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CONSELHO DAS COMUNIDADES CONSELHO DAS COMUNIDADES DOS EUA E BERMUDA DOS EUA E BERMUDA Estrela da selecção Estrela da selecção americana de futebol americana de futebol LIZZY SIMAS LIZZY SIMAS e a e a cadela cadela MALLERY... MALLERY... Unidas na doença Unidas na doença e no amor pela vida e no amor pela vida Amanda Amanda da Costa da Costa The Portuguese-American Monthly Magazine in the United States DECEMBER 2006 • $2.50 Joe Joe do do Padre Padre Herói do Vietname dá Herói do Vietname dá nome a cratera em Marte nome a cratera em Marte Eleitos democraticamente pelos emigrantes dos Estados Unidos para aconselharem o governo português, dizem-se igonorados por Lisboa aconselharem o governo português, dizem-se ignorados por Lisboa Ninguém quer os seus conselhos... Ninguém quer os seus conselhos...

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CONSELHO DAS COMUNIDADES CONSELHO DAS COMUNIDADES DOS EUA E BERMUDADOS EUA E BERMUDA

Estrela da selecção Estrela da selecção americana de futebolamericana de futebol

LIZZY SIMAS LIZZY SIMAS e a e a

cadelacadela MALLERY... MALLERY... Unidas na doença Unidas na doença e no amor pela vidae no amor pela vida

Amanda Amanda da Costada Costa

The Portuguese-American Monthly Magazine in the United States

DECEMBER 2006 • $2.50Joe Joe do do PadrePadreHerói do Vietname dá Herói do Vietname dá nome a cratera em Martenome a cratera em Marte

Eleitos democraticamente pelos emigrantes dos Estados Unidos para aconselharem o governo português, dizem-se igonorados por Lisboaaconselharem o governo português, dizem-se ignorados por Lisboa

Ninguém quer os seus conselhos...Ninguém quer os seus conselhos...

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www.mbcpbank.com

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 1

ECaro leitor:

Este é o primeiro número da revista ComunidadesUSA, uma nova publicação mensal que tem por objectivo servir ascomunidades portuguesas nos Estados Unidos, a língua e a cultura portuguesas. Surge na sequência do fim da revista MundoPortuguês, onde fui editor nos últimos 8 anos, e pretende ser uma reedição, melhorada e aumentada, do trabalho ali desen-volvido com gosto e que, a pedido de muitos leitores, amigos e assinantes, não podia, nem queria, deixar morrer. Decidi, porisso, aceitar o desafio de publicar uma nova revista, que é a continuidade lógica desse trabalho feito com honestidade,respeito pelo leitor e sobretudo muita humildade.

Este novo projecto não teria sido possível sem a ajuda imprescindível de José João Morais, um emigrante portuguêsnatural de Trás-os-Montes e residente na Virgínia, Conselheiro das Comunidades Portuguesas e movido pelo mesmo interessede divulgar os valores das nossas comunidades e defender a língua e cultura portuguesas nos Estados Unidos.

Juntos vamos continuar um projecto onde se dá destaque àqueles que, no seu dia-a-dia e nas mais diversas profissõese actividades, contribuem para dignificar o nome de Portugal na América. A par disso, vamos mostrar todos os meses ascomunidades portuguesas no seu colectivo, as suas realizações, os seus sucessos, os seus anseios, a saudade e a sua integraçãoneste país de acolhimento. Sem esquecer, naturalmente, as segundas e terceiras gerações, o futuro da nossa língua e culturaneste país.

Vamos dar destaque também aos principais problemas que afligem as nossas comunidades na sua ligação comPortugal, na sua relação diária com a legislação portuguesa, reformas, economia, ensino da língua portuguesa, regresso aopaís, entre outros temas.

Contamos com o apoio de todos para garantir a sobrevivência deste projecto.Contamos especialmente com os assinantes do Mundo Português, pois é com prazer que informamos todos eles que,

embora não haja qualquer ligação entre as duas publicações, vão receber a “ComunidadesUSA” até a sua assinatura expirar.

Contamos também com o apoio dos anunciantes, empresas e comércios portugueses, a força viva que pode ajudar asustentar um projecto desta natureza.

E contamos sobretudo com a ajuda do leitor, para que nos dê a oportunidade de, juntos, construirmos uma revistaque nos orgulhe a todos como comunidade e que seja o espelho da nossa forma honesta e profissional de estar na vida. Quercomo indivíduos, quer como comunidade.

Pedimos, por isso, que nos envie sugestões, comentários, críticas, cartas ao editor, indicação de nomes para futurasreportagens e tudo o que achar relevante. Esta é uma publicação feita a pensar em si, daí que a sua colaboração sejafundamental para o seu sucesso.

A partir de agora, todos os assuntos relacionados com assinaturas e publicidade devem ser dirigidos para os telefones1-888-712-3324, (914) 720-8705 ou para o e-mail [email protected]. Os cheques para pagamento de assinaturasdevem ser remetidos para ComunidadesUSA, 9255 Center St., suite 400, Manassas, VA 20110.

Muito obrigado.

António Oliveira e José João Morais

Nota Editorial

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2 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

Portugal continua a ser umpaís de emigrantes...

• Nos últimos três anos diminuiram os imigrantes e aumentaram os emigrantes

E M F O C O

Apesar de todas as políticas modernis-tas dos últimos anos, da campanhasde marketing e dos choqueseconómicos e tecnológicos, Portugal

continua a ser um pais de emigrantes. Quemo diz é a OCDE, organização que divulgourecentemente um relatório onde se lie quePortugal registou nos últimos três anos umadiminuição no número de entradas de imi-grantes e um aumento de saídas de portugue-ses para países europeus.

“Nos anos 90 entraram mais imigrantesem Portugal. Mas nos últimos três anos assis-

tiu-se a uma redução das entradas e a um au-mento das saídas dos portugueses para o es-trangeiro, nomeadamente para a Europa”,disse fonte da Organização para a Coopera-ção e Desenvolvimento Económico (OCDE)citando números contidos no estudo “Pers-pectivas das Migrações Internacionais”. Deacordo com a mesmas fonte, a livre circula-ção de pessoas na União Europeia e uma maioroportunidade de emprego são factores quecontribuíram para o aumento da emigraçãode portugueses. Os dados oficiais apontamque em 2001 saíram de Portugal 20 mil por-tugueses, enquanto em 2003 emigraram 27mil, números que, segundo a mesma fonte,são apenas indicativos e não reflectem a reali-dade. A OCDE estima que anualmente saemde Portugal entre 50 a 60 mi l portugueses. Aausência de dados reais sobre as saídas tam-bém se explica pelo facto de a maioria emi-grar temporariamente.

Segundo a mesma fonte, os portuguesesque emigram são maioritariamente homensresidentes na zona Norte e Centro com baixaqualificação. O relatório revela também quea entrada de portugueses na Suíça quase qua-

druplicou entre 2001 e 2004, tendo sido opaís da OCDE que mais emigrantes recebeude Portugal. Em 2004, de acordo com o do-cumento, 13.600 portugueses emigraram paraa Suíça. O mesmo estudo indica igualmenteque o Luxemburgo é outro dos países daOCDE que mais tem recebido portugueses.Quanto aos Estados Uidos, em 2004 emigramlegalmente para este país 1.069 portugueses eem 2005 emigraram 1.125.

Sobre o número de entradas de imigran-tes, o mesmo relatório aponta 2003 como oano em que se registou uma diminuição, esti-

mando-se que ac-tualmente vivamem Portugal cercade 420 mil imi-grantes. O docu-mento revela que onúmero de imi-grantes ucranianosque entraram e mPortugal legalmen-te diminuiu 98 por

cento em quatro anos, passando de 45.200entradas em 2001, ano em que houve um pro-cesso de legalização extraordinária, par a 700,em 2004. Portugal está a receber desde 2001mais imigrantes mulheres do que homens, no-meadamente oriundas do Brasil. Segundo orelatório da OCDE, os estrangeiros represen-tam 4,5 por cento da população total portu-guesa e 6,5 da população activa.

Emigrantes legais em Portugal: 420 mil

Estrangeiros na população portuguesa: 4,5%

Estrangeiros na população activa portuguesa: 6,5%

Número de angolanos (a maior comunidade): 27 mil

Cabo-Verdianos e brasileiros: 44 mil

OS ESTRANGEIROS EM PORTUGAL

Fonte: IN

PRINTED IN USA

The Portuguese-AmericanMonthly Magazine in the USA

9255 Center St. suite 400MANASSAS,VA 20110Tel: (703) 369-3324Fax: (703) 369-3325

COMUNIDADESUSA (USPS 013-088) is publishedmonthly by ComunidadesUSA. Subscription rates: $30.00 per year. Periodical postage paid atWhite Plains, New York.POSTMASTER: Send address changes toComunidadesUSA, Manassas, VA 20110

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EDITOR:António Oliveira

COLABORADORESAna Duarte, Prof. Onésimo Teotónio Almeida, Prof.Mayone Dias, Duarte Barcelos, Diniz Borges, João

Martins, David Tatlock, Ângela Costa, Glória de Mello,Fernando G. Rosa, Cândido Mesquita,

Dr. Manuel Luciano da Silva, Edmundo Macedo,Dr. Carlos Pimenta, Maria João Ávila, Manuela da LuzChaplin, José Carlos Fernandes, José Brites, Adalino

Cabral, Anabela Quelha, José Carlos Sanchez

CORRESPONDENTESNEW JERSEY: Glória Melo

SUN COAST (Flórida): Sidónio FagulhaSAN DIEGO, CA: Manuel Coelho e Mizé Violante

WATERBURY, CT: Manuel CarreloFLORIDA: José Marques

PALM BEACH, FL: Fernando de SousaTAUNTON, MA: Elisabeth Pinto

PENSYLVANIA: Nélson Viriato BaptistaLUDLOW, MA: Ana Duarte

COLABORADORES e CORRESPONDENTES:

As opiniões expressas pelos colaboradores nos seus artigos nãoexprimem necessariamente a opinião da administração da revista“ComunidadesUSA”. É permitida a reprodução do materialpublicado desde que mençionada a fonte. O leitor pode contactar arevista directamente através de correio, telefone, fax ou e-mail comos seus comentários, ideias, críticas ou sugestões. Para cartas aoeditor use o e-mail [email protected], mencionandono título “Cartas ao editor”.

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ADMINISTRAÇÃO, ASSINATURAS E PUBLICIDADE:

10.355.117era a população portuguesatotal em 2001

241.763

245.011residiam na Madeira

residiam nos Açores

90 Sunhaven Dr.NEW ROCHELLE, NEW YORK 10801Tel: (914) 720-8705E-mail:[email protected]

REDACÇÃO:

December ���� II Série Vol � Nº ��

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� CONSELHO DAS COMUNIDADES - 13Elelitos para aconselhar o governo português em questões de emigração,

conselheiros de todo o mundo dizem-se ignorados pelo governo de Lisboa

� PEDRO BELOCEO do bcpBank nos Estados Unidos explicaa mudança de nome para Millennium bcp

AMANDA DA COSTA - 18 �A “estrela” portuguesa da selecção de

futebol feminina norte-americana

� 6 - LIZZY E A CADELA MALLORYUnidas na doença e no amor pela vida

JOE DO PADRE - 20 �Escapou à guerra da Coreia por falar

português, mas foi no Vietname que se tornouherói e recebeu 9 medalhas.

The Portuguese-American Magazine in the United States

1Nota Editorial

2EM FOCO

4PORTUGAL

5AÇORES

13Conselho das Comunidades dos EstadosUnidos e Bermuda diz-se ignorado pelosgovernantes de Portugal

19Merche Romero esteve nosEstados Unidos e falou coma “ComunidadesUSA” noCentral Park, em New York

26ARTISTAS DA NOSSACOMUNIDADEFatima Santos: “Cantar agrande poesia portuguesa”

30Roteiro gastronómico de Natal

32A LEI EM PORTUGALO novo regime do arrendamento urbanopelo Dr. Rafael Amorim

33MÚSICACarlos Seixas, um compositor do séc XXpor Peter Ferreira

34BLOCO DE NOTAS

35DIACRÓNICApor Onésimo Teotónio de Almeida

36ENGLISH SECTION:“Saudades”, por António SimõesTatlock Gallery in New Bedford, MA

39HORÓSCOPOpor Maria Helena Martins

40HUMOR

NESTA EDIÇÃO:

foto ComunidadesUSA

foto Cândido Mesquita

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December 2006

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4 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

P O R T U G A L

O Benfica vai entrar no Guinness Book ofRecords como o clube com mais associa-

dos no Mundo, batendo assim o ManchesterUnited. Actualmente o Benfica tem quase 163mil sócios, mas o ob-jectivo é, segundoa direcção presidi-da por Luís FilipeVieira, chegar aos 300mil.

O clube com maisassociados era atéaqui o ManchesterUnited, que na últi-ma contagem regista-vam oficialmente 152.000associados, número ultrapassado agora peloclube da Luz, actualmente com cerca de162.300 sócios pagantes, segundo a últimaactualização do sistema de fiscalização do pa-gamento de quotas.

Em meados de Julho, o Benfica contavaprecisamente com 151.424 associados, cifraque, na altura, já ultrapassava outros dois “gi-gantes” mundiais, o Bayern de Munique (Ale-manha) e o FC Barcelona (Espanha), amboscom cerca de 145.000 sócios.

Nessa altura, o director comercial e demarketing do Benfica, Miguel Bento, estima-va que o recorde mundial do ManchesterUnited poderia ser batido em finais deste ano,prognóstico que se confirma agora com a as-sinatura do mais famoso livro de recordes.

A formalização do recorde foi feita no Es-tádio da Luz, com a presença do presidentedo Benfica, Luís Filipe Vieira, e representan-tes do Guinness Book of Records.

O Embaixador Pedro Catarino vai deixarWashington durante o mês de Novembropara assumir um cargo na ComunidadeEuropeia. Pedro Catarino vai agora sentar-se na cadeira de presidente da ComissãoPermanente de Contrapar-tidas, substitu-indo Rui Neves.

As comunidades portuguesas espalhadaspelo mundo vão ter menos 500 mil euros

no próximo ano, pois a proposta de Orça-mento de Estado para 2007, já aprovada naAssembleia da República com os votos da mai-oria PS, reduziu a verba em 13,1 por cento,fixando-a em 3,3 milhões de euros. Para opresidente do Conselho permanente das Co-munidades Portuguesas, Carlos Pereira, estamedida mostra o desinteresse que o governotem pelos emigrantes:

“As comunidades continuam a não seruma prioridade para o Governo português”,disse Carlos Pereira. A proposta de Orçamentode Estado prevê para o sector das comunida-des portuguesas 3,3 milhões de euros, menos13,1 por cento do que em 2006. Para o presi-dente do CCP, a verba consagrada no Orça-mento de Estado 2007 permite concluir tam-bém que “o país não está interessado em ter ocontributo dos portugueses no estrangeiro naresolução dos problemas do país”.

Adiantando que o secretário de Estado dasComunidades, António Braga, j á os tinhainformado de que haveria um corte no OEpara 2007, Carlos Pereira afirmou que estedecréscimo não é importante e não o preocu-pa. “O OE é muito idêntico ao dos anos an-teriores. Isso é que me preocupa: nada muda,fica tudo igual”, sublinhou. Sublinhou tam-bém que com este Orçamento de Estado “sóhá duas vítimas: As comunidades e o secretá-

rio de Estado, porque não vai ter meios paratrabalhar”.

Questionado sobre a viabilidade de o CCPser dotado do orçamento de 420 mil eurosque propôs para o seu próprio funcionamen-to em 2007, o responsável di sse que “essa éuma questão que o secretário de Estado vaiter de analisar”.

O CCP justifica o valor proposto este anocom a realização de eleições em Abril de 2007e com a consequente reunião plenária, quereúne em Lisboa os 96 conselheiros espalha-dos pelo mundo.

De acordo com o OE, a verba para 2007pretende “aumentar a eficácia do

A criação do “Consulado Virtual”, a in-trodução do quiosque multimédia nos con-sulados e associações portuguesas no estran-geiro são algumas das iniciativas que o Go-verno quer desenvolver em 2007.

Orçamento de Estado para 2007 cortou 50mil euros para as comunidades portuguesas

Os portugueses podem inscrever-se no programa de sorteio de vistos dos Estados

Unidos para 2008, mas este ano ficam de foraos brasileiros. As inscrições têm de ser feitasobrigatoriamente na Internet, emwww.dvlottery.state.gov , onde podem sertambém consultadas as instruções. Para po-der concorrer, os candidatos devem ter pelomenos o ensino secundário e uma qualifica-ção profissional. Os cidadãos dos restantes pa-íses lusófonos podem concorrer a este sorteio.

O governo americano vai sortear 55 milvistos, a atribuir em 2008, no programa de-signado Diversity Visa Lottery 2008 (DV-2008) de entre os candidatos dos países apro-vados, ficando de fora alguns que entretantoou excederam as quotas nos últimos sorteios,ou não qualificaram por outros motivos.

Neste sorteio, 5.000 vistos serão atribuí-dos à Nicarágua, Cuba, El Salvador,Guatemala e antigas repúblicas da União So-viética. Por terem enviado para os EstadosUnidos mais de 50.000 imigrantes nos últi-mos 5 anos, estão também excluídos do DV-2008 os cidadãos do Canadá, China (exceptoMacau, Hong Kong e Taiwan), Colômbia,República Dominicana, El Salvador, Haiti,Índia, Jamaica, México, Paquistão, Filipinas,Peru, Polónia, Rússia, Coreia do Sul, ReinoUnido e territórios dependentes (excepto Ir-landa do Norte) e Vietname. Segundo esta-tísticas dos Serviços de Cidadania e Imigra-ção dos Estados Unidos, nos cinco anos fis-cais de 2001-2005, deram entrada legal nosEstados Unidos 52.438 imigrantes brasilei-ros, 16.664 dos quais no ano fiscal de 2005.

Sorteio de vistos de entrada nos Estados Unidos aberto até ao fim do ano

Benfica no«Guiness Bookof Records»

O MAIOR CLUBE DO MUNDO

Embaixador Pedro Catarinodeixa Washington

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 5

A Ç O R E S

2.322 km2

área total do arquipélago açoriano

85.585número de edifícios nosAçores em 2001

156número de freguesias nos Açores

Intitula-se “Os Baleeiros Portugueses da Costa da Califórnia: 1854-1904” e é a mais re-

cente super-edição da Portuguese HeritagePublications of Califórnia. A obra, patroci-nada pelo Museu Marítimo e Histórico dacidade de Monterey,Califórnia, foi lançadoa 11 de Novembro econta a epopeia baleei-ra dos emigrantes aço-rianos na costa daCalifórnia na últimametade do século XIX. Equipados com mate-rial antiquado, os bale-eiros costeiros partiamem pequenos barcospara capturar, matar e transformar em óleoas maiores criaturas do globo. Vinte e seis lo-cais de caça à baleia em dez condadoscalifornianos, do porto de Crescent City nonorte, à baía de San Diego no sul, tinhamuma indústria costeira de caça à baleia ao es-tilo do século XIX. Todos esses lugares foramestudados e a sua história ligada à pesca dabaleia está agora documentada no novo livro.Esta pesca foi abolida em meados do séculoXX e é hoje condenada em todo o mundo. Aobra é o resultado de 15 anos de pesquisa deDavid Bertão, espalhados por 300 páginas,numa edição de luxo e limitada. Este livroestá disponível www. PortugueseBooks.Org.Pode ainda contactar directamente aPortuguese Heritage Publications P.O.Box32517, San Jose, CA 95152.Seis em cada cem condutores fogem em caso

de acidente nos Açores, rejeitando prestarauxílio a eventuais vítimas, revela um estudodivulgado este mês.

De acordo com o trabalho “SinistralidadeRodoviária - da evidência à realidade”, elabo-rado pelo sociólogo da PSP Alberto Peixoto,os homens são os principais responsáveis e,ao mesmo tempo, as principais vítimas dasinistralidade rodoviária nas estradas açoria-nas.

Alberto Peixoto sustenta que “o excessode auto-confiança” nas capacidades de con-dução e de reacção, os frequentes excessos develocidade, a par de erros de percepção dasreais possibilidades de circulação, sobretudonos homens, apresentam-se com um efeitodevastador, agravado pelo facto de os condu-tores não terem uma verdadeira consciênciada gravidade da problemática”.

O presidente do governo regional, CarlosCésar, vai recandidatar-se a mais um man-

dato nas próximas eleições de 2008. Quem odisse foi o próprio César, que se mostrou con-fiante “em renovar o mandato como presiden-te do governo regional nas eleições de 2008”.

“Nas próximas eleições regionais espera-mos uma grande vitória para continuar a re-novação e o progresso dos Açores porque onosso percurso tem sido melhor do que odaqueles (PSD) que nos antecederam”, disseo líder socialista açoriano.

Carlos César que intervinha numa festacomemorativa dos dez anos de governo soci-alista nos Açores, apontou as virtudes dos seusgovernos, criticou fortemente a oposição, emparticular o PSD/Açores, e lamentou “o esta-do caótico da economia e finanças regionaisquando assumiu funções”. Segundo ele, quan-do os socialistas chegaram ao Poder em No-vembro de 1996 “a região estava à beira dafalência, e não se pagava a fornecedores háano e meio”.

De acordo com a análise de César, “a eco-nomia estava estagnada e com custosinibidores, havia pobreza, o serviço de saúdeestava mal equipado e longe da população, existia uma elevada taxa de desemprego, o in-

vestimento no ambiente era irrisório e o par-que escolar estava em ruínas e era elevada abaixa escolaridade”.

“Hoje, os Açores estão diferentes paramelhor” garantiu o líder socialista, apontan-do as estatísticas de “um maior número demédicos e consultas, mais professores e todoscom habilitação própria, um aumento de cin-co para 17 escolas profissionais frequentadaspor mais de cinco mil jovens”.

De acordo com Carlos César, na últimadécada de governação socialista, “os lavrado-res e pescadores inverteram a marcha deca-dente dos rendimentos, o número de turistastriplicou, há milhares de novas empresas eempregos, em particular para jovens e mu-lheres”.

“Estamos a criar no Arquipélago cinconovos postos líquidos de trabalho , todos osdias”, assegurou Carlos César. O líder socia-lista açoriano realçou que “os Açores são aregião do País com a mais elevada taxa de exe-cução de fundos europeus e que o seu Produ-to Interno Bruto (PIB) cresceu de 75 para 82por cento da média do PIB nacional”.

“Estamos no caminho certo e confiantesde que venceremos a renovação do nossomandato governativo” disse Carlos César.

Carlos César vai condidatar-se a mais ummandato e espera voltar a ganhar em 2008

Quando os socialistas chegaram aoPoder em Novembro de 1996 “a regiãoestava à beira da falência, e não sepagava a fornecedores há ano e meio”

Carlos César

Acidentes: 6 em cada 10condutores fogem

História dos baleeirosaçorinos na Califórniaagora em livro

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6 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

Quem é a Lizzy? E a Mallery?Conheci a Lizzy em San Diego quando, por

coincidência, a selecção das cinco quinas se es-treava no último Mundial de futebol e acabariapor derrotar a sua congénere de Angola, inici-ando assim excelente prestação na Alemanha.

Nesse domingo inesquecível, com umtempo e sob um céu maravilhosos, havia ale-gria a rodos entre a Comunidade Portuguesade San Diego, celebrando-se ali — por sualouvável intenção e inabalável vontade — aFesta da Santíssima Trindade e o Dia de Por-tugal, de Camões e das Comunidades Portu-guesas. Tudo muito bem planeado, algumapompa e circunstância, uma pequena-grandemultidão a exsudar felicidade, devoção e cris-talino fervor patriótico.

Pensaram os organizadores — e pensarambem — que indo jogar-se no dia da Festa umimportantíssimo desafio de futebol em terrateutónica opondo a selecção nacional a An-gola, o melhor seria instalar no grandioso sa-lão de festas do clube português uma televi-são do tamanho mais descomunal que fossepossível encontrar, de forma a assegurar a pre-sença do público e “se matassem três coelhosde uma cajadada” — Festa da Santíssima Trin-dade, Dia de Portugal e, claro está, um exci-tante Portugal — Angola em futebol.

E assim foi. Logo pela manhã houve mis-sa na acolhedora igreja de Santa Inês ondeactua um coro de vozes femininas e masculi-nas que cantam ‘A Portuguesa’ divinalmente,

como num sonho, com uma estridência aomesmo tempo suave e penetrante, com a me-lodia dos tentilhões desafiando a invernia dogalho mais alto do plátano nu.

É precisamente na igreja de Santa Inês queao ouvir-se o nosso Hino a adrenalina de umapessoa que se preze e orgulhe de ser portugu-ês começa a correr nas veias tão aceleradamen-te que parece que o corpo fica como queincandescente, como que a arder, como queem brasa…

Logo após a missa formou-se a procissão,que saíu da igreja e seguiu até ao átrio da as-sociação, percorrendo-se assim um curto eagradável trajecto numa romagem de fé. De-pois, às instalações do clube - de ambienteconvidativo, de fachada sugestiva e de exce-lente interior, as mesas postas com gosto etudo a sugerir extremo cuidado - iam che-

gando os convivas, aguçan-do o “apetite” para o intri-gante Portugal - Angola epara as tradicionais e sem-pre deliciosas sopas.

Foi então que chegou aoclube a minha nova amigui-nha de San Diego, a Lizzy.A menina mais linda domundo. Trazia umvestidinho bonito e simples,verde-marinho, cor dos seusolhos, que irradiam cora-gem, que difundem espe-rança e luz, que ensinam aomundo o que é bravura.

A Lizzy não vinha só. Acompanhava-a airmã Nazaré e algumas das suas amigas, todascrianças da sua idade. Trazia também, bemchegada a si, a Mallery, que segurava por umatrela diferente das trelas comuns. A Mallery,que no mundo dos canídeos ocupa um lugarúnico pois trata-se de uma cadelinha “goldenretriever” especial. Tem um olhar meigo edeitada aos pés da Lizzy parece querer “di-zer” ao mundo, com o seu olhar doce e aten-to, que está ali no cumprimento de uma fun-ção, no desempenho de grande responsabili-dade, que está ali para olhar pela Lizzy!

E eu fiquei a olhar, emocionado, para aLizzy, sentada e a dar-a-dar com as pernitas -que é o que fazem sentadas numa cadeira to-

das as crianças da sua idade.E fiquei a apreciar os “sinais” da Mallery,

protegendo a Lizzy contra qualquer perigo.Protegendo-a incondicionalmente.

Não descansei enquanto não dei umbeijinho à minha nova amiguinha de SanDiego. E foi a sua Mãe, Teri, esposa do Ron,o pai da Lizzy, quem nos proporcionou o en-contro. Eu e a Lizzy ficámos desde logo ami-gos. Amigos por toda a vida. Perguntei-lhe sea Mallery era a sua melhor amiga. Respon-deu-me que sim, que era.

Mas eu não saberia contar a história daLizzy com o rigor com que deve ser contada,pelo que insisto que seja a Amanda a fazê-lo.A Amanda é também uma amiga minha.Mora em San Diego e é uma jovem luso-ame-ricana de grande valor. Muito interessada pelaLíngua e Cultura portuguesas vai a Portugalaperfeiçoar o seu já excelente Português sem-pre que pode. Canta muito bem. É irmã doPaulo, um excelente músico e ele, tal como airmã, tem um trato cativante. A Amanda e oPaulo são filhos do casal Idalmiro e Filomenada Rosa, que por sua vez são dois esteios daComunidade, com a qual participam activa-mente, ajudando-a a unir-se, ajudando-a afortalecer. Recebem como ninguém. Há al-

por Edmundo Macedo

Lizzy e a cadela Mallery:unidas na doença e no amor pela vida

Lizzy rainha da festa da Santíssima Trindade

Lizzy após a operação cirurgica

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 7

We all pray for miracles in times of needand for one Portuguese nine year-old, thismiracle came to her in the form of a friendlypooch. In a matter of two weeks, a life-changing journey and heart-warming storywas created with that of Lizzy Simas and herdog, Mallery.

Lizzy Simas, daughter of Teri and RonSimas, and also a 2005 weekly queen, suffersfrom what is known as Temporal LobeEpilepsy with which she has experiencedunexpected seizures, has difficulty regulatingher own body temperature, and has surviveda stroke. She also has a degenerative bonedisease called Perthes Disease with which shehas had multiple surgeries on her left hip,making it very difficult for Lizzy to walklong distances.

With the support and sponsorship of petsupply manufacturers Petco and Milk-Bone,Lizzy and her mom Teri had the opportunityto travel to Alpharetta, Georgia where sheattended a camp for two weeks of service dogtraining. Through this organization calledCanine Assistants, Lizzy was to be matchedwith one dog that was going to become hervery own service dog! At this camp, Lizzywas able to meet, greet, and train withdifferent dogs to see which one she was mostcompatible with.

At the end of their two-week stay inGeorgia, along with Lizzy’s top three choicesand with expert observations, Lizzy wasmatched with a beautiful golden retrievernamed Mallery. Mallery is physically thesmallest of the dogs at Canine Assistants,and is one of her nine brothers and sistersthat train there at the camp. Lizzy andMallery seem to be the perfect match! Theyboth beamed with contentment as the matchwas announced. In working with Lizzy,Mallery has learned commands such as “goget mom” and “better hurry” which waslearned to make Mallery’s trips to nature’scalling a bit swifter.

Mallery must go everywhere with Lizzyand be with her at all times. Sheaccompanies Lizzy on the school bus, onvisits to the doctor and to church. While inGeorgia, they spent a few nights togetherand even got to ride on the merry-go-round.Despite Mallery’s tendency for motionsickness, all went well. The union has provedto be one that will most positively changeLizzy’s life.

Todos rezamos pedindo um milagre em tem-

pos de necessidade e para uma menina portu-

guesa de nove anos este milagre chegou-lhe na

forma de uma carinhosa cachorrinha. Em ques-

tão de duas semanas criou-se uma emocionan-

te história que transformou a vida e a jornada

de Lizzy Simas e da sua cachorrinha Mallery.

Lizzy Simas, filha de Teri e Ron Simas e ra-

inha por uma semana em 2005 sofre de uma

doença conhecida como Epilepsia Temporal

Lobular que lhe tem causado imprevisíveis ata-

ques e provocado dificuldade em regular a tem-

peratura do seu corpo. Lizzy também sobrevi-

veu a um derrame cerebral. Tem de igual modo

uma doença óssea degenerativa chamada

Perthex, que levou a numerosas intervenções

cirúrgicas na anca esquerda, o que lhe torna

difícil caminhar longas distâncias.

Com o auxílio e o apoio de Petco e de Milk

Bone, fabricantes de artigos para animais de

estimação, Lizzy e sua mãe, Teri, conseguiram

a oportunidade de se deslocar a Alpharetta, no

Estado americano da Geórgia, onde Lizzy fre-

quentou por duas semanas sessões num centro

que treina cães destinados a auxiliarem inváli-

dos. Por meio desta oganização, denominada

Canine Assistants, Lizzy adaptou-se a viver com

uma cadelinha que iria ser a sua auxiliar! Neste

Centro Lizzy pôde lidar e treinar-se com vários

cães até encontrar o que fosse mais compatível

com ela.

Ao cabo das duas semanas na Geórgia, ao

determinarem-se as três melhores opções de

experimentados peritos, Lizzy ajustou-se a uma

linda cadelinha de raça “golden retriever” que

dava pelo nome de Mallery. Mallery é fisicamen-

te o mais pequeno dos animais de Canine

Assistants, um dos seus nove irmãos e irmãs

sendo treinados neste centro.

Lizzy e Mallery parecem ser o par ideal!

Ambas exultaram de alegria quando o ajuste foi

anunciado. Trabalhando com Lizzy, Mallery

aprendeu ordens como “Vai buscar a mamã” e

“Despacha-te”, o que torna um pouco mais rá-

pidas as idas de Mallery ao quarto de banho.

Mallery tem de andar sempre com Lizzy e

estar sempre ao seu lado. Acompanha Lizzy no

autocarro da escola, nas consultas com o médi-

co e na igreja. Enquanto estiveram na Geórgia

passaram umas noites juntas e andaram mes-

mo no carrossel. Apesar da tendência da Mallery

a sentir tonturas, tudo correu bem.

Esta união resultou no mais positivo câmbio

na vida de Lizzy.

gumas semanas convidaram-me e a minhamulher para jantar em sua casa. Não nos ser-viram apenas um jantar, serviram-nos ummanjar delicado e ofereceram-nos uma reu-nião de verdadeiro deleite pois a Filomena eo Idalmiro recebem de peitos abertos, comhospitalidade, com elegância.

Voltando à Lizzy — e antes de “dar a pa-lavra” à Amanda, que escreve muito bem —direi apenas que as condecorações e medalhasdeveriam não só distinguir pessoas das Ciên-cias, das Letras, etc., como também todas as“Lizzy” do mundo. Pela coragem que reve-lam perante a terrível doença. Pela dignidade

que exibem no seu confronto diário com adeslealdade da temível Vida. Pela sua infinitabeleza, que nenhum Mal destruirá.

Nenhum Mal destruirá a minha amigui-nha Lizzy! Uma pequenina heroína!

Darei agora a palavra à Amanda.

A Companheira Perfeita*por Amanda Marie da Rosa

The Perfect Companionby Amanda Marie da Rosa

* tradução de Eduardo Mayone Dias

Com a irmã e uma amiga

Edmundo Macedo cumprimenta a menina Lizzy

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8 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

AMANDA DA COSTAAMANDA DA COSTAA «estrela» portuguesa da selecção de futebolfeminina americana de sub-17

por Cândido Mesquita e António Oliveira

foto Cândido Mesquita

Dizem que o futebol é um deporto masculino, mas naAmérica quem manda são as mulheres. Basta ver ossucessivos troféus conquistados pela selecção norte-americana e a quantidade de praticantes femininos

de “soccer” nas escolas, clubes e outras associações. Não admi-ra, pois, que de entre tantas jovens no desporto rei haja tam-bém muitas portuguesas. Amanda da Costa é uma delas que,apesar da sua tenra idade, atingiu já a maioria apenas podesonhar: ser seleccionada para a selecção americana de futebol.

Um sonho de criançaAmanda da Costa nasceu na cidade de Yonkers, em Nova

Iorque, e desde pequena que desenvolveu uma aptidão inatapara a prática do futebol. Diz o avô que praticamente desdeque começou a andar começou a pontapear a bola e aos 4 anosde idade dizia já que queria ser uma jogadora de futebol. Aescola abriu-lhe as portas do futebol, mas foi em Sommers,cidade para onde a família se mudou era ela ainda pequena eonde o entusiasmo pelo futebol está acima de qualquer outrodesporto praticado pelas camadas mais jovens, que começou apraticar o futebol a sério nas equipas de jovens. Aqui aprendeutácticas e apurou qualidades com os seus treinadores e natu-ralmente deu nas vistas pela sua técnica.

A sua humildade, alegria de menina, boa disposição e agrande arte de bem jogar futebol cedo sobressaíram entre assuas companheiras de equipa, e foi com naturalidade que foiganhando respeito e fama, sendo sempre considerada uma dasmelhores futebolistas nos jogos que disputa nas múltiplas equi-pas por onde já passou, o que lhe valeu ser reconhecida comouma das grandes promessas do futebol feminino norte-ameri-cano. Foi campeã várias vezes com as Monroe United sub-17,e o ultimo titulo foi já alcançado nos sub-18 da US Club Soccer.Nos seus últimos jogos pelas Monroe, Amanda marcou 9 go-los e assistiu mais 2.

Treinar para ser a melhorAmanda não se iludiu com os prémios e continuou a tra-

balhar duro, a treinar com mais afinco e a perseguir o seu so-nho de ser um dia uma jogadora profissional.

A recompensa pelo seu esforço acabou por chegar. Hámuitos anos observada pela região 1 do programa olímpicoamericano, a Amanda da Costa teve este ano o merecido prémio

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 9

O objectivo de Amanda da Costa é chegar àselecção «A», mas sem esquecer os estudos

Com a selecção norte-americana de sub-17

Com o pai, Rui Costa

Em grande estilo

foto Cândido Mesquita

foto Cândido Mesquita

foto Cândido Mesquita

este ano ao ser convocada para a SelecçãoNacional Americana Feminina de sub-17.(U.S. Under-17 Women’s National Team) queno passado mês de Abril se deslocou a Sunrise,Florida, para estagiar sob as ordens da treina-dora principal Erica Walsh. A jovem luso-des-cendente agradou à treinadora que em Julhoa convocou para integrar a selecção norte-americana na sua deslocação à Suécia integra-da na equipa sub-17 do U.S.Soccer Women’sNational Team.

A selecção americanaPara Amanda, a chamada à selecção nor-

te-americana foi o concretizar de um dos seussonhos, pois alem do futebol a jovem preten-de igualmente concluir um curso superiornuma universidade, conciliando os estudoscom o desporto. E isso até nem deverá serdifícil, pois, como se sabe, as universidadesamericanas dão bolsas de estudo muito gene-rosas aos grandes atletas que queiram, inte-grar as suas equipas. Amanda recebeu ofertasde várias e decidiu-se pela Florida StateUniversity, uma das mais conhecidas pela sua

ligação ao futebol.Em 2005 a Amanda tinha já percorrido

vários estados americanos, entre os quais NewJersey, Virginia e Texas, integrada na Região1 do programa Olímpico. Como atleta, des-taca-se pela sua velocidade, criatividade e téc-nica, especialmente no meio campo.

Amanda disse à “ComunidadesUSA” queo seu objectivo agora é continuar a trabalharpara chegar à selecção A de futebol feminino

dos Estados Unidos. Até lá, Amanda vai con-tinuar a deliciar-nos como seu futebol bonito e rá-pido, à boa maneira doscraques lusos. Este anovai integrar a equipa daUniversidade da Floridae quem sabe se não a ve-remos em breve na tele-visão a disputar um jogo,talvez, contra Portugal.

Família oriundade Gouveia eAnadia

Amanda da Costa énatural de Yonkers, NewYork, cidade onde nas-ceu em Outubro de

1989. É filha de Rui da Costa, natural deMoçambique, de uma família proveniente deGouveia, e de Adelaide Ferreira da Costa, deChipar de Baixo, concelho de Anadia. Os paisemigraram para os Estados Unidos em 1977e desde então a família Costa tem estado liga-da ao negócio da mecânica, sendo actualmenteos proprietários da Auto &

Electric Repairs, em Yonkers, New York.Os avós são figuras também bem conhecidas

e queridas da comunidade portuguesa deYonkers, com fortes ligações ao PortugueseCommunity Center e à igreja portuguesa.

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10 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

Qual a razão da mudança do nome donome bcpbank para Millennium?

Acima de tudo trata-se de adoptarmos um“trademark” que no pouco tempo de vida quetem, e que quando foi adoptada pelo nossogrupo juntou várias marcas numa única mar-ca, que tem méritos reconhecidíssimos. Empouco tempo de existência, a notoriedade quea marca ganhou foi impressionante. Para nóstrata-se de capitalizar uma boa experiência,que foi a operção em Moçambique, e tam-bém integrarmo-nos melhor com o grupo. Aidentificação com o grupo é agora mais di-recta e imediata, e existem grandes sinergias avários níveis, nomeadamente campanhas demarketing e produtos, até. Por isso, e apesarde termos mudado há relativamente poucotempo aqui nos Estados Unidos de Atlânticopara bcpbank, vimos que as vantagens são detal forma claras que decidimos avançar como projecto e fazê-lo muito rapidamente.

E quando há uma mudança destas numbanco, isso implica um aumento imediatono volume de negócios?

Sim. Por exemplo, quando mudámos a de-

signação de Atlântico parabcpbank, com apenas 2 anose meio de existência do ban-co neste país, verificámosque ao mudar a marca, e ob-viamente com todas as cam-panhas que fazemos, poistemos de contactar os clien-tes e tentar aproximar-nosnovamente, só isso por si éum elemento de acréscimode notoriedade. Depois,com uma mudança de marca vem sempreatrás disso um elemento de dinamismo novo,de energia e de venda dessa nova marca sem-pre com efeitos muito positivos.

Neste caso particular, nós até já temos aexperiência dos resultados em outras praças,em que eles superaram as expectativas. Porisso foi com grandes garantias que avançámospara a mudança aqui nos Estados Unidos.

O facto do bcpbank adoptar a marca dacasa mãe significa que as directrizes vêemagora de Lisboa, ou este continua a ser umbanco autónomo na sua gestão?

Continuamos a ser autónomos na nossagestão. Esse é um princípio muito claro no

nosso grupo. O banco nos Estados Unidos éum banco autónomo que tem um accionistaque é um grande grupo financeiro internaci-onal. O objectivo é ganharmos a experiência,e podermos capitalizar na experiência da ges-tão e no “know how” e no saber fazer que ogrupo tem. Depois, também, aproveitarmosmuitas das sinergias do grupo e as práticasque em alguns bancos do grupo são das me-lhores internacionais, para as implementaraqui nos Estados Unidos, adaptadas aos re-gulamentos locais. Isso tem sido feito, é feitoe vai ser feito, mas este é um banco indepen-dente com os seus próprios órgãos de decisãoe de gestão locais.

PEDRO BELO EXPLICA A MUDANÇA DE BCPBANK PARA MILLENNIUM

“Capitalizar uma boa experiência e integrarmo-nosmelhor com o grupo” Millennium

Menos de três anos depois de ter mudado o seu nome deAtlântico para bcpbank, o banco dirigido por PedroBelo volta a trocar a designação, desta vez paraMillenium bcp, adoptando a marca da casa mãe emLisboa. Esta mudança, explicada por Pedro Belo na en-

trevista que concedeu à “ComunidadesUSA”, não vai alterar a filoso-fia do banco que mais rapidamente cresceu nos Estados Unidos nosúltimos anos, distinguido a vários níveis e por diferentes instituiçõesnão só pela inovação que trouxe à banca americana, mas tambémpelo papel filantrópico e social que tem desenvolvido nas comunida-des onde está inserido. Pedro Belo justifica estas distinções como umsucesso colectivo onde todos têm uma “responsabilidade social” muitoimportante, a começar pelas pessoas, pelos colaboradores e pelos cli-entes. “A responsabilidade social das instituições hoje em dia é criti-ca”, diz. E apesar da dimensão do banco ser ainda pequena, Beloreconhece, com algum orgulho, que o agora Millennium bcp é já“uma referencia que ultrapassa em muito a dimensão que o bancotem”. “E isso claramente pelas contribuições que trouxemos a váriosníveis”, nomeadamente a “responsabilidade social”.

entrevista de ANTÓNIO OLIVEIRA

Pedro Belo, CEO do Millenium bcp na América

foto ComunidadesUSA

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 11

Esta mudança da marca é também umaaproximação àquela comunidade portugue-sa que ainda não aderiu ao bcpbank mas queconhece o Millennium de Portugal?

Sim, é claramente. Aliás, já tivemos pes-soas na áreas de Massachusetts que nos disse-ram perceber agora melhor a ligação com ogrupo. É que quando uma pessoa viaja paraos Açores ou continente não vê em nenhumsítio a marca bcpbank. Obviamente a novamarca tem um relação directa com o grupo eé fortíssima por causa das cores (magenta),não passando despercebida a ninguém. Anotoriedade que os nossos balcões ganhamcom as novas cores é impressionante.

Nos Estados Unidos o agora Millenniumcontinua a ser um banco comunitário? Aabertura de novos balcões tem sido feita sójunto das comunidades para as quais o ban-co está mais orientado. Não pretendem ex-pandir-se para outros mercados mais ameri-canos, digamos assim?

Nós somos um banco comunitário e issoestá bem patente na nossa filosofia e plano denegócios. Por definição, um banco comuni-tário é um banco que satisfaz as necessidadesdas comunidades onde está implantado. Daítermos decidido começar pelas comunidadesque já nos conhecem e que têm algo a verconnosco. Há um relacionamento óbvio coma comunidade portuguesa, mas também coma comunidade brasileira e grega, por causa dapresença do Millennium nestes países. Por-tanto, estas são as comunidades onde pode-remos apresentar-nos desde já com algunsprodutos específicos que não temos ainda paraas comunidades bancárias em geral ou paragrupos étnicos que não tenham afinidadeconnosco. Depois é uma questão de ganhar-mos massa critica para nos podermos expan-dir para outros grupos étnicos. Mas para jáainda temos a oportunidade de crescer muitonaquilo que definimos como os mercadosprioritários.

Numa entrevista de há 2 anos o senhordisse que havia mercado para o entãobcpbank abrir nos Estados Unidos 70 bal-cões. Essa ambição continua de pé?

Sim, continua. Neste momento estamosnuma fase de consolidação interna e o pro-cesso de expansão vai ser mais lento do quetínhamos previsto inicialmente. Hoje estamosnuma fase de reforçar as estruturas de con-trole interno.

O que quer isso dizer?

Quer dizer que temos de nos preparar beminternamente para gerirmos um banco comum dimensão maior.

Foi por isso que o bcpbank abandonouo mercado canadiano, vendendo todos osbalcões?

Não. Trata-se de dois mercados distintos.O mercado canadiano não oferece as perspec-tivas de crescimento que os Estados Unidostêm. Enquanto aqui existem cerca de 9000bancos e uma prática de banca comunitáriamuito forte, onde as comunidades gostam detrabalhar com o seu banco, no Canadá os 5maiores bancos dominam 90 por cento domercado bancário geral. Aqui o cliente podeter 4 ou 5 contas em diferentes bancos (oempréstimo à habitação num, o cartão de cré-dito noutro, a conta de cheques noutro e as-sim sucessivamente); no Canadá, e tambémna Europa, não é assim, pois existe a tendên-cia de os clientes terem um banco, o seu ban-co. E com ele fazem tudo. Portanto o cresci-mento não é tão fácil como aqui. Perante isso,decidimos sair do Canadá e concentrar esfor-ços e recursos (humanos e de capital) nos Es-tados Unidos.

A estratégia de expansão do agoraMillenium continua a ser abrir balcões deraiz para se implantar junto das comunida-des, em vez de comprar outros pequenosbancos?

Sim. Houve pequenas excepções, mas foiapenas para obtermos a licença para poder-mos trabalhar em outros estados. Foi o casoda compra de uma sucursal do Apple Bankem New York, e de uma sucursal pequeníssimado Euronoco Savings, em Massachusetts. Acompra foi apenas um instrumento e não tra-duz a nossa política estratégica de crescimen-to, que continua a ser organicamente com aabertura de novos balcões.

E para quando a expansão para outrasáreas do estado de New York onde residemcomunidades portuguesas?

Os estudos desse mercado estão concluí-dos e a expansão ocorrerá a médio prazo. Masserá difícil isso ocorrer já em 2007.

No início do ano o então bcpbank lan-çou uma campanha de abertura de novascontas sorteando um automóvel. O senhordisse na altura que essa campanha trouxe aalguns balcões um crescimento de negóciosde mais de 300 por cento. De que comuni-dades são oriundos esses novos clientes?

Sobretudo da comunidade portuguesa eluso-descendente, mas também da brasileirae hispânica.

E quanto à comunidade grega?A nossa experiência em Astória, New York

(onde reside uma importante comunidade deorigem grega) foi muito positiva e por issoabrimos em Setembro um segundo balcãonessa área.

Mas a comunidade portuguesa continuaa ser a predominante nos negócios doMillennium nos Estados Unidos?

Sim.Este crescimento do agora Millennium

nos Estados Unidos relaciona-se tambémcom o facto dos clientes poderem enviar re-messas para Portugal directamente da suascontas aqui. Acha que se não houvesse essapossibilidade o sucesso teria sido o mesmo?

Não teria sido tão imediato e tão rápido.Nos Estados Unidos há projectos bancários deraiz que têm êxito. O nosso crescimento foibastante mais rápido do que a média potenciadopor esse “produto estrela”. Na abertura, esse erao produto que chamava as pessoas. Mas houvemuitos outros factores, como o modelo de ne-gócio que trouxemos para os Estados Unidos, aqualidade dos balcões e das pessoas que contra-támos, dos sistemas informáticos com que co-meçámos. Poucos bancos começam com o ní-vel de serviços idêntico ao nosso. Geralmentecomeçam com o “outsorcing” de tudo, comcustos bastante baixos, e portanto depois o cres-cimento é mais lento. Ora, nós começámos logocom a plataforma completa, e praticamentetudo é feito pelo grupo.

Seis anos volvidos após a criação destebanco de raíz nos Estados Unidos, que ba-lanço faz, quer a nível pessoal, quer dos ne-gócios do banco?

Estou muito satisfeito, mas ainda há mui-to caminho para percorrer. Nós pertencemosa um grupo de uma dimensão bastante rele-vante na Europa e agora é preciso que tam-bém nos Estados Unidos ela se afirme. Ago-ra, como todos os projectos que crescem e cres-cem muito, há um momento em que têm deparar e consolidar para relançar a segunda fase.E é aí onde nós estamos hoje.

Objectivo do Millennium é continuar a crescer e expandir-separa outros mercados onde residem comunidades portuguesas

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 13

CONSELHO DAS COMUNIDADESdos Estados Unidos e Bermuda

A secção dos Estados Unidos doConselho das Comunidades Por-tuguesas queixa-se do mesmo quetodas as outras secções do CCPespalhadas pelo mundo, ou seja,

de ser ignorada pelos governantes portugue-ses, sobretudo pelo secretário de Estado dasComunidades, António Braga, a quem acu-sam de não cumprir a lei, de não os ouvir nas

NINGUÉM QUER OS SEUS CONSELHOS...

O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) é o órgão consultivo do Governo para aspolíticas relativas à Emigração e às Comunidades Portuguesas e representativo dasorganizações não governamentais de portugueses no estrangeiro, enquanto expressão decapacidade criativa e integradora e dado o seu particular relevo na manutenção,aprofundamento e desenvolvimento dos laços com Portugal, bem como dos elementos dasComunidades que, não fazendo parte de qualquer dessas organizações, pretendemparticipar, directa ou indirectamente, na definição e no acompanhamento daquelaspolíticas.Os membros do CCP são eleitos por círculos eleitorais correspondentes a países ou gruposde países, a regulamentar pelo Governo, por mandatos de quatro anos, por sufrágiouniversal, directo e secreto.

Conselho das Comunidades: o que diz a leiConselho das Comunidades: o que diz a leiConselho das Comunidades: o que diz a leiConselho das Comunidades: o que diz a leiConselho das Comunidades: o que diz a lei

O Conselho das Comunidades dos Estados Unidos e Bermuda (Não está na foto João Santos)

foto AOL (ComunidadesUSA)

questões da emigração e de não ser sensívelaos problemas das comunidades. AntónioBraga defende-se afirmando que o governonão é obrigado a pedir as opiniões dos Con-selheiros em todas as questões de emigração eque só o faz quando bem o entender. AntónioBraga não terá também visto com bons olhoso facto do Conselho Permanente do CCP terpedido audiências directamente ao então mi-nistro dos Negócios Estrangeiros, Freitas doAmaral, e frequentemente enviar pedidos deesclarecimento a ministros e políticos.Alegadamente, António Braga não terá gos-

tado de ter sido “ultrapassado” nestes contac-tos, mas os conselheiros defendem-se afirman-do que o fizeram porque o secretário de Esta-do pouco ou nada lhes liga.

Como se isto não bastasse, o deputado doPS Paulo Pisco, responsável pela secção daEmigração dos socialistas, escreveu recente-mente num jornal português que o Conselhose estava a “pôr em bicos de pés”, ao preten-der afirmar-se como poder que não é. Estas eoutras declarações do género, bem como aproposta do governo de alteração da lei queregulamenta o Conselho das Comunidades eque prevê uma redução do número de conse-lheiros eleitos e a nomeação de outros, umanovidade que a totalidade dos actuais conse-lheiros rejeitaram desde o início, e a reduçãodas verbas inscritas no Orçamento de Estadode 2007 para a Emigração “incendiaram” asrelações entre a Secretaria de Estado das Co-munidades e o Conselho Permanente, queameaçou mesmo demitir-se em bloco e assimpôr por terra, mais uma vez, este projecto departicipação política e cívica dos emigrantesportugueses.

António Braga desvaloriza polémicaAntónio Braga tentou desvalorizar estas

polémicas antes da reunião do Conselho Per-manente, em Lisboa, no fim de Outubro, ealterou uma sua viagem ao exterior para seencontrar com os conselheiros numa reuni-rão que deveria durar meia hora e acabou porprolongar-se por mais de três. O ConselhoPermanente aprovou mesmo uma moçãointitulada “Apelo ao respeito pelo Conselhodas Comunidades” onde se afirma, nomea-damente, que “o governo continua a não teruma política para as comunidades”, “não temconsultado o Conselho” e “não tem dado res-postas aos problemas que lhe são apresenta-dos pelo Conselho”. E dão exemplos como acontagem de tempo para efeitos de reformados ex-militares residentes no estrangeiro, atarifa única para os Açores, o problema dadupla certificação de prova de vida e de pre-enchimento do formulário Mod. 11 para ospensionistas de Macau, entre outras.

Mas os desentendimentos com António

por ANTÓNIO OLIVEIRA

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14 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

Eleitos em 2003 para aconselharem o governo em questões de emigração,dizem-se ignorados pelo governo e queixam-se de que ninguém os ouve...

Os Conselheiros das Comunidades com o embaixador de Portugal em Washington, Pedro Catarino (centro) e os Conselheirosda Embaixada, António Gamito, José António Galaz e Manuel Silva Pereira

foto AOL (ComunidadesUSA)

Braga não se ficaram por aqui e gerarammesmo alguma tensão entre as partes, nome-adamente no que diz respeito ao ensino doportuguês, uma área onde todos têm queixas,particularmente os conselheiros dos EstadosUnidos, há um ano sem coordenador do en-sino nem um rumo ou orientação em relaçãoao futuro.

Já em Setembro, na sua reunião semestralque decorreu em Newark, New Jersey, a sec-ção local do CCP protestou veementementecontra este abandono a que os cerca de 3200alunos, 60 escolas e mais de duas centenas deprofessores foram votados. Na altura a secçãolocal do CCP reagia às notícias que davamcomo eminente a nomeação, por parte de Lis-boa, de dois coordenadores do ensino para osEstados Unidos, um para a costa leste outrapara a costa este, sem que os Conselheiros ti-vessem sido ouvidos na matéria, pois já noprincípio do ano, na sua reunião em Washing-ton, tinham “recomendado” ao governo quefizesse essa nomeação de entre os professoresde português nos Estados Unidos, mais co-nhecedores da realidade no terreno.

Ensino do Português no maiscompleto abandono...

Diniz Borges, o presidente da secção lo-cal do CCP, afirmou nessa altura à imprensaque o Conselho continuava a ser “ignoradopelas autoridades portuguesas, que não res-peitam a lei e não nos ouvem nas questões daemigração”.

“Lamentamos mais uma vez a falta deauscultação do Conselho e a não aceitação danossa proposta, que previa a nomeação de trêscoordenadores — um para a área de NovaIorque/Nova Jérsia/Pensilvânia e Washington,outro para a área da Nova Inglaterra e outropara a zona da Califórnia”, disse ainda na al-tura Diniz Borges.

“Nós defendíamos que os coordenadoresfossem nomeados de entre os professores re-sidentes nos Estados Unidos da América, osúnicos conhecedores da realidade norte-ame-ricana e da realidade das nossas comunida-des”, explicou aquela fonte, lamentando queas autoridades portuguesas continuem a nãover utilidade em encontros com as autorida-des escolares norte-americanas com vista àassinatura de acordos nesta área.

“Era importante que qualquer políticoportuguês que visita os Estados Unidos man-

tivesse encontros com os responsáveis do en-sino quer a nível estadual, quer federal comvista à expansão do ensino da língua portu-guesa nos currículos escolares americanos”,defendeu Diniz Borges.

Afinal, António Braga parece que “cortouas voltas” aos Conselheiros ao anunciar nareunião de Outubro, em Lisboa, que a ques-tão estava longe de ser resolvida e que os co-ordenadores seriam nomeados por concurso.O que, mais uma vez vai contra o que“ComunidadesUSA” soube junto de uma fon-te do Ministério, que não quis ser identificada.Esta fonte disse que estava já nomeado umconselheiro para a Califórnia, neste caso umaex-leitora do Instituto Camões, casada comum professor norte-americano, e que a essacoordenação ficaria sediada na Universidadeda Califórnia Stanislaus, em Turlock.

Na mesma reunião de António Braga como Conselho Permanente das Comunidades,em meados de Outubro, em Lisboa, os âni-mos entre o secretário de Estado e os conse-lheiros dos Estados Unidos “incendiaram-se”quando António Braga afirmou que as esco-las comunitárias de Língua Portuguesa nosEstados Unidos funcionavam sem condiçõesnem professores habilitados. Os dos conse-lheiros eleitos pelos Estados Unidos presen-tes na reunião ter-se-ão levantado para aban-donar a sala no que foram contidos pelos res-

tantes conselheiros e a reunião prosseguiu masas relações com António Braga terão ficadogeladas até ao fim.

Curiosamente, este secretário de Estado éo mesmo que, há uns anos atrás, visitou algu-mas áreas consulares dos Estados Unidos in-tegrado numa comissão parlamentar para seinteirar do estado do ensino da língua portu-guesa, ignorando todos os relatórios que du-rante anos a Associação de Professores de Por-tuguês dos Estados Unidos e Canadá, a orga-nização do Encontro Anual de Professores dePortuguês e o Conselho das Comunidades (oactual e o anterior) enviaram para Lisboa aolongo dos últimos 20 anos. Desconhecemosse terá sido a informação recolhida duranteessa viagem que terá levado António Braga aafirmar, na mesma reunião de Outubro como Conselho Permanente do CCP, que as es-colas nos Estados Unidos funcionavam em“caves” (sic), sem condições nem professoreshabilitados. E visivelmente irritado com a re-acção dos conselheiros dos Estados Unidos aesta afirmação, o secretário de Estado terá ditoque os Estados Unidos terão um coordena-dor quando tiverem, o que leva a entender queeste país não figura entre as prioridades dogoverno de Lisboa no que diz respeito ao en-sino do Português. Estas afirmações são, noentanto, estranhas e insólitas, pois a maioriadas escolas comunitárias de Língua Portuguesa

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16 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

“O governo queria que todos nós nos calássemos a tudo eaplaudíssemos as suas decisões sem reservas”, diz um conselheiro

“É caso para perguntar se este partido político quermesmo um Conselho das Comunidades”, pergunta opresidente da secção local do CCP

existentes nas associações e igrejas espalhadaspelos Estados Unidos têm os seus cursos deLíngua e Cultura Portuguesa reconhecidos pordespacho do Ministério da Educação até ao4º, 6º ou 9º anos. E, de acordo com a lei emvigor, o funcionamento desses cursos só podeser reconhecido quando se registarem algu-mas condições, entre elas a existência de umespaço físico conforme (sala de aulas e edifí-cio) e pelo menos 2 terços de professores comhabilitação própria para a docência destescursos (licenciados em Português, História eEducação). Acresce ainda o facto de este re-conhecimento ser feito com base em parece-res do Coordenador do Ensino no país e daautoridade consular. António Braga pareceassim passar um atestado de mentirosos ouincompetentes a estes órgãos e aos seus funci-onários. Ou então não está actualizado, comoaliás não está a página do próprio Ministérioda Educação no que diz respeito ao ensinodo Português nos Estados Unidos em http://w w w . d g i d c . m i n - e d u . p t /portugues_estrangeiro/eua.asp, onde se podeainda ler que a Conselheira do Ensino de Por-tuguês para este país é a Dra Graça Castanho.Ora, esta Conselheira foi exonerada em 2005pelo governo ao qual pertence António Bragae deixou os Estados Unidos, e o cargo vaziodesde então, há mais de um ano.

Por outro lado, António Braga pareceuesquecer-se que nos Estados Unidos existemprofessores destacados pelo Ministério daEducação a leccionarem nas escolas comuni-tárias. E embora estes professores não rece-bam qualquer vencimento do Ministério daEducação, nem subsídios de nenhuma ordem,pois são pagos, alguns apenas simbolicamen-te, pelos pais dos alunos (aliás têm mesmo deassinar uma declaração onde atestam que acei-tam leccionar nos Estados Unidos “sem quais-quer encargos financeiros para o governoportuguês”), a verdade é que para serem des-tacados têm de ser professores com vínculoao Ministério e possuírem habilitação própria.

E era de entre estes professores destaca-dos que a secção local dos CCP gostaria dever saírem os novos coordenadores, pois são,segundo um fonte deste Conselho, “os maisinformados e os que melhorem conhecem oterreno”. Os conselheiros dos Estados Uni-dos lamentam que, embora este seja um dosproblemas que mais afecta a comunidade por-tuguesa residente nos Estados Unidos desdesempre, “nunca o governo português tenha

olhado para ela com vontade de a resolver”.“Não há vontade política nem uma políticapara o ensino do Português nos Estados Uni-dos”, disse à “ComunidadesUSA” DinizBorges, o presidente da secção local do CCP.Alguns conselheiros consideram , ainda, queas palavras de António Braga foram uma “bo-fetada” nas comunidades e nas associaçõesportuguesas que nos Estados Unidos têm, semqualquer apoio, promovido e divulgado a lín-gua portuguesa criando cursos e escolas pri-vadas com os parcos recursos e conhecimetnosque possuem. “É inadmissível que o secretá-rio de Estado desvalorize este trabalho”, disseà ComunidadesUSA um conselheiro,acrecentando que “nos Estados Unidos tudoo que tem sido feito pela língua portuguesaao nível do ensino básico se deve às comuni-dades”. Os outros conselheiros não enten-dem também estas declarações de desvalori-zação deste ensino comunitário quando o Mi-nistério da Educação se refere em todos osseus relatórios e na sua página da Internet aosmilhares de alunos que nos Estados Unidosaprendem a língua portuguesa nestas escolas.

Governo ignora ConselheirosMas do que mais os conselheiros se quei-

xam é que, nesta como em todas as outrasquestões, o secretário de Estado das Comu-nidades e o governo português nunca consul-taram o Conselho. Nem sequer cumpriram apromessa de avisar as secções locais sempreque um político português se desloca a essepaís. No caso dos Estados Unidos, AntónioBraga nunca se encontrou com os Conselhei-ros nem fez qualquer visita a estas comunida-des. Segundo o Conselho Permanente, desdeque este governo entrou em funções, já lá vão19 meses, apenas foi formulada uma consul-ta ao CCP. António Braga defende-se e dizque o governo não é obrigado a ouvir o Con-selho. Mas ninguém compreende a existênciade um órgão consultivo se ele não funcionar.

“Não compreendemos o ostracismo a quesomos votados pelas autoridades portuguesas”,diz José João Morais, vice-presidente do Con-selho Permanente do CCP e membro da sec-

ção local dos Estados Unidos. “Se o governoportuguês quiser ter conselheiros que digamámen a tudo e que não abram a boca, nãocontem connosco”, afirma, por sua vez, DinizBorges. Por outro lado, José João Morais la-mentou ainda que o Conselho Permanentesaiba quase sempre das intenções do governono que diz respeito à emigração através dacomunicação social.

“Esta tem sido a regra, pois em cerca de 8anos que já leva o Conselho, os 5 secretáriosde Estado que ocuparam a Secretaria de Esta-do das Comunidades pouco ou nada auscul-taram os conselheiros e nunca seguiram as suasrecomendações”, disse à “ComunidadesUSA”.Disto se queixa também constantemente oactual presidente do CCP, Carlos Pereira, quejá entrou em rota de colisão com AntónioBraga por diversas vezes. O secretário de Es-tado, como sempre, desvalorizou as polémi-cas, mas nos corredores da Secretaria de Esta-do das Comunidades, em Lisboa, passa noentanto a ideia que o Conselho está demasia-do “partidarizado”, sendo uma constante “dorde cabeça” para António Braga, figura queparece pouca dada ao dialogo e a negociações.Pelo menos com este Conselho que afirma sera proposta de revisão da lei do CCP que con-templa a nomeação, por parte dos cônsules elíderes comunitários, de Conselhos Consul-tivos, nada menos nada mais do que uma for-ma do Secretário de Estado “controlar” oConselho. O Conselho Permanente diz mes-mo que essa medida só vem causar “pertur-bações nas comunidades e sobrepor-se ao pró-prio Conselho das Comunidades”.

Diniz Borges acha que toda esta polémi-ca não é nova e advém do facto de Portugalnão ter uma política delineada para as suascomunidades, e por isso cada secretário deEstado e cada partido político defendem a sua.

“A questão aqui é saber se o governo querou não ter um órgão consultivo para assuntosde emigração das suas comunidades, ou pre-fere ter um grupo de homens e mulheres es-palhados pelo mundo a dizerem sempre améma todas as propostas do governo portuguêsrelativas às comunidades”, disse. “Porque, se

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 17

Os Conselheiros das Comunidades dos Estados Unidos e Bermuda durante uma reunião em Washington D.C. com o embaixadorde Portugal, Pedro Catarino, e com os Conselheiros Social e Cultural da Embaixada

96 é o número de Conselheiros eleitospelas comunidades portuguesasespalhadas pelo mundo

eleitores portugueses registados nos Estados Unidos

votantes nos Estados Unidosnas eleições de Março de 2003para o CCP

200.741

855

quer ter esse órgão consultivo, então deve res-peitar a legislação em vigor que prevê a aus-cultação do CCP, e as opiniões dos conselhei-ros”, acrescentou.

“A liberdade implica automaticamente di-ferenças de opinião, e eu não percebo esta polé-mica pois acho que há assuntos mais impor-tantes na emigração para serem discutidos”,disse ainda o presidente da secção local do CCP.

“Acho que o senhor secretário de Estadodevia entrar nos assuntos pertinentes das nos-sas comunidades e abstrair-se dessas polémi-cas, por exemplo vindo aos Estados Unidospara se inteirar dos problemas que afligemestas comunidades, nomeadamente o ensinodo português”, disse ainda lamentando que opartido que criou o Conselho da Comunida-des “eleito universal e democraticamente, sejaagora o mesmo que aposte em criar todas asdificuldades ao seu funcionamento, nomea-damente com a revisão da lei que propõe con-selheiros eleitos e nomeados”.

“É caso para perguntar se este partidopolítico quer mesmo um Conselho das Co-munidades, pois não só tem vindo a alimen-tar os entraves que foram criados pelo anteri-or governo e a criar outros”, disse.

Já para José João Morais, o problema re-side no facto deste Conselho ter “opinião” ede não se coibir em expressá-la em defesa dosemigrantes.

“Provavelmente o governo queria que to-dos nós nos calássemos a tudo e aplaudísse-mos as suas decisões sem reservas”, disse o vice-presidente do CCP.

“Nós temos consciência das nossas atri-buições e funções e sabemos bem qual é onosso papel de órgão consultivo”, acrescen-

tou ainda reagindo à acusação de Paulo Pis-co. “Mas também entendemos que fomos elei-tos e temos o dever de levar os problemas dasnossas comunidades até aos nossos políticos.Por isso, não adianta deslocarmo-nos a Por-tugal se for apenas para almoçar ou jantar comos políticos”, conclui João Morais.

Fazer relatórios e dar conselhospara ninguém os ler ou ouvir...

Neste tom alinham também os restantesconselheiros, pois desde que foram eleitos têmfeito chegar a Lisboa vários relatórios, mo-ções e recomendações sobre aquilo que maisaflige a comunidade portuguesa neste país,sem que daí tivesse resultado qualquer reso-lução na prática. Entre essas recomendações,e para além do ensino do Português que sefalou em cima, está a reestruturação consular,defendendo a secção local do CCP que sejanomeado um cônsul de carreira para a Flori-da, estado onde a comunidade portuguesacontinua a crescer, mesmo que isso signifiqueo encerramento de um dos 3 postos que ac-tualmente servem a área de Bóston, desde queo consulado extinto continue a funcionarcomo escritório.

No que diz respeito à reestruturação con-sular, o Conselho Permanente tem sido bas-tante crítico dos sucessivos governos, a quemacusam de não olhar aos interesses dos emi-grantes. São conta o encerramento de Con-sulados e da aproximação destes às comuni-dades, evitando a deslocação de muitas horasde emigrantes. Por outro lado, reclamam ser-viços mais profissionais e eficientes, céleres einformatizados e com mais poderes, nomea-

damente na área do apoio social e da anima-ção sócio-cultural. O Conselho Permanentereclama ainda uma melhoria das instalações eaumento de funcionários onde eles se justifi-cam. Neste aspecto, o CCP reclama tambémcondições de trabalho mais dignas para osfuncionários consulares e sugere que os côn-sules devem ter uma actuação mais virada paraa promoção de uma política de língua e cul-tura portuguesa, assim como para a promo-ção das relações comerciais entre Portugal eos países de acolhimento.

Por outro lado, e respondendo à chama-da de atenção frequente que os políticos por-tugueses fazem sobre a larga abstenção dosemigrantes nas eleições portuguesas, os con-selheiros dos Estados Unidos e Bermuda no-tam que esta questão só será resolvida comuma mudança no processo de recenseamen-to, propondo que ele se faça de uma formadescentralizada, junto da associações comu-nitárias, permitindo a actualização rápida econstante dos cadernos eleitorais. AntónioBraga, porém, parece não estar inclinado parauma solução deste tipo e informou o Conse-lho Permanente na reunião de Outubro quedentro em breve abrirá na Internet um “Con-sulado virtual”. Desconhece-se em que mol-des esses “consulado” vai funcionar e se oemigrante pode ali fazer o seu recenseamen-to, tendo em conta a complexidade da legis-lação portuguesa que rege esta matéria. É porisso que a secção local do CCP recomendaque se tome em conta o sucesso das acções dedois conselheiros no estado de Massachusetts,que têm vindo a recensear centenas de com-patriotas nos clubes e associações locais, re-colhendo os seus dados para posteriormenteserem enviados aos respectivos consulados.

O Conselho da Comunidades Portugue-sas é composto por 96 conselheiros eleitos porsufrágio universal e directo pelos portuguesesresidentes no exterior. A secção local dos Es-tados Unidos integra 9 conselheiros eleitospelas áreas de Washington/Newark/NovaIorque/Connecticut, Nova Inglaterra eCalifórnia.

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QUEM SÃO OS 9 CONSELHEIROS ELEITOS PELOS ESTADOS UNIDOS

DINIZ BORGES, 48 anos, presidente dasecção local do CCP dos Estados Unidos.Natural da Praia da Vitória, ilha Terceira(Açores), de onde emigrou quando tinha10 anos. Pai de 2 filhos, reside em Tulare,Califórnia, onde exerce a actividade deprofessor de Português no ensino secun-dário e universiátrio. É também escritor,autor de livros de crónicas, e colaboradorde vários jornais, revistas, estações de rá-dio e televisão; foi o responsável pelaedição da antologia bilingue de poesiaaçoriana da diáspora “On a Blue Leaf”, ede vários outros livros; fundou e organi-zou durante 12 anos o simpósio literário“Filamentos da Herança Açoriana”, emTulare, co-fundou vários programas derádio e um jornal na Califórnia, um pro-grama de televisão em português, entreoutros; é consultor de várias associaçõesculturais e comunitárias, e organizou vá-rios encontros literários e para a juven-tude; foi coordenador de vários congres-sos, entre eles o XII Encontro de Profes-sores de Língua Portuguesa dos EstadosUnidos e Canadá, o XXX Congresso da Luso-American Education Foundation e mui-tos outros; é um activista comunitário delonga data, pertencendo a dezenas de as-sociações, comités e grupos de interven-ção cultural na diáspora e nos Açores. Foieleito para o CCP pelo círculo da Califórniae envolveu-se “para que as comunidadesda Califórnia tivessem uma presença noCCP” e por pensar “que o CCP poderia serum elo de ligação entre Portugal e adiáspora”. Para melhorar o Conselho su-gere “respeito e entendimento do gover-no português e melhor conhecimento doCCP nas comunidades”.

JOSÉ JOÃO MORAIS, vice-pre-

sidente do Conselho Permanente

CCP, presidente da secção regio-

nal do CCP (Estados Unidos e Ca-

nadá). Natural de Chaves, onde

nasceu a 10 de Junho de 1951.

Emigrou em 1968 e reside actual-

mente na Virgínia, onde é empre-

sário da construção civil. Desde

que chegou aos Estados Unidos

que está ligado às comunidades,

desde New Bedford, MA, a New

York, onde foi um dos fundadores

do Clube Português de Farminvillle

(Long Island). Na Virgínia foi tam-

bém o fundador do Virginia

Portuguese Community Center em

Manassas e membro da direcção

durante anos. A par da sua activi-

dade comunitária é um filantropo

e tem apoiado várias causas indi-

viduais e colectivas, quer nos Es-

tados Unidos, quer em Portugal.

Tem dado especial atenção ao en-

sino de Português, apoiando es-

colas e outras iniciativas, nomea-damente ligadas ao desporto. Faz

parte do CCP desde 1997 e é vice-

presidente do Conselho Perma-

nente desde 2003. Envolveu-se no

CCP para dará a sua ajuda na ten-

tativa de resolver os problemas

que afectam as comunidades, en-

volvendo o governo de Portugal na

sua resolução. Infelizmente diz

que o CCP não correspondeu às

suas expectativas, não só “porque

as comunidades ainda hoje não

sabem quem são os conselheiros,

mas também porque nem sabem

qual é o papel deles nas comuni-

dades. Isto na minha opinião é

culpa do Governo, e em especial

dos Secretários de Estado, alguns

Consulados, e em especial a me-

dia de Portugal que não divulga-

ram nada que tinha a ver com o

CCP”. “As culpas também são das

nossas associações, pois os con-

selheiros teriam um maior papel

junto do Governo se as associa-

ções se juntassem a nós nas nos-

sas batalhas contra o Governo”.

Para melhorar o funcionamento do

Conselho propõe:

“Informar e convencer as comu-

nidades a dar mais crédito aos

conselheiros, recensearem-se nos

consulados para termos números

suficientes para que os nossos

governantes saibam não só que

nós existimos, mas também que

podemos fazer diferença na polí-

tica, na economia, e até nas ma-

térias que tem que ver com todo

o desenvolvimento do nosso país

natal”.

MANUEL DIAS CARRELO é natural de Vale dePerdizes, Montalegre, onde nasceu em 1953. Emi-grou em 1992 e reside actualmente em Danbury,CT, onde trabalha no ramo do aluguer de equi-pamento. Tem um currículo extenso de ligação àcausa comunitária, tendo sido, nomeadamente,o fundador da escola de Língua Portuguesa JoséSaramago, de Waterbury, CT. É membro de vári-as associações portuguesas nos estados de CT,NY e NJ e defensor acérrimo das comunidades.Foi o organizador do II Encontro de Escolas deLíngua Portuguesa dos Estados Unidos e Cana-dá, foi professor e é actualmente o presidenteda Casa do Porto em CT, entre outros cargos emassociações locais, onde tem desempenhado umaimportante acção na dinamização cultural e so-cial. Faz parte do CCP desde 2003 e envolveu-se“para divulgar uma ideia de poder que nos fogee sensibilizar a emigração para a tomada dessaconsciência”. Diz que o CCP corresponde às suasexpectativas pois “o CCP, tal como as comunida-des, são marginalizados pelos diferentes gover-nos que governaram Portugal, até à presentedata. Uns e outros pouco fazem para que a situ-ação se modifique. Não desfazendo das boas in-tenções dos conselheiros”. Para melhorar o seufuncionamento sugere “projectar a tomada daBastilha: criar o partido que leve os Emigrantesaos 4 deputados da emigração, fora dos partidostradicionais que compõem a AR portuguesa”. De-fende ainda a luta pela “criação da Casa do Se-nado uma Câmara Alta onde estejam represen-tados senadores das províncias de Portugal, dasregiões autónomas e do CCP. Ou seja criar umórgão regional à custa da redução do número dedeputados”.

CARLOS MANUEL NOBRE é naturalde Torres Vedras. Emigrou em 1985 ereside em Newark, NJ, onde é mecâ-nico e proprietário de uma oficina deautomóveis. Está ligado à comunida-de de Newark desde há muitos anos,já foi presidente do Sport Club Portu-guês, a associação portuguesa maisantiga e prestigiada da costa leste,sendo actualmente presidente do Con-selho Fiscal. Está ianda ligado a vári-as outras associações, entre elas oSport Newark e Benfica, Lar dos Le-ões e Casa do Ribatejo. Está no CCPdesde 2003 e envolveu-se por pensarque a sua experiência comunitária“poderia ser útil ao CCP”. Para melho-rar o seu funcionamento, propõe a“despartidização do Conselho”.

JOÃO LUÍS MORGADO PACHECO é natural da RibeiraGrande, S. Miguel (Açores), onde nasceu 194. Emigrouem 1963 e reside em East Providence Rhode Island. Temum filho e é actualmente agente imobiliário. Está ligado àcomunidade desde há muitos anos, sendo nomeadamen-te o Presidente da Casa dos Açores da Nova Inglaterra e oPresidente do Conselho Mundial das Casas dos Açores;mebro do Friends of Portuguese Studies of Rhode CollegeCollege, Museu Espírito Santo em Fall River, HeritageHarbour Museum, Portuguese American ScholarshipFoundation, Coral Herança Portuguesa e fundador do Con-vívio dos Naturais do Concelho da Ribeira Grande. Estáno CCP desde 1997 e envolveu-se por achar que a comu-nidade merece ter uma “ligação mais directa com o nossopaís”. O CCP não tem correspondido às suas expectati-vas: “Acho que merecíamos melhor”. Para melhorar o seufuncionamento, acha que “deveria ser ouvido no Parlamen-to com mais atenção porque a maior parte das nossasmoções são esquecidas e ignoradas. Sugeria mais depu-tados pela imigração”.

ANTÓNIO SIMÕES JÚNIOR nasceu em

Sommerville, MA, em 1940; o pai emigrou em 1922

e mãe em 1911 (naturais Seixo da Beira e Guarda);

reside actualmente em Bridgeport, CT; tem 2 filhos

e é professor universitário de Pedagogia e Linguís-

tica. É director da Bolsa de Estudos da Liga cívica

Portuguesa e está ligado há muitos anos a vários

comités de educação. Está no CCP desde 2003 e

envolveu-se “porque queria ajudar a comunidade e

os portugueses que regressam a Portugal”. Diz-se

desiludo sobre a estrutura do CCP e a maneira como

funciona pois “não temos poder para dar conselhos

ao governo português”. Para melhorar sugere que

um membro do Conselho passe a ser eleito depu-

tado para a Assembleia da República, em cada cír-

culo eleitoral.

JOÃO MARIA DE

MEDEIROS SOUSA

e natural de Nordes-te, S. Miguel (Açores).Emigrou em 1984 ereside em Pawtucket,Rhode Island. Tem 2filhas e é actualmenteagente de viagens.Está ligado à comuni-dade, sendo nomea-damente sócio activodas Grupo Amigos daTerceira, União Portuguesa Beneficente, Clube Soci-al Português, Banda de Nossa Senhora do Rosário,Santa Maria Community Center, Casa dos Açores daNova Inglaterra, Membro da Academia do Bacalhauda Nova Inglaterra e Igreja de Santo António dePawtucket. Está no CCP há 3 anos e envolveu-se para“canalizar para o Governo Português, as preocupa-ções que afectam a comunidade portuguesa, com vistaa serem apreciadas, discutidas e resolvidas”. Diz que“os membros do CCP devem ter sempre presentes osobjectivos que norteiam o exercício das suas funçõesevitando o mais possível a influência partidária salvoquando tal influência constitua reforço da unidadenacional, e nomeadamente das forças vivas comuni-tárias, dos órgãos e membros do próprio Conselho. OGoverno por seu lado deve entender o Conselho comoum órgão útil para o exercício efectivo da democraciapara além dos limites geográficos do país e numa pers-pectiva de nação portuguesa sem fronteiras”. Paramelhorar, acha que “o Conselho Permanente devereunir com mais frequência e inquirir do Governo asrazões porque propostas apresentadas nos plenáriosdemoram muito a resolverl”.

JOSÉ FIGUEIREDO, membro

do Conselho Permanen-

te. Natural dos Açores e

residente em

Massachusetts

Claudinor Ferreira Salomão,natural dos Açores, residente em MA

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A CONHECIDA apresentadora de televisão e modeloMerche Romero, do “Portugal no Coração”, esteverecentemente na América do Norte a fazer uma série dereportagens em Toronto (Canadá), Rhode Island e NovaIorque que passaram já no popular programa da RTP1 eRTP Internacional. Em Nova Iorque Merche esteve com arevista “ComunidadesUSA”, tendo na altura entrevistadoo seu editor, e ainda António Cardoso, um “chefe”português de grande prestígio que trabalhou já noelegante hotel nova-iorquino “Plaza”.PARA além de espalhar a sua boa disposição por todos oslugares onde passou, Merche encantou também pela suasimplicidade e grande charme, deixando em todos umagrande saudade. Prometeu voltar em breve, talvez, quemsabe, para fazer o “Portugal no Coração” em directo apartir dos Estados Unidos. Fazia bem aos nossos cora-ções... “ComunidadesUSA” deixa aqui algumas fotos dessapassagem pela “Big Apple”, no idílico Central Park.

Merche Romero, do“Portugal no Coração”,nos Estados Unidos

Um “OK” e uma saudação muito especial para os leitores da “ComunidadesUSA”

Com a produtoraAna Vieira

fotos A. Oliveira (ComunidadesUSA)

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20 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

COMO alguns leitores sabem, vivo desde 2002 na cidade deLubbock, no Texas, onde a minha mulher e eu constituímos a

comunidade portuguesa da cidade e o único clube de portuguesesda terra.

Temos ouvido relatos, mais ou menos míticos, de um portuguêsque, ao que parece, dirigirá um jardim infantil em local incerto, noentanto a última versão da história já o dava como provável porto-riquenho. Também já nos disseram que “há por aí um luso-descen-dente que é frequentemente visto na igreja baptista local” mas nuncapudemos comprovar a vaga notícia.

Quando, em 2002, cheguei à universidade local, onde actual-mente sou professor, havia, de facto, um aluno de pós-graduaçãoportuguês; mas o João saiu de Lubbock em direcção a maisverdejantes paragens praticamente assim que cheguei. Em face dascircunstâncias, a minha mulher e eu decidimos que, para todos osefeitos, éramos, de facto, os únicos portugueses ou luso-descenden-tes da cidade de Lubbock; e nesta convicção temos vivido. Até hácerca de quatro meses. Até um encontro totalmente fortuito com ooutro “português” da cidade – ou melhor, um “português” que é, naverdade, um “luso-descendente”, um “português” no sentido em quese usa a palavra na América...

Há cerca de quatro meses conheci Joe do Padre, num restau-rante grego (é verdade, não há restaurantes portugueses emLubbock!) sem imaginar, na altura, que este respeitável e sorridentecavalheiro de 80 anos, com um ar calmo e ponderado foi —salvaguardando as diferenças – uma espécie de versão moderna deFernão Mendes Pinto. O “curriculum” de Joe do Padre é quaseinverosímil de tão intenso, variado, surpreendente. Passa-se emmuitas partes do mundo, em meios muito diversos, com muitosrevezes da fortuna, e muitas situações inesperadas pelo meio; umavida cujo tímido começo, em 1926, num pacato subúrbio de Boston,não poderia augurar.

Em 1943, aos 17 anos, cansado do meio acanhado de Boston, ecom aquela vontade porventura bem portuguesa, de querer“explorar” e “descobrir”, Joe do Padre alista-se na guarda costeira e,posteriormente, adere à marinha mercante... O “resto é história”,como se diz na América. Joe não pára mais de viajar e de amar asviagens, apesar de, nessa mesma primeira experiência, ter sidoabalroado por um submarino alemão em águas canadianas. E emque outras missões participou Joe do Padre? Muitas mais: foi,sobretudo, um distintíssimo militar de carreira, na qual ascendeu àcategoria mais alta do curso de sargentos, com passagens pelaAlemanha, pela Itália, pela Turquia, pelo Cambodja, pelo Vietname,etc... Recebeu cerca de 9 medalhas por bravura; uma vez salvoutodo um pelotão da morte certa, tendo pago a audácia com um fortegolpe nas costas que desde então o incomodam e que lhe brindaramdores residuais durante toda a entrevista que me concedeu; ajudou atraduzir filmes militares para português para o exército brasileiro;fotografou ensaios nucleares no deserto de Nevada; é responsávelpelo facto de haver agora, num mapa feito para uso da NASA, uma

Joe do PadreEscapou à guerra da Coreia

por falar português...entrevista de ANTÓNIO LADEIRA, no Texas*

foto António Ladeira

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 21

Forneça-me, por favor, uma breve cro-nologia da sua vida...

Nasci em Boston a 16 de Julho de 1926.Alistei-me na guarda costeira (coast guard) comcerca de dezasseis anos. Continuei nessa car-reira até à idade de 23 anos. Nessa altura re-gressei a Boston e estudei cerâmica no BostonMuseum of Fine Arts. Fui então convocadopara o serviço militar. Como já era casado etinha um filho achei que a carreira militar se-ria a melhor maneira de proporcionar umavida estável à minha família. Em 1966, refor-mado, vou para o Arizona. Tinha estado naEuropa, na Alemanha, em treinos que eramparte de uma missão secreta. Tinham-me ditoque Flagstaff era um lugar seguro para criaruma família. Salto agora uns anos até o meudivórcio. Finalmente, em Arizona onde tra-balhava como membro da Brigada de Trânsi-

cratera em Marte cujo nome é “Aveiro”; participou de missões secretas em paísesque não nomeia e que nem a minha insistência nem a sua bonomia foramsuficientes para retirar ao férreo segredo em que as tem mantido. (Quandomenciona as “missões secretas” — os seus olhos brilham com aquilo que euinterpreto como um orgulho contido). Actualmente, já reformado há mais de duasdécadas, passa a maior parte dos seus dias em frente a um cavalete, pintando,nesta cidade de Lubbock, no Texas, as paisagens dos desertos do Arizona, quetanto amou e ama.

Tudo começou com o pai de Joe do Padre que veio de Portugal para Bostonem 1920, com o fim de proporcionar uma vida melhor aos filhos que viriam anascer em terras do Novo Mundo.

Esta história, aparentemente trivial, tem uma particularidade que a distinguedas outras no mundo da imigração portuguesa. Joe do Padre pertence àquelepequeno e discreto grupo de luso-descendentes e imigrantes que não vivem sob oâmbito protector de uma qualquer comunidade portuguesa. Joe, por exemplo, foicriado numa comunidade de imigrantes irlandeses e italianos – a ama dele, quenão falava inglês, conversava com ele e com a irmã em italiano, depois da escola.Em casa, no entanto, a voz severa do pai — homem sem estudos mas combastante brio patriótico — determinava: “Só se fala português!”. Segundo Joe, opai ensina-lhe o lado corrente, prático da língua e a mãe o lado mais ornamental eartístico. O pai para as palavras práticas e necessárias, do dia a dia; a mãe paraas palavras delicadas e bonitas, dos serões em família. É uma mãe que escrupulo-samente recita poesia em casa e dá a ouvir os primeiros fados ao pequeno Joe.

Hoje em dia, no entanto (embora eu não me atreva a dizer isto, nestes termosbrutais, ao meu amigo Joe) parece-me a mim que pouco resta do tão reverenciadoe já mítico “português” inicial de Joe do Padre. Nas nossas tentativas deconversar em português, nunca avançámos muito além do “bom-dia” – e, com amaior franqueza e as maiores desculpas ao Joe — não me parece que elecompreenda ou possa já produzir, realmente, muito para além de um “bom-dia”aqui e de um “como vai?” acolá, palavras que, no entanto, embora ditas cominsegurança, o enchem de um orgulho que nunca compreenderei completamente.

Seja como for, sempre que insiro nas nossas conversas em inglês qualquer palavra ou frase noidioma lusíada, estas merecem dele um sorriso que se prolonga muito, mas muito para além do fimdas minha palavras.

Segue-se a versão portuguesa de uma conversa que tivemos.

to, conheço uma senhora – a minha actualcompanheira — que em 1989 me traz paraLubbock. E aqui vivo desde então.

Fale-me no seu primeiro golpe de sorte,ter escapado à guerra da Coreia.

Quando tinha cerca de 24 anos eu estavana “reserva” militar... Estala então a guerrada Coreia e tudo indicava — e todos assimme asseguravam — que seria chamado paraa guerra da Coreia, de que tinha muito medo.Um sargento manda-me chamar e eu, muitonervoso, penso que é para me mandar fazeras malas para ir para a guerra. Mas não. Épara me fazer a seguinte pergunta: “Você falaportuguês?” Quando eu digo que sim, eleresponde “Então apresente-se nos estúdiosParamount, em Nova Iorque.” Em vez de irpara a guerra da Coreia, o meu trabalho pas-

sou a ser ajudar a traduzir, para o português,filmes militares dirigidos ao exército brasilei-ro. Graças à língua portuguesa, escapei à guer-ra da Coreia, pode escrever isto. Parece incrí-vel, mas eu era o único soldado que eles co-nheciam que falava português.

Eu sei que você teve uma distinta carrei-ra militar e que, uma vez, numa situação decombate, agiu de maneira que depois foidescrita como “heróica”. Foi condecoradopor isso. Também sei que tem outras meda-lhas. Em conversas anteriores, sempre mepareceu excessivamente modesto ao falarsobre o assunto, disse que foi tudo uma ques-tão de sorte, que poderia perfeitamente terfugido em vez de ter reagido. É mesmo as-sim que pensa?

No exército, fui condecorado nove vezes.Tenho três medalhas de bronze e tenho umamedalha que para mim é especial (air medal)dada por um general, devido ao facto de eume encontrar, por acaso, num helicópteroquando entramos em confronto com forçasde terra...

Não se acha mais corajoso do que a mai-

Foi concedorado 9 vezes, uma delas com a medalha“Valor Under Fire” por ter salvo um pelotão inteiro...

“Ah fala português” Então apresente-se nos estúdios da Paramount”

Joe do Padre nos seus tempos de militar

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22 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

oria dos soldados?Não, eu sempre achei que aquilo era o

meu trabalho, só fazia o que tinha de ser terfeito... Quando entramos naquele confrontopelo qual ganhei a medalha de “bravura sobfogo” de que lhe falei, o general, surpreendi-do, olhou para mim e disse: “O que é quefizeste?” E eu disse: “Apenas respondi ao fogoque fizeram!” Houve algumas mortes. Algu-mas pessoas devem ter caído do helicóptero,não sei nem quero saber... O general conce-deu-me essa condecoração de bravura. Pos-teriormente, tive a condecoração mais alta,que se chama, em inglês “valor under fire”.(“bravura sob fogo”). Aqui, confesso que sentimuito medo porque tinha muita responsabi-lidade, porque era o líder do pelotão: mas nãosou uma pessoa corajosa. Noutra circunstân-cia teria fugido, porque, repito, não sou umapessoa corajosa... Só cumpri a minha obriga-ção. Nesse dia tinham-nos dado a extremaunção. Davam-nos a extrema-unção com fre-quência. Fomos atacados por duas compa-nhias de vietnamitas do Norte. No meu veí-culo estava um capitão, eu e um soldado, eestivemos sob fogo por vinte minutos. Hou-ve muitas baixas, imagine, vinte minutos! Adada altura o Jipe virou-se. Eu caio e recebo

um golpe em cheio nas costas. Ainda hojetenho problemas de costas devido a isto. (En-quanto falo consigo, estou com dores nascostas, só de estar aqui sentado...). Recebientão a tal medalha a que se chama “bravurasob fogo”... Isto porque não tinha mais lu-gar nenhum para ir ou para fugir, lutámossimplesmente. O capitão que estava comigotinha um braço partido, não podia ajudarmuito, portanto, eu e o condutor do jipe fo-mos os únicos que oferecemos resistência, quecolocámos uma cortina de fogo para nos pro-teger do inimigo e para que os outros sobre-vivessem. Talvez este atrevimento, coragemou loucura esteja no sangue dos portugue-ses. Não sei, gosto de ser americano, e sou-opor nascimento, mas o meu sangue é portu-guês. Nunca abandonaria aquele grupo, nun-ca o faria, e nunca desgraçaria o meu nomeou a pessoa que sou.

Portanto, foi uma questão de honra tercontinuado a lutar e a resistir ao ataque?

Sem dúvida, uma questão de honra. Nun-ca fugiria, mesmo que a minha vida estivesseem perigo. Mas quando se está muito envol-vido numa situação assim, não nos apercebe-mos do que está a acontecer, quando fui para

o exército era um soldado, sei o que um sol-dado tem de fazer. Tem de matar, mutilar, etc...Não sou nenhum herói, sou só uma pessoavulgar mas sabia que, naquele momento, ti-nha aquela responsabilidade e que tinha de acumprir...

Pensa que terá causado a morte a outrossoldados?

Se acho que matei pessoas? Acho quesim... Mas nunca voltei atrás para ver o quetinha feito, simplesmente continuei. Deixe-me contar uma história do Vietname: certodia caminhava por campos de arroz. Vindodos bosques, pude ver o fumo e os traçosamarelos de rajadas de metralhadora, era fogoque me era dirigido. De longe, observava oefeito que as balas faziam ao caírem na água,faziam-na espirrar a grande altura, e tudo issovinha em direcção a mim. E, acredite ou não,invadia-me uma sensação de grande calma,de grande tranquilidade, era tão estranho, nãotinha medo nenhum! Era como se estivessehipnotizado com aqueles repuxos de água queas rajadas erguiam. Dizem que nos sentimosassim antes de alguma má coisa má aconte-cer. No último momento, fui para o meu ladodireito e o fogo passou pelo meu lado esquer-

foto António Ladeira

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do. Só quando voltei para o meu lado direi-to, compreendi, aceitei finalmente que esta-va sob fogo e foi só então que entrei em pâ-nico, tive muito medo. Quando tudo pas-sou, atirei-me para o chão e fiquei mesmoperturbado por uns tempos. Percebi que nãotinha morrido porque não era a minha horade morrer.

Discriminado por ser portuguêsJá se sentiu discriminado por ser “portu-

guês”?Enquanto vivi em Boston, nunca me sen-

ti discriminado; sempre me senti muito con-fortável devido ao facto de haver muitos por-tugueses na cidade, embora não na minha vi-zinhança imediata. Era uma comunidade so-bretudo irlandesa e italiana. Mas no exército,sim, senti-me discriminado. A cor da minhapele era escura, o meu nome era, na época,Gonçalves. Detesto falar nisto mas uma vezperguntaram-me se eu queria ser maçon e eurespondi que não, que era católico. Portanto,fui discriminado por ser católico e por serportuguês. Outras vezes, passava por mexica-no, na altura não sabia nada sobre mexica-nos, nessa época não havia mexicanos emBoston, não me lembro de ver um único me-xicano por lá...

Em que consistiam estas discriminações?Na carreira militar, tinham a ver com pro-

moções, oportunidades de empregos, davam-nos maus serviços no serviço militar, traba-lhos indesejáveis... Só mais tarde, muitos anosdepois, percebi que tinha sido discriminado;na altura não sabia o que significava ser dis-criminado, mas agora, à medida que o tempopassa, percebo que por não ter olhos azuis ecabelo louro, era tratado de maneira diferen-te. Nessa época, no exército, só havia pessoaslouras e de olhos azuis, detesto a palavra eodeio estar a ser desagradável, mas só havia“rednecks”, oriundos justamente desta partedo país (Texas)... Na época eu era um Yankee,um estrangeiro de Massachusetts, embora eunessa altura não percebesse nada do que sig-nificava ser Yankee ou Rebelde...

Parecia-lhe que os portugueses eramcomo que “invisíveis” no contexto multi-cultural em que vivia?

Sim, de certo modo, os únicos grupos comquem eu tinha boas relações eram os italia-

nos, porque podia compreender a língua de-les e podia associar-me com eles...Os anglo-saxónicos costumavam chamar aos portugue-ses grease balls (bolas de gordura) devido aoazeite que usávamos na alimentação e a todasessas coisas... Na verdade eu também passeipor italiano. Não conseguiam rotular-me, àsvezes pensavam que era mexicano, outras ve-zes que era italiano.

Sentia-se diferente dos outros, isolado?Bom, eu sentia e sabia que era tão bom

como eles, o meu ponto forte era (e é) esse:estar convencido de que era tão bom comoeles. E sempre tive de trabalhar duro, não era

preguiçoso, não era desonesto. Mas a verdadeé que nunca conheci nenhum português, sómesmo no fim da minha carreira militar é queconheci um tenente português em Atenas, naGrécia. Nunca conheci outro português.

“Perderemos credibilidade sesairmos agora do Iraque”

E com respeito à guerra actual do Iraque?O que deverá fazer agora o exército america-no, na sua opinião?

Acho que cometemos um erro no iníciomas agora devemos ir até ao fim, não deve-mos voltar atrás. Estaríamos a dar oportuni-

Foi graças a Joe que a NASA nomeou uma das crateras deMarte com o nome da cidade portuguesa “Aveiro”

No Vietname, na frente de batalha

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‘Não sou nenhum herói, sou só uma pessoa vulgar mas sabia que, naquelemomento, tinha aquela responsabilidade e que tinha de a cumprir...’

dades aos inimigos e às guerrilhas para se afas-tarem e para se reagruparem. Esse é o nossoproblema correntemente. Conheço os irania-nos, e estes estão realmente a dar aosiraquianos todos os materiais bélicos de queeles necessitam. Não poderíamos sair agoraporque perderíamos credibilidade e a nossareputação no Médio-Oriente. Nunca voltari-am a ter confiança em nós. Falo assim porqueconheço os árabes, conheço as religiões mu-çulmanas.

Uma cratera chamada “Aveiro”Conte como uma cratera em Marte pas-

sou a chamar-se “Aveiro”Nos anos 90, eu pertencia aos quadros da

brigada de trânsito do estado do Arizona, vi-via em Flagstaff, onde está um observatórioastronómico, o Lowell AstronomicalObservatory e tinha um amigo chamadoHarold Masursky, que era então o directordo United States Geological Survey. Masurskypreparava na época um mapa de Marte paraa NASA. Éramos bons amigos. Um dia fuivisitá-lo e ele disse-me: “Joe, há uma craterapara a qual eu tenho de inventar um nome enão sei qual será, e meio a sério meio a brin-car eu disse-lhe “sabe que os portugueses fo-ram grandes exploradores, porque não lhe dáo nome da terra do meu pai ‘Aveiro’? E elerespondeu: “Aveiro? Onde é isso?” A Nortede Lisboa, na costa, disse eu. E ele: “Joe, comose escreve “Aveiro”? Fui imediatamente pro-curar num atlas a ortografia de “Aveiro”. Eledisse que ia propor o nome a um comité, eeste comité, responsável pelos nomes das di-ferentes crateras em Marte, gostaram donome, do facto de ser uma homenagem aosPortugueses que foram grandes exploradorese à cidade de Aveiro. Em 1998 recebo umacarta do Geological Survey confirmando onovo nome da cratera. E assim nasceu a cra-tera “Aveiro” graças a uma mera con-versa de circunstância, num café, comeste meu amigo, o cientista Masursky.

“Este é o meu neto, soldadodo exército americano”

Sei da impressão que lhe fez a sua pri-meira visita a Portugal, no fim dos anos qua-renta. Volte a contar-me essa visita.

Quando fui pela primeira vez a Portugal,tive de conseguir autorização especial do meugeneral. Tinha cerca de vinte anos, a Europaestava ocupada e havia ordens especiais, tinhamsido dadas para eu poder ir a Portugal. Lem-bro-me, no voo para Portugal, de como me tor-nei amigo das hospedeiras. Elas disseram: “te-

mos de te mostrar Portugal” e eu, como jovemsolteiro que era, diverti-me bastante a viajar porPortugal e a conhecer o país. De Lisboa, entreinum comboio, comprei um bilhete e fui paraAveiro. Assim que chego a Aveiro, vejo umabanda a tocar e pensei: “Meu Deus, isto nãopode ser para mim!” eu era só um miúdo, nãosabia o que estava a acontecer...

Mas pensou que a banda era para si?Não, bom... descobri depois que era para

outra pessoa. Em Aveiro, claro, trajava umafarda militar, um homem dirige-se-me logo ediz, em português: “Eu sou o tio José!” e de-pois um homem mais velho levanta-se de umbanco, um senhor de aspecto distinto, de caraavermelhada, nunca mais me esqueço, comolhos azuis e um olhar penetrante, bigodebranco, cabelo branco, diz em português: “Eusou o avô”. Deu-me um abraço e foi assimque eu fiquei a conhecer Portugal.

Trataram-no bem...Sim, bastante bem. Diziam-me: “Estás na

tua casa!”. Depois a minha tia, a irmã do meupai, era uma bonita mulher de cabelo ruivo,com olhos verdes. Eram espantosos os olhosdela, era viúva, tinha dezanove anos quandoperdeu o marido. Sempre vestida de negro,nunca se casou. Tornámo-nos bons amigos,acompanhava-me a todo o lado e disse-me:“Vou mostrar-te tudo na cidade!” Era umapessoa maravilhosa e era bonita...

Portugal, na época, era muito diferentedos EUA?

Sim, era tão tranquilo, tão calmo, as pes-soas eram tão simpáticas, tão calorosas e, cla-ro, eu nos EUA tinha todas estas coisas mili-tares a acontecer à minha volta, mas lá longe,em Portugal, senti-me tão descontraído, ex-cedeu todas as minhas expectativas. Um dia,

lembro-me tão bem, eram oito da manhã efomos ao largo da vila, havia um polícia sina-leiro dirigindo o trânsito na sua farda branca.Nunca mais me esqueço. Fomos ao café, omeu avô e eu, e diz ele alto para o taberneiro:“Vinho para o meu neto!..” Eu achei aquiloestranho, beber vinho às 8:00 da manhã, masele insistiu e disse-me “Rapaz, toma!” Nuncame tinha acontecido tal coisa: beber vinho às8:00 da manhã. Ele era uma pessoa tão dig-na, na sua camisa branca, de colarinho muitoabotoado, apresentava-me assim a todos os

seus amigos, muito orgulhoso: “Este é o meuneto, oficial do exército americano.”

Nunca mais o viu?Não, nunca mais o vi...

“Choca-me a TV portuguesa actual”Lamenta o facto de não ter aprendido

português a ponto de agora o poder falar eescrever?

Sim, sinto-me tão mal agora, gostava de po-der falar melhor português e até escrever, é umalíngua tão bonita. O único português que euaprendi foi em casa. O meu pai não era umhomem educado, falava português em casa, masfalava o português da gente comum A minhamãe era diferente, tinha alguma educação, fala-va português melhor e até recitava poesia emportuguês. Interessava-se por ópera e tudo isso.O pouco português que ainda mantenho veioda minha mãe. Mas naquela época pensei: “por-que preciso eu de português? Tenho o inglês narua, tenho o italiano aqui na comunidade...”Agora é demasiado tarde para aprender masgostaria de ter agora melhor formação, melhorfluência em português.

Sei que subscreveu, recentemente, umcanal português, a “RTP Internacional” eque ficou um pouco desiludido... Conte-noso que aconteceu.

Sim, a minha mulher ofereceu-me a subs-crição de um canal português. Confesso quefiquei chocado e desiludido quando vi na tele-visão jovens portuguesas com aqueles jeansmuito apertados, rasgados nos joelhos, a cami-sa fora das calças... Homens na televisão semgravata, os colarinhos desapertados, aquelamúsica rock por todo o lado!... Estou habitua-do a uma televisão muito tradicional e conser-vadora, prefiro o fado, a poesia em português, epercebi que isto agora era um mundo diferen-

te. Quando fui a Portugal pela última vez, Lis-boa era uma cidade bonita, toda a gente anda-va bem vestida e tinha um aspecto sério.

Quer dizer que prefere o Portugal anti-go ao contemporâneo?

Sim, de longe...

E se as pessoas lhe disserem que é dema-siado conservador, que todos os jovens, hojeem dia, usam esse tipo de indumentária...

Mas o que vi na televisão, para mim, écomo regressar aos dias dos hippies, não tem

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* António Ladeira é Assistant Professor de português e espa-nhol na Texas Tech University e é Director do Programa dePortuguês da mesma universidade. É licenciado em “EstudosPortugueses” pela Universidade Nova de Lisboa e é doutoradoem “Línguas e Literaturas Hispânicas” pela Universidade da

California em Santa Barbara. Os seus principais interesses deinvestigação situam-se actualmente na área das “literaturas dadiáspora portuguesa nos EUA e Canadá” e na poesia contem-porânea de Portugal e do Brasil.

nada a ver com o Portugal antigo que eu co-nhecia, aí discordamos..

O que pensa das pessoas que dizem queos portugueses vivem excessivamente das gló-rias do passado, sempre a fazerem referênciaaos navegadores e às descobertas?

Sim, eles referem-se muito aos dias de gló-ria, é muito mau que eles não fechem umpouco as portas do passado. Nesse canal detelevisão, vi como eles falavam dos seu diasde glória, dos dias de exploração, de Macau,Angola e tudo o mais. É pena que não fe-chem as portas do passado e continuem nes-ta geração, neste século, falando de uma coi-sa que aconteceu no século XVI, XVII, isso épreocupante. É isso que os está a impedir deavançar, estão vivendo ainda nos seus dias deglória. Admiro os portugueses pelo que fize-ram, foram um povo extraordinário, mas estemundo em que vivemos é diferente, e devemestar mais envolvidos no mundo contempo-râneo.

Tal como eu, você pertence a um grupodiminuto de portugueses, luso-americanose luso-descendentes que não vivem perto denenhuma comunidade portuguesa. Acha queestá a perder alguma coisa por isso?

Tenho pena de não estar envolvido maisna cultura, da música, da comida.

No entanto, saiu dessa comunidade italia-na e irlandesa onde estava em relativo confor-to. Não hesitou em alistar-se na guarda cos-teira e depois no exército. Por que quis sair?

Queria sair daquele meio, senti-me umpouco isolado, quis conhecer o mundo e co-nhecer outras culturas, outra gente. Talvez sejaesse sangue português que me deu este im-pulso de ir adiante e de explorar. Senti von-tade de conhecer outras culturas, outra gen-te, e foi isso o que fiz. Já fiz três viagens, quisfazer as coisas à minha maneira — não que-ria estar fechado num único meio ou numacultura apenas. Há muitos portugueses queeu conheço e que vivem no interior destascomunidades, ainda hoje têm o mesmo ne-gócio, ou vivem na mesma fábrica, vivemexactamente como viviam há 30,40,50 anos.E a maior ambição que concretizaram na vidafoi a de serem encarregados numa fábrica ounuma loja, esta foi a sua grande realização.Tudo o que conhecem é o seu pequeno clu-be, não se envolvem em política, têm as suasfestas e pouco mais. Eu também gosto des-sas coisas, fui a algumas festas, mas sempreachei que a minha vida não se poderia resu-mir àquilo. Sempre pensei: “tenho de sairdaqui!” Estou muito satisfeito por ter feitoisso. É como na canção do Frank Sinatra, fiz

as coisas à minha maneira: I did it my way!...

Isso significa que voltaria a fazer tudooutra vez se pudesse voltar atrás?

Sim, claro, se estivesse outra vez na mi-nha época, no meu tempo, sim, faria tudo damesma maneira. O que faria se tivesse vividonestes tempos actuais? Teria estudado, teriaum diploma, ainda não sei para que campoentraria, e depois continuaria a explorar, soumuito inquisitivo, tenho curiosidade portudo, quero sempre saber o que está aconte-cendo na minha cidade, no mundo. E adoropessoas, gosto de estar com as pessoas.

Que projectos ainda lhe falta cumprir nasua vida?

Gosto de pintar, gosto de ler e faço muitotrabalho voluntário... Dá-me muito prazerajudar as outras pessoas. Trabalho com umaassociação que apoia os veteranos da guerra eajudo os veteranos com deficiências físicas: amaior parte das pessoas que apanhamos sãoas da Segunda Guerra Mundial e da Guerrada Coreia. Não encontro muitos veteranos queestiveram no Vietname, ainda não são sufici-entemente velhos, suponho. Muitas pessoastêm a impressão de que estes clubes de vete-ranos como os VFW (veterans of foreign wars)são clubes sociais onde se bebe um copo. Masnão gosto de clubes assim porque não soupessoa que beba, gosto desta associação deveteranos com deficiências, porque eu sou umdeles, tenho uma deficiência física adquiridaem combate. Gosto de os ajudar e de me as-sociar com eles, cozinho para eles, já fiz umjantar de spaghetti para 40, spaghetti é a mi-nha especialidade! Claro que, quando o cozi-

nho, pensam logo que sou italiano!

Como gostaria de ser recordado?Quero que digam de mim que fui um

soldado, tenho muito orgulho nisso, tenhomuito orgulho em ter estado no exército. Quedigam que ajudei os outros, que fiz muitospelas outras pessoas, que fiz muito pela mi-nha igreja. Estou sempre a tentar ajudar osoutros e às vezes sou prejudicado por isso, aspessoas aproveitam-se disso. Mas, seja comofor, tenho muito prazer em ajudar os outros,os portugueses são assim, não é? Os portu-gueses gostam de se ajudar uns aos outros. Éa natureza dos portugueses. Muita gente vemter comigo e pergunta: “Joe, o que você achadeste ou daquele assunto?”. E eu escuto, es-cuto, dou conselhos, é a minha natureza...

Quer deixar uma mensagem para os jo-vens e menos jovens leitores desta revista?

Aos que nasceram neste país, que tenhamorgulho daquilo que são; que tenham orgu-lho do vosso sangue, da vossa herança. Souamericano mas o meu sangue é português.Não esqueçam que não há nenhuma portaque não se possa abrir. É possível fazer tudoo que quiserem, não importa quão difícilpareça. Quero dizer ao leitor deComunidadesUSA que poderá conseguir tudodesde que se aplique, desde que trabalhe...

“Os portugueses gostam de se ajudar uns aos outros. É a natureza dos portugueses”

foto António Ladeira

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26 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

AMY CORREIAPHOENIXVILLE, PA16 de Dezembro, sábado, 8:30PMSteel City Coffeehouse203 Bridge StreetPhoenixville, PATel: (610) 933-4043http://steelcitycoffeehouse.com/Bilhetes: $15.00 e $18.00Bilhetes online em http://steelcitycoffee.stores.yahoo.net/pertic.html

“Portugal’s Golden Years: The Lifeand Times of Prince Henry TheNavigator”, de Carlos Carreiro, ex-comissário de bordo, é um livro eminglês que trata sobre o princípio da erados descobri-mentosmarítimosportuguesesdos séculos XVe XVI, concre-tamente operíodo entre1420 e 1460. Oautor, naturalde PontaDelgada eresidente emAttleboro, MA,diz queresolveu escrever este livro para que “aspessoas de língua inglesa ficassem aperceber melhor os feitos dos portugue-ses” já que os livros de autores estran-geiro reflectem, segundo ele, muitosuperficialmente as viagens dos explora-dores portugueses.

O livro pode ser adquirido on-linenas lojas de vendas de livros como aAmazon.com, entre outras.

“Portugal’s Golden Years: TheLife and Times of Prince Henry TheNavigator”, Carlos Carreiro, 184páginas; $15.

Portugal’s Golden Years: TheLife and Times of PrinceHenry The Navigator”

C A R T A Z Sugestões de espectáculos, concertos, livros e música

DURING the 19th century, the United Statesand Europe were on the brink of a transitionthat would lead to the modern world. In themiddle of the Atlantic the Dabney family fromBoston had settled on the small island ofFaial in the Azores and quickly becameinvolved in the political, literary, intellectualand religious changes taking place at thetime on both sides of the Atlantic.

This book provides a rare glimpse of lifefrom the point of view of some well-knowhistorical figures, as well as some“anonymous” insiders, creating a picture ofindividuals and events in the 19th centuryfrom a fresh perspective. In some instancesit fills in unsuspected gaps or providesdifferent interpretations of what occurred inthe story of the 19th century.

This American family at the crossroadsof the Atlantic had and importance thathidden behind the mists of the Atlantic.

“On The Edge of History”, Joseph C.Abdo, Tenth Island Editions. 488 páginas

SARA TAVARES E MARIZAsão as duas vozes portuguesas nomeadas

para os prémios 2007 da Rádio BBC 3 na

área de “World Music”, galardão que Mariza

já venceu uma vez. Sara Tavares é um por-

tuguesa de raízes cabo-verdianas e foi no-

meada pela primeira vez para estes prémios

na categoria de “Revelção”, disco onde es-

tão bem patentes as suas raízes africanas.

Este é o terceiro álbum da cantora.

A fadista Mariza repete pela terceira vez

a nomeação nos prémios da BBC. Para a

edição 2007 está nomeada para “Melhor

Artista Europeia” em “World Music”, que

venceu em 2003.

Chico Ávila tem novo CD

CONCERTOS

O popular cantorportuguês residentena Califórnia, ChicoÁvila, tem novo CD.Intitula-se “Nada seCompara Contigo” eé composto por 10músicas originais:“Comprei Felicidade;

Nada Se Compara Contigo; Dança Dança Lin-da Moça; Sempre Juntos Noite e Dia; EstaVida Sem Ti Ao Meu Lado; Um Pouco Do Mui-to; Somente Um Sorriso; Só Nós Dois; Va-mos Todos Celebrar e Esta Vida É Para Viver”.Para comprar contacte o telefone (209)-394-842 ou www.chicoavila.com.

D I S C O SA

fadista portuguesa Ana Moura voltouà América do Norte em Novembro para

uma série de espec-táculos nos EstadosUnidos e noCanada. Assim,Ana Moura actuouno dia 4 de No-vembro no“Earshot Jazz Fes-tival”, de Seattle,Washington, e nodia 5 em Vancou-ver, Canadá. A fadista deu ainda concertos emMinneapolis e São Francisco. Em Janeiro de2007 a fadista deverá regressar aos estadosUnidos para mais espectáculos, nomeadamen-te em New York, Boston e Washington D.C.Entretanto, o álbum “Aconteceu” foi nome-ado para os prémios Edison , na Holanda, naárea de música “World International”.

Ana Moura regressaaos Estados Unidos

Ana Moura

L I V R O S

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 27

O seu CD “Nostalgia” foi comentadopela imprensa da especialidade como sen-do “uma das inovações mais significativasno panorama da estética musical na comu-

nidade” (João Machado, “Luso-America-no”, 10/10/03), contendo “orquestrações dequalidade superior” (Luís Pires, SIC, 07/01/03) e acrescentando-se que “a voz deFátima Santos é cristalina” (Glória deMello, “Mundo Português”, 02/01/03) e“evoca a saudade” (Daniela Carreira, “Re-gião de Águeda”, 7/25/03). Como tem de-senvolvido a sua carreira, depois da saídado “Nostalgia”?

O CD “Nostalgia” foi de tal maneira bemrecebido que hoje em dia constitui a base dosmeus espectáculos. E isto por causa daquelasgrandes melodias dos anos cinquenta e ses-

A R T I S T A S DA C O M U N I D A D E

Fátima Santos

entrevista de E.T. Canelhassenta cuja audição, hoje em dia, nos coloca aseguinte questão: Não é verdade que “Figuei-ra da Foz”, “Barca Bela”, “Nostalgia”, etc. sãocanções de igual ou superior valia a muitosdos “standards” que nos são apresentadoscomo obras de arte, só pelo facto de seremcantados em inglês? Este meu primeiro CD

ofereceu-me, também, aoportunidade de conhecermúsicos fantásticos, quehoje continuam a colaborarnos meus espectáculos.

Os seus espectáculossão sempre com uma or-questra e, excepcionalmen-te, com um ou doisinstrumentistas. Querocom isto dizer que a Fáti-ma nunca se apresenta como chamado “playback”.Quer comentar?

Trata-se apenas de umaopção artística. Não querodizer que é fácil cantar com“playback” (incluindo a voz

ou não), mas a mim retira-me espontaneida-de e priva-me do diálogo com os músicos queme acompanham. E é este diálogo, compostode frases ensaiadas e improvisações inespera-das, que tento comunicar à audiência.

O que é melhor: um bom poema comuma música vulgar ou um poema inócuoservido por uma música maravilhosa?

Não sei. Talvez possamos discutir algunsexemplos. Conhece a “Pedra Filosofal”, poe-ma de António Gedeão e música de ManuelFreire? Aquilo são quase dez minutos a cantarum longuíssimo, mas belo, poema, com umamelodia monótona, composta por meia dú-

DISCOGRAFIA DE FÁTIMA SANTOS: • “Nostalgia” – 2003 • “Coimbra Fado”, com o grupo deguitarras de Coimbra “Æminium” – 2003

CONTACTOS:[email protected]: (908) 403-2609

Com 2 discos gravados (ver caixa) e uma carteira de espectáculos na área deNew York/New Jersey que inclui actuações regulares em bibliotecas, univer-sidades, colégios, festivais de música folk e algumas associações portugue-sas, Fátima Santos afirmou-se, paulatina mas seguramente, no panorama damúsica étnica de expressão portuguesa no difícil mercado norte-americanodesta zona pelos melhores motivos: a pureza da sua voz, a mestria das suasinterpretações, a escolha criteriosa do reportório (dos melhores poetasportugueses) e a qualidade dos músicos acompanhantes. Para quem ainda não“descobriu” esta artista da nossa comunidade, aqui fica o convite para aconhecer através da entrevista de E.T Canelhas.

zia de compassos e muito menos acordes.Neste caso, o poema ganha à música.

Aqui vai outro exemplo: a maior parte dosfados de Coimbra, pelo menos da fase pré-José Afonso e Luiz Goes, têm melodiaslindíssimas e poemas lamechas. Aqui, a músi-ca ganha ao poema.

Mas ainda existe outra situação: a inter-pretação. Se ouvir alguns dos grandes suces-sos de “Madredeus”, vai descobrir que a mú-sica e o poema são nada, se lhes retirar a vozde Teresa Salgueiro.

Dito isto, a escolha de um repertório, querpara apresentação ao vivo, quer para grava-ção, envolve, certamente, muitos riscos.

E que riscos quer a Fátima continuar acorrer?

Cantar a grande poesia portuguesa. Inter-pretar um repertório que se relacione com omundo em que vivemos, não para nos alie-narmos deste mundo, mas para nos esforçar-mos para o mudar para melhor. Estudar, parapoder evoluir como intérprete. Continuar agravar, desta vez música de Coimbra: fados,baladas, música “futrica*”, e por aí adiante.

* “futrica”: expressão coimbrã relacionada com apopulação não estudante universitária.

“Cantar a grande poesia portuguesa;estudar, para poder evoluir como intérprete”

FÁTIMA SANTOS no Club Caché, com Rob Curto (acordeão), Pedro Ramos(cavaquinho) e Solomon (baixo)

FÁTIMA SANTOS

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28 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

C O M U N I D A D E S

A comunidade portuguesa da área deProvidence, Rhode Island, tem um novo

programa de rádio em português. Trata-se do“Som da Comunidade”, transmitido todos ossábados e domingos das 6 às 10 horas da ma-nhã na rádio Wale 990 AM.

O “Som da Comunidade” tem produçãoe apresentação de Eduardo Rodrigues, conhe-cido locutor e homem da rádio que passou jápelo antigo WRCP de Providence e pelaWJFD de New Bedford, MA.

Conselho das Comunidades em Newark, NJA

secção local do Conselho das Comunidades reuniu-se recentemente em

Newark, no Sport Club Português, a associa-ção mais antiga desta costa leste dos EstadosUnidos. Na altura, os conselheiros tiveram aoportunidade de fazer uma visita às instala-ções do SCP, nomeadamente ao seu museu,onde estão algumas relíquias da história daemigração portuguesa para o estado de NewJersey. Para marcar esta passagem e agradecero a forma calorosa como foram recebidos pela

Em cima, Diniz Borges assina o livrode honra do SCP; à esquerda, JoséMorais entrega a Medalha do CCP aAlbano Ferrão, director do Museudo Sport Club Português; à direita,António Simões faz a entrega do seulivro “O Quarto” à biblioteca do SCP

direcção, o vice-presidente do CCP, José Mo-rais, fez a entrega a Albano Ferrão, directordo Museu, de uma medalha do Conselho dasComunidades. António Simões, outro mem-bro do CCP dos Estados Unidos, professoruniversitário e escritor, aproveitou tambémpara oferecer o seu livro “O Quarto” a AlbanoFerrão para ficar depositado na biblioteca doclube. Mais tarde, o presidente da secção lo-cal do CCP, Diniz Borges, assinou o livro dehonra na sala VIP do SCP.

Providence, RI: novoprograma de rádio emportuguês

Richard Pombo, o congressista luso-americano do Distrito 11 da Califórnia, falhou

a reeleição parao seu oitavomandato noCongresso, per-dendo para o de-mocrata JerryM c N e r n e y .Pombo vê assiminterrompida asua carreira naCâmara dos Re-presentantes emWashington e olóbi português perde um dos seus “pesos pe-sados”. Restam agora Devin Nunes (distrito21 da Califórnia, Republicano), Jim Costa(distrito 20 da Califórnia, Democrata), eDennis Cardoza (distrito 18 da Califórnia, Re-publicano), todos reeleitos nas eleições destemês. Os democratas ganharam nestas eleiçõesa maioria dos lugares no Congresso e no Se-nado, o que acontece pela primeira vez desde1994.

Pombo falha reeleiçãopara o Congresso

-

Richard Pombo

A Casa dos Açores da Nova Inglaterra co-memorou em Outubro o seu 15º aniver-

sário com um programa de onde se destaca-ram as Jornadas Culturais e um banquete naigreja de São Francisco Xavier em EastProvidence, Rhode Island.

As Jornadas Culturais Açorianas incluíramconferências por Mário Salgueiro, professorda Universidade dos, Carlos Cordeiro, Bru-no Pacheco, Ruben Santos, o lançamento dolivro História do Desporto na Ribeira Gran-de, de Armindo Moreira da Silva, uma confe-rência sobre folclore, por Dinis Frias e o lan-çamento do livro de Carlos Carreiro,“Portugal’s Golden Years”, no Clube Vasco daGama em Newport. Foi orador o médico eescritor Manuel Luciano da Silva. A Casa dosAçores homenageou ainda Onésimo Teotóniode Almeida, professor na Brown Universityem Providence, o padre Victor Vieira, e Fáti-ma Martins, esposa de Manuel Calado, a tí-tulo póstumo.

A Casa dos Açores é actualmente dirigida

por João Pacheco,conselheiro das Co-munidades e umactivista dinâmicode longa data, defen-sor acérrimo da cul-tura e tradições por-tuguesas nesta áreada Nova Inglaterra.

A Casa dos Açores foi fundada em 1982para promover a cultura, história e tradiçõesdo povo dos Açores radicado nesta área.

Casa dos Açores daNova Inglaterracomemorou 15 anos

João Pacheco

fotos ComunidadesUSA

foto ComunidadesUSA

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30 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

ALGARVE

Canjinha de NatalIngredientes:Ingredientes:Ingredientes:Ingredientes:Ingredientes:

� chávena almoçadeira

de arroz agulha

� cebola pequena

��� chouriço

� frango

folhas de hortelã

miúdos de frango q�b�

óleo q�b�

��� pão de forma

� pedaço de presunto

sal q�b�No próximo número: receitas dos Açores e da Madeira

TRÁS-OS-MONTES

Migas Doces

Ingredientes:

12 ovos

18 colheres de sopa de açúcar

125 g de miolo de nozcanela

Preparação:

Misturam-se os ovos com o açúcar e

batem-se ligeiramente. Deita-se a mis-

tura num tacho e leva-se a lume brando

até começar a engrossar. Retira-se o pre-

parado do lume e mexe-se um pouco mais. Dei-

ta-se na travessa.Parte-se o miolo de noz, es-

fregando-o entre as mãos, e junta-se ao

doce.Serve-se polvilhado com canela.

PREPARAÇÃO:Limpe o frango de peles, corte-o em pedaços e cozaem água abundante temperada com sal e duas fo-lhas de hortelã, juntamente com o presunto, a ce-bola descascada, o chouriço e os miúdos. Deixecozer até as carnes estarem bem tenras. Escorrabem as carnes num passador e reserve-as. Leve ocaldo ao lume com o arroz bem lavado e coza até oarroz abrir bem. Desfie o frango, eliminando os os-sos, elimine a hortelã e corte a restante carne empedaços pequenos. Corte o pão de forma em fatiase elimine as côdeas. Corte pequenas fatias de mio-lo de pão em forma de estrelas e leve-as a fritar emóleo bem quente, até dourarem. Escorra-as bem ecoloque-as em papel absorvente, para escorrer bemo óleo. Junte as carnes ao caldo de arroz, disponhaem pratos fundos e decore cada um com uma folhi-nha de hortelã e com as estrelinhas de pão frito.

RIBATEJO

Bolos Podres de NatalIngredientes:750 g de farinha de trigo3,5 dl de azeite250 g de açúcar2 dl de água5 g de canela5 g de erva-doceamêndoas

Preparação:Num tacho levam-se ao lume todos osingredientes com excepção da farinha,do açúcar e das amêndoas. Deixa-selevantar fervura.Tem-se a farinhapeneirada com o açúcar num alguidare escalda-se com a mistura anterior aferver. Amassa-se tudo muito bem etende-se a massa em pequenos bolosde forma cónica, no cimo dos quaisse pode espetar umaamêndoa.Colocam-se os bolos numtabuleiro e levam-se a cozer emforno quente. Deixam-se arrefecer umpouco e depois passam-se por açúcar.

MINHO E DOURO

Aletria com OvosIngredientes (para 10 pessoas):100g de aletria4dl de leite150g de açúcar50g de manteiga3 gemascasca de limãocanela

Preparação:Coze-se a aletria em água durante 5 mi-nutos e escorre-se.(Em seguida, leva-se oleite ao lume juntamente com casca de li-mão, açúcar e a aletria e deixa-se cozer.Depois da aletria estar cozida, junta-se amanteiga e, fora do lume, misturam-se asgemas previamente batidas(Leva-se aolume apenas para que as gemas cozam li-geiramente. Serve-se a aletria polvilhadacom canela.

ALENTEJO

Filhós EnroladasIngredientes:6 ovos1 colher de sopa de banha1 colher de sopa de manteiga1 dl de aguardente1 colher de sopa de açúcarfarinha1 kg de açúcar para calda

Preparação:Batem-se muito bem os ovos com a banha, amanteiga, a aguardente e a colher de açúcar.Em seguida começa a juntar-se a farinha e aamassar até se obter uma massa elástica e quese estenda bem. Deixa-se descansar um pouco.Põe-se o azeite ao lume.(Estende-se a massada qual se cortam umas tiras com cerca de 7 cmx 20 cm. Pega-se com a mão numa das extre-midades da tira de massa e segura-se a outraextremidade com um garfo comprido. Introduz-se o garfo com a ponta da massa no azeite aferver e vai-se deixando cair e enrolando. Dei-xam-se fritar as filhós até estarem louras e pas-sam-se depois por açúcar em ponto de voar(110º C), ficando muito brilhantes.

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32 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

A L E I E M P O R T U G A L

O novo regime de arrendamento urbano

entrou em vigor no dia 27 de Junho de 2006. O

NRAU vai ser aplicado a todos os contratos de

arrendamento, quer os que sejam a partir des-

sa data criados quer os que já estejam em vi-

gor.

Nesta primeira fase vamos referir apenas e só

os contratos de arrendamento para habitação.

Uma das grandes modificações deste regi-

me prende-se com a possibilidade de

actualização de rendas de contratos de arren-

damento para habitação celebrados antes da en-

trada em vigor do Regime do Arrendamento Ur-

bano, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 321-B/90,

de 15 de Outubro.

Todavia, esta actualização não é automáti-

ca pois é necessário que o nível de conservação

do edifício não seja mau ou péssimo e saber em

que data foram celebrados os contratos.

Nestes casos as datas importantes vão ser

as da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 321-

B/90, de 15 de Outubro, e do Decreto-Lei n.º

257/95, de 30 de Setembro.

O nível de conservação de um prédio é de-

terminado pelas Comissões Arbitrais Municipais,

a funcionar junto às Câmaras Municipais, com

peritagem feita por engenheiro ou arquitecto.

Actualização das rendasOs contratos celebrados após a entrada em

vigor do Decreto-Lei n.º 321-B/90, de 15 de Ou-

tubro apenas podem ser actualizados nos ter-

mos que hoje existem. Isto é, em função da in-

flação, com o coeficiente publicado anualmen-

te. O aumento das rendas esta limitado por lei.

A nova renda resulta da avaliação fiscal do imó-

vel e do seu nível de conservação. O valor fiscal

é multiplicado pelo coeficiente de conservação,

e a renda anual actualizada

Para isso é necessário a avaliação do imóvel

por parte dos Serviços de Finanças há menos de

três anos e a determinação do nível de conser-

vação pelas Comissões Arbitrais Municipais.

Com estes elementos o senhorio pode co-

municar ao inqui-

lino a intenção de

actualizar a renda.

Comunicação essa

feita de acordo

com determinados

tramites legais e

por carta registada com aviso de recepção.

O NRAU não permite ao senhorio denunciar

o contrato, apenas lhe permite actualizar a ren-

da. As causas de denúncia ou resolução conti-

nuam a ser as mesmas do regime anterior.

Obras nos prédiosEm relação as obras nos prédios arrenda-

dos é necessário avaliar o nível de conservação

do prédio.

Se o prédio estiver no nível médio ou supe-

rior de conservação o senhorio não terá de fazer

obras.

Todavia, se o prédio estiver no nível mau ou

péssimo, o senhorio pode ser intimado pelo in-

quilino para realizar as obras.

Caso o senhorio não as realize então o in-

quilino pode: (i) tomar a iniciativa de realização

das obras, (ii) solicitar à Câmara Municipal a

realização de obras coercivas ou (iii) comprar o

locado pelo valor da avaliação fiscal.

Ajuda financeira para fazer obrasAlertamos para o facto de existir ajuda fi-

nanceira para o senhorio que pretenda realizar

obras.

Tendo sido a renda actualizada não tem o

inquilino de pagar imediatamente o novo valor.

Existe um faseamento, até se atingir a ren-

da calculada nos termos da lei, ao longo de 5

anos, segundo o qual:

No primeiro ano acresce um quarto da dife-

rença entre a renda antiga e a renda nova.

No segundo ano acrescem dois quartos da

diferença.

No terceiro ano acrescem três quartos da

diferença.

No quarto ano aplica-se a renda calculada;

No quinto ano a renda devida é a inicial-

mente calculada mas com as actualizações de-

vidas de acordo com os coeficientes de inflação.

O primeiro valor deve ser pago até ao final

do terceiro mês seguinte ao da comunicação por

parte do senhorio.

Caso o arrendatário não esteja interessado

na manutenção do contrato após a actualização

pode, no prazo de 40 dias, denunciar o mesmo

e tem seis meses para desocupar a locado. Nes-

te hiato de tempo é devida renda sem

actualização.

Uma das grandes novidades prende-se com

a possibilidade de resolução do contrato de ar-

rendamento por parte do senhorio se o inquili-

no, ao fim de três meses, não pagar a renda

O Novo Regime doArrendamento UrbanoComeçamos um pequeno ciclo de artigos sobre a Lei n.º 6/2006 de 27 de Fevereiro,publicada no diário da republica I SÉRIE-A n.º 41 de 27 de Fevereiro de 2006 e quecria um Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), estabelece um regimeespecial de actualização das rendas antigas, altera o Código Civil, o Código de Pro-cesso Civil, o Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, o Código do ImpostoMunicipal sobre Imóveis e o Código do Registo Predial.

RAFAEL AMORIM(advogado em Portugal)

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Depois de actualizada a renda, o inquilino podepagar o aumento durante 5 anos

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 33

M Ú S I C A

POR PEDRO FERREIRAPOR PEDRO FERREIRAPOR PEDRO FERREIRAPOR PEDRO FERREIRAPOR PEDRO FERREIRA

violinista www�peterferreira�com

José António Carlos de Seixas ou, simples-mente, Carlos Seixas como é mais conhecidoactualmente, nasceu em Coimbra a 11 de Ju-nho de 1704. Este compositor marca sem dú-vida a música portuguesa da primeira metadedo séc. XVIII, e as suas criações destacam-sepela sua elegância, inventividade, energia, eum apurado sentido estético. Tendo adquiri-do a sua formação musical com o seu pai,Francisco Vaz, organista da Catedral deCoimbra. Depois da morte deste, por voltados seus quinze anos de idade, ocupou deimediato o seu cargo durante um período dedois anos como organista da Sé de Coimbra,ganhando o mesmo salário que seu pai.

Por volta dos vinte anos de idade foi paraLisboa, onde arranjou posto como professorde cravo de famílias nobres da Corte, e rapi-damente fez nome no meio musical lisboeta.Foi mais tarde nomeado vice-mestre da Ca-pela Real, e no âmbito desta posição compôsbelíssimas obras de música sacra, entre as quaisse contam o “Ardebat Vicentius”, para a festade S. Vicente, a Missa em Sol, e um “Te Deum”para duplo coro e orquestra, entretanto desa-parecido muito provavelmente com o terra-moto de 1755, tal como a maioria da sua obra.Desta constam ainda cerca de 700 sonatas parainstrumento de tecla (umas para cravo e ou-

Carlos Seixas

A primeira metade do século XVIII significa para Portugal uma época degrandioso esplendor e desenvolvimento da música clássica Portuguesa

Um compositor Português daprimeira metade do séc. XVIII

(José António Carlos de Seixas)Coimbra, 11 de Junho 1704 - Lisboa, 25 de Agosto 1742

tras para órgão), das quais restam cerca de cem.Também chegaram até nós algumas das suaspeças para orquestra, registadas num manus-crito da Biblioteca da Ajuda. Para além da suaqualidade intrínseca, estas obras têm tambémo interesse de documentarem o conhecimen-to de algumas formas musicais significativasdo barroco instrumental Europeu de usomuito diminutamente documentado na Pe-nínsula Ibérica. Estas peças são: uma Abertu-ra em Ré maior no estilo francês, com umprimeiro movimento lento em ritmo constan-te e secções alternantes em tempos contrári-os, características próprias desta forma musi-cal; uma Sinfonia em Si bemol com a caracte-rística sequência italiana – rápido/lento/rápi-do; e o fantástico Concerto para Cravo e Or-questra de Cordas que é um dos primeirosexemplos do género em toda a Europa.

Durante o reinado de D. João V (1706-1750), a Corte de Lisboa era consideradauma das mais dispendiosas e magníficas daEuropa

A primeira metade do século XVIII signi-fica para Portugal uma época de grandiosoesplendor. Durante o reinado de D. João V(1706-1750), a Corte de Lisboa era conside-rada uma das mais dispendiosas e magníficasda Europa. Neste ambiente de uma Corte tãoopulenta, as Artes, e entre elas também aMúsica, aproveitaram de uma maneira extra-ordinária. Começou a notar-se uma certa vi-ragem para os ideais artísticos da Europa Cen-tral, graças a D. João V, que conhecia perfei-tamente a tradição musical da Alemanha e daÁustria através da sua mãe, D. Maria Sophiade Pfalz-Neuburg e através de sua mulher,Dona Maria Anna de Áustria.

A grande preferência de D. João V pelopomposo cerimonial litúrgico bem como apaixão do príncipe D. José (como D. José IRei de Portugal entre 1750 e 1777) pela ópe-ra, originaram uma forte preponderância damúsica italiana cujo estilo e linguagem sono-ra iriam marcar todos os músicos portuguesesdos anos setecentistas.

Tal como Domenico Scarlatti, GiovanniGiorgio ou David Perez, muitos músicos ita-lianos viveram naquela época em Portugal, tra-

balhando como mestres de capela, cantores,instrumentistas ou professores de música naCorte e nas casas nobres. Domenico Scarlattifoi professor de musica dos Infantes, entreNovembro de 1719 e Janeiro de 1727.

Assim, pode observar-se que, a partir de1730, os lugares importantes na vida nacio-nal do país passam a ser, pouco a pouco, ocu-pados também por artistas Portugueses comoAntónio Teixeira, Francisco António deAlmeida, ou João Rodrigues Esteves, músicosque, graças aos estudos realizados em Itália,ainda mais fizeram crescer o predomínio doestilo musical italiano em Portugal.

Uma característica do estilo musical deSeixas é o carácter irregular e assimétrico doseu fraseado. A sua linguagem harmónica é,geralmente, bastante simples, recorrendo so-bretudo a modulações aos tons próximos, sen-do que a sua inspiração centra-se principal-mente na invenção melódica e adquire porvezes traços de um grande lirismo e melanco-lia — nota-se uma clara predilecção pelomodo menor, que abrange cerca de metadedas suas sonatas, tendo algumas afinidadesexpressivas com a Empfindsamkeit (ou estiloda sensibilidade) germânica ou, ainda, a falarde uma expressividade tipicamente lusitana.A primazia da melodia sobre a harmonia é,por outro lado, um indício da adesão ao esti-lo “galante”.Carlos Seixas viveu os seus últi-mos anos em Lisboa, falecendo a 25 de Agos-to de 1742 aos 38 anos.

CARLOS SEIXASDiscografia recomendada:

- Keitil Haugsand; Norwegian Baroque Orchestra; Con-certo para cravo em Lá, Sinfonia em Si bemol, Sonatas paracravo; VirginVeritas.

- Keitil Haugsand; Norwegian Baroque Orchestra; Mis-sa, Dixit Dominus, Tantum Ergo, Sonatas para Órgão;VirginVeritas.

- János Sebestyén; János Rolla; Orquestra de CâmaraFerenc List; Concerto para cravo em Lá, Sinfonia em Sibemol, Abertura em Ré, Concerto em Sol (atribuído); Strauss/PortugalSom.

- Rui Paiva; 12 Sonatas para cravo; Philips.

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34 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

Consulado Geral de Portugal em S. Francisco, CA3298 Washington Street - S Francisco CA 94115Tel: (415)-3463400 fax (415)-3461440

Consulado Geral de Portugal em Boston, MA699 Boylston Street - Boston, MA 02116Tel: (617)-536-8740/2896 fax (617)-536-2503

Consulado Geral de Portugal New York, NY590 Fifth Avenue, 3rd Floor, New York N.Y.10036Tel: (212)-221-3165 fax (212)-221-3462

Consulado Geral de Portugal em Newark, NJThe Legal Center 1 Riverftont Plaza, Newark, NJ 07102Tel: (973)-643-4200 fax (973)-643-3900

Consulado de Portugal Providence, RI56 Pine Street Hanley Building, 6th, Providence RI 02903Tel: (401)-272-2003 fax (401)-273-6247

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CONSULADOS PORTUGUESES NOS ESTADOS UNIDOS

“Imita a formiga, viverás sem fadiga.”

“Quem com ferro fere, com ferro será feri-do”, ou: “olho por olho, dente por dente”,ou ainda: “quem com ferro mata, com ferromorre”.

“Os últimos serão os primeiros”.

“O fruto proibido é o mais apetecido”.

“Quem dá aos pobres empresta a Deus”.

“A César, o que é de César”.

“Atirar a primeira pedra” (condenar o outrosem olhar as suas próprias culpas).

“Lavar as mãos” (não assumir as responsabi-lidade).

“Arco da velha” ou “História do arco da ve-lha” (históriaou coisa espan-tosa, extraordi-nária, surpreen-d e n t e ,inveross ími l ,absurda etc.)

VENDAS DE GASOLINA NOSEstados Unidos

Abril 2006Galões por dia(Super):4.9 milhõesAs restantes: 59.75 milhões• Percentagem no aumento doconsumo de gasolina em relação aJulho de 2005: 1.7 por cento

População dos Estados Unidos emOutubro de 2006: 300 milhões

População mundial: 6.082.966.429

Número de países no mundo: 194

Números

B L O C O DE N O T A S

Costuma dizer-se que os provérbios e ditados populares reflectem asabedoria do povo. Eles são uma forma simples mas eficaz de nos trans-mitir uma lição ou ensinamento. E isso não acontece por acaso. É quegrande parte deles têm origem nos textos bíblicos. Veja alguns exem-plos desses ditados e a sua correspondência em textos bíblicos.

Provérbios e ditospopulares: a origem biblica

Diz o povo... diz a Bíblia...“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso: olha paraos seus caminhos, e sê sábio” (Pv. 6:6).

“Quebradura por quebradura, olho por olho,dente por dente: como ele tiver desfigurado aalgum homem, assim se lhe fará” (Lv. 24:20).

“E viu a mulher que aquela árvore era boa parase comer, e agradável aos olhos, e árvore dese-jável para dar entendimento; tomou do seu fru-to, e comeu, e deu também a seu marido, e elecomeu com ela” (Gn. 3:6).

“Ao Senhor empresta o que se compadece dopobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Pv. 19:17).

“E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta ins-crição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhesdisse: Dai pois a César o que é de César, e aDeus o que é de Deus” (Mt. 22:20, 21).

“E, como insistissem, perguntando-lhe, endirei-tou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós estásem pecado seja o primeiro que atire pedra con-tra ela” (Jo. 8:7).

“Então Pilatos, vendo que nada aproveitava,antes o tumulto crescia, tomando água, lavouas mãos diante da multidão, dizendo: Estou ino-cente do sangue deste justo. Considerai isso”(Mt. 27:24).

O arco da velha refe-re-se ao arco-íris queaparece na antiga his-tória bíblica de Noée do dilúvio, e quefaz parte da Velha Leiou Velha Aliança (doVelho Testamento).

“Porém, muitos primeiros serão os derradeiros,e muitos derradeiros serão os primeiros” (Mt.19:30).

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 35

D I A - C R Ó N I C A

Ao Rogério Silva encontrei-o eu pelaprimeira vez na Horta num mural.Já ouvira falar, mas o conhecimentonão dava ainda para descobri-lo ali

naquela parede da Insulana numa estilizaçãode baleias, baleeiros e Pico. Quedei-me na con-templação dos traços dinâmicos fora do tra-dicional e não sei já o que lá fora fazer. De-pois, percebi as semelhanças entre aquelascores e motivos e as capas da revista Gáveaque pela mão do Rogério, Almeida Firmino eEmanuel Félix, nos anos cinquenta (criançanessa altura, eu só a conheci passadosanos) tentou acordar Angra de uma le-targia antiga. Mas quem sobre o pintormais me badalou ao ouvido em letra deforma foi o Carlos Faria, que nos po-rões dos navios trazia de Lisboa medi-camentos de mistura com telas e poe-mas. Dos medicamentos, as farmáciassaberão. Os poemas, esses via-os plan-tados no suplemento “Glacial”, de AUnião, onde o Karlos Faria com K fazialeitores jovens como era eu vibrar deespanto. Volta e meia, o Karlos clamavano deserto anunciando o Rogério e anova arte que ele desbravava no arqui-pélago.

O Karlos trazia quadros e mais qua-dros. Ele e o Rogério não se cansavamde organizar exposições em Angra e ilhasadjacentes. O Rogério, pedagogo paci-entemente didáctico, acompanhava vi-sitas guiadas para adultos, jovens e cri-anças de escola. Foi assim que em An-gra tivemos acesso a trabalhos doAntónio Palolo, Bartolomeu Cid, ArturBual, Nadir Afonso, Costa Brites, e dopróprio Rogério Silva, que beneditinose fizera apóstolo das novas formas estéticaspintando quadros com os Açores em movi-mento a procurar vencer o marasmo secularilhéu - moinhos de vento de velas enfunadas,baleias astutas domadas por ainda mais astu-tos baleeiros, nuvens agitadas descobrindocéus e anunciando azul para um futuro breve.

Entretanto, perdi-me uns anos por Lisboae noutros livros. Nos alvores da década de se-tenta, já com os costados na Nova Inglaterra,descobri-me de súbito novamente vizinho doRogério. Aconteceu numa festa num parqueem New Bedford onde os também hoje sau-

Rogério Silva:A arte de um outro mundo

dosos Manuel Bettencourt Silveira e HeldoBraga reataram entre nós o laço que os mareshaviam desatado.

O Rogério fervilhava de ideias. Fui a suacasa onde pintava uma New Bedford que, in-sistia o Heldo em livro de poemas (nuncapublicado), um dia veria crescer rosas emNovembro. O Rogério acreditava e pintava.A escola do seu bairro, ali à Coggeshall St, osarranha-céus de azul límpido por detrás dawasteland de ferro-velho, imigrantes dividi-dos e distraídos no jogo em tardes de tasca-

sem-fim. Mas sempre as cores luminosas e ostraços firmes apontando para futuros optimis-tas a emergirem do caos, ordem e tranquili-dade a renascer de caixotes opressivos evocan-do fábricas escuras e tristes - onde ele aliássuou copiosamente.

Vieram planos. A editora Gávea-Chama,lugar da primeira edição do meu Ah! Mònimdum Corisco!, depois a ideia da revista Gávea-Brown que ele quis muito fosse continuaçãodo antigo projecto Gávea. Integradas em even-tos gerados pelo entusiasmo dos meus verdesanos, surgiram exposições da sua obra por aqui

e por ali, causando admiração porque umgreenhorn supostamente não pintaria assim –Brown, Cambridge, Boston e outros lugaresque não recordo com exactidão porque escre-vo de cor, em férias, surpreendido pela notí-cia da morte do Rogério e sem poder recorrera nada a não ser o que a memória guarda nacaixa do pronto-a-lembrar. Espantoso de verera a minúcia com que o Rogério preparavacada exposição até ao pormenor da maquetecom reproduções em miniatura dos quadros,a caixa que ele construia para cada pintura

que ele próprio emoldurava, tudo numprimor de perfeição chinesa.

Entretanto, os anos foram passando.Era preciso que o Rogério deixasse de serde um mundo que já não existia – o dosAçores que o moldaram - e palmilhasseAméricas despudoradas para se fazerpresente, convencer galerias a exporemos seus quadros, conhecer os meandrosdas bolsas ou investir dinheiro que nãotinha para que a sua arte fosse(re)conhecida. O Rogério chocava-seporque “a arte é arte e não se suja”. Pelomenos a arte do Rogério, ou tal comoele a concebia. Esquecia-se de que mes-mo Miguel Ângelo, Rafael e Leonardonada teriam feito se não fossem osmecenas - papas, cardeias e duques coma grana que paga as tintas e mata a fomeao artista. O Rogério não acreditava. NosAçores do seu tempo, tudo fluía sem mas-sa, embora não se esquecesse nunca dofacto crucial de ter sido por um mal-en-tendido nessa matéria que fora ele pró-prio bater com os ossos nos States, quan-do um Instituto lhe pediu um trabalhocomo devia ser e ele despendeu a soma

que achava necessária por exigências da arteem si. Chegada, porém, a conta, minguou odinheiro porque ninguém alguma vez supu-sera que as coisas da arte custassem assim tan-to, e o Rogério deu de repente consigo numafábrica de New Bedford para poder pagar aprestações.

E, todavia, ele sonhou sempre com o re-gresso porque, nos seus idílicos Açores, a Cul-tura, e sobretudo a Arte, escreviam-se commaiúscula, em letra pura, quase sobrenatural.Se nos Açores o asceta Rogério vivia nas nu-

(conclui na página 38)

ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA

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36 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

SE N G L I S H S E C T I O N

Hello. I love Portugal.

First I wish to say I am happy to join“ComunidadesUSA”. It is a great pleasure to sharewith you some of our heritage, be it in Portugal orhere in the United States.

From our small piece of real estate on the mostwestern part of Europe, I always find it amazinghow the term “saudades” carries itself all over theworld. I remember years ago that a Portuguese-American living in the United States said to methat “Portugal was our home and the world wasour grave.” This profound statement made mereflect on our social and psychological conditionon the generations of stories yet to be told. I hopethat I can be part of this adventure on sharing withyou some of our heritage, be it as Portuguese livingout side of Portugal, Luso-Americans or Americanswho have had some culture-in-contact with Por-tugal. Some of my writings will be in story or poemsthat I have published in the past; others will beinterviews of members our community, whileothers will take on a serious note be it political orsocial.

I shall start my series with a humorousadventure. It is called:

“Rotunda-Rotunda-Rotunda”

Let us begin.

Well, let us start at the Lisbon airport. Youdecide to rent a car. After the pick up, you knowthere is a short drive to go down to the center ofLisbon. Here on the street outside the airport, andbefore one reaches the next traffic light, you noticesomething odd and aggressive. Many of the driversare cutting each other off to enter a selected lane.Then all of a sudden, and at the next traffic light,you notice a traffic circle (called rotunda inPortuguese). “My God,” you ask yourself; ”Wheredo I go from here?” You observe the circle andnotice not one, not two, not three, not four, butfive possible exits to leave the circle. Each one seemsto have a designated lane or two to negotiate theexit. AAAAHHHHH! “How do I do this?” “Whenthe light turns green, you finally enter the circle.People behind you start honking their horns as if

you where a serial killer and had to get off the road.When you enter the circle, you may have to goaround two or three times to read the sign thatgoes go to the center of Lisbon. Back and forthyou negotiate each lane, knowing that you haveangered one more Portuguese driver.

This experience can be duplicated several ti-mes in Lisbon. Another rotunda one has to becareful to negotiate is at the Marques de Pombalor called by Lisbonites as “O Marques.” Here,again, the rotunda not only has several exits, butalso has traffic lights where each lane has a specificway out. If you are in the incorrect lane, youbecome a “criminal.” You are sure that if you makea mistake someone in the other car may be saying,“ look, another immigrant.”

Well, you think; “soon I will be out of Lisbon.I will enjoy the countryside.” Your first stop willbe Coimbra. You decide to take the old road insteadof the toll road, A1. As you go along, you noticemore traffic than you use to know, but that isprogress. The smell of diesel oil still remains in theair that is a typical odor that only Portuguese canidentify with. You also note that every so often thereis a controlled traffic light (usually 60 kilometersper hour). Most of the cars slow down to the exactspeed, but as soon as the last light changes to green,the race is on again. Then out of nowhere you seeanother traffic circle. “This was not here before,”you say to yourself. “Why is it needed? Maybe therewere too many accidents at this intersection andthis is a way to diminish the traffic accidents.” Stillit makes no sense. A simple installation of trafficlight would have solved the problem. About 50kilometers after the first one, there is another circle.It seemed there was no logic to this circle with theexception of traffic control. Once again, a simpletraffic light would have solved the problem.

You are dying to see Coimbra, especially toride down the ‘Estrada da Beira” to see the oldsoccer stadium near the railroad tracks. But it seemsthat things have changed. It is no longer a simpledrive to one part of the city to another. Youencounter another rotunda with some signs thatdo not make sense. This is because since yourabsence of several years there are newneighborhoods that you are not familiar with. Soyou go around the circle and take one of the exitsthat says “Universidade” (University) Once again,ANOTHER rotunda with more signs. You thinkthat you are in a Kafka experience or reading Jean-

Paul Sartre’s book No Exit. You decide to enterone of the open lanes and follow the road. Withina few minutes ANOTHER rotunda. What isfrustrating is the rotunda you just left reappears.You are now back to square one. You stop and aska local for directions to the soccer stadium. It seemseasy to him. He says,” go up this road until you hita rotunda. Take your second exit and straight upuntil you hit the next rotunda. You must go almosta total circle to the take the next road. There maybe construction on your way. They are buildinganother rotunda. So you may have a detour.” Idecided to forget my fantasy and go home to seemy family. Since, I could not go through the “Es-trada da Penacova,” I decided to go through IP3, ashorter and more pleasant route to Viseu.

Again, more unbelievable experiences. To getto the other side of Coimbra, “rotunda-rotunda-rotunda.”

On IP3 the ride was pleasant and it broughtback the days I studied in Coimbra. Some of thehomes that I recognized either are rehabilitated ordilapidated. There is a sign to get to Nelas, a shortcut to my “aldeia.” Before and after I pass the cityof Nelas, there are two more rotundas to negotiate.“What is this?” It seems that the country has nowa love affair with traffic circles. I am finally nearmy home and I see a detour sign. Nothing major Ireflect. I remember that I use to complain aboutthe potholes in the road. SHABAM!! They arebuilding a rotunda in NOWHERE!!! There is NOtraffic and only three exits, all negotiable with theeye and common sense. No I said. “This is not aJean-Paul Sartre’s novel! It is a Dali painting.

To make a bad dream worse, just this summerin my town, a small “aldeia” in Beira Alta, the lo-cal government decided to add two rotundas, oneat each end of town. “My God,” I ask myself “whatis this?” For years we never had a problem withtraffic. Actually one of the rotundas is not in thecenter of the road and large trucks have difficultygoing around the circle. All of the people in townhave complained but to no avail the rotundas stay!

Well, folks that is the end of the story. AlthoughI have exaggerated a little to make a point, I hopeyou had fun reading this piece of critical satire.

Just think, the next time you visit Portugal,just say; “Rotunda-Rotunda-Rotunda.

Have a good day.

SaudadesDR. ANTÓNIO SIMÕES (TONITO)

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 37

E N G L I S H S E C T I O N

Writing from my new office, asweet and lordly perch withan eyeball on New Bedford’swhaling musuem, Iunderstand more than I didbefore I bought what is now

Tatlock Gallery. The big round wafer has beenre-installed. I can say that life seems new andfresh, as it is once you turn a page. My pagefor way too long was wandering the woods,swimming in a pond, and wishing and hopingin Ludlow’s Primavera restaurant. The TatlockGallery is a new life and an important life,with direct motorcycle access to thePortuguese North End and the fabulous newPortuguese restaurant in the South end, Ade-ga. The Tatlock Gallery is part of NewBedford, a fascinating, gritty, ethnically andracially multi-tectured city. The TatlockGallery has a healthy amount of Portugueseart, thanks to Paula Santos Dias, and it risesagainst the skeleton of this right whale, seenhanging through the windows, right here, andacross the cobblestones. I am way up in theair, and I park my Moto Guzzi on thesidewalk. The Tatlock Gallery is reality. It isup and running. Life is good!

The complexities of buying an 1814historic building, costing $700,000, andturning it into an art gallery, are made easierby being convinced that the fates have spoken.The New Bedford establishment wanted mehere. Or so some said. You never knowentirely. But striking ahead and having beliefare part of life’s consequential magic. Littlepieces come together and turn into big pieces.The Portuguese, the Old Yankee, and thosein between, the Cape Verdeans, the malltrudgers, it all marries into the future, andthe business of tying it all together can havean option for vintage motorcycle art.

This 1814 building is of an olive exterior.It’s history isn’t wholly evident, though at onepoint it had dealt ship supplies, and has littlegold numbers embedded in the shinningwood floor for measuring rope. In it’s previousincarnation, it had been an art gallery too,and that is part why the buyers and the non- David Tatlock in front of his new gallery in New Bedford, MA

DAVID TATLOCK

TheTatlock Galleryin New Bedford, MA

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38 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

E N G L I S H S E C T I O N

The historic North Water Street, with the Tatlock Gallery at right

buyers want me here. It was on Mary 1, 2006when I willingly signed about twenty fivedocuments. And then with the keys, I walkedinto the vacated Robert Duff gallery, thinkingof what my cousin Louise had told me, thatthe venture could collapse about me head likea circus tent.

Thanks to the help of a woman namedJena Holt, I’ll call her the Tat Gal, it didn’t.Jena walked me up to Webster Bank, and wegot going. The Tatlock Gallery is hung withart from Downeast Maine, Vermont, CapeCod, and Portugal. My plan, possibly withthe help of Portuguese organizations, is toreduce the snooty connotation of the word“gallery” and make the space available formusic, readings, and people who ordinarilymight not step a foot in a high end art gallery.We have painted furniture by Peggy Grose,bold coast Maine by Tom Fleming, Portuguesedancers and boat scenes by Paula Santos Dias,Cape Cod miniatures by Mary Nolan,Vermont still lifes and landscape by husbandand wife John Smith and Rose Mary Ladd,pencil canvases (seen, to be believed) by RyanJacque and Steve Wilda, bells by US Bells.

Tatlock Gallery Opener was Thursdayevening, June 8th in conjunction with NewBedford’s bimonthly AHA! night (Arts,History, and Architecture). I told those eagerlywaiting that my Elvis tapestries would all beup, but as soon as the eyes popped and jawsdropped, I said that I really had great plansfor this hosting Openings at the rate of everytwo months, and Portuguese art will be at aconstant. We’ll have Portugal, the usual CapeCod-inflected motifs, and have alreadybranched into interior New England, with onegreat image from the Champlain Valleylooking at the Adirondack Mountains. Notto forget a vintage motorcycle soiree this fall,and art from Umass Dartmouth.

In every age, people talk aboutimprovement. Little changes of taste aresupposed to stack up and amount to somestyle, make us more discerning, make us morepolite, make us what better we can think ofourselves. In the end, improvement, so itseems, has been grafted into the definition ofconsumerism, and we sit at a steaming set oftraffic lights. And a gallery is supposed tosupply this other, joined ideal, and the artistswe show, in my case, seven, should supplysomething to put in a house and give itatmosphere.

The suitable role for an art gallery is tocreate a haven of symbolic works ennoblingthe common. Visually, it should tidy up ourdaily existence and create a shrine of canvases,furniture, books in my case, and three-dimensional art. And, in the case of theTatlock Gallery, being part of New Bedford“on the crest of the wave.”

My plan is to build a bridge between thePortuguese community and the downtown,and the surrounding wealthy communities.

vens, em New Bedford viveu das nuvens.A última vez que me cruzei com ele aconte-

ceu em Vila do Porto, Santa Maria. Tinha reali-zado o sonho do regresso a casa (nascido no Faial– em 1929, creio eu - , era à sua adoptiva Angraque chamava pátria) e viajava de ilha em ilha,de novo apóstolo da arte ensinando nas escolaso que ela é e como se faz. Mas a desilusão esta-va-lhe plantada nos olhos. Os tempos haviammudado e também ele não reencontrara a ilhade onde em tempos partira. A seu ver, a arteestava bastante conspurcada, vendia-se e com-prava-se por alto preço. Por todo o lado encon-trava banha de cobra a valer fortunas, e as gen-tes estonteadas com a pimenta das Índiaseuropeias, chegada de Bruxelas em chorudospacotes, construiam casas de paredes amplas aexigirem pinturas a metro. Qualquer Chico Es-perto agarrava de um pincel e, logo ali, com amão direita rabiscava umas patranhas, enquan-to contava cifrões na algibeira com a esquerda.

Tatlock GalleryTatlock GalleryTatlock GalleryTatlock GalleryTatlock Gallery, 36 North WaterStreet, New Bedford, MATel: (508) 993-1192

Or if not a bridge, a perch, like the one I’mon, feet on the floor, thoughts in the clouds,where each may feel comfortable, unto his orher own. The Tatlock Gallery is available as acenter for learning Portuguese, too.

So I come to work, dress better than I did,am not miscast, am a regular guy. And myPortuguese, once again, is improving! Anyonecoming through New Bedford should walkthe historic district, but a few cards, and eatand drink in a fine Portuguese restaurant.

Para culminar o desaire, a sua ideia de artecomo missão esvaíra-se com os tempos, a lin-guagem artística era outra, os rostos idem, e oRogério sentiu-se peixe fora das suas águas fa-miliares.

O Rogério também não se sentia mais dasua terra. New Bedford estava definitivamen-te longe, e a Lusa, seu arrimo sólido, incondi-cional apoiante e dedicadíssima companhei-ra, escondia uma doença que a levou. Nos anosque se seguiram, o Rogério deixou de existirpara o exterior, e porventura para si próprio.Enconchou e fez-se lapa na pedra da sua me-mória, sem nunca mais abrir para ninguém.

Agora chegou de Angra, via João Afonso -talvez o seu mais perene amigo - a notícia deque partiu para um outro mundo. Partiu nada!O Rogério nunca viveu neste. Se partiu, foi paraonde sempre esteve. Quem, como eu, teve a sortede o ver, foi apenas contemplado pelas suas apa-rições. Que ficaram indeléveis. Ajudadas, natu-ralmente pelos seus quadros, memória viva delea lembrá-lo diariamente lá em casa.

Ou em qualquer lugar. Como aqui mes-mo, neste mar algarvio, sem baleias.

Rogério Silva:A arte de um outro mundo

(conclusão da página 35)

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ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA December 2006 39

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Consulte o Site Consulte o Site Consulte o Site Consulte o Site Consulte o Site www�astromhm�comwww�astromhm�comwww�astromhm�comwww�astromhm�comwww�astromhm�com e obtenha mais informações� e obtenha mais informações� e obtenha mais informações� e obtenha mais informações� e obtenha mais informações�

para o mês de NOVEMBRO○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

por Maria Helena Martins (socióloga, LISBOA)

Carneiro Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Valete de Copas� Carta do Mês: Valete de Copas� Carta do Mês: Valete de Copas� Carta do Mês: Valete de Copas� Carta do Mês: Valete de Copas� que signi

fica Lealdade� Reflexão�Lealdade� Reflexão�Lealdade� Reflexão�Lealdade� Reflexão�Lealdade� Reflexão� AmorAmorAmorAmorAmor: Vai sentir estimulada a

sua vida sentimental de uma forma muito subtil� Saúde:Saúde:Saúde:Saúde:Saúde:

Possíveis estados de ansiedade e de sensação de

incapacidade�É necessário que realce os seus valores� que

não se menospreze nem perca a sua autoconfiança� DiDiDiDiDi

nheironheironheironheironheiro: Haverá alterações na sua rotina diária� Este mês

dálhe uma boa oportunidade para trocar aquilo que na

sua vida não lhe agrada por algo que o satisfaça mais�

Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �

Touro Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� que significa GanhoGanhoGanhoGanhoGanho� AmorAmorAmorAmorAmor: Este

período será muito benéfico se mantiver o contacto com

os seus amigos mais próximos�

SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Tenderá a estar um pouco mais irri

tado que o normal� Controle o seu fei

tio� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: É tempo de começar

uma nova vida� pois pode cortar

com tudo aquilo que achar supér

fluo ou que lhe desagrade� NúNúNúNúNú

mero da Sorte: ��mero da Sorte: ��mero da Sorte: ��mero da Sorte: ��mero da Sorte: ��

Gémeos Carta do Mês: � de Copas� Carta do Mês: � de Copas� Carta do Mês: � de Copas� Carta do Mês: � de Copas� Carta do Mês: � de Copas� que sig

nifica Nostalgia�Nostalgia�Nostalgia�Nostalgia�Nostalgia� AmorAmorAmorAmorAmor: Passe mais

tempo na companhia da sua família�

Ela sente muito a sua falta� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Se tem as s u n

tos de saúde para tratar� não os deixe para segundo pla

no� A sua saúde espiritual poderá necessitar de mais aten

ção� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Procurará defender os seus direitos com

entusiasmo� mas de forma equilibrada� Terá uma gran

de necessidade de falar sobre si mas não exagere e ouça

também o que os outros lhe querem dizer Número daNúmero daNúmero daNúmero daNúmero da

Sorte: �Sorte: �Sorte: �Sorte: �Sorte: �

Caranguejo Carta do Mês: Valete de Espadas� Carta do Mês: Valete de Espadas� Carta do Mês: Valete de Espadas� Carta do Mês: Valete de Espadas� Carta do Mês: Valete de Espadas� que significa VigilanteVigilanteVigilanteVigilanteVigilante

e Atento�e Atento�e Atento�e Atento�e Atento� AmorAmorAmorAmorAmor: Haverá dias em que poderá viver num

estado de ansiedade e de irascibilidade� Se não se souber

controlar� vai arranjar conflitos na sua vida pessoal� SaúSaúSaúSaúSaú

dedededede: Este mês vai ser bom para um encontro consigo

mesmo� Será uma boa oportunidade para refazer toda a

sua vida interior e exterior� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Faça uma

introspecção� mude o que achar necessário e redescubra

os seus valores� Terá a força necessária para conseguir

transformações na sua vida financeira� Número da SorNúmero da SorNúmero da SorNúmero da SorNúmero da Sor

te: ��te: ��te: ��te: ��te: ��

Leão Carta do Mês: Rainha de Espadas� Carta do Mês: Rainha de Espadas� Carta do Mês: Rainha de Espadas� Carta do Mês: Rainha de Espadas� Carta do Mês: Rainha de Espadas� que significa MelanMelanMelanMelanMelan

colia� Separaçãocolia� Separaçãocolia� Separaçãocolia� Separaçãocolia� Separação� AmorAmorAmorAmorAmor: Tenderá a alterar o seu compor

tamento e a forma como se apresenta física e psicologi

camente� Vai sentir o despertar de muitos dos atributos

que irão modificar a sua vida� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Vão operarse mu

danças substanciais na sua vida� Deixe que elas ocorram

normalmente� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Poderá ter dificuldades em to

mar decisões e aquelas que tomar� provavelmente� não

serão brilhantes� Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: �

Virgem Carta do Mês: de Ouros� Carta do Mês: de Ouros� Carta do Mês: de Ouros� Carta do Mês: de Ouros� Carta do Mês: de Ouros� que significa PoderPoderPoderPoderPoder� AmorAmorAmorAmorAmor: Aten

ção a uma tendência para o irrealismo� ilusão� sonho e

alguma irresponsabilidade� Pode sentir uma imediata

empatia e inspiração nas suas relações afectivas� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde:

É uma oportunidade para concluir as ideias que tenha em

curso� Deixe aflorar todas as recordações e os problemas

do passado para que os possa ultrapassar harmoniosamen

te� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Adoptará novos pontos de vista sobre dife

rentes assuntos porque receberá influências de pessoas

que entrarão na sua vida e lhe transmitirão uma nova

maneira de abordar os problemas� Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��

Balança Carta do Mês: de Espadas� Carta do Mês: de Espadas� Carta do Mês: de Espadas� Carta do Mês: de Espadas� Carta do Mês: de Espadas� que significa Amizade� Equi Amizade� Equi Amizade� Equi Amizade� Equi Amizade� Equi

líbrio�líbrio�líbrio�líbrio�líbrio� AmorAmorAmorAmorAmor: Se tem uma relação amorosa que está a

atravessar uma fase menos boa� não desespere e tenha

calma� pois ainda há esperança para que tudo melho

re� por isso não desista� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Poderá ser um perí

odo de muita tensão e no qual não vai conseguir

evoluir� Sentirá a energia para realizar os seus

objectivos� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Durante este mês não es

pere resultados imediatos� Haverá uma tendên

cia geral para que tudo evolua muito lentamen

te� Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: �

Escorpião Carta do Mês: Ás de Espadas� Carta do Mês: Ás de Espadas� Carta do Mês: Ás de Espadas� Carta do Mês: Ás de Espadas� Carta do Mês: Ás de Espadas� que significa SucessoSucessoSucessoSucessoSucesso�

AmorAmorAmorAmorAmor: Será um período muito difícil para se fazer en

tender e entender os outros� Não tome decisões porque

não estará na sua melhor forma para o fazer� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: No

inicio do mês poderá surgir a oportunidade de tirar uns

dias de férias ou� quem sabe� um fimdesemana mais

prolongado� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Em relação à sua situação econó

mica e profissional� gastar algum dinheiro extra pode ser

a resposta a uma situação que poderá surgir no final do

mês� Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��

Sagitário Carta do Mês: de Paus� Carta do Mês: de Paus� Carta do Mês: de Paus� Carta do Mês: de Paus� Carta do Mês: de Paus� que significa Iniciativa�Iniciativa�Iniciativa�Iniciativa�Iniciativa� AmorAmorAmorAmorAmor:

Nesta fase deverá andar com os pés bem assentes na

terra e não se deixe levar pelas palavras bonitas das ou

tras pessoas� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Deverá estar atento e precaverse

de situações que lhe possam ser desfavoráveis� pois será

uma altura propícia para pequenos incidentes� DinheiDinheiDinheiDinheiDinhei

rororororo: Em resposta às necessidades de se concentrar nou

tras áreas da sua vida� a sua situação financeira parece

estar a estabilizar� Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��Número da Sorte: ��

Capricórnio Carta do Mês: Ás de Paus� Carta do Mês: Ás de Paus� Carta do Mês: Ás de Paus� Carta do Mês: Ás de Paus� Carta do Mês: Ás de Paus� que significa Energia� IniciatiEnergia� IniciatiEnergia� IniciatiEnergia� IniciatiEnergia� Iniciati

vavavavava� Amor: Amor: Amor: Amor: Amor: Estará sempre pronto a ajudar os outros� no

entanto atravessará um período de tensão que vai im

por algumas dificuldades às suas relações� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Dur

ma as horas necessárias e descanse a sua mente de pro

blemas e dúvidas� Dinheiro:Dinheiro:Dinheiro:Dinheiro:Dinheiro: A chave para lidar com a

sua vida económica é a atitude� Adoptando uma atitude

de serenidade� poderá caminhar para que o seu mundo

trabalhe melhor para si� Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: � Número da Sorte: �

Aquário Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� Carta do Mês: � de Paus� que significa Perda de OportuPerda de OportuPerda de OportuPerda de OportuPerda de Oportu

nidadesnidadesnidadesnidadesnidades� AmorAmorAmorAmorAmor: Uma grande necessidade de se sentir

amado pode leválo a reacender um amor existente ou a

procurar um novo caso� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Iniciará um período no

qual alguma da sua energia será gasta em prol do seu

desenvolvimento interior� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Os planos para o su

cesso que desenvolveu estão perto do fim� Poderá ver se

alcançou os seus objectivos e se valeu a pena cumpri

los� Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �Número da Sorte: �

Peixes Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: Carta do Mês: O Julgamento� Julgamento� Julgamento� Julgamento� Julgamento� que significa Novo CicloNovo CicloNovo CicloNovo CicloNovo Ciclo

de Vidade Vidade Vidade Vidade Vida� AmorAmorAmorAmorAmor: A comunicação pode não estar no seu

melhor� quer seja com o seu par ou com as crianças� prin

cipalmente na última metade do mês� SaúdeSaúdeSaúdeSaúdeSaúde: Com a ener

gia e inspiração que está a sentir pode ficar excessiva

mente ansioso� DinheiroDinheiroDinheiroDinheiroDinheiro: Dificuldades financeiras de lon

ga data atingem um ponto crítico e sentirseá tentado

a agir de modo impulsivo� Mantenha a calma� NúmeroNúmeroNúmeroNúmeroNúmero

da Sorte: ��da Sorte: ��da Sorte: ��da Sorte: ��da Sorte: ��

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40 December 2006 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

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Procure na grelha osnomes dos seguintesnavegadoresportugueses:

Vasco da GamaBartolomeu Dias

Gil eanesGonçalves Zarco

Fernão de MagalhãesPedro Álvares Cabral

Diogo CãoGonçalo Velho

Tristão Vaz TeixeiraManuel PessanhaDiogo de Silves

João de TeiveNuno Tristão

Antão GonçalvesPedro Sintra

Soeiro da CostaPero Escobar

Jonao de SasntarémFernão do Pó

Corte RealJoão Cabrilho

SOPA de LetrasAquele que:É activo como uma abelha, forte como umtouro, trabalha que nem um cavalo e que aofim da tarde se sente cansado que nem umcão, deveria consultar um veterinário porque ébem possível que seja burro.

DESGRAÇASTrês viuvas falavam da sua desgraça:— O meu Manel, coitadinho, passou-se com um

ataque de coração.— O meu Francisco, o pobre foi atropelado.— Ai e o meu António que morreu a beber leite...— A beber leite! Mas como foi isso? Afogou-se?— Não A vaca caíu-lhe em cima.

NA ESCOLA— Pai, hoje fui expulso da escola.— O quê? O que que fizeste?— Meti dinamite debaixo da cadeira da

professora.— Maldito! Vais já à escola pedir descul-

pas à tua professora!— Qual escola?

AGRICULTURAUm estudante de agricultura foi estagiar

para casa de um agricultor. No primeiro dia olhapara um campo onde uns grãos que doiravamao Sol e diz:

— Os seus métodos são muito antiquados.Duvido que consiga tirar 20 alqueires de trigodeste campo.

— Também eu. Isso é centeio.

O TEMPOO professor pergunta aos alunos qual a

coisa mais velha do mundo. Como ninguémsabe, ele explica que é o tempo. Nisto, le-vanta-se um aluno, e diz:

— Senhor professor, eu sou mais velhoque o tempo!

— O quê ? Isso não pode ser!— Pode sim, senhor professor. Os meus

pais dizem que eu nasci antes do tempo!

Precauções

O Manuel estacionou o seu carro à noiteno centro de Lisboa e retirou o rádio. Alémdisso deixou uma nota escrita no vidro:

— Não tem rádio, não tem valores, nãotem nada na mala.

Na manhã seguinte, encontra o vidro par-tido e o recado rabiscado:

— Só para conferir.

POLITICAMENTE INCORRECTAVira-se ele para ela:— Sabes, tu lembras-me o mar!— Ai sim, que romântico. E porquê, por-

que os meus olhos são azuis e fazem-te lem-brar a cor do mar?

— Não.— Então é porque o meu cabelo é ondu-

lado e tu lembras-te das ondas do mar?— Tamb não.— Então porquê? Diz-me!— Enjoas-me!

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J O A O D E S A N T A R E M X J S U H R J Y

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Y Q A T M X D E K K B G O N C A L O V E L H O

Z U S A Q C T E W G V J N T I H Q Z F J T C V

M J J R W S V Z T K E R S Y R G F F C R X M C Y

N B R U L J K S Q E I M S A W I W L K I P A O A

V T Y B B L D C I U O I I X Q V L S N L H E Z N N I

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Q L S R X O C M O R P C A H H R E D S G H S V V G M V V F Q

B I S O F G F B A L G Z U Y K T S I A D Z I B E O J A O D X

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T B Z I O C V J P O W P D L Z L N P O K C C V M A I

N A I L Z I N R I O D D E I U U C U W L Z O E K G J

D R A V D I O G O C A O M S A I K V P Y J T S P A U

M X E T C J H E C Q V P F S S D D U K K B N T M

N D S R C S T R I S T A O V A Z T E I X E I R A

C R T A G D G M U G R S D W N X Q X U O F U

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