Definição de Limites de Integração de Micro- Geração nas … · Resumo Nas últimas décadas...
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Definio de Limites de Integrao de Micro-Gerao nas Redes de Baixa Tenso
Srgio Lima Barroso Pereira
VERSO FINAL
Dissertao realizada no mbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotcnica e de Computadores
Major Energia
Orientador: Prof. Doutor Carlos Coelho Leal Monteiro Moreira Co-orientador: Pedro Miguel Pousada da Rocha Almeida
2010
ii
Srgio Pereira, 2010
iv
Resumo
Nas ltimas dcadas os Sistemas Elctricos de Energia evoluram para um paradigma de
operao mais descentralizado, o que tem contribudo para a crescente integrao de
Produo Distribuda (PD) no sistema. Paralelamente integrao de PD nas redes de mdia e
alta tenso, o aparecimento de novas tecnologias de gerao em pequena escala, usualmente
designadas por micro-geradores, destinados a serem ligados sobre as redes de baixa tenso,
tem despertado especial ateno. Nesse sentido, de referir que em Portugal o Decreto-Lei
n 363/2007 estabelece as bases necessrias para facilitar o acesso a estas tecnologias por
todos os consumidores.
De entre outros aspectos, a ligao de PD e micro-gerao sobre as redes de distribuio
conduz a diversos efeitos que podem condicionar as metas crescentes que se pretendem
atingir em termos da ligao deste tipo de unidades rede. Um dos aspectos essenciais a ter
em considerao relaciona-se com as alteraes que podem ser verificadas ao nvel dos perfis
de tenso. No que se refere s redes de baixa tenso onde a micro-gerao integrada, estas
caracterizam-se por possurem canalizaes onde predomina a resistncia sobre a reactncia.
Consequentemente, os nveis crescentes de injeco de potncia proveniente de unidades de
micro-gerao conduzem a impactos significativos sobre os perfis de tenso da prpria rede
de baixa tenso, podendo limitar de forma significativa os nveis de integrao passveis de
serem atingidos. Nesse sentido, e tendo em considerao um conjunto de redes de baixa
tenso que reflectem alguns dos aspectos essenciais da generalidade das redes de baixa
tenso a nvel nacional, foi desenvolvido um estudo detalhado do comportamento do perfil de
tenso perante nveis crescentes de integrao de unidades de micro-gerao sobre essas
redes. Esse estudo tem por objectivo obter uma percepo do comportamento dos perfis de
tenso nas redes de baixa tenso em diversas situaes, e nomeadamente naquelas que so
definidas como limites mximos de integrao de unidades de micro-gerao, de acordo com
o estabelecido no Decreto-Lei n 363/2007.
Posteriormente caracterizao do comportamento dos perfis de tenso das redes de
baixa tenso em resultado da integrao de unidades de micro-gerao, foi proposta uma
estratgia de controlo dessas unidades, com o objectivo de permitir o aumento da integrao
vi
e sem conduzir degradao dos perfis de tenso. A estratgia baseia-se na identificao de
uma regra de controlo local (utilizando apenas informao disponvel aos terminais da
unidade de micro-gerao), responsvel pela limitao temporria da quantidade de potncia
que cada micro-gerador pode injectar na rede, caso a sua tenso terminal ultrapasse o valor
regulamentarmente admissvel.
Abstract
In the last decades the Electrical Power Systems have been evolving to more
decentralized operation paradigm, which has contributed to the increasing integration of
Distributed Generation (DG) in the system. Following the integration of DG in medium and
high voltage networks, the emergence of new small scale generation technologies, usually
referred to as micro-generators, intended to be connected at the low voltage networks, has
been attracting special attention of several entities. In this sense, it is important to mention
that in Portugal the Decree-Law n 363/2007 laid the groundwork necessary to facilitate the
access to these technologies by all the consumers.
Among other issues, the connection of DG and micro-generation to distribution networks
leads to several effects that might influence achieving the increasing targets regarding the
connection of such units to the network. One key aspect to consider is related to the changes
that can be observed in network voltage profiles. With regard to low voltage networks where
micro-generation units are connected, they are characterized by having lines where
resistance dominates over the reactance. Consequently, increasing levels of power injection
from micro-generation units, lead to significant impacts on the voltage profiles of the low
voltage grid, which may significantly limit the levels of integration that can be achieved.
Taking into account a number of low voltage networks that reflect some of the essential
aspects of most of the Portuguese low voltage networks, a detailed study concerning the
behavior of the voltage profile in low voltage networks as a result of micro-generation
integration was developed. This study aims to obtain a perception of the behavior of voltage
profiles in low voltage networks in various situations, including those that are defined in the
Decree-Law n 363/2007.
After the characterization of the voltage profiles of the referred low voltage following
micro-generation integration, it was proposed a control strategy of these units in order to
allow increasing integration levels and without leading to the degradation of voltage profiles.
The propose control strategy is based on the identification of a local control rule (using only
information available at each micro-generation unit), responsible for the limitation of the
viii
amount of power that each micro-generator can inject into the network, if its terminal
voltage exceeds the permissible value.
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de enderear um agradecimento muito especial ao meu
orientador e responsvel pelo tema desta dissertao, o Professor Doutor Carlos Coelho Leal
Monteiro Moreira, bem como ao meu co-orientador, o investigador Pedro Almeida do INESC
Porto, por toda a pacincia, disponibilidade e conhecimentos que me transmitiram para a
realizao deste trabalho.
Gostaria de enderear um agradecimento muito especial aos meus pais, por todo o apoio,
compreenso, pacincia e incentivo que me deram ao longo da minha vida, sem eles nada
teria sido possvel.
Gostaria tambm de agradecer minha restante famlia (irm, primos, tios e avs), todo
o amor e amizade que sempre me transmitiram.
Gostaria tambm de enderear um agradecimento muito especial minha namorada
Cristiana por toda a pacincia, apoio, amor e amizade que demonstrou ter nesta fase decisiva
e especial da minha vida.
Por ltimo, gostaria de agradecer a todos os meus colegas e amigos sem excepo, a
amizade companheirismo e apoio dado sempre que necessitei.
A todos um MUITO OBRIGADO!
x
ndice
Resumo ......................................................................................... v
Abstract ....................................................................................... vii
Agradecimentos .............................................................................. ix
ndice .......................................................................................... xi
Lista de figuras ............................................................................... xv
Lista de tabelas ............................................................................. xix
Abreviaturas e Smbolos................................................................... xxi
Captulo 1 ..................................................................................... 23
Introduo ....................................................................................................... 23
1.1 - Motivaes da Dissertao ............................................................................. 23
1.2 - Objectivos da Dissertao ............................................................................. 25
1.3 - Estrutura da Dissertao ............................................................................... 26
Captulo 2 ..................................................................................... 29
Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio................................. 29
2.1 Introduo ................................................................................................ 29
2.2 Conceito Produtor/Consumidor ....................................................................... 32
2.3 Situao Portuguesa .................................................................................... 34
2.4 Situao Internacional.................................................................................. 39
2.5 Tecnologias de micro-gerao ........................................................................ 42 2.5.1 Clula de combustvel ............................................................................ 43 2.5.2 Micro-turbinas...................................................................................... 44 2.5.3 Painis Solares Fotovoltaicos .................................................................... 48 2.5.4 Pequenas e micro-turbinas-elicas ............................................................. 49
2.6 Impacto da produo distribuda nas redes elctricas ........................................... 51 2.6.1 Esquemas de proteco .......................................................................... 52 2.6.2 Qualidade da energia fornecida ................................................................ 52 2.6.3 Estabilidade ........................................................................................ 53 2.6.4 Operao da rede ................................................................................. 54
xii
2.6.5 Perfil de Tenso .................................................................................... 54
2.7 Sistemas avanados para integrao de micro-gerao nas redes elctricas ................. 58 2.7.1 Micro redes e multi - microredes .............................................................. 59 2.7.2 Projecto InovGrid .................................................................................. 65 2.7.3 - O projecto InovGrid e o Controlo Coordenado de Redes de Distribuio ................ 70
2.8 Sumrio e principais concluses....................................................................... 71
Captulo 3 ..................................................................................... 73
Integrao de micro-gerao em redes de Baixa Tenso: O problema do controlo de tenso ..................................................................................................... 73
3.1 Introduo................................................................................................. 73
3.2 Caracterizao das redes em estudo ................................................................. 75 3.2.1 Rede de 50 kVA ..................................................................................... 75 3.2.2 Rede de 100 kVA ................................................................................... 75 3.2.3 Rede de 250 kVA ................................................................................... 76 3.2.4 Rede de 400 kVA ................................................................................... 76 3.2.5 Rede de 630 kVA ................................................................................... 76
3.3 Metodologia adoptada para o estudo................................................................. 77 3.3.1 - Estudo para as potncias contratadas nos locais mais distantes .......................... 81 3.3.2 - Estudo para as potncias contratadas nos locais mais prximos .......................... 82 3.3.3 - Estudo Trifsico .................................................................................... 83
3.4 Sumrio e principais concluses....................................................................... 88
Captulo 4 ..................................................................................... 89
Controlo descentralizado de micro-gerao ............................................................... 89
4.1 - Introduo................................................................................................. 89
4.2 - Modelizao de uma rede de BT com micro-gerao do tipo solar fotovoltaico ............. 91 4.2.1 Rede de distribuio pblica ..................................................................... 91 4.2.2 Canalizao da rede BT ........................................................................... 91 4.2.3 Cargas ................................................................................................ 93 4.2.4 Painel solar fotovoltaico .......................................................................... 93
4.3 Definio da estratgia usada para controlo da Tenso .......................................... 97
4.4 Implementao em MatLab/Simulink .......................................................... 100
4.5 Sumrio e breves concluses ........................................................................ 103
Captulo 5 ................................................................................... 105
Resultados ..................................................................................................... 105
5.2 Limites de integrao de micro-gerao na rede de BT ........................................ 106 5.2.1- Redes equilibradas................................................................................ 106 5.2.2 Estudo trifsico ................................................................................... 118
5.3 Controlo descentralizado de micro-gerao controlo local .................................. 123
5.4 Sumrio e breves concluses ........................................................................ 127
Captulo 6 ................................................................................... 129
Concluso ...................................................................................................... 129
6.1 - Principais contribuies da dissertao ............................................................ 129
6.2 - Desenvolvimentos futuros ............................................................................ 131
Referncias ................................................................................. 133
Anexo A ..................................................................................... 139
Tabelas de caracterizao das redes em estudo ........................................................ 139
Anexo B...................................................................................... 153
Rede de 100 kVA e 400 kVA usadas para formulao do algoritmo presente no estudo trifsico ................................................................................................. 153
xiv
Lista de figuras
Figura 2.1 Organizao do sistema elctrico convencional......................................... 30
Figura 2.2 Estrutura do SEN [12]. ....................................................................... 34
Figura 2.3 Diagrama esquemtico bsico de uma unidade de clula de combustvel [4]. ... 44
Figura 2.4 Sistema de uma micro-turbina com veio simples [4]. ................................. 45
Figura 2.5 Funcionamento de um painel FV [24]. ................................................... 48
Figura 2.6 Agrupamento de clulas solares para formar mdulos (Painis FV) ou arrays [24]. ..................................................................................................... 49
Figura 2.7 Turbinas elicas de eixo vertical (esquerda) e de eixo horizontal (direita) ....... 51
Figura 2.8 Perfil de tenso de uma rede radial. ..................................................... 55
Figura 2.9 Representao do circuito do sistema rede carga - painel FV [30] ............... 56
Figura 2.10 Arquitectura de uma micro-rede [4]. ................................................... 62
Figura 2.11 Arquitectura de controlo e gesto de uma multi-micro-rede [35] ................ 62
Figura 2.12 Exemplo do sistema ........................................................................ 64
Figura 2.13 mbito do Projecto InovGrid [39] ....................................................... 67
Figura 2.14 Arquitectura de referncia InovGrid [6] ............................................... 68
Figura 2.15 Arquitectura de controlo e gesto da rede de distribuio ......................... 70
Figura 3.1 Exemplo do sistema ......................................................................... 78
Figura 3.2 Numerao dos ramos para a rede de distribuio radial [43]. ..................... 84
Figura 3.3 Seco de linha de um sistema trifsico com neutro [44] ............................ 87
Figura 4.1 - Modelo da rede de servio pblico ....................................................... 91
Figura 4.2 a) bloco representativo de uma linha, b) impedncias de fase e neutro da linha (MatLab/Simulink).......................................................................... 92
Figura 4.3 Modelo das cargas monofsicas e trifsicas ............................................. 93
xvi
Figura 4.4 Curva caracterstica (I-V) e (P-V) de uma clula solar [4] ........................... 94
Figura 4.5 Influncia da temperatura da clula na curva caracterstica I-V [4] ............... 94
Figura 4.6 Influncia da radiao solar da clula na curva caracterstica I-V [4] ............. 95
Figura 4.7 Configurao de um sistema fotovoltaico ............................................... 95
Figura 4.8 Sistema de controlo do inversor de um painel solar fotovoltaico................... 96
Figura 4.9 Visualizao grfica do modelo de controlo de tenso ............................... 98
Figura 4.10 Diagrama de blocos das malhas proporcional e integral ............................ 99
Figura 4.11 Implementao do sistema de controlo de tenso na rede de 100 kVA (Feeder 3) ............................................................................................. 100
Figura 4.12 a) bloco representativo do controlo de tenso, b) modelizao do controlo de tenso .............................................................................................. 101
Figura 4.13 a) bloco representativo do mdulo FV, b) contedo do bloco representativo do mdulo FV (inversor) ............................................................................ 102
Figura 5.1 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 50 kVA (caso 1).... 106
Figura 5.2 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 100 kVA (caso 1) .. 107
Figura 5.3 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 250 kVA (caso 1) .. 107
Figura 5.4 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 400 kVA (caso 1) .. 108
Figura 5.5 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 630 kVA (caso 1) .. 108
Figura 5.6 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 50 kVA (caso 2).... 109
Figura 5.7 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 100 kVA (caso 2) .. 110
Figura 5.8 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 250 kVA (caso2) ... 110
Figura 5.9 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 400 kVA (caso 2) .. 111
Figura 5.10 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 630 kVA (caso 2) 111
Figura 5.11 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 50 kVA (caso 1) .. 112
Figura 5.12 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 100 kVA (caso 1) 113
Figura 5.13 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 250 kVA (caso 1) 113
Figura 5.14 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 400 kVA (caso 1) 114
Figura 5.15 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 630 kVA (caso 1) 114
Figura 5.16 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 50 kVA (caso 2) .. 115
Figura 5.17 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 100 kVA (caso 2) 116
Figura 5.18 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 250 kVA (caso 2) 116
Figura 5.19 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 400 kVA (caso 2) 117
Figura 5.20 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 630 kVA (caso 2) 117
Figura 5.21 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 100 kVA (caso 1) 119
Figura 5.22 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 400 kVA (caso 1) 119
Figura 5.23 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 100 kVA (caso 2) 120
Figura 5.24 Potncias contratadas nos locais mais distantes da rede de 400 kVA (caso 2) 120
Figura 5.25 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 100 kVA (caso 1) 121
Figura 5.26 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 400 kVA (caso 1) 121
Figura 5.27 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 100 kVA (caso 2) 122
Figura 5.28 Potncias contratadas nos locais mais prximos da rede de 400 kVA (caso 2) 122
Figura 5.29 Comparao da tenso por fase em todos os ns e sem controlo local ........ 123
Figura 5.30 Comparao das tenses sem actuao do controlo (grficos da esquerda) com as tenses aquando a actuao da malha proporcional (grficos da direita) ...... 124
Figura 5.31 Comparao das tenses com a actuao do controlo proporcional (grficos da esquerda) com as tenses com a actuao do controlo integral (grficos da direita) ................................................................................................ 125
Figura 5.32 Comparao entre as potncias disponveis nos painis FV (grficos da esquerda) com as potncias injectadas na rede (grficos da direita) ..................... 126
Figura 5.33 Comparao entre as potncias disponveis nos painis FV (grficos da esquerda) com as potncias injectadas na rede (grficos da direita) ..................... 126
Figura B-1 Esquema radial da rede de 100 kVA .................................................... 154
Figura B-2 Esquema radial da rede de 400 kVA .................................................... 155
xviii
Lista de tabelas
Tabela 2.1 Fabricantes e caractersticas dos seus produtos [20].................................. 46
Tabela 2.2 - Vantagens e desvantagens associadas s configuraes das Micro-turbinas [20] ...................................................................................................... 47
Tabela 3.1 Descrio dos cenrios realizados em cada estudo .................................... 80
Tabela 3.2 - Barramentos mais distantes para cada rede no estudo das potncias contratadas (caso 1) .................................................................................. 81
Tabela 3.3 - Barramentos mais distantes para cada rede no estudo das potncias contratadas (caso 2) .................................................................................. 82
Tabela 3.4 - Barramentos mais prximos para cada rede no estudo das potncias contratadas (caso 1) .................................................................................. 83
Tabela 3.5 - Barramentos mais prximos para cada rede no estudo das potncias contratadas (caso 2) .................................................................................. 83
Tabela A-1 Barramentos de carga da rede de 50 kVA ............................................. 139
Tabela A-2 Nmero de clientes por barramento na rede de 50 kVA e potncia contratada associada.............................................................................................. 140
Tabela A-3 Barramentos de carga da rede de 100 kVA ............................................ 140
Tabela A-4 - Nmero de clientes por barramento na rede de 100 kVA e potncia contratada associada ............................................................................... 141
Tabela A-5 - Barramentos de carga da rede de 250 kVA ............................................ 142
Tabela A-6 - Nmero de clientes por barramento na rede de 250 kVA e potncia contratada associada ............................................................................... 144
Tabela A-7 - Barramentos de carga da rede de 400 kVA ............................................ 145
Tabela A-8 - Nmero de clientes por barramento na rede de 400 kVA e potncia contratada associada ............................................................................... 147
Tabela A-9 - Barramentos de carga da rede de 630 kVA ............................................ 149
Tabela A-10 - Nmero de clientes por barramento na rede de 400 kVA e potncia contratada associada ............................................................................... 151
xx
Abreviaturas e Smbolos
Lista de abreviaturas
AT Alta Tenso
AMM Automated Meter Management
AMR Automated Meter Reading
BT Baixa Tenso
CAMC Central Autonomous Management Controller
CO2 Dixido de Carbono
DL Decreto-lei
DMS Distributed Management System
DSM Demand Side Management
DSO Distributed System Operator
DTC Distribution Transformer Controller
EB Energy Box
FER Fontes de Energias Renovveis
FV Fotovoltaico
GEE Gases com Efeito de Estufa
HAN Home Area Network
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor
LAN Local Area Network
LC Load Controller
MC Micro-source Controller
MG Micro-Gerao
MGCC MicroGrid Central Controller
MPP Maximum Power Point
MPPT Maximum Power Point Tracker
MR Micro-Rede
MT Mdia Tenso
xxii
OLTC On Load Tap Changer
PD Produo Dispersa
PTD Posto de Transformao de Distribuio
REN Rede Elctrica Nacional
RESP Rede Elctrica de Servio Pblico
rpm rotaes por minuto
SACS Substation Automation and Control System
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition
SEE Sistema Elctrico de Energia
SEN Sistema Elctrico Nacional
SRM Sistema de Registo da Micro-gerao
TAN Transformer Area Network
UE Unio Europeia
VSI Voltage Source Inverter
WAN Wide Area Network
Lista de smbolos
Frequncia angular
ngulo
Captulo 1
Introduo
1.1 - Motivaes da Dissertao
O Sistema Elctrico de Energia (SEE) desenvolveu-se nos ltimos anos, com base numa
estrutura que consistia na produo centralizada de energia, que era levada at ao
consumidor final atravs de extensas redes de transporte e distribuio. Para tal, estas
unidades utilizam na sua grande maioria fontes de energias no renovveis (combustveis
fsseis), para a produo de energia elctrica. Isto levou a que se criasse uma grande
dependncia em relao a este tipo de combustveis. Contudo, a limitao existente destes
recursos, aliado ao consumo crescente a nvel energtico, torna urgente a adopo de
estratgias adequadas. Alm disso, importa tambm dizer que as alteraes climticas so
vistas como sendo uma das mais srias ameaas ambientais a nvel global, com forte impacto
nos ecossistemas, qualidade da gua, sade humana e nas actividades econmicas [1].
Devido a tudo isto, comea-se a verificar uma mudana a nvel do paradigma energtico.
As sociedades comeam a adoptar formas alternativas de produo de energia elctrica cada
vez mais limpas e mais eficientes, como por exemplo a adopo de unidades produtoras
descentralizadas [2]. atravs de incentivos por parte dos governos de todo o mundo para a
integrao deste tipo de unidades, que ser possvel alcanar as metas ambiciosas definidas
pela Unio Europeia (UE) [3]:
20% de aumento na eficincia energtica at 2020
20% de reduo das emisses dos gases com efeito de estufa (GEE)
Quota de 20% de energias renovveis no consumo energtico global da UE at
2020
24 Introduo
24
Com esta mudana no paradigma energtico, e devido ao desenvolvimento das
tecnologias de produo dispersa, foi possvel criar unidades pequenas, com a possibilidade
de serem ligadas directamente sobre a Baixa Tenso (BT). Surge assim o conceito de micro-
gerao, isto , a produo de energia elctrica atravs de instalaes de pequena escala
usando fontes renovveis (micro-elicas, painis solares fotovoltaicos (FV), mini e micro-
hdricas) ou processos de micro-co-gerao de elevada eficincia (utilizando micro-turbinas e
clulas de combustvel). Esta mudana do paradigma convencional, caracterizado pela
gerao centralizada, pode oferecer vantagens adicionais para os operadores do sistema [4]:
Adiamento de investimentos nos sistemas de transmisso e de distribuio
Reduo das perdas no sistema de distribuio
Tendo em considerao os benefcios da integrao destas unidades, nos ltimos anos
verificou-se um crescimento acentuado da utilizao da mesma, o que pode traduzir-se na
ocorrncia de alguns impactos no aconselhveis nas redes de distribuio. Verifica-se assim
a necessidade de criao de sistemas avanados para gesto da integrao em larga escala de
unidades de micro-gerao. Exemplos desses sistemas so os que surgem no mbito de um
projecto Europeu Microgrids (MicroGrids: Large scale integration of MicroGeneration to Low
Voltage Grids), e tornam possvel a explorao da capacidade de micro-gerao e cargas ao
nvel das redes de BT, permitido a criao do conceito de redes de BT activas, com um
grande nmero de benefcios para o operador da rede de distribuio e para o consumidor
final [5]. Em Portugal, esto a ser dados alguns passos nesse sentido, em especial atravs dos
desenvolvimentos que recentemente tm vindo a ter lugar no mbito do projecto InovGrid
[6]. Este projecto surgiu como resposta necessidade de introduzir mais inteligncia na rede
de forma a permitir gerir e controlar de forma mais abrangente a rede de distribuio,
incluindo a integrao em larga escala de micro-gerao.
Assim, atravs da adopo de estratgias activas de gesto de redes de distribuio com
elevados nveis de integrao de produo descentralizada, pretende-se aumentar a
eficincia e fiabilidade dessas mesmas redes, transformando-as de forma a ser possvel o
fornecimento de um servio interactivo (consumidor/operador), bem como remover grande
parte das barreiras que se colocam integrao em larga escala das energias renovveis [4].
Objectivos da Dissertao 25
25
1.2 - Objectivos da Dissertao
Os recentes desenvolvimentos a nvel de tecnologias destinadas produo de energia
elctrica em pequena escala tem contribudo para o aparecimento de sistemas vocacionados
a serem instalados directamente sobre as redes de BT, como o exemplo de painis solares
fotovoltaicos, micro-turbinas elicas, micro-turbinas a gs e pilhas de combustvel. A
crescente integrao de unidades de micro-gerao pode originar um conjunto de impactos
significativos em termos da operao da rede de distribuio, nomeadamente no que se
refere ao comportamento dos perfis de tenso. Estes impactos podem ter como resultado a
limitao de integrao destas unidades na rede de distribuio. Nesse sentido, esta
Dissertao foca essencialmente o problema das alteraes do perfil de tenso em resultado
da integrao em larga escala de unidades de micro-gerao sobre as redes de BT. De referir
que tais efeitos so estudados sobre um conjunto de redes de distribuio de baixa tenso. As
redes de distribuio de baixa tenso, sobre as quais recaiu este estudos, so redes que
foram obtidas atravs do projecto InovGrid. Desta forma, atravs dos dados obtidos deste
projecto, pretende-se obter algumas concluses associadas integrao em larga escala de
micro-gerao.
Verificadas estas limitaes, surge a necessidade de criao de estratgias de controlo
destes impactos. Assim sendo, e tendo em considerao a infra-estrutura de controlo que
ser proporcionada no mbito do projecto InovGrid, ainda proposta uma estratgia de
controlo local dos perfis de tenso em resultado das perturbaes (elevao da tenso para
alm do valor nominal) que os crescentes nveis de integrao de micro-gerao podem
introduzir no sistema de distribuio.
Assim, os principais objectivos desta dissertao so os seguintes:
Avaliao do comportamento dos perfis de tenso em redes de BT em face
de elevados nveis de integrao de micro-gerao e determinao de
limites de integrao para essas mesmas redes: Para tal, foram consideradas
um conjunto de redes em baixa tenso onde se procedeu verificao do
comportamento do perfil de tenso em face de crescentes nveis de integrao
de micro-gerao. Esse tipo de estudos permite igualmente a identificao de
limites de integrao de micro-gerao, tendo em conta as perturbaes que
podero ocorrer em regime permanente sobre os valores da tenso. Estes
estudos foram feitos considerando que as redes em causa poderiam ser
aproximadas por redes trifsicas equilibradas. Em seguida, alguns dos
26 Introduo
26
resultados assim obtidos foram corroborados com base num estudo sobre redes
trifsicas desequilibradas.
Comparar os limites de integrao atrs referidos com os impostos na
legislao vigente em Portugal: os limites obtidos no decorrer do estudo
foram comparados com os impostos na legislao que regula a integrao de
micro-gerao nas redes de BT. Alm disso tentou-se verificar se existe a
possibilidade de extenso desses mesmos limites.
Identificao de estratgias de controlo local dos nveis tenso: tendo em
vista os crescentes nveis de integrao de micro-gerao nas redes de
distribuio, juntamente com os decorrentes impactos sobre os perfis de
tenso procedeu-se identificao de uma estratgia de controlo local de
tenso, justificvel pela sua simplicidade e reduzidos requisitos de
implementao.
1.3 - Estrutura da Dissertao
O trabalho desenvolvido no mbito desta Dissertao encontra-se organizado em 6
captulos e 2 anexos.
O primeiro captulo apresenta a contextualizao do problema em investigao e indica
os principais objectivos que este estudo pretende alcanar.
No segundo captulo introduzido o conceito de micro-gerao, procedendo-se tambm
descrio de alguns tipos de tecnologias destinadas produo em pequena escala de energia
elctrica. So tambm descritos os impactos resultantes da integrao de micro-gerao para
a rede de distribuio (enfoque nos perfis de tenso), verificando-se a necessidade de criao
de sistemas avanados para esta integrao. Introduz-se assim o conceito de micro-redes e
multi-micro-redes, procedendo-se assim anlise da arquitectura das mesmas.
Aliado a isto, ainda abordado o problema do controlo de tenso e as estratgias
adoptadas para o mesmo.
No terceiro captulo, apresenta-se a caracterizao pormenorizada das redes estudadas
bem como a metodologia usada para a obteno dos resultados.
Estrutura da Dissertao 27
27
No quarto captulo apresentado e discutido o funcionamento do controlo de tenso
local que proposto nesta dissertao. Para tal apresentada a metodologia de ligao de
um sistema solar fotovoltaico na rede de distribuio, e a sua implementao em ambiente
MatLab/Simulink.
No captulo 5 so apresentados e discutidos os resultados obtidos atravs dos estudos que
foram realizados de acordo com os princpios estabelecidos nos captulos 3 e 4.
O captulo 6 apresenta os principais contributos desta Dissertao assim como as
concluses gerais e perspectivas de estudos futuros.
No anexo A so apresentadas as tabelas que caracterizam as redes de distribuio
presentes no estudo, relativamente potncia activa e reactiva por barramento bem como o
nmero de clientes e a respectiva potncia contratada por barramento. No anexo B so
ilustrados os esquemas unifilares das redes usadas para o estudo dos limites de integrao de
micro-gerao nas redes trifsicas desequilibradas.
28 Introduo
28
Captulo 2
Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de
distribuio
2.1 Introduo
Cada vez mais tm sido registadas alteraes profundas no paradigma de
desenvolvimento e operao do sistema elctrico de energia, tal como era conhecido at a
um passado relativamente recente. Esse sistema elctrico de energia pode ser genericamente
caracterizado por uma estrutura hierrquica onde o trnsito de energia flui sempre de um
nvel hierrquico superior para um nvel inferior. A figura 2.1 ilustra a forma hierrquica de
organizao do sistema elctrico convencional. Segundo [4], a energia elctrica produzida
em grandes centrais de gerao que alimentam um sistema de transmisso interligado, que
por sua vez transporta a energia para subestaes prximas dos centros de consumo. Linhas
de alta tenso distribuem a energia elctrica at aos centros de consumo, onde as
subestaes de alta tenso esto localizadas. Nas subestaes de alta tenso, a tenso
reduzida para nveis de Mdia Tenso (MT) tenso de distribuio sendo posteriormente
distribuda para as reas rurais e urbanas atravs das linhas MT. Por fim, nos postos de
transformao, a tenso novamente reduzida, para nveis correspondentes Baixa Tenso
(BT), sendo distribuda pelos pequenos consumidores.
Em [7], so referidas algumas vantagem relativas ao sistema elctrico convencional
destacando-se:
Eficincia das grandes centrais elctricas: A maior parte das grandes unidades
de produo de produo de energia elctrica caracteriza-se por terem mais de
20 anos e por terem nveis de eficincia entre 28% e 35%; contrariamente, as mais
recentes unidades de gerao de pequena escala caracterizam-se por nveis de
30 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
30
eficincia entre 40% e 50%. Contudo esta comparao no razovel devido
diferena significativa do nvel tecnolgico entre ambos os casos [8]. Se a
comparao entre as grandes unidades e pequenas unidades de gerao for feita
considerando o mesmo nvel tecnolgico, a vantagem recair para as grandes
unidades.
Operao e gesto do sistema elctrico: O sistema interligado de transmisso
permite o transporte de grandes quantidades de energia a grandes distncias com
nveis de perdas reduzidos. A interligao de sistemas faz com que os nveis das
reservas de energia sejam optimizados, contribuindo assim para uma reduo dos
custos de produo. Alm disso, as grandes unidades de gerao contribuem
significativamente para a garantia de estabilidade geral do sistema.
Simplicidade de operao ao nvel da distribuio: O fluxo de potncias
unidireccional simplifica o modelo de planeamento e operao das redes de
distribuio de energia elctrica.
Figura 2.1 Organizao do sistema elctrico convencional
Contudo, e ainda segundo [7], existem tambm algumas desvantagens relacionadas com
aspectos fundamentais do sistema elctrico convencional:
Introduo 31
31
Distncia entre a produo e os centros de consumo: as grandes distncias
entre produo e consumo que caracterizam o paradigma do sistema elctrico
convencional obrigam construo de grandes e dispendiosas redes de
transmisso, sendo que o crescimento destas distncias de transporte de energia
origina o aumento das perdas.
Impactos ambientais: As unidades convencionais de gerao originam impactos
ambientais significativos, em especial devido ao uso de carvo e de combustveis
nucleares ou fsseis.
Fiabilidade do sistema: num sistema hierrquico, a existncia de problemas de
natureza regulatria ou estrutural pode criar dificuldades para o desenvolvimento
de investimentos em novas instalaes de gerao ou na rede de transmisso. O
impacto resultante pode ter impactos negativos considerveis em termos da
segurana de abastecimento do sistema global.
O paradigma de funcionamento do sistema elctrico convencional tm vindo a sofrer
alteraes significativas desde o inicio da dcada de 90, em especial devido ao crescimento
do interesse em conectar unidades de gerao rede de distribuio. Tal interesse resulta
essencialmente de incentivos resultantes de polticas governamentais ambiciosas em termos
de reduo das emisses poluentes, aumento da eficincia energtica, bem como de
programas de promoo da diversificao energtica. Este tipo de unidades, s quais
normalmente atribuda a designao de Produo Dispersa (PD), comeou primeiramente a
surgir ao nvel das redes de mdia/alta tenso, com especial enfoque em sistemas de co-
gerao, mini-hidricas e parques elicos. Mais recentemente, e em resultado de
desenvolvimentos tecnolgicos importantes na rea da PD, este tipo de produo comeou a
surgir ao nvel das redes de baixa tenso, surgindo dessa forma o termo micro-gerao [4].
A micro-gerao, isto , a produo de energia elctrica atravs de instalaes de
pequena escala usando fontes renovveis (micro-elicas, painis solares fotovoltaicos (FV),
mini e micro-hdricas) ou processos de micro-co-gerao de elevada eficincia (utilizando
micro-turbinas e clulas de combustvel), est no centro de uma revoluo que vai contribuir
de forma decisiva para uma maior descentralizao dos sistemas elctricos da maioria dos
pases europeus [9]. Tal como o aparecimento da PD ao nvel das redes de distribuio de
mdia e alta tenso, o aparecimento das tecnologias de micro-gerao est relacionado com
os elevados custos associados forte dependncia de combustveis fosseis, com principal
destaque para a constante subida do preo do barril de petrleo, aparecendo tambm o
combate s alteraes climticas e liberalizao dos mercados elctricos na Europa como
32 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
32
motivo fundamental ao desenvolvimento tecnolgico visando o uso das energias renovveis
[9].
Assim, e apesar de o factor econmico ser o principal elemento motivador ao uso de
micro-gerao, factores como as preocupaes com a segurana de abastecimento e os
problemas ambientais so tambm tomados em considerao.
Foi visto que o paradigma de funcionamento do sistema elctrico tm vindo a sofrer
alteraes, sendo que, o aparecimento da PD e a recente evoluo no que diz respeito s
diversas tecnologias de micro-gerao foram os principais responsveis. Aliado a isto, surgem
certos problemas relacionados com o impacto que estas tecnologias provocam nas redes de
distribuio. Aspectos relacionados com os adequados esquemas de proteco, qualidade da
energia fornecida, estabilidade do sistema, mudanas no que respeita nova forma de
operao da rede elctrica e alteraes dos perfis de tenso, tm de ser tidos em
considerao uma vez que apesar dos seus inmeros benefcios podem tambm trazer
problemas para o correcto funcionamento do sistema elctrico. Estes problemas, com
destaque para a alterao dos perfis de tenso que constituem objecto de estudo neste
trabalho, so devidos em grande parte ao crescente aumento que se tem vindo a verificar na
integrao de micro-gerao na rede elctrica.
2.2 Conceito Produtor/Consumidor
No que respeita micro-gerao, e de acordo com estudos desenvolvidos no Reino Unido,
prev-se que at 2050 a instalao generalizada de micro-gerao possa fornecer entre 30-
40% das necessidades elctricas necessrias e promover a reduo das emisses de CO2 em
15% ao ano [10]. A possibilidade de aplicao desta tecnologia para explorao dos recursos
naturais ir permitir a reduo da dependncia da importao e beneficiar os consumidores
de energia. importante tambm referir que segundo [10], a micro-gerao tem um papel
chave a desempenhar no conhecimento das necessidades energticas futuras, de uma
maneira que seja sustentvel, fivel e acessvel para todos. Alm disso, a natureza visvel e
individual de muitas tecnologias de micro-gerao pode tambm aumentar o interesse
individual na compreenso mais geral do consumo de energia. Por exemplo, o seu uso nas
escolas pode criar uma base reforada na compreenso das questes energticas e nas
alteraes climticas entre futuras geraes de consumidores, ajudando a influenciar padres
de comportamento [10].
Conceito Produtor/Consumidor 33
33
A tendncia actualmente seguida no mbito do sector elctrico reflecte uma poltica de
liberalizao, contribuindo para uma efectiva separao das actividades inerentes ao sector
(operao da rede, comercializao de energia) e para a liberalizao do acesso s redes de
distribuio de energia elctrica, nomeadamente por parte de agentes produtores. A
liberalizao do mercado elctrico contribuiu igualmente para a sua expanso, podendo ser
acedido por parte dos clientes de energia elctrica em baixa tenso (tipicamente
consumidores domsticos, comrcio, e servios), mediante a possibilidade de escolha de um
comercializador de energia.
Adicionalmente, as questes ambientais tm vindo a exigir a utilizao de novas formas
de produo de electricidade, como alternativa utilizao de recursos fsseis. Por outro
lado, a necessidade de promover a eficincia energtica e aumentar a fiabilidade e a
qualidade dos fornecimentos de electricidade est a desencadear uma verdadeira mudana
de paradigma nas redes elctricas e no seu modo de interaco com os consumidores, onde
ambos (redes e consumidores) desempenharo um papel significativamente mais activo do
que na actualidade. Por outro lado, de esperar uma atitude mais participativa dos
consumidores na resposta s condies de mercado (capacidade de resposta a preos de
mercado), exigindo sistemas de tarifao prximo do tempo real. importante tambm
referir que Portugal tem vindo a adoptar uma posio pr-activa com vista promoo da
micro-gerao, tendo o governo portugus publicado recentemente legislao que promove a
instalao de unidades de micro-gerao a nvel domstico.
Com o surgimento da micro-gerao, os conceitos de produtor e consumidor deixam de
ser conceitos fisicamente separados pela interposio de redes de transporte e distribuio e
passa a ser possvel a sua co-existncia num mesmo espao fsico. No mbito da mudana de
paradigma que tem vindo a ser observada no sector elctrico, atinge-se agora um estgio de
explorao de um conjunto de recursos energticos, que se caracterizam por estarem
geograficamente distribudos, dando origem emergncia de uma nova gerao de
consumidores, que em simultneo desenvolvem tambm a actividade de produo de energia
elctrica. Assim sendo, aparecem no sistema elctrico um novo conjunto de consumidores
que apresentam agora a opo de poderem suprir parte ou a totalidade das suas necessidades
energticas, podendo inclusivamente proceder venda de excedentes de energia que
produzem, de onde podem advir benefcios econmicos importantes. Este tipo de
consumidores est essencialmente localizado nas redes de distribuio de baixa tenso, pelo
que se afiguram como instalaes de pequena escala, mas que dado o nmero de potenciais
alvos, podem em conjunto, constituir um volume considervel de potncia e/ou energia que
posta em jogo.
34 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
34
2.3 Situao Portuguesa
O Decreto-Lei (DL) n. 29/2006, de 15 de Maro, veio estabelecer as bases gerais de
organizao e funcionamento do Sistema Elctrico Nacional (SEN). De acordo com o que
estabelecido neste documento, a produo de electricidade classificada em dois regimes: o
regime ordinrio e o regime especial, sendo que ao regime especial corresponde a produo
de electricidade com incentivos utilizao de recursos endgenos e renovveis ou a
produo combinada de calor e electricidade [11]. De encontro ao que estabelecido no DL
n. 29/2006, a produo em regime ordinrio diz respeito produo de electricidade com
base em fontes tradicionais no renovveis e em grandes centros electroprodutores hdrico,
enquanto que produo em regime especial corresponde a produo de electricidade com
incentivos utilizao de recursos endgenos e renovveis ou a produo combinada de calor
e electricidade. Na figura 2.2, retirada do stio da Rede Elctrica Nacional (REN), pode ento
ser observada a estrutura do SEN [12].
Figura 2.2 Estrutura do SEN [12].
No que diz respeito micro-gerao, como a actividade de produo de energia elctrica
na rede de baixa tenso, com possibilidade de entrega de energia rede elctrica pblica,
esta foi regulada pelo Decreto-Lei n. 68/2002, de 25 de Maro. No entanto, aps mais de
cinco anos desde a entrada em vigor do referido decreto, verificou-se que o nmero de
Situao Portuguesa 35
35
sistemas de micro-gerao de electricidade licenciados e a funcionar ao abrigo deste
enquadramento legal no atingiu uma expresso significativa [11]. Isto deveu-se ao facto de
os incentivos adeso a estas novas tecnologias serem bastante reduzidos, reduzindo assim o
interesse em investimento em tecnologias emergentes, ao qual acresciam os problemas
burocrticos que tornavam o processo lento e complicado.
Dadas as dificuldades administrativas que era necessrio vencer por parte de promotores
de instalaes de micro-gerao, esta no atingiu grande significado em Portugal, pelo que
foi levado a cabo um procedimento administrativo atravs do DL n. 363/2007 de 2 de
Novembro que veio simplificar significativamente o regime de licenciamento existente,
substituindo-o por um regime de simples registo, sujeito a inspeco de conformidade
tcnica. Entre as simplificaes presentes no DL n. 363/2007 h que referir:
A entrega e a anlise dos projectos so substitudas pela criao de uma base de
dados de elementos - tipo predefinidos que o produtor deve respeitar,
encurtando-se assim um procedimento que tipicamente teria a durao de vrios
meses a um simples acto de registo electrnico.
criado o Sistema de Registo da Micro-gerao (SRM), que constitui uma
plataforma electrnica de interaco com os produtores, no qual todo o
relacionamento com a Administrao, necessrio para exercer a actividade de
micro produtor, poder ser realizado.
previsto um regime simplificado de facturao e de relacionamento comercial,
evitando-se a emisso de facturas e acertos de IVA pelos particulares, que, para
esse efeito, so substitudos pelos comercializadores
Alm disso, com o DL n 363/2007 so criados dois regimes de remunerao: o regime
geral e o bonificado. O regime geral, que usado para a generalidade das instalaes,
enquanto que o regime bonificado apenas aplicvel a instalaes caracterizadas pelo uso
das fontes renovveis de energia. Alm disso o acesso ao regime bonificado condicionado
existncia no local de consumo de colectores solares trmicos, no caso de produtores
individuais, e da realizao de uma auditoria energtica e respectivas medidas, no caso de
condomnios. O incentivo associado venda de electricidade , assim, utilizado para
promover a gua quente solar, complementando o Decreto-Lei n. 80/2006, de 21 de Abril,
que estabelece a obrigatoriedade de instalao destes sistemas nos novos edifcios. Este DL
vem dar expresso a duas das medidas contempladas na Resoluo do Conselho de Ministros
36 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
36
n. 169/2005, de 24 de Outubro, que aprova a Estratgia Nacional para a Energia, no que
respeita s linhas de orientao poltica sobre renovveis e eficincia energtica [11].
Ainda de acordo com o DL n 68/2002 de 25 de Maro, previsto que a electricidade
produzida em sistemas de micro-gerao seja essencialmente para consumo prprio, sendo o
excedente passvel de ser entregue a terceiros ou rede pblica com o limite de 150 kW de
potncia no caso de a entrega ser efectuada rede pblica [11]. A vinda do DL n363/2007
veio facilitar as instalaes de unidades do grupo I alm de que veio prever uma srie de
outros limites para a integrao de micro-gerao na rede. De acordo com o artigo 4. h que
referir:
1- Os produtores de electricidade nos termos do decreto-lei n 363/2007 no podem
injectar na Rede Elctrica de Servio Pblico (RESP), no mbito desta actividade,
uma potncia superior a 50 % da potncia contratada para a instalao elctrica
de utilizao, sendo que este nmero no aplicvel s instalaes elctricas de
utilizao em nome de condomnios.
2- O acesso actividade de micro-gerao pode ser restringido mediante
comunicao pelo operador da rede de distribuio, nos casos em que a
instalao de utilizao esteja ligada a um posto de transformao cujo
somatrio da potncia dos registos a ligados ultrapasse o limite de 25 % da
potncia do respectivo posto de transformao.
3- A potncia mxima para a instalao de produo de electricidade monofsica
em baixa tenso de 5,75 kW sendo que o DL define estas instalaes como
Unidades do grupo I.
No que diz respeito remunerao e facturao, o DL n 363/2007 estabelece dois
regimes distintos:
Regime geral, aplicvel a todos os consumidores que tenham acesso actividade
de micro-gerao, nos termos do artigo 4., para o qual a tarifa de venda de
electricidade igual ao custo da energia do tarifrio aplicvel pelo
comercializador de ltimo recurso do fornecimento instalao de consumo.
Regime bonificado, para unidades de micro produo com potncia de ligao at
3,68 kW que utilizem as fontes de energia previstas no n. 5 do artigo 11.,
aplicvel segundo determinadas condies:
Situao Portuguesa 37
37
1) Para cada produtor no regime bonificado definida uma tarifa nica de
referncia aplicvel energia produzida no ano da instalao e nos cinco
anos civis seguintes.
2) A tarifa nica de referncia aplicvel a seguinte:
a) Aos primeiros 10 MW de potncia de ligao registados a nvel
nacional, a tarifa de referncia de 650/MWh;
b) Por cada 10 MW adicionais de potncia de ligao registada a
nvel nacional, a tarifa nica aplicvel sucessivamente
reduzida de 5 %.
3) Aps o perodo de 5 anos previsto no n. 1 e durante o perodo adicional
de 10 anos, aplica-se instalao de micro produo, anualmente, a
tarifa nica correspondente que seja aplicvel, no dia 1 de Janeiro
desse ano, s novas instalaes que sejam equivalentes.
4) Aps o perodo previsto no nmero anterior, aplica-se instalao de
micro produo o regime geral previsto no artigo 10.
5) O tarifrio de referncia previsto no n. 2 depende do tipo de energia
renovvel utilizada, mediante a aplicao das seguintes percentagens
tarifa de referncia:
a) Solar 100 %;
b) Elica 70 %;
c) Hdrica 30 %;
d) Cogerao a biomassa 30 %;
e) Pilhas de combustvel com base em hidrognio proveniente de
micro-gerao renovvel percentagem prevista nas alneas
anteriores aplicvel ao tipo de energia renovvel utilizado para
a produo do hidrognio;
f) Combinao das fontes de energia previstas nas alneas
anteriores na mesma unidade a mdia ponderada das
percentagens individuais aplicveis utilizando como factor de
ponderao os limites mximos de energia aplicveis nos
termos previstos no n. 6.
6) A electricidade vendida nos termos do nmero anterior limitada a 2,4
MWh/ano, no caso da alnea a) do nmero anterior, e a 4 MWh/ano, no
caso das restantes alneas do mesmo nmero, por cada quilowatt
instalado.
38 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
38
7) A potncia de ligao registada no regime bonificado sujeita a um
limite anual.
8) O limite previsto no nmero anterior de 10 MW no ano de entrada em
vigor do presente decreto-lei, sendo aumentado, anual e sucessivamente,
em 20%.
A aposta de Portugal nas energias renovveis assume um papel decisivo no cumprimento
de objectivos ambientais estratgicos. atravs de medidas como as presentes no DL n
363/2007 e da Directiva 2001/77/CE, onde a Unio Europeia reconhece a necessidade de
promover as Fontes de Energia Renovveis (FER) que Portugal poder atingir a meta de 39%
at 2010 de produo de electricidade produzida a partir das Fontes de Energia Renovveis.
Alm disso, a aposta da micro-gerao em Portugal pode ver vantajosa uma vez que, embora
Portugal seja um pas extremamente dependente face a pases terceiros, um pas
privilegiado para a utilizao em larga escala de energias renovveis, em resultado da sua
elevada exposio solar, de uma rede hidrogrfica relativamente densa e uma frente
martima que beneficia dos ventos atlnticos. importante referir que em Portugal, o
potencial solar disponvel bastante considervel, sendo o nmero mdio anual de horas de
sol, varivel entre 2200 e 3000, no continente, e entre 1700 e 2200, respectivamente, nos
arquiplagos dos Aores e da Madeira. Na Alemanha, por exemplo, este indicador varia entre
1200 e 1700 horas [13].
No que respeita aos resultados prticos da aplicao do DL 363/2007, importa referir
alguns nmeros sobre a evoluo dos sistemas de micro-gerao que tm vindo a ser
instalados. Em relao energia fotovoltaica em Portugal e segundo [14], as ultimas
estatsticas nacionais apontavam para cerca de 67.95 MWp de potncia total instalada at
final de 2008, repartidos por vrios sectores (sector domstico ou servios, servios, e em
sistemas ligados rede). Ainda segundo [14], em Portugal a tecnologia fotovoltaica
representa uma pequena contribuio para os objectivos estabelecidos pelo governo (45 % do
consumo bruto de electricidade a partir de FER) com cerca de 200 MW at 2010.
Interessa referir assim algumas das instalaes mais significativas em Portugal:
Situada na Freguesia de Brinches, concelho de Serpa (distrito de Beja), a central
fotovoltaica de Serpa (com uma potncia total instalada de 11MWp) ocupa uma
rea de 60 hectares numa das zonas de Portugal onde se verificam os valores mais
elevados da radiao solar e onde, tambm, existe capacidade na rede elctrica
para um projecto desta dimenso [15].
Situao Portuguesa 39
39
A Central Solar Fotovoltaica de Moura, instalada na Freguesia da Amareleja,
concelho de Moura, uma das maiores centrais fotovoltaica do mundo. Esta
central j esta totalmente concluda, com uma potncia total instalada 46 MWp
[14].
Martifer: Construiu em Oliveira de Frades (Norte de Portugal) uma fbrica de
mdulos solares, que comeou a operar em Janeiro 2009. Com uma capacidade
anual de 50 MWp, que poder ser expandida para 100 MWp [14].
Setbal: instalao de 10 kW, propriedade da EDP, e que foi pioneira na ligao
de sistemas fotovoltaicos rede elctrica [15].
O Edifcio Solar XXI um projecto do INETI (Departamento de Energias
Renovveis) com apoio do PRIME. Este projecto associa uma estratgia de
optimizao da evolvente utilizao de sistemas solares, e com 12 kWp de
potncia total instalada na fachada e 6 kWp no parque de estacionamento [16].
Um sistema com 4.9 kWp de potncia instalada, em So Brs (Barcelos),
projectado pela SunTechnics [15].
2.4 Situao Internacional
Hoje em dia, o perigo de que tanto se fala em relao ao aquecimento global, provocado
pelos aumentos constantes do consumo de energia, bem como a forte dependncia
energtica relativamente aos combustveis fosseis, tem levado a que os lderes da EU estejam
a assumir o compromisso de aumentar a utilizao de fontes renovveis de energia. Este
compromisso contribui activamente para a diversificao energtica, bem como para a
reduo das emisses de dixido de carbono. Pases como a Alemanha, Espanha, Frana,
Itlia, Grcia entre outros, tm vindo a assumir metas e criado leis para que este
compromisso possa ser vivel.
A Alemanha considerada o pas com o mais bem sucedido mecanismo relativamente ao
incentivo s fontes renovveis de energia. O sistema de preos introduzido com o Electricity
Feed Act (1991) e posteriormente actualizado pela Renewable Energy Sources Act (2000) e
pela emenda ao Renewable Energy Sources Act (2004) a chave para o sucesso das
renovveis na Alemanha. Em resultado das polticas governamentais, de registar que no ano
40 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
40
de 2004, houve um aumento de aproximadamente 100% na potncia FV instalada na
Alemanha, que ao final de 2005 estava em aproximadamente 1,5 GWp conectados rede
elctrica pblica [17]. Em finais de 2006, existiam mais de 2500 MWp de potncia
fotovoltaica a operar no pas, dando origem a que a Alemanha se tornasse o lder mundial de
tecnologia fotovoltaica [18].
O mecanismo alemo baseado na obrigatoriedade de compra, por parte do operador da
rede, de toda a energia elctrica proveniente de fontes renovveis, sendo pago ao produtor
uma tarifa por cada kWh gerado. Segundo a lei alem, a tarifao da energia proveniente de
sistemas fotovoltaicos de 0.5 kWh. De acordo com [14], a instalaes de sistemas FV
conectados rede na Alemanha cresceu significativamente tornando-se a capacidade
instalada nos recentes anos tpico de discusso. O dilema baseado no facto do elevado
nmero de instalaes tornar difcil a deteco de cada sistema. As primeiras estimativas
para 2008 mostravam uma nova capacidade de conexo rede entre 1500 e 1750 MW,
resultando numa capacidade acumulada entre 5,3 e 5,6 GW no final do ano. Assim, devido s
dificuldades estatsticas e visando uma melhoria, desde o incio de 2009, os proprietrios de
novos sistemas FV so legalmente obrigados a registar os seus sistemas na German Federal
Network Agency. Somente sistemas inscritos recebero as tarifas devidas.
O objectivo do programa assim facilitar o desenvolvimento sustentvel no suprimento
de energia, controlar o aquecimento global, proteger o meio ambiente e atingir um aumento
substancial na percentagem das fontes renovveis no suprimento do consumo (no mnimo o
dobro at o ano de 2010) [17].
Em relao Frana, verificou-se nos ltimos anos um rpido crescimento no que diz
respeito micro-gerao. Segundo o governo Francs, este rpido crescimento foi devido
essencialmente s alteraes feitas em 2006 s tarifas aplicadas ao sistema fotovoltaico. De
entre outras medidas, o governo Francs duplicou a tarifa aplicada energia proveniente de
sistemas fotovoltaicos, de 0.15 para 0.30 por kWh, adicionando ainda o incentivo de um
crdito fiscal de 50% para o custo de instalao. Segundo [14], cerca de 105 MW foram
instalados durante o ano de 2008, constituindo o triplo do volume de instalaes em relao
ao ano anterior. Oitenta por cento da potncia instalada correspondiam a instalaes em
habitaes individuais, sendo que, o total da capacidade fotovoltaica instalada em Frana
actualmente de 180 MW. Ainda segundo [14], o governo Francs apresentou uma srie de
propostas de grande importncia relativamente ao sistema FV. A referir:
Capacidade instalada acumulada de 1 100 MW em 2012 e 5 400 MW em 2020;
Confirmao at 2012 das tarifas actuais e a criao de outra destinada a
grandes superfcies comerciais e industriais. Esta tarifa fixada em 0.45 por
kWh.
Situao Internacional 41
41
Criao de um concurso pblico, para a construo at 2011 de pelo menos
uma central solar FV em cada regio francesa, com uma capacidade total
instalada de 300 MW.
Em Espanha, a integrao de produo dispersa nas redes de distribuio regulada
atravs do Real Decreto 436/2004 de 12 de Maro. atravs deste Real Decreto que se
estabelece a metodologia e sistematizao do regime jurdico e econmico da actividade de
produo de energia elctrica em regime especial. tambm atravs deste decreto que o
governo espanhol pretende que no ano de 2010 cerca de um tero da procura de
electricidade esteja coberta por tecnologias de alta eficincia energtica e por energias
renovveis, sem aumentar o custo de produo do sistema elctrico. Alm disso, com a
contribuio da produo em regime especial, ser possvel alcanar o objectivo da lei
54/1997 de 27 de Novembro: atingir a meta de em 2010 as fontes de energia renovveis
contriburem pelo menos para 12 % do total da procura energtica em Espanha [19].
Assim com como previsto na lei Portuguesa, tambm a lei espanhola por meio do Real
Decreto 436/2004 de 12 de Maro prev limites a esta integrao, sendo que para interesse
deste trabalho h que referir:
A potncia total da instalao ligada rede no pode ser superior a 50% da
capacidade da linha no ponto de ligao, definida como capacidade trmica do
projecto da linha em tal ponto.
Para subestaes ou postos de transformao, a potncia total da instalao
ligada a uma subestao ou posto de transformao no poder ser superior a
50% da capacidade de transformao instalada para esse nvel de tenso.
Segundo um relatrio da indstria fotovoltaica europeia e da Greenpeace, a Espanha,
atravs da implementao de um sistema tarifrio que define uma remunerao de
0.44/kWh para a energia proveniente de sistemas fotovoltaicos, atingiu em 2006 a 4
posio mundial pela sua capacidade total solar. De fato, em 2007, a meta que o National
Renewable Energy Plan estabeleceu para o ano de 2010 foi superada. A meta para 2010 era
de 400 MW e, no final de 2007, a capacidade instalada era j de 680 MW. A data limite de 30
de Setembro de 2008 foi ento estabelecida para incluir novos projectos no antigo regime de
tarifas (0.44/kWh). Esta situao originou que em 2008 o mercado espanhol tivesse sido o
maior a nvel mundial e que 2008 tenha terminado com uma capacidade instalada superior a
3 500 MW, dos quais 2 700 MW foram instalados no ano de 2008 [14].
Desta forma, foi na tentativa de alcanar um nvel de crescimento estvel para a
indstria solar, que a data de 30 de Setembro de 2008 ficou definida como a data limite para
42 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
42
projectos a beneficiar da tarifa antiga. Aps esta data, os novos projectos passaram a ser
regulados pela tarifa de 0.32-0.34/kWh.
Em resultado da anlise das realidades de diversos pases europeus relativamente
aplicao de legislao especfica para a promoo da micro-gerao, pode afirmar-se que h
uma tendncia geral de estabelecimento de mecanismos de incentivo aos consumidores no
sentido de promover a instalao massiva deste tipo de sistemas. Trata-se de medidas
enquadradas em programas mais amplos, em que as questes ambientais e de aumento da
eficincia energtica so tambm tidas em considerao.
2.5 Tecnologias de micro-gerao
Nas seces anteriores foi feita uma breve referncia sobre a situao portuguesa e
internacional no que se diz respeito integrao de unidades de micro-gerao nas redes de
distribuio, bem como sobre os principais aspectos relacionados com uma nova figura que
recentemente emerge dos sistemas de distribuio o conceito de produtor/consumidor.
Efectivamente, os recentes avanos tecnolgicos no campo das tecnologias de produo
dispersa, nomeadamente na micro-gerao, juntamente com o conjunto de incentivos que
recentemente tm vindo a ser definidos no sentido de incrementar a integrao deste tipo de
unidades na rede, contribuiu de forma decisiva para o seu desenvolvimento. Esses recentes
desenvolvimentos tecnolgicos contriburam para o aparecimento de diversas tecnologias de
gerao, usualmente designadas por micro-geradores ou micro-fontes, sendo de destacar:
clulas de combustvel, micro-turbinas, micro turbinas elicas e painis solares fotovoltaicos.
A potncia elctrica disponvel neste tipo de tecnologias de converso de energia em geral
inferior a 100 kW, o que as torna adequadas para serem ligadas s redes de distribuio em
BT [4].
Assim sendo, importa agora fazer uma breve exposio sobre os principais aspectos
tecnolgicos e caractersticas dos sistemas de micro-gerao, j referidos anteriormente. No
entanto, importante fazer notar que, face aos condicionalismos existentes em Portugal, a
tecnologia fotovoltaica tida como uma das principais tecnologias com potencial para ser
instalada em grande escala. Alm disso, as micro-turbinas elicas apresentam tambm algum
potencial de desenvolvimento, tendo em considerao as caractersticas dos regimes de
vento que predominam, em especial na orla costeira.
Tecnologias de micro-gerao 43
43
2.5.1 Clula de combustvel
As clulas de combustvel so dispositivos electroqumicos que convertem a energia
qumica contida numa variedade de combustveis directamente em energia elctrica. Outras
tecnologias comuns de gerao de energia envolvem um processo intermdio para gerar
energia elctrica. Esse processo intermdio consiste na produo de calor atravs da queima
dos combustveis, seguido da sua converso em energia mecnica que usada para accionar
um gerador elctrico. No que diz respeito sua eficincia, os sistemas baseados em clulas
de combustvel podem alcanar eficincias de operao de aproximadamente 60%. Este valor
praticamente o dobro da eficincia dos convencionais motores de combusto interna [4].
Foi dito anteriormente que uma clula de combustvel pode ser definida como um
dispositivo electroqumico que transforma continuamente a energia qumica em energia
elctrica. Para tal, necessrio que lhe seja fornecido o combustvel e o oxidante. A figura
2.3 ilustra o elemento bsico da clula de combustvel que clula. O combustvel o
hidrognio ou um composto que o tenha na sua constituio e o oxidante o oxignio. O
hidrognio utilizado no processo pode ser obtido de vrias fontes: electrlise da gua, gs
natural, propano, metanol, ou outros derivados do petrleo como qualquer hidrocarboneto.
Relativamente ao oxignio, este pode ser facilmente retirado do ar.
Relativamente sua composio bsica, uma clula de combustvel constituda por dois
elctrodos (nodo e catado) e uma camada de ligao entre os dois o electrlito. O nodo
fornece uma interface entre o combustvel e o electrlito, catalisa a reaco de combustvel,
e fornece um caminho atravs do qual os electres livres so conduzidos carga atravs de
um circuito externo. A globalidade das reaces da clula de combustvel ocorre em duas
etapas: a reaco de oxidao no nodo e a reaco de reduo no ctodo. A reaco de
oxidao a dissociao dos tomos de hidrognio em protes e electres. A reaco de
reduo ocorre quando os tomos de oxignio se dissociam e se verifica a ligao com os
protes que vem atravs da membrana e os electres do circuito externo, formando gua. O
ctodo fornece uma interface entre o oxignio e o electrlito, catalisa a reaco de oxignio
e fornece um caminho atravs do qual os electres livres so conduzidos a partir da carga
para o elctrodo de oxignio atravs do circuito externo [4]. O electrlito, um condutor
inico (no condutor elctrico), actua como o separador entre o hidrognio e o oxignio para
evitar a mistura e a combusto directa resultante. Este completa o circuito elctrico de
transporte de ies entre os elctrodos.
44 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
44
Figura 2.3 Diagrama esquemtico bsico de uma unidade de clula de combustvel [4].
2.5.2 Micro-turbinas
O desenvolvimento da tecnologia das micro-turbinas nos recentes anos o resultado de
uma pesquisa e desenvolvimento intenso no campo das pequenas turbinas a gs do tipo
estacionrio, que so sistemas de gerao auxiliar fiveis usados em avies comerciais, bem
como sistemas baseados em turbo compressores, cujo desenvolvimento comeou na dcada
de 50 [4].
O termo micro-turbina refere-se em geral a um sistema de dimenses relativamente
reduzidas composto por um compressor, cmara de combusto, turbina e gerador elctrico,
com uma potncia total disponvel no superior a 250 kW [20]. Para sistemas semelhantes
mas com potncias entre 250kW e 1MW usualmente utilizado o termo mini-turbina.
Existem duas configuraes tpicas de micro-turbinas: Veio simples e veio duplo. A tabela 2.2
ilustra as vantagens e desvantagens associadas a cada configurao. Na configurao de veio
simples, ilustrado na figura 2.4, o compressor, a turbina e o gerador elctrico partilham o
mesmo eixo de rotao que gira a uma velocidade bastante elevada. Tipicamente o veio
funciona a uma velocidade na ordem das 70000 90000 rpm, produzindo energia elctrica em
corrente alternada com uma frequncia muito elevada. A energia assim produzida primeiro
rectificada para corrente contnua, sendo de seguida convertida novamente para corrente
alternada de frequncia industrial (50 ou 60 Hz) [4,20]. No caso de o sistema estar a
funcionar isoladamente da rede elctrica, necessrio o uso de dispositivos de
Tecnologias de micro-gerao 45
45
armazenamento tal como baterias, para fornecer potncia ao gerador durante o processo de
arranque, bem como para suportar a variaes contnuas da carga [21].
Figura 2.4 Sistema de uma micro-turbina com veio simples [4].
No caso da configurao de veio duplo, este compreende o uso de duas turbinas. Existe
assim num dos eixos uma turbina para accionar o compressor e outra turbina situado no
segundo eixo para accionamento do gerador elctrico. Os gases de escape da turbina do
compressor so usados para alimentar o gerador da turbina. O gs de escape usado no
recuperador para pr-aquecer o ar que sai do compressor. No caso desta configurao, os
eixos podem rodar a velocidades mais baixas. Alm disso, a turbina pode ser ligada a um
gerador convencional atravs de uma caixa de velocidades. Neste caso, possvel a utilizao
de um gerador convencional (sncrono ou assncrono), com possibilidade de ligao directa
rede, sem ser necessrio o recurso a sistemas de converso baseados em electrnica de
potncia [4, 20].
Atravs da anlise da tabela 2.1 [20], possvel verificar que este tipo de tecnologia usa
essencialmente a configurao de veio simples. Esta configurao apresenta custos de
operao e manuteno mais baixos, devido sua simplicidade. Alm disso possvel ter em
ateno alguns dos principais fabricantes desta tecnologia.
46 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
46
Tabela 2.1 Fabricantes e caractersticas dos seus produtos [20]
Fabricante/Distribuidor Modelo Nmero
de veios
Tipo de
Chumaceiras Recuperador
Honeywell/AlliedSignal
Power Systems Inc.
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
Parallon
75/TurboGenerator
Power System
1 ar sim
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
Rolls-Royce/Allison
Engine (em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
ALM Turbine, Inc. (em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) sim
Bowman Power Systems
Limited
Turbogen TG35 1 leo opcional
Turbogen TG50 1 leo opcional
Turbogen TG80 1 leo opcional
Turbogen T200 (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
Capstone Turbine
Corporation/BG Technology
Model 330 Low
Pressure 1 ar sim
Model 330 High
Pressure 1 ar sim
Model 330
Landfill / Digester Gas 1 ar sim
Model 330 Liquid Fuel 1 ar sim
Model 330 Non-
Recuperated 1 ar no
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
Elliott Energy Systems/General
Electric
Company/PowerPac Generator Systems
TA 45
1 leo sim
TA 80
1 leo sim
TA 200
1 leo sim
NREC / Ingersoll-Rand
PowerWorks
Microturbine 2 leo sim
SWB Turbines, Inc.
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
(em desenvolvimento) (i.n.d) (i.n.d) (i.n.d)
Tecnologias de micro-gerao 47
47
Teledyne Continental Motors
Model 105 Turbo-
Generator (i.n.d.) Ar (i.n.d.)
Toyota Power Systems
(em desenvolvimento) 2 Oleo (i.n.d.)
Turbec AB (Volvo/ABB)
T100 CHP System 1 Oleo sim
Williams Int. / GM
(em desenvolvimento) (i.n.d.) (i.n.d.) (i.n.d.)
(i.n.d.) Informao no disponvel
Tabela 2.2 - Vantagens e desvantagens associadas s configuraes das Micro-turbinas [20]
Tecnologia Vantagens Desvantagens
1 Veio
Menor nmero de peas mveis Elimina a necessidade de uma caixa
de velocidades
Funcionamento menos ruidoso
Compromisso entre as necessidades da turbina e de uma carga elctrica bem definida
2 Veios Flexibilidade em combinar a turbina
e a carga elctrica exigida Menores esforos mecnicos
Vida til mais prolongada
Maior nmero de peas
mveis Necessidade de uma caixa
de velocidades
Geralmente tem um custo superior
tambm interessante referir que para as micro-turbinas com recuperador, o rendimento
elctrico atingido da ordem dos 30%, enquanto que, em sistemas de co-gerao o
rendimento global pode atingir mais de 80%. Esta tecnologia pode ainda ser aplicada em
diversos locais tais como hospitais, aproveitamentos de biomassa, co-gerao, sistemas de
emergncia (arranque rpido), sistemas isolados e produo em horas de ponta para
regulao tarifria, alm de que pode funcionar com diferentes tipos de combustvel: gs
natural, gs propano liquefeito (GPL), biogs, gasleo e querosene [22].
48 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
48
2.5.3 Painis Solares Fotovoltaicos
A designao de sistemas fotovoltaicos referente a uma srie de tecnologias que
realizam a converso directa da luz solar em energia elctrica, usando um componente
electrnico designado por clula solar. Os princpios bsicos referentes a esta tecnologia
foram descobertos em 1839 pelo fsico Edmund Becquerel. Apesar dos princpios subjacentes
tecnologia remontarem primeira metade do sculo XIX, os desenvolvimentos prticos
desta tecnologia so bastante recentes, sendo que o primeiro dispositivo deste tipo a ser
efectivamente construdo data de 1941 [23].
No que diz respeito ao seu funcionamento, o painel solar fotovoltaico caracteriza-se por
ter uma camada superior de silcio que construda com base num tratamento especial de
forma a ser dotada carga elctrica negativa (silcio tipo n); por outro lado, a camada inferior
tambm tratada de modo a ser dotada de carga elctrica positiva (silcio tipo p). Devido a
estes tratamentos a camada superior fica muito rica em electres, enquanto que a camada
inferior fica deficitria em electres. Estas duas camadas so separadas por uma juno
electricamente carregada que deixa apenas que os electres transitem da camada inferior
para a superior. Quando a luz ilumina o painel FV, parte dos fotes so absorvidos pelas
camadas de silcio, causando a libertao de alguns electres. Quanto maior a intensidade da
luz aplicada, maior o nmero de electres libertados. Uma fraco dos electres libertos
atinge a superfcie do painel onde o circuito elctrico externo os recolhe e conduz carga
anexa enquanto um outro cabo, que parte da carga e a liga parte posterior do painel, traz
de volta os electres para que estes se fixem na camada inferior de silcio e fiquem espera
do prximo foto [24]. Este princpio de funcionamento pode ser visto na figura 2.5.
Figura 2.5 Funcionamento de um painel FV [24].
Tecnologias de micro-gerao 49
49
Como mencionado em cima, o principal componente do painel FV a clula solar. Esta
clula capaz de gerar uma tenso na ordem dos 0.5 1 V e uma corrente de curto-circuito
de algumas dezenas de miliamperes por cm2. Desta forma, e como estes valores de tenso e
corrente no so adequados para o uso da maior parte das nossas necessidades, estas clulas
so ligadas em srie e paralelo formando mdulos. Estes mdulos podem por sua vez ser
tambm ligados em srie ou paralelo podendo assim atingir tenses e correntes mais elevadas
dando origem aos painis FV. A figura 2.6 mostra como so formados os painis FV. A
corrente DC produzida depois convertida em corrente AC por meio de inversores [4].
Figura 2.6 Agrupamento de clulas solares para formar mdulos (Painis FV) ou arrays [24].
Como principais vantagens associadas a esta tecnologia importante referir [25]:
Converso directa da radiao solar em energia elctrica;
Sem movimento de componentes mecnicas, logo sem barulho;
Sem temperaturas elevadas;
Sem poluio;
Os mdulos FV tm uma longa durao;
A fonte de energia, o sol, grtis, inesgotvel
Os painis FV so uma fonte de energia muito flexvel e a sua potncia pode
variar de microwatts a megawatts.
2.5.4 Pequenas e micro-turbinas-elicas
As turbinas elicas, tambm designadas por aerogeradores, tm como funo transformar
a energia cintica do vento em energia elctrica. Recentemente, este tipo de tecnologia tem
apresentado crescimentos acentuados, nomeadamente no que respeita sua integrao em
50 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
50
parques elicos, onde cada aerogerador tem potncias na ordem das centenas de kW at
cerca de 5 MW [4].
No que diz respeito s pequenas e micro-turbinas ellicas, destinadas a serem instaladas
em locais do tipo residencial, e com potncias na ordem de 1 kW at 25 kW, so
normalmente projectadas para serem colocadas em telhados. No entanto, aspectos
relacionados com os nveis de rudo que provocam, impacto visual e respeito nos requisitos de
segurana a nvel estrutural e elctrico, tm vindo a dificultar a sua instalao, em especial
nos ambientes urbanos [4].
importante referir que o vento, assim como outras fontes renovveis, possui um certo
nmero de vantagens ambientais, como por exemplo:
No produz resduos;
No polui guas subterrneas;
No afecta negativamente a vida vegetal circundante;
No emite dixido de carbono para a atmosfera;
Da mesma forma que as restantes tecnologias de micro-gerao, as micro turbinas elicas
so um grande contributo para reduzir a dependncia dos combustveis fosseis tornando
possvel uma quase total independncia energtica. Aliado a este factor, existem ainda
benefcios resultantes de uma possvel entrega de excedente rede pblica.
Alm de todos os benefcios atrs referidos, aspectos estticos relacionados com a
integrao das micro-turbinas elicas em ambiente construdo no podem ser deixados de
parte. Interessa portanto garantir que este tipo de tecnologia se enquadre da forma mais
harmoniosa possvel nos locais de instalao. No sentido de dar resposta a este requisito,
foram desenvolvidos alguns aspectos tecnolgicos destes tipos de unidades de micro-gerao,
sendo de referir as turbinas de eixo vertical e as de eixo horizontal. A figura 2.7 ilustra a
principal diferena entre estes dois grandes tipos de micro-turbinas elicas. Contudo existe
uma espcie de padronizao para este tipo de tecnologia, que se caracteriza pela micro-
turbina elica de eixo horizontal e de trs ps.
De acordo com [4], nas turbinas de eixo horizontal as ps da turbina rodam sobre um eixo
horizontal como nos tradicionais moinhos de vento, enquanto que nas turbinas de eixo
vertical, a turbina projectada para rodar sobre um eixo posicionado verticalmente. Existem
alguns resultados que indicam que este tipo de turbina (eixo vertical) mais adequado do
que as de eixo horizontal em localizaes caracterizadas por ventos mais turbulentos [26].
Impactos da produo distribuda nas redes elctricas 51
51
Figura 2.7 Turbinas elicas de eixo vertical (esquerda) e de eixo horizontal (direita)
2.6 Impacto da produo distribuda nas redes elctricas
Os aumentos crescentes da ligao de unidades de PD e micro-gerao nas redes de
distribuio de mdia e baixa tenso tm contribudo para o aparecimento de questes
crticas relacionadas com o planeamento e operao destas redes. De facto, as redes de
distribuio dos diversos nveis de tenso foram previstas para funcionamento com fluxos de
energia unidireccionais, o que pode deixar de ser verificado em resultado da integrao de
nveis crescentes de integrao destas unidades nas redes. Os impactos resultantes da ligao
da PD nas redes de distribuio surgem principalmente devido s alteraes induzidas nos
fluxos de energia de rede, afectando no s a sua magnitude, mas tambm a sua direco [4].
Alguns dos aspectos tcnicos que devem ser avaliados devido integrao da micro-gerao
so [27]:
Esquemas de proteco
Qualidade da energia fornecida
Estabilidade
Operao da rede
Perfil de Tenso
Para alm destes aspectos, que sero referenciados nas seces seguintes, a integrao
em larga escala de unidades de PD nas redes de distribuio pode conduzir a benefcios
importantes, tais como a diminuio de perdas e a diminuio da percentagem de carga nos
52 Integrao de unidades de micro-gerao nas redes de distribuio
52
ramos (contribuindo assim para o diferimento de investimentos nas redes) e o aumento dos
perfis de tenso [4].
2.6.1 Esquemas de proteco
A conexo de PD na rede de distribuio pode afectar a operao correcta dos esquemas
de proteco. Ao provocar modificaes na magnitude e direco dos fluxos de potncia, a
ligao de PD nas redes requer uma verificao profunda da coordenao de proteco entre
a rede e a prpria unidade de PD [4]. Em particular a sensibilidade e selectividade do sistema
de proteco no seu todo pode ser afectada.
Outro aspecto importante diz respeito prpria proteco da instalao de PD. A
proteco da