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DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS A BASE DE BORRACHA NITRÍLICA E ARGILA ORGANOFÍLICA: EFEITO DO PROCESSAMENTO Marlucy Silva de Oliveira Dissertação em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob a orientação da professora Bluma Guenther Soares. Rio de Janeiro 2010

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DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS A BASE DE BORRACHA NITRÍLICA E ARGILA ORGANOFÍLICA: EFEITO

DO PROCESSAMENTO

Marlucy Silva de Oliveira

Dissertação em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de

Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de

Mestre em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob a orientação da

professora Bluma Guenther Soares.

Rio de Janeiro 2010

Livros Grátis

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ii

FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação de Mestrado:

Desenvolvimento de nanocompósitos a base de borracha nitrílica e argila

organofílica: efeito do processamento

Autor: Marlucy Silva de Oliveira

Orientador: Bluma Guenther Soares

Data da defesa: 11 de fevereiro de 2010

Aprovada por:

______________________________________

Bluma Guenther Soares, D.Sc.

Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ

Orientador/Presidente da Banca Examinadora

______________________________________

Maria Inês Bruno Tavares, D.Sc.

Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ

______________________________________

Soraia Zaioncz, D.Sc.

Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA/UFRJ

______________________________________

Alex da Silva Sirqueira, D.Sc.

Centro Universitário Estadual da Zona Oeste-UEZO

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Oliveira, Marlucy Silva.

Desenvolvimento de nanocompósitos a base de borracha nitrílica e argila organofílica: efeito do processamento / Marlucy Silva de Oliveira. – Rio de Janeiro, 2010.

xii, 111 f.:il

Dissertação (Mestrado em Ciências e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2010.

Orientadora: Bluma Guenther Soares

1. Borracha nitrílica. 2. Argila organofílica. 3. Nanocompósitos 4.

Nanocompósito - intercalação em solução. 5. Nanocompósito - Intercalação no estado fundido. 6. Borracha nitrílica - processamento. I. Soares, Bluma Guenther. (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título.

iv

Esta Dissertação de Mestrado foi desenvolvida nos

Laboratórios do Instituto de Macromoléculas Professora

Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

do Rio de Janeiro (FEPERJ), Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq).

v

Ao meu Deus pela sua in finita fidelidade, amor e cuidado.

“Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois trará os

seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.”

vi

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que foram imprescindíveis na realização deste

trabalho. A todos vocês a minha sincera gratidão.

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter estado comigo em todos os momentos,

por me dar inteligência, guiar a minha vida, e me ajudar em mais essa conquista.

Aos meus pais, Celso e Olindina, à minha irmã Michele, meu irmão Marcelo e à

minha cunhada Tatiane, por todo apoio, incentivo e por nunca me deixarem desistir.

Ao meu amado esposo Fabio, por toda paciência, pelo amor incondicional, confiança

e carinho, mesmo nos momentos mais estressantes e dolorosos.

À Professora e Orientadora Bluma Guenther Soares pela ajuda, atenção, carinho e

por estar sempre disposta a ouvir.

Aos amigos do laboratório J-112, Ana Catarina, Adriana, Beatriz, Micheli, Soraia,

Verônica, Paulo Roberto, Paulo Picciani, Diego, Matheus, e aos novos membros

pelo apoio, amizade, carinho, conversas e ótimo convívio durante todo este tempo e

em especial à Aparecida (Cida) pela ajuda na parte experimental. Muito obrigada!

A todos os professores, funcionários e alunos do IMA, em especial aos funcionários

da biblioteca que sempre me ajudaram quando tinha alguma dúvida, as meninas da

limpeza, pela simpatia.

À Petroflex Indústria e Comércio S.A. pela borracha nitrílica fornecida.

A FAPERJ, CAPES, e CNPq pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa.

vii

Resumo da Dissertação apresentada no Instituto de Macromoléculas Professora

Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (MSc), em Ciências e

Tecnologia de Polímeros.

DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS A BASE DE BORRACH A

NITRÍLICA E ARGILA ORGANOFÍLICA: EFEITO DO PROCESSA MENTO

Marlucy Silva de Oliveira

Orientadora: Bluma Guenther Soares

Neste trabalho foi avaliada a influência da incorporação de dois tipos de argila

organofílica comercial (cloisite 15A e 30B), em NBR contendo 45% (NBR45) e 28 %

(NBR28) de acrilonitrila. Também foi avaliada a influência da polaridade da NBR no

grau de intercalação das argilas organofílicas. Foram utilizados dois métodos de

intercalação: Método I - intercalação no estado fundido e Método II - intercalação em

solução. A influência do efeito dos parâmetros de processamento em misturador

interno tais como, variação da temperatura, velocidade e tempo de processamento

também foram avaliadas. Foram avaliadas as propriedades físico-mecânicas,

propriedades dinâmico-mecânicas, propriedade de fluência e recuperação e grau de

intercalação e/ou esfoliação dos nanocompósitos preparados. A partir dos resultados

obtidos podemos concluir que os materiais processados com a cloisite 30B pelo

método de intercalação solução, apresentaram maior grau de intercalação/esfoliação

e melhores propriedades físico-mecânicas e dinânico-mecânicas. A polaridade da

NBR afeta significativamente as propriedades dos nanocompósitos poliméricos. Os

parâmetros de processamento devem ser escolhidos a fim de se obter um

compromisso entre o grau de intercalação/esfoliação e as propriedades, a variação

dos parâmetros de processamento influenciou no grau de intercalação da argila,

propriedades físico-mecânicas e dinâmico-mecânicas do material.

Rio de Janeiro

2010

viii

Abstract of Dissertation presented to Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa

Mano of Universidade Federal do Rio de Janeiro, as partial fulfillment of the

requeriment for degree of Master in Science (MSc), Science and Technology of

Polymers.

DEVELOPMENT OF NANOCOMPOSITES BASED NITRILIC RUBBER AND

ORGANOFILIC CLAY: EFECTS OF PROCESSING

Marlucy Silva de Oliveira

Advisor: Bluma Guenther Soares

In this work we have studied the influence of the incorporation of two types of

commercial organoclay (Cloisite 15A and 30B), in NBR containing, 45% (NBR45)

and 28% (NBR28) of acrylonitrile. We also analyzed the influence of the polarity of

NBR in the degree of intercalation of organoclay. These studies have used two

mixture methods: Method I - intercalation in the molten state and Method II -

intercalation in solution. The influence of the effect of processing parameters in an

internal mixer such as change of temperature, speed and processing time were also

evaluated. We evaluated the physical-mechanical properties, dynamic mechanical

properties, creep properties and recovery and degree of intercalation and / or

exfoliation of the nanocomposites prepared. From the results we can conclude that

the material processed with the Cloisite 30B by the method of intercalation solution, a

higher degree of intercalation / exfoliation and better physical-mechanical properties

and dynamic mechanical properties. The polarity of NBR significantly affects the

properties of polymeric nanocomposites. The processing parameters must be chosen

in order to reach a compromise between the degree of intercalation / exfoliation and

properties, the variation of processing parameters influence the degree of

intercalation of the clay, physical-mechanical and dynamic mechanical properties.

Rio de Janeiro

2010

ix

FOLHA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Parte desta Dissertação de Mestrado foi apresentada no seguinte congresso:

10º Congresso Brasileiro de Polímeros. Título do trabalho: Nanocompósitos de

Borracha Nitrílica e Montmorilonita Organofílica: Preparação e Propriedades – 13 a

17 de Outubro de 2009 – Foz do Iguaçu – PR.

Parte desta Dissertação de Mestrado foi aceita para publicação nos seguintes

periódicos:

OLIVEIRA, M.; ZAIONCZ, S.; GOMES,A.C.O;SOARES,B.G. NBR Rubber/Organo-

Montmorillonite Nanocomposites Cured with Peroxide: Effect of Quaternary

Ammonium Intercalants and Dispersion Procedure on Mechanical and Dynamic-

Mechanical Properties. Journal of Applied Polymer Science . (in loco).

OLIVEIRA, M.; ZAIONCZ, S.; SOARES,B.G. Nitrile Rubber – Based Nanocomposites

Prepared by Melt Mixing: Effect of the Mixing Parameters on Mechanical and Creep

Properties. Polímeros: Ciência e Tecnologia. (in loco).

x

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1

2 – OBJETIVOS .......................................................................................................... 3

3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4

3.1 – BORRACHA NITRÍLICA............................................................................... 4

3.2 – ARGILAS OU SÍLICAS LAMELARES.......................................................... 6

3.2.1 – Montmorilonita .................................................................................... 6

3.2.2 – Montmorilonita organofílica .............................................................. 8

3.3 – NANOCOMPÓSITOS DE BORRACHA /ARGILA ORGANOFÍLICA............ 8

3.4 – INFLUÊNCIA DA POLARIDADE DOS ELASTÔMEROS NO GRAU DE

INTERCALAÇÃO E PROPRIEDADES DOS NANOCOMPÓSITOS.......... 10

3.5 – MÉTODOS DE INTERCALAÇÃO DOS NANOCOMPÓSITOS

ELASTOMÉRICOS..................................................................................... 17

3.5.1 – Intercalação em Solução ................................................................. 17

3.5.2 – Intercalação no Estado Fundido ..................................................... 19

3.5.3 – Mistura em Látex .............................................................................. 23

3.6 – INFLUÊNCIA DO PROCESSAMENTO NO GRAU DE INTERCALAÇÃO

DA BORRACHA MODIFICADA COM ARGILAORGANOFÍLICA............... 23

3.7– INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE INTERCALAÇÃO DA ARGILA

ORGANOFÍLICA NAS PROPRIEDADES DA NBR..................................... 25

3.8 – PROPRIEDADES DE BORRACHAS MODIFICADAS COM ARGILA

ORGANOFÍLICA......................................................................................... 26

4 – MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 28

4.1 – MATERIAIS............................................................................................... 28

4.1.1 – Reagentes e solventes ..................................................................... 28

4.1.2 – Equipamentos Utilizados ................................................................. 29

4.2 – MÉTODOS................................................................................................. 29

4.2.1 – Preparação dos Nanocompósitos NBR/Argila Or ganofílica ........ 29

4.2.2 – Caracterização das misturas ........................................................... 32

4.2.2.1 – Determinação dos Parâmetros de Vulcanização........................ 32

4.2.2.2 – Elaboração dos Corpos de Prova................................................ 32

4.2.2.3 – Ensaios de Deformação Permanente por Compressão.............. 32

4.3.2.4 – Ensaios de inchamento em Óleo................................................. 33

xi

4.2.2.5 – Resistência à Tração e Deformação na Ruptura........................ 33

4.2.2.6 – Ensaio de Fluência e Recuperação (creep)................................ 34

4.2.2.7 – Difração de Raios-x..................................................................... 34

4.2.2.8 – Ensaio Dinâmico-Mecânico (DMA).............................................. 34

5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 35

5.1 – EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA ARGILA NAS PROPRIEDADES DA

NBR4560.................................................................................................... 35

5.1.1 – Difração de Raios-x .......................................................................... 36

5.1.2 – Propriedades de Cura ...................................................................... 40

5.1.3 – Propriedades Físico-Mecânicas ...................................................... 42

5.1.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas ................................................ 43

5.1.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ................................ 47

5.2 – EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA ARGILA NAS PROPRIEDADES DA

NBR2860.................................................................................................... 50

5.2.1 – Difração de Raios-x .......................................................................... 50

5.2.2 – Propriedades de Cura ...................................................................... 55

5.2.3 – Propriedades Físico-Mecânicas ...................................................... 57

5.2.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas ................................................ 59

5.2.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ................................ 62

5.3 – EFEITO DA POLARIDADE SOBRE O GRAU DE INTERCALAÇÃO DA

ARGILA E PROPRIEDADES DA NBR....................................................... 65

5.3.1 – Difração de Raios-x .......................................................................... 65

5.3.2 – Propriedades de Cura ...................................................................... 70

5.3.3 – Propriedades Físico-Mecânicas ...................................................... 71

5.3.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas ................................................ 74

5.3.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ................................ 78

5.4 – EFEITO DO PROCESSAMENTO SOBRE AS PROPRIEDADES DA

NBR/ARGILA ORGANOFÍLICA................................................................. 81

5.4.1 – Difração de Raios-x .......................................................................... 82

5.4.2 – Propriedades de Cura ...................................................................... 88

5.4.3 – Propriedades Físico-Mecânicas ...................................................... 89

5.4.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas ................................................ 91

5.4.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ................................ 96

6 – CONCLUSÕES................................................................................................... 99

xii

7 – SUGESTÕES.................................................................................................... 100

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 101

1 – INTRODUÇÃO

O estudo e desenvolvimento de novos materiais têm despertado grande

interesse na sociedade, tanto do ponto de vista tecnológico quanto acadêmico. A

dispersão de cargas nanométricas, em materiais poliméricos convencionais,

representa um passo revolucionário na tecnologia de polímeros, além de ser uma

alternativa aos compósitos convencionais e blendas poliméricas.

Nos últimos anos, nanocompósitos baseados em polímeros / argila têm sido o

foco de muitos estudos e discussões, pois a baixa concentração das cargas

nanométricas presentes na matriz polimérica promove, em geral, a melhoria das

propriedades dos materiais. Esta melhora está relacionada à área superficial

elevada da carga, uma vez esfoliada e dispersa na matriz [1-7].

Os compósitos polímero/argila geralmente são classificados de acordo com a

estrutura obtida, nas formas: aglomerada, intercalada e delaminada ou esfoliada. As

três classificações podem ser facilmente diferenciadas por análise através da técnica

de difração de raios-x (DRX), como mostra a Figura 1 [8]. Quando as camadas de

argila agem como uma carga convencional, ocorre a separação das fases. Nos

nanocompósitos intercalados, as cadeias do polímero são intercaladas entre as

lamelas de argila, resultando em uma estrutura com lamelas alternadas e nos

nanocompósitos esfoliados, a carga está altamente dispersa na matriz e suas

lamelas estão completamente separadas pelo polímero, com distância e orientação

entre as camadas aleatórias, que depende da quantidade de argila adicionada

[6,9,10].

Figura 1. Classificação dos nanocompósitos polímero/argila [8]

2

O número de trabalhos publicados sobre nanocompósitos obtidos a partir de

matrizes termoplásticas tem crescido nos últimos anos, vide o crescente número de

depósito de patentes e artigos publicados na área. Estudos que abordam a formação

de nanocompósitos de borracha/argila são interessantes devido à complexidade das

formulações elastoméricas. Por isso, os estudos dedicados unicamente ao sistema

borracha/argila não são muito extensos. Além disso, a relação estrutura/propriedade

dos nanocompósitos de borracha/argila ainda deve ser mais explorada. Há muitos

fatores que podem influenciar as propriedades dos nanocompósitos a base de

borracha que ainda não foram totalmente explicados [11,12,13].

A nanotecnologia se mostra como uma possibilidade extremamente

interessante e versátil na obtenção de novos materiais com melhores propriedades

em relação aos polímeros e compósitos convencionais. Além do desafio tecnológico

e científico os nanocompósitos poliméricos são de grande interesse comercial. Por

isso este assunto despertou interesse do nosso grupo de pesquisa.

3

2 – OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é o desenvolvimento de nanocompósitos à

base de borracha nitrílica (NBR)/argila organofílica, utilizando como agente de

vulcanização o sistema bismaleimida (BMI) / peróxido de dicumila (DCP), visando

alcançar o aumento das propriedades mecânicas e dinâmico-mecânicas.

Objetivos específicos:

1) Comparar o efeito de duas diferentes argilas organofílicas sobre as

propriedades mecânicas e dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos à

base de NBR/argila organofílica preparado pelos processos de

intercalação no estado fundido e em solução.

2) Avaliar o efeito do método de dispersão da argila organofílica no grau de

intercalação/esfoliação.

3) Investigar o efeito da polaridade da borracha nitrílica no grau de

intercalação das argilas organofílicas.

4) Investigar o efeito da polaridade da borracha nitrílica sobre as

propriedades mecânicas e dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos a

base de NBR/argila organofílica preparada pelo processo de intercalação

no estado fundido e em solução.

5) Avaliar o efeito de alguns parâmetros de processamento da mistura sobre

as propriedades mecânicas, e dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos a

base de NBR/argila organofílica preparada pelo processo de intercalação

no estado fundido.

4

3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – BORRACHA NITRÍLICA (NBR)

Em 1931 foi relatada pela primeira vez num documento relativo a uma patente

francesa uma referência à borracha nitrílica (NBR) abrangendo a polimerização do

butadieno com a acrilonitrila [14]. A NBR é produzida através do processo em

emulsão, a frio ou a quente, obtendo um polímero linear ou semi reticulado [15].

De acordo com o processo de obtenção do elastômero, as unidades

monoméricas de butadieno e acrilonitrila são distribuídas estatisticamente no

copolímero. A reação básica para a produção do copolímero de NBR está ilustrada

na Figura 2 [16].

Figura 2. Copolimerização de butadieno e acrilonitrila para obtenção da NBR [16]

São possíveis três tipos de adição: 1,2; 1,4 e 3,4 sendo as duas últimas

idênticas. A forma mais comum de obtenção da NBR se dá pela adição 1,4 [16].

Os diferentes tipos ou grades de NBR distinguem-se pela variação do teor de

acrilonitrila (ACN) em sua composição, 18 a 50 %, e pela viscosidade mooney [14,16].

Devido ao seu custo, a NBR é usada em aplicações onde se exige uma

combinação de boas propriedades, tais como: boa resistência à fadiga dinâmica,

boa resistência ao inchamento em óleo e/ou em gasolina, boa resistência ao

envelhecimento ao calor e à abrasão. É utilizada principalmente na indústria

automobilística e no setor de óleos minerais, como componente principal na

fabricação de “orings”, membranas, foles, tubos e mangueiras, quer para aplicações

hidráulicas ou pneumáticas quer para transporte de hidrocarbonetos alifáticos,

correias transportadoras, material de fricção, cobertura de rolos para diversos fins

especialmente nas indústrias de pintura e têxtil e solados para calçado de

segurança.

5

O processo de mistura é uma etapa essencial e está diretamente ligado ao

sucesso no alcance das propriedades desejadas. O processamento do material tem

como objetivo a dispersão homogênea dos diversos aditivos usados na composição

da borracha e são usados para isso misturadores que podem ser de dois tipos:

misturador de cilindros ou de rolos e misturador interno. Quando se utiliza o

misturador de cilindros, é necessário um operador para realizar quase todo o

processo de mistura, enquanto que a operação em um misturador interno pode ser

quase toda automatizada [17].

As condições de mistura tais como temperatura, velocidade e tempo de mistura

influenciam na processabilidade dos sistemas de acordo com o monitoramento do

torque [18]. A resistência à deformação permanente por compressão (DPC) depende

principalmente do teor de ACN presente na NBR, como também, o sistema de

vulcanização usado em sua formulação [19]. A resistência à abrasão da NBR

vulcanizada com cargas reforçantes em sua formulação é cerca de 30 % superior

quando comparada à borracha natural (NR) vulcanizada e cerca de 15 % superior

quando comparado ao copolímero de butadieno e estireno (SBR) [19]. A dureza da

NBR com 33% de ACN em sua composição mantém-se constante num grande

intervalo de temperatura (70°C a 130°C), enquanto a tensão de ruptura diminui

significativamente com o aumento da temperatura [20]. A Tabela 1 mostra a

influência do teor de acrilonitrila nas propriedades da NBR [21].

Tabela 1. Influência do teor de acrilonitrila nas propriedades de NBR [21]

6

3.2 – ARGILAS OU SILICATOS LAMELARES

Nanocompósitos poliméricos a base de argilominerais foram inicialmente

desenvolvidos por um grupo de pesquisadores da Toyota em 1993 [22]. Eles

mostraram que as propriedades do nylon foram consideravelmente melhoradas pela

incorporação de pequena porção de silicatos lamelares.

A partir dessa descoberta, inúmeros trabalhos na literatura foram publicados

utilizando argila e os mais variados polímeros como matrizes [23-26]. Os silicatos

lamelares mais utilizados na preparação de nanocompósitos poliméricos são as

bentonitas. A bentonita é uma argila constituída principalmente pelo argilo-mineral

esmectita, resultante da alteração “in situ” de cinzas vulcânicas.

3.2.1 – Montmorilonita

A montmorilonita é o argilomineral mais abundante entre as esmectitas.

Possui partículas de tamanhos que podem variar de 2 µm a 0,1 µm, com tamanho

médio de ~0,5 µm e formato de placas ou lâminas. Pertence ao grupo dos

filossilicatos 2:1, cujas placas são caracterizadas por estruturas constituídas por

duas camadas tetraédricas de sílica com uma camada central octaédrica de

alumina, que são unidas entre si por átomos de oxigênio comuns a ambas as

camadas. As folhas apresentam continuidade nos eixos a e b e geralmente possuem

orientação aproximadamente paralela nos planos (001) dos cristais, o que lhes

confere a estrutura lamelar [28-30]. A estrutura simplificada da esmectita é

apresentada na Figura 3.

Figura 3. Estrutura da montmorilonita (MMT) [28]

7

As lamelas da montmorilonita apresentam perfil irregular, são muito finas, têm

tendência a se agregar no processo de secagem e possuem boa capacidade de

inchamento quando colocadas em contato com a água. O seu diâmetro é de

aproximadamente 100 nm, a espessura pode chegar até 1 nm e as dimensões

laterais podem variar de 30 nm a vários micrômetros, o que resulta em uma elevada

razão de aspecto [29-30]. O empilhamento dessas lamelas é regido por forças

polares relativamente fracas e por forças de Van der Waals e entre elas existem

lacunas denominadas galerias ou camadas intermediárias nas quais residem cátions

trocáveis como Na+, Ca2+, Li+, fixos eletrostaticamente e com a função de compensar

cargas negativas geradas por substituições isomórficas que ocorrem no retículo,

como por exemplo, Al3+, Mg2+ ou Fe2+, ou Mg2+ ou Li+. Cerca de 80% dos cátions

trocáveis na montmorilonita estão presentes nas galerias e 20% se encontram nas

superfícies laterais.

A inserção de moléculas orgânicas promove a expansão dos planos d(001) da

argila e muda sua natureza hidrofílica para hidrofóbica ou organofílica, proporcionando

com isso diversas possibilidades de aplicações. A soma das espessuras das camadas

individuais e da intercamada representa a unidade repetida do material multicamada,

chamado de d-spacing ou espaçamento basal, tendo uma espessura de

aproximadamente 1 nm (10 Å), no estado seco. O cálculo é feito a partir do pico

relativo do plano 001 obtido por difração de raios X (DRX) [15,31].

A montmorilonita (MMT) é o argilomineral mais utilizado no desenvolvimento

de nanocompósitos polímero/argila, devido à sua grande capacidade de troca

catiônica (CEC - capacidade de troca de cátions). A CEC é expressa em

miliequivalentes grama por 100 gramas (meq/100g) e essa propriedade é altamente

dependente da natureza das substituições isomórficas nas camadas tetraédricas e

octaédricas e da natureza do solo onde a essa argila foi formada [30-32]. A

montmorilonita (MMT) apresenta elevada razão de aspecto, boa capacidade de

delaminação, partículas resistentes a temperaturas empregadas na polimerização e

ao atrito do processo de extrusão [29,33-34].

8

3.2.2 – Montmorilonita Organofílica

As argilas apresentam inúmeras aplicações, devido às grandes variedades

existentes e também às interessantes propriedades que esses materiais apresentam

como inchamento, adsorção, propriedades reológicas, coloidais, etc. No entanto, em

seu estado natural tendem a ser hidrofílicas, o que dificulta a sua compatibilidade

com a maioria dos polímeros orgânicos insolúveis em água.

Para melhorar a afinidade entre as argilas lamelares e polímeros

convencionais, diversos pesquisadores desenvolveram inúmeras técnicas para

torná-las organofílicas [35-37]. Essas técnicas incluem a modificação superficial da

argila com surfactantes catiônicos, como alquilamônio ou alquilfosfônio, onde ocorre

a substituição dos cátions trocáveis (geralmente Na+) por cátions orgânicos de

cadeia longa. Este processo torna a argila organofílica, além de proporcionar a

expansão entre as galerias, facilitando assim a incorporação das cadeias

poliméricas [29,33-34]. As pesquisas de intercalação de moléculas orgânicas em

argilas tiveram início na década de 1920, após a introdução da técnica de difração

de raios-x em 1913. A intercalação de espécies orgânicas em esmectitas é um modo

de se construir um conjunto inorgânico-orgânico com microestruturas únicas [38].

Atualmente, o principal foco da modificação das argilas tem sido direcionado à

ciência de materiais, cujo objetivo é a obtenção de argilas organofílicas para

aplicação em nanocompósitos poliméricos.

3.3 – NANOCOMPÓSITOS DE BORRACHA / ARGILA ORGANOFÍLICA

As borrachas vulcanizadas são normalmente carregadas com negro de fumo

ou sílica, para melhorar o módulo de elasticidade, resistência à tração dentre outras

propriedades importantes. A quantidade dessas cargas convencionais necessárias

para chegar a um bom desempenho mecânico é muito elevada (entre 30 a 40 phr),

afetando a capacidade de processamento.

Por isso uma variedade de outras cargas vem sendo testadas em substituição

ao convencional negro de fumo. Diversos trabalhos são encontrados na literatura,

reportando o uso de nanocompósitos de polímero/argila onde suas partículas têm ao

menos uma dimensão em escala nanométrica [3, 11,39]. A presença de cargas

9

minerais nos compósitos de borracha/argila modifica os valores da diferença entre o

torque máximo e mínimo (∆S), tempo do scorch (ts1) e melhor tempo de cura (t90),

onde em geral o valor de ∆S sofre acréscimo e os valores de ts1 e (t90) sofrem

decréscimos [39]. A adição de cargas reforçantes como a montmorilonita, o negro de

fumo e a sílica, na composição da NBR, permitem a obtenção de materiais com

excelentes propriedades físicas. Entretanto, as propriedades mecânicas dependem

da temperatura de vulcanização do material [20].

Vários estudos afirmam que a exigência de estruturas altamente esfoliadas de

argila é importante para conseguir o melhor desempenho dos nanocompósitos

correspondentes. No entanto, os nanocompósitos de borracha / argila totalmente

esfoliada são muito difíceis de se obter, especialmente utilizando-se a técnica de

intercalação no estado fundido, devido à alta viscosidade da borracha [40]. Apesar

disso, vários nanocompósitos apresentaram desempenho mecânico superior,

mesmo com estruturas não esfoliadas [41].

Choi e colaboradores [42] estudaram o comportamento de duas amostras de

NBR e montmorilonita organofílica, NBR-OM2 e NBR-OM5, contendo 2 e 5 phr de

OM respectivamente, antes e após a cura. Através da análise de difração de raios-x

(DRX) os autores observaram que as amostras curadas apresentaram dois picos

entre 2 e 6º, com um aumento na altura máxima nas duas composições em relação

a não curada, como mostrado na Figura 4.

Figura 4: Difratograma de raios-x dos nanocompósitos de NBR/OM antes e após a vulcanização [42]

10

Os autores concluíram que a diminuição do espaçamento basal das camadas

da argila após a cura, ocorre devido a um aumento na mobilidade das cadeias do

polímero na parte orgânica da OM, que promove a retirada de parte dos

componentes intercalados entre as lamelas da argila em conseqüência do aumento

da temperatura e pressão do molde durante o processo de vulcanização.

Tanto a estrutura como as propriedades resultantes dos nanocompósitos de

borracha / argila dependem de vários fatores, tais como, o tipo de modificador da

argila, as características de polaridade da borracha, as condições de

processamento, bem como o processo de vulcanização. Usuki e colaboradores [43]

obtiveram nanocompósitos de EPDM / argila com estrutura esfoliada pelo processo

de vulcanização. Enquanto Varghese et al [44] e Arroyo et al [45,46] observaram que

a argila organofílica acelerou a cura da NR com enxofre. A questão é descobrir qual

é o principal fator que afeta a estrutura dos nanocompósitos de borracha / argila, o

processo de mistura ou a vulcanização.

3.4 – INFLUÊNCIA DA POLARIDADE DOS ELASTÔMEROS NO GRAU DE

ESFOLIAÇÃO E PROPRIEDADES DOS NANOCOMPÓSITOS

Wu e colaboradores [48] estudaram o efeito das características da borracha,

do processo de mistura e tipo de agente de vulcanização, na estrutura e

propriedades do sistema borracha apolar/argila pelo processo de intercalação no

estado fundido. Três nanocompósitos à base de borracha de NR, SBR e EPDM

foram preparados, utilizando uma argila modificada com Octadecilamina (OC). A

difração de raios-x (DRX) revelou que os nanocompósitos SBR / OC e EPDM / OC

exibiram uma estrutura intercalada bem intercalada ordenada e uma estrutura

intercalada desordenada, respectivamente. Já os nanocompósitos NR / OC exibiram

uma estrutura intercalada/esfoliada intermediária como pode ser observado na

Figura 5. Os resultados foram condizentes com as imagens obtidas por microscopia

eletrônica de transmissão (TEM), como mostrado na Figura 6.

11

Figura 5. Difratograma de raios-x da argila organofílica (OC) e nanocompósitos de NR, SBR e

EPDM com 10phr de OC [48]

Figura 6. Micrografias de TEM dos nanocompósitos (a) NR / OC, (b) SBR / OC, e (c), EPDM / OC [48]

Os autores sugerem que o processo de mistura desempenhou um papel

preponderante na formação da estrutura em escala nanométrica dos sistemas NR /

OC e SBR / OC, enquanto que no sistema EPDM / OC a estrutura intercalada foi

formada principalmente durante o processo de vulcanização como pode ser

observado na Figura 7.

12

Figura 7. Difratograma de raios-x dos três nanocompósitos borracha / OC antes e depois da cura:

(a) NR / OC, (b) SBR / OC, (c) EPDM / OC [48]

A Figura 8 mostra que a resistência à tração dos nanocompósitos SBR / OC

e EPDM / OC carregados com 10 phr de OC foi de 4 a 5 vezes maior do que o valor

obtido para o correspondente da borracha vulcanizada pura. Segundo os autores,

este comportamento pode ser atribuído à saída das cadeias de borracha do interior

das lamelas de argila e da orientação da argila organofílica. A esfoliação da argila

melhorou o módulo do nanocompósito NR / OC em relação à NR pura.

13

Figura 8. Curvas tensão X deformação dos diversos nanocompósitos de borracha/OC [48]

Sadhu e colaboradores [49] estudaram o efeito da polaridade da borracha no

grau de esfoliação e propriedades dos nanocompósitos de SBR/ Na+-MMT, BR/ Na+-

MMT e NBR/ Na+-MMT pela técnica de intercalação em solução. Os autores

concluíram que a polaridade da borracha afeta o comportamento dos

nanocompósitos durante o processamento e, quanto maior a polaridade da

borracha, menor é a viscosidade do material durante o cisalhamento com a

incorporação da argila. Quando o material é carregado com um valor ótimo de carga,

a viscosidade diminui de acordo com a natureza da borracha, além de que o

aumento é devido à aglomeração das partículas. Entretanto, o inchamento sempre

diminui com o aumento da quantidade de carga, conforme o esperado.

Segundo os autores, a incorporação da argila também influência nas

propriedades dinâmico-mecânicas das borrachas, mesmo que em pequenas

quantidades (4 phr). O módulo de armazenamento, o módulo de perda e a tan delta

são uma função do grau de inserção e interação argila/matriz. Tais propriedades

dinâmico-mecânicas também foram afetadas pela natureza e pela polaridade da

borracha, uma vez que o grau de intercalação e interações é alterado.

Na Figura 9 os autores observaram o aumento do módulo de

armazenamento com a incorporação da OC em todas as composições sendo que a

extensão desse aumento é máxima para 50NBR. O pico de tan delta da 19NBR é

deslocado para uma temperatura mais baixa, enquanto que, para a 50NBR avança

para a temperatura mais elevada, com 4phr de OC.

14

Figura 9. a) Log E’ X temperatura dos nanocompósitos de 19NBR; b) tan delta X temperatura

dos nanocompósitos de 19NBR; c) Log E’ X temperatura dos nanocompósitos de 50NBR; d) tan delta X temperatura dos nanocompósitos de 50NBR [49]

Na Figura 10 pode-se observar que com o aumento da carga, tanto o módulo

de armazenamento, quanto a Tg permanecem praticamente inalterados.

Figura 10. a) Log E X temperatura; b) tan delta X temperatura dos nanocompósitos de 34NBR

com diferentes teores de cargas [49]

15

Ainda em relação a esse estudo, os autores sugerem que a natureza da

borracha controla o grau de intercalação, bem como o nível de dispersão das

nanopartículas, modificando o seu comportamento reológico. Logo, a tendência de

mudanças na reologia do material com a adição da argila é diferente para a BR,

SBR e 34NBR, que se reflete no grau de dispersão como se observa na Figura 12.

O aumento na polaridade da NBR (19NBR, 34NBR e 50NBR) afeta

significativamente a DRX como mostra a Figura 13.

Figura12. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos baseados em (a) SBR (SBRN4 e

SBROC4) e (b) em BR (BRN4 e BROC4) (C) 34NBR (34NBRN4, 34NBROC4) [41]

Figura 13. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos baseados em NBR: (a) 19NBRN4,

19NBROC2, 19NBROC4 e 19NBROC8, (b) 34NBRN4, 34NBROC2, 34NBROC4 e

34NBROC8, (c) 50NBRN4, 50NBROC2, 50NBROC4 e 50NBROC8 [41]

Segundos os autores a borracha com menor quantidade de ACN (não

possuem grupos pendentes volumosos) consegue penetrar entre as lamelas da

argila não modificada e provocar a intercalação e/ou esfoliação da argila. O grau de

intercalação é maior do que aquele obtido pelas NBRs com maiores teores de ACN.

16

A NBR com maiores teores de ACN são altamente polares, logo há uma

maior possibilidade de formação de ligações de hidrogênio entre o grupo N-C (nitrila)

da NBR e o OH (hidroxila) da argila, muitas ligações de hidrogênio não favorecem a

esfoliação. Além disso, a presença de um número maior de grupos N-C na NBR

torna as cadeias mais volumosas, diminuindo a possibilidade de intercalação na

argila.

Os autores concluíram que os estudos de TEM dos nanocompósitos revelam

um tamanho da partícula da argila não modificada de 40-50nm. As micrografias são

apresentadas na Figura 14. Embora as partículas não estejam uniformemente

dispersas, a micrografia da amostra 34NBRN4 [Figura 14 (a)] mostra claramente que

a argila não modificada esta aglomerada. A micrografia da amostra 50NBROC4

[Figura 14 (b)] mostra a espessura média da partícula da argila em torno de 70

nanômetros. É perceptível que as partículas da argila modificada estão dispersas

uniformemente, a espessura média da argila modificada nos nanocompósitos da

borracha 19NBROC4 [Figura 14 (c)] varia de 15-20 nanômetros, indicando uma

esfoliação parcial confirmando o resultado de DRX. O tamanho de partícula da

34NBROC4 [Figura 14 (d)] também se encontra na faixa de 70 nanômetros. As

micrografias de TEM confirmam os resultados de DRX, deixando claro que a

modificação das partículas de argila auxilia a sua expansão na matriz de borracha

devido à intercalação.

a b c d

Figura 14. Micrografias de TEM dos nanocompósitos de argila modificada a base de NBR: (a) 34NBRN4 (13,500 X); (b) 50NBROC4 (13,500 X); (c) 19NBROC4 (13,500 X); (d) 34NBROC4 (13,500 X) [41]

17

3.5 – MÉTODOS DE INTERCALAÇÃO DOS NANOCOMPÓSITOS ELASTOMÉRICOS

Os nanocompósitos de borracha / argila, em geral, podem ser preparados por

vários métodos tais como: intercalação em solução, intercalação no estado fundido e

mistura em látex.

Diversos nanocompósitos de borracha / argila, como por exemplo, borracha

nitrílica carboxilada [51-52], borracha nitrílica (NBR), [8,53] borracha natural (NR)

[54-55], borracha de estireno-butadieno (SBR), [53-56] e etileno-propileno-dieno

(EPDM) [57], entre outros, foram preparados através de técnicas de intercalação em

solução, intercalação no estado fundido e coagulação do látex. Dentre esses

procedimentos, a intercalação no estado fundido é um processo bastante

interessante sob o ponto de vista tecnológico, pois não requer solvente para o

inchamento da argila, o que constitui uma vantagem inerente da aplicabilidade

industrial e meio ambiente.

3.5.1 – Intercalação em Solução

Esta técnica consiste inicialmente em dispersar a argila organofílica em um

solvente polar para que ocorra a expansão da argila no solvente formando uma

estrutura na forma de gel. Em seguida, o polímero solubilizado é adicionado à

suspensão de argila para que seja intercalado nas camadas da argila. O último

passo do processo consiste em remover o solvente por evaporação, geralmente sob

vácuo [7].

Valadares e colaboradores [58] estudaram a influência da variação do teor da

Na-MMT (5, 10, 20, e 30 phr de Na-MMT) sobre o grau de esfoliação / intercalação e

propriedades mecânicas dos nanocompósitos de NR.

A Figura 15 mostra os difratogramas de raios-x da Na-MMT pura e dos

nanocompósitos NR/ Na-MMT preparados com diferentes teores de argila. Observa-

se que quanto menor o teor de argila na composição, maior é o grau de esfoliação, e

a amostra com 5 phr de Na-MMT apresenta-se totalmente esfoliada.

18

Figura 15. Difratograma de DRX para a argila pura e dos nanocompósitos [58]

As micrografias de TEM desses nanocompósitos são mostradas na Figura 16. As

imagens de TEM para a amostra NR/ 5 Na-MMT confirmam os dados de DRX,

indicando que a argila está bem esfoliada na matriz de NR. Os autores concluem

que, quanto menor o teor de argila na matriz de NR, maior a adesão da NR/argila.

Figura 16. Micrografia de TEM do NR/ 5 Na-MMT [58]

As curvas de tensão versus deformação são mostradas na Figura 17. Os

autores concluíram que o aumento do teor de argila na matriz de NR promove uma

mudança drástica nas propriedades mecânicas dos compósitos, aumentando o

módulo e a resistência à tração dos materiais. Entretanto, o alongamento sofre um

decréscimo. Eles concluem também, que nem sempre o composto mais esfoliado

apresenta melhores propriedades, uma vez, que o material carregado com 5 phr

apresentou menor módulo quando comparado aos demais materiais.

19

Figura 17: Curva de Tensão versus Deformação dos nanocompósitos de NR/Na-MMT [58]

3.5.2 – Intercalação no Estado Fundido

Esta técnica consiste em incorporar a argila organofílica na matriz

elastomérica no estado fundido. O processamento do material é feito em

temperatura acima da temperatura de transição vítrea do polímero, dando origem ao

nanocompósito. A mistura pode ser realizada em um misturador de rolos ou

reômetro de torque. Os parâmetros de processamento são fundamentais, pois de

acordo com as condições de processamento a argila organofílica pode ser esfoliada

e dispersa na matriz elastomérica atingindo altos níveis de esfoliação, promovendo

assim melhoria das propriedades da borracha. Estudos indicam que existe um

tempo de residência e taxa de cisalhamento ótimo requerido para facilitar a

esfoliação e dispersão das camadas de silicato [1,6].

Kim e colaboradores [59] prepararam pelo processo de intercalação no estado

fundido, nanocompósitos de NBR/ MMT curadas com enxofre. As características de

cura foram investigadas de acordo com a variação do teor e tipo de argila. Este

estudo demonstrou que os nanocompósitos têm características de cura diferentes,

(torque mínimo, torque máximo, tempo de scorch e tempo de cura), de acordo com a

mudança no teor e tipos de argila. Com o aumento do comprimento da cadeia do

modificador usado no tratamento da MMT-Na+, o tempo de scorch e melhor tempo

de cura são reduzidos durante o processo de vulcanização como pode ser

observado na Figura 18. Segundo os autores, isto ocorre porque com o aumento do

comprimento da cadeia do modificador, a MMT é distribuída mais uniformemente na

20

matriz, durante o processo de mistura, o que permite uma melhor distribuição do

agente de cura da matriz de NBR.

Os autores observaram, através de TEM, que quanto maior o comprimento da

cadeia do modificador da MMT mais fácil a esfoliação/ intercalação da borracha

entre suas lamelas, como observado na Figura 19.

Figura 18. (a) Correlação entre tempo de scorch e teor de MMT, (b) Correlação entre tempo

ótimo de cura e teor de MMT [59]

Figura 19. Micrografias de TEM dos nanocompósitos com 10 phr de MMT. (a) C8-MMT/NBR,

(b) C12-MMT/NBR, (c) C18-MMT/NBR [59]

21

Em outro estudo, Kim e colaboradores [6] avaliaram o efeito da modificação da argila

sobre as propriedades dos nanocompósitos de NBR/MMT. As misturas foram

caracterizadas por difração de raios-x (DRX), microscopia TEM, análise dinâmico-

mecânica (DMA) e ensaios mecânicos.

A DRX mostrou que o espaçamento basal da argila aumentou com o aumento do

tamanho da cadeia do modificador, o que significa que a matriz NBR foi intercalada

nas galerias da argila, como podemos observar na Figura 20 (a). A Figura 20 (b)

mostra as micrografias de TEM. As partículas de MMT são claramente observadas,

as camadas foram esfoliadas em escala nanométrica de cerca de 10-20 nm de

espessura, sendo seu tamanho original de 40 µm.

Figura 20. (a) Difratograma de raios-x para os diferentes nanocompósitos preparados, (b)

Micrografia de TEM para o nanocompósito C18-MMT/NBR [6]

A análise de DMA é mostrada na Figura 21, esta análise mostrou que para

estes nanocompósitos o módulo de armazenamento e temperatura de transição

vítrea (Tg) aumentou em relação aos valores correspondentes da NBR pura.

22

Figura 21. Variação do módulo de armazenamento com a variação do teor de MMT, (b)

Variação da Tg (ºC) com a variação do teor de MMT [6]

Os ensaios mecânicos mostraram que os nanocompósitos apresentaram

propriedades mecânicas como, resistência a tração e módulo elástico superior. Os

autores sugerem que a melhoria das propriedades está relacionada aos efeitos da

dispersão da carga em nanoescala e da forte interação entre a matriz e a interface

da argila como mostra a Figura 22.

Figura 22. (a) Variação da resistência a tração com a variação do teor de MMT, (b) Variação do

Módulo elástico com a variação do teor de MMT [6]

23

3.5.3 – Mistura em látex

O procedimento para a preparação de nanocompósitos pela rota de látex é

constituído de três etapas principais: a dispersão da argila em água, a

homogeneização do látex com a dispersão de argila esfoliada e a secagem dessa

mistura.

Wang et al. [60] prepararam nanocompósitos incorporando argila ao látex de

NR e policloropreno, seguido da coagulação das dispersões. Os resultados

mostraram que os nanocompósitos apresentaram valores de módulo elástico,

dureza, tensão na ruptura e propriedade de barreira a gases superiores aos

compósitos preparados com estes polímeros e negro de fumo.

Varghese e Karger-Kocsis [61] prepararam nanocompósitos de látex de NR

com 10% de uma bentonita. Os autores atribuíram o aumento no módulo elástico

dos nanocompósitos, a formação de uma estrutura ou esqueleto tridimensional na

matriz polimérica, pela carga nanométrica.

Zhang e colaboradores [62] patentearam uma metodologia para a preparação

de nanocompósitos, onde uma dispersão de argila com teor de sólidos entre 0,2 e

20% em massa, é misturada a uma emulsão polimérica. A dispersão obtida passa

por ultra-som durante 10 min, sendo depois coagulada com uma solução eletrolítica.

Durante a etapa de mistura, podem ser adicionados ao sistema agentes de

acoplamento como trietanolamina, silanos etc., em uma proporção entre 0,5 e 2%

em massa. Com base nesta patente, estes autores publicaram uma série de

trabalhos utilizando os mais diversos polímeros elastoméricos, entre eles: borracha

nitrílica [8], poli(isobutileno-isopreno) [63], poli(butadieno-estireno) [64], borracha

natural [65] e poli(etileno-co-propileno-co-dieno) [66].

3.6 – INFLUÊNCIA DO PROCESSAMENTO NO GRAU DE ESFOLIAÇÃO DA

BORRACHA MODIFICADA COM ARGILA ORGANOFÍLICA

A dispersão da argila na matriz de borracha pelo processo de intercalação no

estado fundido depende de vários fatores tais como, o tipo de intercalante [6], a

natureza da matriz da borracha [53, 56,67], as condições de mistura [68] e processo

de cura [52,68]. Alguns autores [67] concluíram que estruturas altamente intercalada

24

e/ou esfoliada são alcançadas geralmente em borracha mais polares. No entanto,

Sadhu e Bowmick observaram maior grau de esfoliação com NBR menos polar [41].

Outro fator observado foi o processo de cura, diversos autores concluíram

que este também é um fator muito importante, pois, interfere no grau de intercalação

/ esfoliação dos nanocompósitos de borracha / argila. Nah et al [47] observaram uma

mudança na posição dos picos de difração de raios X para maiores valores 2θ dos

nanocompósito a base de borracha nitrílica / argila, relacionados com o

espaçamento basal da argila organofílica após a cura. Os autores concluíram que

parte dos componentes intercalados foram expulsos das camadas da argila durante

o processo de moldagem por compressão, dando origem a alguns agregados de

argila.

Varghese e Kocsis [44] observaram o surgimento de um novo pico de difração

de raios-x correspondente a uma distância menor do que o espaçamento basal

inicial da argila organofílica após a cura do sistema NR / argila curado com enxofre,

o que indica que algumas camadas de argilas foram confinadas. Zhang et al [48],

prepararam diferentes composições de borracha / argila em um misturador aberto de

rolos, e observaram que parte da argila foi intercaladas pelas cadeias de borracha e

outra parte foi re-agregada após a cura, provavelmente devido a expulsão de alguns

cátions orgânicos das camadas da argila. Um comportamento semelhante foi

observado também em outros sistemas de borracha / argila [56,69-71]. A maioria

destes sistemas apresentam picos de difração em valores mais baixos de 2θ em

comparação com a argila organofílica original, confirmando o processo de

intercalação, e os outros picos de difração em valores mais altos de 2θ, sugerem o

confinamento da argila.

As estruturas intercaladas das argilas organofílicas em uma matriz de

borracha e a sua distribuição espacial são significativamente afetadas pelos

parâmetros de cura durante o processo de vulcanização [71-73]. Vários autores têm

investigado o efeito dos diferentes parâmetros envolvidos no processo de

vulcanização (temperatura, tempo e pressão) sobre o grau de confinamento argila

organofílica em nanocompósitos de borracha / argila.

Liang et al [73] estudaram o efeito do calor e pressão sobre o grau de

intercalação da argila em nanocompósito a base de borracha de isobutileno-isopreno

/ argila. O tratamento térmico com temperatura ambiente e pressão moderada

resultou na diminuição do espaçamento interlamelar. No entanto, o aumento da

25

temperatura, promoveu o aumento do grau de esfoliação do material. A pressão

também provoca uma diminuição do espaçamento interlamelar.

O efeito do processo de vulcanização no grau de intercalação / esfoliação do

nanocompósito de borracha / argila tem sido amplamente estudado. Entretanto,

estudos sobre o efeito do processamento da mistura não são comuns. Alguns

trabalhos discutem que a taxa de deformação e temperatura mastigação melhora as

propriedades mecânicas da borracha reforçada com argila organofílica [68].

Wang et al [74], estudaram o efeito de alguns parâmetros de processamento

sobre o grau de esfoliação do nanocompósito de polibutadieno (PBD) / argila

preparada diretamente no estado fundido, em um misturador interno. À distância

interlamelar aumentou ligeiramente com o aumento da temperatura de mistura e

velocidade do rotor. Entretanto, o processamento em temperaturas muito altas

(110ºC) resultou em uma diminuição do espaçamento da galeria.

3.7 – INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DA ARGILA

ORGANOFÍLICA NAS PROPRIEDADES DA NBR

O grau de esfoliação da argila, assim como as propriedades dinâmico-

mecânicas dos nanocompósitos correspondentes, depende de diversos fatores, tais

como: método de dispersão, composição da NBR, natureza da modificação da argila

e processo de cura.

Sadhu e Bhowmick [41-53] dispersaram a argila natural e modificada com o

cátion octadecil amônio na matriz de NBR usando a intercalação em solução.

Observaram um ligeiro aumento do espaço interlamelar quando a argila não

modificada foi empregada. Entretanto, usando a argila organofílica, a

intercalação/exfoliação foi observada somente em NBR com baixos teores de

acrilonitrila, isto é, mais apolar. Choi e colaboradores [42] dispersaram Cloisite 15A

(MMT organofílica ou OC) na matriz de NBR com 33% de acrilonitrila (NBR33) usando

um misturador de rolos. Observaram um deslocamento do pico de difração de raio X

relativo ao espaçamento basal da argila organofílica para valores de 2θ mais elevados

após a cura, indicando uma diminuição da distância interlamelar (d). Os autores

sugeriram um processo de reaglomeração e formação de alguns agregados.

26

Liu e colaboradores [75] observaram certo grau de esfoliação dos

nanocompósitos a base de NBR29 (com 29% de acrilonitrila) e argila organofílica

(modificada pelo complexo resorcinol e hexametilenotetramina) processados no

estado fundido. Em uma série de trabalhos interessantes, Kim e colaboradores

[6,76] observaram um elevado grau de esfoliação quando a argila organofílica foi

processada com a NBR29 no estado fundido. Han e colaboradores [77] utilizaram a

MMT organicamente modificada por grupos do tipo vinila. Este sistema foi curado

com enxofre e os nanocompósitos apresentaram estruturas tanto esfoliadas como

intercaladas. Das e colaboradores [78] estudaram a influência do peróxido e do

enxofre como agentes de cura para os nanocompósitos de NBR/ argila. A cura com

peróxido apresentou estrutura mais ordenada do que com enxofre.

3.8 – EFEITO DA ADIÇÃO DA ARGILA ORGANOFÍLICA NAS PROPRIEDADES DE NBR

Nanocompósitos baseados em silicatos lamelares tem sido alvo de grande

interesse por serem capazes de oferecer melhores propriedades mecânicas e

térmicas quando comparados aos compósitos convencionais carregados com

concentração similar de negro de fumo, ou sílica. Este aumento das propriedades

está relacionado à área superficial muito alta, a relação de aspecto elevado, e a alta

capacidade de troca de cátions [79]. Esta última característica é de extrema

importância para a boa dispersão da argila na matriz de polímero, pois, os cátions

presentes nos silicatos são facilmente substituídos por cátions alquilamônio de

cadeia longa, aumentando assim a compatibilidade entre a argila e a matriz

polimérica [80].

As nanocargas presentes nas composições, além de mudar as propriedades

da borracha vulcanizada, afetam igualmente a química do processo de vulcanização.

Uma redução substancial do tempo de vulcanização foi observada na presença de

argila organofílica. O efeito é explicado pela presença de grupos aminados que

atuam como acelerador do processo de cura [81].

Mudanças nas características de cura da borracha, a saber: torque mínimo

(ML), torque máximo (MH), tempo do scorch (ts1) e tempo de cura (t90), resultam da

variação do teor de argila presente em sua composição [41].

27

A adição de montmorilonita não modificada provoca uma diminuição discreta

nos valores de ts1 e t90. Entretanto, quando se utiliza montmorilonita organicamente

modificada em compósitos de borracha, a diminuição é muito mais sensível. Os

argilominerais não modificados tornam o meio no qual se encontram mais básico

facilitando a cura do elastômero diminuindo o ts1 e t90. No caso dos argilominerais

organicamente modificados, a presença do substituinte orgânico a base de aminas

em sua composição, também tornam o meio básico acelerando fortemente a cura do

compósito de borracha diminuindo mais sensivelmente o ts1 e t90 promovendo

também o aumento no valor de ∆S (MH-ML) [32].

28

3 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 – MATERIAIS

4.1.1 – Reagentes e Solventes

Os produtos químicos utilizados na preparação das misturas ao longo deste

trabalho foram:

� Copolímero de butadieno-acrilonotrila (NBR) em fardo procedência brasileira, doado

gentilmente pela Petroflex Indústria e Comércio S.A.; teor de acrilonitrila combinado

= 28%; viscosidade Mooney (MML1+4@100ºC) = 60; usado como recebido;

� Copolímero de butadieno-acrilonotrila (NBR) em fardo procedência brasileira, doado

gentilmente pela Petroflex Indústria e Comércio S.A; teor de acrilonitrila combinado

= 45%; viscosidade Mooney (MML1+4@100ºC) = 60; usado como recebido;

� N,N'-m-fenileno-bismaleimida (HVA-2) (BMI); (agente de cura) procedência:

VANDERBILT DuPont Dow.; grau de pureza comercial.; usado como recebido;

� Peróxido de Dicumila (DCP), procedência: BDH CHEMICAL LTDA.; Inglaterra;

grau de pureza P.A.; usado como recebido;

� Argila Cloisite 15A® (OC15A) (uma montmorilonita natural modificada com o sal

de amônio quaternário dimetil dehirogenado (2M2HT : onde o HT=

~65% C18; ~30% C16; ~5% C14) com capacidade de troca catiônica de

125meq/100g) fornecida por Southern Clay Products Corp.; usado como recebido;

� Argila Cloisite 30B® (OC30B) (uma montmorilonita natural modificada com o sal de

amônio quaternário metil, bis-2-hidroxietil (MT2EtOH: onde o T =

~65% C18; ~30% C16; ~5% C14) com capacidade de troca catiônica de 90 meq/100g)

foi comercial fornecida por Southern Clay Products Corp.; usado como recebido;

� Óleo Mineral – Cedido pelo Centro de pesquisa de energia Elétrica (CEPEL)

usado como recebido;

� Clorofórmio, procedência Vetec Química Fina Ltda., grau de pureza P.A (Brasil);

usado como recebido;

29

� Tetrahidrofurano (THF), procedência Vetec Química Fina Ltda., grau de pureza

P.A (Brasil); usado como recebido;

� Metanol destilado.

4.1.2 – Equipamentos Utilizados

Além das vidrarias e aparelhos usuais de um laboratório deste trabalho,

também foram utilizados os seguintes equipamentos:

� Máquina Universal de Ensaios Instron, Modelo 5569, com célula de 1KN;

� Misturador de Cilindros Berstorff com aquecimento por circulação de óleo;

� Prensa mecânica Marconi, com aquecimento elétrico, sem resfriamento

automático;

� Difratômetro de raios-x, modelo Rigaku Ultima IV (40 kV, 20 mA) no intervalo de

2θ = 0.5-10º;

� Reômetro de Disco Oscilatório Tecnológia Industrial, Modelo TI100;

� Analisador dinâmico-mecânico (DMA), Q800, TA Instrumentos;

� Câmara de mistura – Plastograph Brabender, equipada com rotor “banbury”;

� Prensa hidráulica Marconi, com aquecimento elétrico, sem resfriamento

automático;

� Moldes ASTM D395-85 e DIN 53504 para preparação dos corpos de prova.

� Sonicador Bransom com 10 kv de amplitude.

4.2 – MÉTODOS

4.2.1 – Preparação dos Nanocompósitos NBR/Argila Or ganofílica

Foram utilizadas duas rotas de preparação dos nanocompósitos (i) Método

I:intercalação no estado fundido e (ii) Método II: intercalação em solução. Cada rota

foi realizada com dois tipos de NBR (4560 e 2860), cada NBR foi processada com

dois tipos de diferentes de Argila Organofílica (OC). Cada rota é descrita

detalhadamente abaixo.

30

(i) Método I: Os nanocompósitos de NBR/OC foram preparados em um

Plastógrafo Brabender equipado com um misturador interno de 120 cm3, usando rotor

do tipo “banbury” com uma velocidade de 80 rpm e fator de enchimento da câmara de

0,85. A NBR (4560 ou 2860) foi mastigada primeiramente a 50 ºC por 2 minutos em

seguida foi adicionada a argila organofílica (cloisite 15A ou 30B) em quantidades

iguais a 2,5 e 5,0 phr. A mistura foi processada por mais 13 minutos. Posteriormente,

o sistema de cura a base de BMI e DCP foi incorporado em moinho aberto de rolos. A

pré-mistura (NBR/OC) foi mastigada por 2 min e em seguida foi adicionado o BMI por

2 min e o DCP por 2 min. A Figura 23 mostra esquematicamente o processo de

preparação dos nanocompósitos à base de NBR /OC.

Figura 23. Esquema do processo de preparação do nanocompósito de

NBR / MMT no estado fundido

(ii) Método II: Uma pré-mistura, numa relação 2:1 (m/m) de NBR/argila

organofílica, foi composta primeiramente dispersando 10g de argila organofílica em

140 ml de solvente (clorofórmio para OC15A ou tetrahidrofurano (THF) para

OC30B), com agitação mecânica e temperatura de 50 ºC, por 2h. Então, uma

solução contendo 20g de NBR (4560 ou 2860) em 200 ml de solvente (clorofórmio

para OC15A ou THF para OC30B) foi adicionada lentamente, e a dispersão

resultante foi agitada a 50 ºC por 4h. A mistura foi sonicada em um sonicador, por 15

min. Após este tratamento, a dispersão foi precipitada em metanol e seca sob vácuo.

Uma quantidade apropriada desta pré-mistura foi combinada com NBR em um

moinho de rolos para se obter a proporção desejada de argila (2,5 e 5,0 phr) (NBR 2

31

min e pré-mistura 2 min), seguida pela composição do sistema de cura a base de

BMI (2 min) e DCP (2min). A Figura 24 mostra esquematicamente o processo de

preparação dos nanocompósitos à base de NBR / argila organofílica.

Figura 24. Esquema do processo de preparação do nanocompósito de

NBR / MMT em solução

As formulações usadas na preparação dos nanocompósitos de NBR/ Argila

organofílica (OC) são mostradas na Tabela 2.

Tabela 2. Formulações usadas nos Métodos I e II para misturas com NBR 4560 ou NBR 2860

Formulação

Método I Método II Componentes Puro

2,5 phr 5,0 phr 2,5 phr 5,0 phr

NBR (4560 ou 2860) 100 100 100 100 100

OC15A - 2,5 5,0 - -

OC30B - 2,5 5,0 - -

OC15A + NBR (4560 ou 2860)

mistura sonicada - - - 2,5 5

OC30B + NBR (4560 ou 2860)

mistura sonicada - - - 2,5 5

BMI 1 1 1 1 1

DCP 1 1 1 1 1

32

4.2.2 – Caracterização das misturas

4.2.2.1 – Determinação dos Parâmetros de Vulcanização

Após o processamento, as misturas de NBR (4560 ou 2860) foram analisadas

em reômetro de disco oscilatório (RDO) a 170°C, arc o de oscilação de 1°, por 24 min

de acordo com o método ASTM D2084-81. A partir dos reogramas obtidos, foram

determinados os parâmetros de vulcanização tais como: torque máximo (MH), torque

mínimo (ML), tempo de pré-cura (ts1

) e o tempo ótimo de cura (t90

) que foi

estabelecido como o momento no qual se alcança 90% do torque máximo (MH). O

índice de cura (CRI) foi calculado conforme a Equação 1.

Índice de cura (CRI) = 100/ (t90-ts1) Equação 1

4.2.2.2 – Elaboração dos Corpos de Prova

Para obtenção dos corpos de prova específicos para os ensaios pertinentes,

as amostras foram moldadas por compressão em uma prensa mecânica a 170ºC,

pressão de 5 MPa, no tempo ótimo de cura (que foi estabelecido como o momento

no qual se alcança 90% do torque máximo (MH)) obtido no RDO para cada material.

Convencionou-se a utilizar para cada teste um tempo ótimo de cura (t90)

para os tapetes dos quais se cortam os corpos de prova para tração e 2 vezes o t90

para os corpos de prova de deformação permanente por compressão.

4.2.2.3 – Ensaio de Deformação Permanente por Compressão

O método utilizado para determinação da resistência por compressão (DPC)

seguiu a norma ASTM D395-85. As amostras foram colocadas em estufa de

circulação forçada de ar, à temperatura a 100°C, po r um período de 22 horas sob

compressão de 25% do tamanho inicial. A DPC foi calculado conforme a Equação 2

realizados seguindo a Equação 2 :

33

Onde:

E0 = Espessura original da amostra em mm.

Ef= Espessura final da amostra após 30 minutos em mm.

Eb= Espessura do espaçador (5,03 mm)

4.2.2.4 – Ensaio de Inchamento em Óleo

O grau de Inchamento em óleo foi obtido pelo aumento de massas dos corpos

de prova após 22 horas imersas em óleo mineral, e mantidas a 100°C em estufa

com circulação forçada de ar. A variação de volume é dada pela Equação 3,

segundo a norma ASTM D471-79.

Onde:

M = massa inchada, Mf = Massa final, M0 = Massa inicial

4.2.2.5 – Resistência à Tração e Deformação na Ruptura

Os ensaios de resistência à tração e deformação na ruptura seguiram a

norma DIN 53504, e foram realizados em máquina universal de ensaios Instron

modelo 5569 com célula de carga de 1KN com a utilização do extensômetro. A com

velocidade de separação das garras de 200 mm/min, conforme o recomendado para

corpos de prova do tipo S2.

Equação 3

Equação 2

34

4.2.2.6 – Ensaios de Fluência e Recuperação (Creep)

Os testes de fluência em curto prazo foram realizados segundo uma

metodologia adaptada descrita por Siengchin e Karger-Kocsis [82], no equipamento

DMA Q800 em garra de filme. A fluência e recuperação da deformação foram

determinados em função do tempo (tempo de fluência = 10 min e tempo de

recuperação = 30 min), com tensão aplicada de 0,1 MPa e temperatura constante de

25ºC. Os corpos de prova têm dimensões de 10 mm x 3 mm x 0,5 mm.

4.2.2.7 – Difração de Raios-x (DRX)

O estudo de difração de raios-x (DRX) foi realizado em difratômetro Rigaku

Ultima IV operando a 40 kV, 20mA no intervalo de 2θ = 0,5-10º. À distância interlamelar

(d) da argila foi calculada de acordo com a equação de Bragg (Equação 4):

Equação 4

Onde λ é o comprimento de onda dos raios-x (o valor de λ é 1,54 Å), d é à

distância interplanar e θ é o ângulo da radiação incidente.

4.2.2.8 – Ensaio Dinâmico-Mecânico (DMA)

As propriedades dinâmico-mecânicas, como o módulo de armazenamento e

fator de amortecimento (tan delta), foram medidas em DMA, com garra do tipo flexão

em dois pontos, freqüência de 10 Hz, amplitude de deformação de 30 µm,

temperatura na faixa de -60 a 40 ºC, e taxa de aquecimento de 2 ºC/min. As

dimensões dos corpos de prova foram 25 mm x 12 mm x 2 mm. A temperatura

correspondente ao pico máximo de tan delta foi definida como a temperatura de

transição vítrea da borracha (Tg).

35

5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

A primeira etapa deste trabalho teve como objetivo avaliar a influência da

incorporação de dois tipos de argilas organofílicas (cloisite 15A (OC15A) e a cloisite

30B (OC30B)) nas propriedades físico-mecânicas, dinâmico-mecânicas, fluência e

recuperação e avaliar o grau de intercalação/esfoliação da NBR45 e NBR28. Foram

utilizados dois métodos de intercalação: Método I – intercalação no estado fundido e

Método II – intercalação em solução. Estas misturas foram vulcanizadas com o

sistema N,N'-m-fenileno-bismaleimida (BMI) e Peróxido de Dicumila (DCP). Como

descrito detalhadamente no Item 4.2.1. A formulação utilizada neste estudo está

descrita na Tabela 2.

5.1 – EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA ARGILA NAS PROPRIEDADES DA NBR 4560

Neste estudo foram avaliadas as propriedades das amostras apresentadas na

Tabela 3:

Tabela 3. Avaliação da incorporação da argila nas NBRs

Amostras Amostras Tipo

de Argila

Teor

(phr)

MA 01 NBR45 pura - -

Intercalação no Estado Fundido

MA 08 45 EF - 2,5 15A OC15A 2,5

MA 02 45 EF - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 09 45 EF - 2,5 30B OC30B 2,5

MA 04 45 EF - 5,0 30B OC30B 5,0

Intercalação em Solução

MA 11 45 S - 2,5 15A OC15A 2,5

MA 36 45 S - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 37 45 S - 2,5 30B OC30B 2,5

MA 38 45 S - 5,0 30B OC30B 5,0

36

5.1.1 – Difração de Raios-x

A Figura 25 mostra os padrões de difração de raios-x dos nanocompósitos

NBR45/OC15A como uma função da concentração de argila e do processo de

dispersão. A OC15A pura apresenta um pico largo de difração centralizado em 2θ =

2,7º que corresponde ao espaçamento basal de 33 Å. A largura do pico de difração

da argila pura sugere certa desorganização das camadas de silicato, causada,

provavelmente, devido aos diferentes tamanhos de cadeia alquílica presentes no sal

de alquilamônio usado como agente intercalante da argila (~65% C18; ~30% C16;

~5% C14). Um segundo pico, de baixa intensidade, é observado em 2θ = 7,0º, e

este pode estar relacionado a alguma quantidade de MMT Na+ utilizada na

preparação da OC15A (parte não trocada).

Figura 25. Difratograma de raios-x da OC15A pura e dos nanocompósitos de NBR45/OC15A

intercalados no estado fundido (b e c) e em solução (d e e)

A presença de picos de difração em todos os materiais indicou que as lamelas

da argila não foram totalmente esfoliadas. Além disso, foi possível observar diferentes

populações de argila intercalada, devido o deslocamento do pico relativo ao plano 001

da argila para ângulos menores do que aqueles encontrados para argila organofílica

pura. Estes resultados indicam um espaçamento interlamelar maior do que o da argila

original, caracterizando um estado de dispersão intercalado. Com o aumento da

37

quantidade de argila, os picos tornaram-se mais intensos e finos, o que sugere uma

maior organização das camadas de argila. Para quantificar a porcentagem de argila

intercalada, os picos foram deconvoluídos, no caso de amostras em que se observou

sobreposição de picos, e a área relativa foi calculada utilizando um software livre,

chamado fityk [79]. Os resultados são resumidos na Tabela 4.

Tabela 4. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR45/OC15A em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A A total % H L1/2H

Argila Pura

OC15A -

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

33

23

13

2425

1500

145

4070

60

37

3

1899

861

160

1,3

1,6

0,9

Misturas Intercaladas com OC15A

45 EF - 2,5 15A 2,5

OC15A

2,0

4,5

5,4

6,7

4,4

2,0

1,6

1,3

44

20

16

13

1576

1383

67

593

3615

44

38

2

16

874

871

147

293

1,2

1,1

0,7

1,5

45 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,2

4,4

5,3

6,7

4,0

2,0

1,7

1,3

40

20

17

13

2139

1490

189

595

4413

48

34

4

14

2993

1741

282

465

0,7

0,9

0,3

1,2

45 S - 2,5 15A 2,5

OC15A

1,7

4,5

5,4

6,5

5,2

2,1

1,7

1,6

52

21

17

16

1104

836

132

366

2438

45

34

5

15

772

314

136

113

1,3

0,8

0,4

1,2

45 S - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,2

4,4

6,7

4,0

2,0

1,4

40

20

14

2190

780

139

3109

70

25

5

2680

1085

184

0,7

0,7

0,7

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

É possível observar que a área total dos picos relacionados aos

nanocompósitos preparados em solução é menor do que aquela observada para os

nanocompósitos intercalados no estado fundido. Considerando que todos os

espécimes utilizados nos experimentos de DRX apresentavam espessuras iguais,

este comportamento sugere que nestes sistemas há uma quantidade de argila

38

altamente dispersa, apresentando uma distância entre as lamelas superior ao limite

detectável do equipamento.

Entre os picos detectados na análise de difração de raios-x no intervalo de

0,5-10º, alguns comportamentos interessantes foram observados. A quantidade da

população de argila intercalada (em geral, correspondentes aos picos de difração

em 2θ menores que 2,7º) foi mais elevada nos nanocompósitos preparados com 5

phr de argila. As porcentagens correspondentes a área relacionada ao pico de 2θ

inferior 2,7º correspondem a 46% e 70% para os nanocompósitos intercalados no

estado fundido e em solução, respectivamente. Estas amostras apresentaram picos

mais intensos e bem definidos, sugerindo a obtenção de uma estrutura mais bem

ordenada e altamente intercalada.

Os padrões de difração dos nanocompósitos de NBR45/OC30B são mostrados

na Figura 26 e a análise quantitativa dos picos correspondentes é ilustrada na Tabela

5. Os nanocompósitos apresentam vários picos no intervalo de 2θ entre 0,5 e 10º,

indicando diferentes graus de intercalação, simultaneamente a algum processo de

reaglomeração da argila. Nestes compósitos, a maior porcentagem de argila está na

forma intercalada, caracterizada por picos de DRX em valores menores do que o pico

original da argila organofílica, que aparece em 2θ = 4,7º, correspondendo a uma

distância interlamelar de 19 Å.

A presença de picos de difração em todos os nanocompósitos de

NBR45/OC30B indica a obtenção de estruturas intercaladas. Além disso, foi possível

observar diferentes populações de argila, a população está relacionada com ângulos

de difração em 2θ menores do que aqueles encontrados para argila organofílica

pura, isto é, espaçamento interlamelar maior do que o da argila original,

caracterizando um estado de dispersão intercalado / esfoliado. Outra população de

argila com menor espaçamento basal (valores de 2θ mais elevados do que a argila

original) também está presente, sugerindo que certa quantidade do agente

intercalante original tenha sido removida das galerias da argila, sob condições de

processamento, resultando em um colapso das lamelas de argila formando

estruturas aglomeradas. Este fenômeno foi observado nos nanocompósitos

preparados em ambos os processos de intercalação, tanto no estado fundido e

quanto em solução, sugerindo que o processo de reaglomeração foi favorecido

durante a etapa de cura, o mesmo fenômeno já foi relatado em outros trabalhos

[42,71-73].

39

Figura 26. Difratograma de raios-x da OC30B pura e dos nanocompósitos de NBR45/OC30B

intercalados no estado fundido (b e c) e em solução (d e e)

O espaçamento interlamelar da OC30B é menor do que o encontrado na

argila OC15A devido ao diferente tipo de intercalante. No entanto, os

nanocompósitos de NBR45/OC30B preparados com quantidade similar de argila

e procedimentos similares, apresentam maior quantidade de argila intercalada do

que aqueles preparados com OC15A. Todos os nanocompósitos de

NBR45/OC30B apresentaram um aumento da distância interlamelar, de 19 Å para

a argila pura até 74Å, sugerindo a formação de nanocompósito parcialmente

esfoliados. A quantidade de argila intercalada também aumentou com o aumento

da quantidade de argila, mas os melhores resultados foram obtidos para os

sistemas preparados pelo método de intercalação em solução. As frações de

argila intercalada em solução correspondem a 85% e 90% para 2,5 e 5,0 phr da

argila OC30B, respectivamente.

A Cloisite 30B (OC30B) contém grupos polares (OH) em sua estrutura. Estes

grupamentos promovem uma melhor interação com a NBR, através de ligações de

hidrogênio entre os grupos OH do intercalante e os grupos CN presentes ao longo

das cadeias de NBR45.

40

Tabela 5. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR45/OC30B em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A

A

total % H L1/2H

Argila Pura

OC30B - 4,7 1,9 19 1375 1375 100 1273 1,1

Misturas Intercaladas com OC30B

45 EF - 2,5 30B 2,5

OC30B

1,3

1,8

2,7

4,3

5,7

6,7

8,0

6,8

4,9

3,3

2,1

1,6

1,3

1,1

68

49

33

21

16

13

11

509

584

463

630

635

448

68

3337

15

17

14

19

19

2

14

1362

942

513

574

790

607

203

0,4

0,6

0,9

1,0

0,8

0,6

0,3

45 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,5

2,7

4,3

5,7

6,7

8,1

5,9

3,3

2,1

1,6

1,3

1,1

59

33

21

16

13

11

1102

929

926

982

610

47

4596

25

20

20

21

13

1

1441

834

961

952

768

81

0,7

1,1

0,9

1,0

0,8

0,6

45 S - 2,5 30B 2,5

OC30B

1,4

2,7

4,2

5,5

6,8

6,3

3,3

2,1

1,6

1,3

63

33

21

16

13

1734

1084

806

434

209

4267

41

25

19

10

5

1705

1033

708

424

247

1,0

1,0

1,0

1,0

0,8

45 S - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,2

2,5

4,2

5,4

6,6

7,4

3,5

2,1

1,6

1,3

74

35

21

16

13

2722

1997

756

337

302

6114

45

33

12

5

5

2918

1306

683

335

189

0,9

1,4

1,0

1,0

1,5

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

5.1.2 – Propriedades de Cura

A Tabela 6 mostra as características de cura dos nanocompósitos obtidas

em reômetro de disco oscilatório (ODR) a 170 ºC e arco de oscilação de 1º.

Pode-se observar que a adição de apenas 2,5 phr de argila organofílica,

aumentou o torque máximo e mínimo (MH e ML, respectivamente) e diminuiu o

41

tempo ideal de cura (t90), quando comparado com a NBR pura. A presença da

OC30B resultou em um ligeiro aumento do torque máximo e mínimo (MH e ML,

respectivamente) quando comparado com o nanocompósito carregado com a

mesma quantidade de OC15A, embora o tempo de cura tenha sido semelhante.

Tabela 6. Características de Cura nanocompósitos a base de NBR45/Argila Argila Organofílica Características de Cura

Tipo Teor

(phr)

ML

(lb.in)

MH

(lb.in)

ML - MH

(lb.in)

t90

(min) CRI

NBR45 pura 0 3,4 23 19,6 10,5 10,7

Processo de Intercalação no estado Fundido

45 EF - 2,5 15A 2,5

OC15A 3,6 26,8 23,2 7,6 16,0

45 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 3,8 28,0 24,2 7,7 14,4

45 EF - 2,5 30B 2,5

OC30B 3,3 25,7 22,4 7,4 16,3

45 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 3,9 29,6 25,7 7,5 15,56

Processo de Intercalação em Solução

45 S - 2,5 15A 2,5

OC15A 3,6 28,8 25,2 7,3 16,3

45 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 4,5 29,9 25,4 7,5 16,0

45 S - 2,5 30B 2,5

OC30B 4,7 30,7 26,0 7,3 15,6

45 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 6,4 31,5 24,7 8,0 14,4

Nanocompósitos preparados por intercalação em solução apresentaram

maiores valores de torque máximo e mínimo. O aumento do torque é compatível

com os resultados de DRX e é uma indicação da melhor interação entre a matriz e a

carga. O aumento pode ser o resultado da boa dispersão desta argila e também da

boa afinidade entre elas. O aumento do torque máximo pela adição de carga é um

efeito esperado e está relacionado ao aumento da rigidez da matriz elastomérica

após a vulcanização. Esta maior rigidez também pode ser observada pela diferença

entre o torque máximo e mínimo (MH – ML) e pode estar relacionada tanto à

presença da carga, quanto à formação de um maior número de ligações cruzadas.

42

5.1.3 – Propriedades Físico-Mecânicas

As propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR/argila estão

apresentadas na Tabela 7, como função das características do tipo de carga,

quantidade de carga e método de dispersão da argila.

A presença de apenas 2,5 phr de argila resultou em uma melhoria significativa

da resistência à tração e alongamento na ruptura dos nanocompósitos, indicando um

importante efeito de reforço obtido pela incorporação das argilas à NBR. O módulo

elástico aumentou com a adição de 5,0 phr de argila (OC15A ou OC30B),

confirmando a ação de reforço dessas cargas.

Tabela 7. Propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos a base de NBR45/Argila Argila Organofílica Propriedades Físico-mecânicas

Tipo Teor (phr) σB

(MPa)

εB

(%)

Módulo

10%

(MPa)

M

(%)

DPC

(%)

NBR45 pura 0 2,5 ± 0,1 450± 31 2,7 ±0,3 0,5 ±

0,1 5 ± 2

Processo de Intercalação no Estado Fundido

45 EF - 2,5 15A 2,5 OC15A 4,1 ± 0,5 730 ± 71 2,8 ± 0,2 1,3 ±

0,2 9 ± 5

45 EF - 5,0 15A 5,0 OC15A 4,4 ± 0,2 720 ± 4 3,1 ± 0,1 1,5 ±

0,1 8 ± 3

45 EF - 2,5 30B 2,5 OC30B 3,6 ± 0,2 640 ± 31 2,7 ± 0,1 1,0 ±

0,2 10 ± 3

45 EF - 5,0 30B 5,0 OC30B 4,5 ± 0,4 670 ± 46 3,2 ± 0,1 1,0 ±

0,2 22 ± 5

Processo de Intercalação em Solução

45 S - 2,5 15A 2,5 OC15A 4,3 ± 0,5 748 ± 67 3,0± 0,1 1,3 ±

0,1 12 ± 3

45 S - 5,0 15A 5,0 OC15A 7,9 ± 1,2 626 ± 105 4,9 ± 0,7 1,9 ±

0,1 21 ± 8

45 S - 2,5 30B 2,5 OC30B 6,3 ± 0,7 663 ± 45 3,5 ± 0,4 1,5 ±

0,1 21 ± 5

45 S - 5,0 30B 5,0 OC30B 9,7 ± 1,1 272 ± 82 6,8 ± 0,8 1,4 ±

0,2 31 ± 7

σB= Resistência à tração, εB= Alongamento na Ruptura, M= Inchamento em óleo

DPC= Deformação permanente por compressão

43

Considerando-se os nanocompósitos preparados por intercalação no estado

fundido, o aumento do teor de argila resultou em uma ligeira melhoria da resistência

à tração, independentemente do tipo de argila utilizada. No entanto, para

nanocompósitos preparados pelo processo em solução, a resistência à tração e o

módulo aumentaram significativamente, com o aumento da porcentagem de argila

no compósito. Além disso, os compósitos contendo OC30B apresentaram maior

resistência à tração e módulo, entretanto apresentaram menor alongamento na

ruptura. Estes resultados estão de acordo com os resultados de DRX, o que indica

um maior grau de intercalação e/ou esfoliação da argila nestes nanocompósitos

preparados com argila organofílica OC30B, e confirmam uma boa dispersão da

carga e uma boa interação entre a carga/matriz são de extrema importância para

obter um melhor desempenho mecânico nos nanocompósitos.

A resistência a óleo e a DPC aumentaram significativamente quando

comparado com a amostra pura. A presença da longa cadeia de hidrocarbonetos

alifáticos na argila organofílica, pode ter proporcionando uma boa afinidade com o

óleo mineral, resultando no aumento do inchamento.

5.1.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas

As propriedades dinâmico-mecânicas dos compósitos NBR45/argila foram

avaliadas em uma faixa de -60 a 40 ºC. A Figura 27 ilustra as propriedades

dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR preparados por intercalação no

estado fundido. A incorporação da OC15A ou OC30B resultou em um ligeiro

aumento do módulo abaixo da temperatura de transição vítrea (Tg) e este efeito foi

mais pronunciado quando 2,5 e 5,0 phr de OC15A foram empregadas. Acima da Tg,

os módulos dos compósitos são menores do que a da goma pura. Este

comportamento sugere que nem sempre o material com maior grau de intercalação

apresenta melhores propriedades elásticas.

44

Figura 27. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR45 pura e para os

nanocompósitos processados no estado fundido

A dependência de tan delta com a temperatura da NBR45 pura e seus

nanocompósitos intercalados no estado fundido é apresentada na Figura 28 e os

valores de Tg encontram-se na Tabela 8. O máximo do pico foi considerado como a

temperatura de transição vítrea (Tg). A presença da OC15A resultou em um ligeiro

aumento da Tg. Este efeito foi mais pronunciado nos nanocompósitos de

NBR45/OC30B. Além disso, a ampliação do pico de tan delta para NBR45/OC30B

indica um aumento da heterogeneidade nestas amostras. Estes resultados também

concordam com o comportamento observado na DRX.

45

Figura 28. Tan delta X Temperatura para a NBR45 pura e para os nanocompósitos

processados no estado fundido

Tabela 8. Temperatura de transição vítrea da NBR45 pura e dos nanocompósitos processados no estado fundido

Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação no estado fundido

NBR45 pura - - 0,61

45 EF - 2,5 15A 2,5 OC15A - 0,04

45 EF - 5,0 15A 5,0 OC15A - 0,04

45 EF - 2,5 30B 2,5 OC30B 1,52

45 EF - 5,0 30B 5,0 OC30B - 0,05

As propriedades dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR45

preparados por intercalação em solução são ilustradas na Figura 29. Abaixo da

Tg, foi possível observar um ligeiro aumento do módulo em todos os sistemas. No

entanto, acima da Tg, o módulo de armazenamento dos nanocompósitos foi

significativamente maior do que a goma pura. Estes resultados confirmam o efeito

de reforço da argila, e este efeito foi mais pronunciado quando se utilizou a argila

OC30B. A diferença do módulo de armazenamento dos nanocompósitos

preparados por fusão ou solução sugere que um melhor efeito de reforço é

alcançado quando a argila está bem dispersa de forma intercalada e / ou

esfoliada dentro da matriz de borracha.

46

Figura 29. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR45 pura e para os

nanocompósitos intercalados em solução

A dependência de tan delta com a temperatura da NBR45 pura e seus

nanocompósitos intercalados em solução é apresentada na Figura 30. O máximo do

pico foi considerado como a temperatura de transição vítrea (Tg) e os valores

encontram-se na Tabela 9. A Tg dos nanocompósitos preparados pelo processo de

intercalação em solução aumentou consideravelmente. Este comportamento indica

uma diminuição da mobilidade das cadeias, porém, não se deve atribuir esses

valores apenas às diferenças no grau de reticulação, mas também a uma melhor

interação da argila com a matriz.

47

Figura 30. Tan delta X Temperatura para a NBR45 pura e para os nanocompósitos

intercalados em solução

Tabela 9. Temperatura de transição vítrea da NBR45 pura e dos nanocompósitos processados em solução Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação em Solução

NBR45 pura - - 0,61

45 S - 2,5 15A 2,5 OC15A 1,14

45 S - 5,0 15A 5,0 OC15A 6,63

45 S - 2,5 30B 2,5 OC30B 6,10

45 S - 5,0 30B 5,0 OC30B 9,48

5.1.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ( Creep )

Figura 31 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR45 pura

e de seus nanocompósitos preparados pela intercalação no estado fundido. A forma

das curvas de creep dos compósitos foi muito semelhante à da NBR45 pura,

entretanto os valores de fluência (deformação) foram significativamente menores, ou

seja, os nanocompósitos deformaram menos que a NBR45 pura. Para os

compósitos preparados com OC15A, observamos que a amostra com 5,0 phr desta

argila, apresentou uma menor deformação quando comparado ao material

48

carregado com 2,5 phr desta argila. Entretanto, a melhor resposta em termos de

fluência e recuperação, para as amostras preparadas no estado fundido, foi

observada para os compósitos contendo OC30B. De fato, a presença de 2,5 phr de

OC30B na NBR resultou em um compósito com o menor valor de deformação e uma

recuperação da deformação muito mais elevada. Estes resultados podem ser

atribuídos à forte interação entre a matriz e a OC30B, provavelmente devido à

presença de grupos OH no intercalante argila que é capaz de formar ligação de

hidrogênio com a matriz.

Figura 31. Ensaio de fluência e recuperação para a NBR45 pura e para os nanocompósitos

preparados por intercalação no estado fundido

Figura 32 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR45 e

seus nanocompósitos preparados por intercalação em solução. As amostras com

mesmo teor de argila apresentam menor deformação e maior recuperação da

deformação quando comparado ao seu correspondente preparado por intercalação

no estado fundido. Os valores mais baixos de fluência foram observados para

nanocompósitos contendo 5 phr de argila e o melhor desempenho foi alcançado com

a argila OC30B. Quanto à recuperação da deformação de maneira geral, todos os

nanocompósitos (exceto o preparado com 2,5 phr de OC15A) apresentaram

excelente desempenho, similar ou um pouco maior do que a goma pura. Estes

49

resultados sugerem que o grau de dispersão da argila, exerce boa influência sobre a

elasticidade do compósito.

Figura 32. Ensaio de fluência e recuperação para NBR45 pura e para os nanocompósitos

preparados por intercalação em solução

50

5.2 – EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA ARGILA NAS PROPRIEDADES DA NBR 2860

Tabela 2 mostra as formulações das misturas NBR28/OC15A e

NBR28/OC30B preparadas tanto no estado fundido como em solução. O tempo total

de mistura foi de 18 min, para as misturas intercaladas no estado fundido e 9 min

para as misturas intercaladas em solução.

A composição das amostras é apresentada na Tabela 10:

Tabela 10. Amostras avaliadas no estudo do efeito da incorporação da argila

Amostras Amostras Tipo

de Argila

Teor

(phr)

MA 24 NBR28 pura - -

Intercalação no Estado Fundido

MA 25 28 EF - 2,5 15A OC15A 2,5

MA 26 28 EF - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 27 28 EF - 2,5 30B OC30B 2,5

MA 28 28 EF - 5,0 30B OC30B 5,0

Intercalação em Solução

MA 53 28 S - 2,5 15A OC15A 2,5

MA 54 28 S - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 55 28 S - 2,5 30B OC30B 2,5

MA 56 28 S - 5,0 30B OC30B 5,0

5.2.1 – Difração de Raios-x

A Figura 33 mostra os padrões de difração de raios-x dos

nanocompósitos NBR28/OC15A como uma função da concentração de argila e

do processo de dispersão. A OC15A pura apresenta um pico largo de difração

centralizado em 2θ = 2,7º que corresponde ao espaçamento basal de 33 Å. A

largura do pico de difração da argila pura sugere certa desorganização das

camadas de silicato, causada, provavelmente, devido aos diferentes tamanhos

de cadeia alquílica presentes no sal de alquilamônio usado como agente

intercalante da argila (~65% C18; ~30% C16; ~5% C14). Um segundo pico, de

baixa intensidade, é observado em 2θ = 7,0º, e este pode estar relacionado a

51

alguma quantidade de MMT Na+ utilizada na preparação da OC15A (parte não

trocada).

A presença de picos de difração em todos os nanocompósitos de

NBR28/OC15A indica que as lamelas da argila não foram totalmente esfoliadas.

Os nanocompósitos apresentaram vários picos no intervalo de 2θ entre 0,5 e

10º, indicando diferentes graus de intercalação. As amostras contendo 2,5 phr

da OC15A (intercalação no estado fundido – curvas b) e 5,0 phr de OC15A

(intercalação em solução – curva e) apresentaram um deslocamento do pico de

difração relativo ao plano 001 para menores ângulos em relação à argila pura.

Isto é, espaçamento interlamelar maior do que o da argila original,

caracterizando um estado de dispersão intercalado e/ou esfoliado. Outra

população de argila com menor espaçamento basal (valores de 2θ mais

elevados do que a argila original) também está presente, sugerindo que certa

quantidade do intercalante original tenha sido removida para fora das galerias

da argila, resultando em um colapso da estrutura intercalada.

Figura 33. Difratograma de raios-x da OC15A pura e dos nanocompósitos de NBR28/OC15A

intercalados no estado fundido (b e c) e em solução (d e e)

Com o aumento da quantidade de argila no estado fundido, os picos

tornaram-se mais intensos e estreitos, o que sugere um aumento da ordem entre as

52

camadas da argila. Entretanto um comportamento inverso é observado nas

amostras intercaladas em solução, onde o aumento da quantidade de argila tornou

os picos menos intensos, o que sugere uma diminuição da ordem das camadas de

silicatos, ou seja, uma melhor dispersão. Visando obter informações a respeito da

quantidade de argila intercalada, a área relativa aos diferentes picos foi calculada

utilizando um software livre, fityk [79]. Os resultados são resumidos na Tabela 11.

Tabela 11. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR28/OC15A em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A A total % H L1/2H

Argila Pura

OC15A -

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

33

23

13

2425

1500

145

4070

60

37

3

1899

861

160

1,3

1,6

0,9

Misturas Intercaladas com OC15A

28 EF - 2,5 15A 2,5

OC15A

1,7

2,6

4,3

5,6

7,2

5,2

3,4

2,1

1,6

1,2

52

34

21

16

12

264

418

240

111

48

1081

25

39

22

10

4

437

347

286

92

53

0,5

1,3

0,8

1,1

0,8

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A

1,8

4,2

4,9

2,1

49

21

1826

514 2340

78

22

1153

620

1,5

0,8

28 S - 2,5 15A 2,5

OC15A

1,7

3,0

4,6

5,9

7,5

52

2,9

1,9

1,5

1,8

52

29

19

15

18

815

327

247

127

60

1576

51

21

16

8

4

1006

329

258

122

72

0,8

0,9

0,9

0,9

0,8

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,5

4,7

3,5

1,9

35

19

49

54 103

48

52

79

59

0,6

0,9

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

É possível observar que a área total dos picos relacionados à

nanocompósitos preparados com 2,5 phr de argila no estado fundido e com 5,0

phr em solução foi menor do que a observada para nanocompósitos preparados

com a mesma quantidade de argila intercalados em solução e no estado

fundido, sendo a maior diferença encontrada para nanocompósitos preparados

com 5 phr de argila. Considerando que todos os espécimes utilizados nos

53

experimentos de DRX apresentavam a mesma espessura, este comportamento

sugere que certa quantidade de argila na amostra processada em solução foi

totalmente esfoliada, isto é, apresenta uma distância entre as lamelas superior

ao limite do equipamento. No entanto, entre os picos detectados na análise de

difração de raios X no intervalo de 0,5-10º, observou-se que a quantidade da

população de argila intercalada (aqueles que correspondem aos picos de

difração em 2θ menores que 2,7º) foi mais elevada em nanocompósitos

preparados pelo processo de intercalação no estado fundido. As porcentagens

correspondentes a área relacionada ao pico de 2θ inferior 2,7º correspondem a

64% e 78% para os nanocompósitos intercalados no estado fundido contendo

2,5 e 5,0 phr, respectivamente.

Os difratogramas dos nanocompósitos de NBR28/OC30B são mostrados

na Figura 34 e a análise qualitativa dos picos correspondentes é ilustrada na

Tabela 12. Os nanocompósitos apresentaram vários picos no intervalo de 2θ

entre 0,5 e 10º, indicando diferentes graus de intercalação, juntamente com

algum processo de reaglomeração da argila. Um grupo está relacionado com

ângulos de difração em 2θ menores do que aqueles encontrados para argila

organofílica pura, isto é, espaçamento interlamelar maior do que o da argila

original, caracterizando um estado de dispersão intercalado/esfoliado. Outra

população de argila com menor espaçamento basal (valores de 2θ mais

elevados do que a argila original) também está presente, sugerindo que certa

quantidade do intercalante original tenha sido removida para fora das galerias

da argila, resultando em um colapso da estrutura intercalada. Este fenômeno foi

observado nos nanocompósitos preparados em ambos os processos de

intercalação, sugerindo que o processo de reaglomeração tenha sido favorecido

durante a etapa de cura. Nestes compósitos, a maior quantidade de argila está

na forma intercalada, caracterizada por picos de DRX em valores menores do

que o pico original da argila organofílica, que aparece em 2θ = 4,7º,

correspondendo a uma distância interlamelar de 19 Å.

54

Figura 34. Difratograma de raios-x da OC30B pura e dos nanocompósitos de NBR45/OC30B

intercalados no estado fundido (b e c) e em solução (d e e)

É possível observar que a área total dos picos relacionados à nanocompósitos

preparados com 2,5 phr de OC30B tanto em solução quanto no estado fundido foi

menor, quando comparada as amostras com maior quantidade de argila, e a maior

diferença foi encontrada para nanocompósitos preparados no estado fundido.

Considerando que todos os espécimes utilizados nos experimentos de DRX

apresentavam espessuras iguais, este comportamento sugere que nestes sistemas há

uma quantidade de argila altamente dispersa, apresentando uma distância entre as

lamelas superior ao limite detectável do equipamento. Este comportamento pode ser

atribuído às maiores forças de cisalhamento aplicadas ao sistema neste tipo de

intercalação. Forças superiores de cisalhamento contribuem para a separação das

pilhas e lamelas da argila, favorecendo a intercalação das cadeias de NBR.

Todos os compósitos de NBR28/OC30B apresentaram um grande aumento

da distancia interlamelar (55 a 63 Å), sugerindo a formação de um nanocompósito

contendo argila altamente dispersa na matriz. A quantidade de argila intercalada

também aumentou com o aumento da quantidade de argila, mas os melhores

resultados foram obtidos quando o composto foi preparado pelo método de

intercalação solução. As maiores frações de estrutura intercalada (79 e 82%) foram

obtidas através da intercalação em solução utilizando a argila OC30B.

55

Tabela 12. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR28/OC30B em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A

A

total % H L1/2H

Argila Pura

OC30B - 4,7 1,9 19 1375 1375 100 1273 1,1

Misturas Intercaladas com OC30B

28 EF - 2,5 30B 2,5

OC30B

1,6

2,8

4,4

5,8

6,8

5,5

3,2

2,0

1,5

1,3

55

32

20

15

13

61

107

135

181

116

600

10

18

23

30

19

71

100

132

192

140

0,8

1,0

1,0

0,9

0,8

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,4

2,7

4,4

5,7

6,9

6,3

3,3

2,0

1,6

1,3

63

33

20

16

13

363

518

381

323

191

1776

20

30

21

18

11

810

441

348

311

209

0,4

1,1

1,0

1,0

0,9

28 S - 2,5 30B 2,5

OC30B

1,6

3,0

4,3

5,8

6,9

5,5

2,9

2,0

1,5

1,3

55

29

20

15

13

888

207

145

289

66

1595

56

13

9

18

4

645

254

142

130

66

1,2

0,8

1,0

2,0

0,9

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,5

2,9

4,5

5,8

7,0

5,9

3,0

2,0

1,5

1,3

59

30

20

15

13

1262

337

276

323

102

2300

55

15

12

14

4

988

329

280

254

126

1,2

1,0

1,1

1,3

0,8

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

5.2.2 – Propriedades de Cura

A Tabela 13 mostra as características de cura dos nanocompósitos obtidas

em reômetro de disco oscilatório (ODR) a 170 ºC e arco de oscilação de 1º.

A presença da argila organofílica resultou na diminuição do tempo ótimo de cura

(t90) e os menores valores foram observados nos sistemas contendo 5 phr de argila,

independente do modo de intercalação. Estes resultados confirmaram a ação de

aceleração do sal de alquilamônio quaternário (presente na argila organofílica) sobre o

56

processo de cura realizado com o sistema BMI / DCP. O tempo ótimo de cura tende a

diminuir com o aumento da quantidade de argila presente na composição.

Observamos também que a diferença entre o torque máximo e mínimo (MH-ML)

aumentou com a incorporação da argila, sugerindo que a presença da argila aumenta o

número de ligações cruzadas na matriz elastomérica. Com o aumento da quantidade de

argila observa-se o aumento da diferença entre o torque máximo e mínimo (MH-ML) e os

maiores valores foram conseguidos nas amostras intercaladas em solução.

Tabela 13. Características de Cura nanocompósitos a base de NBR/Argila Argila Organofílica Características de Cura

Tipo Teor

(phr)

ML

(lb.in)

MH

(lb.in)

MH - ML

(lb.in)

t90

(min) CRI

NBR28 pura 0 4,2 33,6 29,4 8,1 14,1

Processo de Intercalação no estado Fundido

28 EF - 2,5 15A 2,5

OC15A 4,3 34,7 30,4 7,9 14,3

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 4,8 37,9 33,1 7,4 14,6

28 EF - 2,5 30B 2,5

OC30B 5,4 36,8 31,4 7,5 15,5

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 5,6 39,9 34,3 7,4 15,8

Processo de Intercalação em Solução

28 S - 2,5 15A 2,5

OC15A 5,2 42,4 37,2 7,4 15,3

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 5,7 44,8 39,1 7,2 15,8

28 S - 2,5 30B 2,5

OC30B 5,7 43,9 38,2 7,3 15,6

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 6,8 47,1 40,7 7,3 15,4

O torque máximo (MH) também aumentou com a presença da argila, os

maiores valores foram observados nos sistemas processados por intercalação em

solução independente do teor de argila. Entretanto, a presença da OC30B

intercalado em solução resultou em um aumento maior do torque máximo e mínimo

(MH e ML, respectivamente) quando comparado com o nanocompósito carregado

com a mesma quantidade de OC15A. Embora o tempo de cura tenha sido

57

semelhante, o aumento do torque foi uma indicação da melhor interação entre a

matriz / carga, que pode estar associada à boa dispersão da carga e também a uma

boa afinidade entre a argila e a borracha polar. Este último fenômeno deve ser

responsável pelos maiores valores de torque encontrados em compósitos

preparados com OC30B.

5.2.3 – Propriedades Físico-Mecânicas

As propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR/Argila estão

sumariadas na Tabela 14, como função das características do tipo de carga, a

quantidade de carga e método de dispersão da argila.

Tabela 14. Propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos a base de NBR/Argila

Argila Organofílica Propriedades Físico-mecânicas

Tipo Teor

(phr)

σB

(MPa)

εB

(%)

Módulo

10%

(MPa)

M

(%)

DPC

(%)

NBR28 pura 0 1,5 ± 0,1 81± 10 2,2 ±0,1 17,8 ± 0,1 3 ± 2

Processo de Intercalação no estado Fundido

28 EF - 2,5 15A 2,5

OC15A 2,8 ± 0,1 213 ± 2 3,1 ± 0,2 18,2 ± 0,2 12 ± 1

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 3,4 ± 0,3 224 ± 28 3,6 ± 0,3 18,3 ± 0,6 14 ± 2

28 EF - 2,5 30B 2,5

OC30B 2,3 ± 0,3 179 ± 28 3,3 ± 0,3 16,8 ± 0,1 12 ± 3

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 4,4 ± 0,8 270 ± 30 3,1 ± 0,6 17,0 ± 0,3 21 ± 2

Processo de Intercalação em Solução

28 S - 2,5 15A 2,5

OC15A 3,4 ± 0,5 241 ± 29 4,0± 0,6 17,9 ± 0,1 16 ± 3

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 5,6 ± 0,5 343 ± 40 5,5 ± 1,4 17,7 ± 0,1 21 ± 3

28 S - 2,5 30B 2,5

OC30B 3,6 ± 0,6 236 ± 23 4,5 ± 0,3 17,9 ± 0,1 15 ± 3

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 5,8 ± 0,4 292 ± 34 5,9 ± 0,5 17,4 ± 0,2 23 ± 4

σB= Resistência à tração, εB= Alongamento na Ruptura, M= Inchamento em óleo

58

A presença de apenas 2,5 phr de argila resultou em uma melhoria da

resistência à tração, alongamento na ruptura e módulo elástico. No entanto, a

presença de 5 phr de argila resultou em uma melhoria significativa destas

propriedades, indicando um importante efeito de reforço destas argilas.

As amostras preparadas por intercalação no estado fundido apresentaram

uma melhoria da resistência à tração, alongamento na ruptura e módulo elástico,

com o aumento da quantidade de argila no composto, independentemente do tipo de

argila organofílica. Entretanto as amostras preparadas por intercalação em solução

aumentaram significativamente os valores destas propriedades, aumentando a

quantidade de argila no composto. Além disso, os compostos intercalados em

solução com argila OC30B apresentaram maior resistência à tração, e maior módulo

elástico. Indicando que uma boa dispersão da carga e uma boa interação entre a

carga / matriz são de extrema importância para obter um melhor desempenho

mecânico nos nanocompósitos. Estes resultados estão de acordo, com os dados de

cura, que indica que o aumento da resistência à tração e módulo provavelmente

deve estar relacionado ao aumento da rigidez da matriz elastomérica após a

vulcanização. Esta maior rigidez pode estar relacionada tanto à presença da carga,

quanto à formação de um maior número de ligações cruzadas.

As amostras contendo 2,5 e 5 phr de OC30B intercaladas no estado fundido

apresentaram uma ligeira melhoria na resistência a óleo quando comparado com a

amostra pura, esta melhora pode ser o resultado da boa dispersão desta carga e

também da boa afinidade entre a matriz e a argila.

O teste de Deformação Permanente por Compressão não apresentou

qualquer melhora, quando comparado com a NBR pura. Na presença de uma carga

com forte interação com a borracha, a composição apresenta maior resistência à

deformação permanente, logo, um menor valor de DPC é esperado. Entretanto, não

foi observado este comportamento nos nanocompósitos de NBR / argila organofílica

intercaladas no estado fundido e em solução.

59

5.2.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas

As propriedades dinâmico-mecânicas dos compósitos NBR/Argila foram

avaliadas na faixa de -60 a 40 ºC. A Figura 35 ilustra as propriedades dinâmico-

mecânicas dos nanocompósitos de NBR preparados por intercalação no estado

fundido. A incorporação da OC15A ou OC30B resultou em um aumento significativo

do módulo abaixo e acima da temperatura de transição vítrea (Tg). Estes resultados

confirmaram o efeito de reforço da argila. Este resultado sugere que o grau de

dispersão afeta significativamente as propriedades elásticas dos nanocompósitos

preparados no estado fundido.

Figura 35. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR28 pura e para os

nanocompósitos processados no estado fundido

A dependência da tan delta com a temperatura da NBR28 pura e seus

nanocompósitos intercalados no estado fundido é apresentada na Figura 36. O

máximo do pico foi considerado como a temperatura de transição vítrea (Tg) e os

valores encontram-se na Tabela 15. A presença das argilas resultou em uma ligeira

mudança da Tg para menores valores, mas a diferença foi muito pequena e

corresponde ao erro experimental. Este resultado mostra que o maior ou menor grau

de intercalação/esfoliação nem sempre afeta as propriedades dos nanocompósitos e

nem sempre a Tg dos compósitos deslocam no sentido de maiores temperaturas.

60

Ou seja, nem sempre a presença da argila organofílica na matriz elastomérica reduz

a mobilidade das cadeias macromoleculares, provavelmente as interações físicas/ou

químicas entre elas, não sejam tão fortes para refletir no aumento da Tg dos

compósitos.

Figura 36. Tan delta X Temperatura para a NBR28 pura e para os nanocompósitos

processados no estado fundido

Tabela 15. Temperatura de transição vítrea da NBR28 pura e para os nanocompósitos processados no estado fundido

Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação no estado fundido

NBR28 pura - - 13,23

28 EF - 2,5 15A 2,5 OC15A - 15,51

28 EF - 5,0 15A 5,0 OC15A - 14,82

28 EF - 2,5 30B 2,5 OC30B - 14,48

28 EF - 5,0 30B 5,0 OC30B - 13,13

As propriedades dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR28

preparados por intercalação em solução são ilustradas na Figura 37. Abaixo da Tg,

foi possível observar uma significativa diminuição do módulo em todos os sistemas.

Este resultado sugere que as longas cadeias alquílicas presente no sal de amônio

usado como agente intercalante da argila pode ter agido como plastificante

61

diminuindo assim, o módulo dos nanocompósitos preparados em solução. Acima da

Tg, os módulos de armazenamento dos nanocompósitos foram maiores que o da

goma pura.

Figura 37. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR28 pura e para os

nanocompósitos intercalados em solução

A dependência da tan delta com a temperatura foi apresentado da NBR28

pura e seus nanocompósitos intercalados em solução é apresentada na Figura 38. O

máximo do pico foi considerado como a temperatura de transição vítrea (Tg) e os

valares encontram-se na Tabela 16. A presença das argilas resultou em uma ligeira

mudança da Tg para maiores valores, dos nanocompósitos preparados em solução,

mas a diferença foi muito pequena e corresponde ao erro experimental. Este

resultado sugere que o maior grau de intercalação / esfoliação nem sempre afeta as

propriedades dos nanocompósitos e nem sempre a Tg dos compósitos deslocam no

sentido de maiores temperaturas. Ou seja, nem sempre a presença da argila

organofílica na matriz elastomérica reduz a mobilidade das cadeias

macromoleculares, provavelmente as interações físicas/ou químicas entre elas, não

sejam tão fortes para refletir no aumento da Tg dos compósitos.

62

Figura 38. Tan delta X Temperatura para a NBR28 pura e para os nanocompósitos

intercalados em solução

Tabela 16. Temperatura de transição vítrea da NBR28 pura e para os nanocompósitos processados em solução

Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação em Solução

NBR28 pura - - 13,23

28 S - 2,5 15A 2,5 OC15A - 10,59

28 S - 5,0 15A 5,0 OC15A - 10,59

28 S - 2,5 30B 2,5 OC30B - 10,33

28 S - 5,0 30B 5,0 OC30B - 10,46

5.2.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ( Creep )

A Figura 39 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR pura

e de seus nanocompósitos preparados pela intercalação no estado fundido. A forma

das curvas de creep dos compósitos foi muito semelhante à da NBR pura, entretanto

os valores de fluência (deformação) foram significativamente menores para os

nanocompósitos preparados no estado fundido contendo 2,5 phr de OC15A e 5,0

phr de OC30B, ou seja, esses nanocompósitos deformaram menos que a NBR pura.

63

Quanto à recuperação da deformação, todos os nanocompósitos apresentaram

excelente desempenho, similar ou um pouco maior do que a goma pura.

Figura 39. Ensaio de fluência e recuperação para a NBR28 pura e para os nanocompósitos

preparados por intercalação no estado fundido

Figura 40 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR e seus

nanocompósitos preparados por intercalação em solução. Todas as amostras

apresentaram menor deformação (fluência) quando comparada a NBR pura. As

amostras preparadas no estado fundido apresentaram menor deformação (fluência)

quando comparadas com as amostras com a mesma quantidade de argila

intercalada em solução. Já as amostras com 5 phr de argila intercalada tanto no

estado fundido quanto em solução apresentaram menor deformação e o melhor

desempenho foi alcançado com a argila OC15A. Quanto à recuperação da

deformação, todos os nanocompósitos (exceto aquele preparado com 5 phr de

OC15A) apresentaram excelente desempenho, similar ou um pouco melhor do que a

goma pura. Estes resultados sugerem que o grau de dispersão da argila, como

alcançados no processo em solução, exerceu boa influência sobre a elasticidade do

compósito.

64

Figura 40. Ensaio de fluência e recuperação para NBR28 pura e para os nanocompósitos

preparados por intercalação em solução

65

5.3 – EFEITO DA POLARIDADE NO GRAU DE INTERCALAÇÃO DA ARGILA E

PROPRIEDADES DA NBR

Como as amostras contendo 5 phr de argila independente do tipo e modo de

intercalação, apresentaram as melhores propriedades no estudo do efeito da

incorporação da argila na NBR45 e NBR28, neste novo estudo (efeito da polaridade

da NBR) serão usadas apenas as amostras com 5 phr de argila organofílica.

Neste estudo foram avaliadas as propriedades das amostras apresentadas na

Tabela 17:

Tabela 17. Amostras avaliadas no estudo do efeito da incorporação da argila

Amostras Amostras Tipo

de Argila

Teor

(phr)

MA 01 NBR45 pura - -

MA 24 NBR28 pura

Intercalação no Estado Fundido

MA 02 45 EF - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 04 45 EF - 5,0 30B OC30B 5,0

MA 26 28 EF - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 28 28 EF - 5,0 30B OC30B 5,0

Intercalação em Solução

MA 36 45 S - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 38 45 S - 5,0 30B OC30B 5,0

MA 54 28 S - 5,0 15A OC15A 5,0

MA 56 28 S - 5,0 30B OC30B 5,0

5.3.1 – Difração de Raios-x

A Figura 41 mostra os padrões de difração de raios-x dos nanocompósitos de

NBR28/OC15A e NBR45/OC15A como uma função do processo de dispersão.

A presença de picos de difração em todos os nanocompósitos de

NBR45/OC15A e NBR28/OC15A indicam que as lamelas da argila não foram

totalmente esfoliadas. Foi possível observar diferentes populações de argila, que

estão relacionadas com ângulos de difração em 2θ menores do que aqueles

encontrados para argila organofílica pura, isto é, espaçamento interlamelar maior do

66

que o da argila original, caracterizando um estado de dispersão

intercalado/esfoliado. Podemos observar também, que os nanocompósitos de

NBR45/OC15A (curva b e c) apresentaram picos mais intensos e estreitos quando

comparados com os nanocompósitos de NBR28/OC15A intercalados pelos mesmos

processos (curva d e e), o que sugere um aumento da ordem das camadas de argila

dos nanocompósitos de NBR45/OC15A. Para se ter uma idéia melhor a respeito da

quantidade de argila intercalada, a área relativa aos diferentes picos foi calculada

utilizando um software livre, chamado fityk [79]. Os resultados são resumidos na

Tabela 18.

Figura 41. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos de NBR45/OC15A e NBR28/OC15A

intercalados no estado fundido (b e d) e em solução (c e e)

O efeito da polaridade ficou evidente na análise de DRX, uma vez que os

nanocompósitos de NBR28/OC15A (menos polar) apresentaram uma estrutura mais

esfoliada e/ou intercalada quando comparada com os nanocompósitos de

NBR45/OC15A. Devido à alta polaridade da NBR45, existe uma maior possibilidade

de formação de ponte de hidrogênio entre o grupo N-C da NBR45 e o C-H da argila,

muitas pontes de hidrogênio não favorece a esfoliação, além disso, um número maior

de grupos N-C na NBR torna as cadeias mais volumosas, limitando a intercalação na

argila. O mesmo fenômeno já foi relatado em outros trabalhos [41,49].

67

Tabela 18. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR45/OC15A e NBR28/OC15A em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A A total % H L1/2H

Argila Pura

OC15A -

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

33

23

13

2425

1500

145

4070

60

37

3

1899

861

160

1,3

1,6

0,9

Misturas Intercaladas com OC15A

45 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,2

4,4

5,3

6,7

4,0

2,0

1,7

1,3

40

20

17

13

2139

1490

189

595

4413

48

34

4

14

2993

1741

282

465

0,7

0,9

0,3

1,2

45 S - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,2

4,4

6,7

4,0

2,0

1,4

40

40

14

2190

780

139

3109

70

25

5

2680

1085

184

0,7

0,7

0,7

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A

1,8

4,2

4,9

2,1

49

21

1826

514 2340

78

22

1153

620

1,5

0,8

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A

2,5

4,7

3,5

1,9

35

19

49

54 103

48

52

79

59

0,6

0,9

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

É possível observar que a área total dos picos relacionados à

nanocompósitos de NBR28 (menos polar) intercalados tanto em solução quanto no

estado fundido foi menor do que a observada para nanocompósitos de NBR45 (mais

polar), e que a maior diferença foi encontrada para nanocompósitos intercalado em

solução. Este comportamento sugere uma melhor interação entre a matriz (NBR28)

e a carga (OC15A), esta melhora pode ser o resultado da boa dispersão desta carga

e também da boa afinidade entre elas.

Entre os picos detectados na análise de difração de raios-x no intervalo de

0,5-10º, observamos que a quantidade da população de argila intercalada (aqueles

que correspondem aos picos de difração em 2θ menores que 2,7º) é mais elevada

em nanocompósitos de NBR28/OC15A preparados no estado fundido e em

nanocompósitos de NBR45/OC15A preparados em solução. As porcentagens

correspondentes as áreas relacionadas aos picos de 2θ inferior 2,7º correspondem a

78% e 70%, respectivamente. Os nanocompósitos de NBR28/OC15A (menos polar)

apresentaram uma estrutura mais esfoliada e/ou intercalada quando comparada com

68

os nanocompósitos de NBR45/OC15A (mais polar). Este resultado sugere também

que para a NBR45/OC15A efeito de reforço é alcançado quando a argila é dispersa

de forma intercalada /esfoliada dentro da matriz de borracha, ou seja, em solução.

Os perfis de difração dos nanocompósitos de NBR28/OC30B e

NBR45/OC30B são mostrados na Figura 42.

Figura 42. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos de NBR45/OC30B e NBR28/OC30B

intercalados no estado fundido (b e c) e em solução (d e e)

Podemos observar que os nanocompósitos de NBR45/OC30B, (curva b e c)

apresentaram picos mais intensos e estreitos quando comparados com os nanocompósitos

de NBR28/OC30B intercalados pelos mesmos processos (curva d e e), o que sugere um

aumento da ordem coerente das camadas de silicatos dos nanocompósitos de

NBR45/OC30B. Para se ter uma idéia melhor a respeito da quantidade de argila

intercalada, a área relativa aos diferentes picos foi calculada utilizando um software livre,

chamado fityk [79]. Os resultados são resumidos na Tabela 19.

É possível observar que a área total dos picos relacionados à nanocompósitos

de NBR28 (menos polar) intercalados tanto em solução quanto no estado fundido foi

menor do que a observada para nanocompósitos de NBR45 (mais polar), e que a

maior diferença foi encontrada para nanocompósitos intercalado em solução.

Entre os picos detectados na análise de difração de raios-x no intervalo de

0,5-10º, observamos que a quantidade da população de argila intercalada (aqueles

69

que correspondem aos picos de difração em 2θ menores que 4,7º) foi mais elevada

em nanocompósitos de NBR28/OC30B e NBR45/OC30B preparados em solução. As

porcentagens correspondentes as áreas relacionadas aos picos de 2θ inferior 4,7º

correspondem a 82% e 90%, respectivamente. Este resultado sugere que o efeito de

reforço é alcançado quando a argila é dispersa de forma intercalada /esfoliada

dentro da matriz de borracha, ou seja, em solução.

Tabela 19. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x para os nanocompósitos de NBR45/OC30B e NBR28/OC30B em função do processo de dispersão e da quantidade de argila.

Amostras Teor 2θ

(º) nm Å A

A

total % H L1/2H

Argila Pura

OC30B - 4,7 1,9 19 1375 1375 100 1273 1,1

Misturas Intercaladas com OC30B

45 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,5

2,7

4,3

5,7

6,7

8,1

5,9

3,3

2,1

1,6

1,3

1,1

59

33

21

16

13

11

1102

929

926

982

610

47

4596

25

20

20

21

13

1

1441

834

961

952

768

81

0,7

1,1

0,9

1,0

0,8

0,6

45 S - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,2

2,5

4,2

5,4

6,6

7,4

3,5

2,1

1,6

1,3

74

35

21

16

13

2722

1997

756

337

302

6114

45

33

12

5

5

2918

1306

683

335

189

0,9

1,4

1,0

1,0

1,5

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,4

2,7

4,4

5,7

6,9

6,3

3,3

2,0

1,6

1,3

63

33

20

16

13

363

518

381

323

191

1776

20

30

21

18

11

810

441

348

311

209

0,4

1,1

1,0

1,0

0,9

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B

1,5

2,9

4,5

5,8

7,0

5,9

3,0

2,0

1,5

1,3

59

30

20

15

13

1262

337

276

323

102

2300

55

15

12

14

4

988

329

280

254

126

1,2

1,0

1,1

1,3

0,8

IEF=Intercalação no Estado Fundido; IS= Intercalação em solução

A= área dos picos de difração; H= altura dos picos; L1/2H= largura a meia altura

70

5.3.2 – Propriedades de Cura

A Tabela 20 mostra as características de cura dos nanocompósitos obtidas

em reômetro de disco oscilatório (ODR) a 170 ºC e arco de oscilação de 1º.

Observa-se a partir deste quadro que a NBR28 pura apresentou maiores

valores de torque mínimo (ML) e máximo (MH) e menor tempo ótimo de cura (t90),

quando comparado com a NBR45 pura. Este resultado indica que quanto menor a

polaridade (menor quantidade de grupos acrilonitrila) da NBR, maior o grau de

ligações cruzadas. O aumento do torque máximo está relacionado ao aumento da

rigidez da matriz elastomérica após a vulcanização, e esta maior rigidez, que

também foi visualizado pela (MH – ML). Quanto maior a fase butadieno (fase

elastomérica) presente na borracha, maior o número de ligações cruzadas no

material.

Tabela 20. Características de Cura nanocompósitos a base de

NBR45/Argila e NBR28/Argila Argila Organofílica Características de Cura

Tipo Teor

(phr)

ML

(lb.in)

MH

(lb.in)

ML - MH

(lb.in)

t90

(min) CRI

NBR45 pura 0 3,4 23,0 19,6 10,5 10,7

NBR28 pura 0 4,2 33,6 29,4 8,1 14,1

Processo de Intercalação no estado Fundido

45 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 3,8 28,0 24,2 7,7 14,4

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 4,8 37,9 33,1 7,4 14,6

45 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 3,9 29,6 25,7 7,5 15,6

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 5,6 39,9 34,3 7,4 15,8

Processo de Intercalação em Solução

45 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 4,5 29,9 25,4 7,5 16,0

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 5,7 44,8 39,1 7,2 15,8

45 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 6,4 31,5 24,7 8,0 14,4

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 6,8 47,1 40,7 7,3 15,4

71

A presença da argila organofílica resultou na diminuição do tempo ótimo de

cura (t90) e os menores valores foram observados nos nanocompósitos de NBR28

(menos polar), independente do modo de intercalação. Estes resultados

confirmaram que a ação de aceleração do sal de alquilamônio quaternário (presente

na argila organofílica) sobre o processo de cura realizado com o sistema BMI / DCP

foi mais acentuado nos sistemas menos polares.

Nanocompósitos preparados por intercalação em solução apresentaram

maiores valores de torque mínimo e máximo. A melhoria do torque concorda com os

resultados de DRX e é uma indicação de melhor interação entre a matriz e a carga,

esta melhoria pode ser resultado da boa dispersão desta carga e também da boa

afinidade entre elas. Este último fenômeno deve ser responsável pelos maiores

valores de torque encontrados em compósitos preparados com OC30B.

Observamos que o torque máximo (MH) e a diferença entre o torque máximo e

mínimo (MH-ML) aumentaram com a incorporação da argila, sugerindo que a

presença da argila aumentou o número de ligações cruzadas na matriz elastomérica,

e as amostras intercaladas em solução apresentaram os maiores valores.

Observamos também que os nanocompósitos preparados com a argila OC30B

apresentaram os maiores torque máximo e diferença entre o torque máximo e

mínimo (MH-ML), e este resultado sugere uma melhor interação entre a matriz /

carga, que pode estar associada à boa dispersão da carga e também a uma boa

afinidade entre a argila e a borracha. Os nanocompósitos de NBR28 (menos polar)

independente do tipo de argila e modo de intercalação apresentaram os maiores

valores de torque máximo e índice de cura e este efeito pode estar relacionado ao

aumento da rigidez da matriz elastomérica após a vulcanização. Esta maior rigidez

pode ser devido à formação de um maior número de ligações cruzadas.

5.3.3 – Propriedades Físico-Mecânicas

As propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR/Argila estão

sumariadas na Tabela 21, como função das características do tipo de carga e

método de dispersão da argila.

Podemos observar que a NBR45 pura (mais polar) apresentou maiores

valores de resistência a tração, alongamento na ruptura, módulo e inchamento em

óleo quando comparada com a NBR28 pura (menos polar). Sugerindo que o

72

aumento da polaridade (maior quantidade de acrilonitrila) aumenta a resistência do

material.

.

Tabela 21. Propriedades físico-mecânicas dos nanocompósitos a base de NBR45/Argila E NBR28/argila

Argila Organofílica Propriedades Físico-mecânicas

Tipo Teor

(phr)

σB

(MPa)

εB

(%)

Módulo

10%

(MPa)

M

(%)

DPC

(%)

NBR45 pura 0 2,5 ± 0,1 450 ± 31 2,7 ± 0,3 0,5 ± 0,1 5 ± 2

NBR28 pura 0 1,5 ± 0,1 81 ± 10 2,2 ± 0,1 17,8 ± 0,1 3 ± 2

Processo de Intercalação no estado Fundido

45 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 4,4 ± 0,2 720 ± 4 3,1 ± 0,1 1,5 ± 0,1 8 ± 3

28 EF - 5,0 15A 5,0

OC15A 3,4 ± 0,3 224 ± 28 3,6 ± 0,3 18,3 ± 0,6 14 ± 2

45 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 4,5 ± 0,4 670 ± 46 3,2 ± 0,1 1,0 ± 0,2 22 ± 5

28 EF - 5,0 30B 5,0

OC30B 4,4 ± 0,8 270 ± 30 3,1 ± 0,6 17,0 ± 0,3 21 ± 2

Processo de Intercalação em Solução

45 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 7,9 ± 1,2 626 ± 105 4,9 ± 0,7 1,9 ± 0,1 21 ± 8

28 S - 5,0 15A 5,0

OC15A 5,6 ± 0,5 343 ± 40 5,5 ± 1,4 17,7 ± 0,1 21 ± 3

45 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 9,7 ± 1,1 272 ± 82 6,8 ± 0,8 1,4 ± 0,2 31 ± 7

28 S - 5,0 30B 5,0

OC30B 5,8 ± 0,4 292 ± 34 5,9 ± 0,5 17,4 ± 0,2 23 ± 4

σB= Resistência à tração, εB= Alongamento na Ruptura, M= Inchamento em óleo

DPC= Deformação permanente por compressão

A presença da argila organofílica independente do tipo e método de

intercalação, resultou em uma melhoria da resistência à tração, alongamento na

ruptura e módulo, em todos os nanocompósitos, confirmando o efeito de reforço

deste tipo de carga. Entretanto, os nanocompósitos de NBR45/OC15A e

NBR45/OC30B preparadas por intercalação no estado fundido apresentaram os

maiores valores de resistência à tração, alongamento na ruptura quando comparado

com os nanocompósitos de NBR28. Estes resultados sugerem que além do grau de

73

esfoliação / intercalação, a polaridade também influência nas propriedades do

material. Este efeito é mais evidente nos nanocompósitos preparados com argila

menos polar (OC15A).

As amostras preparadas por intercalação em solução apresentaram os

valores de resistência à tração e módulo significativamente mais elevados, quando

comparados com os mesmos materiais preparados no estado fundido. Além disso,

os compostos intercalados em solução tanto de NBR45 quanto de NBR28 com argila

OC30B apresentaram maior resistência à tração, e maior módulo. Entretanto, foi o

nanocompósito de NBR45/OC30B que apresentou os maiores valores dessas

propriedades, indicando que uma boa dispersão da carga e uma boa interação entre

a carga / matriz são de extrema importância para obter um melhor desempenho

mecânico nos nanocompósitos. Estes resultados estão de acordo, com os dados de

cura, que indica que o aumento da resistência à tração e módulo provavelmente

deve estar relacionado ao aumento da rigidez da matriz elastomérica após a

vulcanização. Esta maior rigidez pode ser devida tanto à presença da carga, quanto

à formação de um maior número de ligações cruzadas

As amostras de NBR28 intercaladas tanto no estado fundido quanto em

solução com a argila OC30B apresentaram uma ligeira melhoria na resistência a

óleo quando comparado com a amostra pura, esta melhora pode ser o resultado da

boa dispersão desta carga e também da boa afinidade entre a matriz e a argila.

Entretanto, nenhuma melhoria foi observada para os nanocompósitos de NBR45.

O teste de Deformação Permanente por Compressão não apresentou

qualquer melhora, quando comparado com a NBR pura. Na presença de uma carga

com forte interação com a borracha, a composição apresentou maior resistência à

deformação permanente, logo, um menor valor de DPC era esperado. Entretanto,

não foi observado este comportamento nos nanocompósitos de NBR / argila

organofílica intercaladas no estado fundido e em solução.

74

5.3.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas

As propriedades dinâmico-mecânicas dos compósitos NBR45/Argila e

NBR28/Argila foram avaliadas na faixa de -60 a 40 ºC. A Figura 43 ilustra as

propriedades dinâmico-mecânicas dos nanocompósitos de NBR preparados por

intercalação no estado fundido.

A NBR45 pura apresentou módulo de armazenamento muito superior ao da

NBR28 pura, este comportamento sugere que o aumento da polaridade da NBR

resultou na melhoria das propriedades dinâmico-mecânicas deste material. A

incorporação da OC15A ou OC30B na NBR45 e NBR28 resultou em um aumento do

módulo abaixo da temperatura de transição vítrea (Tg). Estes resultados

confirmaram o efeito de reforço das argilas, e este efeito foi mais pronunciado nos

nanocompósitos de NBR45 (mais polar), entretanto acima da Tg, observou-se que

os módulos dos nanocompósitos de NBR45 são menores do que a da goma pura.

Este resultado sugere que tanto o grau de dispersão quanto a polaridade destes

materiais afetam significativamente as propriedades elásticas dos nanocompósitos

preparados no estado fundido, entretanto, nem sempre o material mais intercalado

e/ou esfoliado, apresenta as melhores propriedades.

Figura 43. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR45 e NBR28 puras

e para os nanocompósitos processados no estado fundido

75

A dependência da tan delta com a temperatura da NBR28 pura, NBR45 pura

e seus nanocompósitos intercalados no estado fundido é apresentada na Figura 44.

O máximo do pico foi considerado como a temperatura de transição vítrea (Tg) e os

valares encontram-se na Tabela 22. A presença das argilas na NBR45 não resultou

na mudança da Tg, já a presença da argila OC15A resultou em uma ligeira mudança

da Tg para menores valores no nanocompósito de NBR28, mas a diferença foi muito

pequena e corresponde ao erro experimental. Este resultado sugere que o maior ou

menor grau de intercalação/esfoliação nem sempre afeta as propriedades elásticas

dos nanocompósitos e nem sempre a Tg dos compósitos deslocam no sentido de

maiores temperaturas. Ou seja, nem sempre a presença da argila organofílica na

matriz elastomérica reduz a mobilidade das cadeias macromoleculares,

provavelmente as interações físicas e/ou químicas entre elas, não sejam tão fortes

para refletir no aumento da Tg dos compósitos.

Podemos observar que tanto a NBR45 pura quanto seus nanocompósitos

apresentam valores de Tg mais elevadas que a NBR28 e seus nanocompósitos

sugerindo que o aumento da polaridade afeta mais significativamente esta

propriedade, que o grau de esfoliação/intercalação destes materiais.

Figura 44. Tan delta X Temperatura para a NBR45 e NBR28 puras e para os

nanocompósitos processados no estado fundido

76

Tabela 22. Temperatura de transição vítrea da NBR28 pura, NBR45 pura e para os nanocompósitos processados no estado fundido

Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação no estado fundido

NBR45 pura - - 0,61

NBR28 pura - - 13,23

45 EF – 5,0 15A 5,0 OC15A - 0,04

45 EF – 5,0 30B 5,0 OC30B - 0,05

28 EF – 5,0 15A 5,0 OC15A - 14,82

28 EF – 5,0 30B 5,0 OC30B - 13,13

As propriedades dinâmico-mecânicas da NBR45 pura e seus nanocompósitos

e da NBR 28 pura e seus nanocompósitos preparados por intercalação em solução

são ilustradas na Figura 45. Abaixo da Tg, foi possível observar um ligeiro aumento

do módulo dos nanocompósitos de NBR45. No entanto, acima da Tg, os módulos de

armazenamento dos nanocompósitos são significativamente maiores do que a goma

pura. Estes resultados confirmam o efeito de reforço da argila os nanocompósitos de

NBR45. Um comportamento oposto é observado nos nanocompósitos de NBR28,

abaixo da Tg, é possível observar uma significativa diminuição do módulo em todos

os sistemas, já acima da Tg, os módulos de armazenamento dos nanocompósitos

são mais elevados que o da goma pura.

Figura 45. Módulo de armazenamento X Temperatura para a NBR45 e NBR28 puras e para os nanocompósitos intercalados em solução

77

A dependência da tan delta com a temperatura da NBR28 pura, NBR45 pura

e seus nanocompósitos intercalados em solução é apresentada na Figura 46. O

máximo do pico foi considerado como a temperatura de transição vítrea (Tg) e os

valares encontram-se na Tabela 23.

A Tg em nanocompósitos de NBR45 preparados pelo processo de

intercalação em solução apresentou mudanças no sentido de maiores temperaturas.

Este comportamento indica uma diminuição da mobilidade das cadeias, porém, não

se deve atribuir esses valores apenas às diferenças no grau de reticulação, mas

também a uma melhor interação da argila com a matriz como mostra a Figura 30. Já

em nanocompósitos de NBR28 a presença das argilas resultou em uma ligeira

mudança da Tg para maiores valores, mas a diferença foi muito pequena e

corresponde ao erro experimental. Este resultado sugere que o maior grau de

intercalação / esfoliação nem sempre afeta as propriedades dos nanocompósitos e

nem sempre a Tg dos compósitos deslocam no sentido de maiores temperaturas.

Ou seja, nem sempre a presença da argila organofílica na matriz elastomérica reduz

a mobilidade das cadeias macromoleculares, provavelmente as interações físicas/ou

químicas entre elas, não sejam tão fortes para refletir no aumento da Tg dos

compósitos.

Figura 46. Tan delta X Temperatura para a NBR45 e NBR28 puras e para os

nanocompósitos intercalados em solução

78

Tabela 23. Temperatura de transição vítrea da NBR28 pura, NBR45 pura e para os nanocompósitos processados em solução

Amostras Teor de Argila (phr) Tg (ºC)

Processo de intercalação em Solução

NBR45 pura - - 0,61

NBR28 pura - - 13,23

45 S – 5,0 15A 5,0 OC15A 6,63

45 S – 5,0 30B 5,0 OC30B 9,48

28 S – 5,0 15A 5,0 OC15A - 10,59

28 S – 5,0 30B 5,0 OC30B - 10,46

Podemos observar que a NBR45 pura apresenta valores de Tg mais elevadas

que a NBR28 pura, sugerindo que o aumento da polaridade afeta significativamente

a Tg destes materiais. O mesmo comportamento é observado para os

nanocompósitos de NBR45 esse comportamento sugere, que tanto o aumento da

polaridade quanto alto grau de dispersão afetam positivamente as propriedades

elásticas dos nanocompósitos preparados em solução.

5.3.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação ( Creep )

Figura 47 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR45 pura

e NBR28 pura e de seus nanocompósitos preparados pela intercalação no estado

fundido. Podemos observar que a NBR28 pura apresentou uma deformação menor

que a NBR45 pura, este comportamento sugere que a NBR28 apresenta uma maior

rigidez na matriz elastomérica após a vulcanização provavelmente devido ao maior

número de ligações cruzadas.

A forma das curvas de creep dos compósitos é muito semelhante às

borrachas puras e todos os nanocompósitos apresentaram valores de fluência

(deformação) menores que as borrachas puras, confirmando a ação de reforço

destas cargas. Podemos observar que os menores valores de deformação foram

alcançados pelos nanocompósitos de NBR28 e NBR45 carregados com OC30B.

Este resultado pode ser atribuído à forte interação entre a matriz e a OC30B,

provavelmente devido à presença de grupos OH no intercalante argila que é capaz

de formar ligação de hidrogênio com a matriz. Entretanto, foram os nanocompósitos

79

de NBR28 (menos polar) que apresentaram uma maior recuperação da deformação

em comparação com os nanocompósitos de NBR45 preparados com os mesmos

tipos de argila e métodos de intercalação. Este efeito pode estar relacionado ao

aumento da rigidez da matriz elastomérica após a vulcanização. Esta maior rigidez

pode ser devido à formação de um maior número de ligações cruzadas.

Figura 47. Ensaio de fluência e recuperação para a NBR45 e NBR28 puras e para os

nanocompósitos preparados por intercalação no estado fundido

Figura 48 ilustra o comportamento de fluência e recuperação da NBR45 e da

NBR28 pura e seus nanocompósitos preparados por intercalação em solução.

Podemos observar que a NBR28 pura apresentou uma deformação menor que a

NBR45 pura, este comportamento sugere que a NBR28 apresenta uma maior rigidez

na matriz elastomérica após a vulcanização provavelmente devido ao maior número

de ligações cruzadas.

Todos os nanocompósitos apresentaram menor deformação (fluência) quando

comparada as borrachas puras. Os nanocompósitos de NBR28 e o nanocompósito

NBR45/OC30B que apresentaram os menores valores de deformação (fluência).

Estes resultados sugerem um aumento da heterogeneidade nestas amostras,

concordando com o comportamento da DRX, onde estas amostras apresentam altos

graus de intercalação. Entretanto foi a NBR28/OC15A que apresentou a menor

deformação. Quanto à recuperação da deformação, todos os nanocompósitos

apresentaram excelente desempenho, similar ou um pouco maior do que a goma

80

pura. Estes resultados sugerem que o grau de dispersão da argila, como alcançados

no processo em solução, exerceu boa influência sobre a elasticidade do compósito.

Foram as amostras carregadas com a argila OC30B, que apresentaram os maiores

valores de recuperação da deformação, e estes resultados podem ser atribuído à

forte interação entre a matriz e a OC30B, provavelmente devido à presença de

grupos OH no intercalante argila que é capaz de formar ligação de hidrogênio com a

matriz.

Figura 48. Ensaio de fluência e recuperação para NBR45 e NBR28 puras e para os

nanocompósitos preparados por intercalação em solução

81

5.4 – EFEITO DO PROCESSAMENTO SOBRE AS PROPRIEDADES DA NBR/ARGILA

Esta terceira etapa teve como objetivo avaliar a influência do efeito de alguns

parâmetros de processamento como, a variação da temperatura (30, 50 e 80 ºC),

velocidade (80, 100, 120 rpm) e tempo de processamento (7, 10 e 15 min), sobre as

propriedades e grau de intercalação e/ou esfoliação da NBR com 45% de

acrilonitrila/ OC15A. Neste estudo, foi utilizada a rota de intercalação do Método I –

intercalação no estado fundido. Estas misturas foram vulcanizadas com o BMI /DCP.

A Tabela 24 mostra a formulação das misturas de NBR/OC15A, usadas nestes

estudos.

Tabela 24. Formulação utilizada no estudo do processamento pela incorporação da argila no estado fundido

Amostras Puro Método I – Estado fundido

NBR 4560 100 100

OC15A - 2,5

BMI 1 1

DCP 1 1

Neste estudo foram avaliadas as propriedades das amostras apresentadas na

Tabela 25:

Tabela 25. Amostras avaliadas no estudo do efeito da incorporação da argila

Amostras Temperatura de

Processamento

Velocidade de

Processamento

Tempo de

Processamento

MA 01 80 80 15

Efeito da temperatura de processamento

MA 45 30 80 15

MA 41 50 80 15

MA 08 80 80 15

Efeito da velocidade de processamento

MA 41 50 80 15

MA 42 50 100 15

MA 43 50 120 15

Efeito do tempo de processamento

MA 51 50 80 7

MA 52 50 80 10

MA 41 50 80 15

82

5.4.1 – Difração de Raios-x

O efeito dos parâmetros de processamento sobre o grau de dispersão da

argila organofílica na matriz de NBR foi avaliada por difração de raios-x, no intervalo

de 2θ = 0,5 a 10º. A Figura 49 compara os padrões de difração de raios-x dos

nanocompósitos de NBR45 / OC15A preparados a temperaturas de mistura

diferentes. A análise de DRX da OC15A pura também foi incluída para comparação.

Figura 49. Difratogramas de raios-x dos nanocompósitos de NBR / OC15A em função da

temperatura de processamento. (misturas preparadas a 80rpm durante 15min)

A presença de picos de difração em todos os nanocompósitos de

NBR45/OC15A indica que as lamelas da argila não foram totalmente esfoliadas. Os

nanocompósitos apresentam vários picos no intervalo de 2θ entre 0,5 e 10º,

indicando diferentes graus de intercalação. Alguns deles aparecem em 2θ menores

do que o da argila original indicando espaçamento interlamelar maiores que o valor

inicial da argila, caracterizando um estado de dispersão intercalado e/ou esfoliado,

enquanto que outras populações apresentam espaçamento interlamelar menores do

que a argila organofílica utilizada nestes compósitos. A Tabela 26 resume a análise

quantitativa desses difratogramas. As áreas relativas aos diferentes picos foram

calculadas utilizando o software livre fityk [79]. A maior proporção de argila

intercalada e/ou esfoliada foi observada para os sistemas preparados 30ºC (48%),

provavelmente devido às maiores forças de cisalhamento aplicadas ao sistema a

83

esta temperatura. Forças superiores de cisalhamento contribuem para a separação

das galerias e lamelas da argila, favorecendo a intercalação das cadeias de

NBR. Entretanto, outra população de argila com menor espaçamento basal (valores

de 2θ mais elevados do que a argila original) também está presente nestas

amostras, sugerindo que certa quantidade do intercalante original tenha sido

removida para fora das galerias da argila, resultando em um colapso da estrutura

intercalada, dando origem a estruturas aglomeradas. Esta amostra também

apresentou menor proporção de argila reaglomerada (confinamento de argila). O

processo de reaglomeração deve-se provavelmente a uma eventual decomposição

do sal de amônio (quaternário) usado como intercalante.

Tabela 26. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x dos nanocompósitos

NBR/OC15A em função da temperatura de processamento a

Amostras/

T (0C)b

(º)

Distância

interlamelar

nm

Área

do pico A total

QPAb

(%) L1/2Hc

Cloisite

15A

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

2425

1500

145

4070

60

37

3

1,3

1,6

0,9

MA 45/

30

1,8

3,0

4,6

5,8

7,4

4,9

2,9

1,9

1,5

1,2

685

373

277

75

31

1441

48

26

19

5

2

1,0

0,8

1,0

0,6

0,8

MA 41/

50

1,6

2,8

4,4

5,7

7,2

5,5

3,2

2,1

1,6

1,2

887

469

493

133

82

2064

44

23

23

6

4

1,1

0,6

1,7

0,9

0,6

MA 08/

80

2,0

4,5

5,4

6,7

4,4

2,0

1,6

1,3

1576

1383

67

593

3615

44

38

2

16

1,2

1,1

0,7

1,5

a) Tempo de mistura = 15 min; velocidade do rotor = 80 rpm; b) T=Temperatura; QPA= Quantidade de População de Argila c) L1/2H= largura a meia altura do pico de difração.

Podemos observar também que a amostra processada a 30ºC também

apresentou a menor área total dos picos, quando comparada com os

84

nanocompósitos preparados a outras temperaturas. Considerando que todos os

espécimes utilizados nos experimentos de DRX apresentavam espessuras iguais,

este comportamento sugere que as amostra processada a 30ºC há uma quantidade

de argila altamente dispersa, apresentando uma distância entre as lamelas superior

ao limite detectável do equipamento. Este comportamento pode ser atribuído às

maiores forças de cisalhamento aplicadas ao sistema a esta temperatura.

O efeito da velocidade de processamento sobre o grau de intercalação da

argila é ilustrado na Figura 50. Em todos os sistemas, foi possível observar vários

picos de difração. A presença de picos de difração em todos os materiais indicou que

as lamelas da argila não foram totalmente esfoliadas. Além disso, foi possível

observar diferentes populações de argila intercalada, devido o deslocamento do pico

relativo ao plano 001 da argila para ângulos menores do que aqueles encontrados

para argila organofílica pura. Estes resultados indicam um espaçamento interlamelar

maior do que o da argila original, caracterizando um estado de dispersão intercalado.

Outra população de argila com menor espaçamento basal (valores de 2θ mais

elevados do que a argila original) também está presente, sugerindo que certa

quantidade do intercalante original tenha sido removida para fora das galerias da

argila, resultando em um colapso da estrutura intercalada, levando a um processo

de reaglomeração das lamelas da argila.

Figura 50. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos de NBR / OC15A em função da

velocidade de processamento. (misturas preparadas a 50ºC durante 15min)

85

Conforme resumido na Tabela 27, a maior proporção de argila intercalada

e/ou esfoliada foi observada em nanocompósitos processados a 80 rpm (43%),

sugerindo que esta velocidade de processamento ocorre melhor separação das

pilhas e lamelas de argila provavelmente devido às maiores forças de cisalhamento

aplicadas ao sistema. O aumento da velocidade de processamento pode causar

certa reaglomeração da argila. No entanto, às maiores forças de cisalhamento

aplicadas ao sistema, que pode ser mais importante que o fenômeno

reaglomeração.

Tabela 27. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x dos nanocompósitos

NBR/OC15A em função da velocidade de processamento a

Amostra/

V (rpm)b

(º)

Distância

interlamelar

nm

Área

do pico A total

QPAb

(%) L1/2Hc

Cloisite

15A

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

2425

1500

145

4070

60

37

3

1,3

1,6

0,9

MA 41/

80

1,6

2,8

4,4

5,7

7,2

5,5

3,2

2,1

1,6

1,2

887

469

493

133

82

2064

43

23

24

6

4

1,1

0,6

1,7

0,9

0,6

MA 42/

100

1,5

2,8

4,4

5,6

7,2

5,9

3,2

2,0

1,6

1,2

565

835

385

147

75

2007

28

42

19

7

4

0,7

1,4

0,8

1,0

0,6

MA 43/

120

1,6

2,8

4,4

5,6

7,2

5,5

3,2

2,0

1,6

1,2

824

586

376

201

102

2089

39

28

18

10

5

1,0

0,8

0,7

1,0

0,7

a) Tempo de mistura = 15 min; temperatura de processamento = 50ºC; b) V= Velocidade de processamento; QPA= Quantidade de População de Argila c) L1/2H= largura a meia altura do pico de difração.

Podemos observar que a amostra processada a 100 rpm apresentou a menor

área total dos picos, quando comparada com os nanocompósitos preparados a outras

velocidades. Considerando que todos os espécimes utilizados nos experimentos de

86

DRX apresentavam espessuras iguais, este comportamento sugere na amostra

processada a 100 rpm há uma quantidade de argila altamente dispersa, apresentando

uma distância entre as lamelas superior ao limite detectável do equipamento. Esta

amostra também apresenta a maior distância interlamelar (5,9 nm). Este

comportamento pode ser atribuído às maiores forças de cisalhamento aplicadas ao

sistema a esta velocidade.

Os difratogramas dos nanocompósitos processados em diferentes tempos

são ilustrados na Figura 51, cuja análise quantitativa também é resumida na Tabela

28. Em todos os sistemas, foi possível observar vários picos de difração. A presença

de picos de difração em todos os materiais indicou que as lamelas da argila não foram

totalmente esfoliadas. Além disso, foi possível observar diferentes populações de

argila intercalada, devido o deslocamento do pico relativo ao plano 001 da argila para

ângulos menores do que aqueles encontrados para argila organofílica pura. Estes

resultados indicam um espaçamento interlamelar maior do que o da argila original,

caracterizando um estado de dispersão intercalado. Outra população de argila com

menor espaçamento basal (valores de 2θ mais elevados do que a argila original)

também está presente, sugerindo que certa quantidade do intercalante original tenha

sido removida para fora das galerias da argila, resultando em um colapso da

estrutura intercalada.

Figura 51. Difratograma de raios-x dos nanocompósitos de NBR / OC15A em função do tempo

de processamento. (misturas preparadas a 80rpm e 50ºC)

87

Podemos observar pela Tabela 28, que a amostra processada a 7 min

apresentou maior grau de intercalação e/ou esfoliação (50%). Esta amostra também

apresenta a maior distância interlamelar (5,9 nm). Quando comparamos somente a

quantidade de estruturas com distância interlamelar acima de 4,0 nm, observamos

que a 7 min apresentou o maior grau de intercalação, com o aumento do tempo de

processamento esta quantidade diminui, mas quando o tempo aumenta para a 15

min a quantidade de argila com população superior à distância interlamelar de 4,0

nm voltou aumentar. Esse comportamento sugere, que tanto o tempo de

processamento quanto as forças de cisalhamento envolvidas na mistura contribuem

para a separação das lamelas e para a intercalação e também para certo grau de

reaglomeração das lamelas.

Tabela 28. Resultado da deconvolução dos picos de difração de raios-x dos nanocompósitos

NBR/OC15A em função do tempo de processamento a

Amostra/

t (min)b

(º)

Distância

interlamelar

nm

Área

do pico A total

QPAb

(%) L1/2Hc

Cloisite

15A

2,7

3,8

7,0

3,3

2,3

1,3

2425

1500

145

4070

60

37

3

1,3

1,6

0,9

MA 51/

7

1,5

2,8

4,4

5,7

7,3

5,9

3,2

2,0

1,6

1,2

790

358

270

105

65

1588

50

23

17

6

4

0,8

0,8

0,8

0,8

0,6

MA 52/

10

1,6

2,7

4,3

5,6

7,2

5,5

3,3

2,1

1,6

1,2

810

660

393

147

55

2065

39

32

19

7

3

0,8

0,9

0,9

0,9

0,7

MA 41/

15

1,6

2,8

4,4

5,7

7,2

5,5

3,2

2,1

1,6

1.2

887

469

493

133

82

2064

43

23

24

6

4

1,1

0,6

1,7

0,9

0,6

a) Velocidade de mistura = 80 rpm; temperatura de processamento = 50ºC; b) t=tempo de processamento; QPA= Quantidade de População de Argila c) L1/2H= largura a meia altura do pico de difração.

88

Podemos observar também que a amostra processada a 7 min apresenta a

menor área total dos picos, quando comparada com os nanocompósitos preparados

a outras velocidades. Considerando que todos os espécimes utilizados nos

experimentos de DRX apresentavam espessuras iguais, este comportamento sugere

que na amostra processada a 7 min há uma quantidade de argila altamente dispersa,

apresentando uma distância entre as lamelas superior ao limite detectável do

equipamento.

5.4.2 – Propriedades de Cura

O efeito dos parâmetros de processamento sobre as características de cura

está sumariado na Tabela 29. A presença de 2,5 phr de argila organofílica resultou

na diminuição do tempo ótimo de cura (t90). Estes resultados confirmaram a ação de

aceleração do sal de alquilamônio quaternário (presente na argila organofílica como

intercalante) sobre o processo de cura realizado com o sistema BMI / DCP. O melhor

tempo de cura diminui com o aumento da temperatura e com o aumento da

velocidade de processamento. O torque máximo (MH) e mínimo (ML) também

aumentou com a presença de argila, os maiores valores foram observados nos

sistemas processados a: menor velocidade (80 rpm), temperatura intermediária

(50ºC) e maior tempo (15 min). A melhora do torque é uma indicação da melhor

interação entre a matriz / carga, que pode estar associada à boa dispersão da carga

e também a uma boa afinidade entre a argila e a borracha polar. O aumento do

torque máximo pela adição de carga é um efeito esperado e está relacionado ao

aumento da rigidez da matriz elastomérica após a vulcanização. Esta maior rigidez,

que também é visualizado pelo (MH–ML), sugerindo que a presença da argila

aumenta o número de ligações cruzadas na matriz elastomérica. Este aumento pode

ser devido tanto à presença da carga, quanto à formação de um maior número de

ligações cruzadas.

89

Tabela 29. Características de Cura para a NBR pura e seus nanocompósitos com 2,5 phr de OC15A preparada com diferentes parâmetros de processamento

Parâmetros de mistura Parâmetros de cura

Amostra

V

de

mistura

(rpm)

T

de

mistura

(0C)

t

de

mistura

(min)

ML

(lb.in)

MH

(lb.in)

MH-ML

(lb.in)

t90

(min) CRI

MA 01 80 80 15 3,4 23 19,6 10,5 10,7

Efeito da temperatura de processamento

MA 45 80 30 15 3,40 25,20 21,80 9,26 12,4

MA 41 80 50 15 3,90 27,80 23,90 8,10 14,6

MA 08 80 80 15 3,60 26,80 23,20 7,58 15,6

Efeito da velocidade de processamento

MA 41 80 50 15 3,90 27,80 23,90 8,10 14,6

MA 42 100 50 15 3,70 27,10 23,40 8,00 14,5

MA 43 120 50 15 3,80 26,30 22,50 7,20 16,4

Efeito do tempo de processamento

MA 51 80 50 7 4,30 27,30 23,00 7,35 16,0

MA 52 80 50 10 3,90 27,00 23,10 7,35 16,0

MA 41 80 50 15 3,90 27,80 23,90 8,10 14,6

V= velocidade, T= temperatura, t= tempo

5.4.3 – Propriedades Físico-Mecânicas

As propriedades físico-mecânicas dos compósitos de NBR45 em função dos

parâmetros de mistura estão sumariadas na Tabela 30. A presença de tão baixo teor

de argila como 2,5 phr, resultou em uma melhora significativa da resistência à

tração, alongamento na ruptura e módulo elástico, indicando um importante efeito de

reforço da argila. Um comportamento semelhante foi observado por outros autores

que têm atribuído essa melhora a uma ação sinérgica de orientação das lamelas da

argila [42,48].

Considerando-se os parâmetros de mistura, observou-se aumento

progressivo do alongamento na ruptura com o aumento da velocidade de

processamento, entretanto comportamento inverso foi observado em relação ao

módulo elástico. Já em termos de resistência a tração, observou-se uma diminuição

desta propriedade com o aumento da velocidade, entretanto, aumenta com a

velocidade. O material processado a velocidade maior (120 rpm) apresentou as

90

melhores propriedades de resistência a tração e alongamento na ruptura. Em geral o

aumento da velocidade de processamento, promove uma maior dispersão das

lamelas da argila na matriz de borracha, ou seja, aumenta a probabilidade de

aumentar o grau de intercalação da argila.

Tabela 30. Propriedades Mecânicas para a NBR pura e seus nanocompósitos com

2,5 phr de OC15A preparada com diferentes parâmetros de processamento Parâmetros de mistura Propriedades mecânicas

Amostras

V

de

mistura

(rpm)

T

de

mistura

(0C)

t

de

mistura

(min)

σB

(MPa)

εB

(%)

Módulo

10%

(MPa)

M

(%)

DPC

NBR pura 80 80 15 2,5±0,1 450±32 2,7 ±0,3 0,5±0,1 5±2

Efeito da temperatura de processamento

MA 45 80 30 15 5,1±0,7 650±93 3,6± 0,4 2,1±0,1 9±2

MA 41 80 50 15 6,1±0,8 710±87 3,8± 0,4 1,9±0,1 8±2

MA 08 80 80 15 4,1±0,5 730±70 2,8± 0,2 1,3±0,2 9±5

Efeito da velocidade de processamento

MA 41 80 50 15 6,1±0,8 710±87 3,8± 0,4 1,9±0,2 8±1

MA 42 100 50 15 5,7±0,3 720±20 3,5± 0,3 1,9±0,1 8±2

MA 43 120 50 15 7,2±1,0 740±90 3,7± 0,4 1,8±0,1 11±3

Efeito do tempo de processamento

MA 51 80 50 7 5,8±1,5 640±20 3,7± 0,8 2,1±0,3 12±2

MA 52 80 50 10 6,1±0,6 740±55 3,6± 0,6 2,0±0,1 15±3

MA 41 80 50 15 6,1±0,8 710±87 3,8± 0,4 1,9±0,2 8±1

V= velocidade, T= temperatura, t= tempo, σB= Resistência à tração, εB= Alongamento na Ruptura,

M= Inchamento em óleo, DPC= Deformação permanente por compressão

Em termos de temperatura de processamento a melhor resistência à tração e

módulo elástico foi obtida na mistura processada a uma temperatura intermediária

(50 ºC). Entretanto, o alongamento na ruptura aumentou com o aumento da

temperatura. Quanto ao tempo de mistura, o aumento na resistência a tração se

mostrou evidente quando o tempo de mistura foi de 7 e 10 min, entretanto, com o

aumento do tempo observou-se a estabilização desse efeito. A mistura processada a

um tempo intermediário (10 min) apresentou as melhores propriedades de

resistência a tração e alongamento na ruptura. Estes resultados sugerem que nem

sempre o material mais esfoliado apresenta as melhores propriedades.

91

A resistência a óleo não apresentou qualquer melhora quando comparado à

amostra pura. A presença da cadeia longa de hidrocarbonetos alifáticos em argila

organofílica, pode ter proporcionando uma boa afinidade entre a argila e o óleo

mineral.

O teste de deformação permanente por compressão não apresentou qualquer

melhora, quando comparado com a NBR pura. Este ensaio tem por finalidade

verificar a capacidade das composições da borracha de reterem suas propriedades

elásticas, após ações prolongadas de forças compressivas. Se existe a presença de

uma carga com forte interação com a borracha, tal composição apresenta maior

resistência à deformação permanente e conseqüentemente, um menor valor de DPC

é esperado. No entanto, não foi observado este comportamento nos

nanocompósitos de NBR/OC15A processados em condições diferentes. Isto indica

que as interações existentes foram modificadas pelas condições do teste de DPC.

5.4.4 – Propriedades Dinâmico-Mecânicas

O efeito dos parâmetros de processamento, tais como variação da

temperatura, variação da velocidade do rotor e variação do tempo de processamento

sobre o módulo de armazenamento são ilustradas nas Figuras 52, 53 e 54

respectivamente. Todos os nanocompósitos de NBR / OC15A exibem maior módulo

de armazenamento abaixo e acima da temperatura de transição vítrea (Tg) do que

aqueles encontrados para a amostra de NBR pura vulcanizada, indicando a ação de

reforço da argila organofílica. Quanto à variação da temperatura de mistura, a

amostra processada a 80ºC apresentou o maior módulo. Sugerindo que o grau de

dispersão da argila não exerce influência no módulo do composto uma vez que o

este material não se apresenta altamente intercalado. Quanto a variação da

velocidade do rotor, o composto processado a 100 rpm apresenta a maior módulo.

Este resultado sugere também que nem sempre o material mais intercalado e/ou

esfoliado, apresenta as melhores propriedades. Quanto à variação do tempo, não

observamos nenhuma diferença significativa nesta propriedade. Este resultado

sugere que o módulo não é afetado pelo tempo de processamento.

92

Figura 52. Módulo de armazenamento da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processados

a: (b) 30ºC, (c) 50ºC, (d) 80ºC (misturas preparadas a 80rpm durante 15min)

Figura 53. Módulo de armazenamento da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processados

a: (b) 80 rpm, (c) 100 rpm, (d) 120 rpm (misturas preparadas a 50 ºC durante 15min)

93

Figura 54. Módulo de armazenamento da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processados

a: (b) 7 min, (c) 10 min, (d) 15 min (misturas preparadas a 80 rpm e 50 ºC)

A dependência da tan delta com a temperatura foi apresentado da NBR45

pura e seus nanocompósitos intercalados no estado fundido são apresentados nas

Figuras 55, 56 e 57. O máximo do pico foi considerado como a temperatura de

transição vítrea (Tg) e os valores encontram-se nas Tabelas 31, 32 e 33. Quanto à

variação da temperatura de processamento, a presença da OC15A resultou na

mudança da Tg no sentido de maiores temperaturas nas misturas processadas a 30

e 50 ºC. Entretanto, foi a amostra processada a 30ºC que apresentou o maior valor

de Tg, este resultado está de acordo a análise de DRX, uma vez que esta amostra

apresentou o maior grau de intercalação. A variação da velocidade do rotor e a

variação do tempo de processamento também deslocaram as Tgs no sentido de

maiores temperaturas, entretanto, não há diferenças significativas entre elas. Estes

resultados sugerem que a presença da OC15A na matriz elastomérica reduz a

mobilidade das cadeias macromoleculares provavelmente pelas interações físicas

e/ou químicas entre elas, refletindo no aumento da Tg dos compósitos.

94

Figura 55. Tan delta da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processados a: (b) 30ºC,

(c) (c) 50ºC, (d) 80ºC (misturas preparadas a 80rpm durante 15min)

Tabela 31. Temperatura de transição vítrea da NBR45 pura e para os nanocompósitos processados em diferentes temperaturas

Amostras Temperatura de

Mistura (0C) Tg (ºC)

Variação da temperatura de processamento

MA 01 - - 0,61

MA 45 30 ºC 6,87

MA 41 50 ºC 5,44

MA 08 80 ºC - 0,05

Figura 56. Tan delta da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processadosa: (b) 80 rpm,

(c) 100 rpm, (d) 120 rpm (misturas preparadas a 50 ºC durante 15min)

95

Tabela 32. Temperatura de transição vítrea da NBR45 pura e para os nanocompósitos processados em diferentes velocidades

Amostras Velocidade de

Mistura (rpm) Tg (ºC)

Variação da temperatura de processamento

MA 01 - - 0,61

MA 41 80 5,44

MA 42 100 7,79

MA 43 120 7,18

Figura 57. Tan delta da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos processadosa: (b) 7 min, (c) 10 min, (d) 15 min (misturas preparadas a 80 rpm e 50 ºC)

Tabela 33. Temperatura de transição vítrea da NBR45 pura e para os nanocompósitos processados em diferentes tempos

Amostras Tempo de

Mistura (min) Tg (ºC)

Variação do Tempo de processamento

MA 01 - - 0,61

MA 51 7 6,57

MA 52 10 7,48

MA 41 15 5,44

96

5.4.5 – Comportamento de Fluência e Recuperação (cr eep)

O comportamento de fluência é muito sensível à presença de nanocargas

[83]. Esta técnica também foi empregada em nossos estudos para avaliar a

influência dos parâmetros de mistura durante o processamento dos nanocompósitos

de NBR/OC15A no estado fundido. A Figura 58 mostra o comportamento de fluência

e recuperação da NBR vulcanizada e seus nanocompósitos preparados por

intercalação no estado fundido, em diferentes temperaturas. Todos os compostos

presentes apresentaram menores valores de deformação (fluência) em comparação

com a NBR pura. Quando comparamos os nanocompósitos preparados com

diferentes temperaturas, observamos que estes compósitos apresentam um

comportamento de fluência (deformação) muito semelhante entre si. Entretanto a

amostra que apresentou o menor valor de deformação (fluência) foi àquelas

processadas a temperaturas mais elevadas (50 e 80ºC). A recuperação da

deformação dos nanocompósitos foi muito boa quando comparado com a NBR

pura. Mas o melhor desempenho foi observado para a amostra misturada a

50ºC. Este resultado sugere que nem sempre o material mais esfoliado apresenta as

melhores propriedades elásticas.

Figura 58. Comportamento de fluência e recuperação para NBR pura e seus nanocompósitos processados a diferentes temperaturas. (a) NBR pura (b) 30ºC, (c) 50ºC, (d) 80ºC (misturas

preparadas em 80rpm durante 15min)

97

O efeito da velocidade de processamento na mistura de NBR / OC15A sobre

o comportamento de fluência e recuperação é ilustrado na Figura 59. Este parâmetro

exerce uma influência significativa sobre o comportamento de fluência. A menor

variação foi observada na amostra preparada a 100 rpm. Esta amostra também

apresentou a maior recuperação da deformação, isto é, a melhor recuperação

elástica. Este resultado sugere que existe um grau ótimo de intercalação / esfoliação

que afeta significativamente as propriedades elásticas dos nanocompósitos.

Figura 59. Comportamento de fluência e recuperação para NBR pura e seus nanocompósitos

processados a diferentes velocidades. (a) NBR pura (b) 80 rpm, (c) 100 rpm, (d) 120 rpm (misturas preparadas em 50ºC durante 15min)

O efeito do tempo de mistura no comportamento de fluência e recuperação é

apresentado na Figura 60. O melhor comportamento de fluência e a melhor

recuperação elástica foram alcançados pela amostra processada em 7 min. Este

resultado concorda com o grau de intercalação da argila, uma vez que neste tempo

de processamento, foi possível alcançar a maior quantidade de argila intercalada na

amostra.

98

Figura 60. Comportamento de fluência e recuperação para NBR pura e seus nanocompósitos

processados a diferentes tempos. (a) NBR pura (b) 7min, (c) 10 min, (d) 15 min (misturas preparadas em 80 rpm e 50 ºC)

99

6 – CONCLUSÕES

A análise dos dados experimentais relatados nesta dissertação permite concluir que:

1- Foi possível obter nanocompósitos de NBR45 e NBR28 com OC15A e OC30B,

tanto por intercalação no estado fundido quanto em solução.

2- Os nanocompósitos de NBR/OC30B preparados pelo método de intercalação

solução, apresentaram maior grau de intercalação e melhores propriedades.

3- A presença da argila organofílica na matriz de NBR resultou na diminuição do

tempo ótimo de cura (t90), confirmando a ação de aceleração do sal de alquilamônio

quaternário (presente na argila organofílica como intercalante), sobre o processo de

cura realizado com o sistema BMI / DCP.

4- A variação da temperatura e velocidade de processamento influencia mais

significativamente o grau de intercalação da argila e propriedades do material, que a

variação do tempo de mistura.

5- O efeito da polaridade fica evidente na análise de DRX, uma vez que os

nanocompósitos de NBR28/OC15A (menos polar) apresentam maior grau de

intercalação quando comparados com os nanocompósitos de NBR45/OC15A. Já os

nanocompósitos de NBR45/OC30B (mais polar) apresentam maior grau de

intercalação quando comparada com os nanocompósitos de NBR28/OC30B.

6- O aumento da polaridade da NBR afeta mais a Tg, do que o grau de esfoliação

e/ou intercalação destes materiais. Entretanto, esta propriedade é afetada mais

significativamente na intercalação em solução.

100

7 – SUGESTÕES

� Fazer Microscopia eletrônica de transmissão para avaliar melhor o grau de

intercalação e/ou esfoliação das amostras.

� Avaliar o efeito de outros parâmetros de processamento sobre o grau de

intercalação/esfoliação dos nanocompósitos tais como: variação da pressão utilizada

no processo de moldagem por compressão e variação da temperatura de

vulcanização;

� Avaliar se o processo de vulcanização interfere efetivamente sobre o grau de

intercalação/esfoliação da argila organofílica através de acessório de DSC acoplado

ao Ultima IV;

� Avaliar pelo RPA as propriedades viscoelásticas dos materiais e determinar a

densidade de ligações cruzadas nas amostras.

� Para avaliar melhor a influência da polaridade da NBR sobre o grau de

intercalação/esfoliação da argila organofílica, usar um grade menos polar como a

NBR19.

� A partir dos melhores resultados obtidos das misturas de NBR/OC15A,

NBR/OC30B, desenvolver misturas de elastômeros termoplásticos vulcanizados à

base de polipropileno (PP) e NBR (28 e 45% ACN) vulcanizada dinamicamente,

avaliando o efeito da composição, da natureza da carga e o método de incorporação

da argila (estado fundido e solução).

� Fazer análise de raios-x a baixo ângulo no Ultima IV para confirmar nestes

sistemas há uma quantidade de argila altamente dispersa, apresentando uma

distância entre as lamelas superior ao limite detectável do equipamento.

� Estudar o efeito Payne, que responderá se há interação entre as argilas e a

matriz.

101

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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