Desafios e Esperanças Por uma igreja em saída Pe. Nelito Dornelas.

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Para encontrar a Deus temos que nos colocar a caminho.

No discurso aos cardeais em conclave o cardeal Jorge Mario Bergoglio antes de sua eleição como Papa fez o seguinte discurso:

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1º- Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe na igreja a coragem e a força de sair de si mesma. A Igreja está chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não só as geográficas, mas também as existenciais: as periferias do mistério do pecado, da dor, da injustiça, da ignorância e frieza religiosa, do pensamento, de toda miséria.

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2º- Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar, torna-se autorreferencial e, então, adoece. Os males que, ao longo do tempo se dão nas instituições eclesiais tem raiz na autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico.

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No apocalipse, Jesus diz que está a porta e chama. Evidentemente, no texto, ele bate do lado de fora da porta, para entrar. Porém, penso nas vezes em que Jesus toca na porta a partir de dentro para que o deixemos sair. A Igreja autorreferencial prende Jesus dentro de si e não o deixa sair.

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3º- A Igreja, quando é autorreferencial, sem se dar conta, crê que tem luz própria; deixa de ser o mistério da luz e dá lugar a este mal tão grave que é a mundaneidade espiritual.

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Esse viver para dar gloria uns aos outros, simplificando, há duas imagens de Igreja: A Igreja evangelizadora, que sai de si – que ouve e proclama fielmente a palavra de Deus -, ou a Igreja mundana que vive em si, de si, para si. Isso pode dar luz às possíveis mudanças e reformas que é preciso fazer para a salvação das pessoas.

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4º- Pensando no próximo papa: um homem que, a partir da contemplação de Jesus e sua adoração, ajude a Igreja a sair de si em direção às periferias existenciais; que ajude a Igreja a ser mãe fecunda, que vive a doce e confortadora alegria de evangelizar.

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Com Santa Tereza D’Ávila reflitamos

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Senhor, quando eu estiver faminta, dá-me alguém que precise de alimento. Quando eu tiver sede, envia-me alguém que precise de água. Quando tiver frio, envia-me alguém para acalentar. Quando eu estiver ferida, dá-me alguém para consolar. Quando a minha cruz se tornar pesada, dá-me a cruz de outro para partilhar.

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Quando eu for pobre, traz perto de mim alguém que esteja necessitado.

Quando eu não tiver tempo, dá-me alguém para que eu possa ajudar um instante.

Quando eu for humilhada, dá-me alguém que precise do meu elogio.

Quando eu estiver desanimada, envia-me alguém para eu animar.

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Quando eu precisar da compreensão dos outros, dá-me alguém que necessite da minha.

Quando eu precisar que alguém cuide de mim, envia-me alguém para cuidar.

Quando eu só pensar em mim, dirija meus pensamentos para os outros.

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O teólogo Joseph Ratzinger, em sua obra Fé e Futuro,

Editora Vozes, 1971 escreveu: Como será a Igreja no ano 2.000?

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• Da crise de hoje, também desta vez, sairá amanhã uma igreja que perdeu muito. Ela será pequena e, em grande parte, deverá começar do início. Ela não poderá encher muitas das construções que foram criadas no período de grande esplendor, devido ao número dos seus adeptos. Ela perderá muito dos seus privilégios na sociedade.

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• Ao contrário do sucedido até agora, ela vai apresentar-se muito mais fortemente como comunidade de voluntários, que só se torna acessível pela decisão.

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Como comunidade pequena ela vai exigir muito mais da iniciativa dos seus membros e conhecerá também, certamente, novas formas de ministérios e elevará ao sacerdócio cristãos comprovados que têm profissão. Em muitas comunidades menores, respectivamente em grupos sociais afins, a evangelização será realizada dessa maneira. Ao lado, o sacerdócio oficial será como até agora indispensável.

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Mas, em todas essas mudanças que podemos supor, a igreja vai encontrar nova e decididamente o seu espaço essencial naquilo que sempre foi o seu cerne: a fé no Deus unitrino, em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, e na assistência do Espírito que chega até o fim. Na fé e na oração ela vai reencontrar o seu próprio cerne e, mais uma vez, experimentar os sacramentos como culto divino e não como problema de configuração litúrgica.

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Haverá uma Igreja interiorizada que não prevalece de mandato político e tão pouco flerta com a esquerda ou com a direita. Ela vai conseguir isso com muito esforço, pois o processo de cristalização e de esclerosamento vai custar-lhe também muitas forças. Ela vai tornar-se uma igreja pobre e dos pequenos. O processo será tanto mais difícil quanto se deve afastar igualmente a estupidez sectária como a teimosia jactanciosa.

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• Podemos prever que tudo isso vai precisar de tempo. O processo será longo e penoso, como muito longo foi o caminho desde os falsos progressismos às vésperas da Revolução Francesa, nos quais, também bispos julgavam elegante motejar sobre dogmas e talvez deixar até entrever que até mesmo a existência de Deus, de forma alguma se tinha por certa, até a renovação do século 19.

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• Mas depois da provação dessas separações há de jorrar de uma igreja interiorizada e simplificada uma grande força. Pois as pessoas vivendo em um mundo inteiramente planificado, estarão indizivelmente solitárias. Quando, para elas, Deus tiver completamente desaparecido, hão de experimentar sua pobreza completa, horrível.

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• E então, hão de descobrir a pequena comunidade dos que crêem como algo inteiramente novo, como uma esperança que lhes diz respeito, como uma resposta pela qual ocultamente sempre perguntaram.

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• Desse modo, me parece certo que, para a igreja estão iminentes tempos muito difíceis. Sua crise verdadeira mal começou. Temos de contar com grandes abalos. Mas estou também inteiramente certo daquilo que afinal vai permanecer: não a igreja do culto político, que já fracassou com Gobel, mas a igreja da fé.

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• Certamente ela nunca mais será força dominante da sociedade, na medida em que foi até há pouco. Mas há de reflorir e aparecer à humanidade como pátria que lhes dá vida e esperança para além da morte.

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A Igreja no contexto da pós modernidade

• A Igreja do futuro será uma igreja a ser construída a partir de baixo, através das comunidades eclesiais, da iniciativa popular e da livre associação. Devemos fazer todo o possível para não impedir esse desenvolvimento, mas sim promovê-la e canalizá-la corretamente. (Karl Rahner)

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• Eis o convite para manter vivo o nosso desejo de ser fermento profético de uma sociedade mais humana e fraterna e de uma igreja mais perto da práxis de Jesus.

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Pesquisa aponta: Governo em baixa, Igreja em alta

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• Confiança nas instituições• Igreja: 43,0% confiam sempre e 11,7% não

confiam nuncaForças Armadas: 19,2% confiam sempre e 17,2% não confiam nuncaImprensa: 13,2% confiam sempre e 21,2% não confiam nunca

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• Justiça: 10,5% confiam sempre e 24,8% não confiam nuncaPolícia: 8,9% confiam sempre e 23,5% não confiam nuncaGoverno: 2,0% confiam sempre e 56,2% não confiam nuncaCongresso Nacional: 1,6% confia sempre e 51,6% não confiam nuncaPartidos políticos: 1,0% confia sempre e 73,4% não confiam nunca

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• Instituição que mais confia:• 1º – Igreja (53,5%)

2º – Forças Armadas (15,5%)3º – Justiça (10,1%)4º – Polícia (5,0%)

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• 5º – Imprensa (4,8%)6º – Governo (1,1%)7º – Congresso Nacional (0,8%)8º – Partidos políticos (0,1%)

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• Para entender o atual jogo político

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• Há dois tempos em jogo: o atual e o das eleições de 2018. Para 2018 habilitam-se os que têm votos; para 2015, os que têm poder. É a partir dessa dicotomia que se torna mais fácil entender os últimos lances políticos.

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• O potencial de votos distribui-se por três políticos: pela situação, o ex-presidente Lula; pela oposição, o senador Aécio Neves e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

• Já o poder político funda-se na aliança mídia-Lava Jato, ambos sendo exaustivamente usados pelos dois lados.

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• Os vazamentos providenciados por procuradores e delegados reforçam politicamente a atuação do grupo, especialmente quando acontecerem os embates com as instâncias superiores. E a capacidade de pautar o MPF e a PF sustenta o poder de coerção da mídia.

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• Ao melhor estilo República Velha, centra-se fogo nas relações Lula-grandes grupos, para vê-los de joelhos vindo buscar proteção junto aos grupos de mídia. Qualquer notícia serve aos propósitos, desde a criminalização das tentativas de emplacar obras de empreiteiras brasileiras no exterior, financiamentos à exportação de serviços, até jantares sociais.

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• De certa forma, repete-se o modelo italiano da operação “mãos limpas” que, a pretexto de limpar a política, limpou a área para a ascensão de Berlusconi, imperador da mídia.

• Esse grupo serve principalmente aos propósitos de José Serra, o candidato preferencial da mídia, especialmente depois que foi exposta a fragilidade política de Aécio Neves.

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• Os desdobramentos da crise afetam de maneira distinta os interesses dos quatro candidatos:

• 1. A Lula interessa a recuperação de Dilma.2. A Alckmin, uma Dilma desgastada até 2018.3. A Aécio, a eventualidade de uma queda de Dilma com a convocação imediata de novas eleições. A sua fragilidade não permitirá que sobreviva até 2018.4. A Serra, a instauração do parlamentarismo.

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• Não se pense na conspiração clássica, com os conspiradores se reunindo à socapa na calada da noite. O pacto tácito se dá em torno de alguns eixos de atuação, presentes na parceria mídia-Lava Jato:

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• 1. Fogo total no esquema Lula, preservando Dilma Rousseff. A ideia central é a de que esticar o governo Dilma desmoralizado até 2018 é mais garantido do que um eventual impeachment agora, permitindo a volta de Lula em 2018.

• Aliás, é impressionante a disciplina de comentaristas políticos da mídia que conseguem pensar todos da mesma forma e mudar de opinião da mesma forma e no mesmo dia.

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• 2. Intocáveis são apenas a mídia e os principais caciques do PSDB. Aliados pontuais – como Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) – são jogados ao leão, inclusive para reforçar o caráter democrático da Lava Jato.

• Não se trata de um roteiro rígido, porque as nuvens da política ainda não se consolidaram. Trata-se de apenas um ensaio inicial de consolidação de alianças visando 2018.

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• Apenas uma questão poderá reverter essas estratégias: a hipótese (por ora distante) de recuperação de Dilma.

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Para saber o que é a dívida pública

• Em 2014, o governo federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de todo o orçamento efetivamente executado no ano.

• Essa quantia corresponde a 12 vezes o que foi destinado à educação, 11 vezes aos gastos com saúde, ou mais que o dobro dos gastos com a Previdência Social, conforme o gráfico

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• Orçamento Geral da União (Executado em 2014) – Total = R$ 2,168 trilhão

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• Fonte: http://www8d.senado.gov.br/dwweb/abreDoc.html?docId=92718 Notas: 1) inclui o “refinanciamento” da dívida, pois o governo contabiliza neste item grande parte dos juros pagos.

• 2) os gastos com juros e amortizações da dívida se referem aos GNDs 2 e 6, e foram desmembrados da Função “Encargos Especiais”

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• 3) as transferências a estados e municípios se referem ao programa 0903 – “Operações Especiais: Transferências Constitucionais e as Decorrentes de Legislação Específica”, e também foram desmembradas da Função “Encargos Especiais”.

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• 4) os demais gastos da função “Encargos Especiais” foram referidos no gráfico como sendo “Outros Encargos Especiais”, e representam principalmente despesas com o ressarcimento ao INSS de desonerações tributárias, subsídios à tarifa de energia elétrica, pagamento de precatórios, dentre outras. 5) O gráfico não inclui os “restos a pagar” de 2014, executados em 2015.

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• Cabe esclarecer que os dados do gráfico acima foram extraídos dos dados oficiais contabilizados pelo governo no SIAFI.

• O critério utilizado para a elaboração do gráfico soma as parcelas informadas pelo governo a título de “juros” e “amortizações”, no total de R$978 bilhões, pelas seguintes razões:

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• a) A parcela informada pelo governo a título de “Juros e Encargos da Dívida” foi de apenas R$ 170 bilhões. Conforme vem sendo denunciado desde a CPI da Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados, em cada ano o governo vem deixando de computar grande parte dos juros nominais, classificando-a como “amortizações”. As estatísticas governamentais não evidenciam o valor que efetivamente está sendo pago a título de juros nominais aos detentores dos títulos.

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• b) A parcela informada pelo governo a título de “Amortizações da Dívida”, ou seja, o pagamento do principal, foi de R$ 808 bilhões. Tal valor está inflado pela atualização monetária de toda a dívida, que deveria fazer parte dos juros, pois de fato é parte da remuneração dos títulos, mas está sendo contabilizada como se fosse “amortização”, conforme também denunciado desde a CPI da Dívida Pública.

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• Por causa desses equívocos denunciados há anos, grande parte dos “Juros” que efetivamente pagamos aos detentores dos títulos está embutida na parcela das “Amortizações”. Diante da falta de informação acerca dos juros nominais efetivamente pagos e da atualização monetária efetuada, não temos outra alternativa senão somar todo o gasto com a dívida, conforme demonstrado no gráfico.

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• Esse equívoco do governo na apresentação dos gastos efetivos com a dívida pública faz parte de uma coleção de privilégios de ordem financeira, legal e econômica que o Sistema da Dívida usufrui. Tal fato tem levado inúmeros analistas a aliviar o efetivo peso que o endividamento público exerce sobre as contas públicas do nosso país, utilizando um termo que ilude aqueles que não se aprofundam na análise do Sistema:

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• dizem que a parcela das amortizações configuram “mera rolagem”, ou seja, o refinanciamento de dívida anteriormente existente mediante a contratação de nova dívida, razão pela qual não seria um problema para o país.

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• Analisando-se a composição do montante de R$ 808 bilhões contabilizados como “amortizações”, verifica-se o seguinte:

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• a) R$ 615 bilhões foram contabilizados pelo governo como “refinanciamento”, aí incluindo-se a correção monetária que não é explicitada em nenhum documento, e que é parte dos juros nominais efetivamente pagos aos detentores dos títulos. Ou seja, não se trata de ”mera rolagem”, mas sim pagamento de grande parte dos juros com a contratação de nova dívida, o que fere o art. 167 da Constituição Federal;

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• b) R$ 54 bilhões provém do recebimento de dívidas das quais a União é credora, principalmente as dívidas que estados e municípios pagaram ao governo federal, ou seja, também não se trata de ”mera rolagem”;

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• c) R$ 22 bilhões provém do rendimento dos recursos da Conta Única do Tesouro, R$ 19 bilhões de lucros das estatais (por exemplo, Petrobrás, Banco do Brasil, etc), dentre muitas outras fontes. Assim, também não se trata de “mera rolagem”, pois as tais parcelas de “amortizações” não foram pagas com nova dívida, mas sim com recursos oriundos de sacrifício social, quando o povo paga caro pelo combustível, pelas tarifas e juros dos bancos estatais, pela conta de energia elétrica e vários outros produtos (altamente onerados pelos impostos estaduais – ICMS), etc.

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• d) R$ 61 bilhões das amortizações se referem à cobertura de prejuízos do Banco Central, ocorridos, por exemplo, em operações chamadas de “swap cambial”, que beneficiam grandes investidores às custas do povo. Interessante observar que, quando o Banco Central dá lucro em determinados períodos, tais recursos são destinados obrigatoriamente para o pagamento da questionável dívida pública.

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• Devido aos diversos privilégios do Sistema da Dívida que beneficia principalmente ao setor financeiro privado nacional e estrangeiro, o estoque da dívida já supera R$ 4,5 trilhões de reais: o volume de títulos da dívida interna emitidos já somam R$3,3 trilhões e a dívida externa bruta supera 554 bilhões de dólares!

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• A análise dos gastos com a dívida não deve ficar restrita aos fabulosos números tanto dos gastos anuais como de seus estoques. É necessário ressaltar que a dívida atual é altamente questionável, pois é produto de inúmeras ilegalidades e ilegitimidades desde a sua origem espúria no período da ditadura militar, até os tempos atuais.

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• Apenas para ilustrar, cabe citar algumas infâmias que impactam a geração de dívida pública:

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• a) taxas de juros absurdas, estabelecidas sob influência de banqueiros, utilizando-se o pretexto de combater uma inflação que nada tem a ver com taxa de juros, mas com a alta de preços administrados pelo próprio governo (como luz, água e combustíveis) e da alta de alimentos, causada por fatores climáticos;

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• b) aplicação de “juros sobre juros”, prática considerada ilegal, conforme Súmula 121 do STF;

• c) aplicação das mais altas taxas de juros do mundo, sem justificativa técnica;

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• d) utilização da dívida interna onerosa para financiar a compra de dólares especulativos que ingressam no país (sob o pretexto de evitar que o Brasil seja atingido por crises internacionais, mas que poderiam ser evitadas por meio do controle de fluxo de capitais), e destinação desses dólares para as reservas internacionais que não rendem quase nada ao país;

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• e) utilização da dívida interna onerosa para financiar questionáveis empréstimos do BNDES a juros subsidiados e prazos a perder de vista para grandes empresas privadas que realizam obras no exterior.

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• Por tudo isso reivindicamos a realização de completa auditoria da dívida pública, tanto interna como externa, desde a sua origem. A contínua destinação de elevados montantes para o pagamento de “amortização” da dívida, suavizados sob o rótulo de “mera rolagem”, assim como dos extorsivos juros desse questionável processo, estão sacrificando a sociedade.

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• Além de arcar com pesada e distorcida carga tributária, a sociedade não recebe os serviços sociais essenciais, como saúde e educação. O país está com seu desenvolvimento socioeconômico travado, a serviço de garantir lucros escorchantes ao sistema financeiro, e apodrecido pela corrupção.

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Obrigado