Decote por planta, ou por apreciação, boa opção para recuperar e manter safra em cafeeiros

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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 Varginha, MG CEP: 37026-400 35 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br DECOTE POR PLANTA, OU POR APRECIAÇÃO, BOA OPÇÃO PARA RECUPERAR E MANTER SAFRA EM CAFEEIROS J.B. Matiello e S.R. Almeida- Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé As pesquisas realizadas com podas em cafezais mostram, no geral, que a lavoura podada tem sua produtividade média reduzida, com redução tanto maior quanto mais drástica for a poda. Essa perda produtiva, principalmente no curto prazo, constitui a principal razão para a não indicação da poda, em muitos casos, e leva a uma menor aceitação da prática, especialmente pelos pequenos produtores. Por isso, o tipo de poda por apreciação ou por planta pode ser uma boa alternativa, para, ao mesmo tempo, recuperar partes defeituosas das plantas, sem ou com mínima perda de produtividade. No conceito da poda de apreciação ela prevê o exame e a aplicação de poda diferenciada para cada cafeeiro, podendo ser recepa, decote ou esqueletamento. No entanto, preconiza-se, aqui, um sistema de poda que pode ser considerado como poda de produção, pois nele se aplica somente o decote, por planta, cortando a parte superior, estragada, apenas daqueles cafeeiros que produziram muito. Nesse sistema, as plantas que estiverem apresentando o topo com muitos ramos laterais, produtivos, bem enfolhados e preparados para a próxima safra, não recebem o decote, o qual vai ser feito nos anos seguintes, conforme a necessidade verificada. Assim, em 2-3 anos acaba-se podando toda a lavoura. Cafeeiros produtivos apresentam desgaste da ramagem lateral no topo das plantas, levando à seca de ramos, o que acaba deixando as plantas esguias e com pouca área produtiva, provocando, ainda, deformações e cinturamento. O decote por planta elimina a parte danificada e, ao mesmo tempo, vai reduzindo a altura dos cafeeiros, o que facilita os tratos, a colheita e re- equilibra a parte aérea com o sistema radicular da planta. As lavouras da variedade Catuai, pela maior variação produtiva entre as plantas, que aparece já após a 3ª -4ª safras, e as lavouras adensadas são aquelas onde o decote por planta se torna mais útil. O decote realizado induz a formação de um “tapete de ramos” ladrões, saídos do tronco na área inferior ao corte, essa brotação aumentando a área produtiva. Paralelamente, ocorre um crescimento dos ramos laterais, tendendo a aumentar o diâmetro da planta, através de bifurcações e crescimento dos ramos produtivos da parte baixa, estruturando melhor a copa do cafeeiro, que se torna mais cilíndrica. A altura em que deve ser feito o corte, do decote, varia conforme onde se localiza a parte estragada do topo da planta ou o cinturamento da copa, devendo-se cortar logo abaixo.Como a operação deve ser seletiva e, portanto, executada com operação manual(máquina costal ou foice), a poda por planta se aplica melhor às pequenas propriedades. No ensaio realizado no CEPEC, na Zona da Mata de Minas, sobre lavoura de catuai na 4ª safra, verificou-se (quadro 1 incluso) que o decote por apreciação foi o único sistema de poda que melhorou, ligeiramente, a produtividade na média de 4 safras de condução do ensaio. Quadro 1 - Produção de café em lavoura adensada (2,0x0,70m) sob diferentes tipos de poda. Martins Soares-MG, 2006. Tratamentos Produção, em scs/ha 2003 2004 2005 2006 Média Recepa total - 38,5 43,9 118,2 50,1 Decote total 7,0 83,0 35,3 132,7 64,5 Decote alternado 35,6 74,4 18,9 99,6 57,1 Decote por apreciação 33,7 81,5 42,5 129,8 71,9 Testemunha 48,1 61,5 39,2 124,9 68,4 Fonte:Matielo,J.B. et alli, Anais do 32º CBPC, Mapa/Procafé, 2006, p. 2.

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Decote por planta, ou por apreciação, boa opção para recuperar e manter safra em cafeeiros

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DECOTE POR PLANTA, OU POR APRECIAÇÃO, BOA OPÇÃO PARA RECUPERAR E

MANTER SAFRA EM CAFEEIROS J.B. Matiello e S.R. Almeida- Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé

As pesquisas realizadas com podas em cafezais mostram, no geral, que a lavoura podada tem sua

produtividade média reduzida, com redução tanto maior quanto mais drástica for a poda. Essa perda

produtiva, principalmente no curto prazo, constitui a principal razão para a não indicação da poda, em

muitos casos, e leva a uma menor aceitação da prática, especialmente pelos pequenos produtores.

Por isso, o tipo de poda por apreciação ou por planta pode ser uma boa alternativa, para,

ao mesmo tempo, recuperar partes defeituosas das plantas, sem ou com mínima perda de

produtividade.

No conceito da poda de apreciação ela prevê o exame e a aplicação de poda diferenciada

para cada cafeeiro, podendo ser recepa, decote ou esqueletamento. No entanto, preconiza-se, aqui,

um sistema de poda que pode ser considerado como poda de produção, pois nele se aplica

somente o decote, por planta, cortando a parte superior, estragada, apenas daqueles cafeeiros que

produziram muito. Nesse sistema, as plantas que estiverem apresentando o topo com muitos

ramos laterais, produtivos, bem enfolhados e preparados para a próxima safra, não recebem o

decote, o qual vai ser feito nos anos seguintes, conforme a necessidade verificada. Assim, em 2-3

anos acaba-se podando toda a lavoura.

Cafeeiros produtivos apresentam desgaste da ramagem lateral no topo das plantas, levando

à seca de ramos, o que acaba deixando as plantas esguias e com pouca área produtiva,

provocando, ainda, deformações e cinturamento. O decote por planta elimina a parte danificada e,

ao mesmo tempo, vai reduzindo a altura dos cafeeiros, o que facilita os tratos, a colheita e re-

equilibra a parte aérea com o sistema radicular da planta.

As lavouras da variedade Catuai, pela maior variação produtiva entre as plantas, que

aparece já após a 3ª -4ª safras, e as lavouras adensadas são aquelas onde o decote por planta se

torna mais útil. O decote realizado induz a formação de um “tapete de ramos” ladrões, saídos do tronco na área

inferior ao corte, essa brotação aumentando a área produtiva. Paralelamente, ocorre um crescimento dos

ramos laterais, tendendo a aumentar o diâmetro da planta, através de bifurcações e crescimento dos ramos

produtivos da parte baixa, estruturando melhor a copa do cafeeiro, que se torna mais cilíndrica.

A altura em que deve ser feito o corte, do decote, varia conforme onde se localiza a parte estragada do topo da planta ou o cinturamento da copa, devendo-se cortar logo abaixo.Como a operação deve ser

seletiva e, portanto, executada com operação manual(máquina costal ou foice), a poda por planta se aplica

melhor às pequenas propriedades.

No ensaio realizado no CEPEC, na Zona da Mata de Minas, sobre lavoura de catuai na 4ª

safra, verificou-se (quadro 1 incluso) que o decote por apreciação foi o único sistema de poda que

melhorou, ligeiramente, a produtividade na média de 4 safras de condução do ensaio.

Quadro 1 - Produção de café em lavoura adensada (2,0x0,70m) sob diferentes tipos de poda. Martins Soares-MG, 2006.

Tratamentos Produção, em scs/ha

2003 2004 2005 2006 Média

Recepa total - 38,5 43,9 118,2 50,1

Decote total 7,0 83,0 35,3 132,7 64,5

Decote alternado 35,6 74,4 18,9 99,6 57,1

Decote por apreciação 33,7 81,5 42,5 129,8 71,9

Testemunha 48,1 61,5 39,2 124,9 68,4 Fonte:Matielo,J.B. et alli, Anais do 32º CBPC, Mapa/Procafé, 2006, p. 2.

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Em cafeeiros Catuai, indo para a sexta safra, pode-se ver, em inicio de

fevereiro, a planta da direita, com o topo em reforma após o decote no ano

anterior e duas plantas (à esquerda) com o topo produtivo e em inicio de

cinturamento, as quais deverão ser decotadas após à safra presente.

Pode-se ver as plantas da esquerda e da direita que foram decotadas e a do

centro, aindadeformada, por não ter sido decotada no ano anterior.

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Decote mais baixo na planta central, entre 2 plantas sem podar. Este

sistema se aplica a lavouras abertas.

Duas plantas podados no ano anterior, com o topo conduzido, ao lado de

uma decotada baixa no ano agricola atual