Desempenho Térmico de Parede, Norma NBR 15.575
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INTRODUÇÃO
A NBR 15575 (ABNT, 2013) “é utilizada como um procedimento de avaliação
do desempenho de sistemas construtivos” desde 2013, ano que em que foi publicada a
última versão pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
“As normas de desempenho das edificações avaliam e regulamento desde os ganhos através das superfícies externas e aberturas existentes até as condições de ventilação do ambiente. Permitem identificar os materiais construtivos mais adequados à determinada edificação, de acordo com o clima em que está inserida”. (SORGATO, MELO e LAMBERTS, 2014)
Esta norma, cujo título geral é “Edificações habitacionais - Desempenho”, foi
desmembrada em seis requisitos (6 partes), a saber: Gerais (NBR 15.575-1), Sistemas
estruturais (NBR 15.575-2), Sistemas de pisos (NBR 15.575-3), Sistemas de vedações
verticais internas e externas – SVVIE (NBR 15.575-4), Sistemas de coberturas (NBR
15.575-5), Sistemas hidrossanitários (NBR 15.575-6).
A NBR 15.575-1 é uma orientação geral, funcionando como índice de referência
as partes específicas, trazendo aspectos de natureza geral e critérios que envolvem a
norma como um todo. (PINI, 2014)
A NBR 15.575-4 entende como sistemas de vedação vertical interno e
externo, “partes da edificação habitacional que limitam verticalmente a edificação e
seus ambientes, como as fachadas e as paredes ou divisórias internas.“ (ABNT, 2013, p.
4)
Portanto, quando pensamos em desempenho térmico de paredes externas
devemos focar na parte 1 e 4 da NBR 15.575, que “estabelece critérios relativos ao
desempenho térmico.” (ABNT, 2013) nas edificações com até cinco pavimentos.
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DESEMPENHO TÉRMICO EM PAREDES
“Esta parte da ABNT NBR 15.575 apresenta os requisitos e critérios para
verificação dos níveis mínimos de desempenho térmico.” (2013, p. 26)
O desempenho térmico pode ser avaliado por três tipos de procedimentos:
simplificado, simulação e medição.
Inicialmente, podemos avaliar o sistema de vedação vertical externo (SVVE)
pelo procedimento simplificado de análise (normativo). Sendo o resultado dessa
primeira avaliação insatisfatório, analisaremos o SVVE de acordo com o método da
simulação computacional, conforme orientação da NBR 15.575-1 (parte 1).
O procedimento de medição verifica os requisitos e critérios da norma através de
medições em edificações ou protótipos construídos, sendo essa avaliação de caráter
meramente informativo, não se sobrepondo aos procedimentos simplificados e de
simulação.
O procedimento simplificado “consiste na determinação de valores limite para a
transmitância térmica e capacidade térmica da envoltória.” (BRITO et al, 2012).
Os valores da transmitância térmica (U) e capacidade térmica (CT) são
estabelecidos, respectivamente, nas tabelas 13 e 14 (Figura 1 e 2, respectivamente) –
presentes na NBR 15.575-4 –, em relação a cada zona bioclimática estabelecida na
ABNT NBR 15220-3, onde o território brasileiro está separado em oito zonas, quanto
ao clima.
Figura 1- Tabela 13 - Transmitância térmica de paredes externas
Fonte: ABNT NBR 15575-4, p.27.
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Figura 2- Tabela 14 - Capacidade térmica de paredes externas
Fonte: ABNT NBR 15575-4, p.27.
O cálculo de transmitância térmica de parede externa é determinado, com base
na ABNT NBR 15.220-2, da seguinte:
1. Determinam-se as seções (Sn) e camadas (Figura 3), sendo a seção “uma parte de um
componente tomada em toda a sua espessura (de uma face à outra) e que contenha apenas
resistências térmicas em série”, enquanto que, a camada é “uma parte de um componente
tomada paralelamente às suas faces e com espessura constante.” (NBR 15.220-2, p.2)
Figura 3- Parede de tijolo maciça rebocada em ambas as faces
Fonte: ABNT NBR 15220 – Anexo C
2. Determinamos a resistência térmica (R) – na ausência de valores baseados em
ensaios normatizados, conforme ISO 6946 – de uma camada homogênea de material
sólido pela expressão:
R= eλ
Onde: “e” é a espessura de uma camada; e “λ” a condutividade
térmica do material.
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3. Calcular a resistência térmica total da parede (superfície a superfície) pela
expressão:
Rt=Aa+Ab+… An
Aa
Ra
+Ab
Rb
+…An
Rn
(m2. KK )
Onde: “Rn” é a resistência térmica de superfície à superfície para
cada seção; e “ An” é a área de cada seção.
4. Somatório do conjunto de resistências térmicas correspondentes às camadas de
um elemento ou componente, incluindo as resistências superficiais internas e externas
(ambiente a ambiente) pela expressão:
RT=R se+Rt+R si(m2 . KK )
Onde: “Rt” é a resistência da parede; e “R se” e “R si” é a resistência
superficiais externas e internas, respectivamente.
5. Calcular a transmitância térmica pela expressão U = 1RT
( W
m2∗K ), que é o quanto
de radiação atravessa um elemento em relação a quanto de radiação que incidiu. Ou
seja, a capacidade do material de ser atravessado por um fluxo de calor.
O cálculo da capacidade térmica de parede é determinado, com base na ABNT
NBR 15.220-2, da seguinte maneira:
1. Calcula-se a capacidade térmica, que é quanto de energia é necessário para
alterar em 1ºC a temperatura do ambiente, de cada seção determinada pela expressão:
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CT=∑i=1
n
λi . R i . c i . ρi =∑i=1
n
ei . c i . ρi
Onde: “λ i” a condutividade térmica do material da camada ia; “Ri” é
a resistência térmica da camada ia; “e i” é a espessura da camada
ia; “c i” é o calor específico do material da camada ia; e “ρi” é a
densidade de massa aparente do material da camada ia.
2. Calcular a capacidade térmica total da parede pela expressão:
CT=Aa+ Ab+… An
Aa
CTa
+Ab
CTb
+…An
RTn
( KJm2 . K )
Calcula-se também, com base na NBR 15.220, o fator solar que é o quanto que a
parede transmite de radiação em relação ao quanto ele recebeu.
A expressão usada nesse caso é:
F S°=100.U .α . R se
Quando se deve respeitar um limite de fator solar para uma determinada região (zona
bioclimática), onde será executada a parede, pode-se determinar o máximo valor de α em
função do fator solar e da transmitância térmica, conforme expressão: α ≤F S°
4.U
Esse primeiro procedimento é muito questionado, pois embora seja uma “ferramenta
rápida para a avaliação do desempenho da edificação, podem compreender uma incerteza
considerável em seus resultados. [...], porém a utilização deste método possibilita que o efeito
de cada fator isoladamente seja analisado, o que nem sempre é possível em um caso real.”.
(SORGATO, MELO E LAMBERTS, 2014, p. 14)
Conforme comentado acima, se os resultados do método simplificado não atenderem
aos requisitos e critérios estabelecidos na ABNT NBR 15575-4, será necessário “aplicar o
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procedimento de análise de acordo com a ABNT NBR 15575-1, considerando o procedimento
de simulação do desempenho térmico.”.
Na simulação computacional são considerados para a avaliação requisitos, critérios e
métodos; são utilizadas tabelas que “fornecem informações sobre a localização geográfica de
algumas cidades brasileiras e os dados climáticos correspondentes aos dias típicos de projeto
de verão e de inverno.”.
A NBR 15575-1 recomenda que a simulação seja feita com o emprego do programa
EnergyPlus, onde deverá “ser considerado a habitação como um todo, considerando cada
ambiente como uma zona térmica. “ (NBR 15575-1, p.22)
É determinado que os dados das propriedades térmicas dos materiais e/ou
componentes construtivos sejam de ensaios normatizados, onde, na realização de algum
ensaio de laboratório, recomenda-se a utilização dos métodos apresentados na tabela 1
(Métodos de medição de propriedades térmicas de materiais e elementos construtivos); não
havendo a possibilidade de conseguir esses dados, é permitido utilizar os dados
disponibilizados na ABNT NBR 15220-2 como referência.
Como mencionado acima, a simulação é feita considerando o desempenho da
edificação em dias típicos de verão e nos dias de inverno.
O desempenho no verão, em recintos como salas e dormitórios (de permanência
prolongada), desconsiderando fontes internas de calor (lâmpada, outros equipamentos em
geral e etc), “deve ser sempre menor ou igual ao valor máximo diário da temperatura do ar
exterior.” (NBR 15575-1, p.23), ou seja, obedecer ao critério (Ti ,m á x .≤ Te , má x .) do nível
de aceitação M (denominado mínimo).
Já no desempenho no inverno, a avaliação só é necessária para edificações dentro das
zonas bioclimáticas 1 a 5, onde “os valores mínimos diários da temperatura do ar interior [...]
devem ser sempre maiores ou iguais à temperatura mínima externa acrescida de 3 °C. ” (NBR
15575-1, p.23), em recintos como salas e dormitórios (de permanência prolongada); ou seja, (
Ti ,m í n . ≥(Te ,m í n .+3 °C )).
Os procedimentos de medição são determinados pela metodologia e dados técnicos
presentes no Anexo A da ABNT 15575-1, onde “deve ser feita em edificações em escala real
(1:1), seguindo o procedimento apresentado neste Anexo” (NBR 15575-1, p.41)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. NBR 15575-4: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho: parte
4: sistemas de vedações verticais externas e internas. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
Normas Técnicas 2008.
______. NBR 15575-1: Edifícios habitacionais - Desempenho: Parte 1: Requisitos gerais. Rio
de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas 2013
______. NBR 15220-2: Desempenho térmico de edificações, parte 2: Métodos de cálculo da
transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos
e componentes de edificações. Rio de Janeiro, 2005.
SORGATO, M. J.; MELO, A. P.; LAMBERTS, R. Análise do método de simulação de
desempenho térmico da norma NBR 15.575. Paranoá, Brasília, nos 12, p. 13-22, 2014.