DEISE JULIANA RHODEN · 2020-06-19 · Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em...

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1 UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DEISE JULIANA RHODEN DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR IJUÍ-RS, BRASIL 2019

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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE

DEISE JULIANA RHODEN

DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM

ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE

MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO

HOSPITALAR

IJUÍ-RS, BRASIL

2019

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DEISE JULIANA RHODEN

DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM

ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE

MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO

HOSPITALAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde, da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ, RS), em associação ampla à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI, RS), como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Atenção Integral à Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Eniva Miladi Fernandes Stumm

IJUÍ-RS, BRASIL

2019

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Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

R475d Rhoden, Deise Juliana.

Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da certificação de acreditação hospitalar / Deise Juliana Rhoden. – Ijuí, 2019.

124 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade de Cruz Alta / Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Atenção Integral à Saúde.

"Orientadora: Eniva Miladi Fernandes Stumm."

1. Enfermeiro. 2. Acreditação hospitalar. 3. Dor musculoesquelética. 4. Estresse ocupacional. 5. Cortisol salivar. 6. Resiliência psicológica. I. Stumm, Eniva Miladi Fernandes. II. Título.

CDU: 614.253.5 614.253.5:331.442

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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA E UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE

DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a Dissertação de Mestrado

DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM

ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE

MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO

HOSPITALAR

Elaborado por:

DEISE JULIANA RHODEN

Como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre em Atenção Integral à Saúde

_________________________________________ Profa. Dra. Eniva Miladi Fernandes Stumm

Orientadora

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Matias Nunes Frizzo (UNIJUÍ)

_________________________________________ Profa. Dra. Graziele de Lima Dalmolin (UFSM)

_________________________________________ Profa. Dra. Patricia Treviso (IPA)

Ijuí, 2019.

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Dedico essa dissertação aos meus pais, sei o

quanto vocês sofreram com minha ausência

durante as intermináveis horas de estudo.

Também dedico essa dissertação ao meu

amor, Diego, que torceu tanto, em todos

momentos, que vibrou mais que todos com as

minhas vitorias e que me recebe com um

abraço apertado todos os dias... eu não achava

que seria capaz, mas você sempre soube.

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AGRADECIMENTOS

É difícil escrever essa parte da dissertação. Talvez porque a gratidão não se

verifica através de análises estatística ou, porque não é pelo valor de p que

descobrimos o significado das pessoas em nossas vidas.

Não foi fácil chegar até aqui. Do processo seletivo, aprovação até a conclusão

do Mestrado, foi um longo caminho percorrido.

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por me guiar, iluminar, dar força para

seguir em frente e não desistir e, principalmente por me acompanhar nas tantas idas

e vindas até Cruz Alta ou Ijuí.

Agradeço aos meus pais, Sônia e Aldo. Gratidão é pouco!!! Vocês são meu

porto seguro, lugar que sei que sempre posso voltar quando arrasada pelas

tempestades da vida ou em meio dos escombros das dores da alma. Agradeço tanto

por ter pais tão maravilhosos, admiro tanto a garra, honestidade, generosidade e a

imensa capacidade de amar que possuem. Certamente as maiores lições aprendi

com vocês. Vocês são minha inspiração, são tudo para mim!!!

Agradeço meu amado esposo Diego, por todo amor, carinho, compreensão e

apoio em tantos momentos difíceis dessa caminhada. Não teria começado sem a

sua motivação. Não teria persistido sem a sua força. Não teria conseguido sem

você! Obrigado por entender o quanto é importante pra mim crescer na minha

profissão, diante dos tantos desafios que ela impõe, por respeitar minha vontade de

querer ir além. Obrigado por ter permanecido ao meu lado mesmo sem os carinhos

rotineiros, sem a atenção devida e depois de tantos momentos de lazer perdidos.

Obrigado pelo seu sorriso, pela sua companhia e por me fazer tão feliz.

Agradeço a minha amiga de todas as horas Mariléia, por me acolher tantas

vezes em sua casa, por ouvir minhas angustias e me fazer rir dos momentos difíceis.

Obrigado pelo carinho e pela acolhida.

Agradeço ao hospital Vida e Saúde de Santa Rosa pelas inúmeras

oportunidades que tenho dentro dessa casa, por entender que esse mestrado

contribui com o meu trabalho na instituição. Obrigado por abrir as portas para minha

coleta de dados. Obrigado por ser meu segundo lar.

Obrigado aos meus colegas enfermeiros que tão prontamente aceitaram

participar dessa pesquisa e dedicaram-se tanto para que cada amostra fosse

perfeita. Em especial o Lauri, a Dorli e o Paulo por me substituir nos dias de aulas,

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orientações, trabalhos, seminários, cursos, palestras... foram tantos! Obrigado pelo

apoio.

Obrigado a você Rosa, por me ajudar infinitas vezes e acreditar que mesmo

em meio às turbulências dessa batalha eu poderia conduzir minhas atividades no

hospital. Obrigado por acreditar em mim quando nem eu mesma acreditei.

Agradeço as lindas palavras Vanderli, obrigado! És minha inspiração! Nas

suas palavras encontro forças para seguir.

Agradeço a minha equipe de trabalho, colegas queridas da SRPA, por

entender a minha ausência no setor e cuidar da nossa casa com tanto carinho.

Obrigado por festejar comigo minhas vitórias e por chorar minhas dores. Vocês são

muito especiais para mim.

Agradeço a minha orientadora Professora Eniva, que me incentivou a fazer o

mestrado e me guiou por esse caminho, pela sua competência, paciência,

orientação e dedicação, muito obrigado! Tantas vezes nos reunimos e, embora em

algumas eu chegasse desestimulada, bastavam alguns minutos de conversa e

poucas palavras para que eu estivesse com o mesmo animo do primeiro dia.

Aos colegas de mestrado sou muito feliz e grata por conhecer e conviver com

vocês. Em especial agradeço aquelas que além de colegas tornaram-se confidentes,

terapeutas, conselheiras e amigas do coração Raida, Caroline, Clarisse, Aline,

Gabriela. Vocês são o presente que o mestrado me deu. Agradeço pela amizade.

Aos demais professores e funcionários da UNIJUÍ e da UNICRUZ que sempre

prestativos estavam prontos a ajudar. Agradeço em especial ao Giovano que

sempre muito eficiente respondeu as inúmeras dúvidas, agilizou qualquer demanda

e atendeu as solicitações.

Agradeço todas orientandas da Profe Eniva que, de uma forma ou de outra,

sempre nos auxiliaram trocando experiências, Marina, Vivi, Sabrina, Sandra, e em

especial a Cátia que possamos fazer mais viagens como aquela.

Agradeço ao Laboratório na UNIJUI em especial a Profe Eliana pela atenção

e dedicação que cuidou das minhas amostras.

Muito obrigado as minhas amigas que me auxiliaram na coleta dos dados

Elisangela, Carla e Camila vocês não imaginam como foram importante. Obrigado

pela ajuda!

A Profe Rosane por me auxiliar na compreensão dos dados dessa pesquisa.

Obrigado pelo carinho e atenção.

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Por fim, agradeço a todos que posso ter esquecido de mencionar diretamente,

mas que de uma forma ou de outra contribuíram para a conclusão desse mestrado e

a realização dessa dissertação, meus sinceros agradecimentos.

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Linda Alma

Somos arquitetos dos nossos sonhos, engenheiros

do nosso caminho. A caminhada nem sempre é fácil,

exige de nós resiliência, paciência, persistência, foco

e muita fé.

Somos capazes de nos apaixonar, na paixão saímos

do racional, damos lugar aos sonhos e felizmente

fazemos a diferença no mundo.

São de pessoas apaixonadas que o mundo precisa,

dispostas a fazer novos caminhos, construir novas

rotas, atravessar muros e construir um mundo novo.

Sei que a lei dos fortes prevalece, fortes são aqueles

que acreditam, que com atitudes, com determinação,

constroem e dão vida aos mais belos sonhos.

Falo de uma linda menina, disposta a construir

novos caminhos, com o coração repleto de amor,

com a alma leve como a brisa, com os olhos

brilhantes, como a luz do sol, que pelo conhecimento

e pelo profissionalismo faz a vida ser sentida do

amanhecer ao anoitecer.

Pulsa a vida, taquicardia do vento, na pele clara e no

sentimento, de sonhos que se expandem em

caminhos e horizontes de amor e fé.

A ti minha menina, são as Valentinas, Florences,

Marias, todas sintetizadas em uma linda alma,

humana, profissional e admirada, chamada Deise.

Que todos os dias sejam para você festejar e

celebrar o lindo caminho que você está construindo.

Com amor e profunda admiração!

Vanderli Machado de Barros

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RESUMO

Introdução: a Acreditação Hospitalar é uma certificação de qualidade que traz

visibilidade e reconhecimento a uma instituição no que tange a qualidade

assistencial e ao compromisso com a segurança do paciente. É um processo

dinâmico, complexo, com uma gama de exigências aos enfermeiros que nela atuam.

As demandas que emergem desse processo e as pressões das inúmeras auditorias

sobrecarregam os profissionais e os predispõe ao adoecimento físico e psíquico,

caracterizado inicialmente por dores musculoesqueléticas e estresse. Objetivo

geral: verificar dor musculoesquelética nas diferentes regiões anatômicas, níveis de

estresse, cortisol salivar e capacidade de resiliência de enfermeiros no âmbito

hospitalar, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação da referida instituição de assistência à saúde. Objetivos específicos:

caracterizar os enfermeiros participantes da pesquisa com variáveis

sociodemográficas, ocupacionais e clínicas; mensurar níveis de estresse e de

cortisol salivar dos participantes da pesquisa; avaliar resiliência dos enfermeiros;

identificar presença e periodicidade de dor musculoesquelética nos participantes da

pesquisa nas diferentes regiões anatômicas; associar dor musculoesquelética com

níveis de estresse, cortisol salivar e resiliência. Metodologia: pesquisa de

abordagem quantitativa do tipo quase experimental. A coleta de dados ocorreu em

dois momentos antes e depois da avaliação de manutenção de Acreditação

Hospitalar, com o uso de quatro instrumentos: Caracterização Sociodemográfica,

Ocupacional e Clínica; Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares; Escala

Bianchi de Stress e Escala de Resiliência e, como marcador fisiológico do estresse,

o cortisol salivar. Foram convidados para integrarem à pesquisa todos os

enfermeiros que atuam em um hospital porte IV do interior do estado do Rio Grande

do Sul durante a visita de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar –

Nível 2. Após aplicados os critérios de inclusão e exclusão participaram 53

enfermeiros. As variáveis que integram os instrumentos de coleta de dados foram

analisadas com o uso de estatística descritiva e inferencial com o programa

Statistical Package for Social Science, versão 17.0. Resultados: constituíram esse

estudo três manuscritos. O primeiro, intitulado “Estresse e resiliência de enfermeiros

antes e depois da avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação

Hospitalar” permitiu constatar que maioria dos enfermeiros encontrava-se em nível

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médio de estresse, nos dois momentos avaliados. Maiores escores de estresse

foram atribuídos à coordenação das atividades da unidade e administração de

pessoal. Os participantes da pesquisa encontravam-se com capacidade de

resiliência média e alta. O segundo, intitulado “Análise do estresse, cortisol e dor

musculoesquelética em enfermeiros, antes e depois da avaliação da Certificação de

Acreditação Hospitalar” mostrou que não ocorreu associação significativa entre a dor

musculoesquelética referida pelos enfermeiros e o estresse fisiológico, segundo as

variações do cortisol salivar. Os locais onde os enfermeiros mais referiram dor foi

nos ombros, parte superior das costas e pescoço, indiferente do momento de

análise. O terceiro manuscrito, intitulado “Análise do estresse, dor

musculoesquelética e resiliência em enfermeiros frente os processos de Acreditação

Hospitalar” mostrou que a maioria dos enfermeiros apresentavam boas condições de

saúde, porém, com médios níveis de estresse, tanto antes como depois da

avaliação. A maioria dos que referiram dor encontravam-se em médio nível de

estresse, porém com capacidade de resiliência mediana. O fato de a resiliência ter

aumentado depois da avaliação é um fator positivo para sua saúde. Conclusão: os

enfermeiros perceberam a avaliação e as demandas do processo de acreditação

como estressante, pois encontravam-se em médios níveis de estresse e tinham dor

nos ombros, parte superior das costas e pescoço, indiferente do momento de

análise. Porém a capacidade de resiliência média e alta mostrou-se fator positivo no

que tangue a manutenção da saúde e enfrentamento ao estresse vivenciado. Os

resultados dessa pesquisa são instigantes, contribuem com reflexões sobre o tema,

conhecimento dos profissionais no intuito de compreender sua saúde, bem como

aos gestores, no intuito de planejar e implementar ações que os ajudem a melhorar

o enfrentamento e prevenir danos à saúde.

Palavras-chave: Enfermeiro. Acreditação Hospitalar. Dor Musculoesquelética.

Estresse Ocupacional. Cortisol Salivar. Resiliência Psicológica.

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ABSTRACT

Introduction: Hospital Accreditation is a quality certification that brings visibility and

recognition to an institution regarding care quality and commitment to patient safety.

It is a dynamic process, complex with a range of demands on nurses working in it.

The demands that emerge from this process, the pressures of countless audits

overload professionals and predispose them to physical and mental illness, initially

characterized by musculoskeletal pain and stress. General objective: to verify

musculoskeletal pain in the different anatomical regions, stress levels, salivary

cortisol and resilience of nurses in the hospital, before and after maintenance

assessment of the Accreditation Certification of the referred health assistance

institution. Specific objectives: to characterize participants nurses of the research

with sociodemographic variables, occupational and clinical; measure stress and

salivary cortisol levels of research participants; assess resilience of nurses; identify

presence and periodicity of musculoskeletal pain in research participants in different

anatomical regions; associate musculoskeletal pain with stress levels, salivary

cortisol and resilience. Methodology: quasi-experimental quantitative approach

research. The data collection occurred at two moments before and after of the

evaluation, using four instruments: Sociodemographic Characterization, Occupational

and Clinical, Nordic Musculoskeletal Questionnaire, Bianchi Stress Scale and

Resilience Scale and as a physiological marker of stress, the salivary cortisol. All

nurses who work in a size IV hospital in the interior of the state of Rio Grande do Sul

were invited to participate in the research during the maintenance visit of the Level 2

Accreditation certification and after applying the inclusion and exclusion criteria, 53

nurses remained. The variables that integrate the data collection instruments were

analyzed using descriptive and inferential statistics using the Statistical Package for

Social Science program, version 17.0. Results: this study consisted of three

manuscripts. The first, entitled “Stress and resilience of nurses before and after the

evaluation to maintain the Hospital Accreditation Certification” showed that most of

the nurses were at medium stress level, in both moments evaluated. Higher medium

and high stress scores were attributed to the coordination of unit activities and

personnel management. Survey participants were medium and high resilient. The

second, entitled “Analysis of stress, cortisol and musculoskeletal pain in nurses,

before and after the Hospital Accreditation Certification assessment” showed that

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there was no significant association between the musculoskeletal pain reported by

nurses and physiological stress, according to cortisol variations. salivary. The places

where nurses most reported pain was in the shoulders, upper back and neck

regardless of the moment of analysis. The third manuscript, entitled “Stress Analysis,

Musculoskeletal Pain and Resilience in Nurses in the Hospital Accreditation Process”

showed that most nurses had good health conditions, but with medium levels of

stress, both before and after the evaluation. Most of those who reported pain were at

medium stress level, but with medium resilience. The fact that resilience has

increased after evaluation is a positive factor for your health. Conclusion: the nurses

perceived the assessment and the demands of the accreditation process as stressful

because they were at medium stress levels and had pain in the shoulders, upper

back and neck, regardless of the moment of analysis. However, the ability of medium

and high resilience proved to be a positive factor in terms of maintaining health and

coping with the stress experienced. The results of this research are thought

provoking, contribute to reflections on the theme, knowledge of professionals in order

to understand their health, as well as managers, in order to plan and implement

actions that help them improve coping and prevent health damage.

Keywords: Nurse. Hospital Accreditation. Musculosketal Pain. Occupational Stress.

Salivary Cortisol. Psychological Resilience.

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e clínica ......................................................................................... 108

APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva ....................................... 109

APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório .......................................................................................................... 110

APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................... 111

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) 114

ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS) ................................................... 115

ANEXO C – Escala de Resiliência (ER) ............................................................ 118

ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa ................................ 120

ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ ....................................................................................... 121

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Correlação entre os valores médios de cortisol antes da avaliação com os valores de cortisol depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospital em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019 ...................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfil sociodemográfico e características de trabalho de enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 49

Tabela 2 – Nível de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ..................................................................................................................... 51

Tabela 3 – Estatística descritiva dos escores de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 52

Tabela 4 – Coeficiente de correlação de Spearman dos domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) e Resiliência em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................... 53

Tabela 5 – Níveis de stress segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) e a Resiliência em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 54

Tabela 1 – Coeficiente de correlação entre os valores de cortisol em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .............. 67

Tabela 2 – Frequência de sintomas musculoesqueléticos, por região anatômica, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 70

Tabela 3 – Estatística descritiva e teste t do valor de cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ................................... 71

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Tabela 4 – Cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ..................................................................................................................... 73

Tabela 1 – Características de saúde dos enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 88

Tabela 2 – Frequência da Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 89

Tabela 3 – Estatística de Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 90

Tabela 4 – Nível de estresse total da Escala Bianchi de Stress (EBS) segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ................................... 91

Tabela 5 – Coeficiente de correlação dos domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS), resiliência e o cortisol em enfermeiros, antes e depois da visita de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar, que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 92

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CNS Conselho Nacional de Saúde

EBS Escala Bianchi de Stress

ER Escala de Resiliência

HPA Hipotálamo-pituitária-adrenal

IACs Instituições Acreditadoras Credenciadas

IASP International Association for the Study of Pain

ONA Organização Nacional de Acreditação

QNSO Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares

SBA Sistema Brasileiro de Acreditação

SPSS Statistical Package for Social Science

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNICRUZ Universidade de Cruz Alta

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 22

2 OBJETIVOS ............................................................................................ 27

2.1 Objetivo geral ........................................................................................ 27

2.2 Objetivos específicos ........................................................................... 27

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 28

3.1 Acreditação Hospitalar ......................................................................... 28

3.2 O enfermeiro diante do estresse ocupacional ................................... 29

3.3 O cortisol ............................................................................................... 31

3.4 Dor osteomuscular e o estresse .......................................................... 32

3.5 Resiliência ............................................................................................. 35

4 METODOLOGIA ..................................................................................... 35

4.1 Delineamento do estudo ...................................................................... 35

4.2 Local do estudo ..................................................................................... 35

4.3 População do estudo ............................................................................ 35

4.4 Coleta de dados .................................................................................... 36

4.5 Instrumentos para coleta dos dados .................................................. 37

4.5.1 Questionário de caracterização sociodemográficas ............................... 37

4.5.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) .............. 38

4.5.3 Escala Bianchi de Stress (EBS) .............................................................. 38

4.5.4 Cortisol salivar ......................................................................................... 40

4.5.5 Escala de Resiliência (ER) ...................................................................... 41

4.6 Análise dos dados ................................................................................ 42

4.7 Aspectos éticos ..................................................................................... 42

5 MANUSCRITO I ...................................................................................... 44

6 MANUSCRITO II ..................................................................................... 62

7 MANUSCRITO III .................................................................................... 81

8 CONCLUSÃO ......................................................................................... 99

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 101

APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e clínica ............................................................................ 108

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APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva .......................... 109

APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório ............................................................................................. 110

APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......... 111

ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) ................................................................................................... 114

ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS) ...................................... 115

ANEXO C – Escala de Resiliência (ER) ............................................... 118

ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa ................... 120

ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ .................................................................... 121

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APRESENTAÇÃO

Esta dissertação apresenta uma introdução geral, seguida de objetivo geral,

específicos, notas da literatura e metodologia. Os resultados estão organizados sob

a forma de três manuscritos:

1) Manuscrito I - Estresse e resiliência de enfermeiros antes e depois da

avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar;

2) Manuscrito II - Análise do estresse, cortisol e dor musculoesquelética em

enfermeiros, antes e depois da avaliação da Certificação de Acreditação

Hospitalar;

3) Manuscrito III - Análise do estresse, dor musculoesquelética e resiliência

em enfermeiros frente os processos de Acreditação Hospitalar.

Sequencialmente é apresentada a conclusão da Dissertação.

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1 INTRODUÇÃO

Trabalhar, na atualidade, assim como nascer, crescer e desenvolver-se,

integra a vida. No contexto sócio cultural existente, o trabalho é indispensável para o

sustento e possibilita ao sujeito produzir e realizar-se pessoal e profissionalmente

(MICHELIN et al., 2018). As experiências profissionais tornam-se cada vez mais

desgastantes e estressantes, frente às exigências do mundo capitalista,

caracterizado pelo lucro e competitividade, essa realidade assemelha-se a do âmbito

da saúde.

As transformações nos processos de trabalho das organizações de

assistência à saúde, atreladas a competitividade e uma clientela cada vez mais

exigente, as instigam implementar sistemas de gestão, na perspectiva de um futuro

mais desafiador (OLIVEIRA et al., 2017). Os autores afirmam que a avaliação

externa é prevalente e, mais especificamente, no Brasil, são poucas as instituições

que optam por essa metodologia de trabalho.

A Acreditação Hospitalar é um processo dinâmico, com repercussões na

qualidade e na segurança dos serviços de uma instituição de assistência à saúde

(COSTA; DUNNINGHAM; DUNNINGHAM, 2018). Os impactos positivos desse

processo são descritos por Santos et al. (2018) como aquisição de habilidades,

qualificação dos profissionais, processos gerenciais alicerçados em indicadores que

norteiam ações assistenciais e padronização dos processos de trabalho. Em síntese,

os autores se reportam ao rompimento do paradigma de modelo tecnicista e

mecanizado de atendimento, de maneira a estimular mudanças na assistência, com

ênfase no paciente.

A Acreditação Hospitalar acontece por meio de processos de avaliação, nos

quais a instituição que deseja obter a certificação se submete, de forma voluntária e

contínua (ONA, 2018). A mesma, preconiza foco na qualidade da assistência, aliada

a disseminação da cultura de segurança com vistas a consolidar a educação

permanente e melhoria contínua. Dados da mesma fonte mostram que a

Acreditação Hospitalar oportuniza às instituições de saúde organizar seus processos

de trabalho, com vistas a obter melhor performance e, dessa forma, ampliar

visibilidade, responsabilidade e comprometimento com a assistência segura e de

excelência.

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Historicamente, a enfermagem sempre esteve voltada a questões de

qualidade, Florence preconizava a qualidade do ambiente e dos cuidados aos

soldados (MEDEIROS; ENDERS; LIRA, 2015). Gradativamente, a enfermagem tem

evoluído na construção de seu corpo de conhecimentos científicos e,

consequentemente, com repercussões positivas na qualificação de sua prática.

Como líder da equipe, o enfermeiro projeta ações com a finalidade de prestar uma

assistência individual, humanizada e qualificada (SANTOS et al., 2018). O trabalho

do enfermeiro tem como objetivo planejar a assistência, supervisionar o trabalho

operacional e atender demandas administrativas e educacionais (KIRSCH; LASTA,

2017). Os autores vão além ao afirmarem que as atividades do respectivo

profissional interagem com todas as áreas de apoio, de maneira que favorece sua

interação com todos os processos de trabalho de uma instituição de saúde.

No processo de Acreditação Hospitalar, Araújo et al. (2017) afirmam que o

enfermeiro participa ativamente da reestruturação dos protocolos de trabalho e a

proximidade com o paciente favorece seu empoderamento quanto as evidências,

com vistas a qualidade e segurança em sua prática. Os autores exemplificam que a

natureza do seu trabalho, frente ao paciente, permite aos enfermeiros destacar-se e

tomar decisões assertivas tanto no âmbito assistencial como nas demandas

administrativas. Gabriel et al. (2018), vem ao encontro dessas colocações ao se

reportarem ao caráter das aptidões gerenciais do enfermeiro, que se sobressaem na

construção e na gestão dos processos de qualidade, necessários para a Acreditação

Hospitalar. Já Silva et al. (2017a) vão além, ao afirmarem que profissionais

qualificados, criativos, dinâmicos, resilientes e com bom relacionamento com a

equipe estão aptos para o alcance das metas organizacionais.

Em contrapartida, Araújo et al. (2017) enfatiza que o aumento de exigências

sobre os enfermeiros contribuem para tornar o ambiente inseguro e fragilizar a

segurança no cuidado. Nesse sentido, Carlesi et al. (2017) também complementam

que a pressão e a insegurança dos profissionais os tornam mais propensos ao erro.

Investigação sobre o impacto dos programas de Acreditação Hospitalar, na

perspectiva de enfermeiros, evidenciou falta de reconhecimento frente aos

obstáculos desse processo e exigências maiores sobre a equipe de enfermagem em

relação às demais categorias, além, da pequena participação e coesão da equipe

multidisciplinar, se constituíram em aspectos negativos no decorrer do processo de

Acreditação Hospitalar (GABRIEL et al., 2018).

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Oliveira e Almeida (2017) afirmam que o enfermeiro, no seu cotidiano de

trabalho, convive com inúmeras situações que envolvem dor, sofrimento e morte,

sentimentos esses, que contribuem para a ocorrência de angústia em relação as

suas atividades. No que tange às demandas administrativas, ele é responsável pela

coordenação da equipe, atua na gestão e concretização da assistência, na gerência

dos recursos materiais, capacitação dos profissionais e na avaliação e melhorias da

assistência. Os autores citam sua atuação como desgastante, exposta a inúmeros

estressores emocionais e interpessoais e que requerem habilidade, conhecimento e

energia para seu enfrentamento.

Considera-se que as pressões psicológicas enfrentadas pelos enfermeiros

aliadas ao esforço mecânico intenso, requerido pelas suas atividades laborais, são

fatores que contribuem para o adoecimento. Essa afirmação vem ao encontro de

Oliveira e Almeida (2017), ao atribuírem o sofrimento psicológico no trabalho do

enfermeiro como fator desencadeante ou de agravo da dor musculoesquelética.

Petersen e Marziale (2017) vão além ao pontuarem que as exigências necessárias

para o desempenho da assistência e o desgaste físico decorrentes das atividades

cotidianas dos profissionais de saúde culminam em dor e tensão muscular. Silva et

al. (2018) e Oliveira e Almeida (2017) se reportam a resultados de investigações

sobre dor musculoesquelética, esta como fator prevalente nos enfermeiros e

relacionada a sua capacidade no trabalho.

Diversos estudos sobre estresse de profissionais de enfermagem relacionado

com a natureza de suas funções utilizam o cortisol salivar como marcador

metabólico, embasado na premissa de que ao serem expostos a estressores, o nível

do cortisol se eleva (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018; GARBELLOTTO et al.,

2018; PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).

O estresse ocupacional é oriundo das condições de trabalho e características

individuais. Silva et al. (2017b) complementam que situações nas quais o indivíduo

percebe e avalia como estressoras, requerem o uso de habilidades emocionais para

superá-las ou reduzi-las, com vistas ao enfrentamento adequado. Os autores

explicitam ainda que se trata de esforços comportamentais e cognitivos utilizados

pelo profissional para poder conviver com situações estressantes. Para que isso

ocorra, os profissionais necessitam de conhecimento científico para reconhecer os

sinais e sintomas de estresses que emergem dos estressores laborais e, assim,

utilizar estratégias de enfrentamento eficazes para superá-los.

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Quanto o enfrentamento ao estresse, Brolese et al. (2017) associam

capacidade de resiliência à aptidão do profissional no intuito de enfrentar situações

contrárias e desgastantes. Os autores pontuam que trata-se de um processo

contínuo, no qual o profissional desenvolve habilidades de crescimento pessoal para

o seu bem estar. Assim, um profissional resiliente possui habilidade de identificar um

fator estressante, compreender seu significado e superá-lo, isso requer mudança de

percepção do estressor, inclusive, como construtivo para sua vida. Em se tratando,

especificamente sobre Acreditação Hospitalar e, em busca de associar com as

diferentes colocações dos autores referentes a temática, considera-se que as

diversas situações desgastantes vivenciadas por enfermeiros no decorrer desse

processo o expõe a misto de sentimentos conflitantes que, se não identificados e

trabalhados adequadamente, com certeza poderão se constituir em potenciais

estressores, com risco de adoecimento. Cabe salientar que este estudo terá como

pano de fundo a certificação com a metodologia Organização Nacional de

Acreditação (ONA).

A partir dessas considerações, aliadas a experiência como profissional de

saúde em uma instituição hospitalar que encontra-se em franco processo de

manutenção da Certificação de Acreditação, entende-se ser relevante estudar dor

musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros inseridos nessa realidade

e conhecer as características das atividades profissionais que causam sofrimento ao

enfermeiro diante desse contexto. E, principalmente, por sentir instigada, a partir da

identificação de inúmeras situações estressoras e de angústia dos profissionais

enfermeiros.

Neste contexto questiona-se: em quais níveis de estresse, de cortisol salivar e

resiliência se encontram enfermeiros atuantes em um hospital geral, antes e depois

da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar? Em quais

regiões anatômicas e com que frequência esses profissionais sentem dor

musculoesquelética durante o respectivo processo? Embora os estudos sobre essa

temática tenham elucidado entraves, observam-se lacunas a serem supridas.

Espera-se que os resultados apresentados nesse estudo possam instigar gestores e

pesquisadores na construção de mais investigações sobre a temática, inclusive com

outras abordagens metodológicas que permitam fazer inferências e a obter mais

evidências científicas. Como também, que os resultados permitam colaborar com os

enfermeiros no sentido de ampliar e adquirir conhecimentos sobre o estresse, suas

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consequências como dor musculoesquelética e também a resiliência, considerada

importante para auxiliá-los em melhor enfrentamento aos estressores ocupacionais e

dessa forma contribuir manter esses profissionais saudáveis, com plenas condições

de exercerem suas funções com vistas ao alcance dos objetivos institucionais,

profissionais e pessoais.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Verificar a presença de dor musculoesquelética nas diferentes regiões

anatômicas, os níveis de estresse, a concentração de cortisol salivar e a capacidade

de resiliência de enfermeiros em uma instituição hospitalar antes e depois da

avaliação para manutenção de Acreditação Hospitalar.

2.2 Objetivos específicos

1) Correlacionar dor musculoesquelética, estresse fisiológico e psicológico e

resiliência dos enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção

da Certificação de Acreditação de uma instituição de assistência à saúde;

2) Caracterizar os enfermeiros participantes da pesquisa com variáveis

sociodemográficas, profissionais e clínicas;

3) Determinar os níveis de estresse e de cortisol salivar dos participantes da

pesquisa;

4) Avaliar a resiliência dos enfermeiros;

5) Identificar presença a frequência de dor musculoesquelética nas

diferentes regiões anatômicas dos participantes da pesquisa.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo é constituído a partir de uma breve abordagem sobre assuntos

pertinentes à pesquisa, com vistas a embasar e contribuir com o tema do referido

estudo. Discute-se: Acreditação Hospitalar; o enfermeiro diante do estresse no

trabalho; dor musculoesquelética e resiliência.

3.1 Acreditação Hospitalar

A Acreditação Hospitalar é um processo onde instituições de saúde adquirem

visibilidade e reconhecimento, pelo compromisso com a qualidade em seus

processos de gestão e assistências. Está alicerçada na competência técnica

assistencial e incitação à melhoria contínua (ONA, 2018). No Brasil, os primeiros

movimentos de Acreditação deram-se nos anos 90, embasados nos moldes Norte

Americano (BOGH et al., 2018).

No cenário nacional, a Organização Nacional de Acreditação (ONA), fundada

em 1999, é uma das principais instituições acreditadoras (SANTOS; LIMBERGER,

2018). Com a finalidade de reger e estruturar o Sistema de Brasileiro de Acreditação

(SBA) e, também, encorajar instituições de saúde a aperfeiçoar seus processos de

gestão e zelar pela qualidade assistencial. A ONA estimula e norteia a criação de

Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACS), as quais são responsáveis por

avaliar os serviços e instituições de saúde fundamentada e guiada pelas Normas

Orientadoras e pelo Manual Brasileiro de Acreditação (ONA, 2018).

A Certificação de Acreditação é um método de avaliação, que segue padrões

de qualidade e segurança para a assistência em saúde, pautados na educação

contínua dos profissionais que atuam nessas instituições (ONA, 2018). Dentre os

ganhos institucionais com a adesão aos programas de Acreditação destacam-se:

reconhecimento de que a instituição prima pela qualidade na assistência aos

pacientes e familiares; é comprometida com a segurança; além dessa se tratar de

uma ferramenta gerencial que visa e sustentabilidade e melhoria contínua dos

processos de trabalho através de padrões e requisitos (GABRIEL et al., 2018).

A avaliação é realizada in loco, com o objetivo de verificar evidências de que

os requisitos dos processos de trabalho são realizados, e se há interrelação entre

esses e seus resultados, em cada nível de complexidade. Os níveis de

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complexidade de certificação são três: Acreditado Nível 1 – Segurança, onde são

avaliados requisitos de segurança e qualidade na assistência, nos serviços

prestados e qualificação profissional, com duração de dois anos; Acreditado Nível 2

– Gestão Integrada, considera que há evidência de correlação entre os processos,

monitorização e reflexão dos resultados ajustadas com estratégias pré-definidas,

duração de dois anos; Acreditado Nível 3 – Excelência em Gestão, observa

requisitos de gestão de excelência, com vistas a melhoria de resultados,

sustentabilidade e compromisso socioambiental, com duração da certificação por

três anos (GABRIEL et al., 2018). Caso a instituição não atinja os objetivos

pontuados, é oportunizada, uma nova avaliação, no intuito de aprimorar ou corrigir

as deficiências apontadas. Em casos onde não há evidências do cumprimento dos

requisitos em uma reavaliação, a instituição é considerada Não Acreditada (ONA,

2018).

Um dos grandes desafios enfrentados pelas instituições na busca pela

certificação, pontuada por Bogh et al. (2018), é a compreensão, por parte dos

colaboradores, de que todos precisam abraçar as implicações desse processo.

Gabriel et al. (2018) afirmam que a enfermagem tem um grande diferencial no

processo de Acreditação. O enfermeiro, enquanto liderança e facilitador da equipe

atua frente ao paciente, o que permite elaborar diretrizes e estratégias que

estabelecem condições favoráveis de trabalho para prestar cuidados com qualidade

e segurança. E com isso, são considerados os profissionais mais capacitados a

fazer frente aos processos de melhoria dos serviços de saúde.

3.2 O enfermeiro diante do estresse ocupacional

A habilidade física e psicológica do profissional para enfrentar as exigências

oriundas do cotidiano laboral denota sua capacidade para o trabalho. A exaustão

provocada pelo trabalho contribui para desordens psicofísicas e interfere no estado

de alerta, vigília e demais habilidades que requerem as atividades cotidianas do

enfermeiro (SILVA et al., 2018). Neste contexto, a enfermagem caracteriza-se como

uma profissão que, no cotidiano, depara-se com situações estressantes em seu

ambiente laboral. Dentre elas, se destacam: escassez de profissionais, sobrecarga

de trabalho, múltiplas responsabilidades, relações interpessoais conflitantes,

carência de materiais, além das novas tecnologias, que demandam dos enfermeiros

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aprimorar constantemente suas competências assistenciais e gerenciais (JACQUES

et al., 2018). A responsabilidade de executar tarefas que impactam na vida de outras

pessoas é um constante estressor intrínseco ao trabalho do enfermeiro. A contínua

exposição a esses estressores presenciados no cotidiano sujeita esses profissionais

ao adoecimento (RODRIGUES et al., 2017).

Kotekewis et al. (2017) afirmam que os enfermeiros são submetidos a

situações desgastantes, dentre elas: atender as demandas dos pacientes e

familiares, constante risco de cometer erros, frustrações quanto aos tratamentos,

perdas, relações conflituosas e exigências institucionais. Para os autores, esses

desafios, inerentes a profissão, repercutem na atividade laboral com insatisfação,

insegurança, baixa qualidade na execução da assistência e até mesmo adoecimento

do profissional.

O estresse ocupacional é uma doença que acomete cada vez mais pessoas.

Puerto et al. (2017), concluíram, em seu estudo, que os principais estressores no

contexto hospitalar referem-se ao próprio ambiente, a estrutura organizacional, a

natureza do trabalho e as exigências de cada função. Neste sentido, Caram, Brito e

Peter (2019) afirmam que o enfermeiro depara-se no conflito de atender as

demandas assistenciais com excelência e cumprir as exigências burocráticas

determinadas pela instituição, esses estressores o remetem ao sofrimento moral.

O endocrinologista Hans Selye utilizou o termo “stress” para indicar uma

resposta do organismo a fatos que exijam dele adaptações além do seu limite

(SELYE, 1959). No que tange a saúde do trabalhador, o estresse ocupacional

compreende um conjunto de sinais e sintomas psicológicos e/ou físicos que podem

afetar a saúde, qualidade de vida e de trabalho, relacionamento profissional e até

mesmo familiar (RODRIGUES et al., 2017).

Silva, Santos e Nascimento (2016) deflagram que o estresse ocupacional está

dividido em três fases: reação de alarme, resistência e exaustão. A reação de

alarme se dá com a liberação de adrenalina e corticoides na corrente sanguínea,

com sintomas de taquicardia, taquipneia, irritabilidade, isolamento. A resistência é

caracterizada pela diminuição dos níveis de alerta, o que permite a compreensão do

agente estressor pelo organismo. A exaustão é quando não há energia necessária

para manter a resistência/adaptação.

O hipotálamo é uma importante estrutura situada no sistema nervoso central

que tem como função regular processos metabólicos básicos para a manutenção da

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vida. Age nos sistema nervoso autônomo e sistema endócrino, estimula respostas

orgânicas a estímulos internos e externos o que possibilita ao organismo buscar

harmonia frente aos estressores (ROCHA et al., 2013). A constante exposição ao

estresse causa desordens no funcionamento do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal

(HPA) evidenciadas pelos níveis de cortisol (CAMPOS; DAVID, 2014).

3.3 O cortisol

O cortisol é um hormônio esteroide, produzido pelas glândulas adrenais,

caracterizado como importante marcador fisiológico do estresse. Em resposta a

estímulos estressores, o organismo incita reações como o aumento da concentração

de adrenalina e cortisol no sangue (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018). Galvão et

al. (2018) explicitam que a concentração plasmática do cortisol indica o nível de

estresse físico ou psicológico presente no organismo que, em resposta ao estresse,

aumenta a atividade cardiovascular e respiratória com o objetivo de prover energia

para inibir o estressor. Porém, Garbellotto et al. (2018) advertem que a exposição

crônica a estressores, com constates níveis altos de cortisol, acarreta em prejuízos à

saúde.

A secreção de cortisol se dá em um constante ritmo circadiano, com níveis

mais altos em torno de trinta minutos após acordar e diminui gradualmente ao longo

do dia (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018). Os valores de referência, utilizados

nessa pesquisa, para o cortisol salivar foram disponibilizados pelo laboratório Álvaro,

o qual analisará as amostras neste estudo: das 6h às 10h – <0,78ug/dL; das 16h às

20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min – <0,20ug/dL. O cortisol é

encontrado na urina, no plasma e na saliva, sendo que sua dosagem salivar é

evidenciada como um indicador eficaz para definir a quantidade ativa no organismo

(PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).

Cabe destacar que os níveis de cortisol sofrem interferências de doenças que

causam excessiva ou pouca produção de cortisol, como a Síndrome de Cushing,

causada pela exposição prolongada aos glicocorticoides (LOWITZ; KEIL, 2015) ou a

Doença de Addison, que tem como característica baixos níveis de cortisol devido a

insuficiência adrenal (PRETO et al., 2018).

Para fins de análise, a dosagem do cortisol salivar mostra-se um importante

biomarcador, com fácil acesso devido à praticidade da coleta. Tem sido amplamente

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utilizado em pesquisas como marcador fisiológico do estresse. No entanto, o

pesquisador precisa estar atento para erros com as amostras e adesão dos

participantes da pesquisa em seguir o protocolo de coleta (GARBELLOTTO et al.,

2018). Alterações nas taxas de cortisol podem variar com situações estressoras do

cotidiano, como as pressões exigências do ambiente de trabalho (ROCHA et al.,

2013).

Rocha et al. (2013) afirmam, em seu estudo, a importância de verificar

marcadores fisiológicos, como os níveis de cortisol, e psicológicos, com o uso de

questionários, em pesquisas sobre estresse. Neste ínterim, reafirma a relevância em

mensurar o cortisol para atender os objetivos desse estudo.

3.4 Dor musculoesquelética e o estresse

Dor, fadiga, ansiedade, estresse são sintomas que impactam negativamente

na atividade ocupacional do indivíduo. Os sintomas musculoesqueléticos podem ser

definidos como manifestações que levam a limitações ou incapacidade no trabalho,

dentre os quais se destacam a dor, parestesia, sensação de peso, fadiga,

formigamento (BRASIL, 2003). Santos et al. (2017) afirmam ainda que dor

musculoesquelética se refere a um grupo de afecções inflamatórias e degenerativas

do sistema locomotor que ocorrem por uma desproporção entre a exigência

mecânica repetitiva e capacidade de recuperação do segmento corporal, devido ao

pouco tempo de recuperação.

Almeida e Dumith (2018) pontuam que, no Brasil, a dor musculoesquelética é

um problema de saúde pública com impactos negativos sobre a população. Os

autores explicitam que os sintomas musculoesqueléticos são uma das maiores

causas de faltas ao trabalho e, o segundo problema de saúde que faz com que

indivíduos necessitem receber benefícios sociais devido incapacidades temporárias

e permanentes.

Diversos estudos afirmam que enfermeiros são comumente acometidos por

dor musculoesqueléticas devido às características de suas atividades, geralmente

em pé, levantando peso, com postura inadequada, esforços repetitivos e sobrecarga

(BERNAL et al., 2015; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2017; SILVA et al., 2018), o que

contribui significativamente para a incapacidade e afastamento desses, das suas

atividades ocupacionais. Como evidenciado no estudo de revisão integrativa de

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Moraes et al. (2015), dores osteomusculares são as principais causas que levam

enfermeiros ao afastamento do trabalho.

Já Teixeira e Mantovani (2009) descrevem que enfermeiros acometidos por

sintomas musculoesqueléticos podem desenvolver vários graus de incapacidade

funcional, o que resulta em absenteísmo, presenteísmo, afastamentos temporários

ou permanentes das atividades. Essas faltas, acarretam em mais sobrecarga para a

equipe, o que expõe outros trabalhadores ao adoecimento, e assim, gera um ciclo

vicioso. Esse fenômeno também foi evidenciado no estudo de Silva et al. (2018).

Oliveira e Almeida (2017) mencionam que os distúrbios musculoesqueléticos

decorrentes do trabalho, não têm como causa somente os esforços físicos

desenvolvidos, mas atribuem como possíveis causas a organização do trabalho,

relações interpessoais, estresse, além dos fatores ergonômicos intrínsecos ao

ambiente. O que perpassa os aspectos físicos e abarca questões psicológicas do

indivíduo. Diversos autores associam o estresse ocupacional com a dor

musculoesquelética (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2017; PETERSEN; MARZIALE, 2017).

Almeida e Dumith (2018) pontuam que o estresse é indicado como importante fator

de impacto sobre a dor. Nesse ínterim, é possível caracterizar dor como um sinal de

estresse, quando indivíduos susceptíveis se deparam constantemente com

estressores e situações tencionais, e em resposta, desenvolvem dor

musculoesquelética (RODRIGUES; SANTOS, 2015).

3.5 Resiliência

A origem da palavra resiliência vem do latim resiliens. Na física, refere-se à

capacidade de um material retornar ao seu estado normal após ser tencionado

(ANGST, 2009). Nas ciências humanas, Cruz et al. (2018) conceituam resiliência

como a capacidade da pessoa enfrentar, vencer e aprender com uma adversidade,

de forma a ser fortalecido ou transformado por ela. No entanto, os autores afirmam

que os estudos sobre resiliência nas ciências humanas são recentes e seu conceito

apresenta variações devido à complexidade e a diversidade de fatores envolvidos.

Rocha et al. (2016) descrevem a capacidade de resiliência como uma

reconfiguração interna que resulta em atitudes e percepções do sujeito, frente a

situações adversas ou abalos, que possuem características positivas e criativas para

o crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Neste ínterim, alguns pesquisadores

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acreditam que a flexibilidade e versatilidade são características da pessoa resiliente,

e outros apontam a resiliência como traço da personalidade ou temperamento

(ROCHA et al., 2016; SILVA et al., 2016; CRUZ et al., 2018).

Para Silva et al. (2016) resiliência denota a ideia de evolução. Após enfrentar

adversidades, pessoas resilientes são capazes de se recuperar, aprender e ficar

mais fortes para enfrentar desafios. Neste ínterim, a resiliência constitui um

mecanismo de defesa para ameaças de sofrimento ou adoecimento. A resiliência

pode ser uma característica pessoal ou grupal. Cruz et al. (2018) reiteram que a

resiliência de um grupo está relacionada ao fato do indivíduo sentir-se parte do

grupo e perceber a necessidade desse para seu desenvolvimento. Dessa forma,

sentir-se acolhido como membro de um grupo reflete na capacidade de resiliência

individual.

O bem-estar dos indivíduos sofre influência do estresse ocupacional, muitas

vezes, com repercussões negativas na atuação profissional (PRADO;

KUREBAYASHI; SILVA, 2018). No contexto do trabalho, a resiliência caracteriza-se

pelo crescimento pessoal e profissional, no sentido de desenvolver habilidades

impostas pela profissão. Para tal, o profissional precisa reconhecer suas limitações e

elaborar competências no intuito de melhorar sua atuação (BROLESE et al., 2017).

Para Brolese et al. (2017) diante das tantas adversidades enfrentadas no

cotidiano do enfermeiro, a capacidade de resiliência torna-se característica

indispensável para sua saúde psicológica. A aptidão de enfrentar as adversidades e

imprevisibilidades do trabalho em saúde, suportar as pressões e atender suas

responsabilidades, torna o enfermeiro um profissional resiliente. Neste sentido, é

importante que o enfermeiro tenha conheça o tema e desenvolva sua capacidade de

resiliência com vistas a enfrentar os desafios inerentes ao processo de Acreditação

Hospitalar.

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35

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento do estudo

O método visa delinear o passo a passo para atingir o objetivo do estudo

(ANDRADE, 2010). Neste sentido, esta pesquisa trata-se de um estudo quantitativo

do tipo quase experimental.

No que tange a classificação do estudo como quantitativo, o mesmo tem

como propósito exprimir fatos, interpretações e opiniões em números, a fim de

analisar e classificar os dados com o uso de métodos estatísticos. Neste ínterim, as

pesquisas quantitativas se compreendem análise de dados que possam ser

quantificados (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Quanto à classificação da presente pesquisa como quase experimental,

Lacerda e Costenaro (2018) descrevem-na como um tipo de delineamento que

permite a comparação de um mesmo grupo, avaliados antes e após uma

intervenção. Assim, o pesquisador poderá observar o que acontece, quando

acontece e com quem acontece ao decidir o que e quando irá analisar. Os mesmos

autores complementam que esse tipo de estudo é interessante ao analisar relações

de causa e efeito, o que vem ao encontro com a proposta dessa pesquisa.

4.2 Local do estudo

A presente pesquisa foi realizada no Hospital Vida e Saúde do município de

Santa Rosa, instituição filantrópica, porte IV, situado na região noroeste do estado

do Rio Grande do Sul (BRASIL, 2002). O mesmo disponibiliza 156 leitos de

internação e é referência para 22 municípios da respectiva área de abrangência. O

hospital é certificado como Acreditado Pleno – Nível 2 pela Organização Nacional de

Acreditação (ONA) desde março de 2019.

4.3 População do estudo

A população que compôs o estudo foram todos os enfermeiros (60) que

atuam na referida instituição. Foram elencados os seguintes critérios de inclusão:

ser enfermeiro e atuar na referida instituição. Já, os critérios de exclusão

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compreenderam: enfermeiro que no decorrer da coleta de dados estivesse em

férias, atestado, licença maternidade; enfermeira gestante, pelo fato de que os níveis

de cortisol neste período encontram-se elevados, se comparado com não grávida

(ABRÃO; LEAL; FALCÃO, 2014); enfermeiro em tratamento com corticosteroides,

pois os níveis de cortisol podem variar com o uso desses medicamentos, e um efeito

dos mesmos, a longo prazo, pode ser a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-

adrenal (GORDIJN et al., 2012); e enfermeiro com diagnóstico de Doença Addison,

na qual ocorre secreção inadequadamente de hormônios adrenocorticoides por

insuficiência da glândula suprarrenal (PRETO et al., 2018).

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão elencados, 53

enfermeiros encontravam-se aptos a participar do estudo. Dentre os sete

profissionais não aptos a participar, três estavam gestantes, uma em licença

maternidade, dois em férias e um em tratamento com corticosteroides.

4.4 Coleta de dados

Essa etapa foi desenvolvida imediatamente após aprovação do projeto de

pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ, e também mediante da

autorização da instituição onde foi realizado o estudo. A coleta de dados foi

precedida por contato prévio com os enfermeiros, durante a reunião da equipe na

semana que antecedeu o início da coleta de dados, no intuito de apresentar a

pesquisadora e a equipe que auxiliou na coleta dos dados e explicitar os objetivos e

finalidades da pesquisa, além de orientá-los como seria desenvolvida a coleta. Esta

reunião contou com a participação de um quantitativo considerável de profissionais,

que puderam fazer questionamentos sobre a pesquisa. Após a explanação, todos os

enfermeiros foram convidados a participar.

Considera-se importante ressaltar que a coleta de dados ocorreu duas

semanas antes da visita de avaliação para manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar Plena – Nível 2, para a primeira amostra, e 60 dias após a

visita para a coleta da segunda amostra.

Na semana seguinte, para realizar a coleta de dados, a pesquisadora e três

coletadoras, devidamente treinadas para conduzir a coleta dos dados, aplicaram os

questionários aos profissionais e explicaram quanto a coleta das amostras de saliva.

Para tal, cada profissional, em seu horário de trabalho, foi convidado a comparecer

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no anfiteatro da instituição e, individualmente, foram reorientados quanto o objetivo

da pesquisa e receberam o termo de consentimento. Após concordarem em

participar do estudo, o pesquisado foi convidado a responder o instrumento

composto pelos quatro blocos: instrumento de caracterização sociodemográfica,

ocupacional e clínica, Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO),

Escala Bianchi de Stress (EBS) e Escala de Resiliência (ER). O preenchimento do

questionário dava-se na presença da pesquisadora ou coletadora no local, com o

objetivo de sanar dúvidas ou dificuldades encontradas no transcorrer do

questionário. Depois de respondido, o questionário era revisado na busca de

inconsistências.

Após responder o instrumento, foi entregue a cada enfermeiro o kit para a

coleta das amostras salivares, para que o próprio participante as realizasse no dia

seguinte. Neste momento, foram realizadas as orientações quanto o passo a passo

de como realizar a coleta das amostras de saliva e seu devido armazenamento.

Como já citado anteriormente, essas orientações também foram entregues por

escrito.

4.5 Instrumentos para coleta dos dados

Os dados obtidos resultaram dos seguintes instrumentos: questionário de

caracterização sociodemográficas e ocupacionais (APÊNDICE A), Questionário

Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) (ANEXO A), Escala Bianchi de

Stress (EBS) (ANEXO B), amostras salivares e Escala de Resiliência (ER) (ANEXO

C) que seguem descritos nos subitens subsequentes.

4.5.1 Questionário de caracterização sociodemográficas

O questionário de caracterização sociodemográficas e ocupacionais foi

elaborado pela pesquisadora e contemplou as seguintes variáveis: sexo, estado civil,

data de nascimento, turno de trabalho, carga horária, outro vínculo empregatício, e

se é portador de alguma doença.

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4.5.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO)

O Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), traduzido e

validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em 2002, foi utilizado

para verificar a ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas.

Com resposta “SIM” ou “NÃO”, conforme a percepção dos participantes quanto aos

sintomas e sua atividade laboral, entre o período de 12 meses e sete dias que

precederam a entrevista (PINHEIRO; TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). O respectivo

instrumento restringe-se a ocorrência de sintomas osteomusculares nas regiões

anatômicas do corpo, sem destaque para severidade ou frequência. Quanto à

aplicação, os autores destacam uma fragilidade quanto a dados faltosos como, por

exemplo, casos em que o respondente deixa de assinalar a resposta “NÃO” quando

não apresenta o sintoma na região em questão, o que foi observado na aplicação do

mesmo.

Para esse estudo optou-se em referir-se a dor osteomuscular indicada no

instrumento como dor musculoesquelética, devido ao maior quantitativo de estudos

que utiliza essa terminologia.

4.5.3 Escala Bianchi de Stress (EBS)

Quanto à avaliação do estresse, esta pode ser construída a partir de variáveis

subjetivas ou com o uso de marcadores biológicos. A primeira contempla o uso de

questionários de percepção do sujeito, referente à compreensão quanto ao estresse

vivenciado. O segundo, marcadores biológicos, referem-se a respostas fisiológicas

do organismo diante da vivencia de situações percebidas como estressoras

(PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).

A opção pelo uso da Escala Bianchi de Stress (EBS) ocorreu por se tratar de

um instrumento específico para enfermeiros. Construída e validada por Bianchi em

2009, a mesma mensura os níveis de estresse de enfermeiros, para aferi-los em

suas atividades laborais no contexto hospitalar. Contempla dados de categorização

e 51 itens que descrevem as atividades do cotidiano do enfermeiro, agrupadas em

seis domínios: relacionamento com outras unidades e supervisores (A);

funcionamento adequado da unidade (B); administração de pessoal (C); assistência

de enfermagem prestada ao paciente (D); coordenação das atividades (E); e

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condições de trabalho (F); o que permitiu identificar as áreas mais estressantes

quando relacionadas ao nível de estresse referido (BIANCHI, 2009).

O nível do estresse do participante resultou da soma dos 51 itens, pontuados

em uma escala tipo Likert, de 1 a 7. O valor 1 referiu-se a uma atividade pouco

desgastante, o valor 4 como médio, e 7 como altamente desgastante. O valor zero

foi atribuído quando o enfermeiro não executa determinada atividade (BIANCHI,

2009).

A escala de Bianchi foi escolhida pois possibilita a análise do escore total de

estresse do enfermeiro, escore médio para cada item (estressor) e escore para cada

domínio. A possibilidade de verificar o escore total de estresse do enfermeiro leva

em conta a interpretação de cada atividade e seu potencial estressor e a

repercussão neuroendócrina. A soma dos valores por ele assinalados varia de 51

(quando o enfermeiro assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357

pontos (7 pontos para todas as atividades) (KIRHHOF et al., 2016).

Já o escore médio para cada item (estressor), possibilita identificar a

intensidade dos estressores para grupos de enfermeiros. Somam-se todos os

valores assinalados pelo grupo em questão, para cada item, e faz-se a subtração do

número de zeros assinalados. Assim obtém-se um total real desse estressor

analisado. Para obter o escore médio para um determinado grupo, divide-se o total

real do estressor pelo número de respondentes que assinalaram valores diferentes

de 0 naquele item. O valor resultante será a média real para cada estressor (item).

Essa média varia de 1,0 a 7,0, com valores traduzidos em decimais. Os escores

médios dos 51 itens podem ser comparados entre eles, o que resulta no estressor

de maior intensidade para o grupo de interesse. Pode-se também, comparar os

escores obtidos para os 51 itens de um enfermeiro, o que demonstra qual o

estressor mais intenso vivenciado por ele (BIANCHI, 2009).

O escore atribuído para cada domínio resultou da soma dos escores dos itens

que integram cada um deles e o resultado foi dividido pelo número de itens. Os 51

itens do instrumento estão divididos em seis domínios: relacionamento com outras

unidades e supervisores (nove itens: 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 50, 51); atividades

relacionadas ao funcionamento adequado da unidade (seis itens: 1, 2, 3, 4, 5, 6);

atividades relacionadas à administração de pessoal (seis itens: 7, 8, 9, 12, 13, 14);

assistência de enfermagem prestada ao paciente (quinze itens: 16, 17, 18, 19, 20,

21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30); coordenação das atividades da unidade (oito

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itens: 10, 11, 15, 31, 32, 38, 39, 47); condições de trabalho para o desempenho das

atividades do enfermeiro (sete itens: 33, 34, 35, 36, 37, 48, 49) (BIANCHI, 2009).

A variação dos escores dos domínios também é de 1,0 a 7,0. Na análise de

escore médio para o enfermeiro, para cada item e para cada domínio, foi

considerado o nível de estresse com a seguinte pontuação de escore padronizado:

igual ou abaixo de 3,0 – baixo nível de estresse; entre 3,1 e 5,9 – médio; igual ou

acima de 6,0 – alto nível de estresse (BIANCHI, 2009).

4.5.4 Cortisol salivar

Para obter um marcador fisiológico de estresse dos enfermeiros participantes

da pesquisa, foi realizada a coleta de três amostras salivares. Após responder os

instrumentos que integram a pesquisa e, mediante explicação do passo a passo da

coleta pela pesquisadora, foi entregue a cada enfermeiro um kit com material de

coleta de saliva, que continha: três tubos Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha)

devidamente identificados com o número do participante e respectivos horários de

coletas (1ª, 2ª e 3ª coleta); orientações e recomendações por escrito para as coletas

(APÊNDICE B); e documento de identificação das amostras para o laboratório

(APÊNDICE C). As orientações e recomendações contemplaram: ingerir dieta leve

no café da manhã; não ingerir alimentos ou bebidas (exceto água) por trinta minutos

antes da coleta; não fumar por um período de 30 minutos antes da coleta de saliva;

antes de realizar a coleta é recomendado lavar a boca com água por meio de

bochechos leves; não é recomendável realizar a coleta se apresentar lesões orais

com presença de sangramento ativo ou potencial; não ter submetido a tratamento

dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não ter escovado os dentes nas

últimas 3 horas a fim de evitar sangramento gengival; e não ter ingerido álcool nas

12 horas anteriores à coleta, conforme Dalri et al. (2014).

Cada enfermeiro foi orientado a coletar três amostras de saliva. Os

enfermeiros que atuam nos turnos da manhã e à tarde coletaram ao acordar, uma

hora após iniciarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu

plantão. Já os enfermeiros que atuam à noite, coletaram as amostras ao acordar no

dia do seu respectivo plantão e que não tivesse trabalhado na noite anterior, e as

demais amostras uma hora após começarem a trabalhar e uma hora antes de

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encerrarem o seu plantão. Todos os horários devidamente identificados em cada

tubo Salivette.

Para obter a amostra, cada enfermeiro foi orientado a abrir o Salivette,

identificado com o respectivo horário da coleta, remover o swab e posicioná-lo sob a

lateral da língua para estimular a salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que ele

se encontrava saturado de saliva, devia ser retirado da boca e introduzido

novamente no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o

material foi armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, em recipientes térmicos

indicados pela pesquisadora e encaminhado ao laboratório de análises clínicas da

UNIJUÍ, com observação criteriosa quanto ao armazenamento, transporte e análise

das amostras. Os valores de referência para o cortisol salivar foram disponibilizados

pelo laboratório Álvaro, o qual analisou as amostras deste estudo, sendo: das 6h às

10h – <0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min –

<0,20ug/dL. O cortisol foi determinado através do método de análise de

Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse resultado.

4.5.5 Escala de Resiliência (ER)

Para avaliar a resiliência dos enfermeiros foi utilizada a Escala de Resiliência

(ER), desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993. A

mesma foi traduzida e validada para o português por Pesce et al. (2005), e verifica o

nível de adaptação psicossocial positiva do indivíduo diante de situações

importantes da vida. É autoaplicável e contempla 25 itens, com opções de resposta

tipo escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo muito); 3 (discordo pouco); 4

(nem concordo, nem discordo); 5 (concordo pouco); 6 (concordo muito) e 7

(concordo totalmente). A soma do valor atribuído a cada item, ao final, varia entre 25

pontos, condizente com menor resiliência, e 175 pontos, elevada resiliência (PESCE

et al., 2005). São classificados em: baixa resiliência, pontuação menos que 121;

média resiliência, pontuação de 121 a 146; e alta resiliência, pontuação acima de

147 (NAVARRO-ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018).

A ER está dividida em três fatores: Fator I – compreende 14 itens da escala

atribuídos a resoluções de ações e valores (descritos nos itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14,

16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II – 6 itens da escala, caracterizados por

independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7, 9, 11, 13 e 22); e Fator III –

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5 itens da escala, caracterizados por autoconfiança e capacidade de adaptação a

situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20). Os fatores expõem situações

cotidianas de enfrentamento no âmbito das relações sociais, capacidade de resolver

conflitos, autonomia e sentido para a vida (BROLESE et al., 2017).

4.6 Análise dos dados

Os dados da pesquisa foram registrados e organizados no programa

Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0, observando possíveis

erros e inconsistências para assim corrigi-los antes de realizar a análise. A análise

ocorreu a partir de medidas descritivas (limite inferior e superior, quartis, mediana,

média e desvio padrão).

O escore total do nível de estresse do enfermeiro foi obtido a partir da soma

do escore médio de cada item, dividido pelo total de itens. Para o escore médio de

cada domínio realizou-se a soma dos escores médios dos itens que o integram, e o

resultado foi dividido pelo total de itens do domínio. Foi observada a pontuação

indicada de cada item para os domínios e, também, o escore total de estresse para

enfermeiro.

Foram aplicados testes não paramétricos: teste T de Wilcoxon para comparar

a relação entre as amostras e o coeficiente de correlação de Spearman para medir a

intensidade da relação entre as variáveis; Teste Qui-Quadrado, que considerou

correlação significativa ρ<0,05; teste t (não significativo p>0,05); teste exato de

Fisher, para aferir a significância estatística; correlação de Pearson para verificar o

grau de correlação; e coeficiente de correlação Spearman, para medir a intensidade

da relação entre as variáveis.

Os resultados foram apresentados em forma de tabelas e figuras de maneira

a facilitar a visualização e interpretação do leitor.

4.7 Aspectos éticos

Foram respeitados todos os aspectos éticos que regem pesquisas com seres

humanos conforme preconizado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde (CNS) sobre pesquisas com seres humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi

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aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ (parecer nº 3.085.366,

CAAE nº 03781418.1.0000.5322) (ANEXOS D e E).

Os pesquisados foram informados quanto à participação voluntária na

pesquisa, para a qual não receberiam nenhum benefício financeiro. Foi lhes

garantido anonimato e sigilo das informações fornecidas e o direito de se recusar em

participar da pesquisa em qualquer momento da mesma (BRASIL, 2012). Ao

confirmar participar da pesquisa, foi solicitado a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE D), que após lido, foi

assinado em duas vias, uma que ficou de posse de cada pesquisado e outra da

pesquisadora. O material resultante do estudo ficará sob cuidados da pesquisadora

por no mínimo cinco anos e após incinerados.

Quanto os riscos, os participantes foram informados de que sua participação

poderia causar desconforto, cansaço, tristeza por reviver situações emocionais de

estresse, relembrar momentos difíceis no ambiente de trabalho e sintomas físicos,

entre outros. Se isso ocorresse, a entrevista seria interrompida e, se necessário, o

trabalhador seria assistido por profissional habilitado no Serviço de Psicologia da

UNIJUÍ.

Os participantes do estudo também foram orientados que poderiam ser

beneficiados em participar da pesquisa pela oportunidade de refletir acerca de sua

vida profissional, avaliar níveis de estresse e sua capacidade de resiliência,

aspectos importantes e que podem contribuir na qualificação de sua atuação,

manutenção da saúde e prevenção de agravos.

Ao final da pesquisa, os resultados serão disponibilizados para a

administração e gerência de enfermagem da instituição e a pesquisadora,

juntamente com sua orientadora, se disponibilizarão para socializá-los com os

participantes da pesquisa.

Pretende-se também submeter os artigos científicos resultantes do estudo à

avaliação de periódicos da área, com vistas à publicação. Também serão

construídos resumos simples e expandidos, submetidos a eventos nacionais e

internacionais da área.

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5 MANUSCRITO I

Estresse e resiliência de enfermeiros antes e depois da avaliação para

manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar

RESUMO

Introdução: a Acreditação Hospitalar é uma estratégia de gestão a qual certifica

instituições de saúde pela qualidade e segurança nos processos de trabalho. Para

atender demandas desse processo é exigido dos enfermeiros responsabilidades e

atribuições que podem impactar na saúde e na qualidade de vida desses

profissionais, manifestado por sintomas físicos e emocionais de estresse. A

resiliência é uma característica que auxilia os enfermeiros a superar essas

exigências e manterem-se saudáveis. Objetivo: analisar e comparar níveis de

estresse e de resiliência de enfermeiros, antes e depois da avaliação para

manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Método: pesquisa

quantitativa, quase experimental, com 53 enfermeiros de um hospital filantrópico de

porte IV, da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados

ocorreu em março e julho de 2019, antes e depois da avaliação para a manutenção

da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. Dados coletados com instrumento

de variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais, Escala de Bianchi de

Stress e Escala de Resiliência. Empregou-se análise estatística descritiva com limite

inferior e superior, quartis, mediana, média e desvio padrão e aplicados os testes

não-paramétricos T de Wilcoxon e coeficiente de correlação de Spearman.

Resultados: a maioria dos enfermeiros teve nível médio de estresse, nos dois

momentos avaliados. Os maiores escores de estresse médio e alto conforme a

Escala Bianchi de Stress foram os do Domínio E – Coordenação das atividades da

unidade e do Domínio C – Atividades relacionadas à administração de pessoal. Os

participantes da pesquisa encontravam-se com capacidade de resiliência média e

alta. Conclusão: gerenciar pessoas, organizar a unidade e própria assistência ao

paciente são atividades desgastantes no processo de Acreditação Hospitalar e

elevam os níveis de estresse dos enfermeiros. Porém, a boa relação com os demais

setores e seus gestores são fatores estatisticamente significativos e provavelmente

relacionados à capacidade de resiliência média e alta.

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Descritores: Enfermeiros. Estresse Ocupacional. Resiliência Psicológica.

Acreditação Hospitalar.

INTRODUÇÃO

As perspectivas para as instituições de saúde circundam a qualidade,

segurança e sustentabilidade (OLIVEIRA et al., 2019). Os autores preconizam que,

para acompanhar essa tendência, cada vez mais os serviços de saúde buscam

estratégias gerenciais no intuito de viabilizar a sustentabilidade organizacional a

partir de aperfeiçoamento e avaliação dos serviços prestados. Neste contexto, as

Certificações de Acreditação ganham mais espaço por se tratar de processos com

foco em avaliar, monitorar e certificar instituições de serviços de saúde que queiram

qualificar-se (BARBINO JUNIOR; SILVA; GABRIEL, 2019).

A Acreditação consiste em um processo externo que avalia a realidade da

instituição que assim a deseja, com visitas periódicas e foco em padrões de

qualidade, previamente definidos, conforme a metodologia da acreditadora escolhida

(OLIVEIRA et al., 2019). No Brasil, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) é

a entidade que norteia as Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACS) a

desenvolver esse processo de avaliação junto aos serviços de saúde (ONA, 2018).

A metodologia baseia-se no diagnóstico de problemas para desenvolver

oportunidades de melhorias (BARBINO JUNIOR; SILVA; GABRIEL, 2019).

Essas novas perspectivas institucionais impactam diretamente nas atividades

dos profissionais de saúde. Gabriel et al. (2018) garantem que são os enfermeiros

que assumem funções estratégicas na elaboração, condução e avaliação contínua

dos processos de melhoria assistencial. Os autores ainda reiteram que a equipe de

enfermagem é a base para desenvolver e solidificar programas de qualidade pela

característica de suas atividades. No entanto, demandas burocráticas que envolvem

todo o processo de Acreditação, tais como elaboração de protocolos, gestão de

indicadores, de custos, pessoal e treinamentos, são algumas das atribuições aliadas

às atividades assistenciais do enfermeiro. Nesse ínterim, Oliveira et al. (2017)

enfatizam que apesar da importante atuação do enfermeiro no enfoque gerencial do

processo de Acreditação, esse não deve ser o único foco de seu trabalho e, dessa

forma, as exigências referentes a assistência, tentem a aumentar com a

Acreditação, o que implica diretamente na saúde desse profissional.

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As atividades estressoras do dia a dia do enfermeiro é tema de vários estudos

em diferentes países. Em pesquisa com 1840 enfermeiros de hospitais públicos

suíços, em 2015 e 2016, um em cada doze profissionais apresentou sinais de

Burnout e, ainda, um a cada seis deles pensavam em deixar a profissão. Cargas de

trabalho, físicas e mentais, estresse e altas exigências, foram associadas aos

sintomas de esgotamento (HÄMMIG, 2018). Outro estudo, com 2889 enfermeiros

chineses evidenciou que 68,3% deles apresentaram altos níveis de estresse

ocupacional e concluiu que esse agravo estava relacionado à sobrecarga de

trabalho, falta de pessoal e aumento das exigências, o que dificulta garantir a

qualidade e segurança do paciente (GU; TAN; ZHAO, 2019). Os autores afirmam

que os enfermeiros gastam energia e tempo extra em atualização e condução de

pesquisas, o que contribui para o aumento do estresse ocupacional.

O estresse ocupacional advém do ambiente de trabalho e está atribuído a

aspectos organizacionais, gestão, relações interpessoais e também da própria

assistência ao paciente (FREITAS et al., 2015). A exposição contínua a esses

estressores repercute na saúde física e psíquica do trabalhador e se manifesta de

diferentes formas: distúrbio do sono, hipertensão, diabetes, síndrome metabólica,

doenças psicossomáticas, síndrome de Burnout e depressão (RIBEIRO et al., 2018).

Conviver com situações estressoras e manter-se saudável requer do profissional

estratégias, como flexibilidade e versatilidade para transpor as adversidades e

superá-las. Neste sentido, a resiliência emerge e refere-se à capacidade de o

indivíduo enfrentar, vencer e sair fortalecido de experiências adversas (CRUZ et al.,

2018). A autora afirma que ter resiliência implica em reconhecer o estressor, tolerá-lo

e aprender com ele. Cruz et al. (2018) enfatiza que os estudos acerca da resiliência

na área da enfermagem são importantes pela característica da profissão.

Diante dos danos do estresse à saúde física e emocional do enfermeiro, da

lacuna de conhecimento sobre o estresse nos Processos de Acreditação, aliado a

ampliação de conhecimento acerca da resiliência, emergiu o interesse de realizar

esse estudo. O mesmo tem como objetivo analisar e comparar níveis de estresse e

de resiliência de enfermeiros, antes e depois da avaliação para manutenção da

certificação de Acreditação Hospitalar.

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47

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo quase experimental

(LACERDA; COSTENARO, 2018) que compreendeu todos os enfermeiros que

atuam em um hospital filantrópico de porte IV, situado na região noroeste do estado

do Rio Grande do Sul, Brasil. A coleta ocorreu em duas etapas, a primeira em março

de 2019 e a segunda em julho do mesmo ano, durante a visita de avaliação para a

manutenção da Certificação de Acreditação Nível 2. O mesmo integra a dissertação

de mestrado intitulada “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em

enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar”. O mesmo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa

UNICRUZ, parecer n° 3.085.366, CAAE n° 03781418.1.0000.5322.

Todos foram convidados a integrarem-se a pesquisa, porém participaram

efetivamente da mesma 53 enfermeiros. Os critérios de inclusão elencados foram

ser enfermeiro e atuar no referido hospital. Os critérios de exclusão foram:

enfermeiros que no decorrer da coleta de dados estivessem em férias, atestado ou

licença maternidade, gestantes, em tratamento com corticosteroides e também

aqueles com diagnóstico de Doença de Addison. Os instrumentos de coleta de

dados foram: questionário com variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais,

Escala Bianchi de Stress (EBS) e Escala de Resiliência (ER).

A Escala Bianchi de Stress (EBS), construída e validada por Bianchi (2009),

contempla dados de categorização e 51 itens que descrevem atividades do cotidiano

do enfermeiro, agrupadas em seis domínios: Domínio A – Relacionamento com

outras unidades e supervisores; Domínio B – Funcionamento adequado da unidade;

Domínio C – Administração de pessoal; Domínio D – Assistência de enfermagem

prestada ao paciente; Domínio E – Coordenação das atividades; e Domínio F –

Condições de trabalho.

A EBS analisa escore total de estresse do enfermeiro, escore médio para

cada item (estressor) e escore para cada domínio. A soma varia de 51 (quando o

enfermeiro assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357 pontos (7

pontos quando muito desgastante) (KIRHHOF et al., 2016). O nível do estresse do

enfermeiro resulta da soma dos 51 itens, pontuados em uma escala Likert, de 1 a 7.

O valor 1 refere-se a atividade pouco desgastante, 4 como médio, 7 altamente

desgastante e zero quando o enfermeiro não executa a atividade (BIANCHI, 2009).

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Já o escore médio possibilita identificar a intensidade dos estressores para

grupos de enfermeiros. Bianchi (2009) explica que é necessário realizar a soma dos

itens assinalados pelo grupo em questão, para cada item e, em seguida subtrair o

número de zeros marcados, assim, obtém-se um total real desse estressor. Para

obter o escore médio para um determinado grupo, divide-se o total real do estressor

assinalados pelo número de respondentes que marcaram escores que não fossem 0

naquele item. O valor resultante é a média real para cada item, que varia de 1,0 a

7,0. Os escores médios dos 51 itens podem ser comparados entre eles, o que

resulta no estressor de maior intensidade para o grupo de interesse. Também é

possível comparar os escores obtidos para os 51 itens de um enfermeiro, o que

permite identificar qual o estressor que de forma mais intensa é percebido por ele

(BIANCHI, 2009). Ainda com a EBS é possível identificar o escore para cada

domínio, a partir da soma dos escores dos itens de cada domínio e, o valor

encontrado, divide-se pelo número de itens. Este varia de 1,0 a 7,0: igual ou abaixo

de 3,0 – baixo nível de estresse; entre 3,1 e 5,9 – médio; igual ou acima de 6,0 – alto

nível de estresse.

Para avaliação da resiliência utilizou-se a Escala de Resiliência (ER),

desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993 e

traduzida e validada por Pesce et al. (2005). Ela verifica o nível de adaptação

psicossocial positiva do indivíduo diante de situações importantes da vida.

Contempla 25 itens em escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo muito); 3

(discordo pouco); 4 (nem concordo, nem discordo); 5 (concordo pouco); 6 (concordo

muito) e 7 (concordo totalmente). A soma de cada item varia entre 25 pontos para

menor resiliência e 175 pontos para elevada resiliência (PESCE et al., 2005). São

classificados em: baixa resiliência, pontuação menos que 121; média resiliência

pontuação de 121 a 146; e alta resiliência pontuação acima de 147 (NAVARRO-

ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018). A ER compreende três

fatores: Fator I – 14 itens referentes a resoluções de ações e valores (descritos nos

itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II – 6 itens caracterizados

por independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7, 9, 11, 13 e 22); e Fator

III – 5 itens caracterizados por autoconfiança e capacidade de adaptação a

situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20).

Os resultados obtidos com a referida pesquisa são apresentados na

sequência em forma de tabelas e medidas descritivas (limite inferior e superior,

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quartis, mediana, média e desvio padrão), de maneira a facilitar a visualização e

interpretação do leitor. Também foram utilizados os testes não paramétricos: teste T

de Wilcoxon para comparar a relação entre as amostras e o coeficiente de

correlação de Spearman para medir a intensidade da relação entre as variáveis.

RESULTADOS

Inicialmente, para melhor facilitar a compreeção, na Tabela 1 é explicitada a

caracterização dos participantes da pesquisa, com variáveis sociodemográficas,

clínicas e laborais. Nesta, verifica-se que a maioria dos participantes é do sexo

feminino, com idade inferior ou igual a 40 anos, com companheiro(a) e filhos.

Ainda em relação às variáveis contidas na Tabela 1, constata-se que quanto

ao turno de trabalho em que os participantes atuam, o maior percentual é dos que

atuam nos turnos diurnos, manhã e tarde, seguido da noite e misto. Verifica-se

também que mais da metade cumprem carga horária semanal de 36 horas seguido

de mais que 36 horas semanais. Evidencia-se também que mais de 60% dos

enfermeiros assumem função de supervisores e os demais coordenação e

assistência. Quanto ao tempo de atuação dos enfermeiros na referida instituição, o

mesmo varia de 0,17 a 34,67 anos e o tempo na unidade foi de 0,08 a 20 anos. Ao

serem questionados se possuíam outro emprego, a maioria respondeu que não e

praticamente a metade deles (47,2%) atua em unidades abertas, seguido de

fechadas (35,8%). E quanto a formação, 81,1% são especialistas, 5,7% mestres e

os demais, 13,2%, são graduados.

Tabela 1 – Perfil sociodemográfico e características de trabalho dos enfermeiros que

atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, 2019

Variáveis n %

Sexo Feminino 40 75,5

Masculino 13 24,5

Idade

20 a 30 anos 8 15,1

31 a 40 anos 31 58,5

41 a 50 anos 13 24,5

Mais de 50 anos 1 1,9

Estado civil Com companheiro(a) 44 83,0

Sem companheiro(a) 9 17,0

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Filhos Sim 35 66,0

Não 18 34,0

Número de filhos

Um 17 32,1

Dois 16 30,2

Três 2 3,8

Turno de trabalho

Manhã 4 7,5

Tarde 10 18,9

Manhã e Tarde 16 30,2

Noite 11 20,8

Misto 12 22,6

Carga horária

Menos que 36 horas 3 5,7

36 horas 29 54,7

Mais que 36 horas 21 39,6

(LI;LS) (M;DP) (6;44) (37,6 ; 6,8)

Cargo

Supervisão 33 62,3

Coordenação e assistencial 11 20,8

Coordenação 9 17,0

Tempo de trabalho na instituição (LI;LS) (M;DP)

(0,17;34,67) (9,57;7,55)

Tempo de trabalho na unidade (LI;LS) (M;DP)

(0,08;20) (4,77;4,46)

Total 53 100,0

Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Sequencialmente, a Tabela 2 apresenta os níveis de estresse dos

participantes da pesquisa, segundo os domínios da EBS, antes e depois da

avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Nesta

constata-se que, em relação aos itens que integram o Domínio A, referente ao

“relacionamento com as outras unidades e supervisores”, a maioria dos enfermeiros

encontravam-se em baixos níveis de estresse, nos dois momentos avaliados, antes

e após. Porém, evidencia-se que, em relação a esse mesmo domínio ocorreu leve

aumento de participantes em níveis médios de estresse e, inclusive, um pequeno

percentual encontrava-se em alto nível de estresse após a avaliação. Essa mesma

variação ocorreu em relação ao Domínio B, o qual se reporta as “atividades

relacionadas ao funcionamento adequado da unidade”.

Ainda referente aos dados da Tabela 2, no que tange as “atividades

relacionadas à administração de pessoal”, do Domínio C da EBS, verifica-se que,

antes da avaliação, o maior percentual era de trabalhadores em médio nível de

estresse, seguido de baixo e alto. Ressalta-se que esse foi o domínio da EBS que

mais enfermeiros encontravam-se em alto nível de estresse. Evidencia-se também

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51

que, depois da avaliação, aumentou o percentual de trabalhadores em alto nível de

estresse e em baixo nível, enquanto que o percentual de enfermeiros em médio

nível de estresse diminuiu.

Tabela 2 – Nível de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress

(EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do Rio

Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Domínios EBS Momento de coleta

Nível de estresse

Baixo n(%)

Médio n(%)

Alto n(%)

A – Relacionamento com outras unidades e supervisores

AA 40(75,5) 13(24,5) -

DA 37(69,8) 15(28,3) 1(1,9)

B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade

AA 34(64,2) 18(34,0) 1(1,9)

DA 28(52,8) 23(43,4) 2(3,8)

C – Atividades relacionadas à administração de pessoal

AA 15(28,3) 34(64,2) 4(7,5)

DA 18(34,0) 29(54,7) 6(11,3)

D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente

AA 21(39,6) 32(60,4) -

DA* 22(41,5) 26(49,1) 3(5,7)

E – Coordenação das atividades da unidade AA 12(22,6) 39(73,6) 2(3,8)

DA 12(22,6) 38(71,7) 3(5,7)

F – Condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro

AA 22(41,5) 31(58,5) -

DA 25(47,2) 25(47,2) 3(5,7)

*Para dois (3,8%) enfermeiros todos os escores do domínio foram “0” (não se aplica). AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Constata-se que, antes da visita, os itens que se referiam a “coordenação das

atividades da unidade” que compõem o Domínio E do instrumento, foram percebidas

com nível de estresse médio pela maioria dos enfermeiros (73,6%). Depois da visita,

esse mesmo domínio, também teve grande representatividade com nível médio de

estresse por 71,7% dos enfermeiros, sendo esse o domínio com nível de estresse

médio mais representativo. Verifica-se também que esses resultados foram

semelhantes aos do Domínio C “atividades relacionada à administração de pessoal”

e do E “assistência prestada ao paciente”.

A Tabela 3 apresenta resultados do uso de estatística descritiva nos escores

do estresse (1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para

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“muito desgastante”, e 0 caso “não executa a atividade”), referidos pelos

enfermeiros. Nesta evidencia-se que no Domínio A o teste T de Wilcoxon, com os

escores antes e depois da avaliação, mostrou relação estatisticamente significativa

(p<0,05), o que demonstra que as médias dos escores diferem entre si. Nos demais

domínios não ocorreram diferença significativa entre as médias, nos dois momentos

avaliados.

Tabela 3 – Estatística descritiva dos escores de estresse segundo os domínios da

Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do

interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção

da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Domínios EBS

Estatística Descritiva T de

Wilcoxon p-valor LI LS Média DP Q1(25%) Md(50%) Q3(75%)

A AA 1,00 5,22 2,32 1,05 1,50 2,13 3,06 0,021

DA 1,00 6,33 2,62 1,17 1,88 2,33 3,28

B AA 1,00 6,00 2,90 1,34 1,75 2,67 4,00 0,152

DA 1,00 6,33 3,13 1,47 1,83 3,00 4,08

C AA 1,40 7,00 3,92 1,35 2,82 4,00 4,82 0,591

DA 1,00 6,50 3,81 1,39 2,73 3,60 5,00

D AA 1,14 5,67 3,30 1,28 2,13 3,47 4,33 0,853

DA 1,20 6,20 3,37 1,22 2,53 3,33 4,07

E AA 1,43 6,75 3,82 1,12 3,25 3,88 4,46 0,806

DA 1,14 7,00 3,75 1,17 3,13 3,88 4,38

F AA 1,14 5,75 3,31 1,08 2,69 3,17 4,07 0,862

DA 1,50 6,14 3,37 1,27 2,23 3,14 4,15

AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar; A = Relacionamento com outras unidades e supervisores; B = Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade; C = Atividades relacionadas à administração de pessoal; D = Assistência de enfermagem prestada ao paciente; E = Coordenação das atividades da unidade; F = condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro; LI = limite inferior; LS = limite superior; DP = desvio padrão; Q1 = quartil 1; Md = mediana; Q3 = quartil 3. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Ainda em relação aos resultados contidos na Tabela 3, verifica-se que as

médias dos escores da EBS referentes aos Domínios C e E variaram de forma

semelhante, antes e depois da avaliação com vistas à manutenção da Certificação

de Acreditação Hospitalar, com níveis mais elevados de estresse. Constata-se

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também que nos demais domínios da EBS ocorreu o inverso, ou seja, as médias dos

escores do estresse foram mais altas depois da avaliação.

A Tabela 4 apresenta os resultados do coeficiente de correlação de

Spearman entre os domínios da EBS e a resiliência dos participantes antes e depois

da avaliação. Esses mostram que existe forte correlação em cada domínio da EBS,

nos dois momentos em que os enfermeiros participantes da pesquisa foram

avaliados. Verifica-se também que não houve correlação entre resiliência e o valor

dos escores de estresse atribuídos pelos participantes em cada domínio da EBS.

Isso mostra que nem todos os participantes que têm uma resiliência alta são os que

se encontram em baixos níveis de estresse.

Tabela 4 – Coeficiente de correlação de Spearman dos domínios da Escala Bianchi

de Stress (EBS) e a Resiliência em enfermeiros que atuam em um Hospital do

interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção

da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Domínios EBS Domínios EBS AA com domínios DA

Resiliência AA com EBS AA

Resiliência DA com EBS AA

R p-valor R p-valor R p-valor

A – Relacionamento com outras unidades e supervisores

0,564 0,000* -0,052 0,712 -0,096 0,494

B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade

0,656 0,000* 0,031 0,824 0,037 0,791

C – Atividades relacionadas à administração de pessoal

0,584 0,000* 0,144 0,303 -0,011 0,935

D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente

0,616 0,000* -0,035 0,804 -0,072 0,613

E – Coordenação das atividades da unidade

0,414 0,002* -0,037 0,791 -0,147 0,294

F – Condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro

0,479 0,000* -0,144 0,304 -0,263 0,057

*Correlação significativa para p<0,01. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

A Tabela 5 apresenta níveis de estresse dos enfermeiros conforme os

domínios da EBS nos dois momentos de avaliação. Nesta constata-se que em

relação ao Domínio A, dos enfermeiros que se encontravam em baixo nível de

estresse antes da avaliação, os maiores percentuais referem-se aos que

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apresentavam mediana e alta resiliência, respectivamente. Na segunda avaliação

ocorreu redução do percentual de enfermeiros com nível médio de resiliência e

surgiu um com alto nível de estresse e média resiliência.

Tabela 5 – Nível de stress segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS)

e a Resiliência em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do

Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Domínios EBS Momento da coleta

Resiliência

Baixo n(%)

Médio n(%)

Alto n(%)

A – Relacionamento com ou-tras unidades e supervisores

AA

Baixo 6(11,2) 23(43,4) 11(20,8)

Médio 2(3,8) 8(15,1) 3(5,7)

Alto - - -

DA

Baixo 7(13,2) 18(34,0) 12(22,6)

Médio 3(5,7) 5(9,4) 7(13,2)

Alto - 1(1,9) -

B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade

AA

Baixo 5(9,4) 20(37,7) 9(17,0)

Médio 3(5,7) 10(18,9) 5(9,4)

Alto - 1(1,9) -

DA

Baixo 5(9,4) 11(20,8) 12(22,6)

Médio 5(9,4) 11(20,8) 7(13,2)

Alto - 2(3,8) -

C – Atividades relacionadas à administração de pessoal

AA

Baixo 4(7,5) 8(15,1) 3(5,7)

Médio 4(7,5) 20(37,7) 10(18,9)

Alto - 3(5,7) 1(1,9)

DA

Baixo 5(9,4) 4(7,5) 9(17,0)

Médio 4(7,5) 17(32,1) 8(15,1)

Alto 1(1,9) 3(5,7) 2(3,8)

D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente

AA

Baixo 5(9,4) 9(17,0) 7(13,2)

Médio 3(5,7) 22(41,5) 7(13,2)

Alto - - -

DA

Baixo 3(5,9) 9(17,6) 10(19,6)

Médio 7(13,7) 12(23,5) 7(13,7)

Alto - 2(3,9) 1(2,0)

E – Coordenação das ativida-des da unidade

AA

Baixo 4(7,5) 4(7,5) 4(7,5)

Médio 4(7,5) 25(47,2) 10(18,9)

Alto - 2(3,8) -

DA

Baixo 3(5,7) 5(9,4) 4(7,5)

Médio 6(11,3) 17(32,1) 15(28,3)

Alto 1(1,9) 2(3,8) -

F – Condições de trabalho para AA Baixo 5(9,4) 11(20,8) 6(11,3)

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o desempenho das atividades do enfermeiro

Médio 3(5,7) 20(37,7) 8(15,1)

Alto - - -

DA

Baixo 4(7,5) 10(18,9) 11(20,8)

Médio 5(9,4) 12(22,6) 8(15,1)

Alto 1(1,9) 2(3,8) -

*Para dois enfermeiros todos os escores do domínio foram “0” (não se aplica). AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Ainda em relação aos resultados contidos na Tabela 5, evidencia-se que o

Domínio E, referente à “coordenação das atividades da unidade”, foi o que

apresentou maior percentual de média resiliência, seguida de alta, antes da

avaliação, porém, depois da avaliação, ocorreu aumento do percentual de

enfermeiros com alta e baixa resiliência e, consequentemente, redução dos que se

encontravam com média resiliência.

Em síntese, com base nos resultados apresentados na Tabela 5, pode-se

afirmar que os enfermeiros que se encontravam em níveis de estresse médio e alto

também apresentaram resiliência média e alta, respectivamente, nos dois momentos

em que foram avaliados. Igualmente, em todos os domínios da EBS, os participantes

que se encontravam em estresse alto, independente do momento de avaliação,

antes ou depois, os maiores percentuais foram dos que se encontravam com

resiliência alta ou mediana, respectivamente.

DISCUSSÃO

As características sociodemográficas dos participantes dessa pesquisa

assemelham-se as de outros estudos com a mesma categoria profissional, o que

demonstra o perfil dessa força de trabalho (RIBEIRO et al., 2018; OLIVEIRA et al.,

2019). O sexo feminino foi predominante no estudo e a maioria vivia com

companheiro e filhos. Esse resultado evidencia a dupla jornada que inclui atribuições

do lar presente no cotidiano dos participantes da pesquisa e que, provavelmente,

contribui para o desencadeamento de estresse (ROCHA et al., 2016).

Em relação à formação dos enfermeiros que integram o estudo, chama

atenção o fato de a maioria ser especialista, o que demonstra a inserção qualificada

da mulher no mercado de trabalho e vem ao encontro de estudo com enfermeiros

chineses. Neste, os participantes encontravam-se em altos níveis de estresse

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associados ao gasto de energia e tempo extra em especialização, atualização e

condução de pesquisas, condições essas que contribuem para aumento do estresse

ocupacional (GU; TAN; ZHAO, 2019).

No que tange aos domínios da EBS, constata-se que o fato de os enfermeiros

avaliarem a relação com as demais unidades e seus supervisores como pouco

estressante vem ao encontro de Lima e Bianchi (2010), pesquisa com 101

enfermeiros de um hospital de alta complexidade de São Paulo. Esse resultado

demonstra que o gradiente de autoridade referente à distância psicológica entre

trabalhador e supervisor, é baixo na instituição pesquisada, aspecto esse que

impacta positivamente na cultura de segurança do paciente, na qual as equipes

assumem responsabilidades individuais e coletivas (LEMOS et al., 2018).

Ainda em relação os níveis de estresse conforme os domínios da EBS,

pensa-se que o fato de as atividades administrativas que envolvem pessoas terem

sido percebidas pelos participantes da pesquisa como altamente estressante,

igualmente, vem ao encontro de Kirhhof et al. (2016). Nesse sentido, considera-se

que os fatores intrínsecos ao trabalho do enfermeiro como líder da equipe, o qual

inclui otimizar o trabalho, organizar a unidade, gerenciar a equipe, elaborar

treinamentos, escalas, e condução adequada na resolução de conflitos demandam

conhecimento que vai além de sua formação, portanto são condições que

contribuem para a ocorrência de estresse e efeitos dele decorrentes, tanto físicos

quanto psíquicos. Nunes e Gaspar (2017) avaliaram relação da liderança com

empenho organizacional de enfermeiros portugueses e concluíram que o

comportamento positivo dos líderes melhora o desempenho da equipe e da

instituição. Costa et al. (2017) complementam ao pontuarem que dificuldades de

relacionamento entre a equipe, de manter uma comunicação eficaz e falta de

conhecimento, dificultam o exercício da liderança dos enfermeiros. Os autores citam

o desafio do enfermeiro de liderar com interferências da equipe multiprofissional, ou

seja, profissionais de diferentes formações e responsabilidades, que precisam atuar

concomitantemente no processo do cuidado. Além desses desafios elencados, os

autores explicitam também que os enfermeiros têm dificuldade de perceber seu

papel no processo de trabalho e da dimensão da sua atuação na equipe

multidisciplinar.

Quanto aos níveis de estresse em que os enfermeiros se encontravam antes

e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar,

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57

referentes às atividades dos Domínios C e E emergem questões que envolvem

relacionamento interpessoal e organização do trabalho. Nesse sentido, o enfermeiro

é referência enquanto coordenador da equipe, portanto, dentre suas atribuições uma

delas é a de promover ambiente propício para a assistência. Faria et al. (2017) se

reportam a complexidade de o enfermeiro coordenar sua equipe e articular com os

demais profissionais que integram a equipe multidisciplinar, com foco na qualidade e

na segurança do cuidado. Para tanto, Gabriel et al. (2018) vão além e enfatizam a

necessidade de os enfermeiros desenvolverem e aprimorarem habilidades de

relações interpessoais.

Quanto as atividades que integram o domínio “assistência de enfermagem

prestada ao paciente” da EBS, Gabriel et al. (2018) se reportam a esse profissional

como o mais indicado para gerenciar questões referentes melhoria assistencial

durante o processo de Acreditação. A proximidade com o paciente, seu papel de

líder frente à equipe de enfermagem e facilitador entre os membros da equipe

multidisciplinar reafirmam essa posição. Oliveira et al. (2017) afirmam que as

demandas necessárias para o enfermeiro atuar como um líder no processo de

Acreditação associam-se a atividades assistenciais, as quais repercutem em

sobrecarga física e psíquica do respectivo profissional e que pode ser evidenciada

por níveis elevados de estresse, com manifestações físicas e psíquicas.

O sofrimento no trabalho do enfermeiro é uma temática amplamente debatida

em nível mundial e evidenciam que o estresse ocupacional advém de fatores

organizacionais, assistenciais e de relações interpessoais, além de questões

subjetivas e individuais (ROCHA et al., 2016; GU; TAN; ZHAO, 2019; HÄMMIG,

2018). Enfermeiros utilizam fatores de proteção para melhor enfrentamento os

estressores ocupacionais (ROCHA et al., 2016). Nesse sentido, a capacidade de

resiliência dos participantes da pesquisa ora analisada variou entre alta e média nos

diferentes momentos desse estudo. Os autores também afirmam que a pessoa, ao

vivenciar sofrimento, constrói mecanismos individuais de defesa, com o objetivo de

diminuir os impactos negativos vivenciados. Brolese et al. (2017) complementam ao

afirmarem que a resiliência é um constante desafio vivenciado no dia a dia do

enfermeiro, e pode-se dizer que se constitui em processo diário de construção e de

desconstrução frente às adversidades.

Investigação de Cruz et al. (2018), sobre resiliência e saúde do trabalhador

mostrou que o indivíduo resiliente constrói mecanismos de defesa como fatores

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protetores, com o intuito de diminuir efeitos negativos sobre sua saúde. Nesse

sentido, eles pontuam que a resiliência está relacionada à percepção de fatores de

risco e de proteção e que ela permite ao profissional elaborar ou aprimorar respostas

a estressores. Já Sousa e Araujo (2015) se reportam a resiliência como um processo

que não elimina riscos inerentes, mas limitam danos e promove estabilidade

emocional. Rocha et al. (2016) afirmam que a resiliência é um importante

mecanismo de resposta aos estressores do cotidiano do enfermeiro e concorda que

ela permite atenua-los e potencializar a proteção.

Os resultados dessa pesquisa aliados ao posicionamento dos autores

mostram que os enfermeiros, no decorrer da avaliação de manutenção da

Certificação de Acreditação Hospitalar vivenciaram o estresse de formas diferentes e

que isso está relacionado à subjetividade presente nas questões que envolvem o

estresse.

CONCLUSÃO

Os resultados da percepção do estresse dos enfermeiros no processo de

Acreditação evidenciam que nos dois momentos avaliados, antes e após a avaliação

da equipe, os níveis de estresse se mantiveram médios, mais especificamente

quanto à gestão de pessoas, coordenação e assistência de enfermagem. Esses

resultados podem ser utilizados por gestores, incluindo os participantes, no intuito de

desenvolver estratégias mais adequadas para reduzir o estresse e assim se

manterem saudáveis e, também, mais produtivos.

Outro aspecto merecedor de atenção é o fato de a maioria dos participantes

ter uma boa relação com os demais setores e gestores, fator estatisticamente

significativo e que deve ser mantido. Esse resultado pode estar diretamente

relacionado à capacidade de resiliência média e alta dos participantes, que contribui

para ações e reflexões com vistas a qualificar ainda mais as relações de trabalho e

saúde.

A construção dessa pesquisa contribui para reduzir a lacuna de conhecimento

sobre estresse do enfermeiro durante as avaliações para Acreditação Hospitalar,

ciente de que os resultados são instigadores e, logicamente, não esgotam o tema

estudado.

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59

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6 MANUSCRITO II

Análise do estresse, cortisol e dor musculoesquelética em enfermeiros, antes

e depois da avaliação da Certificação de Acreditação Hospitalar

RESUMO

Introdução: as cargas físicas e emocionais estão presentes no cotidiano de trabalho

dos enfermeiros e aumentam durante as avaliações de manutenção da Acreditação

Hospitalar, o que impacta na saúde desses profissionais. Uma das manifestações

físicas dos estressores vivenciados nesse período é a dor musculoesquelética

decorrente das sobrecargas de trabalho e da tensão das auditorias. Objetivo:

analisar a relação entre estresse, cortisol salivar e dor musculoesquelética de

enfermeiros antes e depois do processo de avaliação para manutenção da

Certificação de Acreditação Hospitalar. Método: trata-se de pesquisa de caráter

quantitativa, quase experimental, realizada com 53 enfermeiros de um hospital

filantrópico de porte IV da região sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu em março

e julho de 2019, nos períodos antes e após a avaliação para a manutenção da

Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. Os dados foram coletados com os

instrumentos de variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais; cortisol

salivar; e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. A análise

estatística foi realizada com o programa Statistical Package for Social Science

(SPSS), versão 17.0, com uso de medidas descritivas (limite inferior e superior,

média e desvio padrão) e teste T de Wilcoxon, para comparar a relação entre as

amostras. Resultados: não foi encontrada associação significativa entre a dor

musculoesquelética referida pelos enfermeiros e o estresse fisiológico segundo as

variações do cortisol salivar. Os locais onde os enfermeiros referiram mais dor foi

nos ombros, parte superior das costas e pescoço indiferente do momento de análise,

ante e depois da avaliação. Conclusão: cabe aos gestores estarem atentos e

disporem de ações corporativas que contemplem a saúde e a motivação dos

profissionais. As avaliações são estressores ocupacionais vivenciados pelos

enfermeiros que vão além da ordem psíquica e se expressam em dor

musculoesquelética tanto antes quanto após os processos de avaliação de

Acreditação.

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63

Descritores: Enfermeiros. Estresse. Cortisol Salivar. Dor Musculoesquelética.

Acreditação Hospitalar.

INTRODUÇÃO

O estresse ocupacional decorre da interação do indivíduo com o ambiente de

trabalho e essa resposta é individual e depende de cada profissional (COSTA et al.,

2019). Os autores pontuam ainda que o estresse ocupacional é o resultado da

interação entre demandas e controle no trabalho, e essa relação, quando

desequilibrada, pode levar ao adoecimento. No que tange ao enfermeiro no âmbito

hospitalar, o estresse impacta em sua saúde física e psíquica com consequências

no desempenho de suas atividades e na qualidade da assistência.

Selye (1946) estabelece os sintomas evidenciados no organismo decorrente

do estresse como a adaptação geral. Essa adaptação está dividida em três fases:

reação de alarme, resistência e exaustão. A reação de alarme é guiada pelo nervoso

autônomo simpático, atua na liberação de neurotransmissores e de hormônios

catecolaminérgicos pelas glândulas adrenais, como adrenalina e corticoides. A

resistência é mediada principalmente pelo cortisol, nessa fase o organismo busca a

homeostasia e é caracterizada pela diminuição dos níveis de alerta o que possibilita

o organismo a compreensão do agente estressor. Por último, a exaustão é quando

não há energia para manter a resistência/adaptação e o organismo não consegue

neutralizar o agente estressor.

Selye (1956) também afirma que o estresse vivenciado no dia a dia dos

profissionais desencadeia sinais e sintomas como: taquicardia, palidez, fadiga,

insônia, náusea, pressão no peito, tensão muscular, isolamento social, incapacidade

para se desprender das atividades laborais, exaustão e depressão. Campos e David

(2014) complementam que a constante exposição ao estresse causa desordens no

funcionamento do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), evidenciadas pelos

níveis de cortisol. Os autores ainda pontuam que o cortisol é um importante

biomarcador do estresse, secretado em um constante ritmo circadiano, com níveis

mais altos em torno de trinta minutos após acordar e que diminui gradualmente ao

longo do dia. A exposição crônica a estressores, com constates níveis altos de

cortisol, acarreta em prejuízos à saúde (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018).

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O processo de Acreditação Hospitalar é um estressor que se soma aos

vivenciados no cotidiano de trabalho do enfermeiro (SCHIESARI, 2014; FARIAS;

ARAUJO, 2017). Farias e Araújo (2017) salientam que a Acreditação é um processo

que analisa o desempenho das instituições de saúde baseada em uma metodologia

de avaliações de desempenho, na qual as mesmas cumprem requisitos para obter a

certificação. Uma das premissas desse processo é a busca pela melhoria contínua

em prol da segurança e qualidade da assistência (FARIAS; ARAUJO, 2017). Já

Schiesari (2014) afirma que as auditorias de Acreditação causam tensão nos

profissionais e os leva a exaustão e, assim, facilmente desanimam frente às

demandas inerentes.

Vários autores relacionam a dor musculoesquelética com o estresse e

também reforçam que o estresse ocupacional aumenta a percepção de dor nos

indivíduos (PEREIRA-JORGE et al., 2018; GUAN et al., 2019). A dor é definida pelo

International Association for the Study of Pain (IASP) (SBED, 2019), como uma

sensação ou experiência emocional desagradável associada ou relacionada a dano

real ou potencial dos tecidos e, cada indivíduo utiliza esse termo conforme suas

experiências. Guan et al. (2019) pontuam que a dor física impacta negativamente,

não apenas no corpo e na mente dos enfermeiros, mas também na qualidade dos

cuidados prestados por eles. Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016) complementam

que a dor musculoesquelética é a causa mais comum de incapacidade entre os

enfermeiros.

Diante dos danos decorrentes do estresse na saúde dos enfermeiros aliados

ao posicionamento dos autores e vivencias da pesquisadora no âmbito hospitalar

busca-se, com a presente pesquisa, analisar a relação entre estresse, cortisol salivar

e dor musculoesquelética de enfermeiros antes e depois do processo de avaliação

para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Entende-se que

conhecer as especificidades do trabalho do enfermeiro e, mais especificamente, das

dificuldades enfrentadas por eles nesse ambiente, é importante e pode contribuir

para ampliar a qualidade de vida e manter a saúde dos respectivos profissionais.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo quantitativo, quase experimental (LACERDA;

COSTENARO, 2018), desenvolvido em um hospital filantrópico de porte IV situado

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na região sul do Brasil. Integraram o mesmo 53 enfermeiros que atenderam aos

critérios elencados pelas autoras: ser enfermeiro e atuar na referida instituição.

Foram excluídos aqueles que no decorrer da coleta de dados estavam em férias,

atestado ou licença maternidade, gestantes, em tratamento com corticosteroides e

com diagnóstico de Doença de Addison. Este estudo integra a dissertação de

mestrado “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros antes e

depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar”.

A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos, antes a após a

avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2 a qual

submeteu-se a referida instituição, sendo a primeira coleta em março e a segunda

em junho de 2019. Para tal foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de

dados: questionário com variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais;

Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO); e avaliação do

estresse dos enfermeiros através do cortisol salivar.

O Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), traduzido e

validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em 2002, foi utilizado

para verificar a ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas.

É um instrumento autoaplicável, com respostas “SIM” ou “NÃO” (PINHEIRO;

TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). Os autores salientam que o respectivo instrumento

restringe-se a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos, sem destaque para

severidade ou frequência.

Para obter o marcador fisiológico de estresse dos enfermeiros participantes

da pesquisa, foi realizada coleta de amostras salivares. Para tal, foi entregue a cada

participante um kit com material de coleta de saliva que continha três tubos Salivete

devidamente identificados para cada horário de coleta, juntamente com orientações

para a mesma. Essas informações foram baseadas em Dalri et al. (2014) e referem-

se a: ingerir dieta leve no café da manhã; não ingerir alimentos ou bebidas (exceto

água) por trinta minutos antes da coleta; não fumar por um período de 30 minutos

antes da coleta de saliva; antes de realizar a coleta é recomendado lavar a boca

com água por meio de bochechos leves; não é recomendável realizar a coleta se

apresentar lesões orais com presença de sangramento ativo ou potencial; não ter

submetido a tratamento dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não ter

escovado os dentes nas últimas 3 horas a fim de evitar sangramento gengival; e não

ter ingerido álcool nas 12 horas anteriores à coleta.

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As amostras de saliva coletadas foram identificadas com o número de

identificação de cada participante, especificação da coleta a ser realizada e horário

de cada uma (1ª, 2ª ou 3ª coleta). Para obter a amostra, o profissional foi orientado a

abrir o Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha), remover o swab e posicioná-lo sob

a lateral da língua para estimular a salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que

ele se encontrava saturado de saliva, foi orientado a retirá-lo da boca e introduzi-lo

novamente no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o

material foi armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, e encaminhado ao laboratório

de análises clínicas da UNIJUÍ, com observação criteriosa quanto ao

armazenamento, transporte e análise das amostras. Os valores de referência foram:

das 6h às 10h – <0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às

00h30min – <0,20ug/dL, sendo o cortisol determinado através do método de análise

de Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse

resultado.

Foram coletadas três amostras de saliva por participante, enfermeiros que

atuam nos turnos da manhã e à tarde coletaram ao acordar, uma hora após

iniciarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Os

enfermeiros que atuam a noite coletaram as amostras ao acordar, no dia em que

iriam trabalhar e não tivessem trabalhado na noite anterior, e as demais amostras

uma hora após começarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de

encerrarem o seu plantão.

A análise estatística dessa pesquisa foi realizada com o programa Statistical

Package for Social Science (SPSS), versão 17.0. Os resultados obtidos com a

referida pesquisa são apresentados na sequência em forma de tabelas, gráficos e

medidas descritivas (limite inferior e superior, média e desvio padrão), de maneira a

facilitar a visualização e interpretação do leitor. Também foi aplicado o teste T de

Wilcoxon para comparar a relação entre as amostras.

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RESULTADOS

Os participantes da pesquisa compreenderam 53 enfermeiros, 75,5% do sexo

feminino, com idade média de 31 a 40 anos (58,5%), com companheiro (83%) e

filhos (66%). Quanto à saúde desses profissionais, 9,4% são hipertensos, 1,9%

cardiopatas, 1,9% com espondiloartropatia e o mesmo percentual referiu depressão.

Quanto ao cargo que esses profissionais ocupam na referida instituição, 62% deles

são supervisores, 17% são coordenadores de área e 20,8% são coordenadores e

também assumem funções assistenciais. Quanto ao tempo em que atuam na

referida instituição de assistência à saúde, a média é de 9,57 anos, e de atuação na

unidade é de 4,77 anos.

Na Tabela 1 é explicitado o resultado do coeficiente de correlação entre o

cortisol salivar dos participantes da pesquisa nos três momentos de aferição – ao

acordar, no início e ao término do trabalho, antes e depois da avaliação de

Acreditação.

Tabela 1 – Coeficiente de correlação entre os valores de cortisol em enfermeiros que

atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da

avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e

Junho/2019, Brasil, 2019

AA DA

Cortisol Acordar Início

Trabalho Final

Trabalho Acordar

Início Trabalho

AA

Acordar 1

Início Trabalho

0,112(0,424) 1

Final Trabalho

-0,063(0,656) 0,032(0,823) 1

DA

Acordar 0,067(0,636) 0,018(0,899) 0,159(0,255) 1

Início Trabalho

-0,192(0,168) 0,103(0,462) -0,203(0,144) -0,240 (0,084) 1

Final Trabalho

0,168(0,228) 0,441(0,001)* -0,034(0,810) -0,219(0,115) 0,246(0,076)

*Correlação significativa para p<0,01. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

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68

Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 1, evidencia-se que ocorreu

correlação significativa (p<0,01) entre os resultados do cortisol salivar, antes da

avaliação, no período do início do trabalho com o final do trabalho depois da

avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Os demais

resultados, antes e depois da avaliação, não obtiveram correlações estatisticamente

significativas nos diferentes períodos do dia em que foram analisadas as coletas de

saliva: ao acordar, no início e no final da jornada de trabalho. Sequencialmente são

mostrados esses resultados graficamente nos diferentes momentos de aferição do

cortisol salivar dos enfermeiros participantes da pesquisa. Nesses, constata-se a

subjetividade presente nas respostas individuais de cada participante, as quais

variaram consideravelmente, o que contribuiu para a não ocorrência de correlação

entre elas.

Nessa direção, ao correlacionar os valores do cortisol nos mesmos períodos

de coleta, antes com depois da avaliação, constata-se que não ocorreu correlação

entre eles. A partir desse resultado pode-se afirmar que a maneira como cada

profissional vivencia o momento de avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar é subjetivo, portanto, diverge de um para outro como

evidenciado na Figura 1.

Figura 1 – Correlação entre os valores médios de cortisol antes da avaliação com os

valores de cortisol depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do

estado do Rio Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019

Ao acordar

r=0,109; p=0,436

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

DA

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69

Início do trabalho

r=0,203; p=0,145 Final do trabalho

r=0,316; p=0,021

AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Já a Tabela 2 apresenta a frequência de sintomas de dor musculoesquelética

por região anatômica referida pelos participantes da pesquisa. Quando questionados

quanto à ocorrência desses sintomas nos últimos 12 meses, os locais em que eles

mais referiram dor foi região dos ombros, parte superior das costas e pescoço,

respectivamente. Alguns profissionais, porém, em menores percentuais, referiram

dor na parte inferior das costas, tornozelos/pés e punhos/mãos. Sobre as limitações

decorrentes desses sintomas, os enfermeiros referiram que a dor na parte inferior e

superior das costas foi a que mais os impossibilitou de realizar suas atividades.

Poucos foram os participantes da pesquisa que procuraram ajuda de algum

profissional de saúde em relação à ocorrência desse sintoma, porém a presença de

dor musculoesquelética na parte superior das costas, ombros e parte inferior das

0

0.2

0.4

0.6

0.8

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

DA

AA

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

DA

AA

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70

costas foram as que levaram mais enfermeiros a buscar ajuda com profissionais da

área.

Tabela 2 – Frequência de sintomas musculoesqueléticos, por região anatômica

antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação

Hospitalar em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do Rio

Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Sintomas musculoesqueléticos PDF IAN CPS PR

AA DA

Divisão do corpo N(%) N(%) N(%) N(%) N(%)

Pescoço 37(69,8) 5(9,4) 12(22,6) 18(34,0) 19(35,8)

Ombros 43(81,1) 8(15,1) 16(30,2) 24(45,3) 22(41,5)

Parte superior das costas

41(77,4) 9(17,0) 16(30,2) 24(45,3) 19(35,8)

Cotovelos 6(11,3) - 3(5,7) 2(3,8) 4(7,5)

Punhos/mão 20(37,7) 5(9,4) 6(11,3) 9(17,0) 3(5,7)

Parte inferior das costas

34(64,2) 10(18,9) 13(24,5) 13(24,5) 14(26,4)

Quadril/Coxas 17(32,1) 4(7,5) 6(11,3) 9(17,0) 12(22,6)

Joelhos 17(32,1) 6(11,3) 7(13,2) 7(13,2) 7(13,2)

Tornozelos/Pés 23(43,4) 3(5,7) 8(15,1) 10(18,9) 6(11,3)

PDF = nos últimos 12 meses teve problemas (como dor, formigamento/dormência); IAN = nos últimos 12 meses foi impedido de realizar atividades normais; CPS = nos últimos 12 meses consultou algum profissional da saúde; PR = nos últimos 7 dias teve algum problema; AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Ainda sobre os dados contidos na Tabela 2, constata-se que antes da

avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar, 45,3% dos

enfermeiros referiram dor nos ombros e na parte superior das costas e, após a

avaliação, esse percentual foi um pouco menor. Ao relacionar se os enfermeiros

sentiam mais dor antes ou depois da avaliação, foi verificado um pequeno aumento

em relação às regiões anatômicas quadril/coxas/joelhos (de 17% para 22,6%),

cotovelos (de 3,8% para 7,5%) e pescoço (de 34% para 35,8%) após a avaliação.

Nas demais regiões anatômicas os enfermeiros referiram sentir mais dor antes da

avaliação.

A análise estatística descritiva dos valores de cortisol segundo os sintomas

musculoesqueléticos referidos pelos participantes da pesquisa, nos últimos sete dias

que antecederam a avaliação de manutenção da Acreditação, é explicitada na

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71

Tabela 3. Nesta constata-se que os enfermeiros que referiram dor no pescoço antes

da avaliação apresentaram média dos níveis de cortisol mais elevada (0,436) ao

acordar do que nos outros períodos de coleta, início e final da jornada de trabalho.

Já, após a avaliação, o percentual de enfermeiros que referiu dor no pescoço

aumentou e a média do cortisol ao acordar diminuiu (0,324). Porém,

estatisticamente, essas médias de cortisol dos enfermeiros que referiram dor e

daqueles que não referiram não diferem entre si, pois o valor é maior que p>0,05.

Tabela 3 – Estatística descritiva e teste t do valor de cortisol segundo os sintomas

musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam em um

Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de

manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019,

Brasil, 2019

Sintomas osteomusculares

Horário coleta cortisol

Antes da Avaliação Depois da Avaliação

n

Média do

cortisol salivar

Desvio padrão

Teste t p-valor

n

Média do

cortisol salivar

Desvio padrão

Teste t p-valor

Pescoço

Não Acordar 35 0,392 0,188 0,482 34 0,343 0,204 0,774

Sim 18 0,436 0,223 19 0,324 0,246

Não Início 35 0,192 0,142 0,231 34 0,219 0,164 0,443

Sim Trabalho 18 0,279 0,284 19 0,183 0,165

Não Final 35 1,140 0,355 0,745 34 0,162 0,175 0,445

Sim Trabalho 18 1,110 0,323 19 0,210 0,235

Ombros

Não Acordar 29 0,347 0,178 0,017 31 0,331 0,207 0,863

Sim 24 0,479 0,204 22 0,342 0,237

Não Início 29 0,181 0,120 0,139 31 0,230 0,168 0,205

Sim Trabalho 24 0,270 0,267 22 0,173 0,155

Não Final 29 1,100 0,310 0,517 31 0,161 0,177 0,452

Sim Trabalho 24 1,170 0,381 22 0,205 0,226

Parte superior das

costas

Não Acordar 29 0,369 0,181 0,143 34 0,338 0,219 0,940

Sim 24 0,452 0,214 19 0,333 0,221

Não Início 29 0,182 0,103 0,151 34 0,224 0,165 0,291

Sim Trabalho 24 0,270 0,276 19 0,174 0,162

Não Final 29 1,100 0,310 0,517 34 0,186 0,220 0,713

Sim Trabalho 24 1,170 0,381 19 0,167 0,154

Cotovelos

Não Acordar 51 0,410 0,202 0,359 49 0,345 0,220 0,284

Sim 2 0,334 0,076 4 0,231 0,172

Não Início 51 0,206 0,167 0,547 49 0,211 0,168 0,258

Sim Trabalho 2 0,611 0,663 4 0,152 0,080

Não Final 51 1,140 0,348 0,582 49 0,173 0,189 0,643

Sim Trabalho 2 1,000 0,000 4 0,253 0,309

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72

Punhos ou mão

Não Acordar 44 0,417 0,210 0,298 50 0,340 0,219 0,672

Sim 9 0,359 0,131 3 0,266 0,231

Não Início 44 0,215 0,176 0,716 50 0,204 0,160 0,811

Sim Trabalho 9 0,255 0,316 3 0,245 0,259

Punhos ou mao

Não Final 44 1,160 0,370 0,206 50 0,181 0,203 0,672

Sim Trabalho 9 1,000 0,000 3 0,152 0,093

Parte inferior das

costas

Não Acordar 40 0,410 0,217 0,832 39 0,296 0,207 0,033

Sim 13 0,395 0,138 14 0,447 0,216

Não Início 40 0,204 0,157 0,761 39 0,220 0,169 0,274

Sim Trabalho 13 0,277 0,308 14 0,167 0,145

Não Final 40 1,100 0,304 0,841 39 0,202 0,224 0,165

Sim Trabalho 13 1,230 0,439 14 0,116 0,063

Quadril/ Coxas

Não Acordar 44 0,404 0,204 0,838 41 0,321 0,223 0,347

Sim 9 0,419 0,185 12 0,386 0,198

Não Início 44 0,216 0,175 0,761 41 0,210 0,172 0,317

Sim Trabalho 9 0,250 0,322 12 0,195 0,140

Não Final 44 1,140 0,347 0,841 41 0,184 0,215 0,632

Sim Trabalho 9 1,110 0,333 12 0,160 0,126

Joelhos

Não Acordar 46 0,395 0,192 0,411 46 0,353 0,222 0,079

Sim 7 0,481 0,249 7 0,225 0,151

Não Início 46 0,213 0,198 0,502 46 0,210 0,169 0,672

Sim Trabalho 7 0,280 0,242 7 0,185 0,137

Não Final 46 1,150 0,363 0,007 46 0,163 0,166 0,397

Sim Trabalho 7 1,000 0,000 7 0,283 0,343

Tornozelos/Pés

Não Acordar 43 0,422 0,202 0,221 47 0,349 0,223 0,121

Sim 10 0,339 0,182 6 0,234 0,143

Não Início 43 0,204 0,160 0,400 47 0,204 0,161 0,785

Sim Trabalho 10 0,299 0,334 6 0,228 0,196

Não Final 43 1,140 0,351 0,732 47 0,183 0,202 0,602

Sim Trabalho 10 1,100 0,316 6 0,143 0,167

Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Ainda sobre os dados contidos na Tabela 3, antes da avaliação, os

enfermeiros que referiram dor nos ombros apresentaram média de cortisol mais

elevada (0,479) em relação àqueles que não referiram dor (0,347), e a diferença

entre essas duas médias foi estatisticamente significativa (0,017). Já, após a

avaliação, o número de enfermeiros que referiu dor nos ombros foi menor, assim

como as médias dos níveis de cortisol daqueles que referiram dor e dos que não

referiram, a diferença entre essas duas médias não foi estatisticamente significativa

(p=0,863). Em relação à região anatômica da parte superior das costas, os

enfermeiros que referiram dor apresentaram médias de cortisol ao acordar mais

elevadas (0,452) do que aqueles que não referiram dor (0,369).

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73

Nesse sentido, antes da avaliação a média de cortisol das amostras referente

ao final do turno de trabalho foi estatisticamente significativa (p=0,007) entre aqueles

que referiram (1,000) e os que não referiram (1,150) dor nos joelhos. Já, após a

avaliação, uma relação estatisticamente significativa (p=0,033) foi observada entre

as médias dos níveis de cortisol ao acordar dos enfermeiros que referiram (0,447) e

daqueles que não referiram (0,296) dor na parte inferior das costas, o que

demonstra uma diferença significativa entre as médias. Ressalta-se que as demais

médias de cortisol comparadas pela dor referida pelos enfermeiros nas demais

regiões anatômicas contidas no instrumento não foram estatisticamente

significativas em nenhum dos três momentos em que o cortisol salivar foi aferido.

Ao finalizar a apresentação dos dados, a Tabela 4 apresenta os valores dos

níveis de cortisol abaixo e acima do valor de referência, segundo os sintomas

musculoesqueléticos referidos pelos enfermeiros participantes da pesquisa antes e

depois da avaliação. Nesta, verifica-se que a maioria dos enfermeiros encontrava-se

com o cortisol abaixo do valor de referência em todas as tentativas de relacionar

com a dor musculoesquelética, referida ou não, nas diferentes regiões anatômicas.

Tabela 4 – Cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias

referidos por enfermeiros atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande

do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação

Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Sintomas osteomusculares

Horário coleta cortisol

Antes da Avaliação Depois da Avaliação

Cortisol abaixo do valor de referência

Cortisol acima do valor de referência

Cortisol abaixo do valor de referência

Cortisol acima do valor de referência

Pescoço

Não Acordar 33(62,3) 2(3,8) 34(64,2) -

Sim 17(32,1) 1(1,9) 17(32,1) 2(3,8)

Não Início 26(49,1) 9(17,0) 22(41,5) 12(22,6)

Sim Trabalho 13(24,5) 5(9,4) 13(24,5) 6(11,3)

Não Final 30(56,6) 5(9,4) 26(49,1) 8(15,1)

Sim Trabalho 16(30,2) 2(3,8) 14(26,4) 5(9,4)

Ombros

Não Acordar 28(52,8) 1(1,9) 31(58,5) -

Sim 22(41,5) 2(3,8) 20(37,7) 2(3,8)

Não Início 22(41,5) 7(13,2) 19(35,8) 12(22,6)

Sim Trabalho 17(32,1) 7(13,2) 16(30,2) 6(11,3)

Não Final 26(49,1) 3(5,7) 24(45,3) 7(13,2)

Sim Trabalho 20(37,7) 4(7,5) 16(30,2) 6(11,3)

Parte Não Acordar 28(52,8) 1(1,9) 33(62,3) 1(1,9)

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74

superior das costas

Sim 22(41,5) 2(3,8) 18(34,0) 1(1,9)

Não Início 21(39,6) 8(15,1) 20(37,7) 14(26,4)

Sim Trabalho 18(34,0) 6(11,3) 15(28,3) 4(7,5)

Não Final 26(49,1) 3(5,7) 25(47,2) 9(17,0)

Sim Trabalho 20(37,7) 4(7,5) 15(28,3) 4(7,5)

Cotovelos

Não Acordar 48(90,6) 3(5,7) 47(88,7) 2(3,8)

Sim 2(3,8) - 4(7,5) -

Não Início 38(71,7) 13(24,5) 32(60,4) 17(32,1)

Sim Trabalho 1(1,9) 1(1,9) 3(5,7) 1(1,9)

Não Final 44(83,0) 7(13,2) 37(69,8) 12(22,6)

Sim Trabalho 2(3,8) - 3(5,7) 1(1,9)

Punhos ou mão

Não Acordar 41(77,4) 3(5,7) 48(90,6) 2(3,8)

Sim 9(17,0) - 3(5,7) -

Não Início 32(60,4) 12(22,6) 33(62,3) 17(32,1)

Sim Trabalho 7(13,2) 2(3,8) 2(3,8) 1(1,9)

Não Final 37(69,8) 7(13,2) 38(71,7) 12(22,6)

Sim Trabalho 9(17,0) - 2(3,8) 1(1,9)

Parte inferior das

costas

Não Acordar 37(69,8) 3(5,7) 38(71,7) 1(1,9)

Sim 13(24,5) - 13(24,5) 1(1,9)

Não Início 29(54,7) 11(20,8) 24(45,3) 15(28,3)

Sim Trabalho 10(18,9) 3(5,7) 11(20,8) 3(5,7)

Não Final 36(67,9) 4(7,5) 27(50,9) 12(22,6)

Sim Trabalho 10(18,9) 3(5,7) 13(24,5) 1(1,9)

Quadril/ Coxas

Não Acordar 42(79,2) 2(3,8) 39(73,6) 2(3,8)

Sim 8(15,1) 1(1,9) 12(22,6) -

Não Início 32(60,4) 12(22,6) 27(50,9) 14(26,4)

Sim Trabalho 7(13,2) 2(3,8) 8(15,1) 4(7,5)

Não Final 38(71,7) 6(11,3) 31(58,5) 10(18,9)

Sim Trabalho 8(15,1) 1(1,9) 9(17,0) 3(5,7)

Joelhos

Não Acordar 43(81,1) 3(5,7) 44(83,0) 2(3,8)

Sim 7(13,2) - 7(13,2) -

Não Início 35(66,0) 11(20,8) 30(56,6) 16(30,2)

Sim Trabalho 4(7,5) 3(5,7) 5(9,4) 2(3,8)

Não Final 39(73,6) 7(13,2) 35(66,0) 11(20,8)

Sim Trabalho 7(13,2) - 5(9,4) 2(3,8)

Tornozelos/Pés

Não Acordar 40(75,5) 3(5,7) 45(84,9) 2(3,8)

Sim 10(18,9) - 6(11,3) -

Não Início 31(58,5) 12(22,6) 31(58,5) 16(30,2)

Sim Trabalho 8(15,1) 2(3,8) 4(7,5) 2(3,8)

Não Final 37(69,8) 6(11,3) 35(66,0) 12(22,6)

Sim Trabalho 9(17,0) 1(1,9) 5(9,4) 1(1,9)

Pelo teste t da ocorrência de sintomas musculoesqueléticos cruzados com os valores de referência do cortisol AC e DC tiveram p>0,05 demonstrando que não existe relação significativa. Cortisol referência = coleta ao acordar <0,78ug/dl; coleta início do trabalho <0,24ug/dl; coleta final do trabalho <0,2ug/dl. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

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75

Ainda sobre os dados da Tabela 4, mais especificamente no que tange aos

profissionais que referiram dor nos ombros, foram os que apresentaram níveis de

cortisol acima dos valores de referência no início da jornada de trabalho (13,2%).

Essa mesma relação ocorreu com os que referiram dor na parte superior das costas

(11,2%) e no pescoço (9,4%).

DISCUSSÃO

A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina, característica

que reflete sua história (COSTA; FREITAS; HAGOPIAN, 2017). Não diferente, a

população desse estudo é, na maioria, mulheres, casadas e com filhos, perfil que

identifica uma força de trabalho que cada vez mais ganha espaço nesse mercado.

Brito et al. (2015) afirmam que mesmo com a carga de múltiplos turnos de trabalho,

ao dividir-se entre carreira e atribuições domésticas, a mulher consegue romper com

o sistema patriarcal e conquistar posições de liderança nas empresas.

Ainda em relação ao perfil sociodemográfico, com o delineamento clínico dos

participantes do estudo, é possível afirmar que a maioria dos enfermeiros apresenta

boas condições de saúde, porém, dentre aqueles que mencionaram ter doenças,

essas podem estar relacionadas com a exposição contínua a inúmeros estressores

ocupacionais no âmbito hospitalar. Diversos autores afirmam que a exposição

contínua a um estressor pode acarretar prejuízos à saúde do profissional, tais como

fadiga, depressão, distúrbios do sono, transtornos psicossomáticos, hipertensão,

lesões por esforços repetitivos e Síndrome de Burnout (CHAISE et al., 2018;

ESTEVES; LEÃO; ALVES, 2019; MALDONADO et al., 2019).

Quanto à correlação entre níveis de cortisol dos enfermeiros nos diferentes

períodos de coleta, antes e após a avaliação não ser estatisticamente significativa,

mostra que a subjetividade de cada participante interfere nas respostas ao estresse

vivenciado, ou seja, cada um percebe os estressores de forma diferente e também o

organismo responde diferente. Ribeiro (2017) vem ao encontro dessas colocações

ao afirmar que os estressores ocupacionais impactam de forma diferente em cada

profissional, e que fatores relacionados a estrutura psicológica de cada enfermeiro o

diferencia na percepção do estresse em diferentes proporções. Schiesari (2014)

complementa ao se reportar a Acreditação Hospitalar, a qual é um processo que

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requer engajamento dos profissionais em prol das práticas de qualidade e segurança

do paciente e que está é uma preocupação e um constante desafio.

No que tange a dor nas diferentes regiões anatômicas, os participantes da

pesquisa referiram sentir com maior intensidade nos ombros, parte superior das

costas e pescoço. Dados semelhantes a esse estudo foram encontrados por Cargnin

et al. (2019) em pesquisa com 301 trabalhadores de enfermagem em um hospital de

Santa Catarina. Os autores constataram que nos últimos 12 meses, 51,4% dos

profissionais apresentaram dor lombar, seguido por 46,1% com dor no ombro e

40,9% na região cervical. Em relação aos últimos sete dias, 40,3% referiram dor na

região cervical e 34,7% nos ombros. Os dados da pesquisa também vêm ao

encontro da presente pesquisa, ora analisada, quanto à incapacidade que pode

ocorrer devido à dor na região lombar. Outro estudo com achados semelhantes foi

realizado em Tartu, na Estônia, por Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016), os quais

evidenciaram que 56% dos enfermeiros apresentaram dor no pescoço no ano que

antecedeu a pesquisa. Eles afirmam também que problemas de saúde mental e

sintomas de estresse foram associados à dor musculoesquelética, de forma

estatisticamente significativa.

Avalia-se que o fato de a dor ter sido identificada por um quantitativo maior

dos enfermeiros antes da avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação

Hospitalar nas regiões dos ombros, parte superior das costas, cotovelos, parte

inferior das costas e quadril e coxas, mostra que isso pode estar relacionado à

tensão e ao estresse vivenciado por eles e decorrente dos respectivos processos de

avaliação. Nesse sentido, Schiesari (2014) se reporta às avaliações de certificação

como estressantes aos profissionais e, inclusive, vai além ao pontuar que é

frequente que perturbações relacionadas a essa experiência sejam expressas

também com sentimentos de “depressão pós acreditação”. Na presente pesquisa

constatou-se um pequeno percentual de enfermeiros que apresentaram níveis de

cortisol acima do valor de referência, nos três períodos de coleta (ao acordar, início

do trabalho e final do trabalho), após a avaliação. Nesse sentido, Farias e Araújo

(2017) argumentam que a sobrecarga dos profissionais durante o processo pode ser

amenizada com uma boa comunicação entre gestores e profissionais. Siman et al.

(2015) complementam ao afirmarem que estímulos de recompensa são positivos e

que as instituições devem focar efetivamente no desenvolvimento e valorização dos

trabalhadores para o alcance da Acreditação. Concorda-se com os posicionamentos

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dos autores, pois a enfermagem está diretamente implicada nas diferentes etapas

que integram o processo de Acreditação Hospitalar, portanto certamente vivencia o

estresse e os efeitos dele decorrentes.

Na construção dessa pesquisa identificou-se lacuna de conhecimento

evidenciada por escassa produção científica sobre essa temática, em especial sobre

estresse ocupacional, cortisol salivar e dor. Nos estudos encontrados, estresse e dor

musculoesquelética foram relacionados às altas demandas físicas e psicológicas

inerentes ao trabalho do enfermeiro (FREIMANN; PÄÄSUKE; MERISALU, 2016;

GUAN et al., 2019). Chaise et al. (2018) pontuam que profissionais expostos ao

estresse ocupacional são mais propensos a desenvolver dor musculoesquelética.

Nesse estudo, ao relacionar estresse ocupacional, níveis de cortisol salivar e dor

musculoesquelética, não houve correlação forte entre as variáveis. No entanto, os

inúmeros momentos de avaliação decorrentes da Acreditação Hospitalar (auditorias

internas, auditorias externas, autoavaliação, etc.) somam-se aos estressores do dia

a dia e, gradativamente, acomete a saúde do profissional, evidenciado nesse estudo

pela presença de dor musculoesquelética. Cargnin et al. (2019) afirmam que fatores

psicossociais podem influenciar na percepção e no limiar de dor dos profissionais.

Em seu estudo, elas constataram associação significativa entre dor

musculoesquelética e fadiga crônica em enfermeiros. As autoras ainda

complementam que as demandas físicas do trabalho estressam e fadigam a

musculatura, porém o cansaço e sobrecargas psicológicas interferem na capacidade

de trabalho e podem deixar o profissional mais exposto a doenças ocupacionais.

Karino et al. (2015) e Cargnin et al. (2019) afirmam que o aumento das

exigências decorrente dos avanços tecnológicos e do advento das competitividade e

lucratividade nas instituições de saúde, inevitavelmente resulta em pressões para o

alcance de metas e aumento da produtividade o que acomete a saúde dos

profissionais e sua qualidade de vida. Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016)

complementam ao afirmarem que a resposta aos estressores vivenciados

compreende aspectos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, com o objetivo de

propiciar melhor percepção da situação assim como suas demandas. Diversas

situações estressoras ocorrem no cotidiano de trabalho do enfermeiro, suas reações

variam de profissional para profissional, assim como suas reações e enfrentamento.

Nesse sentido, é comum ocorrer sintomas e manifestações psicopatológicas

inespecíficas tais como sinais indicativos de depressão ou ansiedade.

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Esses resultados da pesquisa ora analisada são instigantes e ao mesmo

tempo nos rementem a reflexões e discussões que culminam com a possibilidade de

indicação de caminhos a serem percorridos por enfermeiros, gestores e/ou

assistenciais com vistas a ampliar competências e habilidades para um melhor

enfrentamento do estresse ocupacional e dos efeitos dele decorrentes, tanto físicos

quanto psíquicos, muitas vezes irreparáveis.

CONCLUSÃO

Os processos de avaliação que integram a Acreditação de uma instituição de

assistência à saúde, são estressantes para os enfermeiros, mesmo diante de

resultados que não se mostraram estatisticamente significativos. Porém, isso não

significa que sejam menos importantes, pois já existem sintomas de dor presentes e

que podem sim serem relacionadas ao estresse vivenciado no âmbito hospitalar e

reconhecido por vários autores.

A atuação dos enfermeiros é fundamental para manutenção da Certificação

de Acreditação Hospitalar, portanto requerem atenção especial, ou seja, ações

educativas com vistas a ampliar a compreensão sobre estresse ocupacional, cortisol

salivar e dor de maneira a melhor prepará-los para um enfrentamento mais

adequado de modo a se manterem saudáveis e prevenir a ocorrência de doenças

físicas e psíquicas.

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7 MANUSCRITO III

Análise do estresse, dor musculoesquelética e resiliência em enfermeiros

frente os processos de Acreditação Hospitalar

RESUMO

Introdução: os enfermeiros, durante o processo de Acreditação Hospitalar,

vivenciam sobrecarga em suas atividades ocupacionais que resulta em aumento nos

níveis de estresse psicológico e fisiológico e compreende fator de risco para sua

saúde, evidenciado através de dor musculoesquelética. A necessidade de o

enfermeiro desenvolver características psíquicas e físicas que aumente sua

capacidade de resiliência é fator importante para se manterem saudáveis. Objetivo:

associar dor musculoesquelética, estresse fisiológico e psicológico e resiliência dos

enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar em uma instituição hospitalar do Noroeste do estado do Rio

Grande do Sul. Metodologia: estudo quantitativo, quase experimental, com 53

enfermeiros. A coleta de dados ocorreu em março e em julho de 2019, nos períodos

antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação

Hospitalar Nível 2. Os dados foram coletados com instrumento de variáveis

sociodemográficas, clínicas e ocupacionais, Escala de Bianchi de Stress, cortisol

salivar, Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares e Escala de Resiliência.

Para a análise estatística utilizou-se o software Statistical Package for Social

Sciences, versão 17.0. Foram utilizadas variáveis descritivas (limite inferior e

superior, média, desvio padrão e coeficiente de variação), teste Qui-Quadrado, teste

t, teste exato de Fisher, correlação de Pearson e coeficiente de correlação de

Spearman. Resultados: a maioria dos participantes do estudo era do sexo feminino

e apresentavam boas condições de saúde, porém apresentaram médios níveis de

estresse, tanto antes como depois da avaliação. Quanto à dor musculoesquelética, a

maioria dos que referiram dor encontravam-se em médio nível de estresse, nos dois

momentos de avaliação, o que exige atenção. Já a capacidade de resiliência

mediana da maioria dos enfermeiros representa um fator positivo para saúde desses

profissionais e, o fato de ter aumentado depois da avaliação, demonstra que os

estressores vivenciados pelos enfermeiros foram enfrentados de maneira adequada.

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Conclusão: o estresse ocupacional é vivenciado pelos enfermeiros durante os

processos que integram a Acreditação Hospitalar e pode comprometer sua saúde

física, psíquica e a qualidade da assistência. Evidenciou-se que a individualidade

permeia a percepção do estresse e há necessidade de planejamento e

implementação de ações, coletivas e individuais, no intuito de ajudar os enfermeiros

para um melhor enfrentamento e promover a resiliência.

Descritores: Enfermeiro. Resiliência Psicológica. Estresse Ocupacional. Cortisol

Salivar. Dor Musculoesquelética.

INTRODUÇÃO

A Acreditação Hospitalar é uma forma de avaliação com base na qualidade e

segurança da assistência nas instituições de saúde, conforme padrões previamente

estabelecidos e com foco na educação permanente e oportunidades de melhoria

(ONA, 2018). O interesse das instituições de saúde em buscar certificações

nacionais ou internacionais cresce na medida em que os desafios na área da saúde

tornam-se mais complexos e dinâmicos. Andres et al. (2019) pontuam que as

organizações de assistência à saúde tendem a serem bem-sucedidas na medida em

que adotam cultura de colaboração, flexibilidade e gestão de riscos e, dessa forma,

focam na qualidade, segurança e sustentabilidade.

Enfermeiros têm importante papel no sucesso das instituições que buscam

Certificações de Acreditação. Características da profissão permitem empoderá-los

diante dos processos de trabalho e na construção de evidencias positivas, que

fundamentam essa metodologia (GABRIEL et al., 2018). Porém, vários autores

indicam a necessidade de um olhar atento à saúde desses profissionais devido às

exigências inerentes a esse processo, mais especificamente, a tensão e sobrecarga

(SCHIESARI, 2014; GABRIEL et al., 2018). Nesse sentido, Souza, Silva e Costa

(2018) se reportam ao estresse ocupacional como um processo no qual o

profissional interpreta as demandas/exigências do trabalho como estressoras, e

essas excedem sua capacidade de superá-las, o que compromete a sua saúde.

O estresse causa desequilíbrio no organismo que é controlado pelo sistema

nervoso autônomo em decorrência de estímulos externos e internos. Selye (1956)

descreve as fases de evolução do estresse como: alarme, resistência e adaptação e,

a exaustão, que ocorre em situações mais graves e impacta em diversos sistemas

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do corpo humano. Veiga et al. (2019) pontuam que na exposição prolongada ao

estresse, sistemas como eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e o sistema

nervoso autônomo estimulam hormônios, como o cortisol, que, em excesso,

prejudicam o sistema imunológico. Nesse sentido, o cortisol é considerado um

importante biomarcador do estresse, utilizado em diversos estudos (ASSIS;

RESENDE; MARZIALE 2018; VEIGA et al., 2019) Almeida e Dumith (2018)

explicitam que o estresse causa no organismo reações semelhantes às provocadas

pelas substâncias tóxico-químicas, relacionadas à perda da homeostase de diversos

sistemas do corpo humano. Nesse ínterim, muitos autores associam o estresse a dor

musculoesquelética percebida pelos enfermeiros diante situações estressoras

(EATOUGH; WAY; CHANG, 2012; MALMBERG-CEDER et al., 2017; ALMEIDA;

DUMITH 2018; CARGNIN et al., 2019). Cargnin et al. (2019) pontuam que as

adversidades enfrentadas por esses profissionais, em seu cotidiano de trabalho são

relacionadas às cargas físicas e psíquicas, que os predispõe à riscos a saúde e,

também, alteram sua percepção à dor. O que vem ao encontro com as colocações

de Leonelli et al. (2017) ao afirmarem que a dor musculoesquelética e o estresse

são sensações individuais que emergem em decorrência da subjetividade do

indivíduo.

Cruz et al. (2018) reportam-se a necessidade do profissional desenvolver

características psíquicas e físicas que o possibilite ser resiliente frente as

adversidades do trabalho. Oliveira e Nakano (2018) pontuam que a resiliência, no

âmbito da psicologia, é a capacidade que a pessoa tem de lidar com problemas,

adapta-se a mudanças, resistir às pressões e superar as adversidades, sem sofrer

abalo psicológico, emocional ou físico, através de estratégias de enfrentamento.

Nesse sentido, a capacidade de resiliência pode contribuir com os enfermeiros a

superar os estressores decorrentes das auditorias de Certificação de Acreditação

Hospitalar e, também, as dores musculoesqueléticas, referidas por eles, decorrentes

das pressões vivenciadas nesse período.

A presente pesquisa buscou associar dor musculoesquelética, estresse

fisiológico e psicológico e resiliência dos enfermeiros antes e depois da avaliação de

manutenção da Certificação de Acreditação na referida instituição de assistência à

saúde. E, a partir desses dados, conhecer como os enfermeiros reagem aos

estressores inerentes ao processo, contribuir com o conhecimento dos profissionais

sobre o tema e, também, permitir que enfermeiros e gestões, possam trabalhar

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estratégias para manter a saúde dos profissionais e alcançar os objetivos

institucionais.

METODOLOGIA

Estudo quantitativo, quase experimental (LACERDA; COSTENARO, 2018),

desenvolvido em um hospital filantrópico de porte IV, situado na região noroeste do

estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram convidados a participar do estudo todos

os enfermeiros que estivessem de acordo com os critérios de inclusão, que foram:

ser enfermeiro e atuar na referida instituição; excluíram-se aqueles que no decorrer

da coleta de dados estavam em férias, atestado ou licença maternidade, gestantes,

em tratamento com corticosteroides e com diagnóstico de Doença de Addison. Após

a aplicação desses critérios a população final foi de 53 enfermeiros. Este estudo

integra a dissertação de mestrado “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência

em enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de

Acreditação Hospitalar”. Aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, parecer n°

3.085.366, CAAE n° 03781418.1.0000.5322.

A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos, antes a depois da

avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. A

primeira coleta em março e a segunda em junho de 2019. Para tal, foram utilizados

os seguintes instrumentos de coleta de dados: questionário com variáveis

sociodemográficas, ocupacionais e clínicas; Escala de Bianchi de Stress (EBS);

Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO); Escala de Resiliência;

e o cortisol salivar.

A Escala de Bianchi de Stress (EBS), foi construída e validada por Bianchi

(2009). Ela integra dados de categorização e 51 itens que descrevem atividades do

trabalho do enfermeiro, reunidas em seis domínios: Domínio A – Relacionamento

com outras unidades e supervisores; Domínio B – Funcionamento adequado da

unidade; Domínio C – Administração de pessoal; Domínio D – Assistência de

enfermagem prestada ao paciente; Domínio E – Coordenação das atividades;

Domínio F – Condições de trabalho. O nível do estresse do enfermeiro resulta da

soma dos 51 itens, pontuados em uma escala Likert, de 1 a 7. O valor 1 refere-se a

atividade pouco desgastante, 4 médio, 7 altamente desgastante e zero quando o

enfermeiro não executa a atividade. Com a EBS é possível analisar o escore total de

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estresse do enfermeiro, escore médio para cada item (estressor) e escore para cada

Domínio (BIANCHI, 2009).

Para verificar o escore total, a soma varia de 51 (quando o enfermeiro

assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357 pontos (7 pontos

quando muito desgastante), e quanto ao total de respostas, zero corresponde

nenhum nível de estresse; de um a 119 corresponde baixo nível de estresse; de 120

a 238, médio; e de 239 a 357, alto nível de estresse (KIRHHOF et al., 2016).

Para identificar a intensidade dos estressores para grupos de enfermeiros,

realiza-se o escore médio. Bianchi (2009) explica que se soma os itens assinalados

pelo grupo em questão e, em seguida, subtrai o número de zeros marcados, assim,

obtém-se um total real desse estressor. Para obter o escore médio para um

determinado grupo, divide-se o total real do estressor assinalados pelo número de

respondentes que marcaram escores que não fossem 0 naquele item. O resultado é

a média real para cada item, que varia de 1,0 a 7,0.

Ainda com a EBS é possível identificar o escore para cada domínio, a partir

da soma dos escores dos itens de cada domínio e, o valor encontrado, divide-se

pelo número de itens. Este varia de 1,0 a 7,0: igual ou abaixo de 3,0 – baixo nível de

estresse; entre 3,1 a 5,9 – médio; igual ou acima de 6,0 – alto nível de estresse. O

qual permite identificar qual o estressor que de forma mais intensa é percebido por

cada enfermeiro (BIANCHI, 2009).

Para identificar a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos nos

enfermeiros foi utilizado o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares

(QNSO), traduzido e validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em

2002. É um instrumento autoaplicável, com respostas “SIM” ou “NÃO”, conforme a

percepção dos participantes quanto aos sintomas e sua atividade laboral, em 10

regiões anatômicas, 12 meses e sete dias que antecedem a avaliação (PINHEIRO;

TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). Os autores salientam que o respectivo instrumento

restringe-se a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos sem destaque para

severidade ou frequência e destacam uma fragilidade, quanto a dados faltosos,

quando o respondente deixa de assinalar a resposta “NÃO” ao referir-se que não

apresenta o sintoma na região em questão.

A resiliência dos enfermeiros foi avaliada a partir da Escala de Resiliência

(ER), desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993,

traduzida e validada para o português por Pesce et al. (2005). Verifica o nível de

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adaptação psicossocial positiva do indivíduo diante de situações importantes da

vida. Integram o instrumento 25 itens, em escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2

(discordo muito); 3 (discordo pouco); 4 (nem concordo, nem discordo); 5 (concordo

pouco); 6 (concordo muito) e 7 (concordo totalmente). A soma de cada item varia

entre 25 pontos para menor resiliência e 175 pontos para elevada resiliência

(PESCE et al., 2005) e são classificados como: baixa resiliência, pontuação menor

que 121; média resiliência, pontuação de 121 a 146; e alta resiliência, pontuação

acima de 147 (NAVARRO-ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018). A

ER compreende três fatores: Fator I – 14 itens referentes a resoluções de ações e

valores (descritos nos itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II –

6 itens, caracterizados por independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7,

9, 11, 13 e 22); e Fator III – 5 itens, caracterizados por autoconfiança e capacidade

de adaptação a situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20).

Já o cortisol foi coletado a partir de três amostras de saliva. Cada participante

foi orientado a coletar três amostras. Enfermeiros que atuam nos turnos da manhã e

à tarde coletaram ao acordar, uma hora após iniciarem sua jornada de trabalho e

uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Os enfermeiros que atuam de noite

coletaram as amostras ao acordar, no dia em que iriam trabalhar e não tivessem

trabalhado na noite anterior, e as demais amostras, uma hora após começarem sua

jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Foi-lhes

entregue um kit que continha: três tubos Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha)

devidamente identificados com o número do participante e horário de coleta, (1ª, 2ª

ou 3ª coleta); orientações quanto o passo a passo da coleta; e o documento de

identificação das amostras para o laboratório. As informações referiam-se a: ingerir

dieta leve no café da manhã; não ingerir alimentos, bebidas (exceto água) ou fumar

por trinta minutos antes da coleta; lavar a boca com água com bochechos leves

antes de realizar a coleta; não realizar a coleta se apresentar lesões orais com

presença de sangramento ativo ou potencial; não ter se submetido a tratamento

dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não escovar os dentes nas últimas 3

horas que antecederam a coleta a fim de evitar sangramento gengival e não ter

ingerido álcool nas 12 horas (DALRI et al., 2014).

Para obter a amostra, cada enfermeiro foi orientado a abrir o Salivette

(Salivette®, Sarstedt, Alemanha), remover o swab e posicioná-lo sob a lateral da

língua para estimular salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que o mesmo se

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encontrava saturado de saliva, foi orientado retirar da boca e introduzir novamente

no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o material foi

armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, em recipientes térmicos indicados pelas

coletadoras e encaminhado ao laboratório de análises clínicas da UNIJUÍ, com

observação criteriosa quanto ao armazenamento, transporte e análise das amostras.

Os valores de referência, para o cortisol salivar, foram disponibilizados pelo

laboratório Álvaro, o qual analisou as amostras deste estudo sendo: das 6h às 10h –

<0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min –

<0,20ug/dL, o cortisol foi determinado através do método de análise de

Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse resultado.

Os dados que integram essa pesquisa constituíram um banco de dados que

com o auxílio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão

17.0, e foram analisados. As variáveis descritivas foram exibidas com frequências

absolutas (n) e relativas (%) (limite inferior e superior, média, desvio padrão e

coeficiente de variação). Para cruzar as variáveis foram utilizados os seguintes

testes: teste Qui-Quadrado, que considerou correlação significativa p<0,05; teste t,

(não significativo p>0,05); teste exato de Fisher, para aferir a significância estatística;

correlação de Pearson para verificar o grau de correlação; e coeficiente de

correlação de Spearman, para medir a intensidade da relação entre as variáveis.

Para favorecer a visualização e interpretação do leitor, os resultados foram

apresentados em forma de tabelas.

RESULTADOS

Participaram dessa pesquisa 53 enfermeiros, desses, a maioria (75,5%) do

sexo feminino e 58,5% com média de idade entre 31 a 40 anos, 83% afirmaram viver

com companheiro e 66% deles possuem filhos. Os participantes atuam em uma

instituição de assistência à saúde com média de 9,5 anos, 30,2% atuam nos turnos

manhã e tarde, 20,8% à noite. Mais da metade (62,3%) atua na supervisão das

atividades das unidades, representada por atividades assistenciais ao paciente, 20%

deles agregam função de coordenação com assistencial, os demais (17%) atuam

exclusivamente como coordenadores. Em relação à carga horária desses

profissionais, mais da metade (54,7%) cumpre 36 horas semanais, 39,6% mais que

36 horas e os demais cumprem uma jornada menor.

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Os dados contidos na Tabela 1 explicitam as doenças que acometem os

enfermeiros participantes do estudo. A maioria usa medicação contínua e afirma não

ter doença alguma. Dos que referiram ter uma enfermidade, os maiores percentuais

foram referentes à hipertensão, cardiopatia, espondiloartropatia e depressão.

Tabela 1 – Características da saúde dos enfermeiros que atuam em um Hospital do

interior do estado do Rio Grande do Sul – Março/2019, Brasil, 2019

Características n %

Portador de doença Sim 7 13,2

Não 44 86,8

Qual

Depressão 1 1,9

Espondiloartropatia 1 1,9

HAS 4 7,5

HAS, Cardiopata 1 1,9

Uso de medicação Sim 20 37,7

Não 33 62,3

Total 53 100,0

Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Sequencialmente, na Tabela 2, é relacionado o estresse percebido, com o

uso da EBE e a resiliência dos enfermeiros participantes do estudo, antes e depois

da avaliação de manutenção da Acreditação Hospitalar. Com base nessa

associação é possível afirmar que um quantitativo maior de enfermeiros encontrava-

se em níveis de estresse e resiliência médios, antes e depois da avaliação.

Chama atenção os elevados percentuais de enfermeiros que apresentavam

alta resiliência, 26,4% antes da avaliação e 35,8% depois da avaliação, com

destaque ao fato de ter ocorrido aumento da resiliência dos enfermeiros depois da

avaliação.

Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 2, o resultado do teste Qui-

Quadrado mostra que não existe relação estatisticamente significativa entre estresse

percebido e resiliência (p>0,05) dos profissionais, nos dois momentos em que foram

avaliados.

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Tabela 2 – Frequência da Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala

de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do

estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da

Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Momento da coleta Escala Bianchi de

Stress (EBS) Resiliência

Baixo Médio Alto Total

AA*

Baixo 5(9,4) 10(18,9) 7(13,2) 22(41,5)

Médio 3(5,7) 21(39,6) 7(13,2) 31(58,5)

Total 8(15,1) 31(58,5) 14(26,4) 53(100)

DA*

Baixo 3(5,7) 7(13,2) 10(18,9) 20(37,7)

Médio 7(13,2) 17(32,1) 9(17,0) 33(62,3)

Total 10(18,9) 24(45,3) 19(35,8) 53(100)

*Teste Qui-Quadrado não significativo p>0,05. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

A escala de resiliência compreende três fatores e, na Tabela 3, para cada um

desses foi aplicada estatística descritiva dos escores, divididos conforme os níveis

de estresse em que os participantes se encontravam, de maneira a possibilitar a

realização do Teste t e assim, verificar diferença entre a média dos que estavam

com baixo e médio nível de estresse. Com o referido teste constatou-se que não

existe diferença estatisticamente significativa entre níveis de estresse dos

participantes em cada um dos fatores da Escala de Resiliência nos dois momentos

de avaliação.

Antes da avaliação para manutenção da Certificação, no Fator 1, as médias

da resiliência variaram pouco em relação ao baixo e médio nível de estresse (82,5

para baixo nível e 80,52 para médio nível de estresse). Evidencia-se também que o

Coeficiente de Variação foi de 8,44 e 6,50, respectivamente, o que demonstra

pequena oscilação do valor do escore da resiliência para cada participante. Nos

demais fatores, os valores referentes ao coeficiente de variação também ficaram

abaixo de 30%, o que demonstra ter ocorrido variabilidade homogênea dos escores

da resiliência em relação à média da mesma para todos os enfermeiros.

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Tabela 3 – Estatística de Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala

de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do

estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da

Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Momento da coleta

Resiliência EBS

Nível de estresse

Estatística descritiva Teste t p-valor N Li Ls Média DP CV(%)

AA

Fator 1

Baixo 22 63 96 82,50 6,96 8,44 0,241

Médio 31 69 90 80,52 5,23 6,50

Total 53 63 96 81,34 6,03 7,41

Fator2

Baixo 22 11 37 25,45 6,74 26,47 0,317

Médio 31 18 34 26,97 4,17 15,45

Total 53 11 37 26,34 5,38 20,42

Fator3

Baixo 22 9 34 28,50 5,29 18,56 0,149

Médio 31 25 35 30,16 2,91 9,65

Total 53 9 35 29,47 4,11 13,94

Total

Baixo 22 114 166 136,45 14,04 10,29 0,716

Médio 31 115 154 137,65 9,64 7,00

Total 53 114 166 137,15 11,56 8,43

DA

Fator 1

Baixo 20 70 95 83,30 7,49 8,99 0,283

Médio 33 65 94 81,09 7,00 8,63

Total 53 65 95 81,92 7,20 8,79

Fator2

Baixo 20 22 40 27,35 4,74 17,32 0,933

Médio 33 9 42 27,21 6,35 23,33

Total 53 9 42 27,26 5,75 21,07

Fator3

Baixo 20 24 33 29,55 2,63 8,88 0,429

Médio 33 19 34 28,88 3,16 10,94

Total 53 19 34 29,13 2,96 10,17

Total

Baixo 20 117 165 140,20 12,68 9,04 0,422

Médio 33 109 165 137,18 13,43 9,79

Total 53 109 165 138,32 13,11 9,48

Li = limite inferior; Ls = limite superior; DP = desvio padrão; CV = coeficiente de variação. Resiliência: Fator I (Resoluções de ações e valores); Fator II (Independência e determinação); e Fator III (Autoconfiança e capacidade de adaptação a situações). Não significativo p>0,05. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Na Tabela 4 é apresentada a relação entre os sintomas musculoesqueléticos

referidos nos últimos sete dias, com níveis de estresse percebido pelos enfermeiros

ao responderem a EBS nos dois momentos, antes e depois da avaliação para a

manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Nesta constata-se que o

resultado do teste exato de Fisher, entre dor referida nas diferentes regiões

anatômicas, quando relacionada com os níveis de estresse (baixo e médio), não

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91

ocorreu relação estatisticamente significativa entre eles, nos dois momentos de

aferição.

Tabela 4 – Nível de estresse total da Escala de Bianchi de Stress (EBS) segundo os

sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que

atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da

avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e

Junho/2019, Brasil, 2019

Sintomas osteomusculares

Antes da Acreditação Depois da Acreditação

EBS - Nível de estresse EBS - Nível de estresse

Baixo Médio *p-valor Baixo Médio *p-valor

Pescoço Não 16(30,2) 19(35,8) 0,557 15(28,3) 19(35,8) 0,247

Sim 6(11,3) 12(22,6) 5(9,4) 14(26,4)

Ombros Não 15(28,3) 14(26,4) 0,161 14(26,4) 17(32,1) 0,253

Sim 7(13,2) 17(32,1) 6(11,3) 16(30,2)

Parte superior das costas

Não 15(28,3) 14(26,4) 0,161 15(28,3) 19(35,8) 0,247

Sim 7(13,2) 17(32,1) 5(9,4) 14(26,4)

Cotovelos Não 22(41,5) 29(54,7) 0,505 20(37,7) 29(54,7) 0,285

Sim - 2(3,8) - 4(7,5)

Punhos ou mão

Não 20(37,7) 24(45,3) 0,277 20(37,7) 30(56,6) 0,282

Sim 2(3,8) 7(13,2) - 3(5,7)

Parte inferior das costas

Não 18(34,0) 22(41,5) 0,520 16(30,2) 23(43,4) 0,527

Sim 4(7,5) 9(17,0) 4(7,5) 10(18,9)

Quadril/Coxas Não 21(39,6) 23(43,4) 0,064 17(32,1) 24(45,3 0,500

Sim 1(1,9) 8(15,1) 3(5,7) 9(17,0)

Joelhos Não 18(34,0) 28(52,8) 0,431 18(34,0) 28(52,8) 0,697

Sim 4(7,5) 3(5,7) 2(3,8) 5(9,4)

Tornozelos/ Pés

Não 20(37,7) 23(43,4) 0,116 18(34,0) 29(54,7) 0,999

Sim 2(3,8) 8(15,1) 2(3,8) 4(7,5)

Teste exato de Fisher, relação significativa para p<0,05. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 4, constata-se que as

frequências de dor musculoesquelética e estresse segundo a EBS, em todas as

regiões anatômicas que contemplam o instrumento, a maioria dos que referiram dor

encontravam-se em médio nível de estresse, nos dois momentos de avaliação.

Finalizando a apresentação dos dados, na Tabela 5 é apresentada a

correlação dos Domínios da EBS, resiliência e níveis de cortisol salivar nos três

horários de coleta, nos dois períodos de coleta de dados dessa pesquisa, antes e

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depois da avaliação para a manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar.

Os resultados permitem afirmar que não existe correlação entre essas variáveis.

Tabela 5 – Coeficiente de correlação dos domínios da Escala Bianchi de Stress

(EBS), resiliência e o cortisol em enfermeiros, antes e depois da visita de

manutenção da Certidão de Acreditação Hospitalar, que atuam em um Hospital do

interior do estado do Rio Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019

Domínios EBS**

Cortisol AA Cortisol DA

AC IT TT R ACr IT TT R

A r 0,183 -0,034 0,150 -0,052 0,016 0,054 0,022 -0,096

p-valor 0,190 0,806 0,284 0,712 0,911 0,702 0,876 0,494

B r 0,124 -0,228 -0,003 0,031 0,068 0,158 -0,208 0,037

p-valor 0,375 0,100 0,982 0,824 0,630 0,259 0,134 0,791

C r -0,008 -0,099 -0,084 0,144 0,149 -0,219 0,001 -0,011

p-valor 0,952 0,482 0,550 0,303 0,287 0,116 0,996 0,935

D r 0,016 -0,079 0,051 -0,035 -0,105 -0,100 0,027 -0,072

p-valor 0,907 0,574 0,718 0,804 0,463 0,485 0,851 0,613

E r -0,083 -0,048 0,091 -0,037 0,050 0,078 -0,109 -0,147

p-valor 0,556 0,730 0,519 0,791 0,725 0,578 0,437 0,294

F r 0,069 -0,138 0,114 -0,144 0,040 -0,094 -0,139 -0,263

p-valor 0,621 0,323 0,416 0,304 0,778 0,502 0,320 0,057

Total r 0,085 0,001 -0,062 -0,020 0,033 -0,051 -0,006 -0,099

p-valor 0,545 0,992 0,659 0,886 0,812 0,716 0,963 0,482

R*** r -0,056 0,055 0,078 1 0,091 -0,031 -0,072 1

p-valor 0,689 0,697 0,580 - 0,516 0,824 0,606 -

*Correlação significativa com p<0,05; **Correlação de Spearman; ***Correlação de Pearson. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar; AC = ao acordar; IT = início do trabalho; TT = término do trabalho; R = resiliência; A = Relacionamento com outras unidades e supervisores; B = Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade; C = Atividades relacionadas à administração de pessoal; D = Assistência de enfermagem prestada ao paciente; E = Coordenação das atividades da unidade; F = condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.

Também na Tabela 5, o teste de correlação de Pearson demonstrou que as

médias não têm o mesmo comportamento, o que indica que cada indivíduo

responde de forma diferente ao estresse vivenciado no ambiente de trabalho.

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93

DISCUSSÃO

A população estudada compreendeu 53 enfermeiros, predominantemente do

sexo feminino, característica da enfermagem e também evidenciada em outros

estudos (UENO et al., 2017; FALCÃO et al., 2019; SILVA; MALAGRIS, 2019). Ao

relacionar essa característica da população estudada com o estresse, Falcão et al.

(2019) afirmam que a mulher está mais exposta ao estresse devido à sobrecarga

das tarefas domésticas e profissionais. A maioria dos enfermeiros participantes do

estudo atua como supervisores das atividades de enfermagem, porém, um

percentual expressivo desses profissionais acumula atividades de coordenação de

unidade com atividades assistenciais. Damasceno et al. (2016) afirmam que cabe ao

enfermeiro coordenador da unidade gerir a assistência de enfermagem, com

atividades voltadas a gestão de pessoal, tais como: elaborar escalas, treinamentos,

seleção de pessoal e, assim, zelar para que a equipe de enfermagem tenha

condições favoráveis de prestar assistência aos pacientes. Cabe destacar que os

diversos requisitos necessários para manter a Certificação de Acreditação Hospitalar

somam-se as responsabilidades do enfermeiro coordenador, com a gestão dos

indicadores assistenciais, de custos e receitas da unidade e a formulação e

reestruturação dos protocolos de trabalho (SIMAN et al., 2015).

Os enfermeiros que participaram dessa pesquisa, na sua maioria,

apresentaram boas condições de saúde, porém algumas enfermidades foram

mencionadas, tais como hipertensão, cardiopatias, depressão, espondiloartropatias,

e essas podem estar relacionadas à exposição crônica ao estresse ocupacional.

Falcão et al. (2019) pontuam que altas exigências estimulam a ocorrência de

algumas enfermidades devido ao aumento da demanda associada ao pouco controle

do profissional sobre sua atividade laboral. Eles complementam que quando o

profissional mantém, por longo período, níveis de estresse elevado, aumenta a

tensão sobre o sistema nervoso central e cardiovascular.

Souza, Silva e Costa (2018) pontuam que o estresse, quando em baixas

doses, pode ser benéfico à saúde do enfermeiro, resultar em disposição, interesse,

entusiasmo. Porém, quando em doses maiores, é nocivo e se manifesta a partir de

sintomas, tais como: fadiga, irritabilidade, desatenção, o que o prejudica em seu

trabalho. Os autores ainda se reportam ao estresse ocupacional no cotidiano do

enfermeiro como oriundo de diversos aspectos de sua atividade laboral e com

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implicações na vida pessoal. Nesse sentido, Wollesen et al. (2019) afirmam que

elevadas cargas de trabalho, pressão com tempo e prazos e a tensão de lidas com

vidas contribuem para o esgotamento profissional.

Os participantes desse estudo, na sua maioria, percebem suas atividades

laborais como estressantes, porém, em nível médio, esse resultado é merecedor de

atenção e ações com vistas ao risco de comprometimento da saúde e da qualidade

da assistência prestada por eles. Falcão et al. (2019) explicitam que níveis de

estresse alterados, por longos períodos, excitam o organismo, o que aumenta a

tensão dos sistemas cardiovascular e nervoso e expõe o profissional ao

adoecimento.

A análise da resiliência elevada dos enfermeiros participantes da pesquisa é

um fator positivo e importante para a manutenção da saúde, prevenção de danos e

qualidade da assistência. Nesse sentido, Flanders et al. (2019) afirmam que a

resiliência ajuda os profissionais a resistir diante da vivencia de situações

estressantes e também de suportar e enfrentar mudanças. Os autores avaliaram o

impacto de um programa de resiliência implantado em um hospital dos Estados

Unidos, específico para a equipe de enfermagem que atuava na Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica (UTIP). Eles concluíram que o programa apresentou resultados

positivos e as ações implementadas, com foco em aumentar a resiliência dos

profissionais, foi eficaz.

Entende-se que o fato de não existir relação significativa entre estresse

percebido pelos profissionais, segundo os níveis de estresse total da EBS e a

resiliência, não significa serem resultados menos importante, bem como a resiliência

dos enfermeiros ter aumentado depois do processo de avaliação para manutenção

da Certificação de Acreditação Hospitalar. Esses resultados demonstram que os

estressores vivenciados pelos enfermeiros antes da avaliação foram enfrentados de

maneira adequada, ou seja, concomitantemente, ocorreu aumento da capacidade de

resiliência após a avaliação, outro fator positivo para o enfrentamento adequado do

processo a que foram submetidos. Vários estudos apontam a alta resiliência como

fator positivo para os enfermeiros, Edward, Hercelinskyj e Giandinoto (2017)

associam, em seu estudo, maior resiliência a baixa rotatividade dos enfermeiros e

Rees et al. (2016) a relacionam com a redução do Burnout e do estresse.

No que tange aos sintomas de dor referidos pelos participantes da pesquisa,

o fato de que a maioria que referiu dor encontra-se com médio nível de estresse é

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um indicador do dano que o estresse pode causar na saúde dos trabalhadores.

Eatough, Way e Chang (2012) afirmam que os estressores laborais são associados

a dor musculoesquelética dos profissionais. Wollesen et al. (2019) complementam

que quando os enfermeiros são expostos a diferentes estressores e tensões no seu

ambiente de trabalho, podem apresentar sintomas psicológicos, tais como: emoções

negativas, ansiedade e tensões. Os autores ainda pontuam que o aumento da

tensão muscular afeta as reações hormonais, circulatórias e respiratórias, o que

contribui para a ocorrência de dor musculoesquelética. Nesse sentido, a condição

dos enfermeiros que participaram da pesquisa é merecedora de ações e

intervenções educacionais com vistas a ampliar o conhecimento deles e, dessa

forma, auxiliá-los a enfrentar as adversidades no ambiente de trabalho de maneira

adequada e, principalmente no intuito de ampliar a capacidade de resiliência.

CONCLUSÃO

O estresse ocupacional ocorre nos enfermeiros que participam dos processos

que integram a Acreditação Hospitalar e pode comprometer sua saúde física e

psíquica, bem como a qualidade da assistência ao paciente e a imagem da

instituição de assistência à saúde. Diante disso, considera-se importante o

planejamento e a implementação de ações dos gestores, no intuito de ajudá-los para

um melhor enfrentamento, sem danos à saúde e a qualidade do trabalho

desenvolvido por eles. Aliado a essas ações destaca-se o quão é importante auxiliar

essa categoria profissional a ampliar sua capacidade de resiliência, condição sine

qua non para a manutenção da saúde e prevenção dos danos do estresse, muitas

vezes irreparáveis.

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8 CONCLUSÃO

A construção dessa dissertação permitiu alcançar os objetivos propostos e

que estão explicitados em cada um dos manuscritos. Nesse sentido, foi possível

traçar o perfil sociodemográfico, laboral e clinico dos participantes, verificar e

associar dor musculoesquelética nas diferentes regiões anatômicas, níveis de

estresse, concentração de cortisol salivar e capacidade de resiliência dos

enfermeiros que atuam em uma instituição hospitalar, antes e depois da avaliação

para a manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Nível 2.

Os enfermeiros contribuem para o alcance das metas institucionais no que

tange a Acreditação Hospitalar, porém, as auditorias e demandas que integram esse

processo são estressantes, aspecto esse merecedor de atenção devido ao impacto

do mesmo na saúde dos profissionais. A dor musculoesquelética relatada pelos

enfermeiros pode estar relacionada ao estresse e tensão vivenciados por eles no

decorrer do processo de avaliação. Considera-se que a resiliência média e alta dos

enfermeiros de constituiu em um fator positivo para manutenção da saúde e

prevenção de danos decorrentes do estresse, muitas vezes irreparáveis nessa

população do estudo.

Os resultados dessa pesquisa evidenciam que é importante desenvolver

ações e intervenções educacionais com os enfermeiros, como subsídios para

manutenção da saúde e prevenção de danos à saúde física, psíquica desses

trabalhadores, com repercussões na assistência e na própria imagem da instituição.

Espera-se que esses resultados possam contribuir com gestores, no sentido de

serem utilizados como indicadores que visem à prevenção dos danos decorrentes

do estresse, incluindo a dor musculoesquelética, muitas vezes irreparáveis. Espera-

se também, que os resultados dessa pesquisa auxiliem diretamente os enfermeiros,

no intuito de repensarem sobre a manutenção e proteção da sua saúde, pois

poderão ampliar sua compreensão e adotar medidas individuais que auxiliem para

melhor enfrentamento ao estresse ocupacional e, concomitantemente, aumentem

sua capacidade de resiliência frente aos novos desafios que virão.

Cabe destacar que mais pesquisas sobre essas temáticas devam ser

realizadas, inclusive com populações maiores, estudos comparativos, passiveis de

se fazer inferências. Considera-se importante também a construção de mais

investigações, inclusive com outras abordagens metodológicas, que possam melhor

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elucidar o tema e que possibilitem aprofundar e melhor compreender todos os

aspectos que contribuem para essa experiência peculiar, com vistas a um melhor

enfrentamento, de maneira saudável, sem danos aos enfermeiros, pacientes e

instituição como um todo.

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APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e

clínica

INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA, OCUPACIONAL E CLÍNICA

Data de nascimento: ......./........./...........

Estado civil: ( ) sem companheiro ( ) com companheiro

Filhos: ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual o número de filhos?..................

Se sexo feminino: Gestante: ( ) Sim ( ) Não

Turno de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Manhã e Tarde ( ) Noite ( ) Misto

Carga horária semanal nesta instituição:...........hs

Possui outro emprego ou vínculo empregatício: ( ) Sim ( ) Não

É portador de alguma doença: ( ) Sim ( ) Não Qual (is): .......................................

Faz uso de medicamentos: ( ) Sim ( ) Não

Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................

Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................

Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................

Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................

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APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva

Prezado (a) Enfermeiro (a)

Estamos desenvolvendo uma pesquisa denominada “DOR

OSTEOMUSCULAR, ESTRESSE E CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA EM

ENFERMEIROS FRENTE AO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR”.

Refere-se a uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-graduação em

Atenção Integral à Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do

Sul – UNIJUI e Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Com a pesquisa pretende-se

Verificar dor osteomuscular nas diferentes regiões anatômicas, níveis de estresse,

cortisol salivar e capacidade de resiliência de enfermeiros no âmbito hospitalar,

antes e após avaliação de manutenção da certificação de acreditação da referida

instituição de assistência à saúde.

Para a coleta do cortisol é necessário seguir algumas observações tais como:

· Dieta leve no café da manhã;

· Por um período de 30 minutos antes da coleta de saliva, não ingerir

alimentos ou bebidas (com exceção de água) e não fumar;

· Imediatamente antes da coleta, é aconselhável lavar a boca com água por

meio de bochechos leves;

· Não é recomendável a coleta em casos de lesões orais com sangramento

ativo ou potencial;

· Não ter submetido a tratamento dentário nas últimas 24 horas;

· Não ter escovado os dentes nas últimas 3 horas a fim de evitar

sangramento gengival;

· Não ter consumido álcool nas 12 horas anteriores à coleta.

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APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório

DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA O LABORATÓRIO

Instrumento Número: ...............................................

Nome completo: ...................................................................................................

Data de nascimento:......../......../..............

Tel:...............................................................

Data da coleta ......../............/...............

Hora da primeira coleta ...................... hs

Hora da Segunda coleta .................... hs

Hora da terceira coleta ..................... hs

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Uso de medicamentos: ( ) Não ( ) Sim

Quais medicamentos:

Nome ________________________ Dose________ Horários______________

Nome ________________________ Dose________ Horários______________

Nome ________________________ Dose________ Horários______________

Nome ________________________ Dose________ Horários______________

Tabagista: ( ) Não ( ) Sim

Usa anticoncepcional oral: ( ) Não ( ) Sim

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APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado (a) Senhor (a)

Estamos desenvolvendo uma pesquisa denominada “DOR

OSTEOMUSCULAR, ESTRESSE E CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA EM

ENFERMEIROS FRENTE AO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR”.

Este trabalho é uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em

Atenção Integral à Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do

Sul – UNIJUI e Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ.

Você está sendo convidado a participar desta pesquisa.

O documento a seguir, contém todas as informações necessárias sobre a

pesquisa a ser realizada. É muito importante a sua colaboração, porém, fica ao seu

critério participar ou não da mesma. Caso decida não participar desta pesquisa, não

irá acarretar problemas para ambas as partes, caso você concordar a participar,

basta ler atentamente esse documento e assinar as duas vias da declaração, assim

consequentemente ajudará a aprofundar conhecimentos na área.

Com essa pesquisa pretende-se verificar dor osteomuscular nas diferentes

regiões anatômicas, níveis de estresse, cortisol salivar e capacidade de resiliência

de enfermeiros no âmbito hospitalar, antes e após avaliação de manutenção da

certificação de acreditação da referida instituição de assistência à saúde.

A sua participação poderá incorrer em riscos, tais como: desconforto,

cansaço, tristeza por reviver situações emocionais de estresse, relembrar momentos

difíceis no ambiente de trabalho e sintomas físicos, entre outros. Se isso ocorrer, a

entrevista será interrompida e, se necessário, será assistido por profissional

habilitado, no Serviço de Psicologia da UNIJUÍ. Cabe destacar que ao participar da

pesquisa, poderá ser beneficiado pela oportunidade de refletir acerca de sua vida

profissional, avaliar níveis de estresse e capacidade de resiliência, aspectos

importantes e que podem contribuir na qualificação de sua atuação, manutenção da

saúde e prevenção de agravos.

Será garantido seu anonimato, e assegurado que as informações obtidas

serão utilizadas exclusivamente para fins científicos vinculados a este projeto de

pesquisa. Você terá acesso às informações e realizar qualquer modificação no seu

conteúdo, se julgar necessário. Tens liberdade para recusar-se a participar da

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pesquisa, ou desistir dela em qualquer momento sem constrangimento. Você poderá

solicitar que as informações sejam desconsideradas no estudo, se assim o desejar.

As informações para esse estudo serão coletadas com três instrumentos:

Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) que verifica a

ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas com vistas à

percepção do sujeito no que diz respeito à relação dos sintomas e sua atividade

laboral, entre o período de 12 meses e sete dias que precedem a entrevista; Escala

Bianchi de Estresse, que avalia níveis de estresse, amostras salivares para verificar

concentração do cortisol salivar que será realizada através da coleta de saliva no

período que antecede e posterior a visita de avaliação de acreditação e Capacidade

de Resiliência que avalia a capacidade criar soluções diante das adversidades

presentes nas condições de trabalho.

Eu, Profª Drª. Eniva Miladi Fernandes Stumm, bem como a mestranda Deise

Juliana Rhoden assumimos toda a responsabilidade no decorrer da investigação e

garantimos que as informações somente serão utilizadas para esta pesquisa,

podendo os resultados vir a ser publicados.

Se houver dúvidas quanto à sua participação poderá pedir esclarecimento a

qualquer um de nós, nos endereços e telefones abaixo:

Profª Drª Eniva Stum - Departamento de Ciências da Vida (DCVida)-UNIJUI -

Campus Universitário. Ijuí/RS. Fone: 3332-0460 e celular (55) 99971-7239.

Deise Juliana Rhoden, endereço: Rua Doralino Leusin, 350, Centro, Santa

Rosa – RS. Telefone (55) 99969-9577.

Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ - Rod. Municipal Jacob Della Méa,

km 5,6 – Parada Benito – Cruz Alta, RS – CEP: 98.020-290 Fone: (55) 3321 1500 -

www.unicruz.edu.br

Todos os documentos ficarão sob a responsabilidade do pesquisador

principal, por um período de cinco anos e após serão deletados e/ou incinerados.

O presente documento foi rubricado e assinado em duas vias de igual teor,

ficando uma com o entrevistado ou responsável legal e a outra com a pesquisadora.

Eu, ________________________, CPF____________, ciente das informações

recebidas concordo em participar da pesquisa, autorizando-os a utilizarem as

informações por mim concedidas e/ou o meu prontuário.

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___________________________

Assinatura do entrevistado

________________________________

Orientadora - Profª Drª Eniva Miladi Fernandes Stumm

CPF: 308.099.910-04

________________________________

Pesquisadora – Deise Juliana Rhoden

CPF: 005.989.440-70

Data: local/RS,______/______/________

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ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO)

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ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS)

ESCALA BIANCHI DE STRESS

Este questionário tem a finalidade de levantar dados para conhecer a sua opinião

quanto ao desempenho de suas atividades. NÃO PRECISA IDENTIFICAÇÃO.

Assinale a alternativa que revele a sua percepção, levando em consideração os

números:

PARTE 1

Sexo: feminino ( ) masculino ( )

Faixa etária: ( ) 20 a 30 anos

( ) 31 a 40 anos

( ) 41 a 50 anos

( ) mais de 50 anos

Cargo: ( ) Supervisor ( )Coordenador

A que área pertence: ( ) Unidades abertas ( ) Unidades fechadas ( ) Unidades

ambulatoriais ( ) Administrativas

Tempo de formado: ( ) menos de 1 ano

( ) de 2 a 5 anos

( ) de 6 a 10 anos

( ) 11 a 15 anos

( ) mais de 16 anos

Cursos de pós-graduação: ( ) não ( ) sim Qual(is): _________________________

Tempo de trabalho nessa unidade:

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PARTE 2

o s

e a

plic

a

Po

uco

d

esg

asta

nte

Mui

to

des

gas

tan

te

1 Previsão de material a ser usado 0 1 2 3 4 5 6 7

2 Reposição de material 0 1 2 3 4 5 6 7

3 Controle de material usado 0 1 2 3 4 5 6 7

4 Controle de equipamento 0 1 2 3 4 5 6 7

5 Solicitação de revisão e consertos de equipamentos

0 1 2 3 4 5 6 7

6 Levantamento de quantidade de material existente na unidade

0 1 2 3 4 5 6 7

7 Controlar a equipe de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7

8 Realizar a distribuição de funcionários 0 1 2 3 4 5 6 7

9 Supervisionar as atividades da equipe 0 1 2 3 4 5 6 7

10 Controlar a qualidade do cuidado 0 1 2 3 4 5 6 7

11 Coordenar as atividades da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

12 Realizar o treinamento 0 1 2 3 4 5 6 7

13 Avaliar o desempenho do funcionário 0 1 2 3 4 5 6 7

14 Elaborar escala mensal de funcionários 0 1 2 3 4 5 6 7

15 Elaborar relatório mensal da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

16 Admitir o paciente na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

17 Fazer exame físico do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7

18 Prescrever cuidados de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7

19 Avaliar as condições do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7

20 Atender as necessidades do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7

21 Atender as necessidades dos familiares 0 1 2 3 4 5 6 7

22 Orientar o paciente para o auto cuidado 0 1 2 3 4 5 6 7

23 Orientar os familiares para cuidar do paciente

0 1 2 3 4 5 6 7

24 Supervisionar o cuidado de enfermagem prestado

0 1 2 3 4 5 6 7

25 Orientar para a alta do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7

26 Prestar os cuidados de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7

27 Atender as emergências na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

28 Atender aos familiares de pacientes críticos

0 1 2 3 4 5 6 7

29 Enfrentar a morte do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7

30 Orientar familiares de paciente crítico 0 1 2 3 4 5 6 7

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117

31 Realizar discussão de caso com funcionários

0 1 2 3 4 5 6 7

32 Realizar discussão de caso com equipe multiprofissional

0 1 2 3 4 5 6 7

33 Participar de reuniões do Departamento de Enfermagem

0 1 2 3 4 5 6 7

34 Participar de comissões na instituição 0 1 2 3 4 5 6 7

35 Participar de eventos científicos 0 1 2 3 4 5 6 7

36 O ambiente físico da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

37 Nível de barulho na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7

38 Elaborar rotinas, normas e procedimentos 0 1 2 3 4 5 6 7

39 Atualizar rotinas, normas e procedimentos 0 1 2 3 4 5 6 7

40 Relacionamento com outras unidades 0 1 2 3 4 5 6 7

41 Relacionamento com centro cirúrgico 0 1 2 3 4 5 6 7

42 Relacionamento com centro de material 0 1 2 3 4 5 6 7

43 Relacionamento com almoxarifado 0 1 2 3 4 5 6 7

44 Relacionamento com farmácia 0 1 2 3 4 5 6 7

45 Relacionamento com manutenção 0 1 2 3 4 5 6 7

46 Relacionamento com admissão/alta de paciente

0 1 2 3 4 5 6 7

47 Definição das funções do enfermeiro 0 1 2 3 4 5 6 7

48 Realizar atividades burocráticas 0 1 2 3 4 5 6 7

49 Realizar tarefas com tempo mínimo disponível

0 1 2 3 4 5 6 7

50 Comunicação com supervisores de enfermagem

0 1 2 3 4 5 6 7

51 Comunicação com administração superior 0 1 2 3 4 5 6 7

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ANEXO C – Escala de Resiliência (ER)

CONCORDO NEM CONCORDO

NEM DISCORDO

DISCORDO

TOTALMENTE MUITO POUCO POUCO MUITO TOTALMENTE

1. Quando eu faço planos, eu levo eles até o fim.

1 2 3 4 5 6 7

2. Eu costumo lidar com os problemas de uma forma ou de outra.

1 2 3 4 5 6 7

3. Eu sou capaz de depender de mim mais do que qualquer outra pessoa.

1 2 3 4 5 6 7

4. Manter interesse nas coisas é importante para mim.

1 2 3 4 5 6 7

5. Eu posso estar por minha conta se eu precisar.

1 2 3 4 5 6 7

6. Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida.

1 2 3 4 5 6 7

7. Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação.

1 2 3 4 5 6 7

8. Eu sou amigo de mim mesmo. 1 2 3 4 5 6 7

9. Eu sinto que posso lidar com várias coisas ao mesmo tempo.

1 2 3 4 5 6 7

10. Eu sou determinado. 1 2 3 4 5 6 7

11. Eu raramente penso sobre o objetivo das coisas.

1 2 3 4 5 6 7

12. Eu faço as coisas um dia de cada vez. 1 2 3 4 5 6 7

13. Eu posso enfrentar tempos difíceis porque já experimentei dificuldades antes.

1 2 3 4 5 6 7

14. Eu sou disciplinado. 1 2 3 4 5 6 7

15. Eu mantenho interesse nas coisas. 1 2 3 4 5 6 7

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16. Eu normalmente posso achar motivo para rir.

1 2 3 4 5 6 7

17. Minha crença em mim mesmo me leva a atravessar tempos difíceis.

1 2 3 4 5 6 7

18. Em uma emergência, eu sou uma pessoa em quem as pessoas podem contar.

1 2 3 4 5 6 7

19. Eu posso geralmente olhar uma situação de diversas maneiras.

1 2 3 4 5 6 7

20. Ás vezes eu me obrigo a fazer coisas querendo eu não.

1 2 3 4 5 6 7

21. Minha vida tem sentido. 1 2 3 4 5 6 7

22. Eu não insisto em coisas as quais eu não posso fazer nada sobre elas.

1 2 3 4 5 6 7

23. Quando eu estou numa situação difícil, eu normalmente acho uma saída.

1 2 3 4 5 6 7

24. Eu tenho energia suficiente para fazer o que eu tenho que fazer.

1 2 3 4 5 6 7

25. Tudo bem se há pessoas que não gostam de mim.

1 2 3 4 5 6 7

Fonte: PESCE et al., 2005.

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ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa

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ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da UNICRUZ

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