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Insira o título da dissertação, projeto ou relatório de estágio, letra Arial Bold, tamanho ajustado a caixa de texto 12x12 cm, justificado à esquerda Cláudia Andreia Pacheco Costa Recursos Biológicos Aquáticos Departamento de Biologia 2011/2012 Orientador Vinicius Ronzani Cerqueira, Pós-Douturado, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Coorientador Aires Manuel Pereira de Oliva Teles, Professor Catedrático, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Portugal Respostas biológicas de juvenis de robalo peva (Centropomus parallelus) a dietas com substituição parcial da farinha de peixe por levedura da cerveja (Saccaromyces cerevisae)

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Insira o título da dissertação, projetoou relatório deestágio, letra Arial Bold, tamanho ajustado a caixa de texto 12x12 cm, justificado à esquerdaCláudia Andreia Pacheco CostaRecursos Biológicos AquáticosDepartamento de Biologia2011/2012

Orientador

Vinicius Ronzani Cerqueira, Pós-Douturado,

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

Coorientador

Aires Manuel Pereira de Oliva Teles, Professor Catedrático,

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Portugal

Respostas biológicas de juvenis de robalo peva (Centropomusparallelus) a dietas com substituição parcial da farinha de peixe por levedura da cerveja (Saccaromycescerevisae)

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Todas as correções determinadas

pelo júri, e só essas, foram efetuadas.

O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/_________

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“You only live once, but if you do it right, once is enough.”

Mae West

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AGRADECIMENTOS:

Agradeço a todos, que direta ou indiretamente, me apoiaram nesta fase, e que de

alguma forma contribuíram para que eu concluísse o meu objetivo de obter o grau de mestre

em Recursos Biológicos Aquáticos.

Ao meu orientador Doutor Vinicius Ronzani Cerqueira por possibilitar a realização do

meu projecto no Brasil, e depositar confiança em mim para trabalhar ao lado dos seus

orientandos.

Ao meu coorientador Doutor Aires Oliva Teles pela disponibilidade de ajuda mesmo à

distância e pelas sugestões e correcções para a minha dissertação.

Aos funcionários, estagiários e alunos do LAPMAR que formaram a equipa de

pesquisa em 2011-1012: Israel Silva, Maicon Machado, Avair Oscar, Salete, Fábio

Sterzelecki, Marcella Nunes, Gabriel Passini, Emerson Momm, Beatriz Nunes, Virgínia Silva,

Felipe Landuci, Ricardo Takeuchi, Scheila Mouriño, Luiz Teixeira, Anamaria Ramos, Marco

Owatari, Guto Reis, Lucas Guinle, Gabriel Bail, João Vargas, Natan Benchimol e Atã

Iakowsky. Que me receberam muito bem e me fizeram sentir como se tivesse uma segunda

casa. Mesmo quando eu tinha de repetir mais do que uma vez o que queria dizer para

entenderem o português de Portugal. E em especial, quero agradecer às doutorandas

Cristina Carvalho e Wanessa Melo por todos os conselhos importantes que me deram para

o meu projecto e pela amizade que construímos.

Ao Humberto, gerente técnico da Nicoluzzi Rações Ltda, que forneceu a farinha de

peixe utilizada na fabricação das rações experimentais.

À Bruna Mattioni, do laboratório de nutrição do LAPAD, pelas análises centesimais

às carcaças e dietas do experimento.

Aos meus pais, Mário e Augusta, pelo apoio e carinho que eu sempre tive mesmo

quando as minhas aspirações exigiram um longo período longe deles.

Ao meu namorado, Dário Areias, pela amizade e amor conquistados e ajuda, mesmo

no manejo dos peixes.

Muito Obrigado.

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RESUMO:

O Robalo-peva, Centropomus parallelus, tem provocado grande interesse para o

cultivo comercial, pois adapta-se bem ao cativeiro e alimentação à base de ração. São

peixes de grande importância económica e social, de carne nobre e excelentes

características organolépticas. Devido à qualidade e sabor de sua carne, possui alto valor

comercial. É também um dos peixes mais conhecidos e apreciados na pesca desportiva e

de subsistência da costa do Brasil.

Estudos dirigidos com C. parallelus no Brasil demonstram a sua adaptação em

cultivo em água doce ou marinha. Porém pouco se sabe sobre a produção comercial deste

peixe, bem como da sua sobrevivência em cultivos intensivos.

O presente trabalho consistiu num ensaio com juvenis de robalo peva (70g) onde se

testaram dietas com diferentes níveis de incorporação de levedura de cerveja

(Saccaromyces cerevisae) que substituiu parcialmente a farinha de peixe em 10% (D10),

30% (D30) e 50% (D50), sendo que a dieta controlo (D0) era isenta de levedura. Foram

analisados parâmetros zootécnicos (crescimento e utilização do alimento) e foram feitas

análises de composição química das carcaças e análises bioquímicas ao sangue.

Durante dois meses cada dieta foi fornecida manualmente, até saciedade aparente, a

grupos triplicados de 20 peixes. O alimento ingerido (g kg-1 dia-1) e o ganho de peso (g) não

foram significativamente diferentes entre tratamentos, assim como os outros índices de

desempenho biológico. Contrariamente, as análises de composição da carcaça e do sangue

revelaram diferenças entre as amostras de todos os tratamentos recolhidas no fim do ensaio

e as amostras do stock inicial, verificando-se uma diminuição a nível da quantidade dos

diferentes componentes nos peixes sujeitos às dietas experimentais em relação aos iniciais,

excetuando na quantidade de proteína do plasma.

A temperatura a que decorreu o ensaio não é favorável ao crescimento do robalo

peva, consequentemente não se registou ganho de peso, por isso não é possível apresentar

conclusões sobre a utilização de levedura nas rações para robalo peva.

PALAVRAS-CHAVE: Centropomus parallelus, aquicultura, nutrição, Saccaromyces

cerevisae, substituição da farinha de peixe.

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ABSTRACT:

Robalo-peva, Centropomus parallelus, has attracted strong interest for commercial

cultivation, because they adapt easily to rearing conditions and compound diets. These fish

have great economic and social importance and excellent organoleptic characteristics. Due

to the quality and flavor of its meat this species is of very high commercial value. It is also

one of the most known and appreciated fish for subsistence fishing and sport fishing in

Brazil.

Studies conducted with C. parallelus in Brazil demonstrated its good adaptation to

culture conditions both in marine or freshwater, but little is known about the commercial

production of this species, as well as its survival in intensive cultivation.

This study consisted of a growth experiment with robalo peva juveniles (70g) fed diets

with various levels of incorporation of yeast (Saccharomyces cerevisiae) which partially

replaced 10% (D10), 30% (D30) and 50% (D50) fish meal and a control diet (D0) that

contained no yeast. Parameters analyzed consisted of growth, length, feed utilization,

chemical composition of the carcasses and biochemical parameters in the blood.

Each diet was distributed by hand, to visual satiation, to triplicate groups of 20 fish

during two months. Feed intake (g kg-1 day-1) and weight gain (g) among treatments were not

significantly different, neither were significant the other indices of biological performance. In

contrast, carcass and blood composition revealed differences between samples collected

from all treatments at the end of the test and samples of the initial stock population. A

decrease on the amount of different components in fishes subjected to experimental diets

compared to initial stock except plasma protein.

The temperature at which the test took place is not favorable to the growth of robalo-

peva, consequently wasn’t registered weight gain, so it is not possible to make conclusions

about the use of yeast in diets for robalo-peva.

KEYWORDS: Centropomus parallelus, aquaculture, nutrition, Saccaromyces cerevisae,

fishmeal replacement.

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peixe por levedura de cerveja (Saccaromyces cerevisae)

XIII

ÍNDICE:

LISTA DE FIGURAS: .......................................................................................................... XV

LISTA DE TABELAS: ....................................................................................................... XVII

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................ 1

1.1 - Aquicultura ................................................................................................................................ 3

1.2 – Centropomus parallelus – biologia da espécie .................................................................. 6

1.3 – Centropomus parallelus – potencialidades e condicionantes em aquicultura .............. 9

1.4 – Considerações gerais sobre nutrição de peixes .............................................................. 11

1.5 - Incorporação da levedura de cerveja (Sacaromyces cerevisae) nas dietas ................ 15

1.6 – Objetivos Gerais ................................................................................................................... 18

CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA GERAL .............................................................................19

2.1 – Instalações experimentais ................................................................................................... 21

2.2 – Material Animal ..................................................................................................................... 21

2.3 – Dietas experimentais ............................................................................................................ 21

2.4 – Sistema de tanques-rede .................................................................................................... 23

2.5 – Ensaio com juvenis de robalo peva ................................................................................... 24

2.6 – Métodos Analíticos ............................................................................................................... 25

2.6.1 – Preparação das amostras ............................................................................................ 25

2.6.2 – Análises Centesimais ................................................................................................... 25

2.6.2.1 – Matéria Seca ........................................................................................................... 25

2.6.2.2 – Cinzas ...................................................................................................................... 25

2.6.2.3 – Proteína Bruta ......................................................................................................... 25

2.6.2.4 – Lípidos ..................................................................................................................... 26

2.6.2.5 – Hidratos de Carbono ............................................................................................. 26

2.6.2.6 – Fibra ......................................................................................................................... 26

2.6.2.7 – Energia..................................................................................................................... 26

2.6.3 – Avaliação de parâmetros físico-químicos na água .................................................. 26

2.6.3.1 – Temperatura ........................................................................................................... 26

2.6.3.2 – Salinidade ................................................................................................................ 26

2.6.4 – Análises Bioquímicas .................................................................................................... 27

2.6.4.1 – Proteínas Totais ..................................................................................................... 27

2.6.4.2 – Triglicerídeos .......................................................................................................... 27

2.6.4.3 – Glicose ..................................................................................................................... 28

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XIV

2.7 – Definições dos Termos Utilizados ...................................................................................... 28

2.8 – Análise Estatística ................................................................................................................ 30

CAPÍTULO 3 - RESULTADOS ............................................................................................31

CAPÍTULO 4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ..................................................................37

4.1 - Discussão ............................................................................................................................... 39

4.2 – Conclusões ............................................................................................................................ 40

CAPÍTULO 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................41

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XV

LISTA DE FIGURAS:

Figura 1 - Produção mundial de produtos pesqueiros, aquicultura (azul claro) e pescas (azul

escuro). Adaptado de: FAO Apud Ecowatch, http://ecowatch.org/2012/decimates-wild-fish-

population/ (verificado a 16 de Agosto de 2012). ................................................................... 3

Figura 2 - Evolução da produção da Aquicultura em Portugal. Fonte: FAO, Fisheries and

Aquaculture Department. ....................................................................................................... 4

Figura 3 – Evolução da produção da Aquicultura no Brasil. Fonte: FAO, Fisheries and

Aquaculture Department ........................................................................................................ 5

Figura 4 - Distribuição geográfica da espécie Centropomus parallelus com respetivas cores

de probabilidade de ocorrência. Adaptado de: Aquamaps http://www.aquamaps.org

(verificado a 19 de Agosto de 2011) ...................................................................................... 7

Figura 5 – Exemplar de um robalo peva (Centropomus parallelus) juvenil. ........................... 8

Figura 6 – Fotografia onde se pode observar as estruturas do sistema de tanques-rede.

Fonte: Autor .........................................................................................................................23

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XVII

LISTA DE TABELAS:

Tabela 1 - Utilização da levedura em outros trabalhos com outros animais aquáticos. ........17

Tabela 2 – Ingredientes e composição analítica das dietas experimentais...........................22

Tabela 3 - Definições dos termos utilizados .........................................................................29

Tabela 4 - Crescimento e utilização do alimento de juvenis de robalo peva alimentados com

dietas experimentais. ...........................................................................................................33

Tabela 5 – Composição corporal de juvenis de robalo peva alimentados com dietas

experimentais (baseado no peso fresco). .............................................................................34

Tabela 6 – Análises bioquímicas ao sangue de juvenis de robalo peva alimentados com

dietas experimentais. ...........................................................................................................34

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL

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1.1 - Aquicultura

“Dê ao homem um peixe e saciá-lo-á por um dia, ensine-o a produzi-lo e estará a

alimenta-lo pelo resto da vida.” (Adaptação de um proverbio chines).

Não muito distante deste proverbio está a atual situação mundial face à demanda e

má distribuição dos produtos alimentares. Atualmente a Aquicultura representa um setor de

grande importância, face à tendência do crescimento da população mundial e consequente

aumento do consumo de peixe “per capita”. Juntando ainda a problemática situação das

Pescas, que chegaram ao limite máximo de captura de modo sustentável, podemos dizer

que a Aquicultura é a solução para combater o deficit de peixe a nível mundial (Figura 1).

Entenda-se Aquicultura como a cultura (produção) de organismos aquáticos,

incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas. Implica alguma forma de

intervenção no processo produtivo, com o objetivo de aumentar a produção, tal como:

manipulação regular dos stocks, alimentação, proteção contra predadores, etc. Implica ainda

a posse, individual ou corporativa, dos stocks cultivados. Para fins estatísticos, os

organismos aquáticos que são pescados por uma entidade, individual ou corporativa, que a

possui durante o período de cultura, caem no domínio da aquicultura, enquanto os

organismos aquáticos que são explorados pelo público, como um recurso do domínio

comum, com ou sem licenças apropriadas, caem no domínio das pescas (FAO e Comissão

Europeia).

Figura 1 - Produção mundial de produtos pesqueiros, aquicultura (azul claro) e pescas (azul escuro). Adaptado de: FAO Apud Ecowatch, http://ecowatch.org/2012/decimates-wild-fish-population/ (verificado a 16 de Agosto de 2012).

O cultivo de organismos aquáticos em grande escala é um acontecimento

relativamente recente, mas a atividade em pequena escala existe desde os tempos antigos,

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em alguns países, provavelmente desde o início do pastoreio e da agricultura. Existem

referências que apontam o uso da água para a reprodução de peixes em 3500 a.C. na

China e posteriormente no antigo Egipto, no Império Romano e em diversos países da Ásia.

Aos poucos, introduziu-se na Europa Ocidental, principalmente durante a Idade Média, em

abadias e mosteiros (Vallejo e González-Posada, 2007).

A produção mundial de animais aquáticos em cativeiro tem garantido uma grande

parcela dentre os demais produtos da alimentação humana e foi a que mais cresceu na

década de 80, atingindo cerca de 8,7% (Akiyama, 1991). Entretanto, segundo dados de New

(1998), a produção aquícola no mundo expandiu-se entre 1987 e 1996 cerca de 50%, onde

somente a China isoladamente, cresceu mais de 260%, representando uma produção em

1996 de 34,1 milhões de toneladas. Atualmente este setor continua a crescer, porém a um

ritmo mais lento do que nas décadas de 80 e 90. Em 2010 a produção alcançou os 60

milhões de toneladas (excluindo as plantas aquáticas e os produtos não alimentares) (FAO,

2012).

No contexto desta atividade destaca-se a piscicultura, incluindo peixes de água doce,

marinhos e eurihalinos, onde se verifica uma maior produção para este ramo da aquicultura

(FAO, 1996).

A criação de peixes para fins de consumo é considerada uma atividade vantajosa

porque produz-se alimento de alto valor nutritivo economicamente através do

aproveitamento de desperdícios de origem animal, restos vegetais, rações e recorrendo a

áreas de difícil manejo para culturas tradicionais, mas que são apropriadas para se construir

viveiros em pequenas ou grandes represas adequadas para criação de peixes (Cavalheiro,

2000).

Figura 2 - Evolução da produção da Aquicultura em Portugal. Fonte: FAO, Fisheries and Aquaculture Department.

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Em Portugal, até meados da década de 1980, a produção aquícola estava restrita à

truta de água doce e a bivalves produzidos em estuários. No entanto, a produção de

aquicultura marinha aumentou no início da década de 1990 (FAO, Fishery and Aquaculture

Department, Country Profiles). A produção total de aquicultura, no novo milénio, tem sido

mais ou menos constante apresentando uma descida em 2010 com uma produção que

apenas totalizou cerca de 3 000 toneladas (Figura 2). As espécies mais produzidas em

Portugal englobam a truta, em unidades de água doce, e o robalo, a dourada, o linguado, o

pregado, o mexilhão, a amêijoa e a ostra, em unidades marinhas.

Figura 3 – Evolução da produção da Aquicultura no Brasil. Fonte: FAO, Fisheries and Aquaculture Department

De acordo com dados de 2003, 61 % da produção Brasileira compreende peixes,

com 171 187 toneladas produzidas, seguido por crustáceos, com 90 190 toneladas (32,4%),

moluscos, com 10 807 toneladas (3,9%), e rãs com 626 toneladas (0,2%), (FAO, Fishery

and Aquaculture Department, Country Profiles). Repare-se na figura 3, a quantidade

atualmente (2010) produzida, cerca de 480 000 toneladas, o que reflete o forte crescimento

da aquicultura no Brasil. As principais espécies cultivadas são a tilápia, a carpa, o pacu, o

tambaqui e o tambacu, todas de água doce, sendo que a espécie marinha mais produzida é

o camarão.

Há um contraste entre a aquicultura nos países desenvolvidos e nos países em

desenvolvimento. Mais de 60% da produção de peixes em países desenvolvidos consiste

em espécies de alto valor no mercado, principalmente espécies carnívoras, precisando de

alimentos com alto teor de proteína. Este alimento é caro pois geralmente requer farinha de

peixe como fonte de proteína animal e óleo de peixe como fonte lipídica o que é considerado

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um problema que está agora em plena investigação para melhorar as dietas para estas

espécies (Vallejo e González-Posada, 2007).

Neste sentido, hoje em dia, existem vários estudos nutricionais que tentam otimizar

as dietas fornecidas tendo em conta o tipo de fase do ciclo produtivo (reprodução, fases

larvares e engorda), promovendo taxas de crescimento satisfatórias, boa qualidade

nutricional do peixe, e custos de alimentos controlados, pois há que salientar que os custos

com a alimentação podem tornar-se de tal ordem elevados que chegam a atingir 70% dos

custos variáveis totais em aquicultura.

Há que ter em atenção a disponibilidade e qualidade dos ingredientes para os

animais, de modo a possibilitar uma alimentação equilibrada e completa, com elevada

digestibilidade e que forneça energia adequada ao metabolismo, para além de possuir

elevada palatibilidade, de modo que a garantir elevada apetência para os peixes, e tendo

tamanho, textura e forma apropriados (Craig e Helfrich, 2002).

Quanto às espécies cultivadas, existem mais de água doce do que marinhas, mas

cada vez mais existe a necessidade de se fazerem estudos que permitam usar novas

espécies com potencial para a aquicultura.

Por várias razões, é preferível optar pelo cultivo de espécies nativas, especialmente

quando se trata de aumentar a produção nacional de alimentos. Portanto, um pré-requisito

para o planeamento é ter informações gerais sobre a biologia das espécies locais

adequadas para o cultivo. Com o conhecimento adequado do ciclo de vida das espécies,

será possível definir com certeza razoável, os limites de tolerância dentro dos quais podem

ser criadas (Vallejo e González-Posada, 2007).

1.2 – Centropomus parallelus – biologia da espécie

O Robalo peva ou peba (Centropomus parallelus, Poey 1960) é um peixe ósseo da

família Centropomidae, da ordem dos Perciformes. Os centropomídeos têm uma distribuição

geográfica bem definida, na costa do Atlântico, desde a Carolina do Norte (EUA) até a

região sul do Brasil (Santa Catarina), e na costa do Pacífico, do sul do México até o Peru

(Rivas, 1986) (Figura 4). O género Centropomus agrupa espécies de peixes tropicais e

subtropicais. São diádromos, eurihalinos, estenotérmicos e estuarino-dependentes.

Raramente surgem em lagos ou lagoas que não possuam ligação permanente ou

intermitente com o mar (Muhlia-Melo, 1995). Esta espécie em estudo é restrita às regiões

tropicais e subtropicais das Américas (Rivas, 1962) sendo encontrada na região costeira,

geralmente em águas quentes, em torno dos 24 ºC (Rivas, 1986).

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Marshall (1958) e Gilmore et al. (1983) observaram que a distribuição das espécies

da família coincide aproximadamente com a distribuição dos ecossistemas de mangue, seu

principal habitat. Os peixes desta família também podem ser encontrados nas praias, bocas

de rios, recifes costeiros, pântanos salgados, córregos de gramíneas e lagos. Segundo

Rivas (1986) trinta espécies de robalo foram descritas, mas apenas 12 foram aceitas como

válidas, todas no continente Americano, 6 no Pacífico e 6 no Atlântico. Essas espécies são:

Centropomus medius, C. nigrescens, C. viridis, C. unionensis, C. armatus, C. robalito no

Pacífico e C. mexicanus, C. ensiferus, C. poeyi, C. parallelus, C. undecimalis e C. pectinatus

no Atlântico. As espécies são simpátricas podendo ocorrer juntas numa mesma localidade,

mas em proporções variáveis (Rivas 1962).

No Brasil estão registradas 4 espécies de robalo: Centropomus undecimalis,

Centropomus parallelus, Centropomus ensiferus e Centropomus pectinatus. As espécies

habitam as águas salgadas e salobras da costa leste brasileira, desde o Rio Mampituba (sul

de Santa Catarina) até o estado do Maranhão.

Figura 4 - Distribuição geográfica da espécie Centropomus parallelus com respetivas cores de probabilidade de ocorrência.

Adaptado de: Aquamaps http://www.aquamaps.org (verificado a 19 de Agosto de 2011)

Apud Fishbase http://www.fishbase.org/Summary/SpeciesSummary.php?ID=1014&AT=Um

O robalo peva (C. parallelus) caracteriza-se por um corpo alongado, comprimido,

com o dorso convexo acentuado, e suave concavidade abaixo dos olhos, boca grande,

dentes pequenos em forma de agulha nas maxilas, no vómer e nos palatinos (Figura 5). A

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maxila inferior ultrapassa a superior, preopérculo com a margem superior serrada e opérculo

liso com a margem posterior membranosa bem desenvolvida. As barbatanas dorsais são

separadas, com a anterior formada por 8 espinhos e a posterior com 1 espinho e de 8 a 11

raios. A barbatana anal é curta e formada por três espinhos (o segundo maior) e de 5 a 8

raios. As barbatanas pélvicas estão localizadas abaixo das barbatanas peitorais. Possui

uma linha lateral, com 65 a 70 escamas ou 79 a 89 escamas quando contadas logo abaixo

da linha lateral (onde são contadas as escamas para identificação da espécie), prolonga-se

até a extremidade dos raios médios da barbatana caudal. O ramo inferior do primeiro arco

branquial tem de 10 a 12 rastros excluindo-se os rudimentares, (Fraser, 1978; Figueiredo e

Menezes, 1980). Segundo Chávez (1963) a espécie C. parallelus não alcança comprimentos

maiores que 600 milímetros e os machos sempre chegam à maturação sexual em tamanhos

menores do que as fêmeas. O tamanho comercial deste robalo varia entre 0,5 e 1,0 Kg.

Figura 5 – Exemplar de um robalo peva (Centropomus parallelus) juvenil. Fonte: Peixes desportivos do mundo http://peixesdesportivosdomundo.blogspot.pt/2012/03/o-camurim-obeso-centropomus-

parallelus.html (verificado a 22 de Agosto de 2012)

Esta espécie tem grande importância económica (Pierângeli et al., 1998) devido às

suas excelentes características organoléticas (Tucker et al., 1985). E por apresentar uma

carne nobre, possui alto valor comercial no mercado (Cavalheiro e Pereira, 1998). Para Silva

(1992) é um dos peixes mais apreciados na pesca desportiva e de subsistência da costa do

Brasil. Pode alcançar na natureza, quando adulto, 4,5 kg de peso (Silva, 1996).

Segundo Barroso et al., (2002) o hábito alimentar destes peixes, que através do

estudo do conteúdo estomacal descobriu a preferência alimentar por peixes, sem seleção de

espécies, completa a sua dieta com crustáceos, moluscos, ovos de peixes e insetos,

classificando-o como carnívoro.

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peixe por levedura de cerveja (Saccaromyces cerevisae)

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1.3 – Centropomus parallelus – potencialidades e condicionantes em aquicultura

Os robalos têm originado grande interesse para o cultivo comercial, pois adaptam-se

ao cativeiro e alimentação à base de ração (Cerqueira e Macchiavello, 1994, Borba e

Cerqueira, 1998) Apud Barroso et al., 2002.

Estudos orientados com C. parallelus no Brasil demonstram a sua adaptação em

cultivo em água doce ou marinha. Porém, pouco se sabe sobre produção comercial deste

peixe, bem como a sua sobrevivência em cultivos intensivos.

Brugger e Freitas (1993) realizaram uma avaliação da viabilidade técnica do cultivo

de robalo em tanques de rede flutuante instalados no mar, verificando um ganho de peso de

aproximadamente 160 gramas em 380 dias, com uma conversão alimentar de 2,2 e 41%

sobrevivência final.

Estudos realizados por Cavalheiro et al. (1999), enfatizando o crescimento da

espécie C. parallelus em água doce, demonstraram sua capacidade de se desenvolver

nestas condições, com os indivíduos atingindo mais de 90 gramas após um ano de cultivo,

com taxas de conversão alimentar de 1,4 e sobrevivência de aproximadamente 90%. Em

outro trabalho destes mesmos autores, utilizando tanques escavados também abastecidos

com água doce, durante o período de um ano os peixes atingiram um peso médio

aproximado de 105,7 g e 116,7 g, respetivamente para as duas réplicas, com nível de

sobrevivência (91 e 95%) e taxas de conversão alimentar de 1,6 e 1,8. Também foi avaliada

a influência de variáveis físico-químicas ao longo do ano no cultivo de robalos, verificando-

se que apesar das variações encontradas, esta espécie tolerou concentrações acima dos

níveis recomendados.

Pereira et al. (1999), utilizando tanques com sistema de renovação contínua de água

no Estado da Paraíba, verificou que Centropomus parallelus apresenta uma grande

tolerância às variações dos parâmetros físico-químico da água.

Corrêa e Cerqueira (2007) concluíram que a densidade e a distribuição inicial de

tamanhos influenciam a sobrevivência dos juvenis C. parallelus. O canibalismo foi a principal

causa de mortalidade, e foi positivamente correlacionada com a densidade. O canibalismo

foi mais intenso em grupos de peixes heterogéneos do que em grupos homogéneos. A

distribuição inicial de tamanhos também afetou o crescimento, embora a densidade não

tenha afetado significativamente o crescimento do robalo peva. Os autores afirmam que a

distribuição por tamanhos de juvenis de robalo peva é recomendado para controlar o

canibalismo, no entanto, altas densidades devem ser evitadas. Medidas para evitar o

canibalismo devem ser também adotadas como por exemplo procedimentos alternativos de

alimentação, tais como o uso de alimentadores automáticos, e uma prolongada exposição à

luz.

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Os mesmos autores, num outro trabalho publicado em 2008, conseguem corroborar

os resultados anteriores indicando que para o robalo peva a taxa de sobrevivência tem

relação inversa com a densidade; entretanto a maior densidade proporciona uma maior

produção de juvenis por volume sem alteração no crescimento individual dos peixes.

Vários trabalhos indicam que a temperatura ideal para o cultivo de C. parallelus

ronda os 26ºC. Shafland e Foote (1983), descreveram como 15,6ºC a temperatura mínima

letal da água para a sobrevivência do robalo, e temperaturas abaixo de 24ºC limitam a sua

distribuição geográfica. Santos et al., (2009) conseguiram mostrar claramente uma oscilação

de parâmetros hematológicos e da atividade fagocitária dos macrófagos durante o ciclo

sazonal em ambos os sexos, sendo que essas oscilações foram mais substanciais nos

períodos do ano com temperaturas baixas, principalmente no inverno, onde os valores mais

baixos foram registrados, indicando condições ambientais desfavoráveis para a atividade

imunológica adequada no robalo peva em seu habitat natural, tornando-o vulnerável a

agentes patogénicos. Portanto, as temperaturas quentes da primavera e verão levam a uma

melhoria dos parâmetros hematológicos e da atividade fagocítica, mostrando que estas

estações são fisiologicamente favoráveis para o sistema imunológico do robalo peva. Esta

informação certamente pode ser utilizada em trabalhos futuros no domínio da aquicultura

(vacinação, manejo reprodutivo, gestão da saúde, transporte) de C. paralellus,

especialmente nas fases em que esta espécie está imunocomprometida (período pós-

desova e no inverno).

Outro parâmetro a considerar no cultivo do robalo peva e que tem sido uma variável

bastante estudada é a salinidade. Sendo C. parallelus uma espécie eurialina faz todo o

sentido questionar se a espécie cresce melhor em ambientes com maior ou menor

salinidade. Junior et al. (2009) conseguiram adaptar alevins para água doce, baixando a

salinidade de 36 ppm até zero de salinidade em 48 horas; esses alevins cresceram,

passando pelas fases juvenis e de engorda sempre com uma salinidade zero, mostrando

que estes peixes conseguem adaptar-se e desenvolver-se em água doce.

Tsuzuki et al. (2007a) também testaram a tolerância à salinidade de C. parallelus,

mas utilizaram juvenis de diferentes idades, e verificaram se o fato de os peixes serem

privados da alimentação influenciaria os resultados, os quais revelaram que a transferência

direta, de 35‰ para 0, 5 e 15‰, resultou em menos de 40% de mortalidade em todos os

tratamentos e idades testadas. No mesmo nível salino, não foram encontradas diferenças

nas taxas de sobrevivência entre juvenis alimentados e em jejum nas diferentes idades e

tempos de exposição testadas. Juvenis de 52 dias após incubação (DAE) apresentaram

menor tolerância a 0 ppt em comparação com as demais salinidades. Em animais mais

velhos (59 e 73 DAE), a mortalidade após 96 h foi muito baixa (≥ 95% sobrevivência),

independentemente do tratamento salino ou condição de alimentação. Portanto, isto mostra

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que juvenis de 52 DAE são menos tolerantes a transferências abruptas à água doce,

indicando que o procedimento de aclimatação antes da liberação em áreas dulçaquícolas é

necessário, e que a tolerância aumenta com o aumento da idade. Este fato é importante,

principalmente quando os animais são submetidos a uma restrição alimentar ou a um

período de jejum devido à inadequação de alimentos, escassez de alimentos, ou quando os

peixes se recusam a comer como em situações de stress ou resposta a uma doença. Este

poderia ser o caso quando eles são liberados em salinidades flutuantes ou em diferentes

águas salinas para engorda.

Conjugando a salinidade com a atividade enzimática Tsuzuki et al. (2007b)

elaboraram um estudo que mostrou que robalos-peva criados a 15 ppt têm uma

digestibilidade mais eficiente e uma melhor absorção de nutrientes e afirmam ainda que a

demanda energética é provavelmente reduzida por meio isosmótico, levando a uma

melhoria do crescimento. Em termos de custos de produção, as despesas de alimentação

podem ser reduzidas devido a uma melhor conversão alimentar e eficiência digestiva a 15

ppt.

Atualmente está bastante em voga utilizarem-se probióticos e Souza et al., (2010) já

realizaram um estudo com o C. parallelus com o intuito de selecionar bactérias com

potencial probiótico no cultivo de robalo peva. Os resultados mostraram que duas estirpes

de bactérias ácido-láticas isoladas do trato intestinal de juvenis de robalo peva possuem a

capacidade de inibir o crescimento in vitro de Vibrio alginolyticus e Vibrio harveyi. E

Lactobacillus plantarum CPQBA 007-07 e o Lactococcus sp. isolado do trato intestinal

colonizam o trato intestinal desta espécie, diminuindo a população de Vibrio spp.,

apresentando, assim, potencial para serem utilizados como probióticos no cultivo de juvenis

desta robalo.

Em 2007 Corrêa e Cerqueira publicaram um artigo onde admitiam que diversos

estudos foram realizados sobre a reprodução, larvicultura, engorda e nutrição do robalo

peva, e de fato esses estudos levaram a um incremento na produtividade para obtenção de

juvenis, mas relativamente à adaptação dos peixes ao alimento inerte, à fase de berçário ou

pré-engorda, existem diversas lacunas.

1.4 – Considerações gerais sobre nutrição de peixes

O termo nutrição inclui várias fases consecutivas: (1) comportamento alimentar e

ingestão de alimentos, (2) digestão e absorção de nutrientes; (3) metabolismo de nutrientes

(4) excreção de fezes (Sanz, 2009).

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Antes de mais, é de salientar que quando se trata da alimentação de peixes não se

pode ignorar a qualidade dos nutrientes que compõem a dieta e a eficiência de

processamento, uma boa formulação, a quantidade de alimento consumido e eficácia de

assimilação (Buurma e Diana, 1994), caso contrário grande parte do sucesso de uma

aquicultura ficará em risco.

Sabemos que o crescimento é fundamentalmente devido à deposição de proteína ao

nível muscular, pelo que a determinação do teor proteico da dieta que é capaz de assegurar

o crescimento máximo constitui uma das prioridades nos estudos de nutrição de peixes

(Lovell, 1998; Mambrini e Guillaume, 1999).

Em geral, a utilização de proteína pelos peixes é similar à dos vertebrados

superiores, no entanto as dietas para peixes são caracterizadas por incluírem teores

proteicos bastante mais elevados (cerca de duas a quatro vezes, em média). As razões para

estas diferenças estão relacionadas, por um lado, com particularidades do metabolismo

proteico dos peixes, como a fraca participação das proteínas corporais para o pool de

aminoácidos precursores das proteínas e a importância do catabolismo direto pela via

oxidativa dos aminoácidos absorvidos (Mambrini e Guillaume, 1999). Por outro lado, estas

diferenças devem-se igualmente às mais baixas necessidades energéticas dos peixes – que

derivam do seu estatuto amoniotélico e ectotérmico, assim como dos menores gastos com a

movimentação em meio aquático – o que se traduz numa maior proporção da proteína na

dieta relativamente aos nutrientes energéticos não proteicos (Bureau, 2002).

Landau (1992), relata que o ideal na alimentação de peixes é que as proteínas sejam

compostas pelos seguintes aminoácidos: arginina, histidina, isoleucina, lisina, metionina,

fenilalanina, treonina, tirosina, valina e leucina, ou seja, os aminoácidos essenciais, numa

proporção considerada ideal para a espécie, visto que cada espécie tem o seu próprio perfil

de aminoácidos.

Apesar das proteínas, através do catabolismo dos seus aminoácidos, constituírem a

fonte energética preferencial para o metabolismo dos peixes, a incorporação de fontes

energéticas convencionais na dieta, como os lípidos e os hidratos de carbono podem, dentro

de certos limites, reduzir a utilização das proteínas para fins energéticos e aumentar a

eficácia da sua utilização para fins de crescimento (Wilson, 1994). Este fenómeno de

poupança de proteína devido ao aumento dos teores de inclusão de lípidos ou hidratos de

carbono na dieta tem sido observado em várias espécies (Cowey, 1975; Watanabe, 1977;

Vergara et al., 1996; Grisdale-Helland e Helland, 1997; Company et al., 1999; Yigit et al.,

2002; Singh et al., 2006).

A substituição parcial da proteína das dietas por fontes energéticas alternativas será

duplamente vantajosa, na medida em que, para além do impacto económico que poderá

representar, uma vez que a proteína é o componente com maior proporção nos custos de

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formulação das dietas, implicará uma redução significativa da libertação de compostos

azotados para o meio ambiente (Médale et al., 1995; Mcgoogan e Gatlin, 1999; Cho e

Bureau, 2001).

Resumindo, as necessidades energéticas de manutenção e para a atividade

voluntária (locomoção) devem ser satisfeitas prioritariamente, e por isso uma deficiência da

dieta em energia não proteica conduzirá à utilização da proteína para fins energéticos,

comprometendo o crescimento e aumentando as perdas de compostos azotados para o

meio; mas caso contrário, ou seja, um excesso de energia não proteica na dieta, poderá

permitir que a saciedade seja atingida antes da ingestão de uma quantidade adequada de

proteína e outros nutrientes para proporcionar um crescimento máximo, assim haverá uma

maior deposição de gordura e resultante desvalorização do produto final (NRC, 1993;

Guillaume et al., 1999). Assim, há que procurar um equilíbrio na relação entre proteína e

energia das dietas para evitar as situações acima descritas.

Como característica do hábito alimentar, os peixes carnívoros, nos quais se inclui o

C. parallelus, são, em sua maioria, classificados como predadores visuais, pois usam a

visão como principal sentido para localização de presas. Os robalos, como a maior parte dos

peixes classificados como predadores visuais, possuem uma forma característica de

ingestão de alimento, que otimiza os gastos energéticos com a busca de alimento. Quando

a presa está próxima à boca, o peixe levanta a cabeça, baixa a mandíbula e abre os

opérculos, aumentando, assim, a capacidade da cavidade bucal. O aumento repentino desta

cavidade provoca uma rápida entrada de água pela boca, promovendo a sucção da presa

(Baldisserotto, 2002) e permitindo, muitas vezes, que o peixe ingira acidentalmente outro

componente alimentar (Ricklefs, 1998) Apud Tonini et al., 2007a.

Sabe-se que espécies carnívoras possuem uma menor frequência alimentar quando

comparadas a espécies omnívoras, e à medida que a idade aumenta não se torna

significativo nem benéfico o aumento da frequência alimentar para esses animais (Kubitza,

1997). Este fato ocorre devido às espécies carnívoras possuírem um estômago largo e

musculoso e um intestino relativamente curto comparado aos peixes omnívoros e

herbívoros, demonstrando um hábito de alimentação baseado no consumo de alimentos

relativamente grandes, seguidos de um processo gradual de digestão, que é levado

continuamente ao intestino para adicional absorção e digestão. Os períodos de alimentação

são espaçados em intervalos durante todo o dia, com o estômago a funcionar como um

órgão de armazenamento provisório, mantendo um fluxo dos nutrientes no intestino

(Goddard, 1996).

Outro ponto não menos importante diz respeito aos fatores abióticos; condicionar os

peixes nos seus níveis de conforto, controlando os parâmetros físico-químicos, assegura

uma melhor eficácia alimentar. E a eficiência com que peixes usam os alimentos fornecidos

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é um fator determinante para o equilíbrio económico de uma aquicultura, de modo que o

aquicultor deve procurar alimentar o peixe de uma forma que garanta o crescimento rápido e

desperdício mínimo.

Neste contexto, e porque os próximos capítulos desta dissertação abordam um

ensaio de nutrição com juvenis de robalo peva Centropomus parallelus Poey, 1860,

seguem-se as exigências nutricionais que se tentaram satisfazer aquando da formulação e

fabricação das rações experimentais. Apesar do pouco que ainda foi realizado na área de

engorda, principalmente em relação às exigências nutricionais, determinação do tipo de

ração e manipulação alimentar mais adequados para a espécie (Tsuzuki, e Berestinas,

2008).

O robalo Centropomus parallelus, na fase juvenil, é um animal de regime alimentar

carnívoro, basicamente ictiófago, alimentando-se secundariamente de pequenos crustáceos,

larvas de insetos e, acidentalmente, de outros materiais (Tonini et al., 2007b).

Quanto às necessidades proteicas e energéticas, esta espécie assim como os peixes

marinhos necessitam de níveis proteicos próximos a 50% (Tucker, 2000). Souza et al.

(2011) realizou um estudo com o objetivo de avaliar o desempenho zootécnico e económico

de robalo peva alimentado com seis rações práticas, contendo diferentes concentrações

proteicas; foram testados níveis de 37,5 a 49% de proteína bruta, visto que se considerou

que uma redução dos níveis proteicos pode diminuir os custos da ração. As dietas práticas

utilizadas eram isoenergéticas. A dieta com concentração proteica de 490 g kg-1 e relação

energia/proteína de 30,43 MJ kg-1 proporcionou melhores índices zootécnicos e económicos.

Relativamente aos lípidos, os quais são componentes essenciais no corpo do animal,

pois são importantes fontes de energia e de ácidos gordos essenciais para o crescimento

normal e sobrevivência dos animais, facilitando a absorção de vitaminas lipossolúveis e

esteróis essenciais na dieta dos peixes. Poucos trabalhos orientam valores de gordura para

o cultivo desta espécie, mas parece aceitar níveis elevados, Ribeiro e Tsuzuki (2010)

utilizaram 21% em juvenis desta espécie. O óleo de peixe tem sido utilizado como um ótimo

constituinte em dietas para piscicultura, tanto como fonte energética como atrativo para os

animais.

Menos informação existe ainda sobre os níveis recomendados de hidratos de

carbono. Estes nutrientes, economicamente, são as formas mais baratas de energia nas

dietas (Correia, 1998), mas a utilização de hidratos de carbono pelos peixes como fonte de

energia é menor do que nos animais terrestres (Hepher, 1988) e esta componente alimentar

constitui a maior parte no total da alimentação. Cerqueira (1991), verificou que os peixes

não cresceram melhor com as dietas formuladas, contendo entre 15 e 24% de hidratos de

carbono, quando comparado com outras dietas inertes (peixe picado, camarão picado,

minhoca), no entanto o trabalho em questão utilizou peixes capturados em seu ambiente

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peixe por levedura de cerveja (Saccaromyces cerevisae)

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natural, e que por não estarem adaptados a esta forma de alimentação, possivelmente

existiu rejeição às dietas formuladas.

Por fim, as necessidades de vitaminas e de minerais. Para as vitaminas Clarke et al.

(1988) testou dietas com e sem a presença de vitaminas na alimentação do Centropomus

undecimalis (espécie próxima ao Centropomus parallelus), e concluiu que na alimentação

sem a presença de vitaminas ocorreu mortalidade significativa, os peixes apresentaram

hemorragias subcutâneas, perda de apetite, atrofia muscular, perda de equilíbrio e

convulsões, recomendando as vitaminas, nas seguintes proporções: (mg/kg na dieta), A

(12,4), D (0,9), E (151,4), C (309,7), Inosital (34,4), K (15,5), Ácido amino-benzóico (34,4),

Niacina (29,3), Riboflavina (6,9), Piridoxina (6,9), Tianina (6,9), Ácido pantontênico (20,6),

Biotina (0,1), Ácido fólico (0,6) e B 12 (0,01). Para os minerais Cerqueira (1991) indica uso

de premix mineral formado pelos seguintes elementos (g/kg); Mn (90); Zn (97,3); Fe (80,6);

Cu (20,8); I (1,6).

Estes resultados corroboram com a teoria, uma vez que as vitaminas são

substâncias orgânicas essenciais em mínimas quantidades e têm ação reguladora em

processos metabólicos, apesar de algumas serem sintetizadas pelo próprio corpo, mas em

quantidades insuficientes para satisfazer as necessidades nutricionais (Avault Jr, 1996). E

os minerais são elementos inorgânicos que são requeridos em vários processos metabólicos

(Hepher, 1988).

Geralmente nos ensaios realizados com alimentação de peixes, utilizam-se premixes

vitamínicos e minerais, o que aconteceu nos trabalhos de Borghetti e Canzi (1993),

Cerqueira (1991), entre outros.

1.5 - Incorporação da levedura de cerveja (Sacaromyces cerevisae) nas dietas

As necessidades proteicas podem variar com o estado de desenvolvimento, isto

devido a uma redução da velocidade de crescimento e da síntese da proteína corporal que

ocorre com a idade; os peixes mais pequenos apresentam geralmente maiores

necessidades em proteína na dieta relativamente a peixes maiores (Page e Andrews, 1973).

E é neste ponto, a utilização da proteína, que a aquicultura marinha tem tentado

encontrar soluções através de fontes proteicas alternativas à farinha de peixe, porque

apesar das vantagens desta fonte proteica, como: alta concentração proteica, perfil de

aminoácidos adequado, boa palatabilidade, alta digestibilidade, não conter fatores anti-

nutricionais, ser uma boa fonte de HUFA (Highly Unsaturated Fatty Acids), ter

biodisponibilidade de fósforo e ser rica em taurina, soma-se-lhe duas grandes

desvantagens: preço bastante alto e uma baixa disponibilidade a nível mundial. As fontes

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proteicas vegetais resolvem estas desvantagens mas todas as vantagens da farinha de

peixe constituem os inconvenientes das vegetais, por isso requerem ainda muitos estudos.

Já as proteínas de origem unicelular, incluindo leveduras e bactérias, têm sido vistas como

substitutas promissoras à farinha de peixe na dieta dos peixes.

As Proteínas de Origem Unicelular, POU, incluem microalgas, bactérias e leveduras

e são fontes alternativas de proteína não-convencional que são frequentemente usadas

como ingredientes de alimentos para peixes, devido ao valor nutricional de seus nutrientes,

como proteínas, vitaminas do complexo B, pigmentos e hidratos de carbono complexos, por

exemplo glucanos (Sanderson e Jolly, 1994; Tacon, 1994). Repare-se que h-1,3-glucano foi

reconhecido como um fator que efetivamente melhora as funções imunológicas de muitas

espécies aquícolas, incluindo o bagre Africano (Yoshida et al., 1995), o salmão do Atlântico

(Engstad et al., 1992), a truta arco-íris (Jorgensen et al. 1993; Siwicki et al, 1994) e o

camarão Penaeus monodon (Thanardkit et al, 2002).

Entre as POU, as leveduras têm sido as mais utilizadas em alimentos para

aquicultura (Tacon, 1994). Relativamente a algumas leveduras, como Candida sp. e

Saccharomyces cerevisiae, acredita-se que têm propriedades imuno-estimuladoras em

virtude de seus componentes de hidratos de carbono complexos e teor de ácido nucleico

(Anderson et al., 1995).

Na levedura de cerveja, o ácido nucleico está presente principalmente na forma de

RNA e representa cerca de 20% a 25% do azoto (Rumsey et al., 1991). Em humanos e

animais monogástricos, um excesso de oferta dietética de ácidos nucleicos é tóxico, visto

que a capacidade de excreção do ácido úrico formado é limitado, levando ao depósito de

ácido úrico no organismo e possíveis distúrbios do metabolismo (Schulz e Oslage, 1976;

Tusé, 1984). No entanto, tal efeito não foi encontrado em peixes, devido à sua urease muito

ativa no fígado (De la Huiguera et al, 1981; Rumsey et al, 1991).

Sakai et al. (2001) relatou que os nucleotídeos do RNA da levedura de cerveja são

capazes de melhorar as atividades fagocitária e oxidativa das células fagocíticas do rim, da

lisozima sérica na carpa comum, bem como resistência a Aeromonas hydrophila. Burrells et

al. (2001) também relataram que os nucleotídeos dietéticos, extraídos da levedura de

cerveja, poderiam aumentar a resistência a infeções patogénicas no salmão do Atlântico.

O dreche e a levedura aumentam o valor nutricional e palatabilidade em dietas de

muitos animais (gado leiteiro, gado de corte, suínos e equinos) e em alimentos para animais

domésticos. E são os dois principais subprodutos da indústria cervejeira. Não se conhecem

fatores anti-nutricionais no dreche com fermento, no entanto, dados publicados sobre a

utilização de dreche e levedura em dietas na aquicultura indicam que essa utilização é

limitada (Muzinic et al., 2004).

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De acordo com Hisano et al. (2004), estas substâncias destacam-se pela sua

biossegurança e fácil incorporação à mistura durante o processamento da ração.

Tabela 1 - Utilização da levedura em outros trabalhos com outros animais aquáticos.

A levedura e derivados do seu processamento possuem quantidades satisfatórias de

aminoácidos neutros, básicos e ácidos que podem conferir potencial atrato-palatabilizante

(Hisano et al., 2007). Possui alto teor em lisina (National Research Council, 1993), que é um

aminoácido limitante na maioria dos ingredientes vegetais, e foi classificado como

aminoácido básico, que confere aumento da atividade alimentar em Tilapia zillii.

Vários trabalhos têm mostrado o potencial da utilização da levedura de cerveja

(Saccharomyces cerevisiae) como um suplemento alimentar para vários animais. Diversos

pesquisadores têm relatado os efeitos benéficos de S. cerevisiae na dieta de peixes e

crustáceos. Na tabela 1 apresentam-se alguns resultados de trabalhos que utilizaram a

levedura de cerveja em animais aquáticos.

Como relatado acima, foi observado que S. cerevisiae pode influenciar positivamente

as respostas imunes não específicas, bem como o desempenho do crescimento de algumas

espécies de peixes e influenciar parâmetros bioquímicos hematológicos e séricos que são

indicadores valiosos da saúde e bem-estar dos peixes. Por estas razões desenvolveu-se

este trabalho com juvenis de robalo peva pretendendo analisar as respostas biológicas

Autores Espécies Inclusão máxima de levedura da dieta

Outros resultados

Oliva-Teles e Gonçalves (2001)

Robalo europeu (Dichentrachus labrax)

50% da proteína de farinha de peixe

Inclusão até 30% de levedura de cerveja na dieta melhora a eficiência alimentar

Muzinic et al. (2004)

Lagostim (Cherax quadricarinatus)

30% da proteína de farinha de peixe

Estes autores utilizaram dreche com levedura e não apenas a levedura

Li e Gatlin (2003)

Híbrido Morone chrysops x M. saxatilis

1% e 2% resulta num ganho de peso até 20% a mais em relação aos peixes alimentados com a dieta basal

A levedura de cerveja pode ser administrada por períodos relativamente longos sem causar imunossupressão

Hisano et al. (2007)

Alevinos tilápia-do-nilo (Sarotherodon niloticus)

Levedura autolisada proporciona desempenho superior, quando utilizada entre 1,30 e 1,59%.

-

Hoseinifar et al. (2011)

Esturjão beluga (Huso huso)

Levedura a 2% na dieta

-

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peixe por levedura de cerveja (Saccaromyces cerevisae)

18

quando sujeitos a uma dieta com substituição parcial da farinha de peixe por levedura de

cerveja a 10, 30 e 50%, tal dieta foi baseada no trabalho de Oliva-Teles e Gonçalves (2001)

com o robalo europeu.

1.6 – Objetivos Gerais

Perante a atual situação de demanda, controvérsia e altos custos com a farinha de

peixe incluída nas rações de peixes marinhos, e visto que vivemos um momento de

desenvolvimento da aquicultura de espécies marinhas, é de máxima importância estudar a

possibilidade de substituição parcial ou total da farinha de peixe por fontes proteicas

alternativas. É neste contexto que o objetivo deste trabalho se dirige, testando a substituição

parcial de farinha de peixe por levedura de cerveja (Sacaromyces cerevisae) a 10, 30 e

50%, e avaliar respostas biológicas de juvenis de robalo peva (Centropomus paralellus) a

nível de crescimento, composição da carcaça e do sangue.

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CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA GERAL

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21

2.1 – Instalações experimentais

Os ensaios a que esta dissertação se refere foram realizados nas instalações

experimentais do Laboratório de Piscicultura Marinha (LAPMAR) da Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC), o qual desenvolve linhas de pesquisa dentro das áreas de:

reprodução, larvicultura e engorda, com o intuito de criar tecnologia para a produção de

determinadas espécies, além do treinamento dos estudantes de graduação e pós-

graduação.

Também houve colaboração de outros dois laboratórios da UFSC, nomeadamente o

Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) e o Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes

de Água Doce (LAPAD), para a realização de análises bioquímicas e análises centesimais,

respetivamente.

O abastecimento de água para a Estação de Maricultura (complexo que engloba

vários laboratórios) é feito por um sistema que bombeia água da Praia da Barra da Lagoa,

através de um sistema de canalização de 2 km. A água é armazenada em duas cisternas

que periodicamente são secas e lavadas para limpeza, e o tratamento de efluentes é feito

através de uma lagoa de decantação que recebe a água do LAPMAR e do LMM

(Laboratório de Moluscos Marinhos), antes da água seguir para a Lagoa da Conceição, SC.

2.2 – Material Animal

Juvenis de robalo peva (Centropomus paralellus) com um ano e cinco meses, um

peso médio de 77 g e 20 cm de comprimento médio foram obtidos nas instalações do

LAPMAR por uma indução de desova a 29 de Outubro de 2010 de reprodutores de robalo

peva mantidos em cativeiro no mesmo laboratório, usando 50 µm/kg de LHRHa (Luteinizing

hormone-releasing hormone) em fêmeas e machos.

Estes animais foram mantidos no viveiro do laboratório em jaulas flutuantes e

alimentados com uma ração experimental da empresa Nicoluzzi para peixes marinhos com

50% de proteína bruta (farinha de peixe).

2.3 – Dietas experimentais

Foram formuladas quatro dietas experimentais, isoproteicas e isoenergéticas, com

50% de proteína e 22 MJ/Kg, Dzero (controlo), D10, D30 e D50 (Tabela 2), as quais tem

diferentes níveis de substituição de farinha de peixe por levedura de cerveja.

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22

Tabela 2 – Ingredientes e composição analítica das dietas experimentais.

Dietas

Dzero D10 D30 D50

Ingredientes (% de matéria seca)

Caseína 5,98 5,98 5,98 5,98

Farinha de Peixea

61,01 54,91 42,71 30,51

Dextrina 22,01 18,42 10,25 3,08

Óleo de Peixe 10 10 11 11

Levedurab

- 9,69 29,06 48,43

Premix Vitamínico e Mineralc

1 1 1 1

Composição analítica (% por peso seco)

Matéria Seca 89,34 87,61 88,27 84,72

Proteína 51,81 51,18 45,51 49,5

Lípidos 17,33 16,08 17,79 18,13

Hidratos de Carbono 18,04 20,11 26,37 23,11

Cinzas 10,41 9,85 8,85 6,68

Energia (kJ g-1

) 22,63 22,41 22,65 23,30

P/E (g MJ-1

) 22,90 22,84 19,72 21,24

a Farinha de Salmão (NICOLUZZI) (P: 65,56%; L: 9,24%)

b Fermento Biológico Instantâneo (FLEISCHMANN) Saccharomyces cerevisiæ e monoestearato de

sorbitana (agente de reidratação) (P: 41,3%; L: 5,4%) c Minerais e Vitaminas: Ácido fólico 250 mg; ácido pantotênico 5.000 mg; antioxidante 0,60 g; biotina

125 mg; cobalto 25 mg; cobre 2.000 mg; colina 75.000 mg; ferro 13.820 mg; iodo 100 mg; manganês

3.750 mg; niacina 5.000 mg; selênio 75 mg; vitamina A 1.000.000 UI; vitamina B1 1.250 mg; vitamina

B12 3.750 mcg; vitamina B2 2.500 mg; vitamina B6 1.875 mg; vitamina C 42.000 mg; vitamina D3

500.000 UI; vitamina E 20.000 UI; vitamina K3 500 mg; zinco 17.500 mg.

A preparação das dietas foi feita no Laboratório de Nutrição da UFSC. Todos os

ingredientes das dietas foram pesados individualmente com a precisão de 0,1 g, numa

balança Tecnal. Começou-se por misturar os macronutrientes secos que entravam na

fórmula com maior percentagem de incorporação, numa batedeira planetária (G. Paniz®).

Após 10 minutos de mistura adicionou-se o premix Vitamínico e Mineral que anteriormente

foi misturado à mão com parte da caseína, isto para que a perda de premix fosse

minimizada. Depois de mais 10 minutos de mistura, acrescentou-se o óleo de peixe e

misturou-se por mais 10 minutos. Por último, adicionou-se lentamente água até que a

consistência da mistura fosse adequada para ser facilmente granulada num moedor

peletizador (Lieme, ME-20 EP). Normalmente, a quantidade de água adicionada não

ultrapassava os 5% do peso total da dieta, e os grânulos eram processados através de uma

matriz de 3 mm. Quando as dietas acabavam de passar pelo moedor o produto final tinha

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peixe por levedura de cerveja (Saccaromyces cerevisae)

23

aparência de fios “tipo macarrão”, nesta fase as dietas foram colocadas em tabuleiros e

secas numa estufa a 40º C, durante 24h. De seguida, foram arrefecidas ao ar, cortadas à

mão com faca para finalmente se obter o granulado e guardadas em sacos plásticos num

congelador, até serem utilizadas.

2.4 – Sistema de tanques-rede

O ensaio foi realizado num sistema de tanques-rede, ou seja jaulas flutuantes, no

viveiro natural de água salobra no LAPMAR com 600 m2. Num total de 12 tanques, cada um

com capacidade de 1m3, em forma de cubo e tinham uma estrutura superior em PVC para

flutuação e outra inferior para formar a estrutura de pesos e armação do tanque. Para que

os tanques não ficassem ao nível da água e não facilitar a saída dos peixes, foram

adaptadas 4 garrafas plásticas, devidamente fechadas, em cada tanque, fazendo com que

os tanques ganhassem altura e mais flutuabilidade.

Figura 6 – Fotografia onde se pode observar as estruturas do sistema de tanques-rede. Fonte: Autor

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Os tanques-rede foram dispostos em volta das jaulas flutuantes fixas do viveiro,

como se pode ser na figura 6, os tanques com estrutura branca em volta da estrutura verde,

presos com cordas.

Como se trata de um viveiro natural que está constantemente a trocar água com a

Lagoa da Conceição, SC, a renovação de água é contínua. A limpeza dos tanques não foi

necessária, visto não terem acumulado algas e outros organismos ao ponto de colmatação

das redes. Mas a meio do ensaio houve novo sorteio do lugar de cada tanque a ocupar no

viveiro para dissipar influências de maior luminosidade e outros fatores abióticos locais.

2.5 – Ensaio com juvenis de robalo peva

Um total de 240 juvenis de C. paralellus foram distribuídos no sistema de 12 tanques-

rede acima referido, 20 peixes por tanque, criando uma densidade de 0,02 peixes litro-1.

Havendo três réplicas (tanques) por tratamento.

Foi realizado um período de aclimatização dos peixes no novo sistema durante uma

semana, antes de iniciar a alimentação com as dietas experimentais.

Para a constituição destes grupos, foi efetuada uma amostragem do stock inicial para

saber o peso médio e, após esta informação, no dia da distribuição, os peixes foram

levemente anestesiados com benzocaína (50 ppm), sendo que primeiramente foram

pesados 15 peixes para cada tanque e depois os restantes 5, para que os grupos

constituídos fossem o mais homogéneos possível.

O peso médio inicial foi de 77 g e 20 cm de comprimento médio.

Cada dieta experimental foi atribuída aleatoriamente a triplicados dos grupos de

peixes formados, tendo sido distribuídas manualmente, duas vezes por dia, sete dias por

semana, até à saciedade visual aparente, durante 2 meses.

Foram realizadas 3 biometrias: uma inicial, uma intermédia e a final. Nos dias de

biometria os peixes estavam em jejum há 24 horas e foram submetidos a uma leve

anestesia com benzocaína (50 ppm), pesados em grupo e contados. Nestes dias os peixes

não foram alimentados pois rejeitavam a comida devido ao stress.

Para as análises centesimais da carcaça, cinco peixes da população stock inicial e

três peixes de cada tanque no final do ensaio foram recolhidos aleatoriamente, agrupados e

preparados como citado na metodologia geral. As análises bioquímicas também requereram

amostras no início e no final do experimento, neste caso as amostras consistiram no sangue

recolhido de dez peixes do stock inicial e de dois a quatro peixes de cada tanque no fim do

ensaio para fazer um pool de amostra de cada tanque.

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25

A temperatura e salinidade média da água foram de 22,5±2,3 ºC e 34±1,3 ‰,

respetivamente, ao longo do período experimental.

2.6 – Métodos Analíticos

2.6.1 – Preparação das amostras

Para análise centesimal, as amostras das diferentes dietas foram preparadas no

LAPAD onde as mesmas foram analisadas, assim como as carcaças dos peixes, que para a

mesma análise, foram sacrificados com excesso de anestesia, em momentos de biometria,

e guardados em congelador até se proceder à preparação da amostra para análise.

As mostras de sangue para análises bioquímicas foram coletadas com seringas de 1

ml previamente tratadas com o anticoagulante EDTA (ácido etileno diamino tetra-acético),

para cada tanque foi colectado sangue de vários peixes até se perfazer cerca de 2 ml de

sangue, todo este processo também foi realizado em momentos de biometria (24 horas de

jejum), mas antes de se proceder às medições, pois o stress consequente desse manejo

interfere nos resultados bioquímicos. Após extração do sangue, este era colocado em

eppendorfs condicionados numa caixa isotérmica com gelo e seguiam para análise de

imediato.

2.6.2 – Análises Centesimais

2.6.2.1 – Matéria Seca

A matéria seca foi obtida por subtração do conteúdo de humidade, a qual é determinada

pela perda total de peso da amostra após secagem em estufa a 105 °C, até peso constante.

2.6.2.2 – Cinzas

O conteúdo em cinzas das amostras, ou seja, o resíduo inorgânico (os minerais), obteve-se

após incineração da matéria orgânica numa mufla a 450 °C, durante 16 horas.

2.6.2.3 – Proteína Bruta

A quantidade de proteína bruta foi determinada através da porção de Azoto de cada

amostra, recorrendo-se ao método de Kjeldahl. Este processo envolve três etapas principais:

(1) digestão da amostra com ácido sulfúrico concentrado, na presença de catalisadores, da

qual resulta sulfato de amónia; (2) destilação por arrasto de vapor em meio básico (NaOH a

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26

40%) e recolha da amónia em meio ácido (ácido bórico saturado), e que é realizada com

digestor e destilador; (3) quantificação da amónia, por titulação com ácido diluído (HCl 0,5N).

A proteína bruta foi calculada multiplicando o teor em azoto total pelo fator empírico de 6,25

(100/16).

2.6.2.4 – Lípidos

A quantificação da gordura bruta foi realizada por extração com éter de petróleo (40 a 60%),

durante 6 horas, através de um aparelho de extração, a partir de amostras finamente

moídas.

2.6.2.5 – Hidratos de Carbono

Os valores de hidrato de carbono foram obtidos por diferença entre o peso total da amostra

e o teor em humidade, proteína, lípidos e cinzas. Este método é validado pela associação

AOAC (Association of Analytical Communities).

2.6.2.6 – Fibra

A quantidade de fibra foi obtida pela introdução das amostras um aparelho digestor com

detergente ácido a 100ºC. Os saquinhos com as amostras são deixados em fervura por 4

horas, depois são lavados com água fervente para retirar a espuma e posteriormente são

escorridos e colocados imersos em acetona para assegurar que as amostras estão

desengorduradas. Para secagem total são postos na estufa a 105°C.

2.6.2.7 – Energia

A energia foi calculada pelos valores médios de energia de combustão dos ingredientes, de

acordo com Maynard e Loosli (1974), usando-se os seguintes fatores energéticos: 23,65 kJ

g-1 de proteína, 39,35 kJ g-1 de lípidos e 17,37 kJ g-1 de hidratos de carbono e fibra.

2.6.3 – Avaliação de parâmetros físico-químicos na água

2.6.3.1 – Temperatura

A temperatura foi medida com um termómetro convencional de mercúrio e o registo foi

realizado diariamente.

2.6.3.2 – Salinidade

No viveiro, a salinidade foi medida semanalmente, com um refratómetro (Instrutherm -

Portable Refractometer).

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27

2.6.4 – Análises Bioquímicas

2.6.4.1 – Proteínas Totais

Para análise bioquímica do sangue a nível proteico, utilizou-se o kit de Proteínas Totais da

empresa Labtest (ref.99). Esta determinação consiste na reação de iões de cobre (Cu+2) em

meio alcalino (Reagente de Biureto) com as ligações peptídicas das proteínas séricas

formando cor púrpura, sendo a absorvância máxima medida a 545 nm proporcional à

concentração das proteínas na amostra (o manual de utilizador pode ser encontrado em

http://www.labtest.com.br/reagentes#Bioquímica).

As amostras de sangue foram centrifugadas numa centrífuga refrigerada (eppendorf

Centrifuge 5804 R) a 3000 rpm durante 10 minutos para obter o plasma. Em tubos de ensaio

com 1,0 ml de reagente adicionou-se 0,02 ml de amostra. Também acompanham nesta

análise um padrão (padrão + reagente) e um branco (soro fisiológico + reagente). Os tubos

de ensaio foram sujeitos a banho-maria com agitação durante 10 minutos a 37ºC para que

haja mistura e incubação. Após incubação as amostras apresentam uma cor estável durante

uma hora. Para a leitura da absorvância utilizou-se um leitor de microplacas (ASYS Expert

Plus) com capacidade de absorvância de 550 nm e acertou-se o zero com o branco.

2.6.4.2 – Triglicerídeos

O kit Triglicérides Liquiform da empresa Labtest (Ref.87) permitiu quantificar os triglicerídeos

no sangue dos peixes através da lipoproteína lipase que promove a hidrólise dos

triglicerídeos libertando glicerol, que é convertido, pela ação da glicerolquinase, em glicerol-

3-fosfato. Este é oxidado a dihidroxiacetona e peróxido de hidrogénio na presença da

glicerolfosfato oxidase. Em seguida, ocorre uma reação de acoplamento entre peróxido de

hidrogénio, 4-aminoantipirina e 4-clorofenol, catalisada pela peroxidase, produzindo uma

quinoneimina que tem máximo de absorvância em 505 nm. A intensidade da cor vermelha é

diretamente proporcional à concentração dos triglicerídeos na amostra (o manual de

utilizador pode ser encontrado em http://www.labtest.com.br/reagentes#Bioquímica).

As amostras de sangue foram centrifugadas numa centrífuga refrigerada (eppendorf

Centrifuge 5804 R) a 3000 rpm durante 10 minutos para obter o plasma. Em tubos de ensaio

com 1,0 ml de reagente adicionou-se 0,01 ml de amostra. Mas após uma primeira análise

chegou-se à conclusão que era necessário fazer diluição da amostra porque os valores de

absorvância estavam muito altos e teve de haver uma adaptação deste tipo de amostra ao

protocolo; para isso procedeu-se a uma diluição de 1:2 (2 ml Amostra + 2 ml Soro

Fisiológico). Também acompanham nesta análise um padrão (padrão + reagente) e um

branco (apenas o reagente). Os tubos de ensaio foram sujeitos a banho-maria com agitação

durante 10 minutos a 37ºC para que haja mistura e incubação. Após incubação as amostras

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apresentam uma cor estável durante uma hora. Para a leitura da absorvância utilizou-se um

leitor de microplacas (ASYS Expert Plus) com capacidade de absorvância de 590 nm e

acertou-se o zero com o branco.

2.6.4.3 – Glicose

Para a quantificação de glicose no sangue foi utilizado o kit OneTouch Ultra®, que

normalmente é usado por pessoas diabéticas no seu controlo diário da doença. As amostras

foram analisadas em duplicado, assim como as duas análises anteriores, e neste caso

utilizou-se o sangue logo após extração (contrariamente às anteriores onde se usou o

plasma). O procedimento é de rápida execução, consistindo apenas na introdução de tiras

reagentes no aparelho leitor portátil e fazer com que uma gota de sangue da amostra entre

por difusão na ponta da tira reagente até completar o espaço de modo a ter sangue

suficiente para a leitura (o manual de utilizador pode ser encontrado em www.lifescan.pt).

2.7 – Definições dos Termos Utilizados

A partir dos dados obtidos nas biometrias e na análise de composição corporal,

foram calculados os índices de desempenho e utilização dos nutrientes, a partir das

fórmulas apresentadas na tabela 3.

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Tabela 3 - Definições dos termos utilizados

Sobrevivência (%) Mortalidade (%) Ganho de Peso Total (g)

=

=

Pf ‑ Pi

Peso Médio – PM (g) Ganho de peso – GP (g kg-1 PM Dia-1) Taxa de Crescimento Específico – TCE (% por dia)

=

=

=

Alimento Ingerido – AI (gMS kg-1 PM Dia-1) Conversão Alimentar Aparente Eficácia de Conversão Alimentar – ECA

=

=

=

Coeficiente de Eficácia Proteica – CEP Ingestão de nutrientes, matéria seca ou energia (β kg-1 PM Dia-1)

Taxa de Retenção de Nutrientes ou Energia (% do ingerido)

=

=

=

Retenção de Nutrientes ou Energia (β kg-1 GP)

Retenção de Nutrientes ou Energia (β Kg-1 PM dia-1)

Índice Hepatossomático – IHS (%)

=

=

=

Gordura Intra- visceral (%) Ni: Número Inicial de peixes; Nf: Número Final de peixes; Pf: Peso médio final (g peso fresco); Pi: Peso médio inicial (g peso fresco); PM: Peso médio (g peso fresco); t: intervalo de tempo, em dias;

GP: Ganho de peso; β: g ou kJ; Iδ: Ingestão de nutriente, matéria seca ou energia (g MS ou kJ); δ: g ou kJ; δi: Conteúdo inicial dos peixes em nutriente ou energia (% ou kJ); δf: Conteúdo final dos peixes em nutriente ou energia (% ou kJ)

=

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30

2.8 – Análise Estatística

Todos os resultados obtidos foram tratados estatisticamente com auxílio dos

programas Excel © e Statgraphics Centurion XVI.

Inicialmente, formularam-se duas hipóteses que permitiram tomar decisões acerca

das características das amostras analisadas: uma hipótese nula (H0) na qual se admitiu a

igualdade entre amostras e uma hipótese alternativa (Ha) a qual pressupunha a existência

de diferenças significativas entre as amostras. A aceitação ou não da hipótese nula depende

do nível de significância observado (p-value) e do adoptado (α = 0,05).

Para cada parâmetro é apresentado o valor médio para cada grupo experimental e o

desvio padrão. Para comparar características de mais do que duas amostras, recorreu-se à

análise de variância (ANOVA). Antes de efetuar a ANOVA, testou-se a homogeneidade dos

dados, aplicando o teste de Levene. Para os dados que apresentaram homogeneidade de

variâncias, aplicou-se o teste One Way ANOVA. Em seguida, aplicou-se o teste Fisher’s

LSD que permitiu identificar as diferenças entre os grupos.

Nos casos em que não se verificou homogeneidade dos dados, os valores foram

logaritmizados para se obter distribuições homogéneas. Aplicou-se o teste ANOVA aos

valores homogeneizados e posteriormente, determinaram-se as diferenças e/ou igualdades

com um teste de comparações múltiplas.

Para determinar a existência de uma relação cruzaram-se os dados num gráfico de

dispersão e escolheu-se a linha de tendência polinomial que melhor se ajustava e indicou-se

a força de correlação.

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CAPÍTULO 3 - RESULTADOS

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33

No final do ensaio verificou-se uma mortalidade média entre 15 e 21,7% (que

corresponde entre 3 a 5 peixes mortos por tanque) mas sem diferenças significativas entre

os tratamentos (tabela 4). Restando um número final de peixes, por tanque, suficiente para

obter amostras destinadas às diferentes análises.

O ganho de peso foi quase nulo, registando-se um ganho maior no tratamento D10

(8,2 g), seguido do controlo (4,1 g). Na dieta D30 os peixes praticamente não cresceram e

houve perda de peso em D50, mesmo assim sem diferenças significativas.

Em todos os tratamentos a quantidade de alimento ingerido também não se

diferenciou significativamente e foi bastante idêntica, mas apresentou valores muito baixos.

Os índices de utilização de alimento estão também apresentados na tabela 4. No

entanto, perante estes fracos resultados de crescimento, aponta-se apenas que os valores

alcançados são ínfimos e até negativos.

Tabela 4 - Crescimento e utilização do alimento de juvenis de robalo peva alimentados com dietas experimentais.

Dietas

Dzero D10 D30 D50

Mortalidade (%) 20,0 ± 5,0 15,0 ± 5,0 20,0 ± 17,3 21,7 ± 5,8

Peso Médio Inicial (g) 68,1 ± 2,1 68,8 ± 7,5 70,8 ± 3,1 69,2 ± 3,7

Peso Médio Final (g) 72,2 ± 6,1 77,1 ± 10,0 72,6 ± 7,5 66,3 ± 9,3

Ganho de Peso (g) 4,1 ± 8,1 8,2 ± 4,4 1,8 ± 4,4 -2,9 ± 12,0

Taxa de Crescimento Específico (% dia-1

)

0,09 ± 0,2 0,2 ± 0,08 0,04 ± 0,09 -0,08 ± 0,3

Alimento Ingerido (g k-1

dia-1

) 1,1 ± 0,3 1,5 ± 0,1 1,5 ± 0,2 1,2 ± 0,4

Eficácia de Conversão Alimentar 0,02 ± 0,03 0,03 ± 0,01 0,004 ± 0,01 -0,02 ± 0,06

Coeficiente de Eficácia Proteica

0,03 ± 0,06 0,05 ± 0,02 0,01 ± 0,03 -0,04 ± 0,13

Taxa de Retenção de Proteína (% do ingerido) -1,6 ± 1,5 -0,6 ± 0,4 -0,7 ± 0,6 -1,6 ± 2,5

Taxa de Retenção de Energia (% do ingerido) -0,9 ± 1,4 -0,3 ± 0,4 -0,6 ± 0,5 -1,9 ± 2,4

Os valores são médias ± desvio padrão. Para cada linha, os valores seguidos por letras diferentes são significativamente

diferentes (P < 0,05).

Da análise centesimal das carcaças do stock inicial e dos diferentes tratamentos,

verifica-se diferenças significativas relativamente a todos os nutrientes, humidade e energia

(tabela 5). Sendo que parece não existir nenhum tipo de correlação entre essas diferenças e

o nível de incorporação da levedura nas dietas.

Estes mesmos resultados também mostraram uma diminuição em relação às

carcaças iniciais.

Quanto aos lípidos, apresentaram variações entre tratamentos, ocorrendo o maior

valor (9,1 g) na D30, mas em geral diminuíram em relação à quantidade de lípidos inicial

(9,9 g).

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O tratamento D50 apresenta o IHS e a quantidade de gordura intra-visceral mais

altos, com 2,6 e 7,3% respetivamente, e o tratamento Dzero (controlo) possui os valores

mais baixos, com 1,7 e 4,4%, porém estas medições não apresentaram diferenças

significativas.

Tabela 5 – Composição corporal de juvenis de robalo peva alimentados com dietas experimentais (baseado no peso fresco).

Inicial Final

Dzero D10 D30 D50

Humidade (%) 67,3 ± 1,5a 69,8 ± 1,5ab 70,9 ± 1,6b 70,1 ± 1,6b 71,1 ± 1,6b

Proteína (%) 18,5 ± 0,4c 15,4 ± 0,3a 15,4 ± 0,3a 16,9 ± 0,4b 17,1 ± 0,4b

Lípidos (%)

9,9 ± 0,2d 8,4 ± 0,2b 8,5 ± 0,2b 9,1 ± 0,2c 8,0 ± 0,2a

Cinzas (%) 4,5 ± 0,1d 4,2 ± 0,1c 3,9 ± 0,1ab 4,0 ± 0,1b 3,7 ± 0,1a

Energia (kJ g-1

) 8,3 ± 0,2c 7,3 ±0,2ab 7,2 ± 0,2a 7,6 ± 0,2b 7,4 ± 0,2ab

IHS (%)

1,8 ± 0,2 1,7 ± 0,2 1,8 ± 0,2 2,0 ± 0,2 2,6 ± 2,4

Gordura intra-visceral (%) 6,6 ± 1,4 4,4 ± 1,3 6,1 ± 1,0 5,1 ± 1,3 7,3 ± 6,8

Os valores são médias ± desvio padrão. Para cada linha, os valores seguidos por letras diferentes são significativamente

diferentes (P < 0,05).

As análises bioquímicas ao sangue revelaram diferenças significativas. A quantidade

de glicose final em todos os tratamentos foi bastante idêntica, diferenciando-se apenas da

quantidade apresentada pelo stock inicial, que foi um pouco superior, como pode ser

verificado na tabela 6.

Tabela 6 – Análises bioquímicas ao sangue de juvenis de robalo peva alimentados com dietas experimentais.

Inicial Final

Dzero D10 D30 D50

Glicose (mg dL-1

) * 77 ± 19,8b 55 ± 15,2a 48 ± 13,2a 50 ± 7,9a 53 ± 7,5a

Proteínas Totais (g dL-1

) 3,6 ± 0,3a 3,8 ± 0,3b 4,0 ± 0,3bc 4,0 ± 0,2bc 4,1 ± 0,3c

Triglicerídeos (mg dL-1

) *

486,8 ± 160,5c 192,6 ± 131a 339,3 ± 79b 292,0 ± 112,2b 214,8 ± 56,9a

* Os valores foram logaritmizados para se obter homogeneidade.

Os valores são médias ± desvio padrão. Para cada linha, os valores seguidos por letras diferentes são significativamente

diferentes (P < 0,05).

Na mesma tabela, observa-se que os triglicerídeos tiveram um comportamento

parecido à glicose, visto que no final do ensaio apresentaram uma diminuição em relação ao

stock inicial, mas neste caso as dietas controlo e D50 mostram valores significativamente

mais baixos. Relativamente à proteína o cenário é exatamente o contrário, visto que os

tratamentos apresentaram num aumento em relação ao início do ensaio, e a dieta D50

detém a maior quantidade.

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No capítulo 2, a tabela 2 apresenta a quantificação dos diferentes nutrientes e

energia que compõem as diferentes dietas, lá podemos verificar que relativamente

aos pressupostos de igualdade entre as dietas a nível proteico e energético, apenas

a energia não diferiu significativamente, pois a proteína variou e destaque-se a dieta

D30 que exibe o valor mais baixo e mais desigual com apenas 45,5% de proteína,

quando as dietas deveriam ter um nível médio proteico de 50%.

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CAPÍTULO 4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

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4.1 - Discussão

O melhor resultado deste trabalho foi atingido com a dieta com 10% de substituição,

apesar de não se ter registado diferenças significativas no ganho de peso nos diferentes

tratamentos, tal igualdade também se verificou no estudo de Oliva-Teles e Gonçalves (2001)

com Dichentrachus labrax, excepto na dieta que foi suplementada com Metionina.

No entanto este projeto falhou relativamente à estação do ano (outono) em que

decorreu, uma vez que o ensaio foi realizado num viveiro natural sem qualquer possibilidade

de controlo da temperatura. A temperatura ideal para o cultivo de C. parallelus ronda os

26ºC, e temperaturas abaixo de 24ºC limitam a sua distribuição geográfica (Shafland e

Foote, 1983), por isso a uma temperatura média de 22,5ºC os peixes não responderam

muito bem à ração, daí os fracos resultados na ingestão do alimento (≈1,5 g k-1 dia-1) e

consequentemente o ganho de peso máximo ter sido de ≈8,2 g (D10).

A dieta D10 poderá ter obtido melhores resultados em relação à dieta controlo devido

à palatabilidade que a levedura confere à ração, induzindo ao seu maior consumo, cujo fato

já foi verificado em outra espécies noutros trabalhos (Pereira-da-Silva e Pezzato, 2000 e

Muzinic et al., 2004).

Relativamente às dietas, é importante justificar que se optou por uma quantidade de

lípidos mais elevada (17%) do que os níveis mais usados em espécies marinhas (entre 11 e

14%) pois C. parallelus responde bem a altos níveis lipídicos. Ribeiro e Tsuzuki (2010), com

juvenis desta mesma espécie, utilizaram 21,2% de lípidos nas dietas e recentemente (2010)

Borges et al., revelou, pela primeira vez, a absorção de lipídios e de macromoléculas

proteicas em C. parallelus, demonstrando que esta espécie tem um excelente mecanismo

de absorção de lipídios e indica a absorção de macromoléculas no reto. Além disso, dentro

de certos limites, o aumento da incorporação de lípidos e, consequentemente, do teor

energético da dieta, geralmente resulta num efeito de poupança de proteína, isto é,

permitindo uma maior eficácia de utilização da proteína da dieta para fins plásticos,

reduzindo a sua utilização para a cobertura das necessidades energéticas e

simultaneamente a excreção azotada para o ambiente (Bureau et al., 2002).

Os índices de desempenho biológico não são passíveis de discussão, porque,

apesar da dieta D10 se destacar, não constituem bons indicadores visto que praticamente

não houve crescimento. Servem estes dados apenas para corroborar com outros estudos

dirigidos aos fatores abióticos que mostram a inadaptabilidade do robalo peva a ambientes

frios, quando o objetivo se trata de crescimento.

Quanto à composição das carcaças é de salientar que a quantidade de proteína é

significativamente maior nos peixes sujeitos às dietas com mais teor em levedura, algo que

se assemelha aos resultados de Hoseinifar et al. (2011) com Huso huso apesar deste só ter

incluído até 2% de levedura, já o trabalho de Lunger et al. (2006) com Rachycentron

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canadum contraria estes resultados visto que o aumento da inclusão (desde 25 até 100%)

de levedura levou a uma diminuição da proteína.

Este trabalho careceu de uma análise apriori à composição centesimal das dietas

antes do início do ensaio, e como resultado, o objetivo das dietas serem isoproteicas a 50%,

fracassou, mantendo-se no entanto isoenergéticas, neste cenário foi a dieta D30 que mais

se diferenciou (45% de proteína) e como possível resultado apresentou um maior nível

lipídico nas carcaças finais, mas não houve diferenças significativas na percentagem de

gordura intra-visceral, assim como nos outros tratamentos.

O IHS também não se diferenciou, o que era esperado, pois na bibliografia este

índice não se destaca como fator variável para este tipo de estudos de substituição por

levedura.

As análises bioquímicas do sangue revelaram um padrão idêntico aos obtidos

noutros estudos. A quantidade de proteína no plasma aumenta com o aumento do teor de

levedura na dieta, tal foi observado com Rachycentron canadum (Lunger et al., 2006) que

obteve bons resultados até uma inclusão de 25%. Ozório et al. (2010) alcançou bons

resultados até uma substituição de 50% e no seu estudo as proteínas do plasma foram

positivamente correlacionadas com o nível de levedura na dieta, enquanto que as

concentrações plasmáticas de glicose foram inversamente proporcionais aos níveis de

levedura na dieta, neste estudo o nível de glicose manteve-se constante em todos os

tratamentos.

Estes indicadores bioquímicos, sugerem uma melhor utilização de lípidos e de

proteínas nos peixes alimentados com a dieta D10 (Tabela 6).

Perante os resultados obtidos neste estudo, que apesar das condições menos

favoráveis obteve melhores resultados em dietas com levedura do que no controlo, fará

sentido replicar a mesma metodologia com a mesma espécie, mas com os animais

condicionados a uma temperatura que permita um bom desempenho.

4.2 – Conclusões

A temperatura a que decorreu o ensaio não é favorável ao crescimento do robalo

peva, consequentemente não houve crescimento, por isso não é possível apresentar

conclusões sobre a utilização de levedura nas rações para robalo peva.

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CAPÍTULO 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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