DEBATINHO SCRPardo, 8 de outubro de 2006 Orkut e MSN, a...

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SCRPardo, 8 de outubro de 2006 DEBATINHO -14- Orkut e MSN, a moda nos micros Da Reportagem Local Desde que surgiu, o Orkut vem aumentando cada vez mais a participaçªo de brasileiros de todas as faixas etÆrias. Embora o site exija que seus usuÆ- rios tenham pelo menos 18 anos, atØ mesmo cri- anças e adolescentes tŒm seu perfil registrado nele. Outra febre entre os jovens Ø o MSN, um pro- grama que permite bate-papo ao vivo entre os usuÆrios. Para evitar algum problema envolven- do usuÆrios mal intencionados ou comunidades com conteœdo preconceituoso ou impróprio para menores, a maioria dos pais procura acompanhar a vida cibernØtica dos filhos. Eles acreditam que a melhor soluçªo Ø a orientaçªo para a utilizaçªo segura e correta da internet. Victória Alvim Raimundo, 12, passou a inte- grar o Orkut hÆ 2 anos, quando recebeu um con- vite obrigatório para entrar no sistema da irmª BÆrbara. Hoje ela tem cerca de 270 comuni- dades, mas admite que Ø difícil responder tópicos ela prefere escrever recados (ou scraps) para seus amigos. PorØm, novas amizades atravØs do site só surgiram trŒs. É que eu adiciono só quem eu conheço, explica. Sua irmª, Lorena Alvim Raimundo, tambØm tem Orkut e estÆ em mais de 200 comunidades, mas diz que só entra para para ler as discussıes. Eu nªo escrevo nada, admite. De seus 148 ami- gos, ela garante conhecer todos pessoalmente. Mesmo que eu nªo converse muito com alguns, sªo conhecidos das minhas irmªs, explica. A mªe, Selma Alvim Raimundo, justifica a ati- tude das filhas lembrando que o espaço Ø aberto para qualquer um e pode atØ mesmo ser usado por pessoas que querem enganar usuÆrios ingŒnuos.Eu tenho muito medo que elas respondam perguntas pessoais, que nunca devem ser ditas, como infor- maçıes sobre a família, justifica. Selma tambØm tem senha para o Orkut, mas praticamente nªo entra no sistema. Minhas fi- lhas Ø que mudam minhas fotos, por exemplo, diverte-se. PorØm, ela admite que, sempre que pode, acessa o profile (pÆgina pessoal no Orkut) das filhas para saber quem escreve para elas ou dar uma olhada nas comunidades. Mas nªo fico muito em cima porque nªo dÆ para fiscalizar tudo, justifica. A principal dificuldade, segundo Selma, Ø a falta de tempo. Acho que nenhum pai consegue ficar vigiando o tempo todo. Por isso, o ideal Ø orientar sobre o uso correto, para evitar Victoria e Lorena: mªe fiscaliza amigos e comunidades e orienta utilizaçªo da internet pessoas desconhecidas ou comunidades com te- mas preconceituosos, por exemplo, explica a mªe, que sempre pergunta que Ø o desconhecido na lista de amigos do Orkut ou com quem elas conversam no MSN. TambØm integrante do Orkut, Sofia Saad Gon- çalves conta que jÆ foi mais assídua na rede. Eu nªo ocupo muito meu tempo com computador, gosto mais de ler, conta. Sofia tem mais de oito- centas comunidades e reconhece que nªo hÆ como participar ativamente de todas. AliÆs, certa vez, por pedir informaçıes em um site sobre o manu- seio de um iPod (aparelho similar a um walkman, mas que toca mœsicas no formato digital MP3), Sofia foi vítima de esculhambaçªo por parte de um grande nœmero de pessoas prÆtica conhe- cida como bulling. Ao peguntar sobre como transferir os arquivos de Æudio para o aparelho numa comunidade de usuÆrios de iPod, ao invØs de receber orientaçªo, os membros da comunida- de entravam na pÆgina de recados dela e a ofen- diam por nªo saber como fazer a transferŒncia. No começo, eram cerca de 300 recados xingan- do, mas depois de duas semanas pararam, con- ta. O pai, Renato Gonçalves, disse que a primeira reaçªo Ø querer brigar com todos e atØ Sofia pensou em retrucar , mas depois Renato acon- selhou a nªo dar atençªo. A atitude funcionou. A orientaçªo foi ideal nªo apenas nesse caso, mas como liçªo para utilizar a internet com res- ponsabilidade. Depois que ficamos sabendo de casos em que pessoas pegavam fotos do Orkut, recortavam somente o rosto e faziam montagens com fotos de mulheres nuas, pedimos para Sofia retirar as fotos do ar, conta a mªe, Maria Beatris Saad Gonçalves. O problema da internet Ø nem sempre conhecer quem estÆ do outro lado, con- sidera Renato. Os pais dizem que nªo se preocupam com o que conversam os filhos o mais novo, Henri- que, de 6 anos, tambØm usa MSN para se comu- nicar , mas com quem conversam. Eu procu- ro saber quem estÆ na rede de contatos dela, mas respeito a privacidade das conversas, conta. Para Renato, a utilizaçªo do Orkut corretamen- te Ø uma questªo de educaçªo. Daqui a alguns anos, o Orkut ficarÆ para trÆs, pois surgirªo ou- tras coisas que oferecem as mesmas circunstân- cias e o debate voltarÆ a ser sobre educaçªo, opina o cirurgiªo-dentista, que mostra para a fi- lha todas as matØrias sobre crimes pela internet. Ela precisa saber para se prevenir, justifica. l Sofia gosta mais de livros, mas usa o Orkut e o MSN diariamente; o irmªo Henrique tambØm aprende Acompanha a ediçªo 1331 Nªo pode ser vendido separadamente SØrgio Fleury Moraes (Diretor-proprietÆrio); Luís Fernando Wiltemburg e Marina Belei (Reportagem); Claudia Grandini Hunnicutt (Artes e publicidade); Anelise Juliane de Souza (Artes); CÆssila Fernanda Migliani (Publicidade) SUPLEMENTO INFANTIL OUTUBRO 2006 DEBATINHO

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SCRPardo, 8 de outubro de 2006DEBATINHO-14-

Orkut e MSN, a �moda� nos microsDa Reportagem Local

Desde que surgiu, o Orkut vem aumentando cadavez mais a participação de brasileiros de todas asfaixas etárias. Embora o site exija que seus usuá-rios tenham pelo menos 18 anos, até mesmo cri-anças e adolescentes têm seu perfil registrado nele.Outra �febre� entre os jovens é o MSN, um pro-grama que permite bate-papo �ao vivo� entre osusuários. Para evitar algum problema envolven-do usuários mal intencionados ou comunidadescom conteúdo preconceituoso ou impróprio paramenores, a maioria dos pais procura acompanhara �vida cibernética� dos filhos. Eles acreditam quea melhor solução é a orientação para a utilizaçãosegura e correta da internet.

Victória Alvim Raimundo, 12, passou a inte-grar o Orkut há 2 anos, quando recebeu um �con-vite� � obrigatório para entrar no sistema � dairmã Bárbara. Hoje ela tem cerca de 270 comuni-dades, mas admite que é difícil responder tópicos� ela prefere escrever recados (ou �scraps�) paraseus amigos. Porém, novas amizades através dosite só surgiram três. �É que eu adiciono só quemeu conheço�, explica.

Sua irmã, Lorena Alvim Raimundo, tambémtem Orkut e está em mais de 200 comunidades,mas diz que só entra para para ler as discussões.�Eu não escrevo nada�, admite. De seus 148 ami-gos, ela garante conhecer todos pessoalmente.�Mesmo que eu não converse muito com alguns,são conhecidos das minhas irmãs�, explica.

A mãe, Selma Alvim Raimundo, justifica a ati-tude das filhas lembrando que o espaço é abertopara qualquer um e pode até mesmo ser usado porpessoas que querem enganar usuários ingênuos.�Eutenho muito medo que elas respondam perguntaspessoais, que nunca devem ser ditas, como infor-mações sobre a família�, justifica.

Selma também tem senha para o Orkut, maspraticamente não entra no sistema. �Minhas fi-lhas é que mudam minhas fotos, por exemplo�,diverte-se. Porém, ela admite que, sempre quepode, acessa o �profile� (página pessoal no Orkut)das filhas para saber quem escreve para elas oudar uma olhada nas comunidades. �Mas não ficomuito em cima porque não dá para fiscalizartudo�, justifica. A principal dificuldade, segundoSelma, é a falta de tempo. �Acho que nenhum paiconsegue ficar vigiando o tempo todo. Por isso, oideal é orientar sobre o uso correto, para evitar

Victoria e Lorena: mãe fiscaliza amigos e comunidades e orienta utilização da internet

pessoas desconhecidas ou comunidades com te-mas preconceituosos, por exemplo�, explica amãe, que sempre pergunta que é o desconhecidona lista de amigos do Orkut ou com quem elasconversam no MSN.

Também integrante do Orkut, Sofia Saad Gon-çalves conta que já foi mais assídua na rede. �Eunão ocupo muito meu tempo com computador,gosto mais de ler�, conta. Sofia tem mais de oito-centas comunidades e reconhece que não há comoparticipar ativamente de todas. Aliás, certa vez,por pedir informações em um site sobre o manu-seio de um iPod (aparelho similar a um walkman,mas que toca músicas no formato digital MP3),Sofia foi vítima de esculhambação por parte deum grande número de pessoas � prática conhe-cida como �bulling�. Ao peguntar sobre comotransferir os arquivos de áudio para o aparelhonuma comunidade de usuários de iPod, ao invés

de receber orientação, os membros da comunida-de entravam na página de recados dela e a ofen-diam por não saber como fazer a transferência.�No começo, eram cerca de 300 recados xingan-do, mas depois de duas semanas pararam�, con-ta. O pai, Renato Gonçalves, disse que a primeirareação é querer brigar com todos � e até Sofiapensou em retrucar �, mas depois Renato acon-selhou a não dar atenção. A atitude funcionou.

A orientação foi ideal não apenas nesse caso,mas como lição para utilizar a internet com res-ponsabilidade. �Depois que ficamos sabendo decasos em que pessoas pegavam fotos do Orkut,recortavam somente o rosto e faziam montagenscom fotos de mulheres nuas, pedimos para Sofiaretirar as fotos do ar�, conta a mãe, Maria BeatrisSaad Gonçalves. �O problema da internet é nemsempre conhecer quem está do outro lado�, con-sidera Renato.

Os pais dizem que não se preocupam com oque conversam os filhos � o mais novo, Henri-que, de 6 anos, também usa MSN para se comu-nicar �, mas com quem conversam. �Eu procu-ro saber quem está na rede de contatos dela, masrespeito a privacidade das conversas�, conta.

Para Renato, a utilização do Orkut corretamen-te é uma questão de educação. �Daqui a algunsanos, o Orkut ficará para trás, pois surgirão ou-tras coisas que oferecem as mesmas circunstân-cias e o debate voltará a ser sobre educação�,opina o cirurgião-dentista, que mostra para a fi-lha todas as matérias sobre crimes pela internet.�Ela precisa saber para se prevenir�, justifica. l

Sofia gosta mais de livros, mas usa o Orkut e o MSN diariamente; o irmão Henrique também aprende

� Acompanha a edição 1331Não pode ser vendido separadamente

� Sérgio Fleury Moraes (Diretor-proprietário);Luís Fernando Wiltemburg e Marina Belei(Reportagem); Claudia Grandini Hunnicutt (Artese publicidade); Anelise Juliane de Souza (Artes);Cássila Fernanda Migliani (Publicidade)

SUPLEMENTO INFANTIL � OUTUBRO 2006

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