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Desafios para o desenvolvimento do Turismo em pequenas cidades do Brasil Central - Estudo de caso de...
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¹ Universidade de Brasília – UnB, Campus Darcy Ribeiro, Brasília-DF – [email protected]
² Universidade de Brasília – UnB, Campus Darcy Ribeiro, Brasília-DF – [email protected]
³ Universidade de Brasília – UnB, Campus Darcy Ribeiro, Brasília-DF – [email protected] 4 Universidade de Brasília – UnB, Campus Darcy Ribeiro, Brasília-DF – [email protected]
Desafios para o desenvolvimento do Turismo em pequenas cidades do
Brasil Central: Estudo de caso de Minaçu, Goiás
Eixo 1: Águas e Cerrado – Políticas Públicas e Turismo na Resbio Goyaz
Lucas L. Coelho¹
Jéssica S. P. Cicci²
Dr. Fernando L. A. Sobrinho³
Dr. Everaldo B. Costa4
Resumo
Atualmente, há uma lacuna de estudos que abordem as pequenas cidades, sendo que
apesar de em menor escala não terem tanta representatividade, na escala nacional ainda
têm um grande potencial de desenvolvimento. O Turismo, a partir da década de 90, se
apresenta como alternativa para o desenvolvimento das pequenas cidades,
especialmente nos ramos de ecoturismo, turismo de aventura, turismo rural, dentre
outros, e por estas estarem concentradas no centro do país, região ainda pouco
explorada e com natureza ainda bem preservada, o Turismo encontra novas
possibilidades para se expandir e se estabelecer, a partir do avanço das redes de
transporte e comunicação para o interior. Neste contexto o presente estudo visa, através
de revisão bibliográfica, realização de visitas de campo, aplicação de questionários de
inventariação de oferta turística e de relatório de campo produzido, entender como se dá
essa dinâmica – ainda incipiente – no Brasil Central, baseando-se na cidade de Minaçu,
Goiás.
Palavras-Chave: Turismo, Pequenas Cidades, Brasil Central, Norte Goiano, Cerrado.
1. Introdução
O Turismo é uma atividade recente e ainda pouco expressiva no Brasil Central
(Almeida, 2009). Dada a ocupação brasileira no litoral desde a colonização até os dias
de hoje, que criou uma rede urbanizada e moderna, foi gerado um contraste com o
interior do país, desabitado e pouco ocupado, que com as recentes políticas públicas,
mudou de perspectiva, apesar de permanecer desigual e combinado (Steinberger, 2009).
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Estudo recente realizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia (SEI) retrata este processo:
Partindo da ideia de que, na perspectiva capitalista, os
investimentos tendem a se concentrar em determinados
pontos do espaço geográfico, compreende-se porque alguns
núcleos nunca alcançam alguma expressão urbana e outros,
após serem beneficiados por investimentos que permitem o
alavancamento de suas economias, perdem, de um momento
para o outro, esse fluxo de capitais e se defrontam com o
desemprego e a pobreza que os levam a conhecer a
estagnação e a decadência. SEI, 2012. p. 19. (Série estudos
e pesquisas, 94).
No caso específico do estado de Goiás, a criação de Brasília, a nova capital, no
início da década de 60, trouxe para o Brasil Central um novo ritmo de desenvolvimento
para a região, mas que ficou concentrada nos eixos que ligam Brasília a outras capitais.
Após a criação do estado de Tocantins, as pequenas cidades agora localizadas no
Norte e Nordeste goiano passaram por um intenso processo de estagnação,
principalmente pelo esgotamento das fontes de renda na região e pela dificuldade de
acesso dos meios de transporte (Almeida, op. cit.). Neste contexto, o turismo se
apresenta como um auxílio ao desenvolvimento dessas cidades, como é o caso da cidade
de Minaçu.
2. Caracterização da área de estudo
O município de Minaçu localiza-se no extremo norte do Estado de Goiás,
pertence à mesorregião do Norte Goiano e Microrregião de Porangatu. Ocupando uma
área de 2.860,731 km², encontra-se a 487 km de Goiânia e 350 km de Brasília. Situado
em uma altitude média de 598 m, o município possui clima tropical alternadamente seco
e úmido (Strahler & Strahler, 1989), caracteristicamente quente, com verão chuvoso e
inverno seco e temperatura média anual de 26,6°C.
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De acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2010), a população total do
município de Minaçu é de 31.154 habitantes e a densidade demográfica de 10,89
hab/km², sendo que aproximadamente 85,23% da população ou 26.554 habitavam na
área urbana e 4.600 ou 14,76%, na zona rural.
Segundo Pamplona (2003), o processo de ocupação territorial da região foi
acelerado em decorrência da mineração. Em 1965, a SAMA S.A. – Minerações
Associadas obtém do governo a concessão da Mina de Cana Brava, iniciando a
exploração e comercialização do amianto crisotila e outros minerais ali encontrados.
A partir desse ano, o povoado começou a desenvolver-se com a construção de
armazéns, escolas, templos, escritórios, loteamentos urbanos, delegacias e em 1970 foi
realizada a primeira eleição para emancipação e criação do município de Minaçu, o qual
pertencia a Porangatu. Comprova-se, através de registros, que em 14 de maio de 1976,
por meio da Lei 8.085 o município de Minaçu foi oficializado, deixando de ser Distrito
(Pereira e Almeida, 2009).
Dentre os fatores de destaque de Minaçu podemos citar sua exuberante paisagem
e os diversos potenciais atrativos turísticos, como por exemplo: os Lagos de Cana Brava
e de Serra da Mesa, a mineração e outros atrativos culturais e naturais em propriedades
rurais limítrofes do município. Deve-se lembrar da existência de povoados, que ainda
mantém suas tradições rurais e festas populares, sendo que os grupos de Catira e Folias
de Reis ainda são existentes no município (SEBRAE, 2002).
Atualmente, as principais atividades econômicas do município são a mineração
de amianto crisotila, responsável pelo surgimento da cidade, e a produção de energia
hidroelétrica a partir das Usinas Hidrelétricas de Cana Brava e de Serra da Mesa, cuja
segunda tem a planta instalada nos limites territoriais da cidade. Todas estas três
atividades geram royalties, sendo que a mineração é a maior geradora de empregos com
cerca de 1000 empregos diretos na cidade.
3. Procedimentos Metodológicos
Inicialmente foram levantados dados referentes à bibliografia da região e após
isso foi realizada a pesquisa de campo para verificação empírica, coleta e atualização de
dados.
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Os dados finais foram apresentados em relatório de campo da disciplina
Geografia Humana Aplicada do Departamento de Geografia da Universidade de
Brasília, divididos em três blocos principais, separados de acordo com a metodologia
dos formulários da Inventariação da Oferta turística elaborados pelo Ministério do
Turismo, sendo que no presente relatório estão descritos apenas os itens e subitens que o
grupo de pesquisa julgou importantes. Ao final de cada bloco é apresentada uma análise
de Matriz SWOT seguindo modelo proposto por Petrocchi (2002).
O trabalho foi desenvolvido com base nos Inventários da Oferta Turística do
Ministério do Turismo elaborado como parte integrante do Programa de Regionalização
do Turismo, que é um projeto do Ministério do Turismo que objetiva alavancar as
atividades turísticas específicas de cada município ou região e desenvolver a atividade
nas regiões brasileiras de forma integrada. Consiste em coleta de dados e ações para
fomentar a atividade dentro das regiões abrangendo municípios e seus destinos
indutores, aliado à Governança que fica responsável por regulamentar ações práticas
(Ministério do Turismo, 2007).
4. Resultados e Discussão
A partir de análise de Matriz SWOT, foram verificadas as oportunidades,
ameaças, fortalezas e fraquezas da cidade com relação ao Turismo. Para o Bloco A que
tem as informações referentes à infraestrutura de apoio ao turismo foram constatadas
como oportunidades para o desenvolvimento do turismo o seu aeroporto, que pode ser
ampliado para atender melhor a população e conectar a cidade aos grandes centros, e a
capacidade de gerenciamento dos grandes eventos.
Quanto às ameaças, foram constatadas a falta de sinalização e manutenção da
GO-241, que é um dos fatores limitantes ao acesso da cidade; a pouca segurança dada à
rede bancária da cidade; a lacuna de serviços hospitalares e de emergência nos grande
eventos; a falta de articulação entre as esferas municipal, estadual e federal; e a baixa
variedade de opções de comércio turístico.
Nas fortalezas, foram identificadas a oferta confortável de serviços bancários; as
unidades do Saúde da Família que desafogam os atendimentos da rede hospitalar
municipal; e a rodoviária municipal que fica em local de fácil acesso na cidade.
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Finalmente, na parte das fraquezas foram identificadas um único hospital particular que
atende aos trabalhadores conveniados à mineradora; a ausência de rede de transporte
público; o aeroporto que só pode receber aviões de pequeno porte e os meios de acesso
terrestre à cidade que se encontram em estado deteriorado.
Para o Bloco B, referente aos serviços e equipamentos turísticos foram
constatadas como oportunidades cursos de capacitação; maior exploração dos recursos
naturais existentes e da oferta de mão de obra local; a promoção de eventos náuticos no
município; a divulgação dos eventos bem como equipamentos turísticos via internet; a
criação de parcerias; a ordenação dos equipamentos criando roteiros turísticos; a
ampliação da variedade gastronômica para atender uma demanda variada; a contratação
de profissionais qualificados para melhor da qualidade dos serviços; a
profissionalização das atividades e um melhor aproveitamento do potencial turístico do
município.
Na parte das ameaças, a decadência dos equipamentos por conta da falta de
planejamento e organização; o deslocamento da demanda para municípios vizinhos com
melhor estrutura, organização e planejamento, como Alto Paraíso. Nas fortalezas foi
identificado grande número de restaurantes, bares e lanchonetes; alimentos e bebidas a
preços acessíveis.
Fechando o Bloco B, na parte referente às fraquezas foi identificada falta de
planejamento; manejo rústico; falta de mão de obra especializada; falta de capacitação;
estrutura precária; desconhecimento do negócio; Ausência e falta de apoio da área
governamental. Organização dos equipamentos. Inacessibilidade às redes e meios
eletrônicos.
Para o Bloco C referente a atrativos turísticos foram constatadas como
oportunidades: Os lagos das usinas hidrelétricas podem abrigar diversos tipos de
atividades e atrair a indústria náutica pelo tamanho avantajado, caso se instale
infraestrutura básica; a grande quantidade de atrativos naturais, como as grutas e
cavernas; e a possibilidade de desenvolvimento do arranjo produtivo local através do
artesanato.
As ameaças constatadas foram a mineração de amianto crisotila – apesar de a
cidade possuir um dos maiores filtros de usina do mundo – que pode prejudicar a saúde
dos moradores da cidade e afastar possíveis visitantes; a falta de saneamento básico
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pode contaminar o meio ambiente; e as construções à beira dos lagos das usinas podem
comatá-los e comprometer a ictiofauna.
Como fortalezas, a festa de aniversário da mineradora SAMA que atrai boa parte
da cidade, entretendo a comunidade local e também visitantes; e a conservação da
natureza em áreas próximas à cidade e a grande presença de áreas conservadas.
Finalmente, as fraquezas constatadas a falta de infraestrutura turística básica para o
fomento de grandes eventos e o mau aproveitamento dos lagos das Usinas Hidrelétricas.
5. Considerações Finais
A partir do estudo apresentado previamente e da discussão pode-se perceber que
o município em questão apresentado tem um alto potencial turístico a ser explorado. O
desenvolvimento da atividade turística pode alavancar a economia, gerar empregos e
aumentar a capacitação profissional do morador local, que com a chegada dessas
estruturas básicas tem que se adequar para melhor atender ao visitante. Este
desenvolvimento na localidade deve ser proposto tanto pelo Estado quanto por agentes
privados que trabalhem de forma conjunta para uma estrutura desenvolvida.
Há uma necessidade iminente da melhora das vias de acesso à cidade que por
hora são precárias e do desenvolvimento de estruturas básicas para atender ao turista e
até o próprio morador local de uma melhor forma com a finalidade de atrair um maior
número de visitantes possíveis nos seus atrativos que são variados.
Vale enfatizar que o interesse da população local e do poder publico é
estritamente necessário, pois sem um suporte dessas partes não há como promover a
atividade turística. Falta para população base teórica e capacitação, pois foi percebido
durante o estudo que os habitantes sentem dificuldades e podem não ser capazes de
fornecer informações básicas para qualquer visitante.
O Turismo, se explorado de uma forma eficiente, pode diminuir a dependência da
mineradora e das usinas hidrelétricas para obtenção de recursos e principal fonte de
emprego da cidade, tornando-se uma alternativa que beneficia toda a população e
desenvolve a infraestrutura da cidade, movimentando a economia local.
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Referências Bibliográficas
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Central. In: STEINBERGER, Marília (org.). Territórios turísticos no Brasil Central.
Brasília, LGE Editora, 2009.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano Nacional de Turismo 2007-2010: Uma viagem
de inclusão. Brasília, MTur, 2007.
IBGE. Censo Demográfico - Características da população e dos Domicílios
Resultados do Universo. Rio de Janeiro, IBGE, 2011.
PAMPLONA, Renato Ivo. O Amianto Crisotila e a SAMA: 40 Anos de História
Minaçu – Goiás: da descoberta à tecnologia limpa. Minaçu: Copyright, 2003.
PEREIRA, L.M; ALMEIDA, M.G. de. Paisagens Construídas, Mineração e Turismo
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2002.
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Editora SEBRAE, 2002.
STEINBERGER, Marília (org.). Territórios turísticos no Brasil Central. Brasília,
LGE Editora, 2009.
STRAHLER, A.N. & STRAHLER, A.H. (1989). Geografia Física. Omega, Barcelona.
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SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA
(SEI). Cidades médias e pequenas: contradições, mudanças e permanências nos
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