

pensador

(A)

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

61

As figuras 4.24 e 4.25 representam a tensão na saída do inversor na fase A, tendo

como referência o neutro da rede. Nota-se também um valor de pico de transitório até o

instante 0,2 segundos, como já foi abordado, devido aos transitórios do gerador e do

compensador com a rede.

Figura 4. 24–Tensão na fase A do inversor

Figura 4. 25–Tensão na fase A do inversor, visão ampliada

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

Tempo (s)

Tensão n

a F

ase A

do C

om

pensador

(A)

0.72 0.74 0.76 0.78 0.8 0.82 0.84

-300

-200

-100

0

100

200

300

Tempo (s)

Tensão n

a F

ase A

do C

om

pensador

(A)

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

62

Como é possível verificar nas figuras 4.24 e 4.25, a forma de onda da tensão

produzida pelo inversor possui elevado conteúdo harmônico. Devido ao chaveamento,

esta é a forma de onda mais carregada de harmônicos do sistema, a Figura 4.26

apresenta um espectro de frequências da tensão no inversor, onde é possível perceber

harmônicos de baixa ordem presentes. Para a obtenção destes espectros de frequências

apresentados a seguir, a janela de tempo definida no Matlab/Simulink é de 1,4 segundos

até 1,8 segundos, desconsiderando assim, qualquer transitório.

Figura 4. 26–Espectro de harmônicos da tensão no inversor

É interessante observar a elevada distorção harmônica apresentada na Figura

4.26, que apresenta o espectro da tensão na saída do Inversor. Este fato pode ser

justificado pelo alto conteúdo harmônico em torno da frequência de chaveamento, 4

kHz. o que é natural nos conversores eletrônicos. É importante ressaltar que, apesar do

alto conteúdo harmônico apresentado, esses valores ainda são bem mitigados em

relação aos de um conversor de 2 níveis convencional, o que revela ainda um ganho em

relação a essas distorções. (NEVES, 2014)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

-400

-200

0

200

400

Selected signal: 120 cycles. FFT window (in red): 10 cycles

Time (s)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

Harmonic order

Fundamental (60Hz) = 199.4 , THD= 42.19%

Mag (

% o

f F

undam

enta

l)

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

63

A mesma análise pode ser aplicada para o espectro da corrente do compensador,

mostrada na Figura 4.27.

Figura 4. 27–Espectro de harmônicos da corrente no compensador

Já a corrente no gerador apresenta menor distorção harmônica. Isto também é

devido ao fato do gerador de indução atuar como um filtro natural para altas

frequências, como a frequência de chaveamento do inversor. Isso pode ser observado na

Figura 4.28. Porém, harmônicos de baixa ordem em pequena amplitude podem ser

notadas presentes na corrente do gerador.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

-20

-10

0

10

20

Selected signal: 120 cycles. FFT window (in red): 10 cycles

Time (s)

0 2 4 6 8 100

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

Harmonic order

Fundamental (60Hz) = 6.226 , THD= 2.18%

Mag (

% o

f F

undam

enta

l)

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

64

Figura 4. 28–Espectro de harmônicos da corrente no gerador

4.4. Conclusão

Este capítulo apresentou os resultados da simulação do sistema de geração de

energia baseado no gerador de indução operando conectado à rede elétrica. Os

resultados encontrados nas simulações foram bastante satisfatórios. Na primeira parte

do capítulo foram alcançadas reduções na corrente de conexão da máquina com a rede

utilizando o método dos resistores em série. Já na etapa de avaliação dos controles e do

compensador, observou-se que os controles de corrente e tensão obtiveram respostas

rápidas e com bastante precisão, o que resultou em uma compensação eficaz da potência

reativa demandada pelo gerador. A potência entregue à rede apresenta valores

adequados e compatíveis com a potência da máquina, uma vez que o gerador utilizado

apresenta baixa potência e existem perdas relacionados aos processos que envolvem

essa entrega de potência.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

-10

0

10

Selected signal: 120 cycles. FFT window (in red): 10 cycles

Time (s)

0 2 4 6 8 100

0.001

0.002

0.003

0.004

0.005

0.006

0.007

0.008

0.009

0.01

Harmonic order

Fundamental (60Hz) = 10.81 , THD= 0.01%

Mag (

% o

f F

undam

enta

l)

Page 70: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

65

Capítulo 5

Conclusão

Este trabalho apresentou um sistema de geração de energia utilizando-se uma

máquina de indução trifásica conectada à rede, a qual tem sua potência reativa fornecida

por um compensador de reativos baseado em um inversor de três níveis. É aplicado um

método de conexão da máquina ao barramento infinito baseado na inserção de

resistores em série com o estator, a fim de se mitigar os transitórios da máquina com a

rede. O fornecimento de potência reativa por parte do compensador, através do controle

orientado pela tensão da rede foi avaliado, assim como o sistema operando com o

gerador produzindo potência ativa para a rede.

O compensador de três níveis aplicado neste trabalho apresenta diversas

vantagens em comparação aos compensadores convencionais, devido à sua maior

capacidade de gerar uma tensão com menor distorção harmônica. Além disso, ele

proporciona um menor stress nos componentes de chaveamento devido ao fato de

possuir uma tensão menor em cima dos interruptores. Outra vantagem importante em

relação à topologia de dois níveis é o fato do inversor de três níveis possuir variação de

tensão (dv/dt) reduzida, o que o possibilita operar em plantas onde a instalação da

máquina é distante do inversor. (NEVES, 2014).

As técnicas de controle apresentadas, juntamente com o conversor de três níveis

com modulação por largura de pulso PWM, permitem que o sistema opere com

independência em relação à potência demandada pelo gerador à rede, sendo esta

compensada pelo inversor de forma otimizada e dinâmica, mostrando grande vantagem

em relação à aplicação apenas do capacitor com valor fixo.

Os resultados de simulação comprovaram que as malhas de controle tensão e

corrente do conversor estão bem sintonizadas, permitindo um controle rápido e com

bom desempenho do sistema. Além disso, o sistema apresentou operação satisfatória

para diferentes velocidades do gerador.

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

66

Como proposta para trabalhos futuros sugere-se a implementação prática do

sistema proposto, avaliando o comportamento do compensador de reativos de três

níveis para condições reais de operação, além de um estudo de viabilização prática do

sistema, em comparação com outros mais usuais. Outro tema interessante a ser

desenvolvido com base neste trabalho seria um método de conexão à rede sem

resistores em série, o que geraria uma redução econômica e simplificaria ainda mais o

sistema.

Finalmente, sugere-se a integração deste sistema com a usina Térmico solar

experimental do CEFET-MG. Esta foi uma motivação inicial deste trabalho e possui um

imenso potencial, já que se trata de um conteúdo pouquíssimo abordado e por se tratar

de uma fonte de energia limpa e pouco explorada no Brasil.

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

67

Apêndice A

Parâmetros da simulação

Este apêndice apresenta os parâmetros utilizados na simulação do sistema no

software MATLAB/SIMULINK®. Esses parâmetros, especialmente os da máquina de

indução, foram inicialmente obtidos em (NEVES, 2014), através de alguns ensaios

realizados em laboratório em uma máquina real.

Dados do Gerador de Indução (Máquina ligada em Delta)

𝑉𝑛 =380

√3 𝑉 (𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟)

𝐼𝑛 = 6,90 𝐴 (𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟)

𝑓𝑒 = 60 𝐻𝑧

𝑃𝑛 = 2 𝐶𝑉

𝜔𝑒 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑓𝑒

𝜔𝑛 = 1720 ∗𝜋

30 𝑟𝑎𝑑/𝑠

Rendimento = 77,6 %

FP = 0,78

Parâmetros utilizados

𝑅𝑠 = 1,6523 Ω

𝑅𝑟 = 1,0684 Ω

𝑋𝑠 = 1,0978 Ω

𝑋𝑟 = 1,0978 Ω

𝑋𝑚 = 24,8822 Ω

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

68

𝑅𝑜𝑡𝑖𝑚𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 = 5,13 Ω

𝑅𝑃𝑟é−𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 20 Ω

Demais parâmetros do Sistema

𝐶 = 2𝑚𝐹

𝐿𝑙 = 12,5 𝑚𝐻

𝑅𝑙 = 1 Ω

𝑉𝑑𝑐 = 500 𝑉

𝐹𝑠 = 4 𝑘𝐻𝑧 (Frequência de chaveamento)

𝑇𝑠 = 1/𝐹𝑠 (Período de amostragem)

Passo máximo de integração = 5𝑥10−6 segundos

Ganhos dos controladores

Malha de tensão:

𝑘𝑝𝑣 = 0.5

𝑘𝑖𝑣 = 3

Malha de Corrente

𝑘𝑝𝑐 = 6.5

𝑘𝑖𝑐 = 138.46

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

69

Apêndice B

Método analítico de obtenção do valor ótimo de resistência

Embora os valores máximos da curva de corrente inrush versus a resistência em

serie das etapas 1 e 2, descritas no capitulo 3, possam ser obtidos por simulações

dinâmicas repetidas, existe uma outra maneira de se fazer a escolha da resistência. Esse

método consiste em estabelecer uma expressão analítica da corrente inrush máxima

para as etapas 1 e 2 separadamente como uma função do valor da resistência

(GRILO,2008).

Antes de fechar a chave 1, a corrente do estator é zero. Uma vez que a chave é

fechada, a corrente de transitório irá fluir no estator da máquina. Essa corrente do

estator é composta de uma componente AC e uma DC como no caso do curto circuito

trifásico aplicado nos terminais do gerador. Assim, baseado na teoria de curto circuito

da máquina de indução, ele pode determinar a componente AC ao usar a impedância

subtransitoria da máquina de indução. Essa impedância pode ser considerada

grosseiramente igual à impedância de rotor bloqueado. A influência da componente DC

na corrente máxima de inrush pode ser obtida pela teoria de curto circuito ao aplicar um

fator 𝐾 na componente AC. Assim, a expressão analítica para o pico máximo da corrente

𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜1 surgida na primeira etapa como uma função da resistência em serie é dada por

(GRILO, 2008):

𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜1(𝑅𝑠𝑒) = 𝐾‖�̅�‖

√𝑋′2+(𝑅𝑠𝑒+𝑅′)2 (B.1)

Em que �̅� é a tensão rms aplicada na máquina, 𝑋′ é a reatância de rotor

bloqueado (a reatância de subtransitorio), 𝑅′ é a resistência de rotor bloqueado, 𝑅𝑠𝑒 é a

resistência em série com o estator, 𝐾 é o fator de pico, que pode ser calculado por:

𝐾 = √2(1.0 + 𝑠𝑖𝑛 (𝜑)𝑒−(𝜑+𝜋 2⁄ )𝑅 𝑋⁄ ) (B.2)

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

70

Em que 𝑅 e 𝑋 são, respectivamente, a resistência e reatância equivalente do

sistema, e 𝜑 = 𝑡𝑔−1(𝑋 𝑅⁄ ). O fator 𝐾 é calculado para o instante de fechamento da chave,

que resulta no maior pico da corrente. No caso deste trabalho, é considerado um sistema

elétrico ideal para a simulação que possuem valores de 𝑅 e 𝑋 muito pequenos em

comparação os parâmetros 𝑅 e 𝑋 do gerador, sendo assim considerados desprezíveis. O

que acaba por simplificar essa expressão, resultando em:

𝐾 = √2 (B.3)

Após o passo 1, o sistema pode ser representado esquematicamente pela Figura

B.1.

Figura B.1 - Representação do circuito equivalente da etapa 2. (a) - Antes da Etapa 2,

(b) - depois da etapa 2, (c) - Circuito equivalente – Depois da etapa 2, separado em dois

circuitos equivalentes (GRILO 2008).

Analisando a Figura B.1 (a) a tensão na chave 2 é igual a tensão no resistor 𝑅𝑠𝑒 ,

que é dado por:

∆�̅� = 𝑅𝑠𝑒�̅�

𝑅𝑠𝑒+ 𝑅1+𝑗(𝑋1+𝑋𝑚) (B.4)

Em que 𝑅1 e 𝑋1 são a resistência e a reatância do estator, respectivamente, e 𝑋𝑚 é

a reatância de magnetização da máquina. No instante do passo 2, a tensão na chave 2 se

torna zero, consequentemente, no instante do segundo passo, essa chave pode ser

Page 76: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

71

representada por duas fontes de tensão opostas, como mostrado na Figura B.1

(b)(GRILO, 2008) (GREENWOOD, 1991). Ao usar o teorema da superposição, o circuito

mostrado na Figura B.1 (b) pode ser separado em dois circuitos equivalentes, como

mostrado na Figura B.1 (c). O primeiro circuito corresponde o mesmo circuito do passo

1, entretanto, a corrente desse circuito corresponde à componente de regime

permanente. O segundo circuito pode ser usado para calcular a corrente de transitório

resultante do passo 2 (GRILO, 2008) (GREENWOOD, 1991).

A corrente no primeiro circuito que já está no estado permanente é dada por:

𝐼1̅𝑟𝑝 =�̅�

𝑅𝑠𝑒+ 𝑅1+𝑗(𝑋1+𝑋𝑚) (B.5)

Entretanto, a expressão de pico máximo total da corrente para o passo 2 é dada

por (GRILO, 2008):

𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜2(𝑅𝑠𝑒) = ‖𝐾∆�̅�

𝑗𝑋′+𝑅′ + √2𝐼1̅𝑟𝑝‖ (B.6)

Neste caso, K também é calculado usando a equação B.3, inclusive com as mesmas

considerações para a situação sem o 𝑅𝑠𝑒 desde que a resistência foi curto-circuitada.

Aplicando esse método analítico, utilizando as expressão das correntes de Inrush para

cada umas das etapas, e utilizando um software de simulação matemática adequado,

como o MatLab, é possível traçar curvas semelhantes a da Figura 3.5 do capitulo 3, e

então achar o valor para uma faixa de valores através da superposição destas curvas,

assim como foi descrito acima (GRILO, 2008).

Page 77: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

72

Apêndice C

Equações dinâmicas da máquina em variáveis de fase

As equações que regem o funcionamento de uma máquina assíncrona são funções

das indutâncias da mesma, as quais dependem da velocidade do rotor, fazendo com que

os coeficientes das equações diferenciais que descrevem o comportamento de tais

máquinas variem no tempo exceto quando o rotor está parado (Krause, 2002).

As equações de tensão em variáveis da máquina são expressas abaixo, onde 𝑣𝑎𝑏𝑐𝑠

é um vetor cujas componentes são as tensões de estator das fases a, b e c, e 𝑣𝑎𝑏𝑐𝑟 o vetor

das tensões das fases a, b e c de rotor. O sub-índice “r” se refere às variáveis relacionadas

ao rotor, e o sub-índice “s” às variáveis de estator:

𝑣𝑎𝑏𝑐𝑠 = 𝑟𝑠 . 𝑖𝑎𝑏𝑐𝑠 + 𝑝. 𝜆𝑎𝑏𝑐𝑠 (C.1)

𝑣𝑎𝑏𝑐𝑟 = 𝑟𝑟 . 𝑖𝑎𝑏𝑐𝑟 + 𝑝. 𝜆𝑎𝑏𝑐𝑟

(C.2)

Para um circuito magneticamente linear, o enlace de fluxo λ é dado pelo sistema

(C.3).

[𝜆𝑎𝑏𝑐𝑠

𝜆𝑎𝑏𝑐𝑟] = [

𝐿𝑠 𝐿𝑠𝑟

𝐿𝑠𝑟𝑇 𝐿𝑟

] × [𝑖𝑎𝑏𝑐𝑠

𝑖𝑎𝑏𝑐𝑟]

(C.3)

As indutâncias dos enrolamentos de estator da máquina são definas pela variável

LS·, sendo LlS a indutância de acoplamento do estator e LmS a indutância de

magnetização do enrolamento de estator. Sendo assim, temos:

Page 78: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

73

𝑳𝑠 = [

𝐿𝑙𝑠 + 𝐿𝑚𝑠 −0,5. 𝐿𝑚𝑠 −0,5. 𝐿𝑚𝑠

−0,5. 𝐿𝑚𝑠 𝐿𝑙𝑠 + 𝐿𝑚𝑠 −0,5. 𝐿𝑚𝑠

−0,5. 𝐿𝑚𝑠 −0,5. 𝐿𝑚𝑠 𝐿𝑙𝑠 + 𝐿𝑚𝑠

]

(C.4)

O mesmo pode ser feito em relação para as indutâncias dos enrolamentos do

rotor, definidas assim como no caso do estator por Lr, Llr, Lmr:

𝑳𝑟 = [

𝐿𝑙𝑟 + 𝐿𝑚𝑟 −0,5. 𝐿𝑚𝑟 −0,5. 𝐿𝑚𝑟

−0,5. 𝐿𝑚𝑟 𝐿𝑙𝑟 + 𝐿𝑚𝑟 −0,5. 𝐿𝑚𝑟

−0,5. 𝐿𝑚𝑟 −0,5. 𝐿𝑚𝑟 𝐿𝑙𝑟 + 𝐿𝑚𝑟

]

(C.5)

Definimos Lsr como a amplitude da indutância mútua dos enrolamentos de

estator e rotor:

𝐿𝑠𝑟 =

[ cos 𝜃𝑟 cos(𝜃𝑟 + 2𝜋

3⁄ ) cos(𝜃𝑟 − 2𝜋3⁄ )

cos(𝜃𝑟 − 2𝜋3⁄ ) cos 𝜃𝑟 cos(𝜃𝑟 + 2𝜋

3⁄ )

cos(𝜃𝑟 + 2𝜋3⁄ ) cos(𝜃𝑟 − 2𝜋

3⁄ ) cos 𝜃𝑟 ]

(C.6)

Quando são representadas as equações de tensão da máquina é muito comum

referir todos os seus parâmetros do rotor para o estator, já que muitas vezes não temos

acesso físico ao rotor da máquina. Dessa forma, partindo das relações das espiras de

cada enrolamento de rotor e estator, pode-se definir (EKANAYAKE, 2003) (KRAUSE,

2002):

𝑖′𝑎𝑏𝑐𝑟 =𝑁𝑟

𝑁𝑠. 𝑖𝑎𝑏𝑐𝑟

(C.7)

𝑣′𝑎𝑏𝑐𝑟 =𝑁𝑠

𝑁𝑟. 𝑖𝑎𝑏𝑐𝑟

(C.8)

𝜆′𝑎𝑏𝑐𝑟 =𝑁𝑠

𝑁𝑟. 𝜆𝑎𝑏𝑐𝑟

(C.9)

A matriz de indutância mútua entre os enrolamentos do rotor e do estator,

referida ao estator, pode ser definida como:

Page 79: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA …

74

𝐿′𝑠𝑟 =𝑁𝑠

𝑁𝑟. 𝐿𝑠𝑟 = 𝐿𝑚𝑠.

[ cos 𝜃𝑟 cos(𝜃𝑟 + 2𝜋

3⁄ ) cos(𝜃𝑟 − 2𝜋3⁄ )

cos(𝜃𝑟 − 2𝜋3⁄ ) cos 𝜃𝑟 cos(𝜃𝑟 + 2𝜋

3⁄ )

cos(𝜃𝑟 + 2𝜋3⁄ ) cos(𝜃𝑟 − 2𝜋

3⁄ ) cos 𝜃𝑟 ]

(C.10)

A relação entre as indutâncias de magnetização de rotor e de estator é a relação

quadrática das espiras, logo:

𝐿′𝑙𝑟 = (𝑁𝑠

𝑁𝑟)2

. 𝐿𝑙𝑟

(C.11)

Já a relação entre as indutâncias de dispersão do rotor e a mesma referida ao

estator é dada por:

𝐿𝑚𝑟 = (𝑁𝑟

𝑁𝑠)2

. 𝐿𝑚𝑠

(C.12)

Logo, a matriz de indutâncias do rotor referida ao estator pode ser dado por:

𝑳′𝑟 = [

𝑳′𝑙𝑟 + 𝑳𝑚𝑠 −0,5. 𝑳𝑚𝑠 −0,5. 𝑳𝑚𝑠

−0,5. 𝑳𝑚𝑠 𝑳′𝑙𝑟 + 𝑳𝑚𝑠 −0,5. 𝑳𝑚𝑠

−0,5. 𝑳𝑚𝑠 −0,5. 𝑳𝑚𝑟 𝑳′𝑙𝑟 + 𝑳𝑚𝑠

]

(C.13)

A matriz acima é muito importante para a determinação da relação entre tensão e

corrente da máquina, que é representado a seguir:

[𝒗𝑎𝑏𝑐𝑠

𝒗′𝑎𝑏𝑐𝑟] = [

𝑟𝑠 + 𝑝𝑳𝑠 𝑝𝑳′𝑠𝑟𝐿𝑠𝑟

𝑇 𝑟′𝑟 + 𝑝𝑳′𝑟] × [

𝒊𝑎𝑏𝑐𝑠

𝒊′𝑎𝑏𝑐𝑟]

(C.14)

Sendo que 𝑟′𝑟 é dado por:

𝑟′𝑟 = (𝑁𝑠

𝑁𝑟)2

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