De Olho na Capital - dezembro2011

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SÓ NA TELINHA A secretaria da Segurança juntou seus trocados com uma graninha da secretaria de Cultura, Esporte e Turismo e comprou umas duzentas e tantas câmeras de vigilância. As 147 primeiras serão instaladas em Florianópolis e São José e devem ser ativadas antes do final do ano. Outras 81 serão instaladas em janeiro: Vigiar a malandragem é bom, mas seria ainda melhor se tivesse alguém atento olhando os monitores e gente ainda mais atenta pronta para agir, no caso de aparecer alguma imagem suspeita naquela babilônia de câmeras. O que tem acontecido com mais frequencia é que a imagem das câmeras só serve para ser mostrada na TV, horas ou dias depois. Evitar o crime, que é bom, ainda tá muito difícil. RELAXAMENTO O único serviço aquático de transporte coletivo que funciona em Florianópolis é aquele que liga o centrinho da Lagoa à Costa da Lagoa. Pois mesmo esse as (in) competentes “autoridades” estão tratando mal e porcamente. A turma que faz festa na madrugada está destruindo o trapiche que durante o dia serve à população. A polícia diz que não tem gente nem viatura pra atender os chamados e impedir o vandalismo. Vai ver, vão colocar uma câmera por lá. Pra nada. PRÊMIO? O diplomata catarinense Roberto Colin (ex-secretário de Articulação Internacional no reinado de Luís XV) será embaixador do Brasil na Coréia do Norte. Atualmente está servindo na embaixada brasileira em Berlim. A Coréia do Norte é uma ditadura comunista feroz e fechada que só autorizou, até agora, a residência de pouco mais de 200 cidadãos estrangeiros em sua capital, Pyongyang. Um desafio interessante que parece, contudo, mais uma punição que um prêmio. OS PROFISSIONAIS País da piada pronta é isso aí. A foto ao lado é “antiga”, foi feita em abril durante o lança- mento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego em Bra- sília. Os três ficaram diante de um painel que, adequadamen- te, pedia formação qualificada. Tá certo: política profissional é com eles mesmo! SABRYNA SARTOTT/SAR MOLECAGEM SOBRE FOTO DA MAYELLE HALL/SDR JOAÇABA ROBERTO STUCKERT FILHO/PR A MUNICIPALIZAÇÃO DO PEPINO Na foto acima o secretário de Estado da Educação, Tebaldi de Tal (à direita), repassa a gestão do ensino fundamental para o prefeito de Capinzal, Leonir Boa- retto. Por algum motivo, o convê- nio foi assinado, segundo infor- ma o próprio governo, “na noite desta segunda-feira”. Pois bem, trabalhando à noite o governo Raimundo vai cumprindo sua meta de entregar para as prefeitu- ras parte do pepino educacional. Claro que o município tem todo interesse em educar bem suas crianças. Mas também é cla- ro que, nessa história, se as con- tinhas não forem muito bem fei- tas, os prefeitos podem acabar com o pepino e o mico nas mãos. Número: 066/2010-00 Vigência: 01/01/2011 - 31/12/2011 Valor: R$ 1.800.000,00 Empresa: MMC CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA Objeto: prestação de serviços de consultoria e assessoria técnica, coordenação e realização de serviços relacionados a levantamentos de dados, registro, coleta e análise de fatores, coordenação de eventos, marketing institucional e gestão de crise, veiculação e divulgação, relacionamento com a sociedade, programa de qualidade de vida e aferição motivacional. Quer se divertir (ou se inco- modar e se irritar)? Vá até o por- tal da transparência da Alesc. Dê uma “navegada” pelas lici- tações, contratos, compras e ou- tros atos da excelsa e mais ou menos vetusta casa de leis diri- gida pelo Gelson Merísio (PSD). Tem coisas como essa aí, do quadrinho ao lado. Ajuda a gen- te a pensar sobre o que os depu- tados fazem. E sobre a utilidade do que fazem. O endereço é este: www.al.sc.gov.br/portal/transparencia PARA QUE SERVIRÁ ESSA TAL DE “AFERIÇÃO MOTIVACIONAL”? “É impossível administrar com quase 40 ministérios e também não se pode trabalhar com 23.500 assessores de confiança.” Jorge Gerdau, empresário e coordenador da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República FRASE DA QUINTA

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PDFs das colunas do mês

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Page 1: De Olho na Capital - dezembro2011

SÓ NA TELINHA A secretaria da Segurança juntou seus trocados com uma graninha da secretaria de Cultura, Esporte e Turismo e comprou umas duzentas e tantas câmeras de vigilância. As 147 primeiras serão instaladas em Florianópolis e São José e devem ser ativadas antes do final do ano. Outras 81 serão instaladas em janeiro: Vigiar a malandragem é bom, mas seria ainda melhor se tivesse alguém atento olhando os monitores e gente ainda mais atenta pronta para agir, no caso de aparecer alguma imagem suspeita naquela babilônia de câmeras. O que tem acontecido com mais frequencia é que a imagem das câmeras só serve para ser mostrada na TV, horas ou dias depois. Evitar o crime, que é bom, ainda tá muito difícil.

RELAXAMENTO O único serviço aquático de transporte coletivo que funciona em Florianópolis é aquele que liga o centrinho da Lagoa à Costa da Lagoa. Pois mesmo esse as (in)competentes “autoridades” estão tratando mal e porcamente. A turma que faz festa na madrugada está destruindo o trapiche que durante o dia serve à população. A polícia diz que não tem gente nem viatura pra atender os chamados e impedir o vandalismo. Vai ver, vão colocar uma câmera por lá. Pra nada.

PRÊMIO? O diplomata catarinense Roberto Colin (ex-secretário de Articulação Internacional no reinado de Luís XV) será embaixador do Brasil na Coréia do Norte. Atualmente está servindo na embaixada brasileira em Berlim. A Coréia do Norte é uma ditadura comunista feroz e fechada que só autorizou, até agora, a residência de pouco mais de 200 cidadãos estrangeiros em sua capital, Pyongyang. Um desafio interessante que parece, contudo, mais uma punição que um prêmio.

OS PROFISSIONAIS País da piada pronta

é isso aí. A foto ao lado é “antiga”,

foi feita em abril durante o lança-

mento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e

ao Emprego em Bra-sília. Os três ficaram diante de um painel que, adequadamen-

te, pedia formação qualificada. Tá certo: política profissional é com eles mesmo!

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A MUNICIPALIZAÇÃO DO PEPINONa foto acima o secretário de

Estado da Educação, Tebaldi de Tal (à direita), repassa a gestão do ensino fundamental para o prefeito de Capinzal, Leonir Boa-retto. Por algum motivo, o convê-nio foi assinado, segundo infor-ma o próprio governo, “na noite desta segunda-feira”. Pois bem, trabalhando à noite o governo

Raimundo vai cumprindo sua meta de entregar para as prefeitu-ras parte do pepino educacional.

Claro que o município tem todo interesse em educar bem suas crianças. Mas também é cla-ro que, nessa história, se as con-tinhas não forem muito bem fei-tas, os prefeitos podem acabar com o pepino e o mico nas mãos.

Número: 066/2010-00 Vigência: 01/01/2011 - 31/12/2011 Valor: R$ 1.800.000,00Empresa: MMC CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDAObjeto: prestação de serviços de consultoria e assessoria técnica, coordenação e realização de serviços relacionados a levantamentos de dados, registro, coleta e análise de fatores, coordenação de eventos, marketing institucional e gestão de crise, veiculação e divulgação, relacionamento com a sociedade, programa de qualidade de vida e aferição motivacional.

 Quer se divertir (ou se inco-modar e se irritar)? Vá até o por-tal da transparência da Alesc. Dê uma “navegada” pelas lici-tações, contratos, compras e ou-tros atos da excelsa e mais ou menos vetusta casa de leis diri-gida pelo Gelson Merísio (PSD). Tem coisas como essa aí, do quadrinho ao lado. Ajuda a gen-te a pensar sobre o que os depu-tados fazem. E sobre a utilidade do que fazem. O endereço é este: www.al.sc.gov.br/portal/transparencia

PARA QUE SERVIRÁ ESSA TAL DE “AFERIÇÃO MOTIVACIONAL”?

“É impossível administrar com quase 40 ministérios e também não se pode trabalhar com 23.500 assessores de confiança.”Jorge Gerdau, empresário e coordenador da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da república

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ESTATAL OU PRIVADA Os sindicatos de eletricitários estão começando a se movimentar: é que as concessões da Celesc e da Eeletrosul vencem em 2015. E eles querem, naturalmente, a renovação das concessões para as empresas estatais (ou de capital misto com controle do Estado): Estão em jogo as linhas de transmissão que hoje são administradas pela Eletrosul e, entre as distribuidoras de energia elétrica, a Celesc. E é possível que o governo queira privatizá-las para tentar reduzir o preço da energia elétrica. Aí, pra tentar conquistar os corações e mentes da população para a sua causa (da manutenção do controle estatal sobre a transmissão e distribuição de energia), os sindicatos (Sinergia, Intersul, Intercel) farão um evento público, com palestras, passeata, panfletagem e show musical na quinta-feira agora, dia 8. Será em Florianópolis, no Centrosul (na entrada da cidade, logo depois da usina de esgoto).

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“Mais uns meses e jornais irão criar a seção ‘Conheça os Ministros da Dilma que ainda não caíram por corrupção’”

carlos tonet, jornalista e pensador blumenauense, no twitter.

F R A S E D A T E R Ç A

SERVIÇO MEIA BOCA Por falar em Celesc, nunca é demais tentar explicar para seus dirigentes (que fazem de conta que não sabem), o que realmente incomoda o consumidor. Um exemplo prático: lá na esquina tem um caminhão a serviço da Celesc, mexendo no poste. As casas por perto estão sem luz. O sujeito liga pra Celesc para ter uma informação simples que deveria ser pública: até que horas está previsto o corte de energia nesta região? Pois bem, se ele não tiver a conta da luz na mão e não fornecer todos os dados, timtim por timtim (depois de esperar um tempão pra ser atendido), a moça não dá essa informação. Não é um saco?

DOR POR ESCRITO O jornalista Ney Pacheco morreu ontem, no hospital Celso Ramos, de complicações decorrentes de uma cirurgia para reduzir o estômago. A mãe dele, professora de português de várias turmas que passaram pelo curso de Jornalismo da UFSC, é a Regina Carvalho, muito conhecida e respeitada. A Regina também era obesa e fez essa cirurgia há alguns anos. Segundo ela, a cirurgia salvou-lhe a vida. Por isso, sempre insistiu que o filho também a fizesse. Chegaram a entrar com uma ação na Justiça para que o plano de saúde deles bancasse a operação. Conseguiram uma liminar e a cirurgia foi feita numa clínica particular de Florianópolis. A partir da operação, nada mais deu muito certo e quando conseguiram transferi-lo para o Celso Ramos, ele já estava em coma. A Regina, mulher forte, registrou as semanas de angústia e a dor materna em crônicas emocionantes, no blog cronicasdaregina2.blogspot.com.

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“Quando você pega um ponto e faz uma solução de engenharia, normalmente resolve só o problema naquele ponto. E corre-se o risco de comprometer outra região da malha viária.”

José Leles de souza, doutor em Engenharia do tráfego, ontem, no jornal online dos gaúchos

F R A S E D A Q U I N T A

Pelo que se vê na foto acima, distribuída pela secretaria de Comunicação do governo do estado, o prefeit-o-Dário tava bicudo na inauguração. Devia estar treinando pra dizer o nome do viaduto elevado: Carl Hoepcke. No lado do Raimundo aparece seu mais novo amigo de infância, o ex-governador Paulo Afonso.

 A inauguração da pista elevada, ao lado da rodoviária Rita Maria, ontem, foi uma festança política muito animada. Pra começar, a obra (que alguns chamam de viaduto e a prefeitura chama de elevado), tem mão única. É apenas uma pista, com duas faixas de rolamento, na direção ponte-avenida beira mar. Mesmo assim limitada no seu tamanho, a conclusão estava sendo prometida para o ano que vem. Acho que foi golpe publicitário. Apenas para poderem dizer ontem, nos discursos, que terminaram “cinco meses antes do previsto”. Como vêem, é uma demonstração e tanto de eficiência, né? O elevado ganhou, na pia batismal, o nome de “Elevado Carl Hoepcke”. Muito justo. Além do nomeado ter sido figura importante na Florianópolis do século passado, era ali no cais Rita Maria que tinha estaleiro, seus navios atracavam e se situavam seus armazéns. Mas é claro que todo mundo vai continuar chamando de elevado Rita Maria. Ou viaduto do Dário na Rita Maria. Como vocês podem imaginar, enquanto rolava essa festança toda, o trânsito, que já é confuso nessa região, continuava trancado, sem

poder utilizar a nova maravilha da engenharia (!!!) do prefeito e seu partner João Batista, vice faz-tudo. Claro que ninguém é doido de achar ruim que se faça um viadutinho aqui, outro ali, um elevadinho mais adiante, uma obrinha acolá. Mas também é claro que essas coisas, feitas assim para apagar incêndios localizados, não resolvem o principal problema de Florianópolis: a falta de planejamento. Resta saber se o mais novo viadutinho do Dário pelo menos vai reduzir um pouco a tranqueira na entrada da cidade.

Pose de campanha na inauguração do viadutinho: o prefeito de São José, Djalma Berger (irmão do Dário), agarrado ao Raimundo e, de gravata e tudo, o Gean Loureiro, candidato do Dário à prefeitura de Florianópolis. Taí uma cena que, com certeza, vai aparecer no horário político obrigatório.

MAIS UM VIADUTO DO DÁRIOelevado

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“O elevado não tem acostamento nem área de escape. Quebrando um carro vai parar tudo. Quebrando um ônibus ou um caminhão, vai parar toda a cidade.”

Pedro de Souza, leitor e palpiteiro, nos comentários do blog www.deolhonacapital.com.br

F R A S E D A T E R Ç A

Parece que o brasileiro, povo cordato que mata e rouba mas jamais discute política em público e acha os debates “uma

baixaria”, não gosta muito de enfrentamentos ideológicos. A maior prova é o que aconteceu com as oposições: foram banidas, dizimadas, eliminadas do cenário político do país. Até o governo FHC, o PT e outros partidos “de esquerda”, ainda experimentavam exercer a oposição. Aí apareceu um marqueteiro que sussurrou no ouvido do Lula a seguinte verdade bíblica: “o brasileiro não vota em quem está na oposição”. Pronto, surgiu o “Lulinha paz e amor” que não batia mais em ninguém e fazia alianças com quem quer que fosse, desde que o resultado fosse mais tempo de TV e mais dinheiro em caixa. Tudo muito pragmático. Lula se elegeu e a turma voltou a fazer uma oposição faz-de-conta: estava no governo, ocupava milhares de cargos de confiança, mas continhava fazendo oposição ao governo anterior, que foi derrotado nas urnas. Volta e meia, lá vem um lulista fazendo um discurso inflamado contra o que aconteceu décadas antes. E quem perdeu a eleição e deveria fazer, legitimamente, oposição, o que fez? Nada. Quem perde a eleição tem obrigação de fiscalizar quem ganhou, de mostrar os podres, de apontar caminhos melhores, soluções mais duradouras. Tem que bater no governo. Mas, como já disse, o brasileiro não gosta disso. Ficamos, então, da seguinte forma: o pessoal do governo não se responsabiliza por

nada, porque tudo o que de ruim e malfeito está aí é culpa da gestão anterior. E o pessoal que está fora do governo usa luvas de pelica e palavras adocicadas porque um dia, quem sabe, o governo resolve ampliar sua base e pode convidá-los para algum ministério ou para uma diretoria de estatal. Há também o outro fator importante da vida política brasileira: como os partidos são de brincadeirinha, não é recomendável assumir posições firmes, porque amanhã pode ser que o sujeito tenha que mudar para outro partido. E aí não é legal ter adversários, muito menos inimigos, que possam ameaçar o “espaço” ou mesmo puxar o tapete. Afinal, virar a casaca é mais que uma arte, é um esporte nacional.

PRA QUE SERVE? Onde ela existe, a oposição presta um serviço tão importante quanto os serviços prestados pelo próprio governo. Levada a sério, a oposição ajuda a governar e oxigena a democracia. Isso não se faz com “críticas construtivas”. Faz-se com seriedade e uma certa dose de compreensão de como conduzir a vida em sociedade, mas sem panos quentes, sem conchavos e sem canalhices. Aliás, a condição fundamental para existir oposição digna desse nome é existir, na oposição, gente honrada. E gente honrada, como o nome diz, tem princípios, tem posições, procura ser coerente e não se vende por dois tostões. Nem por trinta dinheiros. Aí, a crítica ao que considera mal feito do

governo, não se baseia na possibilidade de levar alguma vantagem monetária, de empregar a cunhada, de arranjar uma boquinha para a mãe do Badanha ou para finalmente desencalhar a filha do sócio que não concluiu o primeiro grau e já está grávida de novo. O governante sábio prefere ter opositores inteligentes, corajosos, honestos e murrinhas, do que não ter oposição. Ou ter, fazendo de conta, um bando de imbecis gananciosos que, em privado, elogia e puxa o saco e, na imprensa ou na rua, faz jogo de cena, pra ver se acaba sendo premiado com alguma boquinha, a título de calaboca. Por isso tudo, basta dar uma olhadinha nos jornais e espiar a programação das televisões que passam sessões das câmaras, assembléias e do congresso, pra ver que não tem oposição. Oposição pra valer, ideológica, programática, firme, com o partido assumindo posições conjuntas, não tem. Uma ou outra exceção. E muito chantagista amoral posando de opositor ferrenho. O pior de tudo, é que parece que o eleitor não gosta muito de votar em quem tem uma visão mais crítica e defende suas idéias. Prefere, em geral, um fala mansa que até pode roubar, desde que, de tempos em tempos, faça um viaduto, um portal na entrada da cidade, asfalte umas ruas. E em toda campanha venha com aquele rame rame de “propostas”, como se descer o cacete em governo ladrão não fosse uma ótima proposta: faxina ética deveria ser programa de governo. Junto com esgoto sanitário.

M A I S U M M A N U A L D E C U L T U R A P O L Í T I C A I N Ú T I L P R O D U Z I D O P E L A S O R G A N I Z A Ç Õ E S T I O C E S A R

O que é e para que serviria, se existisse?

FALA, LEITORTranscrevo a seguir uma cartinha

do Fábio Liotti, leitor da coluna:“Elevado invertido!Pois simplesmente fizeram ao

contrário... na verdade o elevado deveria ser feito para quem vem da Beira Mar sentido Paulo Fon-tes... mas as cabeças limitadas dos engenheiros só pensam onde tem mais fluxo de veículos...

Observem que antes do elevado existiam três faixas em direção à Beira Mar norte e hoje com o elevado existem apenas duas...Por isso, o problema aumentará ao invés de diminuir... sem con-tar que os veículos que vierem do túnel sentido Beira Mar norte que quiserem ir para a Padre Roma te-

rão que cruzar na frente do ele-vado para irem para a direita... Confusão na certa, é questão de tempo para acidentes... Sem falar que caso haja alguma co-

lisão em cima do elevado e esses veículos bloquearem a passagem como ficará? pois não há áreas de escape... Eita falta de massa en-cefálica!!!”

Tive que simular o viaduto, desenhando “a mão livre”, porque ainda não consegui (de graça) uma boa foto aérea do viadu-to. Mas acho que dá pra ter uma idéia.

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“Nas últimas semanas acusei o nocaute. Não tenho mais como enfrentar as ameaças e retaliações pelo que publico.”Amilton Alexandre, o Mosquito, na última nota publicada em seu blog “Tijoladas”, poucos dias antes de ser encontrado morto.

F R A S E D A Q U I N T A

O Amilton Alexandre, quando jovem e magricela já era irre-quieto. O suficiente para ga-

nhar o apelido que virou sua mar-ca registrada: Mosquito. Rápido, ir-ritante, difícil de matar.

Quando soube que ele tinha mor-rido levei um susto e lembrei, na hora, do caso do vereador de Cha-pecó, também encontrado morto, como se tivesse se suicidado.

E é claro que a morte de um su-jeito que incomodou tanta gente des-perta as mais diversas paixões. E não faltou quem tentasse demonstrar que ele tinha cavado sua própria sepultu-ra, ao ser tão desbocado.

Isso de achar que o fato do Mos-quito exercer sua liberdade de ex-pressão e dizer o que alguém não gostaria que fosse dito, ou que não queria que fosse dito daquela for-ma tornaria “natural” um fim vio-lento e/ou prematuro, é de uma ca-nalhice ímpar.

Não existe pena de morte para de-litos de opinião. Só bandidos, ma-lacos, imbecis amorais acham que podem (ou devem) calar os boquir-rotos à força. E só gente muito ras-taquera fica agora, diante do corpo sem vida do Mosquito, cagando sen-tença moralista, inventando uma re-lação de causa e efeito que é inacei-tável em sociedades civilizadas (o que parece que ainda não somos).

O que irritava mais os ofendidos por ele é que, em alguns aspectos e de alguma maneira, ele tinha razão. Às vezes perdia rapidamente o foco e se embrenhava num texto confuso

de adjetivação intensa e irresponsá-vel. Mas na maioria dos casos sua indignação era tão justa quanto as nossas. E em alguns momentos ri-mos em segredo, satisfeitos porque aquele maluco teve a coragem de di-zer o que gostaríamos. E de tratar as coisas e pessoas com seus nomes próprios que não temos coragem de mencionar porque somos bem edu-cados e bem hipócritas.

Vários dos mais ilustres ladrões do dinheiro público tremeram com a lama que o Mosquito jogou no ven-tilador. Tinham medo daquele sujei-to gordo e fraco que não temia di-zer o que achava que devia dizer. Os mais bandidos achavam que ele me-recia morrer. Os mais espertos, con-tavam com o efeito que o esmaga-mento de suas possibilidades de so-brevivência faria à sua saúde.

O Mosquito não é um herói, mui-to menos um mártir. É um batalha-dor, que sempre trilhou caminhos heterodoxos. Foi um comunista ca-pitalista, um festeiro, um carnava-lesco, quis ser diretor de marketing de time de futebol, foi dono de bar, viveu vida toda cercado por jorna-listas, meteu-se em muitos negó-cios, alguns meio sombrios e quan-do descobriu a internet e os blogs, se achou. Não precisava mais sus-surrar suas denúncias e sua indig-nação nos ouvidos dos amigos e co-nhecidos que trabalhavam em veí-culos de comunicação, esperando ver alguma coisa publicada. Podia ser seu próprio “publisher”.

Era um vaidoso, não sabia li-dar com a rejeição. Ficava irritado quando eu não publicava seus co-mentários no meu blog. Subia aos céus quando cresciam os acessos ao Tijoladas e se angustiava quan-do notava que diminuíam. Tenho a impressão que ele sonhava em ser carregado nos braços pela multidão de leitores. Mas parece que não deu muito certo: a turma adora ver um maluco xingando os políticos, mas não quer se envolver.

Uma pena. A democracia fica ca-penga sem gente que jogue pedra nos telhados de vidro. A internet fica chata sem esses indignados irrespon-sáveis que distribuem caneladas em engravatados que se acham intocá-veis e, sobretudo, impunes. E agora vergonhosamente aliviados.

“A mosca não zumbiza mais”Por Gilberto Motta

Triste desfecho. De certa forma, um esperado “gran finale”. Melancólica a situação ontem

no cemitério, quando o Mosca não tinha nem grana para ser sepultado em mínimas condições humanas. Os amigos o socorreram. E também alguns inimigos contribuíram na passagem do chapéu pois, hipocritamente, lá estavam para “chorar o morto”. Mundo imundo e triste este dos infectados pelo poder. Mas ficou um gosto de derradeira dignidade.

Ficamos todos olhando para o corpo inerte daquele grandalhão “tão periogoso”, agora, dormindo suavemente. Amilton Alexandre deu a sua derradeira tijolada nele mesmo. Ou

deram? Digo “deram” não de forma direta, mas dentro daquela velha lógica newtoniana de que “para todo efeito existe pelo menos uma causa”. E, com certeza, não faltarão causas, motivos e ódios capazes de explicar aquele corpo tão “repelente” balançando esticado pelo pescoço, dependurado dentro da casa onde vivia sozinho.

De toda forma, o Mosquito está morto. Como o Raul, uma mosca a menos no seu quarto a zumbizar. UFA! devem estar exclamando -em silêncio cavernoso- algumas “criaturas nefastas” expostas às suas picadas e e não menos necessárias tijoladas. Até mais: descanse –agora– em paz, velho Muska!

O SILÊNCIO DO MOSQUITO

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“Não tem nada a ver com o meu governo. O que estão acusando não tem nada a ver com meu governo.”Dilma Housseff, presidente da República, sobre as suspeitas de tráfico de influência (que teria ocorrido antes dele ser ministro) que pesam sobre o ministro Fernando Pimentel.

F R A S E D A T E R Ç A

O grande sucesso editorial deste final de ano é o livro “A Privataria Tucana”, do

Amaury Ribeiro Jr. (Geração Edi-torial). E é um daqueles livros que tem mais torcedores (pró e contra), do que propriamente leitores aten-tos. Para alguns grupos, o funda-mental é dizer que são “contra o li-vro”. Para outros, claro, é questão de honra dizerem-se “a favor”.

Mas o livros, em geral, não são objetos que se prestem a esse tipo de visão maniqueísta e simplória. Mesmo quando tocam em algumas feridas e mesmo quando a biografia de seus autores fornece pano para várias mangas.

Imagino que vocês lembram o fu-zuê que aconteceu, aqui em Santa Catarina, quando se começou a fa-lar no livro “A Descentralização no Banco dos Réus”. Os leitores assí-duos do Diarinho souberam do caso antes dos leitores dos outros jornais, porque foi aqui, nesta co-luna, que o assunto veio a público pela primeira vez.

E o que tem a ver uma coisa com a outra? Ora, podemos começar com esse clima de pró e contra o livro que muita gente assume, mes-mo sem ter lido. Além disso, nos dois casos, por causa dos envolvi-mentos e compromissos de seus autores, o leitor deve munir-se de cautelas extras. E bons filtros para separar a informação nova da re-quentada e fugir das pontas soltas.

É certo que, num e noutro, há informação a ser avaliada, investi-gada e levada a sério. E há alguns jogos sendo jogados, certas meias verdades pintadas com cores for-tes que a gente, cá de fora, não tem condições de saber como foram

parar ali, por que estão ali nem a quem interessa essa coisa dita des-sa forma. Pra não entrar de otário, é melhor ficar só olhando de longe.

Mas, assim como o livro-quei-xa catarinense, esse também deve ser lido. Ah, ia esquecendo: o livro da “Descentralização” foi censura-do judicialmente, coisa que embo-ra não impeça a leitura (porque o texto está disponível na internet), sabotou a venda. E jogou, sobre o judiciário, mais uma nuvem de sus-peitas. Afinal, a censura prévia é vetada pela Constituição. O que te-ria levado alguém a assumir o des-gaste de uma decisão tão polêmica e impopular como essa?

Bom, embora o título da “Privata-ria” fale em tucanos, quem também fica mal na foto mostrada no livro é o petismo paulista, com especial desta-que para o Rui Falcão, presidente do PT. Que, por falar nisso, vive tentan-do puxar o tapete do seu companhei-ro Fernando Pimentel, justamente o ministro da Dilma que esta semana, ora vejam só, está cai-não-cai.

COLUNA DE AUTO AJUDA DO PAPAI NOEL

A velha história do copo meio cheio  Vocês conhecem a história: tem gente que, ao olhar para um copo com água até a metade, vê ali um copo meio cheio e tem quem, ao olhar para o mesmo copo, veja que está meio vazio. É assim com tudo. Estava pensando em contar como o meu 2011 foi bom, com muitas coisas boas. Teve algumas tristezas também, mas não predominaram. E aí lembrei da história do copo. Claro que vai ter gente falando que seu ano foi uma droga. Não que não tenham acontecido coisas boas também, mas porque vê, com lente de

aumento, as coisas ruins. E sofre muito com isso, achando-se a pessoa mais infeliz do mundo. Sem falar naqueles e naquelas que não suportam que alguém esteja feliz e satisfeito. São tão doentiamente invejosos, que até esquecem de ver e valorizar as coisas boas que lhes aconteceram. E, por mais pessimista e míope que a criatura seja, em 365 dias sempre tem alguma coisa legal para lembrar. Mas preferem desfazer a alegria dos outros, achando que a desgraça alheia vai ajudar a melhorar seu triste mundinho. Que é triste porque insiste em ver apenas a metade vazia.

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CARO PAPAI NOEL Está meio em cima da hora pra escrever pro senhor, mas vou tentar mesmo assim. Afinal, tenho me comportado muito bem e acho que mereço uns presentinhos extras. Boa parte da cidade em que vivo está confinada numa ilha marítima muito linda onde várias montanhas, praias e manguezais deixam pouco espaço para avenidas, prédios e outros equipamentos urbanos. Por tudo isso, Papai Noel, eu queria que neste Natal o senhor trouxesse, para o prefeito, o governador e seus secretários e vereadores, um pouco mais de inteligência (muito mais seria melhor). Afinal, não é qualquer um que consegue planejar e integrar as complicadas soluções que um lugar como Florianópolis exige. Não basta fazer mais uma ponte, ou colocar uma linha de bonde, é preciso ter uma visão ampla de todo o complexo traçado viário e das prioridades que poderão fazer a cidade e seus habitantes recuperarem sua mobilidade.

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Terça-feira à noite fui jantar na Casa d’Agronômica, também co-nhecida como casa do governador. Ou, para os íntimos, a casa do João Raimundo Colombo. O motivo era a solenidade de entrega da meda-

lha Jerônimo Coelho a seis perso-nalidades, entre as quais o meu ve-lho amigo Moacir Pereira. Este ano a imprensa catarinense festeja seu 180º aniversário e a medalha faz parte da programação oficial. Como

Jerônimo Coelho era militar, enge-nheiro e jornalista, os homenage-ados também são dessas três áre-as. A solenidade foi simples, com a presença de poucos convidados, entre os quais vários colunistas.

A Casa d’Agronômica tem um im-ponente pátio interno coberto, com uma fonte no meio (foto ao lado) e foi ali que os convidados jantaram. Na fonte desativada estava monta-do um presépio.

Tive sorte de ficar em uma mesa onde além dos colegas Rafael Mar-tini (Visor, DC) e Rafael Wiethorn (Secom), estavam também a Adria-na Baldissarelli (Notícias do Dia), a Déborah Almada (All Press), a Cláudia de Conto (diretora de im-prensa da Secom) e a Estela Benetti (Economia, DC). Outra mesa, cuja foto está aí embaixo, parecia o “clu-be do bolinha”, só de rapazes.

Parabéns aos amedalhados e bom Natal para todos. Ho ho ho!

FOTO

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Na casa do João Raimundo

Acima, no sentido anti-horário, a partir da direita: Roger Bittencourt (Fábrica de Comunicação), Paulo Alceu (RIC/Record), Roberto Amaral (SBT-SC), Vânio Bossle (TVBV), Roberto Salum (TVBV), Raul Sartori (O Trentino) e Carlos Damião (Notícias do Dia e Rádio Record-SC).

Déborah Almada capturou, no telefone dela, eu na esquerda (pra variar), o governador João Raimun-do no centro e o sempre elegante presidente da Associação Catarinense de Imprensa, Ademir Arnon.

Os homenageados ficavam assim, como está o Moacir Pereira na foto acima, enquanto eram lidos seus longos currículos. Depois o governador lhes entregava a medalha. O Secretário de Comunicação, Derly Anunciação, sentado ao fundo, já está com a dele. O presépio natalino da casa do governador ajudava a compor a moldura para as fotos.