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Rev Sade Pblica 2002;36(3):370-4www.fsp.usp.br/rsp

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Degradao de recursos hdricos e seus efeitos sobre a sade humana Water resources deterioration and its impact on human healthDanielle Serra de Lima Moraesa e Berenice Quinzani JordobDepartamento de Cincias do Ambiente, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campus de Corumb, MS, Brasil. bDepartamento de Biologia Geral, Centro de Cincias Biolgicas, Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR, BrasilDescritores Recursos hdricos, sade pblica. Conservao da gua. Impacto ambiental. Proteo ambiental. Degradao ambiental, sade humana. Resumo O objetivo do trabalho analisar dados sobre a real disponibilidade dos recursos hdricos e o reflexo de sua degradao na sade humana. Visa a acompanhar o crescimento da degradao ambiental nos ltimos anos e o fornecimento de dados recentes e confiveis sobre o tema. Foram abordados os seguintes aspectos: (a) atividades antrpicas e degradao ambiental; (b) estatsticas da disponibilidade e demanda dos recursos hdricos; (c) despejos urbanos e industriais como fontes de contaminao dos recursos hdricos; (d) efeitos deletrios da gua contaminada sobre o organismo humano. So alarmantes os valores estatsticos relacionados aos efeitos da gua contaminada sobre a sade humana e ao aumento na demanda dos recursos hdricos. de importncia fundamental a tomada de uma conscincia ambientalista por parte das geraes atuais a fim de se evitar o estresse mximo do sistema hdrico, cuja efetivao est prevista para um futuro muito prximo. Abstract The objective of the study is to analyse the actual availability of water resources and its impact on human health deterioration. The following aspects were studied: (a) human activities and environmental deterioration; (b) statistics on the availability and demand of water resources; (c) urban and industry wastes as sources of water resources contamination; and (d) deleterious effect of contaminated water on human health. Statistical data on the impact of contaminated water on human health and the increasing demand of water resources are alarming. It is paramount that modern generations develop an environmental awareness to avoid overstressing water systems, as predicted to come about in the very near future.a

Keywords Waters resources, public health. Water conservation. Environmental impact. Environmental protection. Environmental degradation, human health.

INTRODUO Os ambientes aquticos so utilizados em todo o mundo com distintas finalidades, entre as quais se destacam o abastecimento de gua, a gerao de energia, a irrigao, a navegao, a aqicultura e a harmonia paisagstica.14 A gua representa, sobretudo, o principal constituinte de todos os organismos vivos.Correspondncia para/Correspondence to: Danielle Serra de Lima Moraes Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Corumb Av. Rio Branco, 1270, Bairro Universitrio 79304-020 Corumb, MS, Brasil E-mail: [email protected]

No entanto, nas ltimas dcadas, esse precioso recurso vem sendo ameaado pelas aes indevidas do homem, o que acaba resultando em prejuzo para a prpria humanidade. At 1920, exceo das secas do Nordeste, a gua no Brasil no representou problemas ou limitaes. A cultura da abundncia atualmente prevalecente

Recebido em 22/3/2001. Reapresentado em 9/10/2001. Aprovado em 8/3/2002.

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teve origem nesse perodo. Ao longo da dcada de 70 e mais acentuadamente na de 80, a sociedade comeou a despertar para as ameaas a que estaria sujeita se no mudasse de comportamento quanto ao uso de seus recursos hdricos. Foram institudas nesses anos vrias comisses interministeriais para encontrar meios de aprimorar o sistema de uso mltiplo dos recursos hdricos e minimizar os riscos de comprometimento de sua qualidade, principalmente no que se refere s futuras geraes, pois a vulnerabilidade desse recurso natural j comeava a se fazer sentir.13 O Brasil ainda possui a vantagem de dispor de abundantes recursos hdricos. Porm, possui tambm a tendncia desvantajosa de desperdi-los. A grande crise da gua, prevista para o ano de 2020,19 tem preocupado cientistas das diversas reas no mundo inteiro, e o caminho que poder conduzir ao caos hdrico j trilhado, representando, dentre outros, srio problema de sade pblica. Entende-se que as necessidades de sade da populao so muito mais amplas do que as que podem ser satisfeitas com a garantia de cobertura dos servios de sade. Sua dimenso pode ser estimada quando se examinam, por exemplo, a precariedade do sistema de gua e de esgotos sanitrios e industriais; o uso abusivo de defensivos agrcolas; a inadequao das solues utilizadas para o destino do lixo; a ausncia ou insuficincia de medidas de proteo contra enchentes, eroso e desproteo dos mananciais; e os nveis de poluio e contaminao hdrica, atmosfrica, do solo, do subsolo e alimentar.8 O presente trabalho fruto de uma inquietao gerada diante de fatos que se mostram cada vez mais evidentes. De um lado, pode-se notar o esbanjamento e o verdadeiro desperdcio de gua por parte daqueles que a julgam um bem privado e infinito. De outro lado, j se faz sentir a escassez desse recurso, sobretudo nas grandes cidades, onde o rodzio compulsrio para sua utilizao tornou-se uma realidade. O presente trabalho tem como propsito descrever e interpretar dados sobre a real disponibilidade dos recursos hdricos, bem como sobre o reflexo de sua degradao na sade humana. ATIVIDADES ANTROPOGNICAS E DEGRADAO AMBIENTAL As atitudes comportamentais do homem, desde que ele se tornou parte dominante dos sistemas, tm uma tendncia em sentido contrrio manuteno do

equilbrio ambiental. Ele esbanja energia e desestabiliza as condies de equilbrio pelo aumento de sua densidade populacional, alm da capacidade de tolerncia da natureza, e de suas exigncias individuais. No podendo criar as fontes que satisfazem suas necessidades fora do sistema ecolgico, o homem impe uma presso cada vez maior sobre o ambiente. Os impactos exercidos pelo homem so de dois tipos: primeiro, o consumo de recursos naturais em ritmo mais acelerado do que aquele no qual eles podem ser renovados pelo sistema ecolgico; segundo, pela gerao de produtos residuais em quantidades maiores do que as que podem ser integradas ao ciclo natural de nutrientes. Alm desses dois impactos, o homem chega at a introduzir materiais txicos no sistema ecolgico que tolhem e destroem as foras naturais.5 A maior parte da gua que retirada no atualmente consumida e retorna a sua fonte sem nenhuma alterao significativa na qualidade. A gua um solvente verstil freqentemente usado para transportar produtos residuais para longe do local de produo e descarga. Infelizmente, os produtos residuais transportados so freqentemente txicos, e sua presena pode degradar seriamente o ambiente do rio, lago ou riacho receptor.18 Com isso, em todas as partes povoadas da Terra, a qualidade da gua doce natural est sendo perturbada. Os problemas so rapidamente agravados em pases tropicais, onde os custos do tratamento de guas poludas tm compartilhado fundos com outras atividades mais urgentes.4 Entre essas atividades emergenciais constantes em pases tropicais, destacam-se as doenas provocadas pela gua no tratada, o que gera um ciclo de causaefeito de difcil soluo. As primeiras ameaas antropognicas aos recursos aquticos foram freqentemente associadas a doenas humanas, especialmente doenas causadas por organismos e resduos com demanda de oxignio. Regies de grande densidade populacional foram as primeiras reas de risco, mas guas de reas isoladas tambm sofrem degradao.10 A rpida urbanizao concentrou populaes de baixo poder aquisitivo em periferias carentes de servios essenciais de saneamento. Isto contribuiu para gerar poluio concentrada, srios problemas de drenagem agravados pela inadequada deposio de lixo, assoreamento dos corpos dgua e conseqente diminuio das velocidades de escoamento das guas.8

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ESCASSEZ DE RECURSOS HDRICOS: UMA RESPOSTA AO DESCONTROLE SOCIAL medida que as populaes e as atividades econmicas crescem, muitos pases atingem rapidamente condies de escassez de gua ou se defrontam com limites para o desenvolvimento econmico. A demanda de gua aumenta rapidamente, com 70-80% exigidos para a irrigao, menos de 20% para a indstria, e apenas 6% para consumo domstico. O manejo holstico da gua doce como um recurso finito e vulnervel e a integrao de planos e programas hdricos setoriais aos planos econmicos e sociais nacionais foram medidas de importncia fundamental para a dcada de 1990 e o so tambm para o futuro.2 H poucas regies no mundo ainda livres dos problemas da perda de fontes potenciais de gua doce, da degradao na qualidade da gua e da poluio das fontes de superfcie e subterrneas. Os problemas mais graves que afetam a qualidade da gua de rios e lagos decorrem, em ordem varivel de importncia, segundo as diferentes situaes, de esgotos domsticos tratados de forma inadequada, de controles inadequados dos efluentes industriais, da perda e destruio das bacias de captao, da localizao errnea de unidades industriais, do desmatamento, da agricultura migratria sem controle e de prticas agrcolas deficientes. Os ecossistemas aquticos so perturbados, e as fontes vivas de gua doce esto ameaadas.2 Nos ltimos 60 anos, a populao mundial duplicou, enquanto o consumo de gua multiplicou-se por sete. Considerando que, da gua existente no planeta, 97% so salgadas (mares e oceanos), e que 2% formam geleiras inacessveis, resta apenas 1% de gua doce, armazenada em lenis subterrneos, rios e lagos, distribudos desigualmente pela Terra. O Brasil detm 8% de toda essa reserva de gua, sendo que 80% da gua doce do pas encontram-se na regio Amaznica, ficando os restantes 20% circunscritos ao abastecimento das reas do territrio brasileiro onde se concentram 95% da populao.1 Estima-se que, no incio deste sculo, mais da metade da populao mundial viver em zonas urbanas. At o ano 2025, essa proporo chegar aos 60%, compreendendo cerca de 5 bilhes de pessoas. O crescimento rpido da populao urbana e da industrializao est submetendo a graves presses os recursos hdricos e a capacidade de proteo ambiental de muitas cidades. Uma alta proporo de grandes aglomeraes urbanas est localizada em torno de esturios e em zonas costeiras. Essa situao leva poluio pela descarga de resduos municipais e industriais

combinada com a explorao excessiva dos recursos hdricos disponveis, ameaando o meio ambiente marinho e o abastecimento de gua doce.2 Com o aumento da populao humana e de sua tecnologia, impactos, como os seguintes, diversificaram-se: a) produo de efluentes domsticos; b) eroso seguida de alterao da paisagem pela agricultura, pela urbanizao e pelo reflorestamento; c) alterao de canais de rios e margens de lagos por meio de diques, canalizao, drenagem e inundaes de reas alagveis e dragagem para navegao; d) supercolheita de recursos biolgicos; e e) proliferao de agentes qumicos txicos especficos ou no.7 Dentro da idia genrica de poluio, podem ser includos vrios processos alterados de qualidade, como contaminaes bacteriolgica e qumica, eutrofizao e assoreamento. As contaminaes so originrias principalmente do lanamento de guas residuais domsticas e industriais em rios e lagos. A poluio de um ambiente aqutico envolve, portanto, processos de ordem fsica, qumica e biolgica.14 Todavia, no contexto geral, o conceito de poluio no est ainda definido com exatido e nem divulgado corretamente na esfera da populao. Para uns, poluio a modificao prejudicial em um ambiente onde se encontra instalada uma forma de vida qualquer; para outros, essa forma de vida tem de ser o homem, e outros tambm a admitem como uma alterao ecolgica nociva direta ou indiretamente ligada higidez humana.3 O dficit de gua, produto da modificao ambiental cujo processo encontra-se acelerado, atinge a higidez humana no somente pela sede, principal conseqncia da escassez de gua, mas tambm por doenas e queda de produo de alimentos, o que gera tenses sociais e polticas que, por sua vez, podem acarretar guerras.19 EFEITOS DA DEGRADAO DE RECURSOS HDRICOS SOBRE A SADE HUMANA Atualmente, a cada 14 segundos, morre uma criana vtima de doenas hdricas.19 Estima-se que 80% de todas as molstias e mais de um tero dos bitos dos pases em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de gua contaminada, e, em mdia, at um dcimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde devido a doenas relacionadas gua. Os esgotos e excrementos humanos so causas importantes dessa deteriorao da qualidade da gua em pases em desenvolvimento.2 Tais efluentes contm misturas txicas, como pesticidas, metais pesados, produtos in-

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dustriais e uma variedade de outras substncias. As conseqncias dessas emisses podem ser srias.16 Quando impropriamente manuseados e depositados, os despejos industriais atingem a sade humana e a ambiental. Exposio humana (ocupacional ou no ocupacional) a despejos industriais tem conduzido a efeitos na sade que compreendem desde dores de cabea, nuseas, irritaes na pele e pulmes, a srias redues das funes neurolgicas e hepticas. Evidncias dos efeitos genotxicos sade, como cncer, defeitos congnitos e anomalias reprodutivas, tambm tm sido mencionadas. Aumento de incidncia de carcinomas gastrointestinais, de bexiga, anomalias reprodutivas e malformaes congnitas tem sido encontrado em populaes que vivem prximas a perigosos depsitos de despejo.6 Os despejos urbanos so, evidentemente, muito variados. Estima-se que as guas residuais urbanas contenham quantidades considerveis de matria em suspenso, metais pesados e, em determinadas pocas, cloro procedente da disperso de sais nas ruas. A qualidade das guas residuais , conseqentemente, muito varivel, tendo em certas ocasies registros de altos ndices de demanda biolgica de oxignio.9 Porm, propriedades fsico-qumicas, identidade e origens de genotoxinas em guas de despejo domstico e guas de superfcie permanecem desconhecidas.18 Sabe-se que os metais so naturalmente incorporados aos sistemas aquticos por meio de processos geoqumicos. No entanto, nas ltimas dcadas, tm sido verificadas inmeras alteraes ambientais provenientes, sobretudo, dos processos de urbanizao e industrializao.13 Certos metais pesados causam forte impacto na estabilidade de ecossistemas e provocam efeitos adversos nos seres humanos. Alguns desses metais so capazes de provocar efeitos txicos agudos e cncer em mamferos devido a danos que causam no DNA.15 At mesmo os elementos qumicos essenciais manuteno e ao equilbrio da sade, quando em excesso, tornam-se nocivos, podendo comprometer gravemente o bem-estar dos organismos.13 Inmeras pesquisas tm detectado freqncia anormalmente alta de neoplasias em peixes em regies industrializadas.17 Estudos em plantas e animais selvagens de ambientes impactados por despejos perigosos ou efluentes industriais proporcionam evidncia adicional dos efeitos genotxicos. Aumento estatisticamente significativo de mutaes cromossmicas foi verificado em plantas coletadas ao longo de um rio contaminado, quando comparadas a plan-

tas crescendo em regio no contaminada. Outros estudos realizados com peixes de guas doce e salgada tm mostrado alta incidncia de neoplasias em espcies coletadas em correntes poludas por despejos industriais.6 Foram encontradas, tambm, elevadas freqncias de clulas aberrantes em sistema-teste vegetal (Allium cepa) tratado com guas de efluente municipal que desemboca s margens do rio Paraguai, no pantanal sul-matogrossense, comprovando a genotoxicidade dessas guas. O referido local de despejo encontra-se muito prximo a um aglomerado humano que, certamente, desconhece o potencial deletrio dessas guas.11 Tais resultados despertam preocupao do ponto de vista ambiental e em relao ao organismo humano, pois resultados provenientes de bioensaios genticos so relevantes sade humana porque o alvo toxicolgico o DNA, o qual existe em todas as formas celulares vivas. Portanto, pode ser extrapolado que compostos que se mostram reativos com DNA em uma espcie tm o potencial de produzir efeitos similares em outras espcies. Em geral, perturbaes do material gentico so deletrias para o organismo e podem conduzir a conseqncias severas e irreversveis sade.6 A toxicidade aguda representa o primeiro nvel de impacto no ecossistema aqutico. Todavia, atualmente est muito bem estabelecido que diversas descargas industriais contm muitas substncias que podem no ter efeito agudo, mas que so capazes de reduzir, em longo prazo, a sobrevida de um organismo via danos do genoma de clulas somticas e germinativas. Tais danos genticos tm sido relacionados a desordens genticas hereditrias e ao cncer.17 Muitos indicadores da sade dos sistemas biolgicos tm sido testados nos ltimos anos. Cada um tem sensibilidade a diferentes nveis de degradao e a diferentes tipos de estresse antropognico. Portanto, a complexidade dos sistemas biolgicos e a diversidade dos fatores responsveis pela sua degradao tornam pouco provvel que alguma medida tenha sensibilidade suficiente para ser usada sob todas as circunstncias.7 O impacto dos efluentes genotxicos no ambiente e o significado para a sade humana so, de fato, difceis de predizer, porque eles so misturas complexas de substncias qumicas. A interpretao completa de seus efeitos freqentemente requer, de forma complementar, anlises qumicas dos constituintes. Tais anlises podem indicar os componentes dos efluentes que podem per-

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sistir e acumular na biota exposta e, ento, representar potencialmente um perigo sade humana.12 COMENTRIOS FINAIS A preocupao com a degradao e a conseqente escassez dos recursos hdricos deixou de ser somente uma bandeira de luta de ambientalistas fervorosos, passando a representar um srio problema de sade pblica. Por certo, a gua um bem naturalmente renovvel. Porm, na prtica, o aumento populacional tem ocorrido em nveis superiores aos tolerados pela natureza, o que resultar, em pouco tempo, em estresse do sistema hdrico. Fonte de vida e de riqueza, a gua torna-se causa de um nmero estatisticamente alarmante de doenas. Os dados mencionados anteriormente chegam a ser apocalpticos. Mas exatamente isto. Os seres vivos,

inclusive os humanos com toda sua tecnologia, no foram capazes de se adaptar vida sem gua. Entretanto, a irracionalidade humana do desperdcio e da degradao superou o instinto de sobrevivncia, colocando em risco at mesmo sua prpria espcie. Embora as pesquisas que visam a diagnosticar e tratar ambientes aquticos degradados tenham aumentado muito nas ltimas dcadas, inexistem solues mgicas e/ou instantneas que possam resolver a problemtica da degradao ambiental. O desenvolvimento de uma conscincia ambientalista, muito mais do que medidas punitivas, ainda o meio mais eficaz de evitar a concretizao da grande crise da gua, prevista para um futuro bem prximo. As geraes atuais precisam de uma nova cultura em relao ao uso da gua, pois, alm da garantia de seu prprio bem-estar e sobrevivncia, devem cultivar a preocupao com as prximas geraes e com a natureza, as quais, por certo, tambm tm direito a esse legado.

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