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DESENVOLVENDO NOVOS PRODUTOS NO AMBIENTE DE ENSINO ACADÊMICO: O CASO DO “CHAVEIRO CÁPSULA” Arthur Cardoso dos Santos (UFF ) [email protected] Ramon Baptista Narcizo (UFF ) [email protected] O objetivo do presente artigo é descrever uma recente aplicação do modelo de referência para o desenvolvimento de novos produtos proposto por Ulrich & Eppinger (2008). O modelo foi colocado em prática por uma equipe de desenvolvimento composta unicamente por alunos graduando em Engenharia de Produção em uma universidade pública brasileira. Assim, apresenta os principais resultados obtidos pelo grupo ao longo do processo de desenvolvimento de um novo produto, chamado provisoriamente de “Chaveiro-Cápsula”. O enfoque do documento está orientado para o caráter prático e experimental das atividades desenvolvidas, como forma de complemento do processo de aprendizagem dos conceitos relacionados à inovação, ao design e ao desenvolvimento de novos produtos na chamada “Economia do Conhecimento”. Nesse sentido, é importante considerar que a equipe realizou as atividades sob condições desfavoráveis, inerentes ao ambiente acadêmico brasileiro, tais como limitações de tempo e de recursos para um desenvolvimento eficaz. Assim, o produto desenvolvido pela equipe foi concebido até o estágio de protótipo, não havendo avançado até fases finais do processo, que geralmente envolvem produção, lançamento e comercialização. Portanto, o presente artigo apresenta o relato de uma aplicação acadêmica com fins estritamente educacionais, mas demonstra a viabilidade e robustez do emprego do método de referência como uma importante ferramenta de ensino no ambiente acadêmico. Palavras-chaves: Desenvolvimento de novos produtos, Design, Inovação, Ensino XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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DESENVOLVENDO NOVOS PRODUTOS

NO AMBIENTE DE ENSINO

ACADÊMICO: O CASO DO “CHAVEIRO

CÁPSULA”

Arthur Cardoso dos Santos (UFF )

[email protected]

Ramon Baptista Narcizo (UFF )

[email protected]

O objetivo do presente artigo é descrever uma recente aplicação do

modelo de referência para o desenvolvimento de novos produtos

proposto por Ulrich & Eppinger (2008). O modelo foi colocado em

prática por uma equipe de desenvolvimento composta unicamente por

alunos graduando em Engenharia de Produção em uma universidade

pública brasileira. Assim, apresenta os principais resultados obtidos

pelo grupo ao longo do processo de desenvolvimento de um novo

produto, chamado provisoriamente de “Chaveiro-Cápsula”. O enfoque

do documento está orientado para o caráter prático e experimental das

atividades desenvolvidas, como forma de complemento do processo de

aprendizagem dos conceitos relacionados à inovação, ao design e ao

desenvolvimento de novos produtos na chamada “Economia do

Conhecimento”. Nesse sentido, é importante considerar que a equipe

realizou as atividades sob condições desfavoráveis, inerentes ao

ambiente acadêmico brasileiro, tais como limitações de tempo e de

recursos para um desenvolvimento eficaz. Assim, o produto

desenvolvido pela equipe foi concebido até o estágio de protótipo, não

havendo avançado até fases finais do processo, que geralmente

envolvem produção, lançamento e comercialização. Portanto, o

presente artigo apresenta o relato de uma aplicação acadêmica com

fins estritamente educacionais, mas demonstra a viabilidade e robustez

do emprego do método de referência como uma importante ferramenta

de ensino no ambiente acadêmico.

Palavras-chaves: Desenvolvimento de novos produtos, Design,

Inovação, Ensino

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1. Introdução

O desenvolvimento de novos produtos, sejam bens ou serviços, pode ser descrito como um

processo de resolução de problemas que se inicia a partir da percepção de uma lacuna na

experiência do usuário, passando pela elaboração de um plano para desenvolver um novo

artefato que preencha essa lacuna, convergindo na produção e disponibilização desse artefato

ao usuário (ULRICH, 2011; BAXTER, 2011). Esse processo tem sido amplamente

reconhecido como fundamental para a competitividade e diferenciação de empreendimentos,

especialmente numa economia baseada na informação e no conhecimento, onde a inovação

assume centralidade (LEYDESDORFF, 2006).

Dada essa importância, observa-se que a literatura de referência está repleta de orientações e

métodos que visam a melhorar e otimizar esse processo. Exemplos dessas melhorias

envolvem a eliminação de redundâncias e desperdícios de recursos; a redução do time-to-

market; a garantia do foco nas necessidades ou demandas do usuário (ou cliente); o ganho de

maturidade e experiência nos processos de planejamento, desenvolvimento, produção e pós-

produção; a elaboração de modelos referenciais para orientar o desenvolvimento; o

gerenciamento da informação, do conhecimento e da inovação nas organizações etc.

(KRISHNAN & ULRICH, 2001; TROTT, 2005).

Dentre os métodos encontrados na literatura destaca-se a proposição de Ulrich & Eppinger

(2008), que tem sido usada como um modelo de referência para o desenvolvimento de novos

produtos tanto em organizações empresariais consideradas inovadoras quanto no ensino

superior em universidades mundialmente reconhecidas como empreendedoras, como o

Massachusetts Institute of Technology, por exemplo. Esse método é composto essencialmente

por seis grandes fases, que são: (1) planejamento, onde é defino o escopo do projeto; (2)

desenvolvimento do conceito, onde conceitos para o produto são gerados e avaliados, e um

único conceito é selecionado para desenvolvimento; (3) projeto em nível de sistema, onde é

definida a arquitetura, seus subsistemas e componentes; (4) projeto detalhado, onde são

definidos os materiais, a geometria e as tolerâncias para todas as partes do produto; (5) testes

e refinamentos, que envolvem a construção e avaliação de versões de “pré-produção”; e (6)

preparação para a produção, onde o produto começa a ser produzido a partir do

planejamento de sistema de produção (ULRICH & EPPINGER, 2008).

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O objetivo do presente artigo é descrever uma recente aplicação dessa metodologia por uma

equipe de desenvolvimento composta por alunos inscritos na disciplina de “Engenharia do

Produto”, graduandos em Engenharia de Produção na Universidade Federal Fluminense, Polo

Universitário de Rio das Ostras (RJ). Assim, apresenta os principais resultados obtidos por

esse grupo ao longo do processo de desenvolvimento de um novo produto, chamado

provisoriamente de “Chaveiro-Cápsula”.

O enfoque do documento está orientado para o caráter prático e experimental das atividades

desenvolvidas, como forma de complemento do processo de aprendizagem dos conceitos

relacionados à inovação, ao design e ao desenvolvimento de novos produtos na chamada

“Economia do Conhecimento”. Nesse sentido, é importante considerar que a equipe realizou

as atividades sob condições desfavoráveis, inerentes ao ambiente acadêmico brasileiro, tais

como limitações de tempo e de recursos para um desenvolvimento eficaz.

Portanto, o presente documento deve ser entendido como o relato de uma aplicação

acadêmica da metodologia de Ulrich & Eppinger (2008) no contexto de uma universidade

federal brasileira, com fins estritamente educacionais. Nessa perspectiva é importante

considerar que o produto desenvolvido pela equipe foi concebido até o estágio de protótipo,

não havendo avançado até fases finais do processo, que geralmente envolvem produção,

lançamento e comercialização.

O artigo está organizado da seguinte forma: no Item 2 apresenta-se resumidamente a

sustentação teórica e metodológica que orientou o processo de desenvolvimento,

fundamentada na proposição de Ulrich & Eppinger (2008). Esse item constitui,

simultaneamente, tanto o referencial teórico que sustenta as argumentações contidas no texto

quanto as orientações metodológicas que orientaram o processo de desenvolvimento aqui

registrado. O Item 3 descreve, de forma sintetizada, os principais resultados obtidos no

processo de desenvolvimento. Já o Item 4 apresenta as lições aprendidas e conclusões obtidas

pela equipe.

2. Sustentação teórica e metodológica

Ulrich & Eppinger (2008) propõem um modelo referencial para o processo de

desenvolvimento de novos produtos, partindo da premissa de que o sucesso econômico das

empresas depende da habilidade destas em identificar as necessidades e desejos dos

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consumidores e, rapidamente, desenvolver e criar produtos que possam ser produzidos a baixo

custo e que satisfaçam seus clientes. Uma visão integrada desse processo, dividido nas seis

grandes fases e suas respectivas subatividades sequenciadas de forma lógica é apresentada na

Figura 1 a seguir.

Figura 1 – Visão geral do processo de desenvolvimento de novos produtos

Fase 0: Planejamento

Planejamento

Fase 1: Desenvolv.conceito

Fase 2: Design sistema

Fase 3:Design

detalhado

Fase 4:Testes e

refinamentos

Fase5: Preparação manufatura

Identif. necessidades

Especificações do produto

Geração conceitos

Seleção conceito

Teste conceito

Arquitetura do produto

Design industrial

Design para a manufatura

Prototipagem

Fonte: Adaptado Ulrich & Eppinger (2008, p. 9)

Os autores sugerem que após a identificação de uma oportunidade sejam realizadas interações

com o mercado-alvo e com os possíveis futuros usuários da solução, averiguando restrições

(de mercado e tecnológicas), e definindo objetivos gerais para o projeto de desenvolvimento.

A partir desse conjunto de informações é formalizada uma “missão” para o projeto de

desenvolvimento. Por meio da declaração dessa missão, o grupo definirá “qual direção o

projeto deve seguir”, sem detalhar exatamente “um destino preciso” ou uma forma particular

de proceder (ULRICH & EPPINGER, 2008).

O passo seguinte da metodologia objetiva a identificar necessidades, anseios e expectativas

dos potenciais usuários da solução. Essas necessidades são amplamente independentes de

qualquer produto e não são específicas para os conceitos que eventualmente possam ser

desenvolvidos. Esse conjunto de informações irá nortear o posterior estabelecimento das

especificações técnicas e, em seguida, o desenvolvimento de conceitos para o produto

(ULRICH & EPPINGER, 2008).

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As especificações técnicas compõem um conjunto de dados e informações capazes de

expressar de forma mensurável “o que” o produto deve fazer, mas sem definir “como” deve

fazer. Já um “conceito” é essencialmente uma descrição aproximada da tecnologia, dos

princípios de funcionamento e das formas do produto, geralmente expresso como um esboço

ou como um modelo tridimensional bruto, frequentemente acompanhado por uma breve

descrição textual (ULRICH & EPPINGER, 2008).

Ainda de acordo com Ulrich & Eppinger (2008), na atividade de geração de conceitos deve-se

criar alternativas de conceitos que atendam, simultaneamente, às necessidades dos possíveis

usuários e às especificações técnicas estabelecidas pela equipe. Em seguida, efetua-se um ou

mais procedimentos de avaliação dos conceitos desenvolvidos, usando como base as

necessidades dos consumidores e outros critérios de avaliação pré-definidos pela equipe de

desenvolvimento. São comparadas as vantagens e desvantagens de cada conceito em relação a

um conceito de referência – geralmente um produto-padrão da indústria ou uma solução óbvia

para o problema experimentado pelos usuários – e, por fim, seleciona-se um ou mais,

considerados promissores, para posterior investigação ou desenvolvimento.

Uma vez selecionado o conceito, a arquitetura do produto passa a ser estudada mais

profundamente. São elaborados diagramas que representam os elementos físicos do produto e

suas interações, desenvolvendo-se o layout geométrico, que servirá para conceber a

arquitetura. A partir daí confere-se a compatibilidade dos elementos e módulos que

constituem o produto, definindo as interações esperadas (planejadas) e incidentais

(inesperadas), que podem comprometer seu desempenho. Assim, estabelece-se a arquitetura,

que tem como função principal a definição da construção do produto de acordo com sua

função e relacionando-o com o resto do mecanismo (ULRICH & EPPINGER, 2008).

Definida a arquitetura, uma representação aproximada do produto pode ser obtida a partir do

processo de prototipagem. Nessa etapa, protótipos físicos ou analíticos são desenvolvido,

visando a desenvolver uma aproximação do produto em uma ou mais dimensões de interesse.

Dentre os principais propósitos para o desenvolvimento de protótipos estão o aprendizado, a

comunicação, a integração e o estabelecimento de marcos (ULRICH & EPPINGER, 2008).

3. O processo de desenvolvimento do produto

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A seguir serão explicitados os principais passos empregados no processo de desenvolvimento,

tomando por base as orientações teóricas e metodológicas de Ulrich & Eppinger (2008). É

importante considerar, contudo, que certos resultados foram resumidos, enquanto outros

integralmente suprimidos.

3.1. Planejamento: definição da “missão do projeto de desenvolvimento”

Após algumas interações de caráter prospectivo com o mercado, a equipe identificou uma

oportunidade de desenvolvimento considerada promissora, e que viria a dar origem ao

“Chaveiro-Cápsula”. Isso se deu a partir da observação das dificuldades existentes no

manuseio dos chaveiros tradicionais, compostos por argola metálica, que muitas vezes são

considerados pouco práticos pelos seus usuários. A partir da identificação desse problema

(oportunidade), que também representava uma lacuna (demanda) na experiência dos usuários,

iniciou-se a elaboração do projeto de desenvolvimento, visando a tornar tangível uma ideia na

forma de um novo produto, concebido inicialmente como um chaveiro que melhor dispusesse

as chaves, facilitando a utilização, adição e remoção pelo usuário quando necessário.

A fim de definir a direção inicial do projeto de desenvolvimento, a equipe estabeleceu um

conjunto inicial de premissas, tais como uma proposta de benefício e algumas hipóteses

relacionadas à oportunidade identificada e ao produto concebido para atende-la. Como

proposta de benefício considerou-se a facilidade de manuseio, identificação, adição e remoção

de chaves, bem como a praticidade no transporte. Também foi levado em consideração o

atendimento de necessidades específicas de deficientes visuais, uma vez que o mercado

também sinalizou esse tipo de lacuna na experiência desses usuários. Assim, a equipe foi

capaz se sintetizar a missão do projeto, descrita como “desenvolvimento de um chaveiro de

capacidade flexível, personalizável, capaz de organizar as chaves de maneira eficiente”.

3.2. Levantamento das necessidades dos usuários

Para que a equipe pudesse chegar a um conceito específico para o produto foi necessário que

voltasse a interagir com o mercado e seus possíveis usuários, conhecendo suas demandas,

expectativas, necessidades e frustrações relacionados à oportunidade. O levantamento das

necessidades dos usuários envolveu um processo sistemático de coleta e interpretação de

dados qualitativos e quantitativos, bem como a classificação e agrupamento desses dados.

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Assim, para efetuar a coleta empregou-se um questionário online, composto unicamente por

perguntas cujas respostas eram abertas. Essa estratégia visava a estimular o usuário a discorrer

sobre sua experiência relacionada à oportunidade identificada. É importante salientar contudo

que, dentre as perguntas apresentadas, nenhuma proposição de solução ou de conceito

específico foi apresentado, de modo a não induzir as respostas dos pesquisados.

O conjunto de respostas obtidas serviu, após uma adequada interpretação por parte da equipe,

para identificar e hierarquizar as características necessárias ao produto. Dentre as

necessidades interpretadas, foram subtraídas as redundantes e as demais foram agrupadas de

acordo com características comuns, como ilustra a Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Necessidades identificadas

PRATICIDADE PROPRIEDADES

FÍSICAS ESTÉTICA

DEMAIS

NECESSIDADES

O CHAVEIRO....

... permite o uso rápido de

chaves em sequência.

... permite que as chaves

sejam organizadas e

agrupadas conforme a

necessidade do usuário.

... é acoplável a bolsas ou

a peças de roupa.

... é fácil de ser

manuseado.

... permite acrescentar

novas chaves.

... é fácil de ser

encontrado dentro de

compartimentos.

... permite a identificação

das chaves.

... é leve.

... é resistente à

corrosão.

... possui alta

durabilidade.

... é esteticamente

agradável.

... é personalizável.

... permite adicionar

apetrechos.

... pode ser utilizado

como ornamento.

... possui capacidade

flexível de

armazenamento.

... permite incluir

dados pessoais.

Fonte: Os autores e equipe de desenvolvimento

3.3. Geração de conceitos para o produto

Nessa fase do processo de desenvolvimento a equipe adotou uma estratégia que envolve

representar o produto na forma de uma “caixa preta”, decompondo-o em funções e sub-

funções, permitindo-lhe direcionar seus esforços aos problemas mais críticos, sem ignorar os

demais.

3.3.1. Decomposição funcional

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Esse passo consistiu em desenvolver um entendimento geral do problema em mãos, para

então, decompô-lo em subproblemas. No caso do “Chaveiro Cápsula”, a declaração de

missão, a lista de necessidade e as especificações técnicas foram os insumos fundamentais

para iniciar o processo de geração de conceitos. A partir dessas informações, a equipe pôde

representar o “macro problema” relacionado à geração dos conceitos na forma de uma única

“caixa preta” operando com materiais, energia e informações, como demonstrado na Figura 2

a seguir.

Figura 2 – O produto como “caixa preta”

Fonte: Os autores

A Figura 2 representa um conjunto de entradas, quais sejam, energia (até então não

identificada), materiais (as próprias chaves) e as informações, que retratam o funcionamento

do mecanismo de seleção que transformará o comando recebido na ação que selecionará a

chave, permitindo que essa seja isolada e utilizada pelo usuário. A partir desse diagrama

foram definidas sub-funções, garantindo que a finalidade geral do produto fosse

desempenhada com sucesso, como mostrado na Figura 3.

Figura 3 – As sub-funções da “caixa preta”

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Fonte: Os autores

A fim de permitir a utilização da chave, as sub-funções apresentadas na Figura 3 indicam que

deve-se isolar uma única chave. Para tanto, a energia deverá ser recebida e, em seguida,

convertida em movimento; as chaves devem ser organizadas de forma que uma delas possa

ser isolada quando o usuário assim o desejar; e, por fim, os dispositivos de comando e seleção

deverão efetuar o isolamento da chave.

Cada uma das sub-funções foi novamente dividida, a fim de simplificá-la e facilitar a análise

das soluções propostas. Assim, o processo de decomposição funcional foi repetido até que

cada sub-função estivesse suficientemente simples para ser solucionada. Muitos desses

desdobramentos foram omitidos no presente documento, mas é importante ressaltar que ao

longo desse processo pôde-se melhor determinar os subproblemas críticos para o sucesso do

produto. Nesse produto o subproblema crítico estava relacionado ao dispositivo de seleção,

incluindo também suas sub-funções relacionadas. Esse problema apresentou alto nível de

complexidade, exigindo da equipe de desenvolvimento estudos e pesquisas mais

aprofundados. Além disso, esse mecanismo também foi considerado crítico pois representava,

na visão da equipe, o principal diferencial do produto em relação às soluções já existentes no

mercado.

3.3.2. Descrição dos conceitos desenvolvidos

A partir da investigação sistemática dos espaços de soluções para os problemas identificados

na etapa anterior, suprimido neste artigo, foi possível chegar a dois conceitos viáveis de

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solução integrada para o macro problema apresentado na caixa preta. Esses são descritos a

seguir.

1. Um chaveiro organizador que permita a seleção da chave desejada por acionamento

contínuo, no qual, por meio de um botão deslizante a chave percorre um trilho que a

destaca, permitindo a utilização.

2. Um chaveiro organizador que permita a seleção da chave desejada por acionamento

único, no qual, por meio de um botão comum a energia acumulada em uma mola põe

em ação o eixo giratório que destaca a chave, permitindo sua utilização.

3.4. Seleção do conceito mais promissor

Para dar continuidade ao desenvolvimento do produto a equipe optou pelo Conceito 1, pois

foi considerado como o de menor custo de produção e por possui o mecanismo de

funcionamento identificado como mais simples e confiável. No entanto, a equipe acreditava

que o Conceito 2 transmita a sensação de “imponência” ao usuários, essencialmente em

função do seu mecanismo de destaque giratório. No entanto, além de possui maior custo de

produção, constatou-se no Conceito 2 a existência de uma interação incidental crítica entre o

movimento das chaves e a localização dos botões de acionamento, recaindo em questões

anatômicas cujas soluções demandariam um alto grau de complexidade. Acrescenta-se ainda

que, devido à existência de um mecanismo interno constituído por molas e outros

componentes complexos, o Conceito 2 foi descartado também porque implicaria em maiores

dimensões ao produto, (quando comparado ao Conceito 1), o que contrariava algumas das

necessidades manifestadas nos usuários.

3.5. Arquitetura do produto

Nessa fase foi definida a arquitetura do produto, onde foram organizados os elementos

funcionais e os componentes físicos, relacionando-os entre si e definindo a lógica de

construção do produto. Os elementos funcionais estavam relacionados ao desempenho do

produto, enquanto os elementos físicos foram definidos como os componentes que

implementavam as funções do produto.

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3.5.1. Esquema físico do produto

Com o melhor conceito selecionado, deu-se início ao desenvolvimento de diagramas que

facilitam a concepção da arquitetura do produto. Em tais diagramas são representados os

elementos funcionais e físicos do produto, os quais ao serem operados contribuem para a

performance do produto. A junção dos elementos relevantes para criação do produto originou

o esquema ilustrado na Figura 4 a seguir.

Figura 4 – Esquema físico do produto

Fonte: Os autores

Os elementos que envolvem força ou energia estão relacionados à ação que será executada

pelo usuário: a chave deve ser inserida em um invólucro prendendo-a a numa base fixadora,

formando o que denominou-se de “cápsula”. Essa, por sua vez pode ser conectada a outras

cápsulas para compor módulos do chaveiro. Os elementos relacionados ao material envolvem

diretamente a chave e estão relacionados aos elementos presentes no fluxo de força. O fluxo

de informações ilustra o funcionamento do produto, onde a entrada do usuário, por meio de

um botão, interage com o um sistema de trilho da chave desejada, situado em sua respectiva

cápsula, destacando e permitindo a utilização da mesma.

3.5.2. Elementos do esquema agrupados

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Para organizar os elementos do esquema do produto em módulos, os quais representam os

componentes que implementam as funções do produto, esses foram agrupados em blocos.

Esse agrupamento foi usado para definir a arquitetura modular do produto, conforme ilustra a

Figura 5.

Figura 5 – Elementos do esquema agrupados

Fonte: Os autores

O módulo “Cápsula” envolve os elementos necessários para inserir a chave no invólucro. O

agrupamento das cápsulas origina um conjunto que forma o chaveiro e, portanto, os elementos

que envolvem essa atividade foram agrupados no módulo chamado “Conjunto”. A entrada do

usuário, que se dará pelo acionamento de um botão, ficou localizada no módulo “Comando”.

Já o módulo “Mecanismo de Destaque” incorporou os elementos responsáveis por selecionar

a chave desejada e permitir que essa fosse usada pelo usuário.

3.5.3. Criação do layout geométrico do produto

A elaboração do layout foi realizada no software Google SketchUp, que possui plataforma

livre. O software é uma ferramenta completa para a criação de modelos em duas ou três

dimensões e é capaz de criar plantas de casas, maquetes e também objetos. O processo de

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concepção do layout reuniu a base e sua tampa; o vagonete que percorre o trilho; o fixador

que prende a chave ao vagonete; o botão e os conectores que agregam as cápsulas. Esses

elementos que compõem o layout são ilustrados na Figura 6.

Figura 6 – Layout geométrico

Fonte: Os autores

Para facilitar o entendimento do produto, o layout completo, já com a chave fixada, está

representado nas Figuras 7 a seguir.

Figura 7 – Layout geométrico com chave

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Fonte: Os autores

O trilho por onde percorre o vagonete é caracterizado por uma pequena reentrância na base e

pelo vão entre a base e sua tampa, quando encaixadas, conforme ilustrado nas Figuras 8 e 9.

Figura 8 – Cápsula montada

Fonte: Os autores

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Os conectores apresentam-se de duas formas, macho e fêmea, o que implica a conexão correta

das cápsulas, conforme ilustra a Figura 8.

Figura 9 – Conjunto

Fonte: Os autores

Já o conjunto é formado pela união de duas ou mais cápsulas – dispositivo completo com

chave – formando assim o chaveiro, conforme ilustrado na Figura 9.

3.5.4. Identificação de possíveis interações incidentais

Identificou-se que o atrito gerado pelo movimento dos componentes poderia promover o

desgaste das partes, sobretudo entre o trilho e a base. Por isso, seria fundamental empregar um

material de qualidade e resistência na confecção do produto. Para alcançar tal durabilidade e

ao mesmo tempo atender a necessidade de ser resistente à corrosão e com custo acessível

determinou-se confeccionar o produto em plástico de alta dureza. Também notou-se que a

união de um número elevado de cápsulas poderia causar incômodo ao usuário no ato de

rotacionar uma das chaves junto à fechadura. Portanto, as dimensões do produto deveriam ser

reduzidas ao máximo para que o número ótimo de chaves a se agregar pudesse ser

significativo. Por último, detectou-se que, para inserir a chave junto à fechadura seria

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necessário existir ao corpo do trilho um contentor de final de curso para que a chave

permanecesse desencapsulada. De forma análoga, deveria existir também um contentor de

início de curso para fixar a chave em posição encapsulada.

3.6. Protótipo

Por meio da construção do protótipo foi possível avaliar se as especificações e dimensões

estabelecidas atendiam às necessidades identificadas, e se são exequíveis. O foco do protótipo

foi o de obter feedback da expectativa dos usuários com o produto. Neste aspecto, foi possível

reconhecer se o usuário considerava que o produto possuía as dimensões adequadas,

performance ideal e fácil manuseio.

3.7. Construção e testes

Os esforços foram direcionados para a elaboração de um protótipo computacional (analítico).

Salienta-se que, diferente da etapa de arquitetura, o protótipo deveria apresentar o

acabamento, material e outros detalhes necessários para os testes e posterior produção.

Também foi incluída a identificação em braile no corpo do protótipo em posição

anatomicamente favorável a sensibilização pelo dedo indicador.

Os conectores foram definidos na forma de encaixes, como em brinquedos infantis, pois

aderem uns aos outros com facilidade e resistem à desconexão. Assim, nesse produto, para se

ter as chaves desconectadas umas das outras basta desagregar suas respectivas cápsulas,

eliminando a dificuldade existente de adicionar e remover as chaves dos chaveiros de argola

metálica.

Para fixar a chave ao vagonete utilizou-se presilhas metálicas conformáveis e adesivo, esse

último auxiliando a estancar a chave na posição correta. Além disso, encaixes foram

conformados na base e na tampa para agregá-las. As Figuras 10, 11, 12 e 13 a seguir

demonstram o modelo construído.

Figura 10 – Acabamento dos elementos da Cápsula

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Fonte: Os autores

Figura 11 – Chave agregada à Cápsula

Fonte: Os autores

Figura 12 – Conector fêmea e campo para dados pessoais

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Fonte: Os autores

Figura 13 – Posicionamento do código Braille

Fonte: Os autores

As dimensões obtidas para o produto, considerando os diferentes formatos de chaves do tipo

Yale e espessuras suficientes para confecção do produto em plástico ou metal, estão

apresentadas na Figura 14.

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Figura 14 – Dimensões da Cápsula

Fonte: Os autores

As Figuras 15 e 16 a seguir ilustram o protótipo enriquecido em termos de design, cores e em

cenários diferentes. Nas ilustrações há em uma das Cápsulas uma conformação para agregar

uma presilha e assim responder a necessidade de ser prezo a roupa ou à bolsa.

Figura 15 – Chaveiro em cenário I

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Fonte: Os autores

Figura 16 – Chaveiro em cenário II

Fonte: Os autores

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4. Conclusões

Ainda que a apresentação do protótipo computacional caracterizado tenha sido realizada a um

número restrito de possíveis usuários, esse recebeu críticas positivas e demonstrações de

interesse. Além de atender aos deficientes visuais, verificou-se que o produto poderia conferir

marcas estampadas, ingressando no mercado de brindes. Espera-se que, ao atender a esses

dois mercados, a probabilidade de sucesso comercial do produto aumente.

Presume-se também que o design do produto confira ausência de som ao sacolejo, uma vez as

chaves não se atritam como nos chaveiros convencionais. Entretanto, este fato ainda deve ser

confirmado em um protótipo físico.

Quanto à capacidade flexível esperada do chaveiro, segundo as dimensões obtidas no modelo

computacional, recomenda-se conectar uma quantidade não muito superior a sete cápsulas

para garantir uma boa execução do movimento de mão ao se abrir uma porta. Essa quantidade

de cápsulas por chaveiro comportaria um número suficiente para atender a cerca de 98% dos

usuários entrevistados.

Uma família de produtos poderia seguir esse conceito e complementar a proposta com

cápsulas que comportassem chaves do tipo tetra, pen drives, fones de ouvidos etc. Ratifica-se,

contudo, que o próximo passo no processo de desenvolvimento é confeccionar o protótipo

físico e realizar uma pesquisa mais ampla sobre a aceitação no mercado. Em caso positivo, o

desenvolvimento poderá prosseguir com o projeto de manufatura.

REFERÊNCIAS

BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Edgard Blucher,

2000.

KRISHNAN, V.; ULRICH, K. T. Product development decisions: A review of the literature. Management

science, v. 47, n. 1, p. 1–21, 2001.

LEYDESDORFF, L. The Knowledge-Based Economy: Modeled, Measured, Simulated. Boca Raton Florida:

Universal Publishers, 2006.

TROTT, P. Innovation management and new product development. 3 ed. Upper Saddle River, NJ: Financial

Times Prentice Hall, 2005.

ULRICH, K. T. Design: Creation of artifacts in society. [s.l.] Karl T. Ulrich, 2011.

ULRICH, K. T.; EPPINGER, S. D. Product Design and Development. 4ª Edição. McGraw-Hill, 2008.