Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

6

Click here to load reader

Transcript of Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

Page 1: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

Ministério da Educação

Escola Secundária Garcia de Orta Porto

Ensino Secundário

Curso Científico – Humanístico de Ciências e Tecnol ogias 11ºAno de Escolaridade

R. Descartes

“ O Discurso do Método “

1. O que é a dúvida metódica de Descartes? 2. Qual é o objectivo da dúvida metódica de Descartes? 3. Segundo Descartes, o que é uma crença indubitável? 4. O que é a hipótese do génio maligno? 5. Está Descartes mesmo empenhado em mostrar que existe mesmo um génio que nos

engana? Justifique. 6. O que é o Cogito? 7. Porque razão, segundo Descartes, não podemos duvidar da crença “penso, logo

existo”? 8. O que é uma ideia clara e distinta? 9. Formule o argumento de Descartes a favor da existência de Deus. 10. O que diz Descartes ter concluído após o reconhecimento da existência de Deus?

→→→→ Sai do colégio desiludido e com mais dúvidas do que aquelas com que tinha entrado →→→→ Vai viajar e conhece o mundo, reparando na existência de opiniões distintas entre os Homens →→→→ Conclui que os sentidos também se enganam →→→→ A Matemática foi inspiradora do método cartesiano, apresentando um carácter muito racional →→→→ Procurava um método, pois acreditava na inexistência de algo absolutamente certo (diversidade de opiniões, contradições filosóficas, etc. – erros) →→→→ Procura uma base – algo absolutamente certo –, através da razão (percurso racional ) para a construção do novo sistema →→→→ As opiniões são incertas →→→→ Indubitável = fora de qualquer dúvida (isenção de dúvida)

Page 2: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

R. Descartes – “O Discurso do Método”

Pedro Rodrigues

2

→→→→ Objectivo: reformar os princípios do conhecimento (criar novos métodos que se querem científicos) – procura da verdade →→→→ Como se chega a algo evidente e incondicional? Duvidando (a dúvida é o método cartesiano ) →→→→ Descartes começa por ser um céptico (atitude anti-dogmática): considera falso tudo o que for, no mínimo, duvidoso (e obviamente o que for falso) e considera enganador aquilo que alguma vez nos enganou Características da dúvida cartesiana Necessidade tripla 1º. Necessidade prévia da dúvida (no conhecimento) 2º. Necessidade de nada excluir da dúvida enquanto ela for radicalmente impossível 3.º Necessidade de tratar provisoriamente como falsas as coisas de impregnadas na dúvida, o que provoca a necessidade de as rejeitar inteiramente - Metódica: tomada como estratégia gnosiológica, numa tentativa de encontrar a verdade (algo evidente) * - Provisória: se por acaso alcançar a verdade, deixa de ter essa dúvida (suspensão provisória de conhecimentos) - Universal: duvida de tudo (estende-se a todo o conhecimento, inclusive ao próprio Deus) - Hiperbólica / Radical: a sua dúvida, no início, é levada ao extremo/exagero (excessiva) Devemos duvidar de tudo aquilo que se apresenta ao nosso espírito como apenas provável ou verosímil, para sim verificarmos o que é manifestamente falso. Posso não encontrar algo de verdadeiro, mas pelo menos não sou enganado. →→→→ Deste modo, a dúvida torna-se exagerada de modo a realçar o valor do conhecimento capaz de a ultrapassar. →→→→ Rejeita as próprias demonstrações matemáticas →→→→ Surge, na época de Descartes, a ciência moderna. Razões para duvidar - Os sentidos são, por vezes, enganadores - Indistinção entre o sonho e a realidade - Não vemos (percepcionamos) todos o mesmo - Hipótese de um génio maligno - Os homens cometem erros (a raciocinar)

“O argumento que vai abalar a confiança depositada nas noções e demonstrações matemáticas baseia-se numa hipótese ou numa suposição: a de que Deus, que supostamente me criou, criando ao mesmo tempo o meu entendimento, sendo um ser omnipotente, pode fazer tudo, mesmo criar o meu entendimento, ao depositar nele as verdades matemáticas, pode tê-lo criado “virado do avesso” sem disso me informar. Por outras palavras, logo à partida, o meu entendimento pode estar radicalmente pervertido, tomando como verdadeiro o que é falso e por falso o que é verdadeiro.

Enquanto a hipótese de Deus enganar não for rejeitada, não podemos ter a certeza de que as mais elementares “verdades” matemáticas são realmente verdadeiras. Se isso vale para as “verdades” mais elementares e simples, mais se aplica ainda às mais complexas.”

Suporei então que existe, não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas um certo mau génio, não menos manhoso e enganador que poderoso, que empregou todo o seu engenho a enganar-me. Eu pensarei que o céu, o ar (…) e todas as coisas exteriores que nós vemos não são senão ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender a minha credulidade. Eu considerei-me a mim próprio como não tendo mãos, (…) como não tendo nenhum dos sentidos, mas crendo falsamente ter todas essas coisas.

Page 3: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

R. Descartes – “O Discurso do Método”

Pedro Rodrigues

3

* Distingue-se da dúvida pirrónica , de Pirro, cujo âmbito não só é absoluto e universal como considera previamente atingir-se a verdade. Processos de conhecimento

1. Intuição: Luz natural da razão (“flash”) 2. Dedução: Depois da base intuitiva, deduz todo o sistema

Modelo matemático – evidente, altamente racional e indubitável, tal como será aquilo que ele encontrar. No plano ontológico, Descartes começa por duvidar de tudo quanto existe, para ver se há alguma verdade clara e distinta que se apresente ao espírito como evidência tal que não possa ser negada (intuição). O método é racionalista porque a evidência de que Descartes parte não é, de modo algum, sensível e empírica. Os sentidos enganam-nos, as suas indicações são confusas e obscuras, só as ideias da razão são claras e distintas. O acto da razão que percebe directamente os primeiros princípios é a intuição. A dedução limita-se a veicular, ao longo das belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das naturezas simples. A dedução mais é do que uma intuição continuada. Itinerário intelectual de Descartes: DUVIDA → CÓGITO → DEUS → MUNDO O Cogito →→→→ Primeira verdade indubitável →→→→ Ponto de partida para toda a sua Filosofia, a partir da qual se deduziam todas as outras verdades →→→→ Hipótese alcançada por intuição (operação mental racional) →→→→ Expressão final sintética e intuitiva do processo da dúvida O cogito é uma espécie de luz natural da razão (intuição) que nos leva a descobrir verdades inatas que servirão de ponto de partida a todo o conhecimento. É a captação evidente de uma ideia. →→→→ Se há dúvidas, há alguém que duvida; →→→→ Se alguém duvida, alguém pensa (não pode duvidar de que é o sujeito da dúvida) →→→→ Se pensa, tem consciência de si enquanto ser pensante →→→→ Há um princípio indubitável e evidente: o “eu pensante ” é a primeira evidência racional Posso duvidar de tudo, mas ao duvidar de tudo, eu sou um ser que duvida. Eu existo enquanto substância pensante. Compreendi, por isso, que eu era uma substância cuja essência ou natureza é unicamente pensar e que, para existir, não precisa de nenhum lugar nem depende de coisa alguma material. – Existência do ser humano como ser pensante e não corporal. →→→→ Primeiro princípio (verdade epistemológica) da Filo sofia Cartesiana: “Penso, logo existo” Cogito, Ergo Sum (latim) →→→→ Ainda não desfez a hipótese do génio maligno, nem provou a existência do mundo (nem da sua existência enquanto ser material)

O “eu” alma ≠≠≠≠ Corpo (substância imaterial e racional) (substância material)

Critério de verdade: ideias claras e distintas (sem a mínima possibilidade de dúvida)

Page 4: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

R. Descartes – “O Discurso do Método”

Pedro Rodrigues

4

É tão evidente que o ser que duvida tem que pensar, que tenho que aceitar isso. A importância da Matemática A Matemática era a disciplina que Descartes mais admirava. Considerava que só o procedimento matemático poderia conferir certeza ao conhecimento. Partimos de verdades universais e absolutas que são descobertas por intuição e deduzimos delas outras verdades menos gerais. A perfeição e a existência de Deus

Dúvida

Conhecimento

Substância pensante

Ser que duvida não é perfeito

De onde vem?

Imperfeição

Perfeição

A noção da própria imperfeição provém da noção presente no ser de perfeição (sei o que é perfeito)

De onde provém essa noção?

Do nada? Não. a)

a) É tão absurdo dizer que o nada originou alguma coisa como dizer que um ser menos perfeito criou algo mais perfeito [contradição]

De algo mais perfeito e superior DEUS

Sim

De mim próprio? Não. b)

b) Se fosse ele próprio o criador, ter-se-ia criado perfeito

Das coisas que nos rodeiam? Não.

… cógito

Das coisas que nos rodeiam

Dependem de mim (existem enquanto as percepciono)

Não são superiores a mim, nem mais perfeitas

O “Eu”

- Eterno

- Omnisciente

- Imutável

- Omnipotente

Dúvida

Conhecimento

Substância pensante

Ser que duvida não é perfeito

De onde vem?

Imperfeição

Perfeição

A noção da própria imperfeição provém da noção presente no ser de perfeição (sei o que é perfeito)

De onde provém essa noção?

Do nada? Não. a)

a) É tão absurdo dizer que o nada originou alguma coisa como dizer que um ser menos perfeito criou algo mais perfeito [contradição]

De algo mais perfeito e superior DEUS

Sim

De mim próprio? Não. b)

b) Se fosse ele próprio o criador, ter-se-ia criado perfeito

Das coisas que nos rodeiam? Não.

… cógito

Das coisas que nos rodeiam

Dependem de mim (existem enquanto as percepciono)

Não são superiores a mim, nem mais perfeitas

O “Eu”

- Eterno

- Omnisciente

- Imutável

- Omnipotente

→→→→ Preso no cogito (no pensamento), Descartes sente-se a si mesmo imperfeito, concluindo que tem a noção de perfeição. Mas de onde provém essa ideia? →→→→ Perspectiva racional (utilização da dedução / raciocínio categórico-demon strativo ), e não provocada pela fé, emoção ou sentimento O cogito é a garantia da evidência das coisas, mas Deus é o fundamento epistemológico que garante a veracidade dos nossos conhecimentos. →→→→ Duvidar é ser menos perfeito do que ser sabedor. →→→→ A existência de Deus é necessária e eterna; não é apenas possível, como também necessária , porque, para um ser perfeito existir, a existência necessária tem que ser atribuída ao ser perfeito. →→→→ Descobre nele próprio a ideia clara e distinta de um ser perfeito

Page 5: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

R. Descartes – “O Discurso do Método”

Pedro Rodrigues

5

→→→→ Interroga-se sobre a origem dessa ideia: - não pode ter vindo dos sentidos (são, por vezes, falsos e ilusórios); - não pode ter vindo do nada (ilógico); - não pode ter origem em nós mesmos, por sermos imperfeitos. →→→→ Conclui, portanto, ser uma ideia inata, posta em nós por esse ser perfeito. →→→→ Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse, pois a imperfeição implica existência. →→→→ Deus existe (não é uma questão de fé – racionalismo). →→→→ Temos ideias inatas (nascem connosco e são a marca de Deus). →→→→ O que conhecemos do mundo são as suas características evidentes, claras, distintas e racionais. →→→→ Destruição da ideia (enquanto suposição) de um génio maligno (um Deus bom não nos ia enganar/armadilhar)

→→→→ Deus, como não é enganador, garante que as ideias que captamos (sentidos) são verdadeiras, apesar de não serem tal e qual como as percepcionamos. →→→→ É a primeira verdade metafísica, fonte, origem ou raiz do conhecimento. Garante a objectividade, certeza e evidência dos conhecimentos racionais, assim como a sua validade universal. →→→→ Garante a correspondência permanente entre as nossas ideias e os objectos a que correspondem, independentes de nós. No percurso de Descartes chegamos, então, e para já, a duas certezas: o ser pensante (cogito) e Deus, um ser perfeito. E o mundo, existe? Podemos ter a certeza que não é um sonho nem uma simulação produzida por um Deus maligno? Sim, o mundo existe , pois um Deus perfeito não nos enganaria. Deus é, pois, a garantia de que aquilo que conhecemos com razão corresponde a algo realmente existente. O conhecimento tem, pois, de proceder da razão. →→→→ Garante a existência continuada do mundo , mesmo depois de não pensarmos nele. A Crítica →→→→ Circularidade do pensamento cartesiano (o grande erro de Descartes foi cair na falácia do círculo vicioso) →→→→ Pensamento (beco sem saída; preso no cogito). Só provando a existência de Deus é que prova a existência do mundo. Deus é provado pelo cogito (ideia clara e distinta; evidência) e cogito, bem como as outras ideias inatas, são resultado de Deus.

Deus

Deus

Deus

Deus Descartes é Racionalista porque:

Page 6: Descartes Discurso Do Metodo Filosofia Resumo

R. Descartes – “O Discurso do Método”

Pedro Rodrigues

6

- Busca um conhecimento válido, universalmente lógico e necessário. - Adopta o modelo matemático. - Duvida do conhecimento sensorial. - Pressupõe a existência de ideias inatas (a priori) comuns a todos os Homens. →→→→ Descartes acaba por adoptar uma posição dogmática (crítica) – devemos utilizar bem as faculdades da razão, de forma a chegarmos à verdade, pois os nossos raciocínios nunca são tão evidentes (…), havendo sempre um fundamento de verdade, mesmo nos sonhos.