DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DAS MADEIRAS Cedrela.pdf

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DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DAS MADEIRASDE Cedrela fissilis Vell., Cedrela odorata L. ECedrelinga catenaeformis Ducke

Conference Paper · January 2010

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Pedro Henrique Gonzalez de Cademartori

Universidade Federal do Paraná

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Darci Alberto Gatto

Universidade Federal de Pelotas


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Calegari Leandro

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A_DAS_MADEIRAS_DE_Cedrela_fissilis_Vell_Cedrela_odorata_L_E_Cedrelinga_catenaeformis_Ducke?enrichId=rgreq-93fc3f17-a0f0-4ee5-9c48-5c4096d71016&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzMjc5NTAwMDtBUzo5ODU1NjMzMzUyNzA0NkAxNDAwNTA5MDY5MzY5&el=1_x_2


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INTRODUÇÃO

Pertencente a família Meliaceae, Cedrela fissilis, tem ocorrência desde a Costa Rica atéo sul do Brasil. É encontrada abundantemente no estado do Rio Grande do Sul,principalmente em matas do Alto Uruguai, sub-bosques dos Pinhais, Depressão Central e doEscudo Rio-grandense. Os indivíduos arbóreos apresentam altura média entre 25 e 35 m;

diâmetro de 60 a 150 cm; além de tronco cilíndrico, longo, reto ou um pouco tortuoso e fustelongo (LONGHI, 1995). Popularmente, é denominada como cedro-gaúcho, cedro-vermelho,acaiacá, cedro-rosa, entre outros. Segundo Lorenzi (1992), comercialmente, a madeira serradaou roliça pode ser utilizada para construção civil, naval e aeronáutica, indústria moveleira,marcenaria, confecção de instrumentos musicais e esculturas. Durigan et al. (2002), afirmaque as árvores da espécie Cedrela fissilis também podem ser utilizadas para a recuperaçãoflorestal de áreas degradadas e de matas ciliares, onde não ocorrem inundações.

Também natural da família Meliaceae, Cedrela odorata, tem ocorrência em territórioscomo México, América Central e América do Sul tropical (RICHTER e DALLWITZ, 2009).Conforme Orwa et al. (2009), os indivíduos arbóreos apresentam altura média de 30 m,podendo atingir cerca de 40 m; diâmetro de 120 a 300 cm; além de apresentar fuste reto e

tronco cilíndrico. Comumente, é denominada como cedro-espanhol, cedro mato-grosso,cedro-mogno, entre outros. Cintrón (1990) afirma que, comercialmente, a madeira pode serutilizada principalmente para a produção de móveis, além de adequar-se para a construçãoexterior devido a sua resistência contra cupins.

Diferentemente das espécies já caracterizadas, Cedrelinga catenaeformis é natural dafamília Fabaceae, e conhecida popularmente como cedro-mara, cedro-marítimo, cedrorana,cedro-alagoano, entre outros. Segundo Richter e Dallwitz (2009) distribui-se por toda a regiãotropical da América do Sul. Pode atingir cerca de 40 m de altura e 2 m de diâmetro(GONÇALEZ e GONÇALVES, 2001). Caracteriza-se por ser uma árvore de grande porte,fuste retilíneo, casca sulcada com 1,5 a 2 cm de espessura (INPA, 1991). Consoante Loureiroet al. (1979), a madeira pode ser utilizada na construção civil, construção naval, setor decelulose e papel, setor moveleiro, produção de caixas, marcenaria e carpintaria.

Popularmente, é possível relacionar nominalmente diversas espécies ao termo cedro.Porém, nem todas as espécies podem ser classificadas como do mesmo gênero ou família,além de apresentarem características que as diferem. Além disso, intempéries naturais e aregião de plantio influenciam no desenvolvimento das árvores e, conseguintemente, naspropriedades da madeira.

Com isso, o conhecimento anatômico e estrutural da madeira de cada espécie arbórea éde extrema importância para que as formas de utilização prática sejam adequadas(CADEMARTORI et al., 2009). Entretanto, as semelhanças visuais e nominais de algumasespécies, além do desconhecimento no ato da identificação, prejudicam o emprego comercial

e estrutural das mesmas.Nesse contexto, o presente trabalho objetiva descrever e diferenciar macroscopicamenteas madeiras de Cedrela fissilis Vell., Cedrela odorata L. e Cedrelinga catenaeformis Ducke.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizaram-se amostras de madeira, com dimensões 4x4x10 cm, para cada uma das trêsespécies caracterizadas, sendo Cedrela fissilis procedente de floresta nativa da RegiãoNordeste do Rio Grande do Sul e Cedrela odorata e Cedrelinga catenaeformis procedentes deestabelecimentos comerciais da cidade de Pelotas (RS). As análises macroscópicas foramrealizadas no Laboratório de Anatomia da Madeira da Universidade Federal de Pelotas,

localizada na cidade de Pelotas (RS), com o auxílio de uma lupa de 10 aumentos, bisturi nº 4(lâminas nº 22 e 24), pequena escova com cerdas médias e lixas de mão com granulaçãovariada. Posteriormente a análise, as fotografias das amostras foram adquiridas com o auxílio

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de uma câmera digital (Digital Still Camera DSC-S75 Sony) acoplada a uma lupa ótica ZeissStemi SV11.

A caracterização das amostras das madeiras em estudo baseou-se na Norma deProcedimento em Estudo de Anatomia de Madeira: 1. Angiospermas descrita por Coradin eMuniz (1992).

Inicialmente, retiraram-se lascas da amostra de madeira nos sentidos transversal,

longitudinal radial e longitudinal tangencial com o auxílio do bisturi para facilitar aobservação das características gerais presentes. A distinção entre cerne e alburno, quandopresente, foi realizada a partir da análise a olho nu da amostra de madeira (4x4x10 cm). Acoloração da madeira foi definida a partir de uma relação da amostra com a escala de coresMunsell Soil Color Charts (1954) especificando, se necessário, a coloração do cerne e alburnoseparadamente. Já o odor, foi detectado a partir de comparações com odores conhecidos. Adefinição da massa específica foi realizada com o auxílio das mãos a partir da comparação depesos entre a amostra analisada e outra amostra com o mesmo volume banhada em água.

No plano transversal, detectou-se o tipo de textura após a raspagem da amostra,permitindo a observação a olho nu ou com o auxílio da lupa de 10 aumentos. Da mesmaforma, as camadas de crescimento, indicadoras do crescimento anual das árvores, foram

definidas quanto à visibilidade. Verificou-se o parênquima axial quanto à visibilidade edisposição. Já os raios foram observados quanto à visibilidade, freqüência (número deraios/mm linear) e largura. A caracterização dos poros baseou-se quanto à visibilidade,diâmetro tangencial, freqüência (número de poros/mm²), porosidade, arranjo, agrupamento devasos, conteúdo (obstrução dos poros) e presença de placas de perfuração. Os raios foramobservados quanto à visibilidade, largura e freqüência (número de raios/mm linear). Aresistência ao corte manual foi definida com o auxílio do bisturi.

Nos planos longitudinal radial e longitudinal tangencial definiu-se a intensidade dobrilho de acordo com a incidência de luz natural na amostra de madeira. A inclinação da grãfoi definida com a raspagem longitudinal da amostra com o auxílio do bisturi. Além disso,identificou-se a presença de desenhos produzidos por elementos constituintes do lenho(parênquima axial, parênquima radial, linhas vasculares ou fibras) corte/orientação, agentesbiológicos manchadores, entre outros. Por último, os raios no plano longitudinal tangencialforam caracterizados quanto à visibilidade, altura e presença de estrutura estratificada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da caracterização geral da madeira de Cedrela fissilis, observou-se a distinçãoentre cerne e alburno. De acordo com a tabela de solos com autoria de Munsell, classificou-sea coloração do cerne da amostra como castanho avermelhado claro, característicasconfirmadas por IPEF (2009). Apresentou brilho acentuado, diferentemente do constatado por

Rodrigues et al. (2009), os quais afirmaram apresentar superfície moderadamente lustrosa.Odor perceptível agradável, além de massa específica média (entre 0,50 g/cm³ e 0,72 g/cm³).O teste de resistência ao corte manual demonstrou maciez. Em relação à grã, observou-se apresença do tipo direita (linheira) e textura média. As camadas de crescimento foramclassificadas como distintas, igualmente ao afirmado por Schulze-Hofer e Marchiori (2008).

No plano transversal (Figura 1 - X1), denominou-se o parênquima axial como visível aolho nu e do tipo paratraqueal em faixas marginais (abundantemente). Schulze-Hofer eMarchiori (2008) constataram a presença de parênquima paratraqueal em faixas. Entretanto,Rodrigues et al. (2009) caracterizou o parênquima como apotraqueal marginal em faixas

regulares. Raios visíveis somente sob lente de 10x, classificados como finos (menores que100 µm) em relação à largura e poucos (4 a 12) em relação à freqüência. Poros, tambémvisíveis a olho nu, apresentaram diâmetro pequeno e médio, freqüência muito poucos e


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poucos, porosidade em anel, agrupamentos solitários, obstruídos por material óleo-resinoso epresença de placas de perfuração simples.

Já no plano tangencial (Figura 1 – T1), verificou-se a visibilidade a olho nu dos raios eclassificou-se a altura dos mesmos como baixos (menores que 1 mm). No plano radial (Figura1 – R1), o espelhado dos raios foi taxado como pouco contrastado.

Figura 1. Fotografias da estrutura macroscópica da madeira de Cedrela fissilis. X1 – Seçãotransversal. R1 – Seção longitudinal radial. T1 – Seção longitudinal tangencial.

Cedrela odorata, diferentemente da Cedrela fissilis, apresentou cerne e alburnoindistintos a partir da amostra analisada. Por meio da tabela de solos com autoria de Munselldefiniu-se a coloração do cerne da madeira como vermelho com tons amarronzados.Apresentou brilho acentuado e odor perceptível e agradável. Os estudos apontaram massaespecífica média (entre 0,50 g/cm³ e 0,72 g/cm³) e superfície moderadamente dura quandoimposta ao teste de resistência ao corte manual no plano transversal. Grã ondulada,enfatizando tal característica no desenho dos planos longitudinais. Além disso, a amostrademonstrou possuir traços de textura fina e média. Camadas de crescimento foramclassificadas como pouco distintas.

Transversalmente (Figura 2 – X2) apresentou parênquima axial visível apenas sob lentade 10x, caracterizado como paratraqueal vasicêntrico e marginal. Raios também visíveissomente sob lente de 10x, finos (menores que 100 µm) e poucos (4 a 12) em relação àfreqüência. Observou-se a visualização a olho nu dos poros, classificando-os, dado o diâmetrotangencial, como pequenos a médios, muitos poucos (menos de 5) quando relacionados afreqüência e agrupados de forma solitária. Porosidade em anel semicircular sem a ocorrênciade obstrução dos poros.

No plano tangencial (Figura 2 – T2) caracterizaram-se os raios como invisíveis soblente de 10x, além da impossibilidade de identificação da altura dos mesmos.

Figura 2. Fotografias da estrutura macroscópica da madeira de Cedrela odorata. X2 – Seçãotransversal. R2 – Seção longitudinal radial. T2 – Seção longitudinal tangencial.

Primeiramente, relativo à caracterização geral da madeira de Cedrelinga catenaeformis,observou-se a indistinção entre cerne e alburno, característica evidenciada pelo Laboratório de

X1 R1 T1

X2 R2 T2


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Produtos Florestais (2009), bem como coloração do cerne marrom avermelhada com tons demarrom escuro, igualmente ao constatado por Gonçalez e Gonçalves (2001). Brilhoacentuado, odor imperceptível e massa específica média (entre 0,50 g/cm³ e 0,72 g/cm³).Apresentou maciez quando imposta ao teste de resistência ao corte manual, e grã direita(linheira). Gonçalez e Gonçalves (2001) afirmam que a grã da madeira é quase sempre direita,entretanto a presença de grã entrecruzada não é incomum.

Definiu-se a textura da madeira como média, resultado semelhante ao verificado porLaboratório de Produtos Florestais (2009). No entanto, Gonçalez e Gonçalves (2001); INPA(1991) afirmam que a madeira pode apresentar textura grosseira. Tal fato relaciona-sediretamente à região de plantio dos indivíduos arbóreos que deram origem as amostrasanalisadas por cada autor, além do manejo florestal. Observou-se a presença de linhasvasculares, destacando a figura longitudinal radial, tal qual evidenciado por INPA (1991).Camadas de crescimento mostraram-se pouco distintas.

No plano transversal (Figura 3 – X3) visualizou-se somente sob lente de 10x, a presençade parênquima paratraqueal escasso com traços de parênquima paratraqueal vasicêntrico evasicêntrico confluente. A presença de parênquima paratraqueal escasso e parênquimaparatraqueal vasicêntrico é confirmada por Gonçalez e Gonçalves (2001) e Richter e Dallwitz

(2009), respectivamente. Ainda, é importante salientar a possibilidade de ocorrência deparênquima paratraqueal aliforme, conforme as observações de Gonçalez e Gonçalves (2001).Raios visíveis a olho nu, classificados como finos (menores que 100 µm) em relação à largurae poucos (4 a 12) em relação à freqüência. Contudo, Mainieri e Chimelo (1989) afirmamserem os raios visíveis somente sob lente de 10x.

Igualmente aos raios, os poros também apresentaram visualização a olho nu, tamanhomédio (de 100 a 200 µm) e poucos (de 5 a 20). Identificou-se a presença de porosidade difusa,fato confirmado por Richter e Dallwitz (2009). Agrupamento denominado como solitário e,pequena obstrução por substância esverdeada não identificada.

Em relação ao plano tangencial (Figura 3 – T3), raios visíveis a olho nu, classificadoscomo altos, distribuição não-estratificada, linhas vasculares retilíneas obstruídas porsubstância esverdeada não identificada. Todavia, Mainieri e Chimelo (1989) identificaram osraios na face tangencial somente sob lente de 10x, além de uma ondulação, fazendo menção apossibilidade de estratificação na face da madeira.

Figura 3. Fotografias da estrutura macroscópica da madeira de Cedrelinga catenaeformis. X3– Seção transversal. R3 – Seção longitudinal radial. T3 – Seção longitudinal tangencial.

CONCLUSÕES

Após o estudo macroscópico das madeiras de Cedrela fissilis Vell., Cedrela odorata L. e Cedrelinga catenaeformis Ducke, concluiu-se que:

A análise macroscópica permitiu a identificação das espécies estudadas, evidenciandoas características próprias de cada madeira;

X3 R3 T3


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A madeira de Cedrelinga catenaeformis permitiu uma fácil identificação das linhas

vasculares no plano longitudinal radial;

Enquanto Cedrela odorata e Cedrelinga catenaeformis apresentaram parênquima axialvisível somente sob lente de 10x, na madeira de Cedrela fissilis foi possível visualizá-

lo a olho nu;

Cedrela fissilis apresentou porosidade em anel, diferentemente da Cedrela odorata eCedrelinga catenaeformis, que apresentaram porosidade difusa;

Da mesma forma, recomenda-se um estudo detalhado do local e da região de plantio dasárvores, já que é um fator de extrema importância quando relacionado às modificações naspropriedades da madeira, evidenciadas em estudos anatômicos.

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