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DESCASO, DESRESPEITOE TRUCULÊNCIAMarcas do novogoverno do Estado
Jornal do Sindsaúde-SP - Ano XV - nº 106 - Novembro de 2007
Começamos nossa Campanha Salarial em
janeiro e ainda estamos em Campanha.
Com nossa greve em junho, vencemos uma
importante batalha.
O secretário da Saúde recebeu a Comissão
de Negociação do Sindsaúde-SP, um fato inusita-
do nos últimos anos. Mais do que isso tornou
público um parecer favorável as nossas reivindi-
cações.
A Secretaria de Gestão Pública se dispôs a
negociar a jornada de 30 horas da área meio.
Formamos um Grupo de Trabalho para elaborar o
projeto.
Mas o Governador do Estado não moveu
nenhuma palha para melhorar a saúde. Pelo
contrário, acelerou o processo de desmonte da
rede pública que teve início em 1997.
Mesmo com um excesso de arrecadação de
R$ 4 bilhões, descumpriu a lei da data-base, não
reajustou salário e mostrou claramente seu
descaso com a saúde.
Saúde fica sem reajuste salarialGovernador descumpre lei da data-base
Nossa assembléia geral, 26/10, debateu o
andamento das negociações e deliberou a
continuidade da campanha deste ano e, ao
mesmo tempo, o início de nossa campanha
salarial de 2008. Para enfrentar o descaso desse
Governador, temos que desde já começar a
planejar as estratégias para o ano que vem.
Em dezembro, a direção do Sindsaúde-SP
vai se reunir para planejar e definir o calendário
de lutas de 2008.
Em janeiro, os trabalhadores devem
realizar plenárias em todas regiões e debater as
reivindicações para nossa pauta.
Em fevereiro, o Conselho Estadual de
Delegados Sindicais deve debater e definir a
pauta que deve ser entregue ao Governo.
Em março, mês da data-base, realizaremos
nossa primeira assembléia geral. Como é ano
eleitoral nos municípios, com certeza, teremos
mais espaço para divulgar nossa luta e expor
esse Governo.
Também foi deliberado pela assembléia o
desconto, no mês de dezembro, de 50% do valor
da contribuição atual dos filiados.
Vamos emendar uma campanha na outra.
Nossa luta não tem trégua até a vitória!
O governador do Estado José Serra ingres-
sou em outubro com uma ação no Supremo
Tribunal Federal (STF), solicitando a suspensão
dos efeitos da lei 12.250/2006 que proíbe o
assédio moral na administração pública paulista.
O fim do assédio moral foi uma das reivindi-
cações dos trabalhadores da Saúde nos últimos
anos. Em 2005, foi um dos destaques da campa-
nha salarial. O tema foi amplamente debatido e
divulgado, foi feito um abaixo-assinado e entre-
gue cópia não apenas para o Governador e a
Secretaria da Saúde como também para diversos
órgãos, como Delegacias Regionais do Trabalho,
Câmaras Municipais e na Assembléia Legislativa.
Em fevereiro de 2006, a Assembléia
Legislativa sancionou a Lei 12.250 proibindo o
assédio moral na administração pública estadu-
al. O projeto, de iniciativa do deputado estadual
Antonio Mentor, começou a tramitar na Alesp em
2001. Vetado totalmente pelo Governador,
retornou à Assembléia que derrubou o veto e
sancionou a lei.
As entidades do funcionalismo estadual,
reunidas no Conselho de Pol í t ica de
Administração de Pessoal, já estão mobilizadas
para impedir a revogação da lei.
Assembléia decide:fortalecer mobilização
Serra quer revogar leicontra o assédio moral
O Sindsaúde-SP vai realizar uma pesquisa com
os filiados que tenham até 35 anos. Vamos
conhecer melhor o perfil desses trabalhadores
para ajudar no planejamento de um encontro
estadual e formação do coletivo da juventude.
Fique atento. Participe.Para elaborar uma pauta de reivindicações que atenda os interessados dos aposentados públicos
estaduais da Saúde, a Secretaria dos Aposentados solicita que os interessados enviem propostas ao
Sindsaúde-SP para serem debatidas e deliberadas em plenária.
Dedicamos uma vida inteira cuidando da saúde da população, temos direito a uma aposentadoria
com digna. Venha fazer parte da luta em defesa de nossos direitos. Entre em contato com o Sindsaúde-
SP (endereço no rodapé da página 4).
Aposentados da Saúde
Juventude da Saúde
Temos que nos organizar em cada unidade
e colocar a boca no trombone. As longas filas de
espera na porta foram transformadas em
infindáveis filas virtuais. As reclamações se
acumulam em nossos ouvidos. Ninguém vê esse
vendaval silencioso que está varrendo o SUS em
nosso estado, exceto a gente. Somos testemu-
nhas. Temos que estar muito mais atentos,
registrar os fatos, documentar tudo. Não
podemos nos calar diante de tanto descaso.
Somos trabalhadores e usuários da saúde.
Sofremos duplamente. Os usuários são nossos
principais aliados. Juntos podemos ampliar e
fortalecer nossa luta. Essa é nossa principal
tarefa para o próximo período. Esse Governo
só recua sob muita pressão.
As tarifas dos pedágios nas rodovias
estaduais, que tanto denunciamos, só estão
sendo questionadas após o leilão das rodovias
federais cujos pedágios custarão bem menos.
E o desmonte da rede estadual de saúde
que vem acontecendo há mais de 10 anos? À
medida que hospitais, unidades e serviços são
transferidos para a iniciativa privada crescem
as queixas dos usuários. Ou seja, o acesso à
saúde fica cada vez mais restrito.
Vítimas mais recentes do desmoronamen-
to da saúde no estado de São Paulo: 300
profissionais do Iamspe, sendo 260 do Hospital
do Servidor Público, e 92 do Ambulatório de
Votuporanga. Os efeitos do desastre são
incalculáveis. E não falamos em cifras porque
não há negócio no mundo que pague uma vida
humana.
No entanto essa é a política que o
Governo do Estado vem implantando desde
1997: a lógica de mercado. Cada paciente
virou um número que não pode ultrapassar as
metas financeiras estipuladas pelo Governo.
2007, novo Governante, tudo piorou
Dir. Responsável: Silvia M. de Lima
Jornalista: Elisabete Ueta
Editoração: Edson Cacciaguerra
Tiragem: 25 mil
Expediente:
Natal no Governo Serra: demissão em massa
Mandaqui: resistência contra terceirizações
Emílio Ribas, última fronteiracontra as epidemias, sob ataque
medida. No ano passado, os funcionários paralisa-
ram as atividades e conseguiram barrar a terceiri-
zação do setor de Raio-X e a contratação de
profissionais, como médicos e auxiliares, por uma
empresa terceirizada de limpeza.
As associações e sindicatos, junto com os
trabalhadores demitidos, estão se mobilizando
para resistir a mais uma tentativa de destruir o
Iamspe - patrimônio dos funcionários públicos
estaduais.
Em 2006, o Governo do Estado iniciou o
desmonte dos serviços laboratoriais. Fechou
laboratórios, como do Tucuruvi e de Santo Amaro, na
capital, e criou os Centros Estaduais de Análises
Clínicas (CEAC) cuja função básica é intermediar a
terceirização desses serviços para organizações
sociais.
Os CEACs, apesar de criado como unidades
novas, são instalados em laboratórios já existentes,
que no máximo sofrem uma reforma antes da
mudança de denominação. O CEAC Zona Sul foi
entregue para a Organização Santamarense de
Educação e Cultura (OSEC). O CEAC Zona Leste foi
entregue a Assoc iação Paul i s ta para o
Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
O CEAC Zona Norte foi entregue para a
Sociedade Assistencial Bandeirantes que, não
tendo laboratório próprio, “quarteiriza” os
serviços para o CientíficaLab, laboratório priva-
do. Os exames do Conjunto Hospitalar do
Mandaqui, por exemplo, que eram realizados no
próprio hospital, agora são levados para outro
local. Aumentou o tempo de espera do resultado e
criou mais um risco – o transporte do material do
hospital para outro lugar, desconhecido para o
paciente que está no hospital.
O Sindsaúde-SP com trabalhadores, usuários
e o Conselho Gestor do Mandaqui organizaram um
movimento de resistência contra as terceiriza-
ções no hospital. Semanalmente realizam um ato
no hospital, denunciando os prejuízos dessa
política.
O Governo do Estado, usando a mesma justifi-
cativa "agilizar o atendimento", vai terceirizar
serviços laboratoriais do Instituto Emílio Ribas. O
primeiro impacto atingirá os profissionais do
setor: já se sabe que pelo menos 60%, altamente
qualificados, serão remanejados.
Desde o anúncio da medida, o Sindsaúde-SP,
trabalhadores e usuários do Instituto estão
mobilizados, iniciando uma vigília no setor e
buscando o apoio de diversos órgãos e entidades
da sociedade contra a terceirização no Emílio bem
como em defesa dos serviços públicos de saúde.
Mais um produto de marketing do Governador Serra, como foi a AMA – Assistência Médica Ambulatorial - na Capital, a AME – Ambulatório Médico de Especialidade – terá a função dos ambulatórios (ARE, PAM e NGA) já existentes: atendimento de média complexidade.
O que muda é a forma de gestão. A administração da unidade é transferida para uma organização social de saúde (OSS), entidade privada “sem fins lucrativos”, que gerencia os serviços, segundo a lógica de mercado, ou seja, “produtivi-dade/custo”.
Se houvesse interesse de fato na melhoria do atendimen-to à população, não seria necessário transferir a administra-ção para OSS. Bastava investir na reforma, na compra de novos equipamentos e contratação por meio de concurso público de mais pessoal. O Governo anunciou que pretende criar 40 AMEs até 2010.
Em 2007, o desmonte da saúde chegou aos ambulatórios e um dos primeiros a serem atingidos foi o Ambulatório Regional Especialidades de Votuporanga. O Postão, como era mais conhecido pela população, foi transferido para a Santa Casa. Antes disso, passou por uma reforma. Sob nova direção e com novo nome - Ambulatório Médico de Especialidades (AME) -, a primeira medida foi a dispensa de 92 trabalhadores da unidade. Até então, sem investimentos adequados do Governo do Estado, o Postão funcionou devido à dedicação desses funcionários que agora são colocados à disposição, ignorando a experiência, a história e o compromisso desses profissionais com os serviços públicos de saúde prestados à população.
A "maquiagem" – pintura e mobiliário novos – feita nas unidades, antes da entrega à entidade privada, dá a impres-são de mudança ou melhoria. Na prática, a terceirização tem trazido graves prejuízos à população. Desde que o Governo do Estado iniciou em 1997 o desmonte da rede estadual, com a transferência de hospitais, unidades e serviços para organizações sociais de saúde, o que se vê é a crescente dificuldade de acesso à saúde pública. As longas filas na porta dos hospitais se transformaram em meses de espera em casa.
Enquanto isso, uma enxurrada de propagandas sobre os AMAs e AMEs como melhoria da saúde no Estado faz uma lavagem cerebral na população que só se desfaz pela dor de não se conseguir atendimento.
AME Votuporanga dispensa 92 funcionários
Maquiagem esconde um grande engodoTerceirização atinge
Laboratório do PérolaDesde 22 de outubro, os serviços laboratoriais
de rotina do Hospital Pérola Byington - Centro de
Referência da Saúde da Mulher - foram terceiriza-
dos. Em mesa de negociação com o Sindsaúde-SP, a
direção do hospital informou que não haveria
prejuízo de ordem financeira e funcional aos
trabalhadores. No entanto, se recusou assinar
protocolo de acordo. Também deu respostas
evasivas a um questionário feito pelo Sindicato.
Mais uma vez somente a união de todos poderá
garantir os direitos trabalhistas e a continuidade
da prestação de serviços públicos de saúde.
Sem qualquer aviso prévio, 300 trabalhadores
do Iamspe foram demitidos dia 31 de outubro, por
carta ou por telefone. No dia 1º de novembro, o caos
se instalou no HSPE. Dos dispensados, 260 atuavam
no hospital, sendo 55 médicos, 10 diretores
médicos, 13 enfermeiros, 22 profissionais do
laboratório, entre outros.
Em abril, o Governo tentou terceirizar os
serviços laboratoriais. Os funcionários iniciaram
uma vigília no setor e conseguiram barrar a
Câmara aprova regulamentação da Emenda 29Correndo riscos nocombate à dengue O Conselho Nacional de Saúde deverá definir metodologia para
os valores a serem transferidos a cada estado e município.Também foram definidos os mecanismos para controle e
fiscalização do uso da verba da saúde: divulgação pela internet; relatório quadrimestral aos conselhos e legislativo; Sistema de Informação sobre Orçamentos.
A regulamentação da Emenda 29 é uma luta histórica das entidades sindicais e movimentos populares da saúde. Apesar de ainda não ser o ideal, o aumento da verba propiciará um alívio para a saúde.
Agora o projeto segue para o Senado e a expectativa é de que seja votado em breve.
A Câmara dos Deputados aprovou, dia 31/10, o texto principal da emenda 29, que destina recursos para a saúde. Pela emenda, o governo federal deverá repassar R$ 24 bilhões no período de 2008 a 2011. Pelo projeto aprovado, já em 2008 a saúde pública contará com mais R$ 4,07 bilhões. Em 2009, serão mais R$ 5 bilhões; em 2010, mais R$ 6 bilhões e em 2011, mais R$ 9 bilhões, totalizando um aumento de cerca de R$ 24 bilhões. Os percentuais para estados e municípios foram mantidos em 12% e 15%.
Além disso, foram definidos 11 ações e serviços públicos de saúde e 10 ações que não podem ser custeadas com recursos vinculados da saúde, coibindo os desvios no uso da verba da saúde.
A Sucen continua ignorando as condições de trabalho das
equipes de combate ao mosquito da dengue. Além de
estarem permanentemente expostos a doenças, risco
inerente à profissão, esses trabalhadores, quando estão fora
do local de sua residência, ficam em alojamentos sem
condições de higiene e repouso adequadas. Diante do
descaso o SINDSAÚDE-SP está encaminhando medidas
legais.
Mais um produto de marketing
Tel.: (11) 3083-6100 • Fax: (11) 3083-0261
A CUT/SP, o Sindsaúde-SP e entidades sindicais do funcionalismo estadual, com uma grande carreata, entregam a Agenda dos Trabalhadores a parlamentares, secretários do Governo do Estado e ao governador Serra. A carta nasceu da I Conferência do Funcionalismo Público Estadual, promovida pela CUT/SP, reunindo entidades representantes dos setores público e privado, nos dias 27 e 28 de setembro, que debateu o modelo de gestão no estado de São Paulo que permita o desenvolvimento com respeito aos trabalhadores. O calendário de luta continua no dia 5 de dezembro com a Marcha Nacional dos Trabalhadores.No dia 15 de agosto, uma grande delegação do Sindsaúde-SP participou do Dia Nacional de Luta da CUT, em Brasília, junto com trabalhadores de todo o país. Entre as
Sindsaúde-SP na Luta
CUT e CGIL
No último dia 25/10/2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu aos trabalhadores do setor público a aplicação da lei 7.783, de 1989, que regulamenta a greve para o setor privado. Ao “propor uma solução para a omissão legislativa” o Supremo acabou por desconsiderar todo o debate que vêm ocorrendo sobre essa questão que extrapola o próprio tema greve.
A Constituição de 1988 reconheceu expressamente a greve como direito fundamental para os servidores públicos civis (art.37, incisos VII), nos limites definidos em lei (complementar até 1998 e específica a partir da emenda constitucional 19), sem entretanto, garantir o direito à negociação coletiva. Desse modo a regulamentação do direito de greve sem construir caminhos para que os conflitos sejam negociados na prática, ao invés de fortalecer a construção do Estado Democrático de Direito acaba por reforçar as características autoritárias do Estado pré-1988, que sobrevive em todas as esferas e poderes da República.
Ao estender a regulamentação do direito de greve do setor privado para a realidade do setor público e sobrepor realidades distintas apoiadas tão somente no termo “no que couber”, o STF deixa para interpretações futuras o que será aplicado ou não da lei 7.783, fato este que gerará novos questionamentos jurídicos e indefinições.
Além disso, a simples extensão da regulamentação do setor privado não garante os instrumentos necessários à criação de um processo no qual o exercício do direito de greve seja precedido de mecanismos democráticos de resolução de conflitos, em especial, a negociação coletiva.
A realidade do setor privado não é a mesma que a do setor público. Um exemplo disso é que no setor público, com raras exceções, não há data-base, ou seja, não há um momento definido em que o empregador – no caso o gestor público- se veja obrigado a debater as reivindicações dos trabalhadores.É importante ressaltar que várias experiências de instalação de mesas de negociação no setor público foram consolidadas a partir do final dos anos 80, devido a mobilização dos servidores aliada à vontade política dos gestores justamente com o objetivo de buscar a eficiência e melhoria da qualidade dos serviços prestados à população aliada à democratização das relações de trabalho.
Além disso, como não há previsão legal no que se refere ao direito a negociação coletiva, não há como obrigar o administrador público a receber e negociar as demandas dos trabalhadores, fato este que leva em muitos casos à deflagração da greve como único e não último instrumento para se debater as necessidades dos trabalhadores.
No setor público não há a possibilidade do conflito ser mediado e arbitrado, e, em caso de não acordo, a alternativa do dissídio coletivo, figura comum no setor privado, não existe.
Outro elemento importante reside na suspensão do pagamento dos trabalhadores grevistas. Normalmente, afirma-se que o servidor em greve e recebe sem trabalhar. No entanto, cabe ter claro desde logo que cada paralisação tem regras próprias de compensação dos dias parados ou desconto destes, definidos em cada uma das esferas e poderes.
Ademais dependendo do setor em que a greve ocorre , faz-se necessária a presença dos grevistas no local de trabalho.No setor saúde por exemplo: é preciso redobrar a atenção durante o movimento grevista visando a manutenção do atendimento de emergência.Sendo assim os grevistas permanecem fazendo a triagem destas demandas, além disso é preciso manter o atendimento aos pacientes já internados (banhos, alimentação, curativos, exames etc.) que não podem ser interrompidos, portanto com ou sem regulamentação do STF esse atendimento já é garantido.Esses fatores devem ser levados em conta na negociação dos dias parados.
No setor privado, a greve é caracterizada pela suspensão temporária do contrato de trabalho e os dias parados são negociados entre as partes, realidade está não aplicável no setor público, uma vez que este não é regido por contrato, mas sim por um estatuto específico. Cada um dos 25 estados e 5561 municípios da federação define regras próprias em lei quanto à possibilidade de caracterização de dias não trabalhados (seja por greve ou outro motivo) e as regras de desconto ou reposição destes.
Ainda sobre jornada de trabalho, uma realidade pouco divulgada é a diferenciação entre setor público e privado no que se refere às horas-extras. No setor público, essas horas só são pagas quando definidas e publicadas em instrumento legal próprio, o que na prática faz com que a grande maioria dos servidores nunca receba as horas a mais trabalhadas.
São essas diferenças (aqui citadas só algumas) que levaram a CUT a tomar várias iniciativas inclusive articuladas internacionalmente – por meio dos subsídios políticos e técnicos da ISP/Internacional dos Serviços Públicos- junto ao poder legislativo sobre a regulamentação do tema mas que ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional. Essa demanda fez também com que o Governo Federal e as Entidades Sindicais do Setor Público criassem a Câmara Setorial do Serviço Público do Fórum Nacional do Trabalho (FNT), que teve como objetivo o debate sobre as premissas e diretrizes para a regulamentação da negociação coletiva e o direito de greve. Este fórum, tem sua continuidade no Grupo de Trabalho constituído pelo Executivo Federal, conforme portaria no. 1.486 de 31 de julho de 2007 e portaria nº 1953 de 17 de outubro de 2007 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,visando regular a matéria para as três esferas de contratação, Municípios, Estados e União.Outra questão importante e que precisa avançar urgente no Brasil é a ratificação da Convenção 151 da OIT que garante o direito de organização sindical e de negociação coletiva para o setor público, aqual nos impulsionaria em avançar para uma legislação própria do país.
É importante registrar que nas primeiras reuniões que trataram do do tema “direito de greve” ficou acordado entre a bancada sindical e a bancada do governo a seguinte premissa: “A regulamentação do Direito de Greve está diretamente condicionada à Prática da Negociação no Setor Público, ficando certo que em condições de não instalação dos processos negociais não há restrições ou condicionantes ao exercício do Direito de Greve”, posição esta que reafirmamos.
Enfim, seja no que se refere a recente decisão do STF ou aos debates que ocorrem dentro do Congresso Nacional é importante a aprovação de uma legislação que contemple as especificidades do serviço público, democratize as relações de trabalho com a participação da sociedade e contribua na construção de um Estado Democrático de Direito de fato.
A luta internacional contra o neoliberalismo
atividades, os trabalhadores marcharam rumo ao Congresso Nacional, diante do qual realizaram ato político, deram um abraço simbólico no Congresso, participaram de audiências com ministros e parlamentares, entregando a pauta e buscando abertura de negociação sobre as reivindicações.Das reivindicações, dois pontos se referem diretamente à área da saúde: a retirada do projeto das Fundações Estatais Públicas de Direito Privado e a retirada do PLP 01 que limita o gasto da administração pública com pessoal. Nossa delegação também levou as questões do pagamento do prêmio de incentivo para os municipalizados e da aprovação da PEC 54, referente à estabilidade dos contratados pela Lei 500/74.
Uma das principais bandeiras levadas pela CUT hoje é a regulamentação da negociação coletiva no setor público. A falta de um espaço democrático para debate de nossas reivindicações tem gerado graves conflitos nas relações de trabalho que trazem prejuízos tanto para governantes, trabalhadores e usuários dos serviços públicos.
Para fortalecer nossa luta, uma das ações da CUT é estreitar relações e promover alianças com entidades sindicais de outros países. Em maio, uma delegação da CUT e entidades filiadas do setor público, inclusive Sindsaúde-SP, esteve na Itália, onde já está formulado o acordo coletivo de trabalho no setor público, em um projeto de intercâmbio com a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL). “Esperamos que no futuro, a exemplo do conquistado na Itália, possamos estabelecer e ampliar a organização sindical nos locais de trabalho”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato do Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Onde morar? Esta é uma das angústias que aflige muitos trabalhadores da Saúde. Comprar uma casa própria é dos sonhos dos que pagam aluguel.
Pensando nisso, o Sindsaúde-SP buscou parceria com o Instituto de Formação e Ação em Políticas Públicas (INFAP), entidade do terceiro setor com experiência na área, para implementar um programa habitacional para nossos
filiados.Os filiados interessados podem entrar em contato com o
Sindsaúde-SP.Havendo interesse, o Sindsaúde-SP e o INFAP irão
pesquisar outros projetos habitacionais.Pra quem não é filiado, nosso programa habitacional é
mais um motivo para se sindicalizar ao Sindsaúde-SP – seu sindicato de luta.
Programa Habitacional
“O direito de greve no serviço públicorecomendável conhecer para legislar”
Denise Motta Dau é Secretária Nacional de Organização da CUT, Dirigente do Sindsaúde-SP, Assistente Social e Mestra em Saúde Coletiva.
Março/07 - Benedito Augusto de Oliveira, presidente do Sindsaúde-SP, Denise Motta Dau, diretora do Sindsaúde-SP e secretária nacional de Organização Sindical da CUT, junto com lideranças sindicais cutistas - Gasistas de São Paulo, CONTAG, Bancários de São Paulo, CNQ, CNTSS E Apeoesp - e o representante da Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL).