Decisão Táctico-Técnica no Futebol · 2019-06-12 · “O jogo de futebol é acima de tudo um...
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Decisão táctico-técnica no futebol
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Moreira, O. (2009). Decisão táctico-técnica no Futebol: Estudo comparativo da capacidade de decisão em acções ofensivas de pontas-de-lança de diferentes níveis competitivos. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, DECISÂO, PONTAS-DE-LANÇA
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Aos meus Pais
Aos meus irmãos
À Letícia
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AGRADECIMENTOS
Este trabalho, que se apresenta como sendo de autoria individual, não se
concretizaria sem a preciosa colaboração de um conjunto de pessoas, cuja
contribuição tem de ser reconhecida.
Ao Professor Doutor Júlio Garganta, orientador desta monografia, pela sua
disponibilidade sempre que foi solicitado, pela ajuda e contributo na realização
deste trabalho.
A todos os jogadores que participaram na realização do protocolo pela
disponibilidade demonstrada.
Ao Mestre Pedro Bezerra pelas elucidações e apoio prestado.
À Célia pelo seu apoio e contributo na realização deste trabalho.
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ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... v
ÍNDICE GERAL .............................................................................................................. vi
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................................... ix
ÍNDICE DE QUADROS ...................................................................................................... x
RESUMO ..................................................................................................................... xiii
ABSTRACT ................................................................................................................... xv
RÉSUMÉ..................................................................................................................... xvii
ABREVIATURAS .......................................................................................................... xviii
1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1- Pertinência e âmbito de estudo ............................................................................ 2
1.2- Delimitação do Problema ..................................................................................... 4
2 - REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 7
2.1- Futebol um jogo dinâmico essencialmente táctico. .............................................. 8
2.2 – Um “olhar” sobre o Futebol na perspectiva da teoria dos sistemas
dinâmicos .................................................................................................................... 9
2.3 – Futebol um jogo de decisões ........................................................................... 11
2.3.1 – A decisão segundo a abordagem cognitivista (modelo de
processamento da informação) .............................................................................. 13
2.3.1.1 – Conhecimento sobre o jogo e sua importância na decisão. .................... 18
2.3.1.2 - O Conhecimento e os peritos (experts) ................................................... 23
2.3.2 – A decisão segundo a perspectiva ecológica num contexto dinâmico e
complexo. ............................................................................................................... 26
2.3.2.1 - “Affordance”: a chave para decidir ........................................................... 28
2.3.2.2 – Decidir com base nos constrangimentos ................................................ 29
2.3.3 - Decidir com base noutros “olhares” ............................................................ 31
2.4 – Natureza da decisão ........................................................................................ 34
2.5– O factor tempo e sua importância na decisão: As velocidades do jogo. ........... 36
2.6 - O Processo ofensivo no jogo de futebol ............................................................ 37
2.6.1 - O Ponta-de-lança e a sua função no jogo ................................................... 40
2.6.2 - Perfil táctico-técnico do ponta-de-lança no processo ofensivo ................... 41
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2.6.3 - Características do ponta-de-lança .............................................................. 43
2.6.4 - O ponta-de-lança e o golo .......................................................................... 46
3 - METODOLOGIA ........................................................................................................ 49
3.1 - Objectivo geral .................................................................................................. 50
3.1.1 - Objectivos específicos ................................................................................ 50
3.2 - Hipóteses .......................................................................................................... 51
3.3 - Amostra ............................................................................................................. 51
3.3.1 - Constituição da amostra ............................................................................. 51
3.4 - Procedimentos metodológicos .......................................................................... 53
3.4.1- Protocolo de avaliação ................................................................................. 53
3.4.1.1 - Indicador de medida para a adequação da resposta ............................... 54
3.4.1.2 - Indicador de medida de tempo de decisão .............................................. 54
3.4.2 - Organização do protocolo ........................................................................... 55
3.4.2.1- Exposição das imagens ............................................................................ 55
3.4.2.2- Intervalo entre cada situação .................................................................... 56
3.4.2.3- Registo da resposta .................................................................................. 56
3.4.2.4 – Aparelhos e programas utilizados ........................................................... 56
3.4.3 - Procedimentos estatísticos ......................................................................... 56
4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 59
4.1 - Relação adequação da resposta com o tempo de resposta ............................. 60
4.2 - Relação entre a adequação da resposta/tempo de decisão e o nível
competitivo ................................................................................................................ 63
4.2.1 - Relação do nível competitivo com a adequação da resposta ..................... 66
4.2.2- Relação do nível competitivo com o tempo de decisão ............................... 70
4.3- Relação adequação da resposta/tempo de decisão com os anos de prática .... 72
4.3.1- Relação adequação da resposta com os anos de prática ........................... 73
4.3.2- Relação tempo de decisão com os anos de prática .................................... 74
4.4- Relação número de golos/adequação da resposta dentro de cada nível
competitivo ................................................................................................................ 76
5- CONCLUSÕES .......................................................................................................... 79
6- SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS ...................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 85
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ANEXOS ......................................................................................................................... i
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Modelo dos Constrangimentos de Newell
Figura 2- Representação gráfica da constituição da amostra
Figura 3- Representação gráfica das equipas de P1
Figura 4- Representação gráfica das equipas P2
Figura 5- Representação gráfica das equipas de NP
Figura 6- Representação gráfica: médias do tempo de resposta
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ÍNDICE DE QUADROS
Quadro1- Diferenças no processamento de informação visual entre atletas
experientes e principiantes.
Quadro 2- Características dos pontas-de-lança
Quadro 3- Comparação da adequação das respostas e do tempo de resposta
Quadro 4- Média e desvio padrão da adequação das respostas
Quadro 5- Média e desvio padrão da velocidade de decisão
Quadro 6- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo da resposta
Quadro 7- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no
nível competitivo P1
Quadro 8- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no
nível competitivo P2
Quadro 9- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no
nível competitivo NP
Quadro 10- Níveis de significância da relação adequação/tempo de resposta
entre os três grupos competitivos
Quadro 11- Diferenças de médias, margem de erro, significância, e o intervalo
de confiança da adequação da resposta entre os níveis competitivos
Quadro 12- Média, desvio padrão, máximas, mínimas da adequação das
respostas de P1,P2 e NP
Quadro 13- Diferenças de média, margem de erro, significância (Sig.) e o
intervalo de confiança da velocidade da resposta entre os níveis competitivos
(P1,P2 e NP)
Quadro 14- Média, desvio padrão, máximas, mínimas do tempo das respostas
de P1,P2 e NP
Quadro 15- Correlação entre os anos de prática e a adequação da resposta
Quadro 16- Correlação entre os anos de prática e o tempo da resposta
Quadro 20: Média, desvio padrão, máximas, mínimas dos golos dos pontas-
de-lança de P1,P2 e NP
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Quadro 21- Correlação entre a adequação das respostas com o número de
golos de P1
Quadro 22- Correlação entre a adequação das respostas com o número de
golos de P2
Quadro 23- Correlação entre a adequação das respostas com o número de
golos de NP
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RESUMO
O principal objectivo do presente estudo é analisar e comparar a capacidade de
decisão de jogadores de futebol que desempenham a função de pontas-de-
lança, através da adequação da resposta (conhecimento declarativo) e do
tempo de resposta, em acções ofensivas.
Para tal, recorreu-se ao protocolo de Mangas (1999), complementado por
Correia (2000), com a variável tempo de resposta.
O estudo das comparações das médias foi concretizado através da análise do
t-teste e Anova unidimensional. Para analisar a associação entre a adequação
da resposta e o tempo de resposta com o nível competitivo, anos de prática e o
número de golos marcados foi aplicada o teste de correlação Pearson, com um
nível de significância de 5%.
De acordo com os resultados obtidos concluiu-se que: (a) os pontas-de-lança
mais rápidos a decidir, são também os que decidem melhor; (b) o nível
competitivo não parece repercutir-se na capacidade de decisão; (c) os pontas-
de-lança com mais anos de prática (mais experiência), não apresentam um
nível de relação entre velocidade e a adequação de decisão mais elevado do
que os jogadores menos experientes; (d) os pontas-de-lança com mais golos
marcados não revelaram uma melhor adequação da resposta.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, DECISÃO, PONTAS-DE-LANÇA
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ABSTRACT
The main goal of this present study is to analyze and compare the decision-
making of Football players who perform the position of strikers through the
suitable response (declarative Knowledge) and the time of response in
offensive actions.
So to be, the Mangas (1999) protocol, has been used complemented by Correia
(2000), with the variable time of response.
The study concerning average comparison was materialized through the
analysis of the t-test and Anova one-dimensional. In order to analyze the
association between a suitable response and time of response with a
competitive level, years of practice and the number of scored goals was applied
a correlation Pearson test, with a 5% of significance. According to the results
obtained, it was conclude that: (a) strikers that are fast at making decisions are
also those who decide best; (b) the level of competitiveness doesn’t seem to
deflect on decision-making; (c) strikers with more experience don´t present a
leveled relationship between velocity and higher suitable decision than the
players with less work experience; (d) strikers with more goals scored didn’t
present a more suitable response
KEYWORDS: FOOTBALL, DECISION, STRIKER
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RÉSUMÉ
Le principal objectif de l´étude présente, est d’analyser et comparer la capacité
de décision des joueurs de pointe du football, grâce à l´adéquation de la
réponse (connaissance déclarative) et du temps de réponse, en actions
offensives.
Pour cela, on utilise le protocole de Mangas (1999), complété par Correia
(2000), avec la variable temps de réponse.
L´étude des comparaisons des moyennes a été atteint grâce à l'analyse du t-
test et Anova unidimensionnelle. Pour analyser l´association entre l´adéquation
de la réponse et temps de réponse au niveau compétitif, des années de
pratique et le nombre de buts marqués a été appliqué au test de corrélation
Pearson, avec un niveau de signification de 5%.
Selon les résultats obtenus, on peut conclure que: (a) les joueurs de pointe qui
se décident plus rapidement, sont aussi ceux qui décident le mieux; (b) le
niveau compétitif ne semble pas se refléter au niveau de la décision; (c) les
joueurs de pointe avec plus d´années de pratique (plus d´expérience), ne
présentent pas un niveau de relation entre la vitesse et l´adéquation de décision
plus élevé que les joueurs moins expérimentés; (d) les joueurs de pointe avec
plus de buts n'ont pas trouvé une réponse plus appropriée.
MOTS-CLÉ: FOOTBALL, DÉCISION, JOUEURS DE POINTE
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ABREVIATURAS
AR- Adequação da resposta
TR- Tempo de respostas
SNC- Sistema Nervoso Central
P1- Nível competitivo superior constituído por 14 pontas-de-lança da I Liga
P2- Nível competitivo intermédio constituído por 13 pontas-de-lança da II Liga
NP- Nível competitivo inferior constituído por 13 pontas-de-lança da 2ªB e 3ª
Divisão
Fig.- Figura
ss:ms- Tempo em segundos, décimas de segundo e centésimas de segundo
R1, …, R11- Situação um a situação onze
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1 - INTRODUÇÃO
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1.1- Pertinência e âmbito de estudo
“O jogo de futebol é acima de tudo um jogo de decisões”
(Castelo, 2004)
As decisões, no contexto do desporto, acontecem de corpo inteiro e na acção
(Araújo & Volossovitch, 2005; Araújo et al., 2006) e, como no desporto, corpo e
mente são inseparáveis (Damásio, 1995), a acção não pode ser separada da
decisão (Afonso, 2008).
A performance desportiva, nos desportos denominados de invasão, relaciona-
se num contexto marcado pela acção dinâmica e não repetitiva, onde as
acções sucedem-se num curto espaço de tempo, exigindo reavaliação
permanente da situação e sendo contextualizadas num histórico, isto é, cada
decisão é influenciada pelas anteriores e influência as posteriores (Araújo et al.,
2006; Paulo, 2007) onde as capacidades perceptivas e decisionais assumem
um destaque especial.
As capacidades, perceptiva e decisória, relacionam-se entre si; dependem, e
interagem com o conhecimento táctico-técnico do atleta que lhes orienta as
respectivas decisões, condicionando a organização da percepção, a
compreensão das informações e a resposta motora que o mesmo executa
(Greco, 2008). Toda a decisão táctica pressupõe uma atitude cognitiva do
jogador (Greco & Giacomini 2008) que delimita e determina a sua resposta
situacional no jogo (Garganta, 2004a; Memmert, 2004; Tavares et al., 2006).
“O ser humano, e o Desportista em particular, são confrontados
constantemente com situações que somente uma resposta específica, entre
múltiplas possíveis, é adequada para resolver o problema em presença.”
(Alves, s/d:1)
A dinâmica do jogo moderno passa, necessariamente, pelo binómio decisão-
execução, exigindo do atleta uma rápida percepção táctico-técnica e
concomitantemente, solicita do jogador inúmeras operações mentais
complexas numa ínfima unidade de tempo (Garganta, 1999). Muito mais que a
mera capacidade de executar determinados movimentos, exige-se que o
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jogador correlacione uma série de factores para definir não somente o que
deve fazer mas, principalmente, quando e como deve agir. Os atletas para
agirem adequadamente, devem conhecer a modalidade que praticam, gerindo
e valorizando as informações mais pertinentes, para que as decisões a tomar
sejam mais ajustadas (Mangas et al., 2002), isto é, o praticante deve saber o
que fazer, para poder resolver o problema subsequente, o como fazer,
seleccionando e utilizando a resposta motora mais adequada (Garganta e
Pinto, 1994). Se o “saber o que fazer” for deficiente, condiciona negativamente
a capacidade de resposta das acções a desenvolver (Garganta, 1999).
Dentro deste pensamento e segundo Castelo (2004), o jogador corre, não pelo
simples facto de correr, mas corre com ideias, pensamentos, projectos e
intenções, cujo âmbito é determinado pela dimensão estratégico-táctica da
situação.
O jogador de Futebol durante o jogo tem que escolher, decidir o que fazer,
como e quando fazer, num curtíssimo espaço de tempo (Ponte, 2005). No
futebol actual, moderno, o “espaço” para decidir e o tempo de decisão são cada
vez menores, hoje em dia não há tempo para pensar, o “tempo” diminui no
inverso da eficácia desejada (Ferreira, 2004), no futebol de hoje não se
“pensa”, decide-se, joga-se.
Como refere Garganta, (2001:1) “ … é preciso ser mais rápido, mais veloz, … a
encontrar soluções, … mais rápido e melhor, a perceber, a pensar e a agir”.
Este aumento progressivo da “ velocidade de jogo”, o facto da acção técnica
estar sempre associada a uma intenção táctica e o facto de existir a todo o
momento uma grande pressão sobre a bola e seu possuidor, tem tornado cada
vez mais a adequação e velocidade de decisão factores determinantes para o
sucesso individual e colectivo do jogo de Futebol
Cada vez mais, dado o grande equilíbrio entre as equipas, os jogos são
decididos por um pormenor, por uma jogada, por um gesto, por um golo. E
quando se fala em golo, em Futebol, invariavelmente uma palavra vem ao
pensamento - ponta-de-lança. O ponta-de-lança é, sem dúvida, um dos
jogadores referência em todo o processo ofensivo de qualquer equipa de
Futebol. É também, o grande decisor em todo este processo, que tem como
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objectivo principal a obtenção do golo. A obtenção do golo, na grande maioria
dos casos, é precedido de uma eficiente decisão, então é imprescindível que o
ponta-de-lança, perante todos os constrangimentos inerentes ao envolvimento
da situação, seja capaz de percepcionar as melhores soluções para atingir o
objectivo da tarefa, neste caso o golo. Uma boa ou má decisão poderá alterar
um jogo, poderá decidir um campeonato. Assim, o propósito deste trabalho é
avaliar a qualidade da decisão táctico-técnica, através do conhecimento do
jogo e velocidade de tomada de decisão, de pontas-de-lança de diferentes
níveis competitivos, com diferentes anos de prática e golos marcados em
situações ofensivas.
1.2- Delimitação do Problema
A capacidade para tomar decisões ajustadas e para as operacionalizar com
eficácia é uma competência nuclear da performance, particularmente no âmbito
dos jogos desportivos, por se tratar de disciplinas situacionais de opção
estratégico-táctica (Garganta, 2004), é uma variável que condiciona a
consistência de desempenhos de sucesso (Passos et al., 2006).
O menor ou maior ajuste desses desempenhos táctico-técnicos, a capacidade
do jogador prever as situações e suas consequências, e decidir em função
disso, depende, segundo a perspectiva cognitivista, essencialmente da
capacidade cognitiva do jogador, das suas memórias, da sua experiência
acumulada em situações/problema conscientemente solucionadas, em suma
das suas vivências e passado de prática da modalidade.
Por outro lado, e segundo a perspectiva ecológica, o comportamento do
jogador de futebol é determinado pela situação, isto é, relaciona-se com um
ambiente em constante mudança (Greco, 2008), o que implica uma
permanente interacção com o contexto.
Existem então duas abordagens, duas explicações científicas para o fenómeno
da tomada de decisão, aparentemente antagónicas: a perspectiva cognitivista e
a perspectiva ecológica. A perspectiva cognitivista assenta na dualidade
estímulo-resposta enquanto a perspectiva ecológica assenta no acoplamento
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percepção-acção e na interacção dos constrangimentos do indivíduo-tarefa-
envolvimento (Passos et al., 2006).
Sendo o Futebol o jogo desportivo colectivo com menor índice de sucesso
(somente 1% das acções ofensivas resultam em golo, Dufour (1983)) é
pertinente saber qual o comportamento dos homens “talhados “, dos
especialistas dessa função, ou seja, os pontas-de-lança, quando confrontados
com as mesmas situações problema, em acções ofensivas. Na maioria das
vezes, o sucesso das acções ofensivas depende da capacidade de decisão do
ponta-de-lança pois jogar “bem” significa, na maioria dos casos, decidir “bem”
no decurso da competição (Araújo & Volossovitch, 2005). O sucesso depende
então, em todo o tempo da melhor decisão, tornando-se importante saber como
se relaciona o jogador mais decisivo no processo ofensivo com essa
capacidade.
Quando se fala em tomar decisões, várias dúvidas se levantam: Será que
indivíduos com maior nível competitivo (mais aptos) decidem melhor e mais
rápido? Será que os jogadores mais experientes (entende-se por experiência
os anos de prática) possuem uma melhor qualidade de decisão? Será que o
conhecimento é fundamental na decisão e no desempenho do atleta?
Este estudo parece-nos válido pois realça a importância que as capacidades
decisionais têm na performance desportiva. Assim, procurar-se-á comparar a
qualidade de decisão (adequação e velocidade de resposta) com os níveis
competitivos, anos de prática e golos marcados de diferentes pontas-de-lança
em situações ofensivas. Pretende-se observar e avaliar a importância que é
atribuída ao conhecimento declarativo que suporta a tomada de decisão do
atleta.
No contexto da investigação do processo da tomada de decisão, o
desenvolvimento simultâneo de modelos teóricos e tecnológicos da ciência da
computação tem contribuído para o aumento considerável da investigação
nesta temática (Silva, 2006). Analisar e compreender o comportamento do
atleta em situação real de jogo é extremamente difícil pelo que se socorre,
também, de situações simuladas no laboratório (Tavares, 1999), que nos
permite ir ao encontro do que acontece no jogo.
2 - REVISÃO DA LITERATURA
Decisão táctico-técnica no futebol
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2.1- Futebol um jogo dinâmico essencialmente táctico.
O jogo é um sistema dinâmico, pois existe, como refere (Garganta, 2008) na
confluência de uma dimensão mais previsível, induzida pelas leis e princípios
de jogo, com outra menos previsível, materializada a partir da autonomia dos
jogadores, que fomentam a diversidade e a singularidade dos acontecimentos,
a partir do confronto entre sistemas concorrentes, caracterizados pela
alternância de circunstâncias de ordem e desordem, estabilidade e
instabilidade, uniformidade e variedade.
A complexidade do envolvimento desportivo e a grande velocidade com que as
acções de jogo sucedem, colocam o jogador numa posição de incerteza,
confrontando-o com a presença de várias alternativas de acções. Acções estas
que devem ser realizadas em função dos princípios e objectivos de jogo, de
forma a resolver os problemas que as situações de jogo vão colocando (Vieira,
2003). Estas acções tácticas são consideradas por Araújo (2005) como
comportamentos decisionais, ou seja, uma sequência interdependente de
decisões e de acções que devem ser tomadas em tempo útil, num contexto em
mudança e para determinado fim. Mas, especificamente no desporto, podemos
concebe-la como uma acção propositadamente desencadeada com a
finalidade de ganhar ou manter vantagem sobre o(s) adversário(s). No Futebol
as capacidades tácticas ganham em significado pois a elevada
imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade que compõem o contexto deste
jogo solicita, de forma constante, um comportamento táctico dos jogadores
(Greco & Giacomini, 2008).
Deste modo, a dimensão táctica parece condicionar, de uma forma importante,
o comportamento e a prestação dos jogadores e das equipas, revelando-se
fundamental de um jogo de qualidade (Vieira, 2003). Aos jogadores é
reclamada uma permanente atitude táctica (Garganta & Oliveira, 1996) e o
desenvolvimento dessa atitude táctica supõe o desenvolvimento da capacidade
de decidir e de decidir rapidamente, estando esta dependente da atitude de
conceber soluções (Garganta & Oliveira, 1996). Parece unânime que, apesar
da vital importância que todos os factores do rendimento detêm na
Decisão táctico-técnica no futebol
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performance do jogo de Futebol, a táctica em toda a sua envolvência determina
e coordena a gestão de todas as variáveis relacionadas com o ensino e o treino
do jogo (Costa, 2001). Este papel regulador e coordenador que a táctica
determina ao jogo é sublinhado por Garganta & Cunha e Silva (2000:5) quando
afirmaram que: “…o que faz o jogo é a transformação da causalidade em
casualidade, ou seja, aproveitar o momento, e quem ensina a aproveitar o
momento são a estratégia e a táctica”.
O papel da táctica na obtenção da vitória cresce paralelamente ao valor das
equipas em disputa, em especial quando são sensivelmente próximas física,
técnica e psicologicamente (Teodorescu, 1984), Para Schnabel (1988, citado
por Pinto, 1996), ao contrário do que acontece noutras modalidades
desportivas de dominante energética, ou de carácter técnico-combinado, nos
jogos desportivos colectivos a prestação é fundamentalmente condicionada
pela componente táctica. Este papel é reforçado por Pinto (1996), que afirma
que a essência do rendimento em Futebol é fundamentalmente táctica.
Na actualidade, ao exigir-se dos jogadores e das equipas melhores níveis de
eficácia, aumentou-se a intensidade e o ritmo de jogo, o que afectou
significativamente os aspectos técnicos e psicológicos, traduzidos pelo
aumento da pressão sobre o raciocínio táctico dos jogadores (Pinto, 2005), os
seus comportamentos, no jogo situam-se numa tensão entre o conhecimento e
a acção (Garganta, 2000). As decisões sobre “o que fazer”, “quando fazer”,
“onde fazer” e “como fazer”, apresentam-se como vectores indispensáveis para
o entendimento do jogo, possibilitando ao jogador actuar de uma maneira
inteligente e, consequentemente, eficaz durante o jogo (Pinto 2005).
2.2 – Um “olhar” sobre o Futebol na perspectiva da teoria dos sistemas dinâmicos
O Futebol caracteriza-se por ser um jogo desportivo colectivo, em que os seus
protagonistas estão agrupados em duas equipas, que mantêm entre si uma luta
constante pela posse de bola, com o objectivo primordial de a introduzir, o
maior número de vezes possível, na baliza adversária e evitar que esta entre
Decisão táctico-técnica no futebol
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na sua própria baliza, alcançando assim a vitória (Tavares, 1993). As equipas
de Futebol operam como sistemas dinâmicos que se confrontam
simultaneamente com o previsível e o imprevisível, com o estabelecido e a
inovação (Garganta & Cunha e Silva, 2000). É, então, todo este sistema de
inter-relações que se cria constantemente durante o jogo que permitirá ao
jogador utilizar as suas acções de forma apropriada na procura do objectivo.
Garganta (2008) considera o jogo como “um sistema auto-organizado
resultante de uma activa construção baseada nas escolhas e tomadas de
decisão dos jogadores, num envolvimento de muitos constrangimentos e
possibilidades”.
Nesta perspectiva, os atletas utilizam as possibilidades que o contexto lhes
faculta para resolver os problemas que o jogo lhes coloca.”Este é o ponto de
partida para se considerar o jogo de Futebol como um sistema dinâmico e
complexo, que ao interagirem ao longo do tempo produzem vários padrões de
coordenação das acções” (Júlio & Araújo, 2005:170). Então, sendo o jogo um
fenómeno complexo e dinâmico que decorre longe do equilíbrio, exige que seja
encarado assim, com os seus comportamentos, como um fenómeno
emergente, resultante da interacção de múltiplos constrangimentos
condicionadores das acções (Costa et al., 2002). Reflecte, deste modo, a
necessidade dos jogadores se adaptarem constantemente às situações de
jogo, através das suas decisões e acções exploratórias (Rodrigues, 2006). No
que diz respeito a este assunto, Costa et al. (2002) afirmam que o sucesso dos
jogos tácticos (Futebol) depende largamente do nível de desenvolvimento das
faculdades perceptivas e intelectuais, especialmente associadas com outros
factores que determinam a performance. Contudo, esta base teórica
fundamentada pela teoria dos sistemas dinâmicos para o jogo de Futebol, é
frequentemente contradita por informações intercaladas, tais como “…a tomada
de decisão precede a acção”, “… os jogadores têm que saber o que fazer para
depois seleccionar o que fazer…” (Araújo, 2005). Nestas afirmações, é dado
ênfase aos constrangimentos cognitivos considerando-os como os únicos
factores que determinam o comportamento, em que a acção é vista como uma
solução previamente armazenada na memória, posição assumida pela
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abordagem cognitivista (Rodrigues, 2006). Mas, no Futebol, podemos
considerar que “…acção é sinónimo de tomada de decisão, porque cada acção
requer uma nova solução” (Costa et al., 2002:12).
As decisões ocorridas em contexto desta natureza (sistemas dinâmicos) não
podem ser solucionadas a priori, dada a relação não linear entre o indivíduo e o
envolvimento (Rodrigues, 2006).
Podemos, então, afirmar que a complexidade de jogo determina a necessidade
do jogador realizar constantemente acções tácticas exigindo, desta forma, o
aperfeiçoamento da capacidade de decisão.
2.3 – Futebol um jogo de decisões
“O nosso caminho não é desenhado por estrelas nem indicado por planetas,
mas tão só pelas decisões que tomamos ou deixamos de tomar”
(Denigot, 2004)
Castelo (2004) refere que o jogo de Futebol é, acima de tudo, um jogo de
decisões. Decisão essa, que mais do que dependente da capacidade do
individuo, está condicionada pelo que o contexto permite fazer (Araújo, 2005).
Imaginemos um desporto como o Futebol, em que o jogador se encontra em
posse de bola, com um colega desmarcado e a baliza ao seu alcance. O que
deve ele fazer? Qual a decisão mais adequada? As decisões em jogo devem
ser tomadas de acordo com a situação, já que os objectivos de cada acção não
são definidos antes do jogo ou mesmo da jogada (Costa, 2001).
Decidir é certamente reflectir, comparar, antecipar, escolher, mas é muito mais
do que isso, do que o resultado exclusivo do intelecto (Denigot, 2004). O jogo
de Futebol é então um contexto complexo para a tomada de decisão, não
apenas por causa da multiplicidade de componentes que interagem (p. ex.,
jogadores, bola, árbitros, dimensões, etc.) mas, por causa das características
dinâmicas da sua natureza cooperativa e de oposição onde as situações de
jogo mudam constantemente ao longo do tempo (Júlio & Araújo, 2005).
Decisão táctico-técnica no futebol
12
A capacidade de tomar decisões é, essencialmente, um meio de deixar a maior
parte da informação no jogo, usando cuidadosamente em tempo real
sequências de interacção entre o jogador e o contexto para resolver problemas
de modo consistente e flexível (adaptável) (Araújo, 2005).
A tomada de decisão consiste em tomar decisões rápidas e tacticamente
exactas, constituindo uma das mais importantes capacidades do atleta
(Schellenberger, 1990), é uma escolha feita por ele entre muitos actos
possíveis (Vieira, 2003).
A tomada de decisão é então a chave para o sucesso da acção táctico-técnica,
(Rippol, 1987; Tavares, 1993; Alves & Araújo, 1996; Vieira, 2003) e, em muitos
casos, a responsável pelas diferenças inter-individuais do rendimento. Para
Araújo (2005) tomar decisões é permitir mudanças ao longo de um curso de
interacção com o contexto, visando um objectivo. Estas mudanças na relação
com o contexto podem ter origem predominantemente no indivíduo (p. ex: força
muscular ou no envolvimento (ex: inclinação do solo)), mas resulta sempre da
interacção entre indivíduo e contexto (Araújo, 2005), a tomada de decisão
distingue positivamente os atletas (Campaniço & Rodrigues, 2000).
Um elevado nível de performance nos desportos colectivos não é apenas
caracterizado por uma eficiente execução motora, mas por um nível superior de
tomada de decisão (Ponte, 2005). No Futebol não ganha quem é mais rápido
(veloz), quem salta mais alto ou quem corre mais, mas sim quem basicamente
tem a capacidade de reconhecer em cada momento os modelos estruturais do
jogo e a capacidade de prever o desenvolvimento desses acontecimentos
(Castelo, 2002) baseando-se, muitas vezes, em experiências anteriores. O
sucesso desportivo está particularmente condicionado pela capacidade do
jogador em assimilar as variações do envolvimento e em usar a informação
disponível para realizar a acção. Assim, a compreensão do fenómeno da
tomada de decisão passa, segundo Vieira (2003), pela capacidade do jogador
integrar e interpretar a informação, cuja garantia e validez são imperfeitas. O
jogador fica entregue aos seus recursos, actuando de duas formas: 1- seguindo
a sua intuição, ou seja, usando a informação da forma que lhe é mais fácil
(mesmo a informação mais acessível deixa uma série de incertezas e dúvidas)
Decisão táctico-técnica no futebol
13
ou, 2- usando a informação de forma lógica com o objectivo de optimizar a sua
resposta motora perante o problema (Castelo, 2003). Contudo, é importante
questionar se o homem pretende actuar de forma óptima? Ou será que no
momento, umas decisões resolvem o problema melhor do que outras?
Constata-se assim, que todos os jogadores têm um reportório de regras de
decisão, denominadas de heurísticas Svenson (1979, citado por Viera, 2003),
as quais são desenvolvidas através (1) das directrizes do treinador, (2) da
experiência do jogador e (3) dos exercícios de treino que colocam diferentes
situações-problema iguais ou semelhantes às que ocorrem particularmente na
competição. Estas regras de decisão assimiladas e aperfeiçoadas, permitem a
obtenção de soluções satisfatórias de modo a não se consumir demasiado
tempo e esforço, em vez de se fazerem melhores escolhas mas que precisam
de mais esforço e tempo (Castelo, 2003). Por outro lado, Araújo & Passos
(2006) realçam que os jogadores previsíveis (que “programam” o que fazer)
não são os que constituem maior perigo para a equipa adversária. Pelo
contrário os jogadores criativos, aqueles que integrados na lógica da equipa
resolvem autonomamente as situações, são os que mais problemas causam às
equipas adversárias (Araújo, 2008).
Apesar de existirem várias perspectivas de abordagem à tomada de decisão
vamos centrar o trabalho basicamente em duas: a cognitiva, conotada com a
teoria do esquema ou dos programas motores genéricos (Schmidt, 1975) que
decorrem do modelo do processamento de informação e a ecológica, esta
comprometida com a teoria dos sistemas dinâmicos (Davids et al., 2001), onde
tomar decisões é permitir mudanças ao longo de um curso de interacção com o
contexto, visando um objectivo (Araújo, 2005), que assenta no acoplamento
percepção-acção e na interacção dos constrangimentos do indivíduo-tarefa-
envolvimento (Passos et al., 2006).
2.3.1 – A decisão segundo a abordagem cognitivista (modelo de processamento da informação)
A abordagem cognitivista assente na teoria computacional ou do
processamento de informação, considera-se que a tomada de decisão e a
Decisão táctico-técnica no futebol
14
acção são determinadas pela comparação entre a informação que chega pelos
órgãos sensoriais (p. ex. o sistema visual) e a informação armazenada em
memória sob forma de representações mentais (i.e. representações simbólicas
da realidade) (Araújo, 1998). Esta abordagem exige ao jogador uma
capacidade de efectuar um processamento das informações visuais com o
objectivo, por um lado, de analisar e interpretar a situação e, por outro lado, de
executar a resposta com o máximo de precisão (Tavares, 1994). Podemos
então concluir que, segundo esta perspectiva, o sucesso da acção depende
fundamentalmente da qualidade das representações armazenadas na memória
e das ordens emitidas pelo sistema nervoso central (SNC) (Rodrigues, 2006).
Ideia partilhada por Passos et al. (2006:306) que afirmam que “ …a acção
coordenada de determinado gesto técnico assenta numa relação entre
estímulo-resposta, previamente definida e armazenada em memória.”
Os comportamentos técnico-tácticos dos jogadores na resposta aos problemas
momentâneos do jogo, pressupõem um elaborado processo de
percepção/análise, solução mental (decisão) e de solução motora (execução)
(…) numa actividade cognitiva intensa, como resultado de complicados
mecanismos de recepção, transmissão, avaliação e elaboração da resposta,
relacionando o resultado dessa acção com a memória (Brito, 1995). As fases
de percepção/análise e de solução mental de um problema de jogo, que um
jogador enfrenta em determinada situação, têm lugar na base dos respectivos
níveis de raciocínio técnico-táctico (Correia, 2000). A este respeito Mahlo (1980
citado por Tavares, 1994) refere que os processos mentais e psíquicos de uma
acção táctica, são realizados em três fases principais, o que nos permite
compreender o encadeamento das várias acções, que possibilita ao jogador
tratar sem interrupção as informações necessárias para: (i) identificar o
problema que lhe é colocado (percepção e análise da situação); (ii) elaborar a
solução que ele pensa ser a mais adequada para resolver o problema (solução
mental do problema); (iii) executar eficazmente, do ponto de vista motor, essa
solução (solução motora do problema).
Para se tomar uma decisão numa situação desportiva, recebe-se a informação
pelo sistema sensorial, o mecanismo cognitivo-perceptivo organiza e analisa a
Decisão táctico-técnica no futebol
15
informação para dar a resposta motora (Araújo & Serpa, 1999). Este processo
é baseado na metáfora do computador (Araújo, 2005), ou seja, o sujeito é
comparado a uma máquina capaz de detectar estímulos através dos órgãos
sensoriais. Estes estímulos são comparados com a informação armazenada,
seleccionando entre um conjunto de escolhas possíveis, a que mais se adequa
à resolução da situação, desencadeando o programa motor, que origina o
processo de resposta que o sistema locomotor executa (Rodrigues, 2006).
Também Alves (1990) refere que a informação flui, desde o aparecimento do
estímulo até à execução da resposta, passando pelas seguintes fases ou
etapas:
“O estímulo (e a informação nele contida) começa por ser recebido
(detectado) pelo órgão sensorial (visão, audição, etc.) sob a forma de energia
física (luz, som, etc.). No órgão sensorial, esta energia é transduzida e é
encaminhada pelos nervos aferentes para a zona sensorial do SNC respectivo.
Este é o chamado processo sensorial e tem uma duração relativamente curta.
Quando o estímulo chega ao SNC, é detectado pelos mecanismos perceptivos,
são analisadas as suas características, comparados com a informação contida
em memória e finalmente identificado. Uma vez identificado, passa para os
mecanismos associativos, onde vai ser comparado com o reportório das
respostas possíveis, a fim de o código simbólico ser transformado num código
de resposta. Esta é a fase de escolha ou de selecção da resposta.
Seleccionada a resposta, o respectivo código passa aos mecanismos efectores
que o irão interpretar, a fim de programarem a respectiva resposta. É a fase da
programação motora. Logo que a resposta é programada, é enviada pelos
nervos eferentes ao sistema muscular, que foi programado a responder. É a
fase de execução da resposta e é também relativamente rápida”.
Nesta descrição do processamento de informação, segundo uma perspectiva
sequencial, a informação só passa de uma fase para outra depois de ter sido
tratada, o que torna este processo moroso.
Existe outra perspectiva sobre o processamento de informação (McCleland,
1979; Miller, 1988) que refere a sua ocorrência em paralelo, contribuindo para
reduzir a sua duração, ou seja, as operações mentais são realizadas como um
Decisão táctico-técnica no futebol
16
processo em cascata. Tavares (1994) citando os autores anteriores refere que,
neste caso, a informação flui de uma unidade para outra de modo a que a
resposta possa ser produzida enquanto o input externo está ainda a ser filtrado
pelo sistema perceptivo e produzido o output desde a unidade da memória, o
que no caso contribui para reduzir a sua duração.
Nougier (1992 citado por Tavares, 1993) apresenta uma outra perspectiva para
o processamento de informação – Unidade de informação – com aproximações
teóricas entre as perspectivas anteriores.
Marujo (1999) afirma que, perante um leque variado de estímulos, o indivíduo
deverá ser selectivo, pertinente na escolha e eliminando informação
indesejável, pressupondo um conhecimento racional com o objectivo de
realizar uma tarefa precisa. Segundo Sugden & Connell (citados por Tavares,
1993) a capacidade de processar a informação melhora com a idade. Da
mesma forma que os jogadores com mais experiência parecem ter uma
organização mais complexa e discriminatória da memória de longo termo que
facilita a codificação da informação de uma actividade desportiva (Williams et
al., 1993). Keller et al. (citado por Tavares, 1993) demonstraram que atletas
mais experientes necessitam de menos informação para identificar uma
configuração perceptiva. Também Mahlo (1980) é da mesma opinião ao afirmar
que jogadores experientes comparados com jogadores menos experientes
apresentam um sistema perceptivo mais aperfeiçoado para reproduzir a
organização de jogo e descodificam mais profundamente a informação. O
mesmo autor refere ainda que praticantes experientes são mais sistemáticos
em termos de pesquisa visual do que os não experientes/principiantes.
Rippol (1987, citado por Costa 2001) mostra diferenças fundamentais no
processamento de informação visual entre atletas principiantes e experientes
Quadro1:Diferenças no processamento de informação visual entre atletas experientes e principiantes.
Atletas Principiantes Atletas Experientes
1- A informação visual é pontual e corresponde a um conjunto de acontecimentos.
1- A informação visual é inter-relacional. Ela relaciona os diferentes acontecimentos
2- A informação é tratada sobretudo em visão central
2- A informação implica complementarmente a visão central e
Decisão táctico-técnica no futebol
17
periférica
3- A leitura dos diferentes acontecimentos é feita em ordem cronológica das suas aparições
3- A “leitura” é muitas vezes antecipada, o atleta coloca o seu olhar na direcção precisa onde vai aparecer o acontecimento
4- Um número importante de acontecimentos é analisado
4- Só os acontecimentos mais pertinentes são analisados. O seu número é restrito
5- O tempo destinado a consultar cada um dos acontecimentos é curto. A informação é incompleta
5- O tempo dedicado a consultar cada acontecimento é longo. A informação é completa
6- O tempo total de análise é elevado 6- O tempo total de análise é reduzido
7- Apresenta um longo período de tempo entre a recepção de informação e o desencadeamento da resposta
7- A resposta é desencadeada durante a análise da situação
8- As respostas motoras são muitas vezes inadequadas
8- As respostas motoras são apropriadas
A julgar por este quadro, enquanto os principiantes se fecham sobre
informação obtida através da visão central, os experientes recorrem à visão
periférica, o que lhes permite um maior ajustamento aos constrangimentos
mutáveis do sistema (Afonso, 2008).
O cognitivismo centra-se apenas nos constrangimentos cognitivos (internos),
como sendo o único factor que determina o comportamento e não na
interacção de múltiplos factores. O envolvimento nesta perspectiva é visionado
como sendo apenas um estímulo (Rodrigues, 2006).
Mas será que a teoria decisional baseada no processamento de informação é
por si só eficaz e verificável na competição? O jogador em competição não
pode ficar à espera de um estímulo, para depois “vasculhando” nas suas
imagens e memórias, descortinar a melhor solução mental, para que finalmente
a posteriori, possa seleccionar a resposta motora mais adequada e a colocar
em prática (Silva, 2006).
Decisão táctico-técnica no futebol
18
2.3.1.1 – Conhecimento sobre o jogo e sua importância na decisão.
O atleta em competição está constantemente a tomar decisões e, é o
conhecimento que possui que vai orientá-lo para determinadas sequências de
acções em detrimento de outras. As capacidades de saber e de saber fazer
aproximam-se de forma interligada (Greco, 2008) e, é tão importante
compreender para intervir como intervir para compreender, pelo que a
informação para treinar e jogar pode resultar claramente mais eficaz aquando
forjada na tensão entre conhecimento e acção (Garganta, 2006).
Durante um jogo de Futebol os jogadores são confrontados com um conjunto
de problemas (Oliveira, 2004), que resultam das características dinâmicas do
próprio jogo (Garganta, 2005). A adequação de cada resposta a esses
problemas assenta essencialmente na capacidade táctica de resolução
(Tavares, 1993; Garganta & Pinto, 1994; Garganta, 1997), pelo que o
conhecimento a ele associado é essencialmente táctico (Ferraz, 2005). Este
conhecimento táctico resulta de um conjunto de conhecimentos que são,
segundo Oliveira (2004), conhecimentos específicos fruto das experiências e
vivências dos diferentes jogadores que são configurados sob forma de imagens
mentais. Esta visão é partilhada por Damásio (2000), pois segundo ele o
conhecimento necessário para o raciocínio e tomada de decisão está
configurado na nossa mente sob a forma de imagens mentais. Para o mesmo
autor (Damásio, 2000), as imagens mentais são construções do cérebro que
decorrem “do sentir” proporcionado pelas distintas modalidades sensoriais
(visual, auditiva, olfactiva, gustativa e somatossensorial), que resultam da
interacção entre o organismo e a realidade, acabando por serem criações
pessoais dessa realidade. A um conjunto de acontecimentos corporais
ocorridos, corresponde um conjunto de conhecimentos, configurados sob a
forma de uma colecção de imagens mentais (Damásio, 2003). Neste sentido,
um jogador para dar resposta a uma determinada acção táctica no jogo precisa
de desenvolver um conjunto de conhecimentos específicos sendo que a
interacção entre eles vai definir o grau de adequação da resposta (Oliveira,
2004). O mesmo autor (Oliveira, 2004:90) define conhecimento específico
Decisão táctico-técnica no futebol
19
como sendo ”…o conhecimento necessário para a realização de determinada
acção, dentro de um domínio particular que engloba a interacção do
conhecimento declarativo, com o conhecimento processual, com as memorias
e emoções a eles associadas”.
Os atletas para agirem adequadamente devem conhecer a modalidade que
praticam (Greco & Giacomini, 2008), gerindo e valorizando as informações
mais pertinentes para que as decisões a tomar sejam as mais ajustadas
(Vieira, 2003). O que realça a importância do conhecimento e da capacidade
de tratar os sinais mais pertinentes na adequação da tomada de decisão. É,
portanto, necessário que o jogador compreenda a lógica interna do jogo, os
princípios gerais e específicos que regem o seu comportamento e seja capaz
de os aplicar de forma inteligente, depois de uma análise prévia da situação de
jogo (Cardenas, 2000). A compreensão envolve actos de cognição, isto é,
comportamentos inteligentes, o que implica a existência de conhecimento que,
sob a forma de “princípios de jogo” funciona como ingrediente indispensável
para a compreensão (Kirk, 1983, citado por Garganta, 1997). O conhecimento
e a compreensão do jogo ganham assim uma importância fundamental, pois
permitem aos atletas tomarem a decisão mais adequada em função da
situação que se lhes depara, se considerarmos que a qualidade do jogo
reclama do sujeito comportamentos inteligentes (Garganta & Oliveira, 1996). É
como refere Tavares (2004) “o jogador intervém nas acções de jogo de acordo
com o grau de conhecimento que possui” o que leva a afirmar que a qualidade
das acções depende obviamente do conhecimento que o jogador tem do jogo
(Garganta, 1994). O nível de conhecimento vê-se pela capacidade de tomar
decisões (French & Thomas 1997).
Também Dodds et al. (2003, citados por Paulo, 2007) referem que, conforme
os jogadores vão dilatando o conhecimento específico acerca da modalidade,
mais facilmente serão capazes de aceder a ele durante a jogada, para
solucionar problemas tácticos, sendo que o número mais elevado de soluções
com sucesso aumenta, e, consequentemente, a sua expertise, ou seja, existe
uma estruturação recíproca entre o conhecimento e a acção, pois o indivíduo
Decisão táctico-técnica no futebol
20
necessita de conhecimento para actuar, mas, ao mesmo tempo, essas
actuações aumentam o nível de conhecimento (Alves & Araújo, 1996).
Para jogar colectivamente e de forma inteligente, o jogador deve ser capaz de
desenvolver uma acção consciente (o que fazer), voltada para resolver de
forma prática, dentro dos limites determinados pelas regras, os problemas
originados pelas variadas situações de jogo. Além de deliberada, a decisão
deve ser rápida, ampliando a margem de tempo disponível para a acção e
contribuindo para o alcance do maior êxito possível (Valdês & Resende, 2004),
os jogadores têm de saber o que fazer (conhecimento declarativo), para depois
seleccionar como fazer (conhecimento processual), utilizando a acção motora
mais adequada ao problema (Garganta & Pinto, 1994). É como refere Oliveira
(2004:41) “…jogar implica o conhecimento de saberes, mais concretamente um
saber fazer e um saber sobre o saber fazer”.
Estes dois tipos de conhecimentos (saberes) estão interligados entre si, dado
que a forma que o jogador analisa as situações de jogo está dependente da
forma como ele percebe e concebe esse mesmo jogo (Garganta, 1997)
contribuindo para a qualidade de decisão dos jogadores no decurso do jogo
(Vieira, 2003). Estes dois tipos de conhecimento, o conhecimento declarativo e
o conhecimento processual, são os mais relevantes para a performance
desportiva (Greco, 1999; Alves, 1999; Mangas, 1999).
Thomas & French (1986) definem como conhecimento declarativo, o
conhecimento do regulamento geral da modalidade, estrutura das competições
e regulamento técnico. Para Williams et al. (1993) o conhecimento declarativo
(saber o quê?) é referido em relação à capacidade de estruturar a experiência
por meio de conceitos, causas, efeitos, razões e leis científicas universais, é
um conhecimento que explica ou suporta teoricamente a realização de uma
acção (Greco, 1999). Também Sternberg (2000), Oliveira (2004) e Anderson
(2004) referem-se ao conhecimento declarativo, como sendo todo o tipo de
conhecimento que possa ser expresso ou declarado através da verbalização,
ou seja, é o conhecimento que pode ser explicado ou transmitido por palavras.
Este tipo de conhecimento relaciona-se com informações, factos, conceitos e
conhecimentos específicos já existentes. O maior ou menor conhecimento está
Decisão táctico-técnica no futebol
21
dependente da capacidade de ligação, relação e interacção entre essas
informações, factos, conceitos, conhecimentos específicos (Ennis et al., 1991)
e de processos cognitivos que promovam a racionalização (Eysenck & Keane,
1994).
O conhecimento declarativo está relacionado com as memórias episódicas e
semânticas, isto é, com a memória explícita ou declarativa. Está relacionado
com o que fazer perante determinada situação (Oliveira, 2004).
Em relação ao conhecimento processual, Chi & Glaser (1980) referem que este
conhecimento diz respeito à reunião de um conjunto de processos cognitivos
para executar uma sequência de acção com esse conteúdo.
Segundo Thomas & Thomas (1994), o conhecimento procedimental ou
processual, é usado para gerar acção, ou seja, como fazer algo. Também
Garganta (1997: 90), dentro desta linha de pensamento, afirma que “…nas
modalidades de incidência táctica elevada, como os JDC, o conhecimento
processual está, íntima e simultaneamente, relacionado com a selecção da
resposta motora e com a execução da acção”. Oliveira (2004) não foge desta
linha orientadora, pois também para ele, o conhecimento processual é um tipo
de conhecimento que está relacionado com a realização de acções e é
especificamente ajustado para ser aplicado em situações específicas,
fundamentalmente em situações de grande habilidade (Sternberg, 2000). É um
conhecimento que não se consegue transmitir por palavras, apenas por
acções. Este tipo de conhecimento está relacionado com as memórias
sensoriais, de representação perceptual e procedimental, isto é, com a
memória implícita ou processual (Oliveira, 2004). O conhecimento processual
está relacionado com o como executar uma acção para resolver determinada
situação (Anderson, 2004; Queiroga, 2005).
O conhecimento processual está, portanto, directamente relacionado com a
execução de respostas para a execução de problemas em situações de treino
e jogo (Greco & Giacomini, 2008).
Vários autores fazem a distinção entre os dois conhecimentos: George (1983)
distingue o conhecimento declarativo do processual: o primeiro é o
conhecimento que pode ser expresso por enunciados linguísticos, isto é,
Decisão táctico-técnica no futebol
22
conhecimento factual do tipo “saber o quê”, o segundo é o conhecimento que
se refere mais directamente aos processos de acção, “ao saber como”. Esta
distinção é partilhada por Pinto (1995), pois também ele entende por
conhecimento declarativo, o conhecimento do regulamento do desporto, das
posições dos jogadores, estratégias básicas de defesa e ataque (exemplo:
passe e vai, defesa individual, à zona e defesa mista) e, por conhecimento
processual, o conhecimento do “como fazer as coisas”.
Chi & Glasser (1980) fazem uma distinção mais aprofundada entre o
conhecimento declarativo e processual. Para eles o conhecimento declarativo
refere-se às estruturas de conhecimento ou conteúdos, podendo ser
representado por meio de uma rede de conceitos e suas relações. O
conhecimento processual diz respeito à reunião de um conjunto de processos
cognitivos para executar uma sequência de acção com esse conteúdo. Para
Ponte (2005), o conhecimento declarativo diz respeito ao “saber o quê” são os
conhecimentos que são possíveis verbalizar e que estão implicados com as
memórias episódicas e semânticas. O “saber como” (conhecimento processual)
são conhecimentos ligados à capacidade de realizar tarefas sem que haja
necessidade de envolvimento de recordações conscientes.
Embora se faça a distinção entre estes dois tipos de conhecimentos que
apresentam manifestações próprias, em termos práticos, existe uma interacção
permanente entre os dois e interagem na melhoria um do outro (Oliveira, 2004),
contudo relativamente às capacidades de decisão é importante referir que
vários autores (Chi & Rees, 1983; Thomas & Thomas, 1994; Turner &
Martineta, 1995; citados por Vieira, 2003) realçam que é necessário uma certa
quantidade de conhecimento declarativo para que o desenvolvimento do
conhecimento processual tenha lugar. Ora os processos de decisão estão
relacionados, sobretudo, com o conhecimento processual logo, será necessária
uma boa base de conhecimento declarativo antes do desenvolvimento das
capacidades de decisão (Vieira, 2003). No entendimento de Mangas (1999) o
conhecimento declarativo é fundamental para o desenvolvimento do
conhecimento processual e da tomada de decisão, quanto mais elevado é o
conhecimento declarativo, maior é a qualidade dos praticantes, por outro lado
Decisão táctico-técnica no futebol
23
Pinto (1995) defende, e com alguma lógica, que a existência de elevado
conhecimento declarativo não garante elevadas performances, dado que
jornalistas, comentadores, treinadores ou até mesmo adeptos poderão possuir
um conhecimento declarativo equivalente ao dos jogadores, apesar de não
apresentarem qualidade em situações de jogo.
No desporto, o conhecimento da performance do rendimento é fundamental
para a prestação competitiva (Miragaia, 2001), quanto maior é o conhecimento
das acções de jogo, mais eficaz será a acção táctico-técnica é como refere
Mangas (1999) os conhecimentos são uma boa base para saber fazer. Toda a
decisão táctica pressupõe uma atitude cognitiva do jogador (Greco, 2008).
Essa dimensão cognitiva é decisiva na performance desportiva (Konzag, 1990)
e os melhores atletas, os peritos, são aqueles que apresentam uma grande
flexibilização a esse nível, sabem distinguir quando é necessário ser mais
impulsivo ou mais reflexivo (Araújo, 1997; Rodrigues, 1998), possuem um
conhecimento declarativo e processual mais “sofisticado” que lhes exige menos
trabalho de memória e, em alguns casos, permitem resolver a
situação/problema sem esforço (automaticamente) (McPherson, 1993).
2.3.1.2 - O Conhecimento e os peritos (experts)
Um perito é alguém que se destaca pela positiva dos demais, é um atleta que
possui uma capacidade motora refinada, ou seja, é um especialista em
determinada área.
Os peritos têm um maior conhecimento específico dos factos o que vai permitir
ter já várias alternativas de resposta quando tiverem de tomar decisões (Alves
& Araújo, 1996), este facto justifica-se por possuírem um conhecimento mais
organizado e melhor estruturado. Estes sujeitos são mais rápidos a detectar e
localizar os sinais relevantes, bem como a forma como prevêem as
consequências das relações entre esses sinais (Araújo, 1998; Rodrigues,
1998). Os peritos (experts) são portadores de um reportório de padrões
específicos de acções táctico-técnicas, que lhes permitem ter várias
alternativas de resposta quando tiverem de tomar decisões (Miragaia, 2001),
Decisão táctico-técnica no futebol
24
eles concentram a sua atenção aos estímulos mais prováveis de surgirem,
onde aparecem e quando ocorrem, podendo prever de forma antecipada a
resposta mais adequada (Vasconcelos, 2001). Os praticantes de excelência
caracterizam-se por possuírem um conhecimento declarativo e processual mais
organizado, um processo de captação de informação mais eficiente, um
reconhecimento dos padrões de jogo e processo de decisão mais rápido e
preciso, um conhecimento táctico superior assim como uma maior capacidade
de antecipação dos acontecimentos de jogo e maior conhecimento das
probabilidades situacionais (Garganta, 2000).
Também para Araújo (2005) os peritos possuem um conhecimento mais
extenso e mais estruturado e descriminam melhor a informação armazenada
na memória de longo prazo. Supõem-se que esse conhecimento permite que,
comparativamente aos principiantes, os jogadores peritos 1) reconhecem e
evocam padrões de jogo mais rapidamente, o que possibilita decisões mais
rápidas e mais exacta; 2) apresentam maior velocidade de detecção e
localização de objectos relevantes no campo visual e identificam as situações
com maior detalhe; 3) usam eficazmente a informação contextual (quer
temporal, quer espacial) disponível antes do evento ou acção do adversário e
4) revelam-se mais exactos nas suas expectativas a acontecimentos futuros
elaborando uma hierarquia de probabilidades em cada situação. Os peritos
possuem, portanto, grande sintonia com a situação, focando-se apenas nos
aspectos informacionais decisivos, que lhes permite actuar antecipadamente
(Araújo & Volossovitch, 2005), através de uma atitude de exploração activa e
prospectiva do contexto (Afonso, 2008).
Todo o atleta tem planos para a competição, mas o modo como resolve as
situações, é muito influenciado pelo que está a acontecer na própria situação.
O jogador perito, é então, aquele que consegue, através das informações
contextuais, agir de uma forma correcta e eficaz, que lhe permite atingir o seu
objectivo, que supostamente é também o da equipa (Araújo, 2008).
Como foi referido anteriormente, e segundo a abordagem cognitivista, o perito
espera que o estímulo apareça, identifica-o, compara-o com situações
passadas, selecciona a resposta mais eficaz (dentro das que conhece),
Decisão táctico-técnica no futebol
25
programa a resposta e implementa-a com o seu sistema músculo-esquelético.
Todavia esta explicação “mecanicista” da tomada de decisão baseada na teoria
do processamento de informação tem dificuldades, como referem Araújo &
Passos (2008), em prever as soluções criativas dos jogadores durante a
competição, assim como a capacidade de armazenamento (espaço de
memoria) para toda a informação das situações já vivenciadas, bem como de
tempo para durante uma acção desportiva, detectar, identificar, associar,
comparar, seleccionar, programar e executar uma resposta (Araújo, 2005).
Levantam-se então, segundo o mesmo autor, várias questões sobre este tema,
tais como: Será que esta teoria baseada no processamento de informação é
verificável na competição? Quanto tempo levaria este processo a acontecer?
As situações da competição dão assim tanto tempo aos atletas? Por outro lado,
será que os praticantes não vão eles próprios à procura das informações que
lhes interessam, em vez de ficar à espera de certos estímulos? Será que os
desportistas não descobrem respostas exclusivas para resolverem a situação
que têm em mãos, não sendo por isso possível seleccionar de entre as
respostas “previamente armazenadas”? Se a resposta é nova como é que pode
ter sido previamente programada? Como é possível ser-se criativo com este
tipo de explicação teórica? Para resposta a estas questões é necessário,
segundo Araújo (2005) analisar-se a ecologia (i.e., a especificidade) da
competição caracterizada pela sua complexidade e dinâmica.
Decisão táctico-técnica no futebol
26
2.3.2 – A decisão segundo a perspectiva ecológica num contexto dinâmico e complexo.
A psicologia ecológica difere das restantes abordagens relativamente ao seu
foco de estudo, não entende o comportamento como algo que está “dentro da
cabeça” dos indivíduos, mas na sua interacção com o envolvimento, ou seja,
procura ver como é que o indivíduo interage com o contexto como co-evoluem
em conjunto, como é que se influenciam mutuamente (Rodrigues, 2006).
Tavares (2004) na procura de respostas a algumas das questões anteriores
realça o carácter dinâmico e de instabilidade das acções de jogo, preconizando
que o comportamento do jogador tende a auto-organizar-se, como resultado da
interacção entre os constrangimentos da tarefa e do envolvimento.
Nesta perspectiva, o comportamento é concepcionado como resultado de uma
leitura directa do ambiente, em que o envolvimento por si só é capaz de
facultar toda a informação necessária para a realização da acção, isto é, sem
necessidade de recorrer a qualquer representação ou mediador central,
salientando a interacção entre o indivíduo, a tarefa e o envolvimento
(Rodrigues, 2006).
O jogador não pode funcionar como uma máquina onde os seus movimentos
são previsíveis, não pode estar passivo à espera de um estímulo para agir
(Araújo, 2005), o jogador não “programa” o que vai nem quando vai acontecer
(Shaw, 2001) ele é sobretudo um agente “provocador” de situações que lhe
permitem atingir o objectivo dentro de um contexto imprevisível e repleto de
constrangimentos.
A abordagem ecológica, seguindo a linha Gibsoniana, assume um pressuposto
que existe uma relação mútua e recíproca entre sujeito e envolvimento (Davids
et al., 2001). Toda a informação necessária para a acção está disponível no
envolvimento e é percepcionada directamente pelo atleta, tendo este com a
sua acção uma influência directa na alteração da informação presente no
envolvimento, ou seja, percepciona a informação presente no contexto para
decidir e agir, e com essa acção altera a informação do contexto para continuar
a decidir e a agir e assim sucessivamente (Passos et al., 2006). Tal como
Gibson (1979:223) refere “…nós devemos percepcionar para agir mas também
Decisão táctico-técnica no futebol
27
temos que agir para percepcionar”. Nesta perspectiva, a percepção é directa, é
única, não há distinção entre percepção central e periférica, a afinação
perceptiva ocorre quando a visão central e periférica estão afinadas às
affordances do meio (Afonso, 2008), isto é, o conceito de percepção directa,
onde existe uma função determinante da informação percepcionada
directamente do ambiente (sem recurso a estruturas intermédias, como o
processamento central que compara a informação que chega pelos
mecanismos sensoriais com a informação armazenada em memória) para a
coordenação e controlo motor (Passos et al., 2006).
A ecologia do jogo é determinante para a compreensão do desempenho eficaz
dos indivíduos em acção (Araújo et al., 2004; Araújo, 2005; 2006; Araújo et al.,
2006; Davids et al., 2001). Este contexto que é o jogo, ao contrário da
explicação típica das teorias do processamento da informação, implica que os
jogadores atendam à complexidade e à dinâmica do jogo. Portanto os
jogadores não estão perante um conjunto de estímulos conhecidos à partida,
mas antes estão a influenciar uma situação com inúmeras variáveis, que muda
ao longo do tempo (Araújo & Passos, 2008). Estes contextos caracterizados
pela variabilidade implicam obrigatoriamente que o jogador seja activo, que
acompanhe a dinâmica do que se passa à sua volta, em vez de esperar
passivamente pelos estímulos para dar respostas. De acordo com Araújo &
Passos (2008) mais do que trazer toda a informação do jogo para dentro da
sua cabeça, o jogador tem que detectar e usar a informação que está no jogo e
que está sempre a evoluir. Dito por outras palavras, a informação que permite
cada jogador decidir e agir está disponível no envolvimento, resultando da
interacção entre jogador e contexto (Passos et al., 2006). Como tal os
problemas que se colocam a cada jogador emergem da sua interacção com o
contexto, sendo, em muitos aspectos, imprevisíveis. É esta interacção jogador-
jogo que permite resolver os problemas, é a reciprocidade entre organismo e
envolvimento, entre percepção e acção, que estão patentes no conceito de
affordance* (Gibson, 1979, 2002), que traduz a funcionalidade que um objecto
ou evento sugerem ao observador em função das suas capacidades de acção
(Garganta, 2004). E é por isso que existem “… jogadores de aparente categoria
Decisão táctico-técnica no futebol
28
capazes de controlar, passar, rematar e até driblar, mas como não conhecem a
chave deste jogo, elegem sempre o caminho errado” (Valdano, 1997:39).
2.3.2.1 - “Affordance”: a chave para decidir
Pode-se definir o conceito de affordance, como sendo a informação que o
envolvimento disponibiliza para o indivíduo, que segundo a psicologia ecológica
pode ser percebida directamente como o resultado da relação funcional entre a
acção e a percepção do envolvimento. Como já foi referenciado anteriormente
a abordagem ecológica enfatiza o papel das propriedades do envolvimento
(Garganta, 2005) considerando que as mesmas, constituem um sistema de
constrangimentos e possibilidades de acção (affordances), que catalisam as
acções dos jogadores, ou seja, considera que as acções não são
condicionadas apenas pelos constrangimentos internos (cognitivos), mas são-
no também por factores externos (pelo envolvimento e pelas competências
perceptivas) (Garganta, 2005). Portanto as situações não podem ser
previamente resolvidas na cabeça do jogador, nem são resolvidas
exclusivamente por este (Araújo & Passos, 2008). Pelo contrário, o jogador,
mesmo com planos prévios de acção, explora e alcança aquilo que o contexto
permite (Araújo, 2005).
A tomada de decisão, ou melhor, a acção táctica, é um processo auto-
organizado e emergente, e como refere Araújo & Passos (2008) o jogador age
para percepcionar a informação do contexto que lhe permite agir com eficácia,
ou seja, que lhe permite atingir o objectivo. A abordagem ecológica tem
realçado como a informação contextual (e não apenas a que está na memória)
constrange as acções do praticante durante o treino ou a competição, acresce
ainda Garganta (2005) que a perspectiva ecológica tem alertado para a
necessidade de se realçar o papel das propriedades do envolvimento, pelo
facto dessas constituírem um sistema de constrangimentos e de possibilidades
de acção, com significativas implicações no condicionamento da resposta do
observador/actor.
Nesta perspectiva ecológica tomar decisões é permitir mudanças ao longo de
um curso de interacção com o contexto, visando um objectivo (Júlio & Araújo,
Decisão táctico-técnica no futebol
29
2005), acrescentando ainda que estas mudanças na relação com o contexto
podem ter origem predominantemente no indivíduo ou no envolvimento, mas
resulta sempre da interacção entre os dois. Neste sentido, Araújo (2005:26)
afirma que “…os jogadores não estão perante um conjunto de estímulos
conhecidos à partida, mas antes estão a influenciar uma situação com
inúmeras variáveis, umas conhecidas outras não, que mudam ao longo do
tempo”. Não existe então um modelo de execução fixo que garanta o êxito. A
própria dinâmica de jogo, constrange o tempo para agir, que raramente é
possível antecipar conscientemente o que se pode fazer (Araújo, 2002).
*Affordance: Affordance é o conceito chave de Gibson (1979) para explicar o
processo perceptivo. Provem do verbo “to afford” (percepcionar, permitir), e é a
expressão usada para designar aquilo que o meio oferece em termos de
possibilidade de acção, refere-se à compatibilidade entre actor/envolvimento.
2.3.2.2 – Decidir com base nos constrangimentos
O jogo é único, os adversários não são iguais, as acções jamais se repetem
por mais semelhanças que possam existir, isto indica exactamente, que
embora a estratégia possa ser delineada antecipadamente, a resolução das
situações de jogo, a decisão é sempre única. Nesta perspectiva, as
propriedades do envolvimento constituem um sistema de constrangimentos e
possibilidades de acção (affordances), isto é, o jogador é constrangido por essa
informação a formas particulares de resposta (Araújo, 2005). A teoria dos
sistemas dinâmicos concebe os constrangimentos como pressões, ou ligações
entre elementos, que influenciam a aquisição de acções e movimentos
coordenados num determinado sentido (Júlio & Araújo, 2005). O
constrangimento é algo que “… limita o espectro, dentro do qual podem surgir
soluções” (Araújo, 2005:27). É importante referir que constranger ou influenciar
não significa que as determinem ou que as causem, a noção de
constrangimento não tem, necessariamente, de carregar um julgamento de
valor, ou seja, um constrangimento não é bom nem mau (Araújo, 2005).
Decisão táctico-técnica no futebol
30
Todavia, quanto melhor o jogador conhece os constrangimentos de jogo mais a
organização desses constrangimentos lhe proporciona soluções (Araújo, 2005).
A informação presente no envolvimento é detectada de acordo com os
constrangimentos que limitam o espaço onde o atleta percepciona e age,
limites esses que condicionam a especificidade da acção a realizar (Passos et
al., 2006).
A tomada de decisão é um processo extremamente dependente das
características e constrangimentos da contextualidade da situação (Garganta,
2005). O contexto orienta as acções, ou seja, o indivíduo age em função das
características do envolvimento. Para Araújo (2005) esta noção é muito
importante porque o Futebol caracteriza-se por criar possibilidade de acção ao
jogador ou à equipa e ao mesmo tempo tentar criar obstáculos aos adversários.
Nesta linha de pensamento, Karl Newell (citado por Araújo 2005) estruturou em
três categorias os constrangimentos que determinam as acções e que
interagem para a produção de um padrão de coordenação: 1) os específicos
dos jogadores, tais como a habilidade individual, o estado de fadiga, as
características psicológicas dominantes ou os estados psicológicos
momentâneos, o peso, a altura, qualidades físicas como a força resistência,
velocidade, etc. 2) os da tarefa, tais como os objectivos a realizar, as condições
de realização, as regras de jogo, a estratégia, a táctica, os instrumentos
específicos de cada modalidade, etc. 3) os do envolvimento, que estão para
além do sistema em análise (o jogo) embora o influenciem, como sejam as
condições atmosféricas, a luz, o ruído, o publico, etc. (Figura 1)
Figura 1. Modelo dos Constrangimentos de Newell
Decisão táctico-técnica no futebol
31
A interacção mútua entre as três categorias de constrangimentos gera campos
de informação, que sustentam a acção e a decisão do atleta fazendo emergir
padrões de coordenação em comportamentos direccionados para um objectivo
(Passos et al., 2006). A abordagem ecológica assenta então, segundo os
mesmos autores, no acoplamento percepção-acção e na interacção dos
constrangimentos do indivíduo-tarefa-envolvimento.
2.3.3 - Decidir com base noutros “olhares”
Ao longo dos tempos, vários autores reflectiram sobre esta complexa temática
que é a decisão. Dessa reflexão, e segundo as várias perspectivas, emergiram
vários factores que condicionam a decisão. Alguns desses factores, influências
são referidos por Castelo (2004) que considera os seguintes aspectos na
tomada de decisão
O contexto situacional – pode ser conhecido ou não, ou seja, a decisão
é regulada e organizada, em função dos hábitos e dos automatismos
adquiridos pelo jogador, ou então, é resolvida através do aspecto
intrínseco e criador do jogador, e dos princípios orientadores do
comportamento táctico;
Clareza do objectivo – pressupõe uma especificação clara de um estado
ou de uma multiplicidade de resultados;
Complexidade – os comportamentos dos jogadores não apresentam
uma sequência fixa dos elementos que o compõem, mas sim uma
adaptação a cada circunstância (quanto maior for o número de opções,
maior é o grau de complexidade e vice-versa);
Importância da situação – em função da importância da situação, no que
se refere aos objectivos que estes poderão concretizar, maior serão os
riscos associados a uma adaptada tomada de decisão;
Tempo para decidir – A manipulação do tempo que o jogador tem para
decidir (aumentando-o ou reduzindo-o), na resolução de uma situação
Decisão táctico-técnica no futebol
32
problema estabelecido é o factor de maior constrangimento para este,
na concretização dos objectivos e critérios de êxito predeterminados.
Sob pressão temporal, a eficiência da tomada de decisão do jogador
pode ser afectada;
Constrangimentos espaciais – Ao diminuir-se o espaço, aumentam as
dificuldades encontradas pelos jogadores na concretização dos
objectivos. Quanto menor for o espaço, menor será o tempo de que os
jogadores dispõem para analisar a situação e executar as acções
táctico-técnicas correspondentes à sua solução.
Já Damásio (1995) ressalta a importância das emoções para a tomada de
decisão e de forma rápida. Privado de emoções, um indivíduo não pode
hierarquizar as suas memórias e tomar decisões coerentes (Denigot, 2004).
Podemos então afirmar que a capacidade de decisão também é condicionada
pelos estímulos emocionais.
No seguimento desta ideia, Damásio (1995) refere que a tomada de decisões
com base nas emoções não é uma excepção é a regra.
Para Maças & Brito (2004) as tarefas de decisão no decorrer do jogo são
dinâmicas, complexas, recheadas de variabilidade, possuem alternativas,
envolvem stress psicológico, podem ser únicas ou repetidas, individuais ou
colectivas, envolvem riscos, são executadas na crise de tempo e pressupõem
sempre a carga dramática da resolução de um ou vários problemas.
Realizar uma acção correcta, no momento exacto, empregando nela a força
necessária, a velocidade ideal, antecipando-se à acção do adversário, do
companheiro, etc., são alguns dos elementos que o jogador deve ter em conta
antes de tomar a sua decisão (Greco, 1989).
Para Castelo (1994) existem um conjunto de variáveis que determinam a
qualidade e a rapidez de decisão técnico-táctica do jogador de futebol:
A velocidade de jogo, que limita o tempo disponível para a tomada de
decisão adequada e apropriada à situação;
A qualidade de observação por parte do jogador, ou seja, a percepção
da informação pertinente acompanhada por uma antecipação mental
continua do jogo;
Decisão táctico-técnica no futebol
33
Os fundamentos reais dos conhecimentos e das experiências dos
jogadores;
A memória, visto que as “memórias” dos problemas teóricos e práticos
foram resolvidos de forma activa;
A solução associativa dos problemas técnico-tácticos como capacidade
de estabelecer uma associação mental entre a situação percebida e a
solução correspondente;
A rapidez do jogador a reconhecer as invariantes de uma situação de
jogo, ou seja, discernir nos numerosos problemas o que à de comum,
com o objectivo de identificar soluções;
Os factores emotivo-psicológicos, tais como a vontade, a motivação, o
nível de inspiração, onde as diferenças individuais no que respeita a
este factor podem exercer sobre a solução mental uma influência por
vezes decisiva.
Também Araújo (1997) identifica alguns factores que influenciam o processo de
decisão tais como, o estado mental do atleta, o seu nível de fadiga, factores
sociais nomeadamente a influência do público, da equipa técnica, familiares,
amigos e comunicação social. Pedro (2005) aponta também a sensação, a
percepção, a memória (a curto e a longo prazo), a atenção-concentração, o
rendimento intelectual, o estilo cognitivo e a resolução de problemas como
aspectos que podem influenciar positiva ou negativamente a decisão táctico-
técnica. O objectivo da tarefa, o número de decisões possíveis, a existência de
uma ordem sequencial das decisões, o tempo disponível para executar a acção
e finalmente o número de elementos necessários para a decisão são aspectos
que para Greco (2008) influenciam a tomada de decisão. Por outro lado, Araújo
& Serpa (1999) acrescentam outros factores, tais como a pressão do tempo, as
preferências pessoais do indivíduo, as expectativas e o risco inerente à prática
da actividade.
Todas as decisões são orientadas segundo normas que visam a resolução
operativa das acções táctico-técnicas dos diferentes contextos situacionais que
o jogo em si encerra.
Decisão táctico-técnica no futebol
34
2.4 – Natureza da decisão
As decisões e as acções são funcionais, uma vez que estão inerentes à
resolução de tarefas, e significativas pois informam, quer os adversários, quer
os colegas com vista ao cumprimento dos objectivos da própria equipa.
Interessantemente as decisões e as acções são também informativas para o
próprio jogador, pois é pela sua acção que ele explora e conhece o seu
contexto (Araújo, 2005).
Araújo (1997) classifica a decisão em três diferentes níveis: (i) decisão
estratégica (rematar em vez de passar) (ii) decisão táctica (jogador decidiu
recuar porque o seu colega avançou) (iii) decisão propriamente dita (o jogador
optou explorar o corredor direito porque se apercebeu que o lateral esquerdo
está com dificuldades físicas). Também Buceta (1998, citado por Costa, 2001)
divide a tomada de decisão em (i) decisões sobre o plano de actuação da
competição (guião de actuação inicial previsto pelo treinador), (ii) decisões
sobre a execução imediata (as mais frequentes, que o jogador toma no
momento de escolher entre um passe para A ou para B) e (iii) decisões sobre a
alteração do plano de actuação inicial.
A decisão ocorre de acordo com estádios bem definidos, sendo que as mais
complexas possam repetir alguns passos ou voltar atrás na sequência de
estádios (Araújo, 1998):
Reconhecimento – o jogador reconhece a necessidade, que uma
decisão deve ser tomada, para alterar o rumo dos acontecimentos que
gravitam à sua volta.
Gerar alternativas – quando um jogador vai decidir há, teoricamente,
inúmeras alternativas a equacionar. Esse número vai ser reduzido às
alternativas mais racionais ou adaptadas, preferidas ou mais atractivas
Procura de informação – discernir e identificar com eficiência os
estímulos, mais pertinentes, no menor tempo possível, é de fundamental
importância para a resolução das situações de jogo.
Acção – uma vez tomada a decisão, esta deverá ser posta em prática
pelo jogador.
Decisão táctico-técnica no futebol
35
Feedback – depois de se ter executado a decisão, o jogador deve
receber informação de retorno acerca da sua acção. Isto permite
desenvolver o conhecimento, bem como as regras decisionais, ou seja,
aprender, aperfeiçoar ou desenvolver.
Todo o jogador deve decidir pela melhor acção táctico-técnica possível e no
mais curto espaço de tempo (qualquer hesitação permitirá ao adversário
antecipar a decisão) executando rapidamente e com precisão (Correia, 2000).
No Futebol moderno, o jogador, além de decidir correctamente, tem que o fazer
o mais rápido possível. Hoje o Futebol requer um ritmo mais elevado e reclama
dos jogadores um compromisso permanente, devido às exigências crescentes
que os sistemas defensivos, cada vez mais pressionantes, acarretam aos
processos ofensivos, designadamente na velocidade de processamento da
informação e execução (Garganta, 1999).
Decisão táctico-técnica no futebol
36
2.5– O factor tempo e sua importância na decisão: As velocidades do jogo.
“… Associo o futebol à rapidez. O importante é pensar rápido, executar rápido
procurar que a mente seja mais rápida do que as pernas” (Figo, 2001)
No Futebol actual as marcações são cada vez mais apertadas e rigorosas, a
velocidade de jogo é cada vez mais elevada, o tempo para agir cada vez mais
curto, o espaço para jogar é reduzido, pelo que cada vez mais, é premente a
necessidade de realizar a antecipação mental e motora. Importa pois, como
refere Costa (2001) perceber a situação do ponto de vista táctico, as suas
mudanças, antecipar possíveis acções de colegas e adversários, avaliando e
regulando permanentemente a sua intervenção, tudo isto no menor espaço de
tempo possível. O jogo em que o jogador se posicionava para receber a bola,
depois observava, pensava e agia, faz pouco sentido no contexto actual
(Garganta, 2001).
Um jogador que, no momento da recepção da bola que se encontre em óptima
posição para rematar ou penetrar, se demorar demasiado tempo a tomar a
decisão, mesmo que esta seja a correcta, quando a realizar já não será a mais
ajustada ao enquadramento particular em que momentaneamente se encontra
(Vieira, 2003). A decisão deve ser tomada antes ou durante a recepção da bola
(Castelo, 1994). O tempo detém assim um papel essencial na qualidade das
acções de jogo, influenciando a velocidade de realização (Costa, 2001).
A velocidade no Futebol deixa de ser entendida como a capacidade de
executar acções motoras no mais breve espaço de tempo, para passar a ser
uma capacidade de adequação da velocidade à tarefa a realizar (Garganta,
1999). A velocidade no futebol está assim qualitativamente, relacionada com o
ajustamento temporal e espacial das execuções porque se trata de uma
velocidade táctico-técnica (Costa, 2001).
Sendo o Futebol um jogo de decisões esta velocidade táctico-técnica, é então
um elemento fundamental no Futebol de hoje. O jogador moderno não possui
apenas um elevado nível de velocidade fina, mas sobretudo possui uma grande
Decisão táctico-técnica no futebol
37
correspondência entre a velocidade física e mental, isto significa que, os
melhores não jogam apenas mais depressa, jogam sobretudo eficazmente
(Garganta, 2001). A importância da leitura e velocidade de jogo dos atletas
deve ser vista como uma grandeza táctico-técnica, perceptiva e informacional,
podendo designar-se por velocidade de realização (Mangas, 1999). Esta
velocidade de realização (execução) é crucial para se ter êxito nas acções
ofensivas (Ponte, 2005), principalmente neste Futebol onde o rigor defensivo
se sobrepõe ao Futebol de ataque.
2.6 - O Processo ofensivo no jogo de futebol
O jogo de Futebol evidencia dois processos perfeitamente distintos, que
reflectem clara e fundamentalmente diferentes conceitos, objectivos, princípios,
atitudes e comportamentos táctico-técnicos, sendo determinados pela condição
“posse ou não da bola” (processo ofensivo e processo defensivo
respectivamente).
Castelo (1996) refere que o processo ofensivo representa uma das duas fases
fundamentais do jogo de Futebol, sendo objectivamente determinado, pela
equipa que se encontra de posse de bola, com vista à obtenção do golo, sem
cometer infracções às leis de jogo. A mesma opinião partilha Silva (1998),
quando afirma que uma equipa está em processo ofensivo, quando se encontra
em posse de bola e tem como objectivo a manutenção da mesma e/ou a sua
aproximação à baliza adversária com o objectivo de obter um golo, sem
cometer infracções às leis de jogo. As acções ofensivas, para Ramos (1999)
começam com a recuperação da posse de bola e terminam com a marcação de
um golo, um remate falhado ou com a perda da posse da bola. Pode-se então
afirmar, que a obtenção do golo é objectivo fundamental de todo o processo
ofensivo, e como refere Teodorescu (1984), a obtenção do mesmo deverá
orientar todo o processo atacante.
O processo ofensivo é constituído por três fases (Castelo, 1994; Garganta &
Pinto, 1994): - Construção da acção ofensiva: circulações, combinações e
acções tácticas individuais e colectivas visando a progressão da bola para
zonas propícias à finalização.
Decisão táctico-técnica no futebol
38
- Criação de situações de finalização: procura, fundamentalmente assegurar
nas zonas predominantes de finalização, a desorganização do método
defensivo adversário, criando condições através de acções técnico-tácticas
individuais e colectivas, para a concretização imediata do objectivo do jogo.
- Finalização: corresponde à tentativa de concretizar o objectivo fundamental
do jogo, o golo.
Após a recuperação da posse de bola a equipa tem duas possibilidades, em
função dos objectivos momentâneos do jogo, partir rápido em direcção à baliza
adversária com o intuito de concretizar (golo), ou manter a posse de bola. Esta
manutenção da posse de bola em determinados momentos é um aspecto
positivo, pois como refere Teodorescu (1984) respeitar esse objectivo (posse
de bola) significa evitar o risco irracional presente em alguns jogadores, através
do qual se perde o esforço colectivo de uma forma extemporânea. Deste modo
a resolução táctica momentânea deve ser inferida em função do binómio
risco/segurança, ou seja, “…o jogador em posse de bola deve percepcionar e
avaliar correctamente as vantagens e desvantagens, para os objectivos
tácticos da sua equipa, da opção e execução deste ou daquele
comportamento” (Castelo, 1996:130).
Só o processo ofensivo contém em si uma acção positiva ou, por outras
palavras, um fim positivo, pois só com a posse da bola, o jogo pode ter uma
conclusão lógica – o golo. No âmbito deste processo Castelo (2004) evidenciou
algumas atitudes e comportamentos táctico-técnicos de base que os jogadores
devem tomar:
Procurar obstinadamente o golo. Os jogadores deverão tentar
objectivar o golo, o maior número de vezes possível.
Mudar rapidamente de uma atitude defensiva para uma atitude
ofensiva.
Compreender a sua co-responsabilidade na manutenção da posse de
bola ou na concretização do objectivo do ataque – o golo. O jogador
deverá (i) apoiar sempre o colega de posse de bola, ou (ii) penetrar
(com ou sem posse de bola) sempre que as circunstâncias o permitam.
Assegurar a ocupação racional do espaço.
Decisão táctico-técnica no futebol
39
Procurar executar constantemente acções de cobertura/apoio. Desta
forma tornar a tarefa do companheiro em posse de bola menos
complexa.
Utilizar todo o espaço de jogo. Execução de deslocamentos em largura
e profundidade, com o intuito de criar e explorar permanentemente os
espaços livres nas zonas vitais do terreno.
Conhecer perfeita e correctamente os princípios gerais e específicos
do ataque. O estabelecimento de uma linguagem comum dentro da
equipa, induz uma maior e melhor cooperação nas acções individuais
e colectivas.
Dominar a execução dos esquemas tácticos. Todos os jogadores
devem conhecer e estar preparados para em qualquer momento do
jogo, participar de forma efectiva no planeamento e execução das
situações fixas do jogo.
Deter a posse de bola é condição sine qua non para a concretização dos
objectivos do ataque e fundamentalmente do jogo de Futebol. Sem bola não
há golo, e o golo é raro, pois somente 1% das acções ofensivas resultam em
golo (Dufour, 1983; Sledziewski, 1986; Claudino, 1993). E quando se fala em
golo, em Futebol, fala-se em pontas-de-lança.
Decisão táctico-técnica no futebol
40
2.6.1 - O Ponta-de-lança e a sua função no jogo
“ Há mil maneiras de fazer uma equipa, mas nenhuma de fazer um goleador”
(Valdano, 1997)
A organização estrutural de uma equipa de Futebol obedece à necessidade de
se distribuir tarefas e missões tácticas de carácter geral e específico, aos
diferentes jogadores que a constituem.
O Futebol moderno exige do jogador capacidades que permitam defender e
atacar quase em simultâneo (Castelo, 2004). O jogador que só ataca ou só
defenda tem tendência a desaparecer, a especialização está a dar lugar à
universalidade de funções. O Futebol exige cada vez mais, que o jogador seja
capaz de cumprir todas as funções, para além do espaço que habitualmente
ocupa no terreno de jogo (Garganta, 1997), o importante, como refere Castelo
(1994), é ter ou não ter a bola, ou seja, todos os jogadores são atacantes
(quando a equipa tem a posse de bola) e todos são defesas (quando a equipa
não tem bola). Mas também, todos estamos de acordo, que é humanamente
impossível, acometer aos mesmos jogadores todas as actividades operacionais
inerentes à equipa. Logo, existem posições/jogadores que requerem uma maior
especialização táctico-técnica, a qual, deriva das tarefas ou missões tácticas
que cada jogador deve corresponder e, exprimir de forma eficaz aquando da
resolução das diferentes situações de jogo (Castelo, 2004). Não se pode exigir
que todos os jogadores tenham o mesmo comportamento em todas as
situações. Por vezes, o jogo “pede” que o defesa, o centro campista, o atacante
seja especialista (Lealli, 2000, citado por Esteves, 2003).
Dentro deste contexto pode-se afirmar que o ponta-de-lança é um jogador
especialista. Bonizzoni e Lealli (citados por Esteves, 2003: 45) afirmaram que
“… os pontas-de-lança devem ser os especialistas por excelência dos golos, os
intérpretes principais da emoção mais genuína e exaltada do Futebol”. Oliveira
(2000) vai mais longe, pois fala do ponta-de-lança como sendo uma profissão
que tem como função marcar golos, para ele o Futebol tem nove posições e
duas profissões, fazendo alusão ao guarda-redes e ao ponta-de-lança, devido
Decisão táctico-técnica no futebol
41
à especificidade de funções dos mesmos; um evita, o outro tem como missão
marcar golos. No Futebol, ponta-de-lança é sinónimo de golos, “…um ponta-
de-lança vive de golos. A vida de um ponta-de-lança é tentar estar no lugar
certo e marcar” (Adriano, 2007:9).
Depois de todas estas opiniões pode-se afirmar que a função do ponta-de-
lança é, essencialmente, marcar golos.
Para Esteves (2003) os pontas-de-lança são dos maiores responsáveis pelo
sucesso ou insucesso das equipas de futebol devido a serem os principais
concretizadores de golos das mesmas. Quem é então este jogador que
desempenha um papel primordial no jogo e que tem como função concretizar o
objectivo do mesmo – o golo
2.6.2 - Perfil táctico-técnico do ponta-de-lança no processo ofensivo
O ponta-de-lança é o jogador, segundo a literatura especializada e em termos
posicionais, que actua na zona central mais perto da baliza contrária, faz parte
do sector atacante da equipa, sendo o ponto de referência a toda organização
de ataque (Esteves, 2003). A sua designação é diferente de país para país. Em
Espanha é referenciado como punta ou delantero centro, em Itália como punta,
em França como joueurs de pointe ou avant-centraux, em Inglaterra são
denominados como strikers.
Marella & Baconni (1995), Esteves (2003) e (Guimarães, 2007) referem-se aos
pontas-de-lança como sendo os atacantes de área, homens de área,
designação com a qual concordamos, pois na zona atacante da equipa actuam
outros jogadores que não são pontas-de-lança, nomeadamente os jogadores
que actuam nas zonas laterais deste sector. Estes jogadores são denominados
como extremos ou avançados direitos ou esquerdos, opinião também
partilhada por Castelo (1994), Marella & Baconni (1995), Sousa (2000) e
Esteves (2003). Assim os pontas-de-lança, ou atacantes de área são os
avançados que jogam nas proximidades da área contrária, mais perto da baliza
adversária dando assim profundidade ao processo ofensivo da sua equipa. São
elementos de referência na área adversária (Andrade, 2000) e são o vértice
(ponto de referência) fundamental no processo ofensivo (Santos, 2000). Os
Decisão táctico-técnica no futebol
42
pontas-de-lança serão então, os jogadores mais bem posicionados para chegar
ao golo, ”…como jogo na frente olham para mim na perspectiva de fazer os
golos da equipa…”(Nei, 2007:19), pois em termos posicionais são os jogadores
que actuam na zona onde se produzem mais golos (zona ofensiva central,
sector ofensivo, corredor central) como comprovam os estudos realizados por
Araújo (1991), Baconni (1999), Cabezón & Fernandez (1996) e Sledziewski
(1986) que demonstram que grande percentagem das acções ofensivas que
culminam em golo ocorrem dentro da área. Facto comprovado por Tadeia
(2007) que concluiu que 80% dos golos da I liga Portuguesa de 2006/2007
foram marcados dentro da área. Por outro lado, os pontas-de-lança são os
jogadores que rematam mais à baliza (Bezerra 1996; American Sport
Education Program, 2000). O ponta-de-lança, em média, “ …intervém
directamente sobre a bola cerca de 44 vezes durante a partida, o que
corresponde a 9% das situações momentâneas de jogo observadas, participa
em 60% das acções ofensivas da sua equipa, ou seja, em cada 33 segundos
de tempo útil de jogo, com um tempo total individual de posse de bola que não
ultrapassa os 50 segundos.” (Castelo, 2004:102) O ponta-de-lança evidencia,
também, um índice de eficácia de 27,7% o que corresponde uma média de 1,5
golos por jogo (Sousa, 2000). A sua finalização com o pé é a que tem mais
êxito (Bezerra, 1996; Castelo, 1994; Sousa, 2000). Um aspecto importante do
comportamento técnico-táctico do ponta-de-lança é que em 83,2% das acções
que resultaram em golo, ele apenas utilizou um toque, e essas acções eram
realizadas predominantemente em igualdade ou inferioridade numérica (Sousa,
2000), ou seja, o ponta-de-lança não tira partido de alguma vantagem
numérica, mas consegue obter uma vantagem posicional para finalizar. Isto
requer que o ponta-de-lança tenha uma “leitura” de jogo que lhe permita
superar a igualdade ou inferioridade numérica. Castelo (2004) enumera alguns
aspectos importantes nas acções dos pontas-de-lança no processo ofensivo;
Dão profundidade ao processo ofensivo da equipa, uma vez que são os
jogadores que se posicionam mais perto da baliza adversária
Decisão táctico-técnica no futebol
43
Atraem os defesas centrais para falsas posições, com o objectivo de
facilitar a penetração dos seus colegas explorando o espaço deixado pelos
defesas.
Dominam a acção táctico-técnica do remate, em qualquer situação ou
posição (pé e cabeça) sendo espontâneos, criativos assumindo a finalização
da sua equipa.
Criam constantemente condições de mobilidade.
Participam nas acções de circulação da bola nas zonas intermédias,
quando a pressão defensiva é elevada em termos de marcação.
Constituem-se como “alvos” constantes, relativamente às acções dos
seus colegas dominando e assegurando a posse de bola sob pressão do
adversário.
Buscam vantagens, dentro e fora da grande área, de contactos físicos
permanentes ou circunstanciais com os defesas adversários, procurando
dessa forma livres ou grandes penalidades.
2.6.3 - Características do ponta-de-lança
Uma das principais características do ponta-de-lança é a sua capacidade de
finalização, ou seja, o ponta-de-lança devido à sua posição/função em termos
ofensivos deve possuir qualidades conclusivas de forma a finalizar as jogadas
ofensivas iniciadas pelos companheiros de equipa. Francisco (2007:36),
referindo-se a McCarthy e Postiga, afirmou que os pontas-de-lança são
“…finalizadores natos, verdadeiros matadores”. Para tal, o ponta-de-lança tem
que dominar a “…acção técnico-táctica do remate, em qualquer situação ou
posição (pé, cabeça) sendo criativos” (Castelo, 1994:167). Esta ideia é
partilhada por diversos autores como Mercier (1973), Kunze (1987), Van Gaal
(1999), Catania (2000), etc., todos citados por Esteves (2003). Garganta
(1997:58), referindo-se a um estudo de Starosta, sublinhou a importância do
ponta-de-lança ser ambidestro ao afirmar que “…os rematadores mais bem
sucedidos (com maior número de golos) revelam simetria lateral no remate, isto
é, utilizaram quer o pé esquerdo quer o pé direito nas acções de finalização”.
Decisão táctico-técnica no futebol
44
Bonizzoni & Lealli (1995), Marella &Bacconi (1995) Catania (2000), todos
citados por Esteves (2003) citam o jogo aéreo como uma das qualidades
importantes para o ponta-de-lança, de forma a aumentar a sua perigosidade
ofensiva. “…os gigantes de área são a solução ofensiva da moda” (Romo,
2007:40). Os pontas-de-lança “gigantes” do Futebol mundial colocam muitos
problemas às defesas adversárias. O seu físico, juntamente com uma boa
utilização da técnica e de movimentos tácticos, conseguem com que este tipo
de futebolistas tenha uma grande relevância hoje em dia e sejam peças
fundamentais em determinadas fases do jogo. Os avançados de grande
envergadura garantem às suas equipas uma solução ofensiva directa e muito
eficaz com as bolas altas à sua procura (Romo, 2007). Outra característica que
poderá elevar as probidades de sucesso do ponta-de-lança é a sua capacidade
no um contra um (1x1) (Garganta, 1999).
No processo ofensivo uma das funções, ou característica, essencial do ponta-
de-lança é a sua mobilidade de forma a criar espaços, isto é, procura deslocar
os defesas centrais das suas posições habituais, abrindo brechas na estrutura
defensiva contrária para permitir a penetração dos colegas em zonas vitais do
terreno de jogo, as zonas de finalização (Castelo, 1994). Como refere Valdano
(1997) o ponta-de-lança é um jogador condenado à solidão e à falta de espaço,
ele deve “fabricar” esse mesmo espaço, quer para os companheiros, quer para
si mesmo. Para nós o ponta-de-lança deverá possuir características
técnico/tácticas apuradas (tecnicamente evoluído, bom 1x1, bom finalizador,
etc.), deverá ser em termos fisiológicos forte e resistente e em termos
psicológicos e volitivos deve ser um atleta com forte personalidade, com
espírito lutador, persistente na procura do golo e principalmente deve ter o
“instinto”, o “cheiro”, o”faro” de golo. Esteves (2003) apresentou um quadro
resumo das características que os pontas-de-lança deveriam possuir de acordo
com a respectiva revisão bibliográfica:
Decisão táctico-técnica no futebol
45
Quadro 2: Características dos pontas-de-lança segundo vários autores, citados por Esteves (2003)
QUALIDADES AUTOR
Altura/grande capacidade física/
Possante
Mercier (1973); Marella & Bacconi (1995); Viscidi (1998);
Van Gaal (1999, cit. por Canuts & Voltas, 1999); Catania
(2000).
Rápido/ Veloz Mercier (1973); Van Himst(1975); Marella & Bacconi
(1995); Viscidi(1998); Catania(2000).
Resistente Marella & Bacconi (1995).
Tecnicamente evoluído Marella & Bacconi (1995) ; Van Gaal (1999, cit por Canuts
& Voltas, 1999).
Bons rematadores/ Bons
Finalizadores
Mercier (1973); Kunze (1987); Olivares (1978); Castelo
(1994); Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Catania
(2000); Van Gaal (1999).
Ambidestro Starosta (1988, cit. por Garganta,1997:58).
Bom no drible/ bom no1x1 Olivares (1978): Valdano (1987); Viscidi (1998); Garganta
(1999); Catania (2000).
Bom controlo de bola/ boa
Recepção
Viscidi (1998); Catania (2000).
Boa cobertura da bola/ segurar o
jogo
Sandreani (1997); Viscidi (1998); Gustinetti (1999); Catania
(2000).
Bom tabelador Viscidi (1998); Catania (2000).
Bom jogo de cabeça/forte no jogo
aéreo
Van Himst (1975); Teodoresco (1984); Castelo (1994);
Bonizzoni & Leali (1995); Marella & Bacconi (1995);
Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Tadeia (1999); Van
Gaal (1999, cit. por Canuts & Voltas, 1999); Catania (2000)
Intervêm preferencialmente no
corredor central, posicionam-se
perto da área adversária sendo
elementos de referência na
mesma e, por isso, jogadores
com probabilidades de chegar ao
golo
Sleziewski (1986); Araújo (1991); Castelo (1994); Marella & Bacconi (1995); Cabezón & Fernandez (1996); Zaccareli (1996); Garganta (1997); Bacconi (1999); Sousa (2000).
Mobilidade/ sentido de posição/
sentido de desmarcação
Mercier (1973); Bietry (1977); Marella & Bacconi (1995);
Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Van Gaal (1999, cit.
por Canuts & Voltas, 1999); Catania (2000).
Rapidez de execução Marella & Bacconi (1995).
Criação de espaços para si e
para companheiros
Mercier (1973); Cunha (1986); Castelo (1994); Sandreani
(1997); Gustinetti (1999).
Decisão táctico-técnica no futebol
46
Com outro PL a seu lado jogam
em função um do outro
Mercier (1973); Kunze (1987); Sandreani (1997); Gustinetti
(1999); Catania (2000).
Intuição/instinto pelo golo Van Himst (1975); Valdano (1997) ; Viscidi (1998); Tadeia
(2000).
Forte personalidade Garel (1969)
“Lutador” Garel (1969)
Quando se fala em pontas-de-lança, não interessa muito se ele é alto, baixo,
rápido ou lento o que conta mesmo são os golos que ele marca ou deixa de
marcar, porque o ponta-de-lança vive de golos (Mendes, 2007).
2.6.4 - O ponta-de-lança e o golo
A competência no Futebol varia consoante os resultados. As virtudes e os
defeitos, a dicotomia nos estados de alma são directamente proporcionais ao
rendimento objectivo. E se no caso do colectivo a análise do rendimento é
simplificada pelos três resultados possíveis (vitória, empate e derrota), já no
plano individual e sobretudo na posição de ponta-de-lança, esse rendimento é
simplesmente o golo. Eles têm uma função coincidente nas equipas, marcar
golos (Oliveira, 2000; Francisco, 2007; Raposo, 2007; Adriano, 2007). Em
todas as análises há, como é evidente, um elemento puro e duro, o dos golos
que se fazem ou não fazem e, se ele não marca “…depressa é esquecido, e de
idolatrado, o goleador, porque não marca, entra na fase do pesadelo” (Alves,
2007:13), sente-se abalado, desanimado (Santos, 2007a). Estar sem marcar é
a angústia de um ponta-de-lança, mina a sua confiança e a baliza vai mingando
à medida que os jogos passam e o golo não aparece (Cartaxana, 2007). Sair
da fase sem golos, para o ponta-de-lança, é porventura, um dos maiores
desafios dos que têm por obrigação marcar e colocar o povo ao seu lado e não
contra si (Alves, 2007).
O golo e o ponta-de-lança são indissociáveis, o golo é a impressão digital do
ponta-de-lança, como se pode constatar a seguir.
“…Liedson, Nuno Gomes e Hélder Postiga, (pontas-de-lança), têm uma
função: marcar golos” (Santos, 2007:48), Postiga, Hugo Almeida, Domingos ou
Decisão táctico-técnica no futebol
47
Fernando Gomes, todos pontas-de-lança, são homens golo (Castro, 2006:20),
também Liedson (2007) ponta-de-lança afirma que “o golo é um vício”;
“…Miccoli (ponta-de-lança) é o homem-golo” (Guimarães, 2007:11), “… O
ponta-de-lança Adriano não se esqueceu dos golos” (Sousa, 2007:17), “…Zé
do golo” (Vara, 2007), referindo-se ao ponta-de-lança Zé Carlos; “…Nuno
Gomes, o homem golo…” (Feitorona, 2007:19), “…Ayew é a solução para fazer
golos. Veio para fazer golos” (Ferreira, 2007:30).
3 - METODOLOGIA
Decisão táctico-técnica no futebol
50
O presente trabalho visa avaliar a decisão táctico-técnica no Futebol através do
conhecimento declarativo de jogo. Trata-se de um estudo comparativo da
capacidade de decisão (adequação da resposta e tempo de decisão) em
acções ofensivas, de pontas-de-lança seniores de três diferentes níveis
competitivos, com diferentes anos de prática (experiência) e com diferente
número de golos marcados. Pretende-se com este estudo verificar, através da
comparação da adequação da resposta (conhecimento de jogo evidenciado) e
do tempo de decisão, se existem diferenças entre os pontas-de-lança que
actuam em níveis competitivos superiores (mais aptos) e os que actuam em
níveis competitivos inferiores (menos aptos), entre os mais experientes (mais
anos de prática) e os menos experientes e comparar a adequação da
decisão/conhecimento de jogo dos pontas-de-lança do mesmo nível
competitivo atendendo aos golos marcados pelos mesmos nos últimos cinco
anos.
É nossa intenção contribuir para a compreensão da importância que os
processos relacionados com o conhecimento do jogo têm na decisão dos
pontas-de-lança.
3.1 - Objectivo geral
Avaliar a decisão táctico-técnica em acções ofensivas, do ponta-de-lança.
3.1.1 - Objectivos específicos
- Avaliar a relação entre o tempo de decisão e a adequação da resposta
- Comparar a relação adequação da resposta (conhecimento declarativo)
/tempo de decisão atendendo aos níveis competitivos e anos de prática dos
pontas-de-lança
- Comparar a adequação da resposta entre pontas-de-lança do mesmo nível
competitivo atendendo ao número de golos marcados.
Decisão táctico-técnica no futebol
51
3.2 - Hipóteses
- Os pontas-de-lança com menor tempo de decisão apresentam uma menor
adequação da resposta.
- Os pontas-de-lança que jogam em níveis competitivos superiores apresentam
uma melhor adequação da resposta táctica (um maior conhecimento
declarativo) e um menor tempo de decisão do que os demais.
- Os pontas-de-lança com mais anos de prática apresentam melhor adequação
da resposta (conhecimento) e são mais rápidos a decidir
- Os pontas-de-lança que apresentam uma melhor adequação da resposta
apresentam também maior número de golos (pontas-de-lança do mesmo nível
competitivo).
3.3 - Amostra
A amostra do presente trabalho é constituída por 40 pontas-de-lança seniores
de diferentes níveis competitivos e de diferentes anos de prática.
3.3.1 - Constituição da amostra
A subdivisão da amostra assenta em três níveis competitivos diferentes.
P1- nível competitivo superior constituído por 14 atletas profissionais (pontas-
de-lança) que actuam na 1ª Liga Profissional Portuguesa de Futebol.
P2- nível competitivo intermédio constituído por 13 atletas profissionais
(pontas-de-lança) que actuam na 2ª Liga Profissional Portuguesa de Futebol
NP- nível competitivo inferior constituído por 13 atletas (pontas-de-lança) que
actuam em campeonatos não profissionais 2ªB (duas equipas) e III Divisão
(duas equipas)
Decisão táctico-técnica no futebol
52
Figura 2: Representação gráfica da constituição da amostra (P1- pontas-de-lança 1ªLiga; P2- pontas-de-lança
2ªLiga; NP- pontas-de-lança 2ª e 3ª Divisão).
Nos três níveis competitivos procuramos atletas com diferentes idades, com
diferentes anos de prática e que actuassem em equipas com diferentes
objectivos (para serem campeões ou para a manutenção), com o intuito de
diversificar a amostra.
Os 14 atletas de P1 pertencem às seguintes equipas: Porto; Leixões; Paços de
Ferreira e Rio Ave.
Figura 3: Representação gráfica das equipas de P1
Os 13 atletas de P2 pertencem às seguintes equipas: Aves; Varzim; Feirense e
Vizela
Decisão táctico-técnica no futebol
53
Figura 4: Representação gráfica das equipas P2
Os 13 atletas de NP pertencem às seguintes equipas: Fafe; Ribeirão;
Moreirense; Joane
Figura 5: Representação gráfica das equipas de NP
3.4 - Procedimentos metodológicos
Os atletas foram antecipadamente contactados, nesse contacto foi marcado
uma reunião com o objectivo da realização do protocolo e consequente recolha
de dados.
3.4.1- Protocolo de avaliação
Para alcançar os objectivos a que nos propusemos foi aplicado o protocolo
para situações táctico-técnicas ofensivas de Futebol validado por Mangas
Decisão táctico-técnica no futebol
54
(1999) e aperfeiçoado por Correia (2000). Neste protocolo foram estudadas
duas categorias: 1- exactidão das respostas, 2- tempo de decisão. A
observação das categorias foi realizada através da visualização das
acções/situações num computador (método indirecto do sistema tecnológico).
A razão que nos levou a decidir por este tipo de observação e análise deve-se
ao facto destes simuladores permitirem situações muito próximas da realidade.
No sentido de se poder considerar todos os diferentes níveis de qualidade,
atribui-mos uma classificação às respostas dadas pelos atletas. Desta forma,
são atribuídos ao atleta, em cada situação 4,3,2,1 pontos, caso ele responda à
melhor solução, à solução imediatamente a seguir e assim sucessivamente.
Assim, o atleta obtém uma melhor pontuação quanto melhor for a sua resposta.
No final, procede-se ao somatório das pontuações obtidas em cada situação, e
quanto maior for a pontuação, melhor será a qualidade da tomada de decisão.
3.4.1.1 - Indicador de medida para a adequação da resposta
Com este indicador pretendemos avaliar a adequação de resposta dos atletas.
No exacto momento em que carregavam no botão do “rato”, os atletas tinham
que referir a solução que consideravam a mais correcta. Esta metodologia
insere-se numa linha de observação do conhecimento do jogo (Mangas 1999,
Correia 2000 e Miragaia 2001). Solução mais adequada equivale a 4 pontos; a
segunda mais adequada equivale a 3 pontos; a terceira mais adequada
equivale a 2 pontos e a menos adequada equivale a 1 ponto.
3.4.1.2 - Indicador de medida de tempo de decisão
Com este indicador pretendemos avaliar o tempo de resposta dos atletas. O
tempo, medido em segundos, começava ser cronometrado automaticamente a
partir do momento em que as quatro soluções possíveis apareciam no ecrã e o
cronómetro parava no preciso momento em que o atleta accionava o botão do
“rato” (na altura em que dava a resposta para a situação problema, de acordo
com Correia 2000 e Miragaia 2001).
Decisão táctico-técnica no futebol
55
3.4.2 - Organização do protocolo
A explicação das regras aos jogadores, bem como a aplicação do protocolo, foi
realizado individualmente. Após o preenchimento dos dados pessoais descritos
na ficha individual foi dado a conhecer a cada atleta o protocolo:
O protocolo é constituído por 13 situações de acções ofensivas de jogos
de Futebol, que são passadas uma a uma e com duração de 8 a 10
segundos.
As duas primeiras situações seriam unicamente para a adaptação ao
processo avaliativo a que iria ser sujeito.
No final de cada uma das situações aparecem quatro soluções
fotográficas com diferentes possibilidades de resolver a situação de jogo em
causa (numeradas de 1 a 4).
O sujeito deverá seleccionar aquela que considera ser a mais adequada
para cada situação/problema, devendo para isso premir o botão do “rato” no
exacto momento que referir o número da fotografia que corresponde à sua
escolha
(Foi comunicado a todos os atletas que deveriam escolher a situação mais
correcta para eles e no mais curto espaço de tempo).
Depois de dado a conhecer o protocolo foram apresentadas as duas
situações/problema não validadas, para que o sujeito se familiarizar-se com o
processo avaliativo em questão. Durante esta apresentação foram dissipadas
todas as dúvidas ainda existentes. Partiu-se agora para a aplicação do
protocolo. Procedimento preconizado anteriormente por Correia (2000) e
Miragaia (2001).
3.4.2.1- Exposição das imagens
As situações variam entre 8 a 12 segundos, terminando no momento em que o
portador da bola ia executar uma determinada acção táctico-técnica. A imagem
pára 2s; após um toque no “rato”, surgiam as 4 fotografias correspondendo às
soluções possíveis e nesse preciso momento o cronómetro era
automaticamente accionado. No momento em que o atleta escolhia a resposta
Decisão táctico-técnica no futebol
56
para a situação/problema carregava novamente no botão e o cronómetro
parava, surgia então, no ecrã, um quadro com o tempo gasto pelo atleta na
escolha da solução (o tempo foi registado em segundos, décimas e
centésimas).
3.4.2.2- Intervalo entre cada situação
Após o registo da situação anterior estar concluído passava-se à situação
seguinte, de modo que, o tempo de intervalo variava de situação para situação.
3.4.2.3- Registo da resposta
No exacto momento em que os atletas carregavam no botão do “rato”
mencionavam a solução por eles escolhida, ou seja, o número da fotografia,
1,2,3 ou 4. A resposta e o tempo gasto na mesma eram transcritos para uma
folha individual, previamente preparada para o efeito, como se pode ver em
anexo.
3.4.2.4 – Aparelhos e programas utilizados
Para a aplicação deste protocolo foram utilizados os seguintes aparelhos:
- Computador portátil
- Programa Microsoft, Power point, vídeo média player classic,
- SPSS versão 17 para Windows
- Microsoft Word
3.4.3 - Procedimentos estatísticos
Foi utilizado para o presente estudo o programa estatístico SPSS 17.0.
Recorreu-se ao t-teste e à Anova unidimensional para comparar as diferenças
de médias relativas aos resultados gerais dos três grupos, corrigidos com o
teste Bonferroni. Para analisar a associação entre a adequação da resposta
Decisão táctico-técnica no futebol
57
(AR) e o tempo de resposta (TR) com o nível competitivo, anos de prática e o
número de golos marcados, foi aplicada o teste de correlação Pearson.
O nível de significância estabelecido em 5%.
4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Decisão táctico-técnica no futebol
60
4.1 - Relação adequação da resposta com o tempo de resposta
No que respeita à comparação da média dos resultados da adequação das
respostas (AR) e do tempo de resposta (decisão) (TR). De referir que quanto
mais elevada for a pontuação da adequação das respostas (AR) mais
adequada é a resposta do atleta, maior é também o conhecimento declarativo
evidenciado (essa pontuação vai do 4- resposta mais adequada ao 1- resposta
menos adequada) e também quanto menor for o tempo de decisão (TR)
significa que mais rápido o atleta decide.
Quadro 3: Comparação da adequação das respostas e do tempo de resposta da amostra
AR TR
Total Média N Desvio-padrão Mínimo
Máximo
2,67 40 0,24 2,18
3,18
3,05 40
0,91 1,64 5,25
Legenda: AR- adequação das respostas; TR- tempo de resposta; N- número de atletas
Deste quadro apresentado pode-se concluir que a nossa amostra é mais
homogénea em relação à variável da adequação da resposta, ou seja, não há
grandes diferenças entre a qualidade das respostas por parte do grupo na
totalidade, do que em relação ao tempo de decisão. Nesta variável (velocidade
de decisão) o grupo é mais heterogéneo (o desvio padrão é maior ±0,91).
Verificamos também que, em média, o grupo tem uma qualidade de decisão
média-alta (2,67±0,24) (a qualidade da resposta vai do 4 ao 1. 4 representa
máxima qualidade). Enquanto em média os atletas demoraram (3,05s±0,91) a
decidir, o que não é uma marca muito relevante comparativamente à média da
amostra do grupo de estudo de Miragaia (2001), que era composto também por
atletas seniores, que competiam nos mesmos níveis competitivos deste estudo
e que foi sujeito ao mesmo protocolo, era de (2,5s). Observemos agora os
quadros relativos à média e ao desvio padrão das categorias da adequação da
resposta (AR) e da velocidade de decisão (TR) relativas a cada uma das
situações apresentadas (R1; R2;R3, …R11)
Decisão táctico-técnica no futebol
61
Quadro 4: Média e desvio-padrão (dp.) da adequação das respostas (AR)
Cat. (AR) Média dp.
R1 1,88 0,7 R2 3,45 0,8 R3 3,00 0,0 R4 2,13 0,7 R5 2,98 0,7 R6 2,78 0,6 R7 3,20 1,3 R8 2,00 0,4 R9 2,25 0,8 R10 2,68 0,8 R11 3,08 1,0
Legenda: AR- adequação da resposta; R1- situação1; R2- situação2, … R11- situação11
O quadro seguinte apresenta, então, o tempo médio de resposta a cada
situação/problema e respectivo desvio padrão.
Quadro 5:Média e desvio-padrão (dp.) da velocidade de decisão (TR)
Cat. (TR) Média dp.
R1 3,71 1,6 R2 2,95 1,4 R3 2,43 1,4 R4 3,85 1,6 R5 3,25 1,3 R6 3,00 0,8 R7 2,62 1,3 R8 2,39 1,0 R9 3,72 1,7 R10 2,61 1,1 R11 3,00 1,7
Legenda: TR- tempo de resposta; R1- situação1; R2- situação2, … R11- situação11
Da análise destes quadros (4 e 5) verifica-se que: a resposta dada à situação
número 3 (R3), foi a mesma, por todos os atletas da amostra e essa resposta
corresponde à segunda melhor solução, de salientar também a
homogeneidade que a situação R8 (2,39s±0,4) obteve por parte da amostra, na
categoria da adequação da resposta. A situação R2 foi aquela que apresentou,
em média, maior nível de qualidade de resposta por parte dos atletas (3,45),
mas curiosamente foi na situação R7 que mais atletas escolheram a melhor
solução (28 atletas) (dados em anexo). Esta situação (R7) foi também aquela
Decisão táctico-técnica no futebol
62
em que os atletas responderam de forma mais variada (desvio padrão mais alto
3,20 ±1,3). Pelo contrário, a resposta à situação 1 (R1), foi aquela que
apresentou, em média, menor qualidade de decisão por parte dos pontas-de-
lança da nossa amostra (1,88±0,7) e foi também nessa situação (R1) que mais
atletas escolheram a solução menos adequada (10 atletas) (dados em anexo).
Os pontas-de-lança da nossa amostra responderam, em média, mais rápido à
situação R8 e o ponta-de-lança que mais rápido respondeu (0,22s) foi na
situação R3 (dados em anexo). Nesta categoria (TR) a nossa amostra
constituiu um grupo muito heterogéneo em cada situação observada, pois
verifica-se um desvio padrão alto em todas as situações.
Analisamos que tipo de associação existia entre os resultados da adequação
da resposta (AR) com a velocidade de decisão (TR) e verificamos o seguinte:
Quadro 6: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo da resposta (TR)
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta
A correlação entre estes dois factores (adequação da resposta/velocidade de
decisão) é negativa (r=-0,310) o que significa que os pontas de lança que
responderam mais adequadamente também foram aqueles que o fizeram mais
rápido, ou seja, além de responderem melhor decidem mais rápido. As
diferenças são estatisticamente significativas pois o nível de significância é de
0,05 que é o valor mínimo de significância. Pode-se então concluir que o tempo
de resposta tem influência na adequação da mesma. Estes dados vêm de
encontro aos dados de Helsen & Pauwels (1987) que verificou no seu estudo
Adequação da
resposta (AR)
Tempo de
resposta (TR)
AR
Pearson Correlação 1 -0.31
Significância (Sig.) 0.05
Número de atletas 40 40
TR
Pearson Correlação -0.31 1
Significância (Sig.) 0.05
Número de atletas 40 40
Decisão táctico-técnica no futebol
63
com jogadores de Futebol, que aqueles que decidiam mais rápido também
eram os que decidiam com maior qualidade e no momento mais propício.
Miragaia (2001) efectuou um estudo com jogadores de Futebol, do mesmo
nível competitivo do nosso estudo, e os resultados corroboram os nossos,
também Mangas (1999), Correia (2000), Costa (2001) e Ponte (2005),
constataram que os jogadores mais rápidos a decidir foram os que melhores
resultados apresentaram ao nível da adequação da resposta. Curiosamente
estudos realizados por Pachella (1972), Fitts (1986), Pew (1969), Jensen
(1985), Proteau & Girouard (1987 todos citados por Correia, 2000) consideram
que quanto mais rápido se responde às situações criadas no jogo, maior é a
tendência para cometer erros. Castelo (1994) e Tavares (1993) seguem esta
linha de orientação quando referem, que a rapidez e a adequação da resposta
são duas qualidades que se interagem em sentidos inversos. Esta tendência,
como observamos anteriormente, está em desacordo com os dados do nosso
estudo.
4.2 - Relação entre a adequação da resposta/tempo de decisão e o nível competitivo
Como já foi referenciado, um dos objectivos do nosso estudo é analisar a
exactidão e o tempo de resposta em acções ofensivas entre pontas-de-lança
de diferentes níveis competitivos, de forma a poder verificar se os atletas de
níveis competitivos superiores (os mais aptos) são mais adequados
(evidenciam maior conhecimento) e mais rápidos na decisão.
Em primeiro lugar, e de uma forma geral, analisamos a associação que existe
na correlação adequação da resposta/tempo de decisão dentro de cada nível
competitivo. Analisando os quadros podemos constatar que: no nível
competitivo P1 (1ª Liga) não existe correlação entre as duas variáveis. A
significância é de 0,963 o que significa que estatisticamente os dados não são
significativos. O que quer dizer, que em P1, a velocidade de decisão não tem
qualquer influência na adequação da resposta.
Decisão táctico-técnica no futebol
64
Quadro 7: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo P1
Correlações
Nível competitivo P1 AR TR
AR
Pearson Correlação 1 0.01
Sig. 0.96
N 14 14
TR
Pearson Correlação 0.01 1
Sig. 0.96
N 14 14
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
Também no nível competitivo (P2) não existe correlação entre a adequação da
resposta e a velocidade de decisão. Para que pudesse existir alguma
associação entre as duas categorias analisadas o p (significância) tinha que ser
menor a 0,05, o que neste caso não acontece, p =0,422. No entanto podemos
verificar que a correlação é negativa r =-0,25, o que apesar de não ser
significativa, como já constatamos, indicia uma ligeira tendência para que os
pontas-de-lança que foram mais rápidos foram também aqueles mais
acertados nas suas respostas.
Decisão táctico-técnica no futebol
65
Quadro 8: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo P2
Correlações
Nível competitivo P2 AR TR
AR
Pearson correlação 1 -0.24
Sig. 0.42
N 13 13
TR
Pearson Correlação -0.24 1
Sig. 0.42
N 13 13
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
Neste grupo competitivo (2ª e 3º Divisões) existe correlação entre os pontas de
lança da amostra, os ponta de lança que demoram menos tempo a responder
são aqueles que têm as respostas mais adequadas. As diferenças são
estatisticamente significativas p =0,038. O que vem corroborar os resultados
anteriores do nosso estudo, que indicam que quanto mais rápido é a resposta
mais qualidade tem a mesma.
Quadro 9: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo NP
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
Com a análise da variância (Anova) unidimensional verificamos a relação
adequação/tempo da resposta entre os níveis competitivos
Correlações
Nível competitivo NP AR TR
AR
Pearson Correlação 1 -0.58
Sig. 0.03
N 13 13
TR
Pearson Correlação -0.58 1
Sig. 0.03
N 13 13
Decisão táctico-técnica no futebol
66
Quadro 10: Níveis de significância (Sig.) da relação adequação/tempo de resposta entre os 3 grupos competitivos
ANOVA
Resultados
totais Df
Média de
resultados F Sig.
AR
Entre Grupos 0.15 2 0.07 1.378 0.26
Dentro do Grupo 2.10 37 0.05
Total 2.25 39
TR
Entre Grupos 3.55 2 1.77 2.237 0.12
Dentro do Grupo 29.38 37 0.79
Total 32.93 39
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância
Este quadro mostra-nos, que entre os grupos competitivos, o tempo de decisão
não tem influência na adequação da resposta, o que vai ao desencontro da
nossa primeira conclusão, que os atletas com melhor adequação da resposta
(AR) eram também os mais rápidos a decidir
4.2.1 - Relação do nível competitivo com a adequação da resposta
Da análise do quadro seguinte podemos confirmar que os pontas-de-lança que
actuam em níveis competitivos inferiores (NP) são aqueles que respondem, em
média, mais adequadamente, ou seja, evidenciam melhor conhecimento
declarativo. Os de nível intermédio são os que apresentam menor adequação
de resposta em relação aos outros dois níveis (P1 e NP). É de realçar que as
diferenças não são estatisticamente significativas (a significância é superior a
0,05).
Decisão táctico-técnica no futebol
67
Quadro 11: Diferenças de médias, Margem de erro, significância (Sig.) e o intervalo de confiança da adequação
da resposta (AR) entre os níveis competitivos (P1,P2 e NP)
Múltiplas Comparações
Bonferroni
Categoria Nível_Comp Nível_Comp
Diferenças
de média
Margem
de erro Sig.
95% Intervalo de confiança
Lower Bound Upper Bound
Adequação
da
resposta
(AR)
1ª Liga 2ª Liga 0.09 0.09 0.93 -0.13 0.32
2ª B e 3ª Divisão -0.05 0.09 1.00 -0.28 0.17
2ª Liga 1ª LIga -0.09 0.09 0.93 -0.32 0.13
2ª B e 3ª Divisão -0.15 0.09 0.32 -0.38 0.08
2ª B e 3ª Divisão 1ª Liga 0.05 0.09 1.00 -0.17 0.28
2ª Liga 0.15 0.09 0.32 -0.08 0.38
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Constata-se neste estudo que, apesar de as diferenças não serem
estatisticamente significativas, os pontas-de-lança de níveis competitivos
inferiores (NP), indiciam um conhecimento de jogo igual ou superior, aos de
níveis competitivos superiores, especialmente sobre os de (P2). Dados estes
que divergem dos do estudo de Greco et al. (2008) que concluíram que atletas
de categorias superiores de competição apresentam um conhecimento de jogo
superior aos dos atletas de níveis inferiores, sendo essas diferenças
estatisticamente significativas. Tal tendência é corroborada por Silva (2006), ao
verificar que os atletas que competiam em níveis superiores, apresentavam
uma qualidade da tomada de decisão superior aos atletas de nível competitivo
inferiores, sendo que as diferenças encontradas não eram estatisticamente
significativas. Também Miragaia (2001), num estudo com atletas do mesmo
nível competitivo da nossa amostra, concluiu que os atletas da I liga (P1) (mais
aptos) respondiam de uma forma mais adequada ao estímulo proveniente da
observação das situações, comparativamente aos atletas da II liga (P2) e 2ª
divisão (NP), sendo essas diferenças estatisticamente significativas. Também
os atletas da 2ª Liga evidenciavam um nível de adequação da resposta mais
elevado do que os da 2ª Divisão, mas aqui as diferenças não eram
estatisticamente significantes. O nosso estudo, como podemos comprovar com
Decisão táctico-técnica no futebol
68
os resultados do quadro seguinte, não corroboram esta tendência positiva entre
o nível competitivo e a adequação da resposta.
Quadro 12: Média, desvio padrão, máximas, mínimas da adequação das respostas (AR) de P1,P2 e NP
Nível competitivo Adeq. Resposta
P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
2.68 14,0 0,21 2,36 3,18
P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
2,58 13,0 0,26 2,18 3,09
NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
2,74 13,0 0,24 2,36 3,09
Verifica-se então, no nosso estudo, que em média os pontas-de-lança que
actuam em campeonatos não profissionais (NP), i.e., os de nível competitivo
mais baixo, são aqueles que revelam uma melhor adequação da resposta
(2,74±0,24), quando comparados com os que actuam no nível competitivo mais
elevado (P1) (2,68±0,21) e dos que actuam no nível competitivo intermédio
(P2) (2,58±0,26). Como podemos verificar as diferenças são mínimas e não
estatisticamente significativas (p> 0,05). Contudo, tal não invalida que em
média os pontas-de-lança de nível competitivo mais baixo, os menos aptos,
apresentem resultados superiores aos demais. Também Silva (2006), no seu
estudo, como referimos anteriormente, apresentou resultados estatisticamente
insignificantes (não tinham significância, p=0,28), mas ao contrário do nosso
estudo, os atletas de nível competitivo superior apresentavam em média,
melhor adequação das respostas (62,24) do que os de nível competitivo inferior
(60,7), ou seja, a sua qualidade de decisão era superior. Vieira (2003)
apresenta resultados semelhantes aos de Silva (2006), no que diz respeito às
decisões tácticas ofensivas dos futebolistas, pois verificou que, os futebolistas
de nível superior demonstraram maior capacidade de decisão táctica, apesar
Decisão táctico-técnica no futebol
69
de as diferenças não serem estatisticamente significativas. Os resultados
encontrados no nosso estudo divergem dos de estudos baseados no
conhecimento declarativo efectuado por Williams & Davids (1995), Mangas
(1999), Correia (2000), Costa (2001), Miragaia (2001), Mangas et al. (2002),
Pinto (2005) e Ponte (2005) que concluíram que os atletas com maior nível
competitivo evidenciavam maior conhecimento, possuíam uma melhor
qualidade de decisão.
O facto de os nossos resultados não corroborarem os da grande maioria dos
estudos já realizados, poderá por um lado ser explicado pelo facto da qualidade
de decisão não estar exclusivamente ligada ao nível competitivo dos atletas,
mas também ao nível de instrução e qualidade do treino, como referem Allard
et al. (1980), Thomas et al. (1988), Williams et al. (1993, citados por Miragaia
2001). A qualidade de instrução fornecida aos atletas pelos seus treinadores
durante a prestação desportiva é fundamental para a decisão do atleta.
Então pode-se concluir que, o nível de instrução e a qualidade de treino dos
pontas-de-lança da nossa amostra (NP) são elevados, i.e., na 2º e 3ª divisões,
actualmente trabalha-se com elevada qualidade, e as diferenças que
anteriormente existiam, entre estes escalões e os escalões superiores, são
mínimas. Consideramos então, a possibilidade, que os atletas que actuam em
níveis competitivos inferiores estão sujeitos, nos dias que correm, a um treino e
uma instrução de elevada qualidade (Silva, 2006), o que vem realçar o possível
aumento de competências por parte dos treinadores das equipas em questão.
Por outro lado, atendendo ao facto de os atletas menos aptos (pontas-de-lança
da 2ª e 3ª divisões) evidenciarem um maior conhecimento declarativo, ao
contrário dos de nível competitivo superior pode-se deduzir-se que o contributo
dos pressupostos cognitivos não são garante de elevadas performances, i.e.,
saber quando e como executar não significa saber executar as acções em jogo
(Garganta, 2005), o que realça, segundo a perspectiva ecológica o papel da
interacção dos constrangimentos indivíduo-tarefa-envolvimento na decisão
(Passos et al., 2006). Nesta perspectiva, e segundo os resultados, o
comportamento decisional justifica-se mais pelas competências perceptivas do
indivíduo em jogo (Garganta, 2005), pela capacidade do indivíduo interagir com
Decisão táctico-técnica no futebol
70
o contexto e como co-evoluem em conjunto (Rodrigues, 2006), do que pela sua
capacidade de armazenar soluções padronizadas na sua memória (Garganta,
2005)
4.2.2- Relação do nível competitivo com o tempo de decisão
Com a ajuda do teste Bonferroni verificamos a relação existente entre os níveis
competitivos no que diz respeito à velocidade de decisão. Da análise do quadro
seguinte constatamos que os pontas-de-lança de níveis competitivos
superiores são os que possuem uma decisão mais rápida. Mas por outro lado
os ponta-de-lança de nível competitivo inferior são mais rápidos a decidir do
que os de nível intermédio
Quadro 13: Diferenças de média, Margem de erro, significância (Sig.) e o intervalo de confiança da velocidade da
resposta entre os níveis competitivos (P1,P2 e NP)
Múltiplas comparações
Bonferroni
Categoria Nível_Comp Nível_Comp
Diferença
de médias
Margem
de erro Sig.
95% Intervalo de confiança
Lower Bound Upper Bound
Tempo
de
resposta
(TR)
1º Liga 2ª Liga -0.72 0.34 0.12 -1.58 0.13
2ª B e 3ª Divisão -0.33 0.34 0.99 -1.19 0.52
2ª Liga 1º Liga 0.72 0.34 0.12 -0.13 1.58
2ª B e 3ª Divisão 0.38 0.34 0.82 -0.48 1.26
2ª B e 3ª Divisão 1ª Liga 0.33 0.34 0.99 -0.52 1.19
2º Liga -0.38 0.34 0.82 -1.26 0.48
De realçar que as diferenças não são estatisticamente significativas, pois o
nível de significância é alto (p> 0,05). Calculando a média de cada grupo dos
tempos de tomada de decisão obtidos nas 11 categorias observadas,
verificamos que a média mais baixa (2,7 ss:ms) foi observada pelo grupo
competitivo mais elevado, seguindo-se a média do grupo competitivo mais
baixo (3,04 ss:ms), e em último, a média do grupo competitivo intermédio (3,43
ss:ms)
Decisão táctico-técnica no futebol
71
Figura 6: Representação gráfica: médias do tempo de resposta (P1- pontas-de-lança da 1ª Liga; P2- pontas-de-
lança 2ªLiga; NP- pontas-de-lança da 2ªB e 3ª Divisão).
Como se pode verificar, mesmo não sendo estatisticamente significativo, os
pontas-de-lança do grupo competitivo mais elevado são mais rápidos a decidir.
Para Tavares (1993), essa maior velocidade de decisão por parte dos atletas
de nível competitivo superior, justifica-se pelo facto de os mesmos estarem
melhor preparados para reagirem ao estímulo, utilizando as informações
disponíveis para antecipar a resposta. E por serem portadores de uma melhor
capacidade de antecipação, no qual conseguem utilizar com maior eficácia as
informações provenientes do conhecimento da modalidade.
Estudos realizados por Miragaia (2001) concluíram que o tempo médio de
decisão decrescia à medida que os níveis competitivos aumentavam, sendo
essas diferenças estatisticamente significativas (p=0,009), já Correia (2000),
apresentou dados semelhantes, mas as suas diferenças não eram
estatisticamente significativas. Resultados semelhantes a estes foram
encontrados por Carriere (1978), Bard & Fleury (1978), Starkes & Alard (1983),
Helson et al. (1986) Ripoll (1987), Thomas & Nelser (1990), Konzag (1990),
Tavares & Graça (1992), Tavares (1993), William et al. (1994), Machado (1996,
todos citados por Miragaia 2001), e Brito (1995) no qual verificam que os
tempos de decisão melhoram em atletas com maior nível competitivo.
A média entre os atletas de P2 (3,43s) e os de NP (3,04s) da nossa amostra é
muito semelhante (Quadro 14), o que pode indiciar, uma vez mais, que os
pontas-de-lança que actuam em níveis inferiores têm uma capacidade de
decisão semelhante aos de nível superiores, fruto, talvez, da melhoria da
Decisão táctico-técnica no futebol
72
qualidade do treino e da instrução (feedback extrínseco) (Miragaia, 2001) por
parte dos seus responsáveis actuais ou anteriores que, segundo a perspectiva
ecológica, lhes permite conhecer melhor os constrangimentos de jogo, as
affordances (possibilidades de acção) percepcionadas (Araújo, 2005) para que
as decisões sejam mais rápidas e eficazes.
Quadro 14: Média, desvio padrão, máximas, mínimas do tempo das respostas (TR) de P1,P2 e NP
4.3- Relação adequação da resposta/tempo de decisão com os anos de prática
Outro dos objectivos do nosso estudo é analisar a exactidão e o tempo de
resposta em acções ofensivas entre pontas-de-lança de diferentes anos de
prática (experiência). De forma a verificar se os atletas com mais anos de
prática (mais experientes) evidenciam maior conhecimento declarativo (melhor
adequação da resposta) e são mais rápidos na decisão.
Nível competitivo Tempo Resposta
P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
2,70 14,0 0,86 1,64 4,60
P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
3,43 13’0 0,68 1,84 4,93
NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
3,04 13’0 0,93 2,12 5,25
Decisão táctico-técnica no futebol
73
4.3.1- Relação adequação da resposta com os anos de prática
Mangas (1999), Correia (2000), Costa (2001), Pinto (2005) e Ponte (2005)
concluíram nos seus estudos que os atletas com mais anos de prática
(experiência) decidem melhor do que os outros, i.e., a qualidade de decisão
está correlacionada com os anos de prática, mas os dados que possuímos
mostram que essa correlação (mais anos de prática melhor adequação da
resposta, mais conhecimento declarativo), na nossa amostra, não se verifica,
ou seja, não há correlação entre a adequação da decisão e os anos de prática
Quadro 15: Correlação entre os anos de prática e a adequação da resposta (AR)
Correlação
Categoria Anos
de Prática
Adequação da
Resposta
Anos
de
Prática
Pearson Correlação 1 -0.01
Sig. 0.91
N 40 40
Adequação
da
Resposta
Pearson Correlação -0.01 1
Sig. 0.96
N 40 40
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Como se pode verificar os resultados não são estatisticamente significativos,
p> 0,05 e a correlação é negativa (r=-0,017) mas com um valor muito baixo.
Quanto maiores forem as vivências competitivas dos atletas (mais experiência),
melhores serão as suas decisões (Tavares, 1993), não se confirmou no nosso
estudo. O que permite realçar, que é melhor possuir qualidade do que
quantidade, ou seja, uma “boa decisão” precisa que o atleta possua qualidade
no treino e na instrução, e não um simples acumular de vivências competitivas.
A maior familiaridade com as acções táctico-técnicas, que envolvem os treinos
e jogos (Miragaia, 2001), por si só não são um garante de melhores decisões.
Estes resultados, também nos leva a considerar a possibilidade de que, os
pontas-de-lança com mais experiência, não foram eventualmente sujeitos,
durante a sua formação e carreira, à qualidade de treino que hoje em dia se
Decisão táctico-técnica no futebol
74
verifica (Silva, 2006), e que tende a melhorar. Por outro lado, e à luz da
abordagem da decisão pela perspectiva ecológica, pode-se afirmar que a
decisão não se relaciona decisivamente com a experiência dos atletas e suas
memórias armazenadas, mas sim com a capacidade do atleta interagir com o
contexto (Araújo, 2005). É neste processo de interacção envolvimento/atleta
que emergem as decisões e não, previamente na sua cabeça (Araújo, 2005). A
decisão está no e dentro do jogo, e não nas memórias e nos constrangimentos
cognitivos.
O nosso estudo vai um pouco de encontro ao de Silva (2006), que verificou que
os atletas da I liga, com menor experiência, respondiam com mais qualidade do
que os mais experientes, apesar de as diferenças não serem estatisticamente
significativas.
4.3.2- Relação tempo de decisão com os anos de prática
No que diz respeito à relação velocidade de decisão/anos de prática Janelle &
Hillman (2003, citados por Pinto, 2005), afirmaram que os atletas com mais
anos de prática (mais experientes), são possuidores de um conhecimento
declarativo elevado, mais organizado e estruturado, alem disso, são capazes
de reconhecer com mais facilidade as informações significativas, não se
distraindo com informações irrelevantes, sendo por isso mais rápidos a decidir.
Dos dados por nós recolhidos, e analisados, podemos concluir que os atletas
com mais anos de prática (experiência) têm uma ligeira tendência a serem
mais rápidos a decidir, do que os outros, mas as diferenças não são
significativas, como podemos observar no quadro seguinte.
Decisão táctico-técnica no futebol
75
Quadro 16: Correlação entre os anos de prática e o tempo da resposta (TR)
Correlações
Anos
de_Prática
Tempo de
Resposta
Anos_
de
Prática
Pearson Correlação 1 -0.19
Sig. 0.22
N 40 40
Tempo
de
Resposta
Pearson Correlação -0.19 1
Sig. 0.22
N 40 40
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: Sig.- significância; N- número de atletas
Correlação negativa (r=-0,19) e não significativa (p=0,22). Neste caso, o valor
de correlação, é mais alto do que o anterior o que nos indicia, apesar de as
diferenças não serem significativas, que os atletas com mais anos de prática
são mais rápidos a decidir, pois como refere Mangas (1999), reconhecem mais
facilmente os problemas e identificam mais rápido as soluções. Dentro desta
temática, Correia (2000), Miragaia (2001) e Ponte (2005), concluíram que os
jogadores com mais anos de prática (experiência) decidem mais rápido do que
os demais. Estes estudos corroboram o de Tavares (1993), no qual estudou a
capacidade de decisão táctica em jogadores de Basquetebol, e verificou que,
os jogadores mais experientes eram mais rápidos a decidir tacticamente, pela
resposta adequada. Também Tenenbaum et al. (1993, citados por Silva, 2006)
realizaram um estudo no Andebol e, constataram que, os jogadores com mais
anos de prática tomaram decisões mais qualificadas.
Pode-se concluir pela nossa amostra, que, estatisticamente, ter mais anos de
prática não interfere na capacidade de decisão do ponta-de-lança.
Decisão táctico-técnica no futebol
76
4.4- Relação número de golos/adequação da resposta dentro de cada nível competitivo
É nossa intenção verificar se os pontas-de-lança que apresentam maior
adequação das respostas são também aqueles, que apresentam um maior
número de golos, i.e., se o conhecimento (melhor adequação) é factor
determinante no rendimento (maior número de golos).
Em primeiro lugar analisamos as médias totais da amostra e verificou-se os
seguintes resultados. Os pontas-de-lança da 1ª Liga marcam em média
(42,14), mais golos do que os de níveis competitivos inferiores. São também,
os que apresentam um resultado superior à média total da nossa amostra
(32,32), como podemos constatar no quadro seguinte (Quadro 20). Os pontas-
de-lança da 2ª Liga também marcam em média (30,15), mais golos do que os
pontas-de-lança da 2ª e 3ª Divisões (29,92). Constata-se então, com estes
dados, que os pontas-de-lança de níveis superiores, marcam, em média, mais
do que os de nível inferior.
Quadro 20: Média, desvio padrão, máximas, mínimas dos golos dos pontas-de-lança de P1,P2 e NP
Nível competitivo Nº Golos
P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
42,14 14,00 24,70 11,00 87,00
P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
30,15 13,00 14,49 14,00 60,00
NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
29,92 13,00 10,49 10,00 42,00
Total Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo
32,32 40,00 19,01 10,00 87,00
Decisão táctico-técnica no futebol
77
Depois de se analisar a correlação entre os número de golos e a adequação da
resposta (AR), através do teste de correlação de Pearson, verificamos que:
Quadro 21: Correlação entre a adequação das respostas (AR) com o número (nº) de golos de P1
Correlações
Nível comp. P1 Nº Golos AR
Nº
de
golos
Pearson Correlação 1 0.27
Sig. 0.34
N 14 14
AR
Pearson Correlação 0.27 1
Sig. 0.34
N 14 14
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
Nos ponta-de-lança da I liga (P1) não há correlação entre o número de golos e
a qualidade de decisão, pois p> 0,05. Apesar de estatisticamente não haver
nenhuma associação entre a decisão e o número de golos, podemos verificar
que a correlação é positiva (r=0,274), o que indicia que quem responde mais
acertado também marca mais golos, i.e., quem tem melhor conhecimento tem
tendência a marcar mais vezes. No nível competitivo P2 (liga de honra), os
resultados observados indiciam exactamente o mesmo, a correlação é positiva
(r=0,296) e os resultados não são estatisticamente significantes (p=0,326)
como se pode observar no quadro seguinte
Quadro 22: Correlação entre a adequação das respostas (AR) com o nº de golos de P2
Correlações
Nível comp. P2 Nº_Golos AR
Nº
de
golos
Pearson Correlação 1 0.29
Sig. 0.36
N 13 13
AR
Pearson Correlação 0.29 1
Sig. 0.36
N 13 13
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
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78
Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
No nível competitivo inferior, os resultados, também não são estatisticamente
significantes, mas a correlação é negativa, o que poderia indiciar que quem
marca mais golos, tem uma pior adequação da resposta.
Quadro 23: Correlação entre a adequação das respostas (R) com o nº de golos de NP
Correlações
Nível comp.NP Nº Golos AR
Nº
de
golos
Pearson Correlação 1 0-.48
Sig. 0.09
N 13 13
AR
Pearson Correlação -0.48 1
Sig. 0.09
N 13 13
* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05
Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas
Também neste caso, os nossos resultados não se revelaram estatisticamente
significativos. Tal deixa perceber a não existência de correlação entre o
conhecimento declarativo (adequação da resposta) e o rendimento do atleta
(maior número de golos). Constata-se então, que a decisão não é influenciada
apenas pelos constrangimentos cognitivos, mas pela interacção de todos os
constrangimentos (jogador-tarefa-envolvimento) (Passos et al., 2006). Decidir é
então, um processo dinâmico dependente dos constrangimentos e
possibilidades de acção (affordances) da situação e da capacidade do atleta
interagir com o envolvimento (Araújo & Passos, 2008).
5- CONCLUSÕES
Decisão táctico-técnica no futebol
80
Considerando as hipóteses do presente estudo e tendo em consideração os
resultados obtidos, parece plausível concluir que:
(a) Os pontas-de-lança que apresentam melhor adequação das respostas, são
também os mais rápidos a decidir. Na tomada de decisão existe uma
correlação positiva entre a adequação de resposta e a velocidade de decisão.
As diferenças observadas são estatisticamente significativas. A hipótese por
nós formulada foi infirmada, o que sugere a necessidade de potenciar a
velocidade de decisão nos exercícios de treino de jogadores de Futebol.
(b) Os pontas-de-lança que jogam em níveis competitivos superiores, ao
contrário da hipótese formulada, não apresentam uma melhor adequação da
resposta (um maior conhecimento declarativo), do que os de nível competitivos
inferiores, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas.
Exceptuam-se os atletas da 1ª Liga, que apresentam melhor qualidade de
decisão do que os da 2ª Liga, as diferenças não são estatisticamente
significativas. Estes resultados podem indiciar que os jogadores de níveis
competitivos mais baixos têm uma instrução e qualidade de treino, de acordo
com o que se pratica nos níveis competitivos superiores. O que implica que os
pontas-de-lança de níveis inferiores tenham uma qualidade de decisão igual
aos pontas-de-lança que actuam em níveis superiores; e, por outro lado, que
os jogadores mais aptos (que jogam em níveis superiores) não apresentam um
maior conhecimento declarativo do que os menos aptos (níveis inferiores) o
que indicia também que os pressupostos cognitivos não são decisivos para o
rendimento. Tal realça a importância da abordagem da capacidade de decisão
segundo a perspectiva ecológica, sugerindo que o treino deve alicerçar-se em
situações/problema o mais próximo possível das dinâmicas específicas do
jogo.
(c) Os pontas-de-lança, que jogam em níveis competitivos superiores,
revelaram-se mais rápidos a decidir. Pode-se justificar tal facto, pela maior
velocidade de jogo evidenciada em níveis superiores, o que implica que os
pontas-de-lança nesses níveis, desenvolvam tal competência decisional.
Decisão táctico-técnica no futebol
81
Também nesta hipótese existe uma excepção: os pontas-de-lança da 2ª Liga
são mais lentos a decidir do que os pontas-de-lança que actuam nos
campeonatos não profissionais.
Para qualquer dos casos, as diferenças não são estatisticamente significativas.
(d) Os pontas-de-lança com mais anos de prática, não mostram uma melhor
adequação das respostas do que os demais, i.e., a experiência, por si só, não
parece garantir melhor qualidade de decisão. A decisão não se correlaciona
positivamente com a experiência dos atletas e suas memórias armazenadas.
Os pontas-de-lança com mais anos de prática têm tendência a serem mais
rápidos a decidir, as diferenças não são estatisticamente significativas. Parece-
nos então viável, face aos resultados apresentados, valorizar a qualidade do
treino dos mais jovens (menos experientes). O que lhes permite ter uma
qualidade de decisão, igual ou mais elevada, do que os mais experientes. Esta
tendência reflecte o excelente trabalho que os treinadores, hoje em dia, têm na
formação.
Nenhuma das diferenças se revelou estatisticamente significativa.
(e) Os pontas-de-lança com mais golos marcados revelam uma superior
adequação da resposta, embora as diferenças não sejam estatisticamente
significantes. Esta tendência não se verifica ao nível dos pontas-de-lança da 2ª
e 3ª Divisão, com diferenças também não estatisticamente significativas. Não
há, então, uma correlação entre o conhecimento declarativo (adequação da
resposta) e o rendimento do atleta (maior número de golos).
Estes resultados indiciam que os pontas-de-lança de níveis inferiores possuem
uma instrução e qualidade de treino idêntica aos de níveis superiores, o que
lhes permite ter uma qualidade de decisão semelhante aos demais.
Pronunciam, ainda, que os processos cognitivos não são fundamentais na
capacidade de decisão dos atletas, e no seu rendimento desportivo. Possuir
um maior conhecimento declarativo não significa que se decida melhor o que
realça, na decisão, o papel da interacção dos constrangimentos indivíduo-
Decisão táctico-técnica no futebol
82
tarefa-envolvimento. Todos estes resultados sugere, que no Futebol (jogo e
treino) importa privilegiar e potenciar a velocidade de execução.
Sugere ainda que o nível competitivo e a experiência não são indicadores de
boas decisões/bom rendimento, o que realça a importância da qualidade do
treino e da capacidade táctico-técnica (em situações de jogo) do atleta na
performance desportiva.
6- SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS
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84
A realização deste estudo procurou responder a algumas questões e,
simultaneamente, levantou outras.
Tendo em consideração a conclusão evidenciada - que os processos cognitivos
não são fundamentais na capacidade de decisão - seria interessante construir
um instrumento com a finalidade de avaliar, em situação concreta de jogo, a
tomada de decisão. A avaliação que daí resultaria seria importante na recolha
de informações valiosas para o treino, permitindo melhorar a capacidade de
decisão que é decisiva para o rendimento desportivo.
Seria também interessante realizar o protocolo quer aos jogadores quer aos
respectivos treinadores, de forma a avaliar a congruência entre as decisões
dos atletas e dos treinadores. A avaliação que daí resultaria seria importante
para aferir o treino da respectiva equipa.
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Decisão táctico-técnica no futebol
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Tavares, F., Greco, P. e Garganta, J. (2006). Perceber, conhecer, decidir e agir nos Jogos Desportivos Colectivos. In Tani, G., Bento, J.O., Peterson, R.D.S. (Eds.), Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro; Guanabara, 284-298. Teodoresco, L. (1984). Problemas de Teoria e Metodologia nos Desportos Colectivos. Livros Horizonte, Lisboa. Thomas, J. & French, K. (1986). Knowledge development and Spots skills performance: Directions for motor behaviour research. Journal of Sport Psychology, 25, 295-312. Thomas, K. & Thomas, J. (1994). Developing expertise in sport: the retion of knowledge and performance. In J. Sport Psychol, 25: 295-312, USA. Valdano, J. (1997). Los cuadernos de Valdano. El Pais Aguilar, Santillana S.A., Madrid. Valdés, H. & Rezende, A. (2004). Métodos de estudos das habilidades tácticas. Revista digital, Buenos Aires Año10, nº69, Fevereiro 2004, disponível em http://www.efdeportes.com Vara, C. (2007). Taça UEFA. In jornal A Bola, 16 Fevereiro, p. 3. Vasconcelos, O. (2001). Manual de Aprendizagem Motora: Processamento de informação e tomada de decisão. Porto. FCDEF-UP. Vieira, J. (2003). Capacidade de decisão táctica em futebol. Estudo da adequação e do tempo de resposta em Selecções nacionais presentes no Campeonato da Europa de sub-18/2003. Dissertação de Mestrado FCDEF-UP. Williams, A. M., Davids, K. , Burwitz,L. & Williams, J. G. (1993). Cognitive knowlodge and soccer performance. Perceptual and motor skills, 76, pp. 579-593. University of Liverpool. William, M. & Davids, K. (1995). Declarative Knowledge in Sport: A by Product of experience or characteristic of expertise. Journal of Sport & Exercise Psychology, 17, 258-275.
ANEXOS
Decisão táctico-técnica no futebol
ii
Anexo 1 A DECISÃO NO FUTEBOL (Conhecimento especifico do jogo) (As informações recolhidas são estritamente confidenciais) NOME:_____________________________________ IDADE:__________ CLUBE QUE REPRESENTA____________________ ESCALÃO:__________ POSIÇÃO NO TERRENO DE JOGO________________
ANOS DE PRÁTICA DE FUTEBOL FEDERADO __________
Época Divisão Nº de golos
2007/2008
2006/2007
2005/2006
2004/2005
2003/2004
RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO ESPECIFICO DO JOGO (preencher pelo avaliador)
NÚMERO DE IMAGEM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
SOLUÇÃO INDICADA
TEMPO DE DECISÃO
Obrigado pela colaboração
Decisão táctico-técnica no futebol
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Decisão táctico-técnica no futebol
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5.2
5
Decisão táctico-técnica no futebol
vii
ANEXO 6
CONHECIMENTO DECLARATIVO NO FUTEBOL HIERARQUIZAÇÃO DOS PERITOS
Imagens MELHOR
SOLUÇÃO 2ª
melhor
3ª
melhor
PIOR SOLUÇÃO
Pré-teste A 3 4 1 2
Pré-teste B 2 1 3 4
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