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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Deflexões de vigas mistas biapoiadas em condiçõesde serviço: análises de curta e longa duração
Bruno Ceotto Sobrinho
Orientador:Prof. Dr. Ing. Luiz Herkenhoff Coelho
VitóriaAbril de 2002
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Deflexões de vigas mistas biapoiadas em condiçõesde serviço: análises de curta e longa duração
Bruno Ceotto Sobrinho
Orientador:Prof. Dr. Ing. Luiz Herkenhoff Coelho
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal do Espírito Santo, como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil.
VitóriaAbril de 2002
Deflexões de vigas mistas biapoiadas em condiçõesde serviço: análises de curta e longa duração
Bruno Ceotto Sobrinho
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Centro
Tecnológico - Universidade Federal do Espírito Santo como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.
Aprovada em 02/04/2002
__________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Herkenhoff Coelho
(Orientador da Dissertação)
__________________________________________________________Prof. Dr. Walnório Graça Ferreira
(Examinador Interno)
_________________________________________________________Profª. Drª Arlene Maria Sarmanho Freitas
(Examinador Externo – UFOP)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Ceotto Sobrinho, Bruno, 1961
Deflexões de vigas mistas biapoiadas em condições de serviço: análises de curta e longaduração. [Vitória] 2002.
xi, 89 p., 29,7 cm (UFES, M.Sc., Engenharia Civil, 2002).
Dissertação, Universidade Federal do Espírito Santo, PPGEC.
I. Construções metálicas.
I. PPGEC/UFES II. Título (série).
“Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?.”
(Salmo 116:12)
À minha esposa, Darci,
e aos nossos queridos filhos, Vinicius e Victor,
dedico esta vitória alcançada.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – Brasil, pelo valioso suporte institucional
proporcionado, e ao programa de bolsas da CAPES, pelo apoio financeiro, que me permitiu
desenvolver este trabalho.
Ao Núcleo de Excelência em Estruturas Metálicas e Mistas – NEXEM (Convênio
UFES/CST), pela infraestrutura disponibilizada.
Ao professor Luiz Herkenhoff Coelho, pela orientação segura e lucidez com que conduziu as
etapas deste estudo e, principalmente, pela amizade, confiança e apoio constantes.
Ao professor Pedro Augusto Cezar Oliveira de Sá que, ao acompanhar o desenvolvimento
desta dissertação, contribuiu para a sua realização com discussões e sugestões oportunas e
valiosas.
Ao professor Walnório Graça Ferreira, por sua importante participação e, acima de tudo, por
ter se tornado um amigo especial e sempre presente.
Ao querido professor Mauricio Lordêllo, que na graduação, ajudou a despertar em mim um
interesse especial pela área de estruturas.
Ao professor João Luiz Calmon Nogueira da Gama, pela criação deste Mestrado e por sua
valiosa contribuição para desenvolvimento intelectual e acadêmico do ensino superior em
nossa universidade.
Aos amigos Adenilcia Fernanda Grobério Calenzani, Cláudia Mercenes Kamei, Claudio José
da Silva, Rodrigo Camargo e Warley Soares Santos, pela solidariedade e pelo papel decisivo
que tiveram no desenrolar dessa história.
Aos colegas de curso e demais professores do Departamento de Estruturas pelo apoio e pela
amizade tão preciosa.
Aos meus queridos pais, pela minha vida, minha eterna gratidão.
E, acima de tudo, a Deus, nosso Pai Eterno, que tem guiado os nossos passos e tem sido a
nossa vitória.
i
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ iii
LISTA DE TABELAS........................................................................................... v
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES...................................................... vi
RESUMO................................................................................................................ x
ABSTRACT............................................................................................................ xi
1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais................................................................................ 1
1.2. Objetivos..................................................................................................... 2
1.3. Estrutura da dissertação.............................................................................. 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Histórico e desenvolvimento...................................................................... 4
2.2. Deflexões de curta duração com interação parcial..................................... 5
2.3. Deflexões de longa duração com interação parcial.................................... 7
3. CONECTORES DE CISALHAMENTO
3.1. Generalidades.............................................................................................. 9
3.2. Tipos de conectores e modos de falha......................................................... 10
3.3. Ensaios em conectores de cisalhamento...................................................... 13
3.4. Rigidez de conectores.................................................................................. 15
3.5. Capacidade nominal de conectores.............................................................. 16
3.6. Recomendações e restrições segundo algumas normas............................... 20
4. ANALISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÃO DE VIGAS MISTAS
4.1. Introdução.................................................................................................... 25
4.2. Tipos de interação......................................................................................... 26
4.3. Considerações teóricas sobre a análise elástica .......................................... 26
4.3.1. Analise elástica com interação nula................................................... 30
4.3.2. Analise elástica com interação parcial............................................... 32
4.3.3. Analise elástica com interação total.................................................. 36
ii
5. DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS BIAPOIADAS SOB ANÁLISE DE
CURTA DURAÇÃO5.1. Teoria sobre deflexões de vigas mistas com interação parcial e
distribuição uniforme de conectores............................................................ 40
5.2. Deflexões centrais de curta duração em vigas mistas simplesmente
apoiadas, com interação parcial................................................................... 45
5.3. Expressão geral, proposta por Jasim & Mohamad Ali (1977), para o
cálculo das deflexões centrais de vigas mistas simplesmente apoiadas,
com interação parcial – Análise de curta duração....................................... 50
5.4. Estudo paramétrico realizado por Jasim, visando estabelecer os intervalos
usuais de projeto para os parâmetros B e K0................................................ 53
5.5. Gráfico para o cálculo das deflexões centrais de vigas mistas
simplesmente apoiadas, com interação parcial............................................ 54
5.6. Estudos realizados por Wang para confirmar a validade da expressão
geral da razão (ypm / yfm) em vigas mistas biapoiadas com interação
parcial.......................................................................................................... 56
6. DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS BIAPOIADAS SOB CARGAS DE
LONGA DURAÇÃO6.1. Introdução................................................................................................... 58
6.2. Modelo teórico para a análise de longa duração em vigas mistas
biapoiadas................................................................................................... 58
6.3. Métodos algébricos para a análise da fluência........................................... 60
6.3.1. Formulação do problema pelo método AAEM.................................... 61
6.3.2. Deflexões de longa duração em vigas mistas biapoiadas com
conexão parcial e carregamento uniformemente distribuído................ 64
6.3.3. Comparação entre deflexões obtidas pela equação (6.41) e pelo
método numérico proposto por Tarantino & Dezi (1992).................... 66
6.3.4. Deflexões de vigas mistas segundo a NBR 8800................................. 69
6.3.5. Deflexões de vigas mistas de acordo com o Eurocódigo EC4............. 69
6.3.6. Comparação entre deflexões calculadas pela NBR 8800, Eurocódigo
EC 4 e pela equação (6.41).................................................................. 70
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
7.1. Conclusões.................................................................................................. 76
7.2. Sugestões.................................................................................................. 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 78
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR..................................................................... 84
ANEXO A.................................................................................................................... 87
iii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 Gráfico típico Carga x Deslizamento para conectores de cisalhamento... 10
Figura 3.2 Possíveis modos de colapso obtidos em ensaios push-out (Alva 2000).... 11
Figura 3.3 Tipos mais usuais de conectores de cisalhamento (Malite 1990).............. 12
Figura 3.4 Corpo de prova adotado pelo EC 4 para o ensaio push-out (Alva 2000).. 14
Figura 3.5 Gráfico força x deslizamento típico para conectores flexíveis................. 14
Figura 3.6 Tipo de colapso de um conector stud e a distribuição de tensões
agindo em sua haste.................................................................................. 15
Figura 3.7 Obtensão da rigidez de conectores segundo Johnson & May (1975)........ 16
Figura 3.8 Conectores uniformemente espaçados entre as seções de momento nulo. 21
Figura 3.9 Nº de conectores entre uma seção c/ carga concentrada e a seção
adjacente de mom. nulo............................................................................ 21
Figura 3.10 Espaçamento longitudinal máximo entre linhas de centro de conectores,
para lajes maciças - NBR 8800 (1986)..................................................... 22
Figura 3.11 Espaçamento longitudinal máximo entre linhas de centro de conectores,
p/ lajes com fôrmas de aço incorporadas, com nervuras perpendiculares
à viga - NBR 8800.................................................................................... 23
Figura 3.12 Espaçamento longitudinal e transversal mínimos, entre linhas de
centro para conectores tipo pino com cabeça - NBR 8800....................... 23
Figura 3.13 Relação entre o diâmetro dos conectores e a espessura da mesa à qual
estão soldados - NBR 8800...................................................................... 23
Figura 3.14 Cobrimento lateral mínimo de concreto p/ qualquer tipo de conector -
NBR 8800................................................................................................. 24
CAPÍTULO 4
Figura 4.1 Meio de conexão contínuo em um elemento infinitesimal de laje............ 27
Figura 4.2 Comportamento tipo de vigas mistas com interação parcial..................... 27
Figura 4.3 Comportamento estrutural qualitativo de uma viga mista de acordo com
o grau de interação (Yam 1981)................................................................ 28
Figura 4.4 Análise estrutural de uma viga mista, com interação nula........................ 30
Figura 4.5 Diferença de deformações devido ao deslizamento relativo na interface. 31
Figura 4.6 Análise estrutural de uma viga mista, com interação parcial.................... 33
Figura 4.7 Equilíbrio longitudinal em um elemento infinitesimal de laje.................. 35
iv
Figura 4.8 Análise estrutural de uma viga mista, com interação total:
(a) Vista lateral da viga não deformada
(b) Distribuição do momento fletor atuante, devido à interação parcial
(c) Diagrama de deformações resultantes para interação total
(d) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Mc e Ms
(e) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Nc e Ns.......... 37
CAPÍTULO 5
Figura 5.1 Diagrama típico carga-deslizamento obtido para conectores pino com
cabeça (Johnson 1975)............................................................................... 40
Figura 5.2 Esforços atuantes em um elemento infinitesimal de viga mista aço-
concreto, com interação parcial................................................................. 41
Figura 5.3 Linha elástica de uma viga carregada em seu plano de simetria vertical:
(a) Vista longitudinal da viga indeformada (b) Representação da
linha elástica para a viga deformada....................................................... 43
Figura 5.4 Viga mista simplesmente apoiada submetida a um carregamento
trapezoidal................................................................................................. 46
Figura 5.5 Viga mista simplesmente apoiada submetida a uma carga concentrada
fora do ponto médio................................................................................ 48
Figura 5.6 Viga mista simplesmente apoiada submetida a uma carga
uniformemente distribuída....................................................................... 48
Figura 5.7 Viga mista simplesmente apoiada, submetida a uma carga concentrada
no centro do vão........................................................................................ 49
Figura 5.8 Viga mista simplesmente apoiada, submetida a uma carga
concentrada P a 1/4 de cada apoio....................................................... 49
Figura 5.9 Gráfico p/ o cálculo da deflexão central em vigas mistas simplesmente
apoiadas, submetidas a qualquer tipo de carregamento............................ 55
CAPÍTULO 6
Figura 6.1 Viga mista: (a) Seção transversal; (b) Elevação; (c) Deformações...... 59
Figura 6.2 Seção transversal e vista longitudinal........................................................ 67
Figura 6.3 Determinação da rigidez de conectores de cisalhamento (Wang 1998).... 72
v
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3
Tabela 3.1 Resistência nominal de conectores tipo pino com cabeça em lajes
maciças, segundo a BS 5950 (1990)........................................................ 18
Tabela 3.2 Resistências nominais de conectores tipo perfil U laminado e barra
chata com alça segundo a BS 5400 (1979)............................................. 18
CAPÍTULO 5
Tabela 5.1 Comparação entre os valores ypm/yfm obtidos para os cinco tipos de
carregamento do item 5.3, e diversos valores dos fatores B e K0............ 51
Tabela 5.2 Valores de ypm/yfm, obtidos a partir da equação (5.21), para diversos
valores dos fatores B e K0........................................................................ 54
Tabela 5.3 Diferença máxima entre as deflexões centrais calculadas pelo método
dos elementos finitos e a expressão geral proposta por Wang (Wang
1998)........................................................................................................ 57
CAPÍTULO 6
Tabela 6.1 Deflexão no centro do vão da viga da figura 6.2, calculada através do
algoritmo proposto por Dezi et al. (1992) e por meio da equação
(6.41)........................................................................................................ 68
Tabela 6.2 Expoente α nas expressões do Eurocódigo EC (DRAFT 2000)............ 70
Tabela 6.3 Deflexão no centro do vão da viga mista apresentada na figura 6.2....... 75
vi
LISTA DE SÍMBOLOS
LETRAS ROMANAS MAIÚSCULAS
Aa, As área da seção do perfil metálico
Ac área da seção de concreto
Asc,Acs área da seção transversal do conector
Cred fator de redução da resistência do conector
E módulo de elasticidade do aço
Eef módulo de elasticidade efetivo do concreto, baseado no coeficiente de
fluência do concreto
Ea, Es módulo de elasticidade do aço
Ec módulo de elasticidade do concreto
Ec28 módulo de elasticidade do concreto aos 28 dias
Ec(t) módulo de elasticidade do concreto na idade t
Fconec força de cisalhamento atuante no conector
Gc posição do centróide da seção de concreto
Gs posição do centróide da seção de concreto
Gh posição do centróide da seção homogeneizada
Ic momento de inércia da seção de concreto em relação ao seu eixo centroidal
Ia, Is momento de inércia do perfil metálico em relação ao seu eixo centroidal
Ief momento de inércia efetivo da seção mista transformada
Itr=Ih momento de inércia da seção homogeneizada
J(t, t0) função de fluência
K= kn0/p rigidez do dispositivo de conexão
L vão, comprimento
M=M(x) momento fletor
Mc momento fletor atuante na seção de concreto
Mc(x, t) momento fletor atuante na seção de concreto para análise de longa duração,
baseado na fluência e retração do concreto
Ms momento fletor atuante na seção de aço
Ms(x, t) momento fletor atuante na seção de aço para análise de longa duração,
baseado na fluência e retração do concreto
N=N(x) força normal, resultante das tensões normais
N(x,t) força normal, resultante das tensões normais para análise de longa duração,
baseado na fluência e retração do concreto
vii
P força de cisalhamento transmitida pelo conector, carga concentrada sobre
uma viga
PRd resistência de cálculo de um conector
Pu força de cisalhamento resistente última do conector
Qn somatório das resistências nominais individuais dos conectores de
cisalhamento entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de
momento nulo
Rn resistência nominal
RH umidade relativa do ar
Sh momento estático da seção de aço ou da seção de concreto em relação ao
eixo que passa pelo centróide da seção homogeneizada
T resultante das tensões de tração
V força cortante
Vh força de cisalhamento longitudinal
LETRAS ROMANAS MINÚSCULAS
ac distância entre os pontos Gc e Gh
as distância entre os pontos Gs e Gh
bc largura da laje de concreto
bF largura da nervura
bf largura da mesa da seção de aço
d diâmetro do conector
dc altura da laje de concreto
ds altura da viga de aço
fck resistência característica do concreto à compressão
fu limite de resistência à tração do aço do conector
h0 distância entre os pontos Gc e Gs, espessura fictícia da laje (h0=2Ac/u)
hcs altura total do conector após a sua soldagem
hF altura nominal da nervura
k módulo de rigidez elástica do conector
n número de conectores, relação modular ou fator de homogeneização (E/Ec)
ncs número de conectores de cisalhamento por nervura
n0 número de filas longitudinais de conectores
p espaçamento longitudinal entre conectores
q fluxo de cisalhamento longitudinal atuante entre a laje de concreto e o perfil
metálico
viii
qn resistência ou capacidade nominal ao cisalhamento de um conector
qRd resistência de cálculo dos conectores
s deslizamento relativo entre as partes na interface de contato da viga,
coeficiente que depende do tipo de cimento
t0 idade do concreto no instante do carregamento (dias)
tf espessura da mesa, espessura média da mesa do conector em mm
tw espessura da alma, espessura da alma do conector em mm
u perímetro da parte de concreto em contato com a atmosfera.
w carga distribuída, módulo resistente (mínimo) elástico da seção relativo ao
eixo de flexão
yf deflexão de viga mista com interação completa
yfm deflexão central de viga mista com interação completa
yp deflexão de viga mista com interação parcial
ypm deflexão central de viga mista com interação parcial
y(x) equação da linha elástica
y1 distância do ponto Gs à face superior da viga de aço
LETRAS GREGAS
χ(t, t0) coeficiente de envelhecimento do concreto
δ deflexão máxima da viga mista com interação parcial
δa deflexão da viga com todo o carregamento resistido pela viga de aço
δc deflexão da viga mista com interação total
εc deformação no concreto
εd =(εs -εc) diferença de deformações ao nível da ligação aço concreto
εs deformação no aço
ε(t, t0) deformação total do concreto no período (t, t0)
εsh(t) deformação do concreto na idade t ocasionada por retração
φ = tgθ ≅θ curvatura para a viga deformada
φ diâmetro de um conector
φ(t, t0) função de fluência do concreto
ϕ(t, t0) coeficiente de fluência do concreto
γc peso específico do concreto
η grau de conexão da viga
θ rotação
ρ raio de curvatura da viga deformada
σ tensão normal
ix
ÍNDICES
a aço
c concreto
cs, sc conector de cisalhamento
ef efetivo
tr, hom seção transformada, seção homogeneizada
u último
x, y eixos da seção transversal
ABREVIATURAS
AAEM Age Adjusted Effective Modulus
AISC American Institute of Steel Construction
BSI British Standards Institute
ECCS European Convention for Constructional Steelwork
EM Effective Modulus
MS Main Stress
LRFD Load and Resistence Factor Design
NBR Norma Brasileira Registrada
x
RESUMO
CEOTTO SOBRINHO, B. (2002). Deflexões de vigas mistas biapoiadas em condições de
serviço: análises de curta e longa duração. Vitória, 2002. 91p. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal do Espírito Santo.
Este trabalho dedica-se ao estudo das deflexões de curta e de longa duração de vigas mistas
aço-concreto simplesmente apoiadas, com interação parcial, apresentando distribuição
uniforme de conectores.
Inicialmente é realizado um breve estudo sobre conectores de cisalhamento visando, entre
outros aspectos, destacar sua importância sobre o desempenho das vigas mistas. Em seguida,
é apresentado um estudo relativo à análise elástica de vigas mistas, quando submetidas a
diferentes graus de interação. A seguir, apresenta-se a teoria elástica sobre deflexões de vigas
mistas com interação parcial, e também a expressão geral, proposta por Jasim & Mohamad
Ali (1997), que fornece as deflexões centrais iniciais de vigas mistas aço-concreto
simplesmente apoiadas, com interação parcial, e submetidas a qualquer tipo de carregamento.
Finalmente, é realizada a análise viscoelástica para vigas mistas aço-concreto, cuja
formulação matemática envolve equações de equilíbrio, compatibilidade e relações que
refletem a natureza dos materiais, i.e., uma relação elástica para a parte metálica e uma
expressão na forma de uma integral para considerar a fluência do concreto. Esta condição faz
com que o problema seja governado por um sistema acoplado de três equações, das quais duas
são do tipo integral-diferencial.
Tal formulação matemática é então reduzida a um sistema de equações diferenciais ordinárias,
por meio da aplicação de métodos algébricos [módulo-efetivo-ajustado-pela idade (AAEM),
módulo-efetivo (EM), tensão-média (MS)], cujas simplificações introduzidas, permitem a
obtenção de soluções na forma analítica, que podem ser muito úteis nas aplicações práticas.
Desta forma é obtida a expressão geral para o cálculo das deflexões centrais de longa duração
em vigas mistas aço-concreto, apresentando qualquer grau de interação, com distribuição
uniforme de conectores e submetidas a carregamento uniformemente distribuído.
A precisão dos resultados numéricos obtidos com esta expressão, é então confirmada,
mediante a comparação destes resultados com aqueles fornecidos pelo algoritmo proposto por
Tarantino & Dezi (1992), que utiliza o processo numérico passo-a-passo discretizado no
tempo.
A elevada precisão assim verificada, indica que esta expressão é uma boa ferramenta para o
projeto de vigas mistas com conectores de cisalhamento flexíveis.
Palavras-chave: deflexões, vigas mistas, efeitos de fluência e retração, análise dependente do
tempo, métodos algébricos, interação parcial de cisalhamento.
xi
ABSTRACT
CEOTTO SOBRINHO, B. (2002). Deflections of simply supported beams at service loads:
short and long term analysis. Vitória, 2002. 91p. Dissertação de Mestrado – Universidade
Federal do Espírito Santo.
This work is concerned with the study of short and long-term deflections of simply supported
steel-concrete composite beams with partial interaction and presenting uniform connectors
density.
A brief study of shear connectors is performed at first, aiming among others aspects, dacthing
its significance about composite beams performance. After that, a study of elastic analysis of
composite beams with different degrees of interaction is presented. Afterwards, the elastic
theory of steel-concrete composite beams deflections with partial interaction is showed, as
well the general expression proposed by Jasim & Mohamad Ali (1997), that furnishes the
initial midspan deflections of simply supported steel-concrete composite beams with partial
interaction and any type of loading.
At last, a viscoelastic analysis of steel-concrete composite beams is carried out, whose
mathematical formulation involves equilibrium equations, compatibility and constitutive
relationships of materials, i. e., an elastic law for the steel part and an integral-creep law for
the concrete part. This condition leads the problem to be governed by a coupled system of
three equations, of which two are integral-differential type.
Then, such mathematical formulation is reduced to a system of ordinary differential
equations, by means of applying algebraic methods [age-adjusted-effective-modulus
(AAEM), effective-modulus (EM), and average stresses methods (MS)], which introduced
simplifications permit obtaining solutions in closed forms, which can be useful in practical
applications.
This way, it was gotten a general expression for midspan long-term deflections of steel-
concrete composite beams under uniform distributed loading, with uniform connectors
spacing, and any interaction degree.
The accuracy of the numerical results furnishes by this expression, is then confirmed by
comparing these results with those of the exact numerical solution, obtained by employing the
numerical algorithm, proposed by Tarantino & Dezi (1992), using the numerical step-by-step
procedures of the general method.
It can be observed therefore, that the AAEM method’s solution furnishes very accuracy
numerical values, becoming a good tool for the design of composite beams with flexible shear
connectors.
Keywords: deflections, composite beams, creep and shrinkage effects, time-dependent
analysis, algebraic methods, partial shear interaction.
INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A expressão “viga mista” é utilizada para representar as vigas cuja seção transversal é
subdividida em partes, formadas por materiais distintos ou não, que possuam algum tipo de
ligação entre si, que permita a transmissão de tensões tangenciais na interface de contato das
mesmas, de modo a interagirem estaticamente como uma peça única. Estas seções
transversais podem ser constituídas por partes de diferentes materiais, tais como: concreto,
madeira, aço estrutural, alumínio, dentre outros. Neste trabalho serão estudadas as deflexões
de vigas mistas constituídas por uma laje de concreto interagindo com um perfil de aço
estrutural.
De uma maneira geral os engenheiros civis estão mais familiarizados com as
características e comportamentos específicos das estruturas fabricadas em aço ou em concreto
separadamente. Estes materiais possuem suas próprias peculiaridades. As estruturas em aço,
onde os componentes são fabricados com chapas relativamente finas, geralmente apresentam
elementos de maior esbeltez, e assim estão mais propensas à flambagem. Já as estruturas
fabricadas em concreto apresentam componentes relativamente mais espessos, mas com
baixíssima resistência a tração, além de sofrerem deformações por retração e fluência ao
longo do tempo.
As estruturas mistas, de uma maneira geral, estão sujeitas a todos estes efeitos, mas
além disso, também podem falhar na ligação existente entre o elemento de aço e o elemento
de concreto. As características desta ligação apresentam grande influência sobre o
comportamento e dimensionamento das estruturas mistas. Nestas estruturas, a ligação natural
que surge entre o perfil metálico e o concreto moldado no local é, por si só, insuficiente para
promover a interação aço-concreto na interface de contato, além de estar sujeita a um colapso
repentino. O uso de resinas epóxi visando promover a aderência aço-concreto tem sido
CA
PÍT
UL
O
1
INTRODUÇÃO 2
estudado e alguns sucessos têm sido obtidos, embora existam incertezas sobre o desempenho
destas ligações em relação ao descolamento vertical na interface e à fadiga. Estudos
suplementares necessitam ser promovidos antes que se façam recomendações para o seu uso.
A menos que o perfil metálico esteja completamente envolvido pelo concreto, o uso de
conectores mecânicos de cisalhamento torna-se portanto essencial para o projeto de vigas
mistas. O desempenho das mesmas depende diretamente da transferência da força de
cisalhamento na interface aço-concreto.
1.2 OBJETIVOS
Esta pesquisa tem como meta alcançar dois objetivos principais:
O primeiro é o de apresentar uma formulação geral para o cálculo da deflexão central
inicial (regime elástico) de vigas mistas simplesmente apoiadas, submetidas a qualquer tipo de
carregamento estático e com qualquer grau de conexão na interface aço-concreto. O segundo
é o de propor uma nova expressão analítica para o cálculo da deflexão central de longa
duração em vigas mistas aço-concreto, considerando os efeitos da retração e fluência do
concreto ao longo do tempo (regime viscoelástico), para vigas submetidas a um carregamento
permanente, uniformemente distribuído, e apresentando qualquer grau de conexão. Esta
expressão permitirá realizar o acompanhamento do crescimento das deflexões ao longo do
tempo, em decorrência da fluência e da retração do concreto.
Para o desenvolvimento da mesma, pretende-se considerar a influência de alguns
importantes parâmetros reológicos que agem sobre as deflexões, ou seja: a idade de
carregamento do concreto (t0), a umidade relativa do meio ambiente (RH), a resistência
característica do concreto à compressão (fck), a rigidez dos conectores (k) e a espessura da laje
de concreto (tc). Tais considerações representam um importante avanço em relação às
fórmulas empíricas de projeto atualmente vigentes.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O capítulo 3 dedica-se ao estudo dos conectores de cisalhamento. Nele são
apresentados alguns tipos de conectores utilizados nas conexões mistas, assim como o ensaio
padronizado denominado push-out, que investiga o comportamento estrutural de tais
conectores. São apresentadas também algumas expressões para o cálculo da capacidade
nominal dos principais tipos de conectores utilizados em edifícios e pontes, assim como
recomendações e restrições sobre o uso de conectores segundo algumas normas que tratam
sobre o assunto.
INTRODUÇÃO 3
No capítulo 4 é apresentado um estudo sobre a análise elástica ou de curta duração de
vigas mistas em situação de serviço. Nesta análise os materiais são considerados elásticos,
situação na qual as tensões no aço e no concreto estão abaixo do limite de proporcionalidade
destes materiais. Neste estudo são apresentados os três tipos básicos de interação que ocorrem
em vigas mistas: interação nula, interação parcial e interação total.
O capítulo 5 trata da teoria sobre deflexões iniciais de vigas mistas com interação
parcial e distribuição uniforme de conectores. Nele é obtida a expressão geral aproximada que
fornece as deflexões centrais de curta duração em vigas mistas simplesmente apoiadas, com
qualquer tipo de carregamento ou interação na conexão de cisalhamento. São apresentados
também alguns estudos realizados para validar esta expressão.
O capítulo 6 é dedicado ao estudo das deflexões de vigas mistas biapoiadas, sob cargas
permanentes de longa duração, permitindo levar em conta os efeitos da retração e fluência do
concreto sobre o comportamento das vigas mistas. É apresentado inicialmente o modelo
teórico para análise viscoelástica realizada por Tarantino e Dezi (1992). Em seguida,
utilizando-se o método algébrico simplificado AAEM (age-adjusted-effective-modulus),
recomendado pelo Eurocódigo 4 para análise de fluência, obtém-se um sistema de equações
diferenciais ordinárias que ao ser aplicado a uma viga biapoida com carregamento
uniformemente distribuído, permite obter a distribuição dos momentos fletores atuantes na
laje de concreto e no perfil metálico. Conhecendo-se a distribuição destes momentos, pode-se
definir a equação da curvatura da viga (equação diferencial da linha elástica) e assim,
utilizando-se as condições de contorno, realizar a dupla integração da equação diferencial da
linha elástica, obtendo assim a expressão da equação da linha elástica de longa duração para
vigas mistas biapoiadas com conexão parcial e carregamento uniformemente distribuído.
Finalmente, a equação que fornece a deflexão central de longa duração, para vigas mistas
simplesmente apoiadas com conexão parcial e submetidas a um carregamento uniformemente
distribuído é obtida aplicando a equação da linha elástica para o centro do vão desta viga.
Em seguida, é realizada uma comparação entre as deflexões obtidas por esta expressão
e o método numérico proposto por Tarantini e Dezi (Método Geral - 1992), que utiliza o
processo numérico passo-a-passo, associado ao método das diferenças finitas, obtendo-se
resultados muito próximos entre si. Além disso, também são realizadas comparações entre a
expressão obtida e as normas NBR 8800 (1986) e Eurocódigo EC 4 (1992 e DRAFT 2000),
apresentando estes resultados numa tabela resumo.
O capítulo 7 refere-se às conclusões e sugestões.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO
A teoria (unidimensional) de interação parcial para peças mistas, submetidas a
carregamento estático, foi primeiramente desenvolvida por Newmark et al. (1943, 1951),
Granholm (1949) e Pleshkov (1952). Embora tendo trabalhado independentemente, a teoria
por eles proposta é a mesma (Girhammar & Gopu 1993).
Segundo Al-Amery e Roberts (Al-Amery & Roberts 1990; Roberts 1985), em geral a
teoria de interação parcial, que considera o deslizamento na interface aço concreto, tem sido
atribuída a Newmark et al., cujas primeiras pesquisas, embora não publicadas, datam de 1943.
Nela as equações de equilíbrio e compatibilidade de um elemento de viga são reduzidas a uma
equação diferencial de segunda ordem, em termos da força axial resultante no concreto.
Resolvendo-se esta equação diferencial, em termos da força axial, substitui-se este valor nas
equações básicas de equilíbrio e compatibilidade para então serem obtidas as deformações,
tensões, deflexões e deslizamentos ao longo da viga.
Um método alternativo a este foi proposto por Yam e Chapman em 1968 (Yam &
Chapman 1972; Yam 1981), no qual a equação diferencial de segunda ordem obtida é função
do deslizamento atuante na interface aço-concreto. Em seguida , utiliza-se o deslizamento na
interface, obtido pela resolução da equação diferencial, substituindo-o nas equações básicas
de equilíbrio e compatibilidade para então serem obtidas as deformações, tensões, deflexões e
deslizamentos ao longo da viga.
Segundo Malite (Malite 1993), as primeiras pesquisas sobre vigas mistas surgiram na
Inglaterra, por volta de 1914, através de ensaios sobre sistemas compostos para pisos,
realizados pela empresa Redpath Brown and Company; no Canadá, em 1922, foram
realizados ensaios sobre sistemas mistos, supervisionados pela empresa Dominium Bridge
Company.
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2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 55
O conceito sobre interação completa em vigas mistas foi formalmente apresentado no
ano de 1929 por Caughey and Scott (Kalfas et al. 1997), ao publicarem uma teoria sobre este
tema, sugerindo o uso de conectores mecânicos para absorverem os esforços de cisalhamento
entre a viga de aço e a laje.
Foi somente em 1944 que o dimensionamento de vigas mistas com interação completa
foi introduzido nas normas da AASHO - American Association of State Highway Officials,
associação que hoje é denominada AASHTO (Malite 1993).
No Brasil, o uso de estruturas mistas limitou-se inicialmente a alguns edifícios
construídos entre os anos de 1950 e 1960 e a pequenas pontes (Malite 1990). Deste período
até o ano de 1985, esta opção ficou praticamente abandonada em nosso País, utilizando-se
para a grande maioria das estruturas dos nossos edifícios e pontes, soluções em concreto
armado e protendido. Nesta época os projetistas de estruturas mistas precisavam recorrer a
normas estrangeiras, pois este assunto só foi introduzido em normas brasileiras em 1986, na
NBR 8800 – Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios. Nela existe um capítulo
dedicado ao dimensionamento e aos aspectos construtivos de vigas mistas baseado no método
dos estados limites.
2.2 DEFLEXÕES DE CURTA DURAÇÃO COM INTERAÇÃO PARCIAL
No projeto de vigas mistas ocorrem situações onde se faz necessário, ou é mais
vantajoso, o uso de uma menor quantidade de conectores que o número requerido para se
obter conexão total (Malite 1990). Visando atender a esta realidade, hoje em dia, as normas
para projetos em estruturas mistas permitem que estas sejam projetadas com conexão parcial.
A utilização deste tipo de conexão, possibilita a ocorrência de deslizamentos relativos
na interface de contato, que por sua vez, aumentam as deflexões das vigas mistas (Frodin et
al. 1978). Em adição a isso, sabe-se também que os conectores de cisalhamento sempre
apresentam algum grau de flexibilidade, permitindo a existência de deslizamentos relativos na
interface aço-concreto.
Na prática, admite-se que o fenômeno de interação completa coincida com a situação
de conexão total. Entretanto, a interação completa refere-se à inexistência de deslizamento
relativo na interface aço-concreto. Embora nas vigas mistas com conexão total, ainda exista
deslizamento relativo na interface de contato, a sua influência na deflexão da viga é tão
pequena, que pode ser desprezada nas aplicações práticas (Wang 1998).
Com o objetivo de calcular as deflexões de curta duração e avaliar o comportamento
de vigas mistas com interação parcial, alguns pesquisadores desenvolveram métodos de
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 66
análise, baseados na teoria elástica, ao longo dos últimos 35 anos. O método analítico conduz
a uma equação diferencial (Adekola 1968; Girhammar & Gopu 1993; Johnson 1975, Kristek
& Studnicka 1982; Plum & Horne 1975), cuja solução é específica para cada caso de
carregamento e condições de contorno. A principal desvantagem deste método é que o
processo de cálculo necessita ser refeito, toda vez que ocorram variações no tipo de
carregamento, na geometria da viga ou nas propriedades físicas dos materiais. Além disso, os
cálculos matemáticos necessários para a solução final do problema são geralmente muito
complexos. A análise apresentada por Plum & Horne (1975), por exemplo, conduz a uma
equação diferencial de quarta ordem para a deflexão, em relação à distância da seção
transversal ao longo da viga. Ao aplicar-se esta análise ao caso particular de uma viga
contínua, com dois vãos desiguais e submetida a uma carga concentrada no meio de cada vão,
surgem 16 constantes de integração, além do momento redundante no apoio central. Vê-se
assim, que um considerável trabalho de cálculo é necessário para se obter a solução analítica
do problema.
Alternativamente, métodos numéricos para o cálculo das deflexões também foram
desenvolvidos (Johnson & Molenstra 1991; Porco et al. 1994; Roberts 1985; Wright 1990). A
principal vantagem destes métodos repousa na versatilidade e generalidade em lidar com
qualquer combinação de carregamentos e condições de contorno. Embora sejam ferramentas
poderosas nas pesquisas e análises de estruturas complexas, sua aplicação para o uso
cotidiano em projetos pode consumir muito tempo (Wang 1998).
Mais recentemente, importantes estudos analíticos foram realizados com respeito às
deflexões iniciais de vigas mistas (análise de curta duração) com interação parcial, visando o
desenvolvimento de métodos de cálculo mais simplificados e que sejam de uso mais prático
na elaboração de projetos (Jasim & Mohamad Ali 1997; Jasim 1999; Jasim 1997; Jasim &
Atalla 1999; Wang 1998).
Embora tendo trabalhado independentemente, mas baseando-se num método de
cálculo semelhante, Jasim & Mohamed Ali (1997) e Wang (1998), desenvolveram, cada qual,
uma expressão geral que fornece as deflexões centrais de curta duração para vigas mistas
simplesmente apoiadas, com interação parcial.
Para validar o método utilizado, foram comparados os resultados numéricos entre as
deflexões de vigas mistas simplesmente apoiadas, submetidas a diferentes tipos de
carregamentos e que apresentavam os mesmos valores para dois parâmetros adimensionais,
que juntos, agrupam um grande número de variáveis que podem influenciar as deflexões
(Jasim & Mohamed Ali 1997; Wang 1998). Além disso, Wang comparou os resultados
obtidos pelo método proposto, com os fornecidos pelo método dos elementos finitos e com
alguns resultados experimentais. A conclusão obtida através destes estudos comparativos, é
que uma única expressão geral pode ser utilizada no cálculo das deflexões iniciais de vigas
simplesmente apoiadas, independentemente do tipo de carregamento, geometria da viga ou
propriedades físicas dos materiais.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 77
O mesmo método de análise foi utilizado por Jasim para abranger as vigas contínuas
(Jasim 1997), entretanto concluiu-se que as vigas contínuas necessitam ser classificadas em
grupos para os quais são construídos gráficos específicos. A única restrição é que, se a viga
contínua não se enquadrar em um dos grupos estabelecidos, a equação diferencial que
governa o problema deve ser resolvida analiticamente.
A fim de obter um método mais generalizado para determinar as deflexões iniciais de
vigas mistas contínuas com interação parcial, Jasim estabeleceu um novo método (Jasim &
Atalla 1999), baseado no princípio da superposição, que fornece a deflexão no centro de
qualquer vão, independentemente do tipo de carregamento e da configuração da viga
contínua. Para simplificar a aplicação deste método, foram preparados gráficos equivalentes
aos obtidos no método anterior.
2.3 DEFLEXÕES DE LONGA DURAÇÃO COM INTERAÇÃO PARCIAL
Quando uma viga mista é submetida a um carregamento permanente, ela apresenta
dois tipos de resposta: instantânea ou imediata e de longa duração. Sob a ação de cargas
permanentes, a deformação de vigas mistas aumenta gradualmente com o tempo e pode
eventualmente tornar-se algumas vezes maior que o seu valor inicial (Bradford & Gilbert
1989). Este aumento nas deformações, provocado pela fluência e retração, pode ser
significante mesmo para cargas de serviço (Gilbert 1989). A deformação por fluência no
concreto é causada por tensões, enquanto que a deformação por retração independe das
tensões e é causada principalmente por secagem e reações químicas como a carbonatação.
O cálculo das deflexões centrais de curta duração em vigas mistas simplesmente
apoiadas, com interação parcial, pode ser facilmente obtido através da expressão geral
apresentada por Jasim & Mohamad Ali (1997). Esta expressão, no entanto, não considera os
efeitos da fluência e da retração do concreto, que têm uma grande influência sobre as
deflexões de longa duração em vigas mistas. Para se garantir um desempenho satisfatório das
vigas mistas, sob cargas de serviço, torna-se essencial que os efeitos de longa duração,
provocados pela fluência e pela retração, sejam adequadamente considerados em projeto.
Na última década, alguns autores dedicaram-se mais intensamente aos estudos de
vigas mistas submetidas a cargas de longa duração. Algumas análises foram realizadas em
vigas mistas apresentando interação total (Bradford & Gilbert 1989; Lawther & Gilbert 1990)
e estes resultados foram utilizados na formulação de equações de projeto relativas ao cálculo
de deformações em seções com interação total (Bradford 1991).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 88
Ensaios de laboratório em vigas simplesmente apoiadas foram realizados na
universidade de New South Wales (Bradford & Gilbert 1991a, b) e também na universidade de
Minnesota, tanto para interação completa como para interação parcial. Wright et al. (Wright et
al. 1992) por sua vez, realizaram ensaios para cargas de longa duração em duas vigas mistas
com interação parcial, cujas vigas eram formadas por perfis metálicos conectados a lajes com
forma de aço incorporado, freqüentemente utilizadas nas construções mistas de edifícios.
Bradford & Gilbert (Bradford & Gilbert 1992a) desenvolveram um modelo teórico
permitindo o cálculo das deflexões instantâneas e de longa duração, em vigas mistas
simplesmente apoiadas submetidas a carregamento permanente, considerando o efeito da
interação parcial. Em outro artigo, Tarantino & Dezi (1992) também propuseram um método
para análise viscoelástica de vigas mistas aço-concreto, com conectores flexíveis (interação
parcial), para cargas de longa duração. Este método permite acompanhar, de forma precisa, a
transferência das tensões da laje de concreto para a viga de aço que ocorre gradualmente com
o tempo, como conseqüência da fluência e da retração do concreto. Simultaneamente, também
é possível obter o crescimento das deflexões com o decorrer do tempo.
A formulação matemática para este método envolve equações de equilíbrio,
compatibilidade e relações que refletem a natureza dos materiais, i.e., uma relação elástica
para a parte metálica e uma expressão na forma de uma integral para considerar a fluência do
concreto. Isto faz com que o problema seja governado por um sistema acoplado de três
equações, do qual duas são do tipo integral-diferencial. Este sistema foi resolvido
numericamente através de uma discretização no tempo, empregando o método passo-a-passo,
e outra discretização ao longo do eixo longitudinal da viga, empregando o método das
diferenças finitas. Com isto, obteve-se um algoritmo numérico que torna possível avaliar as
alterações das ações internas e suas implicações sobre o comportamento da viga .
CONECTORES DE CISALHAMENTO 9
CONECTORES DE CISALHAMENTO
3.1 GENERALIDADES
O desempenho das vigas mistas, depende diretamente da transferência do fluxo de
cisalhamento que ocorre na sua interface de contato.
Nas vigas mistas aço-concreto, a menos que o perfil metálico esteja completamente
envolvido pelo concreto, a aderência natural desenvolvida entre o perfil de aço e o concreto
moldado no local, por si só, não é suficiente para garantir a transmissão do esforço cortante
entre estes materiais.
Ensaios mostram que para pequenas cargas, a maior parte da força de cisalhamento
longitudinal é transferida pela ligação natural existente na interface aço-concreto.
Para cargas mais elevadas, esta ligação natural é rompida e não pode mais se refazer
(Johnson 1975). Por este motivo, esta ligação natural é desprezada para efeito de projeto, e
nos ensaios é eliminada aplicando-se graxa à flange que irá receber o concreto da laje. Nestes
casos, o esforço cortante deve ser integralmente resistido e transmitido por meio de
conectores mecânicos de cisalhamento, que são soldados à mesa superior do perfil metálico e
mergulhados no concreto da laje.
A função da conexão de cisalhamento em uma viga mista é a de promover a ação
solidária entre os seus sub-elementos, mediante a transferência do fluxo de cisalhamento que
surge na interface de contato, assim como controlar o deslizamento horizontal e impedir a
separação vertical nesta interface.
Nota-se portanto, que o uso de conectores mecânicos de cisalhamento é essencial
para o projeto de vigas mistas aço-concreto, nas quais o perfil metálico não esteja
completamente envolvido pelo concreto, pois em última análise, são os conectores que
viabilizam o funcionamento destas vigas.
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3
CONECTORES DE CISALHAMENTO 10
3.2 TIPOS DE CONECTORES E MODOS DE FALHA
Hoje em dia, são muitos os tipos de conectores desenvolvidos para uso nas conexões
das estruturas mistas. De um modo geral, os diversos tipos de conectores estão agrupados em
duas categorias principais: conectores rígidos e conectores flexíveis.
Suas principais diferenças repousam na rigidez (força por unidade de deslizamento)
que possuem e no tipo de ruptura que proporcionam às peças mistas.
Segundo o EUROCÓDIGO 4, parte 1-1, os conectores flexíveis são aqueles que
possuem deformabilidade suficiente para tornar válida a hipótese de comportamento plástico
ideal da conexão na estrutura considerada.
A rigidez é a propriedade mais importante no dimensionamento de conectores. É
obtida através do diagrama carga-deslizamento (P x s), sendo estabelecida pela razão entre a
força de cisalhamento, P, transmitida pelo conector, e o deslizamento relativo, s, provocado
na interface aço-concreto da seção mista.
Na figura 3.1 são apresentados os diagramas típicos carga-deslizamento, que se
obtêm através de ensaios push-out, exemplificando-se o comportamento de conectores rígidos
e flexíveis. Este ensaio é abordado no ítem 3.3.
FIGURA 3.1: Gráfico típico Carga x Deslizamento para conectores de
cisalhamento
Verifica-se nesta figura que em regime de utilização, tanto os conectores rígidos
como os flexíveis, apresentam um comportamento aproximadamente linear e desenvolvem
Pu
Fo
rça
resi
sten
te a
o c
isal
ham
ento
(P)
Deslizamento relativo na interface (s)
s
P
Conectorflexível
Conector rígido
Pu = Força resistente última
0.5Pu
Carga de serviço – Regime de utilização
CONECTORES DE CISALHAMENTO 11
deslizamentos relativamente pequenos na interface aço-concreto. Este fato faz com que, em
situação de serviço, a flexibilidade dos conectores apresente pequena influência sobre o
comportamento das vigas mistas.
Ao ultrapassarem o regime de utilização, os conectores flexíveis apresentam
deformações bem mais expressivas que os conectores rígidos.
Ao atingirem a força resistente última Pu, os conectores flexíveis podem continuar a
se deformar, permitindo que os conectores vizinhos absorvam uma maior parcela de carga e
atinjam sua capacidade máxima, proporcionando a uniformização da resistência da conexão.
Esta característica permite adotar espaçamentos constantes para os conectores flexíveis, sem a
diminuição da resistência máxima da conexão (Malite 1990).
Nas vigas cujo colapso se dá por ruptura na conexão aço-concreto, os conectores
flexíveis tendem a provocar um tipo de colapso mais previsível (dúctil) e menos catastrófico.
A resistência característica à compressão do concreto (fck) é um parâmetro que influi
diretamente na capacidade nominal dos conectores e no tipo de colapso que eles provocam.
Os conectores rígidos tendem a gerar uma maior concentração de tensões no concreto ao seu
redor, podendo provocar cisalhamento ou ruptura por esmagamento nos concretos de menor
fck, ou ainda ruptura na solda do conector para concretos de maior fck.
Na fig. 3.2 estão ilustrados alguns tipos de colapso que podem ocorrer em ensaios
push-out (Alva 2000). Semelhantemente, combinações destes tipos de colapso também podem
ser verificadas.
FIGURA 3.2: Possíveis modos de colapso obtidos em ensaios push-out (Alva 2000)
CONECTORES DE CISALHAMENTO 12
A Fig. 3.3 mostra alguns dos tipos de conectores mais utilizados em vigas mistas de
edifícios e pontes.
FIGURA 3.3: Tipos mais usuais de conectores de cisalhamento (Malite 1990)
CONECTORES DE CISALHAMENTO 13
Em estruturas mistas, os conectores do tipo pino com cabeça são os mais utilizados,
devido à economia, rapidez e simplicidade obtidas em seu processo de soldagem.
A soldagem é feita por eletro-fusão, obtida por uma máquina portátil, conectada a
uma unidade de força ou a um gerador. Não são necessários operários altamente qualificados
e o processo de soldagem leva de 10 a 15 segundos por conector.
Além disso as obstruções que geram à passagem das armaduras da laje são
relativamente pequenas e possuem igual capacidade de carga e rigidez em todas as direções
normais ao seu eixo vertical.
Apesar de possuírem resistência em todas as direções, o uso de conectores visa
atender a dois objetivos principais: transmitir o fluxo de cisalhamento longitudinal e impedir a
separação vertical entre a viga de aço e a laje de concreto na interface de contato.
3.3 ENSAIOS EM CONECTORES DE CISALHAMENTO
Para se investigar o comportamento estrutural dos conectores de cisalhamento,
utiliza-se um ensaio padronizado denominado push-out. Neste ensaio são obtidos o gráfico
força-deslizamento do conector, a força resistente última ao cisalhamento (Pu) e o tipo de
colapso da conexão.
Para conectores não usuais, que não satisfazem aos requisitos indicados nas normas,
a ECCS (1981) apresenta recomendações que indicam como devem ser realizados os ensaios
push-out , e como proceder na avaliação dos resultados destes ensaios para a determinação da
resistência última (Pu) dos conectores (Malite 1993).
A norma inglesa BS 5400 (1979) e o Eurocódigo EC 4 (1992) especificam as
dimensões dos corpos de prova, assim como os procedimentos necessários para a realização
destes ensaios e a determinação da capacidade nominal dos conectores ensaiados.
Na figura 3.4 são apresentados detalhes do corpo de prova especificado pelo
Eurocódigo EC 4 (1992) para o ensaio push-out. Este ensaio consiste de um perfil metálico
tipo I, tendo suas mesas conectadas a duas lajetas de concreto armado por meio de conectores
de cisalhamento. As armaduras destas lajetas devem obedecer às especificações apresentadas
na BS 5400 (1979) ou no Eurocódigo EC 4 (1992).
CONECTORES DE CISALHAMENTO 14
FIGURA 3.4: Corpo de prova adotado pelo EC 4 para o ensaio push-out (Alva 2000)
As lajetas são assentadas em argamassa e apoiadas sobre o prato inferior de uma
máquina de ensaio à compressão. Em seguida, aplica-se incrementos de carga à extremidade
superior do perfil de aço e mede-se o deslizamento relativo que surge entre a viga de aço e as
duas lajetas. Estes dados permitem a construção do gráfico carga-deslizamento para os
conectores ensaiados (Figura 3.5).
FIGURA 3.5: Gráfico força x deslizamento típico para conectores flexíveis
Ponto C: conectores atingem o colapso.
Pu
0.8
0.5
Carga de serviço (média)
Carga resistenteúltima
Fo
rça
resi
sten
te a
o c
isal
ham
ento
(P
)
0.0 A
B
C
Trecho AB: conectores respondem de formaaproximadamente linear à força aplicada.
Trecho BC: conectores tornam-seplásticos para cargas acima das deserviço.
Deslizamento relativo (s)
P
s
CONECTORES DE CISALHAMENTO 15
Na Figura 3.6 encontra-se ilustrado o modo de falha e a distribuição qualitativa de
tensões agindo sobre a haste de um conector do tipo pino com cabeça (Yam 1981).
FIGURA 3.6: Tipo de colapso de um conector stud e a distribuição de tensões agindo
em sua haste.
Observa-se uma concentração de tensões próximas à base da haste do conector. Isto
ocorre porque o concreto nesta região encontra-se confinado entre a mesa superior do perfil e
pelo próprio conector.
Os dois principais tipos de rupturas que ocorrem neste tipo de conector são o
esmagamento do concreto ao redor do conector (para studs de maiores diâmetros) e
cisalhamento na base dos conectores (para studs mais esbeltos).
3.4 RIGIDEZ DE CONECTORES
O deslizamento relativo na interface aço-concreto das vigas mistas depende
diretamente do espaçamento e da rigidez individual dos seus conectores.
Devido à não-linearidade existente na curva carga-deslizamento dos ensaios push-out,
a rigidez de um conector é melhor representada pelo seu próprio gráfico carga-deslizamento.
Embora não exista uma definição unificada sobre a obtenção da rigidez de conectores,
esta apresenta um comportamento aproximadamente linear para cargas em regime de
utilização.
Esmagamentodo concreto
CONECTORES DE CISALHAMENTO 16
Johnson e May (1975) definiram a rigidez de conectores, em regime de utilização,
como sendo aquela obtida através da secante à curva carga-deslizamento, no ponto
correspondente à metade da carga última do conector. Este conceito é apresentado na fig. 3.7.
FIGURA 3.7: Obtensão da rigidez de conectores segundo Johnson & May (1975).
3.5 CAPACIDADE NOMINAL DE CONECTORES
Baseando-se em ensaios, as normas relativas a estruturas mistas apresentam
expressões e tabelas para o cálculo da capacidade nominal dos principais tipos de conectores
utilizados em edifícios e pontes.
A norma brasileira NBR 8800 (1986), a americana AISC-LRFD (1994) e a canadense
CAN/CSA–S16.1 (1994) apresentam as seguintes expressões para o cálculo da capacidade
nominal ao cisalhamento (qn) de conectores tipo pino com cabeça e perfil U laminado:
a) Conectores do tipo pino c/ cabeça, embutidos em lajes maciças de concreto (Cred = 1):
( )
≤=
uf
scACEfACq redcckscredn 5,0 (3.1)
Pu
0.8
0.5Pu
Carga de serviço (média)Regime de utilização
Carga resistenteúltima
For
ça r
esis
tent
e ao
cis
alha
men
to (
P)
0.0Deslizamento relativo (s)sserviço
Rigidez em regime de utilização k = 0,5 Pu
sserviço
P
s
CONECTORES DE CISALHAMENTO 17
b) Conectores do tipo perfil U laminado, embutidos em lajes maciças de concreto:
ckcwfn fLttq )0,5 (0365,0 += (3.2)
onde:
• Asc é a área da seção transversal do conector;
• fck é a resistência característica do concreto à compressão MPa) 28 MPa (20 ≤≤ ckf ;
• Ec é o módulo de elasticidade do concreto: ckc
c fE5,1
42γ= (Mpa);
• γc é o peso específico do concreto )Kg/m 2.200 ( 3≥cγ ;
• fu é o limite de resistência à tração do aço do conector;
• tf é a espessura média da mesa do conector em mm;
• tw é a espessura da alma do conector em mm.
• Lc é o comprimento do perfil U laminado em mm.
• Cred é o coeficiente de minoração da resistência do conector tipo pino com cabeça..
Para lajes maciças Cred = 1. Para lajes com fôrmas de aço incorporadas, o valor de Cred
depende da disposição das nervuras (paralelas ou perpendiculares) em relação ao eixo da viga
de aço. A norma brasileira e a americana estipulam que a capacidade nominal do conector
será igual àquela obtida para laje maciça, calculada conforme (3.1), multiplicada por um dos
seguintes fatores de redução:
• Para formas de aço com nervuras paralelas à viga de aço:
1,0 1 - 0,6 ≤
=
F
cs
F
Fred
h
h
h
bC (3.3)
sendo: C red = 1,0 , se 1,5 >
F
F
h
b (3.4)
• Para fôrmas colocadas com nervuras perpendiculares à viga de aço:
1,0 1 - 0,85
≤
=
F
cs
F
F
cs
red
h
h
h
b
nC (3.5)
onde:
• bF é a largura da nervura;
• hF é a altura nominal da nervura
• h cs é a altura total do conector após a sua soldagem, não superior a (hF + 75mm) nos
cálculos;
• n cs é o número de conectores de cisalhamento por nervura, por viga, não superior a 3 para
efeito de cálculo;
CONECTORES DE CISALHAMENTO 18
. A norma brasileira limita o uso das expressões (3.1) e (3.2) a concretos com peso
específico superior a 22 KN/m2 e com 20 Mpa ≤ fck ≤ 28 Mpa. Para se obter a resistência de
cálculo do conector, multiplica-se a sua capacidade nominal pelo coeficiente de resistência
φcs = 0,80.
A norma britânica BS 5950 (1990): Structural use of steelwork in building, apresenta
uma tabela indicando os valores da capacidade nominal de conectores tipo pino com cabeça,
embutidos em lajes maciças, e a BS 5400 (1979) apresenta uma tabela com a capacidade
nominal de conectores tipo perfil U laminado e barra chata com alça. Estas tabelas foram
adaptadas e apresentadas nas figuras 3.1 e 3.2, respectivamente.
TABELA 3.1: Resistência nominal de conectores tipo pino com cabeça em lajes maciças,
segundo a BS 5950 (1990)
TABELA 3.2: Resistências nominais de conectores tipo perfil U laminado e barra chata
com alça segundo a BS 5400 (1979)
20 30 40 50
239 283 305 326
293 337 364 390
351 397 419 442
348 415 482 548
697 830 963 1096
TIPO DE CONECTOR Material do conector
NOTA: Para valores intermediários de fck , interpolar linearmente
Bar
ra c
hat
a c/
alç
a (m
m)
25 x 25 x 200 - φ = 12Grau 43 da BS 4360
(1972)50 x 40 x 200 - φ = 20
PE
RF
IL U
(m
m)
76 x 38 x 6,70 Kg/m x 150Grau 43 da BS 4360
(1972)102 x 51 x 10,42 Kg/m x 150
127 x 64 x 14,90 Kg/m x 150
Concreto: f ck (Mpa)
Resistência nominal do conector (KN)
DIÂMETRO(mm)
ALTURA(mm)
13 65 44 47 49 5216 75 70 74 78 8219 75 82 87 91 9619 100 95 100 104 10922 100 119 126 132 13925 100 146 154 161 168
Alongamento minimo = 15%
Tensão mínima de ruptura = 450MPa
Nota 1 : Para concretos com f ck > 40 Mpa, utilizar valores para fck = 40MpaNota 2 : P/ conects. c/ alturas superiores às tabeladas, usar valor correspondente à
maioraltura tabelada
Resistência nominal doconector (KN)
Concreto: f ck (Mpa)
25 30 35 40
Conector tipo pino c/cabeça
MATERIAL DOCONECTOR
CONECTORES DE CISALHAMENTO 19
Segundo a norma britânica BS 5950 (1990), a resistência de cálculo dos conectores em
lajes maciças é dada por:
a) Em região de momento positivo:
qRd = 0,8qn
b) Em região de momento negativo:
qRd = 0,6qn
onde:
qn é a capacidade nominal do conector.
Segundo esta norma, para lajes com fôrmas de aço incorporadas, a resistência de
cálculo (qRd) do conector será igual ao caso de laje maciça, multiplicada por um dos seguintes
fatores de redução:
• Para nervuras paralelas à viga de aço:
1,0 1 - 0,6 ≤
=
F
cs
F
Fred
h
h
h
bC , se 1,5 ≤
F
F
h
b(3.3)
ou, C red = 1,0 , se 1,5 >
F
F
h
b (3.4)
• Para nervuras perpendiculares à viga de aço:
a) Com um conector por nervura: 1,0 1 - 0,85 ≤
=
F
cs
F
Fred
h
h
h
bC (3.6)
b) Com dois conectores por nervura: 0,8 1 - 0,60 ≤
=
F
cs
F
Fred
h
h
h
bC (3.7)
c) Com três ou mais conectores por nervura: 0,6 1 - 0,5 ≤
=
F
cs
F
Fred
h
h
h
bC (3.8)
As expressões (3.6), (3.7) e (3.8), conduzem aos mesmos coeficientes de minoração de
resistência, obtidos pela expressão (3.5) apresentada na NBR 8800 (1986) e AISC-
LRFD.(1994)
CONECTORES DE CISALHAMENTO 20
De acordo com a norma européia EUROCODE 4 (1992): Design of composite steel
and concrete structures, a resistência de cálculo ao cisalhamento (qRd) para conectores tipo
pino com cabeça, em lajes maciças, é dada pelo menor dos seguintes valores:
v
u
Rd
df
q�
48,0
2
=
π
e
v
cck
Rd
Efdq
�
29,0
2
α
=
onde:
• d ë o diâmetro do conector;
• fu é o limite de resistência à tração do aço do conector;
• fck é a resistência característica do concreto à compressão (Mpa);
• Ec é o módulo de elasticidade do concreto (Mpa);
• hcs é a altura total do pino;
• γv = 1,25 é o coeficiente de resistência;
• 4 3 para 1 2,0 ≤≤
+=
d
h
d
h cscsα e 4 para 1,0 >=
d
hcsα .
Porém, se as lajes utilizarem formas de aço incorporadas, a resistência de cálculo ao
cisalhamento (qRd), será igual à resistência obtida para o caso de lajes maciças, multiplicada
pelo coeficiente de minoração (3.3) ou (3.5), conforme as normas brasileira e americana,
devendo-se apenas substituir o fator 0,85 por 0,7 na expressão (3.5).
3.6 RECOMENDAÇOES E RESTRIÇOES SEGUNDO AS NORMAS
A distribuição dos conectores de cisalhamento ao longo da viga, tem por objetivo a
criação de uma conexão, que dentro dos limites e condições de projeto, realize a transmissão
do fluxo de cisalhamento e impeça a separação entre a laje de concreto e as vigas de aço.
Para tanto, as normas apresentam recomendações e restrições quanto à locação e
espaçamento dos conectores. A NBR 8800 (1986) coloca as seguintes restrições:
a) No sentido longitudinal da viga, os conectores de cisalhamento colocados de cada lado da
seção de momento fletor máximo, podem ser espaçados uniformemente entre esta seção e
as seções de momento nulo (figura 3.8).
CONECTORES DE CISALHAMENTO 21
FIGURA 3.8: Conectores uniformemente espaçados entre as seções de momento nulo.
b) Exceto que, nas regiões de momento fletor positivo (M+), o número de conectores
necessários entre qualquer seção com carga concentrada e a seção adjacente de momento
nulo (ambas situadas do mesmo lado, relativamente à seção de momento máximo) não
pode ser inferior a n’ (figura 3.9).
FIGURA 3.9: Nº de conectores entre uma seção c/ carga concentrada e a seção adjacente de
mom. nulo.
=
abd
abd
MM
MMnn
φφ -
- ' '
(3.9)
onde:
• n é o número de conectores de cisalhamento a serem colocados de cada lado da seção de
momento fletor máximo;
• M’d é o momento fletor de cálculo no ponto de carga concentrada (inferior ao momento
máximo);
• Md é o momento fletor máximo de cálculo (Md > M’d).
• φb Ma é a resistência de cálculo ao momento fletor da viga de aço isolada, baseada no
estado limite FLA (flambagem local da alma) conforme Anexo D da NBR-8800 (1986);
M = 0M = 0 M = 0 M = 0
M = Mmax M = Mmax
+ +
-
Conectores uniformemente
distribuídos
Conectores uniformemente
distribuídos
P
M’d
Md
+
n’ Conectores uniformemente
distribuídos
CONECTORES DE CISALHAMENTO 22
sendo:
• Ma = Mpl para λ ≤ λp e Ma = Mpl – (Mpl – Mr)
pr
p
λλλλ -
- para λp < λ ≤ λr
• φb = 0,9
• λ = h/tw
• y
p
f
E3,5 =λ
• y
r
f
E5,6 =λ
• Mpl = z fy é o momento fletor de plastificação total da seção;
• z é o módulo resistente plástico da seção, relativo ao eixo de flexão;
• Mr = W fy é o momento fletor de flambagem elástica;
• W = módulo resistente (mínimo) elástico da seção, relativo ao eixo de flexão.
A recomendação apresentada na equação (3.9) é desnecessária caso se tenha (M’d - φb Ma) ≤ 0.
c) Também no sentido longitudinal da viga, o espaçamento máximo entre linhas de centro de
conectores deve ser igual a oito vezes a espessura da total da laje (figura 3.10), não sendo
superior a 800 mm no caso de lajes com fôrma de aço incorporada com nervuras
perpendiculares à viga (figura 3.11).
FIGURA 3.10: Espaçamento longitudinal máximo entre linhas de centro de conectores, para
lajes maciças - NBR 8800 (1986)
t c
≤ 8tc ≤ 8tc ≤ 8tc ≤ 8tc
CONECTORES DE CISALHAMENTO 23
≤ 800mm≤ 800mm
FIGURA 3.11: Espaçamento longitudinal máximo entre linhas de centro de conectores, p/
lajes com fôrmas de aço incorporadas, com nervuras perpendiculares à viga - NBR 8800
d) Ainda no sentido longitudinal da viga, o espaçamento mínimo entre as linhas de centro
dos conectores tipo pino com cabeça, deve ser igual a seis vezes o diâmetro dos mesmos,
e na direção transversal, a quatro vezes o seu diâmetro (figura 3.12).
FIGURA 3.12: Espaçamento longitudinal e transversal mínimos, entre linhas de centro para
conectores tipo pino com cabeça - NBR 8800
e) Os conectores tipo pino com cabeça não podem ter diâmetro maior que 2,5 vezes a
espessura da mesa à qual forem soldados, a menos que sejam colocados na posição
correspondente à alma da viga (figura 3.13).
FIGURA 3.13: Relação entre o diâmetro dos conectores e a espessura da mesa à qual estão
soldados - NBR 8800
Diâmetro doconector = φ
≥ 6φ ≥ 6φ ≥ 4φ
Espessura da mesa = tf
φ ≤ 2,5tf φ ≥ ou < 2,5tf
CONECTORES DE CISALHAMENTO 24
f) O cobrimento lateral de concreto para qualquer tipo de conector deve ser no mínimo igual
a 25 mm, excetuando-se o caso de conectores colocados em nervura de fôrma de aço
incorporada à laje, conforme figura 3.14.
FIGURA 3.14: Cobrimento lateral minimo de concreto para qualquer tipo de conector -
NBR 8800
De maneira geral, as restrições apresentadas pelas demais normas quanto à locação e
espaçamento dos conectores são similares, existindo pequenas diferenças com relação à
norma brasileira.
Para o sentido longitudinal da viga, o EUROCÓDIGO 4 estabelece que o espaçamento
máximo entre as linhas de centro de conectores deve ser igual a seis vezes a espessura total da
laje, não sendo superior a 800 mm. Com relação aos conectores tipo pino com cabeça, o
espaçamento mínimo, entre suas linhas de centro ao longo do comprimento da viga, deve ser
igual a cinco vezes o seu diâmetro, e na direção transversal igual a 2,5 vezes o seu diâmetro,
para lajes maciças e quatro diâmetros nos demais casos. Estabelece também que o cobrimento
mínimo para qualquer tipo de conector deve ser igual ao maior dos seguintes valores:
- 20mm;
- valor especificado pelo EUROCODE 2 (1991) [59]: “Design of concrete structures”, para
as armaduras, subtraindo-se 5 mm.
Pela norma americana AISC-LRFD (1994), o espaçamento máximo entre linhas de
centro de conectores deve ser igual a oito vezes a espessura da total da laje.
A norma canadense CAN/CSA-S16.1 (1994) estabelece que o espaçamento máximo,
entre linhas de centro de conectores tipo pino com cabeça deve ser igual a 1000 mm.
Cobrim. lat min
≥ 25mm
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTADURAÇÃO DE VIGAS MISTAS
4.1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da filosofia dos estados limites e a sua adoção nas normas para
projetos estruturais, em substituição ao método das tensões admissíveis, levou os projetistas a
focarem suas atenções, durante o dimensionamento ou análise estrutural, tanto para o estado
limite último, na obtenção da capacidade resistente das peças, como para o estado limite de
utilização, para a verificação das deformações que ocorrem nas peças em condições de
serviço.
As limitações impostas às deflexões das vigas, para que satisfaçam ao estado limite de
utilização, permitem que elas sejam calculadas no regime elástico.
Para o estudo das deflexões em vigas mistas, faz-se necessário considerar
primeiramente, a influência que a ação mista exerce no seu desempenho estrutural. Esta ação
é um fenômeno intimamente relacionado com a quantidade de interação existente entre a laje
de concreto e a viga de aço.
CA
PÍT
UL
O
4
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 2626
4.2 TIPOS DE INTERAÇÃO
A grande maioria das vigas mistas, utilizadas em edifícios e pontes, é constituída por
subseções de aço e concreto interligadas por conectores de cisalhamento. Os conectores que
realizam esta ligação, devem apresentar rigidez e resistência suficientes para promoverem um
mínimo grau de interação na ligação aço-concreto, a fim de que se estabeleça um trabalho
solidário entre as duas partes.
Se a ligação aço-concreto for perfeita, não haverá separação vertical nem deslizamento
longitudinal relativo na interface de contato; esta configuração caracteriza a interação
completa ou total nas vigas mistas. Para este tipo de interação, a hipótese de Navier-Bernouilli
(seções transversais permanecem planas após as deformações) pode ser adotada na análise
estrutural destas vigas.
Na prática, no entanto, os conectores de cisalhamento, sempre apresentam algum grau
de flexibilidade que permite a sua deformação; esta por sua vez, possibilita o deslizamento
relativo entre o aço e o concreto fazendo com que, a rigor, as vigas mistas sempre estejam
submetidas à interação parcial.
A ocorrência do deslizamento relativo na interface de contato, cria uma
descontinuidade no diagrama de deformações, o que provoca a violação da hipótese de
conservação das seções planas de Navier-Bernouilli.
O estudo de vigas mistas com interação parcial, é feito considerando-se apenas o
efeito do deslizamento relativo na interface de contato, pois a separação vertical que é
permitida pela maioria dos conectores usados na prática é tão insignificante, que os seus
efeitos sobre o comportamento das vigas mistas podem ser desprezados (Yam, 1981).
4.3 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A ANÁLISE ELÁSTICA
A análise elástica de vigas mistas é utilizada para se avaliar o comportamento da viga
em situação de serviço, onde as tensões no aço e no concreto estão abaixo do limite de
proporcionalidade destes materiais.
Nesta análise, são utilizadas as hipóteses fundamentais adotadas na Resistência dos
Materiais para o estudo de vigas prismáticas fletidas, assim como o meio de conexão é
considerado contínuo e a sua rigidez levada em consideração.
Tais hipóteses encontram-se listadas a seguir:
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 2727
1. A conexão discretizada, formada entre a laje e o perfil metálico, é substituída por um meio
contínuo, uniformemente distribuído ao longo da viga (fig. 4.1);
2. a conexão de cisalhamento apresenta rigidez constante, isto é, a quantidade de
deslizamento é diretamente proporcional à força transmitida pela mesma;
3. os materiais são elásticos (linearidade entre tensões e deformações, tornando válido o
princípio da superposição) e isótropos;
4. o concreto é considerado não fissurado e igualmente resistente à tração e à compressão;
5. não há separação vertical entre a laje e o perfil metálico, isto é, a laje e o perfil metálico
apresentam a mesma deflexão ao longo da viga (possuem a mesma curvatura para
qualquer seção transversal – figura 4.2);
6. as seções transversais que eram planas antes da deformação, permanecem planas após a
deformação, admitindo-se a descontinuidade que ocorre na interface de contato.
dx
qdx
Nc + dNc Nc LAJE
meio de conexãocontínuo
FIGURA 4.1: Meio de conexão contínuo em um elemento infinitesimal de laje
Nc = força resultante de compressão na laje
q = fluxo de cisalhamento na interface laje-viga
FIGURA 4.2: Comportamento típico de vigas mistas com interação parcial
Concreto
Perfil metálico
Interaçãocompleta
deslizamento
(b) Distribuição das deformações
(a) Forma fletida
(a) (b)
φ
Interaçãoparcial
ρ = 1/φ
• •
θ
ρ = raio de curvatura da viga deformada
φ = tg θ = dy/dx ≅ θ = curvatura de uma seção genérica, para a viga deformada
θ = rotação ou ângulo de giro da seção
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 2828
A figura 4.3 mostra o esquema utilizado por Yam (Yam 1981) para ilustrar, de forma
qualitativa, o tipo de comportamento estrutural que pode ser verificado em vigas mistas
biapoiadas, quando submetidas a diferentes graus de interação.
FIGURA 4.3: Comportamento estrutural qualitativo de uma viga mista de acordo com o
grau de interação (Yam 1981).
A seguir será analisado o comportamento estrutural elástico de uma viga mista
simplesmente apoiada, submetida a três tipos de interação: interação nula, interação parcial e
interação total.
Nesta análise serão utilizadas as hipóteses mencionadas anteriormente e serão
empregadas as seguintes notações:
Deflexão
Diagrama deMomento fletor
M = PL 4
M = PL 4
M = PL 4
Esforço decompressão na laje
Nc = 0
Fluxo decisalhamento na interface
q = 0
10065
εlaje
Perfilmetálico
200 130
dc
ds
70
140
Deformaçõesno meio do vão
P P P
L
(1) Sem interação (2) Interação parcial (3) Interação total
Tipo deconexão
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 2929
Ac = área de concreto
As = área da seção do perfil metálico
Ec = módulo de elasticidade do concreto da laje no instante do carregamento
Es = módulo de elasticidade do aço do perfil metálico
Gc = posição do centróide da seção de concreto
Gs = posição do centróide da seção de aço
Gh = posição do centróide da seção homogeneizada
Ic = momento de inércia da seção de concreto
Ih = momento de inércia da seção homogeneizada
Is = momento de inércia da seção de aço
M = momento fletor atuante na seção homogeneizada
Mc = momento fletor atuante na seção de concreto
Ms = momento fletor atuante na seção de aço
Nc = Nc(x) = força resultante de compressão na laje
Ns = Ns(x) = força de tração resultante na seção de aço
Sh = momento estático da seção de aço ou da seção de concreto em relação ao eixo que
passa pelo centróide da seção homogeneizada
ac = distância entre os pontos Gc e Gh
as = distância entre os pontos Gs e Gh
dc = altura da laje de concreto
ds = altura da viga de aço
h0 = distância entre os pontos Gc e Gs
k = módulo de rigidez elástica do conector, obtida no diagrama típico Força x deslizamento
n = fator de homogeneização = E/Ec
n0 = número de filas longitudinais de conectores
p = espaçamento uniforme entre linhas transversais de conectores ao longo da viga
s = deslizamento relativo entre as superfícies de contato
y1 = distância do ponto Gs à face superior da viga de aço
εc = deformação no concreto
εd = (εs - εc) = diferença de deformações ao nível da ligação aço concreto
εc 0 = deformação correspondente à fibra do centróide da seção de concreto
εs 0 = deformação correspondente à fibra do centróide da seção de aço
εs = deformação no aço
φ = tg θ ≅ θ = dy/dx = curvatura, de uma seção, para a viga deformada
θ = rotação ou ângulo de giro da seção
ρ = raio de curvatura da viga deformada
σc0 = tensão normal gerada no centróide da seção de concreto
σs0 = tensão normal gerada no centróide da seção de aço
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3030
4.3.1. ANÁLISE ELÁSTICA COM INTERAÇÃO NULA
Considere uma viga mista bi-apoiada submetida a um carregamento vertical e que
quando fletida, apresente um alongamento na face inferior da laje e um encurtamento na face
superior do perfil metálico (figura 4.4).
Para o caso de interação nula (supondo haver aderência nula), não haverá transmissão de
forças cisalhantes na interface aço-concreto, não ocorrendo assim, forças axiais de
compressão na laje nem de tração no perfil metálico (Nc = Ns = 0).
Sob a ação de um momento fletor M, seu comportamento será equivalente ao de duas
vigas superpostas, que possuem a mesma curvatura ao longo do vão (supondo não ocorrer
separação vertical), recebendo cada qual uma parcela deste momento aplicado.
FIGURA 4.4: Análise estrutural de uma viga mista, com interação nula
Da figura 4.4 obtém-se que a equação de compatibilidade elástica da viga é dada por:
hsss
s
c c
c
I E
M
I E
M
IE
M ===φ (igualdade de curvatura da viga deformada) (4.1)
A partir do equilíbrio existente entre os momentos atuantes na seção transversal da viga,
obtém-se a mesma relação momento x curvatura já apresentada na equação (4.1), isto é:
)IE I(E M M M ssccsc +=+= φ (equilíbrio de momentos) (4.2)
hssscc IE
M
)IE I(E
M =
+=⇒ φ (4.3)
εc
h0
dc
ds
Mc
Ms
M
εs
(a)
Mc
Ms
Gs
Gc
(c)(b) (d)
φ y1
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3131
E a diferença de deformações εd entre as superfícies de contato, pode ser obtida
considerando-se a deformação na face inferior da laje de concreto e a deformação na face
superior da viga de aço. Da figura 4.4 tem-se que:
2
d
IE
M c
cc
c
c =ε (deformação de tração na face inferior da laje) (4.4)
1
ss
s y IE
M - =sε (deformação de compressão na face superior da viga de aço) (4.5)
Portanto, das equações (4.4) e (4.5), e considerando-se a compatibilidade elástica da
viga dada pela equação (4.1):
yIE
M - -
2
d
IE
M1
ss
sc
cc
c
d
=ε
Finalmente:
+= 1
c
d y 2
d φε (4.6)
ou então: )IEIE(
hM
sscc
0
d +=ε (4.7)
Desta forma, a curvatura φ (equação 4.3) e a deformação relativa ε d (equação 4.7) da
viga, ficam definidas em função do momento externo M aplicado à seção, e o problema fica
assim determinado.
A seguir será apresentado o cálculo do deslizamento relativo, ao longo do vão de uma
viga mista aço-concreto, com o objetivo de se determinar o limite máximo para o
deslizamento relativo em sua interface de contato.
Seja o trecho longitudinal de uma viga bi-apoiada e simetricamente carregada,
apresentado na figura 4.5. Por simetria, não haverá deslizamento na interface de contato para
uma seção transversal localizada na metade do seu vão. Ao afastar-se deste ponto em direção
às extremidades da viga, os deslizamentos aumentam como conseqüência da deformação
relativa ε d na interface.
Figura 4.5: Diferença de deformações devido ao deslizamento relativo na interface
Laje deconcreto
viga de aço
s+ds
s
dx
Meio deconexãocontínuo
dx’=dx+ds x
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3232
Para se calcular este deslizamento relativo, será utilizada a seguinte relação geométrica obtida
da figura 4.5.
dx
ds d =ε (4.8)
O deslizamento máximo ocorre nas extremidades da viga e pode ser obtido isolando-
se ds na equação (4.8), para em seguida integrá-lo a partir do centro do vão, onde, por
simetria, o deslizamento é zero:
Assim:
∫∫∫∫ ⇒+
=
+===L/2
0sscc
0(x)L/2
01
cL/2
0d
L/2
0max dx
)IEIE(
hM dx y
2
d dx ds φεs
∫+=
L
0(x)
sscc
0
max dx M )IEIE(2
h s (4.9)
Onde: ∫L
0(x)dx M = área do diagrama de momento fletor.
A expressão (4.9) fornece o valor do deslizamento relativo, na interface de contato,
para o caso de interação nula, sendo estabelecido assim o limite superior para o deslizamento
no caso de interação parcial.
4.3.2. ANÁLISE ELÁSTICA COM INTERAÇÃO PARCIAL
Quando ocorre a interação parcial na conexão aço-concreto, aparecem os
deslizamentos relativos na interface de contato que devem ser considerados no equilíbrio das
seções transversais.
A figura 4.6 apresenta a configuração proposta para a análise estrutural
(unidimensional) de uma viga mista com interação parcial, formada por um perfil metálico
conectado a uma laje de concreto.
Para se apresentar uma análise mais genérica do problema, será considerado a
possibilidade da viga metálica possuir a mesa inferior maior que a superior, isto é, y1 ≥ ds / 2.
Na figura são apresentadas as seguintes informações:
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3333
• distribuição dos esforços internos devido ao momento M agindo na seção
homogeneizada;
• diagrama resultante de deformações;
• as parcelas do diagrama de tensões correspondentes aos momentos centroidais Mc e
Ms e às forças axiais Nc e Ns.
(a) Vista lateral da viga não deformada
(b) Distribuição do momento fletor atuante, devido à interação parcial
(c) Diagrama de deformações resultantes, para o caso de interação parcial
(d) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Mc e Ms
(e) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Nc e Ns
FIGURA 4.6: Análise estrutural de uma viga mista, com interação parcial
A seguir são apresentadas as equações de equilíbrio e compatibilidade elástica para
esta viga.
• Equações de equilíbrio:
Nc = Ns (equilíbrio horizontal) (4.10)
M = Mc + Ms + Nch0 (equilíbrio de momentos) (4.11)
• Equação de compatibilidade elástica:
hsss
s
c c
c
I E
M
I E
M
IE
M ===φ (igualdade de curvatura da viga deformada) (4.12)
onde: Es Ih = Ec Ic + Es Is
εd
Ns
ac
as
h0
dc
ds
Nc
Ns
Mc
Ms
M
εcO
εsO
(a)
Mc
Ms
Nc
Gs
Gh
Gc
(c)(b) (d) (e)
φ y1
n1
n2
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3434
Aplicando-se a semelhança de triângulos à figura 4.6, tem-se que:
−=
2
d c
10 ncφε (deformação total no centróide da laje) (4.13)
( )210 nys −=φε (deformação total no centróide da viga de aço) (4.14)
E mediante o uso das tensões longitudinais σc0 e σs0, nos centróides da laje de concreto
e da viga de aço, é possível se obter as forças axiais Nc e Ns, pelo método da superposição.
Assim:
=⇒=
2
d - nAE N E c
1cccc0cc0 φεσ (4.15)
( )21ssss0ss0 n - yAE N E φεσ =⇒= (4.16)
Da figura 4.6 obtém-se ainda que a diferença de deformações εd na interface de
contato é dada por:
)n - n (d 12cd +=φε (4.17)
E das equações (4.11) e (4.12) obtém-se que o momento fletor é dado por:
0csscc N )IE I(E M h++=φ (4.18)
A seguir será mostrado que a força de compressão axial Nc depende tanto do momento
fletor M, aplicado à seção transversal, como da diferença de deformações εd que surge na
interface aço-concreto. Para tanto, serão isolados n1 e n2 nas expressões (4.15) e (4.16), a fim
de utilizá-los na equação (4.17) e obter-se a curvatura φ em função de Nc e εd. Finalmente a
expressão desejada, será obtida substituindo-se a curvatura φ em (4.18).
Assim, das equações (4.15) e (4.16) obtém-se que:
2
d
AE
N c
cc
c
1 +=φ
n e ss
c
12AE
N y φ
−=n
Substituindo n1 e n2 na equação (4.17) e isolando a curvatura φ, obtém-se:
0ccss
ccss
cdh
1
)AEAE(
)AE A(EN
++= εφ (4.19)
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3535
Substituindo-se a curvatura φ em (4.18), obtém-se:
+++
++
= 1 )hAEA(E
)IE IE()AE A(EN
h
)IE IE( M
2
0ccss
ssccccss
0c
0
sscc
d hε (4.20)
Para que se tenha a equação (4.20) definida apenas pelas variáveis M e Nc, a diferença
de deformações εd deverá ser expressa em termos de Nc. Para tanto, considere a figura 4.7
onde serão estabelecidas correlações entre alguns parâmetros chave:
FIGURA 4.7: Equilíbrio longitudinal em um elemento infinitesimal de laje
A deformação relativa aço-concreto na interface de contato é dada por:
dx
ds d =ε
repetida
(4.8)
Considerando-se o equilíbrio estático longitudinal em um elemento infinitesimal de
laje, com comprimento dx (figura 4.7), obtém-se:
dx
dN - q qdx - dN c
c =⇒= (fluxo de cisalhamento na interface viga-laje) (4.21)
A relação necessária entre o fluxo de cisalhamento q e o deslizamento s na interface, é
obtida por meio da força Fconec atuante em cada conector da ligação aço-concreto. Sendo k o
módulo de rigidez do conector, p o espaçamento constante entre linhas transversais de
conectores ao longo da viga e n0 o número de filas longitudinais de conectores, obtém-se que:
0
conecn
(pq) F = ; Fconec = k s
p
skn q 0=⇒ (4.22)
dx
qdx
Nc + dNc Nc
LAJE
meio de conexãocontínuo
dc
q = força de cisalhamento na interface por unidade de comprimento
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3636
Igualando-se (4.21) e (4.22) obtém-se:
dx
dN
nk
p - s c
0
= (4.23)
Portanto: 2
2
0
ddx
Nd
nk
p -
dx
ds c==ε (4.24)
Ao substituir-se a equação acima, na equação (4.20), obtém-se a equação diferencial
(4.25), que permite obter o valor de Nc em função de M, do módulo de rigidez k dos
conectores, do módulo de elasticidade dos materiais e de algumas propriedades geométricas
da viga.
1 h
)IE IE(
AE
1
AE
1hN
dx
Nd
h
)IE IE(
nk
p M
2
0
sscc
sscc
0c2
2
0
sscc
0
-
+
+
++
+= c
(4.25)
Esta equação, que foi obtida para vigas mistas em regime elástico, com interação
parcial, apresentando espaçamento uniforme de conectores, ainda pode ser apresentada da
seguinte forma:
Sendo:
0 Mb Na dx
Nd0c02
c
2
=+−
+++=
)IE IE(
h
AE
1
AE
1
p
kn a
sscc
2
0
sscc
0
0 e )IE IE(p
hkn b
sscc
00
0 +=
(4.26)
4.3.3. ANÁLISE ELÁSTICA COM INTERAÇÃO TOTAL
O uso da análise elástica em vigas mistas, tem por objetivo avaliar o seu
comportamento em situação de serviço.
Para se estabelecer interação total, a ligação aço-concreto na mesma, deve ser
projetada para resistir rigidamente ao fluxo de cisalhamento longitudinal q na conexão, de
maneira a restringir o deslizamento relativo aço-concreto. Neste tipo de interação, a diferença
de deformações na interface pode ser desprezada (εd = 0) , e as duas partes conectadas
comportam-se como uma.
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3737
A figura 4.8 apresenta um esquema genérico para a análise de uma viga mista em
regime elástico com interação total.
(a) Vista lateral da viga não deformada
(b) Distribuição do momento fletor atuante, devido à interação parcial
(c) Diagrama de deformações resultantes para interação total
(d) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Mc e Ms
(e) Diagrama de tensões correspondentes às parcelas Nc e Ns
FIGURA 4.8: Análise estrutural de uma viga mista, com interação total
As equações de equilíbrio e compatibilidade elástica para esta viga são as mesmas já
apresentadas para o caso de interação parcial, isto é:
• Equações de equilíbrio:
Nc = Ns (equilíbrio horizontal) (4.10)
M = Mc + Ms + Nch0 (equilíbrio de momentos) (4.11)
• Equação de compatibilidade elástica:
hsss
s
c c
c
I E
M
I E
M
IE
M ===φ (igualdade de curvatura da viga deformada) (4.12)
Onde: Es Ih = (Ec Ic + Es Is)
Aplicando-se a semelhança de triângulos na figura 4.8, tem-se que:
−=
2
d c
30 ncφε (deformação total no centróide da laje) (4.27)
( )3c10 d nys −+= φε (deformação total no centróide da viga de aço) (4.28)
Ns
ac
as
h0
dc
ds
Nc
T
Mc
Ms
M
εcO
εsO
(a)
Mc
Ms
Nc
Gs
Gh
Gc
(c)(b) (d) (e)
φ
y1
3n
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3838
E mediante o uso das tensões longitudinais σc0 e σs0, nos centróides da laje de concreto
e da viga de aço, é possível obter-se as forças axiais Nc e Ns, pelo método da superposição.
Assim:
=⇒=2
d - AE N E c
3cccc0cc0 nφεσ (4.29)
( )3c1ssss0ss0 - d yAE N E n+=⇒= φεσ (4.30)
A profundidade do eixo neutro é obtida igualando-se as equações (4.29) e (4.30):
)AE A(E
)/2d(AE )y d(AE
ccss
ccc1css
3 +++
=n (4.31)
E das equações (4.11) e (4.12) obtém-se que o momento fletor resistente é dado por:
0cscc N )IE I(E M h++=φ (4.32)
A seguir, equação (4.32) será apresentada de outra forma, para que se possa incorporar
o “fator de rigidez mista” α, que depende apenas das propriedades geométricas da seção e dos
módulos de elasticidade dos materiais (Yam, 1981). Este fator representa a intensidade da
ação mista que a viga poderá desenvolver. Note que a equação (4.2) pode ser obtida fazendo-
se α = 0 na equação (4.33) .
A obtenção do fator α é feita através da substituição das equações (4.29) e (4.31) na
equação (4.32). Assim:
) )(1IE I(E M sscc αφ ++= (4.33)
++=
)IE IE()AE A(E
)hAEA(E
ssccccss
2
0ccssα (4.34)
A seguir, será calculada a expressão do fluxo de cisalhamento q atuante na interface de
contato de uma conexão rígida (interação total), a fim de se obter o limite superior para este
fluxo, nos casos de interação parcial.
ANÁLISE ELÁSTICA OU DE CURTA DURAÇÀO DE VIGAS MISTAS 3939
Por meio do equilíbrio estático em um elemento infinitesimal de laje, com
comprimento dx (figura 4.1), foi visto que:
dx
dN - q qdx - dN c
c =⇒= (fluxo de cisalhamento na interface viga-laje) (4.21)
O cálculo de q será obtido isolando-se a força Nc na expressão (4.32) e em seguida
diferenciando-a em relação à variável x. Para tanto, os valores de φ e n3 serão obtidos das
equações (4.29) e (4.31) respectivamente (Yam 1981). Com isto obtém-se que:
M) (1
h N 0
c αα
+= (4.34)
E assim:
V ) (1
h
dx
dM-
) (1
h q 00
αα
αα
+=
+= (4.35)
Em que: ==
V dx
dM- força cortante em uma determinada seção transversal da viga.
Na figura 4.3, são comparados os diagramas do fluxo de cisalhamento q (equação
(4.35)) para uma viga bi-apoiada, submetida a uma carga concentrada no meio do vão,
considerando as três condições de interação estudadas neste capítulo.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 40
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS BIAPOIADASSOB ANÁLISE DE CURTA DURAÇÃO
5.1. TEORIA SOBRE DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS COM
INTERAÇÃO PARCIAL E DISTRIBUIÇÃO UNIFORME DE
CONECTORES
O estudo de deflexões em vigas mistas com interação parcial, é realizado através da
teoria linear elástica. Este tipo de análise é de grande importância dentro do regime de
utilização, situação na qual a carga atuante no conector não excede a 50% da sua resistência
última. Nestas condições, o trecho inicial OB da curva carga-deslizamento, apresentado na
figura 5.1, pode ser substituído pela linha reta OB, sendo insignificante o erro admitido
(Johnson 1975).
A razão obtida entre a força aplicada ao conector, Fconec, e o deslizamento s na
interface segundo a linha reta OB, é conhecida como o módulo de rigidez do conector, k.
FIGURA 5.1: Diagrama típico carga-deslizamento obtido p/ conectores pino c/ cabeça
(Johnson 1975)
CA
PÍT
UL
O
5
40
80
O 1 2 3
colapso
s
Fconec
Deslizamento [mm]
C
arg
a p
or
con
ecto
r [k
N]
BTrecho OB
Os conectores respondemelasticamente às ações docarregamento
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 41
Para o estudo deste problema são consideradas as seguintes hipóteses (Jasim 1997):
(a) A armadura na laje é desprezada;
(b) O concreto e o aço são considerados materiais elásticos, possuindo cada qual, o mesmo
módulo de elasticidade, tanto à tração como à compressão;
(c) A conexão de cisalhamento é considerada contínua ao longo da viga;
(d) A quantidade de deslizamento, na interface, permitida por um conector, é diretamente
proporcional à carga transmitida pelo mesmo;
(e) A laje de concreto e a viga de aço possuem a mesma curvatura para qualquer seção
transversal ao longo da viga;
(f) os conectores de cisalhamento apresentam a mesma rigidez e são igualmente espaçados ao
longo da viga.
Considere agora uma viga mista simplesmente apoiada, de vão L, que possua interação
parcial e esteja submetida a uma carga uniformemente distribuída w por unidade de
comprimento.
A figura 5.2 apresenta o diagrama de corpo livre de um elemento infinitesimal desta
viga.
A laje e o perfil metálico são mostradas separadamente. As deformações e os
deslocamentos agindo em cada sub-elemento estão proporcionalmente ampliados, para se
favorecer a uma melhor visualização do deslizamento relatimo na interface de contato.
FIGURA 5.2: Esforços atuantes em um elemento infinitesimal de uma viga mista aço-
concreto, com interação parcial
w
dc
ds
Mc+dMc
Ms
Laje de concreto
y1
q.dx
q.dx
r.dx
Vc+dVc
Nc+dNc
Vc
Nc
Mc
Vs+dVs
Ns+dNs Ms+dMs Ns
Vs
dx
Viga de Aço
dc/2
s s+ds
H0
Viga de
aço
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 42
Aplicando-se a teoria elástica na análise de um elemento de viga, pode-se reduzir as
equações de equilíbrio e compatibilidade referentes a este elemento, em diferentes equações
diferenciais, cuja variável principal, depende do foco de interesse do problema (Adekola
1968; Johnson 1975; Newmark et al. 1951; Plun & Horne 1975). Newmark et al. (1951), por
exemplo, obtiveram uma equação diferencial ordinária de segunda ordem em termos das
forças que atuam na viga; por sua vez, Johnson (1975) obteve uma equação diferencial
similar, em termos do deslizamento relativo na interface de contato. O objetivo do presente
capítulo, é o de obter a equação diferencial de segunda ordem que governa as deflexões,
y = f(x), em vigas mistas com interação parcial, sob análise de curta duração.
Do equilíbrio longitudinal do elemento da figura 5.2, tem-se que as forças Nc e Ns,
atuantes no concreto e no aço são iguais. O fluxo vertical r, por unidade de comprimento,
atuante na interface é desconhecido, assim não se pode assumir que Vc seja igual a Vs
(Johnson 1975).
Se o fluxo longitudinal de cisalhamento na interface, por unidade de comprimento é q,
a força de cisalhamento atuante em cada elemento infinitesimal desta viga é q.dx.
Por meio da força atuante, Fconec, em cada conector da ligação aço-concreto, é possível
estabelecer a relação entre o fluxo de cisalhamento q e o deslizamento s na interface. Sendo k
o módulo de rigidez do conector, p o espaçamento uniforme entre linhas transversais de
conectores ao longo da viga e n0 o número de filas longitudinais de conectores, obtém-se que:
Fconec= k s ⇒ 0n
(pq) ks =
p
skn q 0=⇒ (4.22)
Através das equações de equilíbrio, elasticidade e compatibilidade, aplicadas ao
elemento de viga da figura 5.2, obtém-se a seguinte equação diferencial, conforme já
demonstrado no item 4.2.2:
Sendo:
0 Mb Na dx
Nd0c02
c2
=+−
+++=
)EI IE(
h
AE
1
AE
1
p
kn a
scc
20
sscc
00 e
)IE IE(p
hkn b
sscc
000 +
=
(4.26)
Introduzindo-se o conceito de seção transformada, esta equação ainda pode ser
modificada com o uso do fator de homogeneização n, que estabelece a equivalência entre os
módulos de elasticidade dos materiais.
Por meio deste artifício, a seção de concreto é transformada em uma seção equivalente
de aço. Neste caso, a seção mista pode ser tratada como sendo constituída por um só material.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 43
Desta forma tem-se que:
0 M)I I(pE
h nk N
)1/A )(1/AI I(
h 1
A
1
A
1
pE
nk
dx
Nd
stcs
00c
sctsc
20
stc
0
2
c2
=+
+
+++
+−
(5.1)
ou ainda: 0 Mc c dx
Nd212
c2
=+− cN (5.2)
onde:
+=
mm
20
ms
01 AI
h 1A
pE
kn c ;
ms
002 IpE
hkn c = ;
n
AA c
ct =
n
II c
ct = ; sctm I I I += ; sct
m A
1
A
1 A += ;
+=2
d y h c
10
Por meio da equação (5.2), obtém-se a equação (5.3), que fornece a expressão da forçaNc atuante na laje de concreto. Conhecendo-se a expressão do momento fletor atuante naseção, basta realizar uma dupla integração da equação (5.3) em relação à variável x para que aforça Nc seja determinada.
Mc
c
dx
Nd
c
1 N
1
22
c2
1c += (5.3)
Para se determinar a equação diferencial que governa as deflexões em vigas mistascom interação parcial, considere uma viga carregada em seu plano de simetria xy e quetrabalhe no regime elástico (figura 5.3). Sob a ação deste carregamento, seu eixo longitudinal,inicialmente reto, transforma-se numa linha curva.
Considerando-se que, na grande maioria das aplicações práticas, as linhas elásticas
das vigas, y = f (x), são curvas muito aplainadas (Timoshenko & Gere 1986), tem-se que osângulos de giro, θ, das seções transversais, e as deflexões, y, são grandezas muito pequenasem relação às dimensões das seções transversais da viga.
(a) Vista longitudinal da viga indeformada
(b) Representação da linha elástica p/ viga deformada
FIGURA 5.3: Linha elástica de uma viga carregada em seu plano de simetria vertical
A B
.C
P
dθ
ρ = 1/φ
ds
y
NM
x y
y(x) = eq. da linha elástica
x dx
O
P
·
θ = rotação ou ângulo ≅ dy/dx de giro da seção
A B
(a) (b)
! = raio de curvatura da viga deformada
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 44
Admitindo-se a igualdade de curvaturas entre a laje de concreto e o perfil metálico
para a viga mista deformada, obtém-se que o momento fletor externo M, aplicado à seção
transversal, é dado por:
0csscc N )IE I(E M h++=φ repetida(4.18)
Isolando-se a curvatura φ na equação anterior, tem-se que:
)IE I(E
N - M
sscc
0c
+=
hφ (5.4)
Sabendo-se que no regime elástico as vigas de edifícios e pontes apresentam
declividades dy/dx ≅ θ muito pequenas, a expressão que fornece a curvatura φ de sua linha
elástica em um ponto qualquer, pode ser simplificada, sendo escrita da seguinte forma:
2
2
dx
yd
dx
d� ==φ (5.5)
Igualando-se as expressões (5.4) e (5.5), tem-se que:
)IE I(E
N -
)IE I(E
M
dx
yd
sscc
0c
sscc2
2
++=
h(5.6)
A equação (5.3) permite que a equação (5.6) seja escrita da seguinte forma:
2
c2
ms1
0
ms1
02
ms2
2
dx
Nd
IEc
h - M
IEc
hc -
IE
1
dx
yd
= (5.7)
Finalmente, substituindo-se c2 e c1 na equação (5.7), obtém-se a forma final da
equação diferencial de segunda ordem que governa as deflexões em vigas mistas com
interação parcial, sendo a força longitudinal Nc obtida com o uso da equação (5.2) (Jasim
1997):
2
c2
ms1
0
s2
2
dx
Nd
IEc
h -
IE
M
dx
yd= (5.8)
onde:
+=
mm
20
0
mm21 AI
h 1
h
AIc c ;
ms
002 IpE
hkn c =
m
20
m A
h I I += ;
sctm A
1
A
1 A += ;
+=
2
d y a c
1
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 45
5.2. DEFLEXÕES CENTRAIS DE CURTA DURAÇÃO EM VIGAS
MISTAS SIMPLESMENTE APOIADAS, COM INTERAÇÃO
PARCIAL
Neste ítem, apresenta-se o realizado por Jasim & Mohamed Ali (1997), para a
obtenção das expressões das deflexões centrais iniciais de uma vigas mista simplesmente
apoiada, possuindo interação parcial e distribuição uniforme de conectores, submetidas a
cinco diferentes tipos de carregamentos.
Para tanto, são utilizadas duas equações básicas: a equação (5.9), que fornece o valor
absoluto da deflexão parcial yp para vigas mistas simplesmente apoiadas, e a equação
diferencial (5.2), que permite obter o valor da força longitudinal Nc em função do momento
fletor M e de algumas propriedades físicas e geométricas da viga mista e dos materiais que a
constituem (Jasim & Mohamed Ali 1997).
cms1
0fp N
IEc
h y y −= (5.9a)
onde:
yp = deflexão em uma viga simplesmente apoiada, com interação parcial, e submetida aum carregamento qualqueryr = deflexão em uma viga mista simplesmente apoiada, com interação total, e submetidaa um carregamento qualquer
O sinal negativo na equação (5.9a) indica que a deflexão yp obtida apresenta
deslocamento para baixo do eixo das abscissas indicado na figura 5.3. A equação (5.9)
fornece o valor absoluto desta deflexão.
Assim:
cms1
0fp N
IEc
h y y += (5.9)
Sendo Nc a solução da equação diferencial (5.2).
A seguir, são apresentadas as expressões das deflexões centrais obtidas para uma viga
mista simplesmente apoiada, com interação parcial, submetida a cinco diferentes tipos de
carregamentos (Jasim & Mohamed Ali 1997).
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 46
Caso 1 – Carregamento em forma trapezoidal
FIGURA 5.4: Viga mista simplesmente apoiada submetida a um carregamento trapezoidal
Para se obter a deflexão yp = f(x) da viga representada na figura 5.4, inicialmente
determina-se a expressão da força Nc, atuante no centróide da laje de concreto, através do uso
do momento fletor M = M(x) ao longo desta viga. O momento fletor atuante em uma seção
transversal a uma distância x do apoio A desta viga é dado por:
( ) ( ) 312
2121 x w w
6L
1 - xw
2
1 -x w 2w
6
L M −+= (5.10)
Substituindo-se o momento fletor M na equação (5.2), a força Nc pode ser obtida
mediante a soma da função complementar Ncc, para a equação homogênea, com a
correspondente solução da integral particular Ncp.
Ou seja: cpccc C N N += (5.11)
onde:
)ccosh(xD )csenh(xD N 1211cc +=
3
1
1222
1
122
1
122
1
21212
1
2cp x
6Lc
) w w(c - x
2c
wc -x
Lc
) w L(wc -
6c
) w L(2wc w
c
c N
−
−++−=
)cLtanh(c
wc
)cLsenh(c
wc D
12
2
12
12
1
221 −=
121
22 w
c
c D =
+=2
d y h c
10
W2
A
B
x
L
W1
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 47
A expressão geral da deflexão yf desta viga, correspondente ao caso de interação
completa, pode ser obtida através da dupla integração da equação (5.12), que fornece duas
constantes de integração.
IE
M
dx
yd
s2f
2
= (5.12)
Estas constantes são determinadas utilizando-se as condições de contorno desta viga,
para a qual as deflexões yf são nulas nos apoios (yf = 0 para x = 0 e x = L). Desta forma, a
expressão para a deflexão yf é dada por:
512413213
21f x
LEI120
) w- (w x
24EI
w x
36EI
L) w (2w -x
360EI
L)7w (8w y ++
++= (5.13)
A substituição das equações (5.11) e (5.13) na equação (5.9), fornece a expressão geral
para a deflexão yp de uma viga mista simplesmente apoiada, com interação parcial e
submetida a um carregamento trapezoidal (Jasim e Mohamed Ali 1997). Entretanto, para se
determinar a deflexão ypm correspondente ao meio do vão, faz-se necessário utilizar o
valor x = L/2 para a distância x e assim, a equação (5.9) pode ser reescrita da seguinte forma:
mms1
0fmpm C
IEc
h y y += (5.14)
onde:
( )( )
+
+=
16
L
2c
1 -
cLsenhc
cL/2senh
c
c ) w (w C
2
111
1
1
221m
IE
)L w (w
768
5 y
s
421
fm
+=
Finalmente, após algumas simplificações algébricas, obtém-se:
+
+=
4
1
2
1 -
)K2senh(
)Ksenh(
K
1
5K
1)- 48(B 1
y
y
0
02
02
0fm
pm(5.15)
Onde:2
cL 1
0 =K e B =
+
mm
20
AI
h 1 (5.16)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 48
Caso 2 – Carga concentrada fora do ponto médio
FIGURA 5.5: Viga mista simplesmente apoiada submetida a uma carga concentrada fora do
ponto médio
Considerando-se o caso particular de uma carga concentrada a ¼ do vão, conforme
figura 5.5, e utilizando-se o mesmo processo de solução aplicado ao caso anterior, com as
devidas condições de contorno, são obtidas as seguintes equações:
+
+=
4
1 )cosh(K -
)tanh(2K
)senh(K
K
/2)senh(K
K11
1) - 96(B 1
y
y0
0
0
0
02
0fm
pm(5.17)
eIE
PL
768
11 y
s
3
fm = (5.18)
Caso 3 – Carga uniformemente distribuída
FIGURA 5.6: Viga mista simplesmente apoiada submetida a uma carga uniformemente
distribuída
Aplicando-se o processo de solução já adotado anteriormente, e ainda considerando-se
a simetria do carregamento e as condições de contorno adequadas, são obtidas as seguintes
equações:
[ ]
++= ))senh(K tanh(K )cosh(K- 1K
1 -
2
1
5K
1) - 24(B 1
y
y0002
02
0fm
pm(5.19)
eIE
wL
384
5 y
s
4
fm = (5.20)
P
A
B
x 3L/4 L/4
A
B
x
L
W
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 49
Caso 4 – Carga concentrada no centro do vão
Figura 5.7: Viga mista simplesmente apoiada, submetida a uma carga concentrada no
centro do vão
Para este tipo de carregamento, as condições de contorno são as mesmas utilizadas no
caso anterior, e as equações obtidas são:
+= )tanh(K
K
1 - 1
K
1) - 3(B 1
y
y0
02
0fm
pm(5.21)
eIE48
PL y
s
3
fm = (5.22)
Caso 5 – Duas cargas concentradas de mesma intensidade
Figura 5.8: Viga mista simplesmente apoiada, submetida a uma carga concentrada P a ¼ de
cada apoio
O caso particular onde a primeira carga está a uma distância L/4 do apoio esquerdo e a
outra a 3L/4 do mesmo apoio, fornece as seguintes equações:
+=
)cosh(KK
/2)senh(K -
2
1
11K
1) - 48(B 1
y
y
00
02
0fm
pm(5.23)
eIE
PL
384
11 y
s
3
fm = (5.24)
P
A
B
x L/2 L/2
P
A
B
x L/4 L/4
P
L/2
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 50
5.3. EXPRESSÃO GERAL, PROPOSTA POR JASIM E MOHAMAD ALI
(1997), PARA O CÁLCULO DAS DEFLEXÕES CENTRAIS DE
VIGAS MISTAS SIMPLESMENTE APOIADAS, COM INTERAÇÃO
PARCIAL – ANÁLISE DE CURTA DURAÇÃO
No ítme anterior, foram obtidas as equações (5.15) – (5.23), que fornecem as
expressões para o cálculo das deflexões centrais de vigas mistas simplesmente apoiadas,
apresentando interação parcial e distribuição uniforme de conectores, quando submetidas a
cinco diferentes tipos de carregamentos.
Estas equações podem ser condensadas na seguinte forma:
0fm
pmD 1
y
y+=
onde D0 representa a percentagem de aumento na deflexão de uma viga mista com interação
parcial, em relação à deflexão que esta mesma viga teria com interação total.
Observa-se, nestas equações, que o parâmetro D0 é expresso em termos de apenas duas
variáveis adimensionais, isto é B e K0, que juntas agrupam todas as variáveis que podem
influenciar as referidas deflexões (Johnson & May 1975).
Na tabela (5.1), são apresentados os valores numéricos de ypm/yfm, obtidos para
diversos valores dos fatores B e K0, onde:
Onde: B =
+
mm
20
AI
h 1 e
2
cL 1
0 =Krepetida
(5.16)
e
BApE
kn c m
s
01 =
sctm I I I +=
sct
m A
1
A
1 A +=
+=2
d y h c
10
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 51
Tabela 5.1: Comparação entre os valores ypm/yfm obtidos para os cinco tipos de
carregamentos do item 5.3, e diversos valores dos fatores B e K0
Eq. (5.15) Eq. (5.17) Eq. (5.19) Eq. (5.21) Eq. (5.23)
0,01 1,150 1,150 1,150 1,150 1,1500,1 1,149 1,149 1,149 1,149 1,1490,7 1,125 1,125 1,125 1,125 1,1251 1,107 1,106 1,107 1,107 1,1063 1,032 1,031 1,032 1,033 1,0314 1,020 1,019 1,020 1,021 1,0197 1,007 1,007 1,007 1,008 1,00735 1,000 1,000 1,000 1,000 1,00070 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
0,01 1,500 1,500 1,500 1,500 1,5000,1 1,498 1,498 1,498 1,498 1,4980,7 1,417 1,416 1,417 1,418 1,4161 1,355 1,354 1,355 1,358 1,3543 1,107 1,104 1,107 1,111 1,1044 1,066 1,064 1,066 1,070 1,0647 1,023 1,022 1,023 1,026 1,02235 1,001 1,001 1,001 1,001 1,00170 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
0,01 2,000 2,000 2,000 2,000 2,0000,1 1,996 1,996 1,996 1,996 1,9960,7 1,834 1,832 1,834 1,836 1,8321 1,711 1,708 1,711 1,715 1,7083 1,213 1,208 1,213 1,223 1,2084 1,132 1,127 1,132 1,141 1,1277 1,047 1,044 1,047 1,052 1,04435 1,002 1,002 1,002 1,002 1,00270 1,000 1,000 1,000 1,001 1,000
0,01 2,500 2,500 2,500 2,500 2,5000,1 2,494 2,494 2,494 2,494 2,4940,7 2,251 2,249 2,251 2,255 2,2491 2,066 2,062 2,066 2,073 2,0623 1,320 1,312 1,320 1,334 1,3124 1,198 1,191 1,198 1,211 1,1917 1,070 1,066 1,070 1,079 1,06635 1,003 1,003 1,003 1,004 1,00370 1,001 1,001 1,001 1,001 1,001
0,01 3,000 3,000 3,000 3,000 3,0000,1 2,992 2,992 2,992 2,992 2,9920,7 2,668 2,665 2,668 2,673 2,6651 2,421 2,416 2,421 2,430 2,4163 1,427 1,416 1,427 1,446 1,4164 1,264 1,255 1,264 1,281 1,2557 1,094 1,088 1,094 1,105 1,08835 1,004 1,004 1,004 1,005 1,00470 1,001 1,001 1,001 1,001 1,001
0,01 3,500 3,500 3,500 3,500 3,5000,1 3,490 3,490 3,490 3,490 3,4900,7 3,084 3,081 3,084 3,091 3,0811 2,777 2,771 2,777 2,788 2,7713 1,533 1,521 1,533 1,557 1,5214 1,330 1,318 1,330 1,352 1,3187 1,117 1,110 1,117 1,131 1,11035 1,005 1,004 1,005 1,006 1,00470 1,001 1,001 1,001 1,002 1,001
2,00
2,50
3,00
3,50
1,50
ypm/yfm = 1 + DK0 B
1,15
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 52
Observa-se na tabela 5.1 que, mantendo-se constantes os parâmetros B e K0, os valores
numéricos de ypm/yfm são aproximadamente os mesmos em todos os cinco casos de
carregamento estudados. A diferença numérica máxima obtida entre as grandezas ypm/yfm
apresentadas na tabela, considerando-se os valores de B e K0 analisados, é de 2,53%, e ocorre
entre o caso de carga concentrada no meio do vão e o caso de uma carga concentrada a ¼ do
vão.
Em se tratando de deflexões, pode-se admitir que as diferentes expressões do
parâmetro D0 apresentam valores numericamente iguais, e assim, qualquer uma das equações
(5.15) – (5.23) pode ser empregada no cálculo das deflexões centrais em vigas mistas
simplesmente apoiadas, com interação parcial, independentemente do tipo de carregamento
aplicado.
Dentre estas equações, a equação (5.21) é a mais simples, e será adotada para o
cálculo das deflexões centrais, ypm, em vigas mistas simplesmente apoiadas, com interação
parcial.
Assim a equação adotada será:
+= )tanh(K
K
1 - 1
K
1) - 3(B 1
y
y0
02
0fm
pm repetida(5.21)
onde: B =
+
mm
20
AI
h 1 e
2
cL 1
0 =Krepetida (5.16)
e
BApE
kn c m
s
01 =
sctm I I I +=
sct
m A
1
A
1 A +=
+=2
d y h c
10
O valor de yfm depende do tipo de carregamento considerado.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 53
5.4. ESTUDO PARAMÉTRICO REALIZADO POR JASIM, VISANDO
ESTABELECER OS INTERVALOS USUAIS DE PROJETO PARA
OS PARÂMETROS “B” E “K0”
Em seu artigo sobre deflexões de vigas mistas com conexão parcial de cisalhamento
(Jasim & Mohamed Ali 1997), Jasim faz menção às pesquisas teóricas apresentadas em sua
tese de doutorado entitulada “The effect of partial interaction on behaviour of composite
beams” – University of Basrah, Iraq, 1994, na qual inúmeras vigas mistas são teoricamente
examinadas, visando alcançar dois objetivos principais:
• especificar os intervalos dos valores dos parâmetros B e K02
• comparar os resultados fornecidos pelo método gráfico, obtido através da solução
exata, com os fornecidos pelo método aproximado de Jhonson & May (1975)
Em seu trabalho, foram consideradas 51 vigas de aço, de 610mm x 305mm x 238kg/m
até 203mm x 133mm x 25kg/m, juntamente com 18 tipos de lajes de concreto, totalizando 918
seções de vigas mistas. Duas classes de aço, 43 e 50, com tensão de escoamento de 250MPa e
350MPa, respectivamente, além de três tipos de concretos, com resistências características de
20, 30 e 40MPa, obtidas com corpos de prova cúbicos. Além disso, visando levar em conta a
flexibilidade dos conectores, foram considerados dois valores para o grau de conexão parcial,
isto é, 50% e 75%. Os conectores de cisalhamento utilizados foram do tipo pino com cabeça e
o valor constante para o módulo de rigidez dos conectores, k, foi usado de acordo com o grau
de conexão e determinado segundo a curva da figura 9 fornecida por Menzies (1971). A força
média, correspondente à carga de serviço agindo sobre os conectores, foi considerada de 50%
da resistência última Pu.
O módulo de elasticidade, Es, utilizado para o aço foi de 205KN/mm2 e o módulo de
elasticidade, Ec, do concreto foi determinado de acordo com o CP 110 (1972). A fim de se
considerar os efeitos da fluência no concreto, foi utilizado um módulo de elasticidade efetivo,
Eef, baseado no valor do coeficiente de fluência de 1,8 que fornece:
Eef = Ec/2,8
Os resultados deste estudo encontram-se resumidos na tabela 1 da referência (Jasim &
Mohamed Ali 1997), onde os valores de B e K02 foram obtidos para seções mistas típicas
utilizadas na prática. O parâmetro B varia entre 1,16 e 2,98, enquanto o parâmetro K0 varia
entre 3,06 e 6,97 para 50% de conexão de cisalhamento e entre 4,06 e 9,85 para conexão total.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 54
5.5. GRÁFICO PARA O CÁLCULO DAS DEFLEXÕES CENTRAIS DE
VIGAS MISTAS SIMPLESMENTE APOIADAS, COM INTERAÇÃO
PARCIAL
Na tabela (5.2) são apresentados diversos valores para a razão ypm/yfm, calculados a
partir da equação (5.21), em função de alguns valores dos parâmetros B e K0. Tais valores de
B e K0 foram utilizados, porque englobam vigas mistas com todas as faixas de conexão, isto é,
desde conexão nula até a interação total.
Tabela 5.2: Valores de ypm/yfm, obtidos a partir da equação (5.21), para diversos valores
dos fatores B e K0.
Nesta tabela também encontram-se destacadas as duas faixas de variação dos
parâmetros B e K0, obtidas através de estudos paramétricos, para seções mistas típicas
utilizadas na prática, onde K0 varia entre 3,06 e 6,97 para conexão parcial de 50% e entre
4,06 e 9,85 para conexão total, enquanto o parâmetro B varia entre 1,16 e 2,98.
Em seus estudos sobre deflexões em vigas mistas, Jasim construiu o gráfico (ypm/yfm) x
log(K02) (Jasim e Mohamed Ali 1997), para determinação da deflexão central, ypm, em vigas
simplesmente apoiadas com conexão parcial.
F
aixa
méd
ia p
/ v
igas
c/ 5
0% d
e co
nexã
o
Fai
xa m
édia
p/ v
igas
c/ c
onex
ão to
tal
1,15 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 3,00 3,25 3,50
0,01 1,15 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 3,00 3,25 3,500,1 1,15 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,49 2,99 3,24 3,490,5 1,14 1,23 1,45 1,68 1,91 2,14 2,36 2,82 3,05 3,270,7 1,13 1,21 1,42 1,63 1,84 2,05 2,25 2,67 2,88 3,091 1,11 1,18 1,36 1,54 1,72 1,89 2,07 2,43 2,61 2,792 1,06 1,10 1,19 1,29 1,39 1,49 1,58 1,78 1,87 1,973 1,03 1,06 1,11 1,17 1,22 1,28 1,33 1,45 1,50 1,564 1,02 1,04 1,07 1,11 1,14 1,18 1,21 1,28 1,32 1,355 1,01 1,02 1,05 1,07 1,10 1,12 1,14 1,19 1,22 1,246 1,01 1,02 1,03 1,05 1,07 1,09 1,10 1,14 1,16 1,177 1,01 1,01 1,03 1,04 1,05 1,07 1,08 1,10 1,12 1,138 1,01 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,08 1,09 1,109 1,00 1,01 1,02 1,02 1,03 1,04 1,05 1,07 1,07 1,0810 1,00 1,01 1,01 1,02 1,03 1,03 1,04 1,05 1,06 1,0735 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,01 1,0170 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
K0
B
Eq. (5.21)
+= )tanh(K
K
1 - 1
K
1) - 3(B 1
y
y0
02
0fm
pm
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 55
Com o uso da equação (5.21), é apresentado a seguir um gráfico, semelhante ao
proposto por Jasim, que permite o cálculo da deflexão central, ypm, em termos da razão
(ypm/yfm) e do fator K0.
Figura 5.9: Gráfico para o cálculo da deflexão central em vigas mistas simplesmente
apoiadas, submetidas a qualquer tipo de carregamento
Tanto na tabela 5.2, como no gráfico da figura 5.9, pode-se constatar que o valor
máximo da razão (ypm/yfm), que corresponde ao caso de interação nula, é igual ao valor do
parâmetro B. À medida que o grau de conexão aumenta, isto é, conforme o fator K0 aumenta,
a razão (ypm/yfm) diminui. Também se verifica que conforme K0 se aproxima do caso de
interação total, a razão (ypm/yfm) se aproxima da unidade.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
-2 -1 0 1 2
B = 2.0
B = 1.75
B = 1.5
B = 1.25
B = 1.15
B = 3.25
B = 3.0
B = 2.75
B = 2.5
B = 2.25
Ypm
/yfm
Log(K0)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 56
5.6. ESTUDOS REALIZADOS POR WANG PARA CONFIRMAR A
VALIDADE DA EXPRESSÃO GERAL DA RAZÃO (ypm/yfm) EM
VIGAS MISTAS BIAPOIADAS COM INTERAÇÃO PARCIAL
Em seus estudos, Wang (1998) propôs uma expressão geral para o cálculo da razão de
deflexão central, ypm/yfm, de vigas mistas simplesmente apoiadas com interação parcial.
Esta expressão foi obtida mediante um rearranjo nos termos da solução analítica,
apresentada por Girhammer & Gopu (1993), para a deflexão central de uma viga mista
biapioada com interação parcial e submetida a um carregamento uniformemente distribuído.
Tal expressão é equivalente àquela proposta por Jasim & Mohamed Ali (1997), pois
ambas foram diretamente obtidas da deflexão central de uma viga mista com as mesmas
condições de apoio, interação e carregamento.
Com o objetivo de verificar a validade desta expressão, Wang realizou um estudo
comparativo entre as deflexões calculadas com esta fórmula e outros métodos teóricos.
• Análise pelo Método dos elementos finitos
Primeiramente verificou-se a precisão dos cálculos obtidos pela análise proposta por
Porco et al. (1994), que utiliza o método dos elementos finitos, comparando-os com os
resultados fornecidos pela solução analítica exata, apresentada por Girhammer & Gopu
(1993), para a deflexão de uma viga mista simplesmente apoiada, submetida um carregamento
uniformemente distribuído. Nesta verificação, considerou-se a rigidez da conexão variando
desde a interação nula até as proximidades da interação total, e as diferenças entre os
resultados obtidos foram inferiores a 1% (Wang 1998).
• Alteração de outros parâmetros em vigas simplesmente apoiadas
A influência da variação de outros parâmetros na precisão do valor da deflexão
central, calculada segundo o método dos elementos finitos (Porco et al. 1994) e o método
proposto por Wang, também foi verificada.
O resultado deste estudo comparativo mostrou que mudanças no comprimento da viga
não afeta a precisão dos cálculos, e que mudanças nas dimensões da laje de concreto e no
perfil de aço apresentam um efeito muito pequeno sobre os resultados.
• Influência causada por diferentes tipos de carregamento
Foram considerados cinco modelos de carregamento: (1) carga concentrada no meio
do vão; (2) carga concentrada à ¼ do vão; (3) três cargas concentradas igualmente espaçadas;
(4) momento uniformemente distribuído ao longo do vão; (5) distribuição triangular de
momento entre os apoios. Nesta verificação, a rigidez da conexão também foi considerada
variando desde a interação nula até as proximidades da interação total.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO 57
Tabela 5.3: Diferença máxima entre as deflexões centrais calculadas pelo método dos
elementos finitos e a expressão geral proposta por Wang (Wang 1998)
Tipo de carregamento Diferença máxima entre deflexões calculadas(%)
(a) Viga simplesmente apoiada
Carga concentrada no meio do vão Carga concentrada a ¼ do vão
Três cargas igualmente espaçadas Momento uniformemente distribuídoDistribuição triangular de momento
21
0,522
Na tabela 5.3 estão apresentadas as diferenças máximas percentuais, obtidas entre os
valores das deflexões centrais calculadas pelo método dos elementos finitos, proposto por
Porco et al. (1994), e pela expressão geral de Wang (1998). Verifica-se que para os cinco
casos de carregamento estudados, a maior diferença obtida é de até 2%.
Baseando-se nestes resultados, pode-se admitir que a expressão geral de Wang (1998),
equivalente àquela apresentada por Jasim & Mohamed Ali (1997), pode ser empregada como
um método aproximado para o cálculo das deflexões centrais de vigas mistas simplesmente
apoiadas com interação parcial, independentemente do tipo de carregamento aplicado.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS BIAPOIADAS,
SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO
6.1. INTRODUÇÃO
Quando os dispositivos de conexão das vigas mistas aço-concreto apresentam
deformação, as ações internas nas seções transversais também são influenciadas pelo
comportamento dos conectores. Nestes casos, a análise da viga conduz a um sistema
composto por quatro equações, sendo duas que descrevem a condição de equilíbrio estático
das seções (equilíbrio longitudinal interno de forças e equilíbrio interno e externo de
momentos fletores), e as outras duas que descrevem respectivamente a condição de
compatibilidade de curvaturas entre a laje de concreto e o perfil metálico, e a condição de
compatibilidade existente entre o fluxo de cisalhamento absorvido pelo meio de conexão e o
deslizamento relativo que ele provoca na interface aço-concreto.
Para a análise dependente do tempo (análise viscoelástica), é necessário que sejam
estabelecidas relações que reflitam a natureza dos materiais, i.e., uma relação elástica para a
parte metálica e uma relação que reflita os efeitos da fluência e retração do concreto sobre a
viga.
6.2. MODELO TEÓRICO PARA ANÁLISE DE LONGA DURAÇÃO EM
VIGAS MISTAS BIAPOIADAS
Seja a figura 6.1 na qual são mostradas a seção transversal, a vista lateral e o diagrama
de deformações de uma viga mista simplesmente apoiada, submetida a um carregamento
arbitrário. Os momentos fletores geram tração nas fibras inferiores e são nulos nas
extremidades da viga.
CA
PÍT
UL
O
6
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 5959
FIGURA 6.1: Viga mista: (a) Seção transversal; (b) Elevação; (c) Deformações
A formulação matemática para este problema envolve equações de equilíbrio,
compatibilidade e relações que refletem a natureza dos materiais, i.e., uma relação elástica
para a parte metálica e uma expressão na forma de uma integral para considerar a fluência do
concreto. Isto faz com que o problema seja governado por um sistema acoplado de três
equações, do qual duas são do tipo integral-diferencial.
Na análise realizada por Tarantino & Dezi (1992), sobre o comportamento de vigas
mistas aço-concreto, submetidas a cargas de longa duração, com conectores flexíveis, são
apresentadas as seguintes equações que governam o comportamento destas vigas ao longo do
tempo:
• Condições de equilíbrio:
),( ),( ),( txNtxNtxN sc =−= (6.1a)
)( ),(),( ),( 0 xMhtxNtxMtxM sc =++ (6.1b)
• Condições de compatibilidade (igualdade de curvaturas para as duas partes):
)2,( )2,(1
),(),(
),(
0
00 xdMxJ
ItxJ
I
txM
IE
txMc
t
tcc
c
ss
s ∫+
+= (6.2)
• Condições de compatibilidade na interface de contato:
),(),(),(
),(),(
)( ),(
000
2
2
0
+
−+−+−=
∂∂
ttJhI
txM
A
txNh
IE
txM
AE
txNt
x
txN
kn
pc
c
c
c
s
ss
s
ss
shε
)�,( )�,()�,( )�,(1
00
xdMtJI
hxdNtJ
Ac
t
tc
c
t
tc
∫∫++
−+(6.3)
x
L
bc
hc= dc/2
hs=ds/2
(b) (a)
h0
Gs
Gc
Nc(x,t)
Ns(x,t)
Mc(x,t)
Ms(x,t)
M(x)εc(x,t)
εs(x,t)
(c)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6060
Onde
Ac = área da seção transversal da laje;
As = área da seção transversal da seção metálica;
Ec(t0) = módulo de elasticidade do concreto no instante t0;
Es = módulo de elasticidade da seção metálica;
Ic = momento de inércia da seção de concreto em relação ao seu próprio eixo centroidal;
Is = momento de inércia da seção metálica em relação ao seu próprio eixo centroidal;
J(t,t0) = função de fluência;
k = módulo de rigidez do conector (constante ao longo do eixo longitudinal da viga);
p = espaçamento uniforme entre linhas transversais de conectores ao longo da viga;
n0 = número de filas longitudinais de conectores;
t0 = idade do concreto no instante do carregamento [dias];
t = idade do concreto num instante considerado [dias];
εsh(t) = deformação devida à retração.
As incógnitas do problema em questão são N(x,t), Mc(x,t) e Ms(x,t), que dependem
tanto da abscissa ao longo do eixo longitudinal da viga, x, como do tempo t.
As equações (6.2) e (6.3) foram obtidas assumindo uma relação linear de fluência
para a seção de concreto e um comportamento linear elástico tanto para o perfil metálico
como para os conectores.
6.3. MÉTODOS ALGÉBRICOS PARA ANÁLISE DA FLUÊNCIA
Mediante o emprego de métodos algébricos aproximados, para análise da fluência,
torna-se possível realizar uma análise simplificada de vigas mistas com conectores flexíveis.
Estes métodos introduzem sensíveis simplificações na formulação matemática do problema,
tornando possível a obtenção de soluções na forma analítica. De fato, mediante o uso destes
métodos, a análise da fluência e da retração pode ser realizada numa única etapa. Neste grupo
de métodos algébricos, o mais importante é o do módulo-efetivo-ajustado-pela-idade
(AAEM) recomendado pelo EC 4 para análise de fluência, cujas vantagens nas aplicações
práticas têm sido reconhecidas a mais de três décadas. Deste método, primeiramente proposto
por Trost (1967a, b) e mais tarde por Bazant (1972), dois métodos mais simples podem ser
obtidos: o método do módulo-efetivo (EM) e o método da tensão-média (MS).
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6161
6.3.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA PELO MÉTODO AAEM
O estudo a seguir, tem como base a análise desenvolvida por Dezi et al.(1993), para
vigas mistas com conectores flexíveis.
Com o uso de métodos algébricos, o sistema integral-diferencial, (6.2) e (6.3), reduz-
se a um sistema de equações diferenciais ordinárias; isto permite obter soluções analíticas
para o problema. Utilizando-se o método AAEM, as equações (6.2) e (6.3) podem ser
reescritas da seguinte forma:
),(),(
)(
1.
),( )],(1[
),(),(
),( 00
00
00
++−=
ccc
c
cc
c
ss
s
E
tttt
tEI
txMtt
E
tt
I
txM
IE
txM ϕχχ
ϕ(6.9)
+
−+−
−+−+−=
∂∂
cc
c
c
c
c
c
c
c
c
c
s
ss
s
ss
sh
E
tttt
tEh
I
txM
A
txNtt
E
tth
I
txM
A
txNh
IE
txM
AE
txNt
x
txN
kn
p
),(),(
)(
1.
),(),( )],(1[
.),(
.),(),(
),(),(
)( ),(
00
00
0002
2
0
ϕχχ
ϕε
(6.10)
Onde
ϕ(t,t0) = coeficiente de fluência;
χ(t,t0) = coeficiente de envelhecimento.
Introduzindo (6.9) em (6.10), obtém-se:
)],(1[),(),(
),(),(
)( ),(
000
02
2
0
ttE
tt
A
txNh
IE
txM
AE
txNt
x
txN
kn
p
ccss
s
ss
sh χϕ
ε −+−+−=∂
∂
++
ccc E
tttt
tEA
txN ),(),(
)(
1.
),( 00
0
ϕχ(6.11)
Levando-se em conta a condição de compatibilidade no instante t0, isto é,
sscccc
c
IEItE
htxNxM
ItE
txM
+−
=)(
),()(
)(
),(
0
00
0
0 (6.12)
pode-se encontrar uma expressão para o momento fletor Ms(x,t), introduzindo-se (6.1b) em
(6.9). Assim:
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6262
[ ] [ ]+−
+−= ),(1
),(
)(
)(),()(),( ),( 0
0
0
0000 tt
E
tt
IEItE
tEhtxNxMttGtxM
csscc
c
s χϕ
[ ]
+
−+
ccc E
tttt
tEI
htxNxM ),(),(
)(
1),()( 00
0
0 ϕχ(6.13)
onde:
++
==
cccss E
tttt
tEIIE
tGttG),(),(
)(
111
1)( ),(
00
0
0ϕχ (6.14)
Finalmente, substituindo-se (6.13) em (6.11), obtém-se:
)(),( ),(),(),( ),(
00002
2
tDtx)NC(t,tM(x)ttBtxNttAx
txN++=−
∂∂
(6.15)
onde:
+
++==
cccsscss E
tttt
tEI
ttG
IE
h
AAEp
kntAttA
),(),(
)(
1.
),(11 )( ),( 00
0
0200
0
ϕχ (6.16)
[ ]
+−++
−== ),(1),(
)(
)(),( )( ),( 0
0
0
00000 tt
E
tt
IEItE
tE
IE
h
p
knttGtBttB
csscc
c
ss
χϕ
++
ccc E
tttt
tEI
),(),(
)(
11 00
0
ϕχ(6.17)
[ ]),(1),(
.)(
)(),(
1 )( ),( 0
020
0
00
00 tt
E
tt
IE
h
IEItE
tEttG
Ap
kntCttC
csssscc
c
c
χϕ
−
+
+== (6.18)
)(0)( sh0 tp
kntD −= (6.19)
A Eq. (6.15) é uma equação diferencial linear para o cálculo da incógnita N(x,t); a ela
devem ser associadas às condições de contorno. Aplicando esta equação para o estudo de uma
viga simplesmente apoiada com comprimento L, as condições de contorno são:
N(0,t0) = N(L,t0) = 0 (6.20a)
para o tempo inicial t0 (solução elástica), e
N(0,t) = N(L,t) = 0 (6.20b)
para o tempo t > t0 (solução viscoelástica).
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6363
• Solução elástica
Fazendo-se t = t0 em (6.15), a solução elástica pode ser obtida. Conseqüentemente
A(t0,t0) = a (6.21a)
B(t0,t0) = b (6.21b)
C(t0,t0) = 0 (6.21c)
D(t0,t0) = 0 (6.21d)
onde
+
++=ssccsscc IEItE
h
AEAtEp
kna
)(
1
)(
1
0
20
0
0 (6.22a)
sscc IEItE
h
p
knb
+−=
)( 0
00 (6.22b)
e a equação (6.15) se reduz a (Tarantino & Dezi 1992)
)(),(),(
020
2
xbMtxaNx
txN=−
∂∂
(6.23)
Aplicando-se as condições de contorno expressas em (6.20a), a solução de (6.23), para
carregamento uniformemente distribuído é:
[ ]
[ ]
−
−+
−−= 1
2/.cosh
)2/.(cosh
2
141),( 2
2
10La
Lxa
L
xtxN ββ (6.24)
• Solução viscoelástica
A solução geral de (6.15) é obtida somando-se a solução particular com a solução
homogênea associada [que é similar em ambas, (6.15) e (6.23)]. Isto conduz a
[ ]
[ ] +
−
−+
−−−= 1
2/.)(cosh
)2/.()(cosh)(
2
141)(),( 4
2
31LtA
LxtAt
L
xttxN βββ
[ ]
[ ][ ]
[ ] −
−−
−++
2/.)(cosh
)2/.()(cosh)(
2/.cosh
)2/.(cosh)(1).( 765
LtA
LxtAt
La
Lxatt βββ (6.26)
[ ]
[ ]
−−−
2/.)(cosh
)2/.()(cosh1)(8
LtA
LxtAtβ
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6464
onde:
8
2
1
qL
a
b−=β (6.27)
22
8
aL=β (6.28)
−=
a
tC
b
tB
tA
at
)()(
)()(3β (6.29)
24
)(
8)(
LtAt =β (6.30)
25
)(
)(8)(
LtaA
tCt =β (6.31)
)(
)()(6
tAa
tAt
−=β (6.32)
)(
)(7tAa
at
−=β (6.33)
)(
)()(8
tA
tDt =β (6.34)
Uma vez obtida a força normal N(x,t), os momentos Mc(x,t) e Ms(x,t) podem ser
calculados, através das expressões (6.12) e (6.13), e conseqüentemente, as tensões em cada
fibra. Derivando-se a força N(x,t) com relação à variável x, obtém-se o fluxo de cisalhamento,
q(x,t), agindo sobre os conectores.
6.3.2 DEFLEXÕES DE LONGA DURAÇÃO EM VIGAS MISTAS
BIAPOIADAS, COM CONEXÃO PARCIAL, E CARREGAMENTO
UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDO
Conhecendo-se a distribuição dos momentos fletores Mc(x,t) e Ms(x,t), torna-se fácil
o cálculo das deflexões verticais da viga. O cálculo da deflexão vertical pode ser obtido
através da dupla integração da curvatura (Eq. 6.36) de uma das partes que formam a viga (por
exemplo o perfil metálico). Para a eliminação das duas constantes de integração que surgem
no processo de integração, são levadas em consideração as condições de contorno, que, para o
caso de uma viga simplesmente apoiada, de vão L, e submetida a um carregamento w,
uniformemente distribuído são:
• deflexões nulas nos apoios: y(0,t) = y(L,t) = 0 (6.35a)
• ângulo de giro da seção transversal nulo no meio do vão: 0),2/(
=∂
∂x
tLy (6.35b)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6565
A expressão (6.9) apresenta a igualdade de curvaturas entre as duas partes que formam
a viga mista (laje de concreto e perfil metálico), ou seja, a própria equação diferencial da linha
elástica da viga. Ou seja
),(),(
)(
1.
),( )],(1[
),(),(
),(),( 00
00
002
2
++−==
∂∂
ccc
c
cc
c
ss
s
E
tttt
tEI
txMtt
E
tt
I
txM
IE
txM
x
txy ϕχχ
ϕ(6.9)
Substituindo-se o valor de Ms(x,t) em (6.9), a expressão da curvatura será a de uma
equação diferencial ordinária de segunda ordem em relação à variável x (equação diferencial
da linha elástica), i.e.:
[ ]{ [ ]}0300212
2
),()()(),()()()( ),(
htxNxMthtxNxMttx
txy−+−=
∂∂
ααα (6.36)
onde:
ss IE
ttGt
),()( 0
1 =α (6.37)
[ ]),(1),(
)(
)()( 0
0
0
02 tt
E
tt
IEItE
tEt
csscc
c χϕ
α −+
= (6.38)
cccc IE
tttt
ItEt
),(),(
)(
1)( 00
03
ϕχα += (6. 39)
Aplicando-se a equação (6.36) ao estudo de uma viga mista simplesmente apoiada, e
considerando as condições de contorno expressas por (6.35a) e (6.35b), obtém-se assim a
equação da linha elástica de longa duração (dependente do tempo), ou seja:
{{
{ {}}}} {
}}]L .2/1tanh[].senh[)]()()()([A(t)]. )(2/1sech[
)].2.( )(2/1cosh[)]()()()()([)(].cosh[
)].()()()()([)(24)()(3)]()(3
)()()(3)()(2)(3)(2[4)]()([
)]()()([8)]()()([8)]()([
)]()([))(()]()()()()([
).(24{)]()()()([)(24)(24
)(),(
653221
87514313
6532212
08353
43383222103222
83212
083210323
324
8751431
32
06532212
021
axattttLtA
xLtAttttttaxa
ttttttALhtttt
ttttttthttxwL
tttxhtttLxhttwxL
ttwLxxLtAttttt
tLhattttLhtALtaA
ttxy
ββαβαβ
βββββββα
ββαβαββαβα
ββαβαβααβαα
βααββααβαα
ααβββββββ
αββαβαβα
++
−+−−
+−++−
−+−+−−+−
−+++−++
++−−+−
++=
(6. 40)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6666
Finalmente, a equação que fornece a deflexão central de longa duração, para vigas
mistas simplesmente apoiadas de vão L, com conexão parcial e submetidas a um
carregamento, w, uniformemente distribuído é obtida substituindo-se x = L/2 em (6.40).
Assim:
{
{
}}}}
{
(6.41) .2
1tanh.
2
1senh)]()()(
)([A(t). )(2
1sech)].()()()()([
).(.2
1cosh)].()()()()([)(24
)()(3)]()(3)()()(3)()(2)(3
)(2.[4)]()([4
1 )]()()([2
)]()([2
3)(
4
1)]()()()()([
).(24{)]()()()([)(24)(24
)()(
653
2218751431
36532212
0
83534338322
2103222
83212
0
32
42
8751431
32
06532212
021
max
+
++
+−
−
+−+
++−+−+
+−−+−+−
−+−+−
++=
LaLattt
tLtAttttt
taLattttttALh
tttttttttt
thttLwLtttLh
ttwLLtAttttt
tLhattttLhtALtaA
ttyp
ββα
βαββββββββ
αββαβαβ
βαβαββαβαβα
αβααβααβ
ααβββββββ
αββαβαβα
6.3.3 COMPARAÇÃO ENTRE DEFLEXÕES OBTIDAS PELA
EQUAÇÃO (6.41) E PELO MÉTODO NUMÉRICO PROPOSTO
POR TARANTINO & DEZI (1992)
Neste item, são realizadas comparações entre os resultados numéricos para a deflexão
central de uma viga, obtidos segundo a equação (6.41) e segundo o método numérico
proposto por Tarantino & Dezi (1992) (Método Geral), que utiliza o processo numérico
passo-a-passo associado ao método das diferenças finitas.
A figura (6.2) apresenta o exemplo básico estudado por Dezi et al. (1993), para o qual,
utilizando o método numérico proposto por Tarantino & Dezi (1992), obtiveram a sua
deflexão central.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6767
FIGURA 6.2: Seção transversal e vista longitudinal
Os parâmetros adotados neste exemplo encontram-se listados a seguir:
• Construção escorada
• Peso específico do concreto: γc = 2,4 KN/m3
• Limite nominal de escoamento para o aço da viga: fy = 250 MPa
• Comprimento da viga: L = 12000 mm
• Resistência característica do concreto: fck = 30 MPa
• Módulo de elasticidade do concreto: Ec = 33620 MPa
• Módulo de elasticidade do aço: Es = 200000 MPa
• Área da laje: Ac = 270000 mm2
• Área da viga de aço: As = 12500 mm2
• Momento de inércia da laje: Ic = 50625 x 104 mm4
• Momento de inércia da viga de aço: Is = 750 x 106 mm4
• Carga estática uniformemente distribuída: w = 25 N/mm
• Idade do concreto no início do carregamento: t0 = 28 dias (análise elástica)
• Tempo final para análise viscoelástica: t∞ = 25550 dias (i.e., 70 anos)
• Coeficiente de fluência: ϕ(t,t0) = conforme CEB Model Code 1990 (Anexo A)
• Função de retração : εsh = conforme EC 2 (Anexo A)
• Rigidez da conexão: kn0/p = 150 N/mm2
• Umidade relativa: RH = 80%
• Coeficiente de envelhecimento para longos intervalos: χ(t,t0) = 0,80
bc
375
Gs
Gc
150
600
1800
A
B
L = 12000
w = 25
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6868
O coeficiente de envelhecimento, χ(t,t0), geralmente varia entre 0,6 e 1,0; e na maioria
dos casos de longos intervalos de tempo, encontra-se na faixa de 0,75 a 0,85 (Gilbert 1989).
Alguns métodos para o cálculo do coeficiente de envelhecimento encontram-se resumidos em
algumas referências, incluindo Neville et al. (1983) e Gilbert (1988).
• Apresentação dos resultados comparativos
A tabela 6.1, apresenta a comparação entre os valores numéricos, obtidos para as
deflexões do exemplo da figura 6.2, calculada através do algoritmo proposto por Dezi et al.
(1992) e por meio da equação (6.41).
Tabela 6.1: Deflexão no centro do vão da viga da figura 6.2, calculada através do algoritmo
proposto por Dezi et al. (1992) e por meio da equação (6.41)
* Dezi et al. 1993(vide Nota 1)
** Equação (6.41)
Valoresypmax(t)*
(mm)
ypmax(t)**
(mm)
Iniciaist0 = 28 dias
21,5 21,56
Finais t∞ =70anos
Método geral
AAEM [χ(t,t0) = 0,80]
EM [χ(t,t0) = 1,00]
MS [χ(t,t0) = 0,50]
31,4
31,2
31,0
31,7
____
31,32
31,06
31,76
Nota 1: As deflexões apresentadas na 2ª coluna (* Dezi et al. 1993), foram calculadas por meio do
algoritmo proposto por Tarantino & Dezi (1992) para o método geral
Nota 2: Através do método AAEM, também é possível obter os métodos EM e MS; para tanto,
deve-se adotar respectivamente os valores 1,00 e 0,50 para o coeficiente de envelhecimento, χ(t,t0)
e Ec(t0) = Ec (Amadio 1993, Dezi et al. 1993, Amadio & Fragiacomo 1997)
A tabela 6.1, obtida com o uso de quatro diferentes métodos para a análise dependente
do tempo, fornece um quadro completo sobre o comportamento das deflexões inicial e final
de uma viga mista simplesmente apoiada, com conectores de cisalhamento flexíveis.
Observa-se também, que o método AAEM fornece resultados muito próximos àqueles
obtidos pelo método geral proposto por Tarantino & Dezi (1992), e que os resultados
numéricos obtidos com os métodos EM e MS são ligeiramente menos precisos.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 6969
6.3.4 DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS SEGUNDO A NBR 8800
De acordo com a NBR 8800, o cálculo das deflexões das vigas mistas pode ser
realizado com o uso do momento de inércia da seção mista transformada, Itr, obtido através da
homogeneização teórica da seção transversal mista.
Em se tratando de interação parcial, a NBR 8800 recomenda o uso do momento de
inércia efetivo da seção mista transformada, Ief , dado pela seguinte expressão:
)( atr
h
n
aef IIV
QII −+= (6.42)
onde:
Ief = momento de inércia efetivo da seção mista transformada;
Ia = momento de inércia da seção de aço;
Qn = ∑qn = somatório das resistências nominais individuais “qn” dos conectores de
cisalhamento situados entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de
momento nulo;
Itr = momento de inércia da seção mista transformada;
Vh = força de cisalhamento longitudinal.
O efeito da deformação lenta do concreto é considerado mediante o aumento da
relação modular ou fator de homogeneização da seção mista. Na prática, as deflexões de curta
duração são consideradas utilizando-se para a relação modular o valor n = E/Ec, e para cargas
de longa duração n = 3E/Ec.
6.3.5 DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS DE ACORDO COM O
EUROCÓDIGO EC 4
Pelo Eurocódigo, quando N/Nf ≥ 0,4, a deflexão máxima de uma viga mista com
interação parcial pode ser calculada da seguinte forma:
• Caso de construção escorada:
Eurocódigo EC (1992) Eurocódigo EC (Draft 2000)
)(15,0 ca
f
cN
N δδδδ −
−+=
−
−+
= 2
1
5
3
a
c
a
c
c
δδ
ηδδ
δδ
α
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7070
• Caso de construção não-escorada:
Eurocódigo EC (1992) Eurocódigo EC (Draft 2000)
)(13,0 ca
f
cN
N δδδδ −
−+=
−+
=
a
c
a
c
c
δδ
ηδδ
δδ
α 1
Onde:
δ = deflexão máxima da viga mista com interação parcial;
δc = deflexão da viga mista com interação total;
δa = deflexão da viga com todo o carregamento resistido pelo perfil metálico;
η = N/Nf = grau de conexão da viga;
α = função do vão, dado na tabela 6.3. Valores intermediários podem ser calculados por
interpolação linear.
Tabela 6.2: Expoente α nas expressões do Eurocódigo EC (DRAFT 2000)
L [m] 5 10 15 20
α 1,5 1,0 0,8 0,7
Nos carregamentos usuais de edifícios, o Eurocódigo 4 permite que os efeitos da
deformação lenta sejam considerados utilizando-se os valores E/Ec e 3E/Ec para a relação
modular. Para os locais destinados a depósitos com cargas elevadas, o Eurocódigo 4 fornece
uma equação que considera o tipo da ação e a idade do concreto, no momento do
carregamento e no instante em que se deseja calcular o deslocamento (ver item 5.4.2.3 do
Eurocódigo 4 - DRAFT 2000 para maiores detalhes).
6.3.6 COMPARAÇÃO ENTRE DEFLEXÕES CALCULADAS PELA
NBR 8800, EUROCÓDIGO EC4 E PELA EQUAÇÃO (6.41)
A seguir, será calculada a deflexão central da viga mista apresentada no exemplo da
figura 6.2 (Dezi et al. 1993), segundo as normas NBR 8800 e Eurocódigo EC 4, assim como
pela equação (6.41). Os cálculos serão realizados admitindo-se o uso de conectores do tipo
pino com cabeça - φ = 19,1 mm (¾”), e que a viga trabalhe com 50% de conexão parcial.
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7171
(a) Resolução segundo a NBR 8800 (1986)
- Dados do problema: fck = 30 MPa e Ec = 33620 MPa
Nota: Caso o módulo de elasticidade secante, Ec, não tivesse sido dado no problema,
ele poderia ter sido obtido segundo a expressão 2/32/1 )()(42 γckc fE = (vide
NBR 8800 -1986)
- Resistência nominal ao cisalhamento dos conectores (Rn):
Rn ≤ KNxxEfA cckcs 14433620302865,05,0 ≅=
KNxfA ucs 119415286 ≅= ⇒ Rn = 119 KN
- Número de conectores para interação completa (n = Vh/Rn):
Vh ≤ KNxfA ys 125.3250500.12 ≅=
KNxxxhbf cefck 885.615018003085,085,0 ≅= ⇒ Vh = 3125 KN
∴ conectores 273,26119
125.3=⇒== nn
- Espaçamento entre conectores para interação completa:
mm 22027
60002/%100 ≅==
n
Lp
- Espaçamento entre conectores para 50% de conexão parcial:
mm 4402 %100%50 == pp
- Cálculo da rigidez do dispositivo de conexão (Ktot = kn0/p):
O cálculo da rigidez do dispositivo de conexão, Ktot, é feito por intermédio da rigidez
dos conectores utilizados na viga. Tarantino & Dezi (1992) estudando os efeitos da fluência
do concreto sobre o comportamento das vigas mistas fabricadas com conectores flexíveis,
observaram que a rigidez dos conectores apresenta pouca influência na evolução das
deflexões com o tempo. O gráfico carga-deslizamento dos conectores de cisalhamento é uma
curva não-linear. Johnson & May (1975) definiram a rigidez dos conectores, como a rigidez
secante relativa à metade da carga cisalhante última do conector. Wang (1998), através de
observações, sugeriu que a rigidez dos conectores de cisalhamento pode ser estimada, de
maneira conservativa, como a rigidez secante relativa à resistência nominal de projeto com
um deslizamento equivalente de 0,8 mm. Este conceito encontra-se ilustrado na figura 6.3, e
está baseado nas seguintes observações:
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7272
1. A resistência nominal Rn, é adotada como 80% da resistência máxima Pu (Lawson
1990);
2. A carga de serviço média no conector de cisalhamento equivale a 0,5Pu (Johnson &
May 1975; Lawson 1990);
3. Para esta carga de serviço, Lawson (1990) sugeriu que o deslizamento do conector é
inferior a 0,5 mm;
4. Alguns poucos resultados de ensaios push-out disponíveis, parecem confirmar esta
observação (vide Wang 1998).
FIGURA 6.3: Determinação da rigidez de conectores de cisalhamento (Wang 1998)
Baseando-se no conceito acima exposto, a rigidez do conector será:
KN/mm 75,148mm 8,0
KN 119
mm 8,0=== nR
k
Finalmente, a rigidez do dispositivo de conexão (Ktot = kn0/p) para 50% de conexão
parcial será:
2
%50
0%50 KN/mm 338
mm 440
KN/mm.(1) 75,148≅==
p
knK tot
Pu
0.8 Pu
0.5Pu
Carga de serviço (média)Regime de utilização
Carga resistenteúltima
Fo
rça r
esis
ten
te a
o c
isalh
am
en
to (
P)
0.0Deslizamento relativo (s)
Rigidez em regime de utilização k = 0,5 Pu
sserviço
P
s
Sequivalente = 0,8 mm
sserviço = 0,5 mm
Resistência nominalde projeto
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7373
- Deflexão da viga segundo a NBR 8800 (1986):
Nos casos de interação parcial, a deflexão da viga será calculada utilizando-se o
momento de inércia efetivo da seção mista transformada, Ief , dado por:
efEI
qL
384
5 4
=δ
onde o momento de inércia efetivo da seção mista transformada será:
)( __ acdtr
h
n
acdef IIV
QII −+= para cargas de curta duração, e
)( __ aLdtr
h
n
aLdef IIV
QII −+= para cargas de longa duração.
O momento de inércia da seção mista transformada, Itr, será:
])([])([ 2_
2GcGtrtrccGsGtrsstr yyAIyyAII −++−+=
onde:
Ac_tr = (Ac/n), sendo:
n = ncd =E/Ec para cargas de curta duração e
n = nld =3E/Ec para cargas de longa duração;
yGh = ordenada do centróide da seção mista transform. em relação à face superior da laje
• para cargas de curta duração:
mmAA
nAAy
cs
cdcs
cdGh 98,155)2/150)(/()1502/600(
_ =+++
=
42__
2__ 66075.484.634.2])([])([ mm,yyAIyyAII GccdGtrcdctrcGscdGtrsscdtr =−++−+=
• para cargas de longa duração:
mmAA
nAAy
cs
Ldcs
LdGh 66,244)2/150)(/()1502/600(
_ =+++
=
42__
2__ 1,47218.787.38.2])([])([ mmyyAIyyAII GcLdGtrLdctrcGsLdGtrssLdtr =−++−+=
• finalmente o momento de inércia efetivo da seção mista transformada, será:
4
66__
mm 89,254.163.101.2
)1075066,075.484.634.2(3125
)1195,13(10750)(
=
=−+=−+= xx
xIIV
QII acdtr
h
n
acdef
para carga de curta duração e
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7474
4
66__
mm 14,334.111.803.1
)1075047,381.787.218.2(3125
)1195,13(10750)(
=
=−+=−+= xx
xIIV
QII aLdtr
h
n
aLdef
para carga de longa duração.
Finalmente a deflexão central da viga, para 50% de interação parcial será:
mm 06,1689,254.163.101.2102384
12000255
384
55
4
_
4
_ ===xxx
xx
EI
qL
cdef
cdparδ (curta duração)
mm 72,1814,334.111.803.1102384
12000255
384
55
4
_
4
_ ===xxx
xx
EI
qL
Ldef
Ldparδ (longa duração)
(b) Resolução segundo o Eurocódigo EC 4 (1992 e DRAFT 2000)
No caso de viga mista escorada com interação parcial, a deflexão será calculada
utilizando-se a seguinte expressão:
• EC 4 (1992): )(15,0 ca
f
cN
N δδδδ −
−+= e
• EC 4 (DRAFT 2000):
−
−+
= 2
1
5
3
a
c
a
c
c
δδ
ηδδ
δδ
α
Onde:
tr
fullcEI
qL
384
5 4
== δδ
Desta forma as deflexões de curta e longa duração serão:
mm 86,20%50 =cdpar
δ (curta duração) EC 4 (1992)
mm 66,22%50 =Ldpar
δ (longa duração)
mm 96,22%50 =cdpar
δ (curta duração)EC 4
(DRAFT 2000) mm 99,25%50 =Ldpar
δ (longa duração)
DEFLEXÕES DE VIGAS MISTAS, BIAPOIADAS, SOB CARGAS DE LONGA DURAÇÃO 7575
• Apresentação dos resultados comparativos
A tabela 6.3, apresenta os valores numéricos, obtidos para a deflexão central da viga
mista apresentada na figura 6.2, segundo a equação (6.41) e as normas NBR 8800 e
Eurocódigo EC 4, admitindo-se o uso de conectores do tipo pino com cabeça - φ = 19,1 mm
(¾”), e estando a viga com 50% de conexão parcial.
Tabela 6.3: Deflexão no centro do vão da viga mista apresentada na figura 6.2
Equação(6.41)
NBR 8800(1986)
EC 4(1992)
EC 4 DRAFT(2000)Valores
ypMax [mm] ypMax [mm] ypMax [mm] ypMax [mm]
Inicial(t0 = 28 dias)
18,49(referência)
16,06(-13,14%)
20,86(+12,82%)
22,96(+24,18%)
Final(t∞ = 70 anos)
29,60(referência)
18,72(-36,76%)
22,66(-23,45%)
25,99(-12,20%)
A validade da equação (6.41), obtida com o método algébrico AAEM, foi
anteriormente confirmada mediante da comparação entre os seus resultados e os fornecidos
pelo algoritmo numérico proposto por Tarantino & Dezi (1992) (Dezi et al. 1993).
Tomando portanto, como referência os resultados fornecidos pela equação (6.41), o
aumento final na deflexão da viga do exemplo proposto, devido à fluência e retração do
concreto, foi de 60 %. Observa-se também a existência de grandes diferenças relativas, entre
as deflexões calculadas pelas equações das normas analisadas e aquelas obtidas pela equação
6.41. Para o exemplo estudado, verifica-se que a NBR 8800 (1986) subestimou a deflexão
inicial da viga em cerca de 13% e a deflexão final em cerca de 37%; o Eurocódigo EC 4 1992
superestimou a deflexão inicial em cerca de 13% e subestimou a deflexão final em cerca de
23%; já o Eurocódigo EC 4 DRAFT 2000 superestimou a deflexão inicial em 24,16%
(resultado mais distante da referência) e subestimou a deflexão final em cerca de 12%
(resultado mais próximo da referência).
As divergências, verificadas neste exemplo, entre os valores das deflexões obtidas
pela equação (6.41) e as fornecidas pelas normas analisadas, originam-se na existência de um
maior número de variáveis consideradas na formulação da expressão (6.41), variáveis que, em
conjunto, tendem a fornecer resultados mais próximos da realidade do que as recomendações
empíricas de projeto. Isto representa um importante avanço sobre as recomendações destas
normas, cujos cálculos são baseados na capacidade nominal dos conectores.
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
7.1 CONCLUSÕES
As principais conclusões deste estudo podem ser resumidas nos itens a seguir:
• O primeiro objetivo deste estudo, foi o de apresentar uma expressão geral aproximada
para o cálculo das deflexões centrais iniciais de vigas mistas simplesmente apoiadas,
com distribuição uniforme de conectores, submetidas a qualquer tipo de cargas de
serviço e possuindo qualquer grau de conexão. Tal expressão foi obtida através da
solução exata das equações diferenciais que governam o comportamento das vigas
mistas de acordo com a teoria linear de interação parcial. A grande vantagem desta
expressão é que ela pode ser usada independente das variações que ocorram no tipo de
carregamento, geometria da viga ou propriedades dos seus materiais. Através desta
expressão, um grande número de variáveis, que podem influenciar as deflexões, são
agrupadas em apenas dois fatores adimensionais, i.e., os fatores B e K0. Isto representa
um importante avanço sobre as recomendações de algumas normas de projeto que
tratam sobre o assunto, cujos cálculos são baseados na capacidade nominal dos
conectores.
CA
PÍT
UL
O
7
CONCLUSÕES 7777
• O segundo foi o de propor uma nova expressão analítica, baseada em métodos
algébricos, para o cálculo da deflexão central de longa duração, em vigas mistas aço-
concreto, quando submetidas a um carregamento permanente uniformemente distribuído
e apresentando qualquer grau de conexão.
Utilizando-se o método algébrico simplificado denominado método do módulo-efetivo-
ajustado-pela-idade, AAEM, recomendado pelo eurocódigo 4 para análise de fluência,
a formulação matemática do problema simplificou-se consideravelmente (praticamente
sem perda de precisão), permitindo-se assim, a obtenção da expressão analítica proposta,
cujos resultados são muito próximos aos obtidos pela solução numérica exata
apresentada por Tarantino & Dezi (1992), economizando-se tempo e esforço.
A nova expressão obtida pela aplicação do método AAEM, embora apresente uma
forma extensa, fornece resultados numéricos razoavelmente precisos, sendo portanto
uma boa ferramenta para o projeto de vigas mistas com conectores de cisalhamento
flexíveis.
7.2 SUGESTÕES
• Realização de um estudo comparativo entre resultados experimentais e valores
calculados pela equação 6.41, para deflexões centrais de longa duração de vigas mistas
aço-concreto, visando-se avaliar a precisão da nova expressão proposta, ao serem
considerados os efeitos de retração e fluência do concreto.
• Realização de um estudo paramétrico para se avaliar o grau de influência que cada
parâmetro presente na equação 6.41 exerce sobre as deflexões de longa duração de vigas
mistas aço-concreto.
• Desenvolvimento de um estudo científico para a análise do comportamento gráfico das
deflexões centrais de longa duração de vigas mistas aço-concreto, utilizando-se a
equação 6.41, com o objetivo de se introduzir melhorias e/ou avanços nas atuais
fórmulas empíricas de projeto.
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LLOYD, R.M.; WRIGHT, H.D. (1990). Shear connection between composite slabs and steel
beams. Journal of Constructional Steel Research, 15, p. 255 - 285.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 8686
OEHLERS, D.J.; COUGHLAN, C.G. (1986). The shear stiffness of stud shear connections in
composite beams. Journal of Constructional Steel Research, 6, p. 273 - 284.
OEHLERS, D.J.; SVED, G. (1995). Composite beams with limited slip capacity shear
connectors. Journal of Structural Engineering, 121(6), p. 932 – 938.
OEHLERS, D.J.; NGUYEN, N.T.; AHMED, M.; BRADFORD M.A. (1997). Partial
interaction in composite steel and concrete beams with full shear connection. Journal of
Constructional Steel Research, v.41, n. 2/3, p. 235-248, Feb/mar.
ROLL, F. (1971). The effects of differential shrinkage and creep on a composite steel-
concrete structure. ACI Special Publications, SP 27, nº 8, p. 187-214.
ROTTER, J.M.; ANSOURIAN, P. (1979). Cross-section behavior and ductility in composite
beams. Proceedings Institute of Civil Engineers, Part 2, p. 453 - 474, June.
FUNÇÕES DE FLUÊNCIA E
RETRAÇÃO DO CONCRETO
(a) Fluência
A função de fluência do concreto, proposta pelo Código Modelo do Comitê Euro-
Internacional do concreto (CEB-FIP 1991), apresenta a seguinte forma:
cc E
tt
tEttJ
),(
)(
1),( 0
0
0
ϕ+= (a.1)
onde
Ec(t0) = módulo de elasticidade instantânea do concreto no tempo t0;
Ec = módulo de elasticidade do concreto aos 28 dias de idade;
ϕ(t, t0) = coeficiente de fluência;
• O módulo de elasticidade instantânea é expresso por:
Ec(t0) = βE(t0)Ec (a. 2)
com
3/1410 cmc fE = [MPa] (a. 3)
e
[ ] 2/1
00 )()( tt ccE ββ = (a. 4)
sendo
fcm = (fck + 8) = resistência média a compressão do concreto aos 28 dias [Mpa]
fck = resistência característica a compressão do concreto aos 28 dias [Mpa]
( )[ ]0/3,51
0 )(ts
cc et−=β (a. 5)
t0 = idade do concreto no instante do carregamento [dias]
t = idade do concreto num instante considerado [dias]
0,20 p/ cimentos de alta resistência e rápido endurecimento
s = 0,25 p/ cimentos de endurecimento normal e rápido
0,38 p/ endurecimento lento
A
NE
XO
A
coefic. que depende
do tipo de cimento
ANEXO A: FUNÇÕES DE FLUÊNCIA E RETRAÇÃO DO CONCRETO 88
• O coeficiente de fluência é calculado de acordo com a seguinte fórmula:
)()()(),( 000 tttftt ccmRH −= βββφϕ (a. 6)
onde
3/1
010,0
100/11
h
RHRH
−+=φ (a. 7)
2/1)10,0(
3,5)(
cm
cmf
f =β (a. 8)
5/1
0
0)(1,0
1)(
tt
+=β (a. 9)
3/1
0
0
0)(
)()(
−+
−=−
tt
tttt
H
c ββ (a. 10)
1500250100
2,115,1
18
0 ≤+
+=
RHhH
β (a. 11)
sendo
uAh c /20 = = espessura fictícia da laje [mm];
Ac = área da seção transversal;
u = perímetro da parte de concreto em contato com a atmosfera.
RH = umidade relativa do meio ambiente [%]
(b) Retração
A função de retração do concreto, proposta pelo Código Modelo do Comitê Euro-
Internacional do concreto (CEB-FIP 1991), é dada por:
)(),(0 ssshssh tttt −= βεε (b.1)
onde
ts = idade do concreto quando a retração tem inicio [dias]
εsh0 = coeficiente básico de retração
βs(t-ts) = coeficiente que expressa o desenvolvimento da retração com o tempo
• O coeficiente básico de retração εsh0 e o coeficiente βs(t-ts) podem ser obtidos por:
εsh0 =10-6βRH [160+βsc(90-fcm)] (b. 2)
ANEXO A: FUNÇÕES DE FLUÊNCIA E RETRAÇÃO DO CONCRETO 89
2/1
2
0 )(035,0
)()(
−+−
=−s
s
sstth
ttttβ (b. 3)
com
4 p/ cimentos de endurecimento lento
βsc = 5 p/ cimentos de endurecimento normal ou rápido
8 p/ cimentos de elevada resistência e rápido endurecimento
e
βRH =–1,55(1–RH/100)
3 p/ 40% ≤ RH < 99%
0,25 p/ RH ≥ 99%
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