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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO E TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO – GESTEC MESTRADO PROFISSIONAL – ÁREA 01 ROSANY KÁTIA VILASBOAS MOREIRA SILVA Conselho Escolar nos Centros de Educação Profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação Salvador (BA) 2013

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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO E TECNOLOGIAS

APLICADAS À EDUCAÇÃO – GESTEC MESTRADO PROFISSIONAL – ÁREA 01

ROSANY KÁTIA VILASBOAS MOREIRA SILVA

Conselho Escolar nos Centros de Educação Profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação

Salvador (BA)

2013

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ROSANY KÁTIA VILASBOAS MOREIRA SILVA

Conselho Escolar nos Centros de Educação Profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, como requisito para obtenção do título de Mestra em Gestão e Tecnologia Aplicadas à Educação.

Orientadora: Profª Drª. Jaci Maria Menezes

Salvador (BA)

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA Sistema de Bibliotecas da UNEB

Bibliotecária: Jacira Almeida Mendes – CRB: 5/592

Silva, Rosany Kátia Vilasboas Moreira

Conselho escolar nos centros de educação profissional da Bahia: representatividade e

desafios de atuação / Rosany Kátia Vilasboas Moreira Silva .- Salvador, 2013.

81f.

Orientadora: Jaci Maria Menezes .

Dissertação ( Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de

Educação.GESTEC. Campus I.2013.

Contém referências.

1. Ensino profissional - Bahia. 2. Educação - Orientação profissional. 3. Escolas - Organização e

administração. 4. Gestão democrática. I. Menezes, Jaci Maria. II. Universidade do Estado da

Bahia, Departamento de Educação.

CDD: 374.013

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Dedico esta Dissertação aos meus filhos, meu esposo e meus pais pela compreensão de que minha ausência em suas vidas em alguns momentos foi essencial para o

aprimoramento de meus conhecimentos.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela força dada na concretização deste sonho. Aos meus filhos Pablo Max e Cláudio Roberto pela energia que deu forças para o cumprimento de mais esta etapa em minha vida. Ao meu esposo Roberto pelo apoio incondicional na realização deste curso, inclusive impedindo a minha desistência em momentos de fraqueza. Aos meus pais Damião e Maria Carmélia pela torcida e por acreditarem em minha capacidade. À minha orientadora Profª Drª. Jaci Maria Menezes pela serenidade com que orientou a elaboração deste trabalho, transmitindo força e paz. Ao Prof. Dr. Frederico Fonseca da Silva, do IFPR, pelas orientações e esforço em acompanhar a produção desta Dissertação mesmo tão distante fisicamente. Ao Prof. Dr. Ivan Novaes e demais professores do Mestrado GESTEC pela amizade e por contribuírem para minha formação acadêmica. Aos funcionários da Secretaria do GESTEC pelos bons serviços prestados. Aos meus colegas do Mestrado pelo companheirismo, em especial a Rita de Cássia com quem dividia a angústia de morar no interior e estudar na capital da Bahia. Às minhas colegas Jaguaracyra, Jeovângela e Magna pela compreensão demonstrada durante minhas ausências do trabalho para estudo. Aos professores e funcionários do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão Produtivo que compartilharam comigo esta vitória, em especial a Nadir Maria de Souza. À DIREC 24 e a SUPROF pelo apoio. Aos familiares e amigos que sempre me incentivaram e apoiaram nesta jornada.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEDETER Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial

CEEP Centro Estadual de Educação Profissional

CETEP Centro Territorial de Educação Profissional

CODESP Conselho de Desenvolvimento do Território de Identidade Sertão Produtivo

CODETER Colegiado de Desenvolvimento Territorial

DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos

DIREC Diretoria Regional de Educação

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Indice de Desenvolvimento Humano

INEP Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

NEAD Núcleo de Ensino a Distância

ONG Organização Não Governamental

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SUPROF Superintendência de Educação Profissional da Bahia

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E IMAGENS

Figura 1 Municípios com oferta direta da educação profissional na Bahia 2007-2013, Superintendência de Educação Profissional do Estado da Bahia (SUPROF), 2013. Disponível em http://educacaoprofissionaldabahia.blogspot.com.br/p/rede-de-educacao-profissional-da-bahia.html, acesso em 28 de maio de 2013........................................................................ 24

Figura 2 Regiões Administrativas da Bahia, Superintendência de

Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 1973. Disponível em www.sei.ba.gov.br, acesso em 22 de fevereiro de 2013.................................................................. 30

Quadro 1 Territórios de Identidade da Bahia, Conselho Estadual de

Desenvolvimento Territorial (CEDETER), 2011. Disponível em http://www.seplan.ba.gov.br, acesso em 23 de abril de 2013..................................................................................... 32-34

Figura 3 Região Semiárida do Estado da Bahia (Superintendência

de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 2005, Disponível em www.sei.ba.gov.br, acesso em 24 de abril de 2013................................................................................. 36

Figura 4 Territórios de Identidade da Bahia, Conselho Estadual de

Desenvolvimento Territorial (CEDETER), 2011. Disponível em http://www.seplan.ba.gov.br, acesso em 23 de abril de 2013...................................................................................... 37

Figura 5 Território de Identidade Sertão Produtivo ( BAHIA, 2007).

Disponível em www.sei.ba.gov.br, acesso em 24 de abril de 2013......................................................................................... 39

Quadro 2 Exemplo de composição do Conselho Escolar, segundo

critérios do Decreto Nº 11.355/2008..................................... 65

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RESUMO

Os Centros de Educação Profissional da Bahia são unidades de ensino

integrantes da Rede Estadual de Ensino, criadas para ofertar educação

profissional, sob as diversas formas de articulação, em consonância com a

demanda socioeconômica e ambiental do Território de Identidade em que estão

inseridos. Possuem estrutura administrativa específica e conselho escolar com

representação da comunidade escolar, sociedade civil e poder público, tendo

como função garantir o exercício democrático da gestão e a comunicação com

representantes do mundo do trabalho.

No entanto, a diversidade de representação no conselho escolar que

deveria funcionar como marco regulatório da educação profissional nos

Centros tem encontrado entraves de ordem administrativa e operacional que

comprometem o exercício da gestão democrática. Problemas como: a falta de

normatização do processo de constituição dos conselhos escolares; a

incompatibilidade entre a distribuição administrativa dos órgãos estaduais e a

divisão da Bahia em Territórios de Identidade; a falta de articulação entre a

proposta de desenvolvimento dos Territórios de Identidade e a prática

pedagógica dos Centros de Educação Profissional, entre outros fatores, tem

dificultado a expansão da educação profissional com garantia de qualidade no

Estado da Bahia.

Este estudo propõe estratégias para o funcionamento do conselho

escolar nos Centros de Educação Profissional a partir da implantação de

Câmaras Setoriais que minimizem as dificuldades e possibilitem a atuação dos

conselheiros de maneira democrática, garantindo o princípio da

representatividade.

Palavras Chave: Educação Profissional; Territórios de Identidade; Conselho Escolar.

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ABSTRACT

The Professional education centers in Bahia teaching units are members

of the State schools, created to offer professional education, under the various

forms of articulation, in line with the socioeconomic and environmental demands

of the territory of Identity into which they are inserted. Have specific

administrative structure and school board with representation of the school

community, civil society and public authorities, having as function ensure the

democratic exercise of management and communication with representatives of

the world of work.

However, the diversity of representation on the School Board that should

act as a regulatory framework of professional education at the centers have

found administrative and operational barriers that impair the exercise of

democratic management. Problems such as: the lack of standardization of the

process of Constitution of the school boards; the mismatch between the

distribution of State organs and administrative division of Bahia in Territories of

identity; the lack of articulation between the proposed development of the

territories and the pedagogical practice of Professional education centers,

among other factors, has hampered the expansion of professional education

with quality assurance in the State of Bahia.

This study proposes strategies for the operation of the School Board in

Professional Education centres from the deployment of industry chambers

which minimize the difficulties and facilitate the work of councillors of

democratic manner, ensuring the principle of representativeness.

Keywords: Professional Education; Territories of identity; School Board.

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SUMÀRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................... 10

1 A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA BAHIA................... 17

1.1 O Plano de Educação Profissional da Bahia............................................. 23

2 A TERRITORIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA BAHIA.. 28

2.1 Caracterização do Território de Identidade Sertão Produtivo.................... 35

2.2 A criação dos Centros de Educação Profissional e suas estruturas administrativas........................................................................................... 44

3 O MODELO DE GESTÃO NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL........................................................................................ 48

3.1 A gênese da gestão democrática e a mudança no perfil do gestor........... 49

3.2 Os desafios da gestão democrática na educação profissional da Bahia... 61

4 O CONSELHO ESCOLAR NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: MECANISMO DE GESTÃO PARTICIPATIVA.............. 64

4.1 A inserção do mundo do trabalho e do poder público no Conselho

Escolar dos Centros de Educação Profissional......................................... 67

4.2 A ampliação do conselho escolar e o desafio da representatividade........ 70

4.3 Conselho Escolar dos Centros de Educação Profissional: indefinições e possibilidades de atuação.......................................................................... 72

5 PLANO DE INTERVENÇÃO (PRODUTO)................................................ 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 79

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 81

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INTRODUÇÃO

A questão motivadora deste trabalho científico teve sua origem na

experiência da autora, que participou do processo de criação dos Centros de

Educação Profissional na Bahia, em 2009, como gestora do Centro Territorial

de Educação Profissional do Sertão Produtivo.

Em agosto de 2008, no auditório do então Colégio Modelo Luís Eduardo

Magalhães, no município de Caetité (BA), participou do Seminário “Educação

Profissional: Desenvolvimento Sustentável no Território Sertão Produtivo”,

promovido pela Secretaria da Educação do Estado, pela Superintendência de

Educação Profissional e pela Diretoria Regional de Educação.

Neste evento, foi discutida a possibilidade de implantação da educação

profissional no Território de Identidade Sertão Produtivo, a partir da

transformação deste Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, escola de

ensino médio pertencente à Rede Estadual de Ensino. Esta Unidade de Ensino

foi escolhida entre as demais para ofertar a nova modalidade de ensino por

apresentar uma boa estrutura física, professores especialistas na área de

atuação e boa localização.

Naquele mesmo ano teve início o processo eleitoral para escolha dos

dirigentes escolares estaduais e, após participar do Curso de Formação de

Gestores Escolares, ofertado pela Universidade do Estado da Bahia (NEAD) foi

criada a chapa adversária à candidata do diretor na época.

Como vice-diretoras nesta candidatura foram eleitas Waldirene Magna

Guimarães Pimentel Marques e Jeovângela de Matos Rosa Ribeiro e, como

diretora, a autora deste trabalho científico.

A vice-diretora Jaguaracyra da Silva Soares Pereira foi escolhida pelos

membros do Colegiado Escolar para complementar a equipe gestora eleita no

mandato de 2009 a 2012.

Com uma aprovação de 98% da comunidade escolar, a nova gestão

participou intensamente do processo de transformação da escola em Centro

Territorial, ocorrido oficialmente em 2009.

Desde então, o envolvimento desta pesquisadora com o tema educação

profissional tem direcionado sua vida profissional e seus estudos.

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Tendo participado do I Fórum Mundial de Educação Profissional e

Tecnológica, em Brasília (DF), no ano de 2009 e de todos os fóruns,

conferências e seminários organizados pela Rede Estadual de Ensino da

Bahia, a autora adquiriu subsídios a serem utilizados nesta pesquisa científica.

Permanecendo até a presente data como gestora da referida instituição

de ensino, em seu segundo mandato eleitoral (2012-2014), acompanha a

expansão da educação profissional no Estado da Bahia a partir da implantação

dos 32 Centros Territoriais.

Estes são unidades de ensino que ofertam exclusivamente a educação

profissional, integrada ao ensino médio ou sob as diversas formas de

articulação, e possuem uma estrutura administrativa própria regulamentada

pelo Decreto nº 11.355/2008 (BAHIA, 2008c), que trata da instituição dos

Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional no âmbito do

Sistema Público Estadual de Ensino do Estado da Bahia, dispõe sobre a

criação do Conselho e dá outras providências.

Este Decreto Estadual, publicado em 04 de dezembro de 2008,

reestrutura e amplia a oferta da educação profissional no âmbito do Sistema

Público Estadual de Ensino para o desenvolvimento socioeconômico e

ambiental do Estado da Bahia. Em seu Artigo 3º determina o exercício da

gestão democrática nos Centros Estaduais e Territoriais de Educação

Profissional com a constituição do conselho escolar formado pela

representação da comunidade escolar (alunos, professores, direção da escola,

funcionários e pais de alunos ou responsáveis), de entidades representativas

do mundo do trabalho (trabalhadores, empresários) e do poder público atuante

dentro do Território de Identidade em que está inserida a escola.

De acordo com o mesmo decreto, este conselho escolar é um órgão

colegiado de caráter deliberativo, consultivo, avaliativo e mobilizador das

questões pedagógicas, administrativas e financeiras dos Centros de Educação

Profissional.

Composto por 27 membros, este conselho escolar tem o objetivo de

ampliar e garantir a participação da comunidade, visando a qualidade dos

cursos ofertados e o fortalecimento do projeto político-pedagógico

desenvolvido, assegurada a participação paritária de todos os segmentos

(BAHIA, 2008c). Deve ser um espaço de diálogo direto entre os atores

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envolvidos na educação profissional, o empresariado, os trabalhadores, o

poder público e os movimentos sociais organizados, entre outros. Missão

nobre, porém árdua, se for considerada a abrangência de representatividade

na constituição do conselho escolar dos Centros de Educação Profissional.

Baseado em princípios e valores como equidade, legalidade,

assiduidade, representatividade, seriedade, democracia e compromisso este

conselho escolar deve assegurar o exercício da gestão democrática nos

Centros de Educação Profissional sob a ótica do compartilhamento de poder do

acesso às informações e da socialização de decisões. Ou seja, as decisões

tomadas pelo grupo de conselheiros passam a constituir, após a discussão e

votação, a expressão da vontade do órgão, como um todo.

Mas, como garantir a equidade de representação, a certeza da

representatividade de cada segmento incluso e o fiel exercício da democracia

num coletivo tão grande e diverso como o que constitui o Território de

Identidade Sertão Produtivo? Não bastasse a grande extensão física, vem o

emaranhado de interesses que envolvem a instituição de ensino em questão, a

dispersão característica do poder público e o não alinhamento filosófico entre

empresários e trabalhadores. Tudo isto dificulta a formação de consensos em

torno de um mesmo objetivo mesmo que este esteja relacionado com a

proposta de desenvolvimento de seu território. Aglomerar distintos propósitos

em torno da melhoria e expansão da educação profissional a partir das

decisões tomadas no conselho escolar do Centro de Educação Profissional é

algo desafiador.

O presente trabalho fundamenta-se na concepção de conselho escolar

como um mecanismo com funções próprias que possuem diversas

potencialidades, mas as dificuldades de constituição e manutenção criam

limites para sua atuação ao ponto de transformá-los em auxiliares da gestão

escolar.

Na verdade, este conselho escolar deve ser o próprio órgão de gestão e

não um complemento que apenas valida ou não as decisões da equipe

gestora. O diálogo entre os membros do conselho escolar precisa subsidiar o

planejamento das ações, o que geralmente é feito pela diretoria da escola.

Pois, como afirmam Habermas (1986) e Paro (1992), a efetivação da gestão

democrática passa pelo envolvimento de todos no controle das ações

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pedagógicas, muito além da pura tomada de decisões e mais para a promoção

do diálogo aberto entre os sujeitos individuais e coletivos.

As escolas convencionais de Ensino Fundamental e Médio, da Rede

Pública Estadual de Ensino da Bahia, ainda buscam a consolidação da gestão

participativa temendo não garantir a efetividade do conselho escolar frente a

alguns pontos relevantes, como a representatividade qualitativa, a paridade dos

membros, a capacitação dos conselheiros, a publicação das ações e a

fiscalização dos atos dos conselheiros (GOHN, 2006). No caso dos Centros de

Educação Profissional os desafios são ainda maiores e mais difíceis de serem

superados em razão da dificuldade de mobilização e articulação dos

integrantes do conselho, ampliado para 27 membros, sendo eles:

representantes da comunidade escolar, representantes da sociedade civil

organizada com atuação no campo da educação profissional e representantes

do poder público dos municípios que integram o Território de Identidade.

O distanciamento físico e político entre o Centro de Educação

Profissional e todos os conselheiros, estimula o desinteresse dos

representantes em tomar decisões significativas que nortearão o ensino

profissionalizante no Território de Identidade pelo fato dos mesmos não se

sentirem inteirados da realidade educacional.

A mescla de empresários, trabalhadores, políticos, pais de alunos,

professores, alunos e direção da escola na composição do conselho escolar

tanto enriquece a discussão como impossibilita a articulação das partes e

distancia da formação de consensos necessários numa gestão democrática.

O que difere este trabalho cientifico dos demais estudos que abordam a

temática conselho escolar e Gestão Democrática nas escolas públicas é o

direcionamento deste tema dentro da educação profissional do Estado da

Bahia, numa proposta de territorialização da oferta e de inserção dos demais

atores sociais na gestão das unidades ofertantes de ensino técnico.

Duas posições se fazem presentes ao longo de todo o trabalho que

precisam ser explicitadas: 1) o desafio de inserir representantes do mundo do

trabalho e do poder público no conselho escolar dos Centros de Educação

representação e a necessidade da consciência de participação de cada

membro; e, 2) as possibilidades de atuação dos membros representantes

externos à comunidade escolar e sua importante contribuição no nivelamento

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entre oferta e demanda dos cursos técnicos, bem como a contextualização da

educação profissional a partir da voz de quem conhece e está inserido na

sociedade civil.

Assim, o produto de intervenção deste trabalho cientifico é a proposta de

divisão do conselho escolar em câmaras setoriais que deverão aglutinar os

anseios e interesses dos diversos segmentos, atuando em prol do

desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Território de Identidade a

partir de uma educação profissional articulada com a demanda.

Para construção deste trabalho, além da revisão bibliográfica sobre o

tema, entre eles: Habermas (1990; 1986), Novaes et Louis (2009), Manfredi

(2002), Paro (2007; 1996; 1992), Pinto (1994), Gramsci (1991), Luck (2000),

Gohn (2001; 2006) e Arendt (1973), foram estudadas as publicações legais

(DECRETOS, RESOLUÇÕES, LEIS e outros) relacionados com os temas

conselho escolar, gestão democrática e educação profissional em âmbito

estadual e nacional.

Para tanto, o presente trabalho está estruturado em três capítulos.

No primeiro, busca-se examinar brevemente o histórico de expansão da

educação profissional na Bahia a partir da distribuição dos Centros

especializados nesta oferta de ensino por Territórios de Identidade.

Classificados em Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) e Centro

Territorial de Educação Profissional (CETEP), todos ofertam cursos técnicos

em suas diversas formas de articulação, diferindo apenas no tocante a

demanda atendida. No caso do CEEP, a oferta da educação profissional deve

atender estrategicamente ao desenvolvimento social, econômico e ambiental

do Estado; e, no caso do CETEP, esta demanda é voltada para o Território de

Identidade em que está inserido.

Esta política de ordenamento territorial da Bahia passa a ser seguida

pela educação como meio de distribuição igualitária de oportunidades aos

habitantes do interior e do litoral do Estado. Soares (2010), Solinis (2009),

Sposito et al (2007) e Sposito (2009), tratam o conceito de Território de

Identidade e desenvolvimento sustentável.

No segundo capítulo, a análise decorre do modelo de gestão proposto

para os Centros de Educação Profissional. Estas unidades de ensino são

dotadas de estrutura administrativa própria e devem ser gerenciadas pelo

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principio da participação representativa da comunidade escolar, local, mundo

do trabalho e poder público.

Tal abordagem se justifica porque as demais escolas da Rede Pública

Estadual de Ensino possuem o Colegiado Escolar, mecanismo de gestão

democrática, que difere muito do conselho escolar proposto para os Centros de

Educação Profissional. Embora o princípio da democracia, da participação e da

paridade seja o mesmo, o número de membros aumenta consideravelmente no

segundo em relação ao primeiro.

Estudos bibliográficos permitiram fazer um breve levantamento histórico

da administração escolar desde os primórdios até os dias atuais. A análise da

Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) comprovou que o princípio de

gestão democrática fora utilizado pela primeira vez naquele documento, mas

somente em 1996 com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira

ocorreu a institucionalização de espaços de participação na gestão de escolas.

Em seu Artigo 14, a LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional, define como princípios da gestão

democrática do ensino público da educação básica o seguinte:

I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares e equivalentes.

Apesar deste progresso da gestão democrática pelo passar dos anos,

ainda persiste o desafio da efetividade do conselho escolar como meio de

participação representativa.

No terceiro capítulo, busca-se apontar os desafios e as possibilidades de

atuação dos conselheiros representantes do mundo do trabalho e do poder

público no conselho escolar dos Centros de Educação Profissional. Ao passo

em que este mecanismo efetiva a gestão democrática busca-se enfrentar

problemas advindos da forma estrutural da democracia e sua variação. A

legitimidade da representatividade, a apatia política dos representados que se

limitam a escolher seu representante no conselho, a consciência do processo

pedagógico em questão e a participação limitada apenas à tomada de decisões

dissociada do processo de construção dos projetos são desafios a serem

superados.

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Não obstante, a abertura da gestão dos Centros de Educação

Profissional para participação dos representantes externos à comunidade

escolar oportuniza o afinamento da proposta de educação profissional ao

processo de desenvolvimento do Território de Identidade a fim de evitar a

formação de desempregados com certificado. Afinal, o princípio pedagógico da

intervenção social permite que o estudante dê um retorno social onde vive,

buscando gerar uma nova atividade econômica e dinamizando o emprego local

correspondente.

Assim, o estudo que ora é apresentado tem como principal objetivo

analisar os limites, problemas e perspectivas do conselho escolar nos Centros

de Educação Profissional a partir da inclusão de representantes do mundo do

trabalho e do poder público e propor mecanismos de operacionalização deste

órgão colegiado.

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1. A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA BAHIA

Com a eleição do Presidente Luís Inácio Lula da Silva em outubro de

2002, muitas expectativas pautadas nos direitos inscritos na Constituição

Federal de 1988 não se realizaram plenamente. No entanto, é notório o

empenho da equipe que assumiu o Ministério da Educação daquele governo

em reconstruir a política pública para a educação profissional e tecnológica,

“resgatando as contribuições acadêmicas geradas nas últimas décadas, as

experiências institucionais e de grupos comunitários, explorando os espaços

legislativos e corrigindo as distorções havidas durante esse percurso.”

(MEC/SEMTEC, 2004).

Com tal propósito, revogou-se o Decreto nº 2.208/97 (BRASIL, 1997),

restabelecendo a possibilidade de integração curricular dos ensinos médio e

técnico, com base no que define a LDB 9.394/96, que estabelece as diretrizes

e bases da educação nacional.

Através da publicação do Decreto nº 5.154/2004 (BRASIL, 2004), em 23

e julho de 2004, criou-se a expectativa de que a mobilização da sociedade em

defesa da integração entre educação básica e profissional, baseado nos

princípios da ciência, do trabalho e da cultura, promovesse uma transformação

estrutural na educação brasileira.

No entanto, o que se viu foi a desarticulação entre os sistemas de ensino

federal e estaduais dada a fragmentação no próprio Ministério da Educação e a

manutenção da política curricular com ênfase no individualismo e na formação

destinada à empregabilidade. Enfim, não houve a articulação pretendida entre

o ensino médio e o técnico.

Na segunda metade do último governo Lula, importantes políticas

públicas foram desenvolvidas, como a expansão da rede federal de educação

profissional e tecnológica, o incentivo à integração da educação básica com a

educação profissional na modalidade EJA e a criação do Programa Brasil

Profissionalizado.

Este último pretendia apoiar a implantação, expansão e modernização

da educação profissional integrada ao ensino médio nas redes públicas

estaduais. Todavia, esta ampliação não assegurou que a concepção desses

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cursos nas diversas instituições das redes estaduais de ensino do Brasil fosse

vinculada ao princípio científico da produção social e distante da ideologia de

formação para o mercado de trabalho, pois cada Estado tem autonomia para

estruturar a educação profissional em seu sistema de ensino.

No Estado da Bahia, a partir de 2007, a educação profissional tornou-se

uma política publica prioritária vinculada às demandas nos Territórios de

Identidade e arranjos produtivos locais. Sob a coordenação da

Superintendência de Educação Profissional (SUPROF), criada pela Lei

Estadual Nº 10.955 (BAHIA, 2007), publicada em 21 de dezembro de 2007, o

propósito desta modalidade de ensino é garantir que os jovens e trabalhadores

tornem-se aptos para atender as demandas do mundo do trabalho e se

beneficiem do desenvolvimento socioeconômico e ambiental da Bahia.

A prioridade deve ser a de oportunizar ao estudante uma formação

integral, que o torne capaz de acompanhar a mudança constante no mercado

de trabalho e também possibilite ao mesmo trabalhador mudar de profissão e

se ajustar a qualquer momento ao mundo do trabalho, mais amplo e complexo.

A tendência em estruturar a rede de educação profissional baiana com

base no planejamento territorial, visando a integração e a compatibilização de

políticas públicas, gera um diferencial em relação aos demais estados

brasileiros. O Programa Territórios de Identidade, instituído pelo Decreto Nº

12.354/10 (BAHIA, 2010), que institui o Programa Territórios de Identidade e dá

outras providências, publicado em 25 de agosto de 2010, no parágrafo 1º,

considera como Território de Identidade

“o agrupamento identitário municipal formado de acordo com critérios sociais, culturais, econômicos e geográficos, e reconhecido pela população como o espaço historicamente construído ao qual pertence, com identidade que amplia as possibilidades de coesão social e territorial.”

Este conceito que entende como lógica de classificação à identidade

cultural e histórica dos municípios, em detrimento da observância do aspecto

apenas econômico, agrupa municípios distantes e despreza outros que se

confrontam fisicamente.

Este agrupamento criou 27 Territórios de Identidades na Bahia, com

tamanhos distintos definidos a partir do número de municípios envolvidos. No

entanto, este conceito ainda não foi incorporado pela maioria da população que

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19

não compreende a implantação de cursos técnicos em cidades-polo, distantes

das demais integrantes do mesmo Território de Identidade. Alegando a

dificuldade de deslocamento e permanência em municípios distantes, muitos

dos jovens continuam fora da proposta de expansão da educação profissional,

levando por terra o propósito de territorialização desta modalidade de ensino no

Estado.

De acordo com o Plano Estadual de Educação Profissional da Bahia,

uma das estratégias adotadas pela SUPROF para concretizar os objetivos de

ampliação da oferta e reestruturação da educação profissional foi a utilização

de estruturas ociosas existentes na Rede Estadual que passaram por processo

de adequação, ampliação e modernização, através de recursos federais

captados pelo Programa Brasil Profissionalizado, até se transformarem em

Centros de Educação Profissional.

Esta rede de ensino se constitui em Centros Estaduais e Centros

Territoriais que, de acordo com o Decreto Estadual Nº 11.355 (BAHIA, 2008c),

se caracteriza pela oferta de educação profissional em todas as suas

modalidades, mas se diferenciam nas demandas a serem atendidas. Os 34

Centros Estaduais de Educação Profissional (CEEP’s) atenderiam às

demandas consideradas estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico

e ambiental do Estado, enquanto os 32 CETEP’s atenderiam às demandas

consideradas relevantes nos Territórios de Identidade do Estado da Bahia.

Com base no Decreto Nº 11.355/08 (BAHIA, 2008c), buscando garantir a

gestão democrática destes Centros de Educação Profissional, foi instituído o

conselho escolar, a partir da legislação que ampara o Colegiado Escolar das

unidades de educação básica no Sistema Estadual de Ensino.

A implantação deste conselho tem a intenção de garantir a perenidade

desta política pública através da participação e do controle social com a

atuação dos membros representantes da comunidade escolar e local, de

entidades representativas do mundo do trabalho e do poder público.

A ampliação da participação para outras representações faz com que

este conselho possua características diferenciadas e acompanhe o que

determina o Decreto nº 11.355/08 (BAHIA, 2008c), que possa garantir a

participação efetiva e paritária dos seus diversos membros no cumprimento do

caráter deliberativo, consultivo e mobilizador nas questões pedagógicas,

Page 22: DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I ......Conselho escolar nos centros de educação profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação / Rosany Kátia Vilasboas Moreira

20

administrativas e financeiras do Centro de Educação Profissional. Não fosse a

dificuldade de articulação de seus membros para as reuniões que tratarão de

assuntos relacionados com a educação profissional e o desenvolvimento do

Território de Identidade, este órgão colegiado caracterizaria uma gestão

democrática de fato.

Se, efetivamente representativo, este Conselho Escolar poderia garantir

o exercício da gestão democrática, atuando no compartilhamento de poder, no

acesso às informações e na socialização das decisões, mas, infelizmente,

estes objetivos ainda não foram alcançados.

A divulgação das ações desenvolvidas pelos conselheiros e a integração

dos Centros de Educação Profissional com as instituições e entidades do

mundo do trabalho e da sociedade civil organizada no âmbito do Território são

atribuições importantes deste novo conselho escolar. No aspecto consultivo, os

conselheiros deverão “acompanhar e avaliar as demandas, os indicadores

sociais, econômicos, ambientais e culturais do território, fornecendo subsídios

necessários para adequar a oferta de Educação Profissional às demandas e

necessidades do território” (SALVADOR, 2011).

As possibilidades de atuação são grandes, mas é necessário considerar

as limitações e problemas que a implantação deste Conselho Escolar nos

Centros de Educação Profissional tem apresentado.

A garantia da representatividade normalmente é alcançada pela eleição

por segmento, no entanto a ampliação para os membros da sociedade civil,

como empresários e trabalhadores, e para o poder público, geram dúvidas

sobre como proceder a votação para escolha dos conselheiros representantes

se o quantitativo de envolvidos é amplo e diverso o suficiente para dificultar tal

processo democrático. Trata-se, especificamente no Território de Identidade

Sertão Produtivo, de 19 municípios perfazendo um total de 444.616 habitantes,

segundo o IBGE (2010). Mesmo que a escolha dos representantes dos

diversos segmentos seja garantida por eleição direta, a articulação entre os

eleitos e seus entes representados não é algo fácil de ocorrer.

A disparidade nas condições de participação dos conselheiros é grande,

como a distância entre os municípios, os compromissos profissionais de cada

membro do conselho e a falta de autonomia financeira do órgão para custear

as despesas de deslocamento e alimentação dos conselheiros.

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21

Não obstante, a inexistência de um estatuto próprio que defina as

atribuições dos conselheiros acrescida ao fato de que os membros eleitos

jamais tiveram seus nomes publicados oficialmente, impede a real

institucionalização deste importante órgão democrático de gestão da educação

profissional na Bahia.

Embora o Conselho Escolar tenha sido criado pelo Decreto nº

11.355/2008 (BAHIA, 2008c), a legitimação de seus membros escolhidos pelos

pares só se dará mediante homologação pela Secretaria da Educação e

publicação no Diário Oficial do Estado. Esta falha no processo de implantação

do conselho abre brechas para que a democracia seja burlada na medida em

que desconsidera a vontade da maioria que escolheu seus representantes.

Em se tratando dos membros da comunidade escolar (pais, professores,

alunos e funcionários) existe a normatização do Colegiado Escolar que garante

a escolha, a atuação e a legitimidade do processo. No entanto, esta proposta

de ampliação para o dobro do número de integrantes no Conselho Escolar tem

ocasionado dúvidas e inviabilizado sua efetivação. Não se discute a

importância da participação de membros da sociedade civil organizada e do

poder publico, porém a regulamentação do processo ainda está em

andamento. Como o Plano de Educação Profissional na Bahia só iniciou sua

implantação em 2008 entende-se que muitos ajustes necessitam ser feitos para

que a rede de Centros de Educação Profissional possa fazer uso de

mecanismos democráticos de gestão articulados com seu entorno. O fato é que

a oferta de educação profissional está em vigência e os Centros estão em

funcionamento e não há como parar tudo para que os acertos sejam feitos, é

necessário ajustar a solução ao problema instalado.

O conselho escolar nos Centros de Educação Profissional deve sofrer o

processo de institucionalização para que se caracterize como dotado de

unidade, de continuidade, de poder fundador e limitado pelo direito (SILVA et

al, 2013).

A simples criação deste conselho por uma legislação estadual não o

garante como mecanismo de gestão democrática. Distribuir as funções deste

órgão colegiado em câmaras setoriais, divididas por temas, buscando agrupar

conselheiros representantes de todos os segmentos com determinadas

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22

afinidades para tratar questões pertinentes. Esta fragmentação poderia facilitar

a articulação dos membros para encontros mensais.

Nesse sentido, a normatização do Conselho Escolar é necessária na

medida em que organiza a forma de participação das pessoas através dos

seus procedimentos formais, regulamenta o processo de escolha destes

representantes de maneira democrática e traça as diretrizes para atuação dos

conselheiros. Todavia, a sua simples existência e mesmo funcionamento formal

não garantem que a força dos argumentos prevaleça sobre o argumento da

força (HABERMAS, 1990).

A representatividade ampliada dos conselheiros deve ser garantida a

partir da incorporação das entidades do mundo do trabalho e do poder público

local na constituição do conselho escolar dos Centros de Educação

Profissional. A atuação destes membros deve ser baseada nas visões dos

segmentos que representam com opiniões levantadas a partir do consenso

geral e sem a prevalência do ponto de vista particular de qualquer membro. É

necessário sustentar o princípio da comunicação entre representantes e

representados exercitando a capacidade de se colocar no lugar do outro com

consideração, identificação e diálogo. Não é algo fácil de conseguir dada a

diversidade de composição em cada segmento, a distância na localização das

entidades representadas e a falta de comunicação desses membros.

Por meio da atuação deste conselho escolar ampliado é possível

analisar as fragilidades da unidade de ensino, definir planos de ação e buscar

estratégias mobilizadoras. Não obstante, é necessário promover um equilíbrio

entre a demanda e a oferta da educação profissional tomando como referência

os arranjos produtivos locais.

Evidentemente que este processo é determinado pelo tipo de gestão

realizado na escola, pois não se trata apenas da implantação de mecanismo de

participação, mas do seu efetivo funcionamento. Este conselho não deve ser

identificado como organismo auxiliar da equipe gestora ou ainda como

ferramenta técnica para transferir integralmente a responsabilidade de medidas

que ninguém deseja assumir. Este órgão colegiado não pode ser meramente

consultivo ou opinativo, mas atuar com poderes deliberativos.

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Assim, a criação de câmaras setoriais dentro do conselho escolar

possibilitaria uma participação atuante, efetiva, plena e eficaz por parte dos

conselheiros.

Uma vez constituídas, as câmaras teriam a finalidade de otimizar e

agilizar o funcionamento do conselho, apreciar questões referentes aos temas

que as nomeiam e propor soluções a serem submetidas à apreciação de todos

os conselheiros.

2.1 O Plano de Educação Profissional da Bahia

O Plano de Educação Profissional da Bahia possui caráter pioneiro no

país, no que diz respeito à territorialidade, à abordagem das potencialidades do

estado e à sustentabilidade das unidades e cursos implantados (SECOM,

2013).

Lançado em 2007, este Plano segue a estratégia de desenvolvimento

social e econômico do estado a partir da distribuição de Centros de Educação

Profissional por Território de Identidade, buscando atender a demanda social e

garantir o real significado da formação em educação profissional para o

desenvolvimento dos territórios.

Estes Centros de Educação Profissional podem ser Territoriais ou

Estaduais e diferem no atendimento à demanda territorial ou estadual

respectivamente.

De acordo com o Blog da Educação Profissional da Bahia (SUPROF,

2012), em 2007 a oferta desta modalidade de ensino chegava a apenas 14

Territórios de Identidade e 23 municípios e atualmente já contempla todos os

27 Territórios de Identidade da Bahia e 123 municípios. Este crescimento é

representado na Figura 1 abaixo:

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Figura 1 - Municípios com oferta direta da educação profissional na Bahia 2007-2013

Fonte: Superintendência de Educação Profissional da Bahia. Disponível em http://educacaoprofissionaldabahia.blogspot.com.br/p/rede-de-educacao-profissional-da-bahia.html. Acesso em 28 de maio de 2013.

Em 2013 totalizam 34 Centros Estaduais e 32 Centros Territoriais de

Educação Profissional estruturados a partir de Eixos Tecnológicos diversos que

possibilitam uma abordagem mais potencializada das demandas sociais, bem

como a aproveitamento de recursos materiais e humanos mesmo após a

mudança na oferta de cursos técnicos dentro de um mesmo Eixo Tecnológico.

Na prática, ocorreu uma mudança de foco na educação profissional que antes

era voltada para áreas específicas e passou, em 2008, a ser agrupada em

torno de fundamentos científicos comuns, configurando Eixos Tecnológicos

(POR DENTRO DOS EIXOS TECNOLÓGICOS, 2009).

A partir desta mudança de foco e com o financiamento do Programa

Brasil Profissionalizado (BRASIL, 2013), muitos Centros de Educação

Profissional que se enquadraram nos critérios exigidos pelo Ministério de

Educação (MEC) foram contemplados com a construção de laboratórios por

Eixos Tecnológicos.

Esta iniciativa aumenta as possibilidades de uso dos equipamentos,

otimiza o recurso público utilizado e amplia a autonomia da escola em atender

as diferentes demandas sociais uma vez que não engessa a oferta de curso

técnico aos laboratórios disponíveis.

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No entanto, diversos Centros de Educação Profissional não foram

atendidos com a construção dos laboratórios por não possuir espaço suficiente

para o projeto padrão ou por não se encontrar em situação legal com a

dominialidade do terreno, isto é, não tinha o registro do espaço ocupado em

nome da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

Embora a construção dos laboratórios pelo Programa Brasil

Profissionalizado (BRASIL, 2013) tenha iniciado em 2011, nenhum Centro de

Educação Profissional recebeu a obra como concluída por falhas na

elaboração de projetos para construção do muro que deveria envolver os

laboratórios, inexistência de sanitários e falhas na iluminação que ficaram sob a

responsabilidade da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

Assim, muitas turmas de alunos de cursos técnicos concluíram seus

estudos sem terem acesso às práticas oportunizadas com o uso de espaços e

equipamentos específicos e apropriados dos laboratórios.

A estruturação física da educação profissional é uma das metas do

Plano de Educação Profissional da Bahia que priorizou a adequação e

otimização de espaços já disponíveis na Rede Estadual de Ensino do Estado

para implantação dos Centros de Educação Profissional.

No entanto, a oferta de determinados cursos técnicos, implantados a

partir da análise da vocação regional da população, exige estrutura física e

pedagógica específica, sob pena de sacrificar a prática pedagógica caso

funcione em espaço inadequado.

O comprometimento da qualidade de formação técnica em escolas

inapropriadas para a educação profissional incorre no risco do descrédito desta

proposta de ensino e na entrega ao mundo do trabalho de profissionais

incapazes de exercerem a profissão para a qual receberam diploma, além de

não contribuir com o desenvolvimento do Território de Identidade em que estão

inseridos.

A estruturação pedagógica proposta no Plano de Educação Profissional

da Bahia prevê o Trabalho como princípio educativo e a relação entre Trabalho,

Educação, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia como base da matriz

curricular dos cursos técnicos. Nesta perspectiva, a organização curricular está

disposta de maneira a promover a integração dos conhecimentos entre:

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26

• A Base Nacional Comum - área de conhecimento comum ao ensino

médio regular. Existente apenas no caso dos cursos técnicos sob a

forma de articulação Educação Profissional Integrada ao Ensino

Médio e Educação de Jovens e Adultos Integrada à Educação

Profissional.

• A Formação Técnica Geral - conjunto de conhecimentos vinculados

ao mundo do trabalho e necessários ao desempenho de qualquer

ocupação, presentes em todos os cursos e constituído pelos

componentes curriculares: Informática - Inclusão Digital; Biologia -

Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho; Filosofia - Metodologia

Científica; Filosofia - Ética e Direito do Trabalho; Sociologia -

Organização dos Processos do Trabalho e; Sociologia - Organização

Social do Trabalho.

• A Formação Técnica Específica - conhecimentos próprios de cada

curso técnico.

A noção do Trabalho como princípio educativo deve nortear a proposta

pedagógica dos Centros de Educação Profissional, tomando por base o

trabalho socialmente útil e objetivando uma formação social, técnica, de caráter

prático que possibilite a compreensão e a construção de soluções para os

problemas detectados.

Para tanto, é necessário colocar em ação o que propõe o Plano de

Educação Profissional, ou seja, a capacitação de professores, a qualificação

dos cursos técnicos, a efetividade da gestão democrática e a criação de novos

instrumentos que permitam levar esta modalidade de ensino de qualidade ao

maior número de municípios do Estado da Bahia.

A efetividade social desta política pública de educação profissional na

Bahia tem como um de seus pilares o atendimento às demandas econômicas

que permite potencializar as cadeias produtivas e desenvolver o Território de

Identidade.

Para garantir isso, foram realizados 26 seminários de consulta aos

agentes sociais para implantação desta modalidade de ensino de maneira

articulada em cada Território. Na oportunidade, foram sinalizadas as vocações

regionais e definidos os cursos técnicos a serem ofertados inicialmente em

cada Centro de Educação Profissional. O marco regulatório desta política é a

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27

atuação da sociedade civil e do poder público juntamente com a comunidade

escolar na gestão das referidas unidades de ensino. Tem papel importante

também na implantação e ajustamento da educação profissional o Conselho de

Desenvolvimento do Território, comitê gestor formado por dez dirigentes

territoriais escolhidos com o objetivo de garantir o desenvolvimento sustentável

e a integração dos municípios de cada território.

Em consonância, o Plano de Educação Profissional prevê a implantação

de um modelo apropriado de gestão nos Centros de Educação Profissional da

Bahia. Cada unidade de ensino deve possuir uma equipe gestora composta por

um diretor, um vice-diretor do Técnico-Pedagógico, um vice-diretor do

Administrativo-Financeiro e um vice-diretor de Articulação com o Mundo do

Trabalho.

Além disso, o conselho escolar deve ser formado por representantes da

comunidade escolar (professor, aluno, funcionário e pai de aluno), por

representantes da sociedade civil articulada ao mundo do trabalho e por

representantes do poder público, totalizando vinte e sete membros eleitos por

seus pares para discutirem, avaliarem e decidirem os rumos da educação

profissional em cada centro.

No entanto, a dificuldade em operacionalizar o processo de escolha dos

representantes do conselho escolar, a impossibilidade de conciliar horários de

encontro de todos os membros eleitos, a inexistência da representatividade em

alguns segmentos mais dispersos e a ausência de mecanismos

regulamentadores fazem com que este mecanismo democrático de gestão

sirva apenas como auxiliar da equipe gestora na tomada de decisões e como

validador de documentos para prestação de contas.

A ideia de ampliar o conselho escolar na educação profissional parte da

intenção de trazer para a escola pública a demanda real do território, bem

como articular a instituição com o mundo do trabalho a partir do estreitamento

de laços com os representantes de diversos segmentos, entre eles

empresários, trabalhadores, presidentes de associações, sindicatos e ONGs.

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2. A TERRITORIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA BAHIA

A Bahia passou por diversos processos de divisão territorial com o intuito

de minimizar o desequilíbrio econômico dentro do próprio Estado.

Atualmente, vigora a proposta de divisão em Territórios de Identidade

que não apresenta sinais de clareza em sua classificação para incorporação

dos municípios, deixando de fora alguns próximos fisicamente e englobando

outros muito distantes, o que dificulta o processo de diálogo e envolvimento.

Com o intuito de implementar políticas mais direcionadas à realidade

territorial, evitando o desperdício do recurso público, este processo de

regionalização não comprovou sua eficácia porque esbarra em questões

administrativas ainda não adaptadas, como a distribuição das unidades

regionais da Secretaria da Educação e da Secretaria da Saúde em municípios

pólos, ocasionando a existência de três destes órgãos em um mesmo Território

de Identidade.

Não obstante, o conceito de território baseado na produção e

reprodução do trabalho e das diversas manifestações da população ainda não

foi incorporado pela maioria dos envolvidos, fazendo permanecer a disputa

entre cidades de um mesmo Território de Identidade na realização de obras

públicas que atendam, principalmente, os interesses e demandas da população

local.

A apresentação de um breve histórico das divisões territoriais da Bahia,

que antecederam os Territórios de Identidade, dará subsídio para a análise e

compreensão da importância desta regionalização para a gestão pública e

sociedade civil na busca da redução de desigualdades.

Segundo Silva e Silva (2003),

A crise do planejamento federal relacionado com a questão regional coloca, em síntese, um grave problema que é o da ausência de uma perspectiva integrada em nível nacional que dê prioridade aos problemas regionais brasileiros, justamente em um país de dimensões continentais e com problemas econômicos e sociais.

A partir da ausência de integração com as políticas nacionais, (...) a

Bahia foi o primeiro estado brasileiro a promover sua política de planejamento

territorial (DI LAURO et al, 2013). Baseada na teoria dos pólos de crescimento

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de Perroux, que defende a ideia que as economias se desenvolvem de modo

concentrado em poucas regiões ou cidades e isto cria o efeito atrativo que

acaba por constitui-las como centro de desenvolvimento concentrado

(PERROUX, 1977). Ainda segundo este autor, a formação de núcleos espalha

o progresso entre outras regiões e o resultado desta influência cria a dinâmica

de interação e o desenvolvimento entre as partes. Fadada ao fracasso, esta

política de regionalização priorizou o aspecto econômico, através da

industrialização que não encontrou infraestrutura adequada para se

desenvolver.

A divisão da Bahia em nove “regiões urbanas”, segundo proposta de

Santos (1958), considerando os municípios mais influentes sobre os demais

dentro do próprio Estado também fracassou.

Em 1967, o IBGE dividiu a Bahia em 26 microrregiões, baseado na

Teoria de Localidades Centrais de Cristaller que compreende a existência de

um lugar central, fornecedor de bens e serviços a uma determinada área de

influência.

De acordo com este conceito de Microrregião Homogênea, os

municípios com características físicas, sociais e econômicas parecidas, e suas

respectivas áreas influenciadas, levariam ao desenvolvimento do Estado.

Todas estas tentativas privilegiaram determinadas regiões econômicas

com investimentos públicos, levando ao aumento da desigualdade no Estado.

Em sua grande maioria, as políticas públicas eram implantadas a partir de

interesses políticos locais que não representavam as necessidades da

população, agravando ainda mais as diferenças entre os municípios e a vida do

povo baiano, principalmente no interior do Estado.

Através da Lei nº 2321, de 11 de abril de 1966 (BAHIA, 1966), que

dispõe sobre a organização da administração estadual, a Bahia foi dividida em

21 Regiões Administrativas com o objetivo de promover a descentralização

geográfica das atividades de administração específica das Secretarias de

Estado (Figura 2). Desta forma, foram criados Centros Executivos Regionais

nas sedes das Regiões Administrativas que, conforme Art. 10, parágrafo 2º,

“constituir-se-ão em unidades administrativas polivalentes integrantes de cada

Secretaria de Estado, e à sua Chefia se subordinarão hierarquicamente todos

os serviços da Secretaria na Região, executadas as unidades regionais de

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entidades da administração descentralizada e outras exceções previstas em lei

ou decreto”.

Figura 2 - Regiões Administrativas da Bahia

Fonte: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 1973. Disponível em www.sei.ba.gov.br. Acesso em 22 de fevereiro de 2013.

Apesar de ter servido como base para a descentralização do poder

executivo em todo o estado, principalmente na área da educação e saúde,

essa divisão em Regiões Administrativas também não logrou êxito, pois a

implantação deste projeto não ocorreu de maneira gradativa e os órgãos

criados não possuíam autonomia para tomada de decisão por pertencerem ao

segundo escalão do poder.

Em municípios distantes da capital, as unidades regionais implantadas

não atuavam com autonomia e retardavam as ações ao intermediarem as

decisões com a sede, em Salvador.

A partir de 1973, ocorre a descentralização das unidades administrativas

na Bahia em áreas de representação como educação, saúde, transito,

segurança pública e fisco.

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Neste período, foram criadas as Diretorias Regionais de Educação,

unidades regionais da Secretaria da Educação que têm por finalidade

descentralizar as ações educacionais no âmbito do Estado, e as Diretorias

Regionais de Saúde, entre outros.

Estes órgãos desempenham suas funções até os dias de hoje, fazendo

a interlocução entre as demandas dos municípios sob suas jurisdições e as

respectivas Secretarias de Estado. Inclusive, a permanência destas diretorias

regionais em municípios pólo entra em conflito com a atual divisão da Bahia em

Territórios de Identidade, pois alguns destes envolvem até três unidades

administrativas regionais, o que leva à disputa de interesses e impede a

concretização da proposta de implantação de políticas públicas visando o

desenvolvimento territorial.

A Bahia foi o primeiro Estado brasileiro a planejar o seu desenvolvimento

econômico (DI LAURO et al, 2013), no entanto, isto não foi suficiente para

diminuir as diferenças socioeconômicas entre o litoral, a região metropolitana e

o interior do estado. O resultado das inúmeras ações frustradas de

planejamento desenvolvidas na Bahia levou ao acirramento das diferenças

regionais e ao crescimento populacional da faixa litorânea, em detrimento do

interior do Estado da Bahia.

Assim, seguindo a política nacional de implantação dos territórios

através da atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em 2003,

a Bahia implantou o Programa Territórios de Identidade. Normatizado pelo

Decreto nº 12.354 (BAHIA, 2010), esta divisão territorial tem como finalidade o

que descreve seu Art. 1º “colaborar com a promoção do desenvolvimento

econômico e social dos Territórios de Identidade da Bahia, em consonância

com os programas e ações dos governos federal, estadual e municipal”.

O parágrafo primeiro, do Art. 1º do referido decreto considera Território

de Identidade como sendo

o agrupamento identitário municipal formado de acordo com critérios sociais, culturais, econômicos e geográficos, e reconhecido pela sua população como o espaço historicamente construído ao qual pertence, com identidade que amplia as possibilidades de coesão social e territorial (BAHIA, 2010).

O conceito Território de Identidade é construído pela relação de convívio

entre os diferentes atores sociais, com ênfase em fatores subjetivos de

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agrupamento, levando em consideração a solidariedade, a reciprocidade e

cooperação entre as partes. Deve ser caracterizado pela capacidade de

atuação organizada, cooperativa e integrada da população ligada por traços

históricos e identitários do espaço onde se encontram.

Esta identidade é processual e agrega a multiplicidade de relações e

práticas sociais, bem como diferenças e desigualdades, inerentes ao território.

É homogênea e heterogênea ao mesmo tempo.

Nesta perspectiva, a Bahia teve seus 417 municípios agrupados em 27

territórios de Identidade (BAHIA, 2010), coordenados pelo Conselho Estadual

de Desenvolvimento Territorial (CEDETER), conforme Quadro 1.

Cada Território de Identidade constitui o Colegiado Territorial de

Desenvolvimento Sustentável (CODETER) que é composto paritariamente por

representantes do poder público estadual e municipal e pela sociedade civil

organizada, com o objetivo de construir e sistematizar propostas de políticas

públicas de interesse comum.

Quadro 1 - Territórios de Identidade da Bahia.

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Quadro 1 - Territórios de Identidade da Bahia.

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34

Quadro 1 - Territórios de Identidade da Bahia.

Fonte: Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial (CEDETER), 2011).

Disponível em: http://www.seplan.gov.ba.gov.br. Acesso em 23 de julho de 2013.

Seguindo a lógica de implantação das políticas públicas na Bahia, a oferta e

expansão da educação profissional acompanha a divisão territorial do Estado,

como estratégia de interiorização e inclusão de estudantes e trabalhadores.

Propõe atender as demandas em cada Território de Identidade, preparando os

jovens para atuarem em seus municípios, evitando a migração à procura de

trabalho em outros estados brasileiros. Em 2007, a oferta de educação

profissional chegava a 14 Territórios de Identidade, atingindo em 2011 todos os

Territórios de Identidade do Estado.

Utilizando como estratégia de territorialização, a criação dos Centros

Territoriais de Educação Profissional (CETEP’s), a SUPROF conta atualmente

com 32 destas unidades de ensino em funcionamento ofertando a referida

modalidade de ensino em consonância com a demanda diagnosticada no

Território de Identidade em que está inserida.

Nesta perspectiva, a oferta da educação profissional nos Territórios de

Identidade representa a possibilidade de superação das desigualdades sociais,

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tomando como base o grau de desenvolvimento, investimento e dinamismo da

economia regional.

O acesso dos jovens aos cursos técnicos ofertados nos CETEP’s

pretende democratizar a educação profissional, buscando evitar a distribuição

desigual destas unidades de ensino pelo Estado, privilegiando regiões em

detrimento de outras, fato que contribuiu no passado para a manutenção da

desigualdade social.

3.1 Caracterização do Território de Identidade Sertão Produtivo

Segundo Manfredi (2002), o sistema de educação escolar é produto de

um complexo movimento de construção/reconstrução, determinado por fatores

de ordem econômico-social e político-cultural, que definem o contexto em que

atuam os diferentes protagonistas sociais, com interesses diferenciados.

Nesse sentido, faz-se necessário conhecer os fatores determinantes

para o desenvolvimento humano a partir do levantamento de taxas e índices

que apontem as características do espaço em questão.

O objetivo deste estudo foi fazer a caracterização demográfica,

econômico, social e ambiental do Território de Identidade Sertão Produtivo para

que se torne possível analisar a influência da Educação Profissional no

desenvolvimento sustentável dos municípios envolvidos.

Salientamos que esta política educacional deve estar afinada com as

demandas dos arranjos produtivos locais e, para tanto, a apresentação a seguir

subsidiará esta discussão.

A Bahia possui um amplo território espacial marcado por diferenças

sociais, demográficas e econômicas que se destacam na apresentação dos

417 municípios. Saber que a Bahia é formada por três grandes áreas muito

distintas (LOPES; DIAS, 2003) como Litoral, Semiárido e Oeste (ou Cerrado) é

essencial para compreender a distribuição desigual de população e de renda

no Estado (Figura 3).

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Figura 3 - Região Semiárida do Estado da Bahia.

Fonte: Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial (CEDETER), 2011. Disponível em www.sei.ba.gov.br. Acesso em 24 de abril de 2013.

A ocupação da Bahia começou pelo litoral, onde surgiram as primeiras

cidades graças ao comércio com a metrópole portuguesa. A criação de gado

que subsidiava a lavoura canavieira do litoral foi responsável pela interiorização

do país na região semiárida. Caracterizada pela população empobrecida e

pelos frequentes períodos de estiagem, foi vítima das políticas de combate à

seca que estimularam a migração do sertanejo do campo contribuindo para o

esvaziamento do interior. O Oeste (ou Cerrado) caracteriza-se, atualmente,

pelo plantio da soja que influenciou o desenvolvimento das cidades desta área.

Segundo Soares (2010),

Em decorrência das diferenças regionais surgiram políticas de ordenamento territorial que tinham como objetivo conter a intensa migração em direção às metrópoles, bem como incentivar a criação de novos polos de desenvolvimento em regiões periféricas.

Uma das estratégias desenvolvidas para integrar e compatibilizar os

programas e projetos no Estado foi a política de distribuição em Territórios de

Identidade. O objetivo foi garantir o desenvolvimento sustentável, ampliando os

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mecanismos de participação social e valorizando a diversidade social, cultural,

econômica e geográfica das populações.

Nesta perspectiva, os municípios baianos foram agrupados em 27

Territórios de Identidade que são coordenados e articulados pelo CEDETER

(Figura 4). É um fórum de caráter consultivo, constituído por representantes

das várias secretarias do Estado, por um representante do Ministério da

Integração Nacional, um representante da Delegacia Estadual do Ministério do

Desenvolvimento Agrário e por oito representantes dos Colegiados Territoriais

de Desenvolvimento Sustentável – CODETER’s.

Cada Território de Identidade possui um CODETER que deve congregar

os diversos segmentos da sociedade civil organizada, bem como

representantes do governo e ONG’s que atuam nos municípios integrantes do

Território.

Mapa dos Territórios de Identidade da Bahia

Figura 4 - Territórios de Identidade da Bahia.

Fonte: Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial (CEDETER), 2011. Disponível em http://www.seplan.ba.gov.br. Acesso em 23 de abril de 2013.

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Ainda em 2004, alguns representantes do poder público e da sociedade

civil organizada se reuniram com o propósito de mobilizar uma parte da região

Semiárida para a criação do Território de Identidade Sertão Produtivo.

Antecedendo o decreto de implantação desta política pública no Estado e

tomando como exemplo a distribuição feita pelo MDA, que promoveu a criação

dos Territórios Rurais no Brasil, foi realizado em Caetité, o I Seminário sobre

Desenvolvimento Territorial. A ideia era congregar de forma efetiva à Política

Nacional de Desenvolvimento Territorial com foco na diminuição da pobreza,

na inclusão social e na maior integração dos dezenove municípios, entre os

demais participantes, que se agruparam por peculiaridades e decorrências

socioeconômicas e culturais.

Segundo Solinis (2009), “as inter-relações entre os povos e territórios

desenvolvem e consolidam o que chamamos raízes graças a analogias sempre

terrenas ou territoriais. Estas inter-relações preexistem a formas institucionais e

políticas que forjam um sistema social.”

Desta forma, agruparam-se os dezenove municípios a seguir: Caetité

(município sede), Guanambi, Palmas de Monte Alto, Iuiú, Candiba, Pindaí,

Urandi, Sebastião Larajeiras, Ibiassucê, Caculé, Rio do Antônio, Malhada de

Pedras, Brumado, Tanhaçu, Ituaçu, Contendas do Sincorá, Dom Basílio,

Livramento de Nossa Senhora e Lagoa Real (Figura 5).

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Figura 5 - Território de Identidade Sertão Produtivo (BAHIA, 2007).

Fonte: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 1973Disponível em www.sei.ba.gov.br. Acesso em 24 de abril de 2013.

Conforme Solinìs (2009),

(...) o território é um construto histórico-social, possuidor de uma qualidade necessária e resultante do processo que o produz; ele se refere de maneira aberta a relações concretas, materializadas, localizadas, enraizadas.

Em 2006, foi criado o Conselho de Desenvolvimento do Território Sertão

Produtivo – CODESP com a obrigação fundamental de promover a integração

dos municípios do Território Sertão Produtivo e buscar junto ao Governo do

Estado a implantação de políticas públicas que visassem o desenvolvimento

sustentável.

O desafio das representações do CODESP é grande se analisarmos que

a área total de abrangência dos dezenove municípios é de 23.544,54 Km2. A

população, segundo dados do IBGE no Censo de 2010 (IBGE, 2010), é de

444.616 pessoas, perfazendo uma densidade demográfica de 18,88 habitantes

por Km2. No Estado da Bahia essa taxa corresponde a 21,6 habitantes por Km2

(IBGE, 2010).

O grau de urbanização dos municípios do Território Sertão Produtivo é

de 54,71%, segundo dados do IBGE (IBGE, 2010). Isto significa que a

apropriação do espaço pelos sujeitos sociais é desigual e representa a forma

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como cada um está inserido no processo de domínio capitalista. De acordo

com Santos (2010),

essa ordem peremptória da urbanização imprime no espaço, portanto, as marcas da divisão social, territorial e técnica do trabalho, que, por sua vez, cria a divisão no acesso aos mecanismos básicos para a manutenção do sistema produtivo.

Se analisarmos o processo de urbanização sobre o aspecto das

relações sociais, devemos considerar o consumo como alicerce para um

conjunto de transformações políticas, econômicas, sociais, técnicas e culturais,

cuja cidade é o locus principal (SANTOS, 2010).

Entre os dezenove municípios, alguns carregam consigo as

transformações do mundo urbano atreladas ao “desenvolvimento” de atividades

econômicas como a indústria em Brumado, a agricultura irrigada em

Livramento de Nossa Senhora, a mineração em Caetité e os serviços públicos

em Guanambi. Sposito et al (2007) chama a atenção para a concentração da

oferta de bens e serviços para uma hinterlândia regional e com atividades

especializadas destinadas ao mercado nacional (CORRÊA, 2007).

Desta forma, destacam-se algumas cidades com um contingente

populacional superior aos demais municípios do território, podendo ser

classificadas como cidades pequenas.

(...) o papel da intermediação entre as pequenas e as grandes, então são cidades que comandam uma região, que polarizam uma região, que crescem em detrimento da sua própria região ou crescem em função da sua própria região, as duas coisas acontecem. Cidades médias que ampliam seus papéis, porque diminuem os papéis das cidades pequenas a partir de uma série de mecanismos econômicos, ou cidades que, em função do tipo de atividade que têm, das lideranças que ali se encontram, são capazes de crescer e propor um projeto ou desempenhar um papel político, econômico e social de crescimento para toda uma região (SPOSITO, 2009).

Estigmatizada pela literatura e pelo cinema com uma imagem uniforme

de miséria, a região Semiárida, onde se localizam os municípios do Território

Sertão Produtivo, apresentam a caatinga como bioma predominante em

dezesseis dos dezenove municípios.

Nos municípios de Iuiú, Sebastião Laranjeiras e Urandi predominam o

bioma cerrado. É reconhecido como a savana mais rica do mundo em

biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora e

fauna (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012).

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Infelizmente, segundo o Ministério do Meio Ambiente (2012), grande

parte da vegetação de caatinga e cerrado está sendo destruída para utilização

dos espaços na pecuária, na agricultura e na influência urbana.

O Território em questão está inserido em duas grandes regiões

hidrográficas que abastecem os municípios, são elas: Região Hidrográfica

Atlântico Leste e a Região Hidrográfica do São Francisco (MINISTÉRIO DO

MEIO AMBIENTE, 2012).

Em virtude dos longos intervalos de chuvas na região, muitos municípios

terão sua capacidade de abastecimento de água complementada pela

construção de uma Adutora do Algodão que terá 235 quilômetros de

tubulações em diâmetros variados, seis reservatórios e seis estações de

bombeamento para fazer a água chegar aos municípios de Guanambi, Matina,

Pindaí, Candiba, Palmas de Monte Alto, Iuiú, Caetité, Malhada de Pedras,

Igaporã, Rio do Antônio, entre outros ao longo da área de influência da

adutora. Esta iniciativa do Governo do Estado beneficiará inúmeras famílias

que sofrem com a falta d’água em períodos de estiagem (MINISTÉRIO DO

MEIO AMBIENTE, 2012).

Os municípios que integram o Território de Identidade Sertão Produtivo

apresentam um percentual de 57,1% de pessoas com acesso ao

abastecimento de água tratada. Dados mais alarmantes comprovam que

apenas 23,6% da população possuem em suas casas o serviço de

esgotamento sanitário e que 42,3% são atendidos pela coleta pública de lixo

(IBGE, 2010).

São dados críticos que podem gerar influência na taxa de mortalidade

infantil dos menores de um ano de idade, em cada mil nascidos vivos nos

municípios do Território de Identidade Sertão Produtivo, nos anos de 2007 a

2009 foi de 19,79% (IBGE, 2010). Percentual elevado se considerarmos que

alguns dos dezenove municípios não possuem hospitais para atendimento

especializado de seus habitantes, ou seja, não há investimento na prevenção

de doenças com a construção de rede de esgoto e tratamento de água e

também falta aplicação de recurso público na rede de saúde para atender aos

necessitados.

Segundo o IBGE–Contas Nacionais, o percentual do PIB - dos

municípios do Território de Identidade Sertão Produtivo em relação ao Estado

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da Bahia no ano de 2008 representou 1,67%. Em dados do PNUD -, o IDH em

2000 chegou a 0,701 em Guanambi, 0,696 em Caculé e 0,693 em Brumado,

tendo ficado os demais municípios abaixo do IDH apresentado em todo o

Estado da Bahia que foi de 0,688 (IBGE, 2010).

Contraditoriamente, estes mesmos municípios que se destacaram no

IDH, apresentam alta incidência de pessoas com renda familiar per capita

inferior a ¼ do salário mínimo, considerados como indigentes, segundo o

PNUD, como 29,9 em Guanambi, 36,4 em Caculé e 27,0 em Brumado (IBGE,

2010). O percentual de pobres, ou seja, pessoas com renda familiar per capita

inferior a ½ do salário mínimo chega a 76,3% em Palmas de Monte Alto

quando o total da Bahia é de 55,3% (IBGE, 2010).

No tocante ao percentual de investimento na educação no Território

Sertão Produtivo em 2009, há uma média de 35,8%. É um total superior ao

investimento do Estado que não ultrapassou 30,4%, mas insuficiente para

diminuir a taxa de analfabetismo da população entre pessoas com 15 anos de

idade ou mais que no ano de 2000 chegou a 39,1% em Lagoa Real e 30,7%

em Caetité. Este último município citado é tido como referência na oferta de

ensino na região e, contraditoriamente, apresentou um máximo de 3,4 anos

médios de estudo da população com idade superior a 25 anos de idade (IBGE,

2010).

O analfabeto funcional, ou seja, denominação dada à pessoa que

mesmo tendo aprendido decodificar minimamente a escrita, não desenvolve a

habilidade de interpretação de textos (STELLA, 2013), no ano de 2000 chegou

a atingir a taxa de 66,0% da população de Lagoa Real. Nenhum dos dezoito

outros municípios obteve taxa superior à do Estado da Bahia que chega a

43,4% (IBGE, 2010).

O INEP/Censo Escolar registrou em 2010 um total de 1.299

estabelecimentos de ensino, entre rede pública e particular, no Território Sertão

Produtivo. Foram contabilizados ainda 5.620 docentes em todos os níveis de

ensino. O número total de alunos foi de 121.604 (IBGE, 2010).

Assim, o Território de Identidade acima caracterizado apresenta muitas

deficiências que geram taxas e índices negativos de desenvolvimento humano

a serem superados com políticas públicas eficientes e planejadas com base

num diagnóstico real. Quando se trata de melhorias de indicadores sociais, um

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fator parece ser fundamental, a saber, a presença de um governo com foco no

cidadão e comprometido com a boa gestão dos recursos públicos.

A distribuição do Estado da Bahia em Territórios de Identidade deve

garantir a otimização do orçamento público, baseado num planejamento

participativo e focado nas reais necessidades levantadas pelo Conselho de

Desenvolvimento Sustentável de cada Território.

Há de se superar a implantação de ações governamentais de gestão

municipal e/ou estadual com fins eleitoreiros que por anos a fio construíram um

cenário de desperdício do recurso público e gerou verdadeiros “elefantes

brancos” que muitas vezes nem chegaram a serem concluídos. Ao mesmo

tempo, a população carente que deixou de ser atendida por aquele serviço

público não efetivo tem que migrar para cidades maiores, até de outro Território

de Identidade como é o caso de Vitória da Conquista, para receber tratamento

médico, por exemplo.

No tocante aos investimentos feitos neste Território de Identidade para

implantação da Educação Profissional, é possível perceber que, em 2010, o

número total de matrículas nesta modalidade de ensino não ultrapassou 2.267

alunos, incluindo a rede federal, estadual e particular (IBGE, 2010). O

percentual de atendimento da rede estadual chega a 55,8% do total de alunos

matriculados na Educação Profissional, inexistindo oferta pela rede municipal.

É um número insignificante diante da demanda populacional e social dos

dezenove municípios estudados.

A carência na área de saúde, administração, agroindústria é nítida e

deve ser considerada na escolha dos cursos técnicos a serem ofertados pelos

Centros de Educação Profissional. O alinhamento entre a oferta de cursos com

formação técnica e a demanda territorial é condição essencial para a garantia

de atuação dos profissionais habilitados e o desenvolvimento sustentável do

Território Sertão Produtivo.

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3.2 A criação dos Centros de Educação Profissional e suas estruturas

administrativas

Os Centros de Educação Profissional da Bahia foram criados em 2009,

pelo Decreto nº 11.355 (BAHIA, 2008c). Diferenciados pela demanda a ser

atendida, os Centros foram classificados em Territoriais e Estaduais de

Educação Profissional, estruturados em Eixos Tecnológicos de formação e

considerados como unidades escolares de Porte Especial, pertencentes à

Rede Pública Estadual de Ensino do Estado da Bahia.

Sob a coordenação da Superintendência de Educação Profissional

(SUPROF), os Centros de Educação Profissional tem como meta o

atendimento às demandas consideradas estratégicas para o desenvolvimento

socioeconômico e ambiental do Estado, conforme determina o Artigo 1º,

Parágrafo 1º do Decreto nº 11.355 (BAHIA, 2008c).

Ofertando a educação profissional em suas diversas formas de

articulação, sendo elas: formação inicial e continuada; educação profissional

técnica de nível médio integrada, subsequente, PROEJA e semi-presencial,

os Centros Estaduais de Educação Profissional estão aptos a oferecer ainda a

educação tecnológica, conforme orienta o decreto supracitado.

Não faz parte da proposta de oferta da educação profissional na Bahia a

forma de articulação concomitante ao ensino médio, na qual o estudante fica

matriculado em duas instituições de ensino cursando paralelamente o ensino

médio e o curso técnico. Até a presente data não existe registro de oferta da

educação tecnológica pelos Centros Estaduais de Educação Profissional,

embora esta seja uma das possibilidades de matrícula.

O Artigo 3º do Decreto nº 11.355 (BAHIA, 2008c), trata da gestão

democrática da educação profissional através

da criação de um conselho escolar com o objetivo de ampliar e garantir a participação da comunidade, visando a qualidade dos cursos ofertados e o fortalecimento do projeto político pedagógico desenvolvido, assegurada a participação paritária dos segmentos da comunidade escolar e local.

Dando continuidade, o Parágrafo 2º do mesmo artigo determina que o

segmento da comunidade local seja composto por entidades representativas

dos trabalhadores, empresários e/ou integrantes da sociedade civil organizada

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com atuação no campo da educação profissional ofertada e dos municípios e

órgãos públicos estaduais.

Este conselho escolar constitui-se um órgão colegiado de caráter

deliberativo, consultivo, avaliador e mobilizador dos Centros de Educação

Profissional, no entanto, a inexistência de uma legislação própria para

regulamentação do processo eleitoral e funcionamento deste conselho gerou

dúvidas que culminaram com o não cumprimento desta exigência em quase

todos os Centros. Na Portaria nº 8.676/09 (BAHIA, 2009), em seu Artigo 10º, é

atribuído o prazo de 180 dias após a criação dos Centros de Educação

Profissional para constituição dos conselhos escolares, mas não regulamenta

este processo.

Considerando a especificidade do conselho escolar dos Centros de

Educação Profissional que contempla a participação de entidades

representativas distantes do processo pedagógico, a amplitude dos Territórios

de Identidade e dos municípios baianos, a dificuldade de articulação entre as

diversas entidades para escolha dos representantes e a impossibilidade de

realização de um processo eleitoral direto, se justifica a não formação deste

órgão colegiado em muitos Centros.

Sem normatização que uniformizasse o processo de constituição do

conselho escolar, alguns poucos gestores colocaram em prática distintos

mecanismos para definição dos conselheiros, outros, no entanto, deixaram de

fazê-lo. Até a presente data não houve publicação no Diário Oficial dos

conselhos escolares formados em alguns Centros de Educação Profissional.

Com relação a estrutura administrativa ficou determinado pelo Artigo 4º

do Decreto 11.355 (BAHIA, 2008c) que além da estrutura prevista para as

unidades escolares de porte especial, os Centros de Educação Profissional

possuem as coordenações dos eixos tecnológicos, a de interação com o

mundo do trabalho e estágio, e a de relação entre o Centro e os Territórios de

Identidade.

O detalhamento maior da organização administrativa foi feito com a

publicação da Portaria nº 8.676/09 (BAHIA, 2009) que determina a composição

da equipe gestora pelo diretor, pelo vice-diretor Administrativo-Financeiro, pelo

vice-diretor Técnico-Pedagógico e pelo vice-diretor de Articulação com o

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Mundo do Trabalho. Nestes casos, os vice-diretores desempenham funções

que se desdobram em dois turnos de trabalho diários.

Esta ampliação de função do vice-diretor gerou problemas de

operacionalização em virtude da incompatibilidade do proposto com o

determina o Estatuto do Magistério Público Estadual da Bahia, pois somente os

vice-diretores que possuíam carga horária de 40h semanais puderam acumular

as duas funções.

No caso de vice-diretores com apenas 20h, o Estatuto do Magistério não

permite ampliação de carga horária nestas condições e o Centro de Educação

Profissional ficou desprovido deste profissional.

Em casos específicos como o do Centro de Educação Profissional do

Sertão Produtivo, localizado em Caetité, em que duas das vice-diretoras eram

funcionárias efetivas da Rede Municipal de Ensino foi feito um acordo de

parceria entre Estado e Município e ambas ficaram exercendo as funções no

referido Centro, com 40h semanais cada.

Não seria necessária a busca de artifícios como este para garantir o

cumprimento da legislação vigente se as necessidades específicas da

educação profissional na Bahia fossem compatíveis com as leis existentes,

mas o que se comprova em muitos pontos é a existência de duas redes de

ensino (Educação Básica e Educação Profissional) paralelas e às vezes

destoantes.

A Portaria nº 8.676/09 (BAHIA, 2009) prevê a articulação entre a

SUPROF, os Centros de Educação Profissional e as respectivas DIRECs, no

entanto, isto não acontece com tanta frequência. Fatores como o não

acompanhamento do processo de implantação dos Centros de Educação

Profissional pelas DIRECs, a existência de mais de uma DIREC por Território

de Identidade e a falta de contato entre os Centros e as Diretorias Regionais de

Educação causaram o distanciamento entre a proposta de oferta de educação

profissional e sua implantação. A estrutura administrativa das Diretorias

Regionais de Educação contempla uma Coordenação de Educação Básica e

uma Coordenação de Atendimento à Rede Escolar, mas dentro desta

distribuição inexiste um profissional que tenha entendimento sobre o processo

de implantação e expansão da educação profissional.

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Na portaria supracitada, em seu Artigo 7º, está prevista a constituição do

Sistema de Integração Escola/Mundo do Trabalho (SIEMT), com o objetivo de

prestar serviço na orientação profissional dos alunos, no encaminhamento de

estágio e na interação com os agentes sociais para possibilitar o acesso do

formando ao mundo do trabalho. No entanto, este trabalho é desenvolvido pela

equipe gestora dos Centros de Educação Profissional, dentro de sua limitação,

pois não houve a implantação deste sistema de integração.

Ainda com a intenção de dotar estas unidades de ensino de mecanismos

que possibilitem o sucesso na oferta da educação profissional e deem maior

celeridade na execução de ações, ficou determinado no Artigo 8º da Portaria nº

8.676/09 (BAHIA, 2009) que seriam criadas as Unidades Gestoras em cada

Centro de Educação Profissional, fato ainda não consumado.

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3.O MODELO DE GESTÃO NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

A gestão nos Centros de Educação Profissional da Bahia sejam eles

Territoriais ou Estaduais deve ser democrática conforme determina o Decreto

nº 11.355 (BAHIA, 2008c), em seu Artigo 3º, a partir da constituição do

conselho escolar.

Este órgão colegiado tem o objetivo de ampliar e garantir a participação

da comunidade, visando a qualidade dos cursos ofertados e o fortalecimento

do projeto político pedagógico desenvolvido, assegurada a participação

paritária dos segmentos da comunidade escolar e local.

Todos os representantes do conselho escolar devem se reunir

mensalmente para tratar da oferta, da qualidade e da expansão da educação

profissional no Território de Identidade Sertão Produtivo, transmitindo os

anseios e expectativas do segmento que representa. Não obstante, fica

incumbido de socializar aos seus pares tudo que foi discutido e definido em

reunião.

Somente o exercício desta representatividade pode caracterizar a gestão

democrática de fato, caso contrário tornar-se-á um órgão auxiliar e menos

importante da equipe gestora na administração dos Centros de Educação

Profissional, onde prevalecem as opiniões pessoais de seus representantes.

A ampliação na representação do conselho escolar em unidades de

ensino que ofertam exclusivamente educação profissional tem como objetivo

principal garantir a participação das entidades, órgãos públicos e sociedade

civil na oferta da educação profissional, possibilitando a articulação e a

contextualização desta modalidade de ensino com a proposta de

desenvolvimento sustentável da Bahia.

O fato da equipe gestora nos Centros de Educação Profissional da Bahia

ser escolhida a partir do processo de eleição direta pela comunidade escolar,

assim como em todas as unidades de ensino da Rede Estadual, dá suporte

para uma administração desvinculada do domínio patrimonialista comum em

cargos de confiança indicados por políticos que definem as ações dos

dirigentes escolares a partir da cobrança pela nomeação dos mesmos.

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Esta desvinculação é um importante indicativo do exercício democrático

na gestão dos Centros de Educação Profissional, livres de interferências

desvirtuadas do propósito educacional.

3.1.A gênese da gestão democrática e a mudança no perfil do gestor

A administração escolar no Brasil deve ser entendida como resultado de

um longo processo histórico de mudanças determinadas pelas relações

econômicas, políticas e sociais, que são geradas sob a ótica do modo de

produção capitalista. Consequentemente, o perfil do gestor escolar sofre as

marcas dessas distintas configurações e ainda busca a superação do modelo

historicamente construído.

Na década de 1930, os ideais progressistas de educação, embasados

no movimento pedagógico da Escola Nova e no Manifesto dos Pioneiros da

Educação, em contraposição à educação tradicional, despertam para a

necessidade de cientificizar o campo educacional. Autores como José Querino

Ribeiro (1938), Anísio Teixeira (1936) e Lourenço Filho (1963) são pioneiros na

escrita da temática administração escolar e, respeitadas as especificidades de

cada um, todos destacam a preocupação com a contribuição da escola para o

desenvolvimento econômico do país (DRABACH, 2011). Demonstravam a

preocupação em adequar a escola às novas necessidades da sociedade em

desenvolvimento, durante o processo de industrialização, a partir da atuação

de uma administração modernizada, antenada com as novas e extensas

demandas das coisas que a escola deve ensinar e fazer aprender.

Assim, o perfil do diretor neste modelo de administração escolar fica

centrado no controle e comando das decisões no âmbito escolar, a partir de

procedimentos capazes de conduzir a escola ao desempenho de sua

finalidade. Muitas vezes, a divisão entre quem comanda e quem executa na

escola foi conduzida à revelia dos professores que só passaram a reivindicar

maior autonomia e participação na gestão escolar a partir da década de 1980.

Com o fim do regime ditatorial passa-se a analisar com maior criticidade

o papel da educação na sociedade, chegando a revelar que a administração da

educação tem um caráter político e não meramente técnico como fora

empregado historicamente.

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Os primeiros a se destacarem nesta nova abordagem são Arroyo (1979),

Félix (1985) e Paro (2000). Todos saem na defesa do envolvimento da

comunidade nas práticas administrativas, embora sem muitos subsídios para

esta proposição, como diz Arroyo (1979):

O problema, pois é encontrar mecanismos que gerem um processo de democratização das estruturas educacionais através da participação popular na definição de estratégias, na organização escolar, na alocação de recursos e, sobretudo, na redefinição de seus conteúdos e fins. Fazer com que a administração da educação recupere seu sentido social.

É a partir das críticas ao conceito e prática de administração escolar

baseada no enfoque técnico que começa a aparecer o conceito de gestão

escolar, caracterizado essencialmente pela preocupação com o pedagógico e

pela essência política.

A Constituição Federal de 1988 definiu pela primeira vez o principio de

gestão democrática da educação (BRASIL, 1988), mas somente em 1996

ocorreu a institucionalização de espaços de participação na gestão de

instituições escolares. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN), Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996).

Art.14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público da educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I-participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. II-participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

Assim, todos os participantes do processo educativo escolar:

professores, alunos, funcionários e pais são envolvidos na tomada de decisão

da equipe gestora amenizando então, as relações hierárquicas e a

centralização do poder na escola.

Paro (2007) analisa a LDBEN e aponta para a “pobreza” de seu

conteúdo em relação aos anseios da sociedade civil no tocante à

regulamentação do princípio de gestão democrática da educação. Ainda

segundo Paro (2007), não há avanços consideráveis na adequação de

importantes aspectos da gestão escolar como a escolha dos dirigentes que fica

a cargo da iniciativa de estados e municípios:

(...) ao renunciar a uma regulamentação mais precisa do princípio constitucional da “gestão democrática” do ensino básico, a LDB, além de furtar-se a avançar, desde já, na adequação de importantes

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aspectos da gestão escolar; como a própria reestruturação do poder e da autoridade no interior da escola, deixa também à iniciativa dos estados e municípios – cujos governos poderão ou não estar articulados com interesses democráticos – a decisão de importantes aspectos da gestão, como a própria escolha dos dirigentes escolares (PARO, 2007).

Na verdade, a LDBEN apenas deu legitimidade às experiências de

gestão democrática que já vinham sendo praticadas em alguns sistemas de

ensino.

Segundo Drabach (2011), “a partir da concepção de gestão democrática,

há um redimensionamento na função do Diretor, de administrador, responsável

pelo andamento da escola e passa a se constituir em mediador na construção

e execução da proposta político-pedagógica, construída coletivamente”.

Conforme destaca Souza (2001), a gestão escolar democrática pode ser

entendida como “um processo político no qual as pessoas que atuam na/sobre

a escola identificam problemas, discutem, deliberam e planejam, encaminham,

acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao

desenvolvimento da própria escola”.

A gestão democrática se caracteriza como uma nova forma de

administrar que deveria ser capaz de, segundo Freitas (2007):

(...) opor à prevalência da técnica a prevalência do político e do pedagógico; à racionalidade instrumental, uma racionalidade valorativa; ao predomínio do formalismo, das normas escritas e das estruturas hierarquizadas, a construção cooperativa de alternativas e as formas participativas de decisão-ação-regulação; à separação entre concepção e execução, a unidade do pensar-fazer, da teoria-prática; ao aprofundamento da divisão técnica do trabalho, mediações para a democratização de conhecimentos e saberes do trabalho; à seletividade do processo de escolarização, a garantia e a efetivação da educação escolar como direito público subjetivo.

Paro (1992), chama a atenção para o tipo de participação nos processos

democráticos. É necessário que a participação ocorra desde a tomada de

decisões até a execução dos atos. Não se pode conceber esta última como o

fim em si mesmo, ou seja, envolver a comunidade escolar na execução de um

projeto didático que esconde a falta de democracia na gestão pela ausência da

participação na elaboração do referido projeto. Muitas vezes, trata-se de

projetos idealizados por uma instância superior que não atendem plenamente

aos anseios da comunidade. É necessário vencer a cultura da resistência das

relações de poder no tocante a participação democrática na tomada de

decisões. Para Luck (2000), a mudança nas práticas de gestão passa,

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52

sobretudo, por uma mudança de consciência a respeito da realidade e da relação das pessoas (...) se assim não fosse, seria apenas uma mudança de modelos. Essa mudança de consciência está associada à substituição do enfoque de administração, pelo de gestão. Cabe ressaltar que não se trata de simples mudança terminológica e sim de uma fundamental alteração de atitude e orientação conceitual. Portanto, sua prática é promotora de transformações de relações de poder, de práticas e da organização escolar em si, e não de inovações, como costumava acontecer com a administração científica).

A mudança na concepção de gestão escolar leva também à discussão

sobre o mecanismo de escolha dos gestores escolares. A escolha por eleição

iniciada no Brasil a partir da década de 1980 é o meio mais democrático, pois

toda a comunidade participa escolhendo seu representante a partir das

propostas dos candidatos e tem a oportunidade de avaliar o cumprimento dos

compromissos firmados.

Embora seja uma lacuna na agenda democrática da LDBEN, a eleição

para gestor escolar na Bahia se deu com a publicação do Decreto 11.218

(BRASIL, 2008b), que instituiu além das eleições diretas para gestor escolar da

rede estadual, a criação de um curso de Gestão Escolar para capacitar

pretendentes ao cargo, como também assegurou a participação de

funcionários, alunos e seus responsáveis no processo de votação.

Realizadas novamente em 2011, estas eleições por si só não

representam o único elemento da democratização da gestão escolar. É

necessário considerar a participação da comunidade em todo o processo de

gestão, através de mecanismos como os conselhos escolares. A gestão é uma

atividade meio e não pode ser tomada como um fim em si, pois não há como

alcançar a formação de um sujeito crítico e autônomo com base em uma

gestão autoritária.

Existe o consenso de que a gestão democrática é essencial no sistema

público de ensino e sua efetivação vai além da institucionalização na legislação

brasileira, pois sua prática deve surgir da necessidade da comunidade em

participar efetivamente da gestão da escola na perspectiva de garantir sua

autonomia. No entanto, isto só acontecerá, segundo Paro (1996) “num

ambiente escolar em que todos possam conviver como sujeitos, com direitos e

deveres percebidos a partir da discussão aberta de todas as questões que

afetam a vida de todos na escola”.

Novaes e Louis (2009), afirmam que,

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53

No campo da gestão escolar, a participação pode se estabelecer pela via do envolvimento dos professores, funcionários, pais, alunos e representantes da comunidade na gestão e na organização das atividades educativas da escola. Esse tipo de participação vem se desenvolvendo por meio dos conselhos ou colegiados escolares, órgãos criados para interagir na gestão da escola.

Este trabalho científico destaca o conselho escolar como mecanismo

mais apropriado para o exercício coletivo do poder por contemplar a

representação de todos os segmentos da comunidade escolar em sua

constituição.

É necessário discutir as potencialidades e os desafios deste instrumento

de gestão escolar compartilhada a partir da análise do contexto em que está

inserido na instituição.

Para tanto, o CETEP do Sertão Produtivo foi tomado como referencial

neste estudo dada a especificidade de sua institucionalização e, sobretudo,

pelo diferencial garantido neste processo com a ampliação da

representatividade de membros no conselho escolar. A inclusão do mundo do

trabalho e do poder público neste instrumento colegiado significa o aumento no

número de membros e a ampliação do diálogo através da inserção de novas

formas de pensar e de novos interesses inseridos no processo.

Após este breve histórico da administração escolar no Brasil e da

mudança no perfil do gestor escolar, este estudo aponta para o surgimento e a

implantação da gestão democrática em nosso país a partir de órgãos

colegiados com representação da comunidade escolar.

Para Arendt (1973), os conselhos são a única forma possível de um

governo horizontal, um governo que tenha como condição de existência a

participação e a cidadania. A discussão sobre os conselhos como mecanismo

de gestão democrática é válido tanto para setores liberais como para setores

de esquerda. A diferença é que os primeiros pensam na atuação dos conselhos

como instrumento de colaboração e os setores de esquerda como possibilidade

de mudança através da descentralização do poder.

Para Gohn (2006), os conselhos estão inscritos na Constituição de 1988

na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da

população. Assim, os conselhos escolares surgem como mecanismos com

funções próprias que possuem potencialidades diversas, mas as dificuldades

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de constituição e manutenção limitam sua atuação e acabam por transformá-

los em organismos auxiliares da gestão escolar.

O enfrentamento das dificuldades de efetivação da gestão democrática

passa pela constituição de espaços mais abertos para a participação popular

na escola e pela superação do entendimento da ação coletiva como mera

tomada de decisão.

Faz-se necessário envolver os membros do conselho escolar no controle

das ações pedagógicas e políticas da instituição de ensino, a fim de garantir a

eficiência e a eficácia dos serviços oferecidos pelo Estado. Nessa linha de

argumentação, a ideia é que “todos os envolvidos no processo pedagógico têm

capacidade de representar seus próprios interesses e de regular seus atos por

iniciativa própria” (HABERMAS, 1986).

A existência dos conselhos escolares e até mesmo seu funcionamento

formal não garantem o exercício da democracia na gestão escolar. É preciso a

promoção do diálogo, da conversa aberta entre os sujeitos individuais e

coletivos, para que se estabeleça o princípio democrático. Segundo Habermas

(1986),

sempre que as ações dos agentes envolvidos são coordenadas, não através de cálculos egocêntricos de sucesso mas através de atos de alcançar o entendimento. Na ação comunicativa os participantes não estão orientados primeiramente para o seu próprio sucesso individual, eles buscam seus objetivos individuais respeitando a condição de que podem harmonizar seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de situação. Assim, a negociação da definição de situação é um elemento essencial do conhecimento interpretativo requerido pela ação comunicativa.

A constituição do conselho escolar nas escolas públicas brasileiras é

altamente aprovada por entender que este órgão colegiado representa um

instrumento de poder acessível à sociedade civil:

O potencial que primeiro salta aos olhos é o potencial de aprovação que um conselho de escola, funcionando com todas as suas vicissitudes, desperta em seus integrantes. Há um consenso praticamente absoluto quanto à superioridade do conselho de escola frente à superioridade do conselho de escola frente às formas burocráticas de gestão da escola. As críticas que surgem ao seu funcionamento decorrem, não de sua existência, mas sim por ele não atingir, na prática, suas potencialidades plenas (PINTO, 1994).

Uma das limitações é que os pais e/ou responsáveis pelos alunos,

segmento representado no conselho escolar, veem sua atuação como algo

apenas colaborativa. Não entendem que possuem poder de participação no

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processo pedagógico e não apenas de decisão como normalmente ocorre em

reuniões ordinárias.

O conselho escolar é tido como organismo auxiliar na organização e

gestão escolar (PINTO, 1994). Chegou a ser interpretado também como um

meio de diminuição do poder docente através da presença dos pais de alunos

no conselho. No entanto estes, quando participam, dificilmente criam conflitos e

normalmente se tornam aliados e prontos para apoiar aquilo que os que

trabalham na escola propõem como melhor para o processo pedagógico. Isto

quer dizer que “os pais não foram a ‘espinha atravessada na garganta’ dos

professores que o ministério aparentemente esperava e não assumiram o

papel de policias da escola ao serviço do governo que lhes parecia estar

reservado” (SÁ, 2004).

O envolvimento dos representantes dos diversos segmentos que

constituem o conselho escolar não é imparcial. Segundo Novaes (2006),

O envolvimento das pessoas na gestão de uma organização escolar, da mesma forma, se dá de maneira difusa e varia conforme as circunstâncias. Por exemplo, se em um momento específico a participação de um professor foi decisiva para que se tomasse uma determinada decisão, isso não quer dizer que no futuro, necessariamente, ele será consultado. Isso dependerá do contexto, disponibilidade, interesse, dentre outros aspectos.

Ainda segundo Novaes (2006),

Observa-se, dessa forma, que a tomada de decisão no âmbito da gestão escolar descentralizada se estabelece como um processo complexo onde se entrecruzam expectativas de resultados, normas institucionais, valores, sentimento de pertença e, de forma geral, aspectos simbólicos e rituais que compõem as estruturas de significados nas organizações educacionais. Nenhuma decisão, nesse sentido, pode ser qualificada como boa ou correta em termos absolutos. Elas podem ser avaliadas em relação ao sistema de valores da organização escolar e à rede de significado a que está atrelada. A capacidade de tomar decisões, portanto, estaria mais ligada à sensibilidade dos sujeitos em perceber nuances da escola e do ambiente entorno do que a sua capacidade de calcular cursos alternativos de ação e seus resultados .

A representatividade dos membros do conselho escolar é outro aspecto

importante a ser analisado:

A representatividade proporciona uma espécie de legitimidade para o representante tomar as decisões pelos seus representados, seja num conselho de escola ou em qualquer nível de poder legislativo, por conta de seus posicionamentos, sua história anterior, seu poder de oratória ou convencimento, ou ainda por sua exposição clara de seu projeto de trabalho (...) como representante e que oferece, a quem o elegeu, a garantia de que os compromissos assumidos publicamente serão respeitados (CAMARGO, 1997).

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56

De acordo com o Decreto nº 11.355/08 (BAHIA, 2008c), no caso do

CETEP do Sertão Produtivo, o conselho escolar é composto pelos

representantes da comunidade escolar (pais, funcionários, alunos e

professores) e por trabalhadores, empresários e/ou integrantes da sociedade

civil organizada com atuação no campo da educação profissional ofertada, bem

como com entidades representativas dos municípios que compõem o Território

de Identidade Sertão Produtivo e órgãos públicos estaduais.

Neste caso, o mecanismo de definição dos representantes de cada

segmento da comunidade escolar se dá através da eleição entre seus pares. A

escolha do representante é influenciada pelo nível de confiança estabelecido

entre as partes, pela imposição de atitude do candidato ou até pela empatia

entre os membros. Na verdade, o representado espera que o representante

eleito garanta a defesa dos interesses de seu segmento. Todavia, a

representação política na prática tende a se pautar pelas compreensões e

ideias próprias dos representantes (SOUZA, 2001).

No caso da escolha dos representantes de trabalhadores e empresários

da sociedade civil, bem como das entidades representativas do Território e

órgãos públicos estaduais ainda não há definição na legislação que ampare e

oriente este processo. Os 66 Centros de Educação Profissional, baseados em

suas realidades, buscaram estratégias para preenchimento das 27 vagas do

conselho escolar. Sem uma regulamentação unificada cada Centro faz como

achar mais adequado.

Além da inexistência de um instrumento que unifique o processo de

escolha dos representantes da sociedade civil que atuam na educação

profissional e do poder público, existem outras dificuldades para o bom

funcionamento do conselho escolar no CETEP do Sertão Produtivo. Os 19

municípios que compreendem este Território de Identidade são extensos e

distantes uns dos outros e isto é um agravante para o êxito da

representatividade afinada com os anseios do segmento a que se encontra

vinculado. O representante age de maneira quase independente de seu

segmento.

No tocante ao representante do poder público, a falta de tempo para

participar da reunião é sempre a justificativa dada para a ausência constante. É

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57

de se imaginar que políticos e/ou assessores não reservem em suas agendas

as datas das reuniões do conselho escolar do Centro Territorial de Educação

Profissional que nem faz parte de seu município. A compreensão de que esta

escola deve atender todo o Território de Identidade, independente de sua

localização, ainda não foi incorporada.

Para Gohn (2006), as questões da representatividade e da paridade,

constituem problemas cruciais para serem mais bem definidas nos conselhos

gestores de uma forma geral. É necessário garantir igualdade de condições de

participação (acesso à informação e disponibilidade de tempo) entre os

membros do conselho e o representante deve ter vínculos permanentes com o

segmento que representa.

Muitos membros até participam dos encontros, mas a presença somente

não basta. Falta envolvimento em todo o processo pedagógico. O perigo desta

apatia do conselho escolar é levar o mecanismo de representatividade ao

descrédito. Ou ainda,

Tanto podem alavancar o processo de participação sociopolítica de grupos organizados, como estagnar o sentimento de pertencer de outros – se monopolizados por indivíduos que não representem, de fato, as comunidades que os indicaram/elegeram. Eles (os conselhos) não substituem os movimentos de pressão organizada de massas, ainda necessários para que as próprias políticas públicas ganhem agilidade (GOHN, 2001).

Guerra (1994) aponta problemas no funcionamento dos conselhos.

Desde disputas mal colocadas de interesses entre os diferentes segmentos,

apatia ante a participação, confusão acerca das funções do conselho e dos

conselheiros, sensação de inoperância, má organização das reuniões,

burocratização do funcionamento do conselho e confusão epistemológica.

Assim, dadas as precárias condições de funcionamento do conselho

escolar no CETEP do Sertão Produtivo, a equipe gestora acaba tomando

decisões com um número limitado de representantes deste órgão colegiado.

A superação dos problemas elencados e o aumento do potencial

comunicativo e democrático dos conselhos, bem como a ampliação da cultura

de participação dos membros são essenciais para que este instrumento de

gestão coletiva funcione efetivamente.

Algumas questões são muito importantes na discussão da efetividade

dos conselhos. Para Gohn (2006), são relevantes os seguintes pontos:

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a representatividade qualitativa dos diferentes segmentos sociais, territoriais e forças políticas organizadas – em sua composição; o percentual quantitativo, em termos de paridade, entre membros do governo e membros da sociedade civil organizada que o compõe; o problema da capacitação dos conselheiros mormente os advindos da sociedade civil; o acesso ás informações (e sua decodificação) e a publicação das ações dos conselhos; a fiscalização e controle sobre os próprios atos dos conselheiros; o poder e os mecanismos de aplicabilidade das decisões do conselho pelo Executivo e outros.

A capacitação dos conselheiros garantirá uma participação de qualidade

na medida em que dotará os envolvidos de informações e de conhecimento

sobre as questões estruturais e pedagógicas da escola, possibilitando uma

inserção de fato no processo. Somente assim, todos os membros do conselho

escolar estarão em condições igualitárias de participação e poderão exercer a

cidadania ativa. A existência de curso de capacitação deverá levar em conta

aspectos técnicos, mas sobretudo saberes éticos-políticos.

Pensando nisso, a Secretaria de Educação da Bahia, por meio da

SUPROF e o DIEESE, por meio do Convênio nº 524/2008 (BAHIA, 2008a),

ofertou o curso “Desenvolvimento de Metodologia de Implementação,

Assessoria e Formação de Conselheiros de Centros Estaduais e Territoriais de

Educação Profissional”.

Esta capacitação teve como finalidade contribuir para a construção de

espaços de participação da sociedade civil (trabalhadores, empresários e

comunidade escolar, entre outros) nas decisões referentes à Educação

Profissional do Estado da Bahia.

A proposta de trabalho envolvia o desenvolvimento de uma metodologia

de implementação dos conselhos nos Centros de Educação Profissional da

Bahia, bem como a capacitação dos conselheiros.

Primeiramente, os gestores destes Centros foram mobilizados através

de uma formação específica cujo objetivo foi discutir a política e a concepção

de Educação Profissional e definir as diretrizes para a implantação dos

conselhos.

Participaram desta formação os gestores e vice-diretores de Articulação

como o Mundo do Trabalho em encontros realizados em Salvador.

Tão logo o conselho escolar foi implantado, deu inicio a capacitação

envolvendo cinco membros deste órgão colegiado, sendo eles: um

representante do segmento professor, um representante do segmento aluno,

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um representante do segmento pai de aluno, a vice-diretora de Articulação com

o Mundo do Trabalho e a gestora desta unidade de ensino.

Os participantes debateram os objetivos, o caráter e as funções do

conselho escolar, as atribuições e o papel dos conselheiros, assim como os

princípios e valores que devem orientar a atuação deles.

As discussões destes encontros subsidiaram a construção coletiva do

caderno intitulado ”O conselho dos centros de Educação Profissional da Bahia:

caderno do conselheiro – um instrumento de ação” (SALVADOR, 2011) que

pretende dar suporte e orientação à ação de cada membro do Conselho

Escolar na consolidação deste como mecanismo de gestão democrática da

política de Educação Profissional da Bahia.

Esta publicação faz um apanhado histórico do conselho, enquanto

instrumento de participação social ao longo da história mundial citando grandes

referências nesta área de estudo.

Conceitua o Conselho dos Centros Estaduais e Territoriais de Educação

Profissional e apresenta os objetivos, o caráter e as funções do mesmo com

base no Decreto Estadual 11.355, de 04 de dezembro de 2008 (BAHIA, 2008c),

que criou estes Centros de Educação Profissional no âmbito do Sistema

Público Estadual de Ensino do Estado da Bahia.

Cita também a legislação que ampara a criação e sustenta a atuação

deste conselho escolar, bem como aponta as diretrizes para composição do

referido conselho.

No entanto, deixa a desejar quando apenas sugere a composição do

conselho por entidades representativas dos trabalhadores, empresários,

integrantes da sociedade civil organizada, representantes dos municípios e

órgãos públicos estaduais em abrangência com o conjunto de municípios do

Território de Identidade em que se localiza o Centro de Educação Profissional.

Apresenta um quadro com a composição sugerida, mas não menciona

mecanismos de escolha destes representantes dentro de um universo tão

extenso e diversificado como o Território de Identidade. Esta atribuição recai

sobre a equipe gestora da unidade de ensino que se vê na obrigação de

constituir este órgão colegiado para garantir uma gestão democrática, em

atendimento aos anseios sociais e, sobretudo à legislação vigente.

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60

A falta desta regulamentação cria vácuos entre os 54 Centros de

Educação Profissional na medida em que permite a cada um o uso de

instrumentos próprios para definição desta representação no conselho escolar.

Garantir que sejam escolhidos empresários e trabalhadores ativos o suficiente

para dialogarem com seus pares sobre a adequação das ofertas de Educação

Profissional às demandas e necessidades do Território é algo utópico para a

gestão destas escolas. Se considerar a abrangência de 19 municípios ao

Território de Identidade Sertão Produtivo ficará claro o comprometimento da

ação comunicativa entre os representados e os representantes neste processo

de consulta democrática.

De acordo com o caderno ”O conselho dos centros de Educação

Profissional da Bahia: caderno do conselheiro – um instrumento de ação”

(SALVADOR, 2011), uma das atribuições do conselheiro é

zelar pelo exercício da democracia no âmbito do Conselho, atuando para a manutenção do reconhecimento de direitos, do compartilhamento de poder, do acesso às informações e da socialização das decisões.

Nesta publicação estão descritos os princípios e valores que devem

orientar a atuação dos conselheiros, sendo alguns deles: democracia,

construção coletiva, diálogo, gestão participativa, equidade, participação

democrática, assiduidade, compromisso e responsabilidade.

As possibilidades da atuação do conselho são referenciadas ao Decreto

nº 11.355 (BAHIA, 2008c), enfatizando a garantia da gestão democrática e da

participação paritária dos segmentos da comunidade escolar e local no

conselho. Os limites, no entanto não são evidenciados. Eles serão vivenciados

e superados pela gestão de cada unidade de ensino ao passo em que forem

percebendo as dificuldades para escolha das representações dos

trabalhadores, empresários, sociedade civil e poder público em cada Território

de Identidade.

Depois de constituído, cada conselho escolar deverá garantir condições

de acesso e exercício de participação de todos os membros, inclusive com o

acompanhamento das ações deste conselho e a possibilidade de revogar e

destituir qualquer representante que não cumpra com suas funções durante

seus mandatos (que ainda não tiveram seu tempo regulamentado pela

legislação pertinente).

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O CETEP do Sertão Produtivo contou com a contribuição significativa do

Conselho de Desenvolvimento do Território Sertão Produtivo (CODESP), que

atuou decisivamente na constituição do conselho escolar. E promoveu a

articulação entre os membros do CODESP e encaminhou o representante de

um município do Território de Identidade Sertão Produtivo para o

preenchimento da vaga existente para representante do poder público.

3.2 Os desafios da gestão democrática na educação profissional da Bahia

A implementação de uma gestão escolar democrática nos Centros de

Educação Profissional da Bahia é uma exigência legal e uma necessidade

social a fim de garantir a qualidade na oferta desta modalidade de ensino no

Estado.

Não obstante, é preciso saber que a gestão democrática não é um fim

em si mesmo, mas a garantia de participação e envolvimento da comunidade

escolar no processo educacional na busca pela melhoria do ensino.

Por se tratar de educação profissional, esta demanda é ainda maior em

virtude dos contextos inseridos na escola a partir da diversidade no mundo do

trabalho. Cada curso técnico apresenta interesses, possibilidades e entraves

específicos que necessitam serem entendidos e discutidos pelos vários

segmentos que compõem a comunidade escolar.

Desta forma, os problemas e as dificuldades encontradas na escola não

são do diretor, mas de todos os envolvidos no processo pedagógico.

Segundo Monlevade (2005) existem cinco princípios para a construção

da gestão democrática nas escolas:

1. Gestão Democrática supõe ruptura com práticas autoritárias, hierárquicas e clientelísticas. Por isto, a eleição de diretores, embora não se constitua a essência da gestão democrática, tem sido o sinal histórico para distinguir o “tempo autoritário” do “tempo democrático”. (...)

2. Gestão Democrática e participação dos atores em decisões e na avaliação. Talvez o ideal fosse fazer da assembleia geral escolar o órgão máximo deliberativo. Mas, no dia-a-dia, temos que construir um Conselho Escolar competente e viável (...).

3. Gestão Democrática supõe representação legitima dos segmentos. (...).

4. A Gestão Democrática da escola se baliza pelo Projeto Político Pedagógico da Escola. (...)

5. Gestão Democrática da escola se articula com administração democrática do sistema de ensino. (...)

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62

Nesta perspectiva, a eleição direta para escolha dos dirigentes escolares

na Rede Estadual de Ensino da Bahia, iniciada em 2011, cumpre legalmente o

primeiro princípio considerado por Monlevade (2005) na citação acima.

Desde então, a comunidade escolar, inclusive dos Centros de Educação

Profissional, tem participado deste processo de definição da equipe gestora a

partir da votação nas chapas inscritas e homologação da mais bem votada pela

Secretaria de Educação do Estado com publicação em Diário Oficial. O

mandato é de três anos com direito a uma reeleição.

No entanto, esta eleição de diretores não é a essência da gestão

democrática, como afirma Monlevade (2005) e não garante a prática

participativa da comunidade escolar, principalmente se faltar maturidade na

aceitação da derrota, no caso da existência de mais de um candidato. Um

processo ineficiente de mobilização e conscientização para a eleição escolar

pode gerar uma divisão na equipe de trabalho e, consequentemente, uma

oposição ferrenha, capaz de boicotar a todo custo as iniciativas da equipe

eleita.

Diferentemente do que se pode imaginar, a eleição para gestor escolar

não descarta a influência de agentes políticos no sistema educacional. As

brechas para a penetração do clientelismo podem acontecer no processo de

candidatura ou no mandato do gestor eleito, principalmente em cidades

pequenas do interior da Bahia onde a disputa política é mais acirrada e chega a

dividir a população em grupos adversários. Esta influência velada vai desde o

apoio na campanha com patrocínios financeiros de pessoas da comunidade

diretamente ligadas às forças políticas locais até aos pedidos de voto de

lideranças políticas em determinado candidato a gestor como pressão ou

intimidamento.

No caso da constituição do conselho escolar como condição importante

para a prática da gestão democrática, os Centros de Educação Profissional da

Bahia possuem um diferencial: ele deve integrar representantes da equipe

gestora, de professores, de alunos, de pais, do poder público e da sociedade

civil ligada ao mundo do trabalho.

Esta ampliação na composição do conselho escolar possibilita a

aproximação entre a oferta da educação profissional nos Centros e a demanda

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social, bem como articular e contextualizar a prática educacional ao mundo do

trabalho em que está inserido.

Isto tanto é positivo para o sucesso no processo-aprendizagem como

dificulta a operacionalização deste órgão colegiado, tornando-o, muitas vezes,

inviável.

Fatores determinantes como: a inexistência de uma legislação que

contemple as especificidades do conselho escolar nos Centros de Educação

Profissional; a amplitude territorial que distancia os representantes do conselho

de seus pares, impossibilitando a articulação entre as partes; e, o

distanciamento entre os interesses dos conselheiros ligados ao mundo do

trabalho e a proposta pedagógica dos Centros de Educação Profissional.

Assim, mesmo com o conselho escolar devidamente formado não há garantia

da participação consciente de seus membros conselheiros no processo

educacional.

A representatividade legitima dos segmentos é comprometida na medida

em que não há discussão antecipada entre seus pares dos temas a serem

debatidos nas reuniões do conselho escolar e muito menos um retorno do que

foi definido, buscando socializar a pauta.

Na verdade, quando participam de reuniões estes conselheiros emitem

uma opinião pessoal sobre os temas sem representar o que pensa o segmento

de que fazem parte.

A dinâmica do dia-a-dia, na maioria das vezes, faz com que a equipe

gestora busque apenas o aval do conselho escolar em decisões centralizadas,

transformando-o num órgão auxiliar de gestão, sem muita importância.

O funcionamento do conselho escolar amplia e potencializa o controle

social, e em conjunto, com outros mecanismos estabelece a prática

democrática na gestão escolar, abrindo espaços para o diálogo e solução de

conflitos.

Nos Centros de Educação Profissional da Bahia, as condições mínimas

para o exercício da democracia são estabelecidas por lei, mas a superação das

dificuldades depende da atuação de cada ator educacional a partir dos valores

individualizados como ética, solidariedade e compromisso que, colocados em

prática criam mecanismos coletivos de gestão da educação profissional e de

aprimoramento da prática pedagógica articulada a demanda social.

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64

4.O. CONSELHO ESCOLAR NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: MECANISMO DE GESTÃO PARTICIPATIVA

A proposta para a composição do Conselho Escolar e a estratégia de

implantação foi debatida e construída em conjunto com a SUPROF e os

gestores dos Centros de Educação Profissional, em 2009. Cabendo a cada

Centro, a partir da atuação do Vice-Diretor de Articulação com o Mundo do

Trabalho, função específica criada pela Portaria Nº 8.676/2009 (BAHIA, 2009),

articular as entidades que compõe o Conselho, garantindo suas participações.

Após a capacitação promovida pelo DIEESE através do Convênio:

Secretaria da Educação / SUPROF. Nº 524 (BAHIA, 2008a), a equipe gestora

deveria buscar a mobilização da comunidade e iniciar o processo de escolha

dos representantes de cada segmento.

O Colegiado Escolar, sob o qual esta proposta de conselho escolar se

assenta, é constituído por representantes dos segmentos da comunidade

escolar e local, sendo constituído de, no máximo, 14 membros, que

representam os cinco segmentos da comunidade escolar: direção da escola;

professor e/ou coordenador pedagógico; estudante; servidor técnico-

administrativo; pai ou responsável. Devendo a comunidade local ser

representada por entidade cujos objetivos sejam vinculados a atividades

educativas ou socioeducativas, com atuação na circunscrição da respectiva

unidade escolar.

No caso do conselho escolar dos Centros de Educação Profissional, o

segmento da comunidade local deverá ser composto por entidades

representativas dos trabalhadores, empresários, integrantes da sociedade civil

organizada, bem como dos municípios e órgãos públicos estaduais. Além

disso, a sugestão é que esta formação possa abranger o conjunto de

municípios do Território de Identidade em que se localiza a unidade de ensino.

O Quadro 2 exemplifica uma possibilidade de composição, conforme critérios

estabelecidos no Decreto.

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Quadro 2 - Exemplo de composição do Conselho Escolar, segundo critérios do Decreto Nº 11.355/2008.

Segmento Composição

Escola

Professores 03 Funcionários 03

Família (pais, mães, irmãos, avós, responsáveis pelos estudantes) 03

Estudantes 03 Gestores (Diretor, Vice de Articulação com o Mundo do Trabalho e Diretoria Regional de

Ensino) 03

Mundo do Trabalho

Comunidade local (movimentos sociais e representante do Colegiado Territorial) 03

Empresários (das áreas rural e urbana e da economia solidária) 03

Trabalhadores (dos setores da indústria e dos serviços e da área rural) 03

Poder público local (do município sede e de mais duas outras cidades) 03

Total de Conselheiros 27 Fonte: Elaborado pela autora.

No caso do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão

Produtivo, localizado no Território de Identidade que dá nome a esta unidade

de ensino, sediado no município de Caetité, região Sudoeste da Bahia, fica

assim constituído o conselho escolar: um representante dos trabalhadores da

indústria, um representante da prestação de serviço e um representante da

área rural; um representante dos empresários da zona rural, um representante

da zona urbana e um representante da economia solidária; um representante

do poder público local e mais dois representantes dos demais municípios que

compõem o Território de Identidade Sertão Produtivo; um representante dos

movimentos sociais e um representante da coordenação do Conselho de

Desenvolvimento do Território Sertão Produtivo (CODESP); um representante

da Diretoria Regional de Educação (DIREC), Vice-Diretora de Articulação com

o Mundo do Trabalho, três representantes do segmento professor, três

representantes do segmento aluno, três representantes do segmento

funcionário e três representantes do segmento pai de aluno.

Cada Centro de Educação Profissional tem a autonomia para flexibilizar

a composição sugerida no Decreto à sua realidade, desde que atenda aos

critérios dispostos. No entanto, até o momento atual nenhum conselheiro eleito

foi empossado por falta da portaria de homologação publicada no Diário Oficial

do Estado.

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66

O Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão Produtivo

enfrentou muitas dificuldades na formatação do processo eletivo para escolha

de alguns segmentos do conselho.

Certas entidades indicaram seus representantes por considerarem

inviável o processo democrático de eleição, tais como: o CODESP, a DIREC e

as Prefeituras Municipais.

Os segmentos de professores, estudantes, funcionários e pais de alunos

procederam a escolha através de eleição com voto secreto e direto no dia 30

de março de 2010. Já os membros representantes do segmento trabalhadores,

empresários e sociedade civil foram escolhidos por aclamação em reunião

realizada no auditório do referido Centro na data supracitada.

Na verdade, a necessidade de garantir a representatividade legítima e

paritária dos membros no conselho escolar representa apenas o primeiro dos

problemas a ser enfrentado. A falta da homologação deste processo, a

ausência de um estatuto, a dificuldade de comunicação entre os

representantes e os representados e a inexistência de condições financeiras

mínimas que garantam as despesas com deslocamento dos conselheiros

residentes em outros municípios para participarem das reuniões tem

inviabilizado o exercício deste mecanismo democrático de gestão nos Centros

de Educação Profissional.

Não obstante, o grande desafio deste conselho escolar é promover o

equilíbrio entre a demanda e a oferta da educação profissional de acordo com

os arranjos produtivos no Território de Identidade em que se encontra inserido

o Centro. O acompanhamento da proposta pedagógica dos cursos técnicos

visando garantir a melhora da qualidade de ensino, o acesso, a permanência e

a aprendizagem dos alunos também faz parte da função dos conselheiros que

ainda não começaram a atuar.

Em 2010, alguns conselheiros participaram do curso de formação

promovido pelo DIEESE onde tiveram oportunidade de discutir e elaborar

sugestões sobre as responsabilidades do conselho escolar, seu papel, suas

atribuições e os princípios norteadores de suas ações.

No entanto, esta medida foi insuficiente para garantir a efetividade deste

órgão colegiado.

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67

É essencial definir alguns aspectos que envolvem o processo de seleção

dos integrantes do conselho escolar: mandato dos conselheiros, forma de

escolha, existência de uma Comissão Eleitoral, convocação de assembleias-

gerais para deliberação de pauta ampliada, realização de encontros para

discussão de pauta cotidiana e existência de membros efetivos e suplentes.

Como afirma Novaes (2005),

no contexto da organização da escola, o diretor pode reunir as condições necessárias para o exercício da autoridade. Em geral, existe uma base legal que lhe permite exercer tal condição, embora não seja suficiente. É importante desenvolver qualidades referentes às capacidades técnicas e pedagógicas para conduzir os processos decisórios inerentes ao exercício da autoridade. Ocorre, por outro lado, que o exercício da autoridade requer a adoção de estratégias adequadas aos novos modelos de organização que permita conciliar seu poder com o poder dos grupos constituídos.

Assim, neste novo modelo de organização aberta da escola, o conselho

escolar é um lugar de participação e decisão, um espaço de discussão,

negociação e encaminhamento das demandas educacionais, permitindo a

participação social e promovendo a gestão democrática. Não cabe o exercício

da autoridade do diretor, mas sim a cultura participativa e cidadã.

4.1 A inserção do mundo do trabalho e do poder público no conselho escolar dos Centros de Educação Profissional

A ampliação do conselho escolar nos Centros de Educação Profissional

se deu a partir do Decreto nº 11.355/2008 (BAHIA, 2008c), que além da

comunidade escolar incluiu a representação paritária de entidades dos

trabalhadores, dos empresários e/ou integrantes da sociedade civil organizada

com atuação no campo da educação profissional ofertada e do poder público.

Esta medida possibilita a aproximação entre a escola e o mundo do trabalho,

permitindo articular a prática pedagógica da educação profissional às

demandas sociais, visando o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do

Estado da Bahia.

A proposta de inserção do mundo do trabalho nos Centros de Educação

Profissional não deve, porém, dar a entender que a única função desta unidade

de ensino é preparar mão-de-obra para o mercado de trabalho, atendendo

puramente as necessidades apontadas pelos representantes de empresários

no conselho escolar, por exemplo.

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68

Ao contrário disto, a proposição pedagógica é possibilitar ao aluno da

educação profissional a apropriação dos conhecimentos desenvolvidos ao

longo da história, dando-lhe meios para determinar seu crescimento como

pessoa e para superar a alienação que fragmenta e obscurece a consciência

dos processos.

O objetivo da educação profissional nos Centros de Educação deve ser

o da formação integral do aluno, buscando enfatizar a importância dos valores

sociais para a pessoa humana e dar condições para que exerça a condição de

trabalhador como sujeito de direitos.

É imprescindível que o aluno da educação profissional possua

conhecimento sobre as possibilidades de atuação em sua área de formação

técnica e que compreenda os mecanismos produtivos para que sobreviva à

dinâmica social inconstante do trabalho. Pois, como afirma Lima & Lopes

(2005)

(...) não podemos tratar a qualificação como algo exclusivamente do mundo do trabalho ou do mundo da educação. Trata-se de percebê-la como um ponto de intersecção, para o qual devem confluir diversas abordagens e contribuições, entre elas a dos sujeitos trabalhadores.

A aproximação entre a escola e os representantes do mundo do trabalho

possibilita a correlação entre o que se propõe pedagogicamente em sala de

aula e que se espera do aluno fora da instituição de ensino sem deixar que

esta preparação venha prescindir do direito à cidadania.

Lembrando que existe uma diferença entre cidadania e estadania,

conforme afirma Carvalho (2001), pois na estadania o sujeito se move a partir

de iniciativas do Estado em contraste com a cidadania que para se efetivar

exige a participação voluntária do indivíduo, movida por interesses que

independem da concessão do Estado.

A preocupação em diferenciar a “preparação para o trabalho” do

“exercício consciente da cidadania” tem sua origem durante o período da

história em que o local de trabalho atuava como espaço educativo, interferindo

na liberdade e na criatividade do trabalhador.

Atualmente, a concentração de esforços está em definir o trabalho como

princípio educativo na prática da educação profissional, tomando por base o

trabalho socialmente útil não mais como meio de disciplinamento ou alienação.

Page 71: DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I ......Conselho escolar nos centros de educação profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação / Rosany Kátia Vilasboas Moreira

69

Assim, inserir o mundo do trabalho no conselho escolar não deve

representar ameaça à condução do processo educativo que prima pela

formação profissional e cidadã de forma integrada sem perda de valores

humanistas.

A exigência em inserir no conselho escolar o representante de

trabalhador e de empresário pode facilitar a inserção dos alunos da educação

profissional em campos de estágio correlatos à sua área de formação.

A depender o processo de escolha dos representantes e do grau de

influência destes no mundo do trabalho pode acontecer a abertura de espaço

para aplicação prática da aprendizagem dos alunos, gerando inclusive a

possibilidade de vínculo posterior de trabalho aos que demonstrarem melhor

desempenho durante o estágio.

Esta aproximação entre o Centro de Educação Profissional e o mundo

do trabalho é condição essencial para o sucesso desta modalidade de ensino.

A participação de representantes do mundo do trabalho e poder público

no conselho escolar dos Centros de Educação Profissional pode determinar

também a oferta de cursos técnicos em conformidade com a demanda do

Território de Identidade e/ou municípios a serem atendidos, proporcionando a

atuação do controle social nesta política pública.

Como a dinâmica social é determinada pelas transformações políticas e

econômicas e isto define a oferta da educação profissional no estado, existe a

necessidade de alternância dos cursos técnicos nos Centros de Educação

Profissional que poderá ser indicada pelo representante do mundo do trabalho

e do poder público no conselho escolar.

A indicação de Eixos Tecnológicos por Centro de Educação Profissional

e não mais áreas específicas de atuação como anteriormente possibilita a

implantação de diferentes cursos técnicos em atendimento à demanda social

inconstante, evitando a falta do profissional técnico ou o saturamento dele no

mundo do trabalho.

Além disso, esta mobilidade dentro de um mesmo Eixo Tecnológico

otimiza a utilização dos laboratórios e equipamentos, evitando o descarte e o

desperdício do recurso público investido.

Assim, o Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão

Produtivo, por exemplo, está recebendo o laboratório do Eixo Tecnológico

Page 72: DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I ......Conselho escolar nos centros de educação profissional da Bahia: representatividade e desafios de atuação / Rosany Kátia Vilasboas Moreira

70

Gestão e Negócios que pode ser utilizado pelo Curso Técnico em

Administração ou pelo Curso Técnico em Vendas, entre outros.

4.2 A ampliação do conselho escolar e o desafio da representatividade

A constituição do conselho escolar nos Centros de Educação

Profissional deve seguir o Decreto nº 11.355/2008 (BAHIA, 2008c), em seu

Artigo 3º, Parágrafo 1º, que dispõe sobre a composição da comunidade escolar

a partir de representantes eleitos por seus pares (pais, professores,

funcionários e aluno) em eleição direta e voto secreto. Nestes temos, cada

segmento define democraticamente seus representantes no conselho e fica na

expectativa de se ver representado em meio as discussões e tomada de

decisões referentes ao andamento da educação profissional.

A depender do porte da escola, classificado conforme número de alunos

matriculados e turnos de funcionamento, a representatividade da comunidade

escolar pode variar entre cinco e treze membros.

Como está baseado na Lei Estadual nº 11.043/ 2008 (BAHIA, 2008), que

regulamenta a composição do Colegiado Escolar na Rede Estadual de Ensino

da Bahia, não ficam dúvidas em relação ao processo eleitoral, duração do

mandato, posse e atribuições de cada segmento no conselho escolar, pois as

unidades de ensino que foram criadas a partir de 2008 já realizavam a

constituição deste órgão colegiado, conforme determinação da Secretaria da

Educação do Estado.

Apesar da experiência na constituição do conselho com representantes

da comunidade escolar, algumas críticas permanecem ativas e merecem

destaque. Este exemplo de democracia representativa não garante a

representatividade efetiva dos segmentos na medida em que não concretiza a

socialização de discussões feitas no conselho na busca de consenso entre

seus pares.

Desta forma, estes conselheiros costumam levar para as reuniões suas

opiniões particulares e não as dos grupos que os elegeram. Muitas vezes, os

membros dos segmentos sequer conhecem seus representantes no conselho

porque são ausentes e distantes da escola, ficando alheios ao andamento do

processo educacional de seus filhos e reforçando o exemplo de cidadão inerte.

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71

Em muitos casos, a condução do processo eleitoral dá margem para a

manipulação da campanha e a indução do voto de muitos eleitores em função

da influência política ou social de determinados membros de maior destaque,

principalmente em cidades menores onde a questão política é mais acirrada e

determina os demais aspectos no município.

No caso dos Centros de Educação Profissional, os conselhos escolares

devem ser acrescidos do segmento da comunidade local, caracterizada por

entidades representativas dos trabalhadores, empresários e/ou integrantes da

sociedade civil organizada com atuação no campo da educação profissional

ofertada, e por entidades representativas dos municípios e órgãos públicos

estaduais.

Esta ampliação eleva para vinte e sete o número de conselheiros nos

Centros de Educação Profissional e gera dúvidas a respeito do processo de

eleição ou indicação destes membros que devem representar entidades e

órgãos públicos não definidos na legislação pertinente.

Esta falha dá margem para a inserção de entidades representativas

mais próximas da equipe gestora dos Centros que nem sempre se

caracterizam como as mais atuantes no mundo do trabalho, buscando facilitar

a constituição dos conselhos, maculando o processo democrático dos mesmos

e excluindo entidades que poderiam contribuir mais na condução da educação

profissional no Território de Identidade.

No caso do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão

Produtivo, a equipe gestora organizou uma reunião com representação de

vários órgãos e entidades do Território Sertão Produtivo para composição do

conselho, como não conseguiu quórum suficiente, decidiu solicitar por escrito

do Colegiado Territorial, da Câmara de Dirigentes Lojistas, da Associação de

Moradores do Bairro Velha, da Diretoria Regional de Educação e da Prefeitura

de Caetité a indicação de um nome para a representação de cada entidade no

órgão colegiado.

Desta forma, constituiu o conselho escolar que só consegue reunir os

membros da comunidade escolar nas reuniões convocadas.

Nos casos de indicação dos conselheiros para representação das

entidades da comunidade local e do mundo do trabalho no conselho escolar

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72

ocorre o distanciamento das mesmas, deixando apenas para o representante

indicado a responsabilidade da participação.

Assim, a garantia da representatividade no conselho escolar dos

Centros de Educação Profissional na Bahia é um desafio característico de todo

mecanismo democrático que propõe discutir coletivamente uma política pública

implantada para atender as necessidades da população e que, para tanto,

necessita ouvir a voz dos principais envolvidos.

É sabido que a democracia será sempre processo e nunca resultado e

que os interesses individuais de um mundo capitalista insistem em superar o

coletivo, mas a educação deve oferecer meios para que o sujeito deixe a

passividade e constitua a cidadania. A democracia precisa ser exercitada

dentro da escola, primeiro espaço social de convívio do indivíduo e exemplo

significativo de confronto de ideias e afirmações ideológicas.

4.3 Conselho Escolar dos Centros de Educação Profissional: indefinições e possibilidades de atuação

Carregado pela pesada herança no processo de afirmação como

estratégia democrática de gestão, o conselho surge a partir da promulgação da

Constituição de 1998 (BRASIL, 1988), como espaço social que permitia aos

movimentos sociais a quebra da hegemonia do Estado na tomada de decisões.

Este histórico impregnou nos gestores o pensamento de que os

conselhos foram implantados para vigiar e punir a administração pública, daí a

justificativa de não aceitação inicial deste como mecanismo democrático de

gestão.

Apesar de também desempenhar a função de fiscalizador das políticas

públicas, suas atribuições superam isso.

Quando incorporado à educação, o conselho escolar representou a

estreita vinculação desta com a sociedade, embora o desafio da

representatividade dos conselheiros junto a seus pares perturbe este

mecanismo de gestão democrática.

Não há dúvida de que a participação de entidades representativas do

mundo do trabalho no conselho escolar contribua para uma melhor articulação

entre a educação profissional ofertada e a demanda da população e do setor

econômico.

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Atua como mecanismo de controle social na medida em que acompanha

a efetividade social desta modalidade de ensino na comunidade e torna mais

transparente a gestão desta política pública.

No entanto, a representatividade limitada dos conselheiros demonstra a

falta de legitimidade do conselho escolar para influenciar de forma

determinante na boa gestão do Centro de Educação Profissional, tornando-se

um meio auxiliar da equipe gestora na consolidação de processos conduzidos

sem discussão coletiva.

Quando, na verdade, uma das possibilidades de atuação do conselho

escolar é avaliar o desempenho dos gestores, examinando os resultados dos

processos educacionais nas unidades de ensino e apontando correções ou

alternativas.

A ação deste conselho deve estar ligada principalmente à essência do

trabalho escolar, como corresponsável pelo desenvolvimento da prática

educativa e pela elaboração, implementação e avaliação do projeto político

pedagógico, expressando participação sistémica e planejada.

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5. PLANO DE INTERVENÇÃO (PRODUTO)

Considerando as limitações no funcionamento do conselho escolar dos

Centros de Educação Profissional da Bahia e com base no estudo bibliográfico

e na experiência exitosa de alguns órgãos e instituições que criaram um

mecanismo de apoio para o envolvimento de diferentes atores na discussão de

assuntos relacionados ao bom andamento das atividades, este trabalho

científico propõe a implantação de Câmaras Setoriais dentro do conselho

escolar.

Estas Câmaras seriam como um fórum consultivo, sem poder de

decisão, caracterizando-se como agentes de apoio à decisão e esclarecendo

pontos e elementos desse processo distribuídos em temáticas específicas de

estudo.

Entendendo que existe a dificuldade de reunir todos os membros do

conselho escolar numa mesma reunião e que, em virtude da diversidade na

constituição deste órgão colegiado, falta entendimento entre comum entre os

conselheiros sobre os pontos a serem discutidos, a distribuição dos mesmos de

maneira equitativa em Câmaras Setoriais facilitaria sobremaneira a agilidade

na tomada de decisão.

O agrupamento dos membros do conselho escolar nas Câmaras

Setoriais deve levar em consideração a área de formação e/ou atuação dos

conselheiros, buscando alinhar a isto a afinidade com a temática para facilitar o

envolvimento na discussão dos temas propostos.

A dificuldade inicial para assimilar os objetivos das Câmaras Setoriais

deve ser reduzida a partir de um trabalho de mobilização e conscientização da

equipe gestora dos Centros de Educação Profissional para com os membros

do conselho escolar, salientando a importância destas como um canal para a

formatação e encaminhamento de propostas que necessitam de conhecimento

mais aprofundado sobre a temática durante as discussões.

Deve ser enfatizada ainda a importância da frequência dos membros

conselheiros aos encontros das Câmaras Setoriais e a dinâmica de

apresentação do que foi discutido em cada grupo à presidência do conselho

escolar para o encaminhamento devido junto à equipe gestora da escola.

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Outro fator importante a se considerar é que a distribuição do conselho

escolar em Câmaras Setoriais privilegia a qualidade da representação e não a

quantidade de participantes nas reuniões, tornando as discussões mais

consistentes visto que os conselheiros estão distribuídos em temáticas com as

quais possuem maior familiaridade.

A composição ampliada do conselho escolar nos Centros de Educação

Profissional que conta com a participação de representantes dos empresários,

dos trabalhadores e do poder público ampliará as possibilidades de atuação

das Câmaras Setoriais, diversificando a constituição das mesmas e garantindo

o ponto de vista de cada segmento em assuntos pertinentes ao aspecto

financeiro, pedagógico, administrativo e de relação com o mundo do trabalho

no conselho escolar.

O conselho escolar é constituído por vinte e sete membros, sendo

quinze diretamente envolvidos com a comunidade escolar como representantes

de alunos, pais, funcionários, professores e equipe gestora; os demais estão

distribuídos entre representantes da comunidade local, dos empresários, dos

trabalhadores e do poder público assim, a proposta de constituição das

Câmaras Setoriais leva em consideração a distribuição dos membros

equitativamente em grupos de discussão subordinados à presidência do

conselho escolar. A temática de discussão das Câmaras Setoriais é

direcionada para aspectos que influenciam o desempenho dos Centros de

Educação Profissional, possibilitando desta forma o exercício democrático da

gestão escolar a partir das contribuições destes grupos dentro do conselho

escolar em comunhão com a equipe gestora.

Em nenhum momento está sendo proposta a substituição do conselho

escolar pelas Câmaras Setoriais e nem a fragmentação da tomada de decisão,

incorrendo no erro de parcializar a gestão dos Centros. Ao contrário, busca-se

o estudo mais aprofundado de temáticas nos grupos de trabalho, considerando

a presença e a participação contínua dos conselheiros nas reuniões como

ponto forte a partir da facilitação na marcação dos encontros e da afinidade e

entrosamento entre os membros de grupos mais coesos.

Desta forma, a proposta inclui a criação dentro do conselho escolar das

seguintes Câmaras Setoriais: Câmara de Acompanhamento Pedagógico,

Câmara de Apoio Técnico-Financeiro e Câmara de Relacionamento com o

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76

Mundo do Trabalho. Todas estas ficam diretamente subordinadas ao Conselho

Superior das Câmaras a que compete discutir, analisar, deliberar e fazer

encaminhamentos dos assuntos que lhe forem submetidos pelas Câmaras

Setoriais.

Diante do exposto, as Câmaras Setoriais funcionarão como grupos

consultivos do conselho escolar, de apoio e representação, tendo como

objetivos principais:

I- Criar um foro de discussão, em nível de integração, entre a

equipe gestora e os segmentos de representação do conselho

escolar;

II- Assessorar o conselho escolar na gestão democrática dos

Centros de Educação Profissional em consonância com o

proposto no Projeto Político Pedagógico;

III- Promover a articulação da proposta pedagógica dos Centros de

Educação Profissional com o modelo de desenvolvimento

sustentável do Estado da Bahia, atendendo ao que propõe o

Plano de Desenvolvimento Territorial elaborado pelo Conselho de

Desenvolvimento de cada Território de Identidade, e,

IV- Subsidiar a tomada de decisão do conselho escolar, bem como

da equipe gestora dos Centros de Educação Profissional da

Bahia.

Com base nestes propósitos os representantes dos diversos segmentos

do conselho escolar ficariam assim distribuídos:

• Conselho Superior das Câmaras: formado pelo presidente do conselho

escolar, pelo(a) diretor(a) do Centro de Educação Profissional e pelo

Diretor Regional de Educação (03 membros);

• Câmara de Acompanhamento Pedagógico: formada por dois

representantes de professor, por dois representantes de aluno, por um

funcionário, por um representante de pai de aluno, pelo vice-diretor

Técnico-Pedagógico do Centro de Educação Profissional, por um

representante de pai de aluno, por um representante da comunidade

local e por um representante do poder público (10 membros);

• Câmara de Apoio Técnico-Financeiro: formada por um representante de

pai de aluno, por dois representantes de funcionário, pelo vice-diretor

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77

Administrativo-Financeiro, por um representante de empresário, por um

representante de trabalhador, por um representante do poder público e

por um representante da comunidade local (08 membros), e,

• Câmara de Relacionamento com o Mundo do Trabalho: formada por um

representante de funcionário, um representante de pai de aluno, um

representante de aluno, o vice-diretor de Articulação com o Mundo do

Trabalho, por um representante do Colegiado Territorial, por dois

representantes de empresários, por dois representantes de

trabalhadores e por um representante do poder público (10 membros).

As competências de cada uma das Câmaras Setoriais e do Conselho

Superior das Câmaras ficariam assim:

Ao Conselho Superior das Câmaras compete:

I- Discutir, analisar, deliberar e encaminhar assuntos que lhe forem

submetidos pelas Câmaras Setoriais, e,

II- Atuar como canal de comunicação entre as Câmaras Setoriais e a

comunidade escolar dos Centros de Educação Profissional.

Às Câmaras Setoriais compete:

I- Promover estudos, pesquisas, ações e divulgar informações sobre

os assuntos pertinentes às Câmaras Setoriais;

II- Discutir e propor ações concretas e projetos que promovam a

expansão e a qualidade da educação profissional nos Centros de

Educação Profissional;

III- Fazer recomendações ao Conselho Superior das Câmaras, visando

a observância das normas do Regimento Escolar e diretrizes

educacionais do Estado da Bahia;

IV- Promover estudos que dimensionem a educação profissional no

Território de Identidade, buscando acompanhar o alinhamento entre

a demanda social e a oferta nos Centros de Educação Profissional;

V- Acompanhar os egressos da educação profissional, analisando a

inserção dos mesmos no mundo do trabalho;

VI- Acompanhar a prática pedagógica nos Centros de Educação

Profissional, observando o embasamento no Projeto Político

Pedagógico elaborado pela comunidade escolar;

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78

VII- Realizar reuniões ordinárias e extraordinárias, reunindo

posicionamento dos diversos segmentos representados a respeito de

assuntos pedagógicos, financeiros e relacionados ao estágio

curricular dos cursos técnicos;

VIII- Propor convênios e parcerias necessários para a realização de aulas

práticas e de estágio supervisionado pelos alunos dos cursos

técnicos;

IX- Identificar entraves ao bom andamento dos cursos técnicos e propor

soluções para os mesmos;

X- Executar o apoio administrativo necessário ao funcionamento das

Câmaras Setoriais;

XI- Examinar as propostas submetidas à análise e emitir parecer ao

Conselho Superior das Câmaras, e,

XII- Propor e requerer da equipe gestora dos Centros de Educação

Profissional esclarecimentos que lhes forem úteis para deliberação

de pauta;

As reuniões para funcionamento das Câmaras Setoriais acontecerão

mensalmente de acordo com o calendário previamente aprovado ou quando

convocadas pelo Conselho Superior das Câmaras e/ou equipe gestora dos

Centros de Educação Profissional.

A constituição das Câmaras Setoriais e do Conselho Superior das

Câmaras deve atender ao disposto na legislação vigente da Secretaria de

Educação e/ou Superintendência de Educação Profissional da Bahia, buscando

contemplar a representação dos diversos segmentos diretamente envolvidos

com a oferta da educação profissional no Estado.

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79

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oferta da educação profissional em consonância com a demanda

socioeconômica e ambiental da Bahia, a partir da criação dos Centros de

Educação Profissional, objetivou o desenvolvimento sustentável do Estado e,

por conseguinte, a garantia de empregabilidade dos indivíduos capacitados,

assegurando uma formação integral que permitisse aos mesmos atuarem

diretamente na transformação de suas vidas e da sociedade. No caso dos

Centros Territoriais, esta demanda seria articulada com o Território de

Identidade em que estivesse localizado o referido centro.

Dentro do que propõe o Plano de Educação Profissional da Bahia, houve

a preocupação em inserir atores sociais articulados com o mundo do trabalho e

com o poder público no conselho escolar dos Centros de Educação

Profissional, a partir do entendimento que isto facilitaria o diálogo entre a

escola e a sociedade civil, atuando como marco regulatório da educação

profissional.

A criação de uma estrutura administrativa diferenciada nestas unidades

de ensino, a partir da atuação dos(as) vices diretores(as) com funções

específicas, demonstrou a preocupação em melhorar as condições de trabalho

da equipe gestora e possibilitar a comunicação com as empresas, instituições,

órgãos e entidades parceiras na atuação dos alunos da educação profissional

durante a realização do Estágio Curricular, etapa obrigatória para a conclusão

dos cursos técnicos.

No entanto, entraves de caráter administrativo como a incompatibilidade

entre a distribuição das Diretorias Regionais de Educação na Bahia e a divisão

do Estado em Territórios de Identidade, bem como a falta de articulação entre a

SUPROF, a DIREC e os Centros emperram o processo de implantação,

expansão e melhoria da educação profissional no Estado.

No tocante ao exercício da gestão democrática nos Centros de

Educação Profissional da Bahia é possível observar que isto ainda não se

concretizou plenamente em virtude da ampliação de representatividade nos

conselhos escolares e da dificuldade destes em se reunirem. A inserção de

representantes do poder público e do mundo do trabalho, ao mesmo tempo em

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80

que cria a possibilidade de uma atuação mais contextualizada com a realidade

e de uma maior aproximação entre a demanda social e a oferta de educação

profissional, cria limitações em sua constituição e funcionamento. O tamanho e

a diversidade do conselho escolar que eram empecilhos para seu

funcionamento podem ser minimizados através da distribuição dos

conselheiros em Câmaras Setoriais regidas pelo Conselho Superior das

Câmaras. Esta proposta de organização do conselho escolar possibilita a

discussão por grupos menores de conselheiros com afinidade na temática. No

entanto, a participação efetiva dos representantes da comunidade escolar, do

poder público e da sociedade civil exige o aprofundamento nas questões

educacionais, bem como no que propõe o Conselho de Desenvolvimento

Territorial a fim de acompanhar o alinhamento entre as partes. Não basta aos

conselheiros através das Câmaras Setoriais aprovarem ou não as propostas

elaboradas e apresentadas pela equipe gestora, mas espera-se que o conselho

escolar possua autonomia para proposição de sugestões a serem

desenvolvidas nos Centros de Educação Profissional.

Assim, construir mecanismos de gestão dentro dos Centros de

Educação Profissional que garantam a equidade de representação e o

exercício da democracia num coletivo diverso como o Território de Identidade é

o grande desafio proposto que ainda não foi alcançado.

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7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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