Debatendo a situação das mulheres no Isla

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Debatendo a situação das mulheres no Islã Jane Doe: Muitas pessoas não se intimidam na hora de falar mal do Cristianismo, pelo contrário, criticar a Igreja é cult, mas na hora de detonar essa religião reacionária, misógina e suja que é o Islã a maioria posa de politicamente correto, com medo de parecer preconceituoso. Se rebaixar a mulher é um dogma do Alcorão não vejo como uma feminista ou um humanista pode dizer que não tem nada contra essa religião. O Islamismo continua a mesma praga que era na Idade Moderna, não evoluiu absolutamente nada. Até quando as mulheres do Oriente Médio vão continuar sendo tratadas pior que gado?

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Debatendo a situação das mulheres no Islã

Jane Doe:Muitas pessoas não se intimidam na hora de falar mal do Cristianismo,pelo contrário, criticar a Igreja é cult, mas na hora de detonar essareligião reacionária, misógina e suja que é o Islã a maioria posa depoliticamente correto, com medo de parecer preconceituoso.Se rebaixar a mulher é um dogma do Alcorão não vejo como umafeminista ou um humanista pode dizer que não tem nada contra essareligião.

O Islamismo continua a mesma praga que era na Idade Moderna, nãoevoluiu absolutamente nada. Até quando as mulheres do Oriente Médiovão continuar sendo tratadas pior que gado?

Sei que existem países islâmicos menos radicais como o Egito e osEmirados Árabes, mas ainda sim a mulher asiática não tem a mesma

liberdade e autonomia que a ocidental.Sabe qual é o conceito de uma mulher ousada na Jordânia? Ela mostra

os cabelos e os joelhos. Tenha dó!Estado Laico no Oriente Médio já!

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Veggie Grrrl:

vou deixar pra responder esse tópico com mais calma amanhã...mas, aprincípio...eu diria que não há muita diferença entre o peso dasopressões do ocidente e oriente....

bjo!

Denise:

O Islã não é nenhuma maravilha, é religiãomachista e patriarcal como o Cristianismo. O problema é a demonizaçãodo Islã. Pra mim ficar apontando problemas nas outras culturas é umaforma de fugir aos problemas da própria cultura.

eu sinceramente não acho que o direito de usar uma saia mais curtaque uma mulher em outro país signifique necessariamente menosmachismo. Se vc for pensar em toda a exposição sexual da mulher noOcidente, o que tem de tão melhor que mulheres cobertas? Também achoque cada um tem que criticar e apontar os problemas com os quaisconvive, e que entende. Sim, as mulheres nos países islâmicos sofrem.OK, você pode integrar uma organização internacional, fazer algo porelas, é legal. Mas, mais fácil que isso é pensar na situação dasmulheres no teu próprio país.

Eu pessoalmente, o que não concordo, é ficarem apontando a situaçãoda mulher em outros países para dizer que as brasileiras sãoprivilegiadas. Também acho um absurdo pessoas cristãs criticandoviolentamente o islamismo. Só pode ser piada. É a tal coisa, ficarapontando a sujeira dos outros é sempre mais fácil que olhar pra si

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mesmo...

Denise :

E não se esqueça que o Cristianismo também éuma religião "reacionária, misógina e suja".

Jane Doe:

Eu não defendi o Cristianismo, não meesqueci da "Santa" Inquisição, não me esqueci da historinha da maçã.Pode ter parecido que eu sou católica, mas não sou não, sou agnóstica.O que eu não suporto é a facilidade que as pessoas têm pra atacar aIgreja enquanto morrem de medo de fazer o mesmo com o Islamismo.Não vou ignorar nossos problemas, não vou me esquecer do machismoocidental.

Mas eu acho sim que estamos em situação privilegiada em relação amulheres de outros países, não tem como negar isso.

Aqui a mulher anda pelada porque quer, ninguém a obriga, temos pelomenos o direito de escolha, mas a islâmica é fuzilada se sair sem ovéu na rua.

Aqui a mulher que trai o marido vira puta, lá o mínimo que ela ganhasão 80 chibatatas.

Aqui a mulher é livre pra escolher quando e com quem quer casar, láela é vendida pelos pais ao melhor pretendente.

Sem falar que eu às vezes me pego embasbacada pensando que moro nomesmo mundo onde em algum lugar mutilam clitóris até hoje. Amutilação não está no Alcorão, mas se eles encontram motivos pra usara religião como desculpa é porque o Alcorão dá, mesmo que sejaimplicitamente.

A Igreja continua machista, retrógrada, manipuladora, ainda coloca amulher como ser de segunda categoria, mas só do Ocidente ser laico jáé um grande avanço, houve sim uma evolução, talvez nem tanto quantogostaríamos, mas não há como negar que houve.

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No entanto, a mulher oriental continua tão submissa e oprimida quantona época de Maomé.Sim, somos privilegiadas mesmo!

Jane Doe:

Ah, ia esquecendo. Eu tive que criaresse tópico porque do contrário ninguém ia criar, mas se alguém fizerum pra falar mal da Igreja Católica contem comigo pra ajudar .

Lain:

Bom... em relação ao Islã eu fiquei em tantoquanto chocada depois de ler a trilogia "Princesa" (por sinal,mtoboa).

Realmente acredito que estamos em uma certa vantagem,mas tbm acredito que uma pessoa possa ESCOLHER estar nessa religião (homem ou mulher) . Nesse caso,não cabe a nós dizer o que os outros podem ou não fazer de suas vidas, eles escolheram aquele modo.

O problema todo,na minha opinião,é a falta total de ESCOLHA. Umapessoa católica que cometa um "crime grave" contra a igreja porexemplo vai ser excomungada, expulsa da religião (HOJE)...Beleza! Aomenos ela não vai ter sua cabeça cortada por um carrasco em praçapublica! Não acho que "cultura" seja desculpa pra violencia, de formaalguma, de angulo algum. A pessoa escolheu aquela FÉ, aquelasmensagens, mas ceeerrrtamente não quis ser julgada por humanos (nãoDeus!),t orturada e morta.

Quanto ao catoliscismo. Bom eu já FUI católica,por anos. Caso surjaum tópico talvez eu opine, e não vai ser uma visão de fora.

Jane Doe:

LainO Oriente Médio não é Estado Laico. Quando você nasce lá, não temessa de escolher ser muçulmano, você TEM QUE SER muçulmano. Em alguns lugares eles punem o Cristianismo com morte.Os homens lá também não podem escolher, mas pelo menos estão emvantagem em relação às mulheres.

Denise:

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Mas Jane, aí vc não está criticandonecessariamente o Islamismo, mas os países islâmicos, e sua forma deorganização política. Eu também acho todo Estado deveria ser laico.Mas veja bem, nem o Brasil é realmente laico, embora, sim, esteja bemà frente de muitos países islâmicos nesse ponto.

Acho também que essas religiões são um atraso. Mas, ainda soucontra "crucificar" o islamismo como se fosse pior que ocristianismo. Há várias pessoas que são islâmicas em paísesocidentais e levam uma vida normal, dentro do padrão de normalidadeda sociedade. Até onde eu sei, o Alcorão não é mais machista que aBíblia.

Jane Doe:

Eu não disse que a Bíblia é menos machista que oAlcorão, de novo repito: EU NÃO PAGO PAU PRA IGREJA CATÓLICA. Só não entendo porque esse medo de reconhecer que o Islamismo é cruelenquanto nunca vi ninguém ficar tímido na hora de criticar oCristianismo e o Protestantismo.

E sim você tá certa. A diferença entre o Islã e o Cristianismo é opoder que cada um tem.

A Igreja vem perdendo o poder governamental desde a Idade Média, maso Islã continua até hoje, cada vez mais forte, por isso ele é maisopressor.

Lain :

JaneEu sei ué, tanto que disse que o PROBLEMA todo era a falta total deescolha...Se houvesse escolha,a religião podia ser como for que nãoseria da conta de ninguem.... Mas a ausencia de escolha faz a coisase tornar um problema,uma violencia real. =-\

J ane Doe:

Desculpa, entendi que você disse quenão devemos julgar as pessoas que escolhem esse estilo de vida. Foimal, erro de interpretação.

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Tinha uma discussão lá na Feminismo e Feministas sobre na Índia asviúvas serem enterradas junto com os maridos, tinha gente ládefendendo o direito delas de serem enterradas caso fosse isso queela quisessem mesmo. Mas isso já é assunto pra outro tópico.

.smelly cat :

fato é que na Turquia as mulheres nãopodem entrar nas igrejas, ficam todas do lado de fora com suascrianças esperando seu homem..

Jane Doe:

Nas mesquitas mulheres e homens rezamem locais separados porque eles alegam que a voz da mulher distrai ohomem no momento da oração e distancia ele de Deus.

Merly:

ohhhhhhh! Quanto poder esse feminino hein?

Mulheres distanciam o homem de Deus, seduzem, fazem-no pecar...mulheres tem q ser oprimidas até os ossos!!!!!

Eu realmente fico até com medo do poder dado a nós por causa de doisseios, uma vagina e um útero... OS HOMENS IDEALIZAM DEMAIS O PODER FEMININO! Vcs já perceberam como eles entram em comunidades como estas ainda hoje ( e mesmo aqui) para dizer coisas absurdas?

O problema é que essa idealização é dificil de ser renunciada pormuitas mulheres também...

Eu realmente acho q há opressão e q a cultura é violenta com a mulherno ocidente. Mas equiparar a violencia daqui com mutilação declitóris é loucura! Não dá... Eu, como mulher e ser humano naoconsigo defender aquele povo por nenhum segundo... em nenhuma linha!

E nem acho q seja tudo isso por causa do Alcorão... acho q é umaforma de manter o poder de uns poucos (de lá) sobre muitos (de lá).Mas a violência é tao crua e cruel, q só saber-se existindo num mundocomo este já é um insulto a todas as mulheres... é também umaviolência contra nós o q o Estado de lá faz com a desculpa dareligião por trás dele

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Veggie Grrrl:

gente...isso em psicologia se chama projeção...é qdo vc não quer admitir osseus próprios erros e projeta no outro o que vc é na verdade, e assimo julga, condena, eis a genealogia dos bodes expiatórios...

O ocidente anda projetando td que tem de pior afim de se sentirisento do mal que há nos outros lugares...mas o problema é que essaatitude camufla muito bem a violência existente aqui.

O impacto frente uma outra cultura sempre acontece...agora julgá-losa partir de seus valores próprios e muitas vezes sem olhar pra simesmo, em antropologia, chama-se etnocentrismo...

as roupagens podem ser outras, mas o patriarcado é mundial...

realmente, eu tenho uma amiga que morou na Síria, ela disse que foi opior ano de sua vida e saiu quase fugida, disse que a opressão eraenorme e estava já afetando suas relações familiares...

...mas muitos saem do Brasil pois é igualmente imoral a extensão damiséria, corrupção, abusos contra os direitos humanos cometidos nessepaís...

Lá há um visível apartheid de genero, aqui há um invisível porémcontundente apartheid racial. Se fosse visivel talvez fossemelhor... pois a ocultação dessas contradições sociais prejudica aorganização das pessoas na luta pelos seus direitos...

assim como lá tem-de se usar véu...aqui há uma coerção enorme pra quea mulher seja um objeto.

as formas podem ser sutis, invisíveis, mas a violencia no finalpermanece de igual intensidade....

Ah, a mutilação do clitóris ocorre no norte da África e no Peru(américa latina)...ok?

Não está escrito em parte alguma do Alcorão (tenho amigo mulçumano)que deve-se discriminar a mulher e etc gente...o alcorão é até bemmais coerente que a bíblia, onde a misoginia é constante eexplícita... a história do expansionismo islamico foi de certa forma

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misógina, Maomé o era, mas acabou por revisar o que disse, tinhamuito respeito pela sua esposa que ajudou a constituir areligião...

Veggie Grrrl:

a história do Islã talvez seja oproblema...

a religião foi usada pra mobilizar o povo contra a opressão da época(não lembro o nome, mas uma das castas dos árabes que dominavam aregião e as pessoas)... Maomé, se quisermos ver com olhos ateus, foium político inspirado, e que dizia ser um profeta da libertação deseu povo... a monopolitização da religião foi medida de centralizaçãopolítica, assim como o repúdio à artes que representassem pessoascontra um possivel renascimento da mentalidade de súdito de seu povo.Um prof. de história chegou a dizer que a poligamia masculina foiestimulada e propagandeada pelo Maomé devido às grandes baixas dasguerras, os enviuvamentos e empobrecimentos das mulheres, eleestimulava que homens contraissem esposas a mais afim de protegermais mulheres(!)...claro que a idéia é escrota, mas só pra ver osentido político, as estratégias, e no que resultaram...

A misoginia provavelmente veio da resistência feminina e das tribosmatriarcais árabes à expansão do islamismo. Não queriam se submeteràquela religião, resistiram com armas e bravamente, nomes femininosse destacam na história árabe, seus ídolos matriarcais foramdestruídos um a um e com agressiva imposição pelos guerreiros demaomé, afim de destruir o paganismo...

eu, detestando todas religiões, porém, reconheço que as religiões têmseu aspecto interessante, mas não é de nosso direito dizer se devemser erradicadas ou não do mundo...as coisas tem seu percurso a serrespeitado.

Ocidente, laico???? Somos dominados por um Império Evangélico!!!!! OCongresso tem uma bancada evangélica que beira os 30%! Ocidente não é laico não... talvez a europa seja mais... mas não sei, levando em contaportugal e itália...

Veggie Grrrl:

realmente, como a denise disse:o problema não é a religião, o islamismo, mas a organização política

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feita em nome de uma religião. o que chega a ser uma deturpação damesma...

lembra-se que na idade média, enquanto vivia-se nakela sociedadeestratificada e bárbara, eles estavam fazendo grandes avanços naciencia e preservando o conhecimento helenista. Logo, se não fossemos árabes, sequer teria havido um renascimento europeu e grandesnavegações, pois quando conquistaram os países europeus deixaram ainfluencia de seu desenvolvimento científico que foi aproveitado. =(

a história deve ser repensada. Estamos acostumados a pensá-la numalógica progressiva e linear, mas não dá pra igualar, dizer "elesestão na idade média", como? Tomando como parâmetros a experienciaocidental? corre-se grande risco de cair em equivoco e preconceito,ignorancia...

Jane Doe&:

isso em psicologia se chamaprojeção...é qdo vc não quer admitir os seus próprios erros e projetano outro o que vc é na verdade, e assim o julga, condena, eis agenealogia dos bodes expiatórios...

Eu não sei em que parte eu disse que o Ocidente não tem problemas,tanto que eu mesma abri o tópico falando de como o estupro tempunição branda até nos países mais libertários, abri um tópico praquestionar porque as americanas dão tanto valor ao sobrenome domarido, etc.

Mas não é porque eu não sou muçulmana que eu não posso me solidarizar com elas.

as roupagens podem ser outras, mas o patriarcado é mundial...

O Patriarcado é universal e independente de religião, ele existe aténas sociedades que não adotam um Livro Sagrado.

Mas na hora de mensurar a opressão feminina e traçar em paralelos nãohá como negar que a mulher sofre mais em algumas regiões do que emoutras.

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Por exemplo, dentro do Brasil mesmo há regiões mais e menos machistas.

assim como lá tem-de se usar véu...aqui há uma coerção enorme pra quea mulher seja um objeto.

A coerção aqui é psicológica, você só cede se quiser, claro que quemquiser nadar contra a corrente vai pagar com a exclusão social.Mas ainda sim temos ESCOLHA e isso é o mais importante.

as formas podem ser sutis, invisíveis, mas a violencia no finalpermanece de igual intensidade....

Se você disse que o pior ano da vida da sua amiga foi num paísislâmico, realmente não dá pra dizer que o sofrimento é o mesmo.Digo e repito: O Ocidente não é um paraíso, temos N problemas que eununca neguei, mas na hora de MENSURAR e COMPARAR com o Oriente, nós somos privilegiados.

Ocidente, laico???? Somos dominados por um Império Evangélico!!!!! OCongresso tem uma bancada evangélica que beira os 30%! Ocidente não é laico não...talvez a europa seja mais...mas não sei, levando em contaportugal e itália...

De fato a Bancada da Fé atrapalha muito na hora de tomar decisõesimportantes, mas eles são 30%, menos da metade, apesar de todo o lob

apesar de todo o lobby político e ideológico oEstado tem autonomia fora da Igreja.

Denise :

Sobre poligamiaUm pouco fora do assunto, mas os mórmons nos EUA já incentivaram apoligamia, e são até hoje duramente criticados por isso. Foi emsituaçao parecida, após a guerra nos EUA, muitas mulheres víúvas esolteiras, poucos homens em idade de casar, a mulher sozinha naquelaépoca não tinha nenhum valor na sociedade, não tinha nenhum direito,foi um jeito de "proteger" e dar um lar a essas mulheres, e também umjeito de aumentar a fertilidade do povo, já que todas as esposas deum homem podem lhe dar filhos.

Eu não acho o fim do mundo não, ainda mais da forma que o casamentoera, quase um contrato entre partes, a mulher arruma um marido para

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lhe sustentar e proteger, o marido arruma uma mulher para lhe darherdeirOs e cuidar dos filhos e do lar. Dá pra fazer isso direitinhocom mais que uma esposa. Também no fundo talvez fosse uma forma deconter o feminismo. As mulheres iam ter que se virar de alguma forma.Já pensou na revolução que causaria, um monte de mulheresindependentes?

CONDENADA :

bom, algumas de vo6 já viram um vídeo,feito por um cineasta, que mostrava uma mulher com varios sinais deespancamento pelo corpo, e no prórpio corpo dela alguns trechos doalcorão escritos? e sabiam tb que este cineasta foi brutalmenteassasinado, depois de ter feito o filme?

além do mais, vo6 já leram tb, um livro (esqueci o nome dele agora)mas que foi feito por uma jornalista dinamarquesa que passou 1 anovivendo com uma familia muçulmana?e as mulheres daquela família, nãoachavam estranho viverem assim, submissas o tempo todo.

Vou ir mais um pouco longe agora: voces lembram da novela ``O Clone``?Eu lembro que na época que a novela estava passando,algumas mulheresda arábia saudita vieram dar entrevistas e dissertaram á respeito doshábitos ocidentais e orientais....e ela disseram:``como vocesconseguem viver sem um homem para cuidar de voces?``francamente...elas não conhecem outro mundo..o mundo para elas lá fora éperigoso..e caso voces tb não saibam ainda há uma lei no brasil quediz que se o homem descobrir que a mulher não era mais virgem elepode anular o casamento? o outro papa, também condenou as feministasem alguma vez...........que mundo paradoxal!!!!!!!!

Jane Doe:

Essa lei da virgindade acabou com oCódigo Civil de 2003 por obsoletismo mesmo.

Denise:

O lobby da igreja no BrasilEm primeiro lugar 30% é quase um terço, é muita coisa. Vc esquece queeles não vão votar sozinhos, mas vão trocar o apoio deles pelo apoionas suas causas. Mas isso não é tudo.

Um problema grande é nas cidades muito pequenas, onde a igreja ainda

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tem importância, nessas cidades um prefeito não pode criar um projetode educação sexual ou distribuição de camisinhas por exemplo.

Mas sim, em países do Oriente Médio é pior. Ok. Mas o que nos adiantaficar criticando esses países? O que isso vai mudar na nossasituação? Acho que é essa a questão. O ponto não é não criticar oislã, mas criticá-lo de uma forma realista e não paranóica como osEUA fazem, e outra coisa, não usar o problema de outros países paraamenizar os próprios problemas.

Jane Doe:

A intenção aqui não é amenizar osnossos problemas, tanto que eu já criei vários tópicos pra falardeles, a intenção é mostrar uma realidade que existe fora do nossomundo e que as pessoas preferem ignorar em nome do politicamentecorreto.

O machismo e o patriarcado é universal, mas ele oprime as mulheres dediferentes formas nas diferentes regiões do mundo.

Sim, a mulher do Oriente é mais oprimida que a do ocidente. E nospróprios países islâmicos a opressão é mais intensa em algumasregiões que outras. Exemplo: Nos Emirados Árabes e no Egito asmulheres vivem melhor que no Afeganistão ou no Irã.

Aqui no Ocidente também temos nossas discrepâncias. A Holanda é menos machista que o Brasil que é menos machista que o México e assim por diante.

E temos problemas universais que são os mesmos no mundo todo, como é o caso do estupro e sua pequena relevância. Inclusive eu abri umtópico sobre isso e foi pouquíssimo comentado, o que fez mais sucessonele foi uma ovelha que está no meu álbum.. Mas depois sou eu que nãodou importância pros problemas da mulher ocidental!

Quanto à Igreja, se alguém abrir um tópico pra falar dela eu comcerteza vou comentar e não vou fugir de assuntos importantes como aproibição da educação sexual, dos métodos anticoncepcionais e doaborto

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Valeria :

Voltei só para pontuar algumas coisas, porque parece que virou crime apontar que, sim, o Islã é misógino ao extremo:

1. Sugiro a quem quiser a leitura de Minha Luta com o Islã - a autora é feminista, lésbica e muçulmana, já foi ameaçada de morte várias vezes porque não coloca panos quentes nas verdades, mora no Canadá, claro, morasse em muitos países de maioria muçulmana, estaria morta; Lendo Lolita em Teerã e Persepólis, são duas visões do Irã que não é tão barra pesada quanto a Arábia Saudita; e Princesa que já foi citado aqui; acompanhem notícias do Paquistão que permite que mulheres pilotem caças mas tem a espantosa taxa a respeito da expectativa de vida das mulheres.

2. Se a religião interfere com o Estado, qualquer que seja ela é um problema. A questão é que em alguns casos alguns setores, mesmo de esquerda vêem isso como "natural" e olham para outras culturas com o paternalismo e a visão etnocêntrica, como se elas sempre tivessem sido assim. Em alguns países de maioria muçulmana as mulheres tiveramvários direitos confiscados, alguns deles em nome de Deus.

3. Acompanhem lugares onde o Estado ainda não se definiu como religiosos. Algumas mulheres corajosas deram entrevista para a BBC dizendo que passaram a usar véu nos Estados Palestinos por conta da eleição do Hamas. E por que? Porque milícias religiosas e armadas passaram a assediar mulheres sem véu. Mulher sem véu = prostituta.Essa é a lógica na cabeça do fanático. E muitas das vezes, elestambém estão nas delegacias e dão a bolsa esmola que mantém sua família comendo. Depois vai vir um/a desinformado/a dizer que elas usam o véu porque são religiosas.

Valeria :

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4. Somos machistas, mas aqui eu possoescolher o que usar ou nao usar. Em muitos - não todos – países muçulmanos, eu poderei fazer isso. Muitas muçulmanas passaram a usar véu para marcar a diferença, coisa que suas mães e avós não faziam pelo motivo inverso. Engraçado é que não defendem o direito das iranianas, sauditas e outras de fazerem o mesmo. Ter escolha, pessoal, é importante. Confiscar isso das mulheres mas conceder a maioria dos homens é forma extrema de machismo. Pensem nisso e nãodiminuam aquilo que nosso Estado laico capenga nos deu.

5. Maomé proibiu que se casasse mulheres contra a vontade, mas se elas não têm acesso aos homens, como escolher? Se obediência aos pais vem antes, como resistir? Se não tem, em alguns casos, acesso a educação, como conhecer adequadamente seus próprios livros sagrados?

Em países como a arábia saudita não há opção e os mulás somente no ano passado baixaram uma legislação condenando pais e irmãos que forçam mulheres ao casamento. Veja que não se saiu da esfera da religião, mas o profeta tinha dito e ninguém no páis do Profeta parecia ter ouvido...

6. A lei Islâmica, os Hadiths e o Corão dão base para o espancamento de mulheres e para que nós mulheres valhamos menos diante da lei.

Nosso testemunho vale metade, disse o Profeta, porquetemos "deficiência no nível da racionalidade". Ótimo. A Bíblia éruim, porque dá margem a interpretações, talvez o Corão seja melhor, porque é claro, mas as pessoas parecem não ver o óbvio:

"Os homens têm autoridade sobre as mulheres, pelo que Allah preferiu uns aos outros [3], e pelo que despendem de suas riquezas. Então, as íntegras e as devotas, custódias da honra, na ausência dos maridos, pelo que Allah as custodiou. E

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àquelas de quem temeis a desobediência, exortai-as pois, e abandonai-as no leito, e batei-lhes [4]. Então, se elas vos obedecem, não busqueis meio de importuná-las.por certo, Allah é Altíssimo, Grande." Surata 3:35

Valeria :

Notas: [3]Entenda a primazia do homem, na sociedade mais propiciada pela força física e pelos encargos de que é investido [Por Deus?], do que pelo grau de honra.

[4]Bater suavemente, cuidando de não atingir-lhes a face nem as partes sensíveis.

- Vejam que é o texto atualizado da edição brasileira que demorou 20 anos para ficar pronta com a aprovação e patrocínio saudita. Quem se inscreveu, ganhou de graça. Eu recebi o meu. Quem quiser checar outra versão: http://www.islam.com.br/quoran/traducao/s04_an_nissa.htm

- "Bater suavemente", sem "ferir partes sensíveis". Bater é bater. E a mulher que for denunciar seu marido terá que provar

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que não mereceu, que é uma boa muçulmana. Teve gente, mulás presos na França e na Espanha, por estimularem as agressões e ensinarem a não deixar marcas porque estavam no meio dos infiéis e iriam para a cadeia.

Encontrem um parâmetro jurídico similar em um país laico e ocidental. Os vizinhos podem falar, a família pode chiar, mas qualquer mulher espancada aqui no Brasil tem a lei Maria da Penha, independente da religião que siga.

- Como mulher e feminista não consigo fechar os olhos para aviolência explícita e o lugar de inferioridade das mulheres. Épossível ser muçulmana e romper com isso? É, tudo é possível, desde que não se negue a violência presente nos textos originais da fé e o estrago que eles fazem, e que se tenha postura crítica e histórica. A maioria vai fugir disso. Por isso eu admiro tanto a autora de Minha Luta com o Islã.

- Desculpe o post enorme. Tinha saído da comunidade muito mais para não ter que fazer o que fiz. O assunto me toca, ainda mais quando a gente fica pisando em ovos. Leiam os textos sagrados do Islã e as notas de rodapé, pressionem muçulmanos e muçulmanas a dizerem o que está escrito, prestem atenção em como alguns países islâmicos tratamas mulheres por serem islâmicos, pela leitura que fazem de sua fé e não porque tem um ditador malvado. Aliás, Sadam nunca confiscou direitos das mulheres, eles estão sendo confiscou direitos das mulheres, eles estão sendo confiscados agora, com a conivência dos norte-americanos, pois o Estado virou Islâmico.

- Para mim, é triste demais, como mulher saber que existem outras mulheres por aí sem direito de escolha por causa de sua fé. Da leitura que os homens impõe e plantam em sua cabeça. Pobreza não é o caso, muitas vezes, e é mais fácil de curar.

- Deixo sugestões de filmes: Dez, Osama, Submission (*que

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custou a vida do diretor, assassinado por extremistas islâmicos na Holanda*). posso sugerir outros. Só Submission foi feito no Ocidente. Quando as pessoas de lá podem falar, elas falam. Mesmo as muito bitoladas às vezes criticam a forma como os religiosos mandam e desmandam na vidade homens e, principalmente, mulheres. A essência do problema está na religião, a solução é o Estado Laico e a Educação para a Liberdade e com Igualdade. E isso vale aqui ou em qualquer lugar.

08/10/2006 17:26 aconselho O CÍRCULO tb...filme iraniano

Valeria:

Sim, o nome me escapou, como eu estavacorrendo não citei para não errar, porque não tinha como pesquisar.Tem Baran, também, outro filme iraniano e Kandahar.

Jane Doe:

Gostei das dicas. Também queria muitoler a trilogia A Princesa, mas têm tantos livros me esperando. Quemsabe eu furo a fila .

smelly cat :

Além de tudo a igreja prega que Deus éelE... e a mulher é sempre um obstáculo para o homem, sempre desviando o homem de sua pureza, sendo traiçoeira

.smelly cat :

portanto deve ser controlada

Yume no Hayashi:

bom,resumindo: se está mais queprovado que as mulheres no Oriente sofrem bem mais,e muito mais,porque atacar o islã é proibido? por que temos que "aceitar erespeitar " a cultura doida deles? Acho que a questão é essa.

Veggie Grrrl&:

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étb li o tópico e concordo q eh isso mesmo

só temo o uso q o imperialismo faz, oportunistamente, das conquistasfeministas, dizendo q isso eh coisa da democracia falocrata q eleskerem implantar no mundo.

http://br.groups.yahoo.com/group/hysterocracya/message/11

CULTURA E RELIGIÃO NÃO É DESCULPA PRA OPRESSÃO.

“Leila”, a iraniana condenada à morte e a injustiça flagrante da Sharia (Lei Islâmica)

Leila, é uma mulher iraniana, hoje com 22 anos e que desde os nove anos era prostituída pela própria mãe. Condenada à pena capital recentemente por um tribunal do seu país – o mesmo que lidera com a China as contagens de execuções capitais do mundo – e salva in extremis pela advogada iraniana Shadi Sadr. Leila disse que quando a mãe a começou a prostituir, saia com ela de casa e dizia: “Vamos comprar coisas, como chocolate.” levando-a depois até casas onde era sexualmente abusada.

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Rapidamente, Leila tornou-se na principal fonte de rendimentos da sua família de cinco elementos até à detenção de Leila, aos 18 anos.

Shadi Sadr afirma que a história de Leila, não é a única idêntica, no Irão: “Uma rapariga é considerada como uma propriedade que pode ser vendida”. Esta tradição – muito forte nas zonas rurais do Irão – é reforçada pela Lei Islâmica (Sharia) que concede ao pai um grande poder sobre a família, um cruzamento que torna o Irão num dos países do mundo menos favoráveis aos direitos das mulheres. Por exemplo, se no Irão um pai assassinar um filho, não será condenado à morte, passando na prisão apenas alguns anos.

Quando Leila foi detida pela polícia, já não “trabalhava” para a mãe, mas para o marido que funcionava como “agente” dos seus serviços. Este foi detido e confessou que seus irmãos de Leila a tinham violado. Como castigo, e de acordo com a Sharia, os irmãos foi punidos com bastonadas e o marido condenado a 5 anos de prisão por disponibilizar a sua casa para sexo ilícito. Mas como Leila foi acusada de Incesto, de todos, acabou levando a pena mais pesada: uma condenação à execução, pena prevista pela Lei Islâmica…

Ou seja, embora Leila hoje seja uma mulher livre, acabou condenada à morte, quando todos aqueles que a levaram à prostituição e a exploraram foram libertados ao fim de poucos anos, algo que diz muito da injustiça da “Lei Islâmica” e do seu carácter medieval (no mau sentido) e da sua incompatibilidade com os tempos modernos e com os Direitos Humanos que devia nortear a Lei nos países civilizados.

Aparentemente, a República Islâmica não pode ser contado entre estes.

http://movv.org/2008/01/06/a-iraniana-condenada-a-morte-e-a-injustica-flagrante-da-sharia-lei-islamica/

Petição por iranianas condenadas à lapidação Um apelo da Amnistia Internacional...

Parisa, Iran, Khayrieh, Shamameh, Kobra, Soghra e Fatemeh são sete mulheres

iranianas condenadas à morte por lapidação. A República Islâmica do Irão considera o adultério um delito punível através da pena de morte por lapidação, violando assim o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, o qual garante o direito à vida e proibe a tortura. Parisa, Iran, Khayrieh, Shamameh, Kobra, Soghra e Fatemeh foram condenadas injustamente à pena mais cruel, desumana e degradante, a pena de morte. Mas ainda vamos a tempo de impedir a sua execução. Não fiques em silêncio. Vai a Amnistia Internacional e colabora, juntando o teu nome a uma já extensa petição a favor destas setes mulheres.

http://tangomaster.blogspot.com/2006/10/petio-por-iranianas-condenadas-lapidao.html

Page 20: Debatendo a situação das mulheres no Isla

Para os árabes, mulheres são como móveis, diz líder líbio

Da AFP

No mundo árabe e muçulmano, as mulheres são consideradas móveis, afirmou nesta sexta-feira o líder líbio Muammar Kadhafi, que defendeu uma revolução feminina durante um encontro em Roma com cerca de mil mulheres italianas.

O líder líbio, que faz sua primeira visita oficial à Itália para colocar um ponto final no difícil passado colonial entre os dois países, abordou o tema da condição feminina "à sua maneira" no Auditório Parque da Música, na capital italiana.

"No mundo árabe e islâmico, a situação da mulher é horrível e induz à revolução", disse Kadhafi. "A mulher é como um móvel, que pode ser trocado quando necessário e ninguém vai nem perguntar por quê", afirmou, em um discurso para uma platéia de mulheres representantes da cultura, da política e da economia italianas.

"O mundo precisa de uma revolução feminina baseada em uma revolução cultural", acrescentou o polêmico líder líbio, que durante sua visita de quatro dias à Itália já criticou os Estados Unidos e condenou o terrorismo.

Kadhafi elogiou as "grandes mulheres da história da Itália", mencionando Matilde Serao, escritora do final do século XIX e início do XX. O dirigente líbio citou também a célebre atriz Claudia Cardinale.

A ministra italiana para a Igualdade de Oportunidades, Mara Carfagna, pediu ao líder líbio um compromisso a favor da mulher africana, para que seus direitos sejam reconhecidos.

"Apresentei um projeto à União Africana para que a família na África seja respeitada e para que o casamento seja baseado em um contrato, que estabeleça o divórcio por consenso e documentado", explicou Kadhafi, que desde fevereiro ocupa a presidência rotativa da UA.

http://internacional.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=6&id=5749580&titulo=Para+os+arabes-+mulheres+sao+como+moveis-+diz+lider+libio

Feministas muçulmanas reivindicam o direito de dispor livremente do seu corpoElas rejeitam a interpretação exclusivamente masculina do Alcorão, que serve de pretexto para as piores práticas machistas e patriarcais

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Henri Tincqenviado especial a Barcelona, Espanha

Para Siham Drissi, 28 anos, uma francesa de origem marroquina, o combate feminista representa o futuro do Islã. As feministas muçulmanas não vão "descer nas ruas para queimar os seus sutiãs", diz ela, mas é mesmo o direito de dispor livremente do seu corpo que elas reivindicaram durante o congresso que reuniu em Barcelona, de 3 a 5 de novembro, 400 membros de diversas associações.

Um "feminismo islâmico"? É difícil acreditar, mas é a pura verdade. Algumas manifestações nesse sentido há muito tempo já eram ouvidas nos campi americanos - nas vozes de mulheres tais como Amina Wadud, Asma Barlas ou Riffat Hassan -, mas elas permaneciam isoladas. Diante do número crescente das associações e dos sites feministas, na Malásia, na Nigéria, no Paquistão, Abdennur Prado e Ndeye Andujar, dois espanhóis convertidos, respectivamente o presidente e a vice-presidente da principal associação islâmica da Catalunha, quiseram reuni-las num congresso de modo a dar-lhes uma "visibilidade".

Esta aposta deu certo em Barcelona, onde um movimento de liberação da mulher muçulmana acaba de nascer. Este rejeita a interpretação exclusivamente masculina do Alcorão, que serve de pretexto para as piores práticas machistas e patriarcais. "Este não constitui um problema exclusivo da sociedade islâmica", acrescenta Ndeye Andujar. "Nas minorias muçulmanas da Europa e da América, a questão das mulheres também é explosiva".

O que se viu neste congresso foi uma dolorosa romaria de militantes vindas do Senegal, do Paquistão, da Indonésia, do Irã para expressar o desespero das mulheres, cuja condição está codificada na "charia" (lei islâmica) e nos códigos locais da família: mal-tratos, casamento forçado, poligamia, discriminação em relação ao acesso ao divórcio e à herança, etc.

Uma delas, Codou Bop, explica que 12% apenas das mulheres do seu país, o Senegal (onde 95% da população são muçulmanos), praticam a contracepção: "Essas mulheres passam por imorais, enquanto todas as outras estão convencidas de que o Islã é contra o controle dos nascimentos. Os próprios membros do corpo médico pedem a opinião do homem antes de prescreverem a pílula".

Acabar com os tabus

A religião, que não tolera relações sexuais fora do casamento, acrescenta a sua parte na culpabilidade que elas podem vir a sentir. Todas as batalhas em favor do direito ao aborto esbarram na resistência dos oulemas (sacerdotes) locais e dos chefes de família. Com isso, os abortos clandestinos matam todo ano na África 200.000 mulheres.

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Lily Munir, que é indonésia, denuncia a poligamia que impera em grande escala no seu país. Para ela, trata-se de um crime contra o espírito do Alcorão. No contexto tribal da época do Profeta, a limitação a quatro do número das esposas representava um progresso. Hoje, a poligamia não passa de uma regressão: "Nenhum homem é capaz de tratar quatro esposas com a justiça igual, tal como recomenda o Alcorão".

Por sua vez, a iraniana Nayereh Tohidi toma a palavra para deplorar os impasses nos quais se encontram as lutas feministas em seu país. No caso, as suas tentativas são reprimidas pelo clã clerical e pelo governo islâmico que está no poder, cuja "retórica militar e anti-ocidental" tem por efeito de confinar as mulheres na sua marginalidade.

Em contextos tão variados, o feminismo muçulmano não segue uma estratégia única. Algumas dessas mulheres são moderadas, enquanto outras se revelam mais provocadoras. Asra Nomani, uma americana de origem indiana, quer acabar com todos os tabus. Ela exige o direito à livre escolha de um parceiro sexual e de um marido, o direito a ter relações sexuais fora do casamento, o direito à homossexualidade, etc.

O traço comum a todas elas é o convite feito às mulheres a se apoderarem do Alcorão e imporem uma leitura "não sexista" dos textos. Elas lutam contra o versículo 34 da quarta sourate (capítulo) que afirma que o homem tem o direito de "bater" na sua mulher. Elas exigem o direito a promover uma interpretação reformadora dos textos.

"O Alcorão não constitui um bloco. Existem tantas leituras quanto leitores", argumenta Ndeye Andujar. Foi agendado um outro congresso que deverá ser realizado em Nova York, sobre o tema da "liderança espiritual" das mulheres. Este próximo encontro deverá promover a atribuição de bolsas, as quais permitirão que algumas delas se formem para tornar-se "muftis" (magistradas eclesiásticas) e "poder emitir fatwas [leis religiosas]".

Essas feministas sabem que o caminho será longo. Elas são vítimas de dois discursos opostos e incompatíveis - o Islã tradicional e o islamismo - que, contra os direitos das mulheres, se revelam objetivamente aliados. Eles precisam contar também com os riscos de recuperação política da sua luta e se defenderem contra o "paternalismo" das feministas ocidentais. Mas as principais resistências virão do interior do Islã: dos homens, é claro, mas também das mulheres conformadas, depois de tantos séculos, com a dominação machista e a submissão.   http://www.mmobrasil.com/forum/index.php?topic=29109.0;wap2