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DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA TERRA FACULDADE DE CINCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

PROPRIEDADES FSICAS DOS MINERAIS

Ana Maria Castilho Ramos Lopes Coimbra 2002

NDICE

Propriedades Fsicas dos Minerais 1. Cor 2. Risca ou trao 3. Transparncia ou diafanidade 4. Brilho 4.1. Como se deve usar o brilho na identificao dos minerais 4.2.Como se deve determinar o brilho 5. Dureza 5.1.Como se deve determinar a dureza de um mineral 6. Densidade relativa 6.1. Determinao da densidade relativa 6.1.1. Balana de Jolly 7. Hbitos cristalinos 8. Clivagem, fractura e parting 8.1.Clivagem 8.2.Fractura 8.3.Parting 9. Outras propriedades 9.1.Magnetismo 9.2.Reaco a cidos 9.3.Solubilidade 9.4.Odor, sabor e tacto 9.4.1.Odor 9.4.2.Sabor 9.4.3.Tacto Bibliografia 4 6 7 7 10 10 11 11 13 13 13 15 23 23 25 26 27 27 28 28 29 29 29 30 312

PROPRIEDADES FSICAS DOS MINERAISOs minerais s podem ser identificados, sem margem para dvidas, atravs da anlise de raios-X (que determina a sua estrutura) ou da anlise qumica (que determina a sua composio qumica). No entanto, para um coleccionador normal, estes mtodos so bastante onerosos e muitas vezes implicam a destruio do espcimen, pelo que no so usualmente empregues. Felizmente, tanto a estrutura como a composio qumica afectam certas propriedades fsicas dos minerais razo pela qual estas so muitas vezes utilizadas para a sua identificao. Uma propriedade fsica ideal aquela que d apenas um resultado para cada mineral e d sempre o mesmo resultado para todas as amostras desse mesmo mineral, o que muitas vezes no se verifica, pelo que teremos que observar vrias propriedades para podermos efectuar uma identificao correcta. As propriedades fsicas usualmente empregues so as seguintes: exemplo: Magnetismo Reaco a cidos Solubilidade Odor, sabor e tacto Propriedades elctricas e trmicas Radioactividade Fluorescncia, fosforescncia, triboluminescncia e termoluminescncia Cor Trao ou risca Transparncia ou diafanidade Brilho Dureza Densidade Hbito Clivagem e fractura

embora outras propriedades tambm possam ser usadas em casos particulares, como por

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1. COR A cor a primeira propriedade em que reparamos quando olhamos para um mineral. Quando a luz branca (que contm todos os comprimentos de onda do espectro visvel) atravessa um cristal, alguns dos comprimentos de onda podem ser absorvidos enquanto outros so emitidos. Se isto acontecer, a luz que emitida pelo cristal passa a ser colorida. Os elementos que normalmente produzem cor nos minerais so os metais de transio. Quando existem na frmula qumica de um mineral do a cor que o caracteriza - cor idiocromtica como, por exemplo, a cor azul na azurite (Cu), a cor verde na malaquite (Cu) e a cor rosada na rodonite e na rodocrosite (Mn).

Figura 1 AZURITE E MALAQUITE

No entanto, h elementos (Fe, Mn, Cr, Cu, Co, Ni, V, Ti, etc.) que, no fazendo parte da frmula qumica de um mineral, podem fazer variar a sua cor, mesmo quando esto presentes em quantidades nfimas - cor cromfora. Assim, minerais que so brancos ou incolores no seu estado puro, apresentam as mais variadas cores, dependendo de impurezas, incluses ou defeitos estruturais. Um bom exemplo deste tipo de minerais o berilo (figura 2). Consideremos a adio de 1 a 2% das seguintes impurezas e vejamos o resultado: 1. Fe++ - cor azul gua-marinha 2. Fe+++ - cor amarela Heliodoro 3. Mn++ - cor rosada Morganite 4. Mn+++ - cor vermelha Berilo vermelho 5. Cr+++ - cor verde intensa - Esmeralda

4

b

f

e a

c

d

Figura 2 Berilos: Berilo (a); gua-marinha (b); Heliodoro (c); Morganite (d), Berilo vermelho (e); Esmeralda (f). A cor cromfora determinada pelo tipo de impureza, pelo seu estado de oxidao e ainda pelo seu nmero de coordenao. Assim, a mesma impureza (Cr), com o mesma coordenao (Cr com coordenao octadrica rodeado por seis O) em diferentes minerais origina diferentes coloraes: vermelha no rubi; verde na esmeralda; violeta, vermelha ou azul (dependendo do tipo de iluminao) na alexandrite. Alguns tipos de incluses provocam alteraes na cor dos minerais: o quartzo verde causado pela disperso de clorites; a calcite torna-se escura quando tem MnO2 disperso; a cor vermelha pode existir em diversos minerais devido disperso de hematite. Propriedades especiais dos minerais relacionadas com a luz, a temperatura e a electricidade, podem modificar tambm a cor e o aspecto dos minerais (iridescncia, luminesccia, etc.). 5

2. RISCA OU TRAO A risca ou trao a cor do p do mineral. uma propriedade mais constante do que a cor, j que, embora o mesmo mineral possa ter vrias coloraes, o seu trao sempre igual. Este p normalmente obtido por frico numa porcelana no vidrada, para minerais com dureza inferior a 7, o que acontece na grande maioria dos casos. Assim, ao esfregar o mineral na porcelana ele deixa nela um rasto de p (risca ou trao).

Figura 3 Trao de um mineral Para que os tons das diversas riscas se tornem mais visveis deve passar-se o dedo sobre a risca e observar o p que ficou retido no dedo. Um exemplo interessante -nos dado pelos minerais pirite, galena e magnetite. Todos eles apresentam risca preta ou quase preta, no entanto, quando esta observada na mo, verifica-se que o primeiro mineral apresenta risca com tons esverdeados e o segundo com tons cinzento-azulados. O ltimo mineral tem uma risca negra que serve de guia para a observao das outras duas. Existem minerais que apresentam cores semelhantes mas cuja risca to caracterstica que permite quase a sua identificao. Assim, a hematite e a volframite tm cores semelhantes, mas as suas riscas so muito diferentes: a primeira apresenta risca vermelha escura, (cor de sangue seco) e a segunda apresenta risca castanha escura (chocolate). O mesmo acontece com o ouro nativo e a pirite (tambm chamada o ouro dos tolos). Ambos so minerais com brilho metlico e cor amarela dourada, mas as suas riscas so muito diferentes: a pirite apresenta risca negra (com tons esverdeados) enquanto que o ouro apresenta risca amarela. Quando o mineral tem uma dureza superior da porcelana (6) pode dizer-se que o risco incolor, ou, se se quiser obter o seu trao pode friccionar-se com um material mais duro. 6

3. TRANSPARNCIA OU DIAFANIDADE A transparncia depende do modo como a luz interage com a superfcie da substncia. Se a luz atravessa a substncia sem praticamente haver alterao ento a substncia diz-se transparente. Se a luz sofrer alterao e distoro ento diz-se que a substncia translcida. Se a luz no consegue penetrar na superfcie do mineral ento diz-se que este opaco.

a

b

c

Figura 4 Minerais transparentes (a), translcidos (b) e opacos (c). Muitas substncias transparentes podem facilmente ter exemplares translcidos se existirem distores ou defeitos que limitem a viagem do feixe de luz, no entanto, muito raro para um mineral opaco ter exemplares translcidos. 4. BRILHO O brilho de um mineral refere-se ao asspe ctto da ssua ssupe rffciie qua ndo re ffllectte a lluz . a pe c o da ua upe r c e qua ndo re e c e a uz Existem dois tipos de brilhos, me ttllico e no me ttlliico , sem que haja uma separao ntida me ic o no me c o entre eles, (neste caso os minerais com brilho intermdio so designados por ssub--me ttllicos) . ub me ic os) O nome dos diversos tipos de brilhos foi estabelecido por semelhana com substncias conhecidas. Assim: 1. Um mineral que tenha um brilho com aparncia de um metal ter um brriillho me ttlliico . b ho me co Estes minerais so, geralmente, bastante opacos e do riscas muito escuras (pretas ou quase pretas). Galena, pirite e calcopirite so minerais comuns com este tipo de brilho.

Figura 5 Mineral com brilho metlico - pirite. 7

2. Os minerais com briillho no me ttllico so, geralmente, de cor clara, transparentes ou br ho no me ic o translcidos (se no na totalidade da amostra pelo menos em zonas de espessura reduzida), apresentam riscas brancas, incolores ou pouco coloridas, e os seus brilhos so descritos atravs dos seguintes termos: 2.1 Adamantino O brilho do diamante. Excepcional e intenso, tpico de minerais com um ndice de refraco muito elevado. Exemplos muitas pedras preciosas, formas transparentes de cerussite e anglesite, etc.

Figura 6 Mineral com brilho adamantino - anglesite. 2.2 Vtreo O brilho do vidro. muito comum j que 70% de todos os minerais tm um brilho deste tipo. Exemplos quartzo, turmalina, etc.

Figura 7 Mineral com brilho vtreo - ametista. 2.3 Resinoso O brilho da resina. muito comum em minerais de cor amarela , castanha ou cor-de-laranja, com ndices de refraco intermdios. tambm semelhante ao brilho do mel. Exemplos esfarelite, enxofre, etc.

Figura 8 Mineral com brilho resinoso - enxofre. 8

2.4 Nacarado O brilho das conchas (ncar). Iridescente e semelhante ao brilho das prolas, usualmente observado em superfcies paralelas aos planos de clivagem. Exemplos micas, planos basais de talco e apofilite, etc.

Figura 9 Mineral com brilho nacarado - apofilite . 2.5 Sedoso O brilho da seda. causado pela reflexo da luz em finos agregados fibrosos. Exemplos gesso fibroso, malaquite, serpentina (cristilo) e o produto da silicificao e oxidao de crocidolite, geralmente conhecido como olho-de-tigre, etc.

Figura 10 Mineral com brilho sedoso - artinite. 2.6 Gorduroso ou oleoso O brilho dos leos e gorduras. como se o mineral estivesse recoberto com uma fina camada de leo, e resulta, normalmente, de superfcies microscopicamente rugosas. Exemplos Nefelina, algumas espcies de esfarelite, quartzo macio, etc.

Figura 11 Mineral com brilho gorduroso - calcednia. 9

2.7 Ceroso O brilho da cera como se o mineral estivesse encerado.

Figura 12 Mineral com brilho ceroso - turquesa. 2.8 Terroso ou bao O brilho da terra. Este brilho define minerais com ms qualidades reflectivas, semelhantes a porcelana no polida. Muitos minerais com este brilho tm superfcies rugosas ou porosas. Exemplos argilas, limonite, etc.

Figura 13 Mineral com brilho bao ilite. 4.1 Como se deve usar o brilho na identificao de minerais Depende do observador definir se o mineral tem um brilho que se pode comparar com os brilhos apresentados. Esta propriedade s importante quando o mineral em questo apresenta um brilho especial - os minerais com brilho vtreo no podem ser distinguidos por esta propriedade, assim como os minerais com brilho metlico. 4.2 Como se deve determinar o brilho Deve observar-se o brilho em superfcies limpas e frescas, sem polimento ou proteco, expondo-a incidncia de luz e observando a luz reflectida. Em seguida, deve classificar-se de acordo com os brilhos apresentados anteriormente. 10

5. DUREZA A dureza uma medida da resistncia da estrutura de um mineral, relativamente resistncia das suas ligaes qumicas. Minerais com pequenos tomos, fortemente empacotados por ligaes covalentes, tm tendncia para serem os mais duros, enquanto que, os minerais menos duros apresentam frequentemente ligaes inicas ou ainda mais fracas, como as ligaes por foras de Van der Walls. Esta uma das melhores propriedades usadas na identificao de minerais devido sua constncia dentro da mesma substncia. Durezas menores do que as tabeladas podero ser encontradas, caso o mineral seja impuro, esteja mal cristalizado ou seja constitudo por um agregado em vez de um mineral apenas, mas so muito raras. Em termos prticos, a dureza a resistncia que o mineral oferece a ser riscado (desgastado) por outro. O seu grau (1 a 10) determinado atravs da comparao com uma escala, criada em 1824 pelo mineralogista austraco Friedrich Mohs. Esta escala Escala de Dureza de Mohs constituda por 10 minerais com durezas crescente a que Mohs atribuiu os seguintes graus: Talco 1 Ortoclase 6 Ge sso 2 Qua rtz o 7 Calcite 3 Topz io 8 Fluo rite 4 Corindo 9 Apatite 5 Dia ma nte 10

5.1 Como se deve determinar a dureza de um mineral A dureza determinada riscando um mineral com dureza conhecida num outro desconhecido. O mineral que tiver uma dureza menor fica reduzido a p, restando um sulco no seu lugar.

Figura 14 Determinao da dureza de um mineral atravs do mtodo expedito. 11

Em termos prticos: 1 - Devemos fazer uma tentativa prvia, usando utenslios comuns com dureza conhecida, antes de experimentarmos os termos da Escala de Mohs. Esta escala, normalmente chamada expedita, tem vrios objectos entre os quais: Unha 2 - 2,5 Alfinete ou moeda de cobre 3 - 3.5 Prego 4 - 4.5 Lmina de ao 5 - 5.5 Porcelana - 6 6.5 Vidro 5.5 - 6.5

Assim, poderemos saber facilmente qual a dureza aproximada do mineral e, s depois, utilizar a Escala de Mohs para a determinar com mais preciso. 2 - Aps o conhecimento da dureza aproximada iremos utilizar o termo da escala de Mohs mais prximo e efectuar o teste de dureza. Se o mineral desconhecido (A) for riscado (reduzido a p) pelo mineral da escala (B), ento porque a sua dureza (A) inferior. do mineral da escala (B), e vice-versa. Se ambos os minerais se riscarem mutuamente ento tm dureza idntica. 3 - Se o mineral tem uma dureza superior a um determinado termo da escala de Mohs e inferior ao termo seguinte, diz-se que tem uma dureza equivalente ao meio do intervalo. Exemplo: se um mineral riscado pela calcite (3) e risca o gesso(2), ento ele ter uma dureza igual a 2,5. 3 - Certos minerais tm tendncia para partir em finas placas, gros, ou so pulverulentos, parecendo muito menos duros do que so na realidade. aconselhvel trocar a posio dos minerais e repetir o teste para confirmar a dureza obtida no primeiro teste. Assim, deveremos tentar riscar A com B e B com A, para confirmar o resultado. 4 - A viso um sentido que nos pode ajudar, mas que nos pode induzir em erro. Assim, aconselhvel, para subtrair os efeitos subjectivos deste sentido, usar outros sentidos como a audio e o tacto. 12

6. DENSIDADE RELATIVA O peso especfico, ou densidade relativa, exprimem a relao entre o peso da substncia e o peso de igual volume de gua a 4C. Assim, se um mineral tiver uma densidade relativa igual a 2, isso quer dizer que ele tem uma densidade igual ao dobro da densidade da gua. Esta quantidade depende do tipo de tomos que compem a substncia e do modo como estes esto empacotados. Para igual empacotamento, ento a substncia ser tanto mais densa quanto mais pesados forem os tomos que a compem, e, para o mesmo tipo de tomos, a substncia ser tanto mais densa quanto maior for o seu empacotamento. 6.1 Determinao da densidade relativa Algumas pessoas muito experimentadas adquirem uma sensibilidade tal que lhes permite estimar, com bastante certeza, a densidade relativa de um mineral. No entanto, a maioria das determinaes da densidade relativa feita com auxlio de alguns aparelhos, sendo os mais usados: a balana de Jolly e o picnmetro. 6.1.1. Balana de Jolly Uma vez que a densidade relativa a medida de um quociente, no necessrio medir valores absolutos, mas apenas estabelecer a relao entre os pesos no ar e na gua, de uma determinada substncia. Isto pode ser facilmente efectuado com uma balana de Jolly., determinando os deslocamentos de uma mola em espiral, na extremidade da qual esto colocados: uma marca, e uma sequncia de dois pratos de suporte. O prato colocado superiormente dever ficar no ar, ficando o ltimo prato completamente imerso em gua desmineralizada, contida num copo. Ambos devem ficar livres para executar movimentos. Os deslocamentos da mola so lidos numa escala colocada num espelho. Deve fazer-se a coincidncia da marca com a sua imagem no espelho, lendo depois o valor na escala graduada. Escolhe-se um pequeno pedao de um mineral, devendo ser homogneo e livre de impurezas ou fendas. O tamanho dever ser tal que seja pouco afectado pela tenso superficial e temperatura da gua (um volume com cerca de 1 cm3).

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Figura 15 Balana de Jolly

Fazem-se ento as seguintes leituras: L1: valor da marca com a balana vazia; L2: valor da marca com o mineral colocado no ar (no primeiro prato); L3: valor da marca com o mineral colocado na gua (no segundo prato). A densidade relativa calculada atravs da seguinte frmula:

D=

L2 L1 L2 L3

(6.1.2.1)

A densidade relativa uma das propriedades mais importantes na identificao de minerais j que bastante constante. Para os minerais no-metlicos os valores variam entre 1 e mais de 10, situando-se a mdia entre 2.5 e 3. Os minerais metlicos so geralmente mais densos, variando entre 1 e mais de 20 (platina) e situando-se a mdia entre 4 e 5.

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7. HBITOS CRISTALINOS Como complemento cristalografia formal (com recurso aos sistemas cristalinos), foi desenvolvida uma terminologia especfica no sentido de descrever minerais e agregados de minerais. Os minerais podem apresentar, ou no apresentar, faces cristalinas dependendo das condies de formao e crescimento (figura 16). As amostras que apresentam faces cristalinas bem formadas so eudricas e as que no apresentam nenhuma face so

andricas. Se apenas se encontram algumas faces, ento diz-se que a amostra subdrica.

(a)

(b)

(c)

Figura 16 Grau de desenvolvimento de faces cristalinas (a) Eudrica. (b) Subdrica. (c) Andrica. Adaptado de Nesse, 1999.

A terminologia usada para descrever as dimenses relativas de cristais individuais ou de gros de minerais a apresentada na figura 17. Cristais isomtricos (ou regulares, equant) tm igual comprimento, largura e altura. Considerando o alongamento dos cristais a relao entre a altura e a base, ento usaremos os termos prismtico (ou colunar alongado), acicular e fibroso (filiforme ou capilar) medida que o alongamento aumenta. Se considerarmos o achatamento dos cristais como a relao entre a base e a altura, ento teremos os termos colunar curto (em bastonete, stubby colunar), planar (em placas, platy) e micceo (em escamas, scaly) medida que o achatamento aumenta. Ao variarem estas duas quantidades ento teremos, para alongamentos a achatamentos cada vez maiores, os termos tabular (em forma de livro) e lamelar (ou laminar, bladed, em forma de lmina). 15

Maior AlongamentoFibroso

Maior achatamento

Prismtico Isomtrico

Acicular

Colunar achatado

Tabular Lamelar

Planar

Micceo

Figura 17 Hbitos de cristais ou gros individuais de minerais em funo das suas dimenses relativas, segundo Nesse (1999).

Quando os minerais cristalizam normalmente no esto sozinhos. O aspecto que os agrupamentos de minerais podem assumir so os mais variados, sendo os mais comuns designados do seguinte modo (figuras 18 a 32): 1. Minerais isomtricos formam uma tpica textura granular.

Figura 18 Agrupamento granular de tefrote. 2. Minerais alongados podem dispor-se paralelamente, irradiarem de um centro, ou entrecruzarem-se em rede, formando assim agregados paralelos, radiantes, ou reticulares, respectivamente. 16

Figura 19 Agrupamento paralelo de cristais aciculares de antimonite.

Figura 20 Agrupamento paralelo de cristais fibrosos de cristilo.

Figura 21 Cristais filiformes de mixite formando um agregado radiante.

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Figura 22 Cristais aciculares de pirofilite formando um agregado radiante

Figura 23 Barite em agregado reticular. 18

3. Minerais achatados, ou micceos, que crescem paralelamente formam agrupamentos foliados, enquanto que os que irradiam de um centro se chamam plumosos.

Figura 24 - Agrupamento foliado de moscovite. 4. Os grupos de cristais bastante bem formados que atapetam superfcies planas designam-se por drusas (drusy), enquanto que, os que forram concavidades tomam o nome de geodes.

Figura 25 Drusa de quartzo.

Figura 26 Geode de quatzo ametista.

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5. Quando circunstncias exteriores vm perturbar a cristalizao, ou quando esta se faz em torno de numerosos germens cristalinos, resultam agrupamentos constitudos com forma muito imperfeita ou mesmo sem forma, de dimenses muito pequenas, que se apresentam vista desarmada como um todo macio, compacto ou homogneo.

Figura 27 Purpurite macia ou compacta.

6. As massas minerais com estrutura concrecionada e com forma individual arredondada (massas coloformes) podem assumir, externamente, aspectos variados: 6.1. se so aproximadamente esfricas e bem individualizadas, podem ser, genericamente, chamadas de globulares;

Figura 28 Massa globular de okenite .

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6.2. podem ainda ser pisolticas ou oolticas, se so parecidas com um grupo de ervilhas ou de ovas de peixe, respectivamente;

Figura 29 Bauxite com pislitos e olitos.. 6.3. se tm a forma de um rim, chamam-se reniformes; 6.4. se fazem lembrar um cacho de uvas, tm o nome de botriides;

Figura 30 Hematite botriide. 6.5. se apresentam tamanho considervel e se assemelham com as glndulas mamrias, so chamadas de mamilares;

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6.6. se a deposio da substncia mineral se efectua ao longo de um eixo, as concrees da resultantes tm o nome genrico de cilindrides, tomando a designao especial de estalactticas quando so cilindrocnicas e pendentes.

Figura 31 Goetite estalacttica. 7. Certos aglomerados cristalinos incrustam rochas ou outras massas minerais, assumindo nelas o aspecto de arborizaes. Estes agrupamentos minerais designam-se por dendrticos (de dendritis ramificao).

Figura 32 Dendrites de psilomelana. 22

8. CLIVAGEM, FRACTURA E PARTING

8.1. Clivagem Muitos minerais possuem determinados planos cristalogrficos nos quais as ligaes qumicas so mais fracas. Estes planos de fraqueza segundo os quais os minerais costumam partir chamam-se planos de clivagem ou clivagens. As clivagens so descritas em termos da sua forma cristalina, no precisando de corresponder s faces externas do cristal (a calcite apresenta cristais hexagonais e clivagem rombodrica (figura 32), a fluorite apresenta cristais cbicos e clivagem octadrica, etc.). tambm necessrio referir o nmero de sistemas de clivagem existentes, identificados pelos seus ndices de Miller (se possvel), bem como, os ngulos que fazem entre si.

a

b

Figura 33 Calcite com os planos de clivagem bem visveis (a) e (b).

Para alm da descrio da forma das clivagens estas tambm devero ser descritas em termos de qualidade, referindo tanto a facilidade de clivagem de um mineral, como a perfeio da superfcie que da resulta. Assim, teremos clivagens: muito perfeitas (perfect) se o mineral cliva facilmente, em superfcies continuamente planas, que reflectem bem a luz; perfeitas (good) a clivagem relativamente fcil de conseguir, mas podem encontrar-se interrompidas por fracturas, sendo as superfcies menos contnuas; distintas (distinct ou fair) e indistintas (ou imperfeitas) (indistinct ou poor) - so termos que revelam clivagens cada vez mais difceis de conseguir e com superfcies menos desenvolvidas.

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Figura 34 Clivagem muito perfeita em flogopite (1 plano)

Figura 35 Clivagem rombodrica em rodocrosite (3 planos)

Figura 36 Dois sistemas de clivagem em blenda (de um total de 6) 24

8.2. Fractura Um determinado mineral pode ser incapaz de partir ao longo de planos definidos quando sujeito a choque. Neste caso, formam-se superfcies de fractura sem controlo cristalino, sendo descritas pelos seguintes termos, ordenados no sentido do aumento da rugosidade das superfcies: concoidal superfcies curvas suaves, com formato semelhante ao de conchas.; irregular ou desigual superfcies rugosas ou irregulares; serrilhada ou indentada superfcies com irregularidades

semelhantes a dentes de uma serra; estilhaada ou lascada semelhante a uma extremidade de madeira partida. Embora as fractura no tenham controlo cristalino, a sua natureza e aspecto muitas vezes caracterstico de certos minerais.

Figura 37 Fracturas concoidais em olivina (ao microscpio petrogrfico em XPL).

Figura 38 Fracturas estilhaadas em cristilo. 25

8.3. Parting

O parting parecido com a clivagem j que o mineral parte ao longo de superfcies aproximadamente planas e suaves, mas a sua causa reside em descontinuidades discretas e no em planos de fraqueza da estrutura do cristal. As descontinuidades que mais facilmente originam parting so os planos de macla e as lamelas de exsoluo planas. muito comum observar parting em minerais com maclas polissintticas, mas a espessura entre duas superfcies de parting no pode ser menor do que o espaamento entre os planos de macla. Em condies apropriadas de arrefecimento lento possvel que cristais, originalmente homogneos, se separem formando lamelas de exsoluo aproximadamente planas. Nestes casos, as separaes entre lamelas e mineral hospedeiro podem constituir planos de fraqueza, que provoquem parting. O parting descrito do mesmo modo que as clivagens: os ndices de Miller especificam a sua forma e os termos, perfeito a indistinto, a sua qualidade; no entanto, ao contrrio da clivagem, o parting pode no existir em todos os exemplares de um mineral, mas apenas naqueles em que exista a descontinuidade por ele responsvel.

Figura 39 Parting basal em turmalina.

Figura 40 Parting basal em hiperstena

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9. OUTRAS PROPRIEDADES 9.1. Magnetismo O magnetismo ocorre quando no existe um balano no arranjo estrutural dos ies de ferro. O ferro pode ser encontrado em dois estados de oxidao principais: ferroso (Fe2+) e frrico (Fe3+). Os dois ies tm diferentes raios atmicos. Devido maior carga positiva do io frrico os electres so atrados mais fortemente para o ncleo, o que provoca uma diminuio da zona onde estes se podem mover. Este facto conduz a que os diferentes ies possam ser colocados em diferentes locais na estrutura dos cristais, e os electres que se movimentam, dos ies ferrosos para os ies frricos mais carregados, criam um ligeiro campo magntico. A intensidade do campo magntico criado por este tipo de minerais pode variar desde uma ligeira mudana da direco da agulha de uma bssola at capacidade de atrair pregos ou outros objectos metlicos ( vide figura 41).

Figura 41 Demonstrao das propriedades magnticas da magnetite. O magnetismo pode no ser uma propriedade fidedigna, uma vez que alguns exemplares podem no a demonstrar. Mas, quando existe limita muito as hipteses de identificao. A agulha de uma bssola ou um man podem ser usados para testar o magnetismo existente nos minerais. Estes so alguns exemplos de minerais magnticos: Babingtonite (m. fraco) Cromite (m. fraco) Ilmenite (m. fraco, aquecida) Magnetite (m. forte) Magmemite (m. forte) Platina (m. fraco) Pirrotite (m. por vezes forte) Siderite (m. fraco, aquecida) Tantalite (m. fraco)

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9.2. Reaco a cidos O modo como os minerais reagem aos cidos uma propriedade importante, j que todos os minerais que so afectados por cidos so carbonatos ou minerais que tm na sua composio ies carbonato. A reaco para a calcite a seguinte: CaCO 3 + 2H+ Ca2+ + H2O + CO 2(g)

O dixido de carbono (CO 2) libertado sob forma de bolhas (efervescncia ou reaco ao cido) e o clcio dissolve-se na gua. O teste usualmente feito com cido clordrico ou actico diludos, mas, to importante como a reaco aos cidos o modo como essa reaco se processa. A calcite e a aragonite, os carbonatos mais comuns, reagem fortemente a um cido frio e a reaco muitas vezes acompanhada de um rudo semelhante a fizzzz, enquanto que, para a dolomite e outros carbonatos a reaco menos vigorosa e pode at s acontecer quando o cido aquecido ou os minerais so reduzidos a p ou mesmo dissolvidos previamente.

Figura 42 Reaco aos cidos. 9.3. Solubilidade Numa certa medida todos os minerais se dissolvem na gua, pelo menos parcialmente. No entanto, a extenso e rapidez desta reaco , na maioria dos casos, to diminuta que torna impossvel a sua deteco. Assim, os minerais considerados solveis so muito poucos. O mineral solvel mais conhecido a halite (NaCl), mas os nitratos, os boratos, alguns carbonatos, sulfatos e fosfatos tambm o so. Chama-se a ateno para o facto de poder haver a destruio do espcimen quando se tenta testar esta propriedade, pelo que dever ser escolhido um pequeno fragmento para este efeito. 28

9.4. Odor, sabor e tacto Quando se efectua uma identificao de um mineral podem usar-se todos os sentidos. A viso ser o mais utilizado, mas tambm j vimos que a audio pode ajudar a testar algumas propriedades como a dureza, a reaco aos cidos e outras propriedades mais raras como a crepitao, etc. 9.4.1. Odor Alguns minerais tm odores particulares, mas normalmente no so muito evidentes, a no ser que o mineral tenha sido friccionado, percutido ou partido recentemente. O mineral mais conhecido por esta propriedade o enxofre, mas os sulfuretos os minerais que contm arsnico e as argilas tambm tm cheiros prprios. O cheiro a enxofre detectado, tanto neste mineral como nos sulfuretos, devido formao de dixido de enxofre (SO2). Os minerais com arsnico, como a arsenopirite, quando percutidos ou friccionados do um cheiro a alho caracterstico deste elemento venenoso. Os minerais argilosos, quando molhados, apresentam um cheiro a terra que caracterstico. 9.4.2. Sabor O sabor , provavelmente, a ltima propriedade associada aos minerais, no entanto, esta pode constituir a chave da identificao em alguns casos.

Figura 43 O sabor dos minerais. 29

O mineral mais facilmente associado a um sabor a halite (ou sal-gema), que tem um sabor salgado, mas existem outros minerais com sabores caractersticos. A melhor maneira de testar o sabor molhar um dedo, coloc-lo sobre o mineral e depois levar o dedo ligeiramente boca, uma vez que alguns dos minerais com sabor podem ser venenosos e no convm ingerir uma quantidade elevada. Alguns minerais tm sabores to distintos que no podero ser descritos, a no ser em termos gerais, no entanto a prtica facilitar a identificao. Eis a lista de alguns dos sulfatos, halogenetos e boratos, com os respectivos sabores:

Brax doce e alcalino Epsonite amargo Glauberite salgado e amargo

Halite salgado Melanterite doce, adstringente e metlico Ulexite - alcalino

9.4.3. Tacto Minerais h que tm um tacto distintivo, o que pode ser usado, em caso de dvida, na sua identificao. A molibdenite, a grafite, a serpentina e o talco so geralmente macios e gordurosos quando se tocam; alguns metais, como o cobre, so speros devido existncia de pequenas irregularidades na superfcie, etc. Por vezes o tacto pode permitir a identificao, mas como uma propriedade muito subjectiva e difcil de descrever, muitas vezes impossvel dizer a algum como suposto sentir um determinado mineral. Assim, a melhor maneira de resolver este problema meter literalmente mos obra.

Figura 44 Os minerais tambm se sentem. 30

BIBLIOGRAFIA:

Cornelis, K. & Cornelis, S.H. Jr. (1993). Manual of Mineralogy (after James D. Dana). (21st edition). New York: John Wiley & Sons, Inc.

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